arquitetura para o pré-construído: um mercado para os antigos galpões industriais da mooca

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Diretrizes para revitalização do Patrimônio Industrial: Mercado e a Estação de Trem da Mooca

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Page 1: Arquitetura para o Pré-Construído: Um mercado para os antigos galpões industriais da Mooca
Page 2: Arquitetura para o Pré-Construído: Um mercado para os antigos galpões industriais da Mooca

Dedico este trabalho a meus pais, Celso e Silvia, pelo

incentivo, compreensão e amor que sempre confiaram a mim.

Page 3: Arquitetura para o Pré-Construído: Um mercado para os antigos galpões industriais da Mooca

Agradeço primeiramente à minha orientadora, Regina Tirello, por tantas vezes ter me auxiliado nas dúvidas e questionamentos que

este trabalho proporcionou, mas principalmente pela compreensão de minhas dificuldades no decorrer deste processo, além de uma professora,

uma amiga.

Agradeço meus amigos, que cada um a sua maneira, estiveram muito presentes nesta fase de minha vida, fosse estudando ou

enxugando uma lágrima.

Agradeço minhas avós, que com ternura e carinho, sempre entenderam minha ausência.

Agradeço imensamente aos meus irmãos, que estiveram sempre presentes na hora do aperto com um ombro amigo ou o carro para

me levar na rodoviária na noite de domingo.

E, sem dúvidas, agradeço meus pais, por terem investido tanta confiança e acreditado em meu potencial, qualquer fosse a situação,

sempre presentes, apesar da distância.

Os agradecimentos são poucos, comparados ao valor que cada um representou em minha vida. Com certeza, cheguei até aqui pois

eles estiveram presentes..

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SUMÁRIO

0. APRESENTAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

1.1. OBJETIVO

1.2. JUSTIFICATIVA

1.3. LINHA DE ESTUDO

2. UM BREVE HISTÓRICO DO BAIRRO DA MOOCA

2.1. O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E URBANO

2.2. AS VOCAÇÕES DO BAIRRO

2.3. AS TRANSFORMAÇÕES E PERSPECTIVAS PARA O BAIRRO

2.4. A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARQUITETÔNICO DO BAIRRO

3. OBJETO DE ESTUDO: Os Galpões da Borges de Figueiredo e a Estação ferroviária

da Mooca

3.1. ANÁLISE DE ENTORNO

3.1.1. LOCALIZAÇÃO

3.1.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

3.1.3. VIAS E FLUXOS DA REGIÃO

3.1.4. A LEGISLAÇÃO INCIDENTE

3.2. O CONJUNTO FABRIL DA BORGES DE FIGUEIREDO

3.2.1. ANÁLISE DA SITUAÇÃO DO CONJUNTO FABRIL: AS DEFICIÊNCIAS E

POTENCIALIDADES DO CONJUNTO

3.2.2. A ESCOLHA DOS EDIFÍCIOS DA RUA BORGES DE FIGUEIREDO X RUA

MOSNENHOR FELIPPO

3.3. A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

3.3.1. HISTÓRICO

3.3.2. AS PERSPECTIVAS PARA O TRANSPORTE FERROVIÁRIO

4. INTRODUZINDO CONCEITOS: Reflexões sobre o processo de (des)industrialização

das cidades

4.1. O PATRIMÔNIO HISTÓRICO INDUSTRIAL

4.1.1. A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: UM DEBATE

INTERNACIONAL

4.1.2. O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL NA CIDADE DE SÃO PAULO

4.1.3. AS OPERAÇÕES URBANAS E A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA

4.1.4. O PATRIMÔNIIO INDUSTRIAL ARQUITETÔNICO NO BAIRRO DA MOOCA

4.1.5. AS FÁBRICAS E A FERROVIA

4.1.6. O ABANDONO ATUALDAS ANTIGAS EDIFICAÇÕES FABRIS DA MOOCA E

AS POTENCIALIDADES DE REVITALIZAÇÃO

4.2. AS QUESTÕES PRESEVACIONISTAS

4.2.1. OS PRINCÍPIOS DA CONSERVAÇÃO INTEGRADA

4.2.2. NOÇÕES DE BEM CULTURAL

4.2.3. A AUTENTICIDADE DO PATRIMÔNIO

4.2.4. TOMBAMENTO E PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS

4.2.5. A IMPORTÂNCIA DA REUTILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO

5. PREMISSAS METODOLÓGICAS

5.1. AS RECOMENDAÇÕES DOS ÓRGÃOS DE PRESERVAÇÃO

5.2. DIRETRIZES GERAIS PARA DESENVOLVIMENTO DE PROJETO EM EDIFÍCIO HISTÓRICO

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6. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

6.1. PUERTO MADERO

6.2. SESC POMPEIA

6.3. MERCADO DE SAN MIGUEL, MADRI

6.4. CARRIAGE WORKS

6.5. CONJUNTO KKKK

6.6. MERCADO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

7. OUTRAS VISÕES DO LUGAR

7.1. INTERVENÇÃO NA MOOCA: REFAZENDO A MARGEM FERROVIARIA DA

DIAGONAL SUL

7.2. A PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO NO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DA

MOOCA

7.3. SISTEMA DE TRANSPORTE DE ALTA CAPACIDADE: PROJETO DE UMA

ESTAÇÃO DE METRÔ NO BAIRRO DA MOÓCA

7.4. CENTRO DE ESPORTES E LAZER NA MOOCA-IPIRANGA

7.5. ESPAÇO MUSICAL DA MOOCA

7.6. MEMORIAL REURBANIZAÇÃO MOOCA IPIRANGA

7.7. INTERVENÇÃO NA MOOCA

8. INTERVENÇÕES PORPOSTAS

8.1. AS DIRETRIZES PROJETUAIS

8.2. PROCESSO DE PROJETO: REFLEXÕES E ESTUDOS

8.3. O PROGRAMA DE NECESSIDADES

8.4. FLUXOGRAMA

9. BIBLIOGRAFIA

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0. APRESENTAÇÃO

A p roposta deste t raba lho resu l ta de um in teresse pessoa l pe la temát i ca do pat r imôn io h is tó r ico indust r ia l , e t ambém pe las

in te r re lações ent re permanênc ias cu l tu ra i s e t r ans formações f ís icas que vêm ocor rendo no ba i r ro da Mooca – em São Pau lo – nas ú l t imas

décadas . A re f lexão propos ta nesse t raba lho cons is te no debate sobre a const rução e a produção da c idade contemporânea , na qua l o

pa t r imôn io cu l t u ra l const ru ído en tende -se como um tema urbano e não como uma ques tão i so lada.

O obje t ivo dessa p roposta é a e l aboração de um projeto para requal i f icação de um conjunto de an t igos ed i f íc ios indust r ia is com

grande s ign i f icado h i s tó r i co para a r eg ião da Mooca e que fazem par te de um impor tan te e ixo de ed i f icações fabr is que se desenvo lveu às

margens da fe r rov ia , e f o i recentemen te tombado pe lo DPH – Depar tamento do Pat r imôn io His tó r i co da Pre fe i tu ra de São Pau lo , t endo , por tan to ,

um reconhec ido va lor a rqu i te tôn ico e cu l t u ra l .

Foto 1 e Foto 2 LADO A LADO: O patrimônio industrial e a verticalização iminente no bairro da Mooca

Fonte: Acervo Pessoal

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1. INTRODUÇÃO

O cresc imento desordenado das c idades, a especu lação imob i l iá r ia , as mudanças dos compor tamentos, os novos va lores e es t i los de

v ida podem gerar impactos i r revers íve i s no pa t r imôn io h is tó r ico e cu l tu ra l das c idades , po is são fa tores resu l tan tes da v ida da soc iedade

cap i ta l i s ta e g loba l i zada. Por ou t ro lado, a rev i t a l ização é o mov imento con t rár io , po is i nd i ca a re tomada das d i scussões sobre preservação ,

conservação e res tauração do pat r imôn io e , essenc ia lmen te , a preocupação com espaços e mani fes tações que perm i tem o o lhar , a conv ivênc ia ,

o conhec imen to e a in te raç ão com va lores , h is tó r ias , s ímbo los e man i fes tações que v i sam o resgate do patrimônio – de todas as naturezas

(h is tó r ico , cu l tu ra l , i ndust r ia l , e tc . ) – para os usos contemporâneos .

A aná l i se h is tó r i ca do desenvo lv imento da c idade de São Pau lo most ra a i n te r re lação ent re sua es t ru tu ra urbana e o desenvo lv imento da

v ia fé r rea , que no f ina l do sécu lo XIX resu l tou na conformação de c idade indust r ia l i zada ao longo de toda a ex tensão do le i to fe r rov iá r io . Já em

meados do sécu lo XX, a t rans formação da São Pau lo in dus t r i a l em met rópo le pós - indus t r i a l – bem como uma sucessão de p lanos d i r e tores que

a judaram na fo rmação de uma c idade que p r i v i l eg ia o au tomóve l em de t r imento da u t i l i zação e amp l iação dos t r anspor tes púb l i cos –

comprometeu a função da rede fe r rov iá r ia q ue , en t rando em obso lescênc ia parc ia l , t rans formou os espaços e usos a e la r e lac ionados.

No ba i r r o da Mooca não fo i d i f e ren te : a maior concen t ração de ed i f icações indust r ia is da tadas do in í c io do sécu lo XX loca l i za -se ao

longo da fa ixa fe r rov iá r ia , como é possíve l observar na imagem aé rea a segu i r . Ao ocupar esses te r renos, as indúst r ias e armazéns vo l ta ram os

fundos para a v ia fé r rea – recurso que permi t i a o receb imento e escoamen to de produtos – e o acesso pr inc ipa l passou a acon tecer pe las ruas

para le las – como a a tua l Aven ida Pres idente Wi lson (an t iga A lameda Bavár ia ) e a Rua Borges de F igue i redo.

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1.1. OBJETIVO

Cons iderando a

carênc ia de se rv iços nes ta

par te do ba i r ro , a propos ição de novos usos compa t íve i s com a d in âmica contemporânea

da Mooca vem ao encont ro das necess idades por serv i ços de uma área do ba i r ro que

so f reu esvaz iamento em decor rênc ia de sua des indus t r ia l i zação. Tenc iona -se aprove i ta r

essas ed i f icações para p romover a melhor ia das obso lescentes ins ta laç ões da Estação

de Trem loca l e pa ra a c r iação do Mercado da Mooca .

Es te TFG tem por ob je t i vo con t r i bu i r para a rea f i rmação dos va lores de memória

para a popu lação res iden te e usuár ia do ba i r ro da Mooca, em São Pau lo , por me io da

rev i ta l i zação de ed i f í c ios fabr i s que compõem seu pat r imôn io h is tó r i co ed i f icado. O pro je to

proposto tem como d i r e t r i zes pr inc ipa is a recuperação f ís ica e a ocupação qua l i f i cada de

t rês ant igos galpões industr ia is , s i tuados na Rua Borges F iguei redo , tombados pe lo

Depar tamen to do Pa t r imôn io His tór i co de São Pau lo (DPH -SP) 1, e que a tua lmen te

encont ram-se subut i l i zados.

A res tauração f í s i ca e rev i ta l i zação destes ed i f íc ios pe la re tomada do uso ,

poss ib i l i t a rá uma rea l apropr iação do pat r imôn io h i s tó r ico arqu i te tôn ico por par te de um

púb l i co amp lo , perm i t i ndo que esses monumen tos se jam prat icados e não apenas

admi rados, contemp lados , como a lgo excepc iona l , f o ra de nosso tempo.

1 DPH – O Departamento do Patrimônio Histórico tem sua origem na década de 1930. Reformulado, passou a contar com uma estrutura que se mantém até os dias

de hoje, composta por três divisões técnicas e uma administrativa. A salvaguarda do patrimônio histórico e cultural, constituído pelos elementos tangíveis que configuram a cidade é competência da Divisão de Preservação.

Foto 3: TRECHO DO GALPÃO DA INTERCENÇÃO PROPOSTA

Fachada da Rua Borges de Figueiredo

Fonte: Acervo Pessoal

Infográfico 1: SETORIZAÇÃO NA MOOCA: Concentração de edificações industriais ao longo da via férrea no bairro da Mooca, em São Paulo. O que

representava a facilidade de abastecimento e escoamento de produtos tonou-se eixo de transporte de passageiros.

Fonte: Google Earth / Acervo Pessoal

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Re inser i r es tes an t igos ed i f í c ios indust r ia i s no co t i d iano do ba i r ro , fazer com que a popu lação se reconheç a e se ident i f i que com e les por

meio da ocupação, é con t r ibu i r para a preservação de va lores cu l tu ra is mais amplos desses grandes espaços fabr i s , que ho je es tão oc iosos ou

ru inosos e , por tan to , mu i to vu lneráve is à demol ição e aos processos carac ter ís t icos da especu lação imob i l i á r ia , uma for te tendênc ia na reg ião

es tudada 2.

2 MOOCA – TERRITÓRIO DA ESPECULAÇÃO: Muitas indústrias demolidas para dar lugar a grandes conjuntos residenciais verticalizados, que potencializam o adensamento

populacional. Na foto à direita o que sobrou da antiga fábrica da União é preparado para receber um futuro empreendimento imobiliário. Fonte: Acervo Pessoal

Foto 4 – MOOCA, TERRITÓRIO DA ESPECULAÇÃO:

Muitas indústrias foram demolidas para dar lugar a

grandes conjuntos residenciais verticalizados, que

potencializam o adensamento populacional. Na foto, à

esquerda, o que sobrou da antiga fábrica da União é

preparado para receber um futuro empreendimento

imobiliário. Fonte: Acervo Pessoal

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1 .1.1.PREMISSAS

Como pro je tar sobre o PRÉ-CONSTRUÍ DO?

A ca rênc ia de áreas de expansão e de serv i ços em ba i r ros próx imos aos cent ros adensados das c idades contemporâneas tem fe i t o

aumentar as in ic ia t i vas de reaprove i tamento de ed i f icações ant igas, mas i sso nem sempre resu l ta em obras adequadas às carac te r ís t i cas

programát i cas e fo rmais o r ig ina is dos ed i f í c ios h i s tó r icos . O que se observa na ma ior ia das vezes , são con f l i tos en t re sua u t i l i zação e a na tureza

de sua função. Este é um prob lema cons tan te na reg ião esco lh ida para es te p ro je to de TFG, na qua l as const ruções ant igas são adaptadas, sem

qua lquer p lane jamento , pa ra os mais d iversos usos, o que tem gera do amp l iações ou remoções descaracte r i zantes.

Os ant igos ed i f í c ios fabr i s podem e devem ser r eaprove i tados na v ida da c idade . Há de se cons ide rar que mesmo abandonados , os

ant igos edi f íc ios indust r ia is impress ionam pe la sua arqu i tetu ra e imponência na paisagem urbana. Sob o ponto de v i s ta h is tó r i co a

impor tânc ia es tá no tes temunho f ís ico tan to de processos econômicos como de tecno log ias e modos de const ru i r .

Neste TFG, o respe i to às part icu lar idades estét icas, d imensionais , mater ia is e h istó r icas das const ruções fabr is se le cionadas

será a d i ret r iz do p ro jeto arqu i tetôn ico. As in te r venções e adequações a p ropor deve rão ser compat íveis com suas ca rac ter ís t i cas indus t r i a i s

e , ao mesmo tempo, capazes de renovar os espaços , de modo a es tabe lecer uma re lação rea l com a v ida do ba i r r o no sécu lo XXI , rompendo a

“bar re i ra f ís ica ” que , abandonados, os préd ios compõem en t re a rua e a l i nha do t rem; um modo de proporc iona r a in tegração com a v iz inhança e

ace i tação do pat r imôn io arqu i te tôn ico que representam por par te da popu lação loca l . Des ta fo rma, a proposta tem como ob je t i vo cent ra l a

requal i f icação de á reas e espaços nobres e mu i to bem loca l izados no ba i r ro , devo lvendo - po r me io da res tauração - ed i f íc ios s ign i f ica t ivos

para a h is tó r ia da reg ião na c idade de São Pau lo .

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1.2. JUSTIFICATIVA

As c idades contemporâneas têm passado por cons tan tes mudanças em sua d inâm ica sóc io -espac ia l , fa to que tem promov ido a

va lor i zação e amp l iado o deba te das ques tões urbanas . Como fo rma de adaptação a essas mudanças, as d i scussões e as ações do u rban ismo e

do p lane jamento urbano vêm tomando um novo rumo, ganhando re levânc ia c rescente no âmb i to do pa t r imôn io a rqu i te tôn ico .

A noção de pat r imôn io cu l t u ra l ed i f i cado no Bras i l passou por t ransformações es t ru tura is t an to em sua concepção e reconhec iment o

quan to no modo como t r a tar e inser i r as ques tões den t ro de uma perspec t iva de preservação, baseado tan to na exper iênc ia nac iona l como

também a par t i r de d iscussões em âmbi tos in te rnac iona is , que representam uma tendênc ia desde os anos 1970. O que a té o m omento era v i s to

como ob je to conge lado e apar tado da re formação da c idade passa a ser observado a par t i r de um novo hor i zon te : o da par t ic ipação a t i va na

d inâmica urbana – o pat r imônio v ivo , l igado às t ransformações h i s tó r i cas , envo lvendo d iversos a tores : usuár ios , gestores , p ro f i ss iona is ,

técn icos , e t c . , compreender e va l ida r a impor tânc ia desses exemp lares i ndus t r ia is dent ro da t rama urbana, como reg is t ro f o rma l das t ipo log ias

indust r ia is .

"Traba lhar a preservação do pat r imôn io é t raba lhar desenvo lv imento . Não é s implesmente preservar um con junto de es tações

fe r rov iá r ias . O mun ic íp io tem que dar um bom uso para esses imóve is . Pre ferenc ia lmente , esse uso tem de es tar l igado a a lgum t ipo de

desenvo lv imen to para o munic íp io . Me lhor a inda se fo r para a r eg ião . Desenvo lv imento é uma pre r rogat iva do t r aba lho do IPHAN", a f i rma José

Rodr igues Cava lcan t i Neto 3, coordenador técn ico do pat r imôn io fe r rov iá r io do IPHAN – I ns t i tu to do Pat r imôn io His tór i co e Ar t ís t i co Nac iona l .

1.3. LINHA DE ESTUDO

A propos ta des te TFG segu i uma l inha de es tudo rep resentado no grá f ico a segu i r :

3 Cavalcanti ressalta que o trabalho do IPHAN está diretamente relacionado à identidade dos lugares, suas histórias, tradições, comidas, hábitos, praças, ruas e

edifícios.

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2. UM BREVE HISTÓRICO DO BAIRRO DA MOOCA

2.1. O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E URBANO

Consta que a pr ime i ra c i t ação documenta l re feren te ao ba i r ro da Mooca é de 1556 , quando a

governança de San to An dré da Borda do Campo , comunicava que todos es tavam "ob r igados a

par t ic ipar da const rução da pon te do r i o Tametea i (Tamanduate í ) 4" . Essa ponte se faz ia necessár ia

para a l igação ent re zona les te e a f r egues ia ec les iás t i ca da Sé.

A reg ião les te era hab i ta da pe los índ ios da t r ibo Gua iana ( tup i -guaran i ) , que de ixaram

a lgumas marcas t r ad ic iona is no ba i r ro , inc lus ive o nome: segundo h i s to r iadores, o vocábu lo é or iundo

do Tup i Guaran i e possu i duas versões , MOO-KA (ares amenos , secos, sad ios) e MOO -OCA ( fazer

casa) , expressões usadas pe los índ ios da Tr ibo Guaran i para denominar os pr ime i ros hab i tan tes

brancos , que ergu iam suas casas de bar ro . Out ros h is to r iadores dão como ce r to a denominação é de

or igem as iá t i ca : MOKA, que s ign i f ica va r iedades de ca fé , que v inha ant igamente da c idade de MOCA

(YEMEM) , pe r to do mar vermelho. A par t i r da t ranspos ição do r i o Tamandua te í , ace lerou -se o

adensamen to da área que fo i g radua lmente incorpo rando -se à c idade. A inda ho je , mu i tos nomes de

ruas do ba i r ro têm sua or igem em pa lavr as ind ígenas: Javar i , Taqua r i , Cassandoca, I taquer i ,

Arar ibo ia , Gua imbé, Taba jaras , Camé, Juat ind iba e ou t ras . O desenvo lv imen to urbano da Mooca es tá

assoc iado à h i s tó r ia econômica de São Pau lo e as ráp idas t rans formações que nas décadas f ina is do

sécu lo X IX e a pr ime i ra metade do sécu lo XX f ize ram da cap i ta l pau l is tana uma grande met rópo le

indust r ia l .

4 www.amomooca.com.br

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Fa tor impor tan te para a evo lução da Zona Leste fo i a ins ta lação de duas fe r rov ias : em 1868 a São Pau lo Ra i lway (Es t rada de fe r ro

Santos Jund ia í ) , ass im con hec ida como a Ing lesa, l igando São Pau lo ao por to de Santos ; e , em 1875, a Es t rada de Fer ro do Nor te ( o t r echo

pau l i s ta da es t rada de fe r ro Cent ra l do Bras i l ) , l i gando São Pau lo ao R io de Jane i ro .

A lém das fe r rov ias , as me lhor ias urbanas rea l i zadas a par t i r de 1870 como a ins ta lação do gasômet ro , das pr ime i ras l i nhas de bondes,

ou o i n íc io das obras de saneamento da várzea e de abastec imento de água e esgotos t r ouxeram cresc imento popu lac iona l e desenvo lv imen to

urbano e indust r ia l à r eg ião , quer se ja pe la g rande d i spon ib i l i dade de mão -de-obra , fo rmada pr inc ipa lmente por im igrantes europeus, quer se ja

pe la fo rmação de um s ign i f i ca t ivo mercado consumidor in te rno. Neste contex to , as te r ras ba ixas ao longo das várzeas do Tamanduate í

apresen taram as cond ições top ográ f icas i dea is pa ra a imp lantação da es t rada de fe r ro São Pau lo Ra i lway, t raçado sobre te r renos a té en tão

ignorados e insa lubres , acompanhados pe la ocupação indust r ia l e pe las morad ias para operár ios 5.

Nas várzeas do Tamanduate í , junto às es tações fer r oviá r ias , ao longo das est radas de fe rro ,

desenvolveu -se em face do baixo p reço dos te r renos e da fac i l idade de t ransporte dos produtos , o

parque indust r ia l paul is tano, const i tu ído pr inc ipa lmente por empresas de porte méd io e pequenas

of ic inas, fabriqueta s e ate l iês , mui tos deles de caráte r domést ico. Assim Brás , Bom Ret i ro , Mooca ,

Água Branca , Lapa, Ip i ranga fo ram loteados e c resceram rapidamente marcados por uma

passagem de fabr iquetas , casebres, v i l as e cor t iços. (ROLNIK, 1997, p .78) 6

Já no f ina l do sé cu lo XIX, a presença de grandes ed i f i cações indus t r i a i s desper tava a a tenção e con t ras tava com as res idênc ias

modestas e áreas desocupadas de seus ar redores. A ins ta lação da Fábr ica de Cerve ja Bavár ia na Mooca é um bom exemplo . Quando a fábr ica

fo i i naugur ada, por vo l ta de 1890, os te r renos ocupados per tenc iam a uma grande chácara e o ar ruamento da reg ião começava a ser de f in ido .

A l f redo More i r a P in to , em tex to da tado de 1901, descreve de ta lhes da ed i f i cação, os processos de fabr i cação e a maqu inar ia empreg ada. Den t re

os inúmeros aspec tos da c idade de São Pau lo re la tados em seu l i v ro , a fábr ica possu i lugar de des taque.

5 RODRIGUEZ, Maria Elizabeth Paez: Radial Leste, Brás e Mooca: diretrizes para requalificação urbana., 2006.

6 ROLNIK, Raquel. A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo, 2007

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As áreas próx imas às fe r rov ias fo ram pre fer idas pe las indús t r i as , já que o t ranspor te das matér ias -p r imas e combust í ve is impor tados ,

bem co mo a produção para fo ra de São Pau lo depend ia dos t rens . Essas indúst r ias u t i l i zavam a mão -de-obra im igran te que apor tava em Santos

e era t raz ida para a Casa da Imigração (ho je Museu dos Imigran tes) . Os operár ios e suas famí l ias se ins ta lavam nas prox im ida des de seus

empregos e impu ls ionavam o comérc io loca l .

Ass im como acontec ido em ou t ros ba i r r os da c idade de São Pau lo , em 1919 a Mooca é contemp lada com um pro je to de lo teamento nos

moldes das c idades - ja rd im , com p raças in te rnas e t r açado v iá r io de fo rma o rgân ica .

Em 1930, o ba i r r o já apresen tava um tec ido urbano em f ins de conso l idação, com pequena porção de seus te r renos a inda por const ru i r e

o res tante ocupado po r sobrados de a l venar ia , v i las de casas em renque e ga lpões indust r i a i s de t i jo los com cobe r tura t ipo l an tern im. O t r açado

v iá r io já t inha as carac ter í s t i cas que matem até ho je , i nc lu indo os acessos às v i las operár ias .

No auge da indus t r i a l ização, a p rodução de morad ias f i cava a cargo da in i c ia t i va pr i vada, na fo rma de casas un i fam i l ia res que ser iam

co locadas à d i spos ição do mercado para a lugue l ou venda. Na década de 1950 toda a i n f ra -es t ru tura bás ica de redes de energ ia , saneamento e

t ranspor te já a tend iam a á rea, fazendo escassear os ped idos de aprovação de lo teamentos, a r ruamentos e passagens .

Mui tos dos grandes lo tes determ inados pe la ocupação indust r ia l do sécu lo XX a inda ho je permanecem. Mesmo nas áreas em que o

desenvo lv imen to de out ras a t iv idades ocas ionou o desmembramento dos con juntos i ndust r ia is e a d i v i são dos lo tes , podem ser observada s suas

carac te r ís t i cas or ig ina is .

2.2. AS VOCAÇÕES DO BAIRRO DA MOOCA

Reg ião de passado indust r ia l , a Mooca fo i uma das áreas da c idade onde se concen t raram os im igran tes , em espec ia l os i ta l ianos. Esta

preva lênc ia cont r ibu iu para impr im i r cer tas marcas carac te r ís t i cas que a inda permanecem na cul tu ra do ba i r r o : as fes tas t íp icas , ta i s como a

Festa de San Gennaro , t rad ições gast ronômicas , represen tadas pe la permanênc ia das mu i tas cant inas , p izzar ias e docer ias a exemplo de ,

doceria D i Cunto , a pizzaria São Pedro , a p izzaria do Ângelo e o restaurante Don Carl in i .

Atua lmente é um d ist r i to que a inda concent ra a lgumas indúst r ias na c idade , mas é p redominantemente residenc ia l de c lasse

média e de serv iços. O d is t r i to a inda sed ia a Un ivers idade São Judas Tadeu e a Un ivers idade Anhembi Morumbi e o t r ad i c iona l c lube

pau l i s tano, o Clube At lé t ico Juventus .

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Ass im, demonst rando toda essa carac ter ís t i ca cont ras tante , pode -se encont rar a inda ho je mu i tos casa rões ant igos, com suas fachadas

em vár ios es t i los , adornadas de gu i r landas e ba ixos re levos , ob je to de admi ração e es tudo de novos arqu i te tos , ao l ado de modernas

res idênc ias , ass im como de es t re i tas r uas, t íp icas de ve lhas c idades da Europa, ao lado de la rgas aven idas .

2.3. AS TRANSFORMAÇÕES E PERSPECTIVAS PARA O BAI RRO

Os t i j o los de bar ro que tes temunharam por l ongas décadas a vocação fab r i l do ba i r ro da Mooca a inda ev idenc iam a t ra je tór ia de

ocupação predominan temente operár ia do in í c io do sécu lo XX, a t ravés de suas ed i f i cações de g rande por te e a inda em bom estado de

conservação f ís ica . Atua lmente a a t iv idade indust r i a l rep resenta apenas 25 ,27% dos es tabe lec imen tos de toda a reg ião da Subp re fe i tu ra , a t rás

do comérc io , com 41,4 %, e do se tor de serv i ços , com 31 ,5 %. Mesmo com essa mudança de seu per f i l , a lgumas indúst r ias a inda se mantêm em

at i v idade na Mooca. Ent re e las destacam -se: Alumín io Br i lhante , fab r i can te de pane las ; a Arno , de e le t rodomést icos ; e a Capr i córn io , t êx te i s ,

a lguns exemplos que a judam a evocar o pe r íodo predominantemen te fabr i l do ba i r r o , quando e s te con tava com indúst r ias que impu ls ionaram o

desenvo lv imen to loca l , t a i s como os Armazéns Mata razzo , a Tece lagem Três I rmãos , a Andrauss C ia . Pau l is ta de Louças e a Alumín ios Fu lgor .

Conhec ida por ser um reduto de famí l i as i t a l ianas

t rad ic iona is , que ch egaram a São Pau lo en t re os sécu los XIX e XX, a

Mooca passa , hoje , por um processo de re juvenescimento, t an to

es t ru tura l quan to do per f i l de seus moradores. Segundo dados da

Subpre fe i tu ra da Mooca, o ba i r ro r eg is t r ou uma queda

demo ubpre fe i t u ragrá f ica cons ideráve l nas ú l t imas décadas e ho je

soma pouco mais de 63 m i l hab i tan tes , dos qua is 17% são idosos.

Gráfico 1: Mapa de distribuição das atividades do bairro.

Fonte: http://portal.prefeitura.sp.gov.br/subprefeituras/spmo/dados/historico/0004

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Es tas fo r tes mutações te r r i to r ia is emerg i r am na c idade pós- indust r ia l ,

ma is en fa t i camen te após a reest ru turação da economia espac ia l nas ú l t imas

décadas. O dec l ín io indus t r ia l gerou o esvaz iamen to de áreas urbanas in te i ras .

Também em São Pau lo , o te r r i t ó r i o me t ropo l i tano to rnou -se depos i tá r io de

enormes t rans formações , de abandono e , par t icu la rmen te , desperd íc io s

urbanos to rnaram -se ev identes na fábr i ca urb ana a tua l : zonas indust r ia is

subut i l i zadas , a rmazéns e depós i tos i ndust r ia is desocupados; ed i f í c ios cent ra is

abandonados; cor redores e pát ios fe r rov iá r ios e indust r ia is desa t i vados,

res íduos de ant igas áreas produt i vas , res tando te r renos vagos e d is funções

urbanas .

Segundo pesqu isa do Jorna l da Tarde : “com seus 7 qu i lômet ros

quadrados de área, e uma popu lação de ma is de 63 .000 hab i tan tes , é o bai r ro

mais com a cara de São Pau lo , sendo que as suas carac ter í s t i cas

cor respondem exa tamente à média da c idade ” . Ass im, h o je , o t rad i c iona l ba i r ro

é um dos mais va lor i zados da zona les te pau l is tana.

Em deco r rênc ia , a Mooca , atualmente , passa por g randes

t ransformações em toda a sua ex tensão , com desat ivações de an t igas

indúst r ias , fábr icas e demais complexos, dando lugar a novos

estabelecimentos comercia is e imponentes condomínios res idenc ia is .

A Mooca , ba i r r o l oca l izado na Zona Leste de São Pau lo , cons iderada o

cen t ro expand ido da c idade, a inda carac ter i za - se pe la vocação indus t r i a l e pe la

in f luênc ia da imensa co lôn ia i ta l i ana que a l i se ins ta lou no in í c io do sécu lo

passado, mas mu i tos desses aspec tos t r ad i c iona is mudaram.

Saem as grandes indúst r i as e fábr i cas , que fo rmaram, por um sécu lo , o

hor i zon te da reg ião , e en t ram os invest imen tos pesados em imóve is Gráfico 2: A inserção da Região Metropolitana de São Paulo no

Estado, a delimitação da cidade de São Paulo, e a localização do bairro

da Mooca.

Fonte: www.prefeitura.gov.br

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res idenc ia i s para a c lasse méd ia a l ta , conf i rmando a mudança de cenár io do ba i r ro . Com isso , nes te novo con tex to , é necessár io mod i f i car a

in f r aes t ru tura ex i s ten te , como supermercados, un ivers idades , r es taurantes e es tabe lec imentos comerc ia i s , adequando -a a nova rea l i dade do

ba i r r o .

Est ima-se que , nos p róx imos anos, 12 .000 novos moradores cheguem à Mooca, devido ao p rocesso de vert ica l i zação e t odas as

t ransformações que o ba i r ro vem sof rendo. (FECHAR, L INKAR COM A NECESSIDADE dos serv i ços) .

Fotos 8 e 9: A Mooca hoje.As perspectivas da paisagem urbana e as tendências de verticalização do bairro.

Fonte: Acervo Pessoal

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2.4 .PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARQUITETÔNICO PRESERVADO NO BAIRRO

Seguindo pe la fe r rov ia em d i r eção a San tos , logo após a Hospedar ia dos Imigrantes encont ramos , ho je , à esquerda , os ant igos ed i f íc ios

da São Pau lo Alpargatas , a tua lmente ocupados pe la Un ivers i dade Anhembi Morumb i e , à d i re i t a , os an t igos Armazéns Ernesto de Cas t ro . Depo is

de u l t rapassar o v iaduto Alcântara Machado, à esquerda encont ramos ga lpões e armazéns com acesso pe la Rua Almeida L ima; à d i re i t a os

Armazéns P i ra t i n inga e , mais à f ren te , os ed i f í c ios mais an t igos da Companh ia Anta rc t ica Pau l is ta , o r i g inar iamente Fábr i ca de Cerve ja Bavá r ia ,

com fachada para a Aven ida Pres iden te Wi l son .

Segu indo em f ren te , encont ram -se , à esquerda, uma ex tensa sucessão de ga lpões com acesso pe la Rua Borges de F igue i redo que se

es tendem a té a rua Sarapuí e o v iadu to São Car los , inc lu indo os ga lpões da RFFSA; o an t igo Mo inho Gamba e anexos; os Armazéns das

Indúst r ias Reun idas Franc isco Matarazzo; os ga lpões da CEAGESP e os da Coopera t iva Banco do Bras i l - con jun to s que se encont ram

ameaçados . A lém desta fa ixa de ocupação indust r i a l ma is densa, d i ver sos es tabe lec imentos ins ta la ram-se em quar te i r ões ma is a fas tados da

fe r rov ia . Den t re as indús t r ias a fas tadas cu jos ed i f íc ios or ig ina i s a inda ho je ex i s tem, podemos des tacar o con jun to i ndust r ia l do Coton i f í c io

Cresp i , na R ua Javar i ; a tece lagem Labor , na rua da Mooca ; uma tece lagem na rua Orv i l l e Derby e uma fábr ica de pape l na rua do

Hipódromo. (MENEGUELLO, 2007) 7.

7 MENEGUELLO, Cristina.

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LEGENDA

1 - Tecelagem Labor

2 - 1º Galpão Alpargatas

3 - 2º Galpão Alpargatas

4 - Metais Shirazi

5 - Tecelagem de Juta

6 - Galpões Copale

7- Cotonifício Crespi

8- Moinho Gamba

9- Galpões RFFSA

10- Cooperativa Banco do

Brasil

11- Galpões RFFSA

12- Estação de trem Mooca

13- Distribuidora de bebidas

Antártica

Imagem 1: Mapa da distribuição do patrimônio preservado ao longo da ferrovia do Bairro da Mooca

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3. OS GALPÕES DA BOR GES DE F IGUEIREDO E A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA MOOCA

Em decor rênc ia do processo de t rans ferênc ia das a t i v idades indust r ia is , e x i s tem, no ba i r r o , mu i tos ga lpões indust r ia is de vár ias

d imensões e t i po lo g ias arqu i te tôn icas , com d ive rsos usos e ocupações : uso indust r ia l , uso log ís t ico (depós i to de apo io ao comérc io

espec ia l izado loca l ) , uso para serv i ços como re t í f i ca de peças, r ec ic lagem de mater ia i s , o f i c inas mecân icas e es tac ionamen tos e também mui tos

ga lpões oc iosos.

Es te pro je to propõe a reu t i l i zação desse s ga lpões oc iosos ou subu t i l i zados pa ra usos ma is democrá t i cos como h ipermercados, ga ler ias e

os demais serv i ços ausentes na reg ião . A lguns dos ed i f íc ios indus t r i a i s já fo ram requa l i f i cados pe la in i c ia t i va pr ivada e que possuem agora uso

educac iona l e de e n t re ten imento , como é o caso da Un ivers idade Anhembi Morumb i .

Os ga lpões ex i s ten tes têm t ipo log ias mui to d is t i n tas , var iando de s imp les const ruções a té g randes indúst r ias . As cons t ruções ma is

s imples têm pé -d i r e i to ba ixo e área mu i to pequena, ocupando to ta lmen te pequenos lo tes ; j á as grandes indús t r i as são gera lmen te imp lantadas

em grandes te r renos , por tando fachadas de t i jo los aparentes e cober tura em shed ou l an tern im para i lum inação e vent i lação. Essa var iedade

t ipo lóg ica proporc iona ao ba i r r o uma ident i dade arqu i te tôn ica e um pape l impor tan te den t ro da memór ia pau l i s tana .

Foto 10: Concentração de galpões na Rua Borges

de Figueiredo

Fonte: Manoella Rufinoni

Foto 11: Trecho do galpão situado à Rua Borges de

Figueiredo

Fonte: Acervo Pessoal

Foto 12: Vista interna da plataforma da Estação da

Mooca

Fonte: www.estacoesferroviarias.com.br

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9.1. ANÁLISE DE ENTORNO

9.1.1. LOCALIZAÇÃO

Bairro da Mooca

Mapa 1: Bairro da Mooca (em destaque)

na porção da Zona Leste, mais próxima ao

centro de São Paulo.

Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo

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3.1.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

A indúst r ia na Mooca não é apenas uma

re ferênc ia do passado , cont inua send o uma rea l i dade

bas tan te presen te no co t id iano da popu lação. O uso

comerc ia l e de serv i ços é notado com maior p resença

apenas nas prox im idades da Rua da Mooca,

p r inc ipa lmen te à d i re i ta da fe r rov ia . Nas quadras

para le las à Rua Bo rges de F igue i redo, sub indo a

les te , observa -se o p redomín io do uso m is to com

res idênc ia e a lgumas quadras com uso m is to de

comérc io e indús t r i a . Quanto ma is a l t a a co ta do

te r reno, mais o uso res idenc ia l se conso l ida ,

cu lminando com o uso res idenc ia l ver t ica l ao longo

da Aven ida Pae s de Bar ros .

Com i sso , no ta -se o sent ido que a

especu lação imob i l i á r i a vem se aprop r iando das

ed i f i cações abandonadas , oc iosas e ou ent rando em

desuso por par te das tendênc ias e das po l í t i cas de

reordenação urbanas.

Mapa 2: Bairro da Mooca (em destaque) na porção da Zona Leste, mais próxima ao centro

de São Paulo.

Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo

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3.1.4.VIAS E FLUXOS DA REGIÃO

Mapa 3: Mapa das principais vias que cortam a região, fazendo a ligação do bairro da Mooca ao centro. A Mooca representa

um importante eixo para ligação com os demais bairros da Zona Leste.

Fonte: Google Earth

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3.1 .5 . A LEGISLAÇÃO INCIDENTE

O P lano D i re tor é um ins t rumento eminen temente po l í t i co , cu jo ob je t i vo prec ípuo deverá se r o de da r t ransparênc ia e democra t i zar a

po l í t i ca urban a, ou se ja , o p lano d i r e to r d eve ser , an tes de tudo , um in s t rumento de gestão democrá t i ca da c idade. Nesse sent ido , é impor tan te

sa l ien tar esses do is aspectos do P lano: a t r ansparênc ia e a par t ic ipação democrá t i ca . A t ransparênc ia é um a t r ibu to fundamen ta l em qua lquer

po l í t i ca púb l ica . Desse modo, um ob je t i vo ess enc ia l do p lano d i re tor deve ser o de dar t ransparênc ia à po l í t i ca urbana , na med ida em que es ta é

exp l i c i tada num documento púb l i co , em uma le i . To rnar púb l icas as d i re t r i zes e pr io r idades do cresc imento da c idade , de fo rma t ransparen te ,

para a c r í t i ca e ava l i ação dos agentes soc ia is , es ta é uma v i r tude bás ica de um bom p lano d i re tor . D i re t r izes e pr io r idades para o c resc imento e

expansão urbana , sempre ex i s t i ram, com p lano ou sem p lano, a d i fe rença é que com es te ins t r umento es tas se to rnam púb l icas . O p l ano d i re tor

deve te r o pape l de l i v ro de reg ras no jogo da c idadan ia , que a té ho je tem obedec ido à l e i do ma is fo r te .

O aspec to da democra t i zação é fundamenta l , po i s só e la garan te a t r ansparênc ia necessár ia às reg ras do jogo. A democra t ização e fe t iva

do p lane jamento se dá pe la par t ic ipação da soc iedade no processo, o que , pe lo menos em tese, é garant ido pe la Cons t i tu i ção Federa l (no Ar t i go

29) e , como se ver i f i cou, pe lo Es ta tu to da C idade .

Só a pa r t i c ipação a t iva das ent idades representa t i vas da soc iedade na e laboração do p lano d i re tor garante sua leg i t im idade e prop ic ia

cond ições pa ra sua e fe t iva imp lemen tação. Isso faz do zoneamento urbano o mais d i fund ido ins t rumento urbanís t i co e , t ambém, o mais c r i t i cado ,

tan to por sua even tua l ine f icác ia , quanto por seus e fe i t os perversos (especu lação imob i l iá r i a e segregação sóc io -espac ia l ) .

As pr inc ipa is es t ra tég ias dos p lanos são : a ) p romover mudanças nos padrões de produção e consumo da c idade, r eduz indo custos e

desperd íc ios e fomen tando o desenvo lv imento de tecn o log ias urbanas sustentáve is ; b ) desenvo lver e es t imu lar a ap l icação de ins t r umentos

econômicos no gerenc iamento dos recursos natura i s v i sando a sustentab i l idade urbana . Sua fo rma mais t r ad ic iona l é o zoneamento de uso e

ocupação do so lo , de mat r iz f unc ion a l i s ta , que prevê uma segregação de usos – indus t r i a l , comerc ia l e r es idenc ia l - com maior ou menor grau de

f lex ib i l idade .

Em termos de sua imp lementação, o zoneamento usua lmente é def in ido em duas esca las : a pr ime i ra , denominada de macrozoneamen to ,

que co ns is te na de l im i tação das zonas urbana, de expansão urbana, ru ra l e macrozonas espec ia is (gera lmente de pro teção amb ienta l ) do

munic íp io . A segunda , o zoneamen to propr iamente d i t o , que i rá es tabe lecer as normas de uso e ocupação para cada macrozona, em esp ec ia l da

zona urbana, já que sobre a zona rura l o poder loca l possu i pouca compe tênc ia regu la tór ia .

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O zoneamen to de uso e ocupação do so lo cons is te no ordenamen to do uso da propr iedade do so lo e das ed i f icações , bem como de sua

dens idade de ocupação, nas z onas urbanas e de expansão urbana do mun ic íp io . O mode lo t r ad ic iona l de zoneamento de ca rá ter func iona l , ou

se ja , a d iv isão da c idade em zonas, de acordo com as ca tegor ias de usos e a t iv idades , é adotada pe la maio r par te das c idades b ras i le i ras .

O zoneamen to urbano, desde sua or igem, carac te r i za -se como um ins t rumen to de so lução de conf l i tos de uso do so lo , na d i sputa por

espaço ent re ind i v íduos e empresas cu ja v i z inhança pode ser exc luden te , como um hosp i ta l e uma casa de d i versão noturna. Essa s i t uação

envo lve out ro processo, t ambém conf l i tuoso, de d i sputa ent re uma a locação “na tu ra l ” das funções urbanas, med iada pe la lóg ica do mercado, e

uma ação de regu lação a locat iva “ar t i f i c ia l ” , med iada pe la lóg i ca do poder púb l i co , que , em tese, é o in te resse co le t i v o ou , como de f ine a

Const i tu ição Federa l e o Es ta tu to da C idade, a f unção soc ia l da c idade e da propr iedade urbana. No cerne desses conf l i tos , es tão os prob lemas

d i f usos decor ren tes do processo de urban ização , como po lu ição, desas t res ambienta i s (enchentes , des l i zamen tos e t c . ) , degradação do

pat r imôn io , p rob lemas de saneamento , t rá fego , v io lênc ia urbana, en t re ou t ros .

Com re lação à área estudada, a r egu lamentação sobre o uso e ocupação do so lo e o zoneamento inc idente carac ter i zam-se pe la

a l t e rnânc ia das Zo nas Z3 e Z4 (uso m is to de méd ia e a l t a dens idade demográ f i ca) e Z2 ( res idenc ia l de ba ixa dens idade demográ f ica ) . A área

também apresenta a del imi tação de ZUPI , Zona de Uso Predominantemente Indust r ia l def in ida por Le i Estadua l , o que de certa fo rma

favorec eu a permanência das indústr ias na região . Toda a área envo l tó r ia ao ed i f í c io de es tudo apresenta ba ixas dens idades o que demonst ra

a l t o po tenc ia l const ru t i vo .

Ta is questões conf igu ram o pon to cen t ra l da d i scussão da ordenação do te r r i t ó r io : a d ispu ta ent r e os in te resses pr i vados (de produtores

e consumido res ) e os in te resses púb l icos (e fe i tos ag regados , soc ia i s e amb ien ta i s ) . O zoneamento to rna -se , ass im, um ins t rumen to ambíguo , o ra

defendendo o in te resse da co le t iv idade , o ra defendendo in teresses destes o u daque les grupos de consumido res ou produ tores .

O zoneamento ZEPEC – Zonas Espec ia is de Preservação Cu l tu ra l - de l im i ta área de in teresse cu l tu ra l , imóve is tombados, por exemplo , e

perm i te o ressarc imento f i nance i ro aos propr ie tár ios de á reas preservadas a t ravés da t r ans ferênc ia do d i re i to de cons t ru i r . Um dos ga lpões do

ob je to de es tudo, o Ga lpão 1 , f o i tombado pe lo pa t r imôn io a t ravés da ação do CONPRESP – Conse lho de De fesa do Pat r imôn io H is tór ico de São

Pau lo 8, que ass im reso lve :

8 CONPRESP – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – foi citado pela Lei nº 10.032, de 27 de

dezembro de 1985, como um órgão colegiado de assessoramento cultural ligado à estrutura da Secretaria Municipal de Cultura.

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Ar t igo 1º - TOMBAR o con junto das ed i f i cações loca l i zadas no per ímet ro fo rmado pe la Rua Bo rges de F igue i redo , Rua Monsenhor João Fe l i po ,

Aven ida Pres idente Wi lson e V iaduto São Car los , ba i r ro da Mooca, Subpre fe i t u ras da Mooca e da Sé, a segu i r ident i f i cadas:

1 . An t igas O f i c ina s da Soc iedade Anôn ima Casa Vanorden , s i t uada na rua Monsenhor João Fe l ipo nº 01 , com as segu in tes d i re t r izes :

a ) Preservação in tegra l do con junto de dezessete ga lpões modu lares que fazem f ren te para a rua Borges de F igue i redo e do ant i go

escr i t ó r i o na esq u ina da rua Borges de F igue i redo com rua Monsenhor João Fe l ipo , inc lu indo os remanescentes de seu s is tema const ru t ivo ,

como est ru turas , tesouras , cober turas , a l venar ias , envasaduras e ca i x i lhos .

2 . Ant igo con jun to Grandes Mo inhos M inet t i Gamba, (Seto r 028 , Quadra 046, Lo te 0134) , á rea s i t uada na rua Borges de F igue i redo n°

300, com as segu in tes d i r e t r i zes :

a ) Preservação dos ga lpões vo l tados para a fe r rov ia ( ed i f í c io 2a) , bem como dos préd ios fabr is s i t uados na fa ixa cen t ra l do t e r reno,

cor respondendo ao an t igo con junto das fábr i cas de ó leo , sabão e g l i cer ina (ed i f íc io 2b) , inc lu indo os remanescentes de seu s is tema const ru t i vo ,

como est ru turas , tesouras , cober turas , a l venar ias , envasaduras e ca i x i lhos ;

3 . Ant igo con junto Grandes Moinhos M ine t t i Gamba (Setor 028, Quadra 046 , Lo te 0112) , á rea s i tuada na rua Bo rges de F igue i redo n°

510, com as segu in tes d i r e t r i zes :

a ) Preservação in tegra l dos do is agrupamentos de armazéns vo l tados para a fe r rov ia , carac ter i zados pe los ed i f í c ios 3a e ed i f í c ios 3b ,

con forme desenh o anexo; do préd io do ant igo mo inho de t r igo (ed i f íc io 3c) , s i tuado na fa i xa cent ra l do lo te , a lém dos préd ios do ant igo mo in ho

de ar roz (ed i f íc io 3d) , da casa do guarda (ed i f íc io 3e) e a lgumas out ras const ruções s i t uadas no a l inhamen to com a Rua Borges de F igue i redo

(ed i f íc io 3 f ) , inc lu indo os remanescen tes de seu s i s tema const ru t ivo , como est ru turas , tesouras, cober tu ras , a l venar ias , enva saduras e ca i x i lhos ;

b ) Preservação do espaço descober to cen t ra l do lo te (3g ) , inc lu indo:

b .1 . A área de permeab i l idade que cons t i tu i a a tua l á rea verde e os e lementos arbóreos de ma ior por te ;

b .2 . As marcas remanescentes da loca l ização dos an t igos s i los de t r igo bem como os e levadores e out ros equ ipamentos indust r ia is .

4 . Ant igo con junto de ga lpões e armazéns, s i tuado na Rua Borges de F igue i redo n° 964 a 1004 (Setor 028, Quadra 046, Lo te 0129) , e n°

1030 a 1084 (Se tor 028, Quadra 046, Lo te 0130) com as segu in tes d i re t r izes :

a ) Preservação de todo o agrupamento de ga lpões vo l tado para a fe r rov ia ( ed i f íc io 4a) , para que perm aneça const i tu indo o con t ínuo de

armazéns, inc lu indo os remanescen tes das fachadas de a lvenar ia e do seu s i s tema const ru t i vo , como es t ru turas , te souras, cober turas ,

a lvenar ias , envasaduras e ca ix i l hos ;

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b) Prese rvação in tegra l dos quat ro ga lpões s i t uados ao lado do lo te 0057 (ed i f íc io 4b) , inc lu indo os remanescen tes das fachadas de

a lvenar ia e do seu s is tema cons t ru t i vo , como es t ru turas , t esouras, cober turas , a lvenar ias , envasaduras e ca i x i lhos ;

5 . An t igo con junto de depós i tos para ca fé , pos ter io rmen te per t encen tes à CEAGESP, s i tuado na rua Borges de F igue i redo n° 1098 a

1250 (Setor 028, Quadra 046, Lo tes 0057 a 0069) , com as segu in tes d i re t r i zes :

a ) Preservação de todo o con jun to dos doze ga lpões modu lares (ed i f íc io 5) , em sua conformação un i tá r ia o r ig ina l , inc lu indo es t ru turas ,

tesouras, cober turas , a l venar ias , envasaduras e ca i x i lhos ;

6 . Ant igo con junto Soc iedade Técn ica Bremen s is e Schmid t T ros t , s i tuado na R ua Borges de F igue i redo n° 1294 e 1358 (Setor 028 ,

Quadra 046 , Lo te 0070) , com as segu in tes d i re t r i zes :

a ) Preservar t odo o con junto com faces para a fe r rov ia e para a R ua Borges de F igue i redo fo rmado por c inco b locos con t íguos cen t ra is

(ed i f íc ios 6a e 6b) , a lém da por ta r ia e da casa que con f igura a en t rada do con jun to (ed i f íc io 6c) , i nc lu indo os remanescentes de seu s i s tema

const ru t i vo , como est ru turas , tesouras , cober turas , a lvenar ias , envasaduras e ca ix i l hos ;

7 . Con junto de armazéns da ant iga São Pau lo Ra i lway, s i tuado ao lado da Es tação da Mooca, na aven ida Pres idente Wi lson n° 1009

(Se tor 028 , Qua dra 046 , Lo te 0074) , com as segu in tes d i re t r i zes :

a ) Preservação do con junto fo rmado pe los t rês ga lpões d ispos tos para le lamen te à l inha do t rem (ed i f í c io 7a) , inc lu indo os remanescen tes

de seu s is tema cons t ru t i vo , como est ru turas , tesouras, cober turas , a l v enar ias , envasaduras e ca i x i lhos ;

b ) Preservação do espaço que conforma a praça de acesso à es tação de t rem (espaço 7b) , nas suas carac ter ís t i cas a tua is ;

c ) Preservação dos equ ipamentos de apo io da fe r rov ia d i spostos den t ro do te r reno (espaço 7c) .

Ar t igo 2 º - O gaba r i t o máx imo permi t ido para novas const ruções, re formas ou amp l iações den t ro dos l im i tes dos lo tes tombados será

def in ido caso a caso, desde que não exceda o l im i te máx imo de a té 25 (v in te e c inco) me t ros de a l tu ra , de mane i ra a manter as re ferênc ias na

pa isagem tanto das chaminés remanescen tes , quanto das const ruções tombadas de maior por te , ta l como o moinho de t r i go dos ant igos Grandes

Moinhos M ine t t i Gamba.

Parágra fo Pr ime i ro - F i ca def in ida como d i re t r i z de preservação a in tegr idade , em todos os lo tes , dos con jun tos arqu i te tôn icos onde se

s i t uavam as docas de embarque e desembarque de mercador ias , bem como os ramais fe r rov iá r ios em cota in fe r io r , p rocedendo even tua lmente a

sua recuperação e remoção de cons t ruções anexadas e muros que cercam a v ia fé r rea dos con jun tos indust r ia is .

Parágra fo Segundo - F ica def in ida como d i re t r i z gera l de preservação, em qua lquer i n te rvenção nos lo tes , o respe i to à carac ter ís t i ca de

con jun to destas un idades fabr is e de armazenamento , bem como da vo lume t r i a adequad a à amb iênc ia de todo o con jun to arqu i te tôn ico tombado.

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Esse tombamen to fo i quest ionado, po is a leg is lação que reca i sobre o pa t r imôn io perm i te a const rução de ed i f i cações com l im i te de

a l tu ra , var iando de 8 a 10 andares e , com i sso , “p re jud icou ” os i nves t imentos das const ru toras nas reg iões ad jacentes . O CONPRESP admi te a

pressão das cons t ru toras para a l t e rar as reg ras . "O ped ido de rev i são é a lgo que não foge à norma l idade. É natura l que ha ja ped idos de rev i são ,

mas nós a inda não aprovamos nenhuma mudanç a" , pondera José Eduardo de Ass is Le fèvre , p res idente do CONPRESP.

Dez meses após tombar os ga lpões indust r ia is da Mooca, na zona les te da cap i ta l pau l is ta , e de l im i ta r a a l tu ra dos préd ios no en torno , o

CONPRESP deverá vo l ta r a t rás na ú l t ima determ inação . Estudo que propõe aumen tar o gabar i t o dos fu tu ros ed i f í c ios é e laborado pe lo

Depar tamen to do Pat r imôn io His tór i co , a ped ido das const ru toras que se sen t i r am pre jud icadas com o tombamento .

Em ju lho do ano passado, numa sessão tumu l tuada do CONPRESP, o mes mo DPH propôs o tombamen to de se te con jun tos de ga lpões da

Mooca, a começar pe los dos Moinhos Gamba, que datam de 1909 a 1938. Os préd ios da reg ião f ica ram l im i tados a a l t u ra de 25 met ros (o i t o

andares) e 30 me t ros (dez andares) , dependendo da loca l ização em re lação aos imóve is h is tó r icos (Mapa 35) . Const ru toras es tão p le i t eando que

os préd ios possam ter a té 20 andares na reg ião .

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Mapa 4: Mapa referente à Rua Borges de Figueiredo, local do objeto estudado.

Fonte: http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/Imprensa/reabilitacao-de-areas-urbanas-centrais/noticias-

2008/fevereiro/conpresp-vai-rever-areas-

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Recorte 1: Recorte de Jornal: Reportagem sobre o

abandono dos galpões e as medidas que (não)

vêm sendo tomadas na região.

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3.2. O CONJUNTO FABRIL DA BORGES DE FIGUEIREDO

3.2.1. ANÁLISE DA SITUAÇÃO DO CONJUNTO FABRIL: AS DEFICIÊNCIAS E POTENCIALIDADES DO CONJUNTO

Infográfico 1: Infográfico indicativo da oferta de infraestrutura de serviços e comércio do Bairro e do Centro.

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3.2.2. A ESCOLHA DOS EDIFÍCIOS DA RUA BORGES DE FIGUEIREDO X RUA MOSNENHOR FELIPPO

As ed i f icações esco lh idas foco do pro je to des te TFG estão loca l i zadas na esqu ina da Rua Bo rges de F igue i redo com a Rua Monsenhor

Fe l i ppo , ponto de grande des taque para quem t ra fega pe la Rua, t endo uma v i s ta pr i v i leg iada da ed i f icação . A lém dessa pe rspec t i va , os ed i f í c ios

perme iam o acesso à es tação Fer rov iá r ia da Mooca, loca l i z ada aos fundos das ed i f i cações.

Mosaico 1: Mosaico representativo da disposição dos galpões em estudo, bem como da estação ferroviária da Mooca.

Fonte: Google Earth / Acervo pessoal

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O Comp lexo ed i f icado em estudo é composto por t r ês ant igos ed i f íc ios do pe r íodo indust r i a l do ba i r r o e encon t ra - se em bom es tado de

conservação .

Os ga lpões fo ram , i n i c ia lmente , de propr iedade da Rede Fer rov iá r ia Federa l S.A. – RFFSA, porém com sua ex t inção – em 22 de jane i r o

de 2007 – , seus bens imóve is não -operac iona is fo ram t ransfer idos para a Un ião, o que t rouxe um novo e eno rme desa f io para a Secre ta r ia de

Pa t r imôn io da Un ião – SPU – , aca r re tando u ma ação inéd i ta no âmbi to do Governo Federa l , tendo em v i s ta o vo lume de bens a serem

v i s to r iados , ava l i ados, regu lar izados, incorporados e f i na lmen te dest inados pe lo órgão cons iderando a vocação espec í f ica de cada um de les .

A lém do impera t ivo lega l , inc lu s i ve da ex igênc ia de a l i enação de pa r te dos imóve is para f ins de pagamento de despesas proven ientes da

então RFFSA, nor te ia a a tuação da SPU o reconhec imento de que a i ncorpo ração dos bens imóve is não operac iona is dessa ex t in ta empresa

determinará o ( re ) a p rove i tamento de um pat r imôn io de todos os bras i le i ros , cabendo destacar , no campo soc ia l , a poss ib i l i dade de dest inação a

programas de regu lar ização fund iár ia e prov i são hab i tac iona l de i n te resse soc ia l , a p rogramas de reab i l i tação de áreas urbanas cen t ra is , a

s i s temas de c i rcu lação e t ranspor te , ass im como a p ro je tos de prese rvação da memór ia fe r rov iá r ia e de imp lantação de órgãos púb l i cos .

Levantamentos fe i t os no Arqu ivo H is tór i co do Depar tamento do Pat r imôn io His tór ico – DPH – apontam que esses imóve is fo ram

const ru ídos em 1909, pe la Soc iedade Anôn ima Casa Vanorden, p ropr ie tár ia daque le l o te na época , com pro je to arqu i te tôn ico fe i to pe lo arqu i te to

Jorge Krug. A cons t rução que conf igurava a esqu ina te r ia abr igado pr ime i ramente os escr i t ó r i os admin i s t ra t i vos da empresa, ao que parece uma

indúst r ia g rá f ica , ed i to ra ou l i gada à fabr icação de pape l . Essa pr ime i ra const rução assobradada fo i f e i t a concomi tan temente com os ga lpões

que lhe davam seqüênc ia na face vo l t ada para a an t iga a lameda Taubaté . T ra tava -se de um con junto de dez ga lpões com cerca de 6 met ros de

a l t u ra e modu lação hor i zonta l bem demarcada a cada 4 ,5 met ros . Pouco tempo depo is , em 1911 , todo o con junto passou por a lgumas

modi f i cações. Fo i amp l iado o imóve l da esqu ina , uma const rução de do is pav i mentos or ig ina lmente mui to es t re i t a e a longada, absorvendo -se

para tan to , do is módu los da seqüênc ia de ga lpões ex i s ten tes na face vo l tada para a a lameda Taubaté . Com i sso , a área do imóve l da esqu ina

t r ip l i cou , po i s passou de 4 ,5 m de la rgura po r 20 m de p ro fund idade, para 13,5 m de la rgura pe los mesmos 20 m de pro fund idade . Ao que parece

a amp l iação man teve as mesmas carac te r ís t i cas const ru t i vas e arqu i te tôn icas do imóve l i n i c ia l , ou se ja , do is pav imentos, fe i t os em a lvena r ia de

t i j o los aparen tes , com p i l a s t r as bem ev idenc iadas quebrando os p lanos con t ínuos nas fachadas vo l tadas para as duas ruas. As envasaduras

apresen tam compos ições d i f e renc iadas no pav imento té r reo e no andar super io r , embora todas se jam ar rematadas com esquadr ias de made i ra . O

emprego de p la t ibandas por toda a ex tensão das fachadas não permi te ver , no n í ve l do so lo , a cobe r tura de te lhas f rancesas, d is t r i bu ídas por

quat ro águas . Uma v i s ta aérea da cober tura reve la que os do is módu los anexados poster io rmente es tão sob um ún ico te lhado de quat ro águas ,

d is t i n to do an ter io r , po rém com a mesma so lução de p la t i bandas daque le i n ic ia l . Conf igura -se ass im, no todo , um imóve l de carac ter ís t icas

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arqu i te tôn icas un i fo rmes , de p lan ta aquadradada , cu jo vo lume se aprox ima ao de uma f igura cúb ica . Esse v o lume de aparênc ia compac ta , su ja

a l t u ra es tá em torno de 11 met ros para uma la rgura de cerca de 13,5 me t ros , passou a demarcar , desde 1911 , a esqu ina, cons t ru indo, ao mesmo

tempo, uma f ina l i zação pa ra a perspec t i va de quem v i r ia da rua da Mooca rumo à Est ação passando pe la an t iga rua de O l i ve i ra , t recho in i c ia l da

a tua l Bo rges de F igue i redo. Ta l perspect iva se mantém.

Quanto aos ga lpões fabr is que se encont ram na seqüênc ia imed ia ta do imóve l que con f igura a esqu ina , a consu l ta aos pro je tos or ig ina is

ind ica que em 1909, hav iam s ido fe i t os dez ga lpões com es t ru tura modu lar de 4 ,5 m por 6 ,30 m, e que na re forma de 1911, do is desses ga lpões

fo ram absorv idos para a ampl iação do imóve l da esqu ina. Foram então cons t ru ídos, nessa ocas ião , mais nove ga lpões idênt ico s aos ante r io res ,

ocupando toda a face vo l t ada para a Rua Borges de F igue i redo, numa extensão de 90 me t ros .

O resu l tado que se vê a inda ho je é um con junto un i fo rme de dezesse te ga lpões modu lados a cada 4 ,5 met ros , com cerca de 6 ,5 met ros

de a l tu ra , harmon i oso e mui to e legan te . Pode -se d izer que se t ra ta mesmo de um belo exemplar da arquitetura fabri l do final do

século XIX que aden t ra pe lo sécu lo XX. D is t i ngue -se na pa isagem da rua pe la ex t rema hor izonta l i dade da seqüênc ia , ass im como pe lo

desenho cont ínuo e denteado da cober tura , resu l tan te do emprego de sheds como so lução para i luminar o espaço in terno. 9

9 DPH – Estudo de entorno da estação da Mooca e área envoltória

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3.3. A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

3.3.1. HISTÓRICO DA ESTAÇÃO

A São Pau lo Ra i lway - SPR ou popu larmen te " Ing leza" – fo i a p r ime i ra es t rada

de fe r ro const ru ída em so lo pau l is ta . Const ru ída ent re 1862 e 1867 por i nves t idores

ing leses , t i nha in i c ia lmen te como um de seus maiores ac ion is tas o Barão de Mauá.

L igando Jund ia í a Santos , t ranspor tou duran te mui tos anos - a té a década de 30,

quando a Sorocab ana abr iu a Ma i r i nque -San tos - o ca fé e ou t ras mercador ias , a lém de

passage i ros de fo rma monopo l ís t i ca do in te r io r para o po r to , sendo um verdade i ro fun i l

que a t ravessava a c idade de São Pau lo de nor te a su l . Em 1946, com o f ina l da

concessão governamenta l , passou a per tencer à Un ião sob o nome de E. F . Santos -

Jund ia í (EFSJ) . Vá r ias un idades do per íodo an ter io r , inadequadas para as novas

demandas operac iona is e i ncompa t í ve i s com os novos conce i tos adotados pe la

companh ia fo ram demol idas e r econst ru ídas. Tam bém foram implantadas novas

es tações .

Ass im, a EFSJ impr im iu em es tações como Ip i ranga, P i r i tuba, Lapa e Mooca,

en t re ou t ras , um es t i lo a rqu i te tôn ico n i t i damente modern is ta , com mu i tas re ferênc ias da

arqu i te tura pau l i s ta ado tada em ed i f íc ios dos anos 50. B as icamente , carac ter izam-se

por l i nhas geométr icas s imples , com es t ru turas de concre to armado e a l venar ia , sempre

revest idas com past i l has (de v id ro ou cerâmicas, caso da Estação Mooca) .

Foto 13: Fachada da Estação da Mooca

Fonte: www.estacoesferroviarias.com.br

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Com a cr iação da empresa, em 1992 a Estação

Mooca passou a a tender ao serv iço de t rens

met ropo l i t anos que c i rcu lam pe la reg ião . S i t uada ent re a

Aven ida Pres iden te Wi l son e a Rua Borges de F igue i redo,

a es tação tem ent re os v iz inhos ant igas fábr i cas e

armazéns, a lguns em at iv idade , como fábr ica de p lás t i cos ,

ou espaço de Eventos , no an t igo Galpão do Moinho

Gamba. Ao fundo , as cham inés da fábr ica da Cia .

An tar c t i ca dão cer to c l ima de nosta lg ia , por onde

embarcam todos os d ias , por vo l ta de 6 ,2 mi l usuár ios ,

segundo dados da CPTM. A es tação também já se

encont ra parc ia lme nte adaptada em termos de

acess ib i l idade, com banhe i ro pa ra por tado res de

necess idades espec ia i s . En t re tan to , o acesso à es tação

a inda é des locado , sendo e fe tuado por um por tão

loca l izado no f i na l da Rua sem sa ída Monsenhor João Fe l ippo,

perpend icu lar à Ru a Borges de F igue i redo .

Foto 14: Vista da Estação da Mooca a partir da Av. Presidente Wilson.

Fonte: www.estacoesferroviarias.com.br

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4.0 . INTRODUZINDO CONCEITOS: Ref lexões sobre o p rocesso de (des) industr ia l ização das c idades

4 .1 . O PATRIMÔNIO HISTÓRICO INDUSTRIAL

4 .1 . .1 . A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: UM DEBATE INTERNACIONAL

Os estudos sobre o pat r imôn io indust r ia l a l cançam cada vez ma is impor tânc ia e re levânc ia em âmb i to in te rnac iona l , o rgan izando -se em

torno de congressos e se es tendendo às Un ivers idades e órgãos de preservação. Em 1978, por ocas ião do I I I Congresso In ternac iona l para

Conservação dos Monumentos Indust r ia is em Estoco lmo , Suéc ia , fo i c r i ado o The In ternac iona l Comi tee fo r Conservat ion o f Indust r ia l Her i tage

(T ICCIH) , o rgan ismo que ob je t i va promover a a t i v idade dent ro da área da preservação , conse rvação, l oca l i zação , docum entação e va lor i zação

do pat r imôn io i ndust r ia l .

Na maior ia dos países onde a i ndust r ia l i zação exerceu grande in f luênc ia em sua con f iguração e fo rmação cu l t u ra l das c idades, a

consc iênc ia da necess idade em preservar a memór ia de sua h i s tó r ia e cu l t u ra , a t r avés dos ed i f í c ios fabr is vem ganhando destaque. Na

perspec t i va da reva lor i zação , o T ICCIH, duran te a Conferênc ia de 2003 , rea l i zada na Rúss ia (Moscou e N izhny Tag i l ) ap rovou a Car ta para o

Pa t r imôn io Indust r ia l : a Carta de Nizhny Tagi l . Nesse mesmo ano , e m São Pau lo , fo i f o rmado o Comitê Brasi le i ro de Preservação do

Pat r imônio Indust r ia l , representante o f i c ia l j un to ao TICCIH , que busca reun i r e organ izar in ic ia t i vas re lac ionadas ao tema inser indo, ass im, o

Bras i l na d i scussão in ternac iona l de ca ta logação e preservação da memór ia i ndust r i a l , que inc lu i bens mater ia is e ima ter ia is .

Foto 15: Masson Mill

Deryshire

Foto 16: The Wolkigen Ironworks Museum Foto 17: Textile Museum

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Segundo a Car ta de N izhny Tag i l 10, o pa t r imôn io indus t r ia l r epresenta o tes temunho de a t iv idades que t ive ram e que têm pro fundos

s ign i f i cados na h is tó r ia soc ia l e cu l t u ra l dos países; r eveste -se de va lores soc ia i s na medida em que reg is t r a a v ida de uma soc iedade,

p ropo rc ionando- lhe determinadas carac ter í s t icas , impr im indo ident idade própr ia e conso l idando os p r inc íp ios preservac ion is tas expressos na

Car ta de Veneza 11, de 1964. A Car ta de Nizhny Tag i l des taca, a inda, a importância da i den t i f i cação, da real ização de inventár ios , dando

re levânc ia aos es tudos de levantamen to de campo, cadast ro e aná l i se para o reconhec imento das t ipo log ias i ndust r ia is s ign i f ica t ivas para c ada

país , r eg ião ou c idade es tudada.

Por mui to tempo no Bras i l perdurou a noção do monumento i so lado, dent ro do entend imen to e reconhec imento do pa t r imôn io , desde a

cr iação da leg i s lação fede ra l – na década de 30, a té o f im da década de 60 – desar t icu lados de p lanos gera is e a té mesmo da própr ia d inâmica

da c idade. Fo i somen te com documen tos in te rnac iona is e com a d i scussão do conce i to de cu l tu ra dos anos 1970 , após as con turbadas

t ransformações na segunda me tade do anos 1960, em d iversos c í r cu los i n te lec tu a is que o pat r imôn io passou a se to rnar mais abrangente , de i xou

de te r cunho e l i t i s ta e se le t i vo , para represen tar os in te resses cu l tu ra i s também dos menos favo rec idos. Nesse momen to , o in tu i to não fo i só

preservar o bem iso lado, mas a c idade, o ambiente , o bem cu l tu ra l compreend ido em con junto . A amp l iação dos conce i tos e c r i té r ios de

preservação e do púb l i co do pat r imôn io fez com que emerg isse uma quant idade cons ideráve l de novos p rob lemas re la t ivos ao campo espec i f ico ,

p r inc ipa lmen te nos ú l t imos v in te anos.

O d i lema ent re preservar e ordenar a c idade apontado por U lp iano Bezer ra de Meneses (2006) carac ter iza a prob lemát ica em ques tão .

Ob je t iva -se cr ia r cond ições favoráve is de se pra t ica r a c idade, de produz i r o espaço da c idade, em suas vá r ias a t r i bu i ções , e ao mesmo tempo

pre tende -se organ izar seus mov imentos de cresc imento e desenvo lv imento . A lóg i ca da compreensão dos ob je tos mater ia is , concre tos e f ixos ,

peran te as t ransformações, a ve loc idade da d inâmica u rbana representa um choque de idé ias e sent ime ntos . A cons t rução indus t r ia l é invest ida

de out ro t ipo de valo r estét ico , r equer para seu reconhec imen to out ra percepção que passa por en tender o sent ido ao assoc iar -se espaço,

t raba lho e t r a je tór ias . O dec l ín io e consequ ente esvaz iamento da fábr ica como un idade produt iva , bem como o avanço da degradação dos

préd ios e maqu inár ios , ge raram esse sent imento de lu to e conseqüen te necess idade de re ter a lguns desses vest íg ios do passado, lugares de

memór ia que se t r ansformaram ao longo do tempo .

10

Ver Carta de Veneza 11

Ver Carta de Nizhny Tagil

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Segundo Meneses “ a me m ór i a fo rnec e qu ad ros de o r i e n t açã o , d e ass im i l aç ão d o n ovo , c ód i gos p a ra c l ass i f i c a ção e p ara o i n t e rcâ mb i o s o c ia l ” 12 e,

se é no supor te mater ia l que e la pode se expressar , es te mesmo supor te pode f igurar como um impor tan te i ns t rumento cogn i t ivo . Em suma, como

const rução soc ia l , a memór ia , perceb ida a t ravés de seus supor tes , é fundamenta l para a cons t i t u i ção e o re for ço da ident idade , cons t ru indo uma

l igação ent re o i nd i v íduo e o mundo ao seu redor .

Pode-se entender aqu i o pa t r imôn io cu l t u ra l ed i f i cad o como o supo r te da memór ia no espaço , onde se passa a se es tabe lecer uma

re lação de t r oca e ident i f i cação. O va lor ag regado ao pat r imôn io arqu i te tôn ico es tá re lac ionado, gera lmente , com sua d imensão s imbó l i ca , que

represen ta um pedaço da h is tó r ia conge lad a no tempo, a t ravés de suas tendênc ias es té t i cas da época, das técn icas cons t ru t ivas d i sponíve is ,

mater ia is , des ign e out ros e lementos componentes da obra . As re lações soc ia is , os costumes e h i s tó r ias que se desenro laram nesses espaços

também são pa r te con s t i t u in te desse pat r imôn io e sua preservação é a sa lvaguarda desse passado e dessa memór ia cu l t u ra l .

3.4 .2 . O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL NA CIDADE DE SÃO PAULO

O processo de urban ização ao qua l a c idade de São Pau lo fo i submet ida es tá d i re tamente v incu lado ao fa to de que a i ndust r ia l i zação fo i

a fo r ça impu ls ionadora pa ra esse desenvo lv imento do sécu lo XX. A me t rópo le que ho je tem 10 m i lhões de hab i tan tes se const i t u iu , sobre tudo a

par t i r da segunda metade do sécu lo XX, em um grande parque indust r ia l , concent ra ndo a ma ior par te da produção indust r ia l do Bras i l , o que fez

com que , a par t i r da década de 1970 , t enha se to rnado a pr inc ipa l c idade do país nos âmb i tos econômico e cu l tu ra l .

A indus t r ia l i zação de São Pau lo se deu em do is per íodos pr inc ipa is – o p r ime i ro fo i do f ina l do sécu lo X IX a té a década de 1930 ; o

segundo começou na década de 1930 , t im idamente , mas tomou fo r ça dec is iva a par t i r da década de 1950, com es for ços do governo federa l em

d i reção a uma indus t r i a l i zação pesada no pa ís , buscando supe rar a co nd ição de país expo r tador de matér ias -pr imas (produtos pr imár ios) e

impor tador de produtos indus t r ia l i zados.

A pr ime i ra fase da indust r ia l ização pau l i s tana se deu em função do cap i ta l acumulado com a p rodução de ca fé no in te r io r do Estado de

São Pau lo . Os fazende i ros de ca fé in i c ia lmen te i nvest i ram seu cap i ta l acumu lado em in f ra -es t ru turas para a própr ia cu l t u ra ca fee i ra , como , por

exemplo , as companh ias de es t radas de fe r ro . Depo is , passaram a invest i r em a t i v idades propr iamen te urbanas , como armazéns e e nt repostos ,

casas comerc ia i s e , poste r io rmente , em indúst r ias . No f i na l do sécu lo X IX, a c idade de São Pau lo era a cap i ta l dos fazende i ros , dado o grande

número des tes que possu íam suas grandes casas na c idade e da í con t ro lavam seus negóc ios , que passaram a se r , em grande par te , u rbanos.

12

MENESES, Ulpiano Bezerra de 1992, pg. 22

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As indúst r ias desta primei ra fase da indust r ia l ização de São Pau lo loca l izaram-se no entorno das fe r rov ias , onde passaram a se

const i tu i r os ba i r ros i ndus t r ia is e operár ios da c idade, como Água Branca, Bar ra Funda , Brás , M ooca e Be lenz inho, en t re ou t ros , fo rmados em

grande par te por im igrantes ( sobre tudo i ta l ianos ) que v ie ram in ic ia lmente pa ra t r aba lha r na lavoura de ca fé , subst i tu indo o t r aba lho escravo –

abo l ido em 1988 – , e pos ter io rmente acaba ram se f ixando na cap i ta l d a então prov ínc ia e cons t i tu indo a massa dos t raba lhadores da indúst r ia

nascen te . No f i na l do sécu lo XIX e começo do sécu lo XX, mui tos des tes im igrantes j á se ins ta lavam d i re tamente na cap i ta l , num momento em

que a indúst r ia j á se conso l i dava e necess i t ava de mais operá r ios .

Foto 18: Estação Júlio Prestes, à esquerda.

Fonte: www.eletrolost.wordpress.com

Foto 19: Palácio das Indústrias, à direita.

Fonte: www.ffcep.com.br

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A segunda fase da industr ia l i zação se dá a par t i r da década de 1930, quando tem f im a Repúb l i ca do “Café com Le i te ” , ou se ja , quando

tem f im o domín io das o l i garqu ias rura is de São Pau lo e de M inas Gera is no Governo da Repúb l i ca . Esse processo , conhec ido como Revo lução

de 30, f o i o in íc io do Governo de Ge tú l io Vargas , que durou a té 1945. Com um v iés au tor i tá r io , esse governo empreendeu re formas

modern izan tes , tan to no campo econômico como no campo cu l tu ra l . No campo econômico há um incent i vo à subst i t u i ção de impor tações,

buscando conso l idar um mercado in terno para os produtos nac iona is .

No en tan to , f o i na década de 1950 que se deu o pr inc ipa l es forço em d i reção a uma verdade i ra indust r ia l i zação do país , no governo

desenvo lv imen t i s ta de Jusce l i no Kub i tschek, quando há o incent i vo para que grandes grupos indust r ia i s es t range i ros se i ns ta lem no Bras i l e

para que se const i tua uma cons is ten te indús t r ia de base e um verdade i ro pa rque indust r ia l d i ver s i f icado .

Também, nes te momento , a c idade de São Pau lo e sua reg ião fo ram pr i v i leg iadas por possu i r ma ior in f r a es t ru tura . Essa po l í t i ca em favor

da indús t r i a induz iu grandes mov imentos migra tór ios no pa ís , sob re tudo tendo como pon to de par t i da a reg ião Nordeste , depr im ida

economicamen te , e ponto de chegada a reg ião Sudes te , p r inc ipa l reg ião da indust r ia l i zação . Fo i na década de 1950 -1960 que se inver teu a

re lação popu lação rura l /popu lação urbana, quando es ta ú l t ima passa a ser mais numerosa que a pr ime i ra . São Pau lo nesse momento (en t re as

décadas de 1950 e 1980) recebe mi lhões de migrantes nac iona is , que vão fazer pa r te da massa de t raba lhadores da grande indúst r i a , fo rmando

as boa par te das per i f e r i as da me t rópo le .

Nesse momento , a indús t r ia não t inha ma is como padrão de loca l i za ção o entorno de fe r rov ias , mas s im o entorno de grandes e ixos

rodov iá r ios , sobre tudo nas per i fe r ias das áreas urban izadas . Em São Pau lo , a grande indús t r i a se loca l i zou no entorno das grandes rodov ias e

das aven idas marg ina is , l ugares com uma grande d i spo n ib i l idade de te r renos naque le momen to .

A des indust r ia l i zação fo i en tão observada nas grandes c idades cap i ta l is tas indust r ia l i zadas , tan to do mundo desenvo lv ido quanto do

mundo subdesenvo lv ido . Em São Pau lo , o fenômeno fo i ident i f i cáve l loca lmente , ou se j a , em luga res de term inados da met rópo le , onde a

indúst r ia e ra a a t i v idade econômica pr inc ipa l e de ixa de sê - lo , dando lugar a ou t ras a t i v idades ou de ixando o espaço degradado ou em processo

de de ter io ração . Ass im , não podemos d izer que a met rópo le de São P au lo como um todo se des indust r i a l iza , e s im que áreas da met rópo le

passam por esse processo, mesmo porque a indús t r ia a inda tem um peso cons ideráve l no con jun to das a t iv idade s econômicas da met rópo le .

Cons idera -se que a c idade passa por uma desconcent raçã o indust r ia l r e la t iva , perdendo par te de seu peso indust r i a l em re lação ao in te r io r do

Es tado de São Pau lo e em re lação ao res to do pa ís . Po r ou t ro lado, a ges tão das empresas se s i tua cada vez mais em São Pau lo , que se

conso l ida cada vez ma is como met rópo le dos negóc ios e e lo da economia nac iona l com a economia mund ia l .

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Iden t i f i cam-se d i f e ren tes compor tamentos da des indus t r ia l i zação pau l is tana. Nas áreas de indust r ia l i zação ant iga , que acompanham o

percurso das l inhas fé r reas, são observadas ma io res d i f icu ldades a uma e fe t iva reu t i l i zação de te r renos e , consequentemente , uma ma io r

d i f icu ldade de reva lor i zação. São áreas mais cent ra is , onde a própr ia dens i f icação da met rópo le impõe uma acess ib i l idade d i f icu l t ada e um

maio r congest ionamento . Por ou t ro lado , e m a lgumas áreas de indust r ia l i zação ma is r ecente ( segunda metade do sécu lo XX) , a reu t i l i zação de

te r renos proven ientes da des indus t r i a l ização é mais e fe t i va . São áreas próx imas à Aven ida Marg ina l do R io Pinhe i ros , com d ispon ib i l idade de

grandes te r renos c om a acess ib i l i dade fac i l i tada pe la aven ida. O fa to de se loca l i zarem nas zonas oes te e sudoes te da c idade também fac i l i ta

uma tendênc ia a uma reva lor i zação mais e fe t iva desses espaços de des indus t r ia l ização, t endo em v is ta que o e i xo de va lor ização se enc aminha

para es ta r eg ião (ve tor sudoeste , com a expansão dos se tores de ges tão , f inance i ro , even tos , e tc . ) .

Em a lguns lugares das á reas de indust r ia l i zação ant iga observa -se , pontua lmente , a ins ta lação de escr i tó r ios e novos condomín ios

res idenc ia i s , como n a Água Branca, Bar ra Funda e Mooca, o que não representa uma tendênc ia a uma reva lor i zação do con jun to dos te r renos

desses espaços de des indust r i a l ização, que permanecem como espaços reserva para possíve i s reva lor izações fu turas . Em uma c idade

ex t remamen te densa como São Pau lo , os espaços de desindust r ia l ização se to rnam possib i l idades de c r iação de novas f ronte i ras

econômicas para os agentes hegemônicos da p rodução do espaço .

3.4 .3 . AS OPERAÇÕES URBANAS E A ESPECULAÇÃO IMOBIL IÁRIA

A remodelação urbana tem s ido de grande impor tânc ia para os urban is tas , desa f iando -os a fo rnecer subs íd ios para a c r iação de po l í t i cas

púb l i cas ma is e fe t ivas e es t imu lando o permanente processo de recons t rução e cr iação de novas bases espac ia i s de produção a t ravés da

subst i tu ição , r enovação e rup tu ra das es t ru turas preex is ten tes . A lém d isso, observa -se a p resença, cada vez maior , de grandes pro je tos urbanos

e de parcer ias púb l i co -p r i vadas na promoção da recuperação urban ís t i ca e ambienta l de á reas impor tan tes da c idade.

Esses pro je tos têm como proposta a requa l i f i cação urbana por me io de um processo soc ia l e po l í t i co de in te r venção te r r i t o r i a l , num

con jun to de ações in tegradas segu indo a lóg ica de desenvo lv imen to urbano e v isando essenc ia lmente a qua l idade de v ida da popu lação, com a

cr iação de novas cent ra l i dades.

Como ind ica a Const i t u i ção Federa l (a r t . 182 e 183) e o Esta tu to da C idade 13, a leg i s lação urbanís t ica – enquanto i ns t rumento de po l í t i ca

urbana – deve sempre buscar a c idadan ia a t r avés da garant ia da função soc ia l da c id ade e do bem -es tar de seus hab i tan tes . Mas, ao cont rár io

13 O Estatuto da cidade, aprovado em 2001, tem sua origem formulada na lei de Desenvolvimento Urbano, gestada desde 1982. No Brasil fundamentalmente as

inovações do Estatuto da Cidade situam-se em três áreas. Primeiramente, em um conjunto de instrumentos voltados para induzir, mais do que normatizar as formas

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dessa or ien tação , os pro je tos de renovação urbana es tão, se vo l tando , cada vez mais , aos i n te resses pr ivados do mercado imob i l iá r i o , f und iár io

e f i nance i ro , a tuando , p r imord ia lmen te , em benef íc io das e l i tes dominan tes e do cap i ta l , levando à perda do va lor de uso da te r ra , à expu lsão da

popu lação de ba ixa renda para a pe r i f e r i a e à conso l i dação de enc laves soc ia is .A v i são de const rução, t rans formação e renovação da c idade ou

par te de la por me io de pro je tos urbanos tem s ido bas tan te ace i ta e u t i l i zada em todo o mundo. Dent ro desse contex to , i den t i f i cam -se vár ios

exemplos concre tos j á imp lantados que, baseados na rea l idade, nas carac te r ís t icas , nas necess idades de cada loca l e no púb l i co a a t ing i r ,

de f in i r am ob je t i vos , es t r a tég ias e fe ições d i f e rentes , de fo rma a to rná - los mais adequados e ma is v iáve is de se rem execu tados. A lguns exemplos

podem ser c i t ados: as Dock lands de Lond res e o ba i r ro de Mara is em Par i s ( imagens 53 e 54 ) – que t inham como ob je t i v o a c r iação de novos

de uso e ocupação do solo. Uma nova estratégia de gestão é formulada, incorporando a ideia de participação direta do cidadão em processos de construção dos destinos da cidade. E, finalmente, propõe-se a ampliação das possibilidades de regularização de áreas urbanas hoje consideradas ilegais. Basicamente, o Estatuto da Cidade valoriza o local na solução de problemas urbanos permitindo um novo formato de atuação marcado principalmente pelo princípio da gestão democrática. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.097/131. Visitado em: 17 de maio de 2010

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d is t r i tos de negóc ios a t ravés da renovação urbana das á reas degradadas – ; a V i l a Ol ímp ica de Barce lona, a fe i ra de Bal t imore e a Expo ’98 de

L isboa que, aprove i tando a promoção de eventos i n te rnac iona is ou espetácu los , consegu i ram promo ver a renovação de uma área da c idade .

No caso de São Pau lo , cabe menc ionar as ope rações urbanas consorc iadas , que, de acordo com o Esta tu to da C idade (Le i Federa l n .

10 .257, de 10 de ju lho de 2001 , Ar t . 32 , §1°) , são:

[ . . . ] um conjunto de in te rvençõ es e med idas coordenadas pe lo Poder Públ ico Munic ipal , com a

part ic ipação dos p roprie tár ios, moradores, usuár ios permanentes e invest idores pr ivados, com o objet ivo

de a lcançar em uma área t ransformações u rbaníst icas est ru tu ra is , melhorias socia is e a va lo r i zação

ambienta l . (ESTATUTO DA CIDADE)

Const i tuem um ins t rumento lega l de renovação de espaços predeterminados da c idade e /ou ampl iação de in f r aest ru turas urbanas po r

meio de in te rvenções, tendo em v i s ta a in tens i f icação do uso e ocupação do so lo urbano e , para ta l , lança mão da parcer ia en t re o poder púb l i co

e a in ic ia t i va pr i vada. Por tan to , para l ogra r êx i to na consecução dos ob je t i vos , é prec i so def in i r uma est ra tég ia capaz de desper tar o in te resse

da in i c ia t iva pr ivada , para que es ta venha , e fe t i vamen te , a custear a imp lantação de obras , me lhor ias ou equ ipamentos de in teresse púb l i co .

Cada operação urbana 14 deve ser regu lamen tada por le i especí f i ca aprovada pe lo poder l eg i s la t ivo . At ravés da le i , serão def in idos o

per ímet ro , os ob je t i vos , o programa de in tervenções e os l im i tes de f lex ib i l i dade

em re lação aos parâmet ros es tabe lec idos pe la Le i de Zoneamento , ou se ja , como será

fe i ta a concessão de incent i vos urban ís t icos e a co r respondente obtenção de con t rapar t idas. O va lor a r recadado nessa outorga onero sa só pode

ser usado em me lhor ias urbanas na própr ia reg ião .

14 “§1º Cons idera -se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Púb l ico municipa l ,

com a part ic ipação dos propr ietár ios, moradores, usuár ios permanentes e invest idores pr ivados, com o objet ivo de a lcançar em uma área transformações urbaníst icas estruturais, melhorias soc ia is e valor ização ambiental” . (Estatuto da Cidade, Lei n º 10.257 de 10/07/2001)

Foto 20: Docklands, Londres Foto 21: Bairro Marais, Paris

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A Operação Urbana re ferente à reg ião do ob je to de es tudo é a denominada Operação Urbana Mooca/Vi l a Ca r ioca . Essa Operação Urbana

possu i uma área de 1 .568ha, que va i da Rua da Mooca a té a f ron te i r a de São Pau lo com São Caetano . A propos ta é d i v id ida em t rês se tores :

Cambuc i -Taquar i , Ip i ranga -Mooca Vi la Car ioca -V i l a Ze l ina . "De novo, a superação da barre i ra junto à fe r rovia é um dos e lementos

fundamenta is , j á que a reg ião possu i a l inha 10 da CPTM e a ex tensão da L inha 2 -Verde do Met rô . Mas , nesse caso , t emos do is ba i r r os bastante

desenvo lv idos que são o Ip i r anga e a Mooca. Então o p ro je to deverá propo r a superação dessa bar re i ra , de fo rma a va lor i za r o pa t r imôn io

h is tó r ico e me lhorar a cond ição amb ie nta l da á rea " , exp l i ca Migue l Lu i z Buca lem, Secre tár io Mun ic ipa l de Desenvo lv imen to Urbano.

Ent re as idé ias da Prefe i tura de São Paulo , está o aumento da at iv idade indust r ia l da região p róxima à Rua Borges F iguei redo,

onde há um grande número de edi f icaçõ es tombadas , o adensamento da á rea ho je ocupada por g randes galpões industr ia is

subut i l izados , a r ev i ta l i zação da Aven ida Dom Pedro , p róx imo ao Museu do Ip i ranga , e a c r i ação de l igações t ransversa is em re lação às

fe r rov ias .

3.5 . O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL A RQUITETÔNICO NO BAIRRO DA MOOCA

Segundo Manoe la Ross ine t t i Ruf inon i , ana l isar a p resença e conf iguração do ex tenso con jun to arqu i te tôn ico i ndust r ia l ex i s ten te no Ba i r ro

da Mooca pressupõe conhecer as de term inantes h i s tó r i cas que d i rec ionaram a ocupação da reg ião e a d inâmica do desenvo lv imento urbano que

se segu iu a té se chegar à con f iguração a tua l .

O es tudo h i s tó r i co reve la que a reg ião ho je compreend ida pe lo ba i r ro da Mooca recebeu a a t i v idade indus t r ia l como decor rênc ia de uma

sér ie de eventos que conc or reram para a fo rmação de um cenár io f í s i co , soc ia l e econômico propíc io .

O per íodo compreend ido ent re o f i na l do sécu lo X IX e as pr ime i ras décadas do sécu lo XX fo i dec i s i vo para a conso l idação da paisagem

indust r ia l do bai r ro . Após cem anos de t r ans form ações urbanas que con fer i r am à reg ião novos potenc ia i s de uso, o an t igo ba i r r o indus t r i a l e

operá r io a inda gua rda inúmeros con juntos ed i f i cados com caracter ís t i cas fabr is e reve la uma in t r incada rede urbana s i s temat icamente vo l tada

para a a t i v idade produ t i va . (RUFINONI , 2004)

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3 .5 .1 . AS FÁBRICAS E A FERROVIA

Enquanto a máqu ina a vapor s imbo l i za a pr ime i ra fase da Revo lução Indust r i a l , a té en tão p ra t icamente cont ida na Europa, as fe r rov ias e

as locomot i vas s imbo l izam a segunda f ase , quando de fa to ec lod i ram os e fe i tos i n te rnac iona is da indust r ia l i zação . O Bras i l começou a se

redef in i r para i n tegrar os s i s temas in ternac iona is da indúst r ia e comérc io , e essa rede f in i ção a inda é a par te v i s í ve l da herança daque le per íodo ,

par tes , a inda remanescen tes e a lgumas rev i ta l i zadas , das c idades e das arqu i te turas .

O es tabe lec imen to da indús t r ia , a lém de conf igurar o espaço à sua vo l ta , com suas casas para operár ios e ou t ros equ ipamentos,

p roduz ia também em sua área envo l tó r i a t rans formações n o uso e ocupação do so lo . Era comum a subd iv i são de quadras em lo tes pequenos ,

gera lmente es t re i t os e compr idos , fo rmando as conhec idas v ie las e t ravessas, bem caracter ís t i cas de ba i r r os i ndust r ia is , o que to rnava os lo tes

de ba ixo custo e acessíve i s aos o perár ios .

Foto 22: Vista aérea da antiga Sede da Cia. Antártica Distribuidora

de bebidas, e a atual passarela da Estação ferroviária da Mooca,

ligando as duas entradas da Estação

Foto 23: Fachada da antiga Sede da Cia. Antártica Distribuidora de

bebidas.

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O des in teresse pe lo t ranspor te fe r rov iá r io o r iundo de po l í t i cas púb l icas vo l tadas ao rodov iar ismo, e a própr ia d i spersão do con jun to

indust r ia l que tan to se benef ic ia da prox im idade da v ia fé r rea , re legaram as parce las urbanas ma is próx imas da v ia ao abandono. Ta lvez por

con ta d i sso , o ex tenso con junto indust r ia l h is tó r i co a inda não tenha s ido a lvo de in te rvenções drás t i cas . (RUFINONI , 2004)

A ident i f icação do pat r imônio indust r ia l , a inda que recente num pa ís como o Bras i l ,

vem se t r ansformando num “dever de memória” , o que se exp l i ca , em par te , pe lo esvaz iamento e e l im inação desses ves t íg ios de a t iv idades que

mov imentaram e impu ls ionaram o país , t a i s como o s is tema fer rov iá r io , por tuá r io , os grandes es tabe lec imentos indus t r i a i s , e t c . Ho je o

pa t r imôn io fe r rov iá r io b ras i le i r o es tá reduz id íss imo , pe lo sucateamento da Rede Fer rov iá r ia Federa l S /A – RFFSA – , e exp loração do que lhe

res tava de bens operac iona is e de va lor . O Min is té r io dos Transpor tes a inda procura v iab i l i zar esse t r anspo r te , i nc lus i ve com um programa

o f i c ia l de recuperação e va lor ização do pat r imôn io h is tó r i co para uso tu r í s t ico , como a l t e rnat i va possíve l nesse pr ime i ro momento de reação. Por

Foto 24: Vista de acesso à uma antiga Vila operária

Fonte: Acervo pessoal

Foto 25: Vista das fachadas das casas com testadas

mínimas, típicas da urbanização do período

industrial.

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out ro lado a RFFSA es tá em l i qu idação e em v ias de ex t inção , sem uma def in i ção in te i r a de como seu pat r imôn io móve l e imóve l será u t i l i zado e

com parcos programas de inves t imentos para um s is tema de t ranspor te fe r rov iá r io nac iona l adequado ao país e d igno de sua própr ia h i s tó r ia .

Em 2007, com a ex t i nção da RFFSA, o pa t r imôn io fe r rov iá r io passou a ser t ra tado por um con jun to de ins t i t u i ções governamenta i s .

Const i tu ído po r g rande quant idade de bens de d i fe rentes naturezas e de re levan te impor tânc ia , esse imenso acervo f icou sob a responsab i l idade

do M in is té r io dos Transpo r tes , do Depar tamen to Nac iona l de In f ra es t ru tura de Transpor tes – DNIT – , da Secre tar ia de Pa t r imôn io da Un ião –

SPU – , e do Ins t i tu to do Pa t r imôn io His tór ico e Ar t ís t ico Nac iona l – IPHAN. A essas ins t i tu ições fo i legada uma a t r ibu ição comum: a dest inação

de todo o s i s tema fer rov iá r io nac iona l adv indo da ex t in ta RFFSA.

José Rodr igues Cava lcan t i Neto , coordenador t écn ico do pat r imôn io fe r rov iá r io do IPHAN, ressa l ta que o t raba lho do Ins t i tu to es tá

d i re tamente re lac ionado à i den t idade dos lugares, suas h i s tó r ias , t r ad i ções , comidas, háb i tos , p raças, r uas e ed i f íc ios . "A preservação do

pat r imôn io tem de ser t r aba lhada dent ro dessa ó t ica . O pat r imôn io fe r rov iá r io faz par te da ident idade de mui tas c idades bras i le i r as . O t r em está

no imag inár io do bras i l e i r o e a preservação deve caminhar no sen t ido dar con t inu idade a esse in teresse " , a f i rma.

Com a Le i 11 .483 /2007, o IPHAN f i cou responsáve l por receber e adm in i s t r a r os bens móve is e imóve is de va lor a r t í s t i co , h i s tó r ico e

cu l tu ra l , o r iundos da ex t i n ta RFFSA, bem como ze la r pe la sua guarda e manutenção. Quando o bem for c lass i f icado como operac iona l , o Ins t i tu to

deverá garant i r seu compar t i lhamen to para uso fe r rov iá r io . Um dos pontos mais impor tan tes que f icou a cargo do IPHAN fo i a preservação e a

d i f usão da memór ia fe r rov iá r i a , por me io da const rução , fo rmação, o rgan ização, manutenção, amp l iação e equ ipamen to de museus, b ib l io tecas ,

a rqu ivos e out ras organ izações cu l t u ra is , bem como de suas co leções e acervos; conservação e res tauração de préd ios , monumen tos ,

logradouros, s í t i os e dema is espaços or iundos da ex t in ta RFFSA.

"D ia n t e d ess a resp on sa b i l i d ad e o p r i me i ro pa sso do I PHAN f o i co nh ec er esse un i v e r so , re a l i za nd o u m m ap ea m e nt o de v a r re du ra pa ra es ta b e lec e r as

me l ho res es t ra té g i as pa ra d ar o d es t i no a de q ua do a esses b ens . A RFFSA t i nh a um a p la n i l h a em q ue co ns t ava m ma i s d e 5 0 m i l i móv e i s . As

sup e r i n te nd ênc i as d o IP HA N espa l ha d as pe l o p a ís es t ão faze nd o ess e rec on hec i me n to d os b ens i móv e i s p ara t e r um p r im e i ro pa no r am a. E m a lg uns e s t ad os

i sso j á fo i co nc l u í do , mas e m ou t ros , c om o Sã o P a u lo , fo ra m c o n t ab i l i z ad os 1 , 8 m i l im óve i s , mas esse n úm e ro nã o es t á fec ha do . Nessa v a r re du ra ta mb ém

es t am os c o lh e nd o i n f o rma çõ es s ob re os be ns móv e i s " , i n fo rma Cava lcant i .

Ao usar o te rmo memór ia fe r rov iá r ia , a l e i t r az uma ampla responsab i l idade para o IPHAN. "O a l cance é maior do que s implesmen te

preservar um grupo de es tações com va lor h i s tó r i co . I sso imp l i ca o lhar esse pat r imôn io com uma ma ior ab rangênc ia , o que já es tá sendo fe i to

pe lo IPHAN, quando se procura es tabe lecer a r e lação do pa t r imô n io imater ia l com o ma ter ia l " , ressa l ta o coordenador . O pat r imôn io mater ia l é

compos to por um con jun to de bens cu l tu ra i s c lass i f i cados segundo sua natureza nos quat ro L iv ros Tombo : arqueo lóg ico , pa i sag ís t i co e

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etnográ f ico ; h is tó r ico ; be las ar tes ; e das ar tes ap l i cadas . O pat r imôn io imater ia l abrange as ma is var iadas man i fes tações popu lares que

con t r ibuem pa ra a fo rmação da ident idade cu l tu ra l de um povo.

Cava lcant i exp l ica que o pat r imôn io fe r rov iá r io é l i gado a uma catego r ia de es tudos que se chama pat r im ôn io indus t r i a l . "É um o lhar

d i f e ren te . Você não prese rva o pat r imôn io indus t r i a l , ou no caso o fe r rov iá r io , pe la monumen ta l i dade ou s ingu lar idade. Não é só isso que dá

va lor ao pat r imôn io" , d iz . A Car ta de N izhny Tag i l é u t i l i zada pe los técn icos do IPHAN como ba l iza para a aná l ise do pat r imôn io fe r rov iá r io .

"O pat r imônio indust r ia l representa o testemunho de a t iv idades que t iveram e queainda têm profundas

conseqüências h istó r icas. As razões que just i f icam a proteção do pat r imônio indust r ia l decorrem essen cia lmente

do va lo r universal daque la caracte r íst ica , e não da s ingula r idade de quaisquer s í t ios excepc iona is . O pat r imôn io

indust r ia l compreende os vest íg ios da cul tu ra indust r ia l que possuem valor h istó r ico, tecnológico , soc ia l ,

arqu i tetôn ico ou c ient í f i c o . Esses vest íg ios englobam ed i f íc ios e maquinar ia , o f ic inas, f ábricas, minas e loca is de

processamento e de re f inação , ent repostos e a rmazéns, cent ros de p rodução, t ransmissão e ut i l i zação de energ ia ,

meios de t ransporte e todas as suas est rutu ras e in f ra est rutu ras, ass im como os loca is onde se desenvolveram

at iv idades socia is re lac ionadas com a indúst r ia , ta is como habi tações, locais de cul to ou de educação." (Carta de

Nizhny Tagi l , 2003) .

"A soc ie da d e com o u m to do te m qu e qu e re r p rese rv a r o seu p a t r i mô n io . É um a p re mi ssa do noss o t ra ba l ho , p r i nc ipa l me nt e du ran te es se p roc esso d e

i nves t i g açã o . Se u ma p re fe i tu ra ma n i f es t a r i n t e ress e po r u ma es t açã o , s e p re te nd e da r um u so cu l tu ra l o u ou t ro q u e vá p rom ove r a p res e rvaç ão e

d i sse min aç ão d a c u l t u ra f e r r ov iá r i a , va i n os a ju da r n a q ues tã o da m em ó r ia f e r r ov i á r i a . Se o m un i c í p io t em ess e co mp rom et i me nt o , o IP HAN te m t ra ba l ha d o

pa ra f aze r a ces sã o dess e i móv e l ao m un ic íp i o " , exp l i ca Cava lcan t i 15.

De qua lquer fo rma, as poucas fábr icas h is to r icamente va l i osas que es tã o preservadas em boas cond ições no Bras i l também foram

absorv idas para f ina l idades cu l t u ra is , do mesmo modo que nos países desenvo lv idos. Há a lguns casos - ra r íss imos - de es tabe lec imentos fabr is

que passaram a func ionar como museu tecno lóg ico , a exemp lo d a Estação C iênc ia , no ba i r ro pau l i s tano da Lapa, ins ta lado nos ga lpões de uma

ant iga tece lagem. Ex is tem a inda vár ios cen t ros cu l t u ra i s e comuni tá r ios espa lhados pe lo Bras i l que fo ram implantados em fábr icas de inegáve l

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Disponível em www.pea.gov.br

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va lor h is tó r i co . São re la t ivamen te nu merosas, também, as an t igas indús t r i as que fo ram t ransfo rmadas em Shopp ing Cen ters ou empreend imentos

s im i la res , ou que passaram a abr igar es tabe lec imentos de saúde ou de educação, com a re la t iva manutenção da arqu i te tura fabr i l o r ig ina l . De

fa to , toda fáb r i ca começa a ser a l t e rada, po r dent ro e por fo ra , p ra t i camente no d ia segu in te ao de sua inauguração , quase sempre por

necess idades produt ivas . A res tauração a rqu i te tôn ica de uma ins ta lação fab r i l é , por i sso , sempre ap rox imat iva e v isa antes a "s ín tese" das

vár ias fases pe las qua is a fábr ica passou do que a even tua l f ide l idade a um de term inado per íodo . É mais arqueo log ia do que arqu i te tura .

A arqueo log ia i ndust r ia l ca l ca - se nos re ferenc ia i s teór i co -metodo lóg icos de vár ios campos do saber ; não possu i re fer enc ia is que lhe

se jam especí f icos , a saber , fo rmulações teór i co -metodo lóg icas que d igam respe i to un icamen te ao legado da indús t r i a . Ass im, não é uma

d isc ip l ina au tônoma; conf igura -se como vasto campo temát ico que ex ige a ar t i cu lação de vár ias d i sc ip l inas , não sendo poss íve l f o rmar uma

f igura pro f iss iona l que domine todos os ins t rumen tos necessár ios . Quando se fa la de pa t r imôn io indust r i a l , p ressupõe -se que es tudos tenham

s ido fe i tos e os bens que possuem in teresse pa ra a preservação tenham s ido iden t i f i cado s. Na p rá t i ca , porém, as expressões têm s ido

empregadas como s inôn imos, p reva lecendo uma ou out ra , dependendo do amb ien te cu l tu ra l . (KÜHL, 2010)

3.6 . AS QUESTÕES PRESEVACIONISTAS

No sécu lo XX a sensação da f r agmentação da ident idade , da perda das re ferê nc ias cu l t u ra is , desper tou no homem o dese jo de “ r e torno a

a lgo perd ido ” , ou se ja , a necess idade de buscar mani festações cul tu ra is que pertencessem a seu passado v i vo , a lguma resposta que lhe

represen tasse uma base para aden t rar a essa nova d inâm ica urbana . Neste sent ido , a recr iação de espaços a t ravés da p reservação do

pat r imôn io pe rmi te desencadear o processo de iden t i f i cação do c idadão com sua h is tó r ia e cu l t u ra .

Af ina l , conservar um ob je to cons iderado pat r imôn io cons t i tu i - se como reg is t r o mater ia l da cu l t u ra , da expressão ar t í s t i ca , da fo rma de

pensar e sent i r de uma comun idade em determinada época e l ugar , um reg is t ro de sua h is tó r ia , dos saberes, das técn icas e ins t rumen tos que

u t i l i zava.

A preservação do pa t r imôn io , t ambém conhec ido como bem cu l tu ra l tem, en t re suas funções, o pape l de rea l izar a “cont inuidade

cul tu ra l” , de se r o e lo en t re o passado e o presente e permi t i r conhecer a t rad ição, a cu l tu ra , e a té mesmo a h i s tó r ia de uma soc iedade , e

ass im, desper tar o sent imento de ident idade pa ra a mesma . At ravés de la o i nd i v íduo ( r e ) v ivenc ia exper iênc ias , d ia logando com a soc iedade à

qua l per tence.

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A preservação t r a ta - se de um con junto de med idas, desde in tervenções f í s i cas no bem, como res taurações, a té po l í t i cas púb l icas ,

passando por le is de tombamen to , as qua is ob je t ivam proteger es te bem para as gerações futu ras .

Na An t igu idade o conce i to de res tauração es tava re lac ionado mu i to ma is às cons t ruções e ao re fazer do que a prese rvar . Já no sécu lo

XVI I I o res tauro passa a ser en tend ido como: con jun to de operações dest inadas a conservar o monumento como tes temunho do passado.

No entanto , somen te med iante a mass iva des t ru i ção decor rente da Segunda Guer ra Mund ia l e a necess idade de reconst rução em cará ter

de urgênc ia de núc leos cent ra is i n te i ros , aspec tos d a car ta pa t r imon ia l de 1931 fo ram reava l iados . A par t i r dessas d iscussões fo rmu lou -se a

Car ta de Veneza (anexo 10.1) , de f in ida no I I Congresso In ternac iona l de Arqu i te tos e Técn icos dos Monumentos H is tór icos em 1964. Esta car ta

de l ineou uma un idade me todo l óg ica pa ra as in te rvenções nos bens cu l t u ra i s , i nser indo a res tauração no quadro soc ia l , econômico e cu l tu ra l .

Esse documento permanece vá l ido a té ho je para os países s ignatá r ios . A ques tão do uso passou en tão a te r a segu in te recomendação :

Art igo 5º - A conservação dos monumentos é sempre favorec ida por sua dest inação a

uma função út i l à sociedade; t a l dest inação é , portanto , dese jável , mas não pode nem

deve a l tera r a d isposição ou a decoração dos edi f íc ios. É somente dent ro destes l imi tes

que se deve con ceber e se podem au toriza r as modif icações exig idas pela evo lução dos

usos e costumes. ( ICOMOS, 1964 ) .

De lá para cá , o in te resse pe lo pa t r imôn io ed i f icado tem aumentado cons iderave lmente , não só pe la maior consc iênc ia do seu va lor

h is tó r ico , mas também p o r razões out ras como o aumen to demográ f i co , a sa turação te r r i t o r i a l , a complex idade urbana que aca r re ta d i versos

prob lemas po l í t i co -econômicos v incu lados, por exemplo , à especu lação imob i l i á r ia e à exp loração do tu r ismo. Ass im , o uso do pat r imôn io

ed i f i cado ex is ten te como fon te cu l tu ra l , soc ia l e econômica to rnou -se uma ques tão de grande in teresse, que ex t rapo la a questão meramen te

preservac ion is ta .

Neste sen t ido , a Car ta Europé ia de Pat r imôn io Arqu i te tôn ico , p romulgada em 1975 em Amsterdã, ev idenc ia a nec essár ia l e i tu ra d o

aspecto preservac ion is ta sob a ó t i ca do desenvo lv imento urbano na medida em que propõe, jus tamente , “uma ação con junta ent re as técn icas de

res tauro e a pesqu isa de funções compat í ve is , com o ob je t i vo pr inc ipa l de uma conservação in tegra da no âmbi to do p lane jamento urbano e

te r r i to r ia l , para a de f in ição de uma est ra tég ia ún ica para os me ios técn icos , admin is t ra t i vos e f i nance i ros” (CARBONARA, 1997, p . 375) .

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Ao defender a ap l icab i l i dade da teor ia brand iana , Giovann i Carbonara (1942) , a f i rm a que o maior p rob lema da p reservação res ide ,

jus tamente , na compreensão e reconhec imento do pat r imôn io ed i f icado como bem cu l tu ra l . Para e le , uma in tervenção de res tau ro só poderá ser

rea l izada a t ravés do levantamento h i s tó r ico -ar t ís t i co , da percepção dos s ign i f i cados e dos mate r ia i s da obra , es tabe lecendo -se, ass im, um

cr i t é r i o de in te rvenção . Para es te au tor , somente a par t i r do reconhec imento da s ign i f icação h i s tó r ico -ar t ís t i ca , e cons ide rando todos os

pr inc íp ios e ins t rumen tos metodo lóg icos desse conso l i dado campo d i sc ip l i nar é que se pode es tabe lecer os c r i té r ios para uma in ter venção de

res tauro . “Quando esse levantamen to não fo r poss íve l , não houve r um va lor reconhec ido , d i fe ren tes fo rmas de u t i l i zação sem re lação com as

prá t icas de res tau ro e p reserv ação poderão ser i nd i cadas ” (CARBONARA, 1997, p . 375) . Com i s to , o monumento, anal isado corretamente por

meio de um ju ízo de valor cr í t i co pode revela r a dest inação ma is adequada à vocação da ed i f icação, que não é necessar iamente o uso

or ig ina l , a inda que es te se ja pre fer í ve l quando poss íve l conservá - lo ou repropô - lo , respe i tando a rea l idade mater ia l e esp i r i t ua l do monumento .

3 .6 .1 . OS PRINCÍPIOS DA CONSERVAÇÃO INTEGRADA

A par t i r dos anos se tenta , uma nova fo rma de abordagem que in tegrava a ed i f icação ino vadora e a conservação do pat r imôn io ve io sendo

desenvo lv ida e os seus resu l tados ap l icados em c idades europé ias . Na I t á l ia , Bo lonha, Fe r rara e Bresc ia receberam atenção, com a ap l i cação de

uma est ra tég ia púb l i ca de ações que v isava a tuar s imul taneamente e m toda a c idade e não somente na área cent ra l .

Es te t i po de in te r venção, denominado conse rvação in tegrada por S i l v io Zanche t i 16, passou a cons t i t u i r uma nova abordagem para o

p lane jamento , embasado numa cu l tu ra qua l i ta t i va , para o qua l o pr inc ipa l ob je t ivo res id ia num ”urban ismo de qua l idade ”. O novo p lane jamento

abd icava da pre tensão modern is ta da ação genér i ca no todo da c idade, p r iv i l eg iando ações loca is com po tenc ia l t ransformador .

. . . ] A c ons e rvaç ão u rba na i n te grad a (CI ) t em o r i g e m no u rb an i sm o p rog ress i s ta i t a l i a no

dos a nos 7 0 . M a is es pec i f i ca me nt e , d a exp e r i ê nc ia d e re ab i l i t aç ão d o c en t ro h i s tó r i c o da

c i da de d e Bo l on ha , i n i c i a da nos ú l t im os an os da d éc ad a de 6 0 , e co nd uz id a po r p o l í t i cos e

ad min i s t ra do re s l i ga dos a o Pa r t i do Com u n is t a I ta l i a no . Nos a no s 7 0 e 8 0 , ess es p r i nc í p ios

fo ra m ap l i ca dos e m v á r i as c i da des i t a l i a nas , esp ec i a lm en te do n o r t e , e e m c i da de s

esp an ho l as . Nos d o i s pa íse s , a CI se rv i u c om o a rg um en t o t eó r i c o e p rá t i co p a ra as

ad min i s t raç ões m un i c i p a i s d e esq ue rda , e s uas re a l i zaç õ es c om o b a nd e i ra p a ra a

cons t ruç ão d e um a i ma ge m po l í t i c a de e f i c i ê nc ia a dmi n i s t r a t i v a , j us t i ç a s oc ia l e

pa r t i c i pa çã o po pu l a r nas d ec i sões d o p la ne j am e nt o u rba n o e re g io na l . (ZA NCHETI , 20 05 )

16

ZANCHETI, Silvio Mendes, 2005

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A prá t ica desses idea is demandava pac tos que permi t i ssem todos os t i pos d e ações nas c idades , rea l izados ent re múl t i p los a tores

envo lv idos . Ta is prá t i cas dever iam p roporc ionar conexão lóg ica en t re inovação e conservação.

Para Zanchet t i , o p rocesso de p lane jamento de natureza in tegrada e que reque r a gestão das re lações ent re a s ações demanda a

concre t i zação desta gestão. Requer est ratég ias para conduz ir a d ia lét ica inovação/conservação e instrumentos capazes de operacional iza r

a est ratég ia , ta is como o p lano est ratégico .

3.6 .2 . NOÇÕES DE BEM CULTURAL

As d i scussões sobre a rev i t a l ização do pat r imôn io passam, essenc ia lmente , pe lo debate sobre o p lane jamento urbano , a f o rmas de uso

dos monumentos h i s tó r i cos e do apo io às mani fes tações cu l t u ra is . Nesse processo é impor tan te a pa r t ic ipação da comun idade ou órgãos de

c lasse, po is a ( re ) const rução dos espaços não se faz por decre to ou por dec isões de técn icos. As pessoas, res iden tes do lugar , devem

par t ic ipar , po i s o conhecem e prec i sam ser mo t i vadas a fo r ta lecerem o sent imento de ident idade .

D i scut i r bens cu l tu ra is é pensar na v iab i l idade da t ransformação urbana , represen ta a necess idade de sonha rmos com po l í t i cas de

inves t imento na reorgan ização do caos u rbano. Jacques Le Gof f 17, ao d i scu t i r o pape l das c idades, aponta para os descaminhos da excess iva

concen t ração urbana e nos demonst ra a segu in te p reocupação: a necess idade de recuperação da função púb l ica das c idades , dos espaços e

conv ivênc ia e de cu l t u ra , dos l ugares de fo rmação e de exerc íc io da c idadan ia . A c idade desv i ta l i zada representa a cont inu idade do descaso

com o pat r imôn io , o seu uso indev ido . A pa isagem urbana descaracte r i zada faz com que a sociedade se d istanc ie das d iscussões sobre o

uso do bem cul tu ra l .

O uso adequado do pa t r imôn io tem que exercer duas funções: garant i r o r espe i to à cu l tu ra , inc lus i ve no que se re fere a os es t i l os

ar t í s t i cos e garant i r o s ign i f icado h is tó r ico e a comunidade, que não pode ser exc lu ída do processo de dec isão sobre o uso do pat r imôn io ou

mesmo dos benef í c ios econômicos adv indos da a t i v idade tu r ís t i ca . O desenvo lv imento tem de representar a i nserção soc ia l , po i s a par t ic ipação

é essenc ia l para que os impac tos não degradem o lugar e os con f ron tos ent re comunidade e tu r i s tas não se es tabe leçam; a lém d isso , o l ugar

deve gerar empregos para a comun idade , opor tun idade de comerc ia l ização do ar tesana to e de pres tação de se rv iços . Para le lamente , as esco las

necess i t am for ta lecer os es tudos sobre a h i s tó r ia e cu l t u ra loca l .

17

GOFF, Jacques, 1988

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Meneses a f i rma que a c idade pode e deve ser v iv ida como um bem cul tu ra l , onde o bem adqu i re um va lor pos i t ivo em cont rapos ição à

c idade , que t raz cons igo a prob lemá t i ca urbana, a c idade cu l tu ra lmen te qua l i f i cada é boa para se r conhec ida , contemplada , es te t i camente

f ru ída , ana l isada, e ac ima de tudo, p ra t i cada.

[ . . . ] boa para ser conhecida (pe lo habi tante , pelo tur ista , pe lo que tem aí negócios a

t rata r , pe lo técn ico, e tc . ) , boa para ser contemplada, estet icamente f ru ída , anal isada,

apropr iada pe la memória , consumida afet iva e ident i ta r iamente , mas também e, ac ima

de tudo, é boa para ser p rat icada, na p leni tude de seu potenc ia l . [ . . . ] A re lação cont ínua,

permanente, cot id iana, demorada e que o tempo adensa, é que c r ia as condições ma is

favoráveis para a f ru ição do pat r imônio ambienta l urbano. (MENESES, 2006)

O pat r imôn io pode se r de f in ido como bem cu l tu ra l tang íve l ou in tangíve l , cap az de desper tar o sent imento de va lor e ident idade e que

expressa a própr ia cu l t u ra dos povos . O homem, ao const ru i r um monumen to ou um sob rado es tá mani fes tando sua cu l tu ra a t ravés do es t i lo

a rqu i te tôn ico da obra . Porém, essa ident idade é obt ida apenas a t ravés da contemplação desse bem, descar tando, ass im, o sen t ido do co t id iano,

das prá t i cas do d ia -a-d ia , da memór ia do t raba lho , em busca de uma “ leg i t imação cu l tu ra l ” .

Para es te au tor , a rev i t a l i zação do pat r imôn io s ign i f ica a re formulação do s ign i f i cado d as mani fes tações cu l tu ra i s , to rnando -a v iva , ao

ganhar sen t ido para as pessoas e , espec ia lmente , ao recuperar ident idade .

3.6 .3 . A AUTENTICIDADE DO PATRIMÔNIO

O pr ime i ro documento i n te rnac iona l em que au ten t i c idade aparece v incu lado ao pa t r imôn io cu l tu ra l é a Car ta de Veneza, de 1964 . Nest a

Car ta jus t i f i cou -se a recomendação de que sempre fossem p reservadas, nos monumen tos arqu i te tôn icos, as sucess ivas i n te r venções decor ren tes

de a l te rações programát icas ex i s ten tes ao longo do tempo. Ent re tan to , a par t i r de 1978 , a UNESCO passa a ex ig i r o “ tes te de autent ic idade ”

para a inc lusão de um bem na L i s ta do Pa t r imôn io Mund ia l :

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Em adição [ao valo r universal excepc iona l ] , o bem deve ser submet ido a um teste

de autent ic idade em re lação ao seu desenho , mater ia l , té cnicas const rut ivas e entorno;

autent ic idade não se l imi ta a cons ideração da fo rma e est rutu ras o r ig ina is , mas inclu i todas

as mod if icações subseqüentes e adições , ao longo do tempo, as quais possuem um valo r

h istó r ico e a rt ís t ico . (UNESCO, 1978) .

A au ten t i c idade es tá mu i to l igada à idé ia da or igem dos ar te fa tos , obras , const ruções ou p rogramas, porém lhes dá uma qua l i f i cação. É

como se fosse uma ad je t ivação. No caso das res idênc ias , seus programas, os ma is var iados , são qua l i f i cados pe las re lações necessá r ias

mant idas ent re s i pe los espaços compar t imentados da ed i f i cação . A au ten t ic idade es tar ia na fo rma da ma ter ia l ização e na sa t is fação das

expecta t ivas programát i cas .

O reuso de um ed i f íc io , ou me lhor , a sua nova u t i l i zação por ou t ro programa, na maior ia dos casos , ex ige adap tações ou in ter venções

nos espaços cons t ru ídos e a té acrésc imos de áreas e ta i s p rov idênc ias em mui tas opor tun idades provocam d iscussões in f in i tas en t re técn icos e

teór icos envo lv idos com a preservação de monumen tos.

A respe i to d isso , o rac ioc ín io é o segu in te . A t r oca ou a l t e ração nos programas num ed i f íc io é uma fa ta l i dade cu l tu ra l , po i s sabe-se que

e les , a lém de es tarem em permanen te t r ans formação mercê da cont ínua var iação das demandas t raz idas pe lo i ncessante progresso da

humanidad e, também podem surg i r p rovocadas por novas a tuações decor ren tes de novos fa tos soc ia i s v indos com a evo lução da c i v i l i zação .

Ass im, no panorama ed i f ica tór io , desde sempre, são obse rvados programas , usos e costumes em con t ínua mu tação es tarem sendo abr igad os em

ed i f i cações carac ter izadas pe la in f lex ib i l i dade de suas paredes . Há sempre uma permanente tensão ent re o con t inente e o conteúdo; en t re o

ed i f íc io e seu hóspede , o programa.

3.6 .4 . TOMBAMENTO E PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS

Tombar um bem cu l tu ra l d iz respe i to a um con jun to de ações rea l i zadas pe lo poder púb l i co com o ob je t i vo de preservar , a t ravés da

ap l icação da leg i s lação especí f ica , bens de va lor h is tó r ico , cu l tu ra l , a rqu i te tôn ico , ambienta l e também de va lor a fe t ivo para a popu lação,

imped indo q ue venham a ser dest ru ídos ou desca racter i zados . A ação de tombamento somente é ap l i cada a bens mate r ia is que se jam de

in teresse para a preservação da memór ia co le t iva . ( IPHAN, 2005) .

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O tombamento é a pr ime i ra ação a ser tomada para a preservação dos bens cu l t u ra i s na med ida que impede lega lmente a sua dest ru ição.

Porém, a p reservação somente to rna - se v is íve l para todos quando um bem cul tu ra l encont ra -se em bom estado de conservação ,

prop ic iando sua p lena ut i l i zação.

Os bens tombados podem ser d iv id idos em bens móve is como ob je tos de ar te , co leções de documentos, f o togra f ias , mob i l iá r io , e ass im

por d ian te . Os bens imóve is d i zem respe i to às ed i f i cações: casas de morad ia , pa lác ios , pa lace tes , ig re jas e cons t ruções m i l i t a res .

O entorno do imóve l t ombado é a á r ea de pro jeção loca l izada na v iz inhança dos imóve is tombados, que é de l im i tada com o ob je t ivo de

preservar a sua amb iênc ia e imped i r que novos e lementos obs t ruam ou reduzam sua v i s ib i l i dade. Compete ao órgão que e fe tuou o tombamen to

es tabe lecer os l im i tes e as d i re t r i zes pa ra as in te r venções nas áreas de entorno de bens tombados.

O Pat r imôn io Arqu i te tôn ico , também chamado de Pa t r imôn io Ed i f i cado, d iz respe i to como o própr io nome sugere as ed i f i cações que

adqu i r i ram s ign i f icação h i s tó r ica e cu l tu ra l em de ter minada soc iedade . A sua preservação sempre ocor re no sen t ido de se lec ionar os exempla res

mais express i vos, p rec iosos e represen ta t ivos de de term inado es t i l o a rqu i te tôn ico . ( IPHAN, 2003)

Segundo KÜHL, o in te resse pe la p reservação do pat r imôn io i ndust r ia l é re la t ivamente recen te e deve ser en tend ido no con tex to da

ampl iação daqu i l o que é cons iderado bem cu l tu ra l 18.

Deve-se lembrar que a res tauração de bens cu l tu ra is , ou se ja , os modos de in terv i r num bem para que t r ansm i ta suas pr inc ipa is

carac te r ís t i cas para as ge rações fu turas , é um campo d isc ip l i nar que começa a adqu i r i r au tonomia há pe lo menos um sécu lo , com do is sécu los

de exper iênc ias prá t icas e fo rmulações teór i cas s is temát icas já acumuladas. A res tauração teve len to maturar no decor rer do tempo a té se f i rmar

como ação cu l t u ra l , em espec ia l a par t i r do sécu lo X IX . As in te r venções fe i tas em ed i f íc ios já ex is ten tes eram, a té en tão, vo l tadas para sua

adap tação às necess idades da época e d i tadas por ex igênc ias prá t icas . (KÜHL, 2005)

3.6 .5 . A IMPORTÂNCIA DA REUTILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO

Ao se de fender a c idade e a preservação do pa t r imôn io arqu i te tôn ico , pa i sag ís t ico e urbano , são necessár ias r e f l exões sobre a questão

do novo e do ve lho , po is o ve lho pode não ser adequado, mas nem tudo o qu e é novo é necessar iamente dese jado .

18

KÜHL, Beatriz Mugayar, 2005

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A regressão nostá lg ica ou recons t rução , a preservação deve cons t i t u i r - se essenc ia lmente como um ato de a f i rmação cr iadora , de

descobr imento , o r i g inando o va lor e a reab i l i tação v i ta l e para ser p lenamente vá l ida , deve s er , ma is do que a manu tenção ou reconst rução, mas

uma propos ta d inâm ica e potenc ia l i zadora .

A c idade é um cenár io de cont rad ição, de f r agmentação, de in tensa mudança , pa lco de recor rentes exper iênc ias , e r ros e acer tos . Para

isso , se en tende a c idade como u m tes temunho , e la é memór ia e mudança .

4. PREMISSAS METODOLÓGICAS

4 .1 . RECOMENDAÇÕES DOS ÓRGÃOS DE PRESERVAÇÃO

A preservação dos bens cu l t u ra i s p ressupõe que e les se jam apropr iados pe la soc iedade , o que suben tende vár ias fo rmas de u t i l i zação e

f ru i ção d o bem pe la comunidade . A ma is impor tan te dessas fo rmas ta lvez se ja a capac idade de a soc iedade a t r ibu i r um uso ao bem. Só med ian te

o uso é possíve l p reserva r a r te fa tos e es t ru turas arqu i te tôn icas e áreas urbanas . É o uso que reintegra o bem à vida socia l , impedindo

sua degradação . I sso ex ige a e laboração de um pro je to arqu i te tôn ico . Pro je to arqu i te tôn ico cr í t i co , no sen t ido amplo , que compreenda todas

as moda l idades de bens cu l tu ra i s e as d isc ip l inas assoc iadas , t a i s como a arqueo log ia , a museo log ia , o mark e t ing , en t re ou t ros , e pro je to no

sen t ido especí f ico , que compreenda as operações de conservação , res tauração, adaptação , e t c . Um pro je to espec í f i co de res tauração e

preservação a rqu i te tôn ica pressupõe as segu in tes a t iv idades :

Pesqu isa h i s tó r ica + es tudo da crono log ia h is tó r i co cons t ru t iva + d i re t r izes = d i re t r i zes do p ro je to

Acompanhando es ta tendênc ia , os documentos in te rnac iona is re f le tem uma d iscussão dessas ques tões. A Car ta de Veneza , fo rmulada

em 1964, após a I I Grande Guer ra , quando as c idades euro pé ias es tavam bastante dest ru ídas, cons iderava os remanescentes arqu i te tôn icos

dent ro do p lane jamen to u rbano . Esse fa to é de ex t rema impor tânc ia já que faz ia pa r te da recuperação da ident idade cu l tu ra l de determ inado

povo recons t ru i r sua c idade. Este docu men to já t r az ia a noção de bem cu l tu ra l , inc lu indo em sua conce i tuação a “h i s tó r ia de que é tes temunho e

do meio em que se s i tua ” e também expand indo seus l im i tes para a lém do monumento i so lado.

A u t i l i zação do bem cu l tu ra l o d is tanc ia da deter io r ização e do esquec imento . A inda de acordo com a Car ta de Veneza, passam a ser

asseguradas as manu tenções das ru ínas de bens pat r imon ia is cu l t u ra is , bem como as med idas para a preservação e a conservação permanen te

dos e lementos arqu i te tôn icos e dos tes temunhos h is t ó r i cos encont rados. A lém destes cu idados também passa a ser garant ido o d i re i t o de jamais

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deturparem os rea is s ign i f icados h i s tó r i cos dessas ru ínas. Após 13 anos, em 1972 fo i ass inada out ra car ta norma t i va , a da UNESCO, ass inada

em Par is , também conhec ida como Convenção sobre a Pro teção do Pat r imôn io Mund ia l Cu l tu ra l e Natura l , que precon izava c la ramen te os

d i re i tos v incu lados à preservação. Segundo o documen to , a educação e a fo rmação pessoa l são as grandes chances da perpetuação das

memór ias e dos bens cu l t u ra i s . Esta car ta de in tenções prev ia que os Es tados s ignatár ios f izessem com que o bem cu l tu ra l t i vesse uma função

na vida da colet ividade , a lém de es tar in tegrado a um p lano ma is amplo de prog ramas e es t ra tég ias urbanas .

4.2 . D IRETRIZES GERAIS PARA DE SENVOLVIMENTO DE PROJETO EM EDIFÍCIO HISTÓRICO

“A restauração consti tui o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte na

sua dupla polaridade estét ica e h istórica com vista a sua t ransmissão para o futuro” (BRANDI) 19

O pro je to de res tauração dos ed i f íc ios , v i sando sua reab i l i tação para novos usos , cons idera as or ien tações gera is da Car ta de Veneza,

de 1964, que contemp lam os pr inc íp ios da d ist inguib i l idade, revers ib i l idade, mín ima inte rvenção e compat ib i l idade mater ia l 20 que regem as

in te rvenções de cará ter conservat i vo nac iona is e i n te rnac iona is . Da Car ta de Veneza des tacam -se os segu in tes ar t igos :

art igo 9 : ”A res tauração é uma operação que deve te r cará ter excepc iona l . [ . . . ] Todo t raba lho comp lementa r

reconhec ido como ind ispensáve l por r azõe s es té t icas ou técn icas destacar -se-á da compos ição arqu i tetôn ica e

deverá ostentar a marca do nosso tempo ”

art igo 11 – “As cont r ibu ições vá l idas de todas as épocas para a ed i f icação do monumento devem se r

respe i tadas” .

19

BRANDI, Cesare. 20

TIRELLO, Regina. A Metodologia de projeto de restauro / conservação de edifícios históricos. Notas de aula 4: Au814 Técnicas Retrospectivas. Campinas: Unicamp, 2009

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art igo 12 – “Os e lementos des t inados a subst i tu i r as par tes fa l tan tes devem in tegrar - se harmon icamente ao

con jun to , dist ingu indo -se , todavia , as par tes o r ig inais a f im de que a restauração não fa ls i f ique o documento de

arte e de h istó r ia” .

art igo 13 – "Os acrésc imos só poderão ser t o le rados n a medida em que respei ta remtodas as par tes

in te ressantes do ed i f íc io , seu esquema t r ad ic iona l , o equ i l í b r i o de suacompos ição . "

Com base nestes ar t igos e à luz dos pressupostos teór icos de Cesare Brand i , que cons ideram os va lores in t r ínsecos , os or ig ina i s e os

adqu i r i dos pe los ob je tos ao longo de sua v ida , a in tervenção p roposta para a preservação f ís ica das edi f icações indust r ia is da Rua Borges

de F iguei redo , se def ine pelo seguin te conce i to de restauração , de f in ido pe lo MONUMENTA 21:

“Restauração ou Restaur o - con jun to de operações dest inadas a res tabe lecer a un idade da ed i f icação,

re la t i va à concepção or ig ina l ou de in ter venções s ign i f ica t i vas na sua h is tó r ia . O res tauro deve ser baseado em

aná l i ses e levan tamentos i nquest ionáve is e a execução perm i t i r a d i s t inção en t re o or ig ina l e a in te rvenção. A

res tauração const i tu i o t ipo de conservação que requer o ma ior número de ações espec ia l i zadas.

(MONUMENTA, 2005, p .14 )

As propostas des te TFG se es tenderão à revi ta l ização de ed i f í c ios indust r i a i s ao longo da Rua Borges de F igue i redo, ind icando

d i re t r i zes de ocupação e a adequação da es t ru tura a tua l da es tação fe r rov iá r ia do ba i r ro , recuperar e conceder nova v ida à á rea em ques tão ,

tan to econômica, e amb ienta lmen te , quanto soc ia lmente . Me lhorando -se, en tão, a qua l i dade de v ida urbana, p ressupondo, a valo r i zação do

patr imônio edi f icado como elemento de importância aos ambien tes u rbanos , a pr imazia dos espaços públ icos como art icu ladores dos

demais e lementos u rbanos , a t ravés de idé ias p ropos i t ivas e c r ia t ivas para o desenho de um espaço urbano de qua l i dade. Entende -se por

rev i ta l i zação a def in ição encont rada no Manua l do MONUMENTA, que d ispõe:

Rev i ta l ização - con jun to de operações desenvo lv idas em á reas u rbanas degradadas ou con juntos de

ed i f i cações de va lor h is tó r ico de apo io à “ reab i l i tação” das es t ru turas soc ia is , econômicas e cu l tu ra i s l oca is ,

p rocurando a conseqüente melhor ia da qua l i dade ge ra l dessas áreas ou con juntos urbanos . (MONUMENTA,

2005 ,p .14)

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MONUMENTA ¹ “Manual de elaboração de Projetos”, Caderno Técnico 1. Disponível em: www.monumenta.gov.br

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Dessa fo rma , a proposta pre tende o ferecer um cont rapon to ao a t ua l contex to de t ransformação e desenvo lv imento , baseado no

cresc imen to desordenado , na con f iguração de espaços exc ludentes , des igua is , descont ínuos e ma l conectados, na po lar ização soc ia l , na

des t ru i ção de impor tan tes ves t íg ios h is tó r icos , na deprec iação dos recu rsos na tura is , na perda da qua l idade de v ida , e t c .

5. ANÁLISE DAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS

5 .1 . PUERTO MADERO

Const i tu indo um so f i s t icado ba i r ro da c idade de Buenos Ai res , Puer to Made i ro é um dos ma is bem -suced idos e audazes casos de

renovação u rbana da a tua l i dade. A reg ião tem seu h is tó r ico de desenvo lv imento v incu lado ao potenc ia l agroexpor tador a rgen t ino : em f ins do

sécu lo XIX , a reg ião fo i esco lh ida para abr iga r o po r to expor tador de grãos e carnes or iundos da reg ião dos pampas . Embora não fo sse a me lhor

a l t e rna t i va para a expor tação (a la rgar o Cana l de R iachue lo no ba i r r o de La Boca ser ia mais v iáve l econômica e log is t i camente) , a proposta da

ins ta lação de um con junto de d iques em f ren te ao cent ro da c idade (onde hav ia um lamaça l ) fo i aprovad a, g raças à i n f l uênc ia e aos conta tos de

seu idea l i zador , o r ico comerc ian te Eduardo Madero . Contudo , o onerad íss imo empreend imento não se most rou e f i c ien te e toda a á rea

cor respondente aos 16 préd ios das docas fo i abandonada e de ixada à mercê de um proces so de sucateamen to .

Em 1989, cerca de um sécu lo após a imp lantação do con jun to , f o i in ic iado um pro je to de 2 b i lhões de dó lares que pôs f im à deg radação

da área e a to rnou um cent ro de comérc io e lazer e uma a t ração tu r í s t ica da c idade. O pro je to cons is t i u no res tauro dos armazéns e na sua

adap tação para o abr igo de escr i tó r ios , res idênc ias , ba res , res tauran tes , academias e c inemas. Ta l empreend imento fo i v iab i l i zado durante o

governo de Car los Menem e contou com a par t ic ipação de invest imentos púb l icos e p r i vados. A lém da in f raest ru tura de comérc io e lazer , o

con jun to a inda abr iga a Un ivers idade Cató l i ca em seus t rês ú l t imos armazéns , o que re força a presença da popu lação jovem na área.

As obras de rev i ta l i zação envo lveram desde a recuperação de e lementos o r ig ina i s do ed i f í c io (como os b locos de t i j o los dos armazéns)

como a subst i tu i ção de e lemen tos em degradação ( como esquadr ias e p i sos) . A adaptab i l idade é uma caracte r ís t i ca ver i f i cada nesse pro je to e

que pode ser t ransposta como conce i to de rev i ta l i zação de ga lpões indus t r i a is e por tuá r ios . Se ja pe la grande quan t idade de á rea que esses

espaços d i spon ib i l i zam, se ja pe la f lex ib i l i dade obt ida com a p lan ta l i v re e com os a l t os pés -d i r e i t os , os ga lpões podem receber d i versos t ipos de

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at i v idades. Puer to Madero é uma grande re ferênc ia nesse aspec to : em um ún ico con jun to de ga lpões e armazéns, fo i poss íve l i nser i r uma sér ie

de d i fe rentes a t iv idades que vão desde d i sco tecas a té escr i tó r ios comerc ia is . Invest i r na reocupação desses ed i f í c ios , por tan to , não apenas

poss ib i l i t a r ev i ta l i zar á reas degradadas como também supr i r as mais d iversas demandas urbanas e comerc ia is .

O pro je to promoveu a rev i ta l ização do espaço púb l i co não apenas a t ravés do res tauro da área ed i f icada , mas também da va lor i zação dos

aspectos urbanos do por to e sua re lação com a cu l tu ra argent ina . Tanto tu r i s tas como moradores têm como costume v i s i ta r o ca l çadão do ba i r ro

para a lmoçar nos res taurantes de par r i l l as e tomar a famosa cerve ja por tenha Qu i lmes . São háb i tos contemporâneos que já são t rad i c io na is no

co t id iano da c idade .

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5.2 . SESC POMPEIA

Inaugurado em 1982 , a un idade do SESC Pompéia é um express ivo exemplo nac iona l de readequação de ed i f íc ios indust r i a i s .

Con jugando espor tes e cu l t u ra , o SESC Pompéia apresen ta um programa vo l tado pa ra a prá t ica de espor tes recreat ivos (com uma p isc ina e

quadras po l i espor t ivas) , espaços para expos ições e a t i v idades cu l tu ra i s , á reas de o f ic inas e workshops e áreas de convív io e a l imentação .

A pr ime i ra e tapa do pro je to , f i na l i zada em 1982, co ns is t iu na readequação da ant iga fábr i ca de tambores I rmãos Mauserpara o programa

de even tos , expos ições e cursos . Poster io rmen te , em 1986, é i naugurado o b loco espor t ivo , anexo à ant iga es t ru tura da fábr ica e const i tu ído por

duas to r res de concre to aparen te . As to r res são l i gadas por o i to passare las de concre to pro tend ido, as qua is vencem vãos de a té 25 me t ros .

No pro je t0 , L ina Bo Ba rd i es tabe lece um d iá logo in teressante ent re o a tua l e o an t igo . Enquanto os ves t íg ios da ant iga fáb r i ca

permanecem em ev id ênc ia (p isos , paredes , es t ru turas , t e lhados e ins ta lações ) , as novas ins ta lações t r azem a l inguagem da contemporane idade

em uma esca la e com um t ra tamen to que re for çam e va lor izam o cará ter i ndust r i a l do ed i f íc io . É possíve l pe rceber no pro je to uma preocup ação

em preservar não apenas o corpo f í s i co , mas também o sent ido h is tó r i co e soc ia l do ed i f í c io . O cará te r fabr i l do ant igo uso da ed i f i cação

aparenta te r s ido t ranspor tado e adaptado ao novo programa, de modo que o usuár io se s in ta em uma “ indúst r ia ” de lazer . Em ou t ras pa lavras , a

d inâmica dos processos indus t r ia i s , tão carac ter í s t i cos e presen tes n a h is tó r ia do ba i r r o Pompéia , é v i va na in tegração das d i f e ren tes a t i v idades

do comp lexo – a r tes , espor tes , conv ív io , aprend izado , l azer ; tudo acon tece s imu l t aneamen te e em n íve is de in tegração e f lex ib i l i dade

propo rc ionados pe los espaços e i n te r -espaços do con junto fábr ica - to r res .

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5.3 . MERCADO DE SAN MIGUEL, MADRI

Es t ru turado em fer ro , o Mercado de San Migue l es tá s i tuado em Madr i e t eve const rução conc lu ída em 1916, sob a d i reção de Al fonso

Dubé. O mercado or ig ina l cons is t i a em um grande mercado ao ar l i v re . Em 1835 , Joaqu ín Henr i rea l i za um pro je to para cubr í - lo , mas apenas

fo ram executados a lguns pór t icos . O pro je to de f in i t i vo da es t ru tura em fer ro é dado em 1911 a A l fonso Dubé. Este novo pro je to cons is t ia em uma

p lan ta l i v re com est ru tura metá l ica e supor tes de fe r ro fund ido (mate r ia l s ímbo lo do desenvo lv imento e do progress ismo, na época) e um sótão

para armazéns .

A proposta prog ramát i ca do mercado pre tende re tomar a lgumas carac ter í s t i cas da ant iga d inâm ica de mercadões e adaptá - las ao

co t id iano contemporâneo. No própr io s i te do mercado ( h t tp : / /www.mercadodesanmigue l .es / ) é poss íve l encont rar a lguns de seus pr inc íp ios e

conce i tos , den t re os qua is des tacamos a recuperação da tempora l i dade da o fe r ta dos mercados (d inâm ica de preços e o fer tas) , a con jugação de

empresas de d i versos t ipos de produtos , a f lex ib i l i dade em re lação aos horár ios dos consumidores e a re f lexão da p lu ra l idade g ast ronômica

espanho la . A lém do cará ter comerc ia l mercado a inda t raz a degustação como par te de seu c í rcu lo de a t i v idades . De l iv ra r ia de cu l i nár ia a té

mesas comuni tá r ias de degus tação, o c l ien te con ta com coz inhe i ros que preparam doces e sa lgados e servem v inhos de a l ta qua l idade , s i tuação

seme lhante à do Mercado Munic ipa l de São Pau lo .

A proposta de rev i ta l i zação da es t ru tura do Mercado de San Migue l poss ib i l i t ou uma va lor i zação da área urbana e inc rementou as

a t i v idades comerc ia i s j á t rad ic iona is da área . Ao con t rár io dos pro je tos j á v is tos , a r ev i ta l i zação do mercado cons is t iu na recuperação da

es t ru tura or ig ina l do ed i f í c io , sem a l te rações fo rma is ou inserção de e lemen tos contemporâneos. Nes te caso , f o i uma opção adequada, uma vez

que não houve mudança d e uso e de p rograma (apenas a lgumas melhor ias ) e o própr io ed i f íc io possu ía um s ign i f i cado contemporâneo de

ocupação e inserção urbana.

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Foto 30: Perspectiva interna do Mercado de San Miguel

Foto 31: Perspectiva interna do Mercado de San miguel

Foto 32: Vista da Fachada do Mercado

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5.4 .CARRIAGE WORKS

Con forme pro je to desenvo lv ido pe lo governo es ta ta l , o an t igo ed i f íc io do Car r i age Workshops, de 1888, fo i t ransformado em um inovador

cen t ro de per fo rmance e ar te con temporânea na c idade de Sydney. F ina l izado em dezembro de 2006, o empreend imento custou 33 m i lhões de

dó lares aus t ra l ianos e cons is t i u em uma nova sede de a t i v idades para a Ar ts NSW. O pro je to fo i desenvo lv ido por uma equ ipe de arqu i te tos : T im

Greer , Ju l i e Mackenz ie , Jeremy Hughes, Br ian Zu la ikha, John Ches terman, Be t t i na Siegmund , Tr ina Day, Vanessa Vors ter , Amel ia Ho l l i day ,

Chr is t ian Wi l l iams.

Ass im como em mu i tos pro je tos de readap tação de ed i f íc ios , o pro je to do Car r iage Works procurou p reservar e lementos or ig ina is (no

caso as paredes de t i jo los e as es t ru turas em fer ro) e marcar as novas in ter venções com mater ia i s contemporâneos , como est ru tu ras e

esquadr ias de aço e a lumín io e e lementos de concre to . Em termos de programa, o ed i f íc io abr iga sa las de ensa io , escr i tó r ios admin is t ra t i vos ,

espaços para workshops e a te l i ês e t rês tea t ros (pequeno, méd io e grande) , t udo d i sposto em d iscre tos b locos de concre to .

Fotos 32: Perspectiva interna Fotos 33: Perspectiva interna

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5.5 .CONJUNTO KKKK

De acordo pro je to e labo rado pe lo Bras i l Arqu i te tura , os ant igos ga lpões que ab r igavam as a t iv idades da empresa KKKK ( re fe rent e ao

nome da Companh ia U l t ramar ina de Desenvo lv imento Ka iga i Kogyo Kabush ik i Ka isha) passara m por uma in te rvenção que ex t rapo lava o campo

r igoroso da arqu i te tura . F ina l i zado em 2001, na c idade de Reg is t ro , São Pau lo , o pro je to buscava a in te ração com d iversas áre as e seus

respect i vos pro f i ss iona is , para que um t r aba lho de a lcance po l í t i co e soc ia l a tendesse às necess idades das comunidades – inc lus i ve de fu turos

usuár ios - , e a tendesse , t ambém, às necess idades de admin is t r ação púb l i ca .

Os ga lpões são f r u to da co lon ização japonesa na reg ião e a ins ta lação das famí l ias fo i resu l tado de um povoamen to p lane jado

organ izado a par t i r da produção agr í co la , espec i f icamente , o ar roz . Em 1937, a empresa fechou e vendeu seus bens a d i f e rentes p ropr ie tár ios . A

par t i r da í , se in ic ia um c i c lo de abandono e acaba só quando o escr i tó r io Bras i l Arqu i te tura in te rvém e in ic ia uma campanha de mob i l ização da

popu lação pa ra chamar a tenção do poder púb l i co e i nvest i r na recuperação e res tauro dos ed i f í c ios .

O res tauro do ant igo ed i f í c io f o i e laborado jun to a Pre fe i tu ra Mun ic ipa l de Reg is t ro e com a Secre tar ia de Estado da E ducação de São

Pau lo . Ab r iga um cen t ro de fo rmação de pro fesso res da rede es tadua l de ens ino , um cen t ro de conv ivênc ia dos moradores da reg i ão e o

Memor ia l da Im igração Japonesa do Va le do R ibe i ra . Os ant igos ga lpões fo ram res taurados e t r ansformados em Me mor ia l , imp lantados às

margens do r i o R ibe i ra de Iguape, p róx imos ao pr im i t i vo por to de Reg is t ro – e apresentam acessos vo l tados pa ra ambos os lados, tan to para o

r io quanto para a c idade .

O con junto é fo rmado por quat ro ed i f í c ios equ iva len tes enf i le i rados (an tes dest inados ao armazenamen to) e um b loco ma is a l t o ( j á us ina

de benef i c iamento do ar roz e loca l do maqu inár io ) , de t rês p i sos , separado dos pr ime i ros . Apesar de conf igurar uma t ipo log ia d i f e rente , o b loco

de bene f i c iamen to man tém ident idade de ar ran jo com o con junto . A d imensão dos ed i f íc ios é marcada pe la prox im idade dos te lhados de duas

águas, agrupados do is a do is ( rompida pe la i nversão da d i reção do ca imento das águas do ú l t imo b loco) , e pe la compos ição das fachadas de

a lvenar ia es t ru tura l de t i j o los mac iços , de i xados à v is ta , em que se destaca a modu lação das arcadas cegas esca lonadas e escavadas na

super f í c ie . In te rnamen te é v i s í ve l a es t ru tura me tá l ica cons t i tu ída de v igas e p i la res .

A in te rvenção de teve -se , por tan to , no reconhec imento da expre ssão arqu i te tôn ica do con jun to dos qua t ro ed i f í c ios próx imos e na

separação destes em re lação ao corpo ma is a l to , onde se ins ta lou o Memor ia l . Um b loco de menor d imensão, que se inser ia en t re esses do is

b locos de ed i f icações, fo i demo l ido para da r lugar à marqu ise de concre to que recupera o va lor do vaz io ex is ten te an tes da cons t rução daque le

novo espaço , por tan to , possuem marcas da contemporane idade .

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A for ça desse pro je to es tá , sob re tudo , pe la l i berdade com que e le t ransforma o que encon t ra . Sem se r to t a lmen te f ie l à f o rma pr im i t iva

ou à ex igênc ia de se conservar cada passagem h is tór ica , re inven ta o ed i f í c io para que e le receba sua t r ansformação. Uma arqu i te tura que

modi f i ca e preserva , s imu l taneamente . E t rans forma, jus tamente , por se reconhecer como pa r te de um processo h is tó r ico , por i sso a l i , é

in tegrado um d iá logo com o tempo e não um d iá logo de submissão.

Foto 33: Perspectiva do projeto. Foto 34: Perspectiva do projeto.

Fonte: www.arqbrasil.com.br Fonte: www.arqbrasil.com.br

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5.6 .MERCADO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

Em 1924, sob o governo do pre fe i to José Pi res do R io , o an t igo mercado da Cantare i r a começou a ser esboçado e const ru ído na Várzea

do Carmo , próx imo ao Parque Dom Pedro I I e do r i o Tamanduate í - p r inc ipa l v ia de t r anspor te f luv ia l da c idade , na época. O pro je to era baseado

em abr igar os comerc ian tes da reg ião cen t ra l da c idade , que vend iam seus produtos ao ar l i v re jun to num espaço ún ico , às margens do r io , para

que os barcos com produtos v indos das chácaras próx imas pudessem apor tar .

O Mercado Mun ic ipa l Pau l i s tano, o Mercado da Cantare i ra , o Mercado do Parque Dom Pedro ou, s imp lesmente , o “Mercadão ” , como é

popu larmen te conhec id o , ocupa um grande quar te i r ão de 22 .230 m² , de l im i tado pe las ruas da Cantar e i ra , Mercú r io , Assad Abda la e A ven ida do

Es tado. A lém do préd io p r inc ipa l , há do is pequenos préd ios anexos de do is pav imen tos , dest inados , o r ig ina lmente , à admin i s t ração e a um

res taurante . O pé d i re i to , que chega a a t ing i r 16 met ros , se deve à caute la do arqu i te to que pensou a poss ib i l ida de de expansão a t ravés da

fu tura const rução de um mezan ino.

A área const ru ída é de 12 .600 m² e fo i , o r i g ina lmen te , d iv id ida da segu in te fo rma: 40 % para cerea is , legumes, f r u tas e f lo res ; 20% para

la t ic ín ios e sa lgados; 10 % para carnes verdes ; 10 % para pe ix es e os 20 % res tantes para aves , caças e out ros an ima is .

A es t ru tura do ed i f íc io é de concre to armado , a compos ição da fachada é marcada po r uma sér ie de arcos, com fecho em forma de

mascarões de ros tos femin inos, e sob e les , co rnucóp ias che ias de f r u tas . Na rua da Cantare i ra e na A v . do Estado há duas to r res que se

pro je tam da fachada , sendo que apenas na rua da Can tare i r a são coroadas po r cúpu las reves t idas de bronze . Os arcos dessas to r res são

fechados pe lo brasão da c idade de São Pau lo . O auge da decora ção são os c inco v i t ra i s que re t ra tam cenas campest res , de auto r ia de Conrado

Sorgen ich t F i lho .

E, recentemen te , o Mercado passou por sua ma is abrangente modern ização e res tauração , com pro je to do arqu i te to Pedro Pau lo de Me lo

Sara i va e do escr i tó r i o Mar ia Lu íza Dut ra . Ganhou um mezan ino de 2 .000 met ros quadrados, ser v ido por do is e levadores e dua s escadas

ro lan tes , onde fo ram ins ta lados d i versos res tauran tes de comida bras i le i r a , j aponesa, espanho la , á rabe e i ta l iana, en t re ou t ros . Essa ad ição do

mezan ino de fo rma a lguma desrespe i tou a arqu i te tu ra or ig ina l do ed i f í c io , po i s j á hav ia s ido antec ipada po r Fe l i sber to Ranz in i . O p iso do novo

mezan ino é de made i ra e também de t i j o los de v id ro , garant indo i luminação às áreas aba ixo .

O Mercado Mun ic ipa l é o ú l t imo dos grandes ed i f í c ios em est i l o ec lé t i co de São Pau lo e , a té ho je , man tém f ie lmen te as funções para as

qua is fo i p ro je tado, to ta lmente preservado .

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Figura 35: Fachada do Mercado Municipal de São Paulo, vista da Av. do Estado.

Fonte:

http://www.piratininga.org/mercado_municipal/mercado_municipal.htm

Foto 36: Vista superior das bancas do Mercado Municipal de São Paulo

Fonte:

http://www.piratininga.org/mercado_municipal/mercado_municipal.htm

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8. OUTRAS VISÕES DO LUGAR

Mui tos pro je tos fo ram e con t inuam sendo propos tos para a área em q uestão, se jam acadêmicos , se jam a t ravés de concursos, ou de

propostas e labo radas pe los órgãos admin is t ra t i vos . A segu i r , se rão apresentadas a lgumas das idé ias propostas , a f im de mos t rar as var iações

possíve i s quanto à c r í t i ca ao lugar , à sua s ign i f icação e à ava l i ação do es tado a tua l de conservação das ed i f i cações ex i s ten tes .

Os pro je tos apresentam desde aprop r iações do espaço f í s i co , com a rev i ta l i zação dos ed i f í c ios pa rc ia l ou in tegra lmente , com ad ições ou

sub t rações arqu i te tôn icas e es t ru tura is . Ass im c omo, também, encon t ram -se propos tas para a ocupação do espaço vaz io , p ressupondo a

demo l i ção das ed i f i cações ex is ten tes pa ra dar lugar a novos programas e es t i l os arqu i te tôn icos .

Imagem 2: Mosaico de Imagens com as propostas para a região em estudo neste trabalho

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8.1 . INTERVENÇÃO NA MOOCA: REFAZENDO A MARGEM FERROV IARIA DA DIAGONAL SUL

TRABALHO F INAL DE GRADUAÇÃO - Au tor : Andre Augus to Pepa to

O t r aba lho compreende a reg ião da Mooca, na c idade de São Pau lo . Essa reg ião es tá i nser ida no âmb i to da operação urbana D iagona l

Su l , r eg ião que fo rma um e ixo indus t r i a l em ob so lescênc ia , a par t i r do cen t ro para o abc . Sua loca l ização, dev ido aos e i xos es t ru tura is de

t ranspor te que o c i r cundam, o ferece boas poss ib i l idades de acesso, to rnando -o um luga r met ropo l i t ano s ign i f i ca t ivo ; ou se ja , é ap to para receber

hab i tan tes d is tan t es numa esca la amp la , inc lus ive reg iona l . Is to jus t i f i car ia programas de in teresse gera l , sendo que um de les fo i imp lantado . A

obso lescênc ia do uso indust r ia l abre uma d i scussão sobre as fo rmas de ocupação desse te r r i tó r io , cu ja prob lemát ica fo rma os ob je t i vos des te

t raba lho. A resposta a essas questões levou a um conce i to de quadras e ed i f íc io -pó lo , de mane i ra a fomen tar ou induz i r o desenvo lv imento de

todo o e i xo .

O desenvo lv imento do t r aba lho es tá organ izado em duas esca las : uma ma is conce i tua l , que abor da o grande te r reno e def ine uma

t ipo log ia de quadras, e ou t ro onde o ob je to arqu i te tôn ico do pó lo un ivers i t á r io se def ine ao pon to de um estudo pre l im inar . A pr ime i ra esca la

re fere -se à grande área que ho je é o cen t ro de d is t r ibu ição da C ia . An tar c t ica de beb idas S.A . , cu jo uso prev i s to nesse t r aba lho e por ou t ros é o

hab i tac iona l com tér reo de a t iv idades econômicas . A segunda área, a f ábr i ca propr iamen te d i t a , ser ia ocupada por um pó lo ag lu t i nador , por

represen tar um pon to noda l em seu contex to .

Imagem 3: Observa-se a preservação de alguns Galpões e a

demolição de outros para a implantação das edificações do projeto.

Imagem 4: Estudo das edificações para a implantação na área.

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8.2 . A PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO NO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DA MOOCA

TRABALHO F INAL DE GRADUAÇÃO - Au tor : Joyce Re is Fer re i ra da S i lva

O tema des te t raba lho t r a ta de documentar e ana l i sa r o processo de t rans formação que es tá ocor rendo em d iversas reg iões da c idade de

são Pau lo , e em espec ia l no ba i r r o da Mooca. Este processo cons is te na mudança de uso do espaço urbano ex i s ten te onde ant igas á reas

indust r ia is , cedem luga r a novos empreend imen tos imob i l iá r ios , mui tas vezes , em condomín ios fechados. es te e s tudo procura entender a lguns

aspectos da d inâm ica soc ia l , econômica e te r r i to r ia l da reg ião met ropo l i tana de São Pau lo , e suas imp l icações no espaço u rbano da Mooca .

A pesqu isa da área da Mooca fo i de f in ida em duas esca las : a pr ime i ra abrange o per ímet ro da subpre fe i t u ra da Mooca ma ior esca la ; e a

segunda, cor responde a uma esca la mais próx ima , d iv id ida em duas áreas de es tudo espec í f i cas . Após o c ruzamento de dados da área da

subpre fe i t u ra , fo i s in te t izada uma par te da pesqu isa re la t iva a fa tos recen tes q ue envo lvem o boom do se tor imob i l iá r io pau l i s tano, o processo

de rev i são do p lano d i r e to r e p lanos reg iona is , e o foco de questões po lêmicas da Mooca, ta is como a p reservação de a lguns imóve is indus t r i a i s .

A ú l t ima par te deste t r aba lho fo i pensada para po ss ib i l i t a r a d i scussão da impor tânc ia do desenho urbano na t ransformação da c idade.

At ravés de s imu lações, f o ram d iscut idos e quest ionados os ganhos e perdas da imp lantação de condomín ios fechados nas ant igas áreas

indust r ia is . E por f im, a t ravés de ensa io s de pro je to , fo ram levantadas a lgumas ques tões urban ís t icas que devem preceder os pro je tos

arqu i te tôn icos para a área .

Imagem 5: Análise da situação atual da área. Imagem 6: Perspectiva do avanço do setor imobiliário para a

implantação de edificações da antiga zona industrial da Mooca.

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6.3 . SISTEMA DE TRANSPORTE DE ALTA CAPACIDADE: PROJETO DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ NO BAIRRO DA MOOCA

TRABALHO F INAL DE GRADUA ÇÃO - Au tor : Fú lv io Tar i f a Ton ia to

O met rô é um s i s tema de t ranspor te met ropo l i tano mais ráp ido e e f i c ien te . A esco lha do lugar par t iu do pr inc íp io de imp lan tar um a

estação em um loca l que pudesse se bene f i c ia r das t rans formações que um s i s tema como o met rô produz no ba i r ro e seu entorno, a lém de

in tegrar - se com out ros s i s temas de t ranspor te ex i s ten tes como o t rem e o ôn ibus. A l inha d da CPTM d iv ide os ba i r r os da Mooca e Ip i ranga .

nes te loca l observa -se uma t ransformação dos ba i r r os onde mu i tas indúst r ias es tão abandonadas ou em processo de desa t i vação (como é o caso

da companh ia An tar c t i ca de beb idas) e ao mesmo tempo o surg imento de empreend imentos imob i l iá r ios r es idênc ias que tem produz ido uma for te

ver t ica l ização na par te ba ixa do ba i r ro da Mooca ( t rad i c iona lmente de ba ixo gabar i to e casas remanescentes do per íodo de fo r te produção

indust r ia l da reg ião) .

O par t ido do pro je to buscou cr ia r uma nova conexão moda l de t ranspor te in tegrando -se à ma lha ex is ten te da CPTM e ao expresso

T i radentes e r econectou os do is ba i r r os , an tes separados pe la or la fe r rov iá r ia , a t ravés de uma praça reba ixada que serv isse de cam inho e de

acesso para a nova es tação de met rô . Ao mesmo tempo o lugar o ferece uma opor tun idade de reorgan ização dos ba i r ros a t ravés da u t i l i zação de

te r renos e ed i f í c ios vaz ios , p ropondo uma nova ocupação que pr iv i l eg iasse a c r i ação de um ba i r ro de usos mis tos . Ne le equ ipamentos púb l i cos

como esco las , hosp i ta i s , ed i f íc ios mult i funcionais como o poupa - tempo , por exemp lo , p raças, e tc se encont rar iam próx imo s de novas casas e

ed i f íc ios r es idênc ias de pequeno por te . A premissa do pro je to fo i a de que pudesse haver uma in tegração modal en t re os d i ve rsos s is temas

(met rô , t rem, ôn ibus) e que fosse pensada para func ionar com equ ipamentos complementa res como bo lsõe s de es tac ionamen to e b ic ic le tár ios de

fo rma a o ferecer ou t ras poss ib i l i dades a lém daque la do t r anspor te ind i v idua l .

Imagem 7: Corte da proposta de projeto para estação de metrô

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6.4 . CENTRO DE ESPORTES E LAZER NA MOOCA - IPIRANGA

TRABALHO F INAL DE GRADUAÇÃO - Au tor : L i l iane Ca l legar i da S i l va

O pro je to loca l i za - se às margens da l i nha "d " da CPTM, e se desenvo lve a par t i r de um p lan o urbano fe i to pe lo escr i tó r io UNA, em 2006.

Ocupa-se da porção da fe r rov ia loca l i zada en t re as es tações Mooca e Ip i ranga, e buscar o rgan iza r uma g rande área ho je conf igurada por an t igos

ga lpões indust r ia is , a lguns a inda em at i v idade produt iva ou log ís t ica , e ou t ros sem uso def in ido . T ra ta - se de uma eno rme porção de tec ido

urbano desconectada do res tante da c idade, l im i tada po r bar re i ras f ís icas consecut ivas : a l inha fé r rea , o r i o Ta manduate í e a Aven ida do E stado,

que compor ta um uso cada vez menos f reqüente em áreas re la t i vamen te cen t ra is como a Mooca e o Ip i r anga : a a t iv idade indust r ia l .

O p lano u rbanís t i co par te da idé ia de que a des indust r i a l ização em São Pau lo é uma tendênc ia r e a l , que se to rnará a inda mais ace lerada

quando fo rem executadas todas as mod i f i cações p re v i s tas no p lano de t ranspor tes P i tu 2020, como a const rução de novas l i nhas de me t rô

in te r l igadas com a fe r rov ia , a lém da f ina l ização de um grande cor redor de ôn ibus q ue l iga o ex t remo sudeste da c idade com a área cent ra l , o

expresso T i raden tes .

O pro je to se ar t icu la em t rês g randes vo lumes : o con jun to de ga lpões preservados, que ab r iga a ma ior par te do programa, um ed i f íc io -

ponte que in ter l i ga os do is l ados da fe r rov ia e abarca a c i rcu lação de pedest res prev is ta no p lano urban ís t i co e um te rce i ro vo lume , com

programa reduz ido , que abr iga as quad ras cober tas e as p isc inas recrea t i vas . Os t r ês vo lumes es tão quase to ta lmente vo l tados para a be la

pa isagem cons t ru ída no p l ano urbano: a grande ra ia de águas e o ex tenso verde l i nea r , pontuado por vo lumes ba ixos de ga lpões preservados e

por t rês grandes to r res ve r t ica i s .

Imagem 8: Implantação do projeto na área em questão

Imagem 9: Foto da maquete física com a proposta de interligação entre

os dois lados da via férrea.

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6.5 . ESPAÇO MUSICAL DA MOOCA

TRABALHO F INAL DE GRADUAÇÃO - Au tor : Dan ie l l y F rascare l i

O tema é um Espaço mus ica l , l oca l i zado na Mooca ao lado da es tação de t rem. O programa ter um ace rvo de expos ição de ins t r umen tos

mus ica i s ( ins t rumen tos an t igos a té ins t rumen tos a tua is ) , um espaço de expos ições temporár ias de lançamentos de CDs, d i scos , canto res , u m

aud i tó r io para apresentações de shows, uma esco la de mús ica , ca fé , r es taurante , á reas de le i tu ras , o f ic inas, e uma lo ja de ins t rumen tos

mus ica i s .

O te r reno tem aprox imadamen te 9 .000m² , contando com o ga lpão indus t r ia l do começo do sécu lo XX , que é tombad o como pa t r imôn io

h is tó r ico , que te rá novo uso , sendo a l o ja de ins t rumen tos mus ica is , as o f i c inas , loca l de expos ições temporár ias , e área de le i tu ra , t endo

in tegração com a par te nova do pro je to .

Para i n i c io do pro je to , ana l i se i t odo o loca l , e dev ido a es tação de t rem, perceb i o grande f l uxo de pessoas que passam por esse lugar

todos os d ias , dessa mane i ra , f i z um estudo de f luxos , que me a judou a t raçar as áreas l iv res do meu pro je to , para fac i l i ta r o acesso das

pessoas a es tação de t r em, e ana l isar qu a l ser ia o melhor lugar para cada a t i v idade do espaço.

Imagem 10: Estudos dos fluxos do entorno Imagem 11: Proposta de programa para os

galpões

Imagem 12: Ilustração da perspectiva da

proposta

Imagem 13: Corte transversal do projeto, observando a preservação da estrutura de um dos galpões e a demolição dos demais.

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6.6 . MEMORIAL REURBANIZAÇÃO MOOCA IPIRANGA

CONCURSO PÚBLICO – ESCRITÓRIO UNA

O se tor Mooca e Ip i r anga , cor tado pe la Aven ida do E stado, poderá ser reest ru turado a par t i r desses eno rmes te r renos vagos. Esses

vaz ios pe rmi tem uma nova ocupação que aprox ima a popu lação de redes in f r a -es t ru tura is ins ta ladas . Ao mesmo tempo esses espaços res idua is

concen t ram es t ra tos d i versos de fo rmação da c idade que merecem ser p reservados . O pro je to se co loca em sen t ido de cont inu idade com os

d i f e ren tes f luxos da c idade ex i s ten te , p ropondo um processo de acumu lação de vár ios tempos em um mesmo espaço. Em cont rapos ição a uma

ocupação imob i l i á r i a em curso , que segrega e apaga esses vest íg ios .

Nessa reg ião a p resença dessas cond ic ionantes se soma a uma paisagem reveladora da fo rmação urbana carac te r ís t i ca de São Pau lo . a

várzea dos r i os Tamanduate í e I p i r anga, con f igurada com c la reza pe los do is mor ros l a te ra i s , concent rou as pr ime i ras ocupações indust r ia is da

reg ião . a permanência dessa morfo logia deve ser p reservada . a nova ocupação deve segui r d i ret r izes que p reservem a le i tu ra dessa

paisagem .

A in te r venção se es tabe lece a par t i r do pro je to de parque l inear ao longo da fe r rov ia , da const rução de uma nova pa isagem onde a água

tem pape l es t r u turado r , da preservação do pa t r imôn io i ndust r ia l que per faz a memór ia desse ba i r ro e do adensamento hab i tac iona l . O pro je to é

de l im i tado pe las es tações de t r ens Mooca e Ip i r anga, e o desenho se def ine a par t i r da in f r aest ru tu ra : parce lamento de grandes g lebas e

ar ruamento cond ic ionados pe la malha ex i s ten te , espaços púb l i cos de es ta r e lazer , ra ia para espor tes e drenagem loca l e reg iona l , conexões

ent re es tações de t rem e met rô , t r anspos ições da fe r rov ia e do r io , e hab i tação de in teresse soc ia l .

Imagem 14: Implantação da proposta do parque linear. Imagem 15: Perspectiva da maquete virtual da proposta com as

edificações ao longo da ferrovia.

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6.7 . INTERVENÇÃO NA MOOCA

TRABALHO F INAL DE GRADUAÇÃO - Au tor : Pau la Vi le la

F ragmentação, desar t icu lação, te r ra ins vagues , r edes e f luxos, são d imensões que passam a compor o te r r i tó r io met ropo l i tano. Den t ro

dessas mutaçõ es e t r ans formações na es t ru tura u rbana, o recor te adotado pa ra a proposta de TGI surg iu a par t i r da o r la f e r rov iá r ia , j á que es ta

se apresenta como es t ru tu radora da c idade e como ob je to parad igmát ico de vár ias prob lemá t i cas c i t adas ac ima.

Den t ro da es t ru t u ra fe r rov iá r ia , a área de in ter venção se encont ra no ba i r ro da Mooca , jun to à es tação CPTM da Mooca, pá t ios de

manobra da fe r rov ia e ga lpões indust r ia is recen temente tombados pe lo DPH.

A pa r t i r de um ter r i tó r io desar t i cu lado e d i sponíve l da or la fe r ro v iá r ia , o t raba lho de TGI i r á se debruçar sob re es tudos possíve i s para

es te espaço, buscando propor novas mane i ras de o lhar para a met rópo le a t ravés de um ensa io sobre suas potenc ia l i dades , suas es t ru turas

ex i s ten tes e suas possíve i s novas re lações : novos espaços de acess ib i l idade, novos espaços púb l icos e de equ ipamen tos púb l icos .

Imagem 16: Desenhos do processo de projeto de Paula Vilela –

transposição da linha férrea

Imagem 17: Desenhos do processo de projeto de Paula Vilela –

propostas de programa com serviços para a área

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7. INTERVENÇÕES PROPOSTAS

7 .1 . AS D IRETRIZES PROJETUAIS

Ao estuda r as re ferênc ias pro je tua is r e lac ionadas ao tema e as propostas apresen tadas para a área para le lam ente à ava l i ação das

necess idades da área – a t ravés da aná l i se das def i c iênc ias em in f ra -es t ru tura de serv i ços e d is tânc ia do cent ro do comérc io do ba i r ro – ,

observou -se que todo o con junto de ed i f í c ios da Rua Bo rges de F igue i redo apresenta po tenc ia l idades de in ter venção para supr i r as

necess idades da reg ião em questão .

Tomaram-se como d i re t r i zes pro je tua is pa ra o con junto a e laboração de um novo programa para os espaços es tudados e também o

t ra tamen to adequado aos mater ia is e técn icas cons t ru t i vas dos ed i f í c ios , a ten tando para a rev i ta l ização e adequação do programa, a f im de que

se ja compat íve l aos espaços que receberão a in te rvenção.

Os p rogramas propostos para cada um desses ed i f í c ios são vo l tados para o se tor do comérc io e a l imentação , ass im como também o de

serv iços , t odos promovendo o re torno da a t i v idade dessas ed i f icações, devo lvendo a soc iedade seus s ímbo los do per íodo indus t r i a l .

Af im de desenvo lver um programa compa t í ve l a essas ed i f i cações, aos seus espe rados usuár ios res iden tes e aque les que es tão

começando fazer par te desta comun idade, buscou -se segu i r uma coerênc ia en t re memór ia , sus ten tab i l i dade e in te rvenção , ass im representado

no grá f ico a segu i r :

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7 .2 . ESTUDOS

Imagem 20: Estudos do fluxo de pedestres das

imediações dos galpões. O Fluxo é intenso através do

acesso à Estação da Mooca. Porém, este acesso

encontra-se muito afastado e apresenta perigo aos seus

usuários.

Imagem 19: Estudos do fluxo de veículos na Rua Borges

de Figueiredo e na Rua Monsenhor Felippo. Foram

marcados os acessos aos galpões.

Imagem 18: Análise da situação atual dos Galpões ao longo da Rua Borges de Figueiredo

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AVALIZAÇÃO DOS ESTUDOS

FLUXO ATUAL DE PESSOAS PARA A ESTAÇÃO

O fluxo atual de pedestres é dado pelo contorno dos galpões, chegando até a estação, porém, tanto a estação fica muito isolada, muitas pessoas desconhecem sua localização, como

os Galpões acabam por representar uma BARREIRA FÍSICA na escala do pedestre.

PERMEABILIDADE DA EDIFICAÇÃO

A proposta para resolver o fluxo perimetral foi avaliar a possibilidade de se transpor essas edificações. Com isso, foi resolvido o fluxo, assim como também, foi contemplada a teoria em

questão em que o patrimônio arquitetônico industrial deve ser PRATICADO, ou seja, não apenas revitalizado, recuperado, readequado ao cotidiano da sociedade atual, como também

utilizado por seus usuários, permitindo, assim, maior valorização da edificação e a permanência de um representante da história do bairro.

ANÁLISE DA ESTRUTURA EXISTENTE

Ao analisar a estrutura existente, observou-se que é interessante a permanência das aberturas já encontradas nos Galpões, porém, com a demanda do fluxo da estação além do

previsto para o Mercado a ser projetado, foi constatada a necessidade de se realizar novas aberturas para circulação de pedestres e também de serviços. Entretanto, essas novas

aberturas devem respeitar a linguagem pré-existente nos Galpões, preservando as características das edificações.

AUMENTO DO FLUXO

Através desse novo programa, do Mercado da Mooca, verificou-se a necessidade de ampliação também da área externa dos Galpões. Com isso, estudou-se a solução do alargamento

da calçada existente da Rua Monsenhor João Felipe, e propôs-se uma nova área de permanência com bancos, mesas das lanchonetes do Mercado, melhorando, também, a infra-

estrutura, com a instalação de postes de iluminação e vegetação arbórea para ornamentação desse novo percurso. Esse desenho foi repetido no outro lado da calçada, onde se

encontra um condomínio residencial.

Essa solução permitiu além de resolver a questão do aumento do fluxo de pedestres, como permitiu uma linearidade no percurso desse pedestre, fazendo com que seja possível

entender o Complexo como uma local integrado, embora as características das 3 edificações sejam bastante distintas. Com isso, foi mais uma vez contemplada a questão da

HETEROGENEIDADE das edificações, preservadas suas qualidades físicas.

AREA POSTERIOR

Hoje, não existe uma conexão entre os Galpões e a Estação como houve outrora, o que se observa é um terreno abandonado, com vegetação bastante alta e de difícil acesso, pois

atualmente encontra-se isolado por um portão, não permitindo acesso a esse trecho.

A proposta deste projeto é a realização dessa reintegração, através da circulação dos usuários da estação pelo Complexo dos Galpões e a criação de uma área externa para

esporádicas férias livres, e também uma área de estar com bancos, vegetação e iluminação adequadas, servidos por um quiosque de café.

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A ESTAÇÃO

Visto a necessidade de ampliação da estrutura da estação de trem existente, devido ao aumento do fluxo de usuários, cerca de 7.000/dia, e assim como também o desenvolvimento de

uma melhoria na qualidade estética e estrutural da estação. Para isso, foi projetada uma estação mais aberta e com estrutura mais resistente, como pilares e vigas metálicas, e

também a adequação da passarela existente para ligação entre as vias Rua Borges de Figueiredo e Avenida Presidente Wilson, outra saída da estação.

O INTERIOR DOS GALPÕES

O programa proposto agrega um Mercado onde são encontrados produtos como alimentos, bebidas, utensílios de tabacaria, empórios, produtos importados, etc, assim como também

praça de alimentação e lanchonetes rápidas para suprir as necessidades dos usuários da estação. Além do programa do Mercado, os Galpões receberam uma estrutura de serviços

rápidos, através de uma galeria, onde são encontrados serviços de caixas eletrônicos, floricultura, revistaria, casa lotérica e uma doceria. Unindo-se a essa estrutura, foi proposta uma

padaria, com área com mesas e para venda de pequenas utilidades culinárias, e, se apropriando da estrutura de uma mezanino existente do Galpão 1, foi projetado um espaço para

um café, com grande área de estar, priorizando a melhor vista do Complexo, pois se encontra na esquina das Ruas Borges e Monsenhor, além da estrutura de janelas e caixilharia

bastante interessantes esteticamente e estruturalmente, típicos da arquitetura do período industrial., e também a presença de uma escada de acesso a esse Mezanino, bastante

preservada em seus materiais, a madeira.

A DISPOSIÇÃO DO PROGRAMA

A partir de toda a análise das necessidades do bairro, das características do entorno, das características da área externa e da área interna dos Galpões, foram determinadas “guias”

para o layout do programa.

CIRCULAÇÃO

Os eixos da circulação tanto para a Estação quanto para o Mercado foram determinados retilineamente, marcado pelo piso e pelo paralelismo com a estrutura da cobertura de todos

dos três Galpões. Os eixos perpendiculares, provenientes da fachada lateral dos Galpões, foram delimitados pelo faixo de luz proveniente dos lanternins das estruturas das coberturas

dos Galpões 2 e 3, permitindo, assim, iluminação natural ao longo do dia para as dependências do Mercado.

MODULAÇÃO DAS ESTRUTRURAS DE BANCAS E FECHAMENTOS

A partir da leitura da disposição dos pilares, constatou-se que o de maior relevância é o desenho formado pelos pilares do Galpão 1, pela sua curta distância entre os elementos, assim

como sua constante repetição. Com isso, foram traçados eixos que permitiram o encontro do desenho de piso da circulação, formando, assim, as áreas para o comércio. A partir desse

traçado, foi projetado um módulo, composto por dry-wall e vigas metálicas tipo I, com dimensões 4,00m X 6,00.

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7 .3 . O PROGRAMA DE NECESSIDADES DO MERCADO ESTAÇÃO MOOCA

O Novo Programa para os An t igos Galpões indus t r i a i s fo i e laborado com a in tenção de promover o acesso l iv re do púb l ico às ed i f i cações,

a t ravés da PERMEABIL IDADE DO ESPAÇO , perm i t i ndo a c i r cu lação dos usuá r ios e v i s i tan tes por todo o con junto de p réd ios (dar nome) .

O foco deste programa e a adequação da in f ra -es t ru tu ra da es tação fe r rov iá r ia da Mooca em con jun to com as ins ta lações do Novo

Mercado do ba i r ro .

A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

Para a adequação das novas ins ta lações da es tação, fo ram amp l iadas as áreas de serv iços e admin i s t ração , Os ambientes que esse

se tor d i spõe são : es t ru tu ra de b i l he ter ia , á rea admin is t ra t iva , á rea de conv ivênc ia dos func ionár ios , á rea técn ica , á rea de a tend imen to ao

pub l i co (en fermar ia , b ic ic le tár io , t e le fones púb l icos) e a área de acesso à p la ta forma de embarque e desembarque do t rem, a t ravés das

ca t racas.

O MERCADO

O mercado é t r aba lhado como pr inc ipa l p rograma, complementando -se à Estação da CPTM , também incorporada ao con junto de ga lpões

t raba lhados. E le é propos to com o in tu i t o de potenc ia l i zar o f l uxo de usuár ios da es tação, incen t i vando out ras a t i v idades de pe rmanênc ia .

Pre tende-se incent ivar a t iv idades re lac ionadas a cu l tu ra gas t ronômica, tendo em v i s ta a vocação do ba i r ro , já t r ad i c iona lmen te

conhec ido por suas cant inas e res taurantes de com ida i t a l iana. São propos tas bancas para venda de f ru tas , verduras, legumes e i tens s im i la res ,

como empór ios , massas a r t esana is , como pr inc ipa l a t i v idade, t omando como re ferenc ia o Mercado de San Migue l (Madr i ) , e o Mercado Munic ipa l

de São Pau lo , porém numa esca la menor , para a tender sobre tudo o púb l i co l oca l , usuár ios da es tação da Moo ca .

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LANCHONETES

Complemen tando o p rograma, são prev i s tas lanchonetes pequenas , para a tenderem não só os usuár ios da es tação como também os

c l ien tes do mercado . Es tas l anchonetes são pensadas ass im como “qu iosques ” , s imp les de a tend imento ráp ido , bem como os encont rados nas

es tações do me t ro da c idade.

ÁREA DE CONVIVÊNCIA

Pensando em aco lher os usuár ios , a área de conv ivênc ia func iona como pon to de encon t ro , descanso e convív io . Pode ser t raba lhada

também como extensão das lanchonetes , pa ra sup r i r a a l t a demanda nos horár ios de ma ior mov i men to .

GALERIA

Flor icu l t u ra , ca ixas e le t r ôn icos, rev i s ta r ia , docer ia , l o té r icas , e t c . , e ssas a t i v idades de serv i ços são propos tas como p rograma

comp lemen tar , para também aprove i ta r o i n tenso f luxo de usuár ios d i versos.

CAFÉ DA FÁBRICA

Pensado como uma a t i v idade de ma ior permanênc ia o Café da Fábr i ca se carac ter i za como um ponto a t ra t i vo , f unc ionando de d ia e no i te .

Pre tende -se t razer a v ida noturna para a es tação , como um dos ar t i f í c ios para t razer segurança ao loca l .

SETOR DE SERVIÇOS (CARGA E DESCARGA )

Uma vez que as a t iv idades p ropostas l idam d i re tamente com grandes vo lumes de produtos ( legumes, verduras, f ru tas e ou t ros i tens

comerc ia l izados) , é necessár io prever uma doca para carga e descarga desses produtos , fac i l i tando sua d is t r i bu ição. Ass im como também,

d ispor de um depós i to para uso dos coemrc ian tes .

SETOR ADMINISTRATIVO

É prev i s to um se tor adm in is t r a t ivo para coo rdenar as a t i v idades e serv iços exerc idos no Mercado .

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7.4. FLUXOGRAMA

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