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Turismo e revitalização de áreas de preservação ambiental: consensos e dissensos no município de Tumiritinga 1 Aline Marchesi Hora 2 Carlos Alberto Dias 3 Gilvan Ramalho Guedes 4 Eliza de Oliveira Braga 5 Marina Mendes Soares 6 Líbia Gomes Monteiro 7 Mariana Guimarães B. Silveira 8 Pamella Santos Vicente 9 Resumo Devido a mudança na configuração da sociedade moderna, busca-se na natureza uma oportunidade de fugir da correria diária para reenergizar-se e manter em equilíbrio a saúde do corpo e da mente. Neste contexto, áreas naturais protegidas surgem cada vez mais como opção turística para o desenvolvimento de práticas humanas contribuindo para o desenvolvimento territorial e colocando em questão o uso sustentável dos recursos naturais. Um exemplo é o uso de uma Área de Preservação Permanente, a Praia do Jaó em Tumiritinga/MG. Esta foi alvo de intervenção do poder público no intuito de revitalizá-la e dotá-la de infraestrutura melhorando o acesso dos usuários, fortalecendo o turismo local e evitando sua degradação. Objetiva-se com este estudo identificar até que ponto as obras de revitalização da Praia do Jaó responderam a uma demanda da comunidade, bem como se esta se encontrava preparada para representar socialmente de forma positiva as modificações promovidas neste espaço socialmente apropriado. Trata-se de uma pesquisa transversal de tipo descritiva, utilizando uma abordagem quanti-quali, com procedimentos técnicos plurimetodológicos. As questões quantitativas foram analisadas com apoio do software Sphinx Lexica, enquanto as qualitativas segundo a técnica de Análise de Conteúdo proposta por Bardin. Observou-se que a maior parte dos respondentes não considerou positivas as obras de revitalização. Esta foi ressentida como uma violência não só à natureza, mas ao modo de vida da comunidade. Conclui-se que tal ocorrência deve-se ao fato de que os anseios da comunidade não foram considerados no planejamento e intervenção do espaço em questão. Palavras-chave: Turismo, Revitalização, Áreas de Preservação Permanente, Gestão Compartilhada. 1 O presente trabalho é um recorte da pesquisa Representações sociais das comunidades de Galiléia e Tumiritinga com relação ao uso e conservação do Rio Doce apoiada pela FAPEMIG, processo SHA - APQ-01807-11. 2 Bióloga. Mestranda em Gestão Integrada do Território pela Universidade Vale do Rio Doce. Bolsista do PAPG da FAPEMIG. 3 Doutor em Psicologia Social, Professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão Integrada do Território da Universidade Vale do Rio Doce. 4 Doutor em Demografia, Professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão Integrada do Território e Coordenador do Observatório Interdisciplinar do Território, da Universidade Vale do Rio Doce. 5, 6,

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Introdução

A história humana sempre esteve intimamente relacionada à natureza. No início tal relação era

permeada por mitos, ritos e magias chegando a assumir o caráter de relação divina, isto é,

sagrada. Para cada fenômeno natural havia um Deus, tal como o do sol, o do mar, o da terra, o

dos ventos, o das chuvas, o dos rios, o das pedras, o das plantações, o dos trovões, que eram

juntos, os responsáveis por reger a vida no planeta. Além de cuidar do equilíbrio da própria

natureza tais Deuses exerciam ainda o papel de moderadores e reguladores do comportamento

humano. O medo do castigo divino gerava nos homens uma necessidade implícita de zelar por

todas as formas de vida, evitando assim intervenções humanas na natureza que pudessem ser

desastrosas. Homem e natureza não se constituíam em elementos distintos e conflitantes, mas

em agentes complementares de uma única realidade (GONÇALVES, 2008).

Em decorrência, o homem retirava da natureza tão somente os recursos naturais indispensáveis à

sua sobrevivência. Esta apropriação limitada, associada ao pequeno contingente humano que

habitava a terra não impingia à natureza alto grau de comprometimento de seus recursos, dada a

sua capacidade de suporte às intervenções antrópicas. De forma harmônica os grupos humanos

construíam seus espaços e modos de vida com técnicas que inventavam para garantir a

subsistência familiar, organizando a partir disto a produção, a vida social e o espaço na medida de

suas próprias forças, necessidades e desejos (SANTOS, 1992).

Como a natureza e a própria vida humana não é estática, o pensamento humano sofreu

transformações ao longo do tempo. O homem passou a olhar a natureza de maneira racional, não

se utilizando mais de explicações e justificativas místicas e divinas para moldar suas práticas e

comportamentos cotidianos. Tais mudanças podem ser identificadas a partir do estudo dos

primeiros filósofos, também conhecidos como pré-socráticos. “Os primeiros filósofos, como são chamados os pensadores da natureza, os pré-socráticos – buscaram uma explicação racional para a origem de todas as coisas a partir da natureza, uma vez que a considerava genitora de todo o universo” [...]. (GONÇALVES, 2008, p. 173).

À natureza era atribuído o status de genitora por deter os elementos essenciais que garantiam a

sobrevivência humana bem como de todos os demais seres vivos. Assim, além de parte

integrante da vida do homem, era ela a própria vida de todos os seres (TRES, et al., 2011). Nesta

perspectiva, os homens relacionavam-se com a natureza de forma harmônica, portanto

sustentável, uma vez que mesmo exercendo papel de caçadores e coletores, o faziam na medida

de sua subsistência, numa relação de equilíbrio integrando-se como parte dos ecossistemas.

Contudo, à medida que a espécie humana evoluiu, desconstruiu-se a concepção até então

formada sobre os Deuses da natureza. O homem passou a dominá-la de maneira agressiva,

agindo como se ele próprio fosse divino, cheio de poderes absolutos. Esse comportamento se

consolidou na medida em que surgiu o desejo desenfreado por poder e riqueza, modificando as

 

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concepções que o identificava como parte do natural. Em decorrência dessa mudança, a natureza

começou a perder o seu status de mãe da vida. Natureza e homem tornam-se, portanto,

elementos distintos e conflitantes A partir de então o homem assume o papel de sujeito que busca

o domínio irrestrito da natureza. Esta por sua vez, em seu papel de objeto fica passível ao

esgotamento de seus recursos, devido ao uso e apropriação não sustentável imposta pelo homem

(GONÇALVES, 2008).

A mudança na forma do homem reconhecer a natureza engendrou, em consequência, um novo

sujeito social, agora com novos valores, novas atitudes e práticas comportamentais, bem como

uma nova forma de natureza. Esta pode ser melhor compreendida à partir do conceito de

“segunda natureza” citado por Leal et al., (2008), segundo o qual a natureza simplesmente

assumiu uma nova configuração na qual o ambiente urbano, que altera elementos naturais, deixa

de ser o que é tornando-se parte do modo de vida dos grupos humanos e integrado na paisagem

modifica a natureza tornando-se parte dela em sentido amplo. “[...] o homem deixa de viver em harmonia com a natureza, passa a dominá-la, dando origem ao que se chama de “segunda natureza”: a natureza modificada pelo homem, como o meio urbano com seus rios canalizados, solos cobertos por asfalto, vegetação nativa completamente devastada, assim como a fauna original da área, etc., que é muito diferente da “primeira natureza”, a paisagem natural sem intervenção humana (LEAL, et. al., 2008, p. 4).”

Rigotto (2003) afirma que a cultura das sociedades capitalistas ocidentais conseguiu realizar, no

plano simbólico, uma cisão profunda entre os seres humanos e o ambiente. Neste contexto

perdeu-se de vista a complexidade e também a poesia desta relação, ao mesmo tempo em que

viabilizou a dominação da Natureza de forma similar ao ocorrido com as relações humanas nas

sociedades atuais. Da mesma forma em que as relações humanas deixaram de ser naturais,

perdeu-se também a naturalidade das relações entre o homem e a natureza. Neste sentido, vale

citar Rigotto (2003: 391) quando diz que “[...] a lógica da sociedade penetra na natureza, através

dos processos produtivos e a “desnaturaliza".

O processo de industrialização, o avanço tecnológico e a urbanização, instituíram gradativamente

uma nova sociedade, à qual convém chamar de sociedade do consumo. Nesta, cultua-se a

política da aquisição de bens materiais numa lógica desproporcional às necessidades humanas

básicas. Em decorrência, os recursos naturais do ambiente são cada vez mais consumidos para

atendimento a uma demanda que contraria qualquer possibilidade de resiliência.

Com o advento da industrialização, novos processos produtivos foram descobertos, objetivando

maiores quantidades, melhor qualidade dos produtos e, consequentemente, maiores lucros.

Devido ao crescimento das populações e das necessidades de consumo, expandiram-se

consideravelmente as indústrias, suas áreas de atuação e a variedade de seus produtos.

Entretanto, a preocupação com o ambiente natural não se fizeram presentes neste novo

dinamismo econômico, tendo como resultado problemas ambientais de grandes proporções.

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ambiente, ao consumir predatoriamente os seus recursos naturais sem preocupar-se com sua

necessidade biológica de regeneração, causando muitas vezes problemas relacionados à

extinção, infertilidade, poluição, contaminação e escassez.

Neste contexto, uma situação cada vez mais observada nos últimos anos é o interesse de

populações residentes em grandes centros urbanos em espaços abertos e desafiadores que lhes

permitam, em algum momento, fugir da correria diária e contato com a natureza por motivos de

higiene e saúde. A natureza que já foi vista como mãe e por hora têm sido substrato para relações

humanas predatórias, reaparece, simultaneamente, como a principal fonte de refúgio do homem

deste cenário globalizado. O descanso temporário das práticas cotidianas para o contato com a

natureza constitui-se numa maneira de permitir ao homem superar desafios e elevar o seu bem

estar físico, social e mental, mantendo em equilíbrio a saúde do corpo e da mente.

No que se refere à saúde, embora quase sempre seja concebido apenas como um cenário é

importante destacar que o ambiente tem uma forte relação com a saúde da população. Trata-se

do local onde se formam os sujeitos sociais e onde ocorrem interações e inter-relações que

influenciam direta e indiretamente o processo saúde-doença. Deve-se ressaltar que o processo

saúde-doença pode ser modificado segundo os aspectos históricos e sociais, além das

circunstâncias ambientais e ecológicas, conforme o grau e o modo de relação que o homem tem

com o meio ambiente.

Neste sentido vale destacar que a compreensão de saúde aqui referida é a de caráter mais

complexo e indissociável da natureza, ainda que esta esteja submetida à intervenção humana. Ter

saúde não é tão somente ausência de doença, mas, sobretudo, ter acesso a uma série de

serviços e recursos, que são determinantes à condição do bem estar social. De acordo com a

Organização Mundial de Saúde, a saúde constitui-se num estado completo de bem-estar físico,

mental e social. Para Segre e Ferraz (1997) este conceito não é o mais adequado para definição

do que seja saúde por visar uma perfeição inatingível, haja vista os conflitos sociais internos e

externos ao qual o homem é submetido em seu cotidiano. A VIII Conferência Nacional de Saúde

apresenta o conceito mais ampliado de saúde: “Em seu sentido mais abrangente, a saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida” (CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 1987, p. 382).

Desta forma é impossível pensar em saúde do homem dissociada da natureza em sua gênese,

bem como do lazer enquanto momento de reposição de energias. As práticas humanas, que

envolvem desde o trabalho ao lazer, foram e serão sempre estabelecidas tomando como

referência a natureza, que além do componente estético que encanta os homens, dela provém

bem mais do que as condições necessárias para a sobrevivência.

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“[...] o ócio e o lazer são de extrema importância ao ser humano, reparando psíquica, física e socialmente o indivíduo, recompondo suas energias, ampliando inclusive sua capacidade criativa, melhorando sua autoestima e aumentando a satisfação pessoal” (CAIO, 2001, p. 1).

O conceito de saúde, portanto, é visto como uma resultante das condições de vida e do ambiente,

uma vez que os diversos fatores, como econômico, social, cultural, político e do meio ambiente

mostram interdependência benéfica ou maléfica com a saúde. Derivado dessa mudança social e

econômica que gerou um novo padrão de sociedade, sobretudo a partir da década de 1990,

emerge um novo comportamento humano, sobre o qual Leite (2006) apresenta a seguinte

explicação: “[...] se vivemos num ambiente tenso, motivado pelas mais diferentes preocupações do dia-a-dia, ou mesmo de filosofia de vida, origem familiar, etc., quando chega o final de semana, período de férias, feriados prolongados, precisamos recompor as energias e vamos em busca do oposto de tudo aquilo que nos oprime o tempo todo. Queremos paz, sossego, ar puro, liberdade para os filhos e uma infinidade de coisas que estão ao nosso alcance na natureza” (LEITE, 2006, p. 19).

Este novo comportamento humano amplia a urgência do homem por práticas intimamente ligadas

à natureza por motivos de higiene, lazer, saúde do corpo e da mente, que preze por um uso

sustentável do ambiente e seus recursos e que, sobretudo, lhe permita, novamente, reconhecer-

se como parte integrante do mesmo. Na visão de Leite (2006) o homem atual não quer apenas

apreciar a paisagem, admirar a natureza, presenciar algo diferente do cotidiano, ele quer entrar

em cena, participar, nadar, dançar, navegar, cavalgar, enfim, deixar de ser apenas expectador.

Em decorrência, as áreas naturais protegidas, surgem como um palco para a realização destas

necessidades humanas. Constituindo-se em ambientes reservados, tais áreas são cada vez mais

difundidas por agências de viagens aos seus clientes, cujo marketing perpassa por suas

características peculiares, ou seja, possuem uma enorme diversidade ecológica propícia a

aproximação do homem com a natureza.

Turismo em áreas naturais protegidas: uma oportunidade de aproximação do homem com a natureza

O turismo constitui-se num dos setores da economia que mais se destaca no cenário

internacional, apresentando um dos maiores crescimentos econômicos geradores de emprego e

renda. A globalização sem dúvida interveio nesta expansão, onde as fronteiras são praticamente

inexistentes. Desta forma, a mobilidade de pessoas e recursos, permite afirmar com certa

segurança, que o turismo tem uma grande capacidade para mostrar-se presente e condicionar o

desenvolvimento social e econômico dos territórios (LENGLET & VIDAL, 2004).

O atual desenvolvimento econômico do Brasil e sua significativa riqueza natural, cultural e

histórica criam excelentes possibilidades de exploração deste seguimento econômico. Em

decorrência, o aproveitamento desta condição privilegiada tem sido pauta prioritária de programas

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de gestão pública, seja no âmbito federal, estadual ou municipal (QUARESMA & CAMPOS, 2006).

Prova desta iniciativa pode ser encontrada no Plano nacional do turismo: diretrizes, metas e

programas – 2003-2007 nos seguintes termos: É inegável a nossa vocação para o turismo. Dispomos de todas as condições para cativar nossos visitantes – praias, florestas, montanhas, rios, festivais, culinária diferenciada, parques nacionais, cidades históricas e a tradicional hospitalidade brasileira, assim como, os equipamentos, as empresas, e a qualidade dos serviços já encontrados em muitas regiões do país (BRASIL, 2003, p. 3).

Se por um lado temos o desenvolvimento econômico do país e sua biodiversidade como fatores

impulsionadores do setor turístico, por outro temos a demanda da sociedade contemporânea por

oportunidades de descanso, lazer e recreação combinada a um cenário natural. Em

consequência, as áreas naturais protegidas e seus elementos culturais aguçam o interesse do

homem em vivenciar as sensações geradas pelo contato com a natureza (MAFRA & RAMOS

2007). Estas se constituem em grandes atrações, tanto para os habitantes do território aos quais

pertencem, como para os turistas de todas as localidades (MARIANI, 2006).

Por áreas naturais protegidas entendem-se os espaços territorialmente demarcados cujo objetivo

é preservar a diversidade biológica, os recursos naturais e culturais a elas associadas, através de

instrumentos legais ou outros meios institucionais específicos (BRITO, 2008; MEDEIROS, 2003).

Tais espaços são instituídos e geridos nos diversos níveis da administração pública (Federal,

Estadual e Municipal). Sua criação gera, quase sempre, uma relação conflituosa entre gestão

ambiental, sociedade e natureza. O caráter preservacionista ao qual se objetiva o estabelecimento

das áreas protegidas confronta com o caráter excludente da relação homem x ambiente. O

pensamento da preservação ambiental está intimamente ligado à restrição de acesso do homem a

essas áreas, ainda que a maior parte de seus recursos trate de bens coletivos de uso comum

(BRITO, 2008). Para Diegues (1995) essa restrição remonta à noção de um mito naturalista, da

natureza intocada, supondo a incompatibilidade entre ações de grupos humanos e a conservação

da natureza. O homem seria, desse modo, um destrutor do mundo natural e, portanto, deveria ser

mantido separado das áreas naturais que necessitassem de uma proteção total.

Essa preocupação em afastar o homem da natureza como forma de preservar a sua integridade

biótica tem forte relação com as significativas transformações ocorridos na relação homem x

natureza, ao longo da evolução humana, conforme discutido no capítulo anterior. Na atualidade,

essa interação ainda é, quase sempre, estabelecida numa condição de desequilíbrio. As práticas

comportamentais humanas geram frequentemente uma desproporção entre apropriação de

espaços naturais e sua conservação (TRES, et al., 2011). Essa desproporção parece estar

associada ao inadequado uso da natureza seja por desinteresse, desconhecimento ou falta de

consciência ambiental dos atores no tocante à sustentabilidade se suas práticas.

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Todavia, desconsiderar as relações sociais estabelecidas pela interação população e natureza

não se configura única e exclusivamente uma alternativa satisfatória à sua manutenção. Embora

nem toda interação seja sustentável, as populações, muitas vezes, possuem comportamentos pró-

ambiente embutidos em sua cultura. Neste sentido, a valorização desses comportamentos,

associados à capacitação da população enquanto atores sociais promotores de desenvolvimento

tende a inseri-los na dinâmica de conservação ambiental necessária à gestão do território. Para

Brito (2008), a participação social é importante e deve ser valorizada nas políticas de proteção a

áreas naturais, requerendo, portanto, uma mudança nos conceitos de preservação para

conservação, que expressa a possibilidade de proteção da natureza com aproveitamento

econômico e social das áreas protegidas.

A participação social como aliada aos planejamentos e programas de conservação ambiental é

regulamentada no Estado de Minas pela Lei 14.309 de 19 de junho de 2002. Em seus parágrafos

3º e 4º do Artigo 5º delega ao poder público a responsabilidade por fomentar o desenvolvimento

de programas de educação ambiental para a proteção da biodiversidade e o desenvolvimento de

programas de turismo ecológico e ecoturismo nas áreas preservadas. Pretende-se com esta Lei

estimular nestas áreas o desenvolvimento de pesquisa sobre preservação, conservação e

recuperação de ecossistemas; criação, implantação, manutenção e manejo das unidades de

conservação; manejo e uso sustentado dos recursos vegetais, além do turismo ecológico e

ecoturismo (MAFRA & RAMOS, 2007). Tem-se aqui uma premissa que não requer a separação

do homem à natureza, ao contrário, preza pela educação e conscientização daqueles que residem

ou buscam contato com espaços naturais através do turismo por motivos diversos, nos quais se

incluem a saúde e o lazer.

A intenção expressa na legislação é de que se invista em turismo sustentável, também conhecido

como ecoturismo. Este se baseia no movimento e ação de pessoas que buscam experiências não

convencionais, através de um contato mais próximo e duradouro com a natureza, mantendo

preocupação constante com os possíveis impactos ambientais que a prática possa gerar

(VICTORINO & FONTES, 2001). As práticas humanas de lazer, esporte e recreação que fazem

uso do patrimônio natural e cultural das áreas naturais incentivam sua conservação e promovem a

formação de consciência ambiental que garante o bem estar das populações envolvidas.

O ecoturismo constitui-se num movimento participativo, integrativo e educativo que convida o

sujeito à aventura, envolvendo-o à realidade da região. Nessa modalidade de turismo as áreas

naturais protegidas ganham destaque por atender tanto às demandas humanas, sociais e

econômicas do território, quanto às demandas por “espaços naturais” energizantes, capazes de

retomar ao homem a saúde do corpo e da mente, sem que lhe seja gerado impactos significativos

como os do turismo de massa.

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Do ponto de vista ecológico, ele evita danos brutais ao ambiente, minimiza os custos sociais que

afetam os moradores das localidades e otimiza os benefícios do desenvolvimento do turismo

(COELHO, 2006; MARIANI, 2006). Ao possibilitar uma reaproximação do homem com a natureza,

condição cada vez mais escassa neste crescente cenário urbanizado, contribui para o

crescimento econômico e diminuição de desigualdades através da movimentação do comércio

local (VITORINO & FONTES, 2001).

Todavia, para que se tenham tais benefícios sua efetiva implantação depende da atuação

conjunta dos diversos segmentos, administração pública, empresários, organizações não

governamentais e, sobretudo, da população local. Somente com uma gestão integrada é possível

pensar em uma reintegração homem x natureza, que se faça sob os princípios de

sustentabilidade, envolvendo tanto àqueles que residem na área natural quanto àqueles que dela

se apropriam temporariamente.

Gestão compartilhada para promoção do ecoturismo e desenvolvimento territorial

Como discutido, o ecoturismo constitui-se numa importante estratégia de desenvolvimento

territorial, sobretudo daqueles que não possui grande expressividade econômica. Por ele é

possível dinamizar a economia local com geração de emprego e renda através da movimentação

do comércio, usufruir de maneira sustentável os seus recursos naturais, valorizar as singulares

expressas pela cultura de um povo e, ainda, estimular os investimentos em infraestrutura que

podem beneficiar turistas e nativos. Em muitas comunidades, tem se convertido na primeira

atividade econômica, interferindo direta e indiretamente na economia local, já que as receitas

geradas a partir dele são muito importantes para seus residentes e administração pública.

Todavia, embora apresente oportunidades de desenvolvimento, trata-se de uma atividade que

deve ser implementada com cautela, dados os impactos que pode submeter ao território,

sobretudo aos de natureza humana e ambiental. Para Vidal & Marques (2007), o turismo afeta

diretamente a natureza humana, por que influi na dinâmica das relações sociais e econômicas e

pode mudar, no sentido positivo ou negativo, o modelo de desenvolvimento de um território. Em

sentido positivo, tem-se a agregação de valor ao território. Esta é obtida por meio da interação

social com cultura e gerações diferentes da comunidade local visitada, que se estabelece pela

participação no seu dia a dia, aquisição de seus produtos e serviços, e, interação sustentável com

seu patrimônio natural e cultural. Em sentido negativo, têm-se o fato desta distinção social,

cultural, geracional atuar de maneira antagônica aos costumes, hábitos e comportamentos sociais

da comunidade local. Em decorrência, esta se vê ameaçada os seus valores, costumes, hábitos e,

sobretudo, o seu direito sobre o patrimônio natural e cultural. É como se o outro por não pertencer

àquele território, não soubesse usufruí-lo sem com isso desvaloriza-lo (VIDAL & MARQUES,

2007).

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Em relação à natureza ambiental, por um lado tem-se como impacto positivo a interação social de

atores distintos que, juntos, se apropriam de um mesmo recurso com objetivos comuns de

integração e renovação das condições sociais, mentais e de saúde, zelando pela conservação do

patrimônio natural. Por outro, negativamente tem-se o não comprometimento com o lugar. O não

pertencimento àquele espaço feito território, muitas vezes não imputa aos turistas qualquer

sentimento de preocupação em zelar por sua conservação. Importam-lhes aproveitar o máximo as

excelentes condições de revigoramento da saúde do corpo e da mente pela apropriação e contato

com a natureza. Neste caso, se apropriam de maneira perniciosa deste ambiente, transferindo a

responsabilidade por conservá-lo aos residentes.

Dada à dicotomia entre vantagens e desvantagens do turismo, maior importância precisa ser dada

à Gestão integrada e compartilhada do território. É sabido que muitas vantagens podem ser

atraídas ao território, sobretudo no que se refere às melhorias de infraestrutura, seja por

construção de estradas, instalação de áreas públicas de lazer e desportivas, estabelecimentos de

saúde e até mesmo o aproveitamento de áreas naturais (VIDAL & MARQUES, 2007), desde que

sejam conciliadas entre os interesses públicos e da comunidade local.

A participação social no planejamento das ações e atividades que visem promover o

desenvolvimento social e econômico de um território é imprescindível para o sucesso dos modelos

de governo. Na visão de Paula (2005) a comunidade representa o capital social do território e sem

que haja uma relação de confiança entre esta e o governo, não há possibilidade de se pensar em

desenvolvimento econômico. Está aí estabelecida uma relação necessária, contudo muitas vezes

inatingível no que pese a administração de um município. Nem sempre há no planejamento das

ações públicas um apelo à participação social nas propostas de planos e políticas a serem

implantadas em prol do desenvolvimento local, fazendo-se prevalecer o modelo de gestão onde o

município elabora, aprova e executa as ações sem que a comunidade seja consultada e até

mesmo informada. Este não é nem de longe o modelo de governo ideal, pois não representa uma

comunidade em sua coletividade. Paula (2005) faz a seguinte consideração a respeito de um

governo: “O bom governo depende em grande medida das qualidades e compromissos dos governantes, mas depende, sobretudo, da capacidade de escolha, participação e controle da sociedade civil” (Paula, 2005, p. 4).

Por outro lado, é importante destacar que há também a omissão da comunidade nas decisões

públicas, sobretudo às de baixo desenvolvimento humano e que não possuem por isso, grande

capacidade de articular-se para ter acesso aos seus direitos de participação nas questões

políticas que as envolve. Outro fator observado é o desinteresse por assuntos sociais e

econômicos que para muitos são de cunho meramente políticos. Há uma forte tendência de

comunidades atribuírem ao Estado total responsabilidade por quaisquer políticas de

desenvolvimento territorial, perdendo com isso o seu direito de participar e, principalmente,

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contribuir para uma efetiva implantação de políticas que priorizem o coletivo e que realmente

sejam eficazes. Na visão de Paula (2005) tal comportamento é comum no Brasil por apresentar

uma cultura estática. “A maioria pensa que as assim chamadas “políticas de desenvolvimento” são uma responsabilidade exclusiva do Estado. Entretanto, ao observarmos experiências bem sucedidas de desenvolvimento, descobrimos que na maioria dos casos existe um elevado nível de cooperação e parceria entre Estado, Mercado (entendido aqui como o conjunto dos agentes econômicos) e Sociedade (entendida aqui como o conjunto das organizações sociais, de todo tipo) (PAULA, 2005, p. 5).”

Em se tratando do turismo sustentável ou ecoturismo uma ferramenta para a promoção de

desenvolvimento, poucos subsetores da economia desfrutam de tamanha versatilidade e

flexibilidade para adaptar-se às condições próprias de cada território e de cada população

(LENGLET & VIDAL, 2004). Para isso, faz-se necessário que a administração pública assuma o

compromisso de uma gestão compartilhada, que concatene os interesses econômicos municipais

com os da população e suas singularidades, sobretudo, que o faça dentro de um modelo de

desenvolvimento sustentável que conserve os recursos naturais a ponto de melhorar a cada dia

as condições de vida da população.

No que diz respeito ao aproveitamento de áreas naturais para atividades turísticas, muitas

considerações precisam ser observadas para que não haja conflitos entre interesses

administrativos e interesses públicos de bem comum. É sabido que, na maioria dos casos, as

comunidades, sobretudo as de pequeno porte, ao se apropriarem de uma área natural criam com

esta vínculos e fortes relações, estabelecendo a partir desse processo suas formas de vida,

organização social e, consequentemente, forjam suas culturas. Diegues e Arruda (2001) afirmam

que as populações humanas que vivem em territórios em íntima interação com ambientes

naturais, aproveitando seus recursos para subsistir, desenvolvem ao longo do tempo, além de

forte relação de valorização, um conhecimento profundo destes ambientes, derivado de práticas

empíricas que favorecem a sua conservação. Tal conhecimento pode, em muitos casos, suprir a

ausência de dados científicos e/ou complementá-los, além de figurar como elemento catalisador

do empoderamento das comunidades na gestão local, contribuindo para a gestão integrada.

Dessa forma, iniciativas de governo com objetivo de potencializar o turismo nestes ambientes

devem ser avaliadas em consonância com as expectativas e interesses dessas comunidades.

Embora o turismo possa fortalecer a economia local, dotar um município de infraestrutura e

possibilitar uma valorização da comunidade local através do olhar do outro, pode ser devastador

tanto para o ambiente quanto para as pessoas que ali residem. Efetivamente trata-se de uma

invasão cultural, um desrespeito com o ambiente, uma afronta à maneira singular com que

comunidade se relaciona com a natureza. “[...] é fundamental saber gerenciar a oportunidade, analisando a realidade subjacente com objetividade, para não cair na tentação de adotar modelos de desenvolvimento turístico que perturbem a harmonia do desenvolvimento

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socioeconômico, agridam a cultura local, e provoquem um esgotamento acelerado dos recursos” (LENGLET & VIDAL, 2004, p. 8).

Assim, não bastam investimentos públicos em infraestruturas que viabilizem o turismo em termos

físicos e materiais. É primordial o envolvimento humano daqueles que realmente se sentem parte

do território. Os maiores responsáveis pelo desenvolvimento de uma localidade são as pessoas

que nela vivem. “Sem o interesse, o envolvimento, o compromisso e a adesão da comunidade

local, nenhuma política de indução ou promoção do desenvolvimento por turismo ou outra

modalidade alcançará êxito” (PAULA, 2005, p. 5).

Articular uma aliança estratégica entre atividade turística e seus operadores e o desenvolvimento

local não é tarefa fácil, principalmente em situação onde ocorre a elevação de uma pequena

cidade ou vila para a categoria de um centro turístico. Tal situação é delicada, uma vez que

transforma totalmente a vida de seus moradores. Esses, muitas vezes não dão conta de

compreender e aceitar que os empreendimentos advindos do turismo podem contribuir para a

melhoria da qualidade de vida da população. Ao contrário, muitos se vêm obrigados a conviver

com tais empreendimentos que, em sua opinião, descaracterizam o ambiente causando os mais

diversos tipos de impactos.

Uma situação ocorrida no Município de Tumiritinga, Minas Gerais, ilustra o exposto. Dada a

importância de uma Área de Preservação Permanente – APP, apropriada como área de lazer e

recreação pela comunidade, esta foi alvo de intervenção do poder público no intuito de revitalizá-la

e dotá-la de infraestrutura a fim de melhorar o acesso dos usuários, fortalecer o turismo local e

evitar sua degradação. Objetivando identificar até que ponto as obras de revitalização do Conjunto

Paisagístico da Praia do Jaó responderam a uma demanda da comunidade, bem como se esta se

encontrava preparada para representar socialmente de forma positiva a modificação promovida

neste espaço de apropriação é que será apresentado aqui um recorte da pesquisa

“Representações Sociais das Comunidades de Galiléia e Tumiritinga com relação ao uso e

conservação do Rio Doce”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Univale sob o parecer

CEP/UNIVALE 072-10/12 e apoiada pela FAPEMIG, Processo Nº: APQ-01807-11.

Antes de ser apresentada a metodologia e resultados deste estudo, far-se-á um breve histórico e

caracterização deste município.

Surgido em 1911 a partir da construção da Estrada de Ferro Vitória-Minas, Tumiritinga foi

oficialmente emancipada em 1948, possuindo atualmente população total estimada em 6.293

habitantes. A história de formação do município baseia-se na relação que seus moradores

mantiveram com o Rio Doce, a qual se faz presente nos dias atuais. Carente de locais propícios

para lazer e socialização a Comunidade apropriou-se de uma APP situada à margem deste rio,

incorporando-a ao seu modus vivendi. Tal APP constitui-se numa área de cobertura arenosa com

aproximadamente 800m de comprimento, formada naturalmente em virtude do processo de

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assoreamento do rio. Em função de sua estrutura geológica, as águas do rio atingem mansamente

a porção de areia ali formada, fazendo com que esta se assemelhe a uma praia. Em decorrência,

os moradores começaram a usufruí-la como se de fato o fosse, tendo-a batizado como Praia do

Jaó. Tal nome é devido à ocorrência abundante de ave da espécie Jaó na época de sua

apropriação, que remonta dos anos 1970, cujo nome científico é Crypturellus undulatus.

Considerada cartão postal do município, nela são estabelecidas inúmeras atividades individuais e

coletivas que além de contribuir para com o bem estar dos atores sociais, favorece a formação do

sentimento de apropriação e identidade com o local. Lá as pessoas brincam, descansam,

encontram os amigos, cuidam da saúde por meio de caminhadas e atividades físicas, refrescam-

se do calor, participam de manifestações culturais diversas e encontram a possibilidade de

aumentar os rendimentos familiares através da comercialização de produtos durante os eventos

que ali ocorrem. Embora seja um evento sazonal, o turismo constitui-se em uma importante fonte

de captação de recursos tanto para o município quanto para a população.

Todos os eventos de importância municipal são ali realizados sendo que o Carnajaó vem se

tornando uma das maiores expressões culturais e turísticas do Leste de Minas. Em sua 12ª edição

a prefeitura recebeu nos cinco dias de festa aproximadamente 40.000 pessoas entre nativos e

turistas que procuravam diversão e lazer numa perspectiva natural, elevando em curto período a

população em 636%. A folia, além do rápido aporte financeiro da ordem de R$500.000,00 para a

cidade, coloca-a em visibilidade de forma a justificar a captação anual de recursos para

investimentos e benfeitorias nos espaços servidos aos residentes e turistas.

Devido à relevância da Praia, no ano de 2008 ocorreu seu tombamento como Conjunto

Paisagístico da Praia do Jaó na esfera municipal passando, portanto, a constituir-se em um

patrimônio natural e paisagístico. Este Conjunto recebeu do Ministério da Cultura em 2011,

recursos na ordem de R$ 1.056.000,00 para sua modernização e revitalização. Em função deste

espaço, atualmente Tumiritinga é a 2ª colocada no recebimento de ICMS do Patrimônio Cultural,

ficando atrás apenas do Município de Governador Valadares, na Microrregião.

Método

Trata-se de uma pesquisa transversal de tipo descritiva, utilizando uma abordagem quanti-quali,

com procedimentos técnicos plurimetodológicos, também conhecida como mixed-methods (AXINN

& PEARCE, 2007). Dois softwares foram utilizados neste estudo: ArcGIS 10.0 e Sphinx Lexica. O

processo de seleção amostral contou com a utilização do primeiro e a análise das variáveis

referentes ao perfil da amostra (sexo, idade, estado civil, condição trabalhista, situação trabalhista,

grau de instrução e classificação econômica) e Utilização da Praia (uso, atividades realizadas,

ocasião de utilização, presença de visitantes, ocorrência de manifestações culturais) com o

segundo.

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trabalhadores autônomos (25.9%). A maioria (66.5%) encontra-se atuantes no mercado de

trabalho, formal ou informal, seguida por aqueles que estão aposentados (16.5%). Em relação ao

nível educacional a maior parte (37.5%) ou não possui escolaridade ou possuem apenas o ensino

fundamental incompleto, sendo que apenas (8.5%) possuem o ensino superior. Segundo o Critério

de Classificação Econômica Brasil proposto pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

– ABEP, no grupo predominam os que se situam nas classes C (56,8%) e D (27,0%) sendo

minoria tanto os situados na classe A (1,4%) quanto os na classe E (2.1%).

A maioria (78,7%) dos respondentes frequentam a Praia do Jaó. Estes o fazem principalmente no

intuito de tomar banho (18,0%), descansar (17,6%), contar caso e papear (11,4%) e levar as

crianças para brincar (9,2%). Quanto à ocasião em que desenvolvem tais atividades verificou-se

que os maiores percentuais referem-se à frequência semanal (34,6%) e no período de Carnaval

(16%). Independente de fazerem uso ou não da Praia, a maioria dos respondentes (94,9%)

afirmaram que ela é frequentada por turistas. Quando questionados sobre a ocorrência de

manifestações culturais, tais como festas, shows, eventos religiosos, dentre outras neste ambiente

a maioria (94,0%) também confirmou a ocorrência de eventos desta natureza.

Os dados sinalizam que a Praia do Jaó é um ponto de encontro para a maioria (78,7%) dos

residentes de Tumiritinga que dela se utilizam para diversas atividades de lazer e socialização.

Tomar banho em rio, descansar, contar caso e papear, e brincar utilizando-se de ambientes

naturais foram práticas muito observadas no passado e que em função da mudança do padrão

evolutivo da sociedade, atualmente com caráter mais urbanizado, se tornaram pouco comuns nas

cidades.

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do homem, mesmo dentro da perspectiva de transição em que se encontra a sociedade moderna.

Em Tumiritinga é possível observar essa importância, já que a história de vida de parte de seus

residentes foi construída, ao longo do tempo, em torno daquele ambiente natural.

O fato de a maior parte dos respondentes que frequentam a Praia o fazerem na periodicidade de

finais de semana, reforça o consenso observado na literatura de que as áreas naturais surgem

como oportunidade singular àqueles que buscam descanso devido à correria do dia-a-dia, refúgio

de ambientes urbanos e melhorias nas condições de saúde do corpo e da mente (CAIO, 2001;

LEITE, 2006; RUSCHMANN, 2000). Este consenso fica ainda mais em destaque considerando-se

que todos os respondentes, independente de fazerem ou não uso da Praia, (94.9%) afirmam que

ela é frequentada por turistas, e (94%) que é palco de diversas manifestações culturais. A

identificação dos residentes de Tumiritinga com aquela área de preservação é tão evidente que

sua apropriação ultrapassou os limites do município. Atualmente ela é procurada por pessoas de

diversas cidades mineiras para práticas de lazer e recreação, sobretudo em épocas de

festividades, com destaque para o período de Carnaval. Ao longo do tempo os moradores

construíram e reconstruíram suas territorialidades à sombra da Praia do Jaó e ali foram tecendo

relações, costumes e representações em torno deste objeto.

Entretanto, as representações socialmente compartilhadas têm sofrido modificações ao que

parece em função da obra de revitalização e modernização que foi realizada no Conjunto

Paisagístico da Praia do Jaó. As mudanças que foram realizadas naquele ambiente parecem

interferir no conceito e na memória do vivido de uma parcela da comunidade que não mais se

identifica com aquele espaço, não o reconhecendo enquanto território apropriado.

A partir do discurso de alguns residentes é possível perceber manifestações divergentes em

relação as modificações à qual a Praia do Jaó foi submetida, permitindo-se identificar duas

categorias de análise: Aprovação e Reprovação. No primeiro caso estão aqueles que apresentam

uma visão favorável à obra e no segundo os que apresentam uma visão contrária. Dentre os 26

discursos analisados, 06 inserem-se na categoria dos que Aprovaram a realização da obra e 20

dos que não Aprovaram. Deste total, serão discutidos neste trabalho 06 discursos que

correspondam à categoria Aprovação à obra e 06 que correspondam à categoria Reprovação.

À partir da categoria de análise Aprovação à realização da obra foi possível identificar duas

subcategorias: Higienista e Conservacionista. Na Tabela III os fragmentos dos discursos serão

destacados da seguinte forma: 03 Higienistas e 03 conservacionistas.

Nos discursos inseridos na subcategoria higienista, observa-se uma satisfação dos respondentes

pelo fato da obra ter oferecido à Praia melhores estruturas físicas, no que diz respeito à

construção de banheiros, chuveiros, jardins, tornando o ambiente mais parecido com espaços

urbanos, tais como casas e parques. Essa valorização parece remeter a uma preocupação destas

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pessoas com a saúde, onde as condições de salubridade dos ambientes merecem notória

importância como foi observado desde a história do processo saúde e doença. Constata-se a

atenção dada às questões sanitárias, já que um item básico de saneamento que é o banheiro foi

citado como uma melhoria relevante para os usuários da Praia.

Heller (1998) cita que exclusivamente as questões de saneamento são aquelas que ao longo do

tempo historicamente caracterizam os determinantes ambientais da saúde e, em função disso a

prevenção de problemas com a saúde humana tiveram no saneamento seu referencial. Para o

autor a problemática do saneamento está fortemente associada a comunidades de baixo

desenvolvimento humano, sobretudo àquelas expostas aos riscos decorrentes da insalubridade do

meio.

Neste sentido, é possível acreditar que a vinculação do discurso de alguns respondentes à

questões sanitárias se deve ao fato de que a maior parte da população enfrenta dificuldades com

o saneamento básico, sobretudo no que se refere ao esgotamento sanitário que é deficiente no

município.

O discurso do respondente 03 faz menção às melhorias agregadas àquele ambiente natural a

partir do investimento público em turismo sustentável. Ao dotá-lo de infraestrutura física

promoveu-se ainda a valorização da estética. Segundo Vidal & Marques (2007) um dos benefícios

do turismo sustentável consiste em dotar os espaços de melhor infraestrutura de maneira a

maximizar o desenvolvimento territorial pela movimentação de pessoas e renda, melhorar a

qualidade de vida da população e, proteger os recursos naturais. Para alguns respondentes a

obra de revitalização da Praia modernizou o local tornando-o mais belo, além de ter possibilitado

melhores condições de acesso e uso tanto para os moradores, quanto para os turistas.

Quanto aos fragmentos classificados para a categoria Conservacionista, constata-se que para

alguns respondentes as benfeitorias advindas da obra contribuíram não só para a comunidade,

mas para a conservação da própria Praia, na medida em que reduziu os efeitos do assoreamento.

Na categoria de análise Reprovação foi possível identificar 03 subcategorias: Naturalista,

Segurança e Política. À partir desta categoria, foram selecionados para apresentação na Tabela III

6 discursos, sendo 02 da subcategoria Naturalista, 02 da Segurança e 02 da Política.

A subcategoria Naturalista constitui-se dos discursos nos quais os respondentes associam a

modernização da Praia ao processo de sua desnaturalização, gerando, com isso, um

descontentamento. Para este grupo a obra descaracteriza a praia retirando dela a sua

“naturalidade”, aquilo que lhe é peculiar, motivo de orgulho e admiração e que fez parte do vivido

das pessoas através de distintos significados e representações. Segundo estes, a intervenção na

Praia foi desnecessária, uma agressão não só à natureza, mas, sobretudo, às lembranças e

sentimentos que giram em torno dela. É importante destacar que neste grupo encontram-se

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pessoas que residem no município há mais de 45 anos e que, por conseguinte, construíram sua

identidade em meio às atividades e práticas estabelecidas naquele local.

A preocupação da administração pública em agregar valor a Praia do Jaó para torná-la

instrumento dinamizador do desenvolvimento econômico de Tumitiringa não levou em

consideração os anseios e expectativas deste grupo. A ausência de uma gestão compartilhada

acabou por causar impactos significativos em parte da população.

Neste sentido, Paula (2005) alerta para os riscos em se investir em planos de governo que não

preze por uma gestão compartilhada e integrada, haja vista os significativos impactos de toda

ordem, ambiental, social, cultural e econômico que são gerados na população. Nestes processos,

as comunidades tendem a ver ameaçados seus valores, costumes, hábitos e, sobretudo, o seu

direito sobre o patrimônio natural e cultural (VIDAL & MARQUES, 2007).

Tabela III – Categorias de análise aos discursos referentes a obra de revitalização

Discursos de Aprovação à obra Sub-Categorias Discursos de Reprovação à obra Sub-categorias

"Organizaram. Fizeram banheiro, quadra, jardim... Euachei importante " (Respondente 01 , F, 65 anos,nascida no município).

Higienista/Urbanista

"Ês tinha que ter deixado como Deus deixou ela pranós. O gabião tá acabando com ela. Eu acho que ascoisas naturais é melhor do que as que a gente faz. Éigual um carro de relíquia, tudo original é caro, o que énatural é melhor"(Respondente 07, M, 61 anos,nascido em Tumiritinga).

Naturalista

"É bem cuidada por que estão fazendo o gabião, tempasseio, a gruta, facilitou o acesso [...]" (Respondente02, M, 51 anos, residente no município há 30 anos)

Higienista/Urbanista"Quando ela era natural era mais bonita. Podia terinvestido em outra coisa, era só ter capinado"(Respondente 08, M, 45 anos, nascido no município).

Naturalista

“ Antigamente era bem natural, hoje ela tem melhoriasconstruídas, banheiros, chuveiros, jardins, calçadão...Isso melhora o acesso e a aparência" (Respondente03, F, 43 anos, residente no município há 10 anos).

Higienista/Urbanista“É perigoso machucar, as obras da prefeitura não temsegurança nenhuma”(Respondente 09, M, 30 anos,residente há um mês).

Segurança

"Assim, eu não acho que agrediu a prainha não,porque o natural dela “tá” lá. Aquelas encostas, que oprefeito fez as obras, se não tivesse sido trabalhadodireitinho, eu creio que aquelas terras, entrariam noprocesso de erosão, por que já estavam entrando.Agora num “tô” vendo erosão ali. Ele soube aproveitarbem a natureza sem ofende-la"(Respondente 04, F, 45anos,nascida no município).

Conservacionista

“É o único lugar aqui pras mãe levar as crianças prabrincar. Agora não dá mais. Se uma criança cair lá decima quebra o pescoço” (Respondente 10 - F, 25 anos,residente há 15 anos).

Segurança

"Ficou muito bom. Não vou negar, ficou bom. Agora,tem que ter “conservamento” porque madeira, essascoisas todas, né. Ficou bom" (Respondente 05, M, 52anos, nascido no município).

Conservacionista

“Dinheiro jogado fora. Se eles tivessem feito ondedeveria teria sido bom, mas foi um desperdício dedinheiro que não vai resolver”(Respondente 11, M, 60anos, residente há 60 anos).

Política

“Anda bem limpinha, bem florada, planta bastante flor.Cada um limpa seu lado [...] Se eu morasse lá eucuidava direitinho do meu lado"(Respondente 06, F, 65anos, residente há 13 anos).

Conservacionista“Desvio de verba pública e obras malfeitas”(Respondente 12, M, 58 anos, residente há 20anos).

Política

FRAGMENTOS DE DISCURSOS CONFORME CATEGORIAS DE ANALISES

Aprovação Reprovação

Basicamente esse sentimento de desvalorização dos costumes, hábitos e práticas cotidianas

acometeram parte dos residentes de Tumiritinga, quando viram a Praia ser transformada em algo

que eles não idealizaram. Segundo os pressupostos de Diegues (1995) essa transformação pode

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ser compreendida como uma expropriação violenta de uma porção da natureza no qual os

moradores organizaram sua vida social e, consequentemente, moldaram o seu modo de viver.

A revitalização da Praia exige a partir de agora, que esses sujeitos se deixem envolver em um

novo processo, o de reterritorialização, uma vez que não reconhecem mais aquele espaço

transformado enquanto território apropriado.

Na subcategoria Segurança, situam-se os discursos dos respondentes que associaram a

modernização da Praia à situações de perigo e risco à própria manutenção da vida. A fala dos

respondentes 9 e 10 revelam medo e preocupação quanto ao risco de que pessoas,

especialmente crianças, se machucarem nos escombros e novas estruturas construídas.

Em relação à subcategoria Política, 02 discursos atribuem a obra uma oportunidade do município

desviar dinheiro público. Tal fato reflete uma situação peculiar, porém não incomum, onde a

Comunidade não atribui qualquer credibilidade às ações do poder público por acreditar que este

possui interesses individuais na gestão territorial. Para Paula (2005) esta incredibilidade é um

grande dificultador para o estabelecimento de uma gestão compartilhada que difunda experiências

de sucesso no planejamento territorial.

Percebe-se pelos fragmentos dos discursos que alguns respondentes não acreditam na seriedade

da administração pública, dando a entender que os esforços para a revitalização da Praia

representam desperdício de dinheiro, uma vez que não vão resolver as questões do turismo.

Conclusão

A Praia do Jaó constitui-se num ambiente de significativa importância para a organização social e

econômica do município de Tumiritinga. Sua procura por residentes e turistas para a realização de

atividades de lazer e recreação ganha destaque a cada dia.

Embora a obra de revitalização iniciada pelo poder público tenha agradado a uma parcela da

comunidade, a maior parte dos respondentes não estavam preparados para aceitar e representar

positivamente as mudanças que ali foram realizadas. Brito (2008) destaca que conflitos gerados

pelas interferências em áreas protegidas são cada vez mais comuns, motivo pelo qual os

interesses e anseios da administração pública e comunidade devem ser priorizados

equitativamente na formulação das políticas e diretrizes que envolvam a construção da gestão e

do manejo destas áreas.

No caso em questão evidenciou-se uma cisão entre os respondentes. Apesar da aprovação de

muitos, outros associaram sua revitalização a uma violência não só à natureza, mas a si próprios,

na medida em que não tiveram seus anseios considerados como proposto em modelos de gestão

compartilhada e integrada.

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