artigo terapia de descongestionamento linfático para...

11
Terapia de descongestionamento linfático para pacientes com linfedema, associado com o carcinoma de mama Um Estudo Randomizado, Prospectivo de uma Função para Compressão Pneumática Intermitente Adjunta Andrzej Szuba, M.D., Ph.D. Radha Achalu, M.D. Stanley G. Rockson, M.D. Stanford Center for Lymphatic and Venous Disorders, Division of Cardiovascular Medicine, Stanford University School of Medicine, Stanford, California. Com apoio parcial da médica Susan G. Komen Breast Cancer Foundation. HISTÓRICO. A ruptura da circulação linfática por meio de dissecção do linfonodo axilar associado com carcinoma de mama, com ou sem radioterapia, é, relatadamente, a causa mais comum de linfedema nos países desenvolvidos. Não há cura para linfedema associado com carcinoma de mama. Embora a compressão pneumática intermitente (CPI) tenha sido reconhecida como um componente potencial da estratégia terapêutica multidisciplinar no tratamento de pacientes com linfedema associado a carcinoma de mama, o estudo prospectivo de sua segurança e eficácia adjuntas é exigido. MÉTODOS. A compressão pneumática intermitente foi avaliada como um componente do regime terapêutico inicial para as pacientes recémtratadas com linfedema associado ao carcinoma de mama. As 23 pacientes que não haviam sido tratados anteriormente para linfedema foram randomizados para receber a terapia de descongestionamento linfático isolada ou com compressão pneumática intermitente adjunta diária. Pacientes com linfedema associado à carcinoma de mama estável, tratado, também foram avaliados na fase de manutenção da terapia. As 27 pacientes foram randomizadas para terapia de descongestionamento linfático isolada ou combinada com compressão pneumática intermitente diária. Em ambos os estudos, a avaliação objetiva incluiu a medição de série por deslocamento de água, tonometria de tecido para avaliar a elastiocidade da pele e goniometria para medir a mobilidade das articulações. RESULTADOS. Durante o tratamento inicial, a adição de compressão pneumática intermitente a terapia de descongestionamento linfático permitiu uma redução média do volume: 45,3% vs. 26%; P < 0,05. Durante a manutenção de terapia de descongestionamento linfático isolada, houve um aumento médio em volume:32.7 ± 115.2 mL; com terapia de descongestionamento linfático e compressão pneumática intermitente houve uma redução média do volume: 89,5 ± 195,5 mL; P < 0,05. Em ambos os estudos, compressão pneumática intermitente foi bem tolerada sem efeitos adversos detectáveis sobre a elasticidade ou amplitude de movimento da articulação. CONCLUSÕES. Quando compressão pneumática intermitente é usada como adjuvante, junto de outros elementos estabelecidos de terapia de descongestionamento linfático, fornece uma melhoria da resposta terapêutica. A compressão pneumática intermitente é bemtolerada e, notavelmente, livre de complicações. Câncer 2002;95:2260–7. © 2002 American Cancer Society. DOI 10.1002/cncr.10976 PALAVRASCHAVE: linfedema, edema, carcinoma de mama, biocompressão.

Upload: doandung

Post on 10-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Terapia  de  descongestionamento  linfático  para  pacientes  com  linfedema,  associado  com  o  carcinoma  de  mama  

Um  Estudo  Randomizado,  Prospectivo  de  uma  Função  para  Compressão  Pneumática  Intermitente  Adjunta  

 

Andrzej  Szuba,  M.D.,  Ph.D.  

Radha  Achalu,  M.D.  

Stanley  G.  Rockson,  M.D.  

Stanford  Center  for  Lymphatic  and  Venous  Disorders,  Division  of  Cardiovascular  Medicine,  Stanford  University  School  of  Medicine,  Stanford,  California.  

Com  apoio  parcial  da  médica  Susan  G.  Komen  Breast  Cancer  Foundation.  

 

HISTÓRICO.  A  ruptura  da  circulação  linfática  por  meio  de  dissecção  do  linfonodo  axilar  associado  com  carcinoma  de  mama,  com  ou  sem  radioterapia,  é,  relatadamente,  a  causa  mais  comum  de  linfedema  nos  países  desenvolvidos.  Não  há  cura  para  linfedema  associado  com  carcinoma  de  mama.  Embora  a  compressão  pneumática  intermitente  (CPI)  tenha  sido  reconhecida  como  um  componente  potencial  da  estratégia  terapêutica  multidisciplinar  no  tratamento  de  pacientes  com  linfedema  associado  a  carcinoma  de  mama,  o  estudo  prospectivo  de  sua  segurança  e  eficácia  adjuntas  é  exigido.  

MÉTODOS.  A  compressão  pneumática  intermitente  foi  avaliada  como  um  componente  do  regime  terapêutico  inicial  para  as  pacientes  recém-­‐tratadas  com  linfedema  associado  ao  carcinoma  de  mama.  As  23  pacientes  que  não  haviam  sido  tratados  anteriormente  para  linfedema  foram  randomizados  para  receber  a  terapia  de  descongestionamento  linfático  isolada  ou  com  compressão  pneumática  intermitente  adjunta  diária.  Pacientes  com  linfedema  associado  à  carcinoma  de  mama  estável,  tratado,  também  foram  avaliados  na  fase  de  manutenção  da  terapia.  As  27  pacientes  foram  randomizadas  para  terapia  de  descongestionamento  linfático  isolada  ou  combinada  com  compressão  pneumática  intermitente  diária.  Em  ambos  os  estudos,  a  avaliação  objetiva  incluiu  a  medição  de  série  por  deslocamento  de  água,  tonometria  de  tecido  para  avaliar  a  elastiocidade  da  pele  e  goniometria  para  medir  a  mobilidade  das  articulações.  

RESULTADOS.  Durante  o  tratamento  inicial,  a  adição  de  compressão  pneumática  intermitente  a  terapia  de  descongestionamento  linfático  permitiu  uma  redução  média  do  volume:  45,3%  vs.  26%;  P  <  0,05.  Durante  a  manutenção  de  terapia  de  descongestionamento  linfático  isolada,  houve  um  aumento  médio  em  volume:32.7  ±  115.2  mL;  com  terapia  de  descongestionamento  linfático  e  compressão  pneumática  intermitente  houve  uma  redução  média  do  volume:  89,5  ±  195,5  mL;  P  <  0,05.  Em  ambos  os  estudos,  compressão  pneumática  intermitente  foi  bem  tolerada  sem  efeitos  adversos  detectáveis  sobre  a  elasticidade  ou  amplitude  de  movimento  da  articulação.  

CONCLUSÕES.  Quando  compressão  pneumática  intermitente  é  usada  como  adjuvante,  junto  de  outros  elementos  estabelecidos  de  terapia  de  descongestionamento  linfático,  fornece  uma  melhoria  da  resposta  terapêutica.  A  compressão  pneumática  intermitente  é  bem-­‐tolerada  e,  notavelmente,  livre  de  complicações.  Câncer  2002;95:2260–7.  ©  2002  American  Cancer  Society.  DOI  10.1002/cncr.10976  

 

PALAVRAS-­‐CHAVE:  linfedema,  edema,  carcinoma  de  mama,  biocompressão.  

Linfedema  pode  ser  definido  como  o  acúmulo  generalizado  ou  regional  de  fluído  intersticial,  rico  em  proteínas,  decorrente  de  uma  má-­‐formação,  subdesenvolvimento  ou  ruptura  adquirida  da  circulação  linfática.  Com  comprometimentos  crônicos  na  drenagem  linfática,  o  estado  edematoso  subsequente  é  caracterizado  com  o  tempo  pela  proliferação  secundária  de  fibroblastos,  queratinócitos  e  adipócitos;  o  acúmulo  de  colágeno;  e  a  destruição  de  fibras  de  elastina  dentro  da  pele.  

Edema  do  braço  após  dissecção  do  linfonodo  axilar  é  relatadamente  a  causa  mais  comum  de  linfedema  em  países  desenvolvidos.    

1  Em  geral,  sem  relação  com  a  abordagem  cirúrgica  individual  ou  tempo  passado  desde  o  tratamento,  aproximadamente  uma  em  cada  quatro  mulheres  desenvolve  edema  do  braço  após  o  tratamento  de  carcinoma  de  mama.    

2  Uma  vez  estabelecido,  o  linfedema  tem  uma  tendência  inexorável  para  progredir.    

3  Embora  o  risco  de  desenvolvimento  de  linfedema  após  terapia  para  carcinoma  de  mama  tenha  sido  associado  com  fatores  de  risco  anatômicos,  como  a  extensão  da  dissecção  do  linfonodo  axilar  e  a  exposição  da  paciente  a  radiação  axilar,  essa  consciência  reduziu,  mas  não  eliminou,  o  problema  de  linfedema  associado  com  carcinoma  de  mama.  

3.1  O  edema  de  extremidade  superior  tem  um  efeito  prejudicial  sobre  a  percepção  da  qualidade  de  vida  das  mulheres.  

4  Pacientes  com  edema  de  braço  após  a  terapia  de  carcinoma  de  mama  apresentam  comprometimento  funcional,  morbidez  psicológica  e  redução  na  qualidade  de  vida.  Com  notáveis  avanços  acumulados  tanto  na  detecção  precoce  do  carcinoma  de  mama  quanto  na  aplicação  bem-­‐sucedida  de  terapias  adjuvantes  eficazes,  é  cada  vez  mais  frequente  que  medidas  de  tratamento  adequadas  sejam  desenvolvidas  para  minimizar  as  sequelas  de  terapia  de  carcinoma  de  mama,  como  linfedema,  que  comprometem  o  status  funcional  ou  a  percepção  de  qualidade  de  vida  das  pacientes.  

Não  há  cura  para  o  linfedema  associado  com  carcinoma  de  mama.  Uma  variedade  de  intervenções  fisioterapêuticas  foi  proposta  para  controle  dos  sintomas  e  para  minimizar  complicações.  Em  1998,  a  Sociedade  Americana  de  Combate  ao  Câncer  conduziu  uma  conferência  internacional  para  abordar  a  necessidade  de  priorizar  o  diagnóstico  e  as  estratégias  de  tratamento  para  pacientes  com  linfedema  associado  a  carcinoma.  As  recomendações  do  estudo  enfatizaram  o  uso  agressivo  de  uma  variedade  de  intervenções  fisioterapêuticas  para  controlar  os  sintomas  do  linfedema  e  minimizar  complicações.  Desta  forma,  a  investigação  prospectiva  dos  elementos  padrões  de  terapia  de  descongestionamento  linfático  inclui:  massagem  linfática  manual,  bandagem  compressiva  multicamadas  e  uso  de  vestimentas  compressoras.  Estas  validam  as  ações  de  intervenção  para  o  controle  do  linfedema  adquirido.  

Embora  a  Compressão  Pneumática  Intermitente  (CPI)  tenha  sido  reconhecida  como  um  componente  potencial  da  abordagem  multidisciplinar  e  terapêutica  para  o  tratamento  de  pacientes  com  linfedema  associado  ao  carcinoma,  a  documentação  conclusiva,  prospectiva  da  função  benéfica  dessa  modalidade  não  foi  fornecida.  De  acordo  com  os  pesquisadores,  o  estudo  randomizado  foi  desenvolvido  para  investigar  a  segurança  e  a  eficácia  relativa  da  terapia  de  compressão  pneumática  para  tratamento  de  pacientes  com  linfedema  de  

extremidade  superior  associado  com  carcinoma  de  mama  quando  usada  em  paralelamente  com  bandagem  de  compressão  e  massagem  linfática  manual.  

MATERIAIS  E  MÉTODOS  

Desenho  do  Estudo  

A  avaliação  prospectiva  da  terapia  de  compressão  pneumática  intermitente  em  pacientes  com  linfedema  associado  ao  carcinoma  de  mama  foi  realizada  em  duas  fases.  Na  primeira  fase  (Estudo  1),  a  compressão  pneumática  intermitente  foi  avaliada  quanto  a  sua  função  como  componente  da  terapia  escongestionante  inicial  prescrita  para  pacientes  com  linfedema,  anteriormente  não  tratado.  Tratou-­‐se  de  um  estudo  randomizado  de  dez  dias,  com  acompanhamento  de  30  dias.  Na  segunda  fase  (Estudo  2),  um  estudo  prospectivo  foi  realizado  para  avaliar  o  benefício  adjuntivo  da  compressão  pneumática  intermitente  para  terapia  de  manutenção  em  pacientes  com  linfedema  associado  a  carcinoma  de  mama  estável,  crônico.  Esse  estudo  foi  conduzido  com  desenho  cruzado  randomizado,  de  dois  meses  e  incluiu  um  acompanhamento  de  seis  meses.  

Pacientes  -­‐  Estudo  1  (terapia  inicial)  

Pacientes  com  linfedema  da  extremidade  superior  após  intervenções  cirúrgicas  e  radioterapêuticas  para  carcinoma  de  mama  eram  elegíveis  para  inscrição.  O  recrutamento  foi  realizado  a  partir  da  população  de  pacientes  que  se  apresentaram  ao  Stanford  Center  for  Lymphatic  and  Venous  Disorders  para  avaliação  prospectiva  de  edema  de  extremidade  superior  no  quadro  de  terapia  para  carcinoma  de  mama.  As  características  das  pacientes  encontram-­‐se  na  Tabela  1.  

Critérios  de  inclusão  e  exclusão  para  o  Estudo  1  

As  pacientes  eram  elegíveis  para  inclusão  caso  apresentassem  linfedema  associado  a  carcinoma  de  mama,  definido  como  a  presença  de  um  aumento  ≥  20%  no  volume  do  membro  inchado,  em  comparação  com  o  volume  do  braço  contralateral  normal.  Por  isso,  pacientes  com  doença  bilateral  foram  excluídos.  O  volume  era  avaliado  por  volumetria  de  deslocamento  de  água,  conforme  descrito  abaixo.  Exigia-­‐se  que  as  pacientes  tivessem  um  intervalo  de  pelo  menos  12  semanas  após  a  conclusão  de  terapia  de  carcinoma  de  mama,  ou  seja,  cirurgia,  radioterapia  ou  ambas,  antes  da  inscrição  no  estudo.  Evidências  de  linfedema  bilateral;  recorrência  de  carcinoma  de  mama;  infecção  clínica  ativa;  ou  oclusão  venosa  concomitante,  clinicamente  evidente  constituíram  os  critérios  de  exclusão  para  o  Estudo  1.  

 

TABELA  1  

Dados  Demográficos  por  Grupo  de  Pacientes  no  Estudo  1    Variável   Grupo  I   Grupo  II  Número  de  Pacientes   12   11  Idade  (anos)      

Média  ±  (SD)   68,8  ±  9,11   65  ±  10,8  Faixa   56–81   47–81  Duração  do  edema  (meses)      

Média  ±  (SD)   41,1  ±  62,3   35,6  ±  21,6  

Faixa   3–180   3–72  Volume  excessivo  do  membro  (%)      

Média  ±  (SD)   41  ±  32,9   43,8  ±  24,3  

Faixa   11–104   16,5–86  Dissecção  axilar  isolada  (No)   2   5  Histórico  de  terapia  de  radiação  (No)   10   6  Histórico  de  celulite  recorrente  (No)   4   3  Histórico  de  hipertensão  (No)   5   4  Redução  de  mobilidade  de  articulação  (No)   8   3  

 

Estudo  2  (terapia  de  manutenção)  

Pacientes  com  linfedema  associada  a  carcinoma  de  mama  estável,  tratado,  da  extremidade  superior  eram  elegíveis  para  randomização  para  o  Estudo  2.  

Critérios  de  inclusão  e  exclusão  para  o  Estudo  2  

As  pacientes  seriam  elegíveis  para  inclusão  no  Estudo  2  caso  apresentassem  linfedema  crônico  de  extremidade  única,  como  consequência  de  terapia  anterior  para  carcinoma  de  mama  e  tivessem  concluído  a  fase  inicial  da  terapia  de  descongestionamento  linfático  intensiva  por  pelo  menos  um  mês  e  menos  de  um  ano  antes  da  ocasião  de  inscrição  no  estudo.  Os  critérios  de  exclusão  incluíram  a  presença  de  malignidade  recorrente,  infecção  ativa,  evidência  clínica  de  obstrução  venosa  ou  linfedema  bilateral  da  extremidade  superior.  

Para  ambos  os  estudos,  o  consentimento  informado  foi  obtido  de  todas  as  pacientes.  O  estudo  foi  realizado  sob  os  auspícios  do  Comitê  de  Revisão  Institucional  da  Stanford  University.  

 

Métodos  de  Tratamento  

Terapia  de  descongestionamento  linfático  (TDL)  foi  realizada  conforme  descrito  anteriormente.  Em  resumo,  a  terapia  de  descongestionamento  linfático  é  uma  abordagem  multidisciplinar,  fisioterapêutica  para  melhorar  o  fluxo  linfático  e  reduzir  o  volume  excessivo  do  membro  de  linfedema.  Todas  as  pacientes  receberam  sua  terapia  ambulatorial  no  Stanford  Center  for  Lymphatic  and  Venous  Disorders.  Cada  sessão  de  terapia  incluía  drenagem  linfática  manual,  de  30  minutos  à  1  hora,  conforme  o  necessário,  curativo  compressivo  do  membro  com  bandagens  minimamente  elásticas  e  exercícios  de  descongestionamento.    A  drenagem  linfática  manual  foi  realizada  de  acordo  com  a  técnica  defendida  pela  Vodder  School.  

Em  cada  sessão  de  tratamento,  a  massagem  era  seguida  de  exercícios  de  descongestionamento  e  bandagem  compressiva  multicamadas,  de  baixa  elasticidade  (Comprilan®;  Beiersdorf,  Germany).    

As  bandagens  foram  deixadas  no  lugar  por  todo  o  intervalo  que  compreende  as  manipulações  diárias  e  sucessivas.  Cada  paciente  recebeu  dez  dias  de  terapia  de  descongestionamento  linfático  diária.    

Quando  a  terapia  de  compressão  pneumática  intermitente  foi  aplicada  à  ramificação,  tratada  com  uma  manga  pneumática  de  quatro  câmaras  e  uma  bomba  pneumática  sequencial  de  gradiente  (Sequential  Circulator  2004;  BioCompression  Systems  Inc.).  Um  ajuste  de  pressão  de  

40–50  mmHg  foi  usado.  No  Estudo  1,  para  as  pacientes  que  foram  randomizados  para  essa  ramificação  de  tratamento,  a  compressão  pneumática  intermitente  foi  realizada  diariamente  por  30  minutos,  nos  ajustes  de  pressão  indicados.  No  Estudo  2,  a  compressão  pneumática  intermitente  foi  descrita  como  uma  sessão  diária,  autoadministrada  por  60  minutos,  nos  mesmos  ajustes  de  pressão.  

Regimes  de  Tratamento  

Estudo  1  

As  pacientes  foram  randomizadas  para  um  de  dois  grupos  de  tratamento.  No  Grupo  I,  a  compressão  pneumática  intermitente  (30  minutos  a  40–50  mm  Hg)  foi  realizada  diariamente  após  a  drenagem  linfática  manual  e  antes  da  bandagem  de  Compressão.    

As  pacientes  no  Grupo  II  receberam  terapia  descongestionante  padrão,  inicial,  sem  a  compressão  pneumática  intermitente  adjunta.    

Após  a  conclusão  da  intervenção  inicial,  todas  as  pacientes  receberam  uma  vestimenta  de  compressão  de  Classe  II  (MEDI  USA)  para  uso  diário.  As  pacientes  foram  instruídas  sobre  as  técnicas  de  autoaplicação  de  massagem  linfática  manual,  que  foram  continuadas  diariamente  em  casa,  após  a  conclusão  da  intervenção  descongestionante  inicial.  Avaliações  de  volume  de  membro,  elasticidade  de  tecido  e  mobilidade  de  articulação  foram  realizadas  na  ocasião  de  inscrição  e  subsequentemente  nos  dias  10  e  40  (acompanhamento,  dia  30)  do  estudo.  

Estudo  2  

Após  uma  avaliação  objetiva  inicial  do  volume  de  membro  e  tonometria  cutânea,  as  pacientes  foram  randomizados  para  uma  de  duas  ramificações  do  estudo.  Na  primeira  ramificação  do  estudo,  as  pacientes  eram  instruídas  simplesmente  a  continuar  as  medidas  de  manutenção  para  linfedema  (massagem  linfática  manual  diária,  autoadministrada  e  a  vestimenta  de  compressão  de  Classe  II).    

Na  segunda  ramificação  do  estudo,  essas  técnicas  de  manutenção  eram  complementadas  com  1  hora  de  a  compressão  pneumática  intermitente.  Cada  paciente  recebia  uma  bomba  pneumática  sequencial  de  gradiente  (Sequential  Circulator  2004;  BioCompression  Systems  Inc.)  para  uso  doméstico.  Todas  as  pacientes  foram  reavaliadas  após  1  mês  de  terapia  e,  portanto,  o  cruzamento  para  a  ramificação  alternativa  era  realizado  durante  o  segundo  mês,  e  uso  foi  seguido  de  uma  reavaliação  objetiva,  completa.  

Avaliações  de  qualidade  eram  realizadas  na  ocasião  de  inscrição  e  na  conclusão  de  cada  ramificação  do  estudo.  Mediante  a  conclusão  de  ambas  as  ramificações  do  estudo,  cada  paciente  recebeu  a  oportunidade  de  manter  o  uso  doméstico  adjuntivo  de  terapia  de  compressão  pneumática.  Todos  esses  pacientes  foram  reavaliados  objetivamente  após  um  período  de  6-­‐12  meses  de  terapia  contínua.  A  conformidade  com  a  terapia  foi  avaliada  por  meio  de  uma  entrevista  de  saída  da  paciente  e  na  conclusão  do  estudo.  

 

Medições  e  avaliações    

Volumetria  de  tanque  

Volumetria  de  deslocamento  de  água  foi  usada  para  quantificar  o  volume  do  membro  antes  da  randomização  e  em  cada  avaliação  clínica  subsequente.  Cada  membro  era  imerso  

sequencialmente  em  um  tanque  cheio  de  água.  O  fluído  deslocado  era  coletado  e  medido.  A  paciente  repousava  a  mão  imersa  em  uma  barra  plástica  posicionada  dentro  do  tanque  para  garantir  a  consistência  na  profundidade  de  imersão  com  determinações  de  volume  repetitivas,  sequenciais.  

A  resposta  à  intervenção  terapêutica  (TDL  e  CPI  vs.  TDL  isolada)  foi  quantificada  como  a  redução  na  porcentagem  em  volume  de  membro  (Estudo  1)  ou  a  redução  absoluta  no  volume  do  membro  (Estudo  2),  como  segue:  VpreA:  volume  do  braço  afetado  antes  do  tratamento;  VpreN:  volume  do  braço  não  afetado  antes  do  tratamento;  VpostA:  volume  do  braço  afetado  após  o  tratamento;  VpostN:  volume  do  braço  não  afetado  após  o  tratamento;  Δpre  diferença  de  volume  do  braço  antes  do  tratamento  (VpreA  -­‐  VpreN);  Δpost  diferença  de  volume  do  braço  antes  do  tratamento  (VpostA  -­‐  VpostN);  redução  de  volume  do  braço  absoluta:  Δpre  -­‐  Δpost  e  %  de  redução  de  volume:  [(Δpre  x  Δpost)  /  Δpre]  x  100.  

Tonometria  Cutânea  

As  medições  de  tonometria  cutânea  foram  realizadas  conforme  descrito  anteriormente.13,14  Usamos  um  tonômetro  mecânico  com  diâmetro  de  base  de  1  cm  e  peso  de  sonda  de  60  g.  A  sonda  era  aplicada  à  pele  do  antebraço  por  1  minuto  antes  do  registro  quantitativo  da  profundidade  de  descida  da  sonda  como  medição  de  elasticidade  de  tecido.  

Goniometria  

A  amplitude  de  movimento  das  articulações  do  ombro,  cotovelo  e  punho  foi  quantificada  com  as  técnicas  padrão  de  goniometria.15  A  quantificação  de  amplitude  de  movimento  foi  realizada  antes  da  randomização.  Para  todas  as  pacientes  com  comprometimento  da  amplitude  de  movimento  na  visita  basal,  o  efeito  de  randomização  terapêutica  sobre  a  movimentação  da  articulação  foi  reavaliado  em  cada  reavaliação  clínica.  

Percentual  de  Redução  de  Edema  terapia  de  descongestionamento  linfático  e  compressão  pneumática  intermitente  

 

FIGURA  1.  O  efeito  de  compressão  pneumática  intermitente  (CPI)  adjunta  sobre  terapia  de  descongestionamento  linfático  (TDL)  inicial   em   pacientes   com   linfedema   associado   ao   carcinoma   de  mama.   Os   dados   representam   a   redução   de   porcentagem   no  volume  do  membro  obtida  após  10  dias  de  terapia  diária  com  1)  TDL  mais  CPI  ou  2)  TDL  isolada.  Os  dados  são  fornecidos  como  o  desvio  médio  ±  padrão  para  cada  grupo.  O  asterisco  denota  uma  diferença  estatisticamente  significativa  (P  <  0,05,  teste  de  t  sem  par).  

Análise  de  dados  

Os  dados  foram  avaliados  usando  teste  de  t  com  e  sem  par  e  análises  de  variante.  

 

RESULTADOS  

Estudo  1  

Demografia  

As  23  mulheres  com  linfedema  de  braço  foram  recrutadas  para  o  estudo.  A  média  de  idade  das  pacientes  era  de  66,9  anos  (faixa  de  47–81  anos),  e  a  duração  média  de  linfedema  de  braço  não  tratado  foi  de  48,3  meses  (faixa,  3–180  meses).  Para  essas  pacientes,  o  tempo  médio  passado  desde  a  terapia  para  carcinoma  de  mama  foi  de  144,1  meses  (faixa  de  11–408  meses).  Sendo  que  16  de  23  pacientes  já  haviam  passado  por  terapia  de  radiação  adjunta.  Já  sete  pacientes  tiveram  histórico  de  celulite  recorrente  e  oito  pacientes  tiveram  histórico  de  hipertensão.  

Respostas  Clínicas  

As  12  pacientes  foram  randomizadas  para  o  Grupo  I  (TDL  mais  CPI)  e  11  pacientes  foram  randomizadas  para  o  Grupo  II  (TDL  isolada).  Após  2  semanas  de  tratamento,  a  redução  percentual  média  no  volume  do  braço  edematoso  foi  de  45,3%  para  o  Grupo  I  e  26%  para  o  Grupo  II  (P  <  0,05,  Fig.  1).  Os  benefícios  terapêuticos  foram  duráveis:  após  a  conclusão  da  terapia  intensiva,  no  dia  40,  a  média  de  redução  do  volume  foi  de  30,3%  (faixa,  -­‐  13%  a  83%)  para  o  Grupo  1  e  27,1%  (faixa,  -­‐  23%  a  59,5%)  para  o  Grupo  2.  Esses  resultados  não  foram  significativamente  diferentes  em  comparação  com  os  resultados  observados  no  dia  10.  

Para  cada  grupo  de  tratamento,  as  medições  de  tonometria  seriais  de  elasticidade  cutânea  não  revelaram  diferenças  significativas  entre  os  valores  pré-­‐tratamento  e  os  valores  pós-­‐tratamento  (teste  de  t  com  par).  Além  disso,  uma  comparação  entre  TDL  mais  CPI  (2,4  mm  ±  0,7  mm)  e  TDL  isolada  (2,3  mm  ±  5,7  mm)  não  revelaram  diferenças  significativas  (teste  de  t  sem  par).  

   

FIGURA  2.  O  efeito  de  escolhas  terapêuticas  sobre  a  mobilidade  das  articulações  após  terapia  de  descongestionamento  inicial  e  após  30  dias  de  acompanhamento.  Todas  as  determinações  de  amplitude  de  movimento  foram  obtidas  por  goniometria  padrão.  O  gráfico  representa  os  dados  derivados  das  pacientes  que  apresentaram  um  comprometimento  pré-­‐tratamento  de  mobilidade  de  articulações.  Como  o  número  de  pacientes  do  Grupo  II  com  problemas  de  mobilidade  pré-­‐existentes  foi  pequeno  (vide  a  Tabela  1),  os   dados   representam   as   medições   agregadas   das   pacientes   no   Grupo   I   e   no   Grupo   II.   As   pacientes   que   não   apresentaram  comprometimento  inicial  dessa  mobilidade  de  articulação  não  sofreram  alterações  durante  ou  após  a  terapia  e  não  são  exibidos.  

 

Eventos  Adversos  

A  adição  de  CPI  às  técnicas  de  TDL  padrão  foi  bem  tolerada  quase  universalmente.  Em  uma  instância,  uma  paciente  do  Grupo  II  experimentou  repetidamente  dor  de  cabeça  e  aumentos  modestos  na  pressão  arterial  durante  a  terapia  com  bomba  de  compressão  pneumática.  

Goniometria  

A  fim  de  examinar  o  potencial  de  consequências  adversas  de  CPI  sobre  a  mobilidade  de  articulação,  examinamos  o  efeito  da  terapia  adjunta  sobre  o  subgrupo  de  indivíduos  que  apresentaram  comprometimento  da  amplitude  de  movimento  na  ocasião  da  randomização.  Ombros,  cotovelos  e  punhos  foram  avaliados  por  goniometria  juntamente  com  supinação  de  antebraço.  As  11  de  23  pacientes  no  Estudo  I  (48%)  tinham  evidência  objetiva  de  comprometimento  na  amplitude  de  movimentação  na  visita  basal.  Desses,  oito  pacientes  foram  randomizados  para  receber  terapia  de  TDL  mais  CPI  (Grupo  I)  e  três  pacientes  receberam  apenas  TDL  (Grupo  II).  

Depois  que  as  pacientes  receberam  a  terapia  para  redução  de  volume  inicial,  a  mobilidade  da  articulação  melhorou  uniformemente  (P  =  0,011;  na  visita  basal  em  comparação  com  após  o  tratamento),  sem  relação  ao  grupo  de  tratamento  (Fig.  2).  Não  houve  diferenças  significativas  entre  as  alterações  observadas  na  conclusão  do  tratamento  (Dia  10)  e  no  Dia  40.  

 

Estudo  2  

Demografia  

As  27  pacientes  foram  recrutadas  para  o  estudo,  com  média  de  idade  de  65,9  anos  (faixa  de  43–81  anos).  A  duração  média  de  linfedema  foi  de  60  meses  (faixa  de  3–480  meses)  e  o  tempo  médio  após  a  cirurgia  foi  de  113,7  meses.  25  de  27  pacientes  concluíram  o  estudo.  Duas  pacientes  retiraram-­‐se  voluntariamente.  

Respostas  Clínicas  

Durante  o  mês  de  terapia  de  manutenção  autoadministrada  com  TDL  isolada,  houve  um  aumento  no  desvio  de  média  ±  padrão  no  volume  do  membro  tratado  de  32,7  ±  115,2  mL.  Não  houve  efeito  aparente  de  ordem  de  tratamento.  Inversamente,  durante  o  mês  de  terapia  que  incluiu  CPI  adjunta  autoadministrada,  sem  efeito  perceptível  da  ordem  do  tratamento,  houve  uma  redução  de  volume  média  de  89,5  ±195,5  mL  (P  <  0,05;  Fig.  3).  A  tonometria  realizada  na  conclusão  do  Estudo  II  não  revelou  nenhuma  diferença  significativa  entre  o  grupo  randomizado  para  receber  CPI  primeiro  (2,2  mm  ±  0,6  mm)  e  o  grupo  randomizado  para  receber  TDL  primeiro  (1,9  mm  ±  0,8  mm;  teste  de  t  sem  par).  Não  houve  respostas  adversas  observadas  a  CPI  de  manutenção.  

 

Estudo  de  acompanhamento  

De  25  pacientes  que  concluíram  o  Estudo  2,  20  pacientes  optaram  por  continuar  o  uso  da  bomba  como  adjunto  a  sua  TDL  de  manutenção  diária.  Uma  paciente  morreu  durante  o  estudo  de  acompanhamento;  as  24  pacientes  restantes  ficaram  disponíveis  para  reavaliação  de  acompanhamento  em  6  meses.  Dezenove  dessas  24  pacientes  haviam  continuado  a  usar  a  bomba  na  ocasião  de  reavaliação,  com  frequência  média  relatada  de  4  vezes  por  semana.    

Dessas  19  pacientes,  houve  uma  redução  subsequente  média  adicional  de  29,1  mL  em  comparação  com  o  volume  de  membro  documentado  na  conclusão  do  Estudo  2;  Nas  cinco  pacientes  que  optaram  por  descontinuar  a  CPI,  houve  um  aumento  médio  no  volume  do  braço  de  35  mL.  Não  foram  relatadas  consequências  adversas  de  CPI.  

A  amplitude  de  movimento  foi  avaliada  no  início  do  estudo  e  no  acompanhamento.  As  17  pacientes  com  comprometimento  pré-­‐tratamento  estavam  disponíveis  para  análise  de  acompanhamento.  15  dessas  17  pacientes  continuaram  CPI  em  casa.  Todas  as  17  pacientes  continuaram  TLD  padrão,  incluindo  a  massagem  autoadministrada  e  a  aplicação  da  vestimenta  de  compressão.  A  mobilidade  da  articulação  melhorou  com  o  tempo  em  todas  as  pacientes.  

 

 

Figura  3.  O  efeito  das  escolhas  terapêuticas  sobre  o  edema  de  volume  após  uma  terapia  de  manutenção  crônica  em  pacientes  com  linfedema  associado  a  carcinoma  de  mama.  Os  dois  regimes  terapêuticos  foram  avaliados  em  um  desenho  cruzado  de  primeiro  mês.  Para  fisioterapia  de  descongestionamento  linfático  (TDL)  isolada,  sem  um  efeito  ou  ordem  de  tratamento,  as  pacientes  de  ambos  os  grupos  randomizados  experimentaram  um  leve  aumento  médio  no  volume  do  edema,  conforme  detectado  pela  volumetria  de  deslocamento.  Em  contraste,  TDL  em  combinação  com  compressão  pneumática,  sem  relação  com  a  ordem  do  tratamento,  possibilitou  um  aumento  médio  adicional  no  volume  do  edema.  Os  dados  são  fornecidos  como  o  desvio  médio  ±  padrão  para  cada  grupo.  O  asterisco  denota  uma  diferença  estatisticamente  significativa  (P  <  0,05,  teste  de  t  com  par).  

 

DISCUSSÃO  

O  linfedema  da  extremidade  superior  é  uma  ocorrência  comum  após  as  pacientes  passarem  pela  cirurgia  das  mamas  e  radioterapia  para  manejo  do  carcinoma  de  mama.  Nos  Estados  Unidos  foi  estimado  para  2012,  ano  da  publicação  deste  artigo,  que  aproximadamente  400  mil  pacientes  seriam  afetadas  por  linfedema  da  extremidade  superior.  Esse  número  pode  estar  subestimado  já  que  a  definição  de  linfedema  em  alguns  estudos  apresenta  critérios  subjetivos  ou  documentação  objetiva  de  linfedema  na  ausência  de  critérios  bem  definidos  ou  

amplamente  aceitos,  e  a  maioria  dos  estudos  disponíveis  em  pacientes  com  carcinoma  de  mama  é  retrospectiva.  Além  disso,  estimativas  prognósticas  atuais  preveem  um  aumento  na  incidência  de  carcinoma  de  mama  nos  Estados  Unidos,  de  185.000  por  ano  a  420.000  por  ano,  nos  próximos  20  anos.    

O  aumento  na  incidência  de  carcinoma  de  mama  pode  produzir  um  aumento  de  linfedema  secundário  independente  dos  desenvolvimentos  na  cirurgia  de  conservação  da  mama  e  biópsia  de  linfonodo  de  sentinela.  A  abordagem  cada  vez  mais  popular  de  biópsia  de  linfonodo  sentinela  se  destina  a  eliminar  a  necessidade  de  dissecção  de  linfonodo  auxiliar.  No  entanto,  a  pesquisa  aponta  que  46%  das  pacientes  elegíveis  que  manifestaram  linfonodo  sentinela  positivo  não  eliminam  o  aparecimento  do  linfedema.  A  dissecção  de  linfonodo  axilar  se  correlaciona  positivamente  com  sobrevida  de  10  anos  em  pacientes  com  carcinoma  de  mama  e  continua  a  ser  empregada  para  a  maioria  das  pacientes  com  doença  em  estágio  inicial.  

Já  a  Terapia  de  Descongestionamento  Linfático  (TDL),  tratamento  mais  popular  para  pacientes  com  linfedema,  inclui  a  drenagem  linfática  manual  e  bandagem  compressiva,  com  o  intuito  de  simular  o  transporte  linfático  cutâneo,  juntamente  com  exercícios  descongestivos  e  cuidados  meticulosos  com  a  pele.  

Os  estudos  demonstram  melhoria  com  o  transporte  de  proteínas  linfáticas,  no  fluxo  linfático,  com  a  utilização  da  Compressão  Pneumática  Intermitente,  quando  bem  estabelecida.  Historicamente,  a  bomba  de  compressão  pneumática  é  utilizada  como  terapia  única  para  pacientes  com  linfedema  e,  provavelmente,  foi  a  modalidade  de  tratamento  mais  prescrita  para  linfedema  nos  Estados  Unidos.    

A  incorporação  da  bomba  de  Compressão  Pneumática  Intermitente,  em  uma  abordagem  terapêutica  multidisciplinar,  é  utilizada  há  muito  tempo  empiricamente  por  algumas  escolas  fisioterapêuticas.  Diversos  estudos  iniciais  se  propuseram  a  demonstrar  a  eficácia  de  bombas  como  uma  intervenção  terapêutica  única  para  pacientes  com  linfedema;  no  entanto,  relatos  individuais  de  complicações  e  falta  de  eficácia  tenderam  a  abafar  o  entusiasmo  pelo  uso  da  bomba  de  Compressão  Pneumática  Intermitente,  sendo  esta  a  razão  para  este  estudo.  

Os  resultados  de  nossa  investigação  sugerem  que  a  bomba  de  Compressão  Pneumática  Intermitente,  quando  somada  a  outras  opções  terapêuticas,  possibilita  uma  melhoria  da  resposta  com  o  descongestionamento  linfático  e  na  manutenção  da  redução  do  volume  do  membro.  A  bomba  de  Compressão  Pneumática  é  livre  de  complicações  e,  de  acordo  com  as  pacientes  que  concluíram  este  estudo,  é  bem  tolerada.  

Foi  alegado  que  a  bomba  Compressão  Pneumática  Intermitente  poderia  contribuir  com  a  retenção  inapropriada  no  tecido  de  proteína  intersticial,  levando  a  um  excesso  de  fibrose  cutânea,  como  também  na  redução  da  mobilidade  da  articulação.  Assim,  optamos  por  observar  as  pacientes  na  investigação  para  aferir  as  alterações  na  elasticidade  do  tecido  (conforme  detectadas  por  tonometria  serial)  e  quanto  à  amplitude  de  movimentação  (por  goniometria  serial  das  grandes  articulações  da  extremidade  superior).  Em  nenhum  caso  houve  qualquer  evidência  de  deterioração  que  pudesse  ser  associada  à  adição  da  bomba  Compressão  Pneumática  Intermitente  ao  regime  terapêutico.  

Os  resultados  da  investigação  suportam  a  observação,  relatada  em  estudos  anteriores,  de  que  bombas  de  compressão  pneumáticas  podem  ser  usadas  de  forma  segura  e  eficaz  para  o  tratamento  de  pacientes  com  linfedema  associado  a  carcinoma  de  mama.    

No  entanto,  não  avaliamos  as  reivindicações  de  que  a  Compressão  Pneumática  Intermitente  tenha  sido  prejudicial  à  saúde.  A  investigação  atual  sugere  que  o  uso  de  bomba  de  Compressão  Pneumática  Intermitente  pode  ser  usado  efetivamente  na  abordagem  terapêutica  para  pacientes  com  linfedema  associado  com  carcinoma  de  mama.  Em  vista  das  ramificações  psicossociais  importantes  de  linfedema,  associado  com  carcinoma  de  mama,  a  facilidade  da  aplicação  da  bomba  com  a  intervenção  terapêutica  de  longo  prazo,  sugere  que  é  possível  popularizar  a  Compressão  Pneumática  Intermitente  junto  destas  pacientes.  

A  aparente  eficácia  e  tolerabilidade  da  Compressão  Pneumática  Intermitente  justifica  uma  avaliação  adicional  de  sua  função  na  abordagem  terapêutica  a  lifedema  crônico,  secundário.  Certamente,  deve  ser  possível  extrapolar  nossas  observações  obtidas  em  pacientes  com  linfedema  associado  a  carcinoma  de  mama  a  indivíduos  com  outros  tipos  iatrogênicos  de  linfedema  adquirido,  incluindo  linfedema  como  resultado  de  outras  doenças  neoplásicas,  como  linfoma,  melanoma  maligno  e  malignidades  urológicas  e  ginecológicas,  entre  outros.  Além  disso,  avaliações  mais  formais  do  impacto  sobre  a  qualidade  de  vida  e  custo  de  cuidados  devem  ser  realizadas.  Limitações  adicionais  dos  estudos  atuais  incluem  a  população  de  amostra  relativamente  pequena  e  clinicamente  diversa,  ou  seja,  mais  estudos  permitirão  a  correção  dessas  características  e,  servirão  para  confirmar  a  maior  aplicabilidade  de  nossas  observações.  

O  estudo  atual  não  foi  projetado  como  uma  avaliação  formal  do  custo  eficácia  da  Compressão  Pneumática  Intermitente,  embora  se  possa  chegar  a  determinadas  conclusões.  Nas  fases  iniciais  da  terapia  de  linfedema,  pode-­‐se  esperar  que  a  adição  da  bomba  ao  tratamento  aumentaria  levemente  o  custo  da  terapia,  embora  os  custos  de  uso  fixados  possam  ser  compensados  em  parte  pelas  reduções  no  tempo  gasto  pelos  terapeutas  com  a  paciente.  Pode-­‐se  esperar  também  que  a  Compressão  Pneumática  Intermitente  tenha  seu  maior  impacto  econômico  na  fase  crônica  da  terapia,  durante  a  qual  o  dispositivo  pode  ajudar  a  manter  o  efeito  terapêutico  em  pacientes  que  não  recebam  mais  intervenções  ativas  dos  terapeutas.  Isso,  por  sua  vez,  pode  ser  convertido  em  uma  redução  nas  visitas  ao  consultório  e,  plausivelmente,  redução  no  uso  de  recursos  para  a  avaliação  e  tratamento  de  celulite  recorrente.    

Esses  benefícios  podem  são  percebidos  mais  facilmente  por  pacientes  mais  velhas  ou  incapacitadas  que  tenham  dificuldades  com  a  autobandagem  ou  com  a  aplicação  de  vestimentas  elásticas  gradientes.  A  maior  parte  dos  planos  de  saúde  terceiros,  incluindo  Medicare,  atualmente  reembolsa  as  pacientes  com  linfedema  relacionado  a  carcinoma  de  mama  quanto  a  bombas  de  compressão  pneumáticas.  Claramente,  investigação  posterior  das  implicações  econômicas  desse  tratamento  é  justificada.  

O  estudo  atual  adiciona  uma  dimensão  importante  à  literatura  existente  sobre  abordagens  terapêuticas  ao  tratamento  de  pacientes  com  linfedema  associado  com  carcinoma  de  mama.  Historicamente,  até  hoje,  há  um  preconceito  contra  o  uso  de  terapia  pneumática  intermitente.  Os  resultados  de  nosso  estudo  contradizem  esse  preconceito.    

De  fato,  dada  a  disponibilidade  e  facilidade  de  uso  dos  dispositivos  pneumáticos,  a  documentação  de  uma  resposta  terapêutica  constitui-­‐se  em  um  estímulo  adequado  para  mais  estudos  que  possam  ajudar  a  confirmar  os  resultados  de  nossa  investigação  em  uma  população  maior  de  pacientes.  Observações  prospectivas  adicionais  podem  ajudar  a  identificar  subpopulações  de  pacientes  que  podem  se  beneficiar  mais  da  fisioterapia  de  combinação.  Será  importante  estudar  grupos  de  pacientes  com  linfedema  primário  e  secundário,  sendo  este  com  relação  a  uma  variedade  muito  maior  de  doenças  malignas.