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ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO EXPERI ENCIA D E IMPLANT AO DA TER API A DE REIDRATAÇ AO OR AL NA SECRETARI A DE ESTADO DA S AODE DE SERGIPE Alzira Maria O' Avila Nery Guimarães! GUIMARÃES, A.M.D .N . Experiência de implantação da terapia de reiat ação oral na Secret aria de Estado d a Saúde d e Sergipe. R e v. Bras. Enf, Brasa , 37 (3/4): 237-246,jul./dez . 1984 . RESUMO. O Programa Naci onal de Co ntrole das Doe nças com sais reid ratantes, preco- nizados pela OMS - Orga nização Mundial da Saúde - foi integrado à Coordenador ia de Serviços Básicos de Saúde de Sergipe, para implantação e control e de execução. A partir dar, a TRO (te rapia de ' reidratação oral) foi implantada paulatiname nte, em u nidades de saúde. Relatam-se as estratégias ut il izadas para capac itação de pessoal, abrangência , a evolução do programa, a oper acional ização e d ificuldades identificadas no decorrer da implantação e ex ecução. ABSTRACT. The national control program of d iarrheal d iseas es as suggested by WHO - World Health Organizat ion - was included to implant execution and control by "Coor- denadoria de Serv iços Bá sicos de Saú de de Sergipe". Sequencia "y an Oral Rehyd ration Program was established at sani ta tion units. Used strategies to personnel improvemen t, the content, the ev ' olution of the p r ogram, its operationalization and ide ntified difficul- ties during the pro ' cess are related. INTRODUÇÃO No Estado de Sergipe, a terapi a de reidrata- ção oral (TRO) foi introduzida após seminário realizado em f everei ro de 1983, promovido pela Secretaria de Es tado da Saúde e minis trado por técnicos d o Ministério da Saúde, com treinamento de ordem t eórica e prática, sendo esta úl tima, para um número li mitado de profis sionai s, devido a prob lemas de operaci onalizaço. Após esse seminário, a TRO foi il1tegra� a à . Coordenadoria de Serviços Básicos de Saúde, para impl antação e co ntrole de execução em unida des de saúde, pertencen tes ou não à Secre- taria de Estado da Saúde de Sergipe (SESS). Sergipe conta com 74 municípios, que estão agru p ados em s et e Regionais de Saúde, implan- I tadas ou a implantar. atividades do set or saúde são exectUadas atravé s de açOes da SESS, FSESP, Pref eituras Municipais, IPES ( Insti tuto de Previ- dência do Estado de Sergipe), LBA, EMATER-SE, Sindicatos, In stituiçOe s Filantróp icas etc., todos ttl ldo a mes ma preocupação que ' é servir à po pu- laço c arente do Es tado . 1. Eermeira, cretaria de Estado da Saúde de rgipe, Supervisara de Serviços Bá sico s de úde. Rev. Bras. Ellf, Brasília, 37 (3/4),jul. /dez. 1 984 - 237 J

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ART IGO D E ATUA L I ZAÇÃO

E X PE R I E N C I A D E I M P LANTAÇAO DA T E RAP I A DE R E I D RATAÇAO O RA L NA SEC R ETAR I A D E ESTADO

DA SAO D E DE S E RG I P E

Alz ira Mar ia O ' Avi l a Nery G u i marães!

GUIMARÃE S, A . M . D . N . Experiência de implantação da terapia de reidratação oral na Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe. Rev. Bras. Enf., Brasília , 37 (3/4) : 237-246 , jul ./dez . 1 984 .

R ESUMO. O Programa Nac iona l de Contro le das Doenças com sais re id ratantes , preco­n i zados pe la OMS - O rganização Mund ia l da Saúde - foi integrado à Coordenadoria de Serv iços Bás icos de Saúde de Sergipe, para imp lantação e controle de execução. A part i r d ar, a T R O ( terap ia d e' re id ratação oral ) fo i imp lantada paulat inamente, em un idades de saúde . Re latam-se as estratégias uti l izadas para capacitação de pessoal , abrangência , a evolução do programa, a operac ional ização e d i f icu ldades ident if icadas no decorrer da implantação e execução .

ABST RACT. The nat ional control program of d i a rrheal d i seases as suggested by WHO -World Hea lth O rgan izat ion - was inc luded to imp lant execut ion and control by "Coor­denadoria de Serviços B ásicos de Saúde de Sergipe". Sequenc ia"y an Oral Rehyd rat ion Program was estab l ished at san itat ion un i ts. Used strategies to personne l improvement, the content, the ev'o l ut ion of the program, its operat iona l izat ion and ident if ied d i ff icu l ­t ies dur ing the pro'cess are re lated .

I NT RODUÇÃO

No Estado de Sergipe , a terapia de reidrata­ção oral (TRO) foi introduzida após seminário realizado em fevereiro de 1983 , promovido pela Secretaria de Estado da Saúde e ministrado por técnicos do Ministério da Saúde , com treinamento de ordem teórica e prática, sendo esta última, para um número limitado de profissionais, devido a prob lemas de operacionalizaç!Io .

Após esse seminário , a TRO foi il1 tegra�a à

. Coordenadoria de Serviços Básicos de Saúde ,

para implantação e controle de execução em unidades de saúde , pertencentes ou não à Secre­taria de Estado da Saúde de Sergipe (SESS).

Sergipe conta com 74 municípios , que estão agrupados em sete Regionais de Saúde , implan-I tadas ou a implantar . As atividades do setor saúde são exectUadas através de açOes da SESS, FSESP, Prefeituras Municipais , IPES (Instituto de Previ­dência do Estado de Sergipe), LBA , EMATER-SE, Sindicatos, InstituiçOes Filantrópicas etc . , todos ttlldo a mesma preocupação que' é servir à popu­laç!Io carente do Estado .

1 . Enfermeira , Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe, Supervisara de Serviços Básicos de Saúde.

Rev. Bras. Ellf, Brasília, 37 (3/4) , jul./dez. 1 984 - 237

J

As normas para implantaçãO da TRO, elabo­radas pelo Ministério da Saúde , foram adequadas à realidade local , em virtude da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe dispor, principalmente em sua Rede de Serviços Básicos, de unidades sim­plificadas e da precariedade no sistema de referên­cia e contra-referêrrcia .

Inicialmente a TRO foi implantada na Capital e concomitantemente nas Unidades de Saúde do interior do Estado , cujos técnicos participaram do ' treinamento no I Seminário acima re ferido . Poste­riormente foi dada continuidade à implantação e atualmente a TRO encontra-se praticamente difun­dida em todo o Estado, através de órgãos oficiais , como também de instituições de caráter filantró­p ico que atuam no setor saúde .

DESENVO L V IM ENTO

o Programa de Controle das Doenças Diarréi­cas integrado à Coordenadoria de Serviços B:ísicos de Saúde , iniciou a implantação e o controle de execução e , a priori, esta ação envolveu toda a equipe da Coordenadoria de Serviços Básicos de Saúde , como também profissionais de saúde de outros órgãos ou instituições capacitados para tal' mister, no I Seminário sobre a Terapia de Reidra­tação Oral .

Estratégia utilizada para desenvolvimento do Programa.

Capacitação de Pessoal

Os treinamentos para uso dos sais reidratantes orais foram realizados através de :

- Seminários : I Seminário promovido pela SESS . em fevereiro de 1 983 . e ministrado por técnicos do Ministério da Saúde . 11 Seminário pro­movido pelo INAMPS, em junho de 1 983 , e minis­trado pela equipe da SESS.

- Palestras educativas realizadas em centros de saúde e creches .

Treinamento em serviço . - Entrevistas individ�ais e coletivas. - Reciclagens. A equipe da Coordenadoria de Serviços Bási­

cos se deslocava tanto para as unidades de saúde da capital, como para as do Interior do Estado, a fim de realizar a citada implantação , após treinamento em serviço e desenvolvendo paralelamente outras ações · educativas, principalmente o incentivo ao aleitamento materno, como medida

· profilática

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das doenças diarréicas. Concomitante e de modo inverso , o pessoal de níveis superior e auxil iar . também se deslocava à sede da Coordenadoria a fim de receber treinamento teórico e , posterior­mente , ser encaminhado para o treinamento prático no Centro de Reidratação da Prefeitura Municipal , que foi considerada nossa Unidade de Referência.

A TRO foi implantada paulatinamente , sem­pre após treinamento individual ou coletivo . em unidades de saúde pertencentes ou não à SESS.

Foi elaborado um manual de Normas de Apli­cação da Terapia de Reidratação Oral , para aten­dentes polivalentes (Anexo 1 ) , para facilidade de aplicação do soro , contendo cálculos efetuados sobre o volume do mesmo a ser ministrado a cada criança de acordo com o grau de desidrataçITo , com uma tabela anexa (Anexo 2), condensando estes cálculos, para serem fixados em lugar visível e próximo ao local de preparaçITo do soro. Ainda para facilitar a diluiçITO dos sais reidratantes, foram fornecidos vasos plásticos com graduação de Um litro , mamadei ras e em algumas unidades foram fornecidos também copos e colherinhas plásticas.

As atendentes polivalentes foram treinadas para fazer uso do soro , principalmente na preven­ção da desidrataçITo , prestando assistência à criança, tITo logo se inicie o episódio diarréico. Os casos de crianças que já apresentassem a desi­dratação instalada, seriam .. avaliados a depender do estado da criança e o grau de desidratação , e a atendente iniciaria o uso do soro, ao tempo em que a encaminharia para uma unidade de maior complexidade , a fim de receber o soro com acom­panhamento médico .

Divu lgação

A divulgação da Terapia de Reidratação Oral no Estado foi realizada através de :

Palestras educativas . - Seminários . - Distribuição de material- educativo origina-

do do INAN , OMS, UNICEF e de apostila de nor­mas para atendentes elaborada pela Coordenadoria de Serviços Básicos de Saúde .

- Cartazes sobre diarréia e desidratação . - Correspondência enviada aos pediatras do

Estado , informando-os sobre � nova abordagem terapêutica .

- Mensagens na TV, jornal e rádio . Foram for­necidas frases alusivas à diarréia , desidrataçãO e aleitamento materno , para divulgação em progra-

mas radiofônicos, em linguagem simples e concei­tos adapt áveis à assimilação da população rura l .

- Trabalho de pesquisa sobre a avaliação de oitenta casos de des,idrataç[o , hidratados com os sais reidratantes de autoria de . dois profissionais de um centro de saúde da Capital .

.

- Inserção do tema na maioria dos eventos, que objetivam capacitação de pessoal, tais como :

a) Treinamento para atendentes polivantes ; b ) Oficina d e trabalho para capacitação de

supervisores ; c) Curso de atualização em Saúde Pública; d) Reunião com parteiras curiosas ; e) Curso de capacitação de pessoal das creches

do NUTRAC ; f) Encontros com monitores e agentes alfabe­

tizadores do MOBRAL ; g) Encontros com extensionistas rurais da

EMATE R-SE : li) Palestras na Universidade Federal de Ser­

gipe e na Escola de Auxiliar de Enfermagem.

I mplantação e abrangência do programa

Foram identificadas todas as unidades de saúde e instituições que atuam no se tor Saúde no Estado para que se processasse a implantação do programa, excetuando as instituições privadas de fins lucrativos . A partir desta identificação , a Secretaria de Estado da Saúde , articulou-se com estas insti tuições , motivando-as para aceitação da implantação , que foi feita pela equipe da Coorde­nadoria de Serviços Básicos - médicos, supervi­sores e enfermeiras da Secretaria da Saúde , ou pela própria equipe da instituiçãO devidamente capaci­tada. respeitando-se , entretanto , as raras não­aceitações da mesma.

, Atualmente estão envolvidos . os seguintes órgãos na execução do programa : SESS, FSESP, INAMPS, LBA, Projeto RONDON , Prefeituras Municipais , IPES ( Instituto de Previdência do Es­tado de Sergipe) , MOBRAL, EMATER-SE, Sindi­catos Rurais , InstituiçOes Filantrópicas, NUTRAC (Núcleo de Trabalho Comunitário) , SESI e Univer­sidade Federal de Sergipe . Houve entrosamento com as parteiras curiosas já cadastradas e contro­ladas pela SESS, e com l íderes comunitários que foram devidamente instruídos sobre o uso dos sais reidratantes .

Foi preocupação constante da Coordenadoria de Serviços Básicos de Saúde usar os sais reidratan­tes como medida profilática da desidratação .

Era também de interesse da Coordenadoria, rea l izar um trabalho com distribu ição dos sais reidratantes casa a casa , a nível de zona rural aonde não existisse unidade de saúde quer da SESS ou outra instituiçãO mas, no entanto, ainda não foi possível a realização deste trabalho por questões de ordem operacional .

No momento, encontra-se implantada a TRO no Estado de Sergipe nas seguintes unidades de saúde : 42 cen tros de saúde , 1 09 postos de saúde , três unidades mistas, 28 hospitais, 23 unidades de Saúde das Prefeituras Municipais, quinze sindica­tos rurais , quinze creches, três postos de atendi­mento médico e vinte, ambulatórios. Faltando ser implantada a TRO em somente três sindicatos rurais e dois postos médicos , que pre tendemos implantar ainda neste semestre e, posteriormente , partir para uma superviSITo continuada e avaliaçITo das uni­dades já implantadas anteriormente (Anexo 3) .

Desde a implantação, em fevereiro de 1 983 , até o momento foram distribuídos 1 7 1 .303 enve­lopes de sais, perfazendo um total de 28.895 crian­ças reidratadas, correspondendo três a cinco enve­lopes para cada criança desidratada e um a dois envelopes para a profilaxia da desidratação .

Operacional ização

Os sais reidratantes orais são recebidos pela representante da CEME em Sergipe .e são estocados no almoxarifado central , em local com baixa tem­peratura, ficando a distribuição do mesmo a crité­rio da Coordenadoria de Serviços Básicos de Saúde , que ,fornece os sais de acordo com a deman­da da unidade ou instituiçoes a fim de evitar alte­rações com o armazenamento prolongado sob a al ta temperatura habitual . A reposiçãO é feita através do movimento de estoque (Anexo 4) , por meio do qual a equipe da Coordenadoria avalia e analisa mensalmente o gasto ou utilização, obser­vando o número de crianças hidratadas, o estoque atual da unidade e se esta está necessitando receber nova remessa de sais. Este movimento de estoque é remetido através das diretorias regionais ou dire tamente através dos profissionais das unidades de saúde .

Apoio

Apoio da equipe do Programa Nacional de Controle das Doenças Diarréicas (PNCDD) ao desenvolvimento do Programa em Sergipe - o

Rev. Bras. Etll. Brasília, 3 7 (3/4), ju1./dez. 1 984 - 239

PNCDD, inserido às atividades do lNAN tem colaborado bastante através de apoio técnico, material e incentivo .

Apoio técnico

À nível de coordenação . - Participação de técnico da SESS, sobre

atualização científica das . Doenças Diarréicas -BraSl1ia, DF.

- Participação de técnico. no 19 Encontro Nacional para avaliação da TRO - Brasília, DF.

- À nível local . - Envio de técnicos para a realização do 1 9

Seminário sobre TRO e m Sergipe .

Apoio material

- Fornecimento de 30 1 .350 envelopes de sais reidratantes orais .

- Fornecimento do material educativo : fo­lhetos ; fotolito para cartazes ; apostilas de conteú­do cientíl1co ; normas para aplicação da TRO em estabelecimentos de saúde .

I n centivo

o apoio recebido do INAM tem sido decisivo para que a equipe da Coordenadoria de Serviços Básicos continue vencendo os obstáculos que foram · apresentados à implantação e que conti­nuam se apresentando no decorrer do desenvolvi­mento das atividades do Programa de Controle das Doenças Diarréicas em Sergipe .

Dificuldades identificadas à implantação do programa em Sergipe

- Obst:ículos à implantação na maioria dos · hospitais da capi tal .

- Precariedade no 'sis tema de referência e

contra-referência da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe .

- F alla de conscientização de alguns profis­sionais de Saúde , comodidade no não-envolvimen­to ou interesses outros interferentes .

- Dificuldades apresentadas no recebimento . de relatórios solicitados e na tentativa de obtenção dos' dados mais detalhados solicitados pela Gerên­cia Nacional do Programa .

- Dificuldade relativa à superviSãO continua­da, quer no que se refere à disponibilidade de pessoal , quer de transporte , principalmente quan­do · eventos interferem, ficando os mesmos à dis­posiçãO de outras atividades.

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CONCLUSOES

A TRO é um grande avanço terapêutico 1 1 0 tratamento das doenças diarréicas e, quando apli­cada segundo as recomendações estabelecidas, tor­na-se uma poderosa arma através da qual pode-se repor, rapidamente , a perda de l íquidos e eletró­litos nos casos de diarréia e desidratação . Baseada na experiência da implantação da TRO nas uni­dades de saúde do Estado de Sergipe , da aceitação desta por parte de muitos profissionais de saúde , da demanda assistida e pelos resultados obtidos, concluímos que :

- É uma via . importante para estabelecer outras ações de saúde e educação, destacando-se entre elas o incentivo· ao Aleitamento Materno, envolvendo a participação de membros e l íderes comunitários,

- É um meio eficaz na prevenção da desnu­trição por diarréia e desidratação , pois repõe rapi­damente as perdas l íquidas evitando que a criança permaneça em jejum prolongado .

_ . Pode ser usada em crianças desidratadas por diarréia, na cura da desidratação, como tam­bém pode ser aplicada l ogo no início do episódio diarréico como medida preventiva.

- Constitui-se em método de baixo custo e fácil operacionalização .e condiz satisfatGriamente com a nossa realidade atual de saúde, podendo ser inserido na prática dos cuidados primários de saúde .

- A TRO é caracterizada pela flexibilidade na sua execução, podendo ser utilizada tanto pelos hospitais de grande porte como pelas unidades simplificadas, existentes em zonas rurais , onde a presença do médico é esporádica ou inexistente , e pelo uso e m domic{Jjo .

... Em relação à s insta lações , a T R O não re­quer local especial para sua execução , não necessi­tando , portanto, sala especial para preparo e admi­nistração do soro .

- No Estado de Sergipe , apesar dos obstácu­los apresentados, a implantação da TRO foi reali­zada tendo como meta a difusão através de todas as unidades de saúde existentes, exceto as de cará­ter particular com fins lucrativos e estendendo-se às instituições filant�ópicas de amparo à criança.

GUIMARÃES, A . M. D . N. Improvement experience in oral rehydration therapy at "Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe". Rev. Bras. Enf.. Brasília, 37 (3/4) : 237-246 , Jul./Dec. 1 9 84.

R E F E R � N C I AS B I B L l O G R À F ICAS

ORGANIZACION MUNDIAL DE LA SALUD/UNICEF. El tratamiellto de la diarréia y uso de la terapia de . rehidrataci611 oral. Genebra, 1 983 .

BRASIL . Ministério da Saúde. Normas para aplicação da terapia de reidratação oral (TRO) em estabelecimell­tos de saúde: docllmell to preliminar. Bras((ja, 1 9 82 .

BRASIL. Ministério da Saúde . A bordagem terapêutica das doellças diarréicas baseada lia reidratação oral. Brasília , 1 983 .

A TE�APIA de reidratação oral (IR O) para diarréia in­fantil . Baltimore, 'nlC Jolm Hopkins University, 1 9 81 . (Population reports, série L, n9 2).

ANEXO 1

Normas de apl icação da terapia de reidratação ora l , para atendentes pol ivalentes.

1. ROTE I'RO BÁsico

Ao chegar a crianç�:

a. Exame f ís ico. Pesar sem roupa. b. Aprove itar o momento do exame para expl icar à mãe os s ina is de desidratação. c. Ava l iar o grau de desidratação (%) , uti l izando o segu inte quadro :

AVALIAÇÃO DO G RAU D E D ES I D R ATAÇÃO

D ADOS CLrN I COS

Perda de peso

Aspecto da criança

E last ic idade da pele

Estado das mucosas

O lhos

Fontane l a l

Pu l so rad ia l2

D iu rese3

LEVE (I grau)

Menos de 5%

A lerta

Sinal de prega d iscreto

Mucosas normais ou l igei ramente secas

Normais ou pouco fun­dos

Normal ou pouco funda

Presente , a inda forte

Normal ou l i ge i ramen­te d im inurda

MODE RADA (11 grau)

de 5% a 1 0%

I rr itada, com sede

Sina l de prega presente

Mucosas secas ou pou­co úmidas, com sa l iva espessa

F undos

Funda

Presente, porém mais fraco : taqu icard i a

D i m inurda

G R AVE (111 grau)

Mais de 1 0% .

Depr imida, comatosa, déb i l e incapaz de mamar. Pe le fr ia .

S ina l de prega presente e mu ito acentuada.

Mucosas mu ito secas.

Mu ito fundos. Choro sem lágrimas.

M uito funda

Déb i l ou ausent' !

Escassa ou ausente

1 . Tambtlm denominada moleira. Este sinal deve ser observado e m crianças menores d e u m ano.

2. .; o pulso que se observa no antebraço, próximo à articu lação 'Com a mão.

3. N ú mero de m icç(les e quantidade de urina e l iminada.

Rev. Bras. Enf., Brasília, 37 (3/4), jul./dez. 1 984 - 241

ur ina; a ur ina tem cor amarelo escura

a) Preparação do soro

Perda súbita de peso

Os sina i s de desidratação.

2. TE RAP I A DE R EPOSi ÇÃO

Di ssolver o conteúdo de um enve lope do soro em um l itro de água. � i mportante que se mantenha rigorosamente esta d i l u ição, pois caso contrár io rompe-se o equ i l fbrio entre o sód io e a g l i cose . A água em que se d issolverem os sais deve estar à temperatura ambiente (20-30°C) . N ão se deve m in istrar água ou soro gelado, po is o tempo de esvaz i amento gástrico é maior e pode causar vômitos. O soro depois de preparado deve f icar à temperatura ambiente até 24 horas. Após este per íodo, não deverá ser ut i l izado. Caso sej a necessár io, preparar nova solução.

b) Modo de usar

O soro pode ser dado com mamadei ra, copo ou colher de chá, de acordo com o costume da criança; inc lusive, no caso da cr iança não aceitar a mamadei ra da un idade de saúde, é conveniente u sar a sua própria mamadei ra . Se a criança está mamando no peito deve-se usar copo ou colher de chá.

c) O tempo mín imo entre cada tomada será de aprox imadamente vinte minutos, que é o tempo estima­do de esvaz iamento gástr ico, porém não ·se deve ser rigoroso, nem nas quantidades, nem nos intervalos, que f icarão a cr itér io da sede da cr iança. Não se deve dar grandes quantidades de uma só vez, para não provocar vôm itos nem d istensão abdomina l (aumento do volume do abdome ) .

Se o paciente vomitar, esperar qu inze m inutos e vol tar a oferecer outra vez o soro re idratante ora l , descontando do cálcu lo in i cia l o vo lume vomitado.

d) Quantidade de soro reidratante oral a ministrar nas primeiras quatro a oito horas

Para fac i l itar a uti l ização do soro estamos fornecendo as tabe las com a quantidade a ser min i strada até quatro a o ito horas, de acordo com os cálculos constantes nas "Normas para apl icação da T RO".

242 - Rev. Bras. E/t!. Brasília • . n (3/4) , jul./dez. 1 984.

3. ENCAM I N HAM ENTO

1 ) Criança com desidratação leve deverá receber as or ien tações do posto de saúde l ocal e ut i l izar o soro reidratante oral.

2) Criança com desidratação moderada deverá receber as o r ientações no posto de saúde - loca l , ut i l i ­z a r o soro reid ratante o ra l e se r encam inhadà ao centro de saúde ma i s próx imo.

3) Cr iança com desidratação grave deverá rer.eber as or ientações no posto de saúde l ocal , receber u m a dose in ic ia l do soro reid ratante oral e ser encaminhada imediatamente à un idade de saúde ma i s próxima ( centro de saúde , u n idade m i sta ou hospita l ) , para atend i mento méd ico de u rgência .

4. DOSAG EM DO R E I D RATANTE A SE R USADO COMO MANUTEN ÇÃO E P R EVEN ÇÃO DA DESI D RATAÇÃO

I d ade

Quantidade de soro re id ratante ora l m i n is­trado ( fornecido) à cr iança após evacuação ou vôm ito.

o a 6 meses

50 m l

R ea l imentação

7 a 1 1 meses 1 a 2 anos + de 2 anos

1 00 ml 1 50 m l 200 ml

A rea l imentação deverá ser i n i c iada, s e poss (ve l , na un idade de saúde, com o l e ite materno ou a rt if ic ia l .

Apfazamento

Sempre que poss (ve l , a criança d'�verá comparecer à un idaoe de saúde até 24 horas após o início d a reid ra­

tação. Quando i sso não ocorrer, o atendente deverá fazer a v is ita domic i l iár ia para verificar as condições

de saúde da criança. � bastante conven iente informar às mães que o soro serve para evitar ou curar a desidratação, mas que a d iarréia poderá persist i r por a lguns d i as, até a cura.

Rev. Bras. Enl, Brasília, 3 7 (3/4) , jul./dcz. 1 984 - 243

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ANEXO 3

GO V E R NO D E SE RG I PE SECR ETA R I A D E ESTADO D A SAÚ D E

DGS - CSBS

MOV I M E NTO D O ESTOQU E DE E N V E LOPES DOS SAIS R E I D RATANT ES O RA I S UTI L I ZADOS NA T R O E CONT R O LE D E

PAC I E NTES R E I D R ATADOS

I n st itu ição : _________________________________ _

Mun ic (pio : _________________________________ _

Mês : _____________________ Ano : ______________ _

Estabelec imento ( sl de saúde : ___________________________ _

Quantidade recebida no mês : ___________________________ _

Saldo do mês anterior : _____________________________ _

Quantidade gasta no mês: ____________________________ _

Quantidade em estoque para o mês segu i nte: _____________________ _

NC? de pac ientes que ut i l izaram os sa i s reidratantes ora i s dura nte o mês

Sem desidratação : ___________________ _

D esidratados: _____________________ _

----__________ _________ de __________ de 1 9 __ _

ASS I NATU R A

Rev. Bras. Enf., Brasília, 3 7 (3/4) , jul./dez. 1984 - 245

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