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Este artigo discorre a respeito da implementação do Programa de Erradicação de Favelas - PROMORAR - que na Cidade do Rio de Janeiro ficou conhecido como PROJETO RIO, no espaço territorial do Conjunto de Favelas da Maré, durante o período de sua execução, entre 1979 à 1983. Discute, a fundo, como se deu o rearranjo territorial na Maré baseado no planejamento urbano pós programa, em relação a situação final de seus moradores junto à regularização fundiária de seus imóveis.TRANSCRIPT
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Apropriao Social do Espao em reas Residenciais Segregadas: O Projeto Rio e a Regularizao Fundiria na Favela da Mar
Rogrio Pereira dos Santos Especializao em Poltica e Planejamento Urbano 2012 IPPUR/UFRJ
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar o processo de titulao social,
instrumento jurdico inserido no mbito da Regularizao Fundiria de Assentamentos
Informais Consolidados, que ocorreu no Conjunto de Favelas da Mar a partir de 1979,
atravs da implementao do Programa de Erradicao da Subhabitao, o PROMORAR,
que ficou conhecido na Cidade do Rio de Janeiro como PROJETO RIO.
Partindo de um estudo de caso em particular, iremos abordar de que forma as
famlias remanescentes do Programa obtiveram o ttulo definitivo de compra e venda, bem
como a legalizao total de seus imveis, perante a regularizao no processo junto ao
Banco Nacional da Habitao, o BNH, e a Secretaria de Patrimnio da Unio, a SPU.
Baseia-se principalmente em fontes documentais, retiradas de jornais da poca e
alguns fragmentos da legislao vigente, bem como fontes bibliogrficas sobre o tema,
tendo como principal referncia, a vivncia deste pesquisador como morador da rea em
questo.
Palavras Chave
Favela PROJETO RIO Regularizao Fundiria de Assentamentos Informais
Introduo
Este artigo visa debater sobre a especificidade da temtica da regularizao
fundiria dos assentamentos informais como forma da apropriao social do espao da
Cidade do Rio de Janeiro em reas residenciais segregadas. Ser discutido de que forma
se deu a titulao social da rea do Conjunto de Favelas da Mar, regio da zona norte
da cidade, atravs do PROJETO RIO (1979-1983), programa inserido no projeto de
mbito nacional, o PROMORAR.
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Procura-se desvendar, de forma prtica, a legalidade ou no de um determinado
imvel, eleito para estudo de caso, situado em uma das seis favelas que a poca
formavam o chamado Conjunto de Favelas da Mar, atual bairro Mar, aps a
implementao do PROJETO RIO. Para tal, sero utilizadas fontes bibliogrficas e da
legislao a respeito da regularizao fundiria, bem como uma bibliografia sobre o que
foi o Projeto Rio e o local de consolidao do programa. Para dar conta do Objetivo e do
Caminho de Investigao a pesquisa apresenta-se estruturada em trs captulos.
No primeiro momento iremos abordar a histria, a formao, bem como a localizao
do Conjunto de Favelas da Mar. Para isso sero utilizados materiais bibliogrficos
expedidos pelas Organizaes No Governamentais, as ONGs, que atuam no territrio
da Mar, como o CEASM (Centro de Estudos e Aes Solidrias da Mar), a Redes de
Desenvolvimento da Mar, o Museu da Mar (vinculado ao CEASM) e do Observatrio de
Favelas.
Em seguida iremos esmiuar o que foi o programa federal PROMORAR que, na
Cidade do Rio de Janeiro, ficou conhecido como PROJETO RIO e que teve sua efetiva
implementao no Conjunto de Favelas da Mar. Trabalharemos com matrias de jornais
da poca com referncias de dissertaes acadmicas daquele momento e com
documentos de contratos de promessa de compra e venda e contrato definitivo de compra
do imvel pertinente ao estudo de caso. Neste instante utilizaremos parte da legislao
brasileira no que tange ao instrumento de poltica urbana conhecida como regularizao
fundiria.
No terceiro momento faremos uma anlise geral do trabalho como forma de
concluso. Iremos verificar se os objetivos da pesquisa foram alcanados e se poderemos
responder a questo central deste artigo: o imvel do estudo de caso , atualmente,
legalizado ou no perante a legislao no que diz respeito titulao social.
1. A Apropriao Social do Espao em reas Residenciais Segregadas:
O Conjunto de Favelas da Mar
As reas residenciais segregadas representam um ponto relevante no que tange aos
processos de reproduo das relaes de produo no bojo do qual se situam as diversas
classes sociais e suas ramificaes, assim por dizer, os bairros - que so os locais de
reproduo dos diversos grupos sociais, como afirma Santos (apud Corra 1999, p.125).
O PROJETO RIO foi concebido em 26/06/1979, atravs da Exposio de Motivos
n 066/79, assinada pelo ento Ministro do Interior do Governo do Presidente Joo
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Baptista Figueiredo, Mrio Andreazza. Neste sentido, iremos detalhar a rea da Mar no
momento de implementao do Programa.
poca de implementao do PROJETO RIO, o Conjunto de Favelas da Mar1 era
formado por seis favelas um uma rea territorial de 81,3 hectares (VALLADARES, 1985,
p. 35): Morro do Timbu, Baixa do Sapateiro, Nova Holanda, Parque Mar, Parque Unio
e Parque Major Rubens Vaz. A Mar neste momento era delimitada, pela Avenida
Brigadeiro Trompowsky via de acesso ao Aeroporto Internacional do Galeo , a
Avenida Brasil, a Avenida Bento Ribeiro Dantas (atual Linha Amarela) e pela Ilha do
Fundo e Baa de Guanabara, pertencendo a X Regio Administrativa, situada no bairro
de Ramos.
Nesta poca a Mar detinha cerca de 80% de sua rea ocupada pertencentes, at
1980, s seguintes entidades governamentais: Ministrio do Exrcito, Ministrio da
Marinha, o IAPAS, o Banco Central e Banco do Brasil, os 20% restantes so terrenos
aforados a terceiros, conforme Valladares (apud Oliveira et alli, 1983, p. 214).
Ainda esta autora, referindo-se a publicidade que foi dada ao Conjunto de Favelas
da Mar quando da instalao e implementao do PROJETO RIO, em 1979:
A formao do Conjunto de Favelas da Mar se deu em reas que remontam ao
sculo XVI, o chamado Porto de Inhama, que serviu para escoar os produtos
explorados e cultivados nesta poro carioca. Conforme afirma a ONG CEASM, esse
Porto desenvolveu importante papel econmico para o subrbio e terminou seus dias
abrigando a Colnia de Pescadores Z-6 e devido aos sucessivos aterros na rea,
desapareceu nas primeiras dcadas do sculo XX (Histria da Mar em captulos).
Ainda de acordo com informaes dessa ONG, entre meados dos sculos XVII e
XVIII, a rea da Mar fazia parte da Freguesia Rural de Inhama e integrava uma grande
1 Atualmente o bairro Mar formado por dezesseis comunidades. O recorte definido pelo IBGE ignorou a condio formal de bairro da Mar, estabelecida desde o final da dcada de 80, reconhecendo as comunidades locais como Unidades Territoriais Especficas a maior concentrao de populao de baixa renda do municpio do Rio de Janeiro. As 16 comunidades so: Morro do Timbu (1930/1940), Baixa do Sapateiro (1947), Conjunto Marclio Dias (1948), Parque Mar (1953), Parque Roquete Pinto (1955), Parque Rubens Vaz (1951/1961), Parque Unio (1961), Nova Holanda (1962), Praia de Ramos (1962), Conjunto Esperana (1982), Vila do Joo (1982), Vila do Pinheiro (1989), Conjunto Pinheiro (1989), Conjunto Bento Ribeiro Dantas ou Fogo Cruzado (1992), Nova Mar (1996) e Salsa e Merengue (2000), SANTOS (Apud Censo Mar).
Estas favelas ganharam visibilidade e os jornais da poca dedicaram grandes espaos a artigos sobre suas condies sociais e fsicas e sobre as origens da populao que as constitua. Trs anos depois, em 1983, surgiram as primeiras anlises do Projeto Rio e estes estudos abordaram, de forma mais sistemtica, um pouco da histria da ocupao e expanso das seis favelas, bem como a experincia associativa nestas comunidades faveladas (VALLADARES, 1985 p. 35).
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propriedade: a Fazenda do Engenho da Pedra, cujas terras abrangiam os atuais bairros
de Olaria, Ramos, Bonsucesso e parte de Manguinhos.
No incio do sculo XX, pequenos ncleos de povoamento, quase sempre formados
por pescadores, j se aglutinavam em torno dos portos desta rea. Mas este processo
acelerou-se mesmo com a reforma urbana do Prefeito Pereira Passos, que expulsou a
populao mais pobre do centro da cidade, provocando a ocupao das zonas perifricas.
Neste sentido, a ocupao da rea que hoje abriga o Conjunto de Favelas da Mar se
deu na Ponta do Thybau2, atual Morro do Timbu assim descrita:
Em 1954 fundada a Associao de Moradores do Timbu, uma das primeiras em
favelas do Rio de Janeiro. Aos poucos a organizao comunitria comeou a render
frutos, tais como a distribuio de gua, eletricidade, esgoto, pavimentao e coleta de
lixo. Com o PROJETO RIO, os moradores da rea conseguiram a propriedade da terra,
via regularizao fundiria.
Enquanto a favela do Morro do Timbu apresentou um lento crescimento,
permanecendo, na dcada de 40 do sculo passado, com poucos habitantes, surgia, ao
final deste perodo (1947), a primeira grande concentrao humana que foi a Baixa do
Sapateiro, que, na poca, teve sua formao a partir de um pequeno grupo de barracos
construdos sobre palafitas. No h consenso sobre a origem do nome.
Em 1950, surgem as primeiras moradias do Parque Mar, como um prolongamento
da ocupao ocorrida na Baixa do Sapateiro, e essa rea tornou-se bastante atrativa s
populaes que chegavam com o fluxo migratrio, principalmente da Regio Nordeste. A
rea que ia sendo ocupada pelos moradores do Parque da Mar (em 1953 j
consolidada) era dominada pela lama, por vegetao de mangue e pelo movimento das
guas, tendo ocorrido a partir da dcada de 60, uma grande expanso da ocupao em
direo Baa da Guanabara, sendo o Parque Mar, nesta poca, predominantemente
dominado pelas palafitas.
A histria do Parque Rubens Vaz teve incio no ano de 1951, quando surgem no
local os primeiros barracos. A rea, nesta poca, era conhecida como Areal, devido
grande quantidade de areia espalhada no local, por ocasio da drenagem e canalizao
2 O nome da favela passa a ser o da regio, que era conhecida como thybau, do tupi-guarani, "entre as guas", o que denota terem sido os ndios os primeiros habitantes do lugar.
A partir da mesma poca, a enseada de Inhama, que se estendia da Ponta do Caju at a Ponta do Thybau (atual Morro do Timbu), teve sua orla de manguezais destruda pela ao de diversos aterros, como veremos mais adiante. A Ponta do Thybau, por ser uma poro de terra firme, foi uma das primeiras reas a ser povoada na Mar atual. Era o incio de povoao do atual Complexo da Mar (www.ceasm.org.br).
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do Canal da Porturia. Quando uma pessoa chegava rea para fixar residncia, j era
avisada de que no deveria construir margem da Avenida Brasil, porque esta seria
futuramente alargada, como de fato foi e, sendo assim, ningum construiu sua habitao
a menos de 40 metros da via.
O advogado Magarinos Torres ligado ao PCB e que tinha um escritrio nesta
localidade o mesmo que defendeu a populao e seu direito de permanecerem na rea
hoje conhecida como Parque Major Rubens Vaz, deu todas as coordenadas para a
estruturao da comunidade Parque Unio, em 1959, e esta localidade foi uma das reas
com um certo planejamento de ocupao, pois ele demarcou reas para a permanncia
dessa populao, que se consolida em 1961.
Nova Holanda foi concebida como um Centro de Habitao Provisria (CHP) que
funcionaria como um local de triagem, dentro da poltica de remoes do governo, que
visava muito mais retirar ncleos favelados de reas nobres da cidade, do que resolver o
problema habitacional. A tarefa de controlar o processo de transferncia dos moradores
de favelas a serem erradicadas ficou a cargo da Fundao Leo XIII, que foi incorporada
Secretaria de Servio Social da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Seu processo
de formao se deu da seguinte forma:
A produo do espao urbano no acontece de maneira isolada, um somatrio das
prticas sociais atravs das relaes polticas, econmicas e culturais e que constituem
diferentes formas espaciais. Neste sentido, o Conjunto de Favelas da Mar, se apresenta
como um exemplo fiel da chamada fragmentao do tecido scio-poltico espacial,
conforme assinala Souza (2003, p. 90), devido sua rea territorial estar inserida em um
contexto de esquecimento, por parte do poder pblico, com a excluso da chamada
cidade formal.
Conclumos, desta forma, a apresentao do processo de formao do Conjunto de
Favelas da Mar que, passa a configurar-se no momento de implantao do Programa,
A comunidade Nova Holanda (1962) teve um processo de ocupao completamen-te diferente, para no dizer oposto, ao das demais formaes que vimos at agora. Sua origem no foi um invaso espontnea, nem mesmo uma invaso planejada, como ocorreu no Parque Unio. A comunidade de Nova Holanda foi inteiramente planejada e construda pelo poder pblico na dcada de 60, no governo Carlos Lacerda, sobre um imenso aterro realizado ao lado do Parque Mar. As dimenses do aterro realizado impressionaram tanto que influenciaram at a escolha do nome da comunidade, uma homenagem Holanda, o pas europeu quase inteiramente construdo abaixo do nvel do mar sobre aterros e diques. Outra semelhana so as roldanas, que podemos encontrar em algumas casas e que indicam que as mudanas eram feitas por cabos externos, exatamente como ocorre em cidades holandesas, principalmente Amsterd (www.ceasm.org.br).
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conforme visualizado na figura 1. A partir deste momento, iniciaremos a discusso a
respeito do Programa de Erradicao da Subhabitao, o PROJETO RIO. Figura 1 Configurao Territorial da Mar em 1979
Fonte: Silva, 1984
2. PROJETO RIO E ONA FAVELA DA MAR
Em 25/06/1979 na
habitacional, atravs da E
do Interior do Governo
documento oficial rezava
Desta forma, nas pa
habitaes subhumanas,
erradicando-as, quando
discursar sobre o projeto
De incio o Program
estendido a outras capit
divulgao nos meios de
(Em PlaneaterrosolucPas,Janequint
PROGRAMA DE TITULAO DE PROPRIEDADES
sce o PROMORAR, resposta do governo a problemtica
xposio de Motivos Ministerial n 66, por intermdio do Ministro
do Presidente Joo Baptista Figueiredo, Mrio Andreazza. O
que:
lavras de Valla, o programa visava solucionar o problema das
as favelas e as palafitas, urbanizando-as, quando possvel, e
eram vistas como caso perdido, nas palavras do Ministro ao
(1986 p.141).
a seria implementado na rea da Mar e, posteriormente, seria
ais do pas. Foi batizado como PROJETO RIO obtendo ampla
comunicaes da poca. Era interesse do Governo realar o
conjunto com os Ministrios da Marinha e da Fazenda e Secretaria de jamento da PR). Programa de recuperao de reas alagadas, atravs de hidrulico, com o aproveitamento de bancos de areia prximos, objetivando ionar a questo da submoradia nas zonas faveladas de diversas capitais do com prioridade para a rea da Favela da Mar, nos Municpios do Rio de iro e Duque de Caxias. "Aprovo. Em 25.6.79." (Fonte: Dirio Oficial da Unio, a feira 28/06/1979, Seo I Parte I, p. 9115).
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Programa, principalmente, nos jornais lidos pela classe mdia3, buscando aproximao
desse leitor com a atitude do poder pblico face a realidade de momento, no que tange
ao dficit habitacional.
O PROMORAR se
e teria, como principais
Custo do Banco Naciona
Erradicar, atravs
construdas sob
condies mnim
compem aglom
invases, etc;
Propiciar a pe
anteriormente se
Promover a re
inundaes, med
do Departamento
desenvolvimento
A Unidade Executiv
e emergncias Sociais
rgos assemelhados, o
os agentes promotores
Municpios, as conce
assemelhados, ou ain
Beneficirios Finais, ser
Territrios Federais, os
rgos governamentais
BNH (com recursos pr
Federal, Estadual e Mun
Em relao s re
Poggiese as definia da s
3 Erradicao de favelas coAndreazza anuncia plano co
O BNdragaunidae, deUrbanresultria desenvolvido inserido no Plano Nacional da Habitao Popular
objetivos, segundo o Departamento de Planejamento e Anlise de l de Habitao (1982), trs itens relacionados a seguir:
da eliminao e conseqente substituio por outras moradias
projeto aprovado pelo BNH, as subabitaes destitudas das
as de servios, conforto e salubridade, especialmente as que
erados conhecidos por palafitas, mocambos, favelas,
rmanncia das populaes beneficiadas nas reas onde
localizavam, aps a eliminao das subabitaes;
cuperao de assentamentos de submoradias, sujeitas a
iante a utilizao de sistemas de aterro, sob a responsabilidade
Nacional de Obras de Saneamento DNOS, para efeito de
nessas reas de projetos aprovados no mbito do PROMORAR.
a do programa caberia Carteira de Erradicao da Subabitao
(CESHE/BNH); os agentes financeiros seriam as COHABs e
s bancos oficiais e estabelecimentos de crdito aceitos pelo BNH;
seriam os Governos dos Estados, os Territrios Federais, os
ssionrias de servios pblicos, as COHABs e rgos
da, outras entidades, a critrio da Diretoria do BNH e, os
iam os adquirentes das unidades habitacionais, os Estados, os
Municpios, as concessionrias de servios pblicos ou outros
aceitos pelo BNH. As fontes de recursos do programa seriam o
prios, recursos internos e externos captados) e os Governos
icipais (BNH, 1982).
as de atuao de cada rgo envolvido no projeto, Hctor Atlio
eguinte forma:
mea pelo Rio de Janeiro e Caxias (Jornal do Brasil de 29/06/1979, p. 24). ntra favelas (O Estado de So Paulo de 29/06/1979, p. 16).
H participa financiando as obras; o DNOS executa as obras da orla martima, ndo e aterrando uma faixa do mar, com o que a Ilha do Fundo ficar praticamente ao territrio. So atribudos FUNDREM os aspectos de desenvolvimento urbano ntro dessa competncia, foi realizada a concorrncia para a elaborao do Plano de izao. Na resposta ao Edital apresentaram-se onze consultoras de projetos ando vencedora a proposta da ENGEVIX S.A. (1981, p. 3).
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Na viso de Valla, o Programa tinha como propsitos principais os seguintes pontos:
* Eliminar os focos de poluio da Baa e recuperar as praias, preservando a
ecologia local;
* Ordenar o espao u
navegao da Baa;
* Prover soluo para
* Solucionar os prob
Ilhas do Fundo e do Gov
vida humana; e
* Recuperar e urban
atual, que dever ser m
atendimento escolar e de
p. 142).
Aps a assinatura d
Federal e Estadual, confi
objeto do programa nas t
entre a FUNDREM, a CED
para a execuo do levan
Esta autora afirma a
(entre junho de 1980 a m
cmbio de 1980, envolven
Secretaria Municipal de D
Na tentativa de se cr
Tabela 1, com quantitativo
Mar a CODEFAM4 e
um presidente, todos lig
(SILVA, 1984). Essa asso
moradores e as entidad
atuao foi assim definida
4 A CODEFAM conseguiu criatransformou-se em um rgo (SANTOS, 2005).
Por vatrasassocCODpress2005rbano, recuperando a paisagem e melhorando as condies de
o sistema virio (Avenida Brasil), h muito tempo reclamada; lemas de saneamento ambiental e bsico de reas prximas s
ernador, onde a poluio atinge nveis elevados, inadequados
izar as favelas existentes na rea, sem remoo da populao
antida em condies adequadas de habitao, emprego e
sade, nas mesmas reas onde vive atualmente (VALLA 1996,
e um protocolo de intenes envolvendo esferas dos governos
gurou-se, neste momento, o compromisso de urbanizar a rea
rs instncias. O passo seguinte foi a assinatura de convnios
AE e a CEG, assim como a contratao da fundao pelo BNH
tamento cadastral da Mar (SILVA, 1984).
inda que esse levantamento foi desenvolvido em nove meses
aro de 1981), a um custo estimado de US$ 131.000, segundo
do, sob a Coordenao da FUNDREM, a Fundao Leo XIII, a
esenvolvimento Social e a CEHAB/RJ.
iar uma voz de defesa em relao aos moradores da Mar (ver
populacional), criada a Comisso de Defesa das Favelas da
m 10/06/1979, composta de cinco diretores, dois assessores e
ados a entidades representativas das seis favelas da Mar
ciao teve o mrito de ser o canal de comunicao entre os
es envolvidas do programa, principalmente o DNOS, e sua
:
r um espao de participao na elaborao definitiva do Projeto Rio e fundamental na luta dos favelados pela posse definitiva de seu barraco.
rias vezes surgiam desconfianas por parte dos moradores devido aos os nas obras e ao no cumprimento dos cronogramas e, neste sentido, as iaes de moradores tiveram um papel de suma importncia ao criarem a
EFAM Comisso de Defesas das Favelas da Mar onde exerceram forte o para que as promessas de campanha fossem cumpridas (SANTOS, ).
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Na realidade, a populao da Mar, mesmo com a criao da CODEFAM, era pouco
ouvida pelo poder pblico. Os moradores tiveram participao em momentos pontuais,
como, por exemplo, no instante em que a empresa responsvel pelas obras, a ENGEVIX,
iniciou o processo de disposio das ruas. Nesse instante a populao foi ouvida no
sentido de melhoria do projeto.
Essa relao de estreitamento entre a CODEFAM e o DNOS, resultou, para os
moradores da Mar, em um documento oficial emitido pela Comisso, com algumas
reivindicaes da populao. De acordo com Valladares, as principais eram:
No remoo das favelas;
Possibilidade de dilogo entre presidentes de associaes e tcnicos do BNH;
Urbanizao completa da rea consolidada das seis favelas, inclusive com a venda
dos lotes aos moradores;
Construo de casas baixas, e no de apartamentos em terrenos urbanizados para
as famlias residentes nas palafitas (VALLADARES 1985, p. 77).
Conforme o projeto inicial, o rgo responsvel pela campanha de esclarecimentos
do programa seria a Fundao Leo XIII, que se responsabilizaria pelos contatos com as
lideranas comunitrias neste sentido, abrir-se-ia um canal de comunicao e de
participao dos moradores.
Em 22.06.1979 houve uma reunio na UFRJ com membros do grupo de trabalho,
criado pela Reitoria da Universidade, para estudar as conseqncias do PROJETO RIO
na rea do campus. Paralelamente a essa reunio o DCE da UFRJ e o Centro
Acadmico de Engenharia promoveram um debate entre professores, estudantes,
representantes das Favelas da Mar, da Federao das Associaes de Favelas do Rio
de Janeiro e parlamentares, sobre a urbanizao e erradicao das favelas. Alm de
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manifestarem desconfiana em relao ao projeto, todos so favorveis participao da
comunidade favelada nas decises, para a garantia da posse das terras.
Neste sentido, o Presidente da CODEFAM, Manuellino Silva, fez o seguinte
comentrio respeito das remoes das favelas:
O Presidente das Associaes de Favelas do Rio de Janeiro, Irineu Guimares,
corrobora o pensamento de Manuellino Silva, quando cita que:
Continuando a saga por apoio, a CODEFAM, requisitou auxlio a Dom Eugenio
Sales, Cardeal da Cidade do Rio de Janeiro a poca, para que este realasse a
necessidade dos moradores serem ouvidos para o bom andamento do projeto5. Em
16/07/1979, um ilustre personagem visita o Conjunto de Favelas da Mar, o arquiteto
Oscar Niemeyer (vide foto 1), que caminhou por boa parte da regio e pode constatar
que, contrrio a que muitos diziam, a mancha de palafitas no eram a maior parte das
habitaes, e sim, as favelas como verdadeiros bairros6.
Nesse instante ocorrem dois pontos positivos a favor dos moradores da Mar. Como
noticiado na mdia7, apenas os moradores das palafitas seriam remanejados para futuras
localidades a serem construdas em outras reas na Mar, como citado anteriormente.
Esse acordo teria sido realizado entre o DNOS, a CODEFAM e os alunos e professores
da Faculdade Silva e Souza, onde o arquiteto lecionava.
5 Jornal O Globo, 19/06/1979, p. 09. 6 Jornal O Globo, 16/07/1979, p. 09 e 17/07/1979, p. 13. 7 Jornal O Globo, 27/07/1979, p. 11.
O Governo me pediu um crdito de confiana que eu no posso dar, pois temos apenas a palavra do Ministro e um acordo verbal com o Diretor-Geral do DNOS. Mas os governos mudam. Polticos e idias mudam. No temos garantias porque no conhecemos o projeto. Soubemos, pelos jornais, de um esboo apenas. No sabemos os interesses que existem por trs disso tudo (Jornal do Brasil de 22/06/1979, p. 15).
As comunidades faveladas nunca tiveram apoio oficial. O Governo tem verbas para fazer praas, parques, urbanizar toda a Barra da Tijuca, mas no pode dar uma manilha para o favelado fazer seu sistema de esgoto. A opinio da CODEFAM e da Faferj uma s: as comunidades tm de participar das decises para garantir a posse de suas terras (Ibidem).
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Foto 1 Oscar Niemeyer em visita a Mar
Fonte: Stio da Ao Comunitria do Brasil8
Ao trmino do programa, foram erguidas duas vilas de casas (novas favelas na
Mar), a Vila do Joo e Vila do Pinheiro9 e dois conjuntos habitacionais (de acordo com o
IBGE os conjuntos habitacionais no so considerados favelas), o Conjunto Pinheiro e o
Conjunto Esperana.
De acordo com Valladares (1985 p. 72)
casas-embrio e 2.760 apartamentos e no S
apartamentos, totalizando 5.311 casas e 4.040 a
Esta mesma autora afirma que seriam dist
terrenos aos moradores da rea consolidada d
feita a preo simblico com diferentes formas
poderiam ultrapassar a 10% do salrio mnimo
O PROJETO RIO poderia ser dividido em
e que foi marcado pela criao de um grupo
assinado entre o Governo Chagas Freitas, o M
8 Disponvel em: http://www.acaocomunitaria.org.br/instit19.10.2012. 9 De acordo com Steinert este foi o setor que teve o melhprevista a implementao de 4.300 lotes, sendo 1.300 nsobre o aterro hidrulico (1983 p. 171).
De acordo com a CODEFAM a primeira
vitria para os moradores da Mar era o
apoio dado pelos tcnicos da Engevix que
deram suporte populao no sentido de
serem os responsveis pelo projeto de
arruamento e que somente as moradias
que, de alguma forma, prejudicassem o
traado das ruas viriam a baixo, e os
barracos que localizavam-se na rea de
aterro poderiam ser substitudos por
sobrados com vos independentes. J a
segunda conquista seria a garantia de
que fossem construdas casas mistas
(vila de casas e apartamentos), de acordo
com as suas reivindicaes. foram erguidas no Setor Pinheiro 4.272
etor Mar 1.039 casas-embrio e 1.280
partamentos.
ribudos 12.000 ttulos de propriedade dos
as seis favelas e esta distribuio seria
de pagamento, cujas mensalidades no
(Ibidem p. 73).
dois momentos distintos: de 1979 a 1981,
de trabalho, resultante de um protocolo
inistro do Interior e um representante do
ucional/apresentacao_1024x768.html Acesso em
or tratamento pela Consultora, a Engevix, pois foi o trecho prioritrio sobre o solo existente e 3.000
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Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, em 15/06/1979, e o segundo instante foi de 1981
at o fim do programa em 1984.
Esse grupo de trabalho recebeu a tarefa de definir as responsabilidades dos
diversos rgos pblicos que viriam a participar de forma direta no PROJETO RIO. Os
trabalhos desse grupo tiveram a superviso do CNDU (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Urbano) e foram coordenados pelo DNOS e compostos da seguinte
forma:
Ao nvel federal, participavam os representantes do DNOS, do BNH e do Ministrio
do Interior;
Ao nvel estadual, participavam os representantes da Secretaria de Obras e
Servios Pblicos (a SEOSP), da Secretaria de Planejamento da Governadoria do
Estado do Rio de Janeiro (a SPGERJ) e da FUNDREM;
Ao nvel municipal, participava o representante da Secretaria Municipal de
Planejamento a SMP (VALLADARES, 1985).
Aps esse instante o Grupo de Trabalho apresentou um documento tcnico que
definiu os preceitos que deveriam orientar as propostas sociais, de saneamento e
financeiras do projeto neste caso, era condio bsica de execuo do programa que no
houvesse remoes dos moradores de seu territrio de origem.
Em julho de 1980 a empresa ENGEVIX Estudos e Projetos S/A foi a vencedora
da licitao pblica que foi aberta em janeiro de 1980, pela FUNDREM. Essa empresa
definiu o projeto em trs momentos:
a) Incio das obras de aterramento e relao mais estreita entre o DNOS,
representante do Ministrio do Interior e a CODEFAM, representante dos
moradores da Mar.
b) Etapa de implementao das obras do PROJETO RIO, com o levantamento
cadastral realizado pela FUNDREM (junho de 1980 a maro de 1981).
c) O BNH passa a exercer supremacia sobre os rgos pblicos envolvidos no
projeto (junho de 1981). O banco tornar-se-ia o responsvel pela realizao do
trabalho relativo titulao da propriedade atravs da Diretoria de Terras e
pelo cadastramento das palafitas, atravs da SESHE (ibidem, p. 81).
A distribuio dos ttulos de propriedade para os moradores teve incio na favela do
Morro do Timbu, em junho de 1981. Em agosto desse mesmo ano j haviam sido
distribudos 562 ttulos 40,3% do total previsto para esta favela (ibidem).
De forma resumida podemos pontuar as realizaes do PROJET RIO at 1984 na
rea prioritria:
-
Obras de aterro: Concludos um total de 256,2 hectares nos seguintes setores: a)
Setor Caju (30 ha), Setor Pinheiros (66 ha), Setor Mar (35 ha), Setor Ramos (7,2
ha) e Setor Misses (115 ha).
Obras de instalao de Unidades Residenciais: Setor Pinheiros: 1.546 unidades
habitacionais que compem a Vila do Joo; Vila Pinheiro (2.300 casas e 1.360
apartamentos);
Obras de Infra estrutura: Criao das vilas do Joo e Pinheiro
Sintetizando, o PROJETO RIO, no que concerne s reas do Conjunto de Favelas
da Mar, teve como finalidade realizar interveno que se apia em trs grandes linhas
de ao: a erradicao das palafitas com o remanejamento da populao para o setor
Pinheiro e Vila do Joo; a transferncia da propriedade aos moradores do Conjunto de
Favelas da Mar no removidos; e a urbanizao da rea remanescente da Mar.
(SILVA, 1984).
De acordo com a FUNDREM, o objetivo maior do PROJETO RIO
Aps esse balano das realizaes implementadas pelo PROJETO RIO no Conjunto
de Favelas da Mar, iremos neste instante, discutir como se deu o processo de
regularizao fundiria no caso selecionado para estudo.
3. O PROGRAMA DE TITULAO DE PROPRIEDADES NA MAR: UM ESTUDO DE CASO
Antes de adentrar-mos na discusso a respeito da regularizao fundiria do caso
proposto neste artigo, convm debruarmos nossa ateno legislao brasileira no que
tange proposta desse captulo.
De acordo com a Lei Federal n 11.977, de 07/07/2009, a Regularizao Fundiria
de Assentamentos Urbanos, assim definida:
De acordo com a cartilha elaborada pelo Ministrio das Cidades (2010, p. 11), os
assentamentos apresentam normalmente dois tipos de irregularidade fundiria:
a recuperao de reas alagadas s margens da Baa de Guanabara, entre a Ponta do Caju, no municpio do Rio de Janeiro, e a foz do Rio Iguau no Municpio de Duque de Caxias, passando essas reas a se beneficiar de um programa de melhorias fsico-urbansticas e sociais (1979, p. 3).
consiste no conjunto de medidas jurdicas, urbansticas, ambientais e sociais que visam regularizao de assentamentos irregulares e titulao de seus ocupantes, de modo a garantir o direito social moradia, o pleno desenvolvimento das funes sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (Art. 46).
-
irregularidade dominial, quando o possuidor ocupa uma terra pblica ou privada, sem
qualquer ttulo que lhe d garantia jurdica sobre essa posse; e, urbanstica e ambiental,
quando o parcelamento no est de acordo com a legislao urbanstica e ambiental e
no foi devidamente licenciado. A efetiva integrao cidade requer o enfrentamento de
todas essas questes, por isso a regularizao envolve um conjunto de medidas. Alm
disso, quando se trata de assentamentos de populao de baixa renda, so necessrias
tambm medidas sociais, de forma a buscar a insero plena das pessoas cidade.
A irregularidade fundiria no se restringe aos assentamentos populares, existindo
tambm bairros e loteamentos formados por famlias de mdia e alta renda que se
encontram fora das leis. No caso dos assentamentos populares, os moradores foram
obrigados a viver num bairro irregular por falta de alternativa legal de moradia. Nos
demais, houve a opo por construir suas casas nos loteamentos e condomnios
irregulares, apesar de terem condies financeiras para adquirir uma residncia
legalizada. Para que se tenha um ordenamento legal que compreenda toda a cidade,
necessrio regularizar esses dois tipos de situao, mas as condies e instrumentos
devem ser diferenciados. Assim, a Lei Federal n 11.977/2009 definiu dois tipos bsicos
de regularizao fundiria para dar conta dessas situaes:
regularizao fundiria de interesse social: aplicvel a assentamentos irregulares
ocupados predominantemente por populao de baixa renda em que a garantia do
direito constitucional moradia justifica que se apliquem instrumentos,
procedimentos e requisitos tcnicos especiais; e
regularizao fundiria de interesse especfico: aplicvel a assentamentos
irregulares no enquadrados como de interesse social. Nesses assentamentos no
se podem utilizar as condies especiais desenhadas para a regularizao
fundiria de interesse social (Ministrio das Cidades, 2010 p. 12).
A regularizao fundiria um processo realizado coletivamente, que depende da
participao e da atuao articulada de diversos atores, em momentos e com papis
especficos, de acordo com as caractersticas da rea e com as condies existentes para
a regularizao. De acordo com a Lei, os seguintes atores tm legitimidade para
promover regularizao fundiria: a Unio, os estados, o Distrito Federal e os municpios;
a populao moradora dos assentamentos informais, de maneira individual ou em grupo;
cooperativas habitacionais, associaes de moradores, organizaes sociais,
organizaes da sociedade civil de interesse pblico; e entidades civis constitudas com a
finalidade de promover atividades ligadas desenvolvimento urbano ou regularizao
fundiria (ibidem).
-
Na viso de Alfonsin, a regularizao fundiria define-se como
O direito moradia10 e o direito s cidades sustentveis so os fundamentos para a
promoo de uma poltica urbana que priorize a urbanizao e a legalizao dos
assentamentos precrios, visando a melhorar as condies de vida, tanto no aspecto da
moradia como no aspecto ambiental, tendo como meta um programa de titulao das
propriedades, a fim de legalizar a permanncia de populaes moradoras de reas
urbanas ocupadas em desconformidade com a lei, integrando essas populaes ao
espao urbano, de modo a aumentar sua qualidade de vida e resgatar sua cidadania.
Nesse contexto, o Brasil instituiu a usucapio urbana11 e a concesso de uso
especial para fins de moradia como instrumentos jurdicos capazes de mediar os conflitos
fundirios em crescente evoluo na sociedade urbana brasileira, legalizando, cada um
sua forma, os assentamentos irregulares.
Neste momento iremos abordar a experincia do estudo de caso aplicado
regularizao fundiria.
A regularizao fundiria das reas ocupadas por favelas um importante
instrumento de cidadania e de incluso social. A titulao do domnio destas reas
confere a seus moradores maior segurana quanto sua permanncia no local e garantia
de prestao regular de servios pblicos. Representa, ainda, a oportunidade de uma
maior apropriao de valor econmico, seja no caso de alienao do imvel ocupado ou
na obteno de crdito, uma vez que a propriedade pode ser utilizada como garantia real
para contrair emprstimo (COMPANS 2003, p 41).
10 A moradia adequada foi reconhecida como direito humano em 1948, com a Declarao Universal dos Direitos Humanos, tornando-se um direito humano universal, aceito e aplicvel em todas as partes do mundo como um dos direitos fundamentais para a vida humana. O direito moradia integra o direito a um padro de vida adequapessoa ter acesso a ummental. A moradia adeqhabitabilidade, a no adequao cultural (http 11 Conforme a Lei n 10de at duzentos e cinutilizando-a para sua mde outro imvel urbano
um processo conduzido em parceria pelo poder Pblico e populao beneficiria, envolvendo as dimenses jurdica, fsica e social de uma interveno que prioritariamente objetiva legalizar a permanncia de moradores de reas urbanas ocupadas irregularmente para fins de moradia e acessoriamente promove melhorias no ambiente urbano e na qualidade de vida do assentamento bem como incentiva o plano exerccio da cidadania pela comunidade-sujeito do projeto (ALFONSIN, 1997, p. 24). do. No se resume a apenas um teto e quatro paredes, mas ao direito de toda lar e a uma comunidade seguros para viver em paz, dignidade e sade fsica e
uada deve incluir: segurana da posse, disponibilidade de servios, custo acessvel, discriminao e priorizao de grupos vulnerveis, a localizao adequada e ://direitoamoradia.org/?page_id=46&lang=pt).
.257/2001 de 10/07/2001, aquele que possuir como sua rea ou edificao urbana qenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposio,
oradia ou de sua famlia, adquirir-lhe- o domnio, desde que no seja proprietrio ou rural.
-
Aps a retirada dos moradores residentes nas palafitas, por volta de 1981/1982, e a
alocao destes nas novas favelas surgidas naquele instante, Conjunto Esperana e Vila
do Joo (ambas em 1982) e Vila do Pinheiro e Conjunto Pinheiros (1989), passa-se a um
novo momento em relao quelas famlias que continuaram em seu local de origem, a
regularizao fundiria de seus imveis.
Como dito anteriormente, os ttulos foram concedidos a partir de junho de 1981, na
favela do Morro do Timbu, e concludos em 1983. Isso se deu motivado pelo fato desta
favela ser a nica instalada em rea seca, no pantanosa, evitando desta forma, gastos
desnecessrios em aterramento da regio, realocando, desta forma, o capital em outra
espcie de investimento, como por exemplo, a construo de habitaes em alvenaria,
bem como, servios bsicos, como afirma Vaz (1994, p. 5).
Alm da regularizao fundiria, o PROJETO RIO previa, tambm, a urbanizao da
regio e, neste sentido, o Morro do Timbu assistiu a um maior impacto no que tange
questo da aferio de ttulos de propriedade. Isso remete ao fato de que por iniciativa
dos prprios moradores, alguns servios pblicos j tinham sido conquistados, como gua
e energia eltrica, alm da coleta de lixo que j era realizada pela Comlurb.
Em relao ao programa de titulao das propriedades, de acordo com Valladares,
at outubro de 1984, a Diretoria de Terras do BNH havia entregue 4.889 ttulos
provisrios, distribudos da seguinte forma pelas seis favelas da Mar: Morro do Timbu
(707), Baixa do Sapateiro (737), Parque Mar (545), Parque Rubens Vaz (932), Parque
Unio (1.367) e Nova Holanda (601) (VALLADARES, 1985, p. 88).
O imvel que ilustra o estudo de caso que realizamos situava-se, a poca do
PROJETO RIO, no Parque Residencial da Baixa do Sapateiro, situado no condomnio 50-
A lote 11 e com benfeitoria edificada no Beco So Bento, n 08, na favela Baixa do
Sapateiro.
De acordo com o documento de Contrato de Promessa de Compra e Venda, que foi
celebrado em 28/09/1983, entre o promitente comprador, o Sr. Edesio Pereira dos Santos,
morador do endereo supracitado, Mario Castorrino Fontes Brito (diretor da BNH), Antonio
Luiz Candal Fonseca (diretor financeiro da Caixa Econmica Federal) e mais duas
testemunhas, Lia Bandeira de Mello e a outra testemunha com nome ilegvel, foi
registrado no Cartrio do 6 Ofcio do Registros de Imveis em 27/05/1988.
Aps a tramitao do processo acima, em 27/04/1990, atravs do mesmo cartrio
citado anteriormente, h a assinatura do Contrato Definitivo de Compra e Venda que
envolve a CEF, de um lado como vendedora, e o promitente comprador, Sr. Edesio. Desta
forma o morador conseguiu, luz da legislao vigente poca, a titulao definitiva do
-
seu imvel. Todo o processo tramitou via Secretaria de Patrimnio da Unio (SPU), onde
o Sr. Edesio, por diversas vezes, teve que comparecer para efetivar etapas de todo o
processo burocrtico.
Esse processo que o morador citado requereu junto a SPU denominado Titulao
Social, que, no entender do ITERJ (Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de
Janeiro), outorgado para famlias que residem em prprios estaduais ou em imveis de
sua posse, mediante termos administrativos de concesso e de promessa de concesso
de uso, respectivamente, valendo-se para a expedio desses instrumentos de
regularizao fundiria de interesse social da Lei Complementar n 08/77, com as
alteraes determinadas pelas Leis Complementares ns 26/81 e 45/85 e da Lei n
2.184/93.
O ITERJ entende ainda que, no campo da regularizao fundiria de interesse
social, pode-se inserir, alm e atravessando a questo da moradia formal, aquela
relacionada com a funcionalizao do instituto jurdico da propriedade urbana e rural,
conferida pelos destinatrios dessa interveno da Administrao Pblica no campo da
regularizao fundiria aos imveis de posse ou de propriedade do Estado do Rio de
Janeiro, aperfeioando, com isso, a construo da chamada propriedade socialmente til.
Esse mesmo rgo atenta ao princpio da universalizao do direito moradia
formal e evoluo jurdica das ferramentas de regularizao fundiria de interesse social
postas disposio das comunidades consolidadas em imveis pblicos e de particulares
e do poder pblico responsvel pela execuo da poltica de regularizao fundiria.
Desta forma, o imvel do Sr. Edesio, a partir do instrumento de poltica urbana
denominado titulao social, enquadrado no tema da regularizao fundiria, alcana seu
objetivo final, que a regularizao do seu imvel junto aos rgos competentes.
Vale destacar, ainda, que poucos moradores fizeram todo o trmite legal que o Sr.
Edesio realizou na regularizao de seu imvel, motivo esse que fez esse pesquisador
tomar como estudo de caso o imvel citado, que na verdade, sempre representou a minha
residncia.
4. CONCLUSO
Como tentativa de concluso deste artigo podemos afirmar que o objetivo proposto
no incio foi alcanado no que tange regularizao do imvel utilizado como estudo de
caso. Afirma-se ainda que o imvel considerado legal do ponto de vista da legislao
brasileira em vigor poca do processo.
-
Uma das principais caractersticas destas ocupaes em favelas a insegurana
jurdica dos ocupantes em razo da possibilidade de conflito fundirio, e a ameaa
concreta de expulso com base em aes judiciais de reintegrao de posse. Outra
caracterstica desta ocupao a existncia de um parcelamento, uso e ocupao do
solo informal que, em geral, no se enquadra nas normas das legislaes de uso e
ocupao do solo, nem nas da legislao ambiental (COSTA e BUENO, 2002, p. 70).
A existncia de ocupaes e favelas situadas em reas particulares tem gerado uma
tenso constante, pois muitas vezes resultam em despejos violentos e, principalmente, na
violao do direito moradia, com derrubada de casas e perda dos utenslios e bens
mveis dos ocupantes .
O PROJETO RIO, como visto anteriormente, foi um programa j inserido na poltica
governamental de no remoo, e o instrumento jurdico procurado para atenuar as
dificuldades jurdicas foi do condomnio horizontal, onde cada quadra de casas
equivaleria a um condomnio, como consta do imvel do estudo de caso, e esse
instrumento jurdico teve respaldo na legislao vigente da poca atravs da Lei n
4.591/64, que dispe sobre o condomnio em edificaes e as incorporaes imobilirias,
como aponta Magalhes (apud GONALVES, 2006). Neste caso, a diviso em lotes era,
na viso de Gonalves (2006, p. 13), um ttulo de propriedade semelhante ao de um
apartamento. Esse programa serviu de experincia e mostrou o quanto difcil
implementar a regularizao fundiria em espaos residenciais segregados, neste caso, a
favela.
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