arte de rua: o mundo mítico no grafite de osgemeos · ... mas em um contexto de violência urbana....

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GLAUCIA COSTA DE CASTRO PIMENTEL ARTE DE RUA: o mundo mítico no grafite de osgemeos Projeto de pesquisa para obtenção do título de pós-doutorado Supervisão da Profa. Dra. Lisbeth Rebolo Gonçalves Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo ECA/USP Fev/2011 a fev/2013

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GLAUCIA COSTA DE CASTRO PIMENTEL

ARTE DE RUA:

o mundo mítico no grafite de osgemeos

Projeto de pesquisa para obtenção do título de pós-doutorado

Supervisão da Profa. Dra. Lisbeth Rebolo Gonçalves

Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

ECA/USP

Fev/2011 a fev/2013

2

Tudo é texto

Michel Foucault

3

ARTE DE RUA:

o mundo mítico no grafite de osgemeos

RESUMO: Este projeto propõe fazer um estudo da obra dos irmãos Pandolfo, grafiteiros

paulistanos, que veem ganhando aprovação de mídia e de público, comprovada pela

quantidade de visitação a suas mais recentes exposições, apontando para uma modificação na

aceitação ao grafite e à arte de rua como um todo. Ainda assim, a percepção popular, de modo

geral, parece ainda associar essas expressões urbanas a “sujeira, degradação e autopromoção”.

Muita controvérsia cerca essa e outras linguagens da chamada Arte de Rua, devido, em

grande parte, à falta de conhecimento de suas origens, focos, alcances e distinções. Há mais

de vinte anos ocupando espaços nas grandes cidades, o Grafite paulistano vem ganhando

projeção internacional, sem que a população se dê conta disto. Com alta rejeição por vários

segmentos sociais, ele segue se modificando a partir de sua origem novaiorquina do qual é

oriundo, desconectando-se do movimento original, o hip hop, e ganhando referências plásticas

associadas às ondas migratórias próprias de São Paulo, construindo uma linguagem única, que

reúne, além das referências próprias do movimento dos anos setenta com sua vibração pop,

também agrega traços da riqueza nordestina, dos gibis e, das citações proletárias mas, acima

de tudo, comenta a cidade e o resto do mundo, em suas mazelas, tragédias e discriminações,

propondo soluções às vezes utópicas, às vezes míticas, às vezes violentas, às vezes tribais.

Esses cronistas da cidade, no entanto, permanecem fantasmagóricos, sem um estudo profundo

que ora me proponho realizar.

Palavras-chave: Arte de Rua. Grafite. Movimentos culturais desviantes. Mercado de arte

internacional. Cultura brasileira.

INTRODUÇÃO:

São Paulo sediou a primeira Bienal Internacional de Arte de Rua nos meses de

setembro e outubro de 2010 (a Biar). Esse evento reuniu diversas linguagens expressivas

como o grafite, o pixo ou pichação, o grapicho, o sticker, o stencil e o lambe-lambe1. A arte

de rua que há várias décadas vem se fazendo notar, começa a ter reconhecimento de mercado,

com alguma cobertura da mídia (impressa principalmente) e um início de aceitação popular,

como demonstrou a boa frequencia à mais recente exposição dos irmãos grafiteiros,

osgemeos, na FAAP/SP2.

1 Para mais detalhes ver http://intervencoes.com.br/biar-1%C2%AA-bienal-internacional-de-arte-de-rua-de-sp

2 Em outubro de 2009 os irmãos gêmeos Pandolfo fizeram uma exposição na FAAP denominada Vertigem.

4

A arte de rua ou escrituras urbanas já se tornaram familiares aos habitantes das

grandes cidades e em particular aos moradores de São Paulo. Uma certa intimidade com as

subjetividades expostas pelos caminhos da cidade veem acontecendo desde os anos sessenta

em sintonia à contracultura internacional, quando os muros de Sorbonne e Berkeley

expunham frases que se tornaram famosas por seu poder de síntese, de forma poético-político,

como o “é proibido proibir”.

No Brasil, mesmo sob a ditadura militar, as influências contraculturais transmutaram-

se em Tropicalismo depois de se associar a raízes modernistas. Apesar da repressão, a

transgressão desenhava e escrevia frases pelos muros das cidades. Algumas eram convites à

irreverência como a “entre para o clube dos que andam na chuva” e também a “dance para

não dançar”. Outras possuíam inclinações anarquistas como “a minha liberdade adora a sua”.

E ainda surgiam as experiências gráficas como a expressão “Édifícil”, escrita em forma de

skyline de metrópole, além dos jogos de corpo iniciadas por Hudinilson Júnior que escrevia

“Ah beije-me” ao lado de uma enorme boca aberta, carnuda3, quase pornográfica. Estas e

outras escrituras comentavam com humor e crítica um período histórico bem definido,

dividido entre a repressão militar no país e a revolução comportamental que varria o mundo

ocidental no pós 1968.

Atualmente, apesar da aceitação expandida, essas expressões seguem se mantendo

num diapasão associado à transgressão, mas em um contexto de violência urbana. De fato, a

despeito da agradável explosão de cores, dos diálogos com a cultura pop, com os gibis e

mangás, os grafites e pichações só ocorrem (salvo em projetos oficiais recentes, raros e

esparsos) em áreas degradadas, como aponta Katia Canton, analisando o fenômeno no texto

Espaço e Lugar4. Essa condição degradada da cidade como escolha para os “escritores de

rua”, também é observada por grafiteiros estadunidenses, ao perceberem que essa arte se

3 Conforme narrado por Celso Gitahy in O que é Gaffiti. São Paulo: Brasiliense, 1999. (Coleção primeiros

passos, n. 312). 4 São Paulo: Martins Fontes, 2009. (Coleção temas da arte contemporânea). p 45-50.

5

desenvolveu tão amplamente na cidade de São Paulo, devido às condições inóspitas relegadas

a grande parte da população e em especial aos jovens, associadas à ausência de opções de

lazer, unidas a uma condição espacial assustadora. Para eles que percorreram a cidade além

das áreas ligadas ao capital internacional, “São Paulo is undoubtedly one of the ugliest cities

in the world”5.

Grafiteiros podem ser entendidos como os novos comentaristas da cidade, mas

continuam sendo perseguidos pelo poder público e tidos pela opinião pública como

responsáveis pela depredação da paisagem urbana. Além de rejeitados e caçados, todas estas

linguagens de rua são confundidas, como tomar-se pichação por grafite, e ignora-se outras

experimentações plásticas. Para todos os efeitos, todas essas linguagens são tomadas pela

pichação, a mais execrada de todas.

Por outro lado, e por isto mesmo, na maioria das vezes, estes cronistas dos muros

assumem suas escrituras como um risco que pode lhes custar penas de serviços públicos ou

até encarceramento, dependendo da interpretação do juiz em relação ao código penal sobre

“depredação de propriedade pública ou privada”. E por serem caçados, um outro valor se

agrega a essas manifestações ligadas à ousadia com que as inscrições conseguem ser

impressas na face da cidade, num jogo de prestígio e poder circunscrito aos círculos de tais

'artistas-piratas' que disputam postos, espaços, riscos e fama, enquanto conversam com a

cidade por seus caminhos, rompendo um apartheid invisível, disfarçado e não oficial.

Em meio a essa recente e inegável expressão humana, para o bem e para o mal, uma

dupla de grafiteiros tem chamado a atenção – os irmãos Pandolfo. Representantes de um

movimento cultural demarcado no tempo e no espaço, o hip hop paulistano, 'osgemeos' como

se assinam, brotaram da periferia da cidade na década de '80 do século XX e, como outras

5 MANCO, Tristan, Lost Art and NEELON, Caleb. Graffiti Brasil. London: Thames & Hudson, 2005. p.28.

6

manifestações do movimento, espalharam-se por seus muros e, excepcionalmente, romperam

limites.

Com projeção local e internacional recentes, os gêmeos veem desenvolvendo um

trabalho interessante por dialogar com inúmeras referências culturais dispersas no tempo e no

espaço, desarticulando fronteiras apartadas até então. De origem proletária, ascendência

italiana, partícipes de um grupo desviante (hip hop) e de convivência com as mais diversas

levas migratórias e imigratórias que ocupam a cidade, em especial a nordestina, os gêmeos

espelham riquezas e contradições que contam muito da trajetória da metrópole que os formou.

OBJETIVO GERAL:

A ideia deste estudo é de melhor analisar o que não consegue mais ser ignorado: os

grafites que já fazem parte da paisagem paulistana, em particular a obra de osgemeos que

refletem linguagens e experiências que coabitam eras, falas, grupos sociais e movimentos

culturais numa rica carnavalização bakhtiniana, polifônica e cronotópica. Rica e confusa, a

obra dos irmãos Pandolfo extrapola o movimento hip hop, os anos '80, o bairro do Cambuci, a

cidade de São Paulo e dialoga com muitas referências presentes em um vivo e caótico jogo

político-mítico, partindo dos garotos-de-latinhas-de-spray aos pesadelos de Hieronymus

Bosch, passando por Antonio Conselheiro, com suas utopias medievais, até a mais pop e nayf

figuração associada à indústria de entretenimento, às vezes melodramática, às vezes crítica.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

1. Conhecer as várias linguagens da Arte de Rua com as quais já convivemos, ainda que

sem conhecimento de sua amplitude e interferência, tornando-nos observadores

passivos de uma transformação espacial que assistimos entre estupefatos, críticos e

eventualmente encantados, dia após dia;

7

Foto da autora- Teodoro Sampaio/SP – 2011

2. Contextualizar as chamadas Artes de Rua que inundam a cidade, buscando suas raízes

em um cenário mais amplo de um movimento hip hop que surge na década de 1970

em Nova York com determinadas características, que sofrem modificações quando

inseridas na realidade paulistana da década de 1980, ganhando e perdendo traços que a

redimensionam, frente a outras riquezas e carências próprias de nova conjuntura

histórico-cultural;

istockphoto.com © Jorge Delgado

3. Abordar o Movimento Armorial que ecoa no centro do trabalho d'osgemeos, reunindo,

primordialmente, referências da metrópole globalizada, contemporânea, e o imaginário

mítico sertanejo que se apoia entre a solidão de uma desterritorialização catastrófica

de migração forçada, e a candura de projeções medievais sob códigos de cavalaria,

percebida e apontada por Ariano Suassuna quando de seu estudo do universo cultural

nordestino, presente em solo paulistano e, em maior concentração, em suas periferias

como o Cambuci entre outros bairros.

8

Exposição Vertigem/SP -2008 - Foto Vilma Slomp

4. Mergulhar no universo mítico-político da obra dos gêmeos que ora frequenta os

melhores museus e galerias da cidade e do mundo, ainda que permaneça, por muitos,

sob olhares condescendentes, e assim poder atar fios que atravessam a história da arte,

a história da cidade e os movimentos culturais desviantes.

Foto anônima em local desconhecido – fonte: Internet

JUSTIFICATIVA:

Para Walter Benjamin a arte, enquanto linguagem que manifesta a natureza das coisas

e dos seres recoloca, num jogo público, o poder humano de nomear, ou revelar, ou criticar, ou

traduzir o mundo. Num mundo degradado e desagregado, a arte comenta essa condição, e

Benjamin lamenta: “ficamos pobres. Abandonamos uma depois da outra todas as peças do

patrimônio humano. Tivemos que empenhá-las muitas vezes a um centésimo do seu valor

9

para recebermos em troca a moeda miúda do “atual”6. Entre o belo e o hediondo, a expressão

pessoal e a sujeira, a arte de rua e o crime, os caminhos seguem marcados e a cidade ganha

desenhos, nomes e cores descontroladamente, alterando e desvelando presenças que,

inadvertidamente, se fazem visíveis, se fazem texto. São novos tecidos por sobre territórios

demarcados, numa ação de dissolução de territórios, de fronteiras, e novas subjetividades. A

arte comenta seu mundo. Muitos tipos de interferências e marcas crescem e surgem

diariamente, apesar dos interditos, e o resultado é caótico e às vezes até, opressivo. Mas às

vezes surpreendem pela beleza, domínio e talento. Quem aguça o olhar enquanto se desloca

pelas vias públicas percebe a variedade de traços em número crescente.

A invasão dos espaços da cidade sugere um paralelismo com os Situacionistas dos

anos '60 e '70 do século XX, para quem a cidade em sua dimensão cênica, deveria abarcar e

receber intervenções que rompessem com os projetos de 'congelamento' das urbis7, que

tentam controlar espaços públicos rumo a uma museificação com áreas apartadas da vida da

cidade e formas passivas de usos e circulação funcional. Devido a insistência e expansão das

novas formas de viver, ocupar e transformar esses espaços, as regras já estão sendo revistas:

regras de contravenção, regras de técnicas expressivas, regras de mercado das artes, regras de

cidadania, regras estéticas, regras do que seja norte e sul, nordeste e sudeste, do que é público

e privado, do que é erudito e popular, e assim por diante. Estas são algumas das questões que

o grafite, e mesmo as pichações, estão forçando a cidade a discutir – poder público e cidadãos

reunidos em organizações (ou não), sejam artistas, sejam jornalistas, sejam lixeiros,

sociólogos, e padeiros da esquina.

Quando pensamos nessas (não tão) novas expressões urbanas e nos lançamos na busca

de sua história, é inevitável a lembrança das anotações rupestres, das incisões nas tumbas

6 Experiência e Pobreza , in Magia e técnica, arte e política – ensaios sobre literatura e história da cultura. 7 ed.

São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras escolhidas – vol. I). p. 117. 7 JACQUES, Paola Berenstein (org.). Apologia da Deriva: escritos situacionistas sobre a Cidade. Rio de

Janeiro: Casa da Palavra, 2003.

10

egípcias, nos muros e paredes de Pompeia, nas catacumbas cristãs, chegando aos murais

revolucionários mexicanos, até a segunda metade do século XX, quando então, começam a

dialogar com a cidade pósindustrial. Cidades que dispersam, que não favorecem o indivíduo e

seu convívio, que constroem barreiras à participação individual ou grupal de qualquer

natureza que não institucionalizada, acabam por construir focos de resistência contra o

anonimato, favorecendo improvisos e surpresas que vão dos gestos às roupas, das expressões

criativas às violentas.

Em meio a tantas incisões, textos, caos e cores, a escolha dos irmãos Pandolfo se

deveu a um recorte de gosto, mas que suporta concomitantemente, uma justificativa de

mercado e mídia. Por estarem com maior visibilidade, tomá-los como ponto inicial e pretexto

no percurso de compreender tais manifestações, também reafirma a valorização de seu

trabalho, unido à perspectiva de que, nele, muitas vertentes simbólicas e estéticas se

entrecruzam. Expandindo suas experimentações, os gêmeos, inquietos, buscam novas formas

de inserção pública como a pintura de castelos medievais e a performance ocorrida no Vale do

Anhangabaú8, que mobilizou alguns milhares de cidadãos ávidos por ações públicas, além das

tradicionais pinturas sobre viadutos e caminhos da cidade modificando uma paisagem citadina

recorrentemente degradada. A ideia de pesquisar os grafites dos irmãos gêmeos se deve ao

fato de, além de terem-se tornado um fenômeno de mídia e público, vincularem-se ao hip hop

que aportou São Paulo nos anos oitenta e jamais deixou a cidade. Essa ideia é rica em

controvérsias e em possibilidades de análises. Conhecer melhor o grafite como parte

integrante do movimento hip hop é mais uma assertiva que não tem sido extensivamente

estudada.

8 Um boneco com 20 metros de altura, pintado na lateral de um prédio condenado (prestes a ser demolido),

‘ganha vida’ para se juntar, como metáfora da solidão, ao espetáculo “O Estrangeiro”, encenado pelo grupo

francês Plasticiens Volants nos dias 12 e 13 de novembro de 2009, finalizando o ano da França no Brasil.

Vários endereços da mídia virtual comentaram o evento, inclusive registros pelo You Tube como no endereço:

http://www.youtube.com/watch?v=99hoQTUvElU entre outros.

11

Além das questões levantadas por essa interface tribal9 que a cidade aprendeu a

conviver num misto de reconhecimento e desprezo, também estabelece uma triangulação

entre estética, misticismo e utopia, que se desvia do movimento hip hop, refluindo para a

longínqua Tritrez10

. Tritrez parece ser uma terra mágica e mítica de um silêncio milenar,

repleta de poesia e miséria que se abre a seres-criaturas simplórios e naif. Seus traços também

repercutem carências e agonismos de um Hieronymus Bosh, e muito presente, associado

diretamente a Tritrez, divisa-se Cocanha, o país mítico da fartura e do descanso da Alta Idade

Média11

. A essas referências míticas associamos, Dom Quixote de la Mancha, o esquálido e

valente cavaleiro, que se reúne ao trágico e denso Antonio Conselheiro no mais abissal sertão.

Embora a obra tenha sofrido desdobramentos desde seu início na adolescência, o mesmo

aconteceu com a linguagem do grafite, e o hip hop em geral. Do movimento inicial dos anos

oitenta, pouco pode-se reconhecer na atualidade, e talvez, nem mesmo o espírito das

intervenções de rua permaneça. Mas estas são hipóteses que merecem verificação. Do caos

urbano à construção de mundos paralelos, da crítica social explícita ao envolvimento com

segmentos socioculturais ligados ao mágico e às utopias, fazem da pesquisa uma provocação

inquestionável.

Nos trabalhos observados uma certa ingenuidade parece brotar de cenas que rompem a

tradição hip hop, evocando uma religiosidade que se mistura a uma intenção de manterem-se

“apolíticos”, como declaram em entrevistas, traindo expectativas de outros grupos aos quais

parecem estar ligados. Romper com grupos e atitudes tem servido para içá-los

internacionalmente. Contraditoriamente reconhecem no grafite uma atitude política diferente

9 No sentido que Maffesoli emprega para o estudo das tribos urbanas contemporâneas.

10 Em seu site oficial, Tritrez é definido como um “universo habitado pelos personagens amarelos, onde brilha e

reina a sintonia entre todos os seus elementos. Cada parte e cada detalhe está mergulhada na magia que

envolve a imaginação...” - explicação que nos parece pouco esclarecedora. Acessível pelo endereço:

http://osgemeos.com.br. 11

Nem tão conhecida, a utopia do país de Cocanha surge de forma anônima, devido a condição famélica de

grande parte dos indivíduos da Europa, tentando sobreviver no sistema feudal. Com rios de leite e patos (já

assados) voadores, esse era o paraíso com que sonhavam os cristãos, ao invés do Éden preconizado pela

Igreja. FRANCO Jr., Hilário. Cocanha: várias faces de uma utopia. Cotia/SP: Ateliê, 1998.

12

dos murais que hoje executam. Segundo sua definição, pintar às escondidas é condição sine

qua non para que essa forma de expressão possa ser denominada grafite. Se houver uma

contratação da pintura ou qualquer forma de anuência, o uso do termo não deve mais ser

aplicado. E esta é uma característica inusitada para uma manifestação estética na história da

arte – trata-se de uma expressão pictórica que precisa ser negada para garantir sua existência.

Ser negada garante sua existência, recolocando-a no lugar privilegiado dos 'renegados' e dos

'malditos'. No dicionário Houaiss, grafite não é visto como expressão artística, mas como

“rabisco ou desenho simplificado, ou iniciais do autor feitos com aerossol de tinta nas

paredes, muros, monumentos etc., de uma cidade”12

. Para o lexicógrafo, o termo reflete a

atitude da polícia e de parte da população, para quem a ocupação dos muros só suja ainda

mais a cidade já tão degradada.

Desprestigiado, o grafite, mesmo em ascensão, segue sem material didático que o

discuta. Das pilhas de livros previamente pesquisadas, uma evidência torna-se surpreendente:

quase não existem textos sobre o tema, mesmo em grossos livros ricos em imagens, temos

apenas acesso a umas poucas páginas de apresentação13

. Em sua maioria são de autoria dos

próprios integrantes do movimento, ou de fotógrafos interessados nas obras que se espalham

pelas paisagens urbanas, tanto nos Estados Unidos, como no resto do mundo e, muito

especialmente14

, no Brasil. O que se verifica são apenas registros para divulgação dos

trabalhos de Arte de Rua, ou Street Art, sem uma tentativa de análise sistemática do assunto.

Paradoxalmente, a cidade de São Paulo passou a ser reconhecida por proteger estas

intervenções, o que a torna excepcional neste aspecto, como pontuam os próprios irmãos em

12

Dicionário Houaiss eletrônico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, s/d. 13

Curiosamente, o único livro que possui um extenso texto de apresentação é de autoria de Norman Mayler, o

famoso autor americano nascido em 1923 e que, evidentemente, constitui uma fonte interessante, embora

exótica, sobre o fenômeno que observou e comentou em 1974. 14

O destaque se justifica por inúmeros comentários mais ou menos unânimes, sobre o grafite de São Paulo ser

considerado único no mundo, particularmente elogiado, inclusive por famosos grafiteiros de Nova York, que

pode ser conferido pelo You Tube o vídeo Graffiti Tour in são Paulo e também no livro Graffiti Brasil de

Manco, Lost Art & Neelon. op.cit.

13

entrevista à TV Cultura15

. A confirmação desse comentário é a constatação de que ‘antigas’

obras permanecem pelas ruas, de autorias variadas como as de Alex Valauri, do grupo

Tupinãodá, de Rui Amaral e outros. Segundo eles a cidade tem, não apenas protegido, como

incentivado esses trabalhos, como fica patente por um You Tube, em que um grande trecho

do bairro da Vila Madalena foi coberto por imagens mantidas para visitação16

. Assim, na

ausência de opções de lazer e expressão, o corpo da cidade como um todo, tornou-se um

grande palimpsesto, para o bem e para o mal.

Esse estudo, com certeza, enfrentará dificuldades desde a própria indefinição

conceitual de grafite, passando a expressão integrante do hip hop, um movimento artístico-

político-cultural também controvertido, que oscila entre nicho de mercado, tribo urbana, mera

corrente fashion, ou ainda como movimento político próprio das décadas de '70 e ‘80 do

século passado, que foi (mais um) cooptado. Enquanto parte do movimento, o grafite se

associaria a outras manifestações como o break, o mc, o rap e outros, impregnadas pela

mesma indefinição teórica, de representação e de recepção. E se a dificuldade conceitual é um

obstáculo inevitável, por outro lado, uma das riquezas desse estudo é a possibilidade de se

pesquisar as inúmeras camadas que constroem algumas das manifestações da era pósindustrial

mais presentes e constantes e que, atravessando o movimento hip hop original, aquele surgido

(e ainda vigente) em Nova York, percorre seu correlato diferencial de São Paulo no Brasil,

analisando a especificidade dos grafites em São Paulo e, por fim, mergulhando na diversidade

da obra dos gêmeos, alvo e objeto principal, desde o percurso original, colado na estética e

escritura novaiorquina, chegando a esse universo incerto, entre o mágico, o brincante e o

desenraizado, que vem remodelando o rumo de sua trajetória, numa oportunidade de mapear

inserções culturais riquíssimas que construíam o cenário paulistano.

15

Entrevista concedida ao programa Roda Viva, no dia 14 de dezembro de 2009. Acessível pelo endereço:

http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/programa/PGM1183 16

Entrando no You Tube, digitar: “Graffiti Tour in São Paulo”. O “tour” é feito por um grafiteiro novaiorquino

ciceroneado por um colega paulistano. Para o visitante é visão é de assombro e encantamento.

14

Para a concretização deste estudo um apoio teórico de muitos parceiros já familiares

no percurso acadêmico se fará imprescindível, como Bakhtin com sua rica leitura múltipla e

polifônica; Marshall Berman no olhar sobre paisagens hierarquizadas e a ideia de progresso

sobre as cidades; Massimo Canevacci que, estrangeiro, nos auxilia a ver em São Paulo os

ângulos anestesiados que os viajantes percebem tão bem; Foucault no auxílio de uma leitura

sobre tantos textos, sejam grafados, sejam projetados; Felix Guatari que observa com agudeza

os potenciais dos rizomas ainda invisíveis sob as pulsões criativas, e ainda Stuart Hall que

analisa os desdobramentos político, culturais e plásticos na desterritorialização de discursos

que se queriam centrais. E ainda há que se frisar o suporte teórico de Walter Benjamin a partir

de seu olhar sobre a Cidade, pelas mãos do monumental Passagens em que multiplica quase

ao infinito a capacidade de intervenção em leituras dos muitos caminhos das cidades

pósindustriais, como em ‘Imagens do Pensamento’, publicado em Rua de Mão Única ou em

Documentos de Cultura, Documentos de Barbárie (com seleção de Willi Bolle), como

também no estudo de Olgária Matos em Os arcanos do inteiramente outro, que analisa a

cidade racionalista e a labiríntica. Também as teorias do filósofo sobre a escritura como são

vistas as impressões gráficas da cidade, poderão ser utilizadas, principalmente pelos estudos

de Kátia Muricy em seu ensaio sobre a teoria da escrita de Benjamin no caráter experimental

da linguagem17

. Também dela, em outro ensaio discute “a magia da linguagem”18

.

Restará percorrer ainda, a questão da subcultura hip hop e nordestina,

a representação de corpo na obra dos gêmeos em contraste com as inscrições iconográficas

das expressões de rua contemporâneas, e neste aspecto Gilberto Velho, Ariano Suassuna e

mesmo Alexandre Fernandez Vaz, no ensaio “Memória e Progresso: sobre a presença do

corpo na arqueologia da modernidade em Walter Benjamin”19

serão fundamentais. Fica

aparente a intimidade dos jovens artistas com os grupos de folias e folguedos que,

17

In O Percevejo: revista de teatro, crítica e estética. Ano 6, n. 6. Rio de Janeiro: UniRio, 1998. p. 05. 18

In Alegoria da Dialética. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998. p. 81. 19

In SOARES, Carmem (org.). Corpo e História. 2001. p. 43-60.

15

certamente percorreram desde a infância, as ruas de seu bairro. A referência aos grupos de

teatro de rua em atividade nessa mesma periferia como o Grupo Cupuaçu e a Companhia do

Feijão que, frequentemente, montam peças e festas públicas sobre os falares do nordeste

ainda vivo, mantendo ativos esses mundos fantasiosos, imemoriais e míticos.

Para propor esta pesquisa acumulou-se estudos desenvolvidos durante o mestrado

nas áreas da cultura pop, através da obra de Rita Lee entre os anos de 1967 a 1972, período

que integrou Os Mutantes sob uma postura feminista contracultural, com foco na trajetória

do grupo no movimento tropicalista de base paulista. Nessa ocasião alguns aspectos das

artes foram abordados como a performance, a fotografia, os arranjos musicais, as letras das

músicas, e claro: a ditadura militar, a esquerda armada, o anarquismo, o tropicalismo e a

contracultura internacional, incluindo o famoso trio transgressivo do período: sexo, drogas e

rock’n roll. Para este projeto o maior apoio esteve sobre os conceitos bakhtinianos de

carnavalização, dialogismo e multilinguismo, além de Foucault e outros mestres20

.

Para o doutorado o foco foi a obra do poeta Roberto Piva (recém falecido no último

dia 02 de julho), recortando o corpus sobre o Espaço e o Corpo em seus ‘ataques e utopias’.

Discussões fundamentais sobre gênero e a cidade de São Paulo fizeram fundo para o estudo

de, novamente, poderosos movimentos culturais como o surrealismo, o dadaísmo, a beat

generation, o xamanismo, novamente a contracultura e a força de uma poesia quando se faz

arma de combates e luxúrias transgressivas21

.

Desta vez, tornando a utilizar os recursos da Crítica Cultural, outro movimento

estético-político servirá de pano-de-fundo a instigar um olhar mais agudo sobre uma obra

que abraça referências político-sociais, nacionais e internacionais, acionando um

instrumental que agrega um aparato teórico de várias vertentes como a sociologia, a

20

A dissertação Guerrilha do Prazer: Rita Lee Mutante e os textos de uma transgressão está acessível pelo

endereço: http://www.tede.ufsc.br/teses/PLIT0086-D.pdf 21

A tese Ataques e Utopias: Espaço e Corpo na obra de Roberto Piva está acessível pelo endereço:

http://www.tede.ufsc.br/teses/PLIT0388-T.pdf

16

antropologia, a filosofia-política, a estética e a teoria literária, em seu instrumental incisivo

da Análise do Discurso, na busca por um entendimento de algo que transita entre o belo, o

sujo, o pobre, o onírico e o mítico, mas acima de tudo, profundamente vocativo e atual.

Magia, lirismo, poesia, violência urbana, contradições sociais, jogos de poder, e uma

enxurrada de possibilidades se enfileiram para serem discutidas. Um estudo que deve se

debruçar sobre a obra pretendendo buscar detalhes em recortes plásticos, também históricos

e, certamente políticos, no intuito de investigar seus contornos, relevos e relevâncias. Pela

leitura dos grandes painéis um rescaldo da industrialização sobre a cidade, juntamente com

as sobras dos grandes deslocamentos humanos que desassociaram raízes culturais em

nomadismo doloroso de grupos inteiros suspensos entre o sertão e o tão-sem-ser nesta

cidade imensa, como diriam os versos do poeta22

. Mas para que a percepção não permaneça

individualizada, é fundamental que seja buscada e compactuada com grupos e indivíduos

que com tais expressões urbanas, se manifestem, quer sejam outros artistas plásticos,

transeuntes de lugares muito modificados pelas escrituras, sociólogos, e tantos outros

especialistas ou mesmo meros observadores, incluindo os próprios artistas de rua,

grafiteiros, pichadores, etc

Apoiada sobre arsenal teórico, em vivência sobre a transfiguração evidente de uma

cidade, e de produção textual anterior que sustenta esta pretensão, o projeto ousa propor se

completar com uma produção imagética que consiga complementar e confirmar as leituras

das obras pictóricas, tridimensionais e instalações; constituindo uma produção teórica e

iconográfica que atravessará muitas linguagens em tempos e lugares diversos, num painel

transversal que possa auxiliar a traduzir o que já se fez constitutivo. Penetrar novas imagens

e paisagens, reais e míticas, imagéticas e políticas, citadinas e utópicas, esse é o percurso

que o estudo pretende empreender, de mãos dadas com os gêmeos grafiteiros.

22

No poema “Sertão” Felix Augusto de Athayde sintetiza: SER TÃO SEM / SEM SER TÃO / TÃO SEM SER.

17

METODOLOGIA:

1º Levantamento bibliográfico: do Movimento Hip Hop de Nova York; do Movimento Hip

Hop de São Paulo; das Artes de Rua em geral; do grafite em particular; do Movimento

Armorial; da condição nordestina em São Paulo; da obra dos irmãos Pandolfo

especificamente;

2º Levantamento documental e iconográfico: exposições; sites; blogs; registros fotográficos;

muros, trens, etc.

3º Entrevistas com representantes das diversas faces e interfaces das expressões de rua como:

grafiteiros, pichadores e representantes das diversas expressões de rua; outros artistas

plásticos; frequentadores e moradores de regiões muito modificadas pela ação de

grafiteiros e outras formas de expressão de rua; galeristas; diretores de museus;

estudantes de diferentes segmentos; órgãos policiais e de manutenção da cidade; outros

especialistas.

4º Produção de trabalho final incluindo texto e suas revisões; levantamento iconográfico e

produção de material para apresentação e publicação.

CRONOGRAMA:

Procedimentos \ meses do primeiro ano 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12

Levantamento Bibliográfico/fichamentos X X X X X X

Levantamento Documental/fichamentos X X X X X

Entrevistas X X X X X

Processamento dados X X X

Texto preparatório/ organizacional X X

18

Procedimentos \ meses do segundo ano 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12

Levantamento Bibliográfico X X X

Levantamento Documental X X X

Entrevistas X X X

Fichamentos e Processamento dados X X X X X

Redação texto/revisões/Produto final X X X X X X X X

PROPOSTA DE BIBLIOGRAFIA INICIAL:

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VÍDEOS do YOUTUBE: Graffiti Tour in São Paulo

________________. Brazilian dreams of Os gemeos

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Gláucia Costa de Castro Pimentel

[email protected] http://lattes.cnpq.br/4129998284492678

(48) 3338-7034 // (11) 8346-9060