artes e ofícios lisboa

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Instituto de Artes e Ofícios Universidade Autónoma de Lisboa Curso: Conservação e Restauro de Mobiliário Trabalho Final: Curso 1998/2000 Aluno: Victor Manuel E. Duarte Correia Professores: Cristina Weber Correia Henrique Pinto da Silva Lisboa, Setembro de 2001

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Page 1: Artes e Ofícios Lisboa

Instituto de Artes e Ofícios Universidade Autónoma de Lisboa

Curso: Conservação e Restauro de Mobiliário Trabalho Final: Curso 1998/2000 Aluno: Victor Manuel E. Duarte Correia Professores: Cristina Weber Correia Henrique Pinto da Silva

Lisboa, Setembro de 2001

Page 2: Artes e Ofícios Lisboa

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 2

1ª PARTE - EVOLUÇÃO HISTÓRICA 4

EGIPTO 5

GRÉCIA 5

ROMA 6

BIZÂNCIO 6

IDADE MÉDIA ROMÂNICA 7

IDADE MÉDIA GÓTICA 8

RENASCIMENTO 9

ITÁLIA 9

FRANÇA 10

ESPANHA 10

INGLATERRA 11

ALEMANHA 11

FLANDRES 12

SÉCULO XVII – TRANSIÇÃO PARA O BARROCO 13

FRANÇA 13

Luis XIII 13

BARROCO DO SÉC. XVII 14

ITÁLIA 14

FRANÇA 14

Luis XIV 14

FLANDRES 15

INGLATERRA 16

Estilo Jacobino 16

Estilo Restauração 16

William and Mary 17

ALEMANHA 17

ESPANHA 18

PORTUGAL 18

Page 3: Artes e Ofícios Lisboa

ii

BARROCO DO SÉC.XVIII 19

FRANÇA 19

Estilo Regência 19

Estilo Luis XV 20

ITÁLIA 21

INGLATERRA 22

Estilo Queen Anne 22

Estilo Georgiano 23

Early Georgean 23

Chippendale 24

ALEMANHA 25

ESPANHA 25

PORTUGAL 26

PAÍSES BAIXOS 27

NEO-CLÁSSICO 27

FRANÇA 27

INGLATERRA 28

PORTUGAL 30

SÉCULO XIX 30

ESTILO IMPÉRIO 31

FRANÇA 31

PORTUGAL 32

ROMANTICO 33

FRANÇA 33

Estilo Restauração 33

Estilo Louis-Philipe 34

Período Napoleão III 34

INGLATERRA 35

Estilo Regência 35

Estilo Vitoriano 36

Movimento Arts and Crafts 36

ALEMANHA – ÁUSTRIA 37

Biedermeier 37

Mobiliario Thonet- Áustria 38

Page 4: Artes e Ofícios Lisboa

iii

ESPANHA 38

Estilo Isabelino 38

PORTUGAL 39

SÉCULO XX 39

2ª PARTE - A MADEIRA. 41

O QUE É A MADEIRA 42

COMO SE FORMA A MADEIRA 42

ESTRUTURA ANATÓMICA 44

TERMOS UTILIZADOS 44

TIPOS DE CORTES QUE SE PODEM FAZER NUM TRONCO 45

ANÉIS DE CRESCIMENTO 46

O VEIO DA MADEIRA 47

MADEIRA DO CERNE E MADEIRA DO BORNE 47

TIPOS DE MADEIRAS 48

MADEIRAS BRANDAS 48

MADEIRAS DURAS 49

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS 51

COR 51

BRILHO 52

PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO 52

CHEIRO 52

DENSIDADE E PESO ESPECÍFICO 52

DUREZA 53

FLUORESCÊNCIA 53

TESTES QUÍMICOS 53

CARACTERÍSTICAS PARTICULARES 54

O ASPECTO DA MADEIRA 54

Tipos de corte 54

Veios 55

Coloração 55

Nós 55

IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS 56

Page 5: Artes e Ofícios Lisboa

iv

O QUE SE DEVE ANALISAR 57

FORMA DA MEDULA 58

PROBLEMAS NA IDENTIFICAÇÃO DA MADEIRA NO MOBILIÁRIO 58

TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO 60

CHAVES PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS 60

CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICA 61

NOMES CIENTÍFICOS 61

A MADEIRA E A HUMIDADE 61

Teor de humidade 62

Humidade 62

Humidade absoluta 62

Humidade relativa 62

Água retida 62

Água livre 62

SECAGEM DA MADEIRA 63

COMO LIDAR COM AS MOVIMENTAÇÕES DA MADEIRA 63

Encolhimento prévio 64

Controlo da atmosfera 64

Limitação do movimento através da força mecânica 64

Estabilização química 64

COMO SECAR A SUA PRÓPRIA MADEIRA 65

O ARMAZENAMENTO DA MADEIRA DEPOIS DA SECAGEM 67

3ª PARTE – FICHAS DE MADEIRAS 68

MADEIRAS MACIAS – Resinosas 69 ABETO 70

CASQUINHA 71

CEDRO 72

ESPRUCE 73

LARÍCIO 74

TEIXO 75

TUIA 76

MADEIRAS DURAS – Folhosas 77

Page 6: Artes e Ofícios Lisboa

v

BÉTULA 78

BUXO 79

CARVALHO 80

CASTANHO 81

CEREJEIRA 82

ÉBANO 83

FAIA 84

FREIXO 85

GAIACO 86

GONÇALO ALVES 87

JACARANDÁ DA BAÍA 88

MOGNO 89

NOGUEIRA 90

PADREIRO 91

PAU ROXO 92

PAU SANTO 93

PEREIRA 94

TECA 95

TILIA 96

TULIPEIRO 97

BIBLIOGRAFIA 98

Page 7: Artes e Ofícios Lisboa

1

Page 8: Artes e Ofícios Lisboa

2

INTRODUÇÃO

Já na Civilização Egípcia se fazia a utilização da madeira para a manucfatura de peças de

mobiliário. De então até aos nossos dias a madeira tem sido o material mais vulgarmente usado

na confecção de móveis. As variedades de madeira utilizadas para mobiliário têm sido ao longo

dos tempos as mais diversas com os mais variados tipos de utilizações. A madeira utilizada tem

variado ao longo da evolução histórica do mobiliário com as modas e tendências das diferentes

épocas e com as diferentes conjunturas sociais, económicas e políticas, que têm também

influencia na forma como aquela é utilizada no mobiliário.

As técnicas de construção e de decoração do mobiliário têm variações e evoluções ao longo das

diferentes épocas. Isto tem implicações na forma e tipo de madeira utilizada. Por isto tudo este

trabalho tem como finalidade fazer uma revista o mais exaustiva possível da evolução histórica

da utilização da madeira. Começando por se situar as épocas e estilos no tempo, fazendo uma

caracterização o mais sucinta possível, e quando se justifique, referencia a técnicas ou

tipologias a que um determinado tipo de madeira esteja associado, não esquecendo nunca que o

objetivo deste trabalho é a utilização da madeira no mobiliário.

Em relação ao século XX, constatei com alguma frustração depois de esforçada pesquisa

bibliográfica, que as referencias às madeiras utilizadas eram escassas e não permitiam o

cruzamento da informação em fontes diferentes, de forma a resultar num trabalho bem

fundamentado e rigoroso. Talvez porque a madeira perdeu para outros materiais o estatuto de

material de eleição na confecção do mobiliário e deixou por isso de ser importante. Por estas

razões tomei a decisão de terminar a resenha histórica no séc. XIX, tendo consciência que

dificilmente alguma madeira usada no séc.XX não tivesse já sido usada antes, em épocas em

que a madeira tinha uma importância fundamental na construção do mobiliário, e que por isso

este trabalho, que como já se disse visa a madeira, não ficaria prejudicado na sua qualidade e

rigor.

Pretende ainda fazer-se uma breve explicação do que é a madeira como entidade física, como é

formada e que tipos de madeira existem. Vai também fazer-se referencia a formas práticas de

identificação de madeira. Por fim vai fazer-se uma descrição dos nomes botânicos e dos nomes

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3

vulgares nas diferentes línguas, características físicas e tipos de utilização de algumas

variedades de madeira utilizadas no mobiliário.

Page 10: Artes e Ofícios Lisboa

4

1ª PARTE

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Page 11: Artes e Ofícios Lisboa

5

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

EGIPTO

As madeiras indígenas do Egipto como a acácea, alfarrobeira, palmeira, tamarindo,

figueira do egipto, salgueiro, chopo, sicômoro não eram as mais propícias para a construção

de peças de mobiliário mais fino, quer pelas suas características físicas quer pelo fraco

desenvolvimento das árvores o, que dava troncos de escassa dimensão e tábuas de pouca

largura. Apesar disso, os artesãos egípcios que se dedicavam à construção de mobiliário

tiravam o melhor partido possível destas madeiras para a confecção de peças de mobiliário

doméstico, mais simples, e para a confecção de caixões. Para isso aperfeiçoaram a técnica de

unir peças de madeira umas com as outras. A escassez de madeira no Egipto fazia com que esta

fosse um bem valioso e por isso muitas vezes era usada no mobiliário mais simples madeira

que hoje consideraríamos de refugo.

Mas o mobiliário no Egipto não era só feito de madeiras autóctones. Para o mobiliário mais

fino e de maiores dimensões a madeira era importada de outros locais. O ébano do Sudão, a

oliveira, figueira, zimbro, o cipreste, o cedro e o pinho da Fenícia e da Síria.

A técnica do folheado era já utilizada pelos egípcios na I Dinastia para cobrir a madeira de

menor qualidade. O folheado em placas de espessura considerável era fixado com cavilhas de

madeira, até que na XVII Dinastia apareceu o grude o que possibilitou , associado á evolução

das técnicas de corte da madeira, um folheado em placas muito mais finas com considerável

economia das madeiras de melhor qualidade. A técnica de encurvamento da madeira pela

acção do calor era também já dominada pelos artesãos egípcios.

GRÉCIA

Da Grécia não chegou até nós qualquer peça de mobiliário de madeira. A partir de pinturas em

vasos de cerâmica é possível imaginar o tipo de mobiliário utilizado. Sabe-se que não havia

Page 12: Artes e Ofícios Lisboa

6

falta de madeira na Grécia e que a utilização desta no mobiliário é obvia, embora os gregos

usassem também outros materiais para a confecção do seu mobiliário,tais como a pedra e os

metais.

Na Grécia empregavam-se principalmente as madeiras autóctones como o cedro,o pinho e o

cipreste e algumas outras de diversas proveniências. A técnica do embutido, com madeiras

exóticas, era usada na decoração de algumas peças de mobiliário em madeira, assim como a

técnica do encurvamento da madeira pelo calor que era utilizada para os pés das cadeiras

“Klismos”.

ROMA

A influencia da Grécia faz-se sentir a todos os níveis no mobiliário romano de tal forma que

alguns tipos de mobiliário eram reproduzidos exactamente. A utilização de outros materiais

para além da madeira, tais como a pedra e os metais, foi também uma característica do

mobiliário romano. De tal forma que os romanos criaram uma nova técnica de trabalho do

bronze cinzelado que produziu exemplares de mobiliário com detalhes e elementos originais.

Os móveis de bronze adquiriram uma extraordinária importância uma vez que a maioria do

mobiliário de luxo se fazia daquele material.

Mas os romanos usaram também a madeira no mobiliário, principalmente nos armários e nos

leitos. Algumas delas foram encontradas carbonizadas mas em bom estado nas escavações de

Pompéia e de Herculano. As espécies de madeira empregues na construção de mobiliário em

Roma era variadissima e de grande riqueza, sendo quase todas oriundas das colônias e

províncias do Império.

BIZÂNCIO

No Império Romano do Oriente a madeira era o material mais importante na construção de

mobiliário. Mas dada a escassa duração deste material não chegou até nós qualquer exemplar.

O estudo do mobiliário deste período só foi possível através de peças em materiais mais

duráveis e através de registos pictóricos e representações gráficas.

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Sabe-se no entanto que a madeira de predileção era o carvalho que era utilizado também na

construção das peças mais representadas nos registos que eram os tronos e as cadeiras. Os

tronos eram em geral pesadas peças em madeira com baldaquino e forma arquitectónica,

colocados num estrado e com um banquinho para os pés. A decoração era vulgarmente pintada

mas a marchetaria com madeiras raras, o trabalho de torneado e a talha eram também

utilizados.

As técnicas e competência dos marceneiros clássicos foram preservadas no Império do Oriente

por isso supõe-se que as peças de mobiliário eram de elaborada confecção. Nos móveis de luxo

a madeira de carvalho era chapeada a marfim ou a metais preciosos. Nas casas mais modestas

as arcas eram rectangulares e de madeira, com construção almofadada em madeira pintada ou

marchetada, as camas de madeira tinham os pés torneados muito elaborados.

IDADE MÉDIA ROMÂNICA

Neste período da Idade Média o mobiliário adaptou-se naturalmente às necessidades vitais

daquela época conturbada em termos sociais e políticos. Os móveis tinham portanto na sua

concepção uma pura visão utilitária respondendo sómente ás necessidades práticas.

Os rudimentares métodos de construção produziam móveis muito toscos e sem cuidados

especiais na sua aparência. Sem ornamentação que não fosse as ferragens que asseguravam a

união das partes, eram simples e rústicos. Só a partir do séc XII o mobiliário começou a ser

mais bem construído e com maiores cuidados no seu aspecto, uma vez que agora o móvel

servia também como forma de distinção social. Passaram então a ser decorados com pinturas e

com talha com motivos inspirados na arquitectura. O torneado e a marchetaria eram técnicas

decorativas usadas nos móveis de influencia oriental ou mourisca.

No que toca à tipologia, a peça de mobiliário mais importante neste período foi a arca, que

aparecia tanto nas casas ricas como nas modestas e nestas a arca tinha por vezes função de

mesa e de cama para além de servir para arrumação.

A madeira de carvalho pela sua solidez e durabilidade era a mais utilizada na Europa naquela

época e principalmente nos povos do Norte. Na Europa Central usavam-se também a tilia e as

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8

madeiras macias dos Alpes enquanto que em Espanha o carvalho e a nogueira e o castanho

são as madeiras mais correntes assim como em França e Itália.A par destas variedades de

madeira era comum a utilização do pinho e outras madeiras inferiores.

IDADE MÉDIA GÓTICA

Neste período assim como no anterior a madeira é o material mais empregue na construção do

mobiliário, embora se utilizasse o ferro para a construção de algumas peças, particularmente

móveis de assento.

A madeira de carvalho é ainda a mais freqüentemente usada em quase toda a Europa e

sobretudo nas regiões mais setentrionais e será assim sem alterações até aos finais do séc.XV.

A nogueira era também utilizada em França e Itália, mas não tanto como o carvalho. No

Norte da Europa as madeiras próprias daquela zona como a tília, o pinho, o zimbro e o abeto,

eram também utilizadas com frequência. Em Espanha usava-se também o azinho em algumas

peças de mobiliário para além do carvalho e da nogueira .

A evolução deste período é acompanhada pela evolução das técnicas de construção. Novas

técnicas de unir as peças de madeira, permitem obter estruturas mais firmes e maior qualidade

de construção. O aparecimento na Alemanha da serra hidráulica permitiu aproveitar melhor a

madeira possibilitando o corte dos troncos em tábuas em vez de os fender com cunhas e depois

os desbastar com machados como era uso fazer até então. As tábuas grossas e pesadas que

serviam de frentes aos móveis, passaram a ser substituídas por armações rectangulares, onde

eram inseridos painéis de madeira, agora de espessura reduzida. Isto permitiu uma economia e

um melhor aproveitamento da madeira.

Na decoração dos móveis, a marchetaria desaparece quase por completo, sendo a talha, a

douragem e a pintura as formas de decoração mais utilizadas. As arcas continuam a ser a peça

de mobiliário mais comum nesta época, embora se tenham vulgarizado outras peças como o

armário.

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RENASCIMENTO

ITÁLIA

Foi em Itália que o Renascimento apareceu muitos anos antes de se expandir pelo resto da

Europa. Pode considerar-se que começou em Itália no séc. XIV, enquanto a Europa vivia ainda

no período Gótico.Deve mencionar-se que em Itália o Gótico não chegou a ser tão assimilado

como no resto da Europa e que por outro lado nunca chegou a perder a sua forte feição

Clássica.

No Renascimento os ideais foram alterados e o mobiliário sofreu as conseqüências disso. Antes

os móveis desenvolviam-se em altura e agora passam a desenvolver-se em largura como

expressão da serenidade clássica. A ornamentação, particularmente a talha, também se alterou.

Deixou de ser geométrica e de um naturalismo rígido e simbólico para passar a ser uma talha

mais natural e de simbolismo pagão. Houve também alteração na tipologia uma vez que no

Renascimento passou a haver um mobiliário civil com maior importância em oposição ao

mobiliário medieval que tinha um cariz eminentemente religioso.

As alterações introduzidas chegaram também à madeira utilizada para a manufactura de

mobiliário, sendo o carvalho,usado até aqui em primazia,substituído pela madeira de nogueira.

Podemos mesmo considerar que a nogueira foi a madeira do Renascimento,por ser uma

madeira que se presta admiravelmente à execução de talha,que passou a ser a principal técnica

de decoração do mobiliário. A marchetaria (Intarsia) com madeiras exóticas e materiais nobres

voltou a ser utilizada também. A nogueira é uma madeira mais macia e de veios mais finos

que o carvalho, tem cores quentes que são realçadas pelo seu brilho natural. Mesmo assim a

nogueira não é a única madeira a ser usada nesta época. No caso de móveis pintados ou

estucados a madeira podia ser o pinho ou o cedro. Além disso no mobiliário mais popular o

carvalho, o castanho e outras madeiras de qualidade mais inferior continuaram a ser

utilizadas. Estas madeiras de menor qualidade e mais correntes eram chapeadas na sua face

externa com madeiras mais nobres e exóticas, com maior qualidade decorativa. Neste caso o

ébano e o pau santo eram particularmente apreciados pela sua beleza e pelo acabamento que

proporcionavam ás superfícies.

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FRANÇA

Foi o primeiro paìs da Europa a adoptar o Renascimento Italiano por influencia da campanha

militar que Carlos VIII empreendeu em Nápoles em 1495. Quando regressou trouxe consigo

não só o saque que incluía mobiliário, mas também as idéias e o tipo de vida do Renascimento.

Portanto a iniciação deste Estilo em França tem lugar nos reinados de Carlos VIII e Luis XII e

tem o seu auge nos reinados de Francisco I (1515-1547) e Henrique II (1547-1610).

No reinado de Henrique II o Renascimento em França adquire uma identidade nacional que

culmina no reinado de Henrique IV e termina no reinado de Luis XIII onde se vai dar a

transição para o Barroco por influencia Flamenga.

Nas regiões do Sul da França a madeira mais utilizada nesta época passou a ser a nogueira,

enquanto que nas regiões do Norte o carvalho continuou a ser a madeira mais utilizada. Mais

para o final do período o ébano começou a ser muito utilizado como madeira exótica para além

de outras madeiras também importadas. A utilização da madeira de ébano deu origem ao nome

de Ébenista, que passou a designar os marceneiros mais especializados e que faziam a

decoração e acabamento dos móveis, enquanto que os marceneiros se encarregavam do

trabalho com as madeiras mais correntes, na construção das estruturas dos móveis.

ESPANHA

O Renascimento chegou a Espanha já no séc.XVI. Apesar das influencias recebidas de Itália,

França, Alemanha e Paises Baixos serem muito fortes, o mobiliário Espanhol do Renascimento

teve um estilo característico pela forma e decoração utilizadas. Exemplos disso são o

mobiliário Mudejar de influencia Mourisca, e a decoração com marchetaria “plateresca” usada

nos contadores “vargueño”.

Também em Espanha a madeira de nogueira era a mais representativa neste período. E como o

inicio deste período do Renascimento Espanhol coincidiu com o descobrimento da América,

deve assinalar-se que o mogno chega a Espanha no final do período e muito antes de chegar ao

resto da Europa. O pau-santo e outras madeiras com origem no Novo Mundo também se usam

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em marchetaria e chapeados, assim como o ébano. Mas estas não são as únicas madeiras

usadas em Espanha na manufatura do mobiliário, visto que em Espanha existe uma grande

variedade de espécies como o carvalho, a azinheira, o castanho e o pinho.

INGLATERRA

O Renascimento chegou tardiamente a Inglaterra, quando em Itália e em França este tinha já

um pleno desenvolvimento. Inglaterra, situada na orla cultural do Norte da Europa, recebe este

novo estilo principalmente por influencia da Flandres.

É com Henrique VIII (1498-1550) que se inicia este estilo em Inglaterra e que vai depois

prolongar-se pelo reinado de Isabel I (1558-1603) no qual vai atingir o seu maior

desenvolvimento. Pode dizer-se que a influencia do Renascimento em Inglaterra se fez sentir

até muito tarde naquele país, praticamente até quase ao final do séc.XVII, visto que a transição

para o Barroco só se faz sentir com Jaime II em 1685.

É no reinado de Jaime I (1603-1625) que o Renascimento Inglês inicia a sua expressão no

estilo Jacobino, que perdura no reinado de Carlos I e na República de Cromwell. O estilo

Jacobino é pois um estilo de transição entre o Renascimento e o Barroco. A transição para o

Barroco dá-se a seguir com Jaime II. É a chamada época do carvalho em Inglaterra porque

esta é praticamente a única madeira utilizada. Só no período da Republica de Cromwell é que

aparece a nogueira que vem dos paises do Sul, por se adaptar melhor ao torneado e á talha.

ALEMANHA

O Renascimento chega à Alemanha pela influencia de Itália e da Flandres. Esta influencia

justifica-se pela proximidade geográfica da Flandres, com a qual tem fronteiras a Norte, e da

Itália a Sul. Uma vez que as influencias são diferentes, o desenvolvimento do estilo também

vai ter as suas diferenças.

Os “Kleinmeisters”, desenhadores de ornatos, foram os que mais influenciaram a decoração

dos móveis visto que seguiram com avidez o exemplo dos artistas Italianos, substituindo os

Page 18: Artes e Ofícios Lisboa

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ornatos Góticos pelos Clássicos. É nos centros do Sul, Nuremberg e Augsburg que o mobiliário

Alemão alcança o seu apogeu no Renascimento por influencia Italiana e através de Flötner que

em 1540 introduz, depois da sua estadia em Itália, as novas tendências.

Tal como em qualquer época, é certo que os materiais pela sua proximidade e disponibilidade

influem muito no desenvolvimento do carácter do mobiliário, mas na Alemanha isto é

particularmente verdade neste período. Assim e no Sul usavam-se as madeiras macias de

coníferas como o pinho o abeto e o larício, chapeados com a tília e o freixo, até que por volta

de 1600 se inicia a utilização da nogueira. Nas regiões do Norte pelo contrário as madeiras

duras eram as mais utilizadas tais como o carvalho que é dominante. Só a partir do séc.XVII é

que se começa a utilizar o ébano como nos outros paises da Europa.

Sendo assim, verifica-se que existe uma diferença acentuada entre o mobiliário Alemão do

Renascimento do Norte, que se assemelha mais ao dos Paises Baixos e do Norte da Franca e

Inglaterra, e o do Sul, que se assemelha mais com o do Norte de Itália.

FLANDRES

Os Paises Baixos começaram a sentir a influencia do Renascimento no séc XVI embora o estilo

Gótico tivesse perdurado até à segunda metade daquele século. Como país rico e burguês com

importantes trocas comerciais com outros paises e com as suas colónias, vai ter um

desenvolvimento importante na arte da construção do mobiliário.

O mobiliário da Flandres desta época tem características muito próprias onde se fundem o

caráter prático com a elegância e beleza, sem ser excessivamente sumptuoso, e com a excelente

qualidade de construção.

A madeira de carvalho começou a ser substituída pela de nogueira à medida que a nova

estética do Renascimento se impõe. Já em plena época a madeira de ébano fez a sua aparição,

e pela sua extraordinária dureza e dificuldade em ser trabalhada e ainda por ser cara, exigiu

uma evolução na técnica da sua utilização que faz surguir a Ébenisteria como Ofício, à

semelhança do que acontecia em França. Os Ébenistas vão levar até à perfeição as técnicas em

uso na construção, decoração e acabamento dos móveis. O pau-santo e outras madeiras raras

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chegavam á Flandres através do comércio regular com as Índias, e eram usadas em placagem

de outras madeiras mais vulgares.

SÉCULO XVII – TRANSIÇÃO PARA O BARROCO

FRANÇA

LUIS XIII

Na história do mobiliário existe um período claro de transição do Renascimento para o Barroco

que começou em Itália muito antes de ter começado no resto da Europa, mas é em França no

reinado de Luis XIII (1610-1661) que adquiriu maior singularidade. Este período corresponde

a uma época em que paira nas mentalidades e atitudes uma certa tristeza, severa e grave. O

próprio monarca é uma figura apagada e triste que é ultrapassada pela figura do Cardeal

Richelieu. Esta conjuntura vai influenciar o estilo do mobiliário da época, por isso os móveis

são austeros, pesados na sua opulência e sobriedade onde não existe o luxo na decoração,

dando a impressão de apenas servirem uma utilidade prática. A influencia Espanhola através da

Rainha Ana de Áustria filha de Filipe III de Espanha, tem grande importância na sobriedade e

austeridade mencionadas.

Contudo, é com Luis XIII que surgem novos tipos de mobiliário tais como as cômodas, as

secretárias, as “chaise longe”, o “lit de repôs”, o canapé, os roupeiros e louceiros, peças estas

de menores dimensões e mais fáceis de deslocar e que facilitavam a arrumação e decoração de

interiores.

As madeiras mais utilizadas neste período em França são o carvalho e a nogueira, mas no

final do reinado de Luis XIII começou a usar-se mais o ébano do que se usava até ai. Para as

estruturas dos móveis e para os armários usavam-se madeiras indígenas e menos nobres como

o choupo. A pereira e a madeira das fruteiras também eram utilizadas escurecidas. Também

se fazia a placagem com pau roxo (amaranto).

Page 20: Artes e Ofícios Lisboa

14

BARROCO – SÉC. XVII

ITÁLIA – (1600-1690)

O berço do Barroco foi a Itália tanto na Arquitetura como no mobiliário onde as primeiras

expressões se começaram a revelar ainda no séc. XVI. A gradual modificação da vida das

pessoas e os novos costumes da burguesia e da côrte exigem agora uma maior exuberância,

riqueza e comodidade nos móveis. Por outro lado, o aperfeiçoamento das técnicas e a

introdução de novos materiais e madeiras exóticas como o mogno, e a criação de novos tipos

de mobiliário, impõem um novo estilo. Estilo este que promoveu uma nova traça mais flexível

e que transmitia movimento ao desenho do mobiliário. É um corte com a linha recta do

Renascimento, a estática transforma-se em dinâmica, e as grandes superfícies planas fazem-se

curvas. Começa a dar-se mais importância à aparência, à exibição e ao luxo ostentoso.

Mas em Itália, onde se estava demasiado apegado às regras e normas do Renascimento, não é

permitido mais do que a evolução natural das antigas estruturas, e poucos tipos novos de

mobiliário vão aparecer.

No que toca às madeiras utilizadas, a nogueira continua a ser a madeira mais utilizada para

além do carvalho. O ébano é também muito usado para além de outras madeiras exóticas

importadas como o pau-santo e o mogno.

FRANÇA

LUIS XIV – (1661-1715)

É a França que há de ditar as normas do móvel Barroco em toda a Europa, apesar de as modas

da côrte Francesa terem sido influenciadas pelo gosto Barroco Italiano. O Estilo Luis XIV

representa a plenitude do Barroco do séc.XVII em França. É um estilo ditado puramente pelo

gosto do Monarca – Rei Sol – onde este exerce a sua influencia pessoal a todos os níveis da

Arte.

Page 21: Artes e Ofícios Lisboa

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Este estilo espalha-se por todo o continente através da produção de peças feitas nas

manufaturas de Gobelins que foram fundadas em 1662 e onde se juntaram a trabalhar os

melhores artistas e artesãos da época incluindo os Ébenistas. O Director destas indústrias,

Charles Brun, teve uma importância decisiva na forma como as artes e o estilo evoluíram.

Como já se viu o Estilo Luis XIV era um estilo áulico mas que era reproduzido pela burguesia,

com mais modéstia, em móveis em que a madeira não era tão ricamente decorada e a talha se

baseava em motivos mais populares. Neste estilo a madeira mais utilizada para os móveis da

côrte era a nogueira, que era dourada quase sempre. No mobiliário burguês a nogueira não

recebia o processo de douragem normalmente, e eram utilizadas também outras madeiras como

o carvalho e a faia para o mobiliário de assento. A madeira para a construção dos grandes

móveis, como os armários e as bibliotecas continuava a ser o carvalho.

A madeira de carvalho era cortada em toros e deixada a secar vários anos. Depois os toros

eram cortados em pranchas no sentido do comprimento e colocadas em pilhas com as tábuas

intercaladas por calços para que o ar circulasse e ajudasse a secagem. Estes tratamentos

rigorosos tinham o objetivo de evitar a deformação posterior da estrutura dos móveis que ia

servir depois de base para a placagem e marchetarias. Era portanto sobre uma estrutura, que

graças às técnicas de construção apuradas e às novas técnicas de secagem da madeira, era de

uma solidez a toda a prova, que se colavam as madeiras de placagem ou a marchetaria.

Para as cadeiras a madeira de nogueira continua a ser a preferida por ser mais dócil que o

carvalho para o trabalho de entalhador. Mas no final do séc.XVII e à medida que os motivos

esculpidos vão sendo menos exuberantes e abundantes, a madeira de faia começa a

generalizar-se para a construção de mobiliário de assento como as cadeiras e os “fauteuils”,

pela sua durabilidade e resistência aos choques. A placagem em ébano tão em voga no estilo

Luis XIII, é substituída progressivamente, por placagem e marchetaria em madeiras das Ilhas

em cores contrastantes.

FLANDRES -(1550-1690)

Nesta época, e com o final do domínio Espanhol, a Flandres era uma região rica com um

grande domínio dos mares. Esse domínio possibilita a facilidade de trocas mercantis de

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16

produtos do Oriente, sendo que na altura a Flandres era a porta de entrada na Europa de todos

os produtos vindos daquelas paragens. Isto fez crescer na Flandres uma classe burguesa de

prósperos mercadores que detinham o poder e dominavam o gosto e a moda. Sendo pessoas de

trabalho, embora ricas, tinham um gosto simples, austero e sem ostentação, o que determinou a

evolução do mobiliário Barroco na Flandres.

O uso do folheado foi desenvolvido pelos ébenistas da Flandres e as marchetarias naturalistas

com motivos de flores e de frutos, que pareciam verdadeiras pinturas, eram muito usados na

ornamentação do mobiliário.

As madeiras mais utilizadas eram o carvalho e a nogueira. A nogueira era também utilizada

em placagem assim como o pau santo e o ébano. As madeiras de fruteiras, limoeiro, pereira,

cerejeira, amendoeira, laranjeira e amoreira, em conjunto com o ébano eram utilizadas em

embutidos. Na marchetaria a nogueira era utilizada assim como a oliveira e a tília. O

castanho e a sorveira eram também usadas em algumas peças de mobiliário.

INGLATERRA

Em Inglaterra este período do Barroco do séc.XVII, engloba três estilos, a referir:

• O Estilo Jacobino de 1603 a 1660

• O Estilo Restauração de 1660 a 1670

• Estilo William and Mary de 1670 a 1695

O Estilo Jacobino tinha ainda um grande cariz Renascentista embora as influencias do

Barroco fossem já sentidas naquela primeira metade do século. Os períodos conturbados da

guerra civil e da Républica de Cromwell, em boa verdade atrasaram o processo de adopção do

estilo Barroco. Que só veio a recomeçar em 1660 durante o reinado de Carlos II com o estilo

Restauração. O estilo Jacobino pode pois ser considerado um estilo de transição do

Renascimento para o Barroco.

No Estilo Restauração, a influencia chegou via Holanda devido ás boas relações e trocas

comerciais entre essas duas nações Européias e porque Carlos II esteve exílado na Holanda

assim como esteve em França. É de referir o contributo de algumas características do

Page 23: Artes e Ofícios Lisboa

17

mobiliário Português do séc.XVII, que influenciaram o mobiliário Inglês desta época, através

da Rainha Catarina de Bragança que era portuguêsa. O reinado de Carlos II não pode, no

entanto,considerar-se que seja já um período de pleno Barroco.

Segue-se outro período de indefinição no reinado de Jaime II (1665-1670) e que corresponde

ao final do estilo Restauração. O primeiro estilo Inglês que se possa considerar

verdadeiramente inserido no espírito do Barroco foi o de William and Mary, já no final do

séc.XVII, e com forte influencia Flamenga através de Ghilherme de Orange que era Holandês.

É por isto que se pode afirmar que a verdadeira expressão do Barroco em Inglaterra se

manifesta já tarde.

A madeira mais utilizada na primeira metade do século continua a ser a de carvalho, mas a

partir dai e à medida que o Barroco começa a ser introduzido a nogueira começa a estar na

moda. O pinho era também usado para fazer arcas e cofres de viagem que eram forrados a

couro. Os carpinteiros foram dando lugar aos ébenistas à medida que as técnicas da placagem e

da marchetaria iam passando a ser mais utilizadas. A placagem era feita com madeiras como o

freixo, o pau violeta e a oliveira. A madeira de espinheiro e a raiz de nogueira eram

utilizadas para fazer embutidos em madeiras contrastantes.

ALEMANHA – (1610 a 1680)

O Barroco chegou à Alemanha, através das suas fronteiras com a França e com a Flandres, em

meados do séc. XVII, em conseqüência do intercambio de artistas entre estes Paises.

A madeira de nogueira é ainda a mais utilizada em conjunto com as madeiras nacionais do Sul

como o pinho, o abeto e o larício. Estas madeiras eram enriquecidas em marchetarias e

embutidos de madeiras exóticas e ébano.

Page 24: Artes e Ofícios Lisboa

18

ESPANHA

As influencias do Barroco começam a fazer-se sentir em meados do séc.XVII. Tal como na

Europa a indústria do mobiliário em Espanha tem escolas, com diferentes tendências e

influencias nas diferentes regiões do país. Na Galiza as influencias mais importantes são as de

Portugal e Inglaterra, na Catalunha de Itália, na Andaluzia de Inglaterra também. A Escola

Salmantina ou Churriguerresca (por influencia de José Churrigerra) foi sem duvida a mais

representativa do Barroco em Espanha. No reinado de Carlos II desenvolve-se um Barroco

mais nacional em que o nome de José Churriguerra está indissoluvelmente associado.

As madeiras utilizadas no mobiliário Espanhol do Barroco do séc.XVII são em primeiro lugar

a nogueira depois o carvalho e por ultimo o castanho, para além do pinho que se usava

escurecido ou coberto com plaqueados de outras madeiras. O ébano e o mogno, que chegou a

Espanha muito antes de ao resto da Europa, eram também usados mas somente em plaqueados.

PORTUGAL

O mobiliário Barroco Português do séc.XVII foi pela sua originalidade e pelos motivos

decorativos utilizados o único mobiliário Português que se impôs pelo seu caráter muito

próprio. O séc.XVII em Portugal sob o aspecto político e económico foi um período difícil

marcado pelo domínio da corôa espanhola seguido das guerras da restauração. Para compensar

o isolamento em relação à Europa, os contactos com o oriente são intensificados, o que vai ter

influencia no mobiliário conferindo mais exotismo e originalidade.

A primeira metade do século que corresponde ao período Filipino (Maneirismo-Barroco

Inicial), produziu peças de caráter mais austero com linhas mais retilíneas, sem volumes

salientes, de regra mais clássica, com torneados mais singelos. Na segunda metade do século

(Barroco) o mobiliário torna-se mais exuberante, os torneados tornam-se mais volumosos e

com mais movimento com grandes bojos e estrangulamentos vincados. É neste período que o

mobiliário português adquire características de maior personalidade e originalidade

destinguindo-se de todos os estilos europeus, de tal forma que Robert Smith lhe chamou

“Estilo Nacional Português”.

Page 25: Artes e Ofícios Lisboa

19

Na tipologia dominante destingem-se os contadores cuja caixa com gavetas à vista geralmente

decoradas, se ajustava a uma trempe, bufetes, as cadeiras e os leitos que nesta época

rivalizavam em beleza com o melhor que se fazia na Europa. Para a sua confecção , assim

como para muitas outras peças de mobiliário, escolhiam-se madeiras exóticas entre as quais

predominava o pau santo cuja essência dura e lustrosa permitia aos artesãos mostrarem a sua

perícia na execução dos “goivados” e dos “tremidos” .

O mobiliário Indo-Português assumiu em todo o séc.o estatuto de mobiliário de luxo, visto que

as peças vindas do oriente não eram abrangidas pelas leis de austeridade Filipinas, o que tornou

estas peças de particular fascínio. As peças encomendadas na Índia tem formas ocidentais mas

utilizam madeiras e algumas técnicas de construção e temas orientais atingindo portanto uma

especificidade própria e que se pode considerar um estilo híbrido muito peculiar.

Na primeira metade do século as madeiras da terra, o carvalho, o castanho, e a nogueira eram

as mais utilizadas. A estas vêm juntar-se as de fora, o pau santo, o pau rosa, o ébano, o

Gonçalo-Alves e o vinhático. Na segunda metade do século as madeiras mais usadas eram a

nogueira, o carvalho, o castanho, o vinhático, o pau santo, e a sucupira. No mobiliário

Indo-Português as principais madeiras utilizadas são o ébano o pau santo, a sucupira, o sissó

e a teca

BARROCO DO SÉC.XVIII

FRANÇA

Estilo Regência –1700-1723

É o estilo de transição entre os estilos de Luis XIV e Luis XV, cujo nome lhe é atribuído pelo

período de Regência do Duque de Orléans. Apesar de ser um estilo que deu os seus primeiros

passos ainda no reinado de Luis XIV quando este mandou redecorar algumas divisões do

Palácio de Versailles. Com a regência do Duque a côrte mudou-se para Paris e a vida começou

a ser diferente. Perdeu-se a pompa o fausto a opulência e o formalismo que eram obrigatórios

com Luis XIV. A burguesia é que ditava agora a moda na direcção do gosto pela leveza e

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elegância associados ao conforto, com um estilo de vida mais tolerante e livre. Os ambientes

tornam-se mais leves e íntimos e por isso o mobiliário passa a ser de dimensões mais reduzidas

e mais confortável. Há quem considere que esta época não corresponde a um estilo mas sim a

um período no qual se deitou à terra a semente do Rocaille.

Neste período a madeira de nogueira continua a ser utilizada, principalmente no Norte e no

Oeste para os “beaux meubles” e cadeiras, por ser mais fácil de trabalhar na talha. O carvalho

continua a ser a madeira de base para a maior parte dos grandes móveis , armários e buffets.

No mobiliário do Sudoeste, cujo centro é Bordéus começa a utilizar-se o mogno.

A faia apesar de ser considerada uma madeira inferior, é flexível e resistente e por isso muito

usada não só no mobiliário da província mas também no mobiliário de assento da côrte, na sua

própria cor ou dourada. A tília também se usa dourada, e aliás, por os seus veios e contra-veios

não contrariarem o trabalho de talha, era a madeira considerada ideal para acabamentos a

dourado, que se utilizava nas consolas e nas molduras de quadros e espelhos.

As madeiras das fruteiras como a cerejeira o limoeiro e a pereira também se utilizavam. A

pereira enegrecida acabou por substituir quase completamente o ébano que por ser mais caro

e difícil de trabalhar caiu em desuso.

O abeto servia para a construção de móveis correntes e para mobiliário marchetado com outras

madeiras. Na marchetaria usavam-se madeiras exóticas como o pau cetim, pau santo, pau

roxo, pau rosa, pau violeta, e também madeiras indígenas como o padreiro e o limoeiro, e

ainda raízes de olmo.

Estilo Luis XV – 1723-1774

O período do Rocaille Francês corresponde á época de ouro do mobiliário Francês. O pacífico

reinado de Luis XV foi um período de desenvolvimento das artes e das ciências, com a

construção de novos Palácios e o reflorescimento da pintura e da escultura. Tudo isto numa

conjuntura social e política propícia a uma forte mudança e evolução. Desde o inicio do

Séc.XVIII que o desejo de mudança aponta na direção de rejeitar tudo o que invocava a

inflexibilidade e o rigor de Luis XIV, e na tentação pelas formas que ainda faltava inventar. Foi

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21

portanto a rejeição das linhas retas e riguidas, da simetria, com a opção pelas linhas curvas e

assimétricas que apesar de parecerem caóticas tem um admirável equilíbrio na sua aparente

desordem.

As pernas dos moveis passam de direitas a curvas em S ou “á cabriolet”. O mobiliário passa

portanto a ser airoso, leve, claro e alegre apesar de exuberante o que joga perfeitamente com o

ambiente social. Esta mudança no estilo do mobiliário reflete também o talento dos ébenistas

que foram os responsáveis pela interpretação do espírito da época e de o traduzirem na sua arte.

Para os grandes móveis a madeira mais utilizada continua a ser o carvalho porque assegurava

estruturas sólidas. Era também utilizado para estruturas de outros móveis que eram

marchetados e folheados para os quais se utilizava também o abeto e a tília. Para as cadeiras

usava-se a faia pintada ou dourada, por ser maleável e resistente. A nogueira continuava a

usar-se para o mobiliário entalhado.

A marchetaria toma grande importância neste período uma vez que a importação de madeiras

exóticas oferece uma grande escolha de cores variadas, o que permite aos ébenistas fazer

autenticas pinturas em madeira. O mogno, o pau santo e a sua variante pau violeta, o pau

rosa, o pau cetim, o sândalo e a macacaúba, que eram importadas, eram utilizadas em

conjunto com madeiras nativas como a oliveira, buxo, uva-espim, junquilho, e o bordo. As

madeiras das fruteiras como a cerejeira brava, pereira, limoeiro, e ameixeira eram também

usadas em folheados e em marchetarias.

ITÁLIA

Em Itália o estilo rococó apresenta-se como uma interpretação exagerada do Rocaille e

produziu verdadeiros exageros na exploração das linhas e tendências decorativas do rococó

Francês.

A madeira de nogueira passa a ser a mais utilizada neste período.

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INGLATERRA

Em Inglaterra o Rococó não passou de uma breve fantasia. Com esta época chega o momento

do apogeu no mobiliário Inglês. Houve alguns factores que tiveram influencia decisiva, como o

facto de a nação entrar em período de paz e estabilidade; a introdução do mogno, cuja

facilidade em ser trabalhado, finura e beleza fazem dela uma madeira muito apreciada; e por

ultimo a acção de um grande artista Thomas Chippendale.

Chippendale que vem de uma antiga família de ébanistas nasce em 1718, trabalha durante os

reinados de Jorge II e Jorge III e morre em 1779. Com Chippendale a Arte burguesa torna-se

evidente e a sua influencia estende-se também a outros paises da Europa. O mobiliário

palaciano da época foi grandemente influenciado por William Kent. O seu estilo era

arquitetural e pesado, estava carregado de ornamentos clássicos.

As madeiras que usava em certas peças, além do mogno, como a faia e o pinho podiam ser

elaboradamente entalhadas e depois douradas. Estas madeiras macias eram muito apetecidas

pelos insetos xilófagos e por isso poucas peças sobrevivem hoje.

Estilo Queen Anne

No reinado da Rainha Anne (1702-14) chega-se ao estilo chamado de “Queen Anne”, o

primeiro estilo barroco puro, sóbrio, simples, racional, elegante e confortável. Caracterizava-se

pela acentuada preferência pela simplicidade e beleza das linhas onde a ornamentação tinha um

papel secundário.

É um período de acalmia entre dois estilos mais exaltados, o W. and Mary e o Early Georgean,

onde se difunde e é característica a perna em forma de S alongado. Esta perna, que era usada

como suporte em todos os tipos de cadeiras e mesas, era cortada numa peça única de madeira

de secção quadrada.

A nogueira continua a ser a madeira mais usada durante o reinado da Rainha Anne. É o ultimo

estilo do período da nogueira. Com o emprego deste tipo de madeira nasce a técnica da

placagem em Inglaterra que substitui muitas vezes a madeira maciça. Alguns moveis mais

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23

preciosos são plaqueados a pau violeta, freixo e oliveira, trabalhados de maneira a tirar

partido da beleza natural da madeira. A raiz de nogueira era também utilizada.

Estilo Georgiano

O reinado de Jorge I inicia o período longo do Estilo Georgiano que dura 110 anos de1720 a

1830 e que inclui vários estilos com tendências que vão do barroco ao neoclássico. O Early

Georgean ou Georgiano primitivo que dura de 1720 a 1740; o Chippendale que vai de 1740

a 1760. Este estilo continua na segunda metade do século XVIII na corrente estética do

Neoclássico com os estilos de Adam e Hepplewhite (1760-90) e Sheraton (1780-1800) e que

vão ser tratados no período do Neoclássico.

Early Georgean

No reinado de Jorge I, a influencia do arquiteto e projetista de móveis William Kent, trás um

estilo de grande exuberância que tem muito a ver com o barroco Italiano, muito escultural com

talha muito profunda e decoração variada. Durante esta primeira época do Estilo Georgiano

(Georgiano primitivo) o trabalho de talha passou a ser mais elaborado e o uso do mogno

passou a substituir a nogueira. É o estilo que inicia o período do mogno.

A escassez de nogueira vinda de França por causa do embargo que os franceses colocaram a

Inglaterra, provocou uma maior procura de alternativas. Os construtores de mobiliário

passaram a importar a nogueira da Virginia, até que em 1721 foi abolido o imposto que incidia

nas madeiras das colónias inglesas na América central e Índias ocidentais, o que incentivou a

utilização do mogno das Antilhas, e que veio a ter grande aceitação por parte dos construtores

e dos clientes. Assim sendo, em 1725 é introduzida a madeira de mogno que se impõe como a

madeira de eleição para o mobiliário. Muito resistente, e refratário às picadas dos insectos da

madeira, adquire brilho mais facilmente que a nogueira e quando tingido adquire uma cor

avermelhada muito apreciada. Não é fácil de utilizar em placagem mas presta-se muito bem ao

trabalho de entalhador.

Page 30: Artes e Ofícios Lisboa

24

Chippendale

O reinado de Jorge II trás um estilo de puro e perfeito barroco Inglês, o Estilo “Georgian” que

é caracterizado pelo desempenho de Chippendale. É nesta altura que o mobiliário Inglês,

aburguesado e confortável, se destaca definitivamente com características próprias, do

mobiliário Barroco do continente.

O mobiliário torna-se mais rico em talha e decoração desaparecendo os torneados e as

marchetarias. Em geral o mobiliário Barroco Inglês caracteriza-se pela sua linha estrutural

lógica, pela elegância do conjunto e pela continuidade da silhueta mais que pela riqueza e

profusão da talha que não chega a ser tão exagerada como no continente. O dinamismo do

Barroco em Inglaterra é muito contido.

Chippendale conseguiu conciliar a arte da concepção do mobiliário com a sua

industrialização.Criou uma firma para a comercialização das suas linhas de mobiliário que

eram acessíveis a um grande número de pessoas de diferentes estratos sociais. As peças mais

características do seu estilo, embora fizesse todo o tipo de móveis, eram as cadeiras. O seu

estilo sofre ao longo deste período influencias de três fontes diferentes a referir: do Rocaille

Francês; do exotismo do oriente e particularmente da china; e do revivalismo do Gótico.

Chippendale adopta com caráter quase absoluto a madeira de mogno, passando esta a ser a

madeira da época. Trata-se de uma madeira que com o tempo e uso adquire uma bela patina, é

sólida, fácil de trabalhar até na talha onde a sua rijeza e veio apertado permitem um trabalho

minucioso, com grande variedade de tons e veios, e que permite fazer tabuas largas para

tampos de mesas e ilhargas de guarda fatos, para alem de resistir bem ao apodrecimento. É de

mencionar que o mogno não era utilizado no mobiliário eclesiástico. Era possível distinguir

diferentes variedades como o mogno de cuba, e o mogno de São Domingo mais escura, sendo

a primeira mais fácil de trabalhar e mais fina. Os grandes planos dos móveis eram chapeados

com madeiras exóticas ou eram lacados ou dourados.

Page 31: Artes e Ofícios Lisboa

25

ALEMANHA

O Estilo Rococó foi avidamente adotado na Alemanha, que na altura estava dividida em vários

estados. Mas como cada príncipe estava interessado em impôr na corte o seu gosto pessoal

havia muitas variações. Os dois estilos com mais definição foram o Rococó Bávaro e o

Rococó Fredericano (ou Potsdam) que se desenvolveu no norte de 1740 a 1760.

Kambly, Hoppenhaupt e Cuvilliés são os artistas que caracterizam mais fortemente este

período do barroco na Alemanha. O Rococó Alemão teve como característica um exagero dos

modelos quer de França quer de Inglaterra .

A madeira de nogueira e as madeiras nacionais do sul continuam a usar-se como as principais,

enriquecidas com marchetarias e embutidos de madeiras exóticas. Usava-se também o mogno

para as cadeiras.

ESPANHA

É com Filipe V - Príncipe Francês que inicia a dinastia dos Borbons - que as tendências do

Rocaille Francês são assumidas em Espanha , e isto observa-se principalmente nos móveis da

corte.

Em 1759 quando Carlos III (VII de Nápoles) regressa a Espanha trás consigo de Itália os

artistas e mobiliário dos seus palácios que é de Estilo Luis XV. Deve referir-se que Carlos III

regressa impressionado com as recentes descobertas nas escavações de Pompéia, e é por isso

que no final do seu reinado assim como no resto da Europa acontece um retorno ao gosto

clássico (Neoclássico). É através destas duas fortes influencias, a Francesa e a Italiana que o

móvel espanhol vai perdendo a rigidez e austeridade que o caracterizavam, para nunca mais

voltar a criar peças com caráter que possam voltar a fazer escola.

O mobiliário da corte e da aristocracia era encomendado principalmente em França, e o

mobiliário nacional limitava-se a imitar o importado, mas com uma execução deficiente. As

madeiras utilizadas continuam a ser a nogueira e o mogno como as mais nobres, e o carvalho

e o castanho e o pinho bravo, que são abundantes em Espanha, para o mobiliário popular.

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26

Não se deve esquecer que o mobiliário da côrte e da aristocracia vinha de França e por isso era

feito com as madeiras aí usadas na época.

PORTUGAL

O Rococó encontra em Portugal a sua expressão nos Estilos de D. João V (1706-1750) e de D.

José I (1750-1770) que são estilos com interpretações nacionais das influencias recebidas de

Inglaterra e França. Os estilos de mobiliário em Portugal foram influenciados pelos acordos

mercantis com Inglaterra e pelo já duradouro comércio com as Índias e com a América do sul.

A influencia do Rocaille francês foi adaptada em formas menos exuberantes e com muitos

elementos do mobiliário inglês. Só na côrte de D. João V é que o rococó foi acolhido com toda

a sua riqueza.

Em Portugal vive-se uma época de grande cosmopolitismo. As riquezas do Brasil possibilitam

uma grande abertura à Europa de onde vêm móveis e artistas de todas as áreas. D. João V

como grande mecenas fêz encomendas sumptuosas. Os marceneiros portugueses sentiram

grande empatia pelo Rococó e com a sua singular capacidade de adaptação das influencias

estrangeiras imitaram e recrearam-nas misturando estilos, ajudados pela qualidade das

madeiras do Brasil que permitiam todos os virtuosismos. No fundo, nacionalizaram todas as

influencias conseguindo peças plenas de expressividade e inconfundíveis. As cadeiras dos

estilos ingleses Queen Anne e Chippendale foram reinterpretadas numa forma

inconfundivelmente portuguêsa, muitas vezes em pau santo em vez de nogueira

Os móveis portugueses desta época caracterizam-se por terem uma tendência utilitária apesar

de serem ricos em talha. Que pode ir da pujança e plasticidade barroca à finura da interpretação

Rocaille da talha no estilo D. José, de baixo relevo mas precisa e preciosa, especificamente

Nacional. O partido tirado das superfícies lisas, onde se deixa a madeira falar, sem serem

necessários elementos decorativos, também é uma característica deste estilo.

Tal como nos outros paises da Europa a idéia de conforto acentua-se. E à medida que se vai

impondo essa ideia novas tipologias vão aparecendo. São de destacar como mais característicos

em Portugal o mobiliário de assento e sem duvida a cómoda, que apesar de não ser uma nova

tipologia, adquire formas e funções nunca antes exploradas. Têm na sua maioria gavetas até ao

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27

chão e podem ser papeleiras com ou sem alçado, que pode ter uma infinidade de variações das

quais se deve destacar o oratório.

Inicia-se a moda dos marchetados com madeiras claras, como o pau rosa e o espinheiro, por

influencia do rocaille. A madeira de pau santo, e as suas variações, é a mais utilizada embora

se use também a nogueira. O carvalho continua a ser usado mas coberto com acharoados e

dourados. O castanho também se usava pintado e dourado.

PAÍSES BAIXOS

Durante a primeira metade do séc.XVIII o mobiliário Inglês era muito apreciado na Holanda.

Por isso o mobiliário Holandês têm muito em comum com o Inglês. A nogueira era escolhida

para as peças de maior qualidade. Em alternativa usavam-se as madeiras de laburno, acácia ou

outras madeiras exóticas.

NEO-CLÁSSICO

FRANÇA

Em finais do séc.XVIII surge na Europa o Néo-Classicísmo em conseqüência dos achados

históricos de escavações feitas em Pompéia e Herculano,que estimularam um exaltado culto

pela antiguidade clássica.

É ainda no reinado de Luis XV, quando a sociedade aristocrática começou a ficar cansada do

Rocaille, que se inicia uma reacção ao dinamismo do Rococó, e se observa que o mobiliário

começa a ser menos exaltado e mais equilibrado. As linhas curvas e revoltas do Barroco

passam a ser rectas e repousadas e a sua decoração passa a ser mais austera e clássica.

No final do século com o reinado de Luis XVI os móveis são cada vez mais númerosos e a sua

técnica chega a uma perfeição máxima. A habilidade dos artífices franceses chega ao seu

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apogeu. A grande variedade de materiais era utilizada com extrema perícia. O móvel não perde

o seu caráter francês e os modelos são perfeitos, com uma grande pureza de linhas, equilíbrio e

proporção. O retorno ao clássico não é brusco porque se enlaça com o estilo anterior. O estilo

Luis XVI que não é mais do que a primeira fase do Neo-Clássico, é portanto um estilo de

transição entre o Rocaille de Luis XV e o estilo que surge após a revolução francesa que ao

acabar com a monarquia procura renovar os costumes das antigas repúblicas Grega e Romana.

Surge o Estilo Directório (1795-99) e mais tarde o Consulado , que são evoluções do Neo-

clássico em direcção ao Estilo Império que é o culminar da tendência neo-clássica já no

séc.XIX. Após a revolução o mobiliário torna-se mais severo e menos rico. Abandona-se a

marchetaria e outras técnicas decorativas mais ricas. Aparecem novos modelos que podiam ser

“a la grega”, “a la etrusca”, “revolucionaria” etc.. No fundo são modelos Luis XVI

simplificados e ornamentados com símbolos revolucionários.

Nesta altura em França o mogno era já uma madeira insubstituível e que se usa agora quase

sempre na sua cor original, embora possa aparecer pintado em cores claras. No entanto o

carvalho, a faia , a nogueira e o castanho e a cerejeira ainda são utilizadas. Utiliza-se as

madeiras exóticas em placagem, tais como o sapeli, pau rosa, e o pau santo. As bordaduras

escuras dos tampos ou mesmo os grandes planos são em pau santo e ébano. Os filetes em

madeiras claras e rosadas. Folheados em tuia e pau rosa de Timor (amboyna). As

marchetarias em pau rosa, pau violeta, pau roxo, e pau cetim.

INGLATERRA

Também em Inglaterra se vai observar o mesmo movimento que no continente e o mobiliário

afasta-se das linhas dinâmicas e desequilibradas do Barroco para se tornar mais clássico, de

linhas mais finas e vigorosas com uma decoração mais escassa e sóbria, mas com uma

evolução quase sem relação com a do continente. Este período (1760-1800) é também

conhecido como “Late Georgian”.

Chippendale, que foi o artista mais significativo do Barroco, passa a executar móveis com as

novas normas. Mas o período de Chippendale está a acabar, e novos artistas e criadores do

Page 35: Artes e Ofícios Lisboa

29

novo estilo começam a destacar-se. Destes, os irmãos Adam, Hepplewhite e Sheraton são os

que mais se destacam.

As obras de Adam confundem-se com as de Hepplewhite e Sheraton, mas não por falta de

personalidade mas porque os estilos têm semelhanças. Hepplewhite tem um temperamento

mais flexível e requintado que se coaduna mais com Chippendale, enquanto que Sheraton

representa uma maior rigidez e severidade que tem mais a ver com o Diretório e o Império

franceses. Todos eles são contemporâneos e as fontes são as mesmas e o intercambio de

influencias é constante. Os Adam adoptam as formas francesas e italianas e adaptam-nas ao

gosto burguês Inglês. R. Adam (1728-1792) substituiu a moda paladiana que predominava por

um estilo mais elegante, gracioso e versátil que agradou a todas as classes sociais.

Hepplewhite que tem uma grande sensibilidade aperfeiçoa os seus próprios modelos com a

introdução de linhas curvas suaves e onduladas em vez de linhas retas e rígidas. Sheraton tem

um carácter próprio, mais rigidamente ligado à linha reta. A sua severidade e simplicidade têm

grande sintonia com as correntes que chegam do continente nos primeiros anos do séc.XIX que

se ligam ao Estilo Império Francês. De todos Sheraton que viveu ate 1806 é o único que chega

a conhecer a evolução completa do Neo-clássico ao Império.

Sob a influencia de Adam, Hepplewhite e Sheraton as artes do folheado, do embutido e da

marchetaria alcançaram o maximo da perfeição e beleza. A decoração pintada do mobiliário

andava a par com o gosto pelas madeiras claras. A madeira de mogno é usada sem a

sobreposição de decorações em bronze das épocas passadas e só é realçada pela marchetaria

que estava esquecida desde os tempos da Rainha Anne, mas é usada sómente com um sentido

geométrico e arquitetónico.

Outra madeira utilizada normalmente em plaqueado ou folheado é o limoeiro. É uma madeira

muito clara e brilhante que se usa para realce em embutidos com outras madeiras escuras ou

com pinturas. A madeira de faia é usada pintada. O ácer e o pau cetim são também utilizados

no final do século. Usa-se folheados de madeiras claras como o padreiro, o tulipeiro e a

pereira, e de madeiras exóticas asiáticas e americanas como o pau rosa e o pau violeta.

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PORTUGAL

No ultimo quartel do séc.XVIII, durante o reinado de D.Maria I, dá-se como em toda a Europa

uma reacção aos excessos do Barroco e à agitação do Rococó que esteve na origem do

aparecimento de formas e decorações clássicas ao gosto neo-clássico.

O Estilo Neo-clássico chegou a Portugal em 1770 e os Portuguêses, com a sua tradicional

facilidade de adaptação, adoptaram as suas formas, produzindo uma versão Nacional do estilo

de Luis XVI. É visível uma perda da força criadora e do sentido místico do Barroco, mas

mesmo assim e apesar das influencias Francêsas e principalmente Inglêsas, o Estilo D.Maria

atinge um caráter próprio. Tonalidades mais claras quer nas madeiras quer na pintura, que lhe

dão uma certa frescura e leveza. As cómodas que adoptaram uma frente tripartida retangular,

assentavam em pernas de secção quadrangular que afunilavam em direção do chão e eram

trabalhadas com embutidos e marchetaria em motivos geométricos. Uma característica própria

destas cómodas era os aventais e os puxadores das gavetas em forma de medalhões esmaltados.

O mobiliário de assento revelava a influencia dos livros Inglêses de projetos, particularmente

os de Sheraton. No virar do século a influencia do Estilo Império Francês tornou-se vasta como

em toda a Europa. As madeiras utilizadas eram: pau santo, pau rosa, pau roxo, nogueira,

carvalho entalhado e pintado em fingimento ou dourado, castanho, buxo, casquinha

entalhada e depois dourada ou pintada, espinheiro, pau cetim e limoeiro.

SÉCULO XIX

No século XIX o mobiliário com a influencia do Império continua com um carácter mais

aburguesado e evolui no sentido de uma arte sem transcendência, adormecido entre a

mecanização, que foi a verdadeira revolução do séc XIX, e a industrialização.

É o século dos grandes inventos burgueses, chamado “das luzes”, da vida prática e confortável.

É também o século das grandes lutas políticas e sociais, em que a burguesia em rápida

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31

expansão punha em causa outros poderes e impunha a sua vontade e o seu gosto, e do grande

movimento romântico em que se idealizam as coisas de outros séculos.

O Romantismo surge em toda a Europa como reacção, às convenções disciplinadas do neo-

classicismo, e à crescente mecanização e ao progresso ciêntifico, e faz apelo ao regresso aos

estilos do passado. O romântismo é caracterizado por ser um movimento revivalista e eclético.

A Alemanha redescobriu primeiro a Idade Média e depois o Renascimento e o Barroco. Na

Áustria deu-se o reaparecimento do Rococó. Em França a seguir ao reaparecimento do Gótico

segue-se o regresso aos estilos dos séculos XVI, XVII e XVIII.

Com este movimento surgem no mobiliário os revivalismos, neo-gótico, neo-renascimento,

neo-rococó. Que produziam peças de mobiliário com estruturas modernas e que pretendiam

imitar, muitas vezes mal, os originais, que nem sequer são feitas por verdadeiros artistas, e que

muitas vezes são adaptadas às necessidades modernas. Com o aumento da procura a forma

tradicional de confecção e comercialização do mobiliário deixou de poder dar resposta a um

mercado em grande expansão. Havia que procurar novos métodos de fabrico, novas técnicas e

novos materiais mais acessíveis.

Na industria do mobiliário o aumento da produção foi conseguido não tanto à custa de uma

maior mecanização, mas sim com a introdução de novos métodos de montagem do mobiliário

nas oficinas, em que cada artífice só fazia uma parte do móvel. Isto traduziu-se numa perda de

qualidade. E esta perda de qualidade era proporcional ao desenvolvimento tecnológico.

ESTILO IMPÉRIO

FRANÇA

Em 1804 inicia-se o Estilo Império, pompôso e solene, em França. Nesta altura o destino da

Europa está dependente de Napoleão e por isso os reis, a política, os costumes e os ambientes

giram em redor da sua figura. Não é de admirar portanto que este estilo se tenha difundido,

com grande caráter nacionalista, quer em França quer nos outros paises da Europa. A estética

converte-se numa questão de estado porque a arte é uma constante evocação da Roma imperial.

Page 38: Artes e Ofícios Lisboa

32

O mobiliário em todo o continente tem o mesmo caráter do Francês com a intervenção de

artistas franceses, dos quais se destacam Percier, Fontaine e Prud’hon.

Percier e Fontaine foram os artistas do regime porque interpretaram com êxito as idéias de

Napoleão, criando um estilo de luxo e opulência austeros, a partir do esplendor das artes de

Roma antiga que tanto encantavam o Imperador. Este estilo no seu afã de adaptação às formas

clássicas, tem pouca personalidade embora tenha originalidade. O mobiliário adquiriu formas

simples, sóbrias e geométricas em que dominavam as linhas rectas e as superfícies lisas e com

poucos ornatos. A talha e a marchetaria quase desapareceram.

Em conseqüência das campanhas napoleónicas no Egipto o mobiliário tornou-se uma mistura

de protótipos Romanos, Gregos e Egípcios, porque os desenhos dos achados e dos

monumentos e túmulos que foram trazidos dessa campanha despertaram muito interesse. É um

estilo com tão grande implantação e influencia que dura mais quinze anos após a abdicação de

Napoleão em 1814, e com ele pode dizer-se, que terminam os estilos históricos de França e da

Europa no mobiliário.

A madeira de mogno geralmente massiça ou em placagem continua a ser a madeira mais

apreciada, e cujo valor aumentou devido ao bloqueio que Napoleão impôs em 1808 e que

impediram que fossem importadas madeiras das colónias Inglêsas, o que obrigou tambem à

utilização de madeiras indígenas como a nogueira, o ácer, o freixo, o olmeiro, o cedro, o

limoeiro e oliveira. Eram utilizadas diferentes qualidades de mogno com características

visuais diversas: mogno moiré, mogno flammé, mogno ronceux (espinhoso). A faia era

utilizada algumas vezes nas cadeiras, mas era depois pintada e dourada.

PORTUGAL

No primeiro quartel do séc. XIX e durante a regência e reinado de D.João VI, predominava em

toda a Europa o Estilo Império como nova face do Neo-clássico. Nesta altura em Portugal

acentua-se a diminuição da criatividade e a importação de mobiliário foi tão forte que chegou a

afetar a produção nacional.

Page 39: Artes e Ofícios Lisboa

33

O estilo foi pouco assumido em Portugal por várias razões. Primeiro pela falta de clientela,

uma vez que a côrte se encontrava no Brasil em conseqüência das invasões Francêsas, o que

tornou o período conturbado e sem o ambiente propício ao desenvolvimento de um estilo que

para mais era trazido pelo invasor. Além disso as linhas e formas convencionais deste estilo

diziam muito pouco aos marceneiros Portuguêses, ainda mais que os obrigava a trabalhar uma

madeira, o mogno, com pouca tradição no Paìs.

Madeiras utilizadas eram o mogno maciço ou folheado, a casquinha faixeada, o pau santo e o

pau cetim.

ROMANTICO

FRANÇA

Estilo Restauração

O retorno da dinastia de Bourbon ao poder em 1814, quando Luis XVIII se tornou rei, iniciou o

revivalismo dos estilos clássicos que tinham sido tão queridos na côrte de seu irmão Luis XVI.

Esta moda revivalista que os outros paises da Europa seguiram também, não obrigou a uma

rendição incondicional aos estilos inspiradores, mas sim, era feita uma recreação aligeirada dos

estilos.

Mais tarde com Carlos X, aparece o revivalismo do gótico e depois o neo-Henrique II com

elementos Renascêntistas. Uma das características, talvez a mais marcante deste Estilo

Restauração, foi a inversão cromática em relação ao estilo anterior,o Império. Passa a usar-se

as madeiras de tons mais claros com ornatos de cores mais escuras.

Em França quase exclusivamente se utilizou o carvalho como madeira de base. Isto por causa

do embargo decretado por Napoleão para isolar Inglaterra e porque o mogno passou a ser

difícil de encontrar. As madeiras utilizadas na decoração eram a faia, o mogno de tons mais

claros e o pau santo no neo-gótico, o amaranto e o ácer que eram consideradas as madeiras

claras que dominaram os anos 20 do século até ao final do reinado de Louis-Philipe. A madeira

era sempre de boa qualidade e muito bem acabada.

Page 40: Artes e Ofícios Lisboa

34

As estruturas das cadeiras eram normalmente de faia, apesar de a nogueira ser algumas vezes

utilizada. Estas duas madeiras eram fáceis de tornear e serviam de boa base para a douragem.

No entanto a nogueira já não era tão popular como tinha sido no séc.XVIII em França. O

plátano, a cerejeira, o limoeiro, a laranjeira, a pereira, e o padreiro eram madeiras

indígenas também utilizadas, muitas vezes escurecidas para imitarem o mogno, assim como as

madeiras escuras como o freixo, o olmo e o bordo que eram usadas nas decorações e nas

marchetarias que eram agora retomadas como forma de decoração.

Estilo Louis-Philipe – 1830-1848

È um estilo ainda mais eclético que o anterior, e é quando se começam a acentuar os

revivalismos, que vão do neo-gótico ao neo-barroco. Estes estilos aparecem copiados,

adulterados e misturados nos ambientes. Louis-Philipe, o Rei cidadão, quando sobiu ao poder

trouxe para as esferas mais importantes gente de gostos simples e fraca cultura estética, o que

justifica o facto de não haver uma exigência estética rigorosa.

O mobiliário Louis-Philipe evoca um conforto burgês onde se misturam todas as influencias

que emergiram após a Restauração. Apesar de tudo, havia ainda neste período cuidado na

construção do mobiliário. O aumento da mecanização e da produção em pequena série por

operários sem formação especializada, provocou uma perda gradual da qualidade de

construção.

As madeiras utilizadas têm a ver com o revivalismo correspondente e por isso todos os tipos de

madeiras são usados. O carvalho para o neo-gótico; o pau rosa para o neo-Luis XV; a

nogueira para o neo-Henrique II. Para além destas continuavam a usar-se a faia, a cerejeira, o

plátano, o pau santo, o pau rosa, o ébano, a pereira escurecida e o mogno que entretanto

reaparece e é utilizado em placagem e folheados finos cortados à maquina.

Período Napoleão III

Neste período o revivalismo e o ecletismo atingem o seu apogeu. A qualidade de construção do

mobiliário decresce drásticamente. É o “pastiche” e o “kitsch” no seu expoente maximo. É

portanto o culminar do Romântismo em França.

A produção em massa faz diminuir o preço que vai também trazer uma redução da qualidade

de construção e dos acabamentos. As cópias eram feitas só pela aparência sem se reproduzirem

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as técnicas de produção originais. As madeiras utilizadas eram a nogueira, pau rosa, pau

santo, ébano, e a pereira escurecida.

INGLATERRA

Estilo Regência-(1800-1830)

O Rei Jorge IV foi um grande fomentador deste estilo que evolui do Império Francês mas que

não se pauta pela mesma austeridade. Este estilo que é indissociável da figura de Napoleão e

do carácter Francês e imperial, em Inglaterra é mais original e antecipa-se aos caprichos do

público e consegue criar-se um Império especial Inglês, com um certo carácter Inglês,

aburguesado, e por isso mais próximo do estilo Directório, que passa a ser conhecido por Estilo

Trafalgar. O mobiliário da côrte continua a sujeitar-se mais aos modelos continentais.

Em 1806 quando Henry Holland morreu deixou o estilo Regência já perfeitamente implantado

por sua influencia. Os seus projetos tinham a mesma orientação dos de Percier e Fontaine em

França . Apesar das grandes influencias do estilo Francês, o seu trabalho apresentava um toque

muito Inglês. George Smith publicou em 1808 um livro que passou a ser a bíblia do estilo

clássico da Regência.

Numa época em que os revivalismos estavam na ordem do dia, o mobiliário do Regência

constitui uma amalgama de vários estilos, dos Clássicos ao Barroco passando pelo Gótico. As

madeiras como o mogno e o pau rosa, escuras e brilhantes tinham preferência, assim como as

madeiras muito decorativas como o pau zebra e o pau rosa de Timor.

Os artesãos da época evitavam o emprego de técnicas e materiais onerosos, mas usaram

madeiras de qualidade e de boa aparência. Privilegiavam as madeiras com os veios mais

evidentes, zebradas ou satinadas, e as madeiras sarapintadas como o pau rosa de Timor e o

ácer americano, ou mosqueadas como o ácer europeu, das quais evidenciavam os seus

desenhos naturais. Os embutidos ficavam caros para a maioria das pessoas porque o número de

entalhadores estava a diminuir. Passou a juntar-se o latão que era barato com as madeiras

escuras como principal modo de decoração.

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36

Estilo Vitoriano – 1837-1901

Foi um estilo que se caracterizou pelo revivalismo, pelo ecletismo e pela utilização de novos

materiais. Foi neste período que surgiram as correntes de pensamento que levaram aos

movimentos Reformista e Estéticista.

Ainda que o gosto pelo mobiliário por volta de 1830 fosse essencialmente caótico e que

diversos estilos se sobrepusessem com pouco à vontade, a perfeição do trabalho mantinha-se a

bom nível. De novo as madeiras nativas estavam na moda, e as flores e plantas nativas

reconquistaram popularidade, em alternativa aos motivos decorativos clássicos. Era vulgar

encontrar numa casa as diferentes divisões decoradas com estilos diferentes e que se

consideravam mais próprios para determinada função. O Gótico para as salas mais utilizadas

pelos homens, o Rococó para a sala de visitas e para o toucador, etc. O Estilo Naturalista que

derivou do estilo Luis XIV, caracterizou-se por ter uma rica talha naturalista com formas

proeminentes.

A escolha das madeiras era cuidada de forma a criar diferentes estados de espírito. As madeiras

claras criavam um ambiente amigável e de bem estar para as salas de visitas e para os quartos

de dormir. O carvalho e o mogno para darem um estado de espírito de sossego nas bibliotecas,

salas de jantar e salões.

Uma característica típica do mobiliário Vitoriano da primeira fase era a forma arredondada de

quase todas as peças, independentemente do seu estilo histórico. A nogueira e a faia eram das

madeiras mais utilizadas. O ébano, o loureiro e a tília da América também se usavam. A teca

e a cânfora eram utilizadas para o mobiliário das embarcações e de viagem.

MOVIMENTO ARTS AND CRAFTS

W. Morris defendia que a arte devia ser acessível ao comum dos cidadãos, e pretendia fazer

mobiliário artístico mas pouco dispendioso. No entanto o seu mobiliário, porque fazia recurso

ao trabalho manual, às técnicas tradicionais de construção e aos bons materiais, acabou por ser

demasiado dispendioso para o cidadão comum.

Page 43: Artes e Ofícios Lisboa

37

Utilizou o ébano para folhear as cadeiras “Sussex”e o carvalho para os móveis de aparato no

estilo Gótico. Godwin utilizou também o carvalho folheado com ébano no seu mobiliário.

Mackmurdo utilizou o mogno nas cadeiras com as costas entalhadas com motivos de Arte

Nova.

ALEMANHA – ÁUSTRIA

Biedermeier

Em meados do séc.XIX (1815-1901) estamos numa época em que a burguesia quer imitar

luxuosos interiores com aparência teatral e modesta, com detalhes de falta de sofisticação e

gosto, que fazem pressentir a chegada do chamado Estilo Biedermeier, que em Inglaterra é

representado pelo Estilo Vitoriano, em Espanha pelo Isabelino e em França pelo Segundo

Império.

O nome Biedermeier provém da união do adjectivo alemão bieder , que quer dizer simples

(simplório), com um sobrenome Alemão, muito vulgar, Méier.É utilizado para designar o

mobiliário burguês produzido nas Nações de língua Alemã nas três primeiras décadas do

séc.XIX. É um estilo que se inspira fortemente no Império e nos modelos do mobiliário Inglês

e que vai produzir móveis adaptados às necessidades práticas e de conforto da burguesia. É um

Estilo adaptado a um estilo de vida mais simples visto que as côrtes da Europa estavam

despojadas devido à guerra com Napoleão e o próprio Imperador Austríaco o praticou e

estimulou.

Talvez o mais famoso desenhador de mobiliário Biedermeier seja o Vienês J. Danhauser

(1780-1829), cujas peças eram da melhor qualidade e os seus desenhos notáveis na utilização

das formas curvas abstratas. A decoração com ferragens de bronze, foi desaparecendo, dando-

se preferência às madeiras claras.

No norte da Alemanha o mogno era de utilização normal, enquanto que no sul as madeiras

mais claras e indígenas tais como a cerejeira, a pereira, a macieira, a nogueira, o freixo, o

larix, o ácer, o abeto, a bétula, o vidoeiro e o teixo eram mais usuais.

Page 44: Artes e Ofícios Lisboa

38

Mobiliario Thonet- Áustria

A industria experimental de mobiliário, que constituía um caminho paralelo em relação à

orientação geral do revivalismo histórico, utilizava novos materiais com novos processos. Os

modelos mais excitantes da industria de mobiliário deste século surgiram na Áustria onde

Michel Thonet inventou um processo industrial adaptado aos processos de produção em série,

de encurvar a madeira de faia, com as formas mais variadas, com o auxilio de calor e vapor de

água.

ESPANHA

Estilo Isabelino

O Estilo Isabelino que decorreu entre os anos de 1830 e 1870, durante o reinado de Isabel II de

Espanha, divide-se em três periodos: o primeiro chamado de “a rainha governadora”; o

segundo que corresponde à primeira época do seu reinado; e o ultimo, que é simultâneo ao

Segundo Império Francês e ao reinado da Rainha Vitória de Inglaterra,.e que vai até ao final do

seu reinado.

Na primeira fase o mobiliário tem características do Império, feito principalmente em mogno,

em que as decorações de bronze são reduzidas a desenhos muito esquemáticos ou substituídos

por filetes e marchetarias muito simples. Os cantos dos tampos e a pouca talha aparecem

dourados.

No segundo período que dura até metade do século, perduram as formas que vêm do já

degenerado Império e também do Diretório Francêses. No ultimo período inicia-se,

paralelemente a França, uma tendência a repetir os modelos dos Luises (IV, V e VI).

Constroem-se móveis em que não se distingem os estilos, misturando os motivos decorativos

uns com os outros.Fazem-se móveis ao estilo de Boulle e de Riesener.

Em suma, o mobiliário é cada mais aburguesado, modesto e repetido, uma vez que de um

modelo se fazem um número ilimitado de cópias. Os materiais são também cada vez mais

pobres e a madeira de mogno maciça é substituída pelo folheado ou faixeado a mogno

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consoante o móvel é liso ou entalhado. Os bronzes cinzelados são agora simples chapas de

latão com relevos cunhados. Há uma madeira muito rica e que alterna e substitui o mogno em

quase todas as suas utilizações que é o pau santo, o que devolve a estes móveis alguma

riqueza e nobreza. Só às vezes, nos móveis para a côrte ou para famílias mais abastadas, se

usam as marchetarias em ébano ou pau santo, buxo e limoeiro.

PORTUGAL

Em Portugal após uma fase de evidente influencia Inglêsa e a partir de 1820 adópta-se o Estilo

Biedermeier da Alemanha. De seguida começou o revivalismo dos estilos tradicionais

Portugueses do séc.XVII e XVIII.

Em Portugal houve um revivalismo marcado do Estilo Manuelino (Neo-Manuelino) que

expressa a nostalgia dessa época de glória. Tal como em toda a Europa o ecletismo era uma das

notas dominantes, em que a mistura de estilos era evidente. O Palácio da Pena é em Portugal o

paradigma do Romântico.

As madeiras utilizadas eram diversas consoante os diversos revivalismos, embora a preferência

fosse por madeiras escuras. O carvalho, o castanho, a nogueira e o mogno continuam a ser

usadas, assim como o pau santo em todas as suas variedades.

SÉCULO XX

Durante a segunda metade do séc.XIX e durante o séc.XX, em que o mobiliário passa a ser

para todas as classes sociais, sucedem-se uma série de tentativas e movimentos de criação e

produção de mobiliário, que se sucedem tão rapidamente, com a utilização de novos materiais

que não a madeira,que se torna impossível tentar caracterizá-los a todos. Nem isso caberia no

âmbito deste trabalho, que pretende abordar as madeiras utilizadas. Ainda mais que com a

introdução de novos materiais, agora a madeira deixa de ter o estatuto de exclusividade, que

teve outrora na construção do mobiliário. A madeira perde a importância que tinha, passando a

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40

ser substituída por materiais alternativos e sucedâneos da madeira mais propícios à fabricação

industrial em massa.

Por estas razões e outras ainda que são explicadas na introdução, decidiu terminar-se aqui a

resenha histórica da utilização da madeira na manufatura do mobiliário.

Page 47: Artes e Ofícios Lisboa

41

22ªª PPAARRTTEE

AA MMAADDEEIIRRAA

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42

O QUE É A MADEIRA

É o tecido de suporte de uma árvore. Trata-se de uma porção da matéria de uma árvore que é

constituída pela parte lenhosa e por matéria orgânica. As madeiras são constituídas por celulose,

hemicelulose e lenhina, e em menores quantidades, gomas e resinas e substâncias extrativas como

os fenóis e os taninos os quais diferem na sua quantidade e composição consoante a espécie. Estes

conferem a cada espécie características físicas diversas, como a cor, o brilho, o cheiro, a

densidade, a dureza, conservação, resistência ao ataque de organismos, facilidade em serem

trabalhadas etc. A madeira é utilizada pelo homem desde tempos imemoriais com diferentes

finalidades, sendo a que nos interessa agora a utilização na manufactura do mobiliário.

Matéria nobre, quente e rica, estimula desde há séculos o artesão, desafiando-o a tirar o melhor

partido das suas qualidades e a pôr em evidencia a sua beleza.

COMO SE FORMA A MADEIRA

A madeira desenvolveu a sua textura como parte funcional de uma planta, e não como material

desenhado para servir as necessidades de um carpinteiro/artesão. Assim, para poder trabalhá-la

com sucesso, é preciso saber como a madeira se desenvolve na natureza.

Numa floresta uma árvore nasce de uma semente. Ano após ano vai crescendo em altura e largura

até chegar à maturidade. As raízes, que absorvem água e sais minerais do solo, e as folhas, que

retiram compostos de carbono do ar, encarregam-se de a alimentar. Em cada primavera e verão,

ela forma um novo anel de crescimento que envolve os outros formados em anos anteriores. Em

anos bons de calor e humidade, os anéis serão mais espessos, ao contrario dos anos em que há seca

ou temperaturas baixas, em que os anéis serão mais finos. Cada episodio da vida de uma árvore

será gravado na madeira dos seus troncos. Quando a árvore atinge a maturidade, floresce e dá

sementes. Todos os anos se vai repetindo este processo até que a árvore morre ou alguém a abate.

Uma árvore funciona como uma fábrica biológica, em que um dos produtos é a madeira. As

matérias primas são a água, os nutrientes fornecidos pelo solo, o anidrido carbónico (CO2) do ar e

a luz do sol. Os produtos são os constituintes orgânicos (carboidratos, resinas e taninos) do tronco

e ramos das raízes e das folhas. O subproduto é o oxigénio que é restituído ao ar e que para a

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43

Humanidade é tão importante. As raízes estão ligadas às folhas através de vasos que percorrem o

tronco, em sentido ascendente uns e em sentido descendente outros, transportando a seiva. A seiva

bruta é uma solução em água de sais minerais absorvidos nas raízes e transportados até às folhas

pelos vasos ascendentes, que se encontram na madeira mais recente. Por um fenómeno de

capilaridade, provocado pela transpiração ao nível das folhas nos estomas, a seiva bruta,

contrariando a força da gravidade, chega às folhas. Os estomas têm a função de controlar a

transpiração e, na ausência de luz, são responsáveis pela eliminação do vapor de água resultante

da respiração. É por isso que a temperatura também é importante neste processo, porque quanto

mais alta for a temperatura (até certos limites, dependendo da espécie,) maior vai ser a evaporação

nas folhas e maior vai ser a velocidade de ascensão da seiva e mais rápida a produção da seiva

elaborada através da função clorofilina das folhas. Portanto, mais rápida vai ser a acumulação de

reservas e por isso o crescimento.

Água e minerais Raízes

Tronco

Oxigénio

Dióxido de carbono

A seiva das raízessobe pelo borne

O câmbio fica entre o entrecasco e o borne; é a zona de crescimento

Borne

Casca

O cerne dá resistência à árvore

O entrecasco transporta os nutrientes das folhas para as raízes

Copa

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A fotossíntese é um processo através do qual as células das folhas, especializadas na função

clorofilina, conseguem combinar o carbono do CO2 com os constituintes da seiva bruta, utilizando

a energia da luz, para a transformarem em seiva elaborada. A seiva elaborada desce pelos vasos

descendentes, que se encontram junto à casca, e vai servir para alimentar os tecidos vivos da

árvore e para ser acumulada como reservas no parênquima dos troncos e das raízes. Estas reservas

servem para manter as funções vitais da árvore no inverno, quando o crescimento pára ou é

reduzido em condições climáticas adversas. Deve referir-se que as árvores na ausência de luz em

vez de utilizarem a função clorofilina, utilizam a respiração através da qual consomem oxigénio e

libertam CO2. É através destes processos que as árvores formam a madeira, em conseqüência do

seu processo de crescimento.

ESTRUTURA ANATÓMICA

A anatomia da madeira pode ajudar-nos a compreender o seu comportamento e a fazer a sua

identificação.

TERMOS UTILIZADOS

-Cerne, duramen ou coração: parte interna do lenho que está envolvida pelo borne, geralmente

mais escura e durável que aquele. É a parte do lenho mais apreciada para o trabalho da

marcenaria.

-Borne, alburno ou carnaz: parte externa do lenho que está entre o cambio vascular e o cerne,

geralmente mais claro e de menor duração que aquele.

-Lenho: conjunto do cerne e do borne.

-Câmbio vascular: assentada geradora de células, que envolve o lenho e está envolvido pela

casca.

-Raios lenhosos: são toalhas de células de parênquima orientadas perpendicularmente ao eixo do

tronco e empilhadas umas por cima das outras.

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45

-Prosênquima: é um tecido com células alongadas, que podem ter funções de suporte, de

transporte ou as duas em conjunto.

-Parênquima: é um tecido de células curtas de parede celular pouco espessa destinadas a fazer a

acumulação e distribuição dos hidratos de carbono, e que se encontram disseminadas no

prosênquima.

-Traqueídos: célula do prosênquima, longitudinal ou radial.

-Folhosa- arvore de folha caduca de folhas planas e geralmente largas da classe das

Dicotiledóneas como o carvalho, o castanho e a nogueira. (Madeiras duras)

-Resinosa- árvore de folha persistente do tipo agulha da classe das Coníferas como o pinheiro, o

abeto e o cipreste. (Madeiras brandas)

TIPOS DE CORTES QUE SE PODEM FAZER NUM TRONCO

-corte transversal: corte feito transversalmente (na perpendicular) á direção geral das

fibras. Ou seja, é o corte feito na perpendicular do eixo do tronco

BORNE

MADEIRA DOCERNE

Crescimentoanual

Raio lenhoso

-corte longitudinal:

-tangencial: corte feito na longitudinal do eixo do tronco, mas perpendicularmente

a um corte radial.

Crescimento anual

Raio Lenhoso

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-radial: corte feito na longitudinal do eixo do tronco, mas que passa pelo eixo ou

medula.

Madeira doCerne

Raio LenhosoCrescimentoanual

Os cortes feitos nestes três planos possibilitam a identificação das madeiras através do arranjo dos

componentes estruturais do lenho. Cada espécie tem o seu próprio arranjo estrutural, que pode

variar com as condições em que a árvore cresceu. A madeira de cada espécie é sempre constituída

pelo mesmo tipo de células associadas de maneira idêntica e cada árvore é dotada de uma

arquitetura (plano lenhoso) que lhe é própria.

ANÉIS DE CRESCIMENTO

Nos cortes transversais podem apreciar-se os anéis concêntricos de crescimento anual, os quais

vão alternando anéis mais claros com anéis mais escuros. Os mais claros correspondem ao

crescimento de primavera desse ano. Quando a primavera chega aparecem novos rebentos, e isto

faz com que haja uma maior necessidade de seiva. O câmbio vascular responde produzindo uma

camada de madeira nova constituída por vasos de paredes finas e com grande espaço interior para

facilitar a circulação da seiva. À banda circular de madeira que resulta deste processo chama-se

madeira de primavera.

Diagrama de um segmento em cunha de um ramo de 5 anos de folhosa

CâmbioAnel de

crescimento

Entrecasco

Madeira de Outono

Cerne

Raios

Borne

Madeira dePrimavera

Secção Radial

SecçãoTangencial

Secção transversal

Medula

Page 53: Artes e Ofícios Lisboa

47

Quando o outono chega, o câmbio vascular subitamente muda o tipo de madeira que produz. A

maior parte da seiva que a arvore precisa pode circular pela madeira de primavera, mas o tronco

precisa agora de mais apoio estrutural porque se tornou mais pesado e maior. Assim, durante o

outono, o câmbio produz fibras com as paredes grossas e as cavidades pequenas. Em resultado

disso, a madeira de outono é mais escura, pesada e forte.

Considera-se aqui que a primavera é o período mais propício ao crescimento rápido e o outono o

de crescimento mais lento, mas isto depende do clima e pode variar ao longo do ano em climas

tropicais, onde pode haver mais do que um período de crescimento activo. Portanto, quando se

aprecia os anéis de crescimento, devemos sempre reportarmo-nos ao clima em questão.

O VEIO DA MADEIRA

A palavra veio é utilizada para indicar o contraste entre a madeira de primavera e a madeira de

outono. Quando a diferença é nítida, diz-se que a madeira tem um veio irregular (p. ex. pinho

amarelo). Quando se nota pouco contraste, a madeira é de veio regular (p. ex. tília). Entre estes

pólos, há designações intermédias, como por exemplo. veio bastante regular ou veio pouco

irregular.

MADEIRA DO CERNE E MADEIRA DO BORNE

Como já se referiu, toda a madeira é feita para transportar seiva. Assim, a madeira começa por ser

madeira de borne. Com o passar dos anos, as células da zona mais central perdem a sua atividade

biológica e funcional, deixando a seiva de circular; a sua cor torna-se mais escura por acção dos

taninos. À medida que o tronco se torna mais largo e pesado, a zona mais central deixa de servir

para essa finalidade, mas passa a servir para a função de suporte. As alterações químicas que se

dão nos anéis de crescimento mais centrais transformam a madeira de borne em madeira de cerne.

Esta madeira é mais escura, forte e resistente ao ataque de organismos estranhos. As substâncias

que se formam nas alterações químicas referidas podem também mudar as propriedades da

madeira. Nalgumas espécies, reduzem a permeabilidade do tecido da madeira, tornando a secagem

do cerne mais lenta, e a sua impregnação com produtos químicos mais difícil. Essas substâncias

podem tornar o cerne um pouco mais denso do que o borne, e um pouco mais estável em relação à

oscilação das condições de humidade. Quando o borne se torna cerne, nenhuma célula é retirada

ou adicionada. A resistência básica da madeira não é afetada. No borne a seiva circula, de forma

que quando a árvore é abatida, essa zona do lenho tem seiva e água que propiciam o ataque de

organismos que dela se alimentam. Há madeiras que apresentam grandes diferenças de coloração

entre o cerne e o borne e outras em que não existe essa diferença.

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TIPOS DE MADEIRAS

MADEIRAS BRANDAS

A madeira das Coníferas (resinosas), ou seja das árvores com folhas em agulha, é chamada de

madeira branda, por regra geral se tratar de uma madeira relativamente macia e fácil de trabalhar.

A estrutura das madeiras brandas é relativamente simples, quando comparada com as madeiras

duras. A maioria das células encontradas em madeiras brandas são traqueídos que constituem 90 a

95% do volume da madeira. Traqueidos são células fibrosas que têm de comprimento

aproximadamente 100 vezes mais do que têm de diâmetro. Segundo as espécies, o seu

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comprimento pode variar entre 2 e 6 mm. Na madeira de primavera, os traqueídos são mais

amplos no diâmetro e de membrana mais fina; na madeira de outono a membrana torna-se mais

grossa e o diâmetro é mais reduzido. Esta variação entre madeira de primavera e madeira de

outono determina a regularidade ou irregularidade do veio. Uma consequência típica de um veio

irregular é a inversão da cor no acabamento. Isto acontece em espécies em que a madeira de

primavera é mais clara e mais porosa que a madeira de outono. Por isso, a primeira absorve o

acabamento com mais facilidade, ficando por sua vez mais escura depois da aplicação do

acabamento.

MADEIRAS DURAS

É a madeira das árvores de folha larga e plana. É uma madeira que normalmente é mais forte e

densa que a madeira das resinosas. Estas madeiras têm uma estrutura anatómica semelhante

mas mais complexa que a das madeiras brandas.

Ao comparar a anatomia das madeiras duras com a das madeiras brandas, uma série de

diferenças gerais tornam-se evidentes. A maioria das madeiras não dispõe de canais de resina,

mas de uma maior variedade de células e maior variação na sua disposição. As madeiras

duras, geralmente assumidas como sendo mais tardias na sua evolução do que as madeiras

brandas, desenvolveram os vasos, umas células especiais que servem à função de conduta e

suporte. Os vasos são extremamente largos no diâmetro, mas com membranas relativamente

finas. As suas pontas são abertas e encostadas ao próximo vaso, de forma a permitir o

transporte contínuo da seiva. Os vasos variam no seu tamanho tanto de espécie para espécie,

como dentro delas.

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As fibras, por seu lado, são estreitas no diâmetro, com pontas fechadas e membranas fortes.

Com estas características, não têm função de transporte, servindo sim para fortalecer a

madeira.

Quando os vasos são cortados de forma transversal, a ponta exposta é designada por poro.

Uma vez que todas as madeiras duras possuem vasos elas são também designadas por

madeiras porosas, ao contrário das madeiras brandas que são madeiras não-porosas.

O tamanho, o número e a distribuição dos vasos e das fibras são determinantes no aspecto e na

dureza de cada espécie. Em algumas espécies, os poros são concentrados na madeira de

primavera. Este tipo de madeira é caracterizado como sendo de poro anelar (p. ex. freixo).

Este tipo de estrutura causa, normalmente, um veio da madeira bastante irregular, assim como

um desenho distinto. A capacidade de absorção do acabamento torna estas camadas de poro

anelar ainda mais salientes. Outras madeiras duras – tais como cerejeira, ácer, bétula, tília ou

choupo – apresentam uma distribuição dos poros bastante regular, razão pela qual são

designados por madeiras de poros difusos. Nas madeiras duras, o tamanho dos poros

determina a textura.

Além dos vasos, os outros tipos de células longitudinais que aparecem (fibras, traqueídos,

etc.), são de pequeno diâmetro e uniformes, e não se distinguem na sua forma individual, mas

apenas em conjunto. Um conjunto de fibras parece normalmente mais escuro, um conjunto de

traqueídos mais claro. Estas disposições podem ajudar na identificação da madeira.

A estrutura radial pronunciada de algumas madeiras é importante para o artesão, pois

representam zonas de fraqueza estrutural da madeira. Por outro lado, as zonas radiais podem

conferir um desenho interessante à superfície da madeira (p. ex. a superfície radial do

padreiro).

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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS Algumas características físicas, como a cor, o brilho, o cheiro e a dureza podem ser detectados por

simples observação e manipulação de uma peça de madeira. Outras características, especialmente

as químicas, só se revelam mediante testes indiretos. Ambos os tipos de características constituem

um complemento importante das características morfológicas e histológicas da madeira, sendo

mesmo suficientes nalguns casos para a identificação definitiva.

COR

É a característica que primeiro se percebe numa amostra de madeira. É devida à deposição de

pigmento durante a formação do cerne. De facto, a matriz da madeira, constituída por celulose e

lenhina, não tem grande intensidade cromática, daí que qualquer cor específica seja associada ao

cerne. Portanto, uma coloração marcada corresponde sempre ao cerne, mas uma coloração clara

ou inexistente tanto pode corresponder ao cerne como às camadas mais superficiais, condutoras de

seiva do tronco, o borne. Muitas madeiras são conhecidas pelas suas cores características do cerne:

o castanho-chocolate do castanheiro negro, o vermelho-púrpura escuro do juníperos, o negro do

ébano, o quase branco do azevinho, etc.

Nalgumas espécies, a cor é relativamente constante, contudo, noutras, os tons podem variar

muito, como é o caso da cerejeira negra, cuja cor pode ir da cor de canela clara até ao vermelho-

acastanhado escuro. Por outro lado, algumas espécies podem apresentar zonas de diferente

coloração dentro da madeira: o choupo amarelo, cujo borne é branco-creme uniforme e o cerne

caracteristicamente verde, pode apresentar zonas avermelhadas, castanhas a negras ou listadas de

combinações destas cores.

Algumas madeiras sofrem alterações cromáticas significativas com a idade ou a exposição,

como é o caso do mogno, que é castanho claro com um tom rosado quando está recém-

cortado, e que com o tempo adquire um tom vermelho acastanhado escuro. A coloração pode

depositar-se em padrões irregulares, dando à madeira um aspecto característico. A este

aspecto chama-se imagem pigmentar. Uma escala de referência de madeiras de cor diferente é

útil para avaliar mais objectivamente a cor da madeira.

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BRILHO

É a medida da reflexão da luz à superfície da madeira. Varia dentro da mesma espécie e também

com a direcção do veio na mesma peça. Um brilho marcado ou a ausência deste podem ser úteis

na identificação. Dentro das coníferas, o espruce é conhecido pelas suas superfícies longitudinais

brilhantes, o que o diferencia do pinho branco ou do abeto, com os quais é frequentemente

confundido.

PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO

Quase todas as madeiras podem ser acabadas à máquina de modo a apresentarem uma superfície

lisa. Contudo, ao corte acabado de fazer, algumas têm um toque único ou característico. As

madeiras mais densas e duras apresentam-se lisas e escorregadias ao toque, enquanto que as

menos densas têm um toque macio e mais seco.

CHEIRO

O odôr é uma característica importante de identificação, porque é distinto e constante. Dentro das

coníferas, o cheiro a pinho inclui o abeto, o cedro de incenso, o cedro amarelo do Alaska e os

juníperos. A teca e o sassafrás também têm cheiros muitos característicos. Dum modo geral, o

cheiro da madeira é mais intenso após corte recente e pode ser intensificado humedecendo as

superfícies. Se o cheiro for conferido por substâncias do cerne, este tem um odor mais intenso que

o borne. Exatamente o contrário acontece quando o cheiro resulta da resina, como é o caso dos

pinhos, em que o borne tem um cheiro mais acentuado que o cerne. Deve ter-se em atenção que o

cheiro pode ser transferido entre peças de madeiras diferentes armazenadas juntas.

DENSIDADE E PESO ESPECÍFICO

A densidade é o indicador mais importante da resistência da madeira e pode, por isso, fazer prever

características tais como a dureza, a facilidade com que a madeira aceita intervenções mecânicas,

ou ainda a resistência aos pregos. Geralmente, as madeiras densas cedem e absorvem humidade

com mais facilidade e apresentam, habitualmente, mais problemas na secagem.

A densidade é a massa por unidade de volume, expressa em gramas por centímetro cúbico. A

água tem uma densidade de 1 g/cm3. O peso específico (PE) é a medida da densidade de uma

substância relativamente àquela da água. As madeiras mais densas que a água têm um PE

maior que 1 e afundam-se quando imersas, enquanto que as madeiras leves têm um PE menor

que 1 e flutuam na água quando secas.

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DUREZA

Está relacionada de perto com a densidade: as madeiras de densidade elevada são mais duras e as

de densidade baixa são mais macias. O método de medição da dureza da madeira exige

equipamento específico, mas pode ter-se uma idéia empírica do grau de dureza de uma amostra,

com o teste da unha do polegar. Esta entra mais profundamente na madeira quanto mais macia

esta for e vice-versa. Também se pode estimar a dureza e densidade de uma amostra durante o

corte com lâmina de barbear para o exame da estrutura superficial.

FLUORESCÊNCIA

Algumas madeiras emitem fluorescência quando expostas à luz ultravioleta ou “luz negra”.

Nalguns casos, as madeiras que fluorescem podem ser imediatamente diferenciadas das que o não

fazem. A resposta fluorescente diminui com o tempo nas superfícies cortadas, daí que se devam

ter cuidados especiais com uma superfície fresca para testar a fluorescência. As escalas de

referência são típicas para cada espécie, mas podem observar-se variações de brilho e intensidade

de fluorescência em amostras individuais da mesma madeira.

TESTES QUÍMICOS

A maioria dos testes usada individualiza propriedades das substancias que se desenvolveram no

cerne. O teste mais simples consiste em imergir aparas em água e observar se libertam alguma cor

para a solução.

Um tipo mais sofisticado de testes consiste na aplicação de um reagente à superfície da madeira e

observar se ocorre alguma reacção de mudança de cor. Por exemplo para distinguir Abies

lasiocarpa de Abies amabilis, que são duas espécies diferentes de abeto, usa-se o reagente de

Ehrlich (constituído por um grama de p-dimetil amino benzaldeido em 23 mililitros de álcool

etílico, adicionado de 2 mililitros de ácido clorídrico concentrado), aplicado sobre uma superfície

de corte recente. Uma reação positiva, revelada pelo desenvolvimento de cor rôxa é indicativa de

Abies lasiocarpa. Quando se aplica uma solução aquosa saturada de sulfato de ferro ao ácer

vermelho, desenvolve-se uma cor preto-azulada, enquanto que no ácer das rochas se desenvolve

uma cor esverdeada.

A análise química das substancias da madeira envolve processos muito mais complicados, mas

pode fornecer informações valiosas sobre a diferenciação de madeiras muito similares e é um

campo em expansão. Contudo, a quimiotaxonomia das madeiras não conseguiu até hoje

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ultrapassar o papel da avaliação das características físicas e anatómicas, no sentido de diferenciar

madeiras idênticas.

CARACTERISTICAS PARTICULARES

O ASPECTO DA MADEIRA

A apreciação e a compreensão do aspecto superficial da madeira levam-nos novamente para a

estrutura anatómica e as funções fisiológicas da árvore e, visto que o aspecto é um dos valores

principais para o artesão, este assunto merece uma especial atenção.

TIPOS DE CORTE

O aspecto visual da madeira é o resultado da combinação de feições anatómicas particulares e da

orientação da superfície como resultado da corte. As tábuas são cortadas de forma a produzir todas

as orientações superficiais, desde o corte em paralelo aos cortes radial, oblíquo, cilíndrico, etc.

Corte de extremo a extremo

Corte simp les

Corte em quartos rad ial

Corte em quartos

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VEIOS

O aspecto visual provém da variabilidade da estrutura normal da madeira, nomeadamente dos

anéis de crescimento e dos raios medulares. Quanto mais irregular o veio e maiores e mais

evidentes os raios, tanto mais distinto se torna o desenho.

A direcção do veio, ou seja, a direcção das células longitudinais do tronco de uma árvore vulgar é

mais ou menos direita, com algumas variações da forma geométrica rigorosa. A madeira de

determinadas zonas da árvore pode apresentar desenhos interessantes em consequência de uma

distorsão do veio, por exemplo em zonas de bifurcação da árvore. Nalgumas espécies, um desvio

da estrutura normal pode ocorrer, ou como característica comum, ou como excepção, produzindo

um desenho interessante e atractivo na madeira (p. ex. no ácer, especialmente apreciado para as

costas dos violinos). As excrescências formadas pelas árvores nos seu tronco e por vezes também

nos ramos podem resultar em figuras atraentes, principalmente quando aplicadas como folheado

COLORAÇÃO

Um aspecto diferente pode também ser consequência de uma coloração irregular. Normalmente,

as colorações do cerne das madeiras duras são preferidas à coloração do seu borne. NÓS

Enquanto que algumas irregularidades da madeira podem aumentar o seu valor, por exemplo

quando originam um aspecto distinto, há tipos de irregularidade que apenas o reduzem.

Normalmente considera-se toda a irregularidade que reduz o valor da madeira como defeito.

Todavia, é discutível se todos os nós deveriam ser considerados um defeito, visto que há muitas

peças bonitas apesar de terem nós, ou até porque os têm. Os nós podem ser considerados defeitos

porque dificultam o trabalho das madeiras e podem provocar aspectos visuais desagradáveis.

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IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS

Considerando que existe uma muito vasta gama de madeiras diferentes, não é fácil acertar na sua

identificação. Embora se consiga identificar algumas madeiras à primeira vista, o principiante

neste jogo fascinante devia ter a consciência de que algumas madeiras são de difícil identificação,

mesmo para os especialistas que têm sofisticados equipamentos ao seu dispôr. Todavia, a grande

maioria das madeiras encontra-se entre estes dois pólos, permitindo que se consiga identificá-las

através de uma análise e comparação sistemáticas de características bem definidas.

Com uma observação diligente das características da madeira, principalmente no que se refere

àquelas encontradas na superfície do corte transversal, qualquer pessoa pode aprender distinguir as

características das madeiras comuns.

Convém encarar métodos seguros. Um deles é o estudo das características anatómicas, a partir de

um corte transversal limpo, de preferência com a ajuda de um dispositivo de ampliação. O método

mais seguro é a observação de secções muito finas através do microscópio.

Para o artesão comum, uma identificação baseada nas características macroscópicas (aquelas que

podem ser visualizadas sob ampliação pequena) pode ser o suficiente. A vantagem reside no

equipamento simples e que, no entanto, ajuda a identificar um número de madeiras muito superior

à que é possível identificar a olho nu. As características estáveis e únicas que se podem encontrar

na madeira dura tornam a identificação macroscópica bastante eficiente. A lupa com uma

ampliação de dez vezes é o instrumento padrão que é, às vezes, fornecido com luz incorporada.

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O que mais prejudica o trabalho de identificação é um corte mal feito. Para poder ver a estrutura

celular de forma nítida, o corte transversal tem que ser feito com um corte plano e limpo, de

preferência sem ferir a disposição das células. A área do corte pode ser pequena, dentro de um

anel de crescimento. Um canivete afiado ou uma lâmina industrial servem para executar o corte.

A maioria das madeiras pode ser cortada no seu estado normal, embora possa ser útil humedecer

algumas delas, ou ensopar as mais difíceis em água quente. É mais difícil executar um corte limpo

nas superfícies transversais do que nas superfícies radial e tangencial. Em madeiras de veio

irregular, é importante que a lâmina trabalhe perpendicularmente em relação aos anéis de

crescimento, para que a lâmina passe por quantidades iguais de madeira de primavera e de

madeira de outono em qualquer momento do corte.

O QUE SE DEVE ANALISAR

As características estruturais pertinentes:

– Borne/Cerne: quando uma peça de madeira tem tanto borne como cerne, esta combinação

é normalmente reconhecível. Se apenas um dos dois está presente, uma cor distinta ou

escura pode indicar uma madeira dura, e uma cor neutra ou clara uma madeira branda.

– Anéis de crescimento: a espessura dos anéis de crescimento é por vezes uma

característica própria (p. ex. os anéis de crescimento de um pinheiro “ponderosa” são

tipicamente estreitos, enquanto os anéis de um salgueiro são normalmente largos).

A regularidade do veio é habitualmente uma característica que identifica uma espécie.

Um outro dado importante é a forma de transição abrupta ou gradual entre madeira de

primavera e madeira de outono.

– Textura: a textura refere-se aos diâmetros relativos dos traqueídos nas madeiras brandas

ou ao tamanho relativo dos poros nas madeiras duras. Os termos usuais que se utilizam na

classificação são textura fina, média ou grossa.

– Canais de resina: os canais de resina podem ser encontrados em quatro géneros de

madeira branda – pinheiros, abetos, lariços e abeto “Douglas”. O número, a distribuição e

o tamanho dos canais de resina são características utilizadas na identificação.

– Poros: nas madeiras duras, o tamanho reduzido, a distribuição, a disposição e a

abundância são ajudas importantes na identificação. A distribuição dentro dos anéis de

crescimento é um factor a considerar, bem como os agrupamentos encontrados nos cortes

transversais.

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– Células do parênquima: devido ao seu tamanho diminuto, as células do parênquima não

podem ser detectadas com a lupa, mas apenas em formações em linha ou manchas com

formas ou cor características.

– Raios: na madeira branda, os raios não são uma característica distinta que se possa ver no

exame macroscópico. Na madeira dura, o seu aparecimento é importante a todos os três

níveis, ou seja: no corte transversal o seu tamanho, número e espaçamento; no corte

tangencial a altura do raio e a sua relativa distribuição; e no corte radial as possíveis

manchas.

FORMA DA MEDULA

Em secções transversais, a medula nem sempre é redonda. No freixo, tília americana e ácer

é tipicamente elíptica. No amieiro, faia e vidoeiro é triangular. Nos carvalhos forma uma

estrela de cinco pontas e é quadrada na teca.

Aspecto da medula de carvalho, em forma de estrêla de 5 pontas

A medula varia em coloração desde quase branca até castanho escura ou quase negra. Pode

ser sólida, porosa ou esponjosa. Algumas medulas têm câmaras, com áreas ocas rodeadas

por paredes cruzadas e outras são completamente vazias.

PROBLEMAS NA IDENTIFICAÇÃO DA MADEIRA NO MOBILIÁRIO

A identificação tem um papel importante na oficina do conservador/restaurador. Para poder

preencher uma lacuna numa cadeira devemos saber de que madeira a cadeira é feita. No exame

parte-se do princípio que o profissional conheça as distinções básicas entre as madeiras, bem

como as suas propriedades anatómicas e macroscópicas.

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A identificação das madeiras de uma colecção de mobiliário é um desafio complicado,

comparativamente à análise de amostras de troncos ou toros. De facto, as amostras têm que ser

recolhidas de modo oculto para não danificar os móveis.

Devem estudar-se profundamente as características da superfície da madeira. Por outro lado, as

características físicas, como o peso, cor, regularidade do poro e proeminência dos veios tomam

especial importância. Felizmente, em madeiras como o carvalho e a faia, que têm veios muito

discretos, as velaturas ou tintas antigas ajudam a evidenciar os veios.

A rotina de inspeção de uma peça de mobiliário começa por decidir que partes são feitas da

mesma madeira e quais são diferentes. Seguidamente, faz-se um plano de amostragem para se

observar ao microscópio um número representativo de amostras de cada espécie, retiradas de

locais que não danifiquem o móvel, tais como debaixo de um pé, debaixo de uma gaveta ou do

encaixe de uma fechadura.

Determinadas características básicas de uma peça deveriam ser anotadas logo, na altura do seu

exame (madeira branda ou madeira dura, regularidade do veio, tilo nos poros, disposição do

parênquima, tamanho dos raios, etc.). Assim, a lista de possibilidades é encurtada

O exame chega normalmente a uma das seguintes situações:

1. A madeira parece pertencer a uma determinada espécie, devido a características que o

observador, baseado em experiências anteriores, reconhece como sendo específicas dessa

espécie. A comparação com uma amostra ou uma descrição escrita pode ajudar a

confirmar a opção ou a rejeitá-la.

2. A madeira pertence provavelmente a uma de quatro espécies. Mais uma vez, estas

possibilidades deviam ser confrontadas com amostras e descrições, com especial atenção

as características que distinguem as espécies entre si. Neste processo, o observador

processa mentalmente uma série de chaves até chegar a uma conclusão.

3. As características não permitem chegar a nenhuma conclusão, ou seja, a madeira não é

familiar ao observador. Neste caso aconselha-se o uso das chaves de identificação. Depois

de ter chegado a uma conclusão, esta deveria ser confrontada com amostras (se

disponíveis), descrições escritas e fotografias. Deve estar-se atento à possibilidade de a

madeira não fazer parte de nenhuma das chaves utilizadas.

As impressões visuais podem ser muito enganadoras e por isso a observação microscópica

funciona sempre de rede de segurança. É sempre prudente proceder ao exame microscópico,

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mesmo quando as características macroscópicas são fortemente indicativas de um dado tipo de

madeira.

TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO

Não existem técnicas melhores ou únicas para a identificação de madeira. O que se aplica

depende, tanto do grau de dificuldade que uma determinada madeira oferece, como da perícia da

pessoa.

As ajudas disponíveis incluem, amostras de madeira para comparação visual directa (todavia o seu

utilizador não sabe em que medida a amostra é típica), manuais (informação sistematizada),

fotografias com as características das madeiras (boas ampliações da estrutura da madeira podem

ser tão boas como amostras), e chaves de identificação. Cada uma delas tem vantagens e

desvantagens.

O uso de uma chave de identificação pode ser imaginado como uma árvore de informação.

Através de bifurcações, a árvore está continuamente subdividida e a identidade de uma

determinada espécie é encontrada no topo de um dos ramos. Em cada bifurcação decide-se qual a

característica mais condizente com a madeira que se está a analisar, para seguir neste ramo até a

próxima bifurcação. No entanto, há neste método duas desvantagens importantes. A primeira é

que quando nos enganamos numa bifurcação, podemos seguir um caminho errado sem nos

apercebermos disso. A segunda é tentar identificar uma madeira que não faz parte da chave. Por

isso, a selecção de uma boa chave é importante, isto é, que seja detalhada e abrangente.

CHAVES PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS

As pessoas com prática identificam as madeiras observando algumas características da madeira

em questão. Uma só característica normalmente não é suficiente, embora algumas delas sejam tão

evidentes e próprias de determinada madeira, como a cor ou o peso ou a dureza, que possam

sugerir um nome. Mas é sempre de aconselhar encontrar outras características para confirmar.

As chaves de identificação ajudam no processo de apreciação tendo por base as características

físicas das madeiras e pode entrar-se através de qualquer característica que seja mais evidente.

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CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICA NOMES CIENTÍFICOS

Todas as árvores têm um nome científico em Latim dado pelos Botânicos que as estudaram e

identificaram. Os nomes científicos têm três partes. A primeira palavra escrita com a inicial

maiúscula refere-se ao Género ou grupo de árvores semelhantes. A segunda palavra escrita com

letras minúsculas refere a Espécie ou tipo de árvore. Estas duas palavras devem ser escritas em

itálico porque são designações em Latim. A terceira palavra que é escrita em Romano com a

inicial em maiúscula e muitas vezes abreviada, refere o nome do Botânico ou da autoridade que

atribuiu os nomes de Género e de Espécie.

A abreviatura “sp.” em Romano que aparece por vezes a seguir ao nome de espécie refere o facto

de apenas o Género ser conhecido com segurança e quer dizer espécie incerta. Quando existem

mais do que uma espécie envolvida usa-se a abreviatura “spp.”.

O conhecimento dos nomes científicos é importante por duas razões: em primeiro lugar, porque o

nome comum da árvore pode ser diferente da madeira comercializada, e em segundo, porque há

uma grande inconsistência nos nomes comuns. Uma determinada espécie é capaz de ter vários

nomes comuns, especialmente quando provem de diferentes locais.

A MADEIRA E A HUMIDADE

Praticamente todas as pessoas sabem por experiência própria que a interacção entre madeira e a

humidade do ar leva à madeira a encolher ou a inchar. A gaveta que prende ou a ferramenta com

um cabo solto são apenas dois exemplos para a reacção da madeira em relação às mudanças na

humidade do ar. Embora possam surgir outros problemas, como por exemplo a descoloração

devido a uma infestação de fungos ou falhas na colagem, as maiores dificuldades para o artesão

prendem-se com as alterações na dimensão.

Após o abate, a estrutura celular da madeira está cheia de água e é preciso atingir dois

objetivos.Um deles é secagem da madeira, ou seja o seu pré-encolhimento para um teor de

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humidade igual ao do ambiente onde se encontra. O outro é o controlo de qualquer subsequente

ganho ou perda em humidade a fim de reduzir a possibilidade de alterações dimensionais.

Para poder superar eventuais problemas, o artesão deve estar ciente do processo de secagem

inicial da seiva na madeira recém-cortada, bem como do contínuo intercâmbio de humidade entre

a madeira e o seu ambiente circundante. Para isso convém esclarecer alguns termos deste

relacionamento complexo.

Teor de humidade: é a medida da percentagem do peso de água numa determinada peça de

madeira em relação à mesma madeira enquanto totalmente seca. Esta relação é normalmente

expressa como percentagem de humidade.

Humidade: é um termo geral que se refere à água no estado de vapor contida no ar atmosférico.

Humidade absoluta: é a quantidade efectiva de água que o ar contem e é medida em gramas de

água por metro cúbico de ar.

Humidade relativa: é a razão entre a quantidade de água que o ar contem a uma determinada

temperatura e a quantidade máxima de água que o ar poderia conter a essa mesma temperatura. Ou

seja quando o ar estivesse saturado com água.

Quanto mais elevada for a temperatura maior será a quantidade de água que o ar pode conter. Por

isso é que, quando o ar arrefece, perde água, condensando-a nas superfícies.

Água retida: é a água retida nas paredes celulares por fortes forças de atracção.

Água livre: é a água contida e não retida nas cavidades celulares.

A água livre é a primeira a ser perdida pela madeira, mas esta só pode considerar-se

completamente seca quando perde a água retida. Somente quando a madeira começa a perder a sua

água retida é que começa a encolher e a tornar-se mais dura.

Para que a madeira perdesse toda a sua água era necessário que fosse colocada num ambiente com

uma humidade relativa de 0%. Se a humidade relativa for de 100%, a madeira não perderá

humidade nenhuma. Como normalmente colocamos a madeira em ambientes em que a humidade

relativa se encontra entre 0 e 100%, a madeira nunca perderá a sua água toda.

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A madeira nunca perde a sua higroscopicidade, ou seja a sua capacidade de perder e ganhar água

consoante a humidade relativa for maior ou menor. Mas se a madeira for colocada num

determinado local durante um longo período de tempo, vai chegar a um ponto de equilíbrio entre a

água que contem e a água do ar que a rodeia.

Talvez se consiga agora perceber porque é que um móvel em nossas casas pode empenar ou até

abrir rachas. A situação extrema passa-se quando, no inverno, a temperatura do ar fora das nossas

casas é baixa e por isso, apesar da sua humidade relativa ser alta, ele contém uma humidade

absoluta muito baixa porque está frio. Esse ar entra em nossas casas naturalmente, só que nós

elevamos a temperatura do ambiente com aquecedores, portanto esse ar, quando aquece passa a

ter de repente uma humidade relativa baixíssima. A madeira nestas condições vai começar a

perder água para o ar com as conseqüências que se conhecem.

SECAGEM DA MADEIRA

A madeira quando é cortada está cheia de seiva, que na sua maior parte é constituída por água, e a

partir desse momento começa a perdê-la. Começa então o processo de secagem. À medida que a

madeira perde água, o ar começa a ocupar os espaços livres dentro das células. A madeira torna-se

mais leve e encolhe, mudando a forma e torna-se mais dura e forte. Este processo continua até se

encontrar o equilíbrio entre a humidade contida na madeira e a do meio ambiente.

Exposta ao ar livre, a madeira perde a sua água livre e seca de forma a que o teor de humidade se

encontra em equilíbrio com a atmosfera exterior que a rodeia. O tempo necessário para secar uma

madeira ao ar livre depende da espécie, da espessura, das condições climáticas, etc.

COMO LIDAR COM AS MOVIMENTAÇÕES DA MADEIRA

O artesão deve não só conhecer a relação entre a madeira e a humidade, mas também as formas

como lidar com as variações dimensionais da madeira que aquela relação acarreta.. Há quatro

formas de lidar com a alteração dimensional da madeira: encolhimento prévio através de uma

secagem antes da utilização; controlo da humidade; limitação do movimento através da força

mecânica; estabilização química.

.

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Encolhimento prévio: Embora a madeira seja posta a secar por uma série de diferentes razões

(redução do peso, para evitar a deterioração através dos fungos, para aumentar a resistência, para

permitir a sua colagem e acabamento), o que se pretende principalmente é que a madeira seque

antes e não depois da conclusão do produto final. Isto exige que o teor de humidade fique reduzido

à humidade relativa média do local onde a peça seria utilizada. Todavia, não é possível atingir

condições em que a madeira nunca mais encolha ou inche, uma vez que é difícil prever o

equilíbrio apropriado. A isto se acrescenta o facto de os ambientes raramente se manterem

estáveis. O teor de humidade visado depende de uma série de factores, tais como os níveis médios

e extremos de humidade no local, da utilização da peça fora ou dentro da casa, do período de uso

de um aquecimento no inverno, etc. Fazer encolher madeira é uma coisa, mantê-la estável é outra.

Por isso não se pode dispensar a segunda medida acima enumerada.

Controlo da atmosfera: o emprego de ar-condicionado é eficiente, mas nem sempre possível ou

sensato. Uma outra possibilidade é o controlo da humidade do ar através do isolamento, mantendo

a peça dentro de um contentor fechado. Que pode tratar-se de uma caixa de exposição, uma

redoma de vidro, um saco plástico ou uma camada de acabamento (goma-laca, verniz, etc.). Se

houvesse um sistema de acabamento impenetrável pela humidade, o problema seria resolvido. Na

realidade, nenhum sistema tem este efeito. Os acabamentos representam apenas um obstáculo para

a penetração da humidade, evitando o pior.

Limitação do movimento através da força mecânica: nalguns casos, os métodos acima

descritos podem não ser suficientes para controlar as alterações dimensionais. Um outro meio para

limitar o movimento é a aplicação de uma material estável (metal, plástico ou outro material

sintético) na forma de correias ou cavilhas compridas. Também é muito vulgar o uso da própria

madeira para executar a correção.

A maior resistência e estabilidade da madeira está com a direcção do veio, um facto que se

aproveita também na produção de contraplacado. Seja qual for a construção corretiva que se

utiliza, ela tem que ser equilibrada para distribuir a força limitadora uniformemente.

Estabilização química: o tratamento químico também é capaz de prevenir alterações

dimensionais. Um método é a impregnação da madeira com um composto químico monomérico

(de moléculas simples), e a seguir fazer a sua polimerização (transformando-o numa forma

molecular mais complexa) através de calor ou radiações. O resultado é um composto de madeira e

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plástico. Um outro tratamento estabilizador é a impregnação com polietileno-glicol de um peso

molecular médio de 1000. Este tratamento evita o encolhimento na altura da secagem da madeira.

COMO SECAR A SUA PRÓPRIA MADEIRA

Para quem precisa de secar pequenas quantidades de madeira aplicam-se as mesmas regras que

são válidas para a secagem de grandes quantidades, ou seja, a madeira tem que ser cortada de

forma apropriada, preparada e amontoada, e a velocidade e o processo da secagem têm que

ser controlados.

Na selecção das peças devem privilegiar-se aquelas com uma estrutura normal e um veio direito,

visto que todas as peças defeituosas podem causar problemas na secagem. Ao preparar os pedaços,

não se deve esquecer que o encolhimento tangencial é duas vezes maior do que o encolhimento

radial. Os toros devem ser cortados de forma a não conterem a medula. Há duas razões para isso: a

primeira é que a secagem decorre com uma distorção normal; a segunda é que assim é possível

descobrir nós escondidos de tocos de ramos não visíveis do lado da casca.

Para evitar uma secagem rápida das pontas, a superfície das pontas deverá ser protegida com uma

boa camada de um produto impermeável (p. ex. parafina, tinta para alumínio, verniz de

poliuretano). É importante que se proteja as pontas imediatamente depois do corte para assegurar

que todo o processo de secagem decorre através das superfícies laterais. Quando a casca está solta,

é melhor removê-la para que as zonas separadas não se tornem numa câmara para o

desenvolvimento de fungos.

Os pedaços devem ser marcados com um número e uma data, principalmente quando se põem a

secar diferentes madeiras em diferentes alturas.

Os madeira assim preparada tem quer ser amontoada corretamente para obter bons resultados no

processo de secagem. O empilhamento tem que assegurar uma boa circulação de ar em todas as

superfícies do material. Quando se trata de blocos irregulares, basta empilhá-los de forma a que as

superfícies laterais não se toquem. Com tábuas, o empilhamento tem que ser cuidadosamente

projetado e executado de forma sistemática. Neste caso as tábuas são afastadas por tiras (de

madeira) estreitas que permitem a livre circulação do ar. As tiras devem estar secas, livres de

qualquer fungo e ser pelo menos tão compridas como a largura da pilha para evitar pontas caídas.

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A fim de obter melhores resultados, as tábuas e as tiras devem ser tão uniformes na espessura

quanto possível. Nos empilhamentos grandes, as tábuas mantêm-se no seu lugar através do próprio

peso, nos pequenos um peso extra (tijolos, restos de madeira, etc.) deve ser colocado no topo (ver

figura a seguir).

Inicialmente, o local deve ter condições que levem a uma secagem moderada. Quando a madeira

chega a um nível reduzido de humidade, as condições de secagem já podem passar a ser mais

drásticas. Na primeira fase, o processo de secagem torna-se muito delicado. O processo não pode

ser demasiado acelerado para não causar defeitos nas superfícies, nem demasiado lento para evitar

a actividade dos fungos na superfície.

Para o processo inicia,l um local ao ar livre é o mais indicado. O empilhamento deve ser afastado

do chão para evitar excessos de humidade, e protegido da chuva e dos raios solares directos.

Quando se pretende utilizar a madeira para objetos que, futuramente, terão um lugar no interior, a

secagem ao ar livre não garante o baixo equilíbrio do teor de humidade necessário. Neste caso, o

material tem que ser removido para um local aquecido onde continua a secagem até chegar ao

equilíbrio do teor de humidade desejado. Quando a madeira é logo colocada num local interior, o

processo de secagem pode ser demasiado acelerado. Seja como for, o processo pode ser

controlado através do peso, pelo que o peso deve ser avaliado frequentemente, para se poder

elaborar um gráfico do processo de secagem.

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A última etapa do processo de secagem deveria decorrer num ambiente parecido ao ambiente em

que o produto final vai ser utilizado. Quando a madeira chega ao ponto de ter um peso

equilibrado, está pronta para ser trabalhada. Devido à grande quantidade de espécies, não é

possível dizer qual é o tempo médio de secagem. Em geral, as madeiras de densidade baixa são de

mais fácil secagem.

Finalmente, convém ressaltar o facto de que não se deve armazenar demasiada madeira, porque

depois não se consegue controlá-la ao longo de todo o processo de secagem.

O ARMAZENAMENTO DA MADEIRA DEPOIS DA SECAGEM

O envolvimento de madeira seca numa película de polietileno ou em papel pardo pode ser uma

grande ajuda para passar pelos pontos altos de secura ou de humidade, sem um intercâmbio

excessivo de humidade. Mesmo no processo de trabalho que se estende por um período

prolongado, as alterações rápidas na humidade relativa tem que ser levadas a sério. Por isso,

convém proteger as partes não acabadas de uma peça enquanto se continua a trabalhar noutras.

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3ª PARTE

FICHAS DE MADEIRAS

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ABETO

Abies alba • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Abeto-branco • INGLÊS: Silver fir; European silver pine;

Whitewood. • FRANCÊS: Sapin; Sapin pectiné • ESPANHOL: Abeto común; Abeto blanco; Álamo

americano • ALEMÃO: • ORIGEM

Europa do sul e central. • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Amarelo muito pálido. • BRILHO: Lustro suave. • DENSIDADE: 480kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Fraca. • OUTRAS: Textura fina; veios retos; borne não distinto, anéis de crescimento bem visíveis. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com

ferramentas manuais ou eléctricas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e dá um acabamento liso. • USOS

Estruturas de móveis.

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CASQUINHA

Pinus sylvestris • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Pinho silvestre • INGLÊS: Redwood; Scots pine • FRANCÊS: Pin du Nord; Pin sylvestre • ESPANHOL: Pino silvestre; Pino albar;

Pino serrano; Pino bermejo • ALEMÃO: • ORIGEM

Europa do norte (Escandinávia); Norte da Ásia.

• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Amarelo pálido a castanho

amarelado ou avermelhado. • DENSIDADE: 510kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Durável. • OUTRAS: Textura média a grosseira; veios retos; anéis de crescimento visíveis; borne

amarelo pálido; cerne castanho avermelhado; madeira resinosa. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem mas os nós

podem criar problemas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita as velaturas mas a resina pode causar

problemas.Pode ser polida. • USOS

Mobiliário; talha; torneados.

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CEDRO

Cedrus spp. • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Cedro do Libano • INGLÊS: Cedar of Lebanon • FRANCÊS: Cédre du Liban • ESPANHOL: Cedro del Líbano; Cedro

de Salomón • ALEMÃO: Zeder(nholz) • ORIGEM

Norte de África e Médio Oriente. • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Varia entre o rosa acastanhado,

amarelo escuro e o tom de canela. • CHEIRO: A cedro (aromática). • DENSIDADE: 560kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Durável. • OUTRAS: Textura media a fina e uniforme; veios retos; borne distinto de cor clara; anéis

de crescimento bem visíveis. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com qualquer

tipo de ferramenta. Devem ser tomadas precauções com os nós. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode polir-se com muito

sucesso. • USOS

Mobiliário de interior e exterior; folheados.

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ESPRUCE

Picea abies • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Espruce europeu; Picea europeia • INGLÊS: European spruce; White Deal; Common

spruce; Norway spruce; Baltic whitewood; Finnish whitewood; Russian whitewood

• FRANCÊS: Épicea • ESPANHOL: Picea Noruega; Álamo europeu. • ALEMÃO: • ORIGEM

Europa • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho amarelado claro • BRILHO: Brilhante • DENSIDADE: 450kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Pouco durável. • OUTRAS: Textura fina; veios retos; borne pouco distinto de cor branca; anéis de

crescimento visíveis mas não de cor mais escura. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com

ferramentas. manuais e eléctricas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e dá um acabamento

razoável. • USOS

Estruturas de móveis para serem plaqueados.

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LARÍCIO

Larix decidua • OUTRAS

DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Lariço-europeu • INGLÊS: European larch • FRANCÊS: Mélèze • ESPANHOL: Alerce europeu;

Lárice • ALEMÃO: • ORIGEM

Europa • CARACTERISTICAS

FISICAS • COR: Laranja avermelhado. • CHEIRO: A terbentina. • DENSIDADE: 590kg/m3 • DUREZA:Macia. • DURABILIDADE: Duradoura. • OUTRAS:Textura fina e uniforme; veios retos; borne distinto de cor clara; anéis de

crescimento visíveis. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com qualquer

tipo de ferramenta. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita velaturas, mas as resinas dificultam a

aplicação dos acabamentos. • USOS

Estruturas de móveis para serem depois plaqueados ou folheados.

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TEIXO

Taxus baccata • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: EuropeanYew; Irish Yew; Common Yew • FRANCÊS: If • ESPANHOL: Tejo común • ALEMÃO: • ORIGEM

Europa; Ásia Menor; Norte de África; Birmânia; Himalaia.

• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Avermelhada • DENSIDADE: 670kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Duradoura. • OUTRAS: Textura fina; veios retos e por vezes tendem a ser irregulares e entrelaçados

com desenho muito decorativo;borne distinto e irregular de cor branca; nós inclusos no cerne; madeira de natureza oleosa.

• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Pode ser dobrada com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: Não é fácil devido à natureza oleosa da madeira. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: A madeira de veios retos e

regulares trabalha-se bem com qualquer tipo de ferramenta, mas a de veios irregulares é mais difícil.

• FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode ser polida. • USOS

Mobiliário; Talha; Torneados; Folheados.

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TUIA

Thuja plicata • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Cedro-do-canadá; Tuia-gigante • INGLÊS: Western red cedar; Giant arbor-vitae • FRANCÊS: Thuya géant; Cédre rouge; Arbre de

vie • ESPANHOL: Cedro rojo; Cedro dulce • ALEMÃO: Rotzeder • ORIGEM Grã-bretanha; E.U.; Canadá; Nova Zelandia • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho avermelhado que no exterior vai

escurecendo até ficar cinzento prateado. • CHEIRO: Após o corte tem odor a cedro.que pode

ser persistente. • DENSIDADE: 370kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Durável. • OUTRAS: Textura média a fina; veios retos; borne distinto; não resinosa; tem substancias

que reagem com o ferro. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com qualquer

tipo de ferramenta. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e permite um bom

acabamento mas faz mossas com facilidade. • USOS

Estruturas de móveis para serem plaquedos.

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BÉTULA

Bétula spp. • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Vidoeiro • INGLÊS: Birch • FRANCÊS: Bouleau • ESPANHOL: Abedul • ALEMÃO: Birke • ORIGEM

Europa; América do norte • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho amarelado pálido com anéis

mais escuros. • BRILHO: Sem brilho. • DENSIDADE: 710kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Pouco duradoura. • OUTRAS: Textura fina; borne não distinto. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra bem com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita as velaturas e pode polir-se bem. • USOS

Torneados; mobiliário; folheados.

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BUXO

Buxus sempervirens • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: European Boxwood; Box; Abassian;

Iiranian; Turkish boxwood. • FRANCÊS: Buis • ESPANHOL: Boj • ALEMÃO: Buchsbaum • ORIGEM

Europa; Ásia ocidental; Ásia Menor • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Amarelada. • BRILHO: Lustrosa. • DENSIDADE: 930kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; veios rectos ou irregulares; poro fechado; borne não

distinto. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra com facilidade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: É difícil de trabalhar, mas com

ferramentas bem afiadas é possível fazer cortes limpos. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode ser polido. • USOS

Talha; torneados; embutidos; móveis pequenos.

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CARVALHO

Quercus robur • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Carvalho roble • INGLÊS: European oak; Pedunculate oak;

Durmast • FRANCÊS: Chêne, Chêne pedunculé • ESPANHOL: Carvallo;Roble • ALEMÃO: Eiche(nholz) • ORIGEM

Europa, Ásia Menor, norte de África

• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Acastanhada; amarelo-terrosa; castanho dourado. • CHEIRO: Odor aos ácidos taninicos. • DENSIDADE: 720kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Duradoura devido aos taninos que existem no cerne. • OUTRAS: Textura áspera não uniforme; cerne distinto; raios lenhosos bem marcados,

veios retos; anéis de crescimento marcados; desenho em flor; rica em ácidos taninicos que provocam manchas escuras resistentes e que corroem o ferro.

• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra bem com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com

ferramentas bem afiadas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Responde bem ás técnicas de branqueamento;

aceita bem as velaturas; fácil de polir. • USOS

Mobiliário, folheados e talha.

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CASTANHO

Castanea sativa • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Castanheiro • INGLÊS: Chestnut; Sweet chestnut • FRANCÊS: Châtaignier • ESPANHOL: Castaño común • ALEMÃO: Kastanie(nholz) • ORIGEM

Europa, Ásia Menor, norte de África.

• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho-amarelado-avermelhado. • DENSIDADE: 560kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS:Textura grosseira não uniforme; cerne distinto; desenho venado às vezes

ondulado; presença de ácidos no cerne que provocam corrosão do ferro e manchas na madeira quando está humida.

• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra mal. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com

ferramentas manuais ou eléctricas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Fácil de polir; aceita bem as velaturas. • USOS

Mobiliário; torneados; talha.

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CEREJEIRA

Prunus avium • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: European cherry; Gean; Wild

cherry; Mazzard. • FRANCÊS: Merisier; Cerisier • ESPANHOL: Cerezo • ALEMÃO: Kirchbaum; Wildkirsche • ORIGEM

Europa; Ásia noroeste; África norte. • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Do rosado pálido ao castanho-avermelhado, passando pelo castanho dourado com

nuances esverdeadas. • CHEIRO: Após o corte tem odor a botões de rosa. • DENSIDADE: 540kg/m3 • DUREZA: Moderada. • DURABILIDADE: Média. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; veios direitos; cerne distinto; raios lenhosos

marcados; presença de substancias gomosas e oleosas. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra com facilidade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar se o veio for

direito. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: A acção do vapor torna-a mais avermelhada; aceita

as velaturas mas devido à presença de óleos naturais devem ser tomadas precauções no polimento.

• USOS

Mobiliário; folheados; torneados.

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ÉBANO

Diospyros spp. • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: Ebony; Adaman. • FRANCÊS: Èbène • ESPANHOL: Ébano • ALEMÃO: Ebenholz • ORIGEM

Sri Lanka, Índia, Africa

• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho escuro a negro. • BRILHO: Lustroso. • DENSIDADE: 1190kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; veios ondulados e

irregulares; borne branco amarelado. • • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Impossível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Difícil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE

FERRAMENTAS: Excepto no torno é difícil de trabalhar.

• FACILIDADE NO ACABAMENTO: Excelente polimento. • USOS

Torneados, embutidos.

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FAIA

Fagus sylvatica • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Faia comum • INGLÊS: European Beech; English

beech; Carpathian beech; Slavonian beech

• FRANCÊS: Fayard hêtre • ESPANHOL: Haya común • ALEMÃO: Buche(nholz) • ORIGEM

Europa

• CARACTERISTICAS FISICAS

• COR: Castanho claro amarelada a

castanho-avermelhada quando tratada com vapor.

• DENSIDADE: 720kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Perecível, pode ser tratada. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; borne pouco distinto; desenho espelhado; empena e

fende ao secar. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Excelente para dobrar com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com qualquer

tipo de ferramenta. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode ser polida até obter

um lustro suave. • USOS

Mobiliário, torneados, folheados, talha, embutidos.

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FREIXO

Fraxinus excelsior • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Freixo Europeu • INGLÊS: European Ash; Common Ash • FRANCÊS: Frêne commun • ESPANHOL: Fresno Europeo • ALEMÃO: Esche(holz) • ORIGEM

Europa • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Branco a castanho pálido. • DENSIDADE: 710kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Pouco durável. • OUTRAS: Textura grosseira; veios retos; poro

grande; borne não distinto; boa resistência. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Excelente para dobrar a vapor • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola bem. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com

ferramentas manuais e elétricas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode polir-se. • USOS

Mobiliário; folheados decorativos.

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GAIACO

Guaiacum spp. • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: Lignum vitae; Guaiacum wood;

Lignum Sanctum • FRANCÊS: Gaïac; Bois de gaiac • ESPANHOL: Guayacán; Palo santo; Palo

de hierro. • ALEMÃO: Porkholz • ORIGEM

Antilhas, América tropical

• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho esverdeado com raios negros. • CHEIRO: Cheiro agradável. • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Oleosa ao tacto. • DENSIDADE: 1250kg/m3 • DUREZA: Muito dura. • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; veio unido e entrelaçado; borne estreito de cor beije;

cerne muito rico em resina. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Impossível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Para ser colada tem que utilizar-se cola de solventes. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Muito difícil de trabalhar com

qualquer ferramenta. Mas torneia-se com alguma facilidade. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Pode ser polida. • USOS

Torneados.

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GONÇALO ALVES

Astronium fraxinifolium • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: Gonçalo Alves; Zebrawood;

Courbaril; Kingwood; Locustwood; Yoke Tigerwood (E.U.)

• FRANCÊS: Urunday • ESPANHOL: Gonçalo Alves; Roble gateado • ALEMÃO: • ORIGEM

América Central e do Sul (Brasil)

• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho-avermelhado com riscas

castanho escuro. • BRILHO: Brilho natural. • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO

TACTO: Frio ao toque. • DENSIDADE: 950kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Elevada. • OUTRAS: Textura média; veio irregular e entrelaçado; borne distinto de cor clara. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não aceita ser dobrada. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com alguma dificuldade. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Difícil de trabalhar

manualmente; as ferramentas têm que estar muito bem afiadas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Pode ser polida. • USOS

Mobiliário, torneados, folheados.

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JACARANDÁ DA BAÍA

Dalbergia nigra • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Pau preto; Pau rosa;

Cabiuna • INGLÊS: Brasilian rosewood; Bahia

rosewood; Rio rosewood; Jacarandá-de-bahia;

• FRANCÊS: Palissandre Brésil; Palissandre de Rio

• ESPANHOL: Palo de rosa; Palisandro de Rio

• ALEMÃO: Palisander; Rio Palisander; Rosenholz • ORIGEM

América do sul

• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: laranja escuro ou castanho chocolate ou castanho violáceo com listas mais escura ou

mesmo pretas. • BRILHO: Brilho natural. • CHEIRO: Recém cortada tem um leve odor a rosas • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Oleosa ao tacto • DENSIDADE: 883kg/m3 • DUREZA: Dura • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS: Textura uniforme e veios direitos mas com tendência para serem irregulares e

se entrelaçarem; borne de cor distinta; muito rica em óleos naturais e gomas que preenchem os poros que são grosseiros e abertos.

• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Pode ser dobrado com cuidado. • FACILIDADE EM SER COLADA: Difícil de colar devido à presença de óleos. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Não é difícil de trabalhar e

pode ser aplainado. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Os óleos naturais e as gomas dificultam a tarefa de

polir. • USOS

Mobiliário, torneados, talha e folheado.

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MOGNO

Swietenia spp. • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Mogno Americano • INGLÊS: American Mahogany; Central

American mahogany; Mexican mahogany; Aguano; Anani; Baywood

• FRANCÊS: Mahogany; Acajou; Caoba; Mahonie

• ESPANHOL: Caoba • ALEMÃO: Mahagonibaum(holz); Echtes

Mahagoni • ORIGEM

América Central e do Sul • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho avermelhado-acobreado. • DENSIDADE: 560kg/m3 • DUREZA: Média. • DURABILIDADE: Durável. • OUTRAS: Textura media com veios retos regulares e ás vezes entrelaçados com poro

grande; borne distinto de cor amarelada. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Pode ser dobrada com precaução. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com

ferramentas manuais e eléctricas desde que bem afiadas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e desde que se sele o poro

faz um bom acabamento polido. • USOS

Mobiliário, torneados, talha e folheados.

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NOGUEIRA

Juglans regia • OUTRAS DESIGNAÇÕES • INGLÊS: European walnut ; English walnut ;

French walnut ; Italian walnut ; Turquish walnut

• FRANCÊS: Noyer commum • ESPANHOL: Nogal común • ALEMÃO: Nussbaum • ORIGEM

Turquia ;Europa ; Ásia Menor

• CARACTERISTICAS FISICAS

• COR: Parda torrada ; castanho acinzentado com laivos mais escuros dependendo da origem.

• BRILHO: Acetinado, reflexos ondulantes. • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO

TACTO: fria ao toque • DENSIDADE: 670kg/m3 • DUREZA: Moderada. • DURABILIDADE: Moderadamente durável. • OUTRAS: Textura áspera e uniforme com veios reto e ondeado. Desenho enrugado Cerne

distinto

• UTILIZAÇÃO

• FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra bem com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se facilmente. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com

ferramentas manuais e electricas • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Dá um acabamento fino com algum esforço e

recebe bem as velaturas.

• USOS Mobiliário, talha e torneados, folheados.

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PADREIRO

Ácer pseudoplatanus

• OUTRAS DESIGNAÇÕES

• PORTUGUÊS: Bordo falso-platano

• INGLÊS: Sycamore; Great maple; Harewood; Plane; Sycamore plane; Scotch plane; Weathered sycamore

• FRANCÊS: Érable sycomore; Sycomore

• ESPANHOL: Sicómoro; Arce blanco

• ALEMÃO: Ahorn; Bergahorn • ORIGEM

Europa e Ásia Ocidental

• CARACTERISTICAS FISICAS

• COR: Branca; marfim rosada; branca amarelada • BRILHO: Muito brilhante. • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Sedosa. • DENSIDADE: 630kg/m3 • DUREZA: Semi-dura. • DURABILIDADE: Pouco durável, só para utilização interior. • OUTRAS: Textura fina; grão continuo,com veio e sem poros; anéis de crescimento muito

pouco marcados o que dificulta a distinção entre o cerne e o borne; seca lentamente mas é estável; resistente ao desgaste.

• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra com facilidade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Boa de trabalhar. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Acabamento perfeito; aceita bem as velaturas; pode

ser polida. • USOS

Mobiliário, marchetaria, caixas de ressonância de instrumentos musicais de cordas, torneados folheados, talha.

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PAU ROXO Peltogyne spp.

• OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Amaranto • INGLÊS: Purpleheart; Amaranth;

Purplewood; Violet wood; Sakavali • FRANCÊS: Amarante; Bois Poutpre • ESPANHOL: Palo rojo; Palo morado Palo

nazareno • ALEMÃO: Amarant; Violettholz • ORIGEM

América Central e do Sul

• CARACTERISTICAS FISICAS

• COR: Roxo após o corte mas escurece com o tempo e com a acção da luz tornando-se castanho avermelhado.

• DENSIDADE: 880kg/m3 • DUREZA: Dura; muito resistente ao impacto. • DURABILIDADE: Muito durável • OUTRAS: Textura média a fina e uniforme

com veios normalmente retos mas que às vezes são irregulares o que dá a aparência raiada. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra moderadamente. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Torneia-se bem e é difícil de

serrar porque acumula resina nos dentes da serra. A ferramenta deve estar muito afiada e o angulo de corte deve ser reduzido.

• FACILIDADE NO ACABAMENTO: Recebe bem as velaturas e a cera mas o polimento a álcool pode alterar a cor.

• USOS Mobiliário; torneados; Folheados.

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PAU SANTO

Dalbergia latifolia • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: Indian rosewood; Bombay blackwood; East

Indian rosewood; Sonokeling; Shisham; Angsana Keling.

• FRANCÊS: Palissandre Asie • ESPANHOL: Palisandro Índio; Palo de rosa • ALEMÃO: • ORIGEM

Índia, Indonésia

• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho dourado a castanho arroxeado com

manchas pretas ou de roxo escuro. • BRILHO: Brilho natural. • CHEIRO: Fragrância a rosas quando acabada de

cortar. • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO:

Oleosa ao toque. • DENSIDADE: 870kg/m3 • DUREZA: Muito dura. • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS: Textura uniforme e um pouco áspera; veios entrelaçados; presença de óleos e

ceras e eventualmente de minerais o que provoca o desgaste das ferramentas. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Não é fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Difícil de trabalhar com as

ferramentas manuais e estraga o fio às ferramentas elétricas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Bom acabamento a cera; deve selar-se o poro para

se obter brilho intenso. • USOS

Mobiliário, torneados e folheados.

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PEREIRA

Pyrus communis • OUTRAS

DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: Pearwood; Pear • FRANCÊS: Poirier; Poire • ESPANHOL: Peral • ALEMÃO: Birnbaum;

Holzbirne. • ORIGEM

Europa • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho claro avermelhado. • DENSIDADE: 740kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Pouco durável. • OUTRAS: Textura fina; borne pouco distinto; veio fino, apertado e uniforme embora

possa aparecer veios em espiral. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com todo o

tipo de ferramentas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e o polimento. • USOS

Excelente para entalhar quando bem seca; torneados; mobiliário; embutidos; folheados decorativos.

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TECA

Tectona grandis • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: Teak • FRANCÊS: Teck • ESPANHOL: Teca • ALEMÃO: Teakbaum(holz) • ORIGEM

Sul da Ásia,Java, Sri Lanka; África; Caribe • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Cor de tabaco com veios escuros ou verde

amarelados • BRILHO: Não tem lustro • CHEIRO: Odor a couro • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO

TACTO: Oleosa ao tacto • DENSIDADE: 640kg/m3 • DUREZA: Semi dura • DURABILIDADE: Muito durável • OUTRAS:Textura rugosa e irregular;fibra compacta; borne distinto de cor clara; anéis de

crescimento marcados; veios retos ou ondeados; poro largo; oleosa e aromática; resistente aos ácidos e aos álcalis; muito estável.

• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA:Dobra moderadamente com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: As superfícies preparadas colam-se bem mas pode

haver problemas por causa dos óleos naturais. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com qualquer

tipo de ferramenta mas tira o fio à ferramenta. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas, a cera, os óleos e o

polimento. • USOS

Mobiliário de interior e de exterior, torneados e folheados.

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TILIA

Tília spp. • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Tília de folhas

pequenas • INGLÊS: European lime; Small-leaved

lime; Common lime; Basswood e American lime (E.U.)

• FRANCÊS: Tilleul • ESPANHOL: Tilo • ALEMÃO: Lindenholz • ORIGEM

Europa; E.U. e Canadá • CARACTERÍSTICAS

FISICAS • COR: Amarela pálida e branca • BRILHO: Lustro natural. • DENSIDADE: Européias-560kg/m3 ; Americana-416kg/m3 • DUREZA: Branda • DURABILIDADE: As variedades Européias são mais resistentes e duradouras que as

Americanas. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; borne não distinto; veio fino e regular; muito estável

depois de seca. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: A variedade Americana é difícil de dobrar mas a

Européia dobra bem. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Muito fácil de trabalhar. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita muito bem as velaturas e os polimentos • USOS

Ideal para tornear; talha; Marchetarias.

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TULIPEIRO

Liriodendron tulipifera • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Tulipeiro da Virginia • INGLÊS: American yellow poplar; Américan

white wood; Canary wood; Tulip poplar • FRANCÊS: • ESPANHOL: Tulipanero; Tulipero • ALEMÃO: • ORIGEM

América do norte. • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Varia entre o verde oliva pálido e o

castanho com manchas azuladas. • DENSIDADE: 510kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Pouco durável. • OUTRAS: Textura fina suave e ligeira; veios

retos; borne fino e de cor branca. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Difícil de dobrar sem partir. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com qualquer

tipo de ferramenta. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e o polimento. • USOS

Mobiliário; talha; folheados.

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