artigo 286 a 289 (1)

12
Das Obrigações de Dar Coisa Certa Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fi ca resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do deve dor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o dev edor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. Art. 236. Sendo culpado o devedor , poderá o credor exigir o equi valente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a recl amar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa ce rta, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o cred or a perda, e a obrigação se re

Upload: carolalves

Post on 08-Nov-2015

217 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

eyhtg

TRANSCRIPT

Das Obrigaes de Dar Coisa Certa

Art. 233. A obrigao de dar coisa certa

abrange os acessrios dela embora no

mencionados, salvo se o contrrio resultar do ttulo ou das circunstncias do caso.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a

coisa se perder, sem culpa do devedor, antes

da tradio, ou pendente a condio suspensiva, fi

ca resolvida a obrigao para ambas as

partes; se a perda resultar de culpa do deve

dor, responder este pelo equivalente e mais

perdas e danos.

Art. 235. Deteriorada a coisa, no sendo o dev

edor culpado, poder o

credor resolver a

obrigao, ou aceitar a coisa, abatido

de seu preo o valor que perdeu.

Art. 236. Sendo culpado o devedor

, poder o credor exigir o equi

valente, ou aceitar a coisa

no estado em que se acha, com direito a recl

amar, em um ou em outro caso, indenizao

das perdas e danos.

Art. 237. At a tradio pertence ao devedor a

coisa, com os seus melhoramentos e

acrescidos, pelos quais poder exigir aumento

no preo; se o credor no anuir, poder o

devedor resolver a obrigao.

Pargrafo nico. Os frutos percebidos so

do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

Art. 238. Se a obrigao for de restituir coisa ce

rta, e esta, sem culpa do devedor, se perder

antes da tradio, sofrer o cred

or a perda, e a obrigao se re

solver, ressalvados os seus

direitos at o dia da perda.

Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do dev

edor, responder este pelo equivalente, mais

perdas e danos.

Art. 240. Se a coisa restituvel se deteriora

r sem culpa do devedor, receb-la- o credor, tal

qual se ache, sem direito a indenizao; se

por culpa do devedor, observar-se- o disposto

no art. 239.

Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier

melhoramento ou acrscimo coisa, sem

despesa ou trabalho do devedor, lucrar o cr

edor, desobrigado de indenizao.

Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento,

empregou o devedor trabalho ou dispndio,

o caso se regular pelas normas deste Cdigo

atinentes s benfeitorias realizadas pelo

possuidor de boa-f ou de m-f.

Pargrafo nico. Quanto aos frutos percebidos,

observar-se-, do mesmo modo, o disposto

neste Cdigo, acerca do possu

idor de boa-f ou de m-f.

Seo II

Das Obrigaes de Dar Coisa Incerta

Art. 243. A coisa incerta ser indicada,

ao menos, pelo gnero e pela quantidade.

Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gnero

e pela quantidade, a escolha pertence ao

devedor, se o contrrio no resultar do ttulo

da obrigao; mas no poder dar a coisa pior,

nem ser obrigado a prestar a melhor.

Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vi

gorar o disposto na Seo antecedente.

Art. 246. Antes da escolha, no poder o devedor

alegar perda ou deteriorao da coisa,

ainda que por fora maior ou caso fortuito.

CAPTULO II

Das Obrigaes de Fazer

Art. 247. Incorre na obrigao de indenizar

perdas e danos o devedor que recusar a

prestao a ele s imposta, ou s por ele exeqvel.

Art. 248. Se a prestao do fato tornar-se im

possvel sem culpa do devedor, resolver-se- a

obrigao; se por culpa dele,

responder por perdas e danos.

Art. 249. Se o fato puder ser executado por tercei

ro, ser livre ao credor mand-lo executar

custa do devedor, havendo recusa ou mora deste,

sem prejuzo da inde

nizao cabvel.

Pargrafo nico. Em caso de urgncia, po

de o credor, independentement

e de autorizao

judicial, executar ou mandar execut

ar o fato, sendo depois ressarcido.

CAPTULO III

Das Obrigaes de No Fazer

Art. 250. Extingue-se a obrigao de no fazer,

desde que, sem culpa do devedor, se lhe

torne impossvel abster-se do ato,

que se obrigou a no praticar.

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja

absteno se obrigara, o credor pode exigir

dele que o desfaa, sob pena de se desfazer sua custa, ressarcindo o culpado perdas e

danos.

Pargrafo nico. Em caso de urgncia, po

der o credor desfazer ou mandar desfazer,

independentemente de aut

orizao judicial, sem preju

zo do ressarcimento devido.

CAPTULO IV

Das Obrigaes Alternativas

Art. 252. Nas obrigaes alternativas, a es

colha cabe ao devedor, se outra coisa no se

estipulou.

1o No pode o devedor obrigar o credor a rec

eber parte em uma prestao e parte em

outra.

2o Quando a obrigao for de prestaes per

idicas, a faculdade de opo poder ser

exercida em cada perodo.

3o No caso de pluralidade de optantes, no

havendo acordo unnime entre eles, decidir o

juiz, findo o prazo por este

assinado para a deliberao.

4o Se o ttulo deferir a opo a terceiro, e es

te no quiser, ou no puder exerc-la, caber

ao juiz a escolha se no houver acordo entre as partes.

Art. 253. Se uma das duas prestaes no puder

ser objeto de obrigao ou se tornada

inexeqvel, subsistir

o dbito quanto outra.

Art. 254. Se, por culpa do devedor, no se

puder cumprir nenhuma das prestaes, no

competindo ao credor a escolha, ficar aquele obr

igado a pagar o valor da que por ltimo se

impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.

Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e um

a das prestaes tornar-se impossvel por

culpa do devedor, o credor ter direito de exigir

a prestao subsistente ou o valor da outra,

com perdas e danos; se, por culpa do devedor

, ambas as prestaes se tornarem

inexeqveis, poder o credor reclamar o valo

r de qualquer das duas, alm da indenizao

por perdas e danos.

Art. 256. Se todas as prestaes se tornarem

impossveis sem culpa do devedor, extinguir-

se- a obrigao.

CAPTULO V

Das Obrigaes Divisveis e Indivisveis

Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de

um credor em obrigao divisvel, esta

presume-se dividida em tantas obrigaes,

iguais e distintas, quantos os credores ou

devedores.

Art. 258. A obrigao indivis

vel quando a prestao tem por objeto uma coisa ou um fato

no suscetveis de diviso, por sua natureza,

por motivo de ordem econmica, ou dada a

razo determinante do negcio jurdico.

Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a

prestao no for divisvel, cada um ser

obrigado pela dvida toda.

Pargrafo nico. O devedor, que paga a dvida, sub

-roga-se no direito do credor em relao

aos outros coobrigados.

Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poder

cada um destes exigir a dvida inteira;

mas o devedor ou devedores se

desobrigaro, pagando:

I - a todos c

onjuntamente;

II - a um, dando este cauo de ra

tificao dos outros credores.

Art. 261. Se um s dos credores receber a pr

estao por inteiro, a cada um dos outros

assistir o direito de exigir dele em di

nheiro a parte que lhe caiba no total.

Art. 262. Se um dos credores remitir a dvida

, a obrigao no ficar extinta para com os

outros; mas estes s a podero exigir, de

scontada a quota do credor remitente.

Pargrafo nico. O mesmo critrio se

observar no caso de transao, novao,

compensao ou confuso.

Art. 263. Perde a qualidade de indi

visvel a obrigao que se reso

lver em perdas e danos.

1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores,

respondero todos por partes iguais.

2o Se for de um s a culpa, ficaro exon

erados os outros, respondendo s esse pelas

perdas e danos.

CAPTULO VI

Das Obrigaes Solidrias

Seo I

Disposies Gerais

Art. 264. H solidariedade, quando na mesma obri

gao concorre mais de um credor, ou

mais de um devedor, cada um com dire

ito, ou obrigado,

dvida toda.

Art. 265. A solidariedade no se

presume; resulta da lei

ou da vontade das partes.

Art. 266. A obrigao solidria

pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-

devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagvel

em lugar diferente, para o outro.

Seo II

Da Solidariedade Ativa

Art. 267. Cada um dos credores so

lidrios tem direito a exigir do devedor o cumprimento da

prestao por inteiro.

Art. 268. Enquanto alguns dos credores soli

drios no demandarem o devedor comum, a

qualquer daqueles po

der este pagar.

Art. 269. O pagamento feito a um

dos credores solidrios exti

ngue a dvida at o montante

do que foi pago.

Art. 270. Se um dos credores solidrios falece

r deixando herdeiros, cada um destes s ter

direito a exigir e receber a quota do crdito

que corresponder ao seu quinho hereditrio,

salvo se a obrigao for indivisvel.

Art. 271. Convertendo-se a prestao em perdas

e danos, subsiste, para todos os efeitos, a

solidariedade.

Art. 272. O credor que tiver remitido a d

vida ou recebido o pagamento responder aos

outros pela parte que lhes caiba.

Art. 273. A um dos credores

solidrios no pode o devedor

opor as excees pessoais

oponveis aos outros.

Art. 274. O julgamento contrrio a um dos

credores solidrios no atinge os demais; o

julgamento favorvel aproveita-lhes, a menos

que se funde em exceo pessoal ao credor

que o obteve.

Seo III

Da Solidariedade Passiva

Art. 275. O credor tem direito a exigir e rec

eber de um ou de alguns dos devedores, parcial

ou totalmente, a dvida comum; se o pagam

ento tiver sido parcial, todos os demais

devedores continuam obrigados so

lidariamente pel

o resto.

Pargrafo nico. No importar renncia da

solidariedade a proposit

ura de ao pelo credor

contra um ou alguns

dos devedores.

Art. 276. Se um dos devedores solidrios

falecer deixando herdeiros, nenhum destes ser

obrigado a pagar seno a quota que corresponder ao

seu quinho hereditrio, salvo se a

obrigao for indivisvel; mas todos reunidos se

ro considerados como

um devedor solidrio

em relao aos demais devedores.

Art. 277. O pagamento parcial feito por um do

s devedores e a remisso por ele obtida no

aproveitam aos outros devedores, seno at conc

orrncia da quantia paga ou relevada.

Art. 278. Qualquer clusula, condio ou obri

gao adicional, estipulada entre um dos

devedores solidrios e o

credor, no poder agravar a

posio dos outros sem

consentimento destes.

Art. 279. Impossibilitando-se a prestao por culpa

de um dos devedores solidrios, subsiste

para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos s responde o

culpado.

Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ao tenha sido

proposta somente contra um; mas o culpado

responde aos outros pela obrigao acrescida.

Art. 281. O devedor demandado pode

opor ao credor as excees que lhe forem pessoais e

as comuns a todos; no lhe aproveitando as

excees pessoais a outro co-devedor.

Art. 282. O credor pode renunciar

solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os

devedores.

Pargrafo nico. Se o credor exonerar da solidar

iedade um ou mais devedores, subsistir a

dos demais.

Art. 283. O devedor que satisfez a

dvida por inteiro tem direito

a exigir de cada um dos co-

devedores a sua quota, dividindo-se igualment

e por todos a do insolvente, se o houver,

presumindo-se iguais, no dbito, as

partes de todos os co-devedores.

Art. 284. No caso de rateio entre os co-dev

edores, contribuiro tam

bm os exonerados da

solidariedade pelo credor, pel

a parte que na obrigao incumbia ao insolvente.

Art. 285. Se a dvida solidria interessar ex

clusivamente a um dos devedores, responder

este por toda ela para com aquele que pagar.

TTULO II

Da Transmisso das Obrigaes

CAPTULO I

Da Cesso de Crdito

Art. 286. O credor pode ceder o seu crdito,

se a isso no se opuser a natureza da

obrigao, a lei, ou a conveno com o devedor;

a clusula proibitiva da cesso no poder

ser oposta ao cessionrio de

boa-f, se no constar do in

strumento da obrigao.

Art. 287. Salvo disposio em contrrio,

na cesso de um crdito abrangem-se todos os

seus acessrios.

Art. 288. ineficaz, em relao a terceiros,

a transmisso de um crdito, se no celebrar-se

mediante instrumento pblico, ou

instrumento particular revestido das solenidades do 1o

do art. 654.

Art. 289. O cessionrio de crdito

hipotecrio tem o direito

de fazer averbar a cesso no

registro do imvel.

Art. 290. A cesso do crdito no tem eficcia

em relao ao devedor, seno quando a este

notificada; mas por notificado se tem o devedor

que, em escrito pblico ou particular, se

declarou ciente da cesso feita.

Art. 291. Ocorrendo vrias cesses do mesmo crdito, prevalece a que se completar com a

tradio do ttulo

do crdito cedido.

Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes

de ter conhecimento da cesso, paga ao

credor primitivo, ou que, no

caso de mais de uma cesso

notificada, paga ao cessionrio

que lhe apresenta, com o ttulo de cesso, o da obrigao cedida; quando o crdito constar

de escritura pblica, prevalecer

a prioridade da notificao.

Art. 293. Independentemente do conhecimento da

cesso pelo devedor, pode o cessionrio

exercer os atos conservatrios do direito cedido.

Art. 294. O devedor pode opor ao cessionrio as

excees que lhe competirem, bem como

as que, no momento em que veio a ter conhec

imento da cesso, tinha contra o cedente.

Art. 295. Na cesso por ttulo oneroso, o ce

dente, ainda que no se responsabilize, fica

responsvel ao cessionrio pela existncia do

crdito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma

responsabilidade lhe cabe nas cesses por ttulo

gratuito, se tiver pr

ocedido de m-f.

Art. 296. Salvo estipulao em contrrio, o

cedente no responde pela solvncia do devedor.

Art. 297. O cedente, responsvel ao cessionr

io pela solvncia do devedor, no responde

por mais do que daquele recebeu, com os res

pectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as

despesas da cesso e as que o cessionrio houver feito com a cobrana.

Art. 298. O crdito, uma vez penhorado, no pode ma

is ser transferido pelo credor que tiver

conhecimento da penhora; mas o devedor que o paga

r, no tendo notificao dela, fica

exonerado, subsistindo so

mente contra o credor os direitos de terceiro.

CAPTULO II

Da Assuno de Dvida

Art. 299. facultado a tercei

ro assumir a obrigao do devedor, com o consentimento

expresso do credor, ficando exonerado o devedor

primitivo, salvo se aquele, ao tempo da

assuno, era insolvente e o credor o ignorava.

Pargrafo nico. Qualquer das partes pode assi

nar prazo ao credor para que consinta na

assuno da dvida, interpretando-se

o seu silncio como recusa.

Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor

primitivo, consideram-se extintas, a partir

da assuno da dvida, as garantias especiais

por ele originariame

nte dadas ao credor.

Art. 301. Se a substituio do devedor vier a ser

anulada, restaura-se o dbito, com todas as

suas garantias, salvo as garantias prestadas por

terceiros, exceto se este conhecia o vcio

que inquinava a obrigao.

Art. 302. O novo devedor no pode opor ao credor as

excees pessoais que competiam ao

devedor primitivo.

Art. 303. O adquirente de imvel

hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crdito

garantido; se o credor, notific

ado, no impugnar em trinta di

as a transferncia do dbito,

entender-se- dado o assentimento.