artigo_rede de movimentos sociais de itajaí
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UNIVERSIDADE DO VALE – UNIVALI
Centro de Ciências Jurídicas, Políticas e Sociais – CEJURPS
Centro de ciências sociais aplicadas – CECIESA
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura
Programa UNICIDADE
Linha Terceiro Setor
CADERNO DE PESQUISA
Limites e Possibilidades para a Construção da Rede de
Movimentos Sociais em Itajaí
Itajaí, novembro de 2005.
UNIVERSIDADE DO VALE – UNIVALI
Centro de Ciências Jurídicas, Políticas e Sociais – CEJURPS
Centro de ciências sociais aplicadas – CECIESA
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura
Programa UNICIDADE
Linha Terceiro Setor
CADERNO DE PESQUISA
Limites e Possibilidades para a Construção da Rede de
Movimentos Sociais em Itajaí
ORIENTADORES
Prof° Eliane Aparecida Ávila
Profª Fernanda de Salles Cavedon
Prof° José Everton da Silva
COORDENADOR
Roberto Wöhlke
PESQUISADORES
Felipe Dagostini
Fernanda Soraia
Paulo César Lima da Silva
Rodrigo Maestrelli
Tatiana Caroline de Mesquita
Tiago Alves dos Santos
Vanessa C. Portela Ehlke
Itajaí, novembro de 2005
Sumário
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................5
2 MOVIMENTOS SOCIAIS EM ITAJAÍ...............................................................................6
3 NOÇÃO DE ESPAÇO PÚBLICO NÃO ESTATAL...........................................................8
4 REDE DE MOVIMENTOS SOCIAIS.................................................................................9
5 CONTRUÇÃO DE REDES DE MOVIMENTOS SOCIAIS..............................................10
6 METODOLOGIA DE ANÁLISE DAS REDES DE MOVIMENTOS SOCIAIS.................13
7 REDE DE MOVIMENTOS SOCIAIS EM ITAJAÍ: UMA PROPOSTA A CONSTRUIR...15
7.1 ASSOCIAÇÃO VOLUNTÁRIOS PELA VERDADE AMBIENTAL..............................................15
7.2 CENTRO DE DIREITOS HUMANOS DE ITAJAÍ..................................................................17
7.3 ASSOCIAÇÃO DE SURF PRAIAS DE ITAJAÍ – ASPI.........................................................18
7.4 ASSOCIAÇÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS DA FOZ DO ITAJAÍ – ADEFI............................18
7.5 FAROL – NÚCLEO DE ATENÇÃO ÀS PESSOAS QUE VIVEM COM HIV OU AIDS.............19
7.6 INSTITUTO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE – IEPS.....22
7.7 AVISA – ASSOCIAÇÃO DAS VOLUNTÁRIAS PELA INFÂNCIA SAUDÁVEL...........................23
8 ANÁLISE DOS RESULTADOS......................................................................................25
8.1 CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO......................................................................26
8.2 DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO....................................................................................27
8.3 INFORMAÇÃO E TECNOLÓGICA DE INFORMAÇÃO...........................................................28
8.3.1 FORMAL..................................................................................................................29
8.3.2 INFORMAL...............................................................................................................29
8.3.3 INTERNET................................................................................................................30
8.4 CAPITAL SOCIAL E DESENVOLVIMENTO........................................................................30
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................31
10 referências bibliograficas...........................................................................................32
LIMITES E POSSIBILIDADES PARA A CONSTRUÇÃO DA REDE DE MOVIMENTOS SOCIAIS EM ITAJAÍ
RESUMO: Através das atividades desenvolvidas pelo Grupo de Estudos Interdisciplinares do Terceiro Setor (GEITS) elaborou-se uma pesquisa com o objetivo de analisar e demonstrar quais sãos os limites e as possibilidades para a construção da rede de movimentos sociais em Itajaí. Para tanto a pesquisa teve como objetivo conhecer o perfil das entidades que compõem os movimentos sociais de Itajaí; analisar as relações de parceria existentes nestas entidades tanto nas áreas especifica de atuação, quanto em pró do desenvolvimento social da cidade. Como metodologia de pesquisa utiliza-se no presente trabalho duas técnicas. A primeira refere-se a pesquisa bibliográfica que consiste na elaboração de um referencial teórico sobre as redes sociais, sua morfologia, criação e conceituações. A segunda técnica consiste na análise das redes sociais, através da construção do sociograma e dos critérios para avaliar as relações existentes entre as organizações pesquisadas. Nas considerações finais destacam-se quatro critérios de avaliar o sociograma construído. Primeiro através das relações de concentração e desconcentração; depois através dos meios de comunicação utilizados pelas entidades para a divulgação de suas atividades, internas e externas. Em terceiro, os aspectos relacionados a participação e a cultura democrática das entidades. Por último utilizam-se os aspectos relacionados ao desenvolvimento e a geração de capital social da rede.
PALAVRAS-CHAVES: Redes Sociais; Movimentos Sociais; Terceiro Setor
1 INTRODUÇÃO
Durante o ano de 2005 um grupo de estudantes da Universidade do Vale do
Itajaí; bolsistas do programa de extensão denominado UNICIDADE; trocaram e
adquiriram conhecimento acerca do Terceiro Setor brasileiro. Matriculados nos mais
diversos cursos, mesclando as áreas sociais, exatas e humanas, os alunos se reuniam
semanalmente no chamado Grupo de Estudos Interdisciplinares do Terceiro Setor
(GEITS).
As atividades do GEITS forma previstas na elaboração e posterior aprovação
do programa de extensão UNICIDADE, o qual atua sobre quatro frentes de trabalho
(Assistência Social, Desenvolvimento Rural, Fortalecimento do Terceiro Setor e Sócio-
ambiental) com a proposta de integração entre Universidade e Cidade. Os bolsistas do
projeto, atuantes no frente do Terceiro Setor compuseram o GEITS e elaboraram o
presente artigo.
A fim de criar uma base sólida de argumentação acerca do assunto abordado
e, assim, fundamentar o artigo os componentes do GEITS leram, ficharam e analisaram
(individual e coletivamente) textos elaborados por renomados estudiosos do Terceiro
Setor, como: Regina Maria Marteleto, Elizabete Ferrarezi, Ilse Scherer-Waren, Francisco
Whitaker, entre outros. Além da fundamentação do artigo; a análise realizada propiciou, a
cada bolsista envolvido, o conhecimento necessário à atuação prática na busca de
fomentar, na cidade de Itajaí – Santa Catarina, a estruturação de uma rede de
organizações com a finalidade de dinamizar e fortalecer o Terceiro Setor da cidade.
A análise reflexiva auxiliou a prática diária dos estudantes, pois as atividades
cotidianas envolviam a atuação direta dos mesmos nas organizações, possibilitando o
convívio com a realidade do Terceiro Setor e a união entre a teoria e prática.
Durante o segundo semestre do ano de 2005, os estudantes acompanharam
as atividades de entidades consideradas como grandes candidatas a se tornarem um
forte elo da rede e fomentaram em cada uma delas a idéia da constituição da mesma.
Paralelamente, compuseram um banco de dados através de diversos mecanismos, entre
eles: a análise de estatutos registrados no cartório da cidade, Ofício Heusi; preenchimento
de um compacto cadastro que prevê as informações necessárias a uma posterior análise
da rede a ser fortalecida; a formulação e preenchimento de um questionário e um perfil.
Toda a atividade realizada pelo GEITS teve como objetivo principal conhecer a
realidade do Terceiro Setor de Itajaí e, assim, conseguir auxiliar as organizações atuantes
na cidade de Itajaí na constituição da rede. Discutiremos neste ensaio, utilizando todo o
5
conhecimento adquirido, as possibilidades e os limites para a construção de uma rede de
movimentos sociais de Itajaí.
Para tanto a pesquisa teve como objetivo conhecer o perfil das entidades que
compõem os movimentos sociais de Itajaí; analisar as relações de parceria existentes
nestas entidades tanto nas organizações de atuação na sua área de Itajaí, quanto as
entidades que trabalham em pró do desenvolvimento social da cidade.
Como metodologia de pesquisa utiliza-se no presente trabalho duas técnicas. A
primeira refere-se a pesquisa bibliográfica que consiste na elaboração de um referencial
teórico sobre as redes sociais, sua morfologia, criação e conceituações. A segunda
técnica consiste na análise das redes sociais, através da construção do sociograma e dos
critérios para avaliar as relações existentes entre as organizações pesquisadas.
O critério de seleção das organizações se estabeleceu através da participação
dos eventos e atividades promovidas pelo programa UNICIDADE.
Antes de iniciar propriamente a análise da rede de movimentos sociais de
Itajaí; se faz necessário uma breve contextualização do surgimento dos movimentos
sociais em Itajaí como passa-se a ver no próximo ponto
2 MOVIMENTOS SOCIAIS EM ITAJAÍ
No decorrer da década de 1980, começam a surgir no cenário brasileiro vários
movimentos populares pela redemocratização do país. Acontecendo neste período uma
série de fatores que abrem espaço para as discussões sociais, depois de intensos anos
de repressão. Ligados a estes fatores estão à revogação do AI-5, a lei da anistia e a volta
de vários intelectuais que prestam acessória e iniciam seus trabalhos com vários
movimentos populares. Outra característica deste período é a presença ativa da igreja
católica progressista junto às bases dos movimentos sociais.
É neste contexto que está inserida a origem dos movimentos sociais em Itajaí.
Como afirma Antônio Oraci Ribeiro Mello [2002, p.11]:
Em Itajaí um dos espaços utilizados para organização social, que teve uma grande contribuição para o surgimento dos movimentos (populares e sociais) foi o espaço das CEBs – Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica, onde se destacam os grupos de reflexão, reunião de pessoas que aconteciam nas casas dos moradores uma vez por semana, onde a partir da reflexão dos textos bíblicos, eram discutidos os problemas enfrentados por estas pessoas no seu dia a dia, e se buscavam formas de soluciona-los a luz da fé e da organização comunitária, onde os mesmos passavam a atuar nas várias formas de organização social (...)
Como se percebe estes espaços criados pela igreja, na verdade serviram como
ponto de encontro entre as pessoas que queriam de alguma forma tentar mudar a
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realidade social, mas não podiam se expressar lá fora. Segundo o mesmo autor, outro
importante movimento em Itajaí foi a pastoral da juventude, que mobilizou muitos jovens
através da educação popular, criando neles uma consciência crítica da realidade.
Assim é importante perceber que estas entidades sociais ligadas à Igreja
católica mobilizaram e permaneceram nos bairros mais populosos do município. Segundo
dados do IBGE (2001) o bairro Cordeiros e São Vicente apresentam respectivamente
(19,5%) e (17,1%) do total da população do município de Itajaí, com destaque maior para
o bairro Cordeiros, por estar situado à margem do Rio Itajaí, sendo então, umas das mais
antigas regiões da cidade. Foi logo habitada, por ter a pesca e as atividades do porto
como principal fator de empregabilidade do Bairro.
Com o surgimento tão acentuado de associações de moradores no bairro
Cordeiros e a politização da comunidade através das às atividades das CEBs
(Comunidades Eclesiástica de Base) tornaram possível o surgimento das associações,
bem como o dos movimentos sociais urbanos em Itajaí.
O fator decisivo e que consolidou por definitivo a participação e o engajamento
dos cidadãos na construção destes movimentos em Itajaí, foram as grandes enchentes
de 1983 e 84 na qual a maioria dos bairros foram totalmente cobertos pelas águas do rio
Itajaí-Açu devido a um período longo de chuvas. Este fato fez com que os serviços de uso
coletivo (água, luz, iluminação pública, sistema de esgoto, transporte etc.)
desaparecessem, sendo substituídos lentamente pela Prefeitura. Nesta época faltou
também por parte da mesma maior assistência das famílias desabrigadas, fazendo com
que a própria comunidade solidariamente fornecesse tal atendimento. Desta forma a
comunidade foi criando vínculos e compartilhando problemas, surgindo posteriormente,
a idéia de formarem associações para reivindicar direitos perante o poder público.
(WÖHLKE, 2003. p. 33)
Com o surgimento destas associações apareceram logo algumas lideranças
políticas e sociais que articulando e mobilizando pessoas, conseguiram se eleger e
assumiram mandatos de vereadores, deputados, sempre defendendo o direito destes
movimentos. Assim como expõe Antônio Oraci Ribeiro Mello [2002, 15]:
Todos os lideres foram eleitos pelo partido dos trabalhadores, onde continuaram defendendo os ideais e princípios destes movimentos e propondo alternativas novas de participação da comunidade na elaboração e execução das políticas públicas.
Desta maneira, o que determinou o perfil das associações de moradores, foi
esta forma de articulação, pois foi percebido que todas as associações ligadas à formação
destes lideres são hoje as que melhor se articulam com a comunidade.
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Estas primeiras impressões podem nos indicar algumas limitações ou
possibilidades para a construção da rede de movimentos sociais em Itajaí. Pois, na atual
gestão administrativa municipal (2004-2008) os representantes que na década de 1980
mobilizaram o surgimento dos movimentos sociais em Itajaí, ocupam cargos e posições
na prefeitura municipal, influenciam direta ou indiretamente as ações dos movimentos
sociais em Itajaí.
3 NOÇÃO DE ESPAÇO PÚBLICO NÃO ESTATAL
A construção dos espaços públicos no Brasil está intimamente ligada à idéia do
resgate da cidadania e a consolidação das instituições democráticas no país.
Descreve Dagnino (2002) que no contexto histórico do regime militar a
sociedade civil vivenciou uma repressão violenta pela qual anos mais tarde possibilitou o
surgimento de uma forte oposição ao Estado. Deste modo a autora destaca que:
Considerada o único núcleo possível de resistência a um Estado autoritário, a sociedade civil se organizou de maneira substancialmente unificada no combate a esse Estado, desempenhando papel fundamental no longo processo de transição democrática. (pág.09)
É de significativa importância, tal reconstrução, pois a partir deste fato, voltam
em cena as instituições democráticas. A consolidação destas instituições faz surgir uma
nova cidadania, ligada às questões sociais mais amplas e diversas, reconhecendo
inúmeros direitos.
Como conseqüência concreta desta nova cidadania, temos as experiências da
construção de espaços públicos com o objetivo de promover o amplo debate sobre temas
de interesses até então excluídos da agenda pública, bem como espaços de ampliação e
democratização da gestão estatal (DAGNINO, 2002).
Neste sentido, o processo de democratização nos pais apresenta avanços
significativos mais ao mesmo tempo sofreu alguns retrocessos. Pois nos anos 80 e 90
entram em cena os aspectos da política neoliberal, dificultando o avanço da sociedade
civil, especialmente dos setores mais populares. Por conseqüência, a capacidade de
mobilização da sociedade civil ficou menor, tendo que se adaptar, procurando novos
espaços, destacando, deste modo, no cenário, o papel das ONG´s.
Através da constante mobilização das organizações da sociedade civil, dos
movimentos sociais comprometidos com o resgate de sua efetiva participação será
possível ampliar as experiências democráticas, no sentido de estabelecer constantes
diálogos.
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Desta forma, Dagnino (2002) destaca:
No caso dos espaços públicos (...) seu objetivo central é o debate entre interesses diferenciados que possa conduzir a construção de consensos e à formulação de agendas que venham a se tornar públicas e objeto de consideração por parte do Estado (p. 11)
Dentre esta perspectivas estão inseridas as experiências concretas de
construção destes espaços, o destaque entre elas são as experiências do Orçamento
Participativo e dos conselhos de políticas públicas.
Em Itajaí percebe-se a efetiva idéia em construir estes espaços, principalmente
pela tentativa por parte de algumas organizações da sociedade civil organizada em
mobilizar a comunidade a participar de Espaços públicos Não Estatais destacando entre
eles: o Fórum Popular, o Orçamento Participativo e o Fórum da Agenda 21. Tais
iniciativas constituem espaços de discussão e diálogos para a promoção do
desenvolvimento sociais de Itajaí.
Neste sentido se faz necessário rever, segundo a literatura, alguns
apontamentos sobre o conceito de redes sociais e suas especificidades. Pois, é fato que
estes espaços de mobilização coletiva só se constituem e se legitimam através da
articulação em rede.
4 REDE DE MOVIMENTOS SOCIAIS
A proposta da Rede é a ligação dos integrantes de forma horizontal,
democrática e com ausência de hierarquia, diretamente ou por meio dos que os cercam.
Com isso, há uma interação das entidades objetivando o desenvolvimento social.
Conforme conceitua Rede, Francisco Whitaker (2002) afirma:
“Uma rede pode interligar tanto com pessoas como entidades. Esta interligação se estabelece a partir da identificação de objetivos comuns, sendo que tais objetivos se fazem pela circulação de informações, base comum do funcionamento de qualquer tipo de rede, pela criação de laços de solidariedade entre os integrantes e a realização das ações”.
Para se iniciar uma organização em rede tem que haver participação e
consciência de todos se não a rede não se consolida.
Ainda, Rede Social para Marteleto (2002) é:
“Um conjunto de participantes autônomos, unindo idéias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados. Os indivíduos organizam suas ações em função de mobilizações suscitadas pelo próprio desenvolvimento das redes”.
Com tudo, ainda reforçando o conceito de redes Olivieri (2003, p.1) destaca:
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Redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e instituições, de forma democrática e participativa, em toro de causas afins. Estruturas flexíveis e estabelecidas horizontalmente, as dinâmicas de trabalho das redes supõem atuações colaborativas e se sustentam pela vontade e afinidade de seus integrantes, caracterizando-se como um significativo recurso organizacional para a estruturação social.
Sobre a análise das redes sociais, Granovetter apud Marteleto (2002) destaca
como elemento fundamental as redes interpessoais. Estas redes interpessoais se
classificam como fortes e fracas. As fortes são os indivíduos que desenvolvem elos de
amizade e os fracos são os elos mantidos com pessoas conhecidas. Mas nas relações
fortes pode haver uma superposição em suas relações e a rede pode se tornar limitada.
Neste sentido, a rede é composta por pontos e linhas. Os pontos representam
as entidades pesquisadas e as linhas representam as ligações por onde estas entidades
se articulam para haver conexão. Não há um centro. A rede não comporta centro. Pois
cada ponto se conecta ao outro tornando-se uma espécie de teia, onde qualquer destas
linhas dependendo do ponto de vista do sociograma, poderá vir a ser o centro. Para
distribuir atividades, a rede se estrutura não na posição de um ponto e sim na relação que
se consolidou, que é o princípio da organização. (MARTINHO, 2003)
As redes têm tendência a ser associada pela forma horizontal, ou seja, sem
hierarquia. Durante quase todo o tempo elas se originam de forma tácita. Na nossa vida
social cada um de nós possui um círculo de relacionamento que foi gerado de forma
tácita, não conseguimos identificá-lo tão quanto sabemos quantos são. Mas quando há
uma necessidade de convocação acionamos nossas relações, ou seja, acionamos a rede.
É nela que veremos as comunidades que o indivíduo faz parte e assim concretizar nosso
desejo de realizar a ação. (MARTINHO, 2001)
Portanto, a idéia de rede nada mais é que uma articulação entre diversas
entidades, que por meio de ligações, se fortalecem reciprocamente trocando informações
entre si permitindo multiplicar novas entidades e construir novas redes. Fato este que será
abordado no próximo item.
5 CONTRUÇÃO DE REDES DE MOVIMENTOS SOCIAIS
Para a construção de uma rede social é necessário conhecer alguns princípios
básicos para a sua formação. Alguns critérios devem ser seguidos e analisados e como
um todo, a característica morfológica da rede é um elemento importante.
Para que de forma sistêmica, tenha-se o universo das informações, necessário
se faz, cruzar dados para obter uma avaliação de quais as possibilidades e os limites para
a construção de uma rede de movimentos sociais de Itajaí.
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Neste sentido muitas interrogações surgem ao longo da pesquisa; qual seria a
principal característica de nossa rede? Qual seria o seu maior desafio? Que estrutura
morfológica apresenta? Como se comportariam as entidades e associações tidas como
elos e nós?
Neste sentido, destaca-se neste ponto, seguindo o mesmo entendimento de
Cássio Martinho, (2003) os princípio e as estratégias para a construção de redes sociais.
Sabe-se a principio que trata-se somente que alguns elementos, mas que a
observância deles constitui o núcleo essencial para o trabalho em rede.
Neste sentido Castell apud Martinho (2003) esclarece:
uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças no seu equilíbrio. Redes são instrumentos apropriados para a economia capitalista baseada na inovação, globalização e concentração descentralizada; para o trabalho, trabalhadores e empresas voltadas para a flexibilidade e a adaptabilidade; para uma cultura de descontruçao e reconstrução contínuas; para uma política destinada ao processamento instantâneo de novos valores e humores públicos; e para uma organização social que vise à suplantação do espaço e a invalidação de tempo”.
Como diz Castells, trata-se de uma articulação entre diversas unidades que,
através de certas ligações, trocam elementos entre si, fortalecendo-se reciprocamente, e
que possa se multiplicar em novas unidades, as quais, por sua vez, fortalecem todo o
conjunto na medida em que são fortalecidas por ele, permitindo-lhe expandir-se em novas
unidades ou manter-se em equilíbrio sustentável.
Cada nódulo da rede representa uma unidade e cada fio um canal por onde
essas unidades se articulam através de diversos fluxos. Castells possui uma definição
bem cientifica para o que realmente significa redes, mas para que se possa suplantar esta
idéia os atores de uma rede social que deseja-se construir, devem dispor de exemplos
mais claros, básicos para que com o passar do tempo e a sociabilização dos atores
dentro de nova estrutura, permita a troca de informação e a desconcentração de poder.
Com tudo, precisa-se, para que a rede se consolide de alguns princípios e
estratégias destacados por Martinho, (2003)
Os dois primeiros princípios é o da desconcentração do poder e a
autonomia nas tomadas de decisões. Os outros princípios destacados são que as redes
funcionam de forma aberta, democrática, auto-administrável e coordenada, as
informações fluem de forma horizontal sem hierarquia a autodisciplina e o grau de
comprometimento que os integrantes possuem entre si fazem desta organização um
sucesso. A diversidade e a realimentação que vai tornar a rede capaz ou não de ser
fecunda. Porque toda idéia nascida na rede deve se buscar ações do grupo para que haja
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sempre novas ações a serem desenvolvida pela rede, serão estas ações que fortalecerão
o desenvolvimento da rede.
No que se refere às estratégias tem-se em mente o caráter morfológico, ao
qual a rede possui algumas estruturas de relacionamentos. Segundo o que a literatura
aponta, Manuel Castells (2000), Karina Fernandes (2001), Cassio Martinho (2001, 2003)
as redes no aspecto morfológico se auto reproduzem com as células do corpo. Muitas
vezes as redes sofrem alteração na sua estrutura, mas não deixa de perde seu caráter
principal de formação e desenvolvimento. Essas trocas de informações e as articulações
que os nós possuem entre si é que tornam as redes estruturalmente e morfologicamente
saudáveis. São esses dinamismos na troca de informações que tornam a rede fortalecida.
Necessário se faz classificar as entidades que formaram a rede, para poder
saber qual serão seus elos. Saber qual será sua área de atuação para a troca de
informações. De posse destes dados fica mais fácil a interligação em rede da entidades
com os seus mais variados interesses. Uma relação não pode ser esquecida. O aspecto
interdisciplinar, a capacidade de descentralização do poder e tomadas de decisões
democráticas é o ponto fundamental para crescimento da rede. Estes são alguns termos
técnicos essenciais para a constituição dela, porem pode-se argumentar de forma mais
objetiva simples e clara, os passos necessários para a construção da proposta.
a) Inicia-se a construção da rede unindo os principais atores que aceitem o
convite para compartilharam o bem comum.
b) Depois de reunirmos um grupo com alguma afinidade entre si dá-se a esse
grupo o nome de núcleo, a partir do núcleo poderemos começar a formar o desenho
organizacional da rede. O pacto desta rede deverá ser resultado de vontade coletiva
c) Depois deste passo dado, começa-se a definir os objetivos da rede, os
propósitos e projetos devem ser bem elaborados, pois será a partir deles que o núcleo, ou
seja, a rede se orientará nas tomadas de decisões e as metas a serem alcançadas.
Alguns princípios devem ser respeitados para o crescimento da rede como:
1 - respeito mútuo,
2 - ausências de hierarquia,
3 - isonomia,
4 - democracia,
5 - cooperação,
6 - autonomia e respeito à diferença.
d) Na formação de uma rede não existe documento que regularize – a apenas
uma carta com termo de adesão, no entanto serão os facilitadores da formação desta
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rede, juntamente com o núcleo formador definirão o tipo de material formal a ser usado.
Essa rede começa a surgir com o crescimento da necessidade de organização da
sociedade civil. Com isso o Programa Unicidade e especialmente a linha Terceiro Setor
tem um papel fundamental pois será o facilitador deste trabalho. Mas para tanto é
necessário conhecermos os critérios e o método para análise da rede de movimentos
sociais.
6 METODOLOGIA DE ANÁLISE DAS REDES DE MOVIMENTOS SOCIAIS
O estudo e a análise das redes sociais é uma tarefa bastante difícil, pois tentar
compreender as dinâmicas das interações estabelecidas em um determinado universo
empírico é sempre muito complicado e laborioso.
A análise de uma rede de movimentos sociais tem por exclusiva finalidade,
diagnosticar os agentes que influenciam de forma positiva ou negativa nas inter-relações
estabelecidas dentro das distintas esferas que constituem as sociedades
contemporâneas, mantendo sempre a acuidade de investigar de forma contrabalançada
tanto os fenômenos no aspecto micro (indivíduo) quanto macro (sociedade).
(MARTELETO, 2001)
Com a descoberta de novos métodos de análises, alterou-se os paradigmas
vigentes. Estes também contribuíram significativamente para o desenvolvimento do
conhecimento em diversas correntes nas ciências sociais, campo do saber que sempre
esteve direcionado para o objetivo de compreender mais profundamente as complexas
dinâmicas que regem os diversos tipos de sociedades suscitadas ao longo da história.
Essas análises por sua vez, possuem como propósito demonstrar os fatores
que influenciam nas relações estabelecidas dentro de um determinado grupo, permitindo
identificar suas principais figuras, eventuais subgrupos e possíveis deficiências.
Nesse sentido a presente pesquisa foi desenvolvida e orientada pela
perspectiva de identificar quais os principais elementos que influenciam nas relações
estabelecidas entre os diferentes atores que compõe o espesso cenário dos movimentos
sociais de Itajaí. Visando também delinear um quadro mais fiel à realidade dessas
entidades, e pontuar os inúmeros empecilhos deparados pelas mesmas.
Segundo Marteleto (2001, p.72):
A análise de redes estabelece um novo paradigma na pesquisa sobre a estrutura social. Para estudar como os comportamentos ou as opiniões dos indivíduos dependem das estruturas das quais eles se inserem, a unidade de análise não são os atributos individuais (classe, sexo, idade, gênero), mas o conjunto de relações que os indivíduos estabelecem através de
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suas interações uns com os outros. A estrutura é apreendida concretamente como uma rede de relações e de limitações que pesa sobre as escolhas as orientações, os comportamentos, as opiniões dos indivíduos.
Nesta pesquisa foi utilizado o método da sociometria. Esta é uma ferramenta
bastante eficaz na análise dos inúmeros fatores que perpassam e conseqüentemente
caracterizam as redes de movimentos sociais, nos proporcionando uma maior clareza dos
principais elementos que constituem essa inusitada forma de organização. (MARCONI,
2002, p.161)
Assim sendo, a respectiva pesquisa baseou-se nos mesmos métodos adotados
por Marteleto (2001) em sua análise da rede de movimentos sociais na região da
Leopoldina (RJ), que intentava identificar os atores e as relações estabelecidas na
estrutura em que estes estavam inseridos. A adoção deste método, na presente pesquisa,
estabeleceu-se em uma duas etapas: uma para a coleta e outra para a análise dos dados
obtidos.
A primeira etapa se deu com o estabelecimento do contato e o agendamento
de uma visita àquelas entidades que foram identificadas como sendo de grande
relevância no espesso cenário dos movimentos sociais do município de Itajaí. Foi
realizada uma entrevista que consistia basicamente na aplicação de um questionário com
a finalidade de coletar os dados para a posterior análise. Dentre as questões contidas
neste documento havia algumas que nos proporcionaram os elementos preponderantes
para realização da análise, como por exemplo, a identificação de suas parceiras na suas
áreas de atuação social. O vínculo estabelecido entre estas entidades está representado
no sociograma pelas setas contínuas que partindo das entidades entrevistadas fazem a
ligação com suas respectivas parceiras.
No mesmo questionário também haviam perguntas sobre quais possíveis
parceiras essas entidades poderiam contar para a criação de uma rede voltada para o
desenvolvimento social de Itajaí. As entidades indicadas aparecem com as ligações
pontilhadas. Por último, existem ainda as entidades que estão conectadas pelas setas
ponto traço. Estes são os vínculos mantidos indiretamente e que foram identificados e
analisados pelos pesquisadores.
No segundo momento, os dados coletados foram analisados tendo como
pressupostos alguns conceitos utilizados para análise de redes de movimentos sociais,
tencionando a realização de um prognóstico mais preciso do atual panorama das
organizações sem fins-lucrativos situadas na comarca de Itajaí – principal objetivo
proposto pelo desenvolvimento desta pesquisa.
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7 REDE DE MOVIMENTOS SOCIAIS EM ITAJAÍ: UMA PROPOSTA A CONSTRUIR
Com o objetivo de analisar a Rede de Movimentos Sociais de Itajaí foram
elaborados e aplicados três mecanismos de análise. Na primeira etapa, os bolsistas, em
reuniões com as entidades escolhidas, coletaram as informações necessárias à
elaboração de um perfil de apresentação da entidade em questão. A segunda etapa
consistiu na elaboração e aplicação de um questionário e um cadastramento da entidade,
com o objetivo de coletar dados que possibilitassem uma posterior análise da emergente
Rede de Movimentos Sociais de Itajaí e seus critérios de constituição. A pesquisa
aplicada mostrou, então, admitir os limites e possibilidades da construção da Rede de
Movimentos Sociais de Itajaí.
Com isso o próximo ponto, apresenta uma pequena síntese do perfil das
organizações pesquisadas.
7.1 Associação Voluntários pela Verdade Ambiental
A ONG ambientalista, denominada V. Ambiental, foi fundada em 17 de junho
de 1997, por um grupo de estudantes universitários, professores e pessoas da
comunidade que se motivaram a posicionar-se frente às agressões constantes feitas ao
meio ambiente na região de Itajaí, especialmente Praia Brava – Canto do Morcego. O seu
modo de atuação é marcado pela ação voluntária, desenvolvida por cidadãos conscientes
da relação homem-natureza, interessados em promover a melhoria da qualidade sócio-
ambiental.
A fim de reverter o quadro que determinou o nascimento da entidade, a mesma
busca soluções para os principais problemas ambientais, através da cooperação e
engajamento da comunidade, ou seja, busca despertar, motivar e incentivar os cidadãos
para a afetiva prática da cidadania e organização comunitária para a solução de
problemas ambientais comuns, por entender que é somente através da discussão
democrática e da consciência do Cidadão Fiscal que se poderá chegar a gestão
sustentável dos bens ambientais.
É finalidade da V. Ambiental buscar a proteção, a conservação e o manejo do
Meio Ambiente integrando, sob todas as formas e manifestações, a sociedade/natureza
representada pela flora, fauna, ecossistemas, paisagens notáveis e sítios de relevância
cultural, histórica, ecológica, paisagística, geológica, arqueológica e paleontológica.
A atuação da V. Ambiental acontece através de desenvolvimento de projetos;
entre eles: Programa de Proteção dos Sistemas de Praias e Dunas do Canto do Morcego,
15
o qual se encontra em sua segunda etapa; Projeto de percepção ambiental como subsídio
para a Educação Ambiental e participação comunitária na Praia Brava; Programa Piloto
de restauração de dunas de Navegantes, desenvolvido como patrocínio da Petrobrás
(2005); e Programa piloto de Monitoramento de Conflitos Ambientais incidentes sobre
ambientes costeiros e de Cidadania Ambiental, com recursos da Justiça Federal. O
cotidiano da entidade resume-se à disposição de 30 horas semanais por uma estagiária, a
qual se responsabiliza pela notificação dos demais sobre as atividades da entidade e
reuniões semanais entre os membros.
A fim de complementar e manter os resultados obtidos através dos projetos a
entidade desenvolve, paralelamente, uma série de outras atividades, como: Fóruns de
Discussão; Educação Ambiental nas escolas; Cursos, ministrados pela própria entidade
ou em parceira com o SINE/UNIVALI; Atividades jurídicas de Proteção Ambiental;
Eventos, Diagnóstico Sócio-Ambiental da comunidade da Praia Brava e participação no
Conselho Municipal do Meio Ambiente de Itajaí (CONDEMA), do qual é membro desde
1998 e desempenha as funções de secretariado desde 1999.
A entidade tem como sede institucional um apartamento no centro do município
de Itajaí, em frente à antiga prefeitura e a 50 metros da Universidade do Vale do Itajaí, o
qual abrange um espaço com três salas, uma cozinha, dois banheiros e uma área
externa. Possui um computador com acesso a internet e impressora colorida, linha
telefônica, duas mesas, dois armários, câmera digital e data show. Além dos recursos
físicos disponíveis, a V. Ambiental conta com 10 sócio-ambientalistas entre membros das
diretorias e membros colaboradores. Os mesmos caracterizam uma equipe técnica
qualificada e diversificada nas áreas de Educação Ambiental formal e comunitária,
Etnoconhecimento, Direito e Direito Ambiental, Ecodesenvolvimento, Políticas Públicas e
Gestão Participativa.
A V. Ambiental caracteriza-se por estabelecer parcerias, principalmente com
órgãos públicos e privados. Isso ocorre devido ao pequeno número de entidades que
atuam na mesma área da entidade, da qual só há conhecimento da entidade denominada
Unibrava, com a qual é estabelecido forte vínculo. Algumas destas parcerias,
estabelecidas através de convênios, são um reflexo dos projetos desenvolvidos, como é o
caso da Petrobrás, da Justiça Federal e da Univali. Outras são estruturadas em um
esquema de colaboração, como as estabelecidas o CONDEMA, a FNAMA e a FAMAI
(através da Agenda 21) e a Economia Solidária.
Como reflexo da grande qualificação de seu corpo técnico, as ações
desenvolvidas pela entidade possuem enorme reconhecimento externo. No entanto, um
16
dos problemas enfrentados diz respeito ao reconhecimento da comunidade à entidade em
si devido à escassa divulgação de informações sobre a mesma à comunidade. Assim, a
entidade enfrenta dificuldades na promoção do voluntariado e, conseqüentemente, a
eficiência das ações desenvolvidas se compromete. Outro problema a ser lembrado, que
pode ser gerador dos demais problemas enfrentados pela V. Ambiental, é a dificuldade de
reunir todos os seus membros e de estabelecer metas a serem alcançadas. Portanto, a
falta de voluntários e planejamento acaba diminuindo o grau de atuação da entidade e a
obtenção de resultados concretos.
7.2 Centro de Direitos Humanos de Itajaí
O Centro de Direitos Humanos de Itajaí – CDHI é uma ONG fundada em 1984,
tendo como fato de maior relevância para sua criação a enchente ocorrida neste mesmo
ano que afetou significativamente o conjunto habitacional Pró Morar II. Profissionais
liberais, padres e professores foram os fundadores do Centro. Pessoas como o Padre
Jacomeli e Volnei José Morastoni tiveram papel fundamental para a criação da ONG.
O CDHI tem como objetivo principal promover os direitos da pessoa humana
e a preservação da vida. Trabalha em diversas causas sociais, tanto na área da saúde, da
educação, quanto o da economia, ficando envolvida também na organização das
comunidades.
No ano de 2005, o Centro voltou aproximadamente 80% de suas atenções
para a questão da prevenção de DST, promovendo eventos tanto para a conscientização
do uso de preservativos quanto para o debate de novas alternativas para a diminuição
dos casos das enfermidades. Gerou vários trabalhos com as escolas em educação para o
trânsito, educação em saúde, debates sobre cidadania, Estatuto da cidade e Agenda 21,
entre outros.
Se domiciliando em uma sede compartilhada com a Fio Nobre,
empreendimento de Economia Solidária, possui cerca de trinta associados, realizando
uma reunião mensalmente. Gerou vários trabalhos com as escolas em educação para o
trânsito, educação em saúde, debates sobre cidadania, Estatuto da cidade e Agenda 21,
entre outros.
Possuindo inúmeras parcerias, como a Prefeitura, Agenda 21, Comissão de
Ética da Universidade (UNIVALI) - CEP, União das Associações dos Moradores de Itajaí -
UNAMI, desempenha função essencial na região. É filiada ao movimento nacional e
estadual de Direitos Humanos desde de seu início, discutindo, articulando e propondo
políticas para defesa dos direitos humanos no Brasil, além de acompanhar o debate
17
internacional. Participa junto ao movimento de Economia Solidária, do Conselho Municipal
de Saúde - COMUSA e do Conselho Alimentar na construção e discussão de alternativas,
na busca de soluções para esta dificuldade.
O Centro de Direitos Humanos de Itajaí, todos os anos, faz um planejamento
com todas as atividades que serão desenvolvidas durante o decorrer do ano, e para a
ONG, o ponto negativo que mais pesa é o fato de ter que deixar atividades fora deste
cronograma por indisponibilidade tanto por sua agenda sobrecarregada, quanto pela falta
de recursos. Já os pontos positivos são todas aquelas atividades que foram colocadas no
planejamento anual e foram concluídas com êxito.
7.3 Associação de Surf Praias de Itajaí – ASPI
A Associação de Surf Praias de Itajaí – ASPI foi fundada no ano de 1997 com o
objetivo de organizar a comunidade de Surfistas de Itajaí e Região. Sua característica
principal é o incentivo dado à prática do surf, e todas as atividades correlatas.
Os projetos desenvolvidos pela associação incluem elaboração e execução de
competições de surf, trabalhos de educação e conscientização ambiental.
A associação congrega a participação de muitos surfistas da região de Itajaí e
como entidade representativa também participa das atividades promovidas pela
Federação Estadual de Surf.
Possui uma infra-estrutura adequada para a realização das competições e
campeonatos, realiza suas reuniões com a periodicidade semanal.
Ainda a entidade conta com a parceira da Fundação Municipal de Esportes, da
Associação Amigos da Atalaia além do apóio, através de patrocínios, de empresas
privadas nas competições organizadas por ela.
Um dos aspectos destacados pela associação é o crescimento técnico do surf
e conseqüentemente sua profissionalização. Além destas atividades a associação procura
desenvolver a prática do surf juvenil.
7.4 Associação dos Deficientes físicos da Foz do Itajaí – ADEFI
Fundada em 13 de outubro de 1985, a ADEFI foi idealizada por pessoas que
percebiam o deficiente físico de maneira positiva e pró-ativa. Estes, almejavam fazer da
entidade a porta de entrada para um novo mundo, ou seja, transformar indivíduos com
algumas limitações físicas em pessoas capazes de quebrar barreiras como determinação
e coragem em busca da inclusão social.
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Sua área de atuação esta voltada para o desenvolvimento social, mais
especificamente, a reinclusão social. Este trabalho é desenvolvido através de atividades
desportivas, físicas e manuais que respeitam as limitações de cada associado mediante o
auxílio de um psicólogo, que contribui fazendo o acompanhamento crítico do crescimento
de cada deficiente.
O atual objetivo dos idealizadores do projeto é construir uma sede própria para
reduzir os custos com profissionais especializados (enfermeiros, psicólogos, médicos e
fisioterapeutas), que dispõem de horários escassos, entretanto contribuem sobremaneira
com esta e demais associações, como a ADEVIR e AFAERT.
Conseqüentemente, a próxima meta é criar um centro de referência para outras
associações de deficientes (visuais e auditivos), fazendo da deficiência de seus
associados uma eficiência organizacional; uma verdadeira rede de desenvolvimento
social.
A infra-estrutura da ADEFI conta com um presidente e seu vice, dois
secretários, um tesoureiro, dois conselheiros fiscais e dois suplentes que organizam
aproximadamente quatro reuniões anuais, sendo uma delas voltada para a eleição de
novos administradores. Já os gastos com a associação são cobertos através de
mensalidades de seus associados e pela parceria com a Secretaria de Desenvolvimento
Social da Prefeitura de Blumenau por meio do Projeto de Inclusão Social junto à empresa
de Correios e Telégrafos de Itajaí, para que o portador de deficiência tenha acesso ao
mercado de trabalho, somado o patrocínio de atletas para as Olimpíadas Estaduais.
Contudo, ressalta-se que a ADEFI não participa de conselhos de políticas
públicas, tendo suas atividades concentradas ao atendimento dos associados,
organização de projetos e prestação de auxílio dentro de sua área de atuação. Assim,
todas as atividades desenvolvidas pela entidade são frutos da parceria com empresas
privadas e órgãos públicos que buscam encaminhar seus associados ao mercado de
trabalho.
7.5 FAROL – Núcleo de Atenção às Pessoas que Vivem com HIV ou AIDS.
A entidade FAROL – Núcleo de Atenção às Pessoas que Vivem com HIV ou
AIDS – foi fundada na data 13/11/2001 (treze de novembro de dois mil e um) em Itajaí –
Santa Catarina – após a realização de um senso nessa mesma cidade, o qual foi
constado que esta, se encontrava em primeiro lugar no ranking de cidades com maior
índice de pessoas com HIV/AIDS do país.
19
Esses dados alarmantes chamaram a atenção de um grupo de pessoas, que
sensibilizadas não apenas pelos números das estatísticas, mas pela real situação de
extrema angustia vivenciada por um grande número de indivíduos – vítimas não somente
das enfermidades que foram acometidas, como também, de uma série de injustiças
sociais – fossem levadas a fundarem a entidade FAROL, que tinha como objetivo ajudar
aquelas pessoas que se encontravam em situação de risco (tanto de saúde como também
social). Impelidos por um profundo senso de complacência e solidariedade, essas
pessoas – as quais vale destacar entre elas Almir Leite Meireles, sócio que participou da
fundação da entidade e que continua participando ativamente – tomaram a iniciativa de
afrontar os preconceitos arraigados na atual sociedade, organizando um grupo com a
intenção de prestar um serviço social de apoio à saúde na perspectiva de contribuir de
alguma forma para alteração desse abjeto quadro.
Outras finalidades da entidade consistia também “em promover o
desenvolvimento psico-social das pessoas que vivem e convivem com HIV ou AIDS,
integrando-as à sociedade, bem como sensibilizar a comunidade do vale do Itajaí sobre
as doenças sexualmente transmissíveis e sobre a infecção pelo vírus HIV, buscando
ampliar estratégias de prevenção e garantias de uma vida mais digna.”
Mas não demorou muito para a entidade se deparar com uma das maiores
dificuldades que assombra – se não dizer todas pelo menos a grande maioria – das
entidades que compõem o espesso cenário de movimentos sociais da região: a obtenção
de recursos para manter e gerir a realização de suas atividades.
Inicialmente a entidade recebia recursos federais para realização do projeto
Porto da Prevenção, que é um projeto voltado para os profissionais do sexo (homens,
mulheres e travestis) e que tem por finalidades, ensinar como as pessoas podem
prevenir-se de doenças sexualmente transmissíveis. Com o termino deste projeto em
junho deste mesmo ano (2005) os recursos até então disponibilizados foram cancelados e
atualmente a entidade não conta com nenhuma verba de natureza estatal.
Hoje a entidade funciona com grande dificuldade, pois não dispõe de fontes
certas tanto de capital financeiro quanto de capital humano. Sua situação se agravou
após o termino do projeto Porto da Prevenção e com o automático cancelamento do
repasse de recursos da prefeitura municipal de Itajaí destinados à realização deste; outro
fator que prejudicou diretamente a entidade foi a simples mudança de gestão, na qual
resultou em um repentino (e injustificado) cancelamento de doações por parte de algumas
empresas situadas em suas proximidades. Mesmo assim, o Farol ainda consegue
surpreendentemente, prestar um bom atendimento àquelas pessoas que só lhe restam o
20
frio das ruas e a discriminação de uma sociedade que não hesita em expurgar qualquer
indivíduo que não atenda os padrões determinados pela lógica burguesa e individualista
que rege as relações estabelecidas em seu seio.
Mesmo ressaltando a forma de trabalho adotada pela entidade, na qual o
respeito e a compreensão são condições impreteríveis e reconhecidas por todos, vale
ressaltar que ela possui algumas regras que possibilitam manter a harmonia em seu
interior. Estas regras foram instituídas mais especificamente para se evitar possíveis
abusos por parte de algum morador da casa – local onde são abrigadas as pessoas que a
entidade ajuda. Tais regras são observadas com bastante rigor, e tem por finalidade
possibilitar um relativo equilíbrio de opiniões e interesses entre seus habitantes,
permitindo assim, mantê-la bem organizada e tornar mais agradável o convívio entre os
mesmos. Outras regras são instituídas tomadas com o propósito de instigar seus
moradores a tomarem a iniciativa de buscar maneiras de se auto-sustentar, um bom
exemplo é o fato de serem estipulados prazos para de residirem no local (regra que na
maioria das vezes acaba sendo quebrada, pois estas pessoas encontram grande
dificuldade de ingressarem no mercado de trabalho extremamente competitivo, que
renega friamente àqueles que não estão de acordo com seus critérios, e onde as
desigualdades são justificadas como sendo naturais e inerentes à dinâmica desse sórdido
modelo econômico, professando ser apenas através da constante emulação – e da
conseqüente disparidade provocada pela ideologia predominante que declara
abertamente ser através dessa desvairada competição – a única maneira possível de se
obter um “lugar ao sol”, fazendo com que os indivíduos acreditem que sendo bem
sucedidos financeiramente para gozarem das veleidades burguesas, conseguiram
preencher todas as lacunas de suas vidas).
O FAROL não se limita em ajudar unicamente os portadores de HIV/AIDS,
como também, todos àqueles que se encontram em situação de risco. Estes indivíduos
são geralmente acolhidos pela entidade, o que acaba de certa forma, fazendo com que
ela se desvie um pouco de seus principais objetivos; mas apesar dessa exceção a
entidade não acolhe por longo prazo pessoas que são dependentes químicas, devido ao
fato destas, necessitarem de um tipo de tratamento especifico e mais delicado – algo que
atualmente a entidade não tem condições de oferecer – então a mesma, realiza o trabalho
de encaminhamento dessas pessoas para locais apropriados, ou seja, outras entidades
que são voltadas exclusivamente para este público-alvo.
Outro dado importante é quanto os pontos negativos apontados pela entidade,
que se queixa da grande dificuldade de captar recursos, da dificuldade em estabelecer
21
relações de parcerias com outras entidades voltadas para a mesma problemática, e da
mal intervenção do poder estatal que muitas das vezes, acaba gerando dissensões com o
lançamento de editais e com a disputa entre as mesmas para obtenção do subsídio.
A entidade sonha hoje em conquistar outro espaço físico, maior e mais
adequado para a realização de atividades educativas e cursos profissionalizantes que
capacitem verdadeiramente os indivíduos, fugindo um pouco da concepção meramente
caritativa que perpassa as ações das entidades sem fins lucrativos que compõe o atual
cenário de movimentos sociais de Itajaí e região. Sendo possível assim, disseminar uma
consciência mais humana e solidária não somente entre as organizações sociais como
também por toda a sociedade na perspectiva de construir um novo sentido de convivência
social.
7.6 Instituto de Estudos e Pesquisas sobre Violência e Criminalidade – IEPS
O Instituto de Estudos e Pesquisas sobre Violência e Criminalidade também
designada pela sigla IEPES começou com seminários que envolvia a comunidade de
Itajaí até ser transformada em Instituto quando foi fundada em 07/07/2004 e hoje o IEPES
é uma ONG.
As principais fundadoras foram a juíza de Direito hoje desembargadora, Marli
Moisimann Vargas e a Promotora de Justiça Cristina Balceiro da Motta.
O que levou sua criação foi a situação de violência e criminalidade em Itajaí.
O objetivo geral é contribuir para prevenção da violência por meio do incentivo ao
protagonismo juvenil e à capacitação de jovens para o desenvolvimento de projetos que
atuem diretamente sobre os fatores de violência nos bairros onde residem. Bem, como, o
protagonismo juvenil propiciar a articulação e o envolvimento de toda a comunidade local,
desenvolvendo e aplicando medidas efetivas de prevenção e combate das ocorrências de
violência.
O IEPES atua nas áreas de cultura e recreação, educação e pesquisa que é uma
das finalidades, saúde, assistência e promoção social, desenvolvimento social e moradia
e serviços legais e defesa de direitos civis.
O Instituto tem projetos na construção de cidadania e protagonismo social onde o
objetivo é trabalhar com jovens e adultos em atividades que visem a mudança social e
pessoal, tornando-os cidadãos mais conscientes e inseridos na vida social.
22
Promover a cultura de paz e não à violência. No cotidiano da entidade
semanalmente são feitas reuniões e oficinas de capacitação para adolescentes e jovens
na própria sede do IEPES.
As atividades são desenvolvidas para a formação e capacitação continuada de
jovens de 12 a 18 anos incompletos, nestas oficinas envolve ações sócio-educativas,
esportivas e culturais e sempre com a intenção no combate a violência e criminalidade,
visando a melhoria na qualidade de vida da população. Nestas oficinas há apresentações
de vídeos, treinamentos e oficinas. Semanalmente há um programa na Rádio Conceição
que tem a finalidade de sensibilizar, informar e orientar a população dos aspectos sobre a
violência e os trabalhos que estão sendo realizados no combate a prevenção.
O numero de associados é ilimitado, mas efetivamente são 27 membros, dentre
estes estão; delegados de polícia, empresários de Itajaí, assistentes sociais, psicólogos,
policiais militares, Promotores de Justiça, estudantes de Direito e Juízes de Direito, sendo
que todos trabalham voluntariamente e contribuem mutuamente para a manutenção do
IEPES.
A única parceria que o Instituto tem é com a Univali, mas há também uma certa
contribuição por parte de 2 empresários e 1 representante do Lios para a composição do
Conselho Fiscal.
Os pontos negativos observados numa avaliação em sentido amplo é que há muito
trabalho para pouca gente ajudar. Mas em compensação há um crescimento em pessoas
que se disponibilizam a ajudar e a participar do Instituto.
O IEPES é um Instituto que recentemente se transformou em ONG e tem como
finalidade exclusiva a prevenção e combate a violência e criminalidade.
7.7 AVISA – Associação das Voluntárias pela Infância Saudável
A AVISA (Associação de voluntárias pela Infância Saudável) foi fundada em 19
de setembro de 2002 por um grupo de mulheres que tinham o intuito de ajudar crianças
internadas do Pequeno Anjo. A AVISA nasceu da necessidade de melhor assistir as
crianças do hospital Pequeno Anjo com um princípio de promover o bem estar e a saúde
infantil.
Os principais projetos da entidade estão voltados a arrecadar recursos para
melhorar o aparelhamento do hospital Pequeno Anjo e também melhorar a infra-estrutura
23
hospitalar, estimular e apoiar pesquisas de produção e divulgação de informação e
conhecimento técnico científico.
A AVISA dispõe de projetos na área de ação e programas familiares, eventos
solidários e vários programas de desenvolvimento social familiar. O cotidiano da AVISA é
atuar de forma voluntária dentro do hospital Pequeno Anjo melhorando a saúde Infantil e
atendendo dos pacientes e cuida dores nos aspectos emocionais.
A infra-estrutura da entidade é composta pela Presidente, Tesoureira,
Secretária, Presidente do Conselho Fiscal, Membros do Conselho Fiscal e Suplente,
possuindo um número aproximado de 60 (sessenta) associados. As reuniões são
semanalmente junto com a Diretoria e mensalmente com os voluntariados.
As principais parceiras para o desenvolvimento e o crescimento da AVISA são
Univali, Celesc, Receita Federal, Telecom entre tantos outros que dependem da
necessidade momentânea. Os principais aspectos positivos são as causas defendidas em
prol da criança, e a parceria que a Univali proporciona com seu material técnico humano.
Quantos aos aspectos negativos está o tempo escasso de cada voluntário. As
metas da entidade são elaboradas anualmente e são repetidas aquelas que obtiveram
sucesso.
7.8 UMANI – União das Associações de Moradores de Itajaí
A União das Associações de Moradores de Itajaí – UMANI foi fundada em 5 de
junho de 1997. Sua finalidade é representar as associações de moradores filiadas,
perante dos órgãos públicos, representantes da iniciativa privada e demais organizações
da sociedade civil.
A estrutura administrativa é composta pela Assembléia Geral, reunião de todos
os representantes das associações, pela Diretoria e pelo Conselho Fiscal.
Os principais objetivos estão em congregar as associações de moradores de
bairro, comunitárias e outras ONG´s do Município de Itajaí; estimular e ajudar na
formação, legalização e assessoria das entidades de bairro.
A UMANI tem como princípio o respeito à autonomia das filiadas, e a ampla
divulgação de informações a seus membros. São diversas as áreas de atuação,
destacando entre elas a saúde, cultura, educação, assistência social, lazer, integração
social, meio ambiente.
As reuniões são realizadas quinzenalmente, além disto, a entidade também
promove mensalmente seminários, círculos de estudos, conferências, debates e cursos
de capacitação comunitária.
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Os projetos desenvolvidos pela UMANI são; Marketing Ppopular – objetiva a
divulgação da entidade; Bonde da Cidadania – consiste em adaptar em um veiculo um
escritório móvel com objetivo de prestar assessoria à sociedade civil e conta com a
participação dos empresários; Café da fofoca – consiste num café de confraterminação
realizado pela entidade para agregar suas filiadas.
A UMANI também presta assessoria jurídica, contábil no intuído de contribuir e
estimular a organização do movimento comunitário, além de prestar apoio a elaboração
de projetos sociais.
Entre as principais parcerias da entidade são com a fundação Cultural, a ONG
Fala Guri e o Centro de Direitos Humanos de Itajaí.
8 ANÁLISE DOS RESULTADOS
O Sociograma abaixo foi construído através da análise dos resultados da
pesquisa realizada. As entidades entrevistadas, destacadas na figura com triângulo
(verde), indicaram suas entidades parceiras. As entidades parceiras foram sinalizadas
através de dois critérios: a) de acordo com a área de atuação da entidade presente na
figura por um círculo e b) as entidades indicadas como parceiras para o desenvolvimento
social de Itajaí, presentes em retângulos; sendo possível, ainda, uma entidade estar
presente nas duas categorias por preencher os dois critérios. Por último devemos lembrar
que as entidades que se encontram externas à linha pontilhada são aquelas não sediadas
no município de Itajaí logo indicam uma ampla abertura e a possibilidade de novos
contatos.
As relações de parceira estabelecidas entre as entidades do sociograma são
representadas através de uma seta sendo que: 1) as setas contínuas representam as
relações estabelecidas de acordo com a área de atuação da entidade; 2) as setas
pontilhadas as relações estabelecidas em pró do desenvolvimento social de Itajaí 3) as
setas compostas por ponto e reta representam as relações que, segundo a análise do
grupo, existem nas entidades. Lembrando, também, que existe a possibilidade de uma
entidade manter parceira com outras entidades entrevistadas de acordo com os dois
critérios analisados e, assim, relacionar-se de todas as maneiras descritas anteriormente.
As relações estabelecidas através da análise do grupo representam
informações obtidas nos contatos estabelecidos com as entidades chave, mas que não
foram lembrados por seus representantes nas respostas do questionário. A parceria entre
o Instituto de Estudos e Pesquisa sobre Violência e Criminalidade – IEPES – e o Poder
Público de Itajaí foi estabelecida pela participação do Poder Judiciário do município em
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sua constituição e, pois, atualmente, a entidade cede espaço ao COMADE (Conselho
Municipal Anti-Droga). Já a relação estabelecida entre o Poder Público de Itajaí e a
Associação dos Deficientes Físicos da Foz do Itajaí – ADEFI – ocorre, pois o município de
Itajaí cede o espaço necessário às atividades da entidade. A relação entre a Associação
dos Profissionais do Sexo de Itajaí – APROSVI - , Centro de Direitos Humanos de Itajaí –
CDHI - , União das Associação de Moradores de Itajaí – UNAMI - e o Núcleo de Atenção
às Pessoas que Vivem com HIV ou Aids – FAROL – está subtendida pois todas estão
voltadas à mesma problemática, o combate à DSTs/ Aids. O vínculo estabelecido entre a
Associação de Surf Praias de Itajaí – ASPI – e a Voluntários pela Verdade Ambiental – V.
Ambiental – pois os membros da primeira atuam diretamente, como voluntários, em ações
organizadas pela segunda. Por último, a ligação entre o CDHI e a Economia Solidária
está evidente, devido ao fato de os membros do primeiro serem os organizadores do
segundo.
8.1 Concentração e Desconcentração
A concentração de informações gera um grande contra-tempo nas redes de
movimentos sociais por impedir o fluxo de passagem de qualquer meio que possa
26
colaborar com o grupo, já que todos os conhecimentos ficam ali concentrados. Quanto
maior a concentração de informações maior será a dificuldade de alcançar um dos
principais objetivos de uma rede que é, sem dúvida, maximizar o fluxo dos dados entre
todos os componentes do agrupamento. Na rede criada para análise, o poder público de
Itajaí é o maior concentrador, pois apresentou um número elevado de ligações, onde
todas elas conduziam para ele mesmo, não disseminando, assim, os elementos
informacionais, para os outros atores.
A desconcentração das informações nas redes é sinônimo de barreiras
rompidas, ou seja, há plena comunicação entre os integrantes dos movimentos sociais. O
Centro de Direitos Humanos de Itajaí - CDHI demonstrou que detém um grande poder de
propagação das informações por apresentar o maior número de ligações, sendo que a
maioria destas conexões dispersava as informações, e não agrupavam como acontece
com o poder público. Constata-se, portanto, um ponto positivo nas redes de movimentos
sociais de Itajaí.
8.2 Democracia e Participação
Em uma democracia, a boa argumentação é a mais forte arma para todas as
tomadas de decisões. Denis Rosenfield em seu livro “O que é democracia?” afirma que:
A sociedade civil não é apenas uma associação de indivíduos, mas de cidadãos que se organizam segundo as suas próprias experiências, segundo suas profissões e trabalhos e de acordo com os princípios democráticos: a liberdade de expressão, de circulação, de imprensa e de associação.
Nos movimentos sociais de Itajaí, na maioria das organizações entrevistadas
pelos pesquisadores do Grupo de Estudos Interdisciplinares do Terceiro Setor - GEITS
predomina a democracia, onde as decisões são tomadas pela assembléia geral. Uma
única entidade apresentou certo caráter hierárquico, pois na entrevista realizada o
representante salientou que o presidente tem autonomia para decidir qualquer que seja a
questão, não havendo, portanto, nenhuma tomada de decisão coletiva.
A participação efetiva de todos os componentes da entidade é fator crucial para
se obter êxito nas atividades que a mesma desenvolve dia após dia. Analisando a tabela
abaixo, pode-se observar que os movimentos sociais de Itajaí apresentam-se com um
grande número de associados, mas, infelizmente, os que efetivamente participam
comparados ao número de associados é um indicador muito inferior. O Centro de Direitos
humanos de Itajaí - CDHI, entidade que apresentou um número de associados efetivos
baixo, juntamente com Farol e Voluntários pela Verdade Ambiental, relatou que a maior
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dificuldade encontrada é o fato de todos os seus sócios trabalharem, acarretando, assim,
a indisponibilidade de horários. As entidades que se mostraram mais fortes, no que diz
respeito à participação efetiva de seus sócios foram a Associação dos Deficientes Físicos
de Itajaí – ADEFI, e a Associação Voluntárias pela Infância Saudável – AVISA, onde
todos os seus sócios participam de forma ativa. Assim conforme demonstra a tabela
abaixo.
8.3 Informação e Tecnológica de informação
O estudo da transferência de informações em uma rede local, tanto no terceiro
setor não pode deixar de ser visto como assunto estratégico para as associações, mas
para que possamos nos informar temos indubitavelmente que nos comunicar, a
comunicação pode ser vista como simples transferência de informação em uma visão
mecanicista, e mais objetivamente comunicação é comportamento que é intencionalmente
induzido para compartilhar uma determinada finalidade (Ferreira et all 1998) a análise da
transferência de informação das redes foi baseado na experiência desenvolvida por
Marteleto (2001) na região da Leopoldina – RJ, na qual tinha como objetivo perceber
como os fluxos de informações eram estabelecidos entre as organizações.
Durante a pesquisa, foi feito o questionamento quanto os meios de
comunicação que destaca-se aqui, os três principais canais de comunicação interno e
externo, mais utilizados pelas organizações, a análise dessa resposta nos levou a
categorizá-los em três diferentes conceitos.
Devemos dar a atenção que 4,78% e 4,55% interna e externamente
responderam que não se comunicam nesses dois níveis.
Tabela da divulgação
Interna Farol IEPESV
Ambiental CDHI ASPI AVISA ADEFI UNAMI TOTAL %Não Tem 1 0 0 0 0 0 0 1 4,76Email 0 1 1 1 1 1 1 1 7 33,33Telefone 0 1 1 1 0 0 1 1 5 23,81Carta 0 1 0 0 1 0 1 0 3 14,29Boca-boca 0 0 0 1 1 0 0 0 2 9,52
Tabela do número de associados por entidadeEntidade CDHI V Ambiental ASPI FAROL AVISA ADEFI UNAMI IEPESNº de associados 22 20 500 20 60 165 ND* ND*Nº de associados efetivos 10 10
ND* 4 60 165 20** 27
* Não Definido** N° de entidades associadas.
28
Reuniao 0 0 0 0 0 1 0 1 2 9,52Informativo 0 0 0 0 0 1 0 0 1 4,76 TOTAL 21 100,00
Externa Farol IEPESV Ambiental CDHI ASPI AVISA ADEFI UNAMI TOTAL %
Não Tem 1 0 0 0 0 0 0 1 4,55Email 0 0 1 1 0 0 1 1 4 18,18Boca-boca 0 1 0 0 1 0 0 0 2 9,09Carro de son 0 1 0 0 0 0 1 0 2 9,09Imprensa 0 1 1 1 1 1 0 0 5 22,73Panfleto 0 0 1 1 0 0 1 1 4 18,18Sites 0 0 0 0 1 0 0 1 2 9,09Eventos* 0 0 0 0 0 1 0 1 2 9,09 TOTAL 22 100,00
8.3.1 Formal
Por comunicação formal entendemos os meios de comunicação oficiais que os
atores usam dentro e fora da organização (DUBRIAM, 2003). Como muitas organizações
não têm meios oficiais, para fins metodológicos classificamos em comunicação formal
toda a comunicação que pode ficar com algum tipo de registro.
Internamente meios de comunicação que as entidades usam para disseminar
informação foi 28,57 de comunicação formal (em azul na tabela), sendo que o meio
escrito via correspondência foi o mais utilizado com 14,29%.
Ainda pode-se analisar a comunicação externa formal, classificamos como os
meios que as entidades divulgam suas informações para pessoas de fora da mesma
obteve-se 50% em comunicação externa formal, dando destaque para imprensa (radio, tv,
jornal) identificado pelas instituições com 22,73% das ocorrências.
8.3.2 Informal
Os canais informais são os meios não oficiais de comunicação que
suplementam os canais formais. Dubrin (2003) ainda o autor destaca que a comunicação
informal surge para suplementar e por necessidade da comunicação formal.
As organizações pesquisadas usam 33,33% da comunicação interna é informal
(em cinza na tabela), dando destaque ao telefone em 23,81% das ocorrências, já para
comunicação externa a ocorrência de comunicação informal de 18,18% dos casos
levantados, podemos destacar o equilíbrio de 9,09 % dos casos com a comunicação
através do carro de som e do “boca-boca”.
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8.3.3 Internet
Devido a grande discussão na bibliografia sobre se a comunicação via internet
como um todo, mas principalmente via e-mail se é formal ou informal, e devida ao grande
numero de respostas dada pelos entrevistados, deixamos um ponto apenas para este
item.
A comunicação via internet aqui classificada como tal, é dada tanto pelo envio
de e-mail, publicações em sites, e/ou bate-papos.
Na comunicação interna a comunicação via internet destaca-se como 33,33%
das ocorrências dando uma ênfase da disponibilidade de acesso a internet por parte das
entidades entrevistas. Já na comunicação externa o uso de e-mail está em 18,17% os
casos em um universo de 27,27%.
8.4 Capital Social e Desenvolvimento
Para o desenvolvimento de uma rede de movimentos sociais é necessário que
os membros que à constituem desenvolvam técnicas e habilidades de uma cultura
democrática e associativa. Segundo Marteleto (2004, p.45):
Capital social é a forma de capital, e, embora sua definição seja alvo de discussão na ciência econômica, algumas características parecem se destacar em alguns estudos, como a não ocorrência de retornos decrescentes; que o capital social se aprecia com o uso (não se deprecia, portanto); é produzido coletivamente a partir das relações sociais existentes nas comunidades, mas seus benefícios não podem ser antecipadamente mensurados. Embora possua características de bem público, observa-se nele um aspecto único. O capital social gera externalidades, mas sua análise deve transcender esse ponto, isto é, o capital social entendido como um conjunto de redes e normas, permitindo a redução dos riscos decorrentes das relações entre desconhecidos e, conseqüentementes, dos custos de transação.
Neste sentido caminha o conceito de capital social. Embora exista uma
discussão a respeito de sua mensuração e as possibilidades de sua avaliação.
Segundo, Araujo (2003, p.9) Capital social é o conceito dado “ao conjunto de
normas sociais e redes de cooperação e de confiança, bem como instituições e práticas
culturais, que dão qualidade e intensidade às relações interpessoais em sociedade”. Com
isso as relações estabelecidas e os primeiros elos interpessoais criados através das
indicações feitas pelas entidades entrevistas, demonstra o surgimento da formação do
Capital Social, pois as entidades com a prática cotidiana desenvolve uma série de normas
e regras para estabelecem laços de solidariedade e confiança entre as entidades “ditas”
parceiras na construção da rede. Estas entidades possuem uma dinâmica própria que
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lhes assegura o desenvolvimento destas atividades. Um exemplo claro desta relação é a
forte parceria entre o CDHI e a ONG Farol.
O desenvolvimento de estas entidades decorrer de um aprimoramento do
desenho institucional, compreendendo tanto os aspectos relacionados a sua organização
interna (registro das atividades, confecção de atas, organização contábil financeira,
utilização dos meios de comunicação, etc.) como também dos aspectos externos
incluindo neste ponto sua participação nos Espaços Públicos Não Estatais. Neste sentido
existe um destaque para três organizações, V-Ambiental, CDHI e UNAMI, pois pelos
dados coletados apresentam tais estruturas. Destaca-se, ainda a ADEFI, pela sua
organização interna, embora tenha esclarecido, que não participa de conselhos de
políticas públicos diminuindo desta forma o grau de seu desenvolvimento.
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alguns limites para a criação da rede de movimentos sociais de Itajaí foram
constatados na análise realizada pelos pesquisadores do GEITS. A Universidade do Vale
do Itajaí - UNIVALI, para algumas entidades, representa uma forte aversão, criada devido
a certos contra-tempos que os programas de extensão desta instituição obtiveram no
relacionamento com os movimentos sociais. Os representantes das mesmas deixaram
bem claro no questionário elaborado pelos pesquisadores, que se a UNIVALI for
responsável pela organização desta rede, as mesmas não farão parceria alguma. Outra
barreira foi levantada por um agente representativo de uma associação, o qual alegava
que a rede de movimentos sociais do município acarretaria um oportunismo de certas
entidades em se promover, não havendo, assim, a solidariedade entre os possíveis
parceiros.
A concentração de informações impede a distribuição do conhecimento,
evitando a atuação dos demais integrantes da rede. O poder público de Itajaí também é
um ator que gera um ponto negativo na rede de movimentos sociais. As pessoas que
constituem, atualmente, o poder público municipal desta cidade, foram às pessoas que
mobilizaram o surgimento dos movimentos sociais de Itajaí, tal fato, explica a alta
concentração de ligações sobre o mesmo.
Por outro lado, um aspecto detectado através da análise realizada, foi a
influencia dos partidos de esquerda na maximização do atual cenário de movimentos
sociais em Itajaí por meio de uma significativa abertura política e a conseqüente
otimização do espaço público.
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A posse de um partido de esquerda, representado pelo PT (Partidos dos
Trabalhadores), deixa clara a distinção da importância atribuída pelos poderes executivo e
legislativo aos movimentos sociais de Itajaí. Fazendo um comparativo entre a atual e as
antigas gestões administrativas existe uma significativa percepção e reconhecimento
destas entidades. Inaugurando uma nova prática governamental, na qual possibilita a
criação de novos canais de comunicação entre o poder público e as organizações sem
fins lucrativos, que até então, estavam marginalizadas dos processos de tomada de
decisão referentes à aplicação das políticas sociais.
Isso ressalta um das características que acompanham eminentemente partidos
de esquerda, revelando a predisposição destes em contribuir diretamente na
potencialização dos movimentos sociais e a disponibilidade de fomentar espaços mais
democráticos e com maiores possibilidades de uma real participação dos inúmeros atores
que constituem a teia social.
Neste sentido, a possibilidade da construção da rede de movimentos sociais
em Itajaí, passa pelo fortalecimento dos movimentos sociais através de um amplo dialogo
com os vários setores da cidade. Cabe destacar que o incentivo e a participação destas
entidades na construção desta proposta deve ser constante, devendo haver coletivamente
a construção de objetivos comuns, bem como a co-responsabilidade dos atores, havendo
uma distribuição eqüitativa de funções através da infra-estrutura apresentada pelas
organizações, incluindo desde a disponibilidade de tempo, até os recursos investidos na
proposta.
Quanto ao interesse das entidades pesquisadas em participar da Rede de
Movimentos Sociais em Itajaí, a maioria acredita que participando da Rede possa haver
uma interação e um fortalecimento das entidades. Possibilitando interligá-las em torno de
vários objetivos comuns. Com isso, a consolidação destas entidades na construção de
uma cidadania ligada às questões sociais e que promova a participação das organizações
nos Espaços Públicos Não-Estatais é um dos caminhos para ampliar e aprofundar a
democracia local e consequentemente a rede de movimentos sociais.
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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MARTELETO, Regina Maria. Análise de redes sociais - aplicação nos estudos de transferência da informação. Ci. Inf., jan./abr. 2001, vol.30, no.1, p.71-81. ISSN 0100-1965.
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