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Parques Empresariais: uma solução qualificada para a criação local de emprego A nível nacional como a nível local o que é absolutamente prioritário e que deve preocupar em primeiríssima mão os governantes é a problemática do desenvolvimento, no fundo a questão que subjaz e predetermina a resolução dos problemas sociais e económicos, a elevação dos níveis de bem-estar das populações e da sociedade no seu conjunto. É claro que o principal responsável pela performance económica do país e pelos seus patamares de progresso e competitividade é o governo que manuseia os maiores recursos e os variados instrumentos de política económica e social. Dispõe anualmente do Orçamento de Estado, influi directamente na esfera económica através das empresas que dirige e controla (sector empresarial do Estado), lança as grandes infra-estruturas (auto-estradas, portos, ferrovias, barragens, aeroportos), é o protagonista nas áreas da educação, formação profissional, saúde, justiça, segurança, ordenamento e planeamento do território, usufrui do poder de assegurar maior justiça fiscal e social, controla e gere o sector público administrativo (administração central, administração regional e local, segurança social), legisla e regula, etc, etc. As grandes opões macroeconómicas, o modelo de desenvolvimento, os compromissos externos e a inserção do país no processo da globalização dependem das políticas e das orientações ideológicas dos governos centrais. É preciso ter tudo isto presente por forma a situarmos na exacta medida o papel das autarquias na concepção e

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Page 1: Artigo desenlocalparquesempresnov09

Parques Empresariais: uma solução qualificada para a criação local de emprego

A nível nacional como a nível local o que é absolutamente prioritário e que deve

preocupar em primeiríssima mão os governantes é a problemática do desenvolvimento,

no fundo a questão que subjaz e predetermina a resolução dos problemas sociais e

económicos, a elevação dos níveis de bem-estar das populações e da sociedade no seu

conjunto.

É claro que o principal responsável pela performance económica do país e pelos seus

patamares de progresso e competitividade é o governo que manuseia os maiores

recursos e os variados instrumentos de política económica e social. Dispõe anualmente

do Orçamento de Estado, influi directamente na esfera económica através das empresas

que dirige e controla (sector empresarial do Estado), lança as grandes infra-estruturas

(auto-estradas, portos, ferrovias, barragens, aeroportos), é o protagonista nas áreas da

educação, formação profissional, saúde, justiça, segurança, ordenamento e planeamento

do território, usufrui do poder de assegurar maior justiça fiscal e social, controla e gere

o sector público administrativo (administração central, administração regional e local,

segurança social), legisla e regula, etc, etc. As grandes opões macroeconómicas, o

modelo de desenvolvimento, os compromissos externos e a inserção do país no processo

da globalização dependem das políticas e das orientações ideológicas dos governos

centrais.

É preciso ter tudo isto presente por forma a situarmos na exacta medida o papel das

autarquias na concepção e incremento das estratégias de desenvolvimento local que

embora relevante à escala micro-territorial não estão em condições de transformar

radicalmente e de um momento para o outro a realidade social, mormente, no plano do

aparelho produtivo e do emprego, até porque o modelo de desenvolvimento português –

sobretudo, desde a integração europeia - tem “privilegiado” a destruição progressiva da

agricultura, pescas e indústria. Por outro lado, boa parte das autarquias locais ainda não

almejou entrar no patamar superior da sua intervenção, virada essencialmente, para as

questões estratégicas do desenvolvimento, mantendo-se, ao invés, no nível da criação

das infra-estruturas básicas e pouco mais.

A maior pecha da intervenção municipal e esgotada que está a primeira geração dos

Planos Directores Municipais (10 anos de vigência largamente ultrapassados) reside na

inexistência incrível de visão estratégica dos dirigentes autárquicos que não apostaram

enérgica e decisivamente na criação de parques empresariais, designadamente, um de

natureza pública, no que ao nosso concelho se reporta. Os parques empresariais são

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entendidos como instrumentos de ordenamento do território e como instrumentos

indutores da competitividade e do desenvolvimento económico e social das regiões.

Atraem a fixação de empresas e a deslocalização de outras que se encontram muitas

vezes dispersas no tecido urbano sem as adequadas infra-estruturas, metidas num

“colete de forças” e impedidas de se modernizarem e expandirem. Este tipo superior de

investimento alteraria positivamente o estado de coisas em termos de tecido

empresarial, criação e fixação de emprego, sendo que o seu efeito multiplicador na

comunidade local, melhor se projectaria, na razão directa da maior participação de

empresas portadoras de elevado valor acrescentado e conteúdo tecnológico. As

vantagens do parque empresarial de natureza pública são óbvias: proporciona aos

empresários (re)instalarem-se com baixos custos – evitando o endividamento excessivo

em (re)início de actividade - e não são mais que um estímulo do Estado ao

empreendedorismo que a sociedade “cobrará” por intermédio da criação de emprego e

da redistribuição da riqueza gerada no futuro.

Francisco Martins

Economista, Professor do Ensino Secundário