arquitectos portugueses recebem três dos 14 prémios do archdaily
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Repetimos a façanha de 2010 e, assim, a arquitectura portuguesa voltou a ganhar em três das 14 categorias que integram os prémios anuais atribuídos pelo site ArchDaily.TRANSCRIPT
PÚBLICO, SEX 9 MAR 2012 | CULTURA | 29
DANIEL ROCHA DR DR
A capela Árvore da Vida, em Braga, a sede da Associação Fraunhofer, no Porto, e a casa pré-frabricada e modular Mima House
Repetimos a façanha de 2010 e, as-
sim, a arquitectura portuguesa vol-
tou a ganhar em três das 14 catego-
rias que integram os prémios anuais
atribuídos pelo site ArchDaily. A ca-
pela Árvore da Vida, projectada para
o Seminário de Braga pelos irmãos
António Jorge Fontes e André Fon-
tes, do atelier bracarense Cerejeira
Fontes, venceu ontem o prémio Ar-
chDaily de 2011 na categoria de Ar-
quitectura Religiosa, a Mima House,
uma construção pré-fabricada con-
cebida pela empresa de Mário Sousa
e Marta Brandão, dois arquitectos
que se dividem entre Viana do Cas-
telo e a Suíça, ganhou no capítulo
das Casas, e o gabinete Pedra Silva,
de Lisboa, recebeu o prémio de Inte-
riores com o projecto que desenhou
para a sede da delegação portuense
da Associação Fraunhofer, um dos
maiores centros europeus de inves-
tigação aplicada.
Os prémios, escolhidos pelos lei-
tores do site, já tinham distinguido,
em 2010 o edifício da Vodafone no
Porto, na categoria de Arquitectura
Institucional, o bar temporário que
a Faculdade de Arquitectura do Por-
to criou para a Queima das Fitas, no
sector de Hotéis e Restaurantes, e a
Closet House, em Matosinhos, ven-
cedora do prémio para Interiores.
Este ano, além dos edifícios pre-
miados, a arquitectura portuguesa
teve ainda mais 11 nomeações, in-
cluindo a Casa das Histórias – Museu
Paula Rego, de Souto de Moura, em
Cascais, que perdeu, na categoria de
Arquitectos portugueses recebem três dos 14 prémios do ArchDaily
nesta fase fi nal, contra pouco mais
de 30 mil em 2010.
Se a divulgação das obras premia-
das em cada ano é um momento es-
pecialmente mediático, o sucesso
público do ArchDaily também se
prenderá com o facto de o site se
ter tornado numa verdadeira base
de dados da arquitectura que se está
a fazer no mundo.
Uma das consequências da diver-
sidade de votantes é o próprio ecle-
tismo dos prémios, nos quais não é
fácil pressentir um padrão de gos-
to. Se a Mima House, uma pequena
casa disponível em versões de 18 e
36 metros quadrados, feita de ma-
deira maciça - grandes superfícies
de vidro e paredes interiores que se
podem mudar de sítio através de um
sistema de calhas -, pode fazer pen-
sar no despojamento e funcionali-
dade da arquitectura japonesa, já
o projecto que venceu na categoria
de Hotéis e Restaurantes – o edifício
do restaurante Tori Tori, na Cidade
do México – aposta claramente num
estilo mais decorativo e barroco.
E se o interior da sede da Fraunho-
fer no Porto, concebida pelo atelier
do arquitecto Luís Pedra Silva para
o Parque da Ciência e Tecnologia da
Universidade do Porto, se adapta,
com o seu estilo futurista, à inves-
tigação de ponta que ali se pratica,
já o grande mérito do vencedor da
categoria de Arquitectura Pública,
uma ponte pedonal em Halsteren,
na Holanda, é a sua invisibilidade:
à tona da água vêem-se apenas dois
pequenos muretes, já que o piso es-
tá submerso.
Já a capela Árvore da Vida é um
projecto singular, desde logo pe-
lo modo como se foi construindo,
em estreito diálogo com os padres
e seminaristas da casa, e contando
com a colaboração dos escultores
Asbjörn Andresen e Manuel Rosa,
da pintora Ilda David, cujo tríptico
Árvore da Vida deu nome à capela,
Museus e Bibliotecas, para o Museu
do Oceano e do Surf, um projecto do
atelier Steven Holls Architects cons-
truído em Biarritz, na França.
Uma das particularidades destes
prémios é a coexistência de arqui-
tectos emergentes, e por vezes sem
qualquer reconhecimento interna-
cional, e de verdadeiras estrelas da
arquitectura mundial, como o ho-
landês Rem Koolhaas, um dos ven-
cedores deste ano com o edifício que
desenhou para a Escola de Arquitec-
tura da Universidade de Cornell, no
estado de Nova Iorque.
Criado em 2008 por dois jovens
arquitectos chilenos - David Assael
e David Basulto -, o ArchDaily é hoje
possivelmente o site de arquitectura
mais visitado na Internet, com uma
média de 200 mil visitas diárias, 350
milhões de páginas visitadas em 2011
e meio milhão de seguidores no Fa-
cebook. Começou por ser uma es-
pécie de fórum para discussão de
questões urbanísticas chamado Pla-
taforma Urbana, ao qual se seguiu
o Plataforma Arquitectura, a versão
original, em língua espanhola, do
ArchDaily, que lançou já uma versão
experimental em língua portuguesa:
o ArchDaily Brasil.
Os prémios anuais são apenas
uma das componentes do ArchDai-
ly e funcionam um pouco à seme-
lhança dos programas televisivos de
descoberta de talentos: os candida-
tos são escolhidos por um painel de
especialistas, que nomeia cinco fi -
nalistas em cada uma das 14 catego-
rias, mas os vencedores são depois
eleitos directamente pelos leitores.
Desta vez votaram 65 mil pessoas
Criado em 2008 por dois jovens arquitectos chilenos, o ArchDaily é o hoje o site de arquitectura mais visitado
Arquitectura Luís Miguel Queirós
o organeiro Pedro Guimarães, o fo-
tógrafo italiano Eduardo di Micceli
e o engenheiro civil Joaquim Car-
valho.
Construída com 20 toneladas de
madeira, a obra não utiliza qualquer
prego ou ferragem, mas apenas os
encaixes das traves.
200Mil visitas diárias e 350 milhões de páginas acedidas num ano são a imagem do sucesso meteórico do ArchDaily
65Mil pessoas participaram na votação online que decidiu os 14 vencedores dos prémios ontem atribuídos
Além dos edifícios premiados, a arquitectura portuguesa teve mais 11 nomeações
du pain plein les poches
OANA PELLEA
MIHAI-GRUIA SANDU
19 DE MARCO, 21H€