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A INSTITUCIONALIZAO DOSERVIO SOCIAL NO BRASIL
Elisngela da Silva*
RESUMO
O presente artigo traz uma reflexo acerca do processo de institucionalizao
do Servio Social no Brasil. Contextualizando os elementos histricos que marcaram
o incio de sua profissionalizao a questo social e a influ!ncia da "gre#a Catlica no
seu incio. $estaca os principais movimentos que delinearam os novos caminhos do
fazer Servio Social e de que modo ele foi institucionalizado no Brasil.
Palavras-chaves: %uesto Social & "nstitucionalizao & Servio Social & 'stado &(rofisso & )ssistente Social & *econceituao
INTRODUO
O surgimento do Servio Social no Brasil se deu na d+cada de ,- do s+culo
passado o pas registrava uma intensificao do processo de industrializao e um
avano significativo rumo ao desenvolvimento
/ )luna do terceiro semestre de Servio Social da 0niversidade de Santa Cruz do Sul.
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econ1mico social poltico e cultural. ) relao tra2alho x capital tornou as rela3es
sociais nesse perodo mais intensas e conflitantes4 a explorao do tra2alho pelo
capital com todas as suas conseq5!ncias para a vida do tra2alhador.
O Servio Social profissional teve suas origens no contexto do
desenvolvimento capitalista e do agravamento da questo social. 6esse perodo foram
promulgadas v7rias medidas de polticas sociais como uma forma de enfrentamento
das m8ltiplas refra3es da questo social ao mesmo tempo em que o 'stado
conseguia a adeso dos tra2alhadores da classe m+dia e dos grupos dominantes. O
governo populista de 9et8lio :argas adotava ao mesmo tempo mecanismos de
centralizao poltica administrativa que favoreciam o aumento da produo.
Os processos de institucionalizao do Servio Social como profisso esto
relacionados com os efeitos polticos sociais e populista do governo :argas. )
implantao dos rgos centrais e regionais da previd!ncia social e a reorganizao
dos servios de sa8de educao ha2itao e assist!ncia ampliaram de modo
significativo o mercado de tra2alho para os profissionais da 7rea social. )o mesmo
tempo em que se ampliava o mercado de tra2alho criava condi3es para uma
expanso r7pida das 'scolas de Servio Social no pas. O Servio Social como
profisso 2eneficiou;se com esses elementos histricos con#unturais. *ealizou uma
transformao no interior da profisso ao rever o ser o2#eto de tra2alho4 questo
social.
1 SUR!IMENTO DO SERVIO SOCIAL E O CONTE"TO #IST$RICO
'm meados da d+cada de trinta surge o Servio Social profissional nesseperodo registrava;se uma intensificao do processo de industrializao e a
economia ganhava um impulso significativo. 'ssas mudanas no contexto scio;
poltico e econ1mico 2rasileiro tiveram incio com a *evoluo de ,- considerada
um marco na histria contempor
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capitalismo internacional e a do sistema ur2ano;industrial direcionado para o
mercado interno. )s condi3es de tra2alho eram muito prec7rias e o estado de tenso
era permanente por falta de uma legislao tra2alhista.
'm relao ao contexto histrico :asconcelos nos traz que4
=...O contexto histrico e poltico 2rasileiro dedesenvolvimento dos servios sociais comoiniciativa de 'stado e da emerg!ncia das primeirasescolas de Servio Social na d+cada de ,- foifortemente marcado pelas a2ordagens e pela aopoltica do movimento de higiene mental emrelao ao qual o Servio Social catlico se aliou
numa relao de complementaridade e dedemarcao de 7reas de compet!ncia.>?:)SCO6C'@OS A--A p.AD
O 'stado que at+ ento atuava apenas como um simples regulador do livre
#ogo das foras econ1micas passa a partir da *evoluo de ,- atrav+s do governo
populista que assume o poder aps a *evoluo a reconhecer os pro2lemas sociais
vividos no pas e a enfrentar essas quest3es atrav+s de cria3es de polticas sociais
que no Brasil #unto com o surgimento do Servio Social assumiram caractersticas
peculiares que vo marcar seu desenvolvimento e que a#udam a compreender suas
limita3es atuais.
) "gre#a Catlica a partir da *evoluo de ,- encontrou um novo espao
para a sua interveno o2teve vantagens nesta etapa que resultaram numa complexa
interao com o governo de :argas.
Os resultados para a "gre#a foram not7veis alcanando conquistassignificativas. O C')S ?Centro de 'studos e )o SocialD foi considerado como o
vest2ulo da profissionalizao do Servio Social no Brasil onde o tra2alho de
organizao e preparao dos leigos se apoiou na 2ase social feminina com origem
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2urguesa assistidas por )ssistentes Sociais 2elgas que disponi2ilizaram sua
experi!ncia para possi2ilitar a fundao da primeira escola catlica de Servio Social4
=) formao das escolas resultaram da reativaodo movimento catlico para renovar e reinserir apresena da "gre#a nos novos 2locos de podermediante a preparao da sua diferenciada milit ?C)SE*O FD
) origem da profisso no Brasil est7 ligada G ao social da "gre#a e G sua
estrat+gia de adequao Gs mudanas econ1micas e polticas que alteravam a face do
pas neste perodo.
Consideramos que os reflexos dessa origem so perceptveis ainda nos dias
atuais nas metodologias aplicadas por alguns profissionais na sua pr7tica di7ria do
fazerServio Social.
% A &UESTO SOCIAL E O SERVIO SOCIAL
"nicialmente o Servio Social creditava aos homens a =culpa> pelas situa3esque vivenciavam e acreditando que uma pr7tica doutrin7ria fundamentada nos
princpios cristos era a chave para a =recuperao da sociedade> ?H)@@'"*OS
ID
(osteriormente o Servio Social ultrapassa a id+ia do homem como o2#eto
profissional. (assa;se G compreenso de que a situao deste homem & analfa2eto
po2re desempregado etc. & + fruto no s de uma incapacidade individual mas
tam2+m de um con#unto de situa3es que merecem a interveno profissional.
(ara ")J)JOEO?A--,D o o2#eto do Servio Social no Brasil tem
historicamente sido delimitado em virtude das con#unturas polticas e scio;
econ1micas do pas sempre se tendo em vista as perspectivas tericas e ideolgicas
orientadoras da interveno profissional.
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(ara a )ssociao Brasileira de 'nsino de Servio Social o )ssistente Social
convive cotidianamente com as mais amplas express3es da questo social mat+ria
prima de seu tra2alho. Confronta;se com as manifesta3es mais dram7ticas dos
processos da questo social no nvel dos indivduos sociais se#a em sua vidaindividual ou coletiva ?)B'SSKC'$'(SS F p. LM;LD.
6o contraditria a esta concepo temos ")J)JOEO ?A--, p. AND4
=Os assistentes sociais tra2alham com a questosocial nas suas mais variadas express3esquotidianas tais como os indivduos asexperimentam no tra2alho na famlia na 7reaha2itacional na sa8de na assist!ncia social p82licaetc. %uesto social que sendo desigualdade +
tam2+m re2eldia por envolver su#eitos quevivenciam as desigualdades e a ela resistem seop3em. nesta tenso entre produo dadesigualdade e produo da re2eldia e da resist!nciaque tra2alham os assistentes sociais situados nesseterreno movido por interesses sociais distintos aosquais no + possvel a2strair ou deles fugir porquetecem a vida em sociedade. P...Q apreender a questosocial + tam2+m captar cu#as m8ltiplas de pressosocial de inveno e de re;inveno da vida.>
Segundo H)@'"*OS ?I (. ,ID4
=... a expresso questo social + tomada de formamuito gen+rica em2ora se#a usada para definir umaparticularidade profissional. Se for entendida comosendo as contradi3es do processo de acumulaocapitalista seria por sua vez contraditrio coloc7;lacomo o2#eto particular de uma profissodeterminada #7 que se refere a rela3es impossveisde serem tratadas profissionalmente atrav+s deestrat+gias institucionaisKrelacionais prprias doprprio desenvolvimento das pr7ticas do ServioSocial. Se forem as manifesta3es dessascontradi3es o o2#eto profissional + preciso tam2+m
qualific7;las para no colocar em pauta toda aheterogeneidade de situa3es que segundo 6ettocaracteriza #ustamente o Servio Social>.
)creditamos que a proposta de Haleiros torne mais clara a nossa interpretao
acerca da questo social. (ois qualificar a questo social significa apreender o que
compete ao Servio Social no
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nas express3es sociais da questo social estaremos minimamente definindo um
espao de atuao profissional.
Segundo ")J)JOEO?A--,D as express3es sociais necessitam de uma
reflexo contempor
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distri2uir esses servios G populao. ) atuao desses profissionais foi um
mecanismo de repasse da ideologia 2urguesa. $essa forma ocorre a
institucionalizao da profisso inscrita na diviso scio;t+cnica do tra2alho so2
forte influ!ncia do Servio Social americano e europeu.
Com a instalao do governo ditatorial a partir de FM o Servio Social passou
a implementar e legitimar as polticas sociais implantadas nesse perodo. ) poltica
desenvolvimentista estrategicamente adotada pelo governo ditatorial tinha por
o2#etivo levar o desenvolvimento atrav+s de uma s+rie de medidas polticas sociais e
econ1micas que permitissem o desenvolvimento econ1mico dessas popula3es os
profissionais do Servio Social eram os agentes respons7veis por levar odesenvolvimento. Jas o referencial terico dos profissionais no permitia uma leitura
das pro2lem7ticas da +poca passando a 2uscar instrumentos para intervir nessa
realidade. ) categoria passou a questionar a sua atuao esses questionamentos
foram registrados nos documentos de )rax7 Eerespolis Sumar+ Boa :ista e Belo
Rorizontes que foram formulados a partir dos congressos realizados pela categoria
na d+cada de I- e N- perodo da efervesc!ncia poltica pela qual o Brasil passava4
=6a d+cada de I- com a mo2ilizao popular contraa ditadura militar o Servio Social rev! seu o2#eto eo define como a transformao social. )pesar doo2#eto equivocado afinal a transformao social nose constitui em tarefa de nenhum profissional & +uma funo de partidos polticos o que este o2#etoefetivamente representou foi a 2usca por assistentessociais de um vnculo org
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nosso pas ir7 se diferenciar muito do rumo do Servio Social latino;americano. )
linguagem era diferente as tem7ticas eram diferentes. O Jovimento de
*econceituao foi de fato uma unidade de diferenas em funo das
particularidades dos contextos nacionais. O Servio Social 2rasileiro caminhou numalinha mais tecnocr7tica que podemos o2servar no $ocumento de )rax7 ?FID e no
$ocumento de Eerespolis ?I-D. Jelhor dizendo preocupao com o processo de
desenvolvimento e a ratificao do modelo econ1mico implantada no ps;FM aca2am
influenciando numa linha mais tecnicista na preocupao com as t+cnicas com o
plane#amento com o instrumental da profisso. O Servio Social 2rasileiro sofre um
processo de consolidao acad!mica4 cresce o mercado editorial cresce a ps;
graduao o mestrado o doutorado movimento esse acad!mico que no foiacompanhado pelos pases de lngua espanhola no mesmo 7pice de tempo. O
desdo2ramento disso + o seguinte4 o Servio Social 2rasileiro se consolida. (assa a
ter depois dos anos N- com a a2ertura democr7tica uma produo muito mais
madura academicamente e politicamente do que nos outros pases. Eem;se todo o
processo de renovao do Servio Social 2rasileiro e uma preocupao muito
interessante numa linha de reconhecimento de fazer a diferena entre a milit
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2uscar a pluralidade terica que d! conta dos v7rios pro2lemas sociais da sociedade
contempor
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,. C)SE*O Janoel Renrique. Histria do Servio Social na Amrica atina.So (aulo4 Cortez F
M. ")J)JOEO Jarilda :! " Servio Social na #ontem$oraneidade4 tra2alhoe formao profissional. F. ed. So (aulo4 Cortez A--,.
L. ")J)JOEO Jarilda :.%oletim &'"EA# @"6WS. visitado em #unho deA--L