artigo perícia médica

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Page 1: Artigo perícia médica

PERÍCIA MÉDICA

Todos os dias mais de 300 mil professores e professoras da rede pública

estadual de ensino suportam os efeitos nocivos da falta de estrutura de trabalho, falta de um plano

de carreira e salários, salas superlotadas e outros problemas que dificultam o exercício de suas

funções. Em razão de todos esses problemas é grande o número de profissionais que adoecem e

precisam se afastar para realizar tratamento médico.

Para obter licença saúde o servidor precisa ser submetido à perícia médica

pelo Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo (DPME), órgão do Governo do

Estado.

A saúde é um direito fundamental de qualquer cidadão assegurado no

artigo 6º, caput, inciso IV e XXII c.c. o art. 196 e seguintes da Constituição Federal e o afastamento do

trabalho por motivo de saúde sem prejuízo de seus vencimentos é um direito inerente a todos os

trabalhadores segurados pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS dos trabalhadores

vinculados ao INSS) e àqueles segurados pelo Regime Próprio de Previdência Social (RPPS dos

servidores públicos vinculados ao SPPREV) conforme artigo 194 da Constituição Federal e art. 181,

inciso I c.c. o artigo 191 da Lei Estadual 10.261/68 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado

de São Paulo).

Infelizmente, como vários outros serviços públicos do Estado de São Paulo,

as perícias médicas estão muito aquém do mínimo necessário. A demora no atendimento e a falta de

avaliação médica adequada prejudicam o resultado das perícias. É muito comum o servidor esperar

meses para ser submetido a uma perícia, sendo que em alguns casos nem está mais doente quando o

médico vai fazer avaliação, comprometendo desse modo o resultado do laudo.

A pretexto de acelerar o procedimento para realização de perícias médicas,

em março de 2013 o Governo do Estado editou o decreto 58.973/2013 e a Resolução SE 01/2013 que

transferiu a responsabilidade das perícias médicas dos profissionais de educação, cujo período

exceda 15 dias, do DPME para a Secretaria de Educação chamando essa medida de “regionalização”.

As licenças saúdes inferiores a 15 dias permaneceram sob a responsabilidade do DPME.

Atualmente existem 92 diretorias regionais de ensino no Estado de São

Paulo, entretanto, para realização de perícia médica o Estado foi dividido em apenas 33 pólos.

Acreditava-se que a Secretaria de Educação fosse realizar concurso público

para contratação de médicos especialistas para realização das perícias nos 33 pólos regionais,

entretanto, a chamada “regionalização” se limitou a transferir as perícias médicas do DPME para a

iniciativa privada. Os postos regionais das diretorias de ensino fizeram um sistema de

credenciamento de clínicas médicas privadas para a realização das perícias, todavia, faltam médicos

especialistas para a realização das perícias.

Na prática o que se vê é um absoluto desrespeito aos direitos dos docentes

do quadro do magistério paulista. Os postos regionais não credenciaram médicos e clínicas em

número suficiente para atender a demanda e as perícias estão sendo agendadas em lugares muito

distantes da região dos professores.

Problemas psicológicos e neurológicos estão entre as principais causas que

determinam o afastamento dos professores para tratamento de saúde. Em relação às doenças

neurológicas (CID F) a situação encontra-se ainda pior; no Estado inteiro existem apenas 03 locais

que são realizadas as perícias médicas: Botucatu, Presidente Prudente e Santos.

Page 2: Artigo perícia médica

A alteração foi promovida sob o argumento de acelerar e facilitar o

atendimento aos docentes, o fato dos postos regionais não terem credenciado médicos não autoriza

a Administração Pública obrigar o professor (a) se deslocar de sua região para ser avaliado pelo

perito. Em alguns casos o professor (a) estão sendo obrigados a se deslocar mais de 1.000km para ser

submetido à perícia médica, haja vista que um dos 03 únicos pólos regionais que realiza perícia com

médico psiquiatra é Presidente Prudente, a 560 km da cidade de São Paulo.

Não é razoável a Administração Pública exigir que o professor (a),

principalmente àqueles acometidos de alguma enfermidade, tenham que se deslocar grandes

distâncias para cumprir uma exigência imposta pela própria Administração. Não é aceitável que

servidor suporte o ônus da ineficiência dos postos regionais em credenciar médicos especialistas.

Sob a perspectiva jurídica o servidor público não pode ser compelido a se

deslocar grandes distâncias em decorrência de falha na prestação de um serviço público. Está

havendo uma inversão das responsabilidades, pois compete ao Governo do Estado fornecer o serviço

de perícia médica e o servidor não pode ser penalizado pela ausência desse serviço em sua região.

Em recente reunião da APEOESP com a Secretaria Estadual de Educação foi

reconhecida a falha no atual sistema e foi discutida a implantação de um novo modelo pelo qual os

médicos é que deslocarão aos pólos regionais, fazendo atendimento na própria região até que sejam

credenciados médicos especialistas em todos os pólos regionais, evitando assim o deslocamento dos

docentes para locais distantes. Contudo, apesar da manifestação favorável da Secretaria de Educação

em buscar uma solução provisória para o problema, ainda não foi promovida nenhuma alteração no

atual modelo de gerenciamento de perícias médicas.

Para o departamento jurídico da APEOESP o professor (a) deve ser

atendimento dentro de sua região. Caso seja agendada perícia em outra localidade e o docente

tenha dificuldades com o deslocamento deverá comunicar esse fato à subsede e requerer o

reagendamento da perícia para um pólo mais próximo junto ao Centro de Vida Funcional, órgão

vinculado ao Departamento de Administração de Pessoal - DEAPE, da Coordenadoria de Recursos

Humanos - CGRH, da Secretaria de Estado da Educação.

A solicitação poderá ser feita por e-mail

[email protected] e o docente deve apresentar o motivos que não

pode comparecer na perícia: dificuldade de mobilidade (ex: não tem carro, não dirige, não tem

ônibus) dificuldade de acessibilidade (ex: não tem condições físicas ou psíquicas de enfrentar uma

viagem) dificuldade financeira (ex.: não tem dinheiro para ônibus, carro, pedágio, hospedagem etc.)

O docente deverá também apresentar requerimento pedindo a alteração

do local da perícia na escola ou que seja dispensada a perícia, aceitando o atestado do médico

assistente apresentado com o pedido de licença para comprovar o prejuízo na sua capacidade

laborativa. Esse requerimento deverá ser direcionado ao Diretor (a) da Escola, pois esta é a

autoridade que possui atribuição para anotar faltas, devendo ser protocolizado em duas vias.

Caso não seja modificado o local da perícia e não seja aceito o atestado do

médico assistente, o professor (a) deverá procurar a subsede da APEOESP para ingressar com ação

judicial para impedir descontos em seus vencimentos.