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1 Ronaldo Alberto Daudt ARTIGO: RECONHECIMENTO DAS RECEITAS: UMA ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS CONTADORES EM RELAÇÃO A APLICAÇÃO DO CPC 30 - RECEITAS Especialização em Contabilidade Internacional CAMPINAS – SP JUNHO/2010

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Ronaldo Alberto Daudt

ARTIGO:

RECONHECIMENTO DAS RECEITAS:

UMA ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS CONTADORES EM RELAÇÃO A

APLICAÇÃO DO CPC 30 - RECEITAS

Especialização em Contabilidade Internacional

CAMPINAS – SP

JUNHO/2010

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RESUMO O presente trabalho tem como objetivo o entendimento dos impactos em relação à adoção dos

padrões internacionais de contabilidade nas empresas brasileiras, relativo ao reconhecimento e

mensuração das receitas, pela própria flexibilidade presente nas normas contábeis

internacionais, o que permite utilizar diversos critérios para contabilizar um mesmo fato

econômico. Dentre as grandes barreiras a serem superadas uma é a do conhecimento, pois de

um lado, temos as empresas que devem se estruturar para atender à convergência internacional

e do outro, os profissionais da contabilidade que necessitam se preparar para atender essa

demanda. Aproveitando a existência da subjetividade e da vaga regulamentação de alguns

aspectos contábeis quanto à adequada contabilização das receitas, o foco deste projeto é

evidenciar qual a percepção dos contadores com relação à aplicabilidade do CPC 30 – Receitas,

que está inserido na internacionalização da contabilidade no Brasil, nas empresas de água e

saneamento, após introdução da Lei nº 11.638/07 no Brasil. A estratégia e desenvolvimento

desse trabalho foi baseada em informações prestadas pelos contadores das empresas, SANASA

– Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A, CORSAN – Companhia Riograndense

de Saneamento, SANEAGO – Saneamento de Goiás S/A. e DESO – Companhia de Saneamento

de Sergipe. A coleta de dados foi feita por meio de um questionário encaminhado diretamente

aos contadores responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis, das empresas

selecionadas para testar quesitos referentes a reconhecimento, mensuração, tipos de receitas,

itens e linhas particulares da atividade dessas empresas.

Palavras chave: reconhecimento, mensuração, conhecimento, contabilização, internacional.           

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ABSTRACT This paper aims at understanding the impacts in relation to the adoption of international

accounting standards in Brazilian companies on the recognition and measurement of revenue,

by the flexibility present in the international accounting standards, which allows you to use

different criteria to account for the same economic fact. Among the major barriers to be

overcome is the one of knowledge, because on the one hand, companies that have to be

structured to meet the international convergence and other accounting professionals who need

to prepare to meet this demand. Taking advantage of the existence of subjectivity and vague

regulation of certain aspects concerning the appropriate accounting revenue accounting, the

focus of this project is to highlight the perception of accountants regarding the applicability of

the CPC 30 - Revenue, which is inserted in the internationalization of accounting in Brazil in

enterprises of water and sanitation, after the introduction of Law No. 11638/07 in Brazil. The

strategy and development of this work was based on information provided by accountants firms,

SANASA – Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S / A, CORSAN - Companhia de

Saneamento Riograndense, SANEAGO - Goiás Sanitation S / A. and DESO - Companhia de

Saneamento de Sergipe. Data collection was done through a questionnaire sent directly to the

accountants responsible for the preparation of financial statements, the companies selected to

test scores regarding the recognition, measurement, types of revenue items and particular lines

ofactivity of these companies.

Key Words: recognition, measurement, knowledge, accounting, international.

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SUMÁRIO Capítulo I

1. Introdução ................................................................................................................ 07

Capítulo II

2. Problema de Pesquisa, Justificativa e Objetivos ............................................................ 09

2.1. Problema de Pesquisa ........................................................................................... 09

2.2 Justificativa ........................................................................................................... 09

2.3 Objetivos .............................................................................................................. 10

Capítulo III

3. Antecedentes e Fundamentação Teórica ...................................................................... 12

3.1. Contexto da Contabilidade Internacional ................................................................ 12

3.2. Cenário atual das Práticas Contábeis no Brasil ........................................................ 13

3.3. Aspéctos teóricos do Reconhecimento da Receita (CPC 30) ....................................... 16

3.3.1. Definição da Receita ....................................................................................... 16

3.3.2. Objetivo e Aplicação do CPC 30 – Receitas ....................................................... 17

3.3.3. Reconhecimento da Receita ............................................................................. 18

3.3.4. Mensuração da Receita ................................................................................... 21

3.4. Setor de Saneamento no Brasil .............................................................................. 22

3.5. Atuação do Profissional de contabildiade e Desafios no Cenário Atual ........................ 26

Capítulo IV

4. Metodologia e Análise dos Resultados do Estudo de Caso ............................................... 28

4.1. Metodologia e Procedimento do Estudo .................................................................. 28

4.2. Análise dos Resultados do Estudo de Caso ............................................................. 30

4.2.1. Perfil do Correspondente ................................................................................. 30

4.2.2. Reconhecimento ............................................................................................. 36

4.2.3. Mensuração .................................................................................................... 38

4.2.4. Divulgação ..................................................................................................... 40

4.2.5. Estágio de Adoção .......................................................................................... 42

4.2.6. Implantação das Normas Internacionais ........................................................... 44

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Capítulo V

5. Considerações Finais e Conclusão ...............................................................................48

Bibliografia ........................................................................................................................... 50

Webgrafia ............................................................................................................................ 51

Anexos ................................................................................................................................. 52

Anexo I – Questionário de Pesquisa ...............................................................................52

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LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS Quadro 1 – Pronunciamentos Técnicos de Contabilidade CPC ............................................... 14

Quadro 2 – Cobertura de Água Potável e Saneamento no Brasil (2004) ................................22

Gráfico 1 – Área Funcional dos Contadores ..........................................................................31

Gráfico 2 – Cargo dos Contadores ....................................................................................... 31

Gráfico 3 – Faixa etária dos Contadores .............................................................................. 32

Gráfico 4 – Tempo do cargo atual dos Contadores ...............................................................32

Gráfico 5 – Tempo que os Contadores atuam na empresa ....................................................33

Gráfico 6 – Grau de Instrução dos Contadores .....................................................................33

Gráfico 7a – Participação dos Contadores em cursos sobre o CPC 30 - Receitas ..................... 34

Gráfico 7b – Cursos feitos pelos Contadores ........................................................................34

Gráfico 8 – Através de que mecanismo o contador deve melhorar o seu conhecimeto ........... 35

Gráfico 9 – Alterações importantes introduzidas pela Lei 11.638/07 ...................................... 36

Gráfico 10 – Importante para o reconhecimento da receita ..................................................37

Gráfico 11 – As regras de reconhecimento estão sendo observadas na empresa .................... 37

Gráfico 12 – Grau de dificuldade no reconhecimento da receita de acordo com o CPC 30 . 38

Gráfico 13 – Uma venda deve ser mensurada pelo valor da nota fiscal 39

Gráfico 14 – As regras para mensuração estão sendo observadas na empresa ......................39

Gráfico 15 – Dificuldade para mensuração da receita de acordo com o CPC 30 ...................... 40

Gráfico 16 – Importâncias do critério de divulgação das receitas ..........................................41

Gráfico 17 – Revisão dos critérios de divulgação das receitas ...............................................41

Gráfico 18 – Áreas envolvidas no critério de divulgação das receitas ..................................... 42

Gráfico 19 – Itens que devem ser revistos pela empresa ......................................................43

Gráfico 20 – Efeitos apresentados no resultado do exercício na adoção do CPC 30 ................43

Gráfico 21 – Avaliação do Processo de Implantação do CPC 30 .............................................44

Gráfico 22 – Benefícios da adoção das Normas Internacionais IFRS na empresa .................... 45

Gráfico 23 – Importâncias da implantação das Normas Internacionasi no Brasil ..................... 45

Gráfico 24 – Grau de importâncias das Normas Internacionais IFRS na empresa ...................46

Gráfico 25 – Pronunciamentos que representamum desafio maior para sua empresa ............ 47

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Desde 1973 com o objetivo de formular e publicar de forma totalmente independente um novo

padrão de normas contábeis internacionais que pudesse ser mundialmente aceito, os

organismos profissionais de contabilidade criaram o IASC (International Accounting Standards

Committee). As Normas Internacionais de Contabilidade, atualmente conhecidas como normas

IFRS (International Financial Reporting Standard), foram adotadas pelos países da União

Européia a partir do 31 de dezembro de 2005. A iniciativa foi internacionalmente acolhida pela

comunidade financeira. Atualmente numerosos países têm projetos oficiais de convergência das

normas contábeis locais para as normas IFRS, inclusive o Brasil.

No Brasil desde a edição da Lei 11.638, em 28 de dezembro de 2007 as normas IFRS estão

sendo adaptadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e incluídas nas práticas

contábeis brasileiras pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Conselho Federal de

Contabilidade (CFC).

Até a emissão da Deliberação CVM nº 539, em 14 de março de 2008, que aprovou o

Pronunciamento Conceitual Básico do CPC, havia certo descompasso entre a estrutura

conceitual contábil brasileira e a internacional. Ao aprovar este Pronunciamento, a Comissão de

Valores Mobiliários (CVM), fez questão em dar ênfase na posição desse documento em relação

aos demais atos normativos, aos desafios na adoção de uma contabilidade baseada em

princípios em um sistema jurídico codificado, e na incorporação local das alterações posteriores

na estrutura internacionai aspectos estes que demandam maior cautela na utilização da

estrutura conceitual das IFRS, elém de tornar obrigatória a adoção dos padrões do IFRS para

todas as empresas de capital aberto e as de capital fechado e grande portes a partir de 2010.

Essas alterações conceituais introduzidas nas normas brasileiras exigem do profissional contábil

uma nova postura diante da organização, e uma das grandes barreiras a ser superada por esse

profissional é a do conhecimento, pois a profissão contábil esta passando por significativas

mudanças que ainda não são conhecidas pela grande massa dos profissionais, os quais precisam

se preparar para atender ás necessidades atuais da internacionalização da contabilidade, dentre

elas a forma e o entendimento de registro e mensuração das receitas abordado no CPC 30.

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Especificamente no setor de água e saneamento, considerando a defasagem existente entre o

período de consumo e a data do efetivo faturamento, bem como, a possibilidade de reclamação

por parte do consumidor, sobre os valores faturados, chegamos à questão primordial do

reconhecimento da receita desse tipo de atividade.

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CAPíTULO II

2. PROBLEMA DE PESQUISA, JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

2.1. Problema de Pesquisa

No Brasil os principais problemas encontrados na adoção das Normas Internacionais em

específico no reconhecimento e contabilização das receitas de acordo com os preceitos do CPC

30 são: i) interpretação, julgamento e consenso sobre a aplicação da norma; ii) falta de

benchmarking no mercado para ser utilizado como referência; iii) utilização dos critérios

contábeis anteriores a Lei 11.638/07.

O momento do reconhecimento das receitas é um dos assuntos mais difíceis e importantes da

Contabilidade, fato este que tem gerado muita discussão, em função das características de

faturamento e arrecadação dos diversos seguimentos da economia que se diferenciam entre si.

Especificamente no setor de água e saneamento, por existir uma grande defasagem entre o

período de consumo e a data do efetivo faturamento, bem como, a possibilidade de reclamação

por parte do consumidor, sobre os valores faturados, chegamos à questão primordial do

reconhecimento da receita desse tipo de atividade que se difere dos demais, em função do tipo

de serviço prestado por empresas situadas em outras atividades, o que nos levou a formular o

seguinte problema a ser investigado:

Qual a percepção dos contadores do setor de água e saneamento em relação à

aplicabilidade do CPC 30 - Receitas? 2.2. Justificativa

O presente trabalho se justifica, pois o Brasil ao longo dos tempos vem se tornando aos poucos

um participante do desenvolvimento da contabilidade em nível global, mesmo que até então,

essa participação seja em grande parte teórica, caminhando para uma convergência para as

normas do IASB de forma a facilitar a comunicação e contribuir para reduzir as diferenças

internacionais.

Por ser uma ciência social, a Contabilidade é influenciada pelo ambiente em que opera. Assim,

as diferentes histórias, valores, culturas, estruturas políticas e econômicas de cada país tem

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relação direta com o desenvolvimento e aplicação dos critérios contábeis adotados pelas

empresas.

No que tange ao conceito de receita, Iudícibus (1997 p. 59) frisa que:

(...) termos ‘ganho’ uma receita significa podermos reconhecê-la, mas, mais profundamente, significa que temos direito de fazê-lo, porque realizamos uma troca, porque realizamos uma parcela substancial de um compromisso com clientes, porque realizamos uma parcela pré-combinada de um contrato de longo prazo com um cliente, ou porque existem condições objetivas de atribuir um valor de saída ao nosso estoque de produtos, mesmo que não tenha sido vendido.

O reconhecimento da receita é uma questão complexa. Isso se deve ao fato de o processo

produtivo em suas diferentes etapas de execução adicionar valor aos fatores manipulados.

Embora não se possa, de forma objetiva, escolher as etapas nem determinar de forma segura o

valor adicionado, não se pode afirmar se o processo é linear, exponencial ou de outro tipo.

No setor de água e saneamento, considerando a defasagem existente entre o período de

consumo e a data do efetivo faturamento, bem como, a possibilidade de reclamação por parte

do consumidor, sobre os valores faturados, chegamos à questão primordial do reconhecimento

da receita desse tipo de atividade que se difere das demais atividades, pois apesar da aparente

correção do procedimento contábil atualmente adotado para o reconhecimento das receitas,

verificamos a necessidade de estudos voltados para a percepção dos contadores na sustentação

técnica da aplicabilidade correta do CPC 30, pelas entidades, baseado em critérios uniformes de

reconhecimento, que realmente contribuam para o desenvolvimento dessas entidades,

elementos estes que justificam a importância do nosso trabalho.

2.3. Objetivos

O objetivo geral desse trabalho é obter dos contadores das empresas de serviço de água e

saneamento a sua percepção sobre a aplicabilidade do CPC 30 – Receitas, em função das

características de faturamento e arrecadação que diferenciam este setor o dos demais seviços

prestados por empresas situadas em outros segmentos da economia.

Os objetivos específicos do trabalho são:

1) Analisar a percepção dos contadores sobre o ponto de vista de cada um relativo à

aplicabilidade do CPC 30 - Receitas;

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2) Desenvolver material que auxilie de forma interessante sobre a percepção e entendimento

 

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dos contadores das empresas de água e saneamento em relação ao CPC 30 - Receitas.

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CAPÍTULO III

3. ANTECEDENTES E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O referencial teórico foi dividido em cinco partes: a primeira aborda o contexto da contabilidade

internacional, a segunda o cenário das práticas contábeis no brasil, a terceira, os aspéctos

teóricos do CPC 30 – Receitas, a quarta, o setor de saneamento no Brasil e a última, a atuação

do profissinal da Contabilidae e seus desafios no cenário atual.

3.1 - Contexto da Contabiliade Internacional

O crescimento e a globalização da economia mundial, principalmente através da influência

financeira das empresas multinacionais em outros países, têm nos trazido um avanço

tecnológico e informacional livre das barreiras do tempo e da distância. Isso tem forçado a

adaptação das informações contábeis, usualmente preparadas de acordo com padrões e práticas

locais, aos padrões internacionais, para que assim atinjam igualmente as perspectivas dos

usuários locais e dos externos, e assim possam ser interpretadas e utilizadas como bases de

medidas ou comparação uniformes.

Essa necessidade de harmonização das normas contábeis utilizadas no mundo inteiro surgiu,

principalmente, a partir da necessidade de haver maior clareza na interpretação das informações

contidas nas demonstrações financeiras das empresas, possibilitando, assim, maior grau de

comparabilidade entre os resultados obtidos por diferentes empresas, estejam elas localizadas

em qualquer que seja o país.

Apesar de sua convincente necessidade, essa adaptação tem enfrentado barreiras contra sua

realização, como: diferenças políticas, econômicas e sociais, além das diferenças de linguagem,

de moeda e de divergências existentes entre os princípios contábeis adotados em diversos

países. Essas diferenças acabam levando, em determinadas situações, a uma interpretação

inadequada das informações apresentadas nas demonstrações contábeis, resultando, em alguns

casos, em analises e resultados diferentes nas interpretações das mesmas informações.

Valendo-se de que a sociedade ou ambiente tem forte influência na contabilidade, Hendriksen e

Van Breda (2009, p. 38) dizem:

"(...)A contabilidade desenvolveu-se em resposta a mudanças no ambiente, novas

descobertas e processos tecnológicos. Não há motivo para crer que a contabilidade não

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continue a evoluir em resposta a mudanças que estamos observando em nossos

tempos".

Em meio a este mundo de negócios econômicos globalizados, a contabilidade passa a ser

linguagem mais utilizada para a comunicação dos agentes econômicos.

Segundo Marion (2000, p.1),

“(...) na área dos negócios a linguagem universal é a Contabilidade. Da mesma forma

que se busca aprender a língua inglesa como idioma internacional para se comunicar, no

mundo dos negócios é imperativo conhecer a Contabilidade.”

Nesse contexto, a contabilidade exerce um papel de “linguagem dos negócios” (Niyama, 2005,

p.15), e a informação financeira tem em seu âmbito de atuação ampliado de uma esfera local

para uma internacional, transformando-se numa ferramenta indispensável para sustentabilidade

de qualquer empreendimento e, por conseguinte dos mercados.

De qualquer forma, tem-se verificado uma maior aproximação entre países no sentido de existir

uma harmonização contábil e até quem sabe, uma harmonização fiscal. Mas para isso é preciso

ter em conta as características de cada país. O Brasil está no caminho certo no processo da

convergência das práticas contábeis brasileiras aos padrões internacionais, fato que certamente

irá trazer benefícios ao país, como maior confiança do mercado e dos investidores externos e

redução de custos com processos de conversão das demonstrações.

3.2. Cenário atual das Práticas Contábeis no Brasil

O Brasil está inserido no rol dos mais de 100 países que já estão oficialmente comprometidos

com a adoção das normas internacionais de contabilidade (as IFRS). A criação do Comitê de

Pronunciamentos Contábeis (CPC), no âmbito do Conselho Federal de Contabilidade, em 2005;

também faz parte dessa iniciativa. Os seguintes órgãos reguladores divulgaram esse

compromisso publicamente: Banco Central do Brasil (2006), Comissão de Valores Mobiliários

(2007) e Superintendência de Seguros Privados (2007). Com isso, as entidades do ramo

Securitário são requeridas a elaborar e a divulgar as suas demonstrações contábeis consolidadas

a partir do exercício social findo em 31 de dezembro de 2010 com base nas IFRS.

A Lei n.º 11.638, publicada em 28.12.2007, posteriormente modificada pela Lei nº 11.941/09

resultado da conversão da Medida Provisória n.º 449, de 3 de dezembro de 2008, alterou

profundamente a parte contábil da Lei das Sociedades por Ações (Lei n.º 6.404/76), permitindo

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a convergência das normas contábeis adotadas no Brasil às internacionais emitidas pelo

International Accounting Standards Board - IASB.

O CPC, em cumprimento ao seu objetivo de buscar a unificação da emissão de pronunciamentos

técnicos sobre procedimentos contábeis no Brasil, estabeleceu um plano de trabalho que o

permitiu elaborar e divulgar pronunciamentos contábeis para atender a todas as alterações

introduzidas pelas referidas Leis, com vistas a auxiliar e orientar profissionais de contabilidade,

administradores de empresas, professores, auditores independentes, analistas, investidores,

credores, estudantes de contabilidade e demais usuários das demonstrações contábeis

brasileiras.

Os pronunciamentos técnicos de contabilidade a serem adotados pelas empresas brasileiras em

linha com as normas contábeis internacionais emitidos pelo CPC e referendados pelo Conselho

Federal de Contabilidade - CFC e pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM até o momento

estão evidenciados no quadro 1.

Quadro 1 – Pronunciamentos Técnicos de Contabilidade – CPC

PRONUNCIAMENTOS EMITIDOS   CPC NOME CVM

1 -

Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis.

Deliberação nº 539/08

2 OCPC 01 Entidades de Incorporação Imobiliária Deliberação nº 561/08 3 OCPC 02 Esclarecimentos sobre as Demonstrações Contábeis de 2008 Ofício CVM/SNC/SEP Nº01/09 4 CPC 01 Redução ao Valor Recuperável de Ativos Deliberação nº 527/07

5

CPC 02

Efeitos nas Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis

Deliberação nº 534/08

6 CPC 03 Demonstração dos Fluxos de Caixa Deliberação nº 547/08 7 CPC 04 Ativo Intangível Deliberação nº 553/08 8 CPC 05 Divulgação sobre Partes Relacionadas Deliberação nº 560/08 9 CPC 06 Operações de Arrendamento Mercantil Deliberação nº 554/08

10 CPC 07 Subvenção e Assistência Governamentais Deliberação nº 555/08

11 CPC 08

Custos de Transação e Prêmio na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários

Deliberação nº 556/08

12 CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado Deliberação nº 557/08 13 CPC 10 Pagamento Baseado em Ações Deliberação nº 562/08 14 CPC 11 Contratos de Seguros Deliberação nº 563/08 15 CPC 12 Ajuste a Valor Presente Deliberação nº 564/08 16 CPC 13 Adoção Inicial da Lei no 11.638/07 Deliberação nº 565/08

17

CPC 14

Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação Fase 1

Deliberação nº 566/08

18 CPC 16 Estoques Deliberação nº 575/09 19 CPC 17 Contratos de Construção Deliberação nº 576/09 20 CPC 20 Custos de Empréstimos Deliberação nº 577/09

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21 CPC 15 Combinação de Negócios Deliberação nº 580/09 22 CPC 18 Investimento em Coligadas Em apreciação CPC/CVM 23 CPC 19 Investimento em Empreendimento Conjunto Em apreciação CPC/CVM 24 CPC 21 Demonstração Intermediária Deliberação nº 581/09 25 CPC 22 Informação por Segmentos Deliberação nº 582/09

26

CPC 23

Políticas Contábeis, Mudanças de Estimativas Contábeis e Erros

Deliberação nº 592/09

27 CPC 24 Eventos Subseqüentes Deliberação nº 593/09 28 CPC 25 Provisões, Passivos e Ativos Contingentes Deliberação nº 594/09 29 CPC 26 Apresentação das Demonstrações Contábeis Deliberação nº 595/09 30 CPC 27 Imobilizado Deliberação nº 583/09 31 CPC 28 Propriedade para Investimento Deliberação nº 584/09 32 CPC 29 Agricultura Deliberação nº 596/09 33 CPC 30 Receitas Deliberação nº 597/09

34

CPC 31

Ativos Não Correntes Mantidos para Venda e Operações Descontinuadas

Deliberação nº 598/09

35 CPC 32 Imposto de Renda Deliberação nº 599/09 36 CPC 33 Benefícios a Empregados Deliberação nº 600/09 37 CPC 34 Exploração e Avaliação de Recursos Minerais Em elaboração 38 CPC 35 Demonstrações Separadas(*) Deliberação nº 607/09 39 CPC 36 Demonstrações Consolidadas(*) Deliberação nº 608/09 40 CPC 37 Adoção Inicial das IFRSs Deliberação nº 609/09 41 CPC 38 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração Deliberação nº 604/09 42 CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentação Deliberação nº 604/09 43 CPC 40 Instrumentos Financeiros: Evidenciação Deliberação nº 604/09 44 CPC 41 Resultado por Ação Em elaboração 45 CPC 42 Contabilidade e Evidenciação em Economia Hiperinflacionária Em elaboração 46 CPC 43 Adoção Inicial dos Pronunciamnentos Técnicos CPC 15 a 40 Deliberação nº 610/09 47 CPC 00 C1 Estrutura Conceitual - Complementação 01 Em elaboração 48 ICPC 01 Concessões - Service Concession Arrangements Deliberação nº 611/09 49 ICPC 02 Contratos de Construção do Setor Imobiliário Deliberação nº 612/09

51

OCPC 03

Esclarecimentos: CPC 27 - Ativo Imobilizado e CPC 28 - Propriedade para Investimento

Ofício CVM/SNC/SEP Nº03/09

52

ICPC 03

Aspéctos Complementarres Arrendamentomercantil

das Operações de Deliberação nº 613/09

53

ICPC 04

Alcance do Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento Baseado em ações

Deliberação nº 614/09

54

ICPC 05

Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento baseado em Ações de Grupo e em Tesouraria

Deliberação nº 615/09

55 ICPC 06 Hedge de Investimento líquiodem Operações no Exterior Deliberação nº 616/09 56 ICPC 07 Distribuição de Lucros in Natura Deliberação nº 617/09 57 ICPC 08 Contabilização de Propposta de Pagamento de Dividendos Deliberação nº 601/09

58

ICPC 09

Demonstrações Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas e Aplicação do Método de Equivalência Patrimonial

Deliberação nº 618/09

59

ICPC 10

Interpretação sobre a Aplicaçãio Inicial ao Ativo Imobilizado e à Propriedade para Investimento dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 27, 28, 37 e 43

Deliberação nº 619/09

60 ICPC 11 Recebimentos em Transferência de Ativos de Clientes Deliberação nº 620/09

61 ICPC 12

Mudanças em Passivos por Desativação, Restauração e Outros Passivos Similares

Deliberação nº 621/09

62 CPC PME Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas Resolução CFC nº 1.255/09 Fonte: hlttp://www.cpc.org.br : Acesso em 07/mar/2010

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Com a introdução destes pronunciamentos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis

- CPC, em prol da harmonização contábil, os quais contribuem para a internacionalização da

contabilidade no Brasil, é extremamente positiva para nosso ambiente econômico, pois

possibilita a adoção de práticas contábeis internacionais pelas companhias brasileiras, assim

como atribuir maior transparência às informações contábeis, principalmente das sociedades

anônimas abertas e as fechadas de grande porte.

3.3. Aspéctos Teóricos do Reconhecimento da Receita (CPC 30)

3.3.1 – Definição de Receita

Uma definição deve caracterizar a essência ou a natureza da receita, entretanto, de modo geral,

as definições abordam questões relativas à mensuração e ao reconhecimento das receitas em

detrimento da natureza das mesmas.

A receita é definida no Pronunciamento Conceitual Básico, que deve ser entendido como uma

“Constituição Contábil do Brasil” e serve como diretriz no estabelecimento de normas ou

padrões contábeis, aprovado pela Deliberação CVM nº 539/08 e referendado pela Resolução

CFC nº 1.121/08, como aumento nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a

forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos que resultam em

aumentos do patrimônio líquido da entidade e que não sejam provenientes de aporte de

recursos dos proprietários da entidade. As receitas englobam tanto as receitas propriamente

ditas como os ganhos. A receita é decorrente das atividades-fim de uma entidade e é designada

por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos e royalties.

Segundo salientado por Hendriksen e Van Breda (2009, p.223), as receitas podem ser definidas

como produto gerado por uma empresa, sendo tipicamente medidas em termos de preços

correntes de troca, que devem ser reconhecidas após um evento crítico, ou assim que o

processo de venda tenha sido cumprido em termos substanciais.

Niyama (2008, p.194) ao apresentar a definição de receita do International Accounting

Standards Board – IASB considera receitas como:

“(...) aumentos nos benefícios econômocos durante o perído contábil, sob a forma de

entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passívos, que resultam em

aumentos do patrimônio líquido, e não se confundem com os que resultam de

contribuições dos proprietários.”

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Definição esta, tambem adotada de forma próxima pela Comissção de Valores Mobiliários –

CVM.

Na mesma linha, no que tange definição de receita Iudícibus (2009, p. 152) diz que:

“(...) Receita é a expressão monetária validada pelo mercado, do agregado, de bens e

serviços da entidade, em sentido amplo (em determinado período de tempo), e que

provoca um acréscimo concomitante no ativo e no patrimônio líquido, considerado

separadamente da diminuição do ativo (ou do acréscimo do passivo) e do patrimônio

líquido provocados pelo esforço em produzir tal receita”.

Hendriksen e Van Breda (2009, p. 224) tambem argumentam que as “(…) as receitas são o

fluido vital da empresa. Sem receitas não haveria lucros. Sem lucros, não heveria empresa”.

Além destas definições, muitas outras foram desenvolvidas contendo a noção de receita como o

produto da empresa, porém dando a ela uma dimensão temporal, de acordo com a incorrência

do fato gerador, acrescentando que o produto, (bens ou serviços) deve deixar a empresa antes

de poder ser considerado receita.

3.3.2 – Objetivo e Aplicação do CPC 30 - Receitas

O objetivo do CPC 30 – Receitas, é estabelecer o tratamento contábil de receitas provenientes

de certos tipos de transações e eventos e deve ser aplicado na contabilização de receitas

provenientes de:

(a) venda de bens;

(b) prestação de serviços; e

(c) utilização, por parte de terceiros, de outros ativos da entidade que geram juros, royalties e

dividendos.

O termo “bens” inclui bens produzidos pela entidade com a finalidade de venda e bens

comprados para revenda, tais como mercadorias compradas para venda no atacado e no varejo,

terrenos e outras propriedades mantidas para revenda.

A prestação de serviços envolve tipicamente o desempenho da entidade em face da tarefa

estabelecida contratualmente a ser executada ao longo de um período acordado entre as partes.

Tais serviços podem ser prestados dentro de um ou mais períodos. Alguns contratos para a

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prestação de serviços estão diretamente relacionados a contratos de construção, como, por

exemplo, os contratos para gestão de projetos e de arquitetura. As receitas provenientes de

contratos dessa natureza não são tratadas no âmbito deste Pronunciamento, e sim de acordo

com os requisitos para os contratos de construção, conforme especificados no Pronunciamento

Técnico CPC 17 – Contratos de Construção.

A utilização, por parte de terceiros, de ativos da entidade dá origem a receitas na forma de:

(a) juros – encargos pela utilização de caixa e equivalentes de caixa ou de quantias devidas à

entidade;

(b) royalties – encargos pela utilização de ativos de longo prazo da entidade, como, por

exemplo: patentes, marcas, direitos autorais e software de computadores; e

(c) dividendos – distribuição de lucros a detentores de instrumentos patrimoniais na proporção

das suas participações em uma classe particular do capital.

3.3.3 – Reconhecimento da Receita

A questão primordial na contabilização da receita é determinar quando reconhecê-la.

A ocorrência da receita e o momento mais apropriado para seu reconhecimento geram

controvérsias e, segundo Hendriksen e Van Breda (2009, p. 224), constituem problemas

fascinantes na teoria da contabilidade.

De acordo com o CPC 30, a receita é reconhecida quando for provável que benefícios

econômicos futuros fluam para a entidade e esses benefícios possam ser confiavelmente

mensurados; e deve ser mensurada pelo valor justo da retribuição recebida ou a receber.

Os critérios de reconhecimento são geralmente aplicados separadamente a cada transação. Não

obstante, em certas circunstâncias pode ser necessário aplicar separadamente os critérios de

reconhecimento aos componentes identificáveis de uma única transação com o objetivo de

refletir sua substância. Em tais casos, a essência deve prevalecer sobre a forma.

A receita inclui somente os ingressos originários de suas próprias atividades. As quantias

cobradas por conta de terceiros – tais como tributos sobre vendas, tributos sobre bens e

serviços e tributos sobre valor adicionado não são benefícios econômicos que fluam para a

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entidade e consequentemente não resultam em aumento do patrimônio líquido. Portanto, são

excluídos da receita.

Essa mudança de conceituação do que seja receita, implicará em mudança na forma de

contabilização de tributos normalmente em uso no Brasil, e por isso o CPC emitirá Orientação

específica a respeito.

No caso de permuta de bens e serviços de mesma natureza não há reconhecimento de receita;

esta só ocorre quando de permuta de bens e serviços de natureza diferente.

A receita só deve ser reconhecida quando for provável que os benefícios econômicos associados

à transação fluirão para a entidade. Em alguns casos específicos isso só pode ser determinado

quando do recebimento ou quando a incerteza for removida. Quando surgir uma incerteza

relativa à realização de valor já reconhecido na receita, o valor incobrável ou a parcela do valor

cuja recuperação é improvável devem ser reconhecidos como despesa e não como redução do

montante da receita originalmente reconhecida.

A receita e as despesas relacionadas à mesma transação são reconhecidas simultaneamente;

esse processo está vinculado ao princípio da contraposição das despesas às receitas (regime de

competência). As despesas, incluindo garantias e outros custos a serem incorridos após a

entrega dos bens, podem ser confiavelmente mensuradas quando as outras condições para o

reconhecimento da receita tenham sido satisfeitas. Porém, quando as despesas não possam ser

mensuradas confiavelmente, a receita não pode ser reconhecida. Em tais circunstâncias,

quaisquer valores já recebidos pela venda dos bens serão reconhecidos como um passivo.

A receita proveniente da venda de bens deve ser reconhecida apenas quando: a) a entidade

tenha transferido para o comprador os riscos e benefícios mais significativos inerentes à

propriedade dos bens; b) não mantenha envolvimento continuado na gestão dos bens vendidos;

c) o valor dos ingressos seja confiavelmente mensurável; d) seja provável que os benefícios

econômicos associados à transação fluirão para a entidade; e e) as despesas incorridas ou a

serem incorridas, referentes à transação, possam ser confiavelmente mensuradas.

A avaliação do momento em que a entidade transfere os riscos e benefícios inerentes à

propriedade para o comprador exige o exame das circunstâncias da transação. Na maior parte

dos casos a transferência dos riscos e dos benefícios inerentes à propriedade coincide com a

transferência do documento legal ou da transferência da posse do ativo para o comprador. Tais

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casos são típicos das vendas a varejo. Em outros casos, porém, a transferência dos riscos e

benefícios inerentes à propriedade ocorre em momento diferente da transferência do

documento legal ou da transferência da posse do ativo.

Na prestação de serviço, quando o desfecho de uma operação que envolva a prestação de

serviços possa ser confiavelmente estimado, a receita associada deve ser reconhecida

proporcionalmente à execução do serviço.

Quando o desfecho da operação que envolva a prestação de serviços não possa ser estimado

confiavelmente, a receita somente deve ser reconhecida na medida em que sejam recuperáveis

os gastos incorridos.

Os juros devem ser reconhecidos usando o método da taxa efetiva de juros, tal como definido

no Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração.

Os royalties devem ser reconhecidos por regime de competência, de acordo com a essência do

contrato.

Os dividendos devem ser reconhecidos quando estabelecido o direito do investidor de receber o

pagamento.

Já Hendriksen e Van Breda (2009, p. 229) salientam que as “(…) as receitas devem se

reconhecidas nas demonstrações contábeis quando os seguintes critérios são atendidos:”

1. “Deve ter sido acrescentado valor pela empresa a seu produto”.

2. “O nível da receita deve ser menseurável.”

3. “A mensuração deve ser verificável e relativamente isenta de distorções.”

4. “Deve ser possível estimar as despesas correspondentes com um grau razoável de

precisaõ.”

Já Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003, p. 61) destacam que:

“(..) A receita é considerada realizada e, portanto, passível de registro pela

Contabilidade, quando produtos ou serviços, produzidos ou prestados pela entidade são

transferidos para outra Entidade ou pessoa física com anuência destas, mediante a

pagamento ou compromisso de pagamento especificado perante a Entidade produtora.”

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Logo, pode-se considerar o reconhecimento da receita como um processo complexo de

agregação constante de valor, os bens, produtos e serviços que a entidade irá transferir a seus

clientes.

3.3.4 – Mensuração da Receita

A receita deve ser mensurada pelo valor justo da retribuição recebida ou a receber, geralmente

acordado entre a entidade e o comprador ou usuário do ativo, deduzido de quaisquer descontos

comerciais e/ou bonificações concedidos pela entidade ao comprador.

Na maior parte dos casos, a retribuição é feita na forma de caixa ou equivalente de caixa e o

valor da receita é o valor recebido ou a receber. Mas, se o ingresso de caixa ou seu equivalente

vier a ser diferido, o valor justo da retribuição pode vir a ser menor do que o valor nominal do

dinheiro recebido ou a receber. Quando o acordo constituir, efetivamente, uma transação de

financiamento, o valor justo da receita é calculado a valor presente, ou seja, descontando todos

os recebimentos futuros, tomando por base a taxa de juro imputada, a mais claramente

determinável entre a taxa correspondente a um instrumento financeiro similar de emitente com

classificação de crédito similar ou a taxa de juro que desconte o valor nominal do instrumento

para o preço de venda à vista dos bens ou serviços.

A diferença entre o valor justo e o valor nominal da retribuição é reconhecida como receita de

juros.

Segundo salientado por Iudícibus (2009, p. 151),

“(...) Uma boa mensuração da receita exige que se determine o valor de troca do

produto ou serviço prestado pela empresa. Em outros termos, este valor de troca nada

mas é do que o valor atual dos fluxos em dinheiro que serão recebidos, derivantes de

uma transação que produza receitas.”

Na mesma linha Hendriksen e Van Breda (2009, p. 226) dizem que:

“(...) A receita, independente de como seja definida, deve ser medida, em termos ideais,

pelo valor de troca do produto ou serviço da empresa. Esse valor de troca representa o

equivalente a caixa, ou o valor presente de direitos monetários a serem recebidos

eventualmente, em consequência da transação que gera receita.”

Já Nyiama (2009. p. 200), destaca que “(...) a mensuração da receita esta subordinada á

própria mensuração dos demais elementos patrimoniais”. Dando enfase ao tratamento das

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receitas a prazo “(...) em situações em que a taxa de juros da economia encontra-se em

patamares elevados a receita financeira torna-se mais representativa”.

Basendo-se no critério de mensuração da receita focalizado por esses autores de Teoria da

Contabilidade, fica evidenciado que todos concordam, com algumas variações, que a receita

deve ser medida pelo valor presente do dinheiro ou do equivalente monetário a ser

efetivamente recebido, mensurado pelo valor justo da retribuição recebida ou a receber líquido

de juros e de quaisquer descontos comerciais e de quantidades concedidos pela empresa.

3.4. Setor de Saneamento no Brasil

O setor de saneamento no Brasil tem demonstrado força e flexibilidade diante das dificuldades e

persistentes desigualdades em cobertura e qualidade dos serviços enfrentadas pelo setor.

Muitos avanços foram alcançados durante as últimas décadas, inclusive no melhoramento da

eficiencia da distribuição e do acesso sustentável a água de boa qualidade. O acesso à água

encanada aumentou de 83% em 1990 para 90% em 2004, enquanto o acesso ao saneamento

básico aumentou de 71% para 75%. Apesar dos avanços alcançados, muitas mudanças terão

que ser implementadas para que as desigualdades possam ser reduzidas e as Metas de

Desenvolvimento do Miilênio alcançadas. De fato, se os atuais níveis de investimento fossem

mantidos, o Brasil somente poderia alcançar tais metas em 2054. (Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Saneamento_no_Brasil: acesso em 21 nov 2009)

Quadro 2 – Cobertura de Água Potável e Saneamento no Brasil (2004)

    Urbano (84% da população)

Rural (16% da população)

Total

Água Potável Definição ampla 96% 57% 90% Conexões 91% 17% 79%

Saneamento Definição ampla 83% 37% 75%   Sistema de esgoto 53% 5% 45%

Fonte: Programa de Monitoramento Conjunto OMS/UNICEF(JMP/2006). Dados para água e saneamento baseados no Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2003) e no censo (2000).

Em 2004, o acesso à água encanada no Brasil ficou na faixa de 90%, enquanto o acesso ao

saneamento básico está em 75%. A cobertura é significativamente mais alta nas áreas urbanas,

onde vive 84% da população. A cobertura urbana é de 96% para a água encanada e 83% para

o saneamento básico, incluindo 53% de acesso a sistemas de esgotos; o restante é referente a

soluções alternativas de saneamento básico, como fossas sépticas e poços absorventes. A

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cobertura em áreas rurais, onde se encontra 16% da população, é bem inferior, sendo 57%

para água e somente 37% para saneamento básico. Geograficamente, a cobertura é mais baixa

nas regiões mais pobres, principalmente nas áreas rurais do Norte, Nordeste, e Centro-Oeste.

No Brasil, o uso de água pelos usuários servidos pelas companhias de saneamento caiu de 217

para 143 litros por pessoa por dia durante os últimos anos (-34%). O uso de água no país é

portanto mais baixo do que os níveis excessivamente altos encontrados em vários países latino-

americanos, e está mais próximo aos níveis encontrados na Europa Central. A redução do uso

de água provavelmente foi influenciada pela difusão dos sistemas de medição de consumo de

água ou pelo aumento do número de usuários de baixa renda, que mantêm baixos níveis de uso

de água per capita.

O processo de levar o abastecimento de água e o saneamento básico aos bairos urbanos pobres

continua sendo um desafio que freqüentemente requer métodos não convencionais. Enquanto o

país tem sido pioneiro no uso de tecnologias de baixo custo (como por exemplo os sistemas

condominiais de esgotos) e também na área de participação comunitária em urbanização de

assentamentos precários, o desafio dos assentamentos informais, ou favelas, continua sendo

muito grande. As favelas são freqüentemente localizadas em áreas íngremes, com riscos de

deslizamentos, ou áreas baixas e planas que são facilmente inundadas. Uma das iniciativas

governamentais para resolver os problemas dos assentamentos precários é o Programa de

Saneamento para Populações em Areas de Baixa Renda (PROSANEAR) que tem o apoio

financeiro e técnico do Banco Mundial.

De acordo com a Constituição brasileira, a provisão dos serviços de água e saneamento é a

responsabilidade dos 5.564 municípios do país. Porém, companhias de água e saneamento nos

26 estados brasileiros estão encarregadas de prover serviços de água em 4.000 municípios e

esgoto em 1.000 municípios. As companhias estaduais criadas a partir de 1971 como parte do

Plano Nacional de Água e Saneamento (PLANASA), substituindo o modelo antigo de provisão

que era puramente municipal.

Todos provedores estatais e a maioria de provedores de serviços municipais no Brasil são

públicos. Porém, desde 1996, 65 municípios em 10 estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná,

Espírito Santo, Mato Grosso e Pará entre outros) servindo 7 milhões de consumidores fecharam

acordos concessionários com provedores privados de serviços para a provisão de água,

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saneamento, ou de ambos. Em 1996, provedores privados formaram a Associação Brasileira das

Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON).

Ao nível nacional, o Ministério das Cidades coordena as políticas setoriais implementadas por

vários Ministérios. Por exemplo, o Ministério da Saúde tem certas atribuições relacionadas ao

saneamento enquanto o Ministério de Desenvolvimento Regional, o Ministério de Agricultura, e o

Ministério de Reforma Agrária têm atribuições nas áreas rurais. A administração de recursos

hídricos é a responsabilidade da Agência Nacional de Água (ANA).

A regulamentação da provisão de serviços é responsabilidade dos municípios. Apesar disso, 14

estados brasileiros estabeleceram agências reguladoras de serviços públicos, que cobrem,

dentro outros setores, os de água e saneamento. Levando em consideração que o mandato

legal para a regulamentação recai sobre os municípios, o papel das agências reguladoras de

água e saneamento é mínimo.

A política nacional de água e saneamento aprovada pelo Ministério das Cidades identificou seis

etapas para melhorar a cobertura de serviço e eficiência através do encorajamento de um

ambiente mais competitivo e melhor regulado: a separação institucional dos provedores e

reguladores de serviços, promoção de alternativas decentralizadas para a provisão de serviços,

promoção de participação social dentro do serviço regulatório e controlador,o uso de tecnologias

de baixo custo,o desenvolvimento de esquemas de precificação financeiramente sustentáveis,

incluindo subsídios para famílias de baixa renda, conforme seja necessário, para assegurar o

acesso universal aos serviços básicos, e uma melhoria na cooperação entre as autoridades

federais e locais e a sociedade civil.

Em janeiro de 2007, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma nova lei federal de água

e saneamento (Lei 11.445/07 para o saneamento básico) que traça novas políticas setoriais. A

lei tem como alvo o aumento de investimentos destinados ao aumento de acesso universal de

água e saneamento, e leva em consideração as especificidades locais e o uso de tecnologias

apropriadas que estejam em linha com a capacidade de pagamento do usuário. Cabe destacar

que, a referida lei preenche um espaço ao prover a base legal para o papel do governo federal

em água e saneamento, papel este que esteve indefinido durante os últimos 20 anos.

No mesmo mês, o Presidente anunciou o novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC),

que inclui investimentos significativos em estradas, aeroportos, portos, energia, assim como na

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provisão de habitação e água e saneamento, beneficiando assim a população pobre. O

programa estabelece um total de R$ 504 bilhões (US$ 235 bilhões) destinados a investimentos

até 2010 dos quais US$ 205 bilhões seriam providos por companhias estaduais e pelo setor

privado, enquanto o resto viria do governo federal.

Um dos indicadores da eficiência da provisão de serviços é o nível de água NON-REVENUE

(NRW). NRW no Brasil varia entre 21% e um impressionante 81%, refletindo grandes diferenças

na eficiência alcançada por distintos provedores de serviços. A média de NRW em 2005 no Brasil

foi de 39%.

As taxas sobre água e saneamento em várias cidades brasileiras são relativamente altas

comparados com a média latino-americana. De acordo com um estudo feito em 2005 pela

Associação Latino-americana de reguladores de água e saneamento (ADERASA), a conta de

água residencial típica para o consumo de 20 metros cúbicos mensais foi equivalente a US$ 17

em São Paulo, US$ 15 no Espírito Santo, e US$ 10 em Pernambuco, comparada com a média de

US$ 11 entre as outras 21 cidades latino-americanas estudadas. Não obstante, a renda é

insuficiente para permitir as que companhias de água e saneamento empreendam os

investimentos necessários para aumentarem a cobertura e expandirem o tratamento de águas

residuárias.

O total investido em água e saneamento em 2005 por provedores de serviço participando do

Sistema Nacional de Água e Saneamento (SNIS) foi de R$ 3,55 bilhões, incluindo R$ 1,53 bilhão

para água e R$ 1,35 bilhão para saneamento e R$ 0.67 bilhão em outras áreas.

Espera-se que o PAC contribua para um aumentar ainda mais os níveis de investimentos em

água e saneamento, sendo estimado pelo governo investimentos em infra-estrutura de água e

saneamento de cerca de R$ 9,6 bilhões (US$ 24 per capita ou 0,7% do PIB) anuais, ou três

vezes o nível de 2005, sejam necessários para se conseguir o acesso universal.

A maior fonte de recursos em 2004 foi o auto-financiamento das próprias companhias de água e

saneamento, de onde vieram R$ 1,82 bilhão ou 51% de todo o financiamento. Dentro dos

parâmetros latino-americanos, este nível é muito alto. Entretanto, este quadro não reflete o

poder financeiro das empresas, e sim um sintoma de declínio global de investimentos.

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A Caixa Econômica Federal desempenha um papel importante no fornecimento de crédito para a

execução de investimentos em água e saneamento no Brasil. Para pequenas cidades e áreas

rurais, uma importante fonte de financiamento é a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), que

faz parte da estrutura do Ministério da Saúde e investiu R$ 890 milhões em 3.500 municípios

beneficiando 11,43 milhões de pessoas entre 1995 e 1999.

3.5. Atuação do Profissional de Contabilidade e Desafios no Cenário Atual

A profissão do contador foi regulamentada pelo Decreto-Lei nº 9.295/46, que criou o Conselho

Federal de Contabilidade – CFC e definiu as atribuições do contador e do técnico em

contabilidade. A referida regulamentação traz em seu texto legal que, somente poderão exercer

a profissão aqueles que estiverem devidamente registrados no Ministério da Educação e no

Conselho Regional a que estiverem sujeitos.

O contador pode exercer suas atividades na condição de autônomo, profissional liberal,

empregado regido pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, servidor público, militar,

empresário individual, sócio de qualquer tipo de sociedade, diretor ou conselheiro de quaisquer

entidades, ou em qualquer outra situação jurídica, podendo exercer qualquer tipo de função,

conforme preceitua a Resolução CFC nº 560/83.

O profissional da área contábil, que tem como uma de suas responsabilidades a geração de

informações de todas as operações realizadas em uma empresa, bem como mostrar se as

decisões tomadas foram adequadas ou não, precisa estar preparado para atender às

necessidades atuais de uma economia globalizada.

A profissão contábil está passando por significativas mudanças em sua estrutura interna e

externa, alterações que ainda não são conhecidas pela grande massa dos profissionais.

No cenário atual, após a edição da Lei nº 11.638/07, que incluiu as normas IFRS nas práticas

contábeis do Brasil e Deliberação CVM nº 539/08, que aprovou uma nova estrutura conceitual

aplicada à contabilidade brasileira, houve uma crescente demanda de profissionais, com

conhecimento em IFRS.

Uma das grandes barreiras a serem superadas pelo contador é a do conhecimento, pois a falta

de benchmarking no mercado para ser utilizado como referência, julgamento e consenso sobre

a aplicação dessas normas, são alguns dos problemas do Contador brasileiro para lidar com o

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universo das normas internacionais, um modelo mais complexo que exige maior poder de

interpretação das normas, são alguns dos gargalos deste processo, pois hoje as universidades

brasileiras não formam profissionais com conhecimento profundo nessa área.

Para Marion (2000, p. 1),

“(...) O moderno profissional da Contabilidade deverá associar-se ao sindicato da classe

e participar ativamente no Conselho Regional de Contabilidade como membro atuante

nas comissões de estudos, conselho fiscal, diretoria, etc. Cursos de Pós-Graduação,

além de necessários ao processo de educação continuada, estimula a pesquisa e o

desenvolvimento profissional.”

Na mesma linha, porém voltado para pesquisa científica Iudícibus (2009, p. 25), além de

enfatizar que as entidades representativas de contadores necessitarão de um trabalho profundo

sobre pesquisa de princípios contábeis, destaca que:

“(...) principalmente as universidades precisam dedicar fundos e esforços à pesquisa

contábil, no sentido de treinar, manter e atualizar seu corpo docente, com boa

participação de docentes que se dediquem integralmente à universidade.”

Esse é um desafio que caberá á própria iniciativa privada para superar através de investimentos

específicos, educação continuada, e intercâmbio com profissionais de outros países, que já

passaram por esse momento. É fundamenta registrar nesse momento a importância de uma

educação com qualidade inclusive com conhecimentos culturais lingüísticos que com certeza

podem agregar valor a profissão contábil.

Nesse momento podemos entender que a importância de uma educação de qualidade é

verdadeiramente necessária, para acolher os avanços e evolução do vasto campo de

aperfeiçoamento do sistema de contabilidade, introduzidos pela legislação recente.

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CAPÍTULO IV

4. METODOLOGIA E ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO

4.1 - Metodologia e Procedimento do Estudo

A metodologia de pesquisa utilizada foi baseada em Estudo de Caso.

Segundo Yin (2001 p. 32), o estudo de caso é uma investigação de um fenômeno

contemporâneo, dentro de seu contexto da vida real.

A coleta dos dados foi feita por meio de um questionário contendo 25 questões. O questionário

foi dividido em seis partes: Perfil do Correspondente, Reconhecimento, Mensuração, Divulgação,

Estágio de Adoção e Implantação das Normas Internacionais no Brasil.

Na primeira parte foram elecancadas nove questões com alternativas de resposta e tiveram o

objetivo de:

Fornecer informações pessoais de cada correspondente;

Saber se possuem conhecimento sobre a implementação das Normas Internacionais de

Contabilidade que estão sendo implantadas no Brasil.

Na segunda parte foram elencadas três questões que tiveram o objetivo de:

Saber dos contadores qual o grau de importância para o reconhecimento da receita, entre

identificação, valorização e benefício econômico, atribuindo uma nota de 3 a 1. Nota 3 para

o mais imprtante e as demais notas para os menos importantes;

Verificar se os contadores conhecem o grau de dificuldade na aplicação das regras

estabelecidas pelo CPC 30 para o reconhecimento das receitas.

Na terceira parte foram elencadas três questões que forneceram as seguintes informações:

Saber dos contadores se as regras estabelecidas pelo CPC 30 para mensuração das receitas

estão sendo observadas na empresa;

Verificar se os contadores conhecem o grau de dificuldade na aplicação das regras

estabelecidas pelo CPC 30 para a mensuração das receitas.

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Na quarta parte foram elencadas três questões que tiveram o objetivo de:

Obter a opinião dos contadores sobre a importância da divulgação dos critérios adotados na

contabilização das receitas;

Identificar se a empresa esta revisando os critérios de divulgação da receita e quais as áreas

da empresa envolvidas na reavaliação desses critérios.

Na quinta parte foram elencadas três questões que forneceram as seguintes informações:

Saber dos contadores quais itens devem ser revistos de acordo com o grau de dificuldade

enfrentado pelos profissionais da árae contábil da empresa, atribuindo uma nota de 4 a 1.

Nota 4 para os mais importantes e as demais notas para os menos importantes;

Obter uma nota média dos contadores para o processo de implantação do CPC 30 e uma

opinião sebre quais alterações ocorrem no resultado da empresa, por ocaisão da adoção

desse CPC.

Na sexta parte foram elencadas quatro questões que forneceram as seguintes informações:

Verificar com os contadores quais os benefícios que a adoção das normas intenacionais

trarão a sua empresa;

Obter informação quanto ao futuro desenvolvimento da área contábil que trate de normas

intenacionais na empresa;

Saber dos contadores quais os pronunciamentos contábeis (CPC’s) editados pelo Comitê de

Pronunciamentos Contábeis, representam um desafio maior para contabilidade da empresa.

Para aplicação do Estudo de Caso, os correspondentes do questionário foram os contadores de

quatro empresas do setor de água e saneamento situadas no Brasil, sendo uma da Região Sul,

uma da Região Sudeste, uma da Região Nordeste e uma da Região Centro-Oeste.

A tabulação dos dados foi feita por meio de exposição de gráficos que foram elaborados

utilizando-se de métodos que evidenciaram o conhecimento e a opinião dos contadores quanto

a implantação e aplicabilidade do CPC 30 – Receitas, na empresa.

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30  

A análise dos resultados do estudo de caso foi elaborada por meio de comparação entre as

informações obtidas através das respostas dos correspondentes.

4.2. Análise dos Resultados do Estudo de Caso

As empresas, que foram utilizadas como base deste estudo de caso foram selecionadas em

função de exigir dos contadores um profundo conhecimento de Reconhecimento, Mensuração e

Divulgação das receitas segundo as normas implementadas pelo CPC 30.

O questionário foi elaborado com 25 questões ditribuídas em seis partes. Todos os questionários

foram respondidos sendo dois respondidos em Fevereiro de 2010 e dois em Abril de 2010 pelos

4 contadores selecionados.

4.2.1. Perfil do Correspondente

A primeira parte do questionário, onde foi analisado o perfil do correspondente, teve como

objetivo fornecer as informações pessoais de cada correspondente, definindo se os mesmos

possuem conhecimento sobre a implementação das Normas Internacionais de Contabilidade que

estão sendo implantadas no Brasil.

Questão “a”: Nesta questão foi possível definir em qual área funcional os contadores atuam.

A área funcional foi dividida em três: Auditoria, Impostos e Contabilidade. De acordo com as

respostas, foi observado que a totalidade dos contadores atuam na área de contábilidade

com (100%).

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31  

Questão “b”: Nesta questão foi possível definir o cargo dos contadores. Os cargos foram

divididos em quatro: Sócio, Diretor, Gerente e Contador. De acordo com as respostas, foi

observado que a quantidade de contadores por cargo estão divididos em duas partes partes:

Gerente (50%), Contador (50%).

Questão “c”: Nesta questão foi possível definir a faixa etária dos contadores. A faixa etária

foi dividida em três: até 25 anos, de 26 e 41 anos e acima de 41 anos. De acordo com as

respostas, foi observado que 50% dos contadores possuem uma faixa etária entre 26 e 40

anos, contra 50% que estão com idade acima dos 41 anos.

Gráfico 2 - Cargo dos Contadores

0%

0% Sócio

Diretor

50% 50%

Gerente

Contador

Gráfico 1 - Área Funcional dos Contadores

0%

0% Auditoria

Impostos

Contabilidade 100%

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32  

Questão “d”: Nesta questão foi possível definir o tempo do cargo atual dos contadores. O

tempo do cargo atual foi dividida em três: até 1 ano, de 1 a 5 anos e acima de 5 anos. De

acordo com as respostas, foi observado que 25% dos contadores estão no cargo atual de 1

a 5 anos, ou seja, 1 contador, contra 75% que correspondem a 3 contadores que estão no

cargo atual há mais de 5 anos.

Questão “e”: Nesta questão foi possível definir quanto tempo os contadores atuam na área

contábil. O tempo de atuação na área contábil foi dividido em três: até 1 ano, de 1 a 10

anos e acima de 10 anos. De acordo com as respostas, foi observado que 25% dos

Gráfico 4 - Tempo do cargo atual dos Contadores

0% até 1 ano

25%

Entre 1 a 5 anos

75% Acima de 5 anos

Gráfico 3 - Faixa etária dos Contadores

0% até 25 anos

50% 50% Entre 26 - 40 anos

Acima de 41 anos

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33  

contadores, atuam na área contábil de 1 a 10 anos e 75% atuam na área contábil há mais

de 10 anos.

Questão “f”: Nesta questão foi possível definir se os contadores éram formados com relação

à graduação. Foram elencadas três opções: formado, cursando e outros. De acordo com as

respostas, foi observado que 100% dos contadores são formados. Entre os contadores

formados, existem 2 que já cursaram ou estão cursando pós-graduação e um com mestrado

em ciências contábeis.

Questão “g” primeira parte: Nesta questão foi possível definir se os contadores já

participaram de algum treinamento sobre a implementação das novas normas de

Gráfico 6 - Grau de Instrução dos Contadores

0%

0% Formado

Cursando

Outros 100%

Gráfico 5 - Tempo que os Contadores atuam na área contábil

0% até 1 ano

25%

Entre 1 a 10 anos

75% Acima de 10 anos

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34  

contabilização das receitas com base no CPC 30. De acordo com as respostas, foi observado

que apenas 25% dos contadores já participaram de algum tipo de treinamento sobre as

normas do CPC 30.

Questão “g” segunda parte: Nesta questão foi possível possível definir, entre os contadores

que respondessem “sim”, qual curso eles já participaram. Foram elencados os seguintes

cursos: Reconhecimento, Mensuração, Divulgação e Outros. Considerando que apenas um

contador respondeu “sim”, foi possível verificar que 75% dos contadores ainda não

participaram de nenhum cursos sobre o CPC 30 – Receitas, e o contador que respondeu sim,

teve participação no curso sobre a forma de divulgação das informações contábeis.

Gráfico 7b - Cursos Feitos pelos Contadores

Reconhecimento

0% 0%

Mensuração

Divulgação

25% 0% Outros

Gráfico 7a - Participação dos Contadores em Cursos sobre o CPC 30 - Receitas

25%

Sim Não

75%

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35  

Questão “h”: Nesta questão foi feita uma análise considerando que uma das grandes

barreiras a serem superadas pelo contador é do conhecimento. Os contadores tiveram que

atribuir uma nota de 5 a 1 para cada item. Após analisar as notas, foi apurada uma média

aritmética e foi possível observar que os contadores irão adquirir mais conhecimentos se ás

universidades dedicarem mais fundos e esforços na pequisa contábil. Por outro lado, os

contadores entendem que a participação ativa nos Conselhos Regionais de Contabilidade,

não gera muito conhecimento.

Questão “i”: Nesta questão foi feita uma análise das inovações introduzidas pela Lei

11.638/07 e que estão sendo elaboradas pelo CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis,

e reguladas pelos órgãos competentes, como CVM - Comissão de Valores Mobiliários, CFC –

Conselho Federal de Contabilidade e BCB - Banco central do Brasil. Os contadores tiveram

que atribuir uma nota de 6 a 1 para cada item. Após analisar as notas, foi apurada uma

média aritmética e foi possível observar que os contadores demonstraram maior importância

para a adoção das normas internacionais de contabilidade no Brasil. Por outro lado, os

contadores não demonstraram muita importância para a Introdução do conceito de grande

empresa.

Gráfico 8 - Através de que mecanismo o Contador deve melhorar o seu conhecimento

Ás universidades precisam dedicar fundos e esforços a pesquisa contábil.

Estímulo ao desenvolvimento profissional.

Melhorar o nível dos Cursos de Graduação

Participação Ativa nos Conselhos Regionais

Educação Continuada.

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00

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36  

Na primeira parte do questionário podemos observar que as empresas possuem contadores

todos vinculados a área contábil e com uma faixa etária acima dos 26 anos estando nos quadros

da empresa há mais de cinco anos, os quais possuem curso superior e conhecem bem o

universo da empresa em relação as dificuldades e benefícios da introdução das normas

internacionais de contabilidade no Brasil, porém ficou evidente a falta de participação em cursos

e treinamento para adequação e implementação das novas normas de contabilização das

receitas.

4.2.2. Reconhecimento

Na segunda parte do questionário, foi analisado se os contadores têm conhecimento sobre o

grau de importância e o grau de dificuladade na aplicação nas regras estabelcidadas pelo CPC

30, para o reconhecimento das receitas.

Questão “a”: Foi feita uma análise da percepção dos contadores sobre o grau de importância

no reconhecimento da receita, para essa verificação foram elencadas três opções:

Identificação de uma transação, O valor da receita seja confiavelmente mensurado e se os

benefícios econômicos associados a transação fluirão para entidade. Os contadores tiveram

que atribuir uma nota de 3 a 1 para cada item. Após analisar as notas, foi apurada uma

média aritmética e foi possível observar que 42% dos contadores demonstraram maior

importância para os benefícios econômicos associados a transação que fluirão para entidade,

33% entendem como importante que o valor da receita seja confiavelmete mensurado e

25% demonstraram que é importante a identificação da transação.

Gráfico 9 - Alterações importantes introduzidas pela Lei 11.638/07

Novo conceito de ajuste a valor presente

Adoção das normas internacionas de contabildiade

Redefinição do critério de classificação do ativo imobilizado

Análise períódica dos bens do Imobilizado e Intangível

Substituição da DOAR pelo DFC

Introdução do conceito de grande empresa

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00

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37  

Questão “b”: Foi possível verificar se nas empresas que eles atuam, as regras estabelecidas

pelo CPC 30 para o reconhecimento das receitas estão sendo observadas. Foram elencadas

quatro opções: Muito, Pouco, Raramente e Nunca. Com base nas respostas foi observado

que 100% das empresas estão observando muito as regras do CPC 30.

Questão “c”: Foi possível definir qual o grau de dificuldade para aplicação do CPC 30 no

reconhecimento das receitas. Foram elencadas quatro opções: Alto, Médio, Baixo e Nenhum.

De acordo com as respostas, foi observado que metade, ou seja, 50% dos contadores tem

um grau de dificuldade bem baixo, enquanto que 25% tem um grau de dificuldade média e

25% dos contadores não apresentam nenhuma dificuldade na aplicação desse CPC.

Gráfico 11 - As regras de reconhecimento estão sendo observadas na empresa

0% 0% 0%

Muito

Pouco

Raramente

Nunca

100%

Gráfico 10 - Importante para o reconhecimento da receita

Identificação da Transação

25%

42% O valor da receita seja confiavelmente mensurado

33%

Os benefícios econômicos associados a transação fluirão para entidade.

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38  

Na segunda questão, os contadores demonstraram maior importância para que os benefícios

econômicos associados a transação que fluirão para entidade (42%), 100% deles afirmam que

as regras de reconhecimento das receitas estão sendo muito aplicada na empresa, e que 50%

dos contadores apresentam um grau de dificuldade baixo na aplicação desta norma.

4.2.3. Mensuração

Na terceira parte do questionário, foi analisada uma forma de mensuração de receita e se as

regras estabelecidas pelo CPC 30 para essa mensuração estão sendo observadas pelos

contadores nas empresa em que trabalham, bem como o grau de dificuldade que estão

encontrando na aplicação desta norma.

Questão “a”: Foi mencionada uma operação efetuada com base na emissão de uma nota

fiscal de venda, para os contadores avaliarem se o reconhecimento da receita deve ser

mensurado pelo valor registrado na nota fiscal. Foram elencadas quatro opções: Concordo,

Não concordo nem discordo, Discordo e Não aplicável. O objetivo desta questão foi

demonstrar qual a percepção dos contadores em relação ao valor que deve ser mensurado

para o registro dessa receita. De acordo com as respostas, pode se observar que 100% dos

contadores concordam que a venda deve ser mensurada pelo valor constante na nota fiscal

de venda.

Gráfico 12 - Grau de dificuldade no reconhecimento da receita de acordo com CPC 30

0% Alto

25% 25%

Médio

Baixo

50% Nenhum

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39  

Questão “b”: Esta questão teve como objetivo verificar se as regras estabelecidas pelo CPC

30 para a mensuração das receitas estão sendo observadas nas empresas em que

trabalham. Foram elencadas quatro opções: Muito, Pouco, Raramente e Nunca. Com base

nas respostas foi possível perceber que 100% das empresas estão observando muito as

regras do CPC.

Questão “c”: Foi possível definir qual o grau de dificuldade encontrado pelos contadores, nas

suas empresas, para aplicação das regras de mensuração previstas no CPC 30. Foram

elencadas quatro opções: Alto, Médio, Baixo e Nenhum. De acordo com as respostas, foi

observado que metade dos contadores tem um grau de dificuldade médio, enquanto que

Gráfico 14 - As regras para mensuração estão sendo observadas na empresa

0% 0% 0%

Muito

Pouco

Raramente

Nunca

100%

Gráfico 13 - Uma venda deve ser mensurada pelo valor da nota fiscal

0%

0% Concordo

0%

Não Concordo nem discordo

Discordo

100% Não é aplicável

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40  

25% tem um grau de dificuldade baixo e 25% dos contadores não apresentam nenhuma

dificuldade na aplicação desse CPC.

Na terceira questão, a maioria dos contadores concordam que o valor registrado na nota fiscal

de venda deve ser o valor da receita a ser mensurado para efeito de reconhecimento, e 100%

afirma que a regras de mensuração das receitas estão sendo muito aplicada nas empresas,

porém a metade dos contadores (50%) apresentam um grau de dificuldade médio na aplicação

desta norma.

4.2.4. Divulgação

Na quarta parte do questionário, foram coletadas informações relacionadas à importância da

divulgação dos critérios adotados na contabilização das receitas, se a empresa esta reavaliando

esses critérios e quais os setores da empresa estão envolvidos nessa revisão. Com estas

informações, foi possível definir quanto a empresa esta empenhada na revisão e implementação

deste procedimento.

Questão “a”: Este questionamento teve como objetivo verificar com os contadores qual a

importância dos critéirios de divilgação das receitas. Para atender este quesito, foram

elencadas quatro opções: Sem importância, Indiferente, Importante e Muito Imprtante. Com

base nas respostas foi possível perceber que 75% dos contadores consideram muito

importante a divulgação dos critériso de contabilização adotados pelas empresas, e 25%

consideram apenas importante essa divulgação.

Gráfico 15 - Dificuldade para mensuração da receita de acordo com o CPC 30

0% Alto

25%

Médio

50%

Baixo

25%

Nenhum

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41  

Questão “b”: Foi avaliado se a empresa esta revisando os critérios de divulgação das

receitas em suas demonstrações financeiras. Foi solicitado que os contadores respondessem

“sim” ou “não”. De acordo com as respostas, foi observado que 100% das empresas estão

empenhadas na revisão destes critérios de divulgação.

Questão “c”: Foi solicitado aos contadores que indicassem quais áreas da empresa estão

envolvidas na reavaliação dos critérios de divulgação das receitas. Foram elencadas quatro

opções: Contabilidade, Vendas, Impostos e Outra. De acordo com as respostas, foi

observado que 50% indicaram a contabilidade como o setor mais envolvido na reavaliação

desses critérios, o setor de Impostos e Vendas aparecem com 25% cada um.

Gráfico 17 - Revisão dos critéiros de divulgação das receitas

0%

Sim Não

100%

Gráfico 16 - Importância do critéiro de divulgação das receitas

0% 0% Sem Importância

25%

Indiferente

Importante

75%

Muito Importante

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42  

Nesta quarta questão foi observado que essas empresas estão bem focadas na revisão dos

critérios de divulgação das receitas, salientando ainda, que a maioria dos contadores considera

a divulgação muito importante, sendo constatado que o setor de contabilidade é o mais

envolvido nesse processo.

4.2.5. Estágio de Adoção

Na quinta parte do questionário, foram coletadas informações sobre quais itens do CPC 30,

devem ser revisados de acordo com o grau de dificuldade enfrentado pelos profissionais da área

contábil, além de obter uma nota média sobre o processo de implantação do CPC 30 na

empresa e uma opinião sobre quais alterações ocorrem no resultado da empresa por ocaisão da

adoção desse CPC.

Questão “a”: Foi feita uma análise da percepção dos contadores, baseado nas novas regras

estabelecidas pelo CPC 30 – Receitas, de quais itens devem ser revistos pela empresa em

função do grau de dificuldade apresentado pelos profissionais da área contábil, para isso

foram elencadas quatro opções: Reconhecimento; Mensuração; Divulgação e Identificação

da Operação. Os contadores tiveram que atribuir uma nota de 4 a 1 para cada item. Após

analisar as notas, foi apurada uma média aritmética e foi possível observar que 34% dos

contadores demonstram ter maior dificuldade na identificação da operação, 20%

apresentam dificuldades nos critérios de divulgação, o reconhecimento da receita apresenta

um grau de dificuldade para 23% dos contadores, o mesmo acontecendo com a dificuldade

na mensuração da receita.

Gráfico 18 - Áreas envolvidas na reavaliação dos critérios de divulgação das receitas

0% Contabilidade

25%

Vendas

50%

Impostos

25%

Outras

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43  

Questão “b”: Foi verificado qual a pecepção dos contadores em relação aos efeitos que a

adoção do CPC 30, poderá gerar no resultado do exercício da empresa, para isso foram

elencadas três opções: O resultado diminui, O resultado aumenta e Oresultado não se altera

siginficativamente. De acordo com as respostas, 100% dos contadores entendem que com a

adoção completa do CPC 30 o resutado do exercício não vai se alterar significativamente.

Questão “c”: Os contadores tiveram que atribuir uma nota de 1 a 10 para o andamento do

processo de implatanção do CPC 30 na sua empresa. De acordo com as respostas, as notas

atribuídas pelos contadores ficaram entre 1 e 9. A nota média obtida para avaliar o processo

de implantação do CPC 30, segundo os contadores, foi 5,0.

Gráfico 20 - Efeitos apresentados no resultado do exercício na adoção do CPC 30

0% 0% O resultado diminui

O resultado aumenta

O resultado não se altera significativamente

100%

Gráfico 19 - Itens que devem ser revistos pela empresa

Reconhecimento

23%

34% Mensuração

Divulgação 23%

20% Identificação da Operação

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44  

Nesta quinta parte do questionário foi possível observar que as empresas ainda tem muito a

fazer no processo de implantação do CPC 30, o que explica em parte o grau de dificuldade

apresentado pelos contadores, em relação ao Reconhecimento, Mensuração e Divulgação das

receitas em suas demonstrações financeiras.

4.2.6. Implantação das Normas Internacionais

Na sexta parte do questionário, foram coletadas informações para verificar com os contadores

quais os benefícios que a adoção das normas internacionais trarão para empresa, bem como,

obter infromações quanto ao futuro desenvolvimento da área contábil que trate de normas

internacionais de contabilidade – IFRS, além de saber deles quais dos pronunciamentos editados

pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, representam um desafio maior para contabilidade

da empresa.

Questão “a”: Os contadores tiveram que identificar entre cinco alternativas quais os

benefícios que a adoção das normas internacionais de contabilidade irá trazer para sua

empresa. As cinco opções elencadas foram: Captação de recursos no exterior, Melhoria na

comparabilidade com outras empresas, Maior transparência, Maior comprometimento e

Outros benefícios. De acordo com as respostas, 45% reponderam que o maior benefício é a

melhoria na comparabilidade com outras empresas, 22% acham como benefício a maior

transparência, sendo que, captação de recursos no exterior, maior compromentimento e

outros benefícios aparecem com 11% cada uma.

Gráfico 21 - Avaliação do processo de implantação do CPC 30

10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0

9,0

6,0

4,0

1,0

1 2 3 4

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45  

Questão “b”: Esta questão teve como objetivo verificar com os contadores qual a

importância das normas internacionais de contabilidade para o Brasil. Para atender este

quesito, foram elencadas quatro opções: Sem importância, Indiferente, Importante e Muito

Imprtante. Com base nas respostas foi possível perceber que 100% dos contadores

consideram muito importante a adoção das normas internacionais de contabilidade no Brasil.

Questão “c”: Foi solicitado aos contadores que, de acordo com a sua visão, indicassem entre

quatro alternativas, qual o grau de importância quanto ao futuro desenvolvimento da área

contábil que trate de normas internacionais de contabilidade – IFRS, dentro da sua empresa.

As quatro opções elencadas foram: Alto, Médio, Baixo e Nenhum. De acordo com as

Gráfico 23 - Importância da implantação das Normas Internacionais no Brasil

0% 0% 0% Muito Importante

Importante

Indiferente

100% Sem Importância

Gráfico 22 - Benefícios da adoção das Normas Internacionais IFRS na empresa

11% 11% Captação de Recursos no Exterior

11% Melhoria na comparabilidade com outras empresas

Maior Transparência

22% 45% Maior Comprometimento

Outros Benefícios

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46  

respostas, foi observado que todos os contadores tem a percepção que o setor de

contabilidade que trate de normas internacionais tem um grau alto em importância dentro

da empresa.

Questão “d”: Este quesito teve como objetivo solicitar aos contadores que indicassem 5

pronunciamentos, que por sua experiência representem um desafio maior para contabilidade

da empresa. Para responder esta questão foram elencados 15 CPC’s, sendo eles:

CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável do Ativo

CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de caixa

CPC 04 – Ativos Intangíveis

CPC 07 – Subveções e Assistências Governamentais

CPC 12 – Ajuste a Valor Presente

CPC 14 – Instrumentos Financeiros

CPC 25 – Provisão, passivos Contingêntes e Ativos Contingêntes

CPC 27 – Ativo Imobilizado

CPC 30 – Receitas

Gráfico 24 - Grau de importância das Normas Internacionais IFRS na empresa

Alto 0% 0% 0%

Médio

Baixo

100% Nenhum

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47  

CPC 32 – Tributos sobre Lucros

CPC 37 – Adoção inicial das Normas Internacionais de Contabilidade

CPC 38 – Instrumentos Financeiros, Reconhecimento e Mensuração

CPC 39 – Instrumentos Financeiros, Apresentação

CPC 40 – Instrumentos Financeiros, Evidênciação

De acordo com as respostas, foi possível observar que todos os contadores (4) tem a percepção

de que os CPC’s 01 e 27, representam um desafio maior para contabilidade da sua empresa,

equanto que três contadores indicaram que os CPC’s 30, 38 e 40 também são um desafio para

sua empresa, os CPC’s 03, 07 e 25, não tiveram nenhuma indicação, enquanto que os outros

CPC’s tiveram apenas uma indicação.

Baseando-se nos resultados obtidos nas duas últimas quetões, foi possível perceber que os

contadores, de maneira geral, apesar das dificuldades levando em consideração a importância

da implantação e implementação nas Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil,

demonstraram-se razoavelmente confortáveis em relação as atividades que estão sendo

desenvolvidas durante a fase de implantação do CPC 30 nas suas empresas.

Gráfico 25 - Pronunciamentos que representam um desafio maior para sua empresa

5

4 44

3

2 2 22

1 1 1 1 1 11

0 0 00

CPC CPC CPC CPC CPC CPC CPC CPC CPC CPC CPC 01 03 04 07 12 14 30 32 37

CPC 38

CPC CPC 25 27 39 40

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48  

CAPÍTULO V

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO

Neste trabalho de pesquisa foi possível avaliar o conhecimento e a percepção dos contadores

durante o processo de implementação do CPC 30 - Receitas, que esta sendo intoduzido no

Brasil, como parte integrante de diversos pronunciamentos editados pelo Comitê de

Pronunciamentos Contábeis, visando a convergência das nomas brasileiras de contabilidade com

as normas internacionais de contabilidade.

Para a obtenção das respostas, os contadores responderam as 25 questões que abordaram 6

perspectivas: Perfil do correspondente, Reconhecimento, Mensuração, Divulgação, Estágio de

Adoção e Implantação das Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil.

Os correspondentes pesquisados são todos ligados as áreas de contabilidade e gerência, e é

composto por contadores que possuem mais de 26 anos, atuando na área contábil a mais de

dez anos, ocupando seus cargos atuais a mais de cinco anos com todos possuindo curso

superior em Ciências Contábeis.

Baseando-se nas análises das respostas da pesquisa, foi possível destacar as seguintes

observações com relação à percepção dos contadores sobre a implementação do CPC 30 –

Receitas:

Os contadores demonstraram conhecer bem o universo da empresa em relação as dificuldades e

benefícios da introdução desse novo conceito de registro de receitas abordado pelo CPC 30,

porém ficou evidente a falta de participação em cursos e treinamento para adequação e

implementação das novas normas de contabilização das receitas. Embora todos afirmem que as

regras do CPC estão sendo muito bem aplicadas nas suas empresas, a falta de treinamento é

determinante no grau de dificuldade apresentado na aplicação desta norma.

Foi observado que, por ser considerado pelos contadores como muito importante, as empresas

estão bem focadas na revisão dos critérios de divulgação das receitas, sendo constatado ainda

que o setor de contabilidade é o mais envolvido nesse processo. Apesar das empresas terem

muito a fazer no processo de implantação do CPC 30, aliado as dificuldades demonstradas em

relação ao Reconhecimento, Mensuração e Divulgação das receitas em suas demonstrações

financeiras, todos os correspondentes demonstram ter um conhecimento razoável em relação as

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atividades que estão sendo desenvolvidas durante a fase de implantação do CPC 30 nas suas

empresas.

Por fim, as observações que foram destacadas, e que levaram em consideração a importância

da implantação e implementação nas Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil,

demonstraram as percepções dos contadores diante de um processo que, devido à sua

complexidade, implica em mudanças de comportamento das pessoas de todas as áreas da

empresa. É uma fase de adaptação, embora todos afirmem que as regras do CPC estão sendo

bem aplicadas, a falta de treinamento esta sendo determinante no grau de dificuldade

apresentado pelos contadores, e se administrada adequadamente ás necessidades deles,

permitirá que os objetivos da empresa sejam atingidos, com a efetiva aplicabilidade dessa

norma.

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BIBLIOGRAFIA

. A Busca da Convergência da Contabilidade aos Padrões

Internacionais. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Brasília: CPC, 2009.

. Pronunciamento Técnico CPC 30 - Receitas. Comitê de

Pronunciamentos Contábeis. Brasília: CPC, 2009.

DELOITTE – Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS. São Paulo: Atlas, 2007

FIPECAFI – Manual de Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS versus Normas

Brasileiras. São Paulo: Atlas, 2009

HENDRIKSEN, Eldon S., VAN BREDA, Michael F., Teoria da Contabilidade. 5ª ed. São Paulo:

Atlas, 2009

IUDÍCIBUS, Sérgio de, Teoria da Contabilidade. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1997

IUDÍCIBUS, Sérgio de, MARTINS, Eliseu, GELBCKE, Ernesto R., Manual de Contabilidade das

Sociedades por Ações. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2003

IUDÍCIBUS, Sérgio de, Teoria da Contabilidade. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2009

MARION, José carlos, A Profissão Contábil no Brasil. Disponível em:

www.fesppr.br/~teoguenes/artigos: Acesso 26/nov./2009

MARTINS, Eliseu, IUDÍCIBUS, Sérgio de, GELBCKE, Ernesto R., Manual de Contabilidade das

Sociedades por Ações. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2003

MCMANUS, Kieran John, IFRS Implementação das Normas Internacionais de

Contabilidade e da Lei nº 11.638 no Brasil. São Paulo: Quartier Latin, 2009

NIYAMA, Jorge Katsumi, Contabilidade Internacional. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2005

NIYAMA, Jorge Katsumi, SILVA, César Augusto Tibúrcio, Teiria da Contabilidade. 1ª ed. São

Paulo: Atlas, 2008

YIN, R.K. Estudo de Caso - Planejamentos e Métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001

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WEBGRAFIA

. Seneamento no Brasil. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Saneamento_no_Brasil: acesso em 21 nov 2009

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ANEXO I

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

CENTRO DE ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO

PÓS-GRADUAÇÃO EM CONTABILIDADE INTERNACIONAL

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Com o intuito de realizar uma pesquisa sobre a percepção dos contadores do setor de água e

saneamento em relação a aplicabilidade do CPC 30 – Receitas nas empresas, favor responder as

questões abaixo.

1) PERFIL DO CORRESPONDENTE

a) Quanto a sua área atuação

o Auditoria o Impostos o Contabilidade

b) Cargo:

o Sócio o Diretor o Gerente o Contador

c) Faixa Etária

o Até 25 anos o Entre 26 a 41 anos o Acima de 41 anos

d) Há quanto tempo você ocupa o cargo atual

o até 1 ano o entre 1 a 5 anos o acima de 5 anos

e) A quantos anos você atua na área contábil

o até 1 ano o entre 1 a 10 anos o acima de 10 anos

f) Quanto a sua formação (graduação)

o Formado. Curso:

o Cursando graduação. Curso:

o Outros:

g) Você já participou de algum treinamento sobre a implemantação das novas normas de

contabilidade para contabilização das receitas de acordo com o CPC 30?

o Sim o Não

Se “Sim”, qual(is) os assuntos abordados ?

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o Reconhecimento o Mensuração o Divulgação o Outros

h) Uma das grandes barreiras a serem superadas pelo contador é a do conhecimento, pois a

falta de benchmarking no mercado para ser utilizado como referência, julgamento e consenso

sobre a aplicação dessas normas, são alguns dos problemas do Contador brasileiro para lidar

com o universo IFRS. Na sua percepção enumere de 1 a 5 de acordo com o grau de

importância, como o contador pode superar essa barreira. (Nota 5 o mais importante e as

demais notas para os menos importantes)

( ) Educação continuada.

( ) Participação ativa no Conselho Regional de Contabilidade.

( ) Melhorar o nível dos Cursos de Graduação em ciências contábeis.

( ) Estímulo ao desenvovimento profissional.

( ) Ás universidades precisam dedicar fundos e esfoços a pesquisa contábil. i) Após ás inovações decorrentes de toda a reestruturação pela qual passará o sistema de

contabilização das sociedades no Brasil iniciadas pela promulgação da Lei 11.638/07 e que

deverá ainda ser minuciosamente regulada pelos órgãos competentes, como CPC - Comitê de

Pronunciamentos Contábeis, CVM - Comissão de Valores Mobiliários, CFC - Conselho Federal de

Contabilidade e BACEN – Banco Central do Brasil, na sua percepção, das alternativas abaixo,

enumere de 1 a 6 quais são as alterações mais importantes introduzidas pela Lei 11.638.(Nota 6

o mais importante e as demais notas para os menos importantes)

( ) Introdução do conceito de empresa de grande porte para aplicação da lei das sociedas por

ações.

( ) A substituição da demonstração de origens e aplicações de recursos pela demonstração

dos fluxos de caixa.

( ) Análise periódica dos valores registrados no imobilizado e intangível.

( ) Redefinição do critério de classificação do ativo imobilizado.

( ) Adocão de normas internacionais de contabilidade.

( ) Novo conceito de ajuste a valor presente a ser aplicado as operações ativas e passivas de

longo prazo e ás de curto prazo quando relevantes.

2) RECONHECIMENTO

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a) Enumere de 1 a 3 os itens abaixo de acordo com o grau de importância, na sua percepção,

para que seja feito o correto reconhecimento das receitas nas empresas.(Nota 3 o mais

importante e as demais notas para os menos importantes)

( ) Identificação da transação.

( ) O valor da receita seja confiavelmente mensurado.

( ) Os benefícios econômicos associados a transação fluirão para entidade. b) As regras estabelecidas pelo CPC 30 para reconhecimento das receitas estão, na sua opinião,

sendo observadas na empresa: (Marque somente uma opção)

o Muito

o Pouco

o Raramente

o Nunca

c) Qual o grau de dificuldade para a aplicação das regras estabelecidas pelo CPC 30 para

reconhecimento das receitas? (Marque apenas uma opção)

o Alto

o Médio

o Baixo

o Nenhum

3) MENSURAÇÃO

a) Uma venda para ser reconhecida como receita deve ser mensurado pelo seu valor registrado

na nota fiscal de venda.(Marque uma opção)

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Não é aplicável

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b) As regras estabelecidas pelo CPC 30 para mensuração das receitas estão, na sua opinião,

sendo observadas na empresa: (marque somente uma opção)

o Muito o Raramente

o Pouco o Nunca

c) Qual o grau de dificuldade para a aplicação da regras estabelecidas pelo CPC 30 para a

mensuração das receitas? (marque apenas uma opção)

o Alto o Baixo

o Médio o Nenhum

4) DIVULGAÇÃO

a) Você acha importante a divulgação dos critérios adotados na contabilização das receitas?

(Marque uma opção)

o Sem importância o Indiferente

o Importante o Muito Importante

b) A empresa esta revisando os critérios das receitas divulgadas em suas demonstrações

financeiras?

o Sim o Não

c) Quais áreas da empresa estão envolvidas na reavaliação dos critérios de divulgação das

receitas?

o Contabilidade o Vendas

o Impostos oOutra:

5) ESTÁGIO DE ADOÇÃO a) Enumere de 1 a 4 os itens que devem ser revistos de acordo com as novas regras

estabelecidas pelo CPC 30, na sua opinião, de acordo com grau de dificuldade enfrentado pela

empresa e profissionais da área contábil.(Nota 4 para o mais importante e as demais notas para

os menos importantes).

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( ) Reconhecimento

( ) Mensuração

( ) Divulgação

( ) Identificação da operação b) Na sua opinião, quais são as alterações que ocorrem nas demonstrações financeiras, quando

é realizada a adoção completa das nova regras de contabilização das receitas?

o O resultado diminui.

o O resultado aumenta.

o O resultado não se altera significativamente.

c) Dê uma nota de 1 a 10 para avaliar o estágio de implantação do CPC 30 na sua empresa.

Nota:

6) IMPLANTAÇÃO DAS NORMAS INTERNACIONAIS NO BRASIL a) Quais os benefícios a adoção das normas internacionais IFRS trarão a sua empresa?

( ) Captação de recursos no exterior.

( ) Melhoria na comparabilidade com outras empresa

( ) Maior transparência

( ) Maior comprometimento

( ) Outros benefícios

b) Você acha importante a implantação das Normas Internacionais no Brasil? (Marque uma

opção)

o Sem importância o Indiferente

o Importante o Muito Importante

c) Qual o grau de importância quanto ao futuro desenvolvimento da área contábil que trate de

IFRS dentro da sua empresa? (Marque uma opção)

o Alto

o Médio

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o Baixo

o Nenhum

d) Indique 5 pronunciamentos dos listados abaixo, que por sua experiência e seu ponto de vista

representam o desafio maior para sua contabilidade.

o CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável do Ativo

o CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa

o CPC 04 – Ativos Intangíveis

o CPC 07 – Subvenções e Assistências Governamentais

o CPC 12 – Ajuste a Valor Presente

o CPC 14 – Instrumentos Financeiros

o CPC 25 – Provisão, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes

o CPC 27 – Ativo Imobilizado

o CPC 30 - Receitas

o CPC 32 – Tributos sobre Lucros

o CPC 37 – Adoção Inicial das Normas Internacionas de Contabilidade

o CPC 38 – Instrumentos Financeiros, Reconhecimento e Mensuração

o CPC 39 – Instrumentos Financeiros, Apresentação

o CPC 40 – Instrumentos Financeiros, Evidênciação