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Avaliao do potencial antioxidante e termoxidativo das cascas de diferentes tipos de soja Alline L. S. Pontesa,b*, Poliana S. Epaminondasa,c, Kassandra L. G. V. Arajoa, Jaqueline A. Nascimentoa, Ingrid Conceio Dantas Guerrad, Raul Rosenhaime, Antonio G. Souzae

a Programa de Ps-Graduao em Cincia e Tecnologia de Alimentos, CT, Universidade Federal da Paraba (UFPB), 58051-970, Campus I, Joo Pessoa - Paraba, Brasil.b Laboratrio de Fsico-qumica, Departamento de Tecnologia de Alimentos, CTDR, Universidade Federal da Paraba (UFPB), 58055-000, Campus V, Joo Pessoa - Paraba, Brasil.c Unidade Acadmica de Tecnologia de Alimentos e Agroindstria, Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia (IFPB), 58800-970, Campus Sousa, Sousa - Paraba, Brasil. d Departamento de Gastronomia, CTDR, Universidade Federal da Paraba (UFPB), 58055-000, Campus I, Unidade Mangabeira, Joo Pessoa - Paraba, Brasil.e Laboratrio de Combustveis e Materiais (LACOM), Departamento de Qumica, CCEN, Universidade Federal da Paraba (UFPB), 58059-900, Campus I, Joo Pessoa - Paraba, Brasil.* Corresponding author. Tel/Fax.: + 55 83 3216 7441.E-mail address: [email protected] (Alline L.S. Pontes).

AbstractO objetivo deste estudo foi a obteno dos extratos das cascas de trs tipos de soja, pela utilizao de diferentes concentraes de solventes (acetona, cido actico e gua), para compar-los quanto ao teor de fenlicos totais (Folin-Ciocalteau) TPC, a atividade antioxidante pelos seguinte mtodos: (Radical scavenging activity DPPH) - RSA-DPPH, Ferric reducing antioxidant power FRAP, -Carotene bleaching e 2,2- azinobis (3-ethyl-benzothiazoline-6-sulfonic acid) ABTS, alm do teor de antocianinas e de flavonoides. O comportamento termogravimtrico de cada extrato tambm foi avaliado. Os resultados mostraram que o extrato de acetona 80% da casca de soja amarela apresentou melhores resultados quanto ao RSA-DPPH e ao FRAP (adicionar betacaroteno, antocianinas e flavonoides), enquanto os extratos da casca marrom e preta, de acetona 80% e cido-acetnico 70% (cido actico a 0,5%) respectivamente, se destacaram em relao ao maior RSA-DPPH (adicionar betacaroteno, antocianinas e flavonoides). O extrato cido-acetnico 70% (cido actico a 0,5%) da casca de soja preta se destacou pelo menor EC50, que lhe confere uma maior efetividade antioxidante entre os diferentes extratos obtidos. Estes resultados indicaram que a polaridade do solvente pode interferir na extrao e na determinao dos teores de fenlicos totais, bem como na avaliao antioxidante das diferentes amostras. Diante disso, possvel otimizar a extrao de compostos antioxidantes naturais, em especial, a da casca de soja preta, tornando vivel sua utilizao pela indstria de alimentos, como alternativa de substituio total ou parcial de antioxidantes sintticos. Keyworks: soja, casca, antioxidante, solvente de extrao, compostos fenlicos. 1. IntroductionA soja [Glycine max (L.) Merrill] um tipo de leguminosa, originria da China, considerada um produto agrcola de grande importncia econmica mundial, utilizada h sculos como alimento bsico e medicamento nos pases orientais, por seu valor nutricional e funcional, que promovem efeitos benficos sade, diminuindo a incidncia de doenas crnicas, como as cardiovasculares, diabetes e cncer (CHO et al, 2013; Malencic, 2012, Kumar, 2010). Nos pases ocidentais, seu processamento d origem ao leo e ao farelo, matrias primas usadas em diversos segmentos industriais, em especial na indstria alimentcia, uma vez que o gro rico em lipdios polinsaturados, protenas, vitaminas, minerais e compostos bioativos, como as saponinas, fitatos, triterpenides, cidos fenlicos e flavonides (FuKuda, 2011, Malencic, 2012).Outro subproduto obtido a partir da soja a casca, uma pelcula que reveste o gro, representando 10% do peso total da semente e que atua como uma barreira protetora contra fungos e insetos, mantendo sua integridade (Xu, Chang, 2008 - 2011). comumente encontrada na cor amarela, mas devido a mutaes espontneas e aos estudos de melhoramento gentico, pode ser encontrada, nos diferentes gentipos da leguminosa, nas cores verde, preta e marrom. Alm de rica em fibras e protenas de alto valor biolgico, a casca destaca-se pela presena de polifenis, cujas concentraes variam significativamente de acordo com a cor do revestimento da semente, atingindo altos teores de flavonoides solveis, como as proantocianidinas, catequinas e antocianinas, em pelculas mais escuras (Dalto e Fiorese, 2012, Cho et al, 2013, Zhang et al, 2011).Segundo Zambom (Zambom et al. 2001), a cada tonelada de soja processada, so gerados 2% de resduo da casca de soja, que como a maioria dos subprodutos e/ou resduos do processamento agroindustrial, tem sido usada na alimentao animal sob forma de farelo de soja. Entretanto, a crescente preocupao com o elevado ndice de desperdcio causado pelas indstrias de alimentos e os impactos ambientais, tem levado busca de alternativas viveis de aproveitamento desses resduos para gerao de novos produtos, com maior valor agregado, para consumo humano (Dalto, 2012).Alm de ser fonte de nutrientes, os resduos constituem uma fonte natural de antioxidantes, que podem minimizar a utilizao e a aditivao de alimentos com antioxidantes sintticos, como butylated hydroxyanisole (BHA), butylated hydroxytoluene (BHT), tertiary butylhydroquinone, (TBHQ), propyl gallate (PG), entre outros, pois seu uso tem sido questionado devido aos possveis efeitos txicos, alergnicos e carcinognicos (Sun-Waterhouse et al., 2011). Extratos naturais de matrizes alimentares diversas, constitudos de compostos fenlicos, cido ascrbico, carotenoides, tocoferois, entre outros, so uma alternativa capaz de combater radicais livres e impedir a oxidao, sem ocasionar danos sade humana (Michotte et al., 2011; Sun-Waterhouse et al., 2011).Diversos mtodos e sistemas de solventes vm sendo usados para a extrao de fitoqumicos de matrias vegetais, para a determinao de sua atividade antioxidante, ou seja, da capacidade de transferncia de eltrons e de tomos de hidrognio, que pode ser afetada pelo tipo e polaridade do solvente e pela presena de compostos no antioxidantes nas solues (Rochenbach et al., 2008).Considerando a casca de soja das variedades amarela, marrom e preta como fontes naturais de compostos com potencial antioxidante, o objetivo deste estudo foi avaliar a melhor concentrao de solvente para a extrao dos fenlicos totais, flavonoides e antocianinas e sua atividade antioxidante pelos mtodos de DPPH, FRAP, ABTS e sistema -caroteno-cido linoleico, alm de comparar a estabilidade trmica dos extratos utilizando a termogravimetria. 2. Materiais e mtodos 2.1 MateriaisAs sementes de soja amarela e preta foram adquiridas no comrcio local de Recife/PE, Brasil, enquanto a soja marrom (cultivar BRSMG 800 A) foi doada pela Embrapa Soja/ Epamig MG, Brasil. Os reagentes Folin-Ciocalteau, 2,2-Diphenyl-1-picrylhydrazyl (DPPH), 6-hydroxy-2,5,7,8-tetramethylchoman-2-carboxylic acid (Trolox), Tween 40, linoleic acid, 2,4,6-Tris (2-pyridyl)-s-triazine (TPTZ) foram adquiridos na Sigma-Aldrich (Steinheim, Germany). Ferric choride hexahydrate, ferrous sulphate heptahydrate, 3,4,5-trihydroxybenzoic acid (gallic acid), -carotene e demais reagentes e solventes foram obtidos na Merck (Dusseldorf, Germany).2.2 Preparao dos extratos Aps a quebra das sementes secas, as cascas dos trs tipos de soja (G. max L.) foram retiradas manualmente, trituradas em processador domstico e acondicionadas vcuo em sacos de polipropileno. A partir da metodologia de Xu e Chang (2007), foram obtidos os extratos cido-acetnico (AAcE) e acetnico (AE) das amostras, usando 10 g das cascas, acrescidos de 100 mL de solvente nas seguintes concentraes: acetona/ gua (50:50, v/v) para a soja amarela (SA 50%); acetona/ gua/ cido actico (70:29.5:0.5, v/v/v) para soja marrom (SM) e preta (SP) e acetona/ gua (80:20, v/v) para as trs variedades (SA 80%, SM 80%, SP 80%). As misturas foram homogeneizadas em banho termostatizado a 25 C, sob agitao, por 3 horas e em seguida, colocados em repouso em ambiente escuro, por 12 horas. Os extratos foram centrifugados a 5000 rpm/ 30 minutos e seus sobrenadantes, filtrados e acondicionados em frasco mbar, armazenados a 4C em atmosfera inerte at a utilizao. As extraes foram realizadas em duas repeties para cada combinao de cascas-solvente.Para determinar o rendimento em matria seca, 1 mL dos extratos, em triplicata, foram acondicionados em bqueres previamente secos e pesados, sendo mantidos em estufa a 105 C, at peso constante. O resultado do rendimento foi expresso em percentual de extrato por 100 g de casca.2.3 Determination of total phenolic content (TPC)Foi utilizado o mtodo Folin-Ciocalteau (Slinkard, Singleton, 1977) para estimar colorimetricamente o TPC dos extratos. Alquotas de 4.0 mL de SA 50%, SM, SP, SA 80%, SM 80% e SP 80% foram diludos em gua, foram adicionados de 0.25 mL do reagente Folin-Ciocalteau, seguidos, aps 8 minutos de intervalo, da adio de 0.75 mL de carbonato de sdio a 20%. Aps agitao, o sistema foi mantido em ambiente escuro por duas horas. A leitura da absorbncia das amostras foi realizada em espectrofotmetro UV-vis (model UV-2550, Shimadzu, Japan), a 765 nm, utilizando-se gua com os mesmos reagentes supracitados, como controle. Uma curva de calibrao do padro cido glico (50-500 mg.L-1) foi obtida para expressar os resultados em mdia desvio padro de gallic acid equivalent (mg GAE.g-1 dried extract (D.E.) e mg GAE.100g-1 casca seca). 2.4 Determinao do teor de antocianinas e flavonoidesA quantificao do teor de antocianinas foi determinada segundo metodologia de Francis (1982), a partir de 1g de amostra, acrescida de 30 mL da soluo de etanol-HCL (1,5N) (85:15%). Homogeneizou-se e logo aps, transferiu-se o contedo para um balo volumtrico de 50 mL, aferindo-se o volume com etanol-HCL (1,5N) (85:15%). Em seguida, o material foi transferido para um frasco de vidro, envolto em papel de alumnio, ficando por 12 horas, em macerao, na geladeira. Posteriormente, filtrou-se o macerado e a leitura da absorbncia do filtrado foi realizada em espectrofotmetro UV-vis (model UV-2550, Shimadzu, Japan) a 535nm, utilizando-se como controle a soluo de etanol-HCL(1,5N). O clculo de antocianina total foi feito atravs da frmula:

A determinao do teor de flavonoides foi realizada utilizando o mesmo filtrado, sendo a leitura feita a 374nm.2.5 Radical-scavenging activity of the 2,2 '-diphenyl--picrylhydrazyl radical (RSA-DPPH) assayA atividade antioxidante das amostras de SA 50%, SM, SP, SA 80%, SM 80% e SP 80% foram comparadas entre as variedades, quanto radical scavenging activity (RSA), determinada pelo mtodo RSA-DPPH (Blois, 1958), com modificaes (Brand-Williams, Cuvelier, Berset, 1995). Alquotas de 3.0 mL dos extratos, em diferentes diluies e em triplicata, foram adicionados de 0.1 mL de soluo etanlica de DPPH, concentrao de 0.1 mol.L-1. Para cada diluio, fez-se um controle, utilizando-se 3.0 mL de amostra adicionados de 0.1 mL de etanol e um controle negativo, que consistiu em 3.0 mL de etanol com 0.1 mL da soluo de DPPH. O decrscimo da absorbncia 515 nm foi mensurado em espectrofotmetro UV-vis (model UV-2550, Shimadzu, Japan), aps 120 min em ambiente escuro. RSA-DPPH foi calculado utilizando-se a equao:

where Aa is the absorbance of samples, Ab is the absorbance of control samples of each extract and Ac is the absorbance of the negative control.O EC50 (concentrao da amostra capaz de reduzir 50% do DPPH inicial) foi calculado substituindo o valor de y da equao da reta por 50 e a eficincia antirradicalar, determinada pela relao inversa do EC50, em mg.mL-1 (EC50-1).2.6 Atividade sequestrante do o radical 2,2-azino-bis-(3-etilbezotiazolina-6-cido sulfnico) (ABTS)O ensaio da atividade antioxidante foi analisada segundo metodologia descrita por RE et al. (1999). O radical ABTS foi formado pela reao da soluo aquosa de ABTS (7mM) com 2,45 mM de persulfato de potssio, mantidas temperatura ambiente e no escuro, por 16 horas. A soluo do radical ABTS foi diluda, em etanol, at obter uma medida de absorbncia de 0.700 0.05 a 734 nm. A partir dos extratos, foram preparadas diluies, em triplicata e em ambiente escuro, alquotas de 100 L foram adicionadas da soluo de ABTS (10 mL), sendo agitadas vigorosamente. Aps permanecer temperatura ambiente por 6 min, a absorbncia da mistura foi verificada a 734 nm, em espectrofotmetro UV-vis (model UV-2550, Shimadzu, Japan), utilizando-se etanol e o radical ABTS, como controle. Para a determinao da curva padro, foram utilizadas concentraes de 100 -2000 mol/ L-1 do antioxidante sinttico Trolox. Os resultados foram expressos em mdia desvio padro de mmol de Trolox por g de amostra (mmol TEAC.g-1). 2.7 Ferric Reducing Antioxidant Power (FRAP) assayPara cada extrato estudado, a atividade antioxidante foi determinada por FRAP assay (Benzie, Strain, 1996), com modificaes (Pulido, Bravo, Saura-Calixto, 2000). Alquotas 90 L de cada extrato estudado foram homogeneizadas com 2,7 mL de reagente FRAP, recm-preparado (TPTZ 10 mM, FeCl3 20 mM e tampo acetato) e 270 L de gua destilada. Aps manter as amostras em banho termostatizado a 37 C por 30 minutos, as absorbncias foram estimadas a 595 nm, utilizando o reagente FRAP como controle negativo para calibrao do espectrofotmetro UV-vis (model UV-2550, Shimadzu, Japan). Para a determinao da curva padro, foram utilizadas concentraes de 500-2000 mol/L-1 de sulfato ferroso (FeSO47H2O). Os resultados foram expressos como mdia desvio padro de mmol de sulfato ferroso por g de amostra.2.8 -Carotene bleaching methodA atividade antioxidante das amostras estudadas tambm foi avaliada pelo -carotene/linoleic acid system model (Marco, 1968), com modificaes (Miller, 1971). As solues foram preparadas misturando-se 5 mL da soluo sistema -caroteno/cido linoleico (40 L de cido linoleico, 530 L de Tween 40, 50 L de soluo -caroteno 20 mg.mL-1, 1mL clorofrmio) e 0,4 mL de cada extrato/ antioxidante sinttico ou soluo de trolox (0.05 mg.mL-1). Essa concentrao foi adotada para que fosse possvel a comparao da atividade dos extratos, em relao concentrao de fenlicos neles existentes, que atuariam concomitantemente ao Trolox. O controle negativo consistiu de 5 mL da soluo sistema de -caroteno/cido linoleico e 0,4 mL de etanol. A absorbncia das amostras a 470 nm (espectrofotmetro UV-vis, model UV-2550, Shimadzu, Japan) foi lida no tempo inicial e a cada 15 minutos, permanecendo as amostras temperatura de 40 C, em banho termostatizado, at completar 120 minutos de anlise. Os resultados foram expressos como percentagens de inibio da peroxidao, usando a equao:

em que Ai o absorbncia inicial da amostra, Af absorbncia final da amostra, Ci a absorbncia inicial do controle e Cf a absorbncia final do controle negativo.2.9 Avaliao trmica dos extratosAs curvas termogravimtricas (TG) e a Anlise Trmica Diferencial (DTA) dos extratos das cascas de soja, do BHT e do TBHQ foram obtidas em Analisador Trmico Simultneo DTA-TG-DTG, modelo H-60, marca Shimadzu. Utilizou-se cerca de 10 mg de cada amostra em cadinho de platina, atmosfera de ar sinttico com fluxo de 50 mL.min-1, aquecidas a 10 C.min-1 at 700 C, a partir de anlises no-isotrmicas. As temperaturas onset (Tonset) (Nascimento et al., 2013) e inicial (T0) foram utilizadas como parmetro para determinao da estabilidade trmica dos extratos, do BHT e do TBHQ, respectivamente.2.10 Anlises estatsticasOs resultados dos ensaios, realizados em triplicata, foram expressos como mdia desvio-padro, sendo comparados por anlise de varincia (ANOVA) e teste de Tukey, com auxlio do programa estatstico Statistica 7.0, considerando P 0,05. Os grficos foram elaborados com auxlio do programa GraphPad Prism 5.0.3. Resultados e discusso3.1 Contedo de TPC, antocianinas e flavonidesA tabela 1 mostra os teores de TPC em equivalentes de cido glico, dos extratos SA 50%, SM, SP, SA 80%, SM 80% e SP 80%, BHT e TBHQ. Foram constatados altos valores para os extratos de soja preta SP e SP 80% (322.54 48.13 e 386.20 43.97 mg GAE.g-1 de extrato seco) e baixas concentraes de fenlicos para as demais amostras, quando comparadas aos antioxidantes sintticos puros. No foi encontrada diferena significativa (p < 0,05) da quantidade de compostos fenlicos dos extratos da soja preta em relao ao TBHQ. Acredita-se que os altos teores de TPC nos extratos de SP e SP 80%, sejam atribudos dentre outros fatores, colorao enegrecida e maior solubilidade dos compostos fenlicos da casca de soja preta aos solventes utilizados para sua obteno ( Xu, Chang, 2007; Rockenbach et al, 2008, Michiels et al., 2012), demonstrada pelo maior rendimento de seus extratos secos (9.17 0.23 e 7.47 0.11). Alm disso, os dados corroboram a literatura, que relata a presena de flavonoides solveis, em especial, das antocianinas (Xu, Chang,2008-2011; Cho et al., 2013), extrada com eficincia devido a utilizao de soluo etanlica em meio acidificado (Rockenbach et al, 2008), cuja concentrao tambm se destacou (28.39 0.00 mg.g-1), apresentando diferena significativa quando comparada s das cascas da soja amarela (0.61 0.00 mg.g-1) e marrom (1.96 0.03 mg.g-1) (Tabela 2). 3.2 Atividade antioxidanteA atividade antioxidante dos extratos naturais e sintticos foi avaliada por diferentes mtodos de deteco, para que fosse possvel compreender o comportamento de seus compostos antioxidantes quanto capacidade: sequestradora de radicais livres (RSA-DPPH) e do radical ABTS redutora de metais (FRAP) e protetora sobre a peroxidao lipdica (sistema -caroteno/ cido linoleico).3.2.1 Free radical-scavenging activity (RSA - DPPH) and ABTS radicalsNa atividade antioxidante, avaliada pelo ensaio RSA- DPPH e radical ABTS+ (tabela 1), foram encontradas diferenas significativas entre os extratos dos trs tipos gentipos analisados. Os resultados de EC50, atividade antiradicalar (EC50-1) e ABTS , mostraram atividades decrescentes dos extratos na seguinte ordem: soja preta > soja marrom > soja amarela.Em relao ao EC50 e atividade antiradicalar (EC50-1), os extratos SP (2.97 0.05 g.mL-1 e 336.57 6.31) e SP 80% (3.52 0.14 g.mL-1 e 284.16 10.87) foram mais eficientes frente ao radical DPPH quando comparados ao BHT (67.53 3.20g.mL-1 e 14.83 0.70) e aos extratos da soja amarela e marrom, que exibiram uma eficcia antioxidante muito discreta. Estes dados revelam uma correlao entre o teor de fenlicos e a capacidade antioxidante de SP, SP 80% e TBHQ, uma vez que, sua constituio qumica apresenta grupos hidroxila ligados a anis aromticos, capazes de doar um radical hidrognio ao radical livre, neutralizando-o e mantendo-se quimicamente estvel, interrompendo a reao em cadeia (Contreras-Caldern et al., 2011). A atividade desempenhada pelos extratos SP e SP 80%, est relacionada concentrao das antocianinas, que possuem potencial antioxidante aumentado, em relao a outros compostos como a isoflavona, devido ao nmero, posio e tipo de grupos qumicos ligados aos seus anis aromticos (Jeng et al, 2010, VOLP et al., 2008), enquanto a superioridade antioxidante verificada para o TBHQ pode ser atribuda presena de dois grupos hidroxila em sua molcula e maior poder de doao de eltrons para os radicais livres (Santos et al, 2012), quando comparado ao BHT e aos demais extratos de soja, assim como o relatado por Nascimento et al. (2013), no estudo de extratos etanlicos de Moringa olefera L. e os mesmos antioxidantes sintticos.Quanto a atividade antioxidante relativa ao radical ABTS+ , embora os extratos SP 80% e SP (52933.13 16.00 e 40117.96 47.32 mmol TEAC.g-1, respectivamente) tenham se destacado, todos os extratos naturais tenham apresentado resultados mais expressivos quando comparados ao DPPH. Segundo Choi et al (2007), isso ocorre porque o DPPH usado para avaliar os efeitos da eliminao do radical pela doao dos ons hidrognio provenientes dos compostos fenlicos da semente da soja, em especial, as isoflavonas e antocianinas, enquanto o radical ABTS est correlacionado medio da capacidade de eliminao dos radicais pela doao de hidrognio e quebra da cadeia dos antioxidantes. 3.2.2 FRAP assay Quanto ao FRAP assay (Tabela 3), todos os extratos diferiram significativamente (p < 0,05). A amostra que apresentou considervel poder de reduo do ferro foi o TBHQ (30.29 0.10 mmol Fe2+.g-1 de extrato seco), seguido dos resultados de SP 80% (13.22 0.98 mmol Fe2+.g-1 de extrato seco) e SP (12.92 3.19 mmol Fe2+.g-1 de extrato seco), no havendo reduo expressiva nos demais extratos.A diferena entre os extratos naturais da soja preta pode est ligada ao teor, natureza e grau de hidroxilao dos compostos fenlicos, que podem variar dentro de uma mesma classe fenlica e no ter atividades antioxidantes semelhantes (TSAO et al., 2005). Alm disso, a oxidao ou reduo de radicais a ons bloqueia as reaes radicalares em cadeia, reduzindo a eliminao de radicais por transferncia de eltrons e mudando o mecanismo, que ocasionam a subestimao de resultados (Prior, Wu, & Schaich, 2005). 3.2.3 Proteo contra peroxidao lipdica

Ao analisar a curva cintica dos extratos naturais e sintticos em relao descolorao do -caroteno (Figura 1), possvel observar que no houve diferena estatstica entre os extratos de soja amarela e marrom extradas com diferentes concentraes de solvente. Quanto aos extratos da soja preta, o extrato acetnico SP foi o que apresentou melhor atividade antioxidante em relao ao SP 80% e aos outros extratos, embora seu desempenho tenha sido discreto em relao aos compostos referncia (TBHQ, BHT e Trolox), na inibio da peroxidao do cido linoleico.A diferena significativa de percentual de inibio comeou a ser observada nos primeiros 15 minutos entre o extrato SP e os compostos de referncia, que mantiveram a estabilidade do sistema -caroteno/ cido linoleico, apresentando estabilidade no mesmo perodo e leve decrscimo com o decorrer do tempo. Os compostos de referncia TBHQ, Trolox e BHT (83. 82 0.35, 82.09 0.13 e 81.76 0.52 %, respectivamente) no apresentaram diferena significativa entre si para capacidade inibitria da peroxidao lipdica, durante os 120 minutos de anlise, enquanto SP apresentou o percentual de 51.91 5.61% ao final (Tabela 3).A inibio da peroxidao lipdica exercida por SP pode ser atribuda ao dos fenlicos, em especial das antocianinas, encontrada em maiores concentraes devido ao solvente utilizado quando comparado ao extrato de SP 80% e exibindo resultados menos expressivos que os antioxidantes sintticos devidos s caractersticas volteis e trmicas das antocianinas.

A inibio da peroxidao lipdica por EEG e MAEG pode ser atribuda ao antioxidante de compostos organossulfurados e fenlicos constituintes do alho (Omar & Al-Wabel, 2010). Por se tratarem de matrizes de complexa composio, recomendado que alimentos de origem vegetal tenham sua capacidade antioxidante avaliada por variados mtodos in vitro de deteco, para que seja possvel obter dados relevantes, uma vez que os antioxidantes podem responder de forma diferente a fontes variadas de radicais ou agentes oxidantes (Bozin et al., 2008; Prior et al., 2005).3.3 Avaliao trmica dos extratosAs curvas TG e DTA dos extratos de alho e do BHT so apresentadas na Figura 2 e os dados obtidos a partir destas curvas encontram-se sumarizados na Tabela 2. EEG e MAEG apresentaram semelhantes perfis de decomposio, caracterizados por cinco eventos de perda de massa, sendo os dois primeiros endotrmicos e os demais exotrmicos. EEG apresentou maior estabilidade trmica (90 C) e menor perda de massa (5.5 %) na primeira etapa de decomposio, em relao a MAEG (68 C e 10.7 %) e ao BHT (71 C e 99%), provavelmente devido ao menor teor de umidade e de solvente residual; ao maior teor de compostos fenlicos que, diante do aquecimento, tm suas formas esterificadas e glicosiladas liberadas por clivagem, aumentando as formas livres, mais ativas (Xu et al., 2007); melhor atividade antioxidante, detectada pelos mtodos RSA-DPPH e FRAP, por contribuio dos compostos organossulfurados, alm da menor volatilizao/ decomposio de antioxidantes pouco estveis. Complexos antioxidantes de baixa estabilidade podem ser facilmente degradados, perdendo o poder antioxidante ou atuando como pr-oxidantes. Outros fenmenos, como a volatilizao de compostos fenlicos e de outros antioxidantes mais estveis, a gelatinizao do amido e a desnaturao de protenas presentes nos extratos, podem caracterizar os dois primeiros eventos endotrmicos das curvas avaliadas (Epaminondas, Arajo, Souza, et al., 2011). Os eventos exotrmicos podem estar relacionados oxidao de compostos de natureza lipdica, decomposio e combusto de compostos termicamente mais estveis, como as protenas.Nascimento et al. (2013) descreveram uma variao de estabilidade trmica de 66 a 83 C, para extratos etanlicos de folhas, flores e vagens de Moringa olefera L., enquanto que Santos et al. (2012) reportaram estabilidades trmicas de 71 C, 85 C, 98 C e 184 C, para os antioxidantes sintticos puros BHT, BHA, TBHQ e propilgalato (PG), respectivamente, e 68 C, 147 C, 170 C e 199 C, para os cidos glico, ferlico, cafeico e -tocoferol, respectivamente, classificados como antioxidantes naturais puros.3.4 ConclusoO leo de linhaa aditivado com extrato etanlico de A. sativum L., associado ao no ao TBHQ, apresentou estabilidade oxidativa at o oitavo dia de armazenamento a 60 C, conforme o valor Totox recomendado. EEG, isolado ou sinergicamente associado ao TBHQ ou ao BHT, protegeu o leo de linhaa de forma similar ou at superior aos antioxidantes sintticos isolados, durante o armazenamento acelerado, inibindo a formao de compostos de oxidao primria e secundria, detectados por PV, AV e FTIR. Isso sugere a possibilidade de substituio total ou parcial de antioxidantes sintticos por EEG pela indstria de leos comestveis. Tal proteo deveu-se maior estabilidade trmica e superior atividade antioxidante de EEG, quando comparado a MAEG, devido aos compostos fenlicos e organossulfurados naturalmente presentes no extrato e intensificados com o aquecimento, associados a outras substncias antioxidantes formadas. AgradecimentosThe authors acknowledge the Brazilian Agencies National Council for Scientific and Technological Development (CNPq) and Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel (CAPES) for the financial support.RefernciasAdkins, Y., & Kelley, D. S. (2010). Mechanisms underlying the cardioprotective effects of omega-3 polyunsaturated fatty acids. The Journal of nutritional biochemistry, 21(9), 78192. doi:10.1016/j.jnutbio.2009.12.004AOAC. Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis. Washington:AOAC. 2000; 1018 p.AOCS. (2003). Official Methods and Recommended Pratices of the American Oil Chemists Society. Champaign Illinois: AOCS.Benzie IF, Strain JJ. 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Tabela 1 Rendimento, total extractable phenol content (TPC), antioxidant capacity (EC50) and antiradicalSamplesYield (%)TPC(mg GAE . g-1 D.E.*)CTPC(mg GAE . g-1 H. S.)EC50(g.mL-1)Atividade antirradicalar [EC50-1]ABTS(mmol TEAC.g-1)

SA 50%5.13 0.25 c16.04 0.93 c1.65 0.10 b423.94 20.54 a2.36 0.11 d480.52 6.37 d

SA 80%3.60 0.20 d15.66 4.20 c0.90 0.63 b327.85 5.21 b3.05 0.05 d440.35 5.61 d

SM 3.93 0.15 d28.69 6.43 c1.78 1.18 b137.07 2.27 c7.30 0.12 d597.28 12.14 c

SM 80%3.30 0.20 d35.28 15.73 c1.56 1.33 b126.00 1.16 c7.94 0.07 d547.38 4.28 c

SP9.17 0.23 a322.54 48.13 a32.26 16.54 a2.97 0.05 d336.57 6.31 b40117.96 47.32 b

SP 80%7.47 0.11 b386.20 43.97 a32.02 17.75 a3.52 0.14 d284.16 10.87 c52933.13 16.00 a

TBHQ-373.03 14.22 a*-1.27 0.01 d784.57 7.76 a-

BHT-282.08 19.80 b*-67.53 3.20 e14.83 0.70 d-

efficiency measured in the DPPH radical tests dos extratos de casca de soja (SA, SM e SP), TBHQ e BHT.A Valores correspondentes mdia desvio padro (n=9).B Mdias seguidas por diferentes letras minsculas na mesma coluna diferem significativamente (p 0.05), pelo teste de Tukey.C Teor de fenlicos totais contabilizados como mg de equivalentes de cido glico, contidos em 1g de TBHQ/ BHT.* D. E. extrato seco; H. S. casca de soja.

Tabela 2 Teor de antocianinas e flavonides dos extratos de soja amarela, marrom e preta.SamplesAntocianinasmg.g-1Flavonidesmg.g-1

SA0.61 0.00 c9.95 0.03 c

SM 1.96 0.03 b22.29 0.03 a

SP28.39 0.00 a20.67 0.00 b

A Valores correspondentes mdia desvio padro (n=9).B Mdias seguidas por diferentes letras minsculas na mesma coluna diferem significativamente (p 0.05), pelo teste de Tukey.

Tabela 3 Antioxidant capacity determined by the FRAP, ABTS and oxidation inhibition (% OI) by the b-carotene method.SamplesFRAP(mmol Fe2+.g-1)OI -carotene (%)*

SA 50%0.33 0.04 f31.76 1.66 c

SA 80%0.57 0.05 e40.29 2.91 c

SM 0.80 0.10 d40.44 1.04 c

SM 80%0.87 0.12 d43.38 0.62 c

SP 12.92 3.19 c51.91 5.61 b

SP 80%13.22 0.98 b12.39 2.74 d

BHT0.54 0.05 e81.76 0.52 a

TBHQ30.29 0.10 a83.82 0.35 a

Trolox-82.09 0.13 a

A Valores correspondentes mdia desvio padro (n=9).B Mdias seguidas por diferentes letras minsculas na mesma coluna diferem significativamente (p 0.05), pelo teste de Tukey.*Extratos com concentrao de 50 g.mL-1 em relao a TPC, comparado ao Trolox com concentrao de 50 g.mL-1.

Fig. 1 Cintica de descolorao do sistema -caroteno-cido linoleico: proteo contra peroxidao lipdica por ao dos extratos de soja amarela, marrom e preta comparados aos controles positivos (TBHQ, BHT e Trolox) e ao negativo.

Fig. 2 Curvas TG (a) e DTA (b) dos extratos de alho e do BHT.

Tabela 4 Dados referentes s curvas TG e DTA dos extratos de alho e BHT.

TG DynamicDTA

StepsTia Tfb/ CTonset Cmc/ %TransitionT/ C

BHT1st72 286-99EndoEndo74173

Residue286 - 701-1.0--

TBHQ1st91 299-99EndoEndo132227

Residue299 - 701-1.0--

SA 50%1st30 21615931.1Endo127

2nd216 593-34.1--

3rd593 70159516.8Exo633

4th377 5933179.6--

5th593 70157016.7--

Residue--2.4--

SA 80%1st25 1036810.7Endo68

2nd103 19911519.8Endo118

3rd199 23421720.0Exo219

4th234 45729520.3Exo317

5th457 70253827.5Exo546

Residue--1.0--

SM1st24 31411754.2Endo126

2nd314 70145019.7Exo459

3rd185 25322026.4Exo223

4th253 47031720.6Exo314

5th470 70157029.7Exo577

Residue--2.4--

SM 80%1st32 636810.7Endo68

2nd63 48612419.8Endo118

3rd486 70121720.0Exo219

4th234 45729520.3Exo317

5th457 70253827.5Exo546

Residue--1.0--

SP1st28 36012248.9Endo130

2nd360 70141521.3Exo532

3rd185 25322026.4Exo223

4th253 47031720.6Exo314

5th470 70157029.7Exo577

Residue--2.4--

SP 80%1st22 38315045.6Endo129

2nd383 70144536.4Exo554

3rd199 23421720.0Exo219

4th234 45729520.3Exo317

5th457 70253827.5Exo546

Residue--1.0--

aInitial temperature; bFinal temperature; cMass loss