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O Congresso Internacional de Gesto Pblica e Desenvolvimento Regional no Mercosul O papel da universidade

ISSN 2237-292X Resumos ampliadosN1 2

TtulosA CONTRIBUIO DA EXTENSO UNIVERSITRIA PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL E O PROGRAMA USF DO ESTADO DO PARAN A CONTROVRSIA JURDICA DA CONTRATAO DE MDICOS URUGUAIOS NO MUNICPIO DE SANTANA DO LIVRAMENTO/RS

Autores TITO JERNIMO ADALBERTO ALFARO SERRANO; ERICA KARNOFF CRISTIAN RICARDO WITTMANN; JEFERSON LUS LOPES GOULARTE; CAMILA FURLAN DA COSTA; CAREN SILVANA VIEIRA MINHO; SARAI RIVERO DE LIMA NEILO MRCIO DA SILVA VAZ

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A GESTO PBLICA E O MONITORAMENTO SOCIAL DE POLTICAS PBLICAS: CONTROLE E PARTICIPAO NO CASO DE ECONOMIAS DEPENDENTES A INSERO SOCIAL DE DETENTAS NUMA UNIDADE PRISIONAL NA FRONTEIRA BRASIL, COLMBIA, PERU: O CASO DE TABATINGA

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A MERCANTILIZAO DO ENSINO E O PAPEL DA UNIVERSIDADE A SADE NA FRONTEIRA DA PAZ: O DESAFIO DA GESTO DA SADE EM SANTANA DO LIVRAMENTO/RS NO ATENDIMENTO DE ESTRANGEIROS ANLISE DAS AES COM FOCO EM SUSTENTABILIDADE NAS INSTITUIES DE ENSINO SUPERIOR

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APLICAO DO MTODO ESTRUTURAL-DIFERENCIAL REFORMULADO POR STILWELL: UMA ANLISE DO CENRIO ECONMICO PELOTENSE CAPITAL SOCIAL COMO BASE PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTVEL CONSELHOS REGIONAIS DE DESENVOLVIMENTO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL COMO ESTIMULANTE PARTICIPAO CIDAD CONTRIBUIES DA BIBLIOTECA DIGITAL PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE GESTO PBLICA

ADALGISA MAURA CARVALHO REZENDE; CAROLINE KRGER GUIMARES; ELAINE GARCIA DOS SANTOS; SIMONE PORTELLA TEIXEIRA DE MELLO PRISCILA ROMANO DORNELLES; GRAZIELA DE ALMEIDA JURACH; PAULA MEDINA TAVARES CAMILA FURLAN DA COSTA; JEFERSON LUS LOPES GOULARTE; CRISTIAN RICARDO WITTMANN; SARAI RIVERO DE LIMA; CAREN SILVANA VIEIRA MINHO MICHELE SIQUEIRA DE MORAES; DENIZE NOBRE CARBONI; MARCELO FERNANDES PACHECO DIAS; SIMONE PORTELLA TEIXEIRA DE MELLO DIEGO RODRIGUES PEREIRA; JABR HUSSEIN OMAR ANAJARA ARVELOS MARTINS; LEANDRO DA SILVA SAGGIOMO; MARINO ANTONIO PINTO ANDRIA CAROLINE ANGELO SANTIN ADALGISA MAURA CARVALHO REZENDE; ELAINE GARCIA DOS SANTOS; SIMONE PORTELLA TEIXEIRA DE MELLO GIOVANA OLIVEIRA MENDES VARGAS, FRANCIELIS

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CONTRIBUIES PARA O ESTUDO DA INOVAO TECNOLGICA EM PELOTAS

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DELIMITAO E AVALIAO DAS CONDIES DE PRESERVAO NAS MATAS CILIARES DO DISTRITO DE FAZENDA SOUZA, CAXIAS DO SUL - RS DESAFIOS DA UNIVERSIDADE: POR UMA EDUCAO POPULAR QUE VIABILIZE O DESENVOLVIMENTO REGIONAL DESENVOLVIMENTO DE COMPETNCIAS PARA UMA VISO MAIS ABRANGENTE DE PESSOAS NAS ORGANIZAES PBLICAS

FERREIRA; MARCO ANTONIO LORENSINI; KSSIA REGINA BAZZO; LUCAS TERRES DE LIMA MARCELO DA SILVA ROCHA; MERLI LEAL SILVA; JULIANA ZANINI SALBEGO CAMILA PORTO DE SOUZA; IGOR ARRUDA COSTA TORRES; FRANCIELLE MOLON DA SILVA; SIMONE PORTELLA TAIXEIRA DE MELLO ANTNIO CARLOS MADRUGA BANDEIRA; LUCIANA FLORENTINO NOVO FRANCLIN FERREIRA WENCESLAU; VANESSA MONKS DA SILVEIRA; LUCIARA BILHALVA CORRA MARIA INS G. MEDEIROS ; LILIANA, G. TERRA; ELAINE GARCIA DOS SANTOS CAMILA FVERO

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DESENVOLVIMENTO REGIONAL: CONTRIBUIES DO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES/ /UFPEL DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL E ENERGIA CONSIDERAES SOBRE OS EMPREENDIMENTOS DO PROINFA NO RIO GRANDE DO SUL DIAGNSTICO DO PROCESSO DE GESTO AMBIENTAL DA FACULDADE DE ADMINISTRAO UFPEL: ANLISE ANTERIOR E POSTERIOR A INSTALAO NO CAMPUS ANGLO ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E MODELO DE GESTO: Uma Anlise No Instituto Federal Sul-Rio-Grandende IFSUL GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA DE APOIO PARA MAPEAMENTO E GESTO DE ATIVIDADES DE SUINOCULTURA E AVICULTURA GESTO DO FUTURO: A NECESSIDADE DE POLTICAS PBLICAS VOLTADAS AO PLANEJAMENTO DA APOSENTADORIA GESTO ESTRATGIA DO CONHECIMENTO EM UMA EMPRESA PBLICA DE P&D AGROPECURIA GESTO PBLICA DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS NO MUNICPIO DE SO LOURENO DO SUL - RS GOVERNAA TERITORIAL NA FRONTEIRA MERCOSUL SAUDE E MEIO AMBIENTE EM DEBATE INTEGRAO DA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONMICO E TURISMO COM O TRADE TURSTICO DA CIDADE DE PELOTAS RS: Uma Anlise A Partir De Redes Sociais DESAFIOS E RESULTADOS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE DO MERCOSUL LUZ DA INTEGRAO SECURITRIA NA COMUNIDADE EUROPIA NCLEO DE ESTUDOS FRONTEIRIOS DA UFPEL DESAFIOS DA EXTENSO UNIVERSITRIA NA FRONTEIRA BRASIL-URUGUAI O PERFIL DO GESTOR LDER DE UMA EMPRESA PBLICA: O CASO DE UMA AGENCIA DE POSTAGEM

FERNANDO ANTNIO SILVA FLHA; LUCIANA FLORENTINO NOVO. LARISSA FERREIRA TAVARES; LETCIA PETER BARBOSA; ELAINE GARCIA DOS SANTOS PATRCIA DA CRUZ OLIVEIRA; CARLOS GUILHERME MADEIRA MAURICIO PINTO DA SILVA PAULA MEDINA TAVARES; FABIANO MILANO FRITZEN

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JULIANE SANTANA BENTO

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O POLO NAVAL DESENVOLVENDO RIO GRANDE

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O PROCESSO DE CRIAO DAS FORMIGUINHAS DA FENADOCE COMO REPRESENTANTES DA CULTURA DOCEIRA DA CIDADE DE PELOTAS-RS O RECURSO ADICIONAL DO PROJETO SISTEMA INTEGRADO DE SADE NAS FRONTEIRAS: SUA

RICO KUNDE CORRA ; MAURICIO PINTO DA SILVA; LUCIARA BILHALVA CORRA; CACILDO DOS SANTOS MACHADO; CAMILA SCHMALFUSS NEUENFELDT; PAULO RICARDO KRGER JNIOR; RAQUEL MARTINS DINIZ; ELAINE GARCIA DOS SANTOS CAROL NICOLI DORNELES; DAIANA CARVALHO BORGES; DBORA BASTOS POTTES ALICE LEOTI; GABRIELA L. S. BERNARDI; CRISTIANE BERSELLI CARLA GABRIELA CAVINI BONTEMPO; VERA MARIA RIBEIRO NOGUEIRA

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EMPREGABILIDADE NAS CIDADES-GMEAS DO RIO GRANDE DO SUL PAPEL DA COSULATI NO DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIO. PERFIL DAS MULHERES VTIMAS DE VIOLNCIA QUANDO DO ATENDIMENTO NA DELEGACIA DE POLCIA PARA MULHER PELOTAS- RS PRODUO AGROPECURIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: UMA PERSPECTIVA DO COREDE CENTRAL/RS EDUCAO COOPERATIVA NA BUSCA PELA CONSTRUO E VIVNCIA DE ATITUDES E VALORES DE COOPERAO E CIDADANIA VOLTADOS AO DESENVOLVIMENTO REGIONAL RO BRANCO: DESARROLLO Y FRONTERA RURALIDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: (RE) DESCOBRINDO O TERRITRIO ZONA SUL DO ESTADO/RS SADE SEM FRONTEIRAS REDE BINACIONAL DE SADE NA FRONTEIRA BRASIL-URUGUAI SITES DE COMPRAS COLETIVAS QUAL O PROVEITO PARA AS EMPRESAS PARCEIRAS? UNIPAMPA E EXTENSO UNIVERSITRIA: I ENCONTRO LAZOS URUGUAI/VENEZUELA ZONA DE FRONTEIRA URUGUAI/BRASIL

ANDR MAURICIO LISKE; LEONARDO STOFFEL; TASSIANE SANTIAGO MATTOS; SIMONE P. T. MELLO; LUCIANA FLORENTINO NOVO VICTOR DA SILVA OLIVEIRA; ERICA KARNOPP PATRCIA SCHNEIDER SEVERO MAURICIO DE SOUZA SILVEIRA CARLA MICHELE RECH; WILLIAM GMEZ SOTO; DANIELA DA ROSA CURCIO ; MAURICIO PINTO DA SILVA HELLEN BONILHA ULGUIM; ALESSANDRA FERNANDES LEITE ALAN DUTRA DE MELO; MARIA DE FTIMA BENTO RIBEIRO; JANAINA FARIAS SOARES; KARLA MIRANDA LEMOS

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Universidade Federal de Pelotas Pelotas de 5 a 7 de outubro de 2011.

A CONTRIBUIO DA EXTENSO UNIVERSITRIA PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL E O PROGRAMA USF DO ESTADO DO PARAN- BRASILTito Jernimo Adalberto Alfaro Serrano1; Erica Karnopp2

ResumoEste trabalho busca discutir a poltica pblica do Estado do Paran, avaliandoo Programa Universidade Sem Fronteiras (USF), bem comoa participao extensionista das Instituies de Ensino Superior (IES do Paran). Esse programa traz a proposta de implementao de projetos para o desenvolvimento do Estado, privilegiando Municpios com baixo IDH-M. As aes do programa visam o desenvolvimento da pesquisa, da capacitao e da produo tecnolgica, voltadas para a melhoria da qualidade de vida da populao. O programa trata de uma poltica pblica educacional de extenso universitria que envolve professores orientadores, profissionais recm-formados e estudantes de graduao das IES. O Programa est alinhadoestrategicamente com a poltica nacional, mas inova ao valorizar o envolvimento das Universidades, Faculdades e instituies de pesquisa como executores dos projetos. A pesquisa para este trabalho objetiva mensurar a execuo do programa na conduo do saber e do transbordamento do conhecimento. O procedimento metodolgico para colocar em perspectiva a participao extensionista das IES, inspira-se nos princpios do mtodo dialtico, e como mtodo de procedimento investigativo, utilizou-se a tcnica de estudo de caso do programa USF, por meio da aplicao de questionrios nas unidades de anliseparticipantes do programa, sendo assim mensurado o impacto da extenso universitria, avaliando a extenso nas funes acadmicas e sociais, permitindo dessa forma, fazer um prognsticosobre o transbordamento da sabedoria ou desacerto na conduo extensionista do programa. Palavras-chave: Extenso Universitria; Desenvolvimento regional; Universidade sem Fronteiras. Introduo As universidades caracterizadas pelo valor da autonomia trazem consigo caractersticas peculiares que as diferenciam das demais organizaes, j que desenvolveram um estilo prprio de estrutura, que consensualmente fundamenta sua identidade em varias funes, sendo a principal, a de garantir a conservao e o progresso nos diversos ramos do conhecimento, que se complementam com as funes tpicas de ensino, pesquisa e extenso. A extenso como tributo particular da universidade, articula o ensino com a comunidade, sendo este, o papelquedeve desempenhar no desenvolvimento social, entendido como o (spillover), ou transbordamento do know-how e conhecimento. O esperado que as universidades como geradoras de conhecimento consigam transferir esse conhecimento para as empresas a partir da cincia e da tecnologia, porm,h uma forte indicao de que a intensidade dessa transferncia, quando no decodificado por causados instrumentos inadequados para o trasbordamento de know-how, pode provocar altos custos e resultados indesejados. A atual poltica pblica do Estado do Paran, idealizada pela SETI - Secretaria de Estado de Cincia, Tecnologia e Ensino do Paran, props em outubro de 2007 junto s IES, um programa de extenso universitria, intitulado Universidade Sem Fronteiras , prevendo esforos conjuntos, qual seja, a participao do Estado com o financiamento do programa e a fora intelectual das IES, no desenvolvimento de aes. Essa poltica de Estadodiscutida por vrias instncias: o prprio governo do estado (administrao pblica), empresas pblicas e privadas (eixo de produo/consumo), e principalmente as universidades e faculdades (IES), com discusses que objetivamo desenvolvimento econmico e1

Professor da Universidade Estadual do Paran, Mestre em Desenvolvimento Econmico Doutorando em Desenvolvimento Regional UNISC, [email protected] 2 Professora do Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional Mestrado e Doutorado UNISC. Doutora em Geografia Humana pela UniversittTbingen - Alemanha,[email protected]

social, visando o combate da pobreza e reduo das desigualdades sociais dessas regies. O objetivo dessa proposta de pesquisa, portanto, foi o de estudar os efeitos decorrentes das aes desenvolvidas pelas IES nos diferentes espaos regionais do Estado do Paran, desse modo, pareceu-nos pertinente incluir o caso do Programa "Universidade Sem Fronteiras" e consider-lo relevante como objeto de pesquisa. A pesquisa sobre a extenso das IES poder trazer contribuies relevantes, na medida em que revisitar as bases conceituais sobre a poltica pblica voltada para o desenvolvimento regional, assim como, apontar uma nova base e dar sustentao concreta viso que defende a importncia da relao estreita entre Estado, as IES e a comunidade. O programa, enquanto poltica de Estado teve como propsito unir foras com os municpios, comunidade e IES, sendo estas ultimas incumbidas de identificar necessidades, elaborar projetos e implementa-los com o intuito de aportar solues para os problemas ali identificados. Essa gesto de poltica pblica a partir da perspectiva do administrador pblico (governo) mais comprometido e mais envolvido nas realidades sociais do Estado, definido por Diniz (1997), como um novo estilo governamental, no entanto, acredita-se que h a necessidade de novas formas de gesto, comoutros estilos de governana, que seja capaz de criar novos padres de polticas pblicas, que redefina a articulao entre Estado, universidade e sociedade como prtica da administrao pblica, como apontado por Farah (2000). Freire (2006) na sua anlise histrica da extenso percebe que a institucionalizao da extenso centrada na forma de difuso do conhecimento, uma via de mo nica de uma Universidade que sabe para uma comunidade que no sabe. Esta extenso toma um carter redentor, messinico, que Nogueira (2001:59), contextualiza assim: Registra-se que,subjacente a essas propostas, estava o objetivo de propagar os ideais de uma classe hegemnicaque se instalara no

poder. , sendo, portanto, uma forma de extenso manipuladora.O enfoque tecnocrata sobre o desenho das polticas pblicas no se limita apenas aos passos crticos que o processo de desenho venha a ter, mas sim, fortalecer as negociaes a ele relacionadas, j que ali, onde o processo tem maior turbulncia poltica. A inteno do Programa "Universidade Sem Fronteiras ; de manter as polticas para o desenvolvimento alinhadas entre os diferentes projetos executados pelas IES. Muller (2003, p. 4) afirma que "uma poltica pblica uma ao governamental em um setor da sociedade situado em determinado espao geogrfico" e que uma poltica pblica " constituda por uma totalidade de medidas concretas que se inscreve em um quadro geral de aes, o que permite distingui-la de uma ao isolada". Nessa viso, considera-se que haver um pblico-alvo que deve receber os benefcios das polticas pblicas, por um lado o Estado, com papeis e funes definidos, e por outro, a sociedade civil, incluindo neste caso as IES, como coadjuvante da ao pblica. De acordo com Boisier (1989, p.596), "o crescimento de certa regio est estritamente associado ao impacto de tais polticas e elas podem ter um efeito maior, tanto positivo quanto negativo, que das prprias polticas regionais", sendo assim, as polticas de desenvolvimento regional so de certa forma, um prolongamento das polticas econmicas regionais. Pensar um grande programa de extenso universitria, envolvendo todas as IES do Estado como instncias capazes de executar aes pontuais planejadas por elas, na forma de projetos direcionadas em diferentes frentes, uma metodologia poltica nova que consideramos relevante examinar enquanto extenso. Diante disso, justifica-se o estudo de caso do programa USF relacionado articulao do governo com as universidades para analisar os resultados, avaliar o impacto dos projetos executados pelas IES e a conduo dessas atividades como agente extensionistas de desenvolvimento, para assim, mensurar os efeitos sociais esperados do programa. O problema central desta pesquisa est em investigar de que maneira as IES, conduziram a ao pblica e a poltica pblica do programa "Universidade sem Fronteiras" na forma extensionista, seu apoio, limitaes e know-how de extenso, capazes de promover resultados concretos na gerao de emprego e renda com impactos sociais e econmicos significativos de crescimento e desenvolvimento em nveis regionais. O objetivo da pesquisa foi de examinar o papel das IES e dos agentes participantes da

funo extensionista do programa Universidade sem fronteiras, a fim de ponderar a conduo dos projetos cujo critrio fundamental orientador dos projetos so regies socialmente crticas, previamente mensuradas pelo ndice de desenvolvimento humano IDH. Portanto, indagamos as bases de sustentao no levantamento de problemas regionaispara elaborar projetoscujas estratgias sustentem o desenvolvimento. Metodologia Dentre os procedimentos metodolgicos para a realizao desta pesquisa iniciamos pelo mtodo que em sentido genrico significa a escolha de procedimentos sistemticos para a descrio e explicao de fenmenos. (RICHARDSON, 1999, p.70), e usaremos como objeto para este estudo o caso do Programa "Universidade sem Fronteiras". Consideramos que a tcnica de pesquisa apropriada, quando se deseja que a investigao mantenha o entendimento geral, como tambm, o que efetivamente existe na extenso universitria (GIL, 1991). De acordo com Yin (2001), a preferncia pelo uso do Estudo de Caso deve ser dada quando nos defrontamos com o estudo de eventos contemporneos, em situaes onde os comportamentos relevantes no podem ser manipulados, mas onde possvel se fazer observaes diretas e entrevistas sistemticas. O estudo deste caso se caracteriza pela ... capacidade de lidar com uma completa variedade de evidncias, que a diversidade de aspectos dentro da funo extenso, de documentos e de experincia cientfica j realizada por outras universidades" (YIN, 2001, p. 19). Esta pesquisa apresenta um carter descritivo, j que as variveis utilizadas revelam as caractersticas do fenmeno a ser estudado, procurando mostrar os efeitos decorrentes das aes desenvolvidas pelas IES nos diferentes espaos regionais do Estado do Paran, assim como, o inter-relacionamento entre as variveis capacitao, aprendizagem e extenso, que complementam a anlise extensionista das IES como aspecto relevante deste estudo de caso. Como Design da pesquisa, Yin (2001) apresenta essa designao como um plano de ao ou roteiro metodolgico utilizado na prtica da pesquisa, indicando de que forma os dados sero obtidos, analisados e interpretados para a obteno dos resultados da pesquisa. A coleta de dados ocorrer por meio de duas fontes: Primeiramente, faremos a reviso bibliogrfica "desenvolvida a partir de contribuies dos diversos autores" por meio de consulta a "livros, jornais, artigos, e outros documentos" a fim de tomar conhecimento e analisar as contribuies cientficas do assunto em questo (Gil, 1991, p. 42). A segunda fonte foi resultado da interrogao direta das unidades de anlise (Nas Universidades participantes, os professores orientadores, profissionais recm-formados e estudantes de graduao que participaram do programa), ou seja, pela Interrogao de pessoas: um ou poucos indivduos que possam fornecer as respostas. Foram realizadas entrevistas a fim de aumentar as informaes do objeto pesquisado (ibidem). O conceito de pesquisa-ao constitui a concepo terico-metodolgica da pesquisa, pois o pesquisador e os pesquisados interagem de forma cooperativa ou participativa na investigao. Portanto, "os instrumentos utilizados na pesquisa, o questionrio, a entrevista, etc., para a coleta de informaes, so esclarecidas pelos conceitos tericos" (TRIVIOS, 1987, p. 101). O instrumento de coleta baseou-se em questionrios elaborados exclusivamente para este fim. A origem para a elaborao do questionrio ser a partir de entrevistasno estruturadas, previamente solicitadas aos professores orientadores, profissionais recmformados e estudantes de graduao que participaram do programa. Com essas informaes e com base nos pressupostos tericos foram selecionados os indicadores, convergentes com o extensionismo das universidades, as polticas pblicas e o desenvolvimento. Resultados e Discusso At o final do ano de 2010 foram investidos R$ 59 milhes em 07 subprogramas, entre eles:Apoio agricultura familiar com 44 projetos em andamento, 220bolsistas e 44 orientadores; Apoio Pecuria Leiteira com 19 projetos, 152 bolsistas e 57 orientadores. Apoio Produo Agroecolgica Familiar com 48 projetos, 480 bolsistas e 96 orientadores. Apoio s Licenciaturas com 110 projetos, 660 bolsistas e 330 orientadores. Aes de Apoio Sade com 28 projetos em

andamento, 140 bolsistas e 56 orientadores. Extenso Tecnolgica Empresarial com 107 projetos em andamento, 441 bolsistas e 212 orientadores. Incubadora de Direitos Sociais com 50 projetos em andamento, 328 bolsistas e 123 0rientadores, perfazendo at o ano de 2010, um total de 427 projetos, envolvendo92 instituies, 3.500 bolsistas em 339 municpios beneficiados pelo USF, estas informaes permitem dimensionar os resultados parciais do programa, porem, no h uma mensurao dos resultados socioeconmicos que possam fornecer maiores detalhes sobre o impacto do programa. A pesquisa discute a conduo da ao pblica do Estado do Paran e o envolvimento das IES, como protagonistas da criao da diversidade de projetos, a preparao dos agentes na definio e escolha de atividades econmicas com fins sociais consideradas prioritrias para desenvolver e por em pratica os projetos que tinham como objetivo o desenvolvimento regional. Concluso A pesquisa procura discutir a participao extensionistas das IES do Paran,no programa USF, nos aspectos relacionados gesto e competncia na conduo dos projetos pelas equipes multidisciplinares compostas por educadores, profissionais recm-formados e estudantes universitrios referentes aodiagnstico de problemas regionais convergentes com o desenvolvimento regional, assim como, sobre a viso das potencialidades regionais no sentido de identificar as condies naturaisregionais para investimentos pblicos como fator dinamizador do desenvolvimento e crescimento econmico.Por outro lado, nessa mesma discusso pretendem-se avaliar as perspectivas do programa enquanto poltica de estado nos resultados alcanados, assim como, as estratgias praticadas pelos agentes executores dos projetos na combinao de recursos como ferramentas de desenvolvimento regional. Referncias BOISIER, S. Poltica Econmica, Organizao Social e Desenvolvimento Regional. In: HADDAD, P.R.(Org.). Economia Regional: Teorias e Mtodos de Analise.Fortaleza: Banco do Nordeste de Brasil, 1989. DINIZ, E. Crise, reforma do Estado e governabilidade: Brasil: 1985-1995. 2. ed.Rio de Janeiro: Editora FGV, 1997. FARAH, M. F. S. Reforma de polticas sociais no Brasil: experincias recentes de governos subnacionais. Revista de Administrao, v. 33, n. 1, jan./mar. 2000. GIL, Antnio Carlos. Mtodos e tcnicas de pesquisa social. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1991. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessrios pratica educativa. 34. edio. So Paulo: Paz e Terra, 2006 MULLER, P. Les politiques publiques. 5. ed.Paris: PressesUniversitaires de France, 2003. NOGUEIRA, Maria das Dores Pimentel (org.). Extenso universitria: diretrizes conceituais e polticas Belo Horizonte: Frum Nacional de Pr-Reitores de Extenso das Universidades Pblicas/ UFMG, 2001. RICHARDSON, Roberto Jary et aI..Pesquisa social: mtodos e tcnicas. So Paulo: Atlas, 1999. TRIVIOS, Augusto N.S. Introduo pesquisa em cincias sociais: a pesquisa qualitativa em educao: 1.ed. So "Paulo: Atlas, 1987. YIN, Robert K. Estudo de caso planejamento e mtodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.

A CONTROVRSIA JURDICA DA CONTRATAO DE MDICOS URUGUAIOS NO MUNICPIO DE SANTANA DO LIVRAMENTO/RSCristian Ricardo Wittmann; Jeferson Lus Lopes Goularte; Camila Furlan da Costa; Caren Silvana Vieira Minho; Sarai Rivero de Lima1

Resumo: O presente estudo tem o objetivo discutir a possibilidade da contratao de profissionais da sade, em especial mdicos, uruguaios que possuem domiclio no Departamento de Rivera, fronteira com o Municpio de SantAna do Livramento, tema debatido na 3 Conferncia Municipal de Sade de SantAna do Livramento, realizada em julho de 2011. Adotou-se o estudo de caso qualitativo como mtodo desta pesquisa, tendo como objeto a problematizao da contrao de mdicos uruguaios no Municpio de SantAna do Livramento. As tcnicas de coleta de dados utilizadas foram a realizao de entrevistas, pesquisa bibliogrfica e a pesquisa documental. A partir dos resultados, pode-se inferir que no entendimento da Vara Federal da Justia Federal de SanAna do Livramento, a contratao de mdicos estrangeiros pode ser realizada por hospitais localizados em cidades de fronteiras, com base no Acordo binacional firmado entre Brasil e Uruguai. Entretanto, tal fato encontra barreiras no ordenamento jurdico brasileiro, como no caso da Lei n 3.268/1957, que regulamenta o exerccio da profisso de mdico. Portanto, cabe ao Comit Binacional de sade aprofundar o debate sobre esta controvrsia, que dificulta o acesso universal sade das populaes que vivem em regies de fronteira. Palavras-chave: controvrsia jurdica; fronteira; mdicos uruguaios.

Introduo As cidades fronteirias tem proporcionado diferentes desafios para a sociedade, repercutindo nos diferentes sistemas sociais a exemplo da poltica, economia e direito. Um dos grandes desafios jurdicos regular o exerccio de profisses em regies de fronteira por parte dos nacionais de cada pas em outra jurisdio aliengena. Em SantAna do Livramento, cidade fronteiria peculiar, que tm refletido no dizer popular de Fronteira da Paz um contexto de fronteira aberta de livre circulao ao contrrio de outras cidades fronteirias. Nessa situao peculiar os desafios e problemas so potencializados por diferentes motivos. Em SantAna do Livramento, no diferente, os gestores assumiram tais desafios no mbito da sade no Municpio buscando atravs da justia a contratao de mdicos uruguaios. Este assunto foi discutido na 3 Conferncia Municipal de Sade de SantAna do Livramento, realizada em julho de 2011, com o tema Todos usam o SUS! SUS na Seguridade Social, Poltica Pblica, Patrimnio do Povo Brasileiro. A oficina Regulao do Atendimento de Usurios/Mdicos, estrangeiros pelo SUS discutiu a questo da contratao de mdicos estrangeiros para realizarem o atendimento pelo SUS em cidades de fronteira, no caso o Municpio de SantAna do Livramento da Repblica Federativa do Brasil que faz divisa com o Departamento de Rivera da Repblica Oriental do Uruguai. Nessa oficina discutiu-se, ainda, a necessidade de criao de um sistema nico de fronteira para os usurios do SUS atravs do fortalecimento do Comit Binacional de Sade e o cumprimento de suas resolues. As Conferncias Municipais de Sade so organizadas de forma ampla com a participao de usurios, trabalhadores, prestadores e gestores do Sistema nico de Sade (SUS), institudo pela Lei1

Curso Superior de Tecnologia em Gesto Pblica da Universidade Federal do Pampa UNIPAMPA. Rua Baro do Triunfo, 1048 SantAna do Livramento RS CEP: 97.573-590 Fone: (55) 3243-4540 E-Mail: [email protected].

n 8.080/1990, para discutir e refletir sobre as condies de sade da populao e a gesto do SUS, expressando posies e votando questes orientadoras do sistema. Os municpios devem manter em funcionamento um Conselho Municipal de Sade e realizar as Conferncias Municipais de Sade, que possuem o papel preponderante de avaliar a situao da Sade e propor diretrizes para a formulao das polticas locais de Sade. Seguindo a orientao descentralizadora do SUS, so de suma importncia, por estarem mais prximas do usurio do servio de sade. Alm da contratao de mdicos estrangeiros ser um assunto recorrente nos espaos de discusso da gesto do SUS nas regies de fronteira como as Conferncias de Sade. Este assunto passa a ser de interesse do sistema normativo brasileiro recentemente quando, embasados no Decreto n 5.105/2004 que promulga o Acordo entre o Governo da Repblica Federativa do Brasil e o Governo da Repblica Oriental do Uruguai para Permisso de Residncia, Estudo e Trabalho a Nacionais Fronteirios Brasileiros e Uruguaios, hospitais brasileiros em regies de fronteira passaram a contratar mdicos uruguaios. Com tais fatos instaurou-se um embate, e agora judicial, entre mdicos, das duas nacionalidades, hospitais e entidades, governamentais e classistas. O objetivo deste esforo acadmico problematizar a possibilidade da contratao de profissionais da sade, em especial mdicos uruguaios, que possuem domiclio no Departamento de Rivera, fronteira com o Municpio de SantAna do Livramento.

Mtodo Adotou-se nesta pesquisa a abordagem qualitativa. De acordo com Richardson et al. (1999) pesquisas que utilizam a abordagem qualitativa, de um modo geral, so as que tm por objeto de estudo situaes complexas ou estritamente particulares. Guba e Lincoln (2000) destacam que a pesquisa qualitativa se baseia na viso do fenmeno social, dilemas humanos, e que a natureza dos casos situacional, mostrando experincias de diversas formas. Entretanto, os principais elementos que caracterizam a pesquisa como qualitativa so o objetivo descritivo e analtico, o delineamento flexvel, a centralidade do pesquisador, com a incluso de seus valores na coleta e tratamento dos dados e o modo de anlise (MERRIAM, 1998). Quanto estratgia de pesquisa, esta investigao se caracteriza como um estudo de caso. Estudo de Caso definido por Yin (2002, p. 32) como uma investigao emprica que investiga um fenmeno contemporneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenmeno e o contexto no esto claramente definidos. O estudo de caso se concentra no conhecimento experimental do caso e foca na influncia deste no contexto social, poltico entre outros (STAKE, 2004). Estudos de caso qualitativos examinam a complexidade do objeto formado pelos diversos contextos nos quais o caso est inserido (YIN, 2002; STAKE, 2004). Neste estudo, foi problematizada a possibilidade da contrao de mdicos uruguaios no Municpio de SantAna do Livramento. As tcnicas de coleta de dados utilizadas foram a realizao de entrevistas, pesquisa bibliogrfica e a pesquisa documental. Foram realizadas trs entrevistas: uma com o responsvel pelo setor de tratamento fora do domiclio (TFD), outra com a diretora tcnica da Secretaria Municipal de Sade (SMS) e, por fim, com o Secretrio Municipal de Sade que o gestor da sade no Municpio. Alm disso, foram realizadas pesquisas bibliogrficas sobre a questo da sade na fronteira, principalmente, em trabalhos relativos a Fronteira da Paz. Foi realizada, tambm, a anlise documental, na qual foram analisados documentos como decises judiciais da Justia Federal SantAna do Livramento e Tribunal Regional Federal da 4 Regio sobre a contratao de mdicos estrangeiros e os documentos de registros de atendimentos de usurios estrangeiros na Santa Casa de Misericrdia e na SMS.

Discusso dos Resultados As iniciativas de aproximao das polticas da rea de sade realizadas na fronteira de SantAna do Livramento, no Brasil e Rivera, no Uruguai, podem oferecer elementos para a formulao de estratgias para as polticas de sade nas fronteiras, entre as quais o monitoramento das

condies de vida, aproximao de prticas sanitrias, oferta de capacitao de recursos humanos de forma conjunta, intercmbio de informaes e iniciativas de apoio mtuo (SILVA, 2010). Tais iniciativas partem da Comisso Binacional, instituda em 2003, que vem realizando reunies nas cidades fronteirias entre Brasil e Uruguai. Dentre as atividades da Comisso Binacional destaca-se a realizao da 1 Conferncia de Sade na Fronteira Brasil e Uruguai, em outubro de 2005, que foi o marco da iniciativa de aproximao das polticas da rea de sade no enfrentamento da problemtica da sade na fronteira entre os dois pases. Uma das oficinas da 1 Conferncia de Sade na Fronteira, tratava de Legislao, onde apresentada a proposta de criao de um Comit Binacional em sade entre as duas cidades. Com isso a Comisso Binacional estaria cumprindo um dos seus objetivos que a implementao de Comits de Fronteira na rea de sade. Apesar dos referidos esforos dos governos brasileiro e uruguaio na regulamentao e aproximao das polticas na rea de sade, tais acordos e ajustes tem sido motivo de controvrsias. Um dos principais impasses a possibilidade da contratao de profissionais da sade, em especial mdicos uruguaios, que possuem domiclio em Rivera, fronteira com SantAna do Livramento. Tal situao passa a ser de interesse do sistema normativo brasileiro recentemente quando, embasados em um tratado internacional binacional entre Brasil e Uruguai, hospitais brasileiros em regies de fronteira passaram a contratar mdicos uruguaios. A controvrsia jurdica, que hoje j repercute na via judicial i, tem como pano de fundo o Acordo entre o Governo da Repblica Federativa do Brasil e o Governo da Repblica Oriental do Uruguai para Permisso de Residncia, Estudo e Trabalho a Nacionais Fronteirios Brasileiros e Uruguaios. O mesmo foi celebrado pelos referidos governos em 21 de agosto de 2002, tendo sido aprovado pelo Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo n 907 de 21 de novembro de 2003 e promulgado, passando a constar no sistema normativo brasileiro sob o Decreto n 5.105 de 14 de junho de 2004. Esse primeiro Acordo cria a ideia de cidado fronteirio para queles residentes em determinadas cidadesii citadas em seu anexo, permitindo a eles, nos termos do art. 1, a residncia na localidade vizinha, situada no territrio da outro pas, exerccio de trabalho, ofcio ou profisso com as decorrentes obrigaes e direitos previdencirios deles decorrentes, bem como a frequncia em instituies de ensino tanto pblico quanto privado. Para tanto basta o documento especial de fronteirio, identificao essa outorgada ao residente em tais cidades e que valer, exclusivamente, nos limites da localidade a qual foi concedida. Quanto ao quesito trabalhar o referido tratado abortou genericamente, no regulando as profisses regulamentadas tais como a advocacia, engenharia, medicina entre outras. Permitiu, todavia, o livre exerccio de ser contratado para atuar no comrcio, ensino e todas as atividades no regulamentadas por lei especial para garantir ao estrangeiro o acesso aos direitos sociais inerentes ao emprego e atividade exercida. Esse contexto foi alterado com o Ajuste Complementar ao Acordo para Permisso de Residncia, Estudo e Trabalho a Nacionais Fronteirios Brasileiros e Uruguaios. Tal Ajuste foi celebrado em 28 de novembro de 2008, sendo posteriormente aprovado pelo Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo n 933 de 11 de dezembro de 2009 e promulgado pelo Decreto n 7.239 de 26 de julho de 2010. O objetivo do referido ajuste regular a contratao de servios de sade humana em ambos os pases. Com esta recente alterao no acordo inicial passa a fundamentar a compreenso e aes jurdicas por parte dos diferentes hospitais em cidades fronteirias, eis que no artigo 2, 1, do Ajuste est clara a permisso s pessoas jurdicas brasileiras e uruguaias contratarem servios de sade humana [...] de acordo com os Sistemas de Sade de cada Parte. Os argumentos jurdicos contra tal atitude dos hospitais levam em conta a regulamentao da profisso de mdico, atualmente sob o manto da Lei n 3.268 de 30 de setembro de 1957, dispondo no seu art. 17 que Os mdicos s podero exercer legalmente a medicina, em qualquer de seus ramos ou especialidades, aps o prvio registro de seus ttulos, diplomas, certificados ou cartas no Ministrio da Educao e Cultura e de sua inscrio no Conselho Regional de Medicina, sob cuja jurisdio se achar o local de sua atividade. Ou seja, os contrrios a simples contratao de mdicos uruguaios para atuarem no Brasil entendem que os mdicos uruguaios necessitam revalidar seu diploma no Brasil, seguindo os trmites impostos para tanto, para ento estarem habilitados para exercerem a medicina no

Brasil, sob pena de estar incorrendo no crime de prtica ilegal da medicina, alm de penalidades administrativas e cveis. Tais observaes j foram alvo de anlise judicial, onde, em mais de um momento a Vara Federal da Subseo de SantAna de Livramento da Justia Federal se pronunciou a favor da contratao de mdicos uruguaios, em que pese o Tribunal Regional Federal da 4 Regio ter reformado em parte tais decises iii . Entende a referida Vara Federal que o tratado internacional binacional entre Brasil e Uruguai, em especial o Ajuste firmado recentemente, permite tal contratao tendo em vista o princpio da soberania e reciprocidade com o pas limtrofe. Alm disso referem, as decises de tal Vara Federal, que a contratao de mdicos uruguaios e consequentemente o exerccio da profisso de mdico pelo uruguaio no est regulada pela Lei n 3.268/1957, mas sim pelo acordo internacional introduzido no sistema jurdico brasileiro pelo Decreto n 7.239/2010. De acordo com informaes da Secretaria Municipal de Sade (SMS) de SantAna do Livramento, atualmente no tem mdicos estrangeiros contratados, os estrangeiros que atuam nas Unidades Bsicas de Sade (UBS), j so naturalizados, com diploma revalidado e com registro no Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (CREMERS). J a Santa Casa de Misericrdia em 2011, tinha uma demanda de mdicos de especialidade ginecologia e obstetrcia, quando recorreu Justia Federal para realizar a contratao, por se tratar de uma contratao para atuao no hospital, tendo recebido limitar favorvel. A contratao no se efetivou, pois os mdicos brasileiros voltaram a trabalhar no hospital aps o deferimento da liminar.

Concluses No entendimento da Justia Federal de SanAna do Livramento, a contratao de mdicos estrangeiros pode ser realizada por hospitais localizados em cidades de fronteiras. Como no h deciso final sobre o assunto, salvo novas decises, a contratao de mdicos uruguaios por parte da Santa Casa de Misericrdia est permitida nos termos do Acordo binacional. Todavia h de se atentar para o princpio da reciprocidade entre ambos pases, que impe as mesmas condies de tratamento. Os Acordos internacionais muitas vezes no so internalizados no ordenamento jurdico de cada Estado. Todavia, mesmo quando internalizados, precisam sofrer a anlise de sua constitucionalidade e integrao no ordenamento jurdico, a exemplo do debate sobre a derrogao ou no da Lei n 3.268/1957 que, por ser especialmente dedicada ao exerccio da profisso de mdico, pode vir a impor barreiras eficcia plena do Acordo binacional entre Brasil e Uruguai. Portanto, cabe ao Comit Binacional de sade aprofundar o debate sobre a questo que hora se apresenta to controvrsia na esfera jurdica. Esta controvrsia dificulta o acesso universal sade das populaes que vivem em regies de fronteira. Devem ser pensadas as questes relativas ao exerccio de profisses que so regulamentadas pelos ordenamentos jurdicos de pases limtrofes.

Referncias BRASIL. Lei n 3.268, de 30 de setembro de 1957. Dispe sobre os Conselhos de Medicina, e d outras providncias. Braslia, 30 set. 1957. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2011. BRASIL. Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispe sobre as condies para a promoo, proteo e recuperao da sade, a organizao e o funcionamento dos servios correspondentes e d outras providncias. Braslia, 19 set. 1990. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2011. BRASIL. Lei n 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispe sobre a participao da comunidade na gesto do Sistema nico de Sade (SUS) e sobre as transferncias intergovernamentais de recursos financeiros na rea da sade e d outras providncias. Braslia 28 dez. 1990. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2011. BRASIL. Ajuste Complementar ao Acordo Bsico de Cooperao Tcnica, Cientifica e Tecnolgica entre o Governo da Repblica Federativa do Brasil e o Governo da Repblica

Oriental do Uruguai para sade de fronteira. Montevidu 31 jul. 2003. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2011. BRASIL. Decreto Legislativo n 907, de 21 de novembro de 2003. Acordo entre o Governo da Repblica Federativa do Brasil e o Governo da Repblica Oriental do Uruguai para permisso de residncia, estudo e trabalho a nacionais fronteirios brasileiros e uruguaios. Braslia, 21 nov. 2003. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2011. BRASIL. Decreto n 5.105, de 14 de junho de 2004. Promulga o Acordo entre o Governo da Repblica Federativa do Brasil e o Governo da Repblica Oriental do Uruguai para Permisso de Residncia, Estudo e Trabalho a Nacionais Fronteirios Brasileiros e Uruguaios, de 21 de agosto de 2002. Braslia 14 jun. 2004. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2011. BRASIL. Decreto Legislativo n 933, de 11 de novembro de 2009. Aprova o texto do Ajuste Complementar ao Acordo para Permisso de Residncia, Estudo e Trabalho a Nacionais Fronteirios Brasileiros e Uruguaios, para Prestao de Servios de Sade. Braslia, 11 nov. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2011. BRASIL. Decreto n 7.239, de 26 de julho de 2010. Promulga o Ajuste Complementar ao Acordo para Permisso de Residncia, Estudo e Trabalho a Nacionais Fronteirios Brasileiros e Uruguaios, para Prestao de Servios de Sade, firmado no Rio de Janeiro, em 28 de novembro de 2008. Braslia, 26 jul. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2011. GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Paradigmatic controversies, contradictions, and emerging confluences. In: DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S. (Eds.) The Sage Handbook of Qualitative Research: Third Edition. London: Sage, 2000. p. 191-215. MERRIAM, S. B. The design of qualitative research. In: MERRIAM, S. B. Qualitative research and case study applications in education. 2. ed. San Francisco: Jossey-Bass, 1998, p. 1-25. RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: mtodos e tcnicas. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1999. SILVA, Maurcio Pinto da. Cooperao em Sade na Fronteira Brasil/Uruguai: Comit Binacional de Integrao em Sade: SantAna do Livramento/Rivera. Pelotas: UFPEL, 2010. STAKE, Robert E. Qualitative case studies. In: DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S. (Eds.)The Sage Handbook of Qualitative Research: Third Edition. London: Sage, 2005. p. 443466. YIN, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e Mtodo. Porto Alegre: Bookman, 2002.i

Nota-se as diferentes aes judiciais, a exemplo da Ao Ordinria n 5000574-25.2011.404.7106 ajuizada pela Santa Casa de Misericrdia de SantAna do Livramento contra o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul que tramita junto a Vara Federal de SantAna do Livramento; a Ao Civil Pblica n 5001429-38.2010.404.7106 ajuizada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul contra a Fundao Hospital de Caridade de Quarai e os mdicos contratados por tal hospital. ii Chu, Santa Vitria do Palmar/Balnerio do Hermenegildo e Barra do Chu (Brasil) a Chuy, 18 de Julho, Barra de Chuy e La Coronilla (Uruguai); Jaguaro (Brasil) a Rio Branco (Uruguai); Acegu (Brasil) a Acegu (Uruguai); SantAna do Livramento (Brasil) a Rivera (Uruguai); Quara (Brasil) a Artigas (Uruguai); Barra do Quara (Brasil) a Bella Unin (Uruguai). iii A reforma para que momentaneamente seja suspense a contratao de novos mdicos uruguaios at o fim da soluo do caso a pedido das instituies de classe mdica no Rio Grande do Sul e em mbito Federal.

A GESTO PBLICA E O MONITORAMENTO SOCIAL DE POLTICAS PBLICAS: CONTROLE E PARTICIPAO NO CASO DE ECONOMIAS DEPENDENTES Neilo Mrcio da Silva Vaz Resumo O presente artigo apresenta-se como resultado de pesquisa bibliogrfica desenvolvida durante a disciplina de Desenvolvimento e Meio Ambiente do Programa de Ps-Graduao em Cincias Sociais da Universidade Federal de Pelotas, versando sobre a discusso em torno da proposio do monitoramento social de polticas pblicas e sua relao com a configurao da relao Estadosociedade em situao de economias dependentes. Num primeiro momento do texto, apresenta-se em que se constitui essa proposta de monitoramento e sua insero na configurao do Estado moderno, para em seguida, partindo-se da formulao de Celso Furtado acerca da formao social e econmica de nossas economias dependentes, discutirmos o sentido sociopoltico subjacente proposio de controle social sobre as polticas pblicas. Na concluso do trabalho, retomando o eixo norteador, conclui-se que enquanto ao tcnico-social do Estado o monitoramento social de polticas pblicas, que devido a elementos relacionados nossa formao econmica e social, assume um sentido sociopoltico relacionado reproduo do Estado, enquanto aparato de classe, no se permitindo o desenvolvimento de processos contra hegemnicos. Palavras-chave: Desenvolvimento; Monitoramento social; Polticas Pblicas; Gesto pblica. Introduo O presente trabalho se constitui enquanto resultado parcial de pesquisa bibliogrfica, empreendido na disciplina/seminrio de pesquisa em Desenvolvimento e Meio Ambiente do Mestrado em Cincias Sociais do Programa de Ps-Graduao em Cincias Sociais da Universidade Federal de Pelotas. Partindo-se da definio de monitoramento social de polticas pblicas e seu lugar na configurao do Estado moderno e dialogando com a formulao de Celso Furtado acerca da formao scio histrica de nossas economias dependentes, problematiza-se sobre o sentido sociopoltico subjacente proposio de controle social sobre as polticas pblicas no contexto de configurao da relao Estado-sociedade em nossa contemporaneidade, discutindo-se limites e potenciais quanto a eficcia na gesto pblica. O monitoramento social de polticas pblicas enquanto ao tcnico-social do Estado se d atravs da gerao e manipulao de informaes confiveis a cerca dos resultados das polticas pblicas. Baseados em LAGO (2003) compreende-se monitoramento social de polticas pblicas como um conjunto de prticas que visa ao acompanhamento e ao controle sistemtico de uma determinada interveno do poder pblico, que opera em trs eixos fundamentais: no sentido de garantir polticas pblicas de enfrentamento das desigualdades no acesso aos servios e equipamentos pblicos, na ampliao dos espaos de planejamento participativo e na verificao ou estabelecimento da correlao entre o planejamento e a execuo, dos programas e/ou projetos governamentais. Sendo assim, do ponto de vista da intencionalidade, o monitoramento social de polticas pblicas, constitui-se num fenmeno centrado na ideia do controle pblico acerca dos resultados da interveno estatal, se direcionando no sentido da garantia da equidade quanto ao acesso aos resultados dos investimentos pblicos, ampliao da cidadania participativa e a eficcia na gesto dos recursos estatais. No que diz respeito a sua efetividade, est colocado dentro de uma dimenso aplicada de capacidades tcnicas e sociais no campo das polticas pblicas, reportando-nos a anlise realizada por JANUZZI (2005) em que segundo o autor os indicadores sociais so medidas que permitem a operacionalizao de um conceito abstrato ou de uma demanda de interesse programtico, possibilitando ao monitoramento social de polticas pblicas, obter a legitimidade necessria, capaz de constitu-lo como um mecanismo visto como necessrio dentro da dinmica de operao do Estado. Segundo a bibliografia consultada, a noo de controle est presente desde a fundao do Estado em sua forma burocrtica moderna, tendo sido recursivamente reelaborados mecanismos que viabilizam a legitimidade necessria viabilidade da sua ao, que se d atravs da implementao das polticas pblicas. Nos ltimos anos se apresenta incorporando o princpio da participao social,

constituindo-se enquanto uma resposta ineficincia das formas de controle tecnocrticas e de crise da prpria democracia, que se mostra incapaz de gerar o controle sobre a burocracia. Segundo a bibliografia consultada, a noo de controle est presente desde a questo do controle sobre a ao estatal encontra-se presente desde os primrdios da organizao da administrao pblica, remetendo-nos ao sculo XIX, quando se d a consolidao da forma burocrtica do Estado moderno. Fazia-se necessrio o desenvolvimento de mecanismos relacionados demanda acerca da necessidade do controle sobre a burocracia, passando pela adoo de mecanismos de controle eficazes, o que de certa maneira, conforme Milani (2008) passou pela adoo de estratgias de superviso, controle e auditoria, frisado pelo autor, como marcas centrais de uma boa administrao. Configurando um controle baseado em prticas eminentemente de carter tcnico, o que vai perdurar at o final do sculo passado, como a nica via oficial de controle acerca dos resultados das polticas pblicas. Contemporaneamente observa-se um crescente interesse pela introduo do princpio da participao cidad neste controle, que de acordo com MILANI (2008) constitui-se enquanto uma pea essencial na constituio dos discursos oficiais que envolvam a execuo de polticas pblicas numa perspectiva considerada progressista. Nestes termos, a instituio de processos que ampliam a participao social, no se apresenta como uma ruptura radical na relao Estado-sociedade, uma vez que, a ampliao da participao cidad nas esferas de deciso estatal, no necessariamente, reverter o processo participativo em favor dos interesses da maioria, nem to pouco capaz de corromper a essncia clientelista presente na configurao das relaes polticas brasileiras. Na base do processo de constituio da sociedade moderna, que se distingue fundamentalmente pela secularizao em detrimento do misticismo e do autoritarismo, encontra-se segundo a anlise de FURTADO (2008) uma centralidade conferida s noes de progresso-acmulo e desenvolvimento economicista, de maneira que, no que diz respeito ao primeiro, encontra-se presente na construo de uma coeso social, necessria estruturao do poder na sociedade industrial. J o segundo, posiciona-se como um elemento pertencente a um universo de instrumentalidades referentes realizao da capacidade criadora do ser humano, o que no acontece no caso das economias dependentes, uma vez que, nestes casos, prevalecendo sua acepo de cunho economicista, impede-se a emergncia de processos criativos no conjunto da sociedade, capazes de se constituir efetivamente foras contra hegemnicas, operando apenas, dentro de um quadro de operacionalidade da dependncia internacional, o que sugere como explicao dificuldade que temos de lidar com noo de desenvolvimento regionais e/ou locais, relacionados a processos endgenos. Sendo dentro deste quadro que o Estado brasileiro organizado e atuante - por intermdio das polticas pblicas instituindo uma cultura poltica clientelista, o que est de acordo com a anlise de OLIVEIRA; SEBEL (2006), no sentido de que por intermdio das polticas sociais que a seleo social do tipo clientelista assume seu formato mais primrio, atuando na organizao das relaes Estado-sociedade. Colocando a questo das polticas pblicas numa seara de legitimidade de uma estrutura de poder pautada pelo interesse privado, o que est muito distante daquilo que deveria representar efetivamente dentro de um Estado de direito. Neste contexto que aes de natureza tcnico-sociais, que visam o controle social, deveriam atuar, subsidiando a atuao cidad. Constituindo-se nisso um dos objetivos principais do estudo, qual seja, de compreender a partir da compreenso da totalidade de sua constituio, os limites e potenciais que so oferecidas mediante a aplicao de mecanismos de controle social. Metodologia Tratando-se de um estudo bibliogrfico, baseados na proposio de QUIVY (2005) acerca de metodologia de pesquisa, para a realizao do trabalho, foram adotados como mtodo de trabalho o desenvolvimento de uma sistematizao, com emprego de grelhas de leituras, realizando-se o mapeamento da bibliografia necessria, bem como, a devida sistematizao de conceitos e categorias necessrias execuo do trabalho de pesquisa. Segundo a metodologia adotada, a configurao do trabalho de pesquisa se d basicamente em trs fases distintas e complementares, de maneira que, num primeiro momento realiza-se um mapeamento acerca da bibliografia existente sobre a temtica, para num segundo momento, procederse a constituio das grelhas, propriamente ditas, permitindo, a apreenso das ideias centrais das obras, de modo que, se elabore uma sntese, que permita a formao de um quadro de conceitos e categorias, que balizaro a anlise do problema proposto.

Resultados e Discusso A propsito de nosso objetivo central neste trabalho, encontramos um conjunto de resultados parciais, delineados sob dois eixos fundamentais: Um primeiro relacionado ao sentido assumido pela inteno do controle social sobre as polticas pblicas dentro da configurao do estado contemporaneamente, de forma que, se avanou no sentido da compreenso acerca do desvendamento da estruturao da proposta de monitoramento social de polticas pblicas, enquanto ao tcnicosocial do Estado, compreendendo-se sua insero na dinmica de funcionamento do Estado como um fenmeno relacionado introduo do princpio de participao social no mbito da operao estatal e em que sentido esse fenmeno se articula com a reproduo de nossa cultura poltica. Configurando o monitoramento social de polticas pblicas, enquanto uma proposio em potencial, no que tange a possibilidade de instituio de uma gesto pblica, com controle social efetivo. Um segundo, diz respeito natureza objetiva do monitoramento social de polticas pblicas e sua relao com a nossa formao de economia dependente. Tendo-se avanado no sentido da problematizao acerca da compreenso do papel desempenhado pelas noes de progresso como acumulao e desenvolvimento num sentido economicista na constituio de nossa formao social e econmica dependente. O que sobremaneira, limita a proposio do monitoramento social de polticas pblicas, no que diz respeito ao potencial de efetividade de um controle social acerca da ao estatal. Concluses A propsito de nosso objetivo central, elenca-se como concluses: a) que esse tipo de ao tcnico-social insere-se na dinmica de funcionamento do Estado como um fenmeno relacionado introduo do princpio de participao social; b) contm em sua intencionalidade, aspectos positivos, que o convertem em uma prtica qualificadora da gesto pblica; Por outro lado, constitui-se enquanto um conjunto de prticas atreladas execuo das polticas pblicas, que em funo das caractersticas de nossa formao social e econmica, opera de maneira a reproduzir nossa cultura poltica de cunho clientelista; c) enquanto ao tcnico-social do Estado, a proposio de monitoramento social de polticas pblicas, est permeada pelas noes de progresso como acumulao e desenvolvimento num sentido economicista, constituintes de nossa formao econmica dependente, apresentando-se como mais um recurso legitimador de uma retrica poltica, atrelada a reproduo de prticas sociais, econmicas e polticas ainda colonialistas; e d) diante de uma situao em que no tenhamos institudos verdadeiros canais de participao diretos a nvel local, no sero recursos tcnico-sociais, empregados com o objetivo de gerar um controle sobre a administrao estatal, que sero capazes de condicionar processos sociais criativos, desencadeadores de um desenvolvimento relacionado s capacidades humanas e capaz de qualificar a gesto pblica. Referncias FURTADO, Celso. Criatividade e dependncia na civilizao industrial. So Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 98-110. FURTADO, Celso. Introduo ao desenvolvimento: enfoque histrico-estrutural. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. p. 7-30. JANNUZZI, Martino de Paulo. Indicadores para diagnstico, monitoramento e avaliao de programas sociais no Brasil. Revista do Servio Pblico Braslia, v. 2, n. 56, p. 137-160 Abr/Jun 2005. SEIBEL, J. Erni; Oliveira, J. M. Helosa. Clientelismo e seletividade: desafios s polticas sociais. Revista de Cincias Humanas, Florianpolis, EDUFSC, n. 39, p. 135-145, Abril de 2006. LAGO, Luciana: Indicadores de Monitoramento Social de Polticas Pblicas. Disponvel em:>www.fase.org.br/v2/admin/anexos/acervo/10_Luciana%20Lago%20-28.doc < Acesso 03 julho de 2011. MILANI, Carlos R. S. O princpio da participao social na gesto de polticas pblicas locais: uma anlise de experincias latino-americanas e europeias. Revista de Administrao Pblica, Rio de Janeiro, v. 3, n. 42, p.551-79, maio/jun. 2008. Quivy, Raymond; CAMPENHOUDT, Van Luc. Manual de investigao em cincias sociais. Trad. Joo Minhoto Marques, Maria Amlia Mendes, Maria Carvalho. 4. Ed. Lisboa, 2005. 281 p.

A INSERO SOCIAL DE DETENTAS NUMA UNIDADE PRISIONAL NA FRONTEIRA BRASIL, COLMBIA, PERU: O CASO DE TABATINGAAdalgisa Maura Carvalho Rezende1; Caroline Krger Guimares2; Elaine Garcia dos Santos3; Simone Portella Teixeira de Mello31

UFPel/Acadmica do Curso Superior de Tecnologia em Gesto Pblica, [email protected]; 2 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS - Campus Pantanal/Acadmica do Curso de Ps-graduao - Mestrado em Estudos Fronteirios; [email protected]; 3UFPel/ Professoras Adjuntas da Faculdade de Administrao e Turismo FAT, [email protected]; [email protected].

RESUMO Embora os presdios estejam mais prximos da populao em geral, seja por meio da comunicao informal ou mesmo da localizao desses, a sociedade ainda parece ver com temor as relaes internas e externas que se passam nesse contexto. No caso dos que vivem dentro do sistema prisional, o preconceito e a situao de excluso emblemtica, e diz respeito a todos. Por isso, parte da ao pblica de rever esse cenrio de excluso, de preconceito e desconfiana, est em prover meios de ressocializar aqueles que saem das prises seja num regime semi-aberto ou em definitivo. Este estudo visa observar o efeito do Programa de Artesanato na Unidade Prisional de Tabatinga/AM sob a perspectiva da qualidade de vida informada pelas detentas. Para tanto, realizou-se pesquisa bibliogrfica onde so analisados conceitos sobre o tema e posterior coleta de dados atravs do formulrio junto s detentas. Os resultados revelam que o projeto estimula as detentas a se motivarem e que essas tm esperana de ficar longe do trfico atravs da continuidade de seu trabalho artesanal. Conclui-se que o Projeto de Artesanato em Tabatinga, na fronteira Brasil-Peru-Colmbia tem alcanado seu objetivo: de recuperao e insero social dessas mulheres. Palavras-chave: Incluso Social; Ressocializao de Detentas; Qualidade de Vida em Presdios

INTRODUO Trabalhar com a realidade de presdios importante e desafiador, pois apesar da distncia espacial dos reclusos e no reclusos, o presdio est cada vez mais prximo da sociedade atravs dos sistemas de comunicao. Entretanto, os mesmos tratam o presdio e o preso em situaes limitantes de desgraa, isto , os internos e a instituio apresentam problemas de rebelio, superlotao, ou em casos peculiares que chocam a opinio pblica, refora na maioria das vezes o preconceito aos apenados. Dessa maneira, a sociedade civil se distancia dos movimentos do presdio, das suas relaes internas e externas, e, principalmente da compreenso da sua vivncia interna. Nesse contexto de afastamento e dissenso, o presdio insere-se como uma instituio da modernidade que se altera, como qualquer instituio, mas que ainda se vislumbra como um espao de recluso, sendo um meio de controle do estado e para muitos, a melhor forma de proteo contra os elementos constituintes da violncia: o prisioneiro. A excluso social atribuda pelos presdios torna-se comum nas anlises sobre os problemas sociais contemporneos, haja vista que tanto quanto a globalizao, a excluso social apontada como tema paradigmtico neste sculo. No caso dos que vivem dentro do sistema prisional, a situao de excluso extrema, e esta uma problemtica que diz respeito a todos. Segundo Wacquant (2001), as prises de hoje so projetadas como fbricas de excluso. Escorel (1999) constata que o fenmeno da excluso social est integrado a processos de vulnerabilidade, fragilizao, precariedade e ruptura dos vnculos sociais em vrias dimenses da vida

social: econmico-ocupacional, scio familiar, da cidadania, das representaes sociais e da vida humana. O indivduo que se encontra na priso apresenta ruptura dos vnculos sociais em vrias dimenses e o sistema prisional aprofunda essa realidade. E parece que ao longo desse processo, seus valores so postos em xeque, a partir de suas prticas e vivncias, aqui entendidas na concepo do PNUD (2010). Pesquisas britnicas descritas por Wacquant (2001) revelam que apesar dos elevados nveis de necessidades, muitos presos foram de fato excludos do acesso a servios no passado. Esses tm, por exemplo, cerca de 20 vezes mais chance de terem sido excludos da escola do que a populao em geral e, em muitos casos, o cumprimento da pena pode ser o primeiro contato com os servios pblicos. Infelizmente, existe um risco considervel de que a priso venha a agravar o quadro de excluso social: um tero deles perde suas casas enquanto esto presos, dois teros perdem seus empregos e cerca de dois quintos perdem contato com suas famlias. Diante desses fatos, surge a necessidade de se buscar meios e mtodos para incluir novamente os exdetentos na sociedade. Isso tambm uma questo de gesto pblica. Penas alternativas, programas de reeducao, de ressocializao, de insero profissional mostram a necessidade de aes mais prospectivas em se tratando de redimensionar aqueles que por um motivo ou outro esto parte da sociedade, em sistemas carcerrios que mais parecem prejudicar do que reeducar. Por todos esses motivos, o problema desta pesquisa consiste em responder a seguinte pergunta: De que forma o programa de artesanato implantado na Unidade Prisional de Tabatinga, no estado do Amazonas, influenciou na perspectiva da qualidade de vida das detentas e na incluso social? A Unidade Prisional de Tabatinga foi escolhida devido a sua importante posio geogrfica, cidade esta que faz fronteira com Peru e Colmbia.

METODOLOGIA A metodologia contempla a descrio da rea de estudo (breve histrico); a definio da populao em amostra (delimitao do objeto de estudo); o delineamento da pesquisa (com a descrio do mtodo de pesquisa utilizado); a elaborao do instrumento de levantamento de dados e o plano de coleta e anlise dos dados (explanao sobre a forma em que os dados foram coletados e analisados). A Unidade Prisional de Tabatinga, em Tabatinga/AM, constitui-se como um presdio de segurana mnima, possuindo detentos das trs fronteiras que circundam Tabatinga, ou seja, Brasil, Colmbia e Peru. Seus detentos so de ambos os sexos, maiores de 18 anos, que na sua maioria foram presos pelo trfico de drogas. O presdio inseriu junto s alternativas de pagamento de pena aos detentos, o trabalho artesanal com sementes da prpria regio, atravs da Associao dos Artesos de Tabatinga. Esta entidade uma associao de produo de artesanatos diversos composta de mulheres e homens com baixa renda familiar na sua maioria desempregados, mulheres de terceira idade, indgenas, ribeirinhas, e mulheres e homens presidirios do regime semi-aberto e ainda encarcerados. Os principais produtos produzidos na associao so: biojias com sementes naturais, fibras, e madeira. A Associao tem como objetivo fortalecer o artesanato regional, gerar oportunidade de trabalho e renda familiar, dar motivao ao trabalho regional e indgena, elevar a auto-estima da sua maioria e incluir socialmente os excludos dando uma profisso. Este trabalho envolve aproximadamente quinhentas famlias na sede municipal e zona rural. Alm disso, potencializar o espao de comercializao e produo do artesanato, estruturar uma central de beneficiamento de sementes e fibras e para tingimento natural, tambm faz parte dos objetivos centrais. O pblico alvo da Associao dos Artesos de Tabatinga so grupos formais/informais que trabalham com artesanato regional para gerao de renda nas reas rural e urbana; grupos que trabalham com o desenvolvimento ambiental sustentvel, respeitando o meio ambiente e a biodiversidade gerando a incluso social; populao em geral; detentos da rede municipal que j desenvolvem trabalhos artesanais, ressocializando-os e dando-lhes uma profisso, tambm como forma de pena alternativa. O trabalho artesanal no presdio consiste apenas na perfurao das sementes de aa (fonte abundante na regio, mas j est se estudando o segundo passo que ser o aprendizado do artesanato com sementes). Barbetta (2002) define populao como conjunto de elementos que se deseja estudar e para os quais as concluses da pesquisa sero vlidas. Consideramos como populao desta pesquisa o total de 30

(trinta) detentas da Unidade Prisional de Tabatinga que participam do projeto. Deste total, 22 (vinte e duas) detentas tiveram liberdade, ficando apenas 08 (oito) que ser a amostra desta pesquisa, pois so as que ainda no esto em liberdade, ou seja, as que permanecem no presdio. Realizaram-se estudo descritivo com as detentas, todas com idade superior a 18 anos. Atualmente, a populao composta por 28 (vinte e oito) detentas. Mas as 20 (vinte) mulheres que ingressaram recentemente, esto em treinamento sobre as atividades do trabalho artesanal. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um formulrio estruturado deste trabalho. Cervo e Bervian (1983) definem formulrio como uma espcie de questionrio destinado a coletar dados resultantes de observao ou entrevista e cujo preenchimento feito pelo prprio pesquisador. Dentre as vantagens do formulrio pode-se destacar a possibilidade de aplic-lo em grupos heterogneos e a assistncia direta do investigador ao entrevistado, solucionando possveis dvidas no momento da coleta de dados. A construo do instrumento segundo Gil (1994) consiste basicamente em traduzir os objetivos especficos em questes bem redigidas. Nesse sentido, o formulrio foi construdo de modo a responder aos objetivos desta pesquisa. Para isso foram utilizadas no instrumento de coleta de dados perguntas abertas, fechadas, fechadas com escalas de avaliao verbal e dicotomia. Como afirmam Cervo e Bervian (1983), as perguntas abertas destinam-se a obter respostas livres, recolhendo informaes mais ricas e variadas, apesar da dificuldade de tabulao. Essas questes abertas tambm possuem a finalidade de captar por mtodo indireto de livre associao as impresses espontneas das detentas. As perguntas fechadas, por outro lado, so de fcil tabulao e fornecem respostas mais precisas. O instrumento de coleta de dados, depois de estruturado, foi enviado via e-mail para a vice-presidente do Projeto de Artesanato da Unidade Prisional de Tabatinga. A aplicao do mesmo foi para 8 (oito) detentas que j executavam atividades no grupo, pois na poca, as demais 22 (vinte e duas) obtiveram liberdade. Aps a aplicao, os dados coletados foram transmitidos via telefone e e-mail. Posteriormente foram analisados e interpretados com base no referencial terico. RESULTADOS E DISCUSSO O contato pessoal com as detentas revelou inicialmente um comportamento de forma acuada, mas na medida em que se sentiam seguras e tomavam conhecimento do objetivo da visita, mostraram-se interessadas e participativas. Ao longo do trabalho constatou-se que as mulheres possuem nacionalidades diferentes, e assim culturas e idiomas distintos, tendo em vista a localizao do presdio ser numa cidade localizada na fronteira do Brasil com Colmbia e Peru. Todavia, algo semelhante entre elas. Mesmo se constituindo detentas, no deixam de lado as caractersticas femininas, de zelo, de cuidado, de vaidade. Embora estejam inseridas em um ambiente hostil e desconhecido at ento, elas adotam estratgias para assemelh-lo ao ambiente cotidiano domstico. Para tanto, cuidam da arrumao do espao, de modo a transform-lo o mais prximo possvel de uma casa. Prticas como o cuidado com as dependncias, com a aparncia e o desejo de tornar o ambiente agradvel, mostraram o quanto as detentas prezam o espao de um lar e, conseqentemente a necessidade de buscar, mesmo que na priso um ambiente que promova um certo aconchego. Alm disso, essas mulheres tambm se mostram extremamente vulnerveis quando se encontram no espao prisional, logo passando por um processo de transformao, sobretudo influenciadas pelas prticas e vivncias compartilhadas pelas mulheres que j esto na priso h mais tempo. Observou-se tambm que os dados obtidos confirmaram um dos aspectos enfatizados por pesquisadores dessa temtica, como Escorel (1999), que : no percurso entre a priso, flagrante ou no, a vivncia do encarceramento provisrio, o sentenciamento e o cumprimento da pena, as detentas vo continuamente transformando sua perspectiva de vida. Para a maioria delas, estar na priso significa a segunda chance para comear uma nova vida longe do crime. Sendo assim, Santos (2001) contribuiu ao salientar que nesse meio, a solidariedade entre os indivduos que dividem o mesmo espao social, a cela, o ptio, o presdio em si, d condies para que eles desenvolvam atividades criativas que possam melhor avaliar suas potencialidades humanas. E nesse sentido, verificou-se que o artesanato uma atividade que tende a suavizar os momentos de estresses convenientes do aprisionamento, na medida em que fortalece a auto-estima e proporciona satisfao, levando as apenadas a descobrir valores em si mesmas e assim conviver melhor com as demais, o que tambm infere menores riscos de rebelio. O trabalho artesanal parece ser produtivo a elas.

Ainda de acordo com Santos (2001) essa satisfao proveniente da criao artstica que ir provar ao indivduo o valor que ele possui dar sentido a sua vida, recuper-lo aos seus prprios olhos, o que muito importante, pois, o estmulo e o apoio aos presos, esto diretamente ligados ao destino desses. Tem-se assim, a transformao em sua perspectiva relacionada a si mesmo. Alm disso, a atividade artesanal, enquanto um processo produtivo proporciona uma capacitao mnima de subsistncia ao ser liberta. No que se refere aos dados obtidos a partir da aplicao de questionrios s detentas, verificou-se que a maioria das entrevistadas so de nacionalidade peruana (37,5%) e colombiana (37,5) e 25% de nacionalidade brasileira. Quanto faixa etria, 50% esto na faixa entre 31 e 40 anos, 37,5% tem idade que varia de 21 a 30 anos e 12,5% menos que 21 anos. Com relao ao grau de instruo, a maioria apresenta nvel mdio completo (62,5%), e o restante ensino fundamental completo (37,5%). No h dententas com escolaridade em nvel superior. No entanto, observa-se que as detentas apresentam um nvel de escolaridade acima da mdia da populao brasileira (40%), segundo dados do IBGE (2007). Alm disso, os dados mostram que as colombianas tm mais alto nvel de escolaridade, o que infere uma qualidade e permanncia na educao formal daquele pas. O estado civil das detentas em sua totalidade aparece na situao divorciada, provenientes de uma classe social baixa. As atividades laborais dessas mulheres demonstra que 75% estavam na situao do lar e 25% eram vendedoras de lojas do varejo. Todas entrevistadas, 100%, descreveram que o delito cometido que as levaram priso foi o trfico de drogas, sendo pegas em flagrante no Aeroporto de Tabatinga/AM ou na Base Anzol, que se constitui como um posto de polcia mvel localizado no Rio Solimes que averigua grande parte das embarcaes que por este rio navegam. oportuno destacar que a regio de Tabatinga/AM, dentro do territrio brasileiro, se acessa somente por duas vias: area e fluvial. J a passagem para Letcia, cidade do fronteiro pas/Colmbia se faz por terra e, para Santa Rosa, no limtrofe pas Peru, se faz por via fluvial. Tabatinga tem servido como ponte para o trfico de drogas e essas mulheres serviram como mulas desse trfico de entorpecentes. Descrito pelas mesmas, o motivo que as levaram a praticar tal delito foi principalmente a falta de dinheiro num sentido geral e o desemprego (75%). Mas para 25% delas, a causa foram enfermidades na famlia que as levaram a buscar recursos financeiros por esse caminho. A pesquisa tambm destaca que 62,5% das detentas j tem histrico do mesmo delito na famlia e 37,5% dessas no constam na famlia histrico criminal. Verificou-se que 75% delas so reincidentes no mesmo delito. Todas detentas contraram doenas sexualmente transmissveis, infeces gastrintestinais e gripe na priso, 25% sofrem de hipertenso. Segundo Miranda et al (2004) no raro encontrar entre as encarceradas a presena de tuberculose e hipertenso arterial no diagnosticada e/ou no tratadas, bem como de infeco pelo HIV e outras doenas sexualmente transmissveis (DST) em iguais condies. Constatou-se que os atendimentos mdico, odontolgico e psicolgico so oferecidos s detentas eventualmente. No h periodicidade nesse processo, as situaes ocorrem mais de forma reativa, diante de um dado fato, no havendo trabalho preventivo. Miranda et al (2004) comenta que devido superlotao carcerria, no h disponibilidade de assistncia mdica suficiente a todos. Por fim, os dados at aqui analisados refletem as caractersticas scio-econmicas das detentas, enquanto que os dados que se seguem demonstram a influncia do trabalho artesanal da Associao dos Artesos de Tabatinga sob a perspectiva da qualidade de vida das detentas. Das detentas entrevistadas, 100% estavam inseridas no projeto de artesanato. Segundo as respostas analisadas, todas elas relataram que sua perspectiva da qualidade de vida mudou aps ingresso no projeto devido ao tempo ocioso estar sendo preenchido por atividades que as mantinham ocupadas, como tambm porque esta atividade ajudava-as a sarem mais rpido do presdio (75% dos depoimentos) e porque se sentiam seguras ao saber que poderiam continuar na Associao de Artesos de Tabatinga (25%) aps a sada do presdio. Todas as detentas revelaram sentirem-se bem ao trabalhar no projeto e que os motivos que as levaram a participar do mesmo foram de preencher tempo, reduzir pena (a cada trs dias de trabalho diminui-se um de pena) e porque recebiam dinheiro pelas atividades desenvolvidas. Perguntou-se ainda o que as detentas gostariam de fazer aps sarem do presdio. As respostas indicam que 100% delas gostariam de trabalhar na rea de artesanato, como no projeto do presdio, como tambm voltar a estudar. Nesse sentido, verifica-se que o projeto de

artesanato, inserido no presdio est sendo de suma importncia para incluso social das detentas aps sarem deste regime de priso e mesmo para sua permanncia no presdio de Tabatinga. Os depoimentos tambm demonstram que todas as detentas conheciam algum que aps cumprir pena, conseguiu incluir-se na sociedade e que o modo como esse processo se deu foi atravs da participao do projeto de artesanato. Isso infere que o projeto j traz resultados e que j se popularizou.

CONCLUSO Propomos o estudo do contexto do sistema prisional, analisando informaes scio-demogrficas, criminais, clnicas, comportamentais e de envolvimento no projeto artesanal das detentas da Unidade Prisional de Tabatinga, inserindo-o como uma forma alternativa para diminuir o tempo da pena e melhorar a perspectiva de vida das mesmas. Verificamos a realidade criminal das trs fronteiras, onde o trfico de drogas o crime mais freqente ou alternativa mais imediata de conseguir algum recurso financeiro. As condies de estrutura fsica e administrativa da priso demonstram precria segurana, lazer, espao fsico, acompanhamentos mdico e odontolgico e atendimento psicolgico. Analisando o ingresso no projeto, o trabalho artesanal implica na melhoria da perspectiva de vida das detentas, visando qualidade ocupacional, diminuio da pena criminal e alternativa e a possibilidade de permanncia no projeto. Constata-se que o artesanato uma atividade que suaviza o estresse do aprisionamento, fortalece a auto-estima e proporciona satisfao e participao. As apenadas descobrem valores em si mesmas e assim convivem melhor com as demais. Tais valores se revelam como novos rumos, onde as detentas redimensionam seu planejamento de vida e parecem tomar suas decises futuras, onde no querem mais que o crime faa parte de suas vidas. Conclui-se que o projeto alcana seu objetivo de recuperao e insero social das detentas, gerando estmulo e motivao s mesmas e a esperana de ficar longe do trfico atravs da continuidade de seu trabalho. O desenvolvimento passa pela insero social dessas detentas, pois por meio de aes de ressocializao, como o projeto em estudo, que o sentido da liberdade se fortalece, a partir dos diversos momentos que de semente em semente, elas refletem sobre suas prioridades, suas necessidades e suas decises, construindo razes para o que desejam, o que parece que se consegue de forma eficaz no coletivo, com a participao dessas detentas, da administrao pblica e da sociedade. Isso reflete em desenvolvimento e desenvolvimento humano. Nossas escolhas e comportamentos so fruto de valores que carregamos.

REFERNCIAS BARBETTA, P.A. Estatstica aplicada as cincias sociais. 5.ed. Florianpolis: Ed. UFSC, 2002. CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia cientfica. 3.ed. So Paulo: McGraw-Hill, 1983. ESCOREL, S. Vidas ao lu: trajetrias de excluso social. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999. GIL, A.C. Mtodos e tcnicas de pesquisa social. 4. ed. So Paulo: Atlas, 1994. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - Indicador de Alfabetismo Funcional. Disponvel em: . Acesso em: 25 jul. 2007. MIRANDA, A. E.; VARGAS, P. R. M.; VIANA, M. C. Sade Sexual e reprodutiva em penitenciria feminina, Esprito Santo, Brasil. Revista Sade Pblica, v.38, n.2, 2004. PNUD. Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento. Valores e Desenvolvimento Humano 2010. Braslia, 2010. SANTOS, J. G. Reintegrao social do preso utopia e realidade. R. CEJ, Braslia, n. 15, set./dez. 2001. WACQUANT, L. As prises da misria. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2001.

A MERCANTILIZAO DO ENSINO E O PAPEL DA UNIVERSIDADEPriscila Romano Dornelles; Graziela de Almeida Jurach; Paula Medina TavaresRESUMO No mundo inteiro, a educao considerada homnima de desenvolvimento econmico e social. Neste sentido, destaca-se ento a importncia do envolvimento do mundo acadmico na discusso acerca dos processos sociais, econmicos e culturais, mantendo as principais caractersticas que a distinguem como academia. O ensino superior brasileiro, num intervalo de trs dcadas e meia, experimentou significativas mudanas em sua configurao e funcionamento, passando a ser constitudo tambm pelas Universidades Mercantis, que tem como foco principal o lucro e no o ensino puramente. Neste sentido, este estudo tem como objetivo principal analisar o papel desenvolvido pelas Instituies de Ensino Superior (IES) Mercantis em direo a formao de acadmicos e profissionais preocupados com o desenvolvimento da sociedade. Esta pesquisa utilizou como unidade de anlise um estudo de caso aplicado em uma Instituio Privada da cidade de PelotasRS. A coleta de dados foi realizada atravs informaes obtidas por meio de dados primrios, atravs da entrevista semiestruturada elaborada por meio de um roteiro pr-estabelecido e de um processo de amostragem no probabilstico por julgamento, o que possibilitou obter resultados mais especficos do assunto abordado e atravs de dados secundrios foram obtidos por meio de bibliografias que abordam os temas trabalhados. Como unidade de observao foi escolhido um ex-professor e coordenador do Curso de Administrao de Empresas. A partir da anlise dos dados, conclui-se que a Universidade Mercantil analisada visa principalmente o lucro e no mais, o ensino no sentido bruto da palavra, alm disto observa-se grande falta de estimulo por parte da Instituio em relao aos docentes e acadmicos. PALAVRAS-CHAVE: Papel da Universidade; Mercantilizao do Ensino; Universidades Mercantis. 1. INTRODUO

No mundo inteiro, a educao considerada homnima de desenvolvimento econmico e social. Nesse sentido, as pessoas buscam qualificao contnua, dando prosseguimento aos estudos e cursando o ensino superior. Atualmente, o terceiro grau alm de possibilitar novos conhecimentos, o principal instrumento da transmisso da experincia cultural e cientfica de qualquer sociedade. Alm disso, devido inovao e ao progresso tecnolgico, as economias de todos os pases exigem cada vez mais profissionais competentes, que possuam conhecimentos de nvel superior (DELORS, 1996 apud LARN, 2001). A capacidade de uma nao de gerar conhecimento e converter conhecimento em riqueza e desenvolvimento social depende da ao de alguns agentes institucionais geradores e aplicadores de conhecimento, sendo eles: as empresas, universidades e o governo (CARDIM, 1996). Neste sentido, de acordo com Bernheim e Chau (2008, p. 17) destaca-se ento que a Universidade deve estar intimamente envolvida com os processos sociais, econmicos e culturais, mantendo as caractersticas que a distinguem como academia . O Art. 2 da Declarao Mundial tambm afirma que as instituies de Ensino devem preservar e desenvolver suas funes fundamentais, submetendo suas atividades s exigncias da tica e do rigor cientfico e intelectual , ressaltando neste cenrio, a necessidade do desenvolvimento de projetos de extenso e pesquisa dentro deste ambiente acadmico de forma a construir e formar profissionais conscientes e preocupados com o desenvolvimento da sociedade como um todo. Segundo Caldern (2000) o surgimento das universidades no Brasil se deu no sculo XX pela ao do Estado. Neste perodo, havia apenas dois tipos de universidades, as gratuitas e as pagas, que no poderiam ter fins lucrativos. O ensino superior brasileiro, num intervalo de trs dcadas e meia, experimentou significativas mudanas em sua configurao e funcionamento. Deste modo, observa-se que foi no perodo de 1985 a 1990, o grande Boom das universidades privadas, crescendo em mais de 100%, com a criao de mais 20 universidades, passando a adequar sua organizao ao modelo

empresarial e comercial. A partir de 1998 a quantidade de instituies privadas apresentou uma evoluo considervel, com taxas de crescimento equivalentes a uma mdia de aproximadamente 16% ao ano (BIN, 2005). Perante esta grande expanso, com o aumento de instituies e oferta de vagas, assiste-se o surgimento de um mercado de oferta , passando a adquirir comportamentos e formas de gesto de empresas comerciais, ou seja, que visam principalmente o lucro. Alm disto, essas faculdades utilizam a educao como um negcio rentvel, e lanam, assim, enorme quantidade de diplomados sociedade sem preocuparem-se com o nvel de qualidade de ensino, mas sim com a quantidade de alunos formados. (LAMPERT, 2003 apud BIN, 2005. p.13) Desta forma, podem ser observados poucos projetos de extenso e de pesquisa durante o percurso dos alunos dentro destas Universidades, de forma que estes no desenvolvem de forma mais concreta o pensamento crtico acerca do seu papel dentro da sociedade. Neste contexto, tambm ressaltam-se as mudanas no papel e no exerccio da profisso de docente. Estas transformaes foram consequncia direta desta nova gesto capitalista dentro destas organizaes, e levaram a vrias alteraes nas caractersticas principais do oficio de professor. Segundo Caldern (2000), possvel perceber que a maioria das universidades comerciais de massa contrata educadores atravs do regime de trabalho hora/aula . Alm disto, ainda segundo Caldern (2000) as IES (Instituies de Ensino Superior) comerciais buscam profissionais com mdia qualificao, pois, bacharis ou especialistas levam a concluir que os gastos com mo-de-obra mais especializada ou com investimento em programas de qualificao docente, bem como com encargos sociais/trabalhistas , o que faz com que os docentes no se direcionem para a pesquisa cientfica e projetos que visam aproximar os acadmicos dos processos sociais, econmicos, ambientais, culturais, dentre outros. Neste sentido, este estudo tem como objetivo principal analisar o papel desenvolvido pelas Instituies de Ensino Superior (IES) Mercantis em direo a formao de acadmicos e profissionais preocupados com o desenvolvimento da sociedade. 2. METODOLOGIA Dado o objetivo proposto, compreende-se que ao buscar aprofundar-se mais em uma determinada realidade, uma abordagem predominantemente qualitativa se fez necessria (descritivo interpretativa). Desse modo, considerando que a unidade de anlise uma Instituio de Ensino Superior Privada (estudo de caso), buscou-se coletar informaes de um sujeito que possusse conhecimento sobre o tema em questo o que caracteriza o processo de amostragem como no probabilstico por julgamento. Ademais, com relao coleta de dados, salienta-se que os dados primrios foram obtidos atravs de entrevistas semi-estruturadas com um ex-professor e coordenador do Curso de Administrao de Empresas e o dados secundrios foram obtidos atravs de bibliografias existentes sobre o tema.

3. RESULTADOS E DISCUSSO A partir das consideraes desenvolvidas no referencial terico deste trabalho, evidencia-se a transformao da universidade em uma grande empresa e portanto, fica claro o foco voltado para o lucro da universidade mercantil. De acordo com Pedrazani (2010), o segmento de educao visto como um mercado rentvel, onde se criou a mentalidade de que a escola virou empresa e os estudantes clientes, e que uma instituio deve agregar valor ao seu ensino para que possa se sobressair no mercado e conquistar uma maior fatia do mesmo. A idia atual criada para a educao de que a mesma pode ser comprada e vendida no mercado, ou seja, alm de uma instituio ter de se orientar para a qualidade no ensino desenvolvido, ela deve ter a preocupao de atender e suprir todas as expectativas criadas pelo seu aluno/cliente. (GENTILI, 1995). Esta concepo fica evidente quando o entrevistado relata que no primeiro encontro que [tiveram] [...] [ele] estava esperando aquele discurso padro, dizendo aos professores que [eles] so os mais importantes [...] mas no! [o Diretor Regional] deixou bem claro [...] que estamos aqui pra

colocar alunos. Se eu cumprir minhas metas, vou ganhar tantos salrios a mais [...] bem explicito isso, um valor de mercado. Ns somos uma empresa, estamos aqui para ganhar dinheiro, vamos fazer de tudo para isso . Devido busca incessante pelo lucro, ao aumento de instituies e oferta de vagas assiste-se o surgimento de um mercado de oferta , no qual se deve produzir o que o mercado exige dentro de um contexto de acirrada concorrncia por clientes em potencial e, principalmente, de excesso de produtos para um nmero de consumidores que, embora crescente, no consome todas as vagas e servios oferecidos pelas universidades particulares. Esse fato explicitado quando o entrevistado argumenta que, no primeiro vestibular que teve, eles colocaram uma meta de 200 alunos de noite e 100 de dia, e sabamos pelo histrico dos ltimos 4 ou 5 anos, que no tinha como bater essa meta, nem se colocssemos a mensalidade a 100 reais. [...] Acabaram lanando uma meta da IES mercantil de So Paulo, sem se preocupar que no estado do RS a realidade era bem diferente. A partir dos relatos do entrevistado, deflagra-se tambm o foco no lucro em relao aos servios bsicos internos da Universidade, como na questo de atestados, histricos, dentre outros. Evidencia-se que na Universidade Mercantil pago vinte reais por um atestado de matrcula, o qual na instituio pblica sai de graa, na IES privada a segunda chamada tambm paga, o entrevistado ainda salienta que isto ocorre porque um negcio, e o bom disso que isso ta muito explcito dentro da [Universidade Mercantil]. importante ressaltar que essas faculdades utilizam a educao como um negcio rentvel, e lanam, assim, enorme quantidade de diplomados sociedade sem se preocupar com seu dever social. (LAMPERT, 2003 apud BIN, 2005. p.13). dever da Universidade estar envolvida com os processos sociais, econmicos e culturais. Na realidade das Universidades Mercantis, no existe essa preocupao se no o lucro. Isto se evidencia no papel e no exerccio da profisso de docente. O professor universitrio, que possui um importante papel enquanto multiplicador e facilitador do processo ensino-aprendizagem no contexto atual dentro destas Instituies de Ensino Superior Privadas passa a atuar apenas como empregado da organizao, mesmo que seja para o desenvolvimento da sua atividade-fim o ensino. Ao analisar as prticas docentes nestas organizaes, Esteves (2004) assinala a falta de mobilidade do professor para pensar em novos tipos de atividades, uma vez que precisa seguir as determinaes das organizaes educacionais expressas nos projetos pedaggicos. Alm disto, as avaliaes aplicadas por eles tambm foram afetadas, de forma que os docentes tornaram-se obrigados a alterar sua forma de trabalho diante do elevado nmero de alunos presentes na Universidade Mercantil, sendo assim, a qualidade do ensino prejudicada. O entrevistado cita que, com cem alunos dentro da sala de aula, [...] no [se aplica] uma prova dissertativa com dez questes, se no [haver] mil questes para [corrigir]. Outro ponto importante que vem a comprometer o nvel de qualificao do ensino a contratao dos docentes em um regime de trabalho hora/aula . Como o objetivo destas instituies reduzir os custos o mximo possvel, o sistema hora/aula o mais adequado. Porm, sem dvida, o pior que existe, uma vez que o professor somente se interessa em chegar na sala de aula e ir embora, no havendo a possibilidade de ficar auxiliando o aluno aps a aula ou ficar mais 15 minutos fora dela esclarecendo dvidas e respondendo questes que os alunos trazem de casa (CALDERN, 2000, p.71) j que nessas condies o professor no sente-se motivado pela universidade. Nestas condies, as universidades mercantis no podem exigir maiores compromissos dos professores, nem apelar para a funo social do docente, pois este profissional precisa trabalhar em duas, trs, quatro ou mais universidades para garantir um salrio no mnimo decente. (CALDERN, 2000. p.70) O que faz com que o educador no seja motivado a se desenvolver para crescer dentro destas Instituies, o que por sua vez, pode vir a causar alguns problemas dentro dos Recursos Humanos. A partir disto, encontra-se dentro destas organizaes, um baixo ndice de professores especialistas, sendo que o entrevistado expem que na instituio no havia incentivo nenhum pra pesquisa e extenso, porque no gerava dinheiro. Alis, era um gasto para a empresa. Claro que haviam professores que faziam, mas eram atitudes isoladas que tinham um certo apoio as vezes em funo do marketing somente.

Neste sentido, a IESP no fornecia bolsas de estudo para os professores se aprimorarem, a questo de bolsas no existia, [...] o mximo que a gente fazia era arrumar horrio. Por exemplo, mestrado quinta e sexta a gente arrumava horrio pro professor dar aula segunda, tera e quarta. Agora fora isso no tinha incentivo. O que contribui para a idia de Caldern (2000, p.71) quando cita que os gastos com mo-deobra mais especializada ou com investimento em programas de qualificao docente para melhorar a qualidade do ensino, so elementos que pesam no momento de optar pela ampliao do quadro de docentes titulados, tudo isso, claro, para reduzir os custos de produo e maximizar os lucros. Evidenciando a adequao do ensino as particularidades regionais, pode-se perceber atravs do entrevistado que com a transio para a Universidade Mercantil ela passou a ser muito mais burocrtica onde o plano de ensino o mesmo para todo o Brasil e s pode ser mudado [...] em uma certa poca do ano, [onde recebe-se] um formulrio [e se] modifica o que quiser. Isso vai para o coordenador do curso que se rene uma vez por ano com o diretor pra tratar de mudanas no plano de ensino, quer dizer, as coisas todas so padronizadas. A organizao tambm no apresentou praticamente nenhum indcio de que preocupa-se com a satisfao do colaborador, como cita o entrevistado, bem uma relao mecanicista, se tu render mais, vai ganhar mais, se render menos, vai ganhar menos, e se no rende