arte para pensar identidade
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Trabalho de Curso apresentado por Arlete Neubuser Fenner em julho de 2010TRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL ULBRA/Canoas/RS
UNIDADE ACADMICA DE GRADUAO
CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
ARLETE NEUBSER FENNER
ARTE
PARA PENSAR IDENTIDADE
Canoas/RS
2010
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Arlete Neubser Fenner
ARTE
PARA PENSAR IDENTIDADE
Trabalho de Concluso de Curso apresentado
como requisito parcial para obteno do
ttulo de Licenciado (a) em Artes Visuais,
pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais
da Universidade Luterana do Brasil.
Orientadora: Ma. Ana Lcia Beck
Canoas/RS.
2010
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AGRADECIMENTOS
Agradeo minha famlia que, mesmo distante, sempre me deu o maior apoio e
incentivo em todas as minhas escolhas.
Aos meus professores do curso, em especial o Prof. Me. Celso Vitelli, pela
dedicao, pacincia e orientao durante os estgios.
Aos alunos e professores das escolas onde estagiei, pelas oportunidades de
aprendizado, crescimento, amadurecimento pessoal e pelos momentos de convivncia.
A todos os amigos que conquistei e fizeram parte dessa caminhada. Em especial
amiga Jenifer pelo incentivo, e por ter me dado auxilio nas etapas mais difceis dessa
caminhada.
E a Deus, a quem devo tudo o que sou e sei minhas maiores e mais significativas
lies.
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SUMRIO
RESUMO
INTRODUO .........................................................................................1
1. CAPTULO 1..........................................................................................4
1. Pesquisa sobre o tema.............................................................................5
1.1 A questo da Identidade na ps-modernidade.................................7
1.2 Trs concepes de identidade..........................................................9
1.3 Identidade e diversidade cultural......................................................11
1.4 A diversidade cultural no espao escolar.........................................12
1.5 O papel da arte na formao da Identidade......................................15
1.6 Arte, Educao e Identidade..............................................................17
2. CAPTULO 2
2. Aplicando o tema para as Artes Visuais..............................................18
2.1 A Identidade nos contedos artsticos..............................................19
2.2 O desenho como identificao e a identidade no desenho..............20
2.3 A imagem na Arte..............................................................................23
2.4 A imagem e a fotografia na Arte........................................................24
2.5 O folclore e a influncia da mdia na Arte.........................................27
2.6 Pensar a pintura no fazer artstico......................................................29
3. CAPTULO 3
3.1 Dilogo com a escola.........................................................................31
3.2 Anlise das observaes silenciosas..................................................40
4. CAPTULO 4
4.1 PROJETO EDUCATIVO DE ENSINO............................................43
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4.2 PLANOS E REALIZADOS DAS AULAS ......................................46
4.2.1 Aula n 1..........................................................................................46
4.2.2 Aula n 2..........................................................................................50
4.2.3 Aula n 3..........................................................................................55
4.2.4 Aula n 4..........................................................................................59
4.2.5Aula n 5...........................................................................................63
4.2.6Aula n 6...........................................................................................68
4.2.7Aula n 7...........................................................................................73
4.2.8 Aula n 8..........................................................................................77
4.2.9 Aula n 9..........................................................................................81
4.3.0 Aula n 10........................................................................................84
4.3.1 Aula n 11........................................................................................88
4.3.2 Aula n 12........................................................................................91
CONCLUSO............................................................................................95
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS......................................................105
APNDICE
Questionrios realizados nas escolas.........................................................108
ANEXOS
CD acoplado com o material do estgio no Ensino Fundamental e Mdio.
Contendo a pesquisa, planejado e realizado e fotografias dos trabalhos
realizados...................................................................................................115
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RESUMO
Esse trabalho resulta da prtica pedaggica realizada no Instituto Rio Branco
com alunos do 1 ano do Ensino Mdio e tem como tema ARTE PARA PENSAR
IDENTIDADE. O tema partiu da reflexo sobre a necessidade de dialogar com os
alunos sobre a importncia da Arte para a formao da Identidade do aluno. Para tanto
foi realizada uma pesquisa sobre o termo Identidade e sua aplicao para as Artes
Visuais. Para a pesquisa consultei os PCNs, e autores como Ana Mae Barbosa; Stuart
Hall; Paulo Roberto M. Arajo; entre outros.
Para preparar o Projeto de Ensino foi feita uma pesquisa sobre os Perodos
Gtico e Renascena na qual busco no s apontar artistas e obras, mas situ-los dentro
da histria geral, e dentro do pensamento artstico e cultural da poca para que o aluno
pudesse refletir sobre o papel do artista daquele perodo e de hoje. Para tanto foram
feitos estudos de texto e leituras de imagens.
Nas leituras de imagens foram abordados artistas como Leonardo da Vinci,
Rafael Sanzio, Michelangelo Buonarroti, Albrecht Drer, Stefhan Doitschinoff, Xico
Stockinger, entre outros. Nelas foram feitas as descries, anlise, interpretao e
julgamento das obras.
Os alunos foram participativos durante os dilogos e isso foi fundamental para
abordar tambm questes da arte contempornea aproximando da realidade do aluno a
arte como ela hoje bem como a sua importncia para o desenvolvimento do senso
critico do aluno em relao a ela. Assim tambm refletindo sobre a necessidade do
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aluno dialogar e questionar sobre a sua Identidade atravs do ver, perceber, fazer e
apreciar Arte.
Os objetivos foram atingidos dentro de suas possibilidades, conforme o
planejado. No entanto o projeto foi prejudicado levando em conta a seqncia das
aulas devido frequncia irregular dos alunos nas aulas. Como os alunos faltavam
muito (nas prticas) foi necessrio que houvesse sempre uma reviso para dar
continuidade aos trabalhos.
Todavia o interesse e a fora de vontade em aprender dos alunos no decorrer
das aulas fizeram com que estas se transformassem em boas vivncias de
aprendizagem em arte.
Palavras-chave: Conhecimentos - Arte - Identidade
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INTRODUO
Neste trabalho abordei o tema Arte para pensar Identidade dando nfase ao
papel da arte na formao da identidade do aluno. Escolhi esse tema a partir do que
presenciei em sala de aula durante as aulas de observao. Percebi que havia um enorme
desinteresse dos alunos pela disciplina de artes e pela dificuldade do aluno em perceber
o espao escolar como um ambiente de aprendizagem. Assim tambm o fato do aluno
no perceber o papel da arte como um agente de formao e transformao da prpria
realidade desse aluno.
A partir das reflexes sobre essa problemtica, preparei o Projeto Educativo de
Ensino, porm, adaptando o tema dentro dos Perodos da Histria da Arte (Gtico e
Renascena) que estavam no plano de ensino da professora titular e exigncia da escola
para a turma do 1 ano do ensino mdio no 2 semestre. Como os perodos mencionados
so de uma poca distante da nossa realidade, no entanto importante quanto ao conceito,
e influncias que exercem sobre o pensamento cultural e artstico atual, decidi abordar
questes da arte contempornea para trabalhar a arte visando realidade do aluno e suas
necessidades. Seja atravs do fazer artstico e das reflexes sem deixar de abordar a
Histria da Arte relacionada aos Perodos Gtico e Renascena.
No primeiro capitulo h uma pesquisa referente ao termo Identidade de forma
geral, na qual pesquisei autores como Martin Heidigger, Stuart Hall, Ana Mae Barbosa,
entre outros. O segundo captulo refere-se aplicao do termo para as Artes Visuais e
o terceiro o dilogo com a escola na qual abordei a importncia de trabalhar o tema
nessa escola. O foco sobre o termo Identidade foi direcionado ao papel do aluno frente
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ao ver, perceber, fazer e apreciar arte. Com o olhar voltado construo do senso crtico
dos alunos em relao arte e esse desenvolvendo seus prprios conceitos sobre arte,
funo e utilidade. Assim a pesquisa que deu origem ao Projeto Educativo de Ensino
envolveu Histria da Arte (Perodos Gtico e Renascena) e a Identidade do artista
dentro desses perodos, bem como Arte Contempornea para trabalhar a Identidade do
aluno frente a sua realidade, seu ser, pensar e fazer artstico.
O quarto captulo apresenta a prtica pedaggica. As aulas planejadas e
realizadas foram divididas entre teoria e atividades prticas. Nas aulas tericas com
estudo de texto e leituras de imagens foram situados os perodos dentro da histria geral
da humanidade: localizao geogrfica; pensamento artstico e cultural; conceito;
principais artistas e obras, bem como uma anlise sobre elas.
As atividades prticas tiveram como objetivo incentivar os alunos a produzirem
trabalhos e reflexes sobre as mesmas usando imaginao e criatividade partindo do que
eles assimilaram do contedo e do que estava proposto como exerccio para cada aula.
Atravs de tcnicas como o mosaico, a gravura, o desenho e a pintura foram
confeccionadas composies plsticas. Nestas foram abordadas questes referentes
Identidade: como a produo de um autorretrato (quem sou, para onde vou, etc.);
profisso, gostos, lazer, e interesses do aluno na qual foram utilizadas fotografias e
propagandas; s relaes entre escrita, desenho e smbolo.
Durante todo o percurso da prtica pedaggica foram realizados diversos
dilogos sobre questes das mais variadas relacionadas ao tema, bem como ao fazer
artstico. Entre elas: o conceito do belo e do feio; as relaes entre conceito da arte
renascentista e de arte contempornea; o realismo na pintura e na fotografia.
Quanto avaliao do aluno e sobre os trabalhos realizados foi determinante o
desempenho do aluno frente s atividades propostas. Assim como o seu interesse e a sua
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participao nos dilogos e discusses tornando as aulas boas vivncias com
aprendizado, o que vem a somar com na construo da identidade do aluno.
Acredito que o resultado do Projeto Educativo de Ensino deve-se boa parte a
busca incessante de meios que possibilitassem uma reflexo sobre Identidade. Isso tanto
da parte do aluno, como da educadora frente ao pensar e fazer artstico.
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Captulo 1
ARTE PARA PENSAR
A IDENTIDADE
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O termo Identidade na sociedade contempornea no novo. Na pr-histria
os primeiros homens a ocupar a terra j manifestavam seu interesse para a descoberta
de suas origens. Imprimiam suas mos nas paredes das cavernas no s para afirmar
seu desejo de posse e poder sobre a natureza humana como deixar sua marca atravs
da histria da humanidade. Mas o que vem a ser Identidade?
Identidade vem do latim e significa o mesmo, qualidade de idntico. No
dicionrio Aurlio (1999), identidade o conjunto de caracteres prprios e
exclusivos de uma pessoa: nome, idade, estado, profisso, sexo, defeitos fsicos,
impresses digitais, etc. Como aspecto coletivo um conjunto de caractersticas
pelas quais algo definitivamente reconhecvel, ou conhecido. Pelo sentido amplo
da palavra torna-se complexa e pouco compreendida pela sociedade contempornea.
Se buscarmos o significado dentro do pensar filosfico, Identidade est relacionada
ao ser e pensar do sujeito enquanto ser humano com sua relao com os outros e o
mundo.
O que a principio da Identidade, quando ouvido em seu teor fundamental, expressa exatamente aquilo que todo o pensamento ocidental- europeu pensa, a
saber, isto: a unidade da identidade constitui um trao fundamental no seio do ser
do ente. Em toda parte, onde quer que mantenhamos qualquer tipo de relao
com qualquer tipo do ente, somos interpelados pela identidade. (HEIDIGGER,
1973, p.378).
De acordo com o pensamento de Heidegger onde o ser do ente chega
primeiro a palavra. Assim, a identidade algo que significa o mesmo est
relacionado tanto ao aprender (pensar) como para o ser. Para Heidegger o pensar
e o ser so coisas diferentes. Eu sou realmente diferente do que eu penso que
sou, mas, so pensados como o mesmo; absolutamente diverso com o que se
conhece como a doutrina da metafsica, onde a identidade faz parte do ser. O ser
determinado a partir de uma identidade, como um trao dessa identidade. Ser
pertencer e no comum-pertencer:
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O sentido de pertencer determinado a partir da comunidade, quer dizer a partir
da sua unidade. Neste caso, pertencer significa: integrado, inserido na ordem de uma comunidade, instalado na unidade de algo mltiplo, reunido para a
unidade do sistema mediado pelo centro unificador de uma adequada sntese
(HEIDIGGER, 1973, p. 379).
A filosofia representa esse comum pertencer como a juno de nexus e
connexio. Como o ente o homem um ser pensante precisa estar aberto para o ser.
Homem e ser pertencem um ao outro. O homem propriedade do ser e como o ser
apropriado ao homem e apropriar significa descobrir com o olhar, despertar com o
olhar. A apropriao ser e homem em sua essencial comunidade ser o mesmo e
tanto ser quanto pensar. A questo do sentido deste mesmo a questo da essncia da
identidade. Heidegger ainda conclui que: ser como o pensar faz parte de uma
identidade, cuja essncia brota daquele comum pertencer que designamos
acontecimentos-apropriao. A essncia da identidade uma propriedade do
acontecimento-apropriao. (Ibidem, 1973, p. 384)
O ser no mundo espacial. Mas o espao no est no sujeito nem o mundo
no espao. O espao est no mundo quando h presena. A presena sempre o eu
sujeito e o mundo da presena o eu compartilhado.
A prpria presena, bem como a co-pre-sena dos outros, vem ao encontro antes
de tudo e na maior parte das vezes, a partir do mundo compartilhado nas
ocupaes do mundo circundante. Empenhando-se no mundo das ocupaes, ou
seja, tambm no ser-com os outros, a presena tambm o que ela prpria no . (HEIDIGGER, 1998, p. 178).
Ainda seguindo o mesmo raciocnio, para Heidegger o ser prprio cotidiano e
pessoal quem assume o ser enquanto convivncia cotidiana. O modo de agir e
pensar do ser como sujeito real (todo aquele que capaz de propor objetivos e
praticar aes) e todo o conjunto de conhecimentos que se formam a partir do mesmo
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d origem ao que se denomina cultural. Todos os povos e sociedades tem sua cultura:
no existe sociedade sem cultura.
Na psicologia o termo Identidade est em grande parte associada h uma
conscincia de identidade, ou crise de identidade e foi bastante divulgada atravs
dos estudos e trabalhos de Freud no sculo passado em referncia ps-guerra, que
levantou a questo a respeito dos soldados que retornavam transformados
interiormente das guerras, confusos sobre sua identidade pessoal: heris ou
assassinos.
1.1 A questo da Identidade na ps-modernidade
Na sociedade contempornea o termo est sendo questionado de forma
relevante por ser de fundamental importncia para a compreenso das grandes
transformaes que esto ocorrendo na humanidade. Com os grandes inventos
tecnolgicos a atualidade est passando por significantes transformaes em todos os
sentidos, social, poltico, econmico e principalmente cultural. Tambm o papel do
sujeito no contexto social e cultural est passando por transformaes e o conceito de
sujeito como um indivduo integrado no mundo moderno e contemporneo est
sendo modificado. A questo do individualismo moderno tambm responsvel por
essas mudanas.
Um tipo diferente de mudana estrutural est transformando as sociedades
modernas no final do sculo XX. Isso est fragmentando as paisagens culturais
de classe, gnero, sexualidade, etnia, raa e nacionalidade, que, no passado ns
tinham fornecido slidas localizaes como indivduos sociais. (HALL,
2005.p.9)
Em termos sociais e polticos pode-se dizer que a identidade tornou-se
politizada. O sujeito representado na sociedade conforme as mudanas polticas que
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ocorrem na sociedade onde ele est inserido isso porque passa de uma identidade de
classe para uma poltica de diferena. Quando a forma de representao poltica
muda, tambm muda o pensar e o comportamento de um sujeito dentro da sociedade.
H sculos atrs o termo estava mais associado ao gnero homem, geralmente
concepo masculina, do sujeito-homem, hoje o conceito mais relativo.
Na psicologia o termo Identidade est em grande parte associada a uma
conscincia de identidade, ou crise de identidade e foi bastante divulgada atravs
dos estudos e trabalhos de Freud no sculo passado em referncia ps-guerra, que
levantou a questo a respeito dos soldados que retornavam transformados
interiormente das guerras, confusos sobre sua identidade pessoal: heris ou
assassinos.
O gnero na atualidade passa a agregar outros termos importantes a
Identidade: relacionados sexualidade, como a homossexualidade, bissexualidade e
outros; o papel da mulher e o espao que ela conquistou dentro da sociedade
contempornea; nas questes raciais, quanto ao preconceito e a discriminao
passam a ser destaque e so discutidos em todos os espaos da sociedade e esto
provocando debates significativos na conscientizao dos seres humanos. No entanto
as maiores transformaes esto ocorrendo devido aos avanos tecnolgicos.
Os meios de comunicao esto rompendo fronteiras, provocando mudanas
de comportamento das sociedades em geral. Transformam a realidade de muitas
culturas mudam seus hbitos, costumes e aos poucos o conceito tradicional do pensar
do sujeito como ser humano vai adquirindo novos significados e valores. Isso de
certa forma tem um aspecto negativo e gera polmica por se tratar da preservao de
hbitos e costumes de uma cultura podendo colaborar na destruio de muitas dessas
culturas que ainda procuram conservar seus costumes e hbitos milenares e de grande
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importncia para o prprio entendimento das geraes futuras. Os meios de mdia
esto influenciando no comportamento dos indivduos dentro da sociedade e para
muitos pesquisadores isto estaria gerando uma nova crise de identidade ou uma perda
da mesma. Sendo que estas mudanas esto relacionadas a um processo de
Globalizao.
[...] como caracterizao geral, que a Globalizao seja compreendida como
processo de intensificao dos relacionamentos trans-fronteirios -sejam esses de
cunho econmico, poltico, social ou cultural, que tendem a se manifestar de
maneira bastante desuniforme quanto a sua intensidade e escopo geogrfico- dentro
de um processo dialtico, que estimula simultaneamente dinmicas de integrao e
de fragmentao, de diferenciao como de homogeneizao. (Ioris, 2007.
http//www.cenariointernacional.com.br-11.05.2009)
Nessa nova lgica de tentar organizar as diferentes interaes culturais a
globalizao representa um perigo por tendncia os modos culturais h um padro nico
de se pensar e compreender as diferentes culturas; generalizando a cultura num sistema
padronizado e restrito a uma viso nica, poltica e global. Ioris tambm ressalta que:
no que se refere s questes culturais, a Globalizao apresenta tambm tendncias de
universalizao como de (re) localizao de traos e elementos culturais distintos.
(Ibidem, Ioris, 2007)
1.2 Trs concepes de Identidade
Segundo Stuart Hall (2005), existe trs concepes de identidade: h do
sujeito do iluminismo, sujeito sociolgico e ps-moderno. O sujeito do iluminismo
quase sempre era descrito como masculino, totalmente centrado, unificado e
conduzido pela razo. O sujeito como o centro do universo, portanto de concepo
bastante individualista, isto o sujeito pode permanecer essencialmente idntico
vida toda do nascer ao morrer.
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Como o sujeito sociolgico o homem passa a refletir sobre a complexidade
do mundo moderno, das relaes do eu interior do sujeito interagindo com as
outras pessoas. A concepo de identidade social forma-se da interao entre o eu
e a sociedade. Surge do dialogo entre o real eu interior com as identidades
exteriores que o mundo estava a oferecer com toda a sua diversidade cultural de
valores, sentidos e smbolos. J o sujeito ps-moderno no tem uma identidade fixa.
A identidade formada e transformada continuamente em relao s formas
em que fomos inseridos na sociedade. Passamos a nos identificar com diversas
culturas diferentes em momentos diferentes da nossa vida, isso porque os sistemas de
representao da identidade se tornaram multicultural.
O Estado-nao, smbolo da modernidade que garantia estabilidade a um pas
e que existia nos sculos passados entra em declnio. Grandes conceitos que
conduziam as construes de identidades culturais como territrios, povo, entre
outras que a conduziam esto perdendo importncia para conceitos relacionais de
identidade. De definitivas passam a ser temporrias, de achadas passam a ser
construdas. O homem moderno est se fragmentando, de sujeito unificado para um
sujeito em transformao.
O fato de que projetamos a ns prprios nessas identidades culturais, ao mesmo tempo em que internalizamos seus significados e valores, tornando-os
parte de ns contribui para alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares
objetivos que ocupamos no mundo social e cultural. A identidade, ento costura
(ou para usar uma metfora medica, sutura) o sujeito estrutura. Estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos
reciprocamente mais unificados e predizveis. (HALL, 2005, p 2)
A Identidade assim, como concepo sociolgica revela-se como uma juno
do espao interior e o exterior, o que pessoal e o que pblico; o individuo social e
o coletivo.
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1.3 Identidade e diversidade cultural
Quando se fala em identidade cultural leva se em conta a conexo entre
indivduos e estrutura social. No que diz respeito s representaes individuais e
coletivas na qual as linguagens verbais e no verbais fazem parte vo se alterando.
a identidade social e cultural que define como os indivduos se inserem num grupo e
como eles agem, tornando se sujeitos sociais.
A sociedade no como os socilogos pensaram muitas vezes, um todo
unificado e bem delimitado, uma totalidade, produzindo-se atravs de mudanas
evolucionrias, a partir de si mesma, como o desenvolvimento de uma flor a
partir de seu bulbo. Ela est constantemente sendo descentrada ou deslocada por foras de si mesma. (LACLAU, 1990, apud HALL, 2005. p.17)
A forma como o individuo incorpora o mundo material a partir da
experincia que ele projeta essa incorporao funciona como manifestao simblica.
Do simblico ao tradicional e cultural. A tradio um meio de lidar com o tempo e
o espao, inserindo qualquer atividade ou experincia particular na continuidade do
passado, presente e futuro, os quais, por sua vez, so estruturados por prticas sociais
e recorrentes. (GIDDENS, 1990, apud HALL, 2005.p. 14)
Hoje h uma diversidade cultural bastante significativa, e so mltiplas as
identidades em continuo processo de construo, adaptaes e ressignificaes
simblicas que possa haver entre eles.
Em se tratando de identidade social poderia se afirmar que a partir da
identidade se busca a identificao. Assim um determinado grupo procura-se igualar
a outro dentro de um meio social atravs de modelos de identificao. Muitos desses
modelos so estipulados pela prpria sociedade.
O que identifica o eu o que o diferencia dos outros. Existe a necessidade do
indivduo de compartilhar e fazer parte de outros grupos sociais dentro de outros
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meios culturais. Ou melhor, h uma busca no s pelo ser, mas pertencer na
existncia de outra cultura ou diga-se socializar-se, compartilhar informaes, para
enriquecer sua prpria cultura. Porm em contra ponto a esta lgica surgem por
exemplos grupos de defesas e de preservao geralmente extremistas e radicais,
fundamentadas em idias discriminatrias e preconceituosas de outras ordens sociais.
Com o desenvolvimento das sociedades modernas, muitos tericos tiveram
grande preocupao em apontar o enorme perigo que o avano das transformaes tecnolgicas, econmicas e polticas poderiam oferecer a
determinados grupos sociais. Nesse mbito, principalmente os folcloristas,
defendiam a preservao de certas prticas e tradies.
(RevistaMundoEducao,http://www.mundoeducao.com.br/sociologia/identida
de-cultural.htm. 2009)
Neste contexto h povos e movimentos culturais que procuram preservar
costumes que ferem a dignidade humana. Muitas dessas sobrevivem por terem
formado em seu ncleo idias radicais de preservao de costumes fechando-se
contra qualquer outra concepo de identidade. o radicalismo como fonte de
extino de diversos grupos tnico-culturais.
1.4 A diversidade cultural no espao escolar.
A escola o primeiro espao formal onde se d o desenvolvimento de
cidados e um lugar onde ocorre a socializao cultural, que proporciona ao aluno a
interao entre diversas culturas. A diversidade cultural formada pela identidade
individual e coletiva de grupo social. Cultura e educao andam juntas, e faz-se
necessrio compreender seus significados para entender a importncia da diversidade
cultural.
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Pode-se afirmar que cultura a soma de determinados valores, costumes,
crenas e tradies. a Identidade prpria de um determinado grupo social, seus
valores e sua interao com o mundo.
na representao cultural que se sustentam um leque de diferenas que
muitas vezes no so compreendidas e aceitas e das quais como consequncia do
origem ao preconceito e a discriminao. A educao possibilita interrupes pelas
quais a cultura se renova e o sujeito constri sua histria.
A escola tambm um agente importante na formao de identidades. l
que muitos valores so moldados, formados e compartilhados. A escola como
espao de formao do sujeito social, no pode acabar se transformando em um lugar
onde os indivduos ou alunos aprendem a reproduzir as formas de dominao de
manipulao correntes em nossa sociedade. (ARAJO, 2006. P.48) A educao
um processo social e como todo espao social na escola que muitos preconceitos se
confrontam.
As diferenas sociais, tnicas, religiosas nem sempre so aceitas com
naturalidade. A escola precisa perceber e exercer seu papel no combate ao
preconceito contribuindo atravs de informaes, debates, etc, para a superao de
todas as formas de discriminao. Pensar em uma escola de qualidade pensar na
incluso dos diferentes grupos sociais e culturais. Assim possvel a aceitao e
respeito das diferenas entre raas e culturas no ambiente escolar.
As pessoas no so iguais e as diferenas variam umas das outras. Porm,
todos os indivduos tm direitos iguais, liberdade de ir e vir que so garantidos por
lei: cada qual no seu meio ou sociedade, pas onde vive. Portanto tem direito a
educao e respeito como cidado.
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O preconceito surge quando se defende a idia de que h uma cultura
uniforme. As diversas etnias que formam a identidade nacional na maioria das vezes
so desprezadas e ignoradas. Dentro de escolas brasileiras o pluralismo tnico-
cultural e racial ainda tratado com indiferena pelo menos em relao a alguns
grupos tnicos. Muitos so os educadores que no esto preparados para lidar com
essa questo por ainda estar presos a uma educao na maioria das vezes
preconceituosa.
Na maioria dos contedos escolares de histria, por exemplo, no contam a
importncia do negro na formao da identidade brasileira; a herana dos costumes
indgenas lembrada, mas, e a valorizao dos mesmos na nossa sociedade? Entre
outras tantas que ofendem e envergonham nossa sociedade. H tempos que o
desrespeito a outras etnias causaram e causam extermnio de muitos grupos sociais e
culturais.
O desrespeito a outros povos do origem a grandes desigualdades sociais e
so responsveis pela violncia que proliferam em todos os espaos da sociedade e
do mundo. E a escola como espao de construo de identidades tem o dever de
dialogar sobre essas questes reconhecer que existe o pluralismo nas diferenas
culturais.
[...] talvez pensar o multiculturalismo fosse um dos caminhos para combater os preconceitos e discriminao ligados raa, ao gnero, s deficincias, idade e
a cultura, constituindo assim uma nova ideologia para uma nova sociedade como
a nossa que composta por diversas etnias, das quais as marcas identitrias,
como cor da pele, modos de falar, diversidade religiosa, fazem a diferena em
nossa sociedade. E essas marcas so definidoras de mobilidade e posio social
em nossa sociedade.
(ELIANA DE OLIVEIRA, 1990. http://www.espacoacademico.com.br-
13.05.2009)
A escola deve propiciar um ambiente agradvel para que grupos de vrias
origens socioculturais, no s de alunos, mas, tambm pais, dirigentes e corpo
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docente, possam dialogar e interagir transformando os dilogos em um campo
privilegiado de aprendizagem.
Tambm de fundamental importncia que a escola como formadora de
cidados se preocupe na no reproduo de esteritipos muitos repassados at por
parte dos professores, equipe escolar, involuntariamente usando rtulos para
qualificar genericamente grupos sociais, tnicos ou de sexos diferentes.
Para lidar com a diversidade essencial ao professor definir o que comum a
todos e o que particular a cada aluno. Criar diferentes ambientes de aprendizagem:
diversificar os materiais didticos: e principalmente no destacar em excesso as
diferenas dentro das turmas em sala de aula.
Olhar e perceber as diferenas no plano da coletividade pensar na
diversidade cultural e numa educao inclusiva de respeito e conscincia por uma
identidade cultural e social mais justa.
1.5 O papel da arte na formao da Identidade
Arte cultura: pensamento e ao. Seja visual, musical, dana, teatro e
literatura ela est presente nas mais diversas manifestaes individuais e coletivas de
um grupo social.
O conceito de arte extremamente subjetivo e relativo e s vezes confunde-
se com o conceito de vida, por estar intimamente relacionada com essa subjetividade
e realidade dos seres humanos.
Atravs dos tempos o homem busca entender sua relao entre o sujeito e o
mundo e procura interpret-la atravs da arte. Quando se faz arte se elabora conceitos
sobre a prpria Identidade.
-
Aceitar que o fazer artstico e a fruio esttica contribuem para o
desenvolvimento de crianas e de jovens ter a certeza da capacidade da
capacidade que eles tm de ampliar o seu potencial cognitivo e assim conceber e
olhar o mundo de modos diferentes.
(LEO, 2003. www.caracol.imaginario.com)
O fazer artstico resulta numa srie de conhecimentos sobre a nossa prpria
existncia como seres humanos e atravs da arte que a histria da evoluo humana
tambm escrita. Alm do mais a produo artstica pode ser de grande ajuda para o
estudo de um perodo ou de uma cultura particular podendo revelar valores do meio
em que foi produzida, isto atravs da histria em arte.
No basta fazer arte se faz necessrio compreend-la, mesmo que a arte seja
de certa forma incompreensvel ela se revela em cdigos que possibilitam a
compreenso das aes do homem atravs dela.
A arte desenvolve a sensibilidade e desperta as pessoas para outra
conscincia de percepo do meio em que vive. Ela se processa atravs dos cinco
sentidos e se torna objetiva atravs da ao do conhecimento que se forma na
subjetividade e ao se fazer arte se produz significados e esses significados precisam
ser interpretados para formar aprendizagem.
A arte tambm est na expressividade, na imaginao e na criao. Todos os
seres vivos tm necessidade de se expressar, se comunicar seja atravs da linguagem
verbal ou escrita, seja atravs da linguagem artstica. Porm nem toda forma de
expresso vlida em arte. Nem todo trabalho artstico considerado uma obra de
arte. Uma obra de arte faz parte de um significado maior e no depende s da
subjetividade do artista, ou de fazer arte, ela est associada a um processo criativo
mais elaborado de um individuo ou grupo de indivduos. O conceito de arte
contempornea passa por um conceito de representao de uma idia, que subjetiva
e sendo por isso mais complexa de significado.
-
A arte contempornea hoje est fortemente ligada ao caos da nossa prpria
realidade. O fazer artstico pode ser compreendido segundo Heidegger (1990, apud
Arajo, 2006. P.17) como processo de desvelar a prpria arte como possibilidade
significativa do seu ser em sua originalidade. Se a realidade se mostra confusa e
complexa, a arte oferece a possibilidade de resgatar a essncia da prpria existncia
humana.
A Arte capaz de formar cidados livres e quebrar barreiras principalmente
numa sociedade como a nossa, excludente e escravista. Permite que os indivduos
manifestem a sua maneira, sua culturalidade e serem reconhecidos como indivduos
nas suas diferentes expresses humanas. Diferentes expresses humanas, diferentes
identidades e diferentes realidades.
1.6 Arte, Educao e Identidade
A arte tem um papel fundamental na formao de cidados e na escola o
primeiro espao formal para que ocorra o desenvolvimento dos cidados. O ensino
de Arte na escola est garantido no art. 3 da Nova LDB, n 9394, de 20 de
dezembro de 1996: O ensino ser ministrado com base nos seguintes princpios:... II
Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte
e o saber...
A educao em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artstico e d
percepo esttica, e caracterizam o modo prprio de ordenar e dar sentido a
espcie humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepo e imaginao,
tanto ao realizar formas artsticas quanto na ao de apreciar e conhecer as
formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas. (PCNs, 1997. p. 19)
Na sala de aula o ensino de arte deve estar em consonncia com a
contemporaneidade. Para que ocorra aprendizado deve se levar em conta a
-
diversidade cultural, o que cada aluno traz na sua bagagem para que essa possa
ampliar seu potencial cognitivo, conceber e olhar o mundo de modos diferentes.
Todo o trabalho ou fazer artstico deve ser prticas que se relacionam entre a arte e
educao. A escola um lugar de vivncias e construo de identidade, de incluso,
de respeito, e conscientizao e responsabilidade.
Conhecendo a arte de outras culturas, o aluno poder compreender a relatividade
dos valores que esto enraizados nos seus modos de pensar e agir, que pode criar
um campo de sentido para valorizao do que lhe prprio e favorecer abertura
riqueza e diversidade da imaginao humana. (PCNs, 1997.p.19)
Ainda levando em conta que na sala de aula o aluno tem a possibilidade de
exercer atravs de atividades e pesquisas um olhar mais crtico sobre o que pensa de
cultura.
A concepo de arte no espao implica numa expanso do conceito de cultura,
ou seja, toda e qualquer produo e as maneiras de conceber e organizar a vida
social so levadas em considerao. Cada grupo inserido nesses processos configura-se pelos seus valores e sentidos, e so atores na construo e
transmisso dos mesmos. (LEO, 2003. www.caracol.imaginario.com)
O ensino de arte qualifica o aluno tambm para o mundo do trabalho, pois o
mercado de trabalho exige cidados criativos e versteis.
Todavia todo o processo pedaggico e educativo em sala de aula passa pelo
educador. ... a responsabilidade do pedagogo ao elaborar projetos educacionais, est
em sua prpria compreenso do que formar algum. (ARAJO, 2006.p.40) Um
professor de arte precisa estar ciente de sua identidade sobre o que educar um
agente humano. Algum que est orientando outro ser (agente) humano. Este
educador precisa estar bem informado, portanto, para poder despertar seu aluno para
sua prpria formao. No pode permanecer-se fechado para outras possibilidades de
-
realizao do ato de educar. Perceber, refletir sua prpria prtica pedaggica
fundamental para a construo de sua identidade como professor.
Os educadores podero abrir espaos para manifestaes que possibilitam o
trabalho com a diferena, o exerccio da imaginao, a auto-expresso, a
descoberta e a inveno, novas experincias perceptivas, experimentao da pluralidade, multiplicidade e diversidade de valores, sentido e invenes.
(LEO, 2003. www.caracol.imaginario.com)
O papel do educador passa pela compreenso do que ele mesmo entende por
cultura e diversidade cultural. Entender a arte dentro do contexto geral da histria
fundamental para que se possa dialogar sobre cultura e arte dentro da escola. A arte
na escola deve estar ligada a educao assim como a educao para a vida.
-
Captulo 2
APLICANDO O TEMA IDENTIDADE
NAS ARTES VISUAIS
-
2.1A Identidade nos contedos artsticos
Os contedos a serem trabalhados em sala de aula devem ser compatveis
com as possibilidades de aprendizagem dos alunos e adequados a realidade dos
mesmos. Dentro da metodologia do perceber, fazer, refletir e apreciar, o aluno ir
desenvolver em sala de aula um olhar mais pertinente para a arte.
Seguindo as diversas modalidades de expresso em arte seja no desenho, na
pintura, na gravura, escultura, e outras formas da linguagem artstica, os alunos
podem expressar-se e comunicar-se entre si de diferentes maneiras.
Atravs da representao nas formas artsticas o aluno tem a possibilidade de
conhecer-se e trocar conhecimentos culturais socialmente partilhados em sala de
aula. Atravs da sua cultura visual o aluno tem a possibilidade de desenvolver sua
identidade em Arte.
Como forma de comunicao a representao da linguagem artstica e visual
se produz atravs da imagem. A imagem na arte contempornea revela e desvela a
realidade humana. A imagem possibilita a construo e a reconstruo da histria
humana e global.
Atravs dos desenhos dos homens das cavernas, por exemplo, somos capazes
de reconhecer a capacidade que o ser humano tem de criar impresses. Impresses
que revelam nossa identidade e maneira de pensar, agir, criar, imaginar, ou
simplesmente de viver.
Atravs da imagem na arte constri-se a histria em arte e o desenho uma
forma de construo de imagem. H vrios artistas contemporneos que trabalham
com impresses em suas obras. Conhecer seu trabalho, tcnicas em sala de aula
poder ser til para os alunos desenvolverem atividades que possam servir de
-
reconhecimento de formas e reprodues de marcas e registros deixadas pelos
homens ou pela prpria natureza.
Coletar dados atravs de impresses deixadas pelas outras pessoas e
reproduzi-las artisticamente possam servir de leitura e releitura para reconhecer
informaes pessoais e impessoais sobre uma determinada cultura.
2.2 O desenho como identificao e a identidade no desenho
O desenho uma das construes culturais que variam de acordo com a
cultura ou civilizao que a produz e dependendo da poca e do lugar que realizado
e varia na forma de aparncia e funo. Tambm uma das linguagens artsticas
mais antigas assim como a pintura em termos de comunicao visual. Pode-se dizer
que o desenho constri snteses sobre o que vemos e imaginamos.
O desenho uma imagem cognitiva e identifica quem o produziu,
envolvendo o perceber, ver, fazer e o apreciar. um registro visual da imaginao de
um individuo e o desenho produz conhecimento porque ele se origina da observao
de algum que est desenhando. Porm a imagem apenas uma representao da
realidade, e o desenho por mais realista que seja apenas um fragmento ou pelcula
dessa realidade.
Em muitas escolas ainda h professores que oferecem como atividades de
arte a reproduo de desenhos ou simplesmente cpias para os alunos colorirem. As
aulas de arte constituem um dos espaos onde os alunos podem exercitar suas
potencialidades perceptivas, imaginativas ou fantasiosas. Para isso necessrio que
se desenvolva em sala de aula um campo frtil de imaginao e criao para que os
alunos possam desenvolver sua prpria identidade artstica. Portanto, desenhos
prontos para colorirem s vo fazer com que com o passar do tempo o aluno deixe de
-
fazer seus prprios desenhos isso, sem contar que o mais problemtico do desenho
pronto que no possibilita ao aluno desenvolver sua prpria concepo de olhar e
perceber as coisas.
Aprender a desenhar possibilitar-se a observar, a perceber outras formas de
olhar e ver. Em sala de aula possibilitar que o aluno atravs do desenho possa
compreender melhor a imagem que o rodeiam. Motivar o aluno a prtica do desenho
importante em todas as idades do ensino.
O desenho faz parte de todas as reas do conhecimento, est na arquitetura,
engenharia, e outras. Especficas ou no o desenho o registro visual das imagens
que se v e imagina. Desenho gesto, subjetividade, e objetividade. Desenvolver
um olhar crtico em relao ao desenho pensar nas inmeras possibilidades que o
mesmo oferece.
Desenhar alm de trabalhar com os aspectos cognitivos dos alunos em arte,
no exige muita coisa em termos de materiais. Pode-se fazer desenho apenas com um
papel e um lpis, ou uma caneta qualquer, lugar ou espao. Claro que o desenho no
se limita aos mesmos materiais, h uma grande variedade de materiais como grafites,
lpis, lpis aquarelvel, canetas, etc.
O desenho na arte contempornea deixou de ser apenas um esboo ou meio
de se chegar a uma pintura como foi nos sculos passados. Hoje o conceito de
desenhar outro. O desenho tem autonomia prpria, uma linguagem de estudo
independente da simbologia de remonta dos sculos anteriores ao sculo XX.
O desenho como ilustrao tambm uma forma de expresso gratificante
para o desenvolvimento imaginativo e criativo dos alunos, principalmente no ensino
fundamental. Produzir uma histria em quadrinhos com o tema Identidade uma
atividade que pode ser desenvolvida em sala em aula. Pedir aos alunos para que
-
faam desenhos buscando caractersticas prprias, pessoais ou as quais se identificam
pode ser um exerccio interessante para que possam se conhecer melhor. Refletir
sobre o trabalho, reconhecer no s os elementos formais, mas, tambm o processo.
Como vejo o mundo; como me identifico como sujeito; quem eu sou; para
onde vou; o que penso e como sou; como me relaciono com as outras pessoas; etc.
podem ser questes como temas para dilogo e atividades prticas de desenho.
Com a cultura dos desenhos animados em ascenso, os desenhos esto
conquistando outras mdias como, por exemplo, os videogames. Como imagens em
trs dimenses conquistam at o pblico adulto e encantam crianas de todas as
idades.
O desenho na gravura, como a xilogravura pode ser uma atividade prtica de
aula. H vrios artistas principalmente no Rio Grande do Sul que trabalham com a
gravura. Levar os alunos para conhecer um ateli de um artista conhecer um pouco
de seu trabalho de suas obras e vida.
Conhecer a obra de gravadores que em seus temas trabalharam a questo
cultural regional como, por exemplo: as xilogravuras de Danbio Gonalves: que
gravou cenas dos costumes e tradies dos gachos, entre outros que trabalham a
identidade cultural gacha e brasileira. Artistas que abraaram a causa popular:
poltica e social, evidenciando um olhar mais amplo sobre seu povo. Muitos deles
fazendo parte do Clube de Gravura do Rio Grande do Sul:
O Clube de Gravura foi disseminado pelo Brasil, Amrica do Sul e pelo mundo
socialista, pela iniciativa de seus membros, Scliar, Danbio, Glnio, Glauco,
alm de outros artistas militantes dos ideais de esquerda da poca, que passaram,
inicial e teoricamente, a aderir ao realismo socialista como arte e forma de
instrumento dos ideais polticos, confiantes nas possibilidades da imagem visual
para mudar o mundo: Vasco Prado, Plinio Bernhardt, Carlos Mancuso, Gasto Hofstetter, Edegar Koetz, Fortunato de Oliveira, Carlos Petrucci, Charles Meyer,
Ailema Bianchette, Avatar Morais, Denny Bonorino, Francisco Ferreira, Paulo
Yolovich e Nelson Boeira Faedrich. (PIET, apud,VEEC.1998 p 36.)
-
Fazer leituras de imagens comparando-as com imagens da nossa atualidade,
da maneira de pensar dos artistas sobre o sentido da arte e do fazer artstico. H
vrias maneiras e materiais para se fazer gravura e que possam ser utilizadas em sala
de aula.
2.3 A Imagem na Arte
As imagens so representaes visuais construdas atravs dos olhares e
percepo que temos do mundo. Oferecem possibilidades de compreenso da nossa
cultura e afins. A imagem forma identidades. Formam narrativas que juntas ganham
sentidos influenciando olhares e subjetividades atuando como mediadoras culturais.
Estudar a imagem atravs da histria compreender a nossa prpria histria.
A imagem possibilita a compreenso da arte como fato histrico no contexto
das diversas culturas. Toda imagem carrega em si elementos visveis e invisveis de
identificao. Cada pessoa tem um modo diferente de perceber e ver as coisas. Isso
porque cada ser humano nico em seu espao e modo de vida.
Cada ser humano produz sua prpria identidade. O fazer artstico depende da
bagagem cultural que cada indivduo carrega em si e no qual se identifica com os
outros. Muitos elementos visuais passam despercebidos ao nosso olhar e apesar de
parecerem inofensivos podem estar carregados de sentimentos ambguos ou
estereotipados.
Repensar a reproduo de imagens em sala de aula, atravs das
representaes tnicas e de gnero na maioria das vezes no corresponde aos fatos e
mais sugerem ainda posicionamentos de sujeitos e identidades que no condizem
com a realidade distorcendo o significado.
-
A nossa cultura est fortemente vinculada ao poder da imagem. A imagem
produz linguagens que se estruturam nas bases da representao simblica que
possibilitam a compreenso sobre a cultura de um determinado grupo social. As
imagens geram narrativas que podem atuar como mediadoras de uma cultura a outra.
Atravs da representao visual que a cultura esta sendo construda e adquirindo
significados. Porm, de suma importncia desenvolver um olhar crtico em relao
imagem.
Esse olhar crtico deve ser desenvolvido atravs da educao ou educao do
olhar. A comear pela educao artstica em sala de aula. Uma atividade a ser
desenvolvida em sala de aula pode ser a produo de um livro de imagem onde cada
pgina pode ser um elemento visual de identificao como exemplo: auto-retrato;
hbitos e gostos; roupas e vestimentas; religiosidade e crenas; etc. Utilizar materiais
diversos na confeco do livro, para aguar a imaginao e a criatividade.
2.4 A Imagem e a fotografia na Arte
Discutir em sala de aula a questo da imagem do desenho nas mdias tanto de
lazer e entretenimento pode ser importante para ampliar o conhecimento dos
educandos no sentido de abrir o desenho para uma nova reflexo. preciso levar em
conta que o desenho animado educa, mas, tambm tem seu aspecto negativo, como a
reproduo de imagens que podem criar esteretipos, e a influncia que eles exercem
sobre o olhar e comportamento das crianas. O desenho em si pode criar novas
realidades sem reproduzi-la.
-
Em se tratando de novas realidades, a fotografia est conquistando cada vez
seu espao no meio artstico. Quando ela surgiu pensava-se que ela tomaria o espao
do desenho realista (viso renascentista e acadmica) e at da pintura.
Do questionamento de artistas modernos do inicio do sculo XX, j no
incluem esse quesito nas discusses sobre desenho. Pois o desenho uma forma de
expresso e a fotografia como uma forma reprodutora de um instante, um momento
congelado no tempo. Porm cada qual tem seu valor artstico.
Trabalhar com fotografia em sala de aula pode beneficiar os alunos de
diversas formas. Pedir para que tragam fotografias antigas de outros tempos para a
sala de aula e contrapor-las com fotos atuais para estudar costumes e hbitos das
pessoas e suas pocas. A cmera fotogrfica evoluiu a tal ponto que ela
praticamente vai para qualquer lugar, e a cmera digital se popularizou por estar no
celular de milhares de brasileiros, claro que para sua melhor visualizao ela deve ser
conectada ao programa de computador.
Com a evoluo das cmeras digitais hoje a fotografia est conquistando
outras dimenses aliada aos programas de digitalizao de imagem, a fotografia
como arte passa pelo photoshop, e outros acessrios de mdia para uma nova leitura
em imagem fotogrfica. Alm da fotografia artistas contemporneos est utilizando
cada vez mais as novas tecnologias como forma de produo em arte.
As mudanas decorrentes do abandono de tcnicas tradicionais como a pintura, o
desenho, a escultura, o afastamento da idia de arte como mercadoria, a
reavaliao dos conceitos artsticos fundados na representao de formas, no
belo, na subjetividade, na individualidade e na artistificao dos meios, deixam
seu lugar para novas formas de produo de arte. (DOMINGUES, 1997. p.17)
Pesquisar sites e imagens de artistas no computador, usar dos recursos do
power-point, desenharem e produzir imagens digitais e de animao e estudar efeitos
so atividades que podem ser feitas em sala de aula.
-
A fotografia como documentao em arte ter sempre seu valor histrico e
vlido, pois um registro inegvel de algo que j aconteceu. J uma imagem
fotogrfica artstica no tem essa preocupao com a realidade, mas com a idia que
transcende essa realidade.
A fotografia documental pode ser uma aliada para professores e alunos em
sala de aula como, exemplo, uso de imagens que marcaram pocas, costumes, ou
vestimentas, que formam a identidade cultural de um povo. Abordar a questo da
moda, como referencial de identidade.
Sair com os alunos para fotografar, e fazer relatos sobre o que se v e o que
se percebe, fotografando aquilo o que cada um percebe e aprecia e o que mais lhe
agrada ou no e aps dialogar sobre as diferenas pode ser uma maneira de se estudar
a esttica das imagens e como cada pessoa v sua realidade: ou pensa sua identidade.
Pode-se atravs da imagem fotogrfica conhecer um pouco da histria de
outras culturas, tambm as mais distantes. Como uma forma de registrar
acontecimentos e fatos a fotografia capaz de guardar e zelar a memria de um
grupo cultural. Portanto, ela exerce um papel de suma importncia para resgatar o
patrimnio histrico e cultural de um povo.
Levar para dentro da escola questionamentos sobre o que vem a ser a
memria de um povo ou de determinada cultura e tambm chamar ateno para que o
aluno busque valores que fazem e faro parte de sua prpria formao como sujeito,
tambm formador de identidades. Incentivar os alunos a buscarem elementos de
identificao na memria visual e de seus entes passados pode ser uma forma de
reconhecer sua prpria identidade como ser humano e cidado, conhecer suas
origens, refletir sobre ela, formar, transformar conhecimentos.
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2.5 O folclore e a influncia da mdia na arte
Questes folclricas tambm podem estar entre os contedos de uma aula de
arte em se tratando de Arte Popular, pois, atravs do folclore pode-se identificar um
povo. Folclore o estudo e conhecimento das tradies de um povo, expressas nas
suas lendas, crenas, canes e costumes. (AURLIO, 1999). Trabalhar a arte
atravs dos elementos de expresso de um povo seja atravs da dana, da msica, do
teatro e poesia aprimorar a bagagem cultural dos alunos. Costumes e hbitos de
diversas culturas e identidades quando estudadas em sala de aula podem contribuir
fazendo com que os alunos, crianas e jovens ampliem seu potencial cognitivo e ao
olhar o mundo de modos diferentes.
Como se vestiam os entes passados de cada um, que hbitos tinham, sua
culinria, como se comportavam, como se divertiam, e assim por diante.
Questionamentos como esses tambm podem levar a reflexes sobre a esttica como
valor intrnseco na arte. Trabalhar a questo do belo e o feio na arte que varia de
significado de sculo para sculo.
A questo esttica da arte relativa por causa da enorme influncia que os
meios de comunicao de massa exercem sobre o pensamento das pessoas. Trabalhar
em sala de aula o poder das imagens atravs dos meios de mdia desenvolver o
senso crtico dos educandos chamando-os para debates, discusses sobre diversos
temas relacionados alfabetizao visual. As propagandas de televiso geralmente
voltadas a um consumismo exagerado atraem o olhar o expectador de tal forma que o
torna alienado ao modo de ver das coisas.
Levar para a sala de aula a problemtica dos excessos de imagens por toda a
parte trabalhar o poder da imagem na formao da identidade do aluno. Trabalhar
-
com diversos materiais em sala de aula, cartazes, jornais, revistas, anncios, pode
possibilitar debates que faro com que os alunos reflitam sobre a atualidade.
Os meios de mdia influenciam o modo de pensar, de agir, a maneira de se
vestir, e o comportamento projetando personalidades, e estilos que fazem a cabea
das pessoas. As propagandas influenciam e tambm podem manipular as pessoas,
criando atravs da imagem idias destorcidas da realidade. E isso atingindo milhares
de pessoas no mundo inteiro, pois a televiso est em toda parte, ultrapassando
fronteiras, continentes e culturas. A televiso informa e forma conhecimentos e o
professor precisa estar atento, preparado para trabalhar com os alunos a importncia
de saber ver e compreender as imagens que os meios de mdia oferecem.
Criar e manipular imagens no computador pode ser uma atividade
interessante para abrir uma discusso sobre como a tecnologia possibilitou uma nova
definio de imagem. E elas podem contribuir com o desenvolvimento do
pensamento artstico do aluno. A televiso tambm agua a curiosidade do
expectador sobre os costumes e hbitos de outros povos. O professor pode
desenvolver atividades em sala de aula relacionadas h essas curiosidades.
Permitir que o aluno fizesse suas reflexes a cerca de outras etnias e que
possa trocar conhecimentos sobre elas no grupo escolar propiciar uma
aprendizagem de reconhecimento de outras identidades culturais.
Muitos costumes, hbitos, e a prpria linguagem verbal podem trazer novas
possibilidades de aprendizado, tambm de ordem filosfica, de onde vim, para onde
vou, o que eu sou, e assim por diante.
Como vivem outros povos e por que alguns povos usam a pintura corporal
como manifestao artstica, outro tema importante na formao da identidade do
-
aluno. Por que povos como os aborgines pintam seus corpos; o que uma arte
mvel; as diferentes formas de se pensar arte.
Levar para a sala de aula vdeos ou imagens ou obras de arte dos continentes,
estudarem a histria de arte, tambm a local. Toda cidade geralmente possui um
prprio museu contando sua histria atravs de objetos, pinturas, etc, de outros
tempos que as identifica.
Os museus so grandes aliados na preservao da cultura local ou regional,
pois geralmente possuem acervo de documentao de como viveram ou vivem as
pessoas de uma determinada comunidade. Como evoluram os costumes ou como se
perderam: crenas, mitos; o que contriburam para a atualidade das outras geraes,
sua produo artstica.
Levar o aluno ao museu, planejar atividades, buscando a compreenso dos
tempos da histria, resgatar o passado para construir o futuro, pensando o presente
fazendo comparaes, analisando, produzindo novos significados para o
conhecimento como um todo.
Atravs do olhar visual e artstico ampliar os horizontes de possibilidades de
compreenso como ser humano. Mas quais influncias a pintura exerce sobre o
pensar artstico? Como compreender a pintura seno analisando os elementos formais
e no formais dentro da arte? ; compreender o prprio tempo atravs das produes
artsticas.
2.6 Pensar a pintura no fazer artstico
A pintura possivelmente nasceu da impresso do homem das cavernas. So
os registros mais antigos. Fortemente relacionada a rituais e magia dos homens da
pr-histria evoluiu para pintura corporal, e muralista. A pintura conquistou as
-
paredes das linhas arquitetnicas dos primeiros povos dentro os quais os egpcios se
destacaram, tambm, os gregos assim por diante.
Da pintura, surgiu entre os povos diferentes e significativas formas de
representao visual. Desde o perodo do Renascimento, e atravs dos sculos
seguintes representou os maiores acontecimentos no ngulo artstico e cultural dos
grandes centros europeus, com imagens que relatavam e estipulavam o modo de
viver do homem europeu. Pode-se conhecer toda a Histria da Arte atravs do estudo
da esttica na pintura.
A pintura no Brasil comea a ser de importncia aps o modernismo.
Relativou o significado e com ela a tela cedeu espaos para a utilizao de outros
suportes e materiais na produo de imagens entre as mais atuais so as imagens
digitalizadas.
Da passagem manual e artesanal para os meios miditicos e tecnolgicos. A
pintura uma das possibilidades de trabalhar expresso individual e coletiva em sala
de aula. Pintar para expressar, objetivar a imaginao, exercitar o pensamento
criativo. Possibilitar a criao e construo de formas plsticas e visuais em sala de
aula para que o aluno possa refletir sobre o fazer e compreender esse saber.
O professor atravs de obras de arte pode trabalhar a produo individual do
aluno juntamente com obras de artistas fazendo link e sempre que necessrio trazer a
reflexo para a atualidade, portanto no apenas trabalhar com as obras de artistas dos
sculos passados, mas fazer entendimentos para que o aluno compreenda a arte mais
atual, contempornea.
A pintura assim como o desenho desmistifica o olhar. O que real e o que
no real ganha importncia na imagem. A pintura realista ou no passa pelo estgio
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do choque para o encantamento. A fotografia revoluciona o olhar porque contagia.
Fotografar no pintar um quadro, uma ao mecnica e visual.
Com o avano das cmeras digitais fcil o manuseio e rapidez na produo
de imagens. J a pintura leva mais tempo para ser concretizada, e exige mais espao
e material para ser realizada. Na sala de aula dependendo do tempo do perodo de
aula certas tintas ou materiais sero limitados, principalmente quando no h uma
sala ambientada para as aulas de arte. Uma das modalidades pictricas que na nossa
contemporaneidade est conquistando olhares e ateno at de espaos como museus
antes considerados bem tradicionais o grafite.
O grafite uma arte popular de desenho de rua ou de periferia, trazidas e
expostas para dentro das escolas, galerias e espaos urbanos onde at pouco tempo
no se imaginavam. o desenho, pintura e expresso do artista revelando realidades.
A pintura corporal tambm est conquistando novos grupos culturais, como
exemplo as tatuagens. A tatuagem outra maneira de pensar o corpo esteticamente.
A arte de tatuar o corpo antiga, e adquire uma nova funo mvel de arte na
atualidade. O sujeito do sculo XIX e XX est ressignificando esteticamente a
maneira como percebe seu corpo.
Tatuar criar um novo estilo, para os adeptos atitude e a moda do
momento. A moda dita estilos e se percebe que a tatuagem esta impressionando um
vasto pblico entre esses a maioria jovens. Para eles no basta ser preciso
identificar-se, criar vnculos. Uma das possibilidades de trabalhar tatuagem pode ser
associando-a a carimbos.
Muitos jovens em idade escolar exibem suas tatuagens, de tamanhos
variados, fixas ou no fixas, e servem para impressionar: lembram formas de
identificao. possvel abordar em sala de aula a questo dos estilos. A tatuagem
-
lembra a arte corporal primitiva, uma maneira de usar o corpo como suporte em
arte.
Pensar o corpo na arte pensar nos cinco sentidos da percepo: tato, olfato,
audio, viso e degustao. Explorar os cinco sentidos na arte criar sensaes e
trabalhar a sensibilidade dos alunos em sala de aula. Fazer atividades que envolvem
os alunos com a questo no s visual da arte possibilita compreender como as
sensaes tambm criam formas de comunicar-se.
Outra modalidade de arte para atividade com alunos a performance. A
performance combina elementos do teatro, artes visuais e msica, portanto
interdisciplinar e possibilita aos alunos questionar a prpria definio em arte. O
corpo atravs da performance possibilita refletir as relaes entre a idia de corpo do
sujeito e a representao da idia de corpo que o prprio sujeito tem de si mesmo.
Instalao, body-art entre tantas outras possibilidades que a arte oferece,
enriquece o ser humano porque faz com que este reflita sua relao com o mundo.
H muitas formas de se trabalhar arte na escola. E por possibilitar inmeros
dilogos sobre a realidade do ser humano, de como este se relaciona com o mundo
ela necessria e fundamental como disciplina dentro do ambiente escolar. Seja
atravs do desenho, da pintura, da gravura, da escultura ou de outras modalidades
artsticas a importncia e a riqueza da arte vem exatamente da sua capacidade de
reunir todas as dimenses humanas: emotiva, racional, mstica, corporal. Como
experincia nica a arte humaniza, forma e transforma identidades.
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Captulo 3
DILOGO COM A ESCOLA
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3.1 A Escola onde pretendo desenvolver o Projeto Educativo de Ensino o
Instituto Estadual Rio Branco situado na Avenida Protsio Alves, 999, Bairro Santa
Ceclia em Porto Alegre. O Instituto Estadual Rio Branco uma escola pblica,
comprometida com os Direitos Humanos, a Constituio do pas, o ECA e a LDB, onde
se praticam conquistas sociais e polticas, e onde todas as crianas e adolescentes tem
assegurados os seus direitos educao.
A escola organiza sua proposta pedaggica visando educao como dever da
famlia e do estado dentro dos princpios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana. Para que possa acontecer o pensamento pedaggico faz-se necessrio efetuar
mudanas sempre que possvel para que objetivos e metas possam ser atingidas.
preciso desenvolver a capacidade de Conhecer, pensar e refletir. Refletir sobre a forma e
o contedo dos valores ticos, artsticos, polticos e culturais e devendo ser uma prtica
constante. Aprender fazendo, agindo, experimentando na maneira mais natural possvel,
interagindo com o mundo. O plano de estudos organizado pela escola.
Os trabalhos com projetos devem ter tempo limitado e no muito longo. O
resultado deve ter aproveitamento pedaggico. Os contedos devem ser de forma
contextualizada adequados a realidade. As atividades devem inovar a prtica, estimular
o pensar e propor desafios.
A escola tem por finalidade preparar o educando para o exerccio da cidadania
e sua qualificao para o trabalho. Com esse pensamento almeja uma sociedade mais
justa e sem excluso. Portanto trabalhar o tema Identidade com os alunos uma
proposta vivel dentro do Projeto Pedaggico da Escola.
A escola possui sala prpria para Artes, mas a professora atual no est se
utilizando dela. Segundo a professora a sala de artes no arejada, no possui janelas, o
-
piso frio e a acstica do assoalho horrvel. A escola possui sala de vdeo, auditrio,
data show, mas por causa da reforma no colgio as salas no esto sendo usados.
Quanto a no disponibilidade de ter uma sala especifica para as aulas de arte no
motivo para no planejar aulas interessantes para os alunos. Ser apenas uma questo de
como organizar os espaos e o tempo disponvel para desenvolver as atividades dentro
do perodo previsto de uma aula semanal. Utilizar bem os espaos de trabalho para
tornar a aula mais significativa dentro do tempo necessrio ser uma questo de bom
planejamento.
A escolha dos materiais que irei trabalhar com os alunos sero os mais variados
possveis. Segundo respostas dos questionrios os alunos sugeriram materiais diversos,
porm, de fcil aquisio. Cada aluno usar alm dos materiais sugeridos e podero
utilizar-se tambm de outros os quais considera importante e significativo para
desenvolver suas ideias. Segundo observaes e dilogos com o professor muitos alunos
no trazem os materiais requisitados para fazer as atividades.
Propor aos alunos trabalhar em grupo pode ser interessante para incentivar
trocas de materiais e tambm de informaes sobre o prprio material a ser utilizado.
Experimentar outros objetos como suporte na arte alm de provocar a imaginao
tornar o trabalho mais criativo e valoroso. Trocar informaes sobre a qualidade dos
materiais e da sua utilidade ter como finalidade a compreenso da esttica atravs dos
materiais. Cada aluno tem interesses e facilidade de trabalhar com determinado material
do qual poder se expressar melhor. Portanto, como professora penso que de suma
importncia permitir que o aluno experimente e pesquise sobre outras possibilidades de
trabalhar os mais diversos objetos dentro das propostas de trabalho. A finalidade da arte
neste sentido de que o aluno desenvolva seu prprio percurso artstico e sua
capacidade emotiva e cognitiva atravs do processo criativo.
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No h restries pela escola quanto s sadas aos museus ou para atividades
fora do colgio e at trazer um artista para a sala de aula. Todavia levando em conta o
curto perodo de tempo de aula acredito no ser possvel agendar uma ida ao museu,
porm incentivar o aluno a visitar exposies ser de fundamental importncia como
dever de professora.
papel da escola incluir as informaes sobre a arte produzidas nos mbitos
regional, nacional e internacional, compreendendo criticamente tambm aquelas
produzidas pelas mdias para democratizar o conhecimento e ampliar as
possibilidades de participao social do aluno.(PCNs, 1997, p. 48)
Atravs das conversas com a professora as visitas a museus so sempre
importantes no s para desenvolver o hbito nos alunos de freqentar espaos de arte
como trazer questionamentos sobre a arte que est sendo desenvolvido na nossa
atualidade; alm de ter contato com artistas e sua obra e refletir sobre a prtica do fazer
artstico e a prprio significado da arte, todavia devido ao horrio ela apenas estava
agendando visitas para os alunos do perodo da manh.
Apesar da recomendao de trabalhar dois perodos da Histria da Arte j
definidos pela Escola, isto Arte gtica e renascentista, de acordo com a professora da
turma tambm podero ser abordados artistas contemporneos. Atravs de leituras de
imagens de diversos artistas o aluno ir desenvolver questes e provocaes a respeito
do que v e o que pensa por arte. A partir da viso do artista e do qual nos identificamos
somos capazes de produzir nossos questionamentos e buscar no fazer/ arte as respostas
que precisamos para a compreenso desse processo artstico. atravs da apreciao da
arte que se desenvolve a criatividade, mas, para isso necessrio desenvolver um grau
de entendimento pela produo artstica de qualidade. Apreciar, educar os sentidos e
avaliar a qualidade das imagens produzidas pelos artistas uma ampliao necessria
livre-expresso...(BARBOSA, 1999 ). Ainda seguindo o raciocnio: Atravs da
apreciao e decodificao de trabalhos artsticos, desenvolvemos fluncia,
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flexibilidade, elaborao e originalidade- os processos bsicos da criatividade.
(BARBOSA, 1999) Para tanto, usarei de reprodues de imagens para levantar
questionamentos a partir da produo de algum artista contemporneo sendo da Bienal
ou de alguma exposio em cartaz da atualidade para trabalhar juntamente com artistas
dos perodos gticos e renascentistas.
Como meta para desenvolver a capacidade de aprendizagem do aluno, a
finalidade ltima da Educao de acordo com o Projeto Educacional do colgio a de
preparar a criana e o adolescente para participar completamente e livremente de buscas
de alternativas para as decises que tambm afetam a sua maneira de viver, com
sabedoria nas dimenses pessoal, social e cultural. (PPP, 2008). Para tanto a arte para
pensar Identidade no s favorece o pensar cognitivo artstico como tambm o
entendimento geral a conhecimentos pertinentes a outras disciplinas como histria,
literatura, etc.
A metodologia de ensino da escola est baseada nos princpios da organizao
curricular atravs de projetos. As situaes de aprendizagem tem como objetivo
aproximar a escola da realidade e da vida do aluno criando pontos entre seu meio fsico
e social e de acordo com os contedos propostos nos Planos de Estudos. Para tanto os
projetos desenvolvidos na escola devem propiciar o aluno atravs de dilogos, debates e
que levem em conta tambm os interesses do aluno quanto aos contedos desenvolvidos
em sala de aula. Para tanto se faz necessrio um constante dilogo entre professor e
aluno em sala de aula.
(...) O ensino somente bem-sucedido quando os objetivos do professor coincidem
com os objetivos de estudo do aluno e praticado tendo em vista o desenvolvimento
das suas foras intelectuais. (LIBNEO,1991, apud FERRAZ e FUSARI,1999,p.
20).
De acordo com a resposta do questionrio a professora ainda a metodologia de
ensino baseia-se na proposta triangular. As aulas que presenciei eram dividas em dois
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momentos: histria da Arte e atividade prtica de acordo com o que foi explicitado,
geralmente a produo de um desenho referente ao assunto abordado. Os alunos apesar
das reclamaes chamaram a ateno do professor que deu suas aulas como se fosse
apenas uma obrigao a ser cumprida: faltou interesse de ambas as partes para chegar h
um acordo em comum. Estimular a imaginao e a criatividade um passo importante
para a compreenso sobre a arte para o entendimento cultural do aluno. As tcnicas de
desenho e pintura so formas de produo plstica, o aprendizado vai muito alm da
tcnica e precisa ter carter significativo para o aluno. O aluno precisa pensar na
intencionalidade da ao durante o fazer artstico; desenvolver os sentidos para a
percepo potica e visual da arte. Construir sua prpria identidade artstica atravs da
vivncia em sala de aula, do conhecer, fazer e apreciar arte.
De acordo com os questionrios uma grande maioria dos alunos associa a arte
com a ideia do artista como um gnio; aquele que tem o dom de fazer arte e como se a
arte fosse algo distante da realidade. Se os alunos concluem que arte isso o que est
sendo trabalhado em sala de aula na disciplina de artes? Pensando nisso na minha
primeira aula vou ter que abrir um espao de conversao sobre o tema Arte antes de
partir para o tema Identidade, pois, de certa forma trabalhar Identidade dentro da
contemporaniedade vai exigir um raciocnio mais atencioso em relao arte. Se a arte
no se resume a uma pintura, ou, a uma obra de arte e ela est na ao do sujeito, ela
precisa ser desenvolvida. Razo por essa que a arte uma disciplina que trabalha a
condio subjetiva dos alunos em todos os sentidos. No vou desenvolver tcnicas com
meus alunos, porm, utilizarei algumas tcnicas de desenho e de pintura para algumas
atividades.
Como considero a arte essencial para desenvolver a sensibilidade nas pessoas e
principalmente para um olhar em arte devo trabalhar a percepo do olhar e as
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sensaes pela qual a arte favorece a imaginao. ... sequenciar atividades pedaggicas
que ajudem o aluno a aprender a ver, olhar, ouvir, pegar, sentir, comparar os elementos
da natureza e as diferentes obras artsticas e estticas do mundo cultural, deve contribuir
para o aperfeioamento do aluno.(FERRAZ E FUSARI, 1999,p. 21) No s
desenvolver atividades artsticas, mas, refletir sobre o fazer.
Quando pensamos em identidade no podemos levar em conta apenas nossas
aes, mas, aquilo que move nossas aes e o nosso pensar. Se a escola fornece um
espao para esse dilogo, ento, cabe transform-lo num espao agradvel de
aprendizagem, com aulas criativas e prazerosas. Cabe ento, ao professor buscar
atualizao e formao necessria para que isso acontea.
Quanto aos materiais pedaggicos escola precisa estar preocupada em fornecer
aos professores auxilio necessrio. No h muitos livros sobre arte na biblioteca.
Tambm cabe ao professor providenciar os materiais necessrios como livros atravs de
emprstimos ou em outras bibliotecas.
Para trabalhar cultura dentro do tema Identidade irei abordar o tema atravs de
leitura de textos referentes aos perodos definidos pelo plano de aula, bem como a
cultura na atualidade voltada a arte atravs de leituras de imagens contemporneas bem
como suas inquietaes.
Cada aluno tem caractersticas pessoais, fsicas e individuais prprias de suas
origens. Essas caractersticas sero abordadas em algumas atividades prticas. Abrir o
assunto Identidade para cultura geral como um meio de pensar a cultura do mundo. O
que nos torna idnticos ou no em relao s outras pessoas.
A avaliao tem finalidade efetuar um necessrio e seguro diagnstico a fim de
orientar as mudanas, nunca como forma de presso. Como objetivo e meta desenvolver
uma educao que possibilite ao aluno ser agente de mudana, capaz de refletir sobre a
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realidade. Ela feita de maneira contnua e cumulativa e a qualidade de nfase aos
resultados. A Avaliao trimestral. O resultado da avaliao a soma das notas de
todas as atividades e dividida pelo numero das atividades. A mdia para aprovao 60.
Desenvolver um aprendizado em relao questo da Identidade em sala de
aula dar condies ao aluno de refletir sobre sua prpria concepo de sujeito que
produz conhecimentos a partir ser/pensar; do que compreende por identidade. O que sou
e o que penso faz parte do conhecer a si mesmo (autoconhecimento) e de como se
relaciona com seu meio e mundo onde vive. Da a importncia de se trabalhar a
Identidade dentro da sala de aula. Possibilitar ao aluno a reflexo sobre sua prpria
identidade, atravs da arte construir seu prprio entendimento a cerca de si prprio e
sobre outras identidades culturais.
O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreenso
do mundo na qual a dimenso potica esteja presente; a arte ensina que preciso
mudar referncias a cada momento, ser flexvel. Isso quer dizer que criar e conhecer
so indissociveis e a flexibilidade condio fundamental para aprender. (PCNs,
1997, p.21).
Aprender implica em perceber atravs do fazer artstico o que cada cultura
determina como valores, costumes, crenas e tradies. Estudar outras culturas, no caso
a cultura da renascena conhecer um pouco de suas identidades, dentro do seu tempo
histrico. O reconhecimento atravs das artes das diferentes culturas e povos, um
espelho de sua memria e identidade, bem como o papel do artista daquele perodo para
a atualidade.
Conhecendo a arte de outras culturas, o aluno poder compreender a relatividade dos valores que esto enraizados nos seus modos de pensar e agir, que pode criar um
campo de sentido para a valorizao do que lhe prprio e favorecer abertura
riqueza e diversidade da imaginao humana. (PCNs,1997, p.19)
A funo da Arte neste sentido tambm de formar cultura. Atravs dela
percebemos nosso espao no tempo e nossa realidade e de como ns percebemos nossa
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cultura dentro do mundo. A cultura no concebida nem definida por um s individuo,
mas, de um conjunto de indivduos com caractersticas comuns entre si. O que
determina ou diferencia uma cultura de outra, parte de seus anseios e necessidades
sendo responsvel pelo patrimnio material e imaterial do visvel e cada qual adquire
seu valor dentro de um determinado tempo e espao. Atravs da memria e da ao
desses povos que se define a cultura. Cada regio, estado, pas ou continente tem uma
cultura prpria que a caracteriza, e, portanto, no povo sem cultura. A arte no est s
nos museus e galerias porque ela tambm mvel. Sua importncia de valor
inestimvel para a memria das identidades que a tornaram.
No espao escolar a arte deve estar voltada a formao educacional dos alunos.
Toda a escola deve fornecer espaos onde a cultura possa ser discutida, produzida e
divulgada. Seja atravs da disciplina de artes ou atravs da interdisciplinaridade entre
reas afins o conhecimento no pode ter carter de reproduo, mas, de resgate e
memria que instiga novas produes artsticas e culturais.
A manifestao artstica tem em comum com o conhecimento cientfico, tcnico ou
filosfico seu carter de criao e inovao. Essencialmente, o ato criador, em
qualquer dessas formas de conhecimento, estrutura e organiza o mundo,
respondendo aos desafios que dele emanam, num constante processo de
transformao do homem e da realidade circundante. O produto da ao criadora, a
inovao, resultante do acrscimo de novos elementos estruturais ou da
modificao de outros. (PCNs,1997, p.32)
Para tanto a escola deve valorizar propostas pedaggicas que atendam as mais
diferentes formas de se pensar cultura, onde as diferenas no sejam formas de
excluso, mas, que atendem o maior nmero possvel de identidades que se renovam
assim como a cultura.
A pensar atravs da Arte que a cultura se forma e renova a disciplina de arte na
escola tambm precisa ser repensada, para que no fique na reproduo de
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conhecimentos. O sujeito que produz arte no pode permanecer esttico diante das
constantes mudanas dos conceitos artsticos. Assim a escola que tambm forma
sujeitos e artistas precisa se adaptar as novas mudanas na educao artstica.
A escola com uma proposta pedaggica ideal para a disciplina de artes
segundo a direo da escola aquela que oferece ao aluno atividades que permitam fluir e
explorar idias e imagens ampliando as formas de expresso, o Universo criativo e o
imaginrio.
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3.2 Anlise das observaes silenciosas
Instituto Rio Branco
Durante o perodo de observaes silenciosas refleti bastante sobre a importncia
da educao e como ela muitas vezes tratada com descaso nas escolas, isto ,
praticamente abandonada em algumas salas de aula.
Nas aulas de arte que eu observei no havia dilogo entre a professora e os
alunos. Os alunos entravam e saiam da sala o tempo todo e a professora j se diz
acostumada com o desinteresse dos alunos pelas aulas de arte. Porm, para que uma
aula seja interessante para o aluno o professor precisa planejar aulas que sejam
significativas, e, que despertam o interesse pela arte. Afinal, ele o mediador de
conhecimentos em arte durante os cursos, o articulador das vivncias dos estudantes
com os novos saberes a serem aprendidos.(FERRAZ E FUSARI,1999.p21) Assim os
alunos precisam entender que as aulas de educao artstica no so aulas de
passatempo, mas, que a arte tem uma funo de desenvolver as potencialidades quanto a
percepo, imaginao e sensibilidade do ser humano como um todo dentro do seu
universo e o mundo que o rodeia.
importante que os alunos compreendam o sentido do fazer artstico; que suas
experincias de desenhar, cantar, danar ou dramatizar no so atividades que visam
distra-los da seriedade das outras disciplinas. Ao fazer e conhecer arte o aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos especficos sobre a
sua relao com o mundo.(PCNs, 1997.p 44)
As aulas que presenciei foram todas de histria da arte e as atividades foram
todas de desenho de livre expresso. Como no havia uma aula planejada que
despertasse a criatividade dos alunos tornou-se montona e sem sentido, e os alunos
conversavam o tempo inteiro, assuntos que nada tinham haver com a aula. O ensino
somente bem sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos
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de estudos do aluno e praticado tendo em vista o desenvolvimento das suas foras
intelectuais (...)( LIBNEO, 1991 apud FERRAZ E FUSARI, 1999,p. 20)
A explanao da professora sobre os perodos da histria da arte foi incompleta.
A matria da aula foi reduzida e generalizada a algumas caractersticas do perodo
abordado por aula.
Cabe tambm ao professor tanto alimentar os alunos com informaes e
procedimentos de arte que podem e querem dominar quanto saber orientar e preservar o desenvolvimento do trabalho pessoal, proporcionando ao aluno
oportunidade de realizar suas prprias escolhas para concretizar projetos pessoais e
grupais. (PCNs, 1997, p.50)
Como a professora no utilizou nenhum material didtico de apoio como livros e
imagens, os alunos no souberam compreender a intencionalidade das atividades, que
estavam voltadas a dominar alguma caracterstica da histria atravs de desenhos.
Assim, no suficiente dizer que os alunos precisam dominar os conhecimentos,
necessrio dizer como faz-lo, isto , investigar os objetivos e mtodos seguros e
eficazes para a assimilao dos conhecimentos. (FERRAZ E FUSARI, 1999, p. 20).
Aps as atividades os alunos se preparavam para sair da sala. No houve em
nenhum momento uma reflexo sobre o que estava sendo trabalhado nem mesmo no
final da aula. Os trabalhos dos alunos ficaram semelhantes, pois, uns copiavam dos
outros. Dessa forma difcil pensar em arte como educao porque no h como existir
aprendizado se no h uma preparao antecipada do professor quanto ao planejamento,
escolha dos contedos, que despertam o aluno para imaginar, perceber e criar
significados que possam fazer diferena na sua relao com os outros e com o mundo
onde vive.
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Captulo 4
PROJETO EDUCATIVO
DE ENSINO
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1. Dados de Informao Geral:
Nome da autora do Projeto:
Arlete Neubuser Fenner
Nome e endereo da Escola:
Instituto Estadual Rio Branco
Av. Protsio Alves, 999
Bairro Santa Cecilia
Porto Alegre
Nome do professor titular:
Professora Daniele Fetter
Srie: 1 ano do Ensino Mdio Turma: 109
Turno: Noite
N de alunos: 29
Datas e horrios de atuao na escola:
Dias 24/08; 31/08; 14/09; 21/09; 05/10; 19/10; 26/10; 09/11;
16/11; 23/11; 30/11; 07/12.
Horrio: 19h45min 20h30min
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2. Dados Estruturais do Projeto
reas envolvidas: Artes Visuais
Eixo central: Identidade
3. Ttulo do Projeto
Arte para pensar a Identidade.
Justificativa:
Considero importante trabalhar o tema Identidade dentro dos perodos
da Histria da Arte por tais motivos:
O interesse no assunto pela escol