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Esse artigo faz parte de uma disciplina sobre a educação brasileira.TRANSCRIPT
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Universidade Federal do Ceará
Doutorado em Educação Brasileira
Disciplina de Educação Brasileira
Aluno: Marco Antonio
O presente trabalho tem como objetivo discutir como a música reflete o contexto social
em que está inserida. Pode-se observar, também nesse contexto, aspectos políticos, culturais e
econômicos, considerando a formação da sociedade brasileira que se fundamenta na mistura de
raças desde a chegada dos portugueses ao Brasil.
Durante o século XV, os países da Europa, e em especial os países ibéricos por sua
localização avantajada em direção a America e a África, iniciam uma nova era no comercio
europeu através das navegações conforme descrito por Prado Jr. (1986):
Em suma e no essencial, todos os grandes acontecimentos desta era a que se
convencionou com razão chamar de "descobrimentos", articulam-se num
conjunto que não é senão um capítulo da história do comércio europeu. Tudo
que se passa são incidentes da imensa empresa comercial a que se dedicam os
países da Europa a partir do séc. XV e que lhes alargará o horizonte pelo
Oceano afora. Não têm outro caráter à exploração da costa africana e o
descobrimento e a colonização das Ilhas pelos portugueses, o roteiro das índias,
o descobrimento da América, a exploração e ocupação de seus vários setores
(Prado Jr, 1986, p.7).
Desta forma os portugueses que já exploravam a Ilha da madeira e Cabo Verde, não
tiveram muita dificuldade de chegar ao Brasil. Começaram então, a comercializar o pau-brasil e
posteriormente a cana de açúcar e o café.
Houve muitas transformações na Europa e no século seguinte, os domínios Ibéricos
entram em decadência em virtude do novo modelo capitalista internacional liderado pela
Inglaterra e pela França. Portugal e Espanha buscam nesses líderes apoio para evitar uma maior
catástrofe econômica. Entretanto, na segunda metade do século XVIII, a queda do monopólio
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comercial foi inevitável. A França invade Portugal e esse sem condições de resistência, e
também por lealdade a Inglaterra que o protegia, resolve emigrar para a nova colônia, o Brasil.
Percebe-se claramente o surgimento de uma nova ordem mundial, e esse processo de
transformação não para, conseqüentemente, Portugal, conservador do antigo regime é cada vez
mais restringido do comercio internacional. A coroa portuguesa torna-se cada vez mais pobre,
entretanto, o Brasil se torna uma forte referencia na América do sul e a Europa olha para o Brasil
de outra forma, visto que, antes era uma colônia subjugada a Portugal (PRADO JUNIOR, 1986).
Com a queda do regime comercial, consequentemente a abertura para uma nova ordem
econômica internacional, a colônia portuguesa passa por transformações. Estrangeiros se
instalam no país e trazem consigo novos costumes oriundos das indústrias. Conta-se até sobre
caixões de defuntos, vindos da Inglaterra, com estofados e prontos para serem usados. Com a
vinda da corte para o Brasil, a população da colônia se apropria de costumes oriundos da corte
portuguesa (PRADO JUNIOR, 1986).
Nesse sentido, percebe-se que um novo estilo de vida era apresentado para os habitantes
no Brasil. Esse estilo provoca sérias implicações na economia: os pequenos artesãos vão
perdendo espaço na sociedade; o desejo de viver esses novos padrões de vida gera dívidas e
consequentemente empobrecem a sociedade da colônia; o Brasil se endivida perante a economia
internacional porque mais gasta do que ganha; a necessidade de guerra perante os países vizinhos
também assume novas dividas com os armamentos (PRADO JUNIOR, 1986).
Além de todos esses aspectos é importante ressaltar que desde seu descobrimento pelos
portugueses, o Brasil tem sofrido influencias da cultura europeia. Quando os portugueses se
apropriaram das terras brasileiras iniciou uma mistura de raças envolvendo a cultura trazida
pelos portugueses e os que os acompanhavam, como também a cultura dos índios que aqui
habitavam. Um pouco mais tarde com a necessidade de mão de obra para o cultivo da cana de
açúcar, e também para o café, vieram para o Brasil os negros somando assim, mais uma raça.
(PRADO JUNIOR, 1986).
Considerando que a música reflete a sociedade na qual está inserida, encontramos no
Brasil, fortes influências da música europeia, da música dos negros, e também dos índios.
Silva (2008) em sua dissertação de mestrado confirma essas mistura de raças na
construção da música no Brasil.
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A história do ensino de música no Brasil está perpassada por distintas
características metodológicas, que se materializaram a partir dos variados
contextos, espaços, e situações de ensino e aprendizagem da música. Ela perfaz
um caminho que vai desde a chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil, em
1549, às discussões contemporâneas sobre a Educação Musical (SILVA, 2008,
p.81).
Os jesuítas chegaram ao Brasil, por volta do ano de 1549, e ensinaram aos índios a
musica de origem europeia. De acordo com Silva (2008):
Os jesuítas com o objetivo de catequizar os índios impuseram costumes e
práticas religiosas que eram inteiramente subordinadas às exigências da igreja e
aos interesses da religião. Os portugueses encontraram nos jesuítas uma das
maiores vias de penetração da cultura europeia (SILVA, 2008, p.82).
A influência da música europeia através dos jesuítas permaneceu durante todo o período
colonial. Os jesuítas foram expulsos do Brasil, contudo, os índios permaneceram no país.
(FONTERRADA, 1992). No regime imperial consolida-se no Brasil a forte influencia da música
europeia. Isso é confirmado por Silva (2008):
Na fase imperial, enfatiza-se, a reorganização do primeiro conservatório - o
Imperial Conservatório - criado por iniciativa de Francisco Manuel da Silva,
em 1841, transformado depois em Instituto Nacional de Música e atualmente,
Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este passou
então a oferecer ensino profissionalizante em música (SILVA, 2008, p.83).
O Brasil, enquanto colônia de Portugal tinha em suas bases econômicas o comercio, e a
mão de obra, era feita pelos escravos vindos da África através do tráfico. A população da colônia
portuguesa é constituída de um terço dos escravos. Na primeira parte do século XVIII o Brasil
adota a liberdade dos escravos, todavia, essa lei não é executada. Os produtores rurais precisam
da mão de obra escrava e não se sujeitam a libertá-los.
Segundo alguns pesquisadores, foi no século XVIII, durante o Brasil colonial, por volta
do ano de 1730, que a musica brasileira desponta, juntamente com surgimento dos primeiros
centros urbanos, ou seja, com o aparecimento das cidades mais progressistas da colônia:
Salvador e Rio de Janeiro. Entretanto, é apenas no final do século XIX que se consolida esse
hibridismo de sons indígenas, negros e portugueses (Caldas, 1989).
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Destaca-se a partir dos africanos um estilo de música denominado lundu (Dança rural e
canção de origem africana, acompanhada de cantos) que chega ao Brasil através dos negros. As
características desse estilo é descrito por Rodrigues (1977):
Todos eles cantam e dançam nas casas por dinheiro. Suas danças consistem
num lundú sapateado, no qual a figura principal entra em luta com o seu
condutor que sempre o vence; depois jogam, sempre dançando e cantando, um
lenço aos donos ,da casa que o restituem com dinheiro amarrado numa das
pontas e saem cantando, dançando, batendo palmas, arrastando os pés, num
charivari impossível de descrever-se (Rodrigues, 1977, p.103).
Entretanto esse estilo de musica africano sofre mudanças logo em seguida em
consequência do contato com os ritmos dos índios.
A música brasileira vem se consolidando ao longo do tempo trazendo toda essa gama
miscigenada de culturas que se formaram ao longo da história do povo brasileira. Traz assim a
marca de uma raiz nativa, profundamente influenciada pela cultura europeia e se mistura com a
raiz africana que também construiu sua história em solo brasileiro.
Considerando essa mistura da música europeia trazida pelos jesuítas, com a música de
origem indígena e a música dos negros, podemos perceber que essa forte mistura formou, ao
longo do tempo, uma música de identidade brasileira que seria futuramente e internacionalmente
reconhecida como bossa nova, samba dentre outros estilos que caracterizam o ritmo brasileiro.
Por tratar-se de uma proposta de artigo esse trabalho não esgota as possibilidades do
estudo da música associada aos aspectos políticos, culturais e econômicos do Brasil, destaca-se,
portanto nesse processo o surgimento da genuína música brasileira. Nesse caso, o estudo propõe
um maior aprofundamento da temática, que explicite cada vez mais a caracterização desses
aspectos presentes.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALDAS, W. Iniciação A Musica Popular Brasileira. São Paulo. Atica, 1989.
FONTERRADA, M T O. Música, conhecimento e história: um exercício de contraponto, In:
Encontro Anual da ABEM. Salvador, 1992
PRADO Jr, C. Historia Econômica Do Brasil. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.
RODRIGUES, N. - Os africanos no Brasil - S.Paulo: Ed. Nacional - 5a. edição . vol.9, l977.
SILVA, M.G.H. Cotidianos Sonoros na Constituição do Habitus e do Campo Pedagógico
Musical:Um Estudo a Partir dos Relatos de Vida de Professores da UFC. Maria Goretti
Herculano Silva. Fortaleza, 2008.