artigo - mario de andrade na amazonia

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Este estudo analisa a viagem de Mário de Andrade à Amazônia,procurando avaliar a obra “O Turista Aprendiz” no contextodo Modernismo. Para isso, vale-se de teóricos que investigama obra do autor assim como esse momento na literaturabrasileira

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    n Belo Horizonte, v. 5, p. 169-177, dez. 2002 n

    * Mestre em Letras: Estudos Literrios (rea de concentrao: Teoria da Literatura), 2000.

    MRIO DE ANDRADE NA AMAZNIA:

    A ESCRITA POTICA DE UMA VIAGEM

    Rosa Veloso Dias Giannaccini*

    RESUMO:

    Este estudo analisa a viagem de Mrio de Andrade Amaznia,

    procurando avaliar a obra O Turista Aprendiz no contexto

    do Modernismo. Para isso, vale-se de tericos que investigam

    a obra do autor assim como esse momento na literatura

    brasileira. Examina a representao da Amaznia nos textos

    dos viajantes estrangeiros em contraponto ao olhar modernista

    de Mrio de Andrade. Analisa algumas imagens fotogrficas

    realizadas por ele ao longo da viagem e o seu papel de

    colecionador de bens culturais e de defensor do patrimnio

    cultural brasileiro.

    PALAVRAS-CHAVE: Mrio de Andrade, modemismo, Amaznia, viagem.

    Entre os meses de maio e agosto de 1927, Mrio de Andrade, juntamente

    com alguns poucos amigos, curiosos de conhecer outros brasis, realiza sua primeira

    e nica viagem ao Norte do Brasil, a qual chamou de viagem etnogrfica. Ao dar-

    lhe esse nome, o escritor naturalmente desejava acentuar o carter de estudo

    descritivo da cultura do povo amaznico, com a qual j tinha contato atravs de

    diversos textos, e que vinha sendo aproveitada na elaborao de sua obra de fico

    Macunama, publicada no ano seguinte ao da viagem, em 1928. Ao planejar a excurso,

    esperava faz-la acompanhado de uma grande comitiva, mas acaba tendo por companhia

    apenas Dona Olvia Guedes Penteado, dama da aristocracia cafeeira, mecenas dos

    modernistas e personalidade de relevo em So Paulo, Margarida Guedes Nogueira,

    sobrinha de Dona Olvia, e Dulce do Amaral Pinto, filha de Tarsila do Amaral.

    Ao longo do percurso, vai registrando suas impresses em um dirio, com

    a inteno de transform-lo em um futuro livro de viagens, ao qual chamaria O

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    Turista Aprendiz. Regressando a So Paulo e comeando a trabalhar imediatamente no

    Dirio Nacional, explora uma pequena parte do material resultante dessa ida ao

    Norte: o dirio e as notas de pesquisa. No final do ano de 1928, vai ao Nordeste,

    e de l envia as crnicas publicadas simultaneamente no mesmo jornal. Embora

    continue a rever o livro de viagens, com o passar do tempo interrompe o trabalho e

    mesmo abandona o projeto, para retom-lo em 1942, decidindo public-lo em 1943, sem

    no entanto ter realizado a elaborao definitiva pretendida.

    Com a sua morte, em 1945, o projeto ficou suspenso, e o texto s foi

    editado em 1977, depois que o arquivo do escritor tornou-se patrimnio do Instituto

    de Estudos Brasileiros da Universidade de So Paulo, IEB-USP. A edio rene as duas

    viagens etnogrficas: o dirio da viagem ao Norte e as crnicas escritas durante

    a excurso ao Nordeste, sob o ttulo O Turista Aprendiz, cuja Introduo e Notas

    elaboradas por Tel Porto Ancona Lopez so importantes para a compreenso da

    estrutura da obra. Como objeto de anlise, uso apenas o texto da viagem ao Norte,

    no qual pode-se observar o hibridismo dos gneros, uma dominante na literatura

    contempornea e que j se nota particularmente nessa obra modernista. Por outro

    lado, a leitura desse texto possibilita desenvolver reflexes sobre a importncia

    que teve a Amaznia no projeto de Mrio de Andrade, na construo de uma identidade

    cultural para o pas.

    O Prefcio, escrito dezesseis anos depois, serve para Mrio recolocar

    algumas idias sobre o projeto que o envolvia completamente naquele momento da

    viagem ao Amazonas. Confessa que estava resolvido a ... escrever um livro modernista,

    provavelmente mais a escrever que viajar, tomou muitas notas mas, segundo ele,

    quase tudo anotado sem nenhuma inteno da obra-de-arte, revelando o seu desejo

    de, nesse primeiro momento, no dar a conhecer aos outros a terra viajada e sim

    observar a Amaznia mais com vistas a futuros estudos sobre msica e danas

    dramticas, que se realizavam justamente nesse perodo. De fato, ao cruzar os rios

    da Amaznia, na poca das festas juninas, Mrio coleta vasto material etnogrfico

    inserido no Ensaio sobre a msica brasileira, assim como elementos de pesquisa

    literria levados para o Macunama, ambos publicados no ano seguinte ao da viagem,

    em 1928.

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    No Prefcio, Mrio destaca o carter fragmentrio do texto que resultou

    dessa viagem Amaznia, enquanto dirio, crnica ou narrativa da memria: as notas

    telegrficas muitas vezes se alongaram um pouco mais, resultado do tempo disponvel

    na rotina da vida de bordo e coincidem com as muitas paradas feitas durante a

    viagem, ou ainda sugeridas pelos descansos forados do vaticano de fundo chato,

    vencendo a difcil torrente do rio. O escritor decidiu, porm, public-las como

    estava nos cadernos e papis soltos, ora mais ora menos escrito. Revela-se tambm

    o carter complexo do texto narrativo, enquanto Mrio denomina-o ora como viagem

    etnogrfica, ora como dirio ou livro de viagem, ora como notas e apontamentos do

    percurso, publicados, de acordo com ele, como crnicas e certos episdios tomados

    como contos, acentuando-lhes seu autor essas mltiplas caractersticas. Segundo a

    pesquisadora Tel Porto Ancona Lopez, Mrio deixa evidente em vrias de suas

    anotaes o projeto de dirio, transformando-o, porm, em um relato hbrido em que

    o real se mistura com o ficcional. Se por um lado, pretende guardar as snteses

    absurdas apenas pra uso pessoal, por outro, as literatices so jogadas noutro

    caderninho em branco, em papis de carta, costas de contas, margens de jornais,

    qualquer coisa serve. Lamentavelmente, muitas dessas anotaes desapareceram deixando

    os pesquisadores sem saber, at que ponto, certos acontecimentos registrados no

    dirio foram transformados depois em textos ficcionais pela imaginao do escritor.

    Em carta que Manuel Bandeira situa em novembro de 1927, posterior

    portanto viagem e durante o perodo em que escreve Macunama, Mrio satiriza os

    cronistas viajantes, mentirosos a valer. Com essa expresso, o escritor nos d

    pistas para entender a sua narrativa de viagem como a de um cronista ficcionista,

    recriando as pequenas cidades do interior com seus habitantes, dimensionados magicamente

    em outro mundo amaznico. ento que se revela como o escritor que propositadamente

    inventa, lanando mo inclusive do maravilhoso para examinar o real e transform-

    lo em ficcional: Santarm surge das guas em estranhas sensaes venezianas e

    Itacoatiara com seus setecentos palcios triangulares. Os rios amaznicos

    transformam-se em ruas lquidas, cujo modo de conduo habitual o peixe-boi e,

    pras mulheres, o boto. Assim, o dirio deixa de ser simplesmente a forma de narrar

    escolhida pois, ao elevar o discurso condio de texto ficcional, indica a soluo

    estrutural encontrada pelo cronista que se volta para a criao.

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    O olhar modernista do escritor irnico descobre uma outra Belm, cidade

    principal da Polinsia, onde identifica peculiaridades que a seus olhos adquiriam

    um sabor de fico: o sujeito passeando com um porco-do-mato na correntinha...;

    o indivduo que ia de cartola, rabo de sobrecasaca abanando, com aquele calor

    fantstico, uma de suas ironias ao clima da cidade. A sua fina ironia surge tambm

    na crnica de primeiro de junho, ao relatar que costume os jacars aparecerem

    sempre nessa data nos igaps de beira rio, pra os turistas (ele naturalmente)

    poderem contempl-los com satisfao.

    Observando as diferenas entre seu mundo de paulista europeizado e o

    mundo tropical visitado, parte para a fico explcita, explorando os recursos do

    fantstico, do inslito. Este quer ao nvel da realidade de um mundo hiperblico,

    mtico ou contraditrio, quer ao nvel do dado ficcional puro, exibido atravs do

    humor ou em uma atmosfera de sonho, de encantamento, ser caracterstica do texto

    dessa viagem. Se tudo na Amaznia, at hoje, representado em termos hiperblicos,

    Mrio vai utiliz-los como o extraordinrio dentro da narrativa. Os bilies e

    bilies de carapans, a borboleta de trs metros e vinte de uma ponta outra da

    asa, os jacars de doze metros, os setecentos palcios triangulares de Itacoatiara,

    a embava gigante de setecentos metros, todos so personagens que eu invento.

    As lendas etiolgicas se prestam muito para a fantasia, diz ele. Reaproveita assim

    todo o mundo lendrio amaznico: a lenda da Tapera da lua, da iara, do boto, a tribo

    dos ndios D-mi-sol, a cidade afundada em Sapucaiaoroca e, ao recri-las, utiliza-

    se tambm de um vocabulrio de pura fantasia, que reaparecer em muitos de seus

    poemas e escritos posteriores. Revelando claramente seu trabalho de ficcionista na

    criao de lendas como a dos Pacas Novos ou da tribo D-mil-sol, ou inserindo

    esboos de seu trabalho de narrador como em Perdidos e, ao mesmo tempo, explorando

    a categoria do inslito ou do nonsense em So Toms e o Jacar, e a descrio em

    o Peixe-Boi, Mrio o prosador moderno, na medida em que tenta com seus recursos

    de expresso captar criticamente o momento em que vive, utilizando-se para isso do

    jogo da literatura com o maravilhoso amaznico.

    Observa-se ainda no dirio, o tom confessional que se vai misturando ao

    elemento ficcional inserido na narrativa: nestes apontamentos de viagem [... ],

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    s vezes eu paro hesitando em contar certas coisas, com medo que no me acreditem,

    ou quando d ao real, ao vivencial, um tratamento de conto ou ainda quando caracteriza

    suas companheiras de viagem como personagens autnomas dentro de uma obra literria:

    os nomes Dolur e Mag se alternam com os apelidos Trombeta e Balana, estes surgidos

    nessa viagem Amaznia, alm de mais dois apelidos, Eullia e Magnlia, primeira

    tentativa de nomear as suas jovens companheiras de viagem como personagens de futuro

    livro. O aspecto confessional do dirio revela-se tambm quando o cronista narra

    suas emoes ou quando rememora os acontecimentos do dia, nas longas horas em que

    permanecia trancado na sua cabina, querendo resumir suas impresses da viagem, e

    entre aturdido e maravilhado, confessa o quanto difcil seu intento. O escritor

    ento aparece no apenas como o cronista que narra objetivamente, mas tambm como

    o cronista de si mesmo revelando sentimentos e emoes.

    Assim, Mrio, escritor modernista, constri a fico a partir da prpria

    realidade experimentada ou observada, cruzando-a em seus aspectos real e ficcional,

    e confirma o interesse de nossos modernistas pela explorao de novos textos, que

    desbordam de compartimentos estanques denominados gneros literrios evoluindo para

    uma idia mais atual de produo textual. A escolha da crnica, gnero conscientemente

    fragmentrio, pois no pretende captar a totalidade dos fatos, ajuda Mrio na sua

    tarefa de narrar a viagem em seus mltiplos aspectos dentro da estrutura de dirio.

    Naturalmente, ao rever a redao dessa narrativa de viagem ao Norte, Mrio tem a

    possibilidade de repensar a estrutura definitiva da obra, utiliza anotaes constantes

    das notas para modificar o texto original, enquanto manipula tempo e espao atribuindo-

    lhes caractersticas literrias.

    Na viagem, vivendo apaixonadamente a regio, Mrio extravasa o gozo em

    diversos momentos de sua narrativa, enquanto vai registrando no s as paisagens mas

    tambm peculiaridades regionais, fundindo o referencial aos recursos poticos, e

    revelando o carter profundo com que vive suas experincias: estou estourando de

    luar, luz que assombra o escritor ao pousar-lhe nos olhos, na boca, no sexo, nas

    mos indiscretas, despertando-lhe sensaes erticas. O prazer de ver transforma-

    se em experincia sensual e sexual, provocada pelo contato com o meio amaznico, que

    contagia o escritor de modo sensorial, embriagador. Destaca assim a impresso da

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    viagem e o xtase com que viveu esses momentos de cio amaznico, o exlio da

    preguia elevada, chave para o entendimento de sua tese sobre a criao de uma

    civilizao tropical, esboada durante a viagem.

    Viajando por aquele mundo de guas, Mrio vai descobrindo a cultura

    amaznica. O escritor tem seus ouvidos atentos s msicas da regio, ao detalhe da

    oralidade, s orquestras com um chorinho gemido e humilde, os instrumentos

    bsicos da orquestrao violino, cavaquinho e vria percusso inventada, com um

    pau batendo numa garrafa, a msica criativa e hbrida brasileira to bem definida

    por ele prprio, em muitos de seus ensaios sobre a nossa msica popular e erudita.

    Mrio v as tradies culturais por toda parte, nas cantigas do Boi Caprichoso,

    nas quadrilhas do bumba-meu boi, nos escritos dos marujos nas gaiolas, nos cascos

    das embarcaes. E no desejo de estar junto do povo, fonte de toda a cultura

    popular, que vai mesclando erudita, acaba o seu dia escutando cantigas na

    terceira classe, entre tapuios simpticos e pacientes. Mrio ouve muitas vozes.

    Valsas misturam-se a maxixes, peras a cantos gregorianos, hinos nacionais a cantos

    folclricos cantados pelos estrangeiros e brasileiros que viajam juntos no vaticano.

    Em plena seiva amaznica ecoam cantos litrgicos: tantum ergo virando acalanto

    nas vozes escondidas nas margens dos rios, ladainhas ao canto cho nas pequenas

    igrejas perdidas na floresta, testemunhando o hibrdismo de nossa cultura. Mrio

    admite: pra ser brasileiro precisa vir ao Amazonas, e assim nos d uma das chaves

    para se entender o seu pensamento, o olhar mltiplo que lana sobre o Brasil,

    sinalizando para o resgate da riqueza cultural amaznica, manifestada na msica, na

    dana, no artesanato, na literatura popular e na culinria, e na insero da regio

    no mapa cultural do pas.

    Ao sair do conforto de sua casa, de seu quarto em So Paulo, trocando-

    o por uma apertada cabina de bordo, Mrio de Andrade elege a Amaznia, o espao da

    narrativa, a viagem, como locais ideais para pensar a cultura, para pensar a nao.

    No barco, espao em constante movimento por entre as curvas dos rios, escreve-se o

    dirio, misturam-se lnguas e nacionalidades, cruzam-se identidades. O espao da

    viagem confunde-se com o espao da narrativa. Mrio constri a imagem de um barco

    bablico, tem a noo do navio cheio, multido de pessoas que tomam horrivelmente

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    o lugar. No h tolda, no h lugar nenhum em que eu no sinta pessoas em redor.

    Essa multido de vozes a voz dos que vo para a Amaznia trabalhar nos seringais,

    nos castanhas, nas serrarias. Dos nordestinos que imigram, que vo em busca de

    outros mundos, outros sonhos. Vozes que so ouvidas por Mrio entre tantas vozes e

    que ele buscava indo diariamente para a terceira classe ouvir cantigas, casos,

    histrias de assombrao, lendas de todo o Brasil: Tenho nesta viagem pelo Madeira,

    tomado muito o costume de, aps a janta, descer na terceira pra conversar.

    Mrio ele prprio um contador, narrador-viajante, guarda na memria

    esses momentos de convvio fraterno, que vai reproduzir em seus escritos. Do dilogo

    encetado com esses contadores, infere-se a permanente preocupao de Mrio, de no

    consentir que essa arte desaparea, para preservar uma cultura e uma tradio, que

    fazem parte da cultura brasileira como um todo. Mrio registra em seu caderninho

    tudo o que v e ouve, ansioso para que no se percam essas manifestaes culturais

    e que se documentem, atravs do seu registro escrito, os casos ouvidos, as lendas,

    os cantos, para que se acrescente, memria histrica da regio, que ele tenta

    preservar, a verso daqueles que nela vivem. No barco, ocorre o cruzamento de

    culturas de vrias regies do pas e do mundo. L na noite amaznica, Mrio escuta

    as mesmas histrias de assombrao, lendas do ciclo da cidade afundada, que ouviu

    em Lagoa Santa, Minas Gerais, registro do pesquisador que quer salvar a tradio

    oral pela sua memria e salvando assim a memria nacional. O que Mrio ouve na

    Amaznia deixa-lhe marcas, que vo ressurgir seja em seus textos ensasticos,

    ficcionais ou poticos.

    Ao escrever sobre a regio amaznica, Mrio procurava descobrir e

    valorizar o Brasil, entend-lo enquanto vida e cultura de um povo que tem direito

    a manifestar sua diferena, e, ao mesmo tempo, inserir as diversas manifestaes

    culturais brasileiras no projeto de dar uma unidade cultural ao pas. Enquanto

    fotografa a regio, realiza um complexo inventrio com profundo sentimento pessoal

    e social, privilegiando questes ecolgicas e etnogrficas ao enfocar temas pertinentes

    e atuais, seja os que dizem respeito conservao da floresta ou preservao da

    cultura indgena na Amaznia. Ao mesmo tempo, coleciona objetos representativos da

    cultura amaznica, na tentativa de preservar a memria cultural da regio.

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    Com sua viagem Amaznia, o escritor percorreu um longo caminho,

    ajudando a compor o desenho de uma identidade cultural para o Brasil, que, nas

    dcadas posteriores, ser ampliado com obras de outros escritores e poetas brasileiros.

    Mrio de Andrade, com o seu dirio, recorrendo a vrios tipos de relatos, do

    cronista de viagem, do viajante que documenta, do protagonista narrador de fico,

    e do cronista de jornal que conta os acontecimentos do presente, lana o seu diverso

    olhar sobre a Amaznia, mostra o seu difcil aprendizado como turista em terra

    estranha, enquanto elabora o processo de sua interpretao cultural fundado na

    diversidade da nao brasileira.

    ABSTRACT:

    This study analyses Mrio de Andrades trip to the Amazon

    region, trying to evaluate the work O turista aprendiz

    according to Modernist concepts. To do so, it is based on

    the work of theorists who investigated the authors work,

    as well as that period in Brazilian Literature. lt examine

    how the Amazon region is represented in foreigner travelers

    texts, contrasting with modernist Mrio de Andrades point

    of view. lt analyses some photos taken by him along the

    trip, and bis role as a cultural goods collector and

    defenser of Brazilian Cultural Patrimony.

    KEY WORDS: Mrio de Andrade, modernism, trip, Amazon.

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