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    Captulo 2. ORGANIZAO DOSISTEMA VIRIO

    Um primeiro aspecto essencial na atuao da Engenharia de Trfegovem do reconhecimento de um conjunto razoavelmente complexo desolicitaes normalmente exigidas de uma operao viria eficiente,no sentido mais amplo (isto , incluindo fluidez, capacidade,segurana, economia, externalidades, ...).

    A amplitude de sentido aludida pode ser apreendida colocando emperspectiva histrica a evoluo das preocupaes da Engenharia deTrfego, que foram progressivamente incorporadas na viso atual damisso da Engenharia de Trfego: proporcionar um uso eficiente eseguro do sistema virio para a movimentao de pessoas e bens

    envolvida na atividade social, controlando os impactos sociais eambientais gerados pelo trfego urbano e contribuindo parauniversalizar o acesso s atividades sociais para os diferentes grupossociais, de forma econmica na utilizao de recursos.

    Embora complexa, a misso basicamente operacional e est ligada aobter eficincia do sistema virio existente de uma rea. A viso inicialda Engenharia de Trfego privilegiava a ateno aos aspectos defluidez, idia que pode ser associada a oferecer capacidade evelocidade adequada na operao viria. Foi, entretanto, ocrescimento vertiginoso dos problemas associados segurana de

    trnsito (com os danos humanos e materiais decorrentes dos acidentesde trnsito) que trouxe a primeira ampliao de viso.

    Naturalmente, ningum diria que um sistema virio inseguro verdadeiramente eficiente mas as formulaes usuais (como aapresentada acima) mencionam ambos os aspectos separadamente paraexplicitar ambas as preocupaes e para colocar claramente anecessidade de lidar com um certo grau de oposio entre estesobjetivos. Ao contrrio da relao entre os objetivos de capacidade evelocidade viria, normalmente correlacionados de forma positiva, arelao destes com a segurana de trnsito pode ser inversa (embora a

    ocorrncia de acidentes e mesmo a sua gravidade, sejam afetadas pordiversos outros fatores).

    Da mesma forma, a meno explcita da necessidade de atender movimentao de bens e pessoas, de controlar os impactos sociais eambientais, de universalizar o acesso s atividades sociais, de utilizarrecursos de forma econmica, todas tem esta mesma finalidade derelacionar objetivos muitas vezes opostos, que tem de sersimultaneamente ponderados. Muitas das oposies mencionadas socompromissos entre qualidade e custo , presentes na grande maioriadas decises. Entretanto, a questo peculiar da Engenharia de Trfego

    que diferentes agentes sociais, mesmo atendo-se apenas s diferentesvariveis de qualidade da operao, atribuem pesos muitos distintos aestas diferentes preocupaes, em cada poro do sistema virio

    uao da Engenharia de Trfego:- envolve um conjunto complexo

    de aspectos distintos(historicamente evidenciados);

    - tem um foco eminentementeoperacional, orientado a tornareficiente a operao do trfego;

    - envolve conflitos importantesentre os aspectos operacionais,que se transformam emconflitos entre os usurios davia;

    - exige a adoo de um princpioorganizativo capaz de reduzir oimpacto dos conflitos sobre a

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    cavando valas transversais), enquanto os condutores e passageiros dosveculos que cruzam o trecho assumem posio oposta. Em outras viasou reas, os mesmos grupos de pessoas podem trocar de papel e,similarmente, de posio ou opinio.

    Tradicionalmente, a Engenharia de Trfego buscou reduzir o impactopotencial dos conflitos que se manifestam na via sobre sua operaoatravs de um princpio de organizao do sistema virio, o princpioda hierarquizao funcional, que foi progressivamente desenvolvido ecombinado com outras preocupaes relevantes. A seguir, tanto oprincpio bsico como suas complementaes e alternativas sodiscutidos.

    2.1 O Princpio da Hierarquizao Funcional das

    Vias.O primeiro princpio fundamental da Engenharia de Trfego clssicadecorre do entendimento de que as vias desempenham diversasfunes na vida social e de que as diferenas usuais de ponto de vistana avaliao das intervenes propostas so normalmente relacionadascom interesses distintos nas diversas funes virias.

    Asfunes viriasclassicamente destacadas so: deslocamento entrelocais; circulao (de uma via a outra); acesso s edificaes; ambienteurbano.

    Portanto, no verdade que asvias devem atender apenas aosdeslocamentos dos veculos.Para cada usurio do sistemavirio, uma parcela relevante dasua viagem realmente buscaatender sua necessidade dedeslocamento. No entanto, igualmente verdade que, emqualquer rea significativamente

    povoada, h uma quantidadecorrespondente de usurios davia que buscam entrar ou sair davia, buscam entrar ou sair dasedificaes ou estacionar seuveculo junto via, buscamproteger-se de restries ouinterferncias trazidas s suasatividades sociais pelo trfegonas vias.

    Esta viso clssica, embora ainda calcada em uma anlise focadasobre o trnsito veicular motorizado, tambm a chave para as visesmais humanas ou sociais da Engenharia de Trfego que

    Organizao do Sistema Virio vclssica da Engenharia de Trfego

    flit d i

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    distinguem mais pelo grau de radicalismo ou pela ordenao dosaspectos mencionados, em termos de prioridade de atendimento.

    O princpio bsico sobre o qual repousa a Engenharia de Trfego

    clssica, e grande parte das variaes aludidas acima, corresponde idia de adotar uma hierarquizao funcional (isto , baseada nasfunes da via) como estratgia de organizao do sistema virio, demaneira a resolver os conflitos entre funes e obter uma maioreficincia para o sistema. A definio de uma hierarquizaofuncional, assim como diversas outras decises relacionadas cominvestimentos ou outras aes que tocam a esfera pblica, tem fortestraos polticos e afeta diferentemente os diversos grupos sociais.Mas, decidida a implantao de uma organizao viria, suaimplementao em geral recorre a uma ou outra alternativa dehierarquizao funcional das vias.

    Um formulao clssica doprincpio de hierarquizao funcionalpode ser enunciado como:Atribuir uma funo prioritria a cada elemento do sistema virio,com transio gradativa entre funes, de forma a prover um sistemacontnuo e balanceado em cada funo (em especial na funodeslocamento que percorre maiores distncias).

    A atribuio de uma funo prioritria a cada trecho de via decorrente do reconhecimento de que tecnicamente impossvelatender a todas as funes simultaneamente e lograr um alto grau deeficincia em cada uma delas. Em especial, a eficincia dodeslocamento e do acesso local normalmente opem-se e a promoode uma eventualmente exige a restrio da outra como condiobsica.

    Os trs outros aspectos (transio gradativa entre funes,continuidade e balanceamento para cada funo) so requisitos de umahierarquizao viria que possa ser considerada adequada.

    A transio gradativa entre funes decorre do fato de que os conflitoseliminados pela priorizao de uma dada funo (e restrio dasdemais) em um trecho virio podem deslocar-se para os trechos detransio entre vias com funo prioritria distinta. Por exemplo, istopode significar uma reduo de velocidade mais ou menos suave (isto, progressiva), dependendo de ter-se uma transio gradual ou no. Atransio gradativa facilita o entendimento e a adaptao dos usurios operao viria pretendida e melhora a segurana de trnsito.

    A obteno de um sistema contnuo em cada funo tem tambm opapel de minimizar as transies entre funes. Cada viagem tem,naturalmente, um ponto de origem e outro de destino onde asnecessidades de circulao e acesso devero ser atendidas. Entre estespontos, entretanto, deve-se prover um sistema contnuo capaz desatisfazer a necessidade de deslocamento envolvida, com um grau deeficincia compatvel. Esta caracterstica deve permitir fazer,i l i i N

    erarquizao Funcional das Vias:- uma funo prioritria em cada

    elemento virio;- provendo um sistema:

    o com transio gradativaentre funes;

    o contnuo e balanceado(em capacidade) paracada funo.

    de variar bastante na medida ...)

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    usurios procurem trajetos alternativos que realizem seusdeslocamentos por outras vias e tragam para estas vias alternativas osconflitos entre funes que a hierarquizao viria busca minimizar.Este aspecto traduz uma tenso entre a viso do gestor do sistema

    virio (e sua concepo viria) e a viso dos usurios da via (isto , seuuso efetivo do sistema virio).

    2.2. A Utilizao do Sistema Virio pelos seusUsurios.

    A anlise da estrutura e operao do sistema virio bastantecomplicada por uma caracterstica intrnseca da sua utilizao: ademanda por transporte desdobra-se ao longo de todo o trajetoutilizado para o deslocamento (o que, eventualmente, inclui diferentes

    modalidades de transporte, com trechos p, nibus, metr, alm doestacionamento), ao contrrio da maior parte das atividades sociais,que apenas geram demanda localmente (por exemplo, habitao oueducao).

    A escolha das rotas para realizao dos deslocamentos no sistemavirio, que traduz a demanda por viagem em demanda por uso dasvias, realizada pelos usurios da via, normalmente seguindo seuobjetivo individual de buscar a opo mais direta, rpida, segura,econmica, entre outros atributos que considere relevante. Estaliberdade de escolha mais ampla para os usurios com meios

    prprios de transporte, especialmente no meio urbano (onde adensidade de vias maior), e faz com que a demanda de trfegomanifesta em uma via no tenha uma relao direta com a viapropriamente (somente utiliza a via porque a rota favorvel passa porela).

    Para um dado usurio, sero buscadas as rotas de melhor desempenhooperacional, em termos gerais (isto , considerando alguma medidaglobal que pondera os diversos atributos relevantes da qualidade daoperao no trajeto, usualmente relacionada com os conceitos deimpedncia ou custo generalizado de viagem). Em um dado

    deslocamento, os diversos usurios so distribudos entre asalternativas de rotas em funo de preferncias peculiares entre osdiferentes atributos que tornam uma ou outra alternativa mais atraenteou de diferenas especficas dos atributos de viagem para cadaindivduo (por exemplo, locais com acesso mais direto a uma ou outraopo viria ou veculos com desempenho mais sensvel a uma ououtra caracterstica da rota). Por fim, a repartio da demanda entre asrotas e, em decorrncia, entre as vias, determina seu nvel de utilizao(seu congestionamento ou, eventualmente, sua saturao) e afeta seudesempenho operacional.

    Normalmente, admite-se que a repartio da demanda entre as opesde rota segue um equilbrio (isto , atinge uma alocao estvel)quando as diferentes opes utilizadas tm desempenho global similar

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    Considere duas rotas alternativas (1 e 2) e uma demanda total Q (emveculos por hora) entre duas regies. Em funo do efeito decongestionamento sobre a qualidade de operao da vias, ascaractersticas fsicas e de controle de trfego determinam as curvas de

    desempenho operacional das vias, com custo generalizado de viagemnormalmente crescente (pela reduo da velocidade e aumento doconsumo de combustvel, por exemplo). Se toda a demanda Q utilizara rota 1, seu custo de viagem ser superior ao da rota 2 e vice-versa.Se uma das rotas tem desempenho melhor, cotidianamente haveralguns usurios que experimentam a nova rota e passam a utiliz-lasistematicamente (a menos que haja alterao na operao daalternativa). Portanto, a situao de equilbrio na repartio dademanda entre as rotas (Q1 e Q2) ocorreria quando as duas alternativasutilizadas exibissem custos aproximadamente iguais, como mostradona figura abaixo.

    Uma melhoria em vias de uma ou outra rota traria um desempenhooperacional melhor, que pode ser representado na figura acima porcurvas de desempenho com custos menores para cada nvel de fluxo detrfego. O ponto essencial da interpretao que, em uma ou outraalterao, haver uma realocao da demanda em direo rota queteve a interveno de melhoria e, em funo disso, os custos de viagemreduzem-se em ambas. Naturalmente, o mesmo processo operaquando uma das vias tem problemas de operao ou quanto a demandatotal de viagem aumenta. Alis, as demais rotas no precisam serconsideradas enquanto seu custo de viagem for maior que oobservados nas alternativas utilizadas. No prprio exemplo utilizado,se a demanda total Q fosse pequena, apenas a rota 1 seria utilizada(porque a rota 2 tem custo inicial maior) e a incorporao da rota 2ocorreria com o crescimento da demanda.

    Por outro lado, esta observao significa que a melhoria da operaoem uma via pode ser obtida tanto pela interveno direta sobre estavia, melhorando seu prprio desempenho, quanto pela interveno emalternativas virias que permitam reduzir sua demanda (atraindo parteda demanda atual da via para a situao futura, aps a implantao dainterveno alternativa). A demanda de trfego igualmente

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    operao na via, podem tornar as alternativas existentes no sistemavirio estrutural concebido menos atrativas que os trajetos de fugautilizando vias coletoras e/ou locais do sistema virio complementar(que, pelo menos na concepo adotada, no deveria receber grande

    demanda de fluxo de passagem). Estes fenmenos so indicativos deum sistema mal balanceado, que passa a funcionar de forma distintadaquela planejada. Se as vias no esto adequadamente adaptadas sfunes solicitadas pela demanda real, devem comear a surgirdisfunes (sejam problemas de fluidez ou de segurana) ereclamaes dos usurios da via.

    Pelo que foi dito anteriormente, alm da opo de melhorar odesempenho no sistema virio estrutural concebido (em particular nosseus gargalos de capacidade), existe a opo de realizar as melhoriasnas alternativas de trajeto. No entanto, neste caso, as alternativasincluem trechos do sistema virio complementar que teriam de ter suafuno prioritria alterada. A incorporao de uma ligao viria aosistema virio estrutural uma interveno possvel (eventualmenteinevitvel, face ao custo das intervenes alternativas) masnormalmente traz um grande impacto sobre os usos lindeiros aostrechos das vias coletoras ou locais transformadas. De qualquer forma,uma ou outra opo so normalmente melhores que ignorar osproblemas observados e ambas correspondem a uma iniciativa deimplantar um plano de hierarquizao funcional adequada.

    Em sentido oposto, pode-se depreender que a eliminao de disfunesaparentemente locais (motivadas pelas reclamaes sobre problemasde fluidez ou segurana dos usurios da via) eventualmente traz efeitosestruturais, inconscientemente produzindo a transformao viriaaludida acima, sem terem sido ponderadas adequadamente asrepercusses nas demais vias afetadas e a alternativa de agirdiretamente sobre os gargalos do sistema estrutural existente (a causainicial da realocao dos fluxos de passagem s rotas de fuga, queproduziram as disfunes observadas).

    Portanto, importante ter uma viso mais global sobre a significaodos problemas operacionais observados que incorpore a concepo deum sistema virio estrutural adequado.

    2.3. Classificao Viria e HierarquizaoFuncional.

    A hierarquizao funcional pode ser representada pela classificaodas vias decorrente das suas funes prioritrias e deve seroperacionalizada por diversas intervenes fsicas e de controle quebuscam dar a eficincia requerida s funes priorizadas e, na medidado necessrio, restringir as demais funes.

    Existem alguns esquemas alternativos de classificao viria baseadosno princpio da hierarquizao funcional e outras classificaes

    Tipos de via classificao usual- Vias estruturais: predomin

    fluxos de passagem; atendgrandes deslocamentos;

    o Expressas: controlacesso segrega fluxentra/sai da via;

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    Em ambos os casos, as vias que atendem preferencialmente funodeslocamento so normalmente chamadas de estruturais, o quecorresponderia s vias arteriais da classificao bsica e incluiria asvias expressas e arteriais da classificao usual (as vias coletoras e

    locais seriam chamadas de vias complementares, por atenderpreferencialmente s demais funes). Alm das classes funcionaisbsicas ou usuais, diversos outros esquemas de classificaoalternativos (no funcionais) existem, assim como existem classes devia intermedirias.

    Admitir apenas trs classes funcionais de vias decorre de considerarque as vias expressas correspondem mais propriamente a um padrofsico de projeto virio (pistas separadas, condies de acessocontrolado, com ramais de entrada/acesso ou de sada/egresso, ecruzamentos com vias em desnvel, conectados por ramais, ou comextenses de entrelaamento adequadas). Da mesma forma poder-se-ia distinguir as vias semi-expressas (intermedirias entre as expressase as arteriais por terem controle parcial de acesso e eventuaisintersees em nvel, bastante espaadas). Naturalmente, aclassificao funcional pode ser combinada com outras formas declassificao baseadas no padro fsico (por exemplo, distinguindocategorias de vias arteriais ou vias coletoras de primeira e segundacategoria, vias locais tranqilizadas ou vias exclusivas para pedestresou veculos no motorizados das vias locais comuns). O padro fsicodas vias pode ser relevante tambm por eventualmente excluir oatendimento a determinados tipos de veculos ou usurios (asciclovias so um caso extremo).

    Estas observaes so particularmente importantes por enfatizaremque a classificao funcional no exige que as vias tenhamcaractersticas fsicas adequadas ao atendimento da funo prioritria

    mas simplesmente reconhece o uso efetivo do sistema virio pelos seususurios em termos da funo predominante. Combinar a classificaofuncional com uma classificao fsica pode ser uma boa idia desdeque no se confundam os aspectos e que no se perca a noo de queos aspectos podem no estar conformes em um dado sistema virio.

    tambm importante assinalar que a classificao viria decorrente dahierarquizao funcional clssica est baseada na micro-funo da via(isto , na sua funo no atendimento das demandas locais e depassagem que solicitam cada trecho). Outras classificaes viriaspodem considerar uma escala mais ampla, ponderando uma macro-funo setorial, urbana ou regional. Por exemplo, existem viasarteriais radiais ou anelares (perimetrais, se incompletas) em relaoaos centros urbanos, existem vias arteriais centrais ou perifricas, viasindutoras, de penetrao em reas de adensamento, entre outras,existem vias locais centrais ou de bairro.

    Existe tambm a classificao legal das vias, como normalmenteinstituda pelos Cdigos de Trnsito na definio das normas gerais decirculao. No Brasil, a classificao legal tem mantido grande

    i id d l ifi f i l b i O Cdi N i l

    tros critrios de classificao viriambm so igualmente relevantes:

    - padro da via: fsico (nofuncional); exemplos dearteriais: expressas, semi-

    expressas, de primeira, segundacategoria, ...;

    - funo urbana: macro-funo(ao invs da micro-funo),como a ligao na rede (radialou anel, central ou perifrica,...), o papel estratgico(indutora, restrita, ...);

    - legal: tem de ser comunicada aousurio da via (isto , sinalizadaou reconhecida por

    caractersticas fsicas ou decontrole de trfego) paraentender as normas vigentes.

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    atravs de algum tipo de sinalizao (o prprio tipo na denominao davia poderia ter este papel) ou de caractersticas fsicas e de controle detrfego diretamente observveis, de modo a alcanar os usurios davia.

    Uma observao relevante final a de que a viso funcional (isto ,relativa a como o sistema virio realmente funciona) pode desprender-se bastante da viso fsica ou legal em diversos outros aspectos. Porexemplo, trechos virios adjacentes e contnuos com denominaodistinta so vias distintas, legalmente, mas no funcionalmente. Emcidades maiores ou com trfego mais saturado (como a cidade de SoPaulo), muitas vias so apoiadas por trechos de vias paralelas quecumprem a mesma funo estrutural (isto , atendem aos mesmosmacro-deslocamentos). Nestes casos, comum falar-se de corredorarterial para referir-se via arterial principal e s diversas viasparalelas de apoio, como concesso realidade fsica embora,funcionalmente, todas as faixas e pistas paralelas (separadas porcanteiros ou quadras) sejam a mesma via arterial (o corredorarterial).

    importante, portanto, entender e distinguir a classificao decorrentedo princpio da hierarquizao funcional viria das outrasclassificaes necessrias e relevantes.

    Adendo Classificao Viria do Cdigo de Trnsito Brasileiro de 1997 (Anexo I)

    A seguir, apresenta-se brevemente a classificao legal de tipos de vias adotada pelo CTB/1997 que, novamente,deve ser retido para interpretao da legislao e regulamentao decorrente atualmente em vigor no Brasil, comoregulamentao geral de velocidade mxima admitida.

    Inicialmente, o CTB/1997 classifica as vias em urbanas e rurais. Vias urbanas so definidas como sendo as ruas,avenidas, vielas e caminhos (ou similares), situada em rea urbana. Como o CTB/1997 rege o trfego apenas nasvias abertas circulao, sua definio menciona tambm que devam ser vias abertas circulao pblica (o que, verdade, delimita as vias urbanas abertas circulao, visto que podem haver vias urbanas fechadas circulao, eque o trfego no regido pelo CTB/1997). Alm disso, menciona que estas ruas, avenidas, vielas e caminhos (osimilares) definidas como vias urbanas so caracterizados principalmente por possurem imveis edificados ao londe sua extenso, o que caracterizaria o que se quer dizer por rea urbana (no conceito funcional e no legal, que

    corresponderia s zonas urbanas definidas nos termos das leis de urbanizao, planos diretores e demais documentestabelecidos pela ordenao urbanstica municipal. Este um aspecto dbio e a interpretao apresentada aproximo conceito legal de via urbana do seu conceito tcnico. As vias rurais, por complemento, seriam as demais vias,situadas fora de rea urbana. Estas seriam classificadas em rodovias, as vias rurais pavimentadas, e estradas, as viarurais no pavimentadas.

    Um via seria aberta circulao se admite o trfego de pessoas e veculos do pblico, mesmo controlando de alguforma seu acesso (ao contrrio do caso em que a via admite somente pessoas e veculos especificamente treinadospara operar sob regras especiais de operao, pretensamente utilizados por condutores e agentes profissionais). Arazo por subordinar seu trfego lei geral decorre, naturalmente, do fato de que todos seus usurios devem conheas normas de circulao vigentes (isto , cartesianamente, se so abertas circulao ento devem reger-se pela le

    geral). Por esta razo lgica, poder-se-ia admitir que qualquer via em rea particular tivesse regras de circulaoespecficas (pelo menos suplementares s gerais) desde que estas regras fossem comunicadas aos usurios da viaparticular de forma claramente suficiente e que o acesso via fosse efetivamente controlada para admitir somente

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    - As vias de trnsito rpido mantiveram a terminologia no CTB/1997, sendo caracterizadas por ausncia deintersees em nvel e existncia de acessos especiais que garantem condies de trnsito livre (mencionadono CNT/1966) e tambm pela ausncia de travessias de pedestres em nvel e de acessibilidade direta aos lotlindeiros (aspectos no mencionados no CNT/1966), tendo o limite geral de velocidade mantido em 80 km/hagora apenas para vias urbanas;

    - As vias arteriais, que possibilitam o trnsito entre regies da cidade, caracterizadas por intersees em nvel

    geralmente controladas por semforos, com acessibilidade s vias coletoras e locais e aos lotes lindeiros,correspondem s vias preferenciais do CNT/1966 (vagamente caracterizadas por dever ter prioridade detrnsito, desde que devidamente sinalizada), tendo o limite geral de velocidade mantido em 60 km/h, agoraapenas para vias urbanas;

    - As vias coletoras, que possibilitam o trnsito dentro das regies da cidade e a funo de coletar e distribuir otrnsito que busquem entrar ou sair das vias arteriais ou de trnsito rpido, correspondem s vias secundriano CNT/1966 (caracterizadas tambm pela funo de interceptar, coletar e distribuir o trnsito em demandadas vias preferncias e de trnsito rpico), tendo o limite geral de velocidade mantido em 40 km/h, agoraapenas para vias urbanas;

    - As vias locais mantiveram a terminologia no CTB/1977, sendo caracterizadas por possibilitar apenas o aceslocal e a reas restritas (o CNT/1966 caracterizava apenas a funo de acesso s reas restritas) e por

    intersees em nvel no semaforizadas (aspecto no mencionado no CNT/1966), e o limite geral develocidade foi elevado de 20 para 30 km/h.

    Estes limites gerais de velocidade agora aplicam-se apenas para vias urbanas porque o CTB/1997 distinguiu as viasrurais (o CNT/1966 no distinguia vias urbanas e rurais e aplicava os mesmos limites gerais de velocidade paraambos os contextos operacionais).

    No CTB/1997, as vias rurais passaram so classificadas simplesmente em rodovias (quando pavimentadas, em que limite geral de velocidade, que era de 80 km/h, passou a ser diferenciado por tipo de veculo, sendo de 110 km/h paautomveis e camionetas, de 90 km/h para nibus e micro-nibus, e de 80 km/h para os demais tipos de veculo) eestradas (quando no pavimentadas, em que o limite geral de velocidade, anteriormente tambm de 80 km/h por n

    serem distinguidas, passou a ser de 60 km/h).

    Deve-se notar que, embora possa ser criticada por diversos aspectos, a busca de uma terminologia mais clara edetalhada buscou suprir lacunas do CNT/1966. Na lei geral anterior, definia-se apenas via pblica (pelo sentidoequivalente de via aberta circulao pblica do CTB/1997) e as categorias mencionadas acima, usando-se diversooutros termos eram tomados pelo sentido comum. Alguns poucos conceitos especficos eram definidos mas noeram distinguidos os contextos urbano e rural. Por exemplo, tomava-se estrada como sendo a via preferencial emrelao qualquer outra e definiam-se os limites de velocidade segundo os tipos de via (vias de trnsito rpido, viaspreferenciais, vias secundrias e vias locais) independentemente do contexto urbano ou rural (o que tornava aregulamentao menos adequada). Naturalmente, pode-se igualmente criticar a forma atual por no distinguir asrodovias de pista simples, no ponderar o nmero de faixas de trfego da via e/ou diretamente a existncia de

    intersees em nvel com preferncia ou semforos. Mas deve-se reconhecer a importncia de distinguir o contextourbano ou rural.

    A conceituao legal no teria, no entanto, de utilizar a terminologia tcnica. A viso alternativa, de tomar ascategorias tcnica e legal como distintas, mesmo quando a terminologia similar, parece mais adequada por diversomotivos.

    Primeiro, porque as categorias legais precisam ser claramente reconhecidas pelos usurios da via (visto que asexigncias de comportamento regulamentadas mudam para cada categoria de via, especialmente a regulamentaogeral de velocidade, sem que haja sinalizao especfica). Por este motivo, fundamental para definir as categoriaslegais o recurso a formas de sinalizao ou a caractersticas da via (fsicas e de controle de trfego) observveis pelo

    usurios, ao contrrio do papel funcional (que o aspecto essencial da hierarquia viria clssica). Note-se que aEngenharia de Trfego seleciona as caractersticas fsicas e de controle para obter um desempenho virio adequadoem termos de fluidez e segurana, pelo menos, e adicionar restries s decises de projeto decorrentes de

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    2.4. Operacionalizao de uma Concepo deHierarquizao Funcional das Vias.

    Do ponto de vista da Engenharia de Trfego, o aspecto crucial perceber que a hierarquizao funcional deve ser concebida eimplantada de forma a obter um sistema virio organizado e eficiente.A implantao da hierarquizao funcional concebida visa fazer com

    que o uso real e o uso projetado sejam correspondentes e utilizadiversas aes fsicas e de controle como as ferramentas bsicas aserem manuseadas.

    Muitas das questes principais sobre a pertinncia ou no de medidasusuais de Engenharia de Trfego resultam respondidas pela definiode uma hierarquizao funcional, restando apenas decises sobre amelhor forma de fazer ou sobre o grau ou momento adequado parauma dada interveno. Deve-se reiterar que a priorizao de umafuno no exige a restrio das demais, mas apenas elege a alternativade adot-la quando for preciso.

    Dada a caracterstica fsica davia, a curva de possibilidades

    E, por fim, porque os critrios legais devem ser deixados ao sabor do processo de deciso social e dinmica polticcorrespondente. Pode-se muito bem, no futuro, optar por classificar as vias em funo do nvel de saturao da suacapacidade viria ou do nvel de comprometimento do ambiente no seu entorno, dada a ascenso de um PartidoVerde ou um Partido Rosa. Embora a Engenharia de Trfego tenha de adequar sua atuao diante de novasprioridades sociais, a necessidade de organizar a operao do sistema virio em face dos conflitos entre funes no

    desaparecer e o princpio da hierarquizao viria funcional permanecer uma opo vlida para esta tarefa, mesmque seja preterido em relao a outra alternativa.

    Se admitirmos que ambas devam coincidir, a definio adotada pelo CTB/1997 no teria de basear-se naclassificao funcional ou combin-la com aspectos fsicos (como seria pertinente apenas no caso das vias expressaou de trnsito rpido). Alm disso, a forma utilizada pode ser criticada por classificar de forma imprpria e poucosistemtica. Por exemplo, as intersees em nvel controladas por semforo ocorrem em vias arteriais mas tambmpodem ocorrer em vias coletoras, seja no cruzamento entre coletoras ou com arteriais, e as intersees em nvel semsemforos podem ocorrer nas vias arteriais e nas vias coletoras, alm das vias locais (sendo preferidas sempre que asegurana e a fluidez do trfego permitirem). Muitos rgos de trnsito que admitem a viso integrada,provavelmente tero de definir critrios de classificao complementares. Por exemplo, a definio da rede viria

    estrutural da cidade de So Paulo (segundo a Lei 13430 de 13/09/2002) baseou-se na funo de suporte adeslocamentos interbairros e intermunicipais, categorizadas pelas caractersticas fsicas, para identificar as viasestruturais de acordo com a operao viria efetiva.

    Um ponto interessante, no CTB/1997, refere-se ao fato de que a regulamentao geral de velocidade em vias urbana o nico ponto em que a classificao viria tomada como base, justificadamente at, pela preocupao em antevcaractersticas relevantes que afetam a velocidade segura nestas vias (no que menciona aspectos importantes e aindaoutros poderiam ser mencionados). Em outros pases, a regulamentao correspondente s vias urbanas , em geramais genrica (para vias rurais mais detalhada) e deixa a maior tarefa de comunicar a velocidade segura sinalizao especfica. Por exemplo, um nico limite geral em reas urbanas definido tanto pelo Code de la Routefrancs (50 km/h, elevado para 70 km/h em vias onde acessos lindeiros e travessias de pedestres so infrequentes)

    quanto peloHighway Codeingls (30 mph, ou seja, 48 km/h). Nas vias rurais, em geral o padro fsico o critriode diferenciao (as auto-estradas, por exemplo), o que tambm seria mais adequado nas vias urbanas.

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    A obteno de um grau adicional de eficincia para atender a demandaem uma dimenso pode exigir a restrio da facilidade para atender outra dimenso.

    As medidas usualmente manuseadas pela Engenharia de Trfego paraprivilegiar o atendimento a uma ou outra dimenso so relacionadasprincipalmente com: freqncia de intersees, preferncia nasintersees em nvel, controle de velocidade, controle de veculospesados, controle das rotas de transporte pblico, controle decirculao, controle de estacionamento, controle do fluxo de pedestres(entre outras ...).

    Em cada um destes campos de ao, normalmente a restrio de umafacilidade de acesso ou circulao favorece a facilidade de percurso(assim como a restrio de uma facilidade de percurso favorece afacilidade de acesso ou circulao). Por exemplo, o fechamento decanteiros, a adoo de preferencial, a eliminao de restries velocidade, circulao de veculos pesados ou de transporte pblicoou adoo de restries para converses esquerda, estacionamentojunto via ou travessias de pedestres em nvel, todas favorecem aliberdade de percurso.

    As medidas de controle mencionadas podem ser implantadas atravsde alteraes da sinalizao e/ou geometria da via, em grausprogressivos. Por exemplo, a freqncia de intersees pode serreduzida utilizando interconexes (com as vias em desnvel),fechando os canteiros centrais ou proibindo o fluxo de entrada na viatransversal; a proibio de estacionamento pode ser adotada em todo otrecho, apenas em poucos metros antes da aproximao de umsemforo e/ou apenas em horrios especficos; a diminuio dainterferncia de pedestres pode ser obtida canalizando-os para astravessias em semforos espaados ou utilizando passarelas oupassagens subterrneas. Boa parte da tcnica e da arte na Engenhariade Trfego est em conceber e selecionar a ao mais adequada, o quepode ser feito de forma participativa (e, alis, respeitosa com todos oscidados).

    As Tabelas 3.1.a e 3.1.b apresentam as caractersticas tpicas das viase intersees em funo da hierarquizao funcional.

    ma concepo de hierarquizaocional deve fazer com que hajarespondncia entre o uso real e o uso

    jetado para as vias, manuseandoa srie de caractersticas fsicas e dentrole de trfego de forma a dar acincia requerida para a funooritria da via (restringindo asmais funes apenas quandocessrio).

    principais medidas manuseadas so:- freqncia de intersees;- preferncia nas intersees em

    nvel;- controle de velocidade;- controle de veculos pesados;- controle das rotas de transporte

    pblico;- controle de circulao;- controle de estacionamento;- controle do fluxo de pedestres.

    mpre promover a funo prioritriae necessrio, restringir demaises .

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    Tabela 3.1.a CARACTERSTICAS TPICAS DE VIAS NA HIERARQUIA FUNCIONAL

    VIAS LOCAIS VIAS COLETORAS VIAS ARTERIAIS VIAS EXPRESSAS

    Atividades

    Predominantes

    caminhada a p,acesso de ve-culos,entrega de mercadorias,servios aos domiclios, ve-culos lentos em movimento

    movimentos veiculares noincio e final das viagens,

    paradas de coletivos

    trfego para vias expressas,operao de coletivos, trajetos demdia/curta distncia

    veculos em movimento rpido,trajetos de longa distncia

    Trfego Local comum (funo essencial) grande pequeno quase inexistente

    Trfego Atravs quase inexistente quase inexistente comum (de mdia distncia) comum (de longa distncia)

    Estacionamento de

    Veculos

    permitido (exceto em locaisinseguros)

    permitido e muito utilizado restrito (em funo das condiesde trfego)

    proibido (proporcionado emvias locais paralelas)

    Movimento de

    Veculos Pesados

    permitido para entregas eservios

    regulamentao de atividadesde entregas e servios e de

    percurso

    regulamentao por percurso permitido(funo importantepara distribuio e trfegoatravs)

    Acesso Veicular aoUso do Solo

    permitido (funo essencial)intersees frequentes

    disciplinado (locaisseguros),intersees frequentescom movimentos permitidos

    restrito e protegido(para plosgeradores) intersees espaadasou com proibio de movimen-tos (vias divididas)

    proibido (proporcionado emvias locais paralelas), acessocontrolado por ramais bemespaados

    Movimento de

    Pedestres

    livre com cruzamentosaleatrios

    controlado em faixas depedestres

    protegido e canalizado (inter-ferncia mnima no trfego)

    segregao total (com separaode nveis)

    Regulamentao de

    Velocidades

    limite de 20 a 30 km/h(pequenos raios de curvatura eobstculos eventuais)

    limite de 40 a 50 km/h (raios decurvatura moderados e obst-culos em situaes extremas)

    limite de 60 km/h (sem raios decurvatura reduzidos e obstculos

    para controle de velocidades)

    limite superior a 80 km/h(exceto onde a geometria fordesfavorvel)

    Caractersticas da

    Via

    pistas simples sem diviso,com faixas de rolamento

    estreitas ou estacionamentopermitido.

    pistas simples ou separadoressimples, faixas comuns (>3m),

    estacionamento permitido (2 ma 2,5m).

    pistas separadas com canteirolargo, faixas largas e baias de

    converso (funo da maiorvelocidade).

    mltiplas pistas, separadas porcanteiros, faixas largas (3,6 m),

    acostamentos ou baas laterais,vias auxiliares de transio eramais de acesso/egresso.

    Tabela 3.1.b CARACTERSTICAS TPICAS DE CRUZAMENTOS NA HIERARQUIA FUNCIONAL

    Local Coletora Arterial Expressa

    LocalIntersees semControle de Trfego

    Coletora

    Intersees comSinalizao dePrioridade

    Intersees semaforizadas(todos os movimentos

    permitidos)

    Arterial

    Nodeve ocorrer Intersees semaforizadas(alguns movimentos

    proibidos)

    Intersees semaforizadas(alguns movimentos

    proibidos)

    Expressa

    Nodeve ocorrer Nodeve ocorrer Cruzamentos em desnvel(ou conexo por ramais deacesso)

    Cruzamento em desnvel

    Sees de entrelaamento

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    O mximo grau de facilidade de percurso oferecido pelas viasexpressas, que so definidas pela inexistncia de intersees em nvelcom interrupes de trfego, condies controladas de acesso e

    egresso da via (normalmente atravs faixas de acelerao oudesacelerao com espaamento adequado), inexistncia deinterferncias geradas por acessos diretos s edificaes, manobras deestacionamento, travessias de pedestres, alm condies geomtricas ede sinalizao compatveis com a segurana em maiores velocidades.

    As vias expressas usualmente esto limitadas s grandes cidades.Estas vias foram concebidas na dcada de 60, notadamente nosEstados Unidos, para permitir os deslocamentos cotidianos da vidaurbana onde os fluxos de trfego so significativos e as viagensenvolvem grandes distncias (sendo um dos fatores responsveis porimpulsionar a ocupao dos subrbios ricos, tpico naquele pas).

    As vias arteriais tambm oferecem prioridade ao deslocamento mascompatibilizam esta funo com as demais necessidades decorrentesdas atividades desenvolvidas no entorno da via. As intersees sonormalmente em nvel, tendo-se preferncia para a via arterial nocruzamento com vias de menor importncia ou a utilizao desemforos para alternncia da preferncia entre vias de importnciasimilar ou de trfego significativo. O espaamento entre interseesdeve ser aumentado sempre que a interferncia na eficincia da viaarterial tiver de ser recuperada. Especialmente, so vias essenciaispara o transporte pblico.

    No Brasil, mesmo as grandes cidades so bastante dependentes darede de vias arteriais para a funo estrutural de atendimento aosgrandes deslocamentos. No entanto, mesmo onde no existem viasexpressas, os eixos rodovirios usualmente moldam um padro deocupao suburbano e trazem um padro de operao similar.

    As vias coletoras compatibilizam o atendimento funodeslocamento com a prioridade funo circulao e com oatendimento s funes locais de acesso s edificaes e ambienteurbano. Cada rea de concentrao de atividades (bairros residenciaisou mistos, ncleos de comrcio, servios ou indstrias) normalmenteseleciona poucas vias para interligao privilegiada com o sistemavirio estrutural. Alm de dar mais eficincia ao deslocamentocomplementar de entrada e sada das reas locais, esta estratgiapermite proteger as demais vias (as vias locais) das interfernciascausadas pelo trfego de passagem e prover maior qualidade para oambiente das atividades sociais.

    As vias coletores e locais, ao contrrio das vias estruturais, sonormalmente parte do sistema virio de cada loteamento, condomnioou empreendimento. Muitas vezes, as vias com funes coletoras elocais podem ser vias internas de empreendimentos privados (quesujeitam-se s regras gerais de circulao e aos rgos de gesto de

    f f b ili bli ) A i d i

    ractersticas Usuais das Vias:- Expressa: mxima eficincia

    para o deslocamento entreregies; acesso controlado(espaadas e com faixas detransio); faixas largas (3,60m) e mltiplas faixas (3 ou

    mais); interseespreferencialmente em desnvel,com alas de acesso e egresso,com vias arteriais;eventualmente, operao emnvel com seo deentrelaamento ou apenasacessos e egressos para viasinterceptantes de menor fluxo;intersees em nvel,estacionamento, paradas de

    coletivos, travessias depedestres transferidas para viasauxiliares ou tranversais;

    - Arterial: eficincia paradeslocamento entre regies,permitindo acesso aos loteslindeiros e interseessemaforizadas comespaamento adequado (maiorque 200 m); demais interseescom preferncia; cruzamento e

    converses esquerda de viassecundrias eliminados onde forprejudicial; intersees emdesnvel ou apenas acessos eegressos com vias expressas;tambm faixas largas (mais de3,0 m) e mltiplas faixas (2 oumais); disciplinamento doatendimento dos fluxos deveculos pesados e coletivos(pontos espaados);

    disciplinamento das travessiasde pedestres (canalizadas paraintersees semaforizadas) e deestacionamento (proibio nasaproximaes semaforizadas, senecessrio);

    - Coletora: para coleta edistribuio do trfego de viaslocais e deslocamento at osistema virio estrutural;intersees com todas as vias

    locais, desde que seguras, compreferncia para a via coletora,e condies adequadas de

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    2.5. Vantagens e Desvantagens da HierarquizaoFuncional das Vias

    Embora a adoo generalizada da hierarquizao funcional comoprincpio de organizao viria na Engenharia de Trfego indique aexistncia de vantagens significativas na sua utilizao, importanteter em mente as desvantagens tambm existentes. Mesmo nohavendo alternativa prtica ao princpio da hierarquizao funcional, aponderao das vantagens e desvantagens permite selecionar o grau dehierarquizao funcional considerado adequado em cada projeto virio.Existe hoje, por exemplo, uma discusso sobre diferentes partidos deprojeto para arruamento de reas residenciais (em loteamentos oucondomnios) que pode ser claramente situado na ponderao destasvantagens e desvantagens.

    Entre as vantagens da hierarquizao funcional das vias est adiminuio das interferncias ou conflitos entre funes (e usurios davia), que motivou sua adoo. Normalmente, esta reduo dafrico no trfego traz consigo o aumento das velocidades nas viasestruturais e a melhoria do ambiente lindeiro s vias locais. Em um eoutro caso, normalmente obtm-se ganhos em termos de segurana detrnsito bastante significativos.

    A definio de um sistema virio estrutural, em geral composto porcerca de 10% a 20% da extenso total das vias de uma dada rea, traz

    tambm benefcios importantes decorrentes da simplificao obtida.

    Os usurios tm facilitada sua tarefa de conhecer o sistema virio darea e a suas decises cotidianas sobre como deslocar-se de um pontoa outro. Mesmo sem conhecer detalhadamente a rea, grande partedos usurios conhece as principais vias estruturais e as regiesservidas por cada ligao viria estrutural. Esta informao permiterealizar a maior parte do deslocamento e atingir a regio onde oconhecimento detalhado do sistema virio complementar (e dasreferncias principais das atividades sociais) mais presente.

    Os rgos gestores do sistema virio tm facilitada sua tarefa deadministrao do trfego, em particular as que envolvem as tarefascotidianas de operao do trfego. A seleo das vias estruturaisdefine tambm o foco principal de ateno da operao de trfego,atividade usualmente tem de ser realizada dentro de um tempo deresposta reduzido para evitar a propagao dos efeitos decorrentes emuma grande extenso de vias. No sistema virio complementar, asnecessidades tm outro ritmo e urgncia, em que pese sua importncia.

    A definio de uma funo prioritria em cada elemento viriotambm facilita a administrao do trfego e, especialmente, o projeto

    das vias. Vias locais no precisam acomodar veculos de grande portee altas velocidades, visto que estas so demandas que se quer restringirnestes elementos virios Restries fsicas devem alis ser

    Vantagens da hierarquizao funtradicional:

    - ...Desvantagens da hierarquizaofuncional tradicional:

    - ...(as alternativas correspondem a grde concentrao na hierarquizaodistintos)

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    veculos e pedestres andam nesta direo mas freqentementeenfrentam oposio significativa, o que indica a existncia dedesvantagens relevantes.

    Uma desvantagem imediatamente relacionada com as aes queimplementam a hierarquizao funcional o aumento dos movimentosde circuitao (isto , de trajetos de circulao decorrentes daeliminao de trajetos diretos atravs de obstculos fsicos ouproibies sinalizadas). Em boa parte das vezes, os usurios afetadospelas restries podem sofrer prejuzo menor que o ganho trazido aosusurios beneficiados. Mesmo neste caso haveria um problema bsicode repartio de encargos e ganhos. Mas pode ocorrer tambm asituao inversa (em que os prejuzos so maiores que os ganhos).

    Outra desvantagem intrnseca a concentrao da demanda dedeslocamentos, especialmente, no sistema virio estruturalselecionado. Em um sistema virio hierarquizado, a demanda dedeslocamentos nas vias principais muito maior da que ocorreria sema hierarquizao funcional. Esta situao claramente percebida aodiscutir com uma comunidade a necessidade de selecionar uma viaprincipal de entrada e sada da rea para eliminar disfunesdistribudas por todas as vias internas. A via que ser principalconcentrar o trfego e os problemas decorrentes. Esta transformaopode induzir mudanas no ambiente residencial ou alteraes de usodo solo indesejadas (ou, para alguns, desejadas).

    A concentrao do trfego a outra face da simplificao do sistemavirio estrutural. O mesmo efeito pode ser visto como vantagem oucomo desvantagem. A concentrao dos problemas pode ser umaestratgia para viabilizar formas de interveno mais avanadas oucustosas. Se isto ocorrer e permitir resolver os problemas gerados, aconcentrao ter trazido vantagens (as desvantagens sero residuais).

    EXERCCIO: Implantao da Hierarquizao Funcional

    Considere que um loteamento residencial, com a rea esquematizada na Figura ao lado, foi implantado sem uviso clara de hierarquizao viria e que todas as vias foram construdas com o mesmo padro (pistas asfaltadas14 metros) e sem sinalizao especfica.

    Quais aes podem ser utilizadas para enfatizar a funo de cada tipo de via na rea do bairro residencial a partir concepo de transformar as vias sombreadas, que tm os principais usos comerciais e de servios, nas vias coletordo bairro (as demais vias internas ao bairro seriam, ento, locais)?

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    SOLUO DO EXERCCIO: Implantao da Hierarquizao Funcional

    Os princpios de hierarquizao funcional poderiam ser utilizados com base as seguintes idias: conter a influnciaveculos que trafegam de passagem no sistema virio interno ao bairro e organizar a utilizao do sistema viinterno pelos seus prprios moradores.

    As aes que poderiam ser utilizadas para estabelecer a prioridade das funes relevantes em cada tipo de via seriam- impedir os acessos das vias que se deseja serem locais para as vias arteriais e vice-versa, atravs de limites

    barreiras ao fluxo (algumas locais podem tornar-se "ruas sem sada");- aumentar a fluidez nas vias sombreadas, atravs :do estabelecimento de uma sinalizao de prioridade e

    circulao em favor das coletoras; melhorando a qualidade do pavimento e a iluminao; restringindotravessias para faixas de pedestres;

    - reduzir a velocidade dos veculos nas vias locais com estreitamentos de pista utilizando avano das caladredutores de velocidade, e reduzir o trfego de veculos pesados nas vias locais, adotando raios de curvaturalargura de faixa restritos e utilizando sinalizao adequada;

    - regulamentar o estacionamento e direcionar os itinerrios de transporte coletivo para as vias coletoras;- reduzir o nmero de vias que chegam s vias arteriais para obter maior espaamento entre intersees ou, p

    menos, o nmero de vias que cruzam as arteriais (com o fechamento de aberturas no canteiro central);- facilitar as condies de acesso s vias arteriais atravs das vias coletoras, implantando semforos pveculos e pedestres, canalizando a converso direita, caso necessrio.

    A implantao efetiva das medidas indicadas (e a seleo da melhor forma de faz-las) deveria ser, ento, decidiem funo das caractersticas fsicas e de trfego em cada local. Por exemplo, deve-se verificar se os volumes dintersees justificam a implantao de semforos, se os trechos de vias locais justificam a utilizao de redutores velocidade, e assim por diante. O tratamento das converses esquerda nos semforos exige, muitas vezes, atenespecial (pode ser necessrio proib-las localmente e prover rotas alternativas de circulao, que acomodem deslocamentos utilizando vias auxiliares).

    A hierarquizao apenas uma estratgia de atuao que contm diretrizes, tanto de controle de trfego quanto controle do uso do solo, em que predomina a viso da funo de cada via. A funo definida pelo tipo de trfegooutros usos, prioritrios na via tendo-se que adaptar suas caractersticas sua funo. Entretanto, as prprlimitaes fsicas do sistema virio de uma cidade particular pode trazer a necessidade de aceitar critr

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    Estas transformaes de funo podem ser mais ou menos traumticas,mais ou menos custosas, e tem como limite a preservao de ambientede vida das pessoas (uma cidade totalmente tomada por vias estruturais

    no , de certo, um bom lugar para viver). As aes no campo daEngenharia de Trfego no fogem da estratgia de hierarquizaofuncional (apenas ajustam seu uso) mas podem ser desaconselhveisquando afetam o ambiente urbano em uma parcela grande das viasurbanas. Alm disso, relembrando o que foi dito no captulointrodutrio, melhorias virias atraem novos adensamentos e podemrecriar problemas de trfego na nova configurao, restando comoresultado final apenas a transformao (para pior) do ambiente de vidadas pessoas.

    2.6. Hierarquizao Funcional das Vias e Objetivosda Engenharia de Trfego

    Neste ponto cabe relembrar a importncia das polticas de nvelsuperior (urbanas ou de transportes) para solucionar problemas que semanifestam no trfego e a subordinao dos objetivos das aes daEngenharia de Trfego a objetivos mais fundamentais de facilitaodas atividades sociais, dentro do atendimento de diferentes grupos enecessidades. Estas ponderaes so a motivao bsica das polticasde administrao da demanda de trfego, sejam as promovidas porrestries de circulao ou adensamento ou as orientadas a introduzir

    mecanismos de regulao baseados na cobrana pelo uso da via.

    Por fim, vale fazer dois comentrios que apontam para a relao com aocupao urbana:

    - embora orientem a ao da Engenharia de Trfego, adefinio da classe funcional de uma via no suficientepara estabelecer os objetivos e estratgias recomendveisem uma via; importante pelo menos reconhecer tambmseu ambiente operacional (isto , as caractersticas de seuentorno que afetam aspectos essenciais da sua funo);

    - as questes relacionadas com a operao do sistema virio

    no so as nicas consideradas pelos agentes sociais aodiscutir as aes da Engenharia de Trfego; em particular, algica da hierarquizao funcional pode chocar-se com algica da ocupao urbana, na qual os agentes sociaisbuscam extrair os maiores retornos (em termos financeirosou em qualidade de vida) de qualquer ao que os afetem.

    A relevncia do primeiro comentrio pode ser apreendidaconsiderando as polticas de administrao de trfego eletivas paradois tipos de vias locais que se distinguem por ambientes operacionaisbem diversos. Por exemplo, tanto as vias internas de bairros

    residenciais como as vias internas dos centros urbanos so vias locais.Em um tipo de ambiente operacional, a ocupao ter baixa densidade(inicialmente horizontal) e ser tipicamente residencial enquanto na

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    relao com as atividades sociais e que h um potencial conflito entre algica da hierarquizao funcional e a lgica da ocupao urbana.Alm da oposio natural dos agentes promotores das atividadessociais a toda restrio sua liberdade de atuao no mercado (o que

    inclui as restries de circulao ou as exigncias de complementaoviria decorrentes da hierarquizao funcional mas, muito maisimportante, inclui tambm as restries de aproveitamento eadensamento do solo), existe o interesse natural de localizar atividadeseconmicas de porte (plos geradores de trfego) adjacentes aosistema virio estrutural (que deve preservar a eficincia na funodeslocamento). Por este motivo, as normas de ocupao do solodevem tambm conter claras normas relativas aos acessos sedificaes e sua localizao junto ao sistema virio.

    Portanto, em uma escala local,retornamos s relaes entre osistema virio e as atividadessociais (uma ligao essencialque impossvel ignorar).

    A viso conceitual do sistemavirio, mesmo no nvel maisabstrato, deve ponderar ambosos aspectos para orientarminimamente a atuao daEngenharia de Trfego, peladefinio de objetivos de aoadequados a cada via ou rea.

    Adendo - Evoluo Urbana e Estrutura Viria.

    Como anteriormente comentado, as vias podem tambm ser avaliadas (e eventualmente classificadas) pela funourbana em um nvel mais alto (tomando seu papel dentro da estrutura urbana como um todo), ao contrrio deconsiderar o ponto de vista micro-urbano correspondente ao princpio da hierarquizao funcional. Discutiu-setambm que a hierarquizao funcional tem de ser eventualmente alterada, na medida em que o crescimento dasatividades pressionam a operao do trfego no sistema virio estrutural, e que esta transformao pode sertraumtica e custosa (em sentido amplo), incluindo o impacto na prpria estrutura urbana.

    Um ponto importante a ser ressaltado a interrelao entre a evoluo urbana e a transformao da estrutura viria,

    tomando uma perspectiva de mais longo prazo. Esta previso pode permitir que as intervenes da Engenharia deTrfego possam ser tomadas com uma ante-viso mais clara do momento considerado e dos impactos que adviro, nf t d id d

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    TRABALHOS PROPOSTOS:

    1) Analise o sistema virio de uma regio e identifique ahierarquizao viria atual. (Sugesto: identifique os principais ncleosde atividades locais na regio e analise as rotas mais eficientes de

    entrada e sada destes ncleos a partir de outras regies da cidade;verifique tambm rotas de atravessamento da regio paradeslocamentos que buscam conexo entre as outras regies da cidade).

    2) Analise o sistema virio de um loteamento recm implantado e asdisposies relativas ao sistema virio existentes nas leis deparcelamento do solo em vigor. As disposies esto sendo atendidas eso suficientes para garantir um sistema virio eficiente? O sistemavirio proposto define claramente uma hierarquizao viria adequadapara o loteamento dentro da sua concepo atual? Analise impactos eadaptaes eventualmente relacionados com cenrios plausveis de

    evoluo futura de seu entorno?

    3) Faa uma pesquisa sobre concepes virias propostas Identifique e

    Seria talvez possvel ir adiante em uma tipologia como a discutida acima mas as maiores cidades tem caractersticapeculiares que tornam cada configurao nica. Por um lado, a migrao de atividades residenciais de alta renda pafora das reas de maior acessibilidade e qualidade ambiental pode ser maior ou menor, dependendo da existncia decorredores de trfego de maior ou menor qualidade e de empreendimentos de grande porte adjacentes de maior oumenor poder de atendimento s suas necessidades. Por outro lado, a migrao de atividades residenciais de baixa

    renda para fora das reas centrais e adjacentes aos corredores arteriais depende do grau de presso imobiliria e dosurgimento de ncleos perifricos que os hospedem (no Brasil, estes ncleos foram muitas vezes gerados porloteamentos clandestinos, reas invadidas ou outros acidentes urbansticos, que logo pressionaram por servioslocais e de transportes que fixaram sua existncia).

    Naturalmente, as cidades menores e mdias tambm tem suas especificidades mas a regularidade notadas soconsideradas bastante fortes (especialmente onde faltam aes urbansticas fortes e planejadas para contrari-las, oque a regra, infelizmente). No se quer dizer, com esta observao, que as observaes gerais so suficientes paraanalisar o sistema virio de cada uma das cidades correspondentes. Da mesma forma, no se quer passar a impressde que existe uma seqncia inevitvel de evoluo das cidades e de adaptao, decorrente, do seu sistema virio. Ecidades pequenas ou mdias, pode-se tambm identificar diversos aspectos da estrutura urbana e viria que decorrem

    das suas peculiaridades (elementos ou barreiras naturais ou artificiais, vazios urbanos institucionais ou no,elementos com autonomia de localizao, como indstrias e rodovias, entre outros), sem anular a importncia dosaspectos gerais.

    Portanto, a apresentao feita acima visa simplesmente sublinhar alguns pontos:- a possibilidade de que problemas de trfego, eventualmente vistos como pontuais, tenham relao com u

    padro virio que exige uma adaptao estrutural para ter maior sobrevida;- a necessidade de ver as intervenes virias de forma articulada, de maneira a formarem uma estratgia

    viria com significao estrutural e articulao com a evoluo urbana;- a convenincia de ter uma viso prospectiva sobre a estrutura viria e urbana que responde de forma ma

    adequada aos objetivos finalmente perseguidos.

    Desta forma, uma viso de mais longo prazo pode ser utilizada como apoio para analisar os problemas de trfego(eventualmente percebidos como pontuais, em um dado momento) e selecionar formas de interveno que anunciem(de forma consciente, promovendo ou contendo) um padro de evoluo urbana correspondente.

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