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Texto sobre conflitos do homem branco com indios

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIOSA

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL

ERU 734 CONFLITOS AMBIENTAIS

O Bem viver: O que os povos indgenas entendem como desenvolvimento

Melissa Ferreira Ramos

Resumo

Partindo da ideia de que h divergentes noes do que se compreende enquanto desenvolvimento na nossa sociedade, fortalecendo assim a existncia de conflitos socioambientais, visamos analisar qual a viso que os povos indgenas tm dessa temtica bem como suas prticas de resistncias, verificando se podemos falar em um contraponto ao modelo hegemnico.

Palavras-chave: desenvolvimento; povos indgenas; contraponto ao modelo hegemnico

Resumen

Con base en la idea de que hay diferentes nociones de lo que se entiende como el desarrollo de nuestra sociedad, que tienen por objeto examinar la opinin de que los pueblos indgenas tienen este problema, asegurndose de que se puede hablar de un contrapunto al modelo hegemnico, fortaleciendo as los conflictos socio-ambiental en nuestro pas.

Palabras clave: desarrollo; pueblos indgenas; contrapunto al modelo hegemnico

A ideologia do Desenvolvimento

Podemos afirmar que na sociedade brasileira, desde a poca da invaso, tomada de terras e conseqente ataque portugus aos povos indgenas - possibilitando assim que uma minoria conseguisse garantir e manter um tipo de desenvolvimento no pas que ia em sentido contrrio ao modo de vida das culturas nativas, o que acabou predominando no nosso pas foi uma viso de mundo pautada na explorao dos seres humanos e da natureza, na superioridade do branco e numa imagem do indgena e do negro enquanto inferiores, carregada de preconceitos.

Dessa maneira, os invasores no s utilizaram de violncia com os povos dominados, como tambm, para conter as revoltas e fazer o pas se desenvolver, encontraram diversas formas de incorpor-los a nova nao brasileira. Como explica Pdua (1986, p. 11/12) os portugueses tinham como objetivo transformar os ndios em cidados produtivos do novo pas, e para isso procuraram inculcar nos mesmos noes de propriedade, comrcio, trabalho, matrimnio, religio e governo, porm, os mantendo numa posio subalterna. Ou seja, seguindo as idias de Pdua (1986, p.62) essa explorao predatria dos seres humanos e do meio ambiente que era considerada por alguns como preo do atraso, passou a ser considerado no Brasil como preo do progresso, idias de uma sociedade etnocntrica, que pensa no crescimento econmico atravs da utilizao dos recursos naturais, em detrimento do respeito natureza e cultura e bem-estar de outros povos, a qual hoje chamamos de desenvolvimentista. E ainda, Pdua afirma que esse pensamento marcou profundamente toda a posterior evoluo histrica do pas, determinando a forma de incorporao nas linhas de fora do sistema socioeconmico internacional do mundo moderno. (PDUA, Jos, 1986, p. 11).

Assim, essa noo dominante ainda permanece no nosso pas atualmente, e , de acordo com Printes et al (2012, p. 137) uma ideologia "centrada na busca de crescimento econmico como meta incontestvel colocada acima de quiasquer outros objetivos e interesses sociais", no contribuindo para superar as desigualdades sociais, mas ao contrrio, impondo uma lgica de "(des)envolver a todos os povos originrios e populaes tradicionais".

Com isso, durante o decorrer da Histria do nosso pas as polticas de governo contribuiram mais para a manuteno do poder de uma elite e do prprio capitalismo e consequentemente a manuteno de desigualdades sociais do que uma superao disso possibilitando uma igualdade de direitos para todos. De acordo com Acselrad et al (ano, p. 11) nossa "elite governante tem sido especialmente egosta e insensvel, defendendo de todas as formas os seus interesses e lucros imediatos, inclusive lanando mo da ilegalidade e da violncia".

Isso desencadeou uma enorme disputa pelo territrio, com a qual os povos indgenas saram perdendo mais de 90% de suas terras nesses ltimos sculos, o que fez aparecer como a principal reivindicao desses povos a regulamentao e demarcao de suas terras.

Nesse aspecto eles tiveram uma conquista com a Constituio de 1988 que previa um prazo de cinco anos aps a promulgao da Carta Magna para que a Unio concluisse a demarcao das terras indgenas, porm ainda hoje, mais de 20 anos depois, boa parte ainda no foi realizada. Assim, de acordo com dados do Conselho Indigenista Missionrio Cimi, apenas um tero dessas terras est regularizada, um tero est em procedimento e um tero j foi reivindicado mas ainda no foi cedida pelo Estado brasileiro.

O Cimi ainda alerta que "a atual opo do governo brasileiro pelo modelo desenvolvimentista com base no agronegcio e exportao de commodities, tem favorecido os setores econmicos que atuam na explorao desses recursos" (Entrevista, 2013), especialmente o agronegcio e as mineradoras.

Esse desenvolvimento conservador historicamente mantido no nosso pas gerou uma diviso na sociedade, entre aqueles, poucos, que se beneficiam dessa situao e aqueles que perdem seus direitos com esse tipo de lgica injusta e excludente. Isso causa profundas divergncias e favorece o surgimento de conflitos sociais. Como afirma Printes et al:

Sob a dinmica empresarial, o espao passa a ser negociado e comercializado como mercadoria, desconsiderando-se o valor de uso em prol do valor de troca. A aliana governo-capital-corporaes vai ao desencontro das territorialidades dos minoritrios. Nesse contexto, eclodem e se intensificam os conflitos, cujos ciclos parecem interminveis e imersos em processos histricos de disputas de relaes de poder e de afirmaes de diferenas (PRINTES et al, 2012, p. 141).

Essas disputas de poder se do atravs de diversas formas, e uma delas o convencimento ideolgico da populao de que certos interesses particulares de uma parcela da sociedade so o interesse geral da nao. Nesse sentido quem tem mais poder de convencimento a classe dominante, que se utiliza de diversas ferramentas para incidir no senso comum fazendo o povo acreditar, dentre outras coisas, que as Terras Indgenas TI so uma anttese ao desenvolvimento, e que essas duas realidades no podem andar juntas.

Assim, os indgenas perdem cada vez mais direitos j conquistados em Lei para favorecer o aumento de lucros de grandes empresas, inclusive multinacionais, e alm deles, outros setores desfavorecidos da nossa sociedade tambm sofrem injustias.

Apesar de na Constituio estar colocado que as Terras Indgenas so inalienveis e os direitos sobre elas imprescritveis, ou seja, que no possvel ceder ou transferir essas terras, tambm est escrito na Constituio que os recursos naturais existentes nessas terras so propriedade distinta da do solo e podem ser usadas par explorao ou aproveitamento mediante autorizao da Unio para o interesse nacional. Com essa brecha na Lei as terras indgenas so alvo de explorao dos seus recursos naturais para o "desenvolvimento" e progresso do pas, assim como a demarcao impedida de progredir por fins econmicos.

Um forte exemplo disso o aumento de minerao, hidreltricas e construo de rodovias em terras indgenas. Do norte ao sul do pas temos assistido cada vez mais a essas obras de grande impacto feitas, sobretudo, com incentivo do Governo que mantm a viso de desenvolvimento como crescimento econmico a custas do bem-estar da populao mais desfavorecida.

Para citar um caso, de acordo com Mello & Darella (2005, p 158) no processo de duplicao da BR 101 em Santa Catarina, indgenas da etnia Guarani que ali habitavam a muito tempo denunciaram que a sua presena foi desconsiderada, em termos de reconhecimento quanto aos direitos territoriais e a construo da rodovia ocasionou abandono de reas ocupadas, incidindo sobre a ocupao da regio como um todo. Isso demonstra um descaso e falta de considerao e preocupao com essa populao. Segundo as pesquisadoras, reflete ainda um longo histrico de expropriaes territoriais e de desrespeito aos direitos das populaes tradicionais (MELLO & DARELLA, 2005, p. 159).

Como bem coloca Acselrad et al (ano, p. 12) "no d para chamar de progresso e desenvolvimento o processo de empobrecimento dos que j so pobres", e continua "os propsitos da justia ambiental no podem admitir que a prosperidade dos ricos se d atravs da expropriao ambiental dos pobres." Acselrad et al lembra que a injustia ambiental anda junto coma desigualdade social, aparecendo na "apropriao elitista do territrio e dos recursos naturais, na concentrao dos benefcios usufrudos do meio ambiente e na exposio desigual da populao poluio e aos custos ambientais do desenvolvimento" (Acselrad et al, ano, p. 10).

Essa ideia de desenvolvimento que existe no Brasil e em grande parte do mundo, portanto, apesar de ter se tornado um modelo hegemnico, no beneficia toda a populao e no consegue solucionar os grandes problemas da humanidade. O conceito de justia ambiental foi criado para denunciar as injustias desse modo de vida elitista que s contribui para as prticas de opresso e explorao na sociedade capitalista.

A ideia de justia ambiental ainda expe a noo de quem so os sujeitos sociais que sofrem essas injustias, a saber, as populaes afrodescendentes, indgenas, das periferias urbanas ou reas rurais precrias, populaes de baixa renda, grupos que sofrem descriminao, marginalizados. E que a organizao e mobilizao popular dessas pessoas passo fundamental para a retomada de direitos historicamente negados e eles.

Vemos que essas parcelas da populao, apesar de enfrentarem muitas dificuldades e possibilidades de retrocesso no Congresso Nacional, tem conseguido se articular para lutar por seus direitos e por justia social, expressando uma outra viso de modo de vida.Modo deViver e Resistncia Indgena

Na memorvel carta escrita pelo Cacique Seatlle da tribo Duwamish em 1855 em resposta ao governo norte-americano que deu a entender que desejava adquirir o territrio da tribo, podemos perceber uma diferente noo do significado do territrio e como devemos trat-lo. O cacique afirma que o homem branco no compreende o modo de viver do seu povo, e explica:

Como podes comprar ou vender o cu, o calor da terra? Tal ideia nos estranha. Ns no somos donos da pureza do ar ou do resplendor da gua. Como podes compr-la de ns? Decidimos apenas sobre o nosso tempo. Toda essa terra sagrada pra o meu povo. Cada uma folha reluzente, todas as praias arenosas, cada vu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir so sagrados nas tradies e na conscincia do meu povo. (Tudo est relacionado...)

Para essa etnia indgena a terra no pertence ao ser humano, e sim, o ser humano que pertence a terra, e portanto, devemos respeit-la, bem como tudo mais que est nela. Sompr (2000) em outro texto acrescenta: "Ser que nesses 500 anos ainda no entenderam o que significa a terra para ns? Para ns ela no vista como fonte de lucro, muito mais que isso, uma fonte de vida, ela uma me". Vemos ento que a lgica que certos povos indgenas mostram o inverso do que faz a cultura branca dominante, que busca lucro por todo lugar que passa, muitas vezes, sem pensar nos problemas ambientais que certas prticas podem causar.

Sabemos que aqui no Brasil no diferente de outros pases da Amrica. Muitos dos povos indgenas originrios do pas esto a mais de cinco sculos em luta e conflitos constantes em defesa da terra, seu uso e posse, bem como de outros valores humanos que so divergentes aos ideais dominantes e que os europues trouxeram com eles quando vieram explorar essa terra.

Claro que existem centenas de povos indgenas, cada um com um pensamento bem diferente do outro, e portanto, no podemos generalizar essas nossas concluses. Devemos considerar, por exemplo, as inmeras pesquisas que mostram que desde a invaso europia no nosso pas, algumas etnias indgenas de fato acabaram se aliando aos colonizadores, seja para ajudar a acabar com etnias inimigas, porque se maravilharam e gostaram do novo que conheciam, por persuaso, fora, ou outros motivos. Vemos assim que nos dias de hoje muitas etnias que sobreviveram j esto com um pensamento bem parecido com as ideias dominantes, que chamaremos de neodesenvolvimentistas (vide Silveira, 2014).

Mas nos atentaremos nesse artigo aqueles que lutaram e lutam por um modo de vida alternativo ao que temos visto nos ltimos sculos, por mais que j possam ter sido incorporados em certa medida ao modelo de sociedade e de desenvolvimento que hoje prevalesce no nosso pas e em grande parte do mundo. Compactuamos assim com o que diz Konrad (2005), que "os ndios foram os pioneiros da rebeldia contra a dominao." e Fend Kaingang de que nos dias de hoje "Ns somos a multiplicao das lutas como a terra multiplica o cereal plantado. Somos a raz da esperana".

Com essas ideias observamos que ainda existe muita resistncia dos povos indgenas, inclusive alguns de seus descendentes, que relutam em viver de um jeito imposto pela cultura dominante, como mostra o fragmento de um Manifesto produzido por etnias indgenas do Rio Grande do Sul em 2005:

No sabamos a diferena entre ricos e pobres, proprietrios e no proprietrios. Nossas culturas no produziram estas diferenas, nossas diferenas no se fundamentavam no "ter mais", na "riqueza" e na "acumulao". [...] Os dominadores cortaram nossas folhas, nossos galhos e at nossos troncos. Mas esqueceram-se de matar nossas razes. Agora estamos brotando com fora e sabemos bem como so os Brancos. (Manifesto dos povos Kaingang e Guarani do Rio Grande do Sul-Brasil, 2005).

Fazendo lutas sociais voltadas para a transformao das condies existentes na realidade social, podemos afirmar que os povos indgenas resistentes ao desenvolvimentismo e suas lutas podem ser identificadas como as lutas histricas das classes e camadas sociais populares em situao de subordinao, com um potencial emancipatrio.

Claro que esse potencial emancipatrio encontra mltiplas dificuldades de se colocar, e que assim como os portugueses que vieram para o Brasil conseguiram impor de um jeito ou de outro sua viso de mundo, atualmente o modelo desenvolvimentista alcanou uma forte hegemonia, conquistando um grande espao na nossa sociedade, inclusive no convencimento por grande parte da populao de que o melhor caminho a se seguir pela humanidade.

Mas experincias contrahegemnicas por parte dos povos indgenas vm crescendo e se consolidando, inclsive pelo fato das populaes indgnas estarem aumentando quantitativamente no Brasil e conquistando alguns Direitos historicamente negados. Algumas dessas etnias tem vises de mundo prprias, e uma outra noo de "desenvolvimento" relacionada a um bem viver, diferente da que o Brasil vem adotando. A zona da mata mineira por exemplo rica nessas experincias, como aponta Barbosa (2005) nos seus estudos da cultura Puri de Araponga.

Bem viver Indgena

Podemos concordar com as palavras de Almeida (2004, p. 48), quando este afirma "pensa-se muitas vezes que poderes hegemnicos possuem uma capacidade incontestvel para controlar populaes e territrios nas margens do sistema mundial. Nessa viso h pouco ou nenhum lugar prara mudana poltica real e para agentes locais da hitria". Mas conclui que a qualquer momento e em qualquer lugar podem haver caminhos alternativos para se construir fatos novos e que possam mudar o rumo das tendncias estruturais.

Nesse sentido, acreditamos que experincias que visam um modelo alternativo de sociedade sempre estiveram acontecendo, e atualmente elas vem com muita fora de resistncia e tentativa de substituir o modelo dominante, at pela visvel falncia do modo de produo capitalista. Assim, diversos autores esto pesquisando sobre um termo indgena usado por diversas etnias de pases da Amrica Latina que traduzido para o portugus significa algo como Bem-viver. Termo este que j foi at incorporado na Constituio da Bolvia e do Equador.

Esse termo, como explica Pablo Dvalos, visa desconstruir a idia hegemnica que temos sobre economia, crescimento econmico, a pobreza, entre tantos outros, nos ensinando que a natureza tambm sujeito de Direitos, que o bem-estar de cada um depende do bem-estar dos outros e de tudo a sua volta, e que uma sociedade pode chegar a ser bastante tecnolgica e produtiva, desde que integre a natureza na sua dinmica interna onde a natureza reconhecida como uma parte fundamental da socialidade humana.Corroboramos com o economista que faz a defesa de que formas de convivncia indgena so formas polticas de resistncia ao capitalismo e alternativas para esse sistema. E que, nessa perspectiva:se deveria abandonar a ideia de desenvolvimento, porque implica em violncia, imposio, subordinao. No se pode desenvolver ningum, porque cada sociedade tem sua prpria cosmoviso que deve ser respeitada, e, se nessa cosmoviso no existe o desenvolvimento nem o tempo linear, ento no se pode desenvolv-la, pensando que se est fazendo um bem a essa sociedade, quando, na verdade, ela est sendo violentada de forma radical (DVALOS, Pablo. Revista do Instituto Humanistas Unisinos on-line, ano X).

interessante trabalhar com a desconstruo de conceitos j incorporados e impregnados a nossa cultura a tanto tempo que fica difcil pensar alm. O pensamento indgena nos possibilita essa oportunidade. O modo e vida das sociedades indgenas se diferem bastante do modo de vida capitalista, inclusive no modo de produo, distribuio e consumo. Muitas etnias at hoje possuem terras coletivas, tem uma organizao social mais comunitria e solidria enfim, caractersticas que se perdem hoje com a cultura individualista e competitiva que nos impe as amarras do capitalismo.

Arkonada nos d algumas bases desse novo paradigma do bem-viver que pode nos ajudar a sair do caos e que vivemos. Ela admite que at hoje ainda persiste certas formas coloniais e racistas de estruturao do Estado e de dominaco de uma minoria, e que temos que pensar em formas de um desenvolvimento harmnico que saia do esquema tradicional, ocidental e moderno de explorao dos recursos naturais. Com isso uma soluo seria trabalhar com a idia do bem-viver, que:

no viver melhor, mas sim viver bem com menos, reconstruir um pensamento e uma forma de vida mais comunitria, com outras formas de repensar as relaes interpessoais e a economia, um equilbrio entre a cultura e a Me Terra, em que a complementaridade ou a reciprocidade sejam as duas faces de uma mesma moeda (ARKONADA, Katu. Ano p. ).Para isso temos que mudar algumas prticas, como desenvolver uma economia mais comunitria, como a que vemos com a economia solidria, e o Estado tem que ser profundamente alterado, e deixar de realizar os interesses dos poderosos em detrimento da maioria da populao, para se converter em um ente redistribuidor da terra e da riqueza, e preservador dos recursos naturais. S assim, saindo da lgica ocidental, eurocntrica, crist e moderna, repensando a ns mesmos e aquilo que nos rodeia, poderemos comear uma verdadeira descolonizao e uma aproximao ao Viver Bem (ARKONADA, Katu. Ano p. 13).ConclusoA cada dia torna-se mais verdadeira e prxima a profecia do cacique de Seatle que diz em carta de 1855 aos no-ndios, entre outras coisas, que "Sua ganncia empobrecer a terra e vai deixar atrs de si os desertos."; "No parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele insensvel ao mau cheiro." E "Tudo quanto fere a terra fere tambm aos filhos da terra.". Ns estamos vendo a nossa prpria destruio chegar por falta de sentimentos como solidariedade, compaixo, respeito, entre outros. A luta desenfreada pelo acmulo de capital faz no medirmos conseqncias para alcanar esse fetiche. Com isso no s mantemos uma desigualdade social como tambm passamos por cima da natureza que nos rodeia. Podemos comprovar isso analisando a raiz do problema que ns mesmos criamos da falta de gua em diversas cidades brasileiras.Porm, sabemos que nem tudo est perdido, e que sendo a histria dinmica e feita pelos seres humanos, consequentemente, eles podem transform-la. Por isso, vemos que a medida que cresce a tentativa de manter esse modo de vida, tambm cresce as tentativas de super-la. Assim, como afirma Tatiana Roa (2010, p. 28) setores da sociedade historicamente subalternizados, invisibilizados e deslegitimados pelas elites do poder vm fazendo rupturas no sentido de desocidentalizar e descolonizar o pensamento e as prticas dominantes no mundo.

Acreditamos que esses setores esto a cada dia unindo foras, conseguindo visualizar o tipo de sociedade que desejam e como alcan-la, fortalecendo e consolidando prticas alternativas e tendo maior visibilidade e aceitao na sociedade. Reconhecemos que o caminho ainda difcil e longo, e que derrotas e reviravoltas ainda podem chegar e chegam, a todo instante, mas estamos certos de que h possibilidades reais de mudanas estruturais na sociedade e que essa idia aproxima a cada dia mais gente com forte crena na transformao social e ambiental.

Bibliografia:

ALMEIDA, Mauro W. Barbosa de. Direitos Floresta e Ambientalismo: Seringueiros e suas lutas. RBCS, Vol 19, n 55. 2004.

BARBOSA, Willer.

Coletivo 14 de Setembro, Questo Indgena no RS. Santa Maria, 2005

SOMPR, Jos Urubatan (2000). Um grito preso h 500 anos. In: Coletivo 14 de Setembto. Questo Indgena no RS. Santa Maria, RS, 2005.

KONRAD, Diorge. Conscincia Social Indgena. In: Coletivo 14 de Setembto. Questo Indgena no RS. Santa Maria, RS, 2005.PDUA, Jos Augusto. Natureza e projeto nacional: as origens da ecologia poltica no Brasil. In: PDUA, Jos Augusto; et. al. (Orgs.).Ecologia & Poltica no Brasil. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1987. p.11-62.PRINTES, Rafael Biehl, et al. Conflitos socioambientais contemporneos e o revigoramento "desenvolvimentista": Dilemas envolvendo sobreposies de terras indgenas e unidades de conservao na regio metropolitana de Porto Alegre. In: ALMEIDA, Jalcione et al (org). Contextos Rurais e Agenda Ambiental no Brasil: prticas, polticas, conflitos, interpretaes Dossi 3. Belm: Rede de estudos rurais, 2012.

Links da internet consultados:

http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/leis1.pdf

http://www.unieuro.edu.br/sitenovo/revistas/downloads/consilium_04_03.pdfhttp://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/519384-demarcacao-de-terras-indigenas-uma-demanda-historica-entrevista-especial-com-cleber-buzattohttp://www.funai.gov.br/index.php/nossas-acoes/demarcacao-de-terras-indigenas?start=2#

http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/con1988_05.10.1988/con1988.pdfhttp://pib.socioambiental.org/pt/c/terras-indigenas/demarcacoes/introducaohttp://www.maisambiente.com.br.http://www.convertfiles.com/http://safepctuga.blogspot.com.br/2010/12/converter-odt-para-word.htmlO desafio de retomar os mitos e reencantar o mundo a partir do Sumak KawsayTatiana Roa

E se insistirem com a ideia fraca de que no podemos/devemos usar as tecnologias dos brancos, diremos no mesmo tom que eles no podem comer/usar farinha, amendoim, mandioca, milho, batata-doce, caju, goiaba, guaran, palmito, mandioca, macaxeira, inhame, car, jerimum, pimenta, tapioca, beiju, chocolate, rede e nem podem banho dirio. E por favor, que no usem a palavra Brasil.Edson Kayap Cientista social, mestranda em Educao pela UFV e pesquisadora do Grupo de Estudos Indgenas Povos Originrios (Geip) da Universidade.

Ato das Disposies Constitucionais Transitrias, Artigo 67, da Constituio Federal. Disponvel em http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/con1988_05.10.1988/con1988.pdf

Disponvel em http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/519384-demarcacao-de-terras-indigenas-uma-demanda-historica-entrevista-especial-com-cleber-buzatto

Artigo 176 da Constituio Federal. Disponvel em http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/con1988_05.10.1988/con1988.pdf

Indgena Guarani do Rio grande do Sul, agrnomo.

Ver em: Texto-base da Semana dos Povos Indgenas, 2003.

Economista equatoriano e ex-vice-ministro de Economia do Equador.