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Artes Musicais e Ciências Sociais
Representações musicais e legado na morte de crianças
Do Ciclo das crianças mortas, Kindertotenlieder, de Gustav Mahler, ao Orixá Àbíkú, do
Candomblé Ketu nigeriano
Vandelir Camilo1
Daniela Mesquita2
À mestra, professora Luciana Quillet Heymann
INTROITO
Nos últimos anos, assistimos ao surgimento de importantes pesquisas referentes à
música como fenômeno social, ou seja, como objeto sociológico capaz de ser compreendido
como “fato social” ou – melhor seria – “fato musical”3 (BECKER, 2013). Essas pesquisas
indicam-nos que as atividades musicais coletivas são, justamente, onde se localiza a ligação
entre “ideias musicais e as ideias sociológicas”. (BECKER, 2013). Nessa última chave,
novos espaços de pesquisa vêm se constituído para uma análise relativa da música como
objeto sócio histórico (BECKER, 2013; VIANA, 1998; BUSCATO, 2007).
Segundo o músico e sociólogo Howard Becker (2013), uma análise sociológica da
música, ao contrário da filosofia, não deve objetivar analisar se uma música é boa ou ruim,
pois essa valorização estará calcada em gostos pessoais, e, sendo a sociologia uma ciência
empírica, não cabe ao sociólogo esse julgamento4. Para Supicic (1983), a importância de uma
visão sócio histórica sobre a música é o que permite a realização de uma sociologia musical,
1 Meu lugar de fala nesta comunicação é como músico do Theatro Municipal e mestre pela Escola de Ciências
Sociais da FGV, CPDOC. No mais, não sou praticante e adepto de religião de matriz africana, o que também é
representativo dos limites e do lugar que ocupo neste trabalho. 2 Musicista, cantora, Theatro Municipal, mestre em práticas Interpretativas. 3 O sociólogo Emile Durkeim (1858-1917) define “fato social” como agentes reais ou conjunto de maneiras que
estão no centro focal de uma sociedade. São os instrumentos sociais e culturais que determinam na vida de um
indivíduo as maneiras de agir, pensar e sentir. E essas maneiras os obrigam a se adaptarem nas sociedades. O
“fato musical” estaria analogicamente assumindo esses sentidos. 4 Há trabalhos referenciais que buscam debater sobre a autonomia da sociologia da música como disciplina
(REIS, 2007). O próprio surgimento da sociologia da música vem sendo reclamado por diferentes áreas
disciplinares. Serraveza (1983) busca separar um caráter empírico da sociologia da música de um caráter
especulativo, subjetivo e estético. O autor desse trabalho, neste momento, busca basear-se em uma visão que
retorna aos estudos de Nobert Elias (1993), apoiando-se sobre a racionalização da linguagem musical como um
importante elemento que permita compreensão da sociedade muito além da própria música. Iremos avançar
nessas questões em trabalhos futuros.
por meio de pesquisas que iluminem as condições criativas, as quais permitem uma
investigação sobre “o músico e a sua criação musical em épocas e sociedades diversas”
(SUPICIC, 1983, p.83).
Esta comunicação terá como objeto de estudo algumas canções que surgiram em
virtude do elevado índice de mortalidade infantil no Império Austro-húngaro e no Império
Iorubá. As canções ancoram-se – mas não totalmente – na representação das mortes de
crianças e adolescentes, podendo ser identificadas, primeiramente, como músicas de protesto
e manifestação de caráter público contra a naturalização dessas mortes, “isso porque a vida
das crianças pelo menos até os dez anos de idade, mas particularmente nos primeiros anos de
vida, era uma condição efêmera que podia cessar de uma hora para outra” (PANCINO,
SILVEIRA, 2010). Essas são algumas das questões que nos levam a perceber os diferentes
sentidos atribuídos a essas músicas em seus contextos. Contextos estes que remetem a
questões sociais, religiosas, místicas e transcendentais; que buscam ora tratamento digno para
as crianças por parte da medicina, ora consolo religioso e esperança de afastar tal tragédia.
Primeiro, teremos como objeto as canções do Ciclo das crianças mortas,
Kindertotenlieder, de Gustav Mahler, compostas no período entre 1901 a 1904. A obra,
estreada em 1911, em Viena, é dividida em cinco canções para voz e acompanhamento de
orquestra ou piano. Em um segundo momento, teremos como objeto as canções para o Orixá
Àbíkú, criadas para diferentes rituais e eventos, com letras em caráter de louvor, sátiras e
propiciatórias ao espírito do Àbíkú com objetivo de afastar a morte de crianças da sociedade
iorubá.
Retomando Becker (2013) e direcionando suas questões para esta comunicação,
podemos entender as canções para crianças mortas como uma produção social, inter-
relacionada em diferentes lugares, sendo possível, portanto, conceber uma problematização
que nos aponte onde, como, por que e em que contexto essas canções foram compostas e
interpretadas.
Neste estudo, nossa atenção estará voltada para o conceito de representação social
(JODELET, 2001) e legado (HEYMANN, 2007). Buscaremos compreender os sentidos
sociais assumidos por essas canções em sociedades díspares e como esse legado musical vem
sendo constantemente atualizado em gravações, apresentações, cerimônias, etc. O objetivo
mais amplo deste texto é procurar conhecer, dentro de um campo da sociologia da música,
como as ideias de representação e legado podem contribuir para uma análise sócio histórica
musical. Como diria Howard Becker (2013), buscamos, com este estudo, apenas exemplos
que possam chacoalhar nossos hábitos intelectuais e quem sabe, possam provocar ideias
novas.
1. REPRESENTAÇÕES SOCIAIS PARA MÚSICAS DAS CRIANÇAS MORTAS
Denise Jodelet (2001), filósofa, inspirada em questões abordadas anteriormente por
Emile Durkeim (1925), aponta que as representações sociais são o que nos guia na forma em
que nomeamos e definimos diferentes aspectos de nossas realidades; na forma de interpretá-
los, julgá-los e de tomarmos posição, caso seja necessário. Assim, o cerne de uma
investigação relacionada às representações sociais recairia na necessidade de descrever,
analisar, explicar as dimensões, formas, processos e funcionamento das representações sociais
de determinados grupos. A autora define a representação social “como uma forma de
conhecimento, socialmente elaborado e compartilhado, que tem um objetivo prático e
concorre para a construção de uma realidade comum a um conjunto social” (JODELET, 2001,
p. X).
De acordo com essa filósofa e direcionando seu raciocínio para esta pesquisa,
podemos descrever tanto o Ciclo das crianças mortas, Kindertotenlieder, quanto as canções do
Orixá Àbíkú como representativas do incômodo dessas sociedades com a morte de crianças.
No decorrer dos séculos, diferentes práticas religiosas e crenças (batismo, purgatório, limbo,
Egbé Òrun, Àbíkú, Oloiko) assumiram a função de consolo e conforto para pais que perdiam
seus filhos. Apesar de existir indiferença com a morte de recém nascidos, crianças e
adolescentes, são encontrados, desde a antiguidade, numerosos relatos que descrevem o
quanto essas mortes, para muitos pais, sempre foi trágico e revoltoso.
A historiografia e outras fontes demográficas indicam que, em fins do século XIX, a
morte de crianças alcançou níveis elevadíssimos. Provérbios da época recitavam a realidade
daquelas sociedades: “a mãe semeia; a morte leva” ou “quem tem um não tem nenhum”,
dizia-se na França5. Essa mesma nação chegou a registrar quase 50% de mortes entre crianças
de 0 a 10 anos. Somente a partir do século XVIII, com a sensibilidade dos iluministas, que
contagiou notáveis de toda a Europa, é que, pouco a pouco, se percebeu a necessidade de se
salvar a vida de crianças.
5 Cf. Pacino e Silveira (2010).
A pediatria somente surgiu em finais do século XIX. É nesse contexto que surgiram as
músicas para crianças mortas Kindertolieder; contudo, não para abrilhantar cerimônias
religiosas, mas representar uma queixa pública e chamar a atenção da sociedade e da
medicina. Para ratificar nossas afirmativas, retornemos a Jodelet (2001) ao ressaltar que as
representações sociais podem ser compreendidas como uma “forma de conhecimento,
socialmente elaborado e compartilhado, que tem um objetivo prático e concorre para a
construção de uma realidade comum a um conjunto social” (JODELET, 2001, p.5). Portanto,
é preciso perceber que essas canções surgiram como um forma de exigir atenção aos números
alarmantes de mortes infantis que acompanhavam esses povos. Essa representação original, a
partir do fato musical, implicou, certamente, em diferentes estilos nas músicas para crianças
mortas.
Agindo nessa linha, destacamos que as canções Kindertotenlieder seguem o sentido
das etapas do luto de um pai: morte; desespero; consolo; e esperança. Já as canções para o
Orixá Àbíkú, a partir de diferentes estilos musicais (louvor, satírica e encanto), buscam afastar
o espírito de morte das crianças em sua sociedade.
A título de informação, ressaltamos que toda representação, como a que estamos
fazendo, relativa às canções de crianças mortas, mesmo que baseada em partituras e
referenciais teóricos, é passível de defeitos. Entretanto, é um campo central das ciências
sociais e um domínio em plena expansão (JODELET, 2001). Dito isso, buscamos propor
possibilidades de compreensão para as representações sociais a partir de “fatos musicais”,
posto que determinadas composições têm a capacidade de orientar e organizar condutas e
comunicações sociais em determinadas sociedades.
Ainda não concluímos essa afirmação, mas buscamos recorrer ao conceito de
representações sociais – no caso, dessas canções – como reconstruções, ou seja, como
performances de uma realidade que exprimem o sentimento de indivíduos ou grupos.
Conforme conclui Jodelet (2001),
a representação, é, pois, a representante mental do objeto que reconstitui
simbolicamente. De outro lado, como conteúdo concreto do ato de pensar, a
representação carrega a marca do sujeito e de sua atividade. Este último
aspecto remete ao caráter construtivo, criativo, autônomo da representação
que comporta uma parte de reconstrução, interpretação do objeto e de
expressão do sujeito (JODELET, 2001, p.5).
Assim, a partir do descontentamento e incômodo de diferentes sociedades na
naturalização de morte de crianças e do surgimento de canções-protesto contra essas
circunstâncias em ambos os contextos, optamos pela ideia de representação – adaptável, mas
baseada no sentido de uma reconstrução do “fato musical”, ou seja, uma análise que seja
capaz de iluminar e refletir sobre as performances de determinados grupos a partir do
surgimento de músicas. Por essa chave, Denise Jodelet (2001) comporta bem a nossa
interpretação relativa à representação dessas canções para crianças mortas.
2. KINDERTOTENLIEDER, O CICLO DAS CRIANÇAS MORTAS
Kindertotenlieder significa “canções das crianças mortas” e foi uma obra escrita pelo
poeta Friedrich Rückert (1788-1866) e publicada em 1871, contendo 428 poemas. Rückert é
considerado um importante poeta alemão, além de ter sido um dos primeiros pesquisadores da
cultura oriental em seu país, traduzindo o Alcorão para a língua alemã. É considerado um
gênio da linguagem; alcançou fama e prestígio durante sua trajetória, sendo reconhecido e
protegido pelo rei Frederico Guilherme IV da Prússia. Contudo, em 1833, a morte de seus
dois filhos pequenos por febre escarlatina foi traumática e perturbadora, resultando na criação
dos poemas em homenagem às crianças mortas. Os poemas trabalham em uma temática
excruciante e sombria diante da morte em um sentimento entre a ambiguidade da
perplexidade e da esperança através do alcance da salvação.
Esse Ciclo das crianças mortas foi musicado por Gustav Mahler para voz grave,
feminina ou masculina (contralto ou barítono) e acompanhamento de piano. É um Lieder,
típica canção germânica6. A ligação de Mahler com temas musicais relacionados à ideia da
morte é recorrente em sua trajetória composicional: suas primeiras composições já recorriam
à temática da morte7 – sua 1ª Sinfonia, por exemplo, utilizava o tema da canção infantil Frere
Jacks em marcha fúnebre. Seus biógrafos revelam as brincadeiras que mantinha com a irmã
na infância, constantemente relacionadas à ideia da morte, possivelmente indicativo de uma
6 É uma palavra de língua alemã que significa “canção”. O termo é usado tipicamente para classificar
composições para cantor solista e acompanhamento de piano com letra geralmente em alemão surgido em fins
do século XIX. Importantes compositores que se destacaram no gênero foram Franz Schubert, Robert Schuman,
Johannes Bramhs, Hugo Wolf e Othmar Schoeck. 7 Polca com introdução de marcha fúnebre.
infância de extrema naturalização com a mortalidade infantil. Recentes pesquisas registram
estatísticas elevadas de mortes infanto-juvenis no início do século XX em toda a Europa –
Verona, mas também Paris, Londres, Berlim e Viena (PANCINO, SILVEIRA, 2010). Em
carta à esposa Alma Mahler, Gustav intitulou a experiência com a morte dos seus oito irmãos,
especialmente do irmão mais próximo, Ernst – coincidentemente, o mesmo nome do filho do
poeta Rückert, morto em 1833 –, na adolescência, como traumática.
Mahler selecionou cinco poemas de Rückert e os musicou entre 1901 e 1904. A
música é no estilo romântica, e os textos refletem diferentes sensações: angústia, reanimação,
resignação e, finalmente, transcendência. Stephen E. Hefling (2000) indica que Mahler
compôs a primeira, a terceira e a quarta música em 1901, e as tocou para a amiga Natalie
Bauer Lechner em 10 de agosto. Após uma longa pausa, as canções restantes foram
compostas em 1904. Foi um período produtivo na carreira de Gustav Mahler, uma vez que
fora nomeado maestro titular da Ópera de Viena, em fins do século XIX, e tornou-se uma
referência no campo musical. Em 1904, retornou às composições das crianças mortas,
exatamente duas semanas após o nascimento de seu filho. A atitude provocou incômodo em
sua esposa Alma, acreditando que Mahler pudesse estar tentando a providência divina ao
compor em cima de textos relacionados à morte de crianças enquanto seus filhos estavam com
saúde. Em carta, Alma declara:
Concebo que alguém se ponha a compor sobre textos tão
horrorosos quando não se tem filhos ou se acaba de perdê-los.
Porém, pode-se cantar as crianças mortas depois de haver beijado e
abraçado as suas meia hora antes, alegres e transbordantes de
saúde? Pelo amor de Deus, Gustav, estás brincando com fogo!8
As palavras de Alma revelam a angústia de uma mãe vendo seus filhos saudáveis e
alegres em seu lar, enquanto a morte de crianças era uma normalidade em toda a Europa. O
Ciclo das crianças mortas foi estreado em 29 de janeiro de 1905, com regência de Gustav
Mahler e com o solista, barítono, Friedrich Weidermann, acompanhado por uma pequena
orquestra formada por músicos integrantes da Filarmônica de Viena. A intenção de Mahler,
segundo seus principais biógrafos e contemporâneos, era, primeiramente, protestar e
8 Trecho de carta de Alma Mahler para Gustav Mahler. (MAHLER, apud LIBERMAN, 2010, P. 74)
denunciar a elevada mortalidade de crianças e adolescentes. Lorraine Gorel (1993) argumenta
que a escolha dos poemas de Rüchert deu-se por Mahler buscar se colocar no lugar de um pai
que perdera uma criança, mas colocando-se como protagonista da tragédia. Os textos falam do
ponto de vista do enlutado, do inconformado pela naturalidade na morte de uma criança.
Lebrech (2011) sustenta que a música de Gustav Mahler é um protesto contra a indiferença do
mundo pelas altas taxas de mortalidade infantil; que reivindicava respeito às crianças mortas e
remédios para tratamentos (LEBRECHT, 2011, p.58).
Em 1907, as angustias de Alma Mahler confirmaram-se. A filha do casal, Maria, com
5 anos, foi vítima de febre escarlatina. Em carta ao amigo Guido Adjer, Mahler declara: “eu
me coloquei na situação em que um filho meu morreu. Quando eu realmente perdi minha
filha, eu não poderia mais ter escrito essas músicas”9.
Figura 1. Alma Mahler e as filhas, Maria (à
esquerda) e Ana (1906).
9 REIK, Theodor. A melodia assombrosa: experienciais psicanalíticas na vida e na música. New York.
Disponível em
<https://www.pinterest.com/laurezurich/alma-
mahler/> Acesso em:10 de junho de 2018
O maestro Bruno Walter, que conheceu Mahler aos 18 anos e se tornou um importante
herdeiro da memória do compositor, na medida em que atualizava e renovava as narrativas
sobre a trajetória de seu mestre, declarando que, após a morte da filha, ele iniciou uma eterna
busca por respostas sobre a existência humana e sobre os mistérios da vida e da morte. Mahler
tornou-se um místico que acreditava na ressurreição e na continuação da vida em outros
patamares. Segundo Bruno Walter, essas crenças estão presentes na obra de Mahler e são a
razão principal de sua perenidade (WALTER, 1950).
No Kindertolieder, Mahler utilizou poemas que falam sobre luz e superação. Os cinco
poemas escolhidos tratam de diversos estágios emocionais em relação à morte: tristeza, luto,
revolta, esperança, até a aceitação da perda através de um sentimento de transcendência. À
medida que o tempo passa, o enlutado se acerca da espiritualidade para encontrar conforto e
resiliência, acreditando que os filhos, apesar da desgraça ocorrida, estarão bem nas mãos de
Deus.
Sigmund Freud, após uma tarde inteira de análise de Mahler em 1910, disse que pôde
admirar nesse homem uma capacidade genial de compreensão psicológica. De fato, os
poemas escolhidos por Mahler têm uma mensagem positiva de superação e podem trazer
conforto a quem tenha perdido um ente querido. Conforme apontou Freud, as etapas de luto, a
partir de uma observação psicanalítica, podem se enquadrar em etapas diversas, assim como
as diversas características de cada música do ciclo:
Cada uma das lembranças e expectativas isoladas, através das quais a libido
está vinculada ao objeto, é evocada e hipercatexizada10, e o desligamento da
libido se realiza em relação a cada uma delas. Porque essa transigência, pela
qual o domínio da realidade se faz fragmentariamente, deve ser tão
extraordinariamente penosa, que, de forma alguma, é coisa fácil de explicar
em termos de economia11. É notável que este penoso desprazer seja aceito
10 Valorizadas e revividas. Disponível em: <https://www.psicologiamsn.com/2011/12/psicanalise-depressao-e-
melancolia.html>. Acesso em 18 mai. 2017. 11 Freud vincula a questão da satisfação das necessidades humanas à riqueza, mesmo que não fale em
mercadorias. Disponível em:
por nós como algo natural. Contudo, o fato é que, quando o trabalho do luto
se conclui, o ego fica outra vez livre e desinibido (FREUD, 1917 [2010], p.
1).
Finalmente, o Kindertotenlieder foi executado em concertos beneficentes, Mahler´s
Kindertotenlieder for Unicef, para arrecadar fundos para as crianças sírias sobreviventes da
guerra e para a luta e desenvolvimento de crianças carentes ao redor do mundo (Londres
2015; Toronto 2016), reforçando a mensagem intrínseca da obra12.
3. AS CANÇÕES DAS CRIANÇAS MORTAS ÀBÍKÚ13
Àbíkú significa “aquele nascido para morrer”. Para o povo iorubá, existe um mundo
paralelo onde residem deuses e antepassados cercados por uma legião de crianças chamado
Egbé Òrun Àbíkú – são as crianças que nascem para morrer em um curto espaço de tempo e
que geram um grande sofrimento para seus familiares. As meninas são chefiadas por Oloiko, e
os meninos por Ìyájanjasa. Assim, quando uma criança Àbíkú surge no Aire (terra), ocorrem
manifestações que ela terá que cumprir e tão logo voltar para o Orum (céu). Segundo o
pesquisador doutor George Olusola Ajibade, os Àbíkú não são, como muitos acreditam, seres
do mal que têm como missão trazer sofrimento para suas mães; “são seres que são divididos
por querem permanecer com suas famílias na terra e seu compromisso e obrigação de voltar
Orum”. Ajibade aponta ainda que
há diferentes tipos de Àbíkú: o primeiro, Àbíkú- Omode, que é designado
para crianças; e o segundo, Àbíkú-Agba, referindo-se a jovens ou adultos que
morreram nos momentos mais importantes de suas vidas e antes dos pais,
<https://books.google.com.br/books?id=h3dDaVEjATkC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=em+termos+de+econo
mia+freud&source=bl&ots=9L_VEL8Ca6&sig=dQOZuF5Df2yF0DhB38OuzZ01lxc&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwjh59nZgvrTAhXMh5AKHRbBDfsQ6AEIIDAB#v=onepage&q=em%20termos%20
de%20economia%20freud&f=false>. Acesso em 18 mai. 2017. 12 Disponível em: <https://www.universaledition.com/composers-and-works/gustav-mahler-
448/works/kindertotenlieder-3059>. Acesso em 9 jun. 2017. 13 Esta seção terá como referencial teórico uma visão africanista do povo iorubá com ênfase nos trabalhos do
professor doutor George Olussola Ajibade a partir do candomblé ketu praticado na atual região do Golfo
Africano e herdeiro de práticas ancestrais da iorubalandia.
resultando em uma alteração da ordem natural a que a sociedade está
acostumada (AJIBADE)14.
Uma vez que não é o foco deste artigo trabalhar uma análise etnográfica do conceito
de Àbíkú na sociedade iorubá, partiremos para a análise das canções e o contexto social das
músicas associadas às mortes de crianças através do Orixá Àbíkú.
Primeiramente, é preciso registrar que as músicas fazem parte de toda a cultura iorubá,
sendo praticadas em diversas atividades daquela sociedade. Seu povo recorre às canções para
expressar suas alegrias, sentimentos, tristezas, felicidades e protestos. Ademais, a morte
prematura de crianças e jovens é considerada trágica nessa sociedade, o Okuf. O pesquisador
Ajibade lembra ainda que a sociedade iorubá viveu uma alta taxa de mortalidade infantil,
devido a anemias falciformes e falta de cuidados parentais, além de diversas outras doenças, o
que foi e é um grande desafio de médicos no passado e na atualidade.
São diversos os contextos sociais em que os iorubás utilizam as canções para o Àbíkú.
Contudo, é preciso frisar que essas canções surgem também como um protesto ao elevado
índice de mortalidade infantil em seu povo (AJIBADE). Em segundo lugar, as canções
buscam afastar o espirito Àbíkú; para isso, adotam diferentes perspectivas entre canções:
sátiras, de louvores, de encantos ou propiciatória.
A sátira tem o sentido de criticar um desvio de pessoas, instituições, ideias, opiniões
ou costumes por meio de ridicularizações que têm objetivo de curar as feridas causadas pelo
desvio naquela sociedade. As canções satíricas são declarações que podem desencorajar os
Àbíkú a realizar seus costumes. Para o povo iorubá, que valoriza muito a vinda de crianças, a
infertilidade e a esterilidade são desprezíveis; assim sendo, ele satiriza o Àbíkú cantando que é
melhor ter o Àbíkú por perto do que ser estéril “Àbíkú Pó Jagan” (“ter o Àbíkú é melhor do
que ser estéril”). Em outras canções, os Àbíkú são ridicularizados, comparados a seres inúteis.
Dessa forma, essa sociedade demonstra acreditar que esses espíritos poderão ser impedidos de
realizar seus atos cantando a inutilidade do Àbíkú em relação à esterilidade. Uma dessas
canções afirma “ERE-Igbo ó dojún o, panti àjamra ó DAB.15
14 Para o povo iorubá, os episódios de aborto e morte prematura de crianças, jovens e adultos podem ser
compreendidos como resultantes de aços dos Àbíkú, também chamados de Emèré, pertencente à Egbe-Ábíkú (cf.
Ajibade). 15
As canções de louvor buscam retratar os Àbíkú como seres especiais e que necessitam
ser venerados, adorados e elogiados, pois acredita-se que, dessa forma, eles podem mudar de
atitude. Há também cultos de louvor para o Àbíkú com músicas e danças que buscam
engrandecer o Orixá. O pesquisador Ajibande aponta que esses rituais ocorrem em santuários
de Erê, onde se reverencia Iya Erê, com genuflexões e reverências em cerimônias que se
realizam ainda hoje. O autor registra ainda que, apesar de toda a “incursão” tanto do Islã
quanto do Cristianismo, essas religiões não conseguiram interferir na tradição das práticas do
povo iorubá; ao contrário, para o pesquisador, foram justamente essas incursões que
provocaram o atual reforço em alguns aspectos dessa tradição. George Ajibande finaliza
apresentando a letra de uma das canções enigmáticas nesse perfil:
Iya Einse Le ri Le Duro
IIya Edar Le ri Le ò
Ber Eyn tabi Bere
Kara O rò yin
Ati lile gangan
Mo ti so
Ati esse ni
O je ese
Eni Ti sin
ERE nTanra rè JE
As canções encantatórias surgem pela necessidade dessa sociedade de coibir a morte
de crianças através do encantamento ao Àbíkú, que eles acreditam poder afastar o espírito. O
pesquisador Ajibade reflete sobre uma dessas canções em uma cerimônia chamada
JADÙKÚ16, que ocorre anualmente durante um Festival de Egúngún, em Ekosin, na Nigéria.
A cerimônia consiste em um mascarado que sai pelo bairro com um pote17 que é jogado no rio
Osun18, na periferia da cidade. Em seguida, as crianças da região saem mascaradas, cantando
16 JADÙKÚ pode significar “bandido”. É também o nome de um baile de máscaras com a finalidade de afastar o
mal da comunidade. 17 O pote contém sangue de bode, amendoim, vinho, nozes de cola, Kola amargo e mel (cf. AJIBADE). 18 O rio Osun (oxum) é um rio que flui em terras da iorubalandia, no Sudoeste da Nigéria. Esse é um dos vários
rios referidos na mitologia local relacionado a mulheres que se converteram em águas fluentes. A adoração anual
no Templo de Osun, perto do rio Osun, em Osogbo, tem se tornado evento concorrido de várias partes da Nigéria
e do exterior.
as canções que buscam encantar o Àbíkú para o afastar e poupar do mal as famílias daquela
comunidade, como exprime o trecho a seguir:
Lile: Oni làbikúo lo Nilo yll o
EGBE: Oni Iolómo ó Jere Omo-na
Lile: Oni Lemere o lo Nilo yll o
Egbe: Oni lolómo ó Jere Omo-na
Finalmente, as canções propiciatórias. Estas desdobram-se à medida que a comunidade
busca suplicar ao Àbíkú em vez de recorrer a quaisquer outros procedimentos. Essas canções
revelam muito sobre a sociedade iorubá, pois representam sua relação com a natureza e com
os objetos que devem ser utilizados para a cerimônia. Algumas canções sugerem que se
chame o Àbíkú pelo nome de ÈBÈLÓKÚ19. A canção a seguir mostra que o povo também
recorre a objetos para adorar o Àbíkú: as mulheres que sofreram abortos ou perderam filhos é
que podem apresentar esses objetos especiais. A canção finaliza lembrando que, para adorar o
Àbíkú, é necessário também recorrer às crianças que já estejam no mundo espiritual. Essas
crianças são consideradas misteriosas, uma vez que podem colocar seus pais em vergonha
pelo fato de não ter filhos ou em tristeza por tê-los perdido. Daí que se canta “Omo má Je n té
o. Omo gbèbè mi. Omo má Je n té o” e prossegue:
To ló SERE nd?
Maa SERE
Òbúko béléjé
Maa SERE
Akuko gàgàrà
Maa SERE
Owo orúpe wúwo
Maa SERE
ERE LAA pecado ENI TIO SERE
´n Tanra rè JE
19 Doutor Ajibade registra que, na Nigéria, esse é um dos muitos nomes geralmente dados a determinadas
crianças que creem ter poderes e necessitam ser tratadas.
Na sociedade iorubá, como a mulher é a mais facilmente afetada quando seu filho
morre, ela geralmente o adora em um santuário ao Àbíkú. Portanto, a mãe de um Àbíkú na
terra é considerada os “olhos” pelos quais a sociedade deve ter piedade ou compaixão. O
pesquisador Ajibade aponta que todos os fundamentos, rituais, sacrifícios e serviços
propiciatórios são realizados para as mães dos Àbíkú. Nestas canções, as mães de Àbíkú
podem ser chamadas de Iya Olúpèéde:
Lya Olúpèéde
Ma, Pe e
Ogún Orógbo
Ma, Pe e
Oji Obi
Ma, Pe e
Ekuru wèlèmù
Àbíkú são adorados como qualquer outro deus ou deusa no reino Iorubá no panteão de
Orisà. As mães que perderam seus filhos participam dessas cerimônias para que a sociedade
possa mostrar sua misericórdia; além disso, acredita-se que a presença dessas mães pode
trazer o espírito Erê ou Jánjàsá no momento da louvação. Ainda hoje, essas mulheres
participam no Festival de Osun, em Osogbo, indicativo, segundo Ajibade, da crença ainda
atual desse povo na morte de suas crianças.
4. LEGADOS CONTRASTIVOS EM MÚSICAS
Esta seção buscará, de forma breve e genérica, recorrer às ideias relacionadas ao
legado em ciências sociais para compreender essas canções de morte de crianças. Buscamos,
com isso, propor ferramentas dentro de uma sociologia da música que permita que
problematizemos novos paramentos de pesquisa em diálogo com a conceituação de legado
memorial.
A socióloga e pesquisadora Luciana Heymann (2007) sustenta a ideia de que podemos
compreender os sentidos de legado dentro do campo das ciências sociais, ao contrário do viés
político. Trata-se de um investimento social, por meio do qual um fato é fundador de um
projeto social, político e ideológico, configurando-se em objetos que remetem ao personagem,
ao fato, ao período ou ao tema em questão e que passa a ser objeto de preservação, divulgação
e atualização constante. Segundo a autora, “A produção de um legado implica, de fato, na
atualização (presente) do conteúdo que lhe é atribuído (passado), bem como na afirmação da
importância de sua constante rememoração (futuro)”. (HEYMANN, 2007, p.3)
Para avançarmos nessa discussão, gostaríamos de atentar às atribuições que essa
pesquisadora oferece à ideia de legado, conjugando-os com nosso objeto de análise – as
canções compostas em protesto pelo elevado número de mortes infantis, que vêm sendo
constantemente atualizadas, seja em concertos, em apresentações específicas ou em rituais e
práticas folclóricas. Nesse sentido, as composições de protesto no passado e suas
rememorações no presente, através de representações (gravações, festivais) aproximam-se da
noção de legado, à medida que “aproxima passado e futuro, sem nunca igualá-los, na medida
em que o significado da memória musical que se torna objeto desse tipo de investimento é
dotado de um valor que transcende o contexto de sua atuação” (HEYMANN, 2007, p.3, grifo
nosso).
Podemos observar que as canções das crianças mortas de Mahler, na Europa, vêm
sendo apresentadas em diferentes países na atualidade. Além do fato de ser uma peça que se
realiza com poucos integrantes, essa peça caracteriza-se por ser de fácil realização financeira
no meio musical. Portanto, recentemente, a UNICEF realizou apresentações do
Kindertotenlieder em diversos países para arrecadação de fundos financeiros com finalidade
de ajudar as crianças sírias, por exemplo20.
O legado das canções do Àbíkú, no atual contexto afro, pode ser descrito como de
canções de preservação e de divulgação da morte de crianças por meio das quais o conteúdo
associado a essas canções é constantemente atualizado e renovado em cultos anuais, semanais
ou em casos particulares. O pesquisador nigeriano Ajibade registra que, no santuário de Egbe-
Àbíkú, localizado dentro do Tribunal de Osun, realizam-se importantes rituais ainda hoje. Na
cidade de Osogbo, atualmente, também acontecem diferentes rituais e canções nas águas
místicas do rio Osun. Além disso, as canções de Àbíkú são constantemente praticadas, tal qual
o antiquíssimo Festival de Osun realizado anualmente Osogbo, na Nigéria, importante
“manutenção da memória nacional”. Citando Luciana Heymann, essas composições para
crianças mortas produzem um legado memorial, uma vez que dependem das ações de sujeitos
que expressam a “necessidade” de reassunção desse legado e que sejam os porta-vozes do
20 Disponível em: <https://www.justgiving.com/fundraising/musiciansforsyria>. Acesso em: 9 jun. 2018.
risco de esquecimento da importância desse legado para a “memória nacional” (HEYMANN,
2007, p.3).
Por fim, apesar da brevidade desta comunicação, buscamos lançar mão de ideias sobre
possibilidades de se pensar o conceito de legado em composições musicais ou – melhor seria
– como “fatos musicais”, posto que poderíamos associar essa noção a um passado que se
atualiza com diferentes redefinições. Ou seja, a “noção de legado é investida de uma
exemplaridade que faz com que seja possível projetá-la para frente e ressignificá-la ao longo
do tempo, num processo em que seu próprio conteúdo vai sendo redefinido” (HEYMANN,
2007, p.3).
Tendo em vista o exposto, observamos a multidisciplinaridade com que podemos
enfocar as canções musicais no âmbito das ciências sociais, por meio de diferentes diálogos.
No caso desta pesquisa, pretendemos compreender os interesses na produção dessas canções;
o interesse nos significados sociais dessas músicas em suas realidades; e os contextos
diversos. Tais perspectivas tinham o intuito de compreender as representações sociais em
canções para crianças mortas, possivelmente imbuídas no sentido de ser instrumento para a
manutenção de um “fato musical”, pois essas canções são, ainda hoje, importantes símbolos
de legado social e cultural. Essa ressonância do aspecto de representação e legado produz-se
de forma cônscia e incônscia. Assaz, é revelado o caráter de protestação intencional de ambos
os contextos pelo elevado índice de mortalidade infantil, buscando desnaturalizar a aceitação
desse fato. Essa construção musical, baseada na noção de representação, assim como legado,
confere legitimidade a essas canções que, como percebemos, podem ser “desconstruídas”
exclusivamente de valores estéticos e analisadas como “fato social”.
Por fim, esperamos que esse artigo provoque a produção de conhecimento dentro das
artes musicais para que músicos vislumbrem, a partir de uma perspectiva sociológica da
música, os aspectos sociais, históricos, representacionais e legatários que envolvem a causa.
Buscamos, com isso, provocar “desconstruções” sobre determinadas composições musicais.
Assim, distanciamo-nos, neste momento, de análises comprometidas exclusivamente com os
usos estético-musicais21 de determinadas composições e perseguimos uma abordagem que
envolva os sentidos empíricos, sociais e históricos de determinadas composições musicais
21 As dificuldades na definição teórica-metodológica para uma disciplina sociológica da música recaem nas
zonas de fronteiras de disciplinas. A musicologia vem debatendo com a sociologia os limites de sua zonas de
atuação, recaindo sobre os musicólogos, muitas vezes, o privilégio de debater questões estético-musicais.
perante suas sociedades ou grupos22. Buscamos, portanto, desenvolver ângulos de análise que
se entendessem como sociologia da música.
REFERÊNCIAS
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HEYMANN, Luciana. O legado do Estado Novo. Rio de Janeiro: CPDOC, 2007. [9f.]
Trabalho apresentado no Seminário “O Estado Novo 70 anos”, realizado no CPDOC/FGV.
Rio de Janeiro, 28 nov. 2007.
22 Por falta de espaço, pretendemos ainda abordar as possibilidades da metodologia da história comparada para
trabalhar nas artes musicais determinadas composições. Cf. Barros, 2007.
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