artigo civil ii - as garantias fidejussórias no adimplemento das obrigações

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 Universidade Federal do Maranhão Departamento de Direito  Campus Bacanga  São Luís - MA 1 As garantias fidejussórias no adimplemento das obrigações 1  Marcio Roberto Costa Freire 2  Viviane Lima Coimbra 3   A paz de consciência será conseguida pelo cumprimento dos deveres a que o homem se obriga pela sua racionalidade e  seu destino.”  Plínio Salgado - RESUMO São várias as formas de garantia adotadas pelo direito brasileiro e estas se dividem em dois grandes grupos: as reais e as fidejussórias. As primeiras garantem o cumprimento de determinada obrigação por meio de um bem (móvel ou imóvel - exemplo: a hipoteca, o penhor e a anticrese), enquanto que as últimas são prestadas por pessoas. Este trabalho apresenta as garantias fidejussórias nas suas duas modalidades: aval e fiança. Far-se-á uma breve explanação dos conceitos de garantias e obrigações e da diferenciação entre os termos aval e fiança. Em seguida, demonstrar-se-á como estas garantias são utilizadas cotidianamente no adimplemento das obrigações. Palavras-chave:  adimplemento, aval, credor, devedor, direito, extinção, fiança, garantia fidejussória, obrigações, pagamento. 1 INTRODUÇÃO Esse artigo trata das Garantias Fidejussórias no Adimplemento das Obrigações. Sabe-se que há muito tempo as garantias vêm sendo usadas como forma de dar segurança aos credores (latim: aquele que crê) no que tange às obrigações. Entretanto,  poucas são as obras que tratam especificamen te dessas garantias, já que o exame delas  perpassa p or diversas e distintas á reas do Direito. Ao longo do trabalho, será possível compreender melhor os termos: garantias, adimplemento, fiança e aval, bem como as diferenças entre esses termos. Objetiva-se 1  Trabalho apresentado para obtenção de nota na disciplina de Civil II, do Curso de Direito Noturno da Universidade Federal do Maranhão. 2  Graduando em Direito pela Universidade Federal do Maranhão. Licenciado em Letras. Bacharel em Administração e Pós-graduado em Administração Pública p ela Universidade Estadual do Maranhão. Email:  [email protected] 3  Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Maranhão. Licenciada em Letras pela Universidade Federal do Maranhão. Email:  [email protected] 

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Este trabalho apresenta as garantias fidejussórias nas suas duas modalidades: aval e fiança.

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  • Universidade Federal do Maranho Departamento de Direito Campus Bacanga So Lus - MA

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    As garantias fidejussrias no adimplemento das obrigaes 1

    Marcio Roberto Costa Freire2

    Viviane Lima Coimbra3

    A paz de conscincia ser conseguida pelo cumprimento dos deveres a que o homem se

    obriga pela sua racionalidade e seu destino. Plnio Salgado -

    RESUMO

    So vrias as formas de garantia adotadas pelo direito brasileiro e estas se dividem em

    dois grandes grupos: as reais e as fidejussrias. As primeiras garantem o cumprimento

    de determinada obrigao por meio de um bem (mvel ou imvel - exemplo: a hipoteca,

    o penhor e a anticrese), enquanto que as ltimas so prestadas por pessoas. Este trabalho

    apresenta as garantias fidejussrias nas suas duas modalidades: aval e fiana. Far-se-

    uma breve explanao dos conceitos de garantias e obrigaes e da diferenciao entre

    os termos aval e fiana. Em seguida, demonstrar-se- como estas garantias so

    utilizadas cotidianamente no adimplemento das obrigaes.

    Palavras-chave: adimplemento, aval, credor, devedor, direito, extino, fiana, garantia

    fidejussria, obrigaes, pagamento.

    1 INTRODUO

    Esse artigo trata das Garantias Fidejussrias no Adimplemento das Obrigaes.

    Sabe-se que h muito tempo as garantias vm sendo usadas como forma de dar

    segurana aos credores (latim: aquele que cr) no que tange s obrigaes. Entretanto,

    poucas so as obras que tratam especificamente dessas garantias, j que o exame delas

    perpassa por diversas e distintas reas do Direito.

    Ao longo do trabalho, ser possvel compreender melhor os termos: garantias,

    adimplemento, fiana e aval, bem como as diferenas entre esses termos. Objetiva-se

    1 Trabalho apresentado para obteno de nota na disciplina de Civil II, do Curso de Direito Noturno da Universidade

    Federal do Maranho.

    2 Graduando em Direito pela Universidade Federal do Maranho. Licenciado em Letras. Bacharel em Administrao

    e Ps-graduado em Administrao Pblica pela Universidade Estadual do Maranho. Email: [email protected]

    3 Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Maranho. Licenciada em Letras pela Universidade Federal do

    Maranho. Email: [email protected]

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    no somente esclarecer, mas principalmente demonstrar atravs de exemplos concretos

    o que essas garantias significam.

    Ao final deste, espera-se que o leitor j esteja familiarizado com os termos acima

    e, ao mesmo tempo, compreenda a importncia do conhecimento dessas garantias no

    atual cenrio econmico e a catstrofe que seria a sua inexistncia, j que a maior parte

    dos atuais negcios envolvem garantias, sejam elas reais ou fidejussrias.

    2 GARANTIA DAS OBRIGAES

    O vocbulo garantia vem do latim ad+securus que significa a salvo, seguro

    ou de garante, pessoa que atesta a veracidade de algo. Como o prprio nome sugere, a

    palavra em epgrafe resguarda a veracidade de algo por algum.

    Conforme anteriormente mencionado, h uma certa dificuldade de

    sistematizao da matria, j que ela perpassa por diversos e variados ramos do direito.

    Porm, sabe-se que algumas obrigaes contradas s so adimplidas pela existncia

    dessas garantias.

    Quanto ao conceito de obrigaes, podemos dizer que a relao jurdica entre o

    devedor e o credor, cujo objeto consiste em prestao de dar, fazer ou no fazer alguma

    coisa. Os direitos obrigacionais diferem-se dos reais, pois os titulares deste exercem um

    poder imediato sobe determinada coisa, enquanto os daqueles, no (a responsabilidade

    pessoal).

    Cabe ao devedor oferecer a prestao ao credor, na forma, no lugar e no

    momento adequado e cabe, ao devedor, portanto, a responsabilidade pelo pagamento. Se

    falhar, o credor tem o poder de exigir do Estado que adote medidas para assegurar o

    adimplemento do devedor, acrescido de perdas e danos, ou simplesmente que o devedor

    repare o prejuzo advindo do inadimplemento.

    Vale ressaltar que nem sempre foi assim, visto que no Direito Romano, o

    devedor era punido com o seu corpo e sua vida. Com a promulgao da Lex Poetelia

    Papiria de nexix, foi abolida a possibilidade de o devedor ser morto ou vendido como

    escravo para saldar sua dvida.

    Hoje, o objeto correspondente prestao , em regra, fruto do

    patrimnio do devedor ou de seu conjunto de bens e, se ele no o tem, o credor ter que

    amargar o prejuzo. Logo, denomina-se garantia exatamente essa proteo patrimonial

    do credor que, em ltima anlise, permitir o adimplemento ou a reparao.

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    3 MODALIDADES DE GARANTIA

    Quanto s modalidades, as garantias podem ser reais ou fidejussrias. Garantia

    fidejussria, tambm chamada garantia pessoal, expressa a obrigao que algum

    assume, ao garantir o cumprimento de obrigao alheia - caso o devedor no o faa.

    Ex.: fiana, aval, cauo, etc.

    J as garantias reais, estas so aquelas em que o cumprimento de determinada

    obrigao garantido por meio de um bem que pode ser mvel ou imvel. Ex.: penhor,

    hipoteca ou anticrese.

    4 GARANTIAS FIDEJUSSRIAS

    "Fidejussrio", vem do latim fidejussorius - de fidejubere, que significa 'fiana'

    ou 'cauo pessoal'.

    Logo, as garantias fidejussrias so aquelas prestadas por pessoas, e no por

    bens. No caso de descumprimento de determinada obrigao, a satisfao do dbito ser

    garantida por uma terceira pessoa, que no o devedor. As modalidades de garantia

    pessoal so o aval e a fiana.

    Garantia fidejussria portanto uma garantia pessoal, uma fiana dada por

    algum, que se compromete pessoalmente a cumprir as obrigaes contradas num

    contrato. Logo, tem sentido distinto da garantia real, na qual um bem dado como

    cauo.

    Observem que no correta a expresso 'fiana fidejussria', pois trata-se de

    um pleonasmo, j que tanto 'fiana' como 'fidejussria' tm o mesmo radical, fides, que

    indica f, fiel, lealdade, confiana, etc. A expresso correta 'garantia fidejussria' ou

    'cauo fidejussria'.

    4.1. O aval

    Segundo Fbio U. Coelho (2000) [03], "aval ato cambirio pelo qual uma

    pessoa (avalista) se compromete a pagar titulo de crdito, nas mesmas condies do

    devedor deste titulo (avalizado)", segundo ZARIF "aval a obrigao que uma pessoa

    assume por outra, a fim de garantir o pagamento de um titulo de crdito, aquele que

    concede o aval se denomina avalista, e a pessoa em favor de quem concedido se

    chama avalizado".

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    Logo, podemos dizer que aval uma garantia fidejussria oferecida por terceiros

    que, por esse ato, torna-se devedor solidrio do devedor principal que garante o

    pagamento de um ttulo de crdito (nota promissria, letra de cmbio, cheque etc.) e,

    para sua validade, imprescindvel a assinatura no corpo do ttulo. Praticamente

    qualquer assinatura que no seja a dos aceitantes, sacadores ou emitentes e endossantes,

    aval, desde que devidamente identificada.

    Vale lembrar que o avalista responsvel da mesma maneira que o avalizado,

    no havendo, portanto, o benefcio da ordem. Entretanto, o aval garante apenas o valor

    que est expresso no ttulo de crdito avalizado.

    4.2. A fiana

    As origens da fiana vm do direito romano onde se desenvolveu sob as formas

    de sponsio, fideipromisso efideiussio, sendo o ltimo do jus gentium e os dois primeiros

    do jus civile. No passado, o fiador era considerado como devedor solidrio e, apenas

    com o cdigo de Justiniano se reconheceu sua qualidade de subsidirio que permanece

    at os dias atuais, salvo estipulao em contrrio.

    A fiana, tambm, uma garantia de carter pessoal e fidejussria, que torna o

    fiador solidrio ao devedor, para o total cumprimento das obrigaes assumidas por

    aquele. Ela pode vir acompanhada de outras garantias, no perdendo seu carter pessoal,

    sendo cada uma delas disciplinada pelas normas que lhe so prprias.

    A fiana normalmente compreende, alm do principal e juros, todas as despesas

    acessrias, como juros de mora, comisso de permanncia, multa, despesas judiciais e

    outras e a obrigao do fiador passa aos seus herdeiros, mas a responsabilidade da

    fiana se limita ao tempo decorrido at a morte do fiador, e no pode ultrapassar os

    limites da herana. Eis alguns exemplos de fiana: fiana mercantil, fiana bancria,

    fiana imobiliria.

    4.3. Diferenas entre o aval e a fiana

    Fbio Coelho (2000) cita trs diferenas entre estes institutos antes do novo

    cdigo: -a) o aval autnomo em relao obrigao avalizada, ao passo que a fiana

    obrigao acessria; -b) no aval no h beneficio de ordem, o avalista, mesmo que o

    avalizado tenha bens, deve honrar o titulo junto ao credor e s depois acionar o avalista,

    j o fiador, ao contrrio, poder indicar bens do afianado e com isto liberar-se da

    obrigao assumida e; -c) no passado, o aval prestado sem autorizao do cnjuge era

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    vlido, se no alcanasse a meao protegida pela lei 4121/62, enquanto na fiana

    sempre se exigiu a outorga uxria ou marital.

    Destas diferenas tericas apreende-se que: (a) a fiana contrato previsto e

    inserido na legislao pelos cdigos civis, enquanto o aval surgiu da pratica comercial

    da simples declarao de vontade do avalista; e (b) o aval deve ser lanado diretamente

    sobre o ttulo e continua valendo mesmo sendo nula a obrigao do avalizado (exceto se

    houver vicio de forma), enquanto a fiana como contrato acessrio propicia a concluso

    de que se nula a obrigao do afianado, se extingue tambm obrigao do fiador.

    5 AS GARANTIAS FIDEJUSSRIAS NO ADIMPLEMENTO DAS

    OBRIGAES

    Pelo que vimos at o momento, percebeu-se que as garantias fidejussrias, assim

    como as reais, conferem ao credor um pouco de mais de confiana ao negociar com o

    devedor. Assim, as chances dele recuperar o crdito investido dobram e o deixam em

    situao mais confortvel para efetuar negociaes.

    Um terceiro pode oferecer seu patrimnio como garantia de uma dvida de

    outrem. Com isso, a proteo do credor aumenta, mormente se o terceiro tem recursos.

    Caso o devedor falhe no dever de pagar, o credor pode reclamar a reparao do terceiro.

    Com o ajuste dessa garantia, no ser mais apenas um patrimnio a assegurar a

    obrigao, mas dois. Essas garantias so tambm denominadas de fidejussrias, uma

    palavra, como anteriormente dito, cujo radical fides significa, em latim, f, porque,

    afinal, confiou-se em que um terceiro ir arcar com o adimplemento.

    Abaixo, jurisprudncia sobre o assunto:

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUO. PRESTAO DE

    GARANTIA FIDEJUSSRIA. PARCELAMENTO ADMINISTRATIVO.

    Descabe o pedido formulado pelo Estado no sentido de postular a prestao

    de garantia fidejussria, tendo em vista o parcelamento administrativo

    concedido. Primeiro, porque o prprio Estado quem informa que a empresa

    vem efetuando o pagamento do parcelamento, razo pela qual descabe

    obrigar a devedora a apresentar garantias adicionais. Ainda mais, quando a

    execuo j est garantida por penhora levada a efeito nos autos, com o que,

    na forma do art.791 do CPC, o feito executivo resta suspenso, o mesmo

    ocorrendo com a exigibilidade do crdito tributrio ante a regra do

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    art. 151, VI, do CTN. Segundo, porque desde que suspenso o processo de

    execuo pelo parcelamento (art.791 do CPC), com conseqente suspenso

    do crdito tributrio (art. 151, VI, doCTN), no se pode exigir garantias

    adicionais, pois a execuo, bem ou mal, j est garantida pela penhora,

    desimportando que o valor dos bens penhorados na execuo seja inclusive

    inferior ao dbito. Eventualmente, caso no honrado o pagamento das

    parcelas ajustadas, ento sim, prosseguindo-se na execuo, se haver de

    verificar a necessidade, ou no, de eventual reforo para garanti-la. Assim,

    desde que concedido, ainda que provisoriamente, o parcelamento

    administrativo da dvida tributria, as exigncias contidas no Decreto

    Estadual so ilegais. O Decreto no pode ir alm e ao ponto de ofender as

    disposies legais. AGRAVO PROVIDO LIMINARMENTE. (Agravo de

    Instrumento N 70017433053, Primeira Cmara Cvel, Tribunal de Justia do

    RS, Relator: Henrique Osvaldo Poeta Roenick, Julgado em 27/10/2006)

    5.1. A responsabilidade do fiador no adimplemento das obrigaes

    A fiana mais comum nos contratos de locao de imveis. A figura do fiador

    a garantia para o locador de que as despesas de aluguel, condomnio e IPTU sero

    devidamente pagas. O artigo 39 da lei do Inquilinato (Lei 8.245/91) diz que qualquer

    das garantias da locao se estende at a efetiva devoluo do imvel, salvo disposio

    contratual em contrrio. Assim, o fiador o responsvel pela segurana financeira da

    locao at o trmino do contrato. Isso implica na renncia ao direito de se exonerar da

    obrigao de fiador.

    Segundo o Novo Cdigo Civil o fiador pode desistir da fiana, o que contradiz a

    Lei do Inquilinato, permitindo que o fiador fique livre da fiana, ou seja, a exonerao

    do fiador. Permanece a questo jurdica sobre qual lei tem efeito, ou a exonerao

    prescrita pela Lei do Inquilinato ou o novo Cdigo Civil. O Cdigo Civil, no art. 835,

    expressa claramente que o fiador poder exonerar-se da fiana que tiver assinado sem

    limitao de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da

    fiana, durante sessenta dias aps a notificao do credor."

    Importante frisar, quanto responsabilidade do fiador, que a fiana sempre um

    contrato acessrio em relao ao contrato principal. Assim, sem o contrato principal,

    no h o contrato acessrio, pois este ltimo s existe se o primeiro existir. Nesse

    sentido, a responsabilidade do fiador , em geral, subsidiria, ou seja, o fiador somente

    ser acionado em juzo se o devedor principal da obrigao deixar de cumprir com esta.

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    Contudo, pode se determinar contratualmente a responsabilidade solidria do

    fiador. Uma vez assumida a obrigao de fiador solidrio, este ficar responsvel nos

    termos contratuais em que se obrigou o devedor principal. Dessa forma, ele pode ser

    protestado e acionado para quitar a dvida do locatrio.

    H, de se observar, tambm, o direito chamado benefcio de ordem que

    garante ao fiador preferncia de adimplemento ao devedor principal. Assim, no caso de

    um locatrio deixar de cumprir com o pagamento dos aluguis, pelo benefcio de ordem

    o locatrio tem que acionar o devedor principal primeiro, para s depois cobrar do

    fiador. No benefcio de ordem direito de qualquer fiador em responder pela dvida

    somente aps a execuo dos bens do devedor principal. Mas uma vez, se estiver

    contratualmente estipulada a solidariedade entre o devedor principal e o fiador, esse

    benefcio de ordem acaba por perder seus efeitos prticos.

    Observe o quadro a seguir que apresenta os diferentes efeitos que surgem para

    devedor principal, avalista e fiador, no caso de adimplemento regular. Tal diferenciao

    possibilita aclarar a distino de responsabilidades entre cada um dos sujeitos.

    FORMA DE ADIMPLEMENTO

    EFEITOS PARA O DEVEDOR

    EFEITOS PARA O AVALISTA

    EFEITOS PARA O FIADOR

    Pagamento direto Se d com o cumprimento regular da obrigao, satisfazendo o credor e libertando o devedor.

    Se o devedor que paga, extingue-se a sua obrigao e a dos demais coobrigados.

    O avalista livre para pagar, mesmo antes do devedor. Ao pagar gera a desonerao de todos os coobrigados. O avalista tem direito de regresso contra seu avalizado.

    O fiador tem benefcio de ordem e s pode ser cobrado em segundo lugar. Ao pagar gera a desonerao de todos os coobrigados. O fiador tem direito de regresso.

    5.2. A responsabilidade do avalista no adimplemento das obrigaes

    O avalista ocupa a mesma posio daquele a quem avalizou. No h nenhuma

    diferena do avalista para o avalizado, pois, na verdade, ao pagar a dvida, poder

    receber do mesmo a importncia paga. Ainda assim, a sua obrigao semelhante do

    avalizado, visto que o credor pode agir contra um ou contra outro, indiferentemente.

    Feito o pagamento pelo avalista, este fica com os direitos idnticos do avalizado. O

    avalista pode agir tanto contra o avalizado quanto contra os co-obrigados regressivos, da

    mesma forma que o avalizado agiria caso tivesse realizado o pagamento. Vale ressaltar

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    que, se o aval dado ao aceitante, o avalista poder exercer o direito de ao contra

    endossadores ou sacador, pois o aceitante obrigado direto, principal.

    6 CONCLUSES

    Nesse cenrio nacional onde as relaes econmicas so constantes e,

    frequentemente, judicializadas, a figura das garantias nas obrigaes ganha uma

    importncia bastante significativa. Com as duas formas basilares de garantir o

    adimplemento orbitam entre o aval e a fiana, as chamadas garantias fidejussrias, o

    credor ganha mais segurana na celebrao do instrumento contratcio.

    Importante foi diferenciar esses instrumentos j que cada um tem suas

    particularidades jurdicas e se desenvolvem a partir de modos diferentes e com

    consequncias tambm distintas. Fez-se, assim, a diferenciao do aval, figura mercantil

    que pela produz efeitos e modos de extino peculiares, da fiana, que como meio civil

    de garantia que gera obrigao acessria, possui, da mesma forma, natureza e efeitos

    prprios.

    Conclui-se que de grande relevncia, em especial, para o ramo dos negcios, o

    estudo e aplicao das garantias para adimplemento de obrigaes, pois no s d

    proteo ao credor, como tambm faz com que o devedor consciente e astuto possa

    fazer algum tipo de investimento e quem sabe at virar credor de outrem.

    Dessa forma, evita-se tambm o aumento de empresrios e empresas em

    processo de falncia, pois equilibrando-se os ganhos e as despesas, todos lucram,

    inclusive o pas.

    REFERNCIAS

    BRASIL. Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento n.70017433053-rs.

    Primeira Cmara Cvel. . Acesso em: 02 jan. 2012.

    COELHO, Fbio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V. 1, 4ed. Saraiva: So Paulo, 2000.

    FUHRER, Maximilianus Cludio Amrico, Resumo de Direito Civil, Coleo Resumos,

    Malheiros Editores, So Paulo, 18 Edio, 1998.

    GONALVES, Carlos Roberto; LENZA, Pedro. Direito Civil 1 Esquematizado: parte geral,

    obrigaes, contratos. So Paulo: Saraiva, 2011.

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    NEVES, Jos Roberto de. Anlise As garantias do cumprimento da obrigao. Disponvel em:

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    Acesso em: 02 jan. 2012.