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PROJETO DIREITO&CIDADANIA A ESCOLA VAI À UNIVERSIDADE DEBATER ''SISTEMAS ELEITORAIS E VOTO'' . Orientadora: Renata Albuquerque Lima Orientandos: Aline De Araújo Bessa Neto Francisco Thiago de Oliveira Sales RESUMO: O presente artigo tem por objetivo expor as conclusões oriundas da apresentação do minicurso ''Direito Eleitoral e Voto'' realizado no âmbito do projeto Direito & Cidadania: A Escola vai à Universidade. Tal minicurso foi idealizado ante a dura realidade de incompreensão e desentendimento de boa parte da população acerca do principal instrumento da cidadania, qual seja o voto, e de como se dá a organização dos respectivos Sistemas Eleitorais que estruturam e concretizam a Soberania Popular e a Democracia. Nesse contexto buscou-se orientar sobretudo jovens, de idade entre 16 e 18 anos, da importância do Voto e de como este pode servir de instrumento emancipatório do Cidadão, bem como demonstrar as mazelas e desgraças ocasionadas pela sua má utilização. Por fim , e por mais nobre objetivo, pretendeu-se demonstrar a importância da Constituição Federal não apenas como instrumento de utilização dos Juristas e sim , antes de tudo, como instrumento de cidadania popular, transformador da realidade, que deve ser lido e compreendido por todos . Palavra Chave: Direito. Poder. Estado Democrático. Cidadania. Voto.

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PROJETO DIREITO&CIDADANIA

A ESCOLA VAI UNIVERSIDADE DEBATER ''SISTEMAS ELEITORAIS E VOTO'' .

Orientadora: Renata Albuquerque Lima

Orientandos: Aline De Arajo Bessa Neto

Francisco Thiago de Oliveira Sales

RESUMO:

O presente artigo tem por objetivo expor as concluses oriundas da apresentao do minicurso ''Direito Eleitoral e Voto'' realizado no mbito do projeto Direito & Cidadania: A Escola vai Universidade. Tal minicurso foi idealizado ante a dura realidade de incompreenso e desentendimento de boa parte da populao acerca do principal instrumento da cidadania, qual seja o voto, e de como se d a organizao dos respectivos Sistemas Eleitorais que estruturam e concretizam a Soberania Popular e a Democracia. Nesse contexto buscou-se orientar sobretudo jovens, de idade entre 16 e 18 anos, da importncia do Voto e de como este pode servir de instrumento emancipatrio do Cidado, bem como demonstrar as mazelas e desgraas ocasionadas pela sua m utilizao. Por fim , e por mais nobre objetivo, pretendeu-se demonstrar a importncia da Constituio Federal no apenas como instrumento de utilizao dos Juristas e sim , antes de tudo, como instrumento de cidadania popular, transformador da realidade, que deve ser lido e compreendido por todos .

Palavra Chave: Direito. Poder. Estado Democrtico. Cidadania. Voto.

ABSTRACT:

This article aims to expose the conclusions arising from the submission of the short course'' Election and Voting Law'' performed under the Law & Citizenship Project: The School goes to University. This short course was designed before the harsh reality of incomprehension and misunderstanding of much of the population on the main instrument of citizenship, which is to vote, and how is the organization of their electoral systems that structure and concretize the Popular Sovereignty and Democracy. In this context we sought to steer especially young people, ages 16 and 18, the importance of voting and how it can serve as an emancipatory tool Citizen, and demonstrate the ills and misfortunes caused by misuse. Finally, and most noble goal, we sought to demonstrate the importance of the Constitution as a tool not only for the use of Jurists and yes, above all, as an instrument of popular citizenship, transforming reality, which must be read and understood by all.

Keyword: law. Power. Democratic State. Citizenship. Vote.

1.1. INTRODUO:

O Estado nasce como a organizao de um determinado Povo, localizado em um determinado Territrio, sob o elemento agregativo de um Poder Soberano. Nesse diapaso o elemento do Poder aparece como nexo fundamental entre os outros dois elementos constitutivos, e entre toda a gama de indivduos que compe o povo.

Nesse sentido Paulo Bonavides estatui: ''Elemento essencial constitutivo do Estado, o poder representa sumariamente aquela energia bsica que anima a existncia de uma comunidade humana num determinado territrio, conservando-a unida, coesa e solidria.''( p. 133, 2013).

Porem a sujeio a um poder, tanto a coativa quanto a espontnea, aparenta-se ser paradoxal, pois porque um individuo autnomo abdicaria de parte de sua liberdade sujeitando-se a a vontade de terceiro?

Tal questionamento se elucida a partir de um simples exerccio reflexivo: Sozinhos somos e seremos livres, completamente sozinhos poderemos considerar-nos completamente livres, porem sozinhos seremos tambm fracos e vulnerveis segundo nossa condio humana.

Ou seja, a prpria condio de vulnerabilidade humana que nos faz almejar a vida grupal, denominada social, que se organiza necessariamente a partir de um poder ( por mais que as utopias anarquistas, tanto comunistas quanto libertarias, defendam o contrario) .

Portanto de nossa fraqueza e de nossas limitaes inerentes ao fato de sermos humanos que nasce a ''solidariedade'', nosso vnculo com os outros seres humanos, a quem reconhecemos como iguais em limitaes e da exterioriza-se o poder como smbolo mximo dessa ''solidariedade forada e necessria''.

Essa a justificativa oferecida pelos tericos contratualistas ao surgimento do Poder Politico ante ao caos oriundo da condio humana em seu estado natural, de insegurana e guerra de todos contra todos , aqui exemplificada em clebre passagem de Jon Locke:

Evitar esse estado de guerra ( no qual no h apelo seno aos cus, e para o qual pode conduzir a menor das diferenas, se no houver juiz para decidir entre os litigantes) a grande razo pelo qual os homens se unem em sociedade e abandonam o Estado de Natureza. Ali onde existe essa autoridade, um poder sobre a terra, do qual se possa obter amparo por meio de apelo a continuao do Estado de Guerra se v excluda a controvrsia e decidida por esse poder. ( p. 400, 2005)

Nesse contexto, percebe-se desde j que o Poder, inerente a toda e qualquer manifestao social, no se apresenta, a despeito do ordinariamente sustentado, como algo ruim, antes disso o Poder se apresenta como um instrumento, um meio ofertado a determinados indivduos e comunidades para se obter o bem da coletividade e dos indivduos.

No tocante a esse quesito, o ''poder enquanto instrumento utilizado para o bem-comum'', necessrio trazer a tona os ensinamentos de Max Weber, que estabelecer a pedra de toque para a compreenso do fenmeno da legitimidade enquanto requisito de um poder devidamente utilizado (classificando ainda essa legitimidade em racional, tradicional e carismtica) baseado na aceitao social, conforme explanado em magistral lio de Paulo Bonavides acerca da fundamental importncia do socilogo Alemo para a compreenso da noo de legitimidade (BONAVIDES, 2013, p. 148).

Porm inegvel que diversas tendncias de corrupo desse processo ''legtimo'' de atribuio e exerccio de poder um reiterado histrico, sendo a principal manifestao destas a tendncia ao abuso e o desvio da finalidade do bem-comum para o bem individual do detentor do poder.

devidamente sustentado sobre concepes basilares, e que aparentemente nenhuma pertinncia possuem com a temtica do Voto e dos Sistemas Eleitorais, que se buscou desenvolver, no minicurso ora apresentado, uma conceituao de Estado de Direito (Rule of Law) enquanto ''poder legtimo'' somente construdo atravs do voto, organizado devidamente atravs de sistemas eleitorais aptos a concretizar a vontade popular e a cidadania.

Mais do que isso, buscou-se apresentar ao pblico alvo (alunos de escolas pblicas do interior do Estado do Cear, cursantes do Ensino Fundamental, muitos dos quais votariam pela primeira vez na eleio do presente ano) o ''voto'' como um ato de ''atribuio de poder a um determinado indivduo'', advindo disso a responsabilidade de se fazer a melhor escolha. Uma vez que, esse mesmo poder ''ofertado'' segundo as intenes do bem-comum pode e, e muitas vezes so utilizadas contra a mesma comunidade que o atribuiu, devido aos diversos fatores corruptveis dos exercentes desse Poder''.

Ressalte-se, neste patamar, a busca pela compreenso do Direito como mecanismo social e institucional responsvel por organizar a sociedade em termos de Poder Legtimo, somente concretizvel a partir de um regime democrtico, (Paradigma do Estado Democrtico de Direito) explicitado fundamentalmente atravs das referencias Constituio Federal em seu artigo inaugural:

Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo poltico.

Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio.

Note-se ainda a explicitao da cidadania como fundamento maior do Estado Democrtico Brasileiro - conforme previsto no inciso II do artigo inaugural da CF/88 - sendo este, o Estado Democrtico, imprescindvel ao efetivo exerccio da cidadania e esta apresentada nos termos da clssica lio de Manoel Gonalves Ferreira Filho (2013 ,p.146) como, de forma simplificada, ''direito a intervir no processo governamental'' ou ainda, forma mais analtica, como o '' status de nacional acrescido de direitos polticos (strictu sensu), isto , poder participar no processo governamental, sobretudo pelo voto''.

Ou seja, conclu-se a partir dos conceitos apresentados que o efetivo exerccio responsvel da cidadania, pelo povo Brasileiro, condio sem a qual no se concretiza o Estado Democrtico de Direito em suas pretenses fundamentais expostas no prembulo da CF/88:

Ns, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assemblia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrtico, destinado a assegurar o exerccio dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurana, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justia como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a soluo pacfica das controvrsias, promulgamos, sob a proteo de Deus, a seguinte CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

Cabe no olvidar, nesse momento, que o ideal de Poder Legtimo constitudo atravs do voto responsvel aqui delineado jamais foi concretizado no Brasil, sendo que o abuso e o desvio de poder, sob diversas facetas e manifestaes, foram e so uma constante histrica na sociedade brasileira, no sendo o ideal do poder institucionalizado e impessoalizado, concretizado em um grau mnimo diante do patamar civilizatrio de uma Democracia Republicana.

Tal status consequncia direta, ou ao menos est relacionado, a um mau exerccio do sufrgio ou irresponsabilidade no ato do voto pela populao Brasileira.

Por fim, essas foram as noes fundamentais que inspiraram a elaborao e a realizao do referido projeto de extenso, e mais especificamente do referido minicurso,

Reiterando-se que o presente minicurso no foi concebido como um simples ministrar de contedo e sim como um momento de reflexo acerca do Direito em sua concretizao e aplicao, aptos a garantirem a emancipao de sujeitos verdadeiramente livres e responsveis para o exerccio do sufrgio e do ato do voto na constituio de uma democracia mais plena e responsvel na qual efetivamente: Todo o poder emane do povo, que o exera por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituio. ''

E mais do que isso, ao fim, que este poder seja exercido, seja diretamente, seja indiretamente, de forma mais responsvel e consciente de acordo com os imperativos de legitimidade exigidos pela Constituio Cidad.

2.0.DESENVOLVIMENTO

2.1.OBJETIVOS.

2.2.PUBLICO BENEFICIADO

2.3.PROGRAMAO

2.4.METODOLOGIA

2.5.CONTEDO DO MINICURSO

2. CONSIDERAES FINAIS

Ante a execuo do presente projeto de extenso, mais especificamente no decorrer do referido minicurso, latente se imps a realidade do total desconhecimento dos jovens e da populao mdia em geral acerca de seus direitos e a ausncia de compreenso acerca da cidadania responsvel e do procedimento democrtico.

Marcantes foram os relatos do pblico ouvinte que afirmava que desconhecia o que viria a ser a Constituio, sendo que muitos expressavam que jamais haviam ouvido falar de tal documento, e os outros somente a conheciam vagamente, por referncias ao nome e data da promulgao, desconhecendo at mesmo o teor e a importncia de tal documento.

Expressivos tambm foram os relatos acerca da realidade local pertinente ao ato do voto, coordenado expressivamente, para os jovens, por imposies familiares ante troca de favores ou ligaes pr-estabelecidas ante, majoritariamente, cooptao ilcita de sufrgio, popularmente conhecida como compra de votos.

No pertinente ao Sistema Eleitoral, porm, apesar do total desconhecimento acerca dos mecanismos organizatrios e classificatrios pertinentes aos pleitos eleitorais, percebeu-se que muito o interesse pela compreenso, pela populao em geral, de como este sistema se organiza.

Por fim, cumpre estabelecer que antes de firmar concluses rgidas oriundas da realizao do referido projeto, este se mostrou como desvelador de diversos questionamentos fundamentais que ampliaro os horizontes compreensivos tanto dos ministrantes quanto dos ouvintes, tais quais: como se d um processo educativo que no esclarece os jovens acerca de seus direitos? Por que a educao cvica est to distante das escolas brasileiras? Por que a ''Democracia'' e os Direitos Fundamentais da Pessoa Humana no se fazem presente nas grades curriculares das Escolas? Por que a Universidade se fecha em um debate endgeno, na maioria das vezes permeado por um fetichismo tecnicista intil enquanto seus saberes poderiam ser extremamente ''transformadores'' e constitutivos de novas realidades na sociedade nacional.

E por fim,o questionamento central: como alterar tudo isso?

Esses so os questionamentos que ex-surgem, perplexamente, como consideraes finais ante a realizao do projeto, mas que em suas respostas constituir-se-o como a efetiva construo de uma sociedade mais ''livre, justa e solidria'' apta a concretizar o mandamento fundamental segundo o qual:

Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes.

4.REFERENCIAS.

bONAVIDES, Paulo. Cincia poltica. 20 ed. So Paulo: Malheiros, 2013.

FERRERIRA FILHO, Manoel Gonalves. Curso de Direito Constitucional. 39 ed. So Paulo: Saraiva, 2013.

LOCKE, John. Dois Tratados sobre o Governo.Traduo de Jlio Fischer. 2 Ed. So Paulo: Martins Fontes,2005.