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Armando Guebuza Um olhar sobre a Universidade Moçambicana Colectânea de Comunicações do Chefe de Estado (2005 a 2014) Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

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Page 1: Armando Guebuza · O Associativismo Juvenil: ... a ter maior influência e protagonismo na gestão dos recursos ... que promove a sua auto-estima e confiança em realizar os seus

Armando Guebuza

Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Colectânea de Comunicações do Chefe de Estado (2005 a 2014)

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Armando Guebuza

Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

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Ficha Técnica:

TÍTULO:

Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

EDITORES:Professor Doutor Renato Matusse, Dras. Josina Malique e Joharia Issufo

DESIGNER:Dr. Cândido Nhaquila

REVISOR:Dr. Moisés Mabunda

FOTOS:Gabinete de Imprensa da Presidência da República

IMPRESSÃO:ACADÉMICA

NÚMERO DE REGISTO:8327/RLINLD/2015

TIRAGEM:1000 Exemplares

© Direitos reservados

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Universidade Moçambicana: Os desafios do desenvolvimento comunitário............................................................... 5

Universidade Moçambicana: Sua contribuição na superação dos desafios do desenvolvimento rural integrado........................ 10

Universidade Moçambicana: A mudança de paradigma no processo de ensino-aprendizagem................................................ 16

Universidade Moçambicana: A contribuição da formação na cristalização da consciência patriótica............................... 20

Universidade Moçambicana: Formando com propósitos concretos e relevantes para o nosso Povo........................................ 26

Universidade Moçambicana: Local onde os saberes de muitos se cruzam com os saberes de poucos e se enriquecem mutuamente em prol da Nação........................................................ 32

Universidade Moçambicana: Sua atenção na expansão e na promoção da qualidade no ensino..................................... 36

A Universidade Moçambicana: Seu papel no desenvolvimento Rural.... 39

A Universidade e o Sector Produtivo: Uma ligação que se impõe reforçar, aprimorar e diversificar...................................... 45

Universidade Nachingwea: Inspirando-se e apropriando-se do nos-so passado de glória como levedura para a formação de quadros de valor....................................................................... 49

Ensino Superior em Moçambique: Expansão, qualidade e eficiência... 56

Ensino Superior em Moçambique: Expansão, qualidade e de-senvolvimento endógeno e sustentável.............................. 61

Ensino Superior em Moçambique: Promovendo uma formação virada para o desenvolvimento sustentável.......................... 66

Instituições de Ensino Superior em Moçambique: Da formação para a Função Pública à formação para a sociedade e a vida.... 71

Instituições Públicas em Moçambique: Os desafios da sua contí-nua aproximação do nosso Povo....................................... 79

Ensino Técnico: Consolidando o tecido social e económico em Moçambique............................................................. 81

Ensino Profissional: Com o docente a dinamizar a formação e o gestor a garantir a manutenção do património..................... 86

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Ensino à Distância em Moçambique: Consequência da nossa convicção e resultado do nosso compromisso com a expansão da rede escolar............................................................... 91

Graduação: Encerramento do ciclo da formação para início do da retribuição................................................................ 94

O graduado com e no Distrito: Induzindo novos comportamentos e atitudes rumo a um Moçambique próspero.......................... 98

Moçambicanos Formados: Um recurso estratégico para o desen-volvimento da nossa Pátria Amada................................... 105

O Professor: Impulsionador da interacção entre o conhecimento local e os saberes globais.............................................. 110

O Professor: Influente indutor de valores nobres e de mudança de atitude e de comportamento dos cidadãos......................... 116

O Professor: Agente da Transformação Social..................... 119

Jovem no Distrito: Propulsor do desenvolvimento endógeno, reflectido e sustentável em Moçambique........................... 126

O Estudante na Comunidade: A evolução que se impõe das AJU’s às Férias Desenvolvendo o Distrito................................... 131

O Associativismo Juvenil: Seu papel na promoção de intervenções cívicas, sociais e económicas......................................... 136

Pátria Moçambicana: Reconhecendo e enaltecendo os feitos do Professor................................................................. 142

Pesquisa Científica: Sua contribuição na elevação da qualidade de ensino e no combate contra a pobreza.............................. 150

Instituições de Ensino em Moçambique: O desafio de gestão com qualidade para um ensino de qualidade............................. 155

Promoção de um Maior Entrosamento entre a Educação e Cultura: Um dos fundamentos para uma formação integral dos alunos... 165

Sincronizar o Conhecimento Científico com o Milenar do nosso Povo: Um dos maiores desafios do ensino superior em Moçambique............ 174

Combatendo a Pobreza: Rumo à sociedade de conhecimento.. 181

Parceria Estado — Sociedade Civil: Um contributo para a melhoria da qualidade do ensino................................................ 187

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Universidade moçambicana:

Os desafios do desenvolvimento comunitário1

Fizemo-nos a esta bela parcela da nossa Pátria Amada para teste-munharmos os primeiros passos de uma Instituição de Ensino Supe-rior privada, que decidiu abraçar e dar expressão ao nosso deside-rato colectivo de fazer do Distrito nosso pólo de desenvolvimento. Queremos saudar-vos, caros proprietários do Instituto Superior de Tecnologias e Gestão, por esta iniciativa.

Saudamos-vos ainda pela qualidade e imponência das infra-estru-turas e pelo mobiliário e equipamentos instalados, elementos que concorrem para um processo de ensino-aprendizagem também de qualidade.

Fazemos votos para que com estas condições de trabalho e com um corpo docente à altura dos desafios do presente e do futuro, a conclusão de uma etapa de formação, nesta instituição, não seja apenas certificada pelo diploma, mas, e sobretudo, por habilidades e capacidades do graduado de contribuir para a transformação, a inovação e o progresso nas instituições e na comunidade.

Moçambique conta hoje com mais de trinta instituições de ensino superior, num País onde, graças à Unidade Nacional, qualquer ci-dadão pode fixar-se onde quiser e beneficiar-se das condições aí existentes.

Este número de instituições de ensino superior e as condições de mobilidade interna ditam, por um lado, que o futuro candidato te-nha um maior leque de oportunidades de escolha da instituição em 1Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na inauguração do Instituto Superior de Tecnologias e Gestão. Boane, 10

de Setembro de 2009.

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que vai se inscrever e se matricular. Por outro lado, a própria so-ciedade e as instituições empregadoras vão começar a olhar, muito mais atentamente, para além do certificado, para identificarem outros atributos que o graduado e o seu produto transportam.

Queremos, igualmente, felicitar o Governo do Distrito de Boane por poder contar com mais este apoio na luta que trava contra a pobreza e pelo bem-estar do nosso maravilhoso Povo. A sincro-nia entre os programas de formação que aqui se desenvolvem e a agenda de luta contra a pobreza que o Distrito lidera, bem como o facto deste Instituto ter o seu nome indelevelmente associado ao Distrito de Boane constituem motivos que justificam que o Governo e a população de Boane forjem e consolidem parcerias com esta instituição de ensino superior. A qualidade do ensino que aqui se desenvolve e a qualidade do graduado que daqui sair podem pres-tigiar ou não o nome deste Instituto e do próprio Distrito de Boane.

*****

Os sete milhões de meticais alocados anualmente aos Distritos, e geridos pelos membros dos Conselhos Consultivos, estão a contri-buir para a transformação, inovação e progresso nestas unidades administrativas do nosso belo Moçambique.

Desses resultados podemos fazer referência:

ao despertar e afirmação do empreendedorismo moçambicano e o maior uso da mão-de-obra e talentos locais em áreas como:

o processamento da produção agro-pecuária e de fru-tos exóticos;

o confecção de vestuário e produção de latoaria e ma-teriais de construção; bem como a

o introdução e desenvolvimento da prática de horticul-tura, piscicultura, avicultura e apicultura.

As mudanças que têm lugar nos Distritos são igualmente crista-lizadas:

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

o pelo aumento da produção, da produtividade agrárias e de áreas de cultivo;

o são cristalizadas ainda pela introdução e relança-mento da produção de determinadas culturas e de tecnologias de produção; bem como

o pelo aumento da massa monetária em circulação.

Mais do que as mudanças comprovadas pelas estatíticas, os sete milhões despertaram interesse das comunidades sobre questões como boa governação e desenvolvimento comunitário. Na verda-de, as comunidades passaram:

a ter maior influência e protagonismo na gestão dos recursos descentralizados;

passaram a exigir a sua aplicação com transparência e pro-bidade; e

passaram ainda a exercer um papel de grande relevo no combate à corrupção.

Por outro lado, o processo de tomada de decisão sobre onde apli-car que recursos gera uma dinâmica social através da qual:

a comunidade amadurece em relação a si mesma, desenvol-vendo-se sem esperar por terceiros para desenvolvê-la;

amplia os seus horizontes conceptuais; e

participa na definição e realização da sua própria transfor-mação, aprofundando os princípios da cultura de paz, de-mocracia e inclusão.

A comunidade vai, deste modo, gradualmente, assumindo o duplo papel de protagonista e de beneficiária do processo e do produto do desenvolvimento que ela própria engendra. Estamos, pois, pe-rante o paradigma de desenvolvimento que se centra no Homem, que promove a sua auto-estima e confiança em realizar os seus

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

sonhos e ideais. Estamos perante um processo que induz um de-senvolvimento endógeno, integrado, reflectido e que respeita e reconhece os sistemas de valores locais, as potencialidades e os recursos disponíveis e o seu papel na transformação social.

Caros proprietários, dirigentes, docentes e estudantes do Instituto Superior de Tecnologias e Gestão.

A localização privilegiada da vossa instituição dá-vos grandes van-tagens para acompanharem, a par e passo, as dinâmicas que os sete milhões e outros recursos descentralizados, estão a introduzir nas comunidades locais que, como nos centros urbanos, fazem da luta contra a pobreza a sua agenda do quotidiano. Com os recur-sos descentralizados e com as múltiplas intervenções directas do Governo Central, emerge no Distrito o desenvolvimento integrado sustentável que deve ser reflectido na nossa Universidade através da inter-disciplinaridade e da multidimensionalidade.

Neste quadro, é fundamental que as intervenções no âmbito da extensão e pesquisa partam do pressuposto de que as iniciativas da Universidade com a comunidade e da comunidade com a Universi-dade devem, como a experiência mostra, ser centradas nas neces-sidades efectivas das populações e devem ser elaborados tendo em conta que se destinam a resolver problemas concretos.

Uma instituição de ensino superior como a vossa pode dar uma valiosa contribuição neste sentido. Da visita às instalações e da in-teracção convosco tomamos boa nota da capacidade aqui instalada para que esta instituição seja um agente de desenvolvimento co-munitário de referência, com intervenções específicas e multidis-ciplinares. Como agente de desenvolvimento comunitário, a vossa instituição tem a possibilidade de interagir com a comunidade, de forma intensa, descomplexada e de espírito aberto, para dela buscar ensinamentos e com ela encontrar soluções para os desafios que emergem do paradigma de desenvolvimento que escolhemos.

É neste processo que também vão forjar graduados com consciên-cia das suas reais capacidades, do que podem alcançar quando

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libertam a sua iniciativa criadora. É neste processo que vão apro-ximar a vossa instituição da comunidade e a comunidade desta instituição para forjarem graduados empreendedores, aqueles que não estão eternamente à espera da mão dos outros para darem os passos que devem dar na vida, aqueles que não estão à espera de orientações sobre como tornar úteis, para si e para a comunidade, os conhecimentos adquiridos no vosso campus. Neste processo:

ganha a academia por puder testar e substanciar as teorias com novas evidências e por forjar graduados empreendedo-res;

ganha a comunidade que sente estar a contribuir para o seu progresso e para a qualidade do processo de ensino-apren-dizagem;

ganha Moçambique com a consolidação de um desenvolvi-mento sustentável;

ganha a Humanidade inteira que tem acesso às nossas expe-riências de desenvolvimento comunitário através da Univer-sidade Moçambicana.

Queremos reiterar-vos, caros proprietários, direcção, corpo do-cente, alunos e trabalhadores do Instituto Superior de Tecnologias e Gestão os nossos votos de muitos sucessos.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Universidade Moçambicana:

Sua contribuição na superação dos desafios do desenvolvimento rural integrado2

É com muita satisfação que nos dirigimos aos distintos convidados a esta cerimónia solene de graduação dos primeiros Licenciados da Universidade Lúrio, em Pemba.

Esta satisfação é mais acrescida ainda, tomando em linha de conta que a UNILÚRIO, aqui em Pemba, passa a contar com o seu próprio campus, que tivemos a ocasião de inaugurar há pouco.

Queremos felicitar os graduados por este sucesso e saudar os seus pais, encarregados de educação e docentes pelo apoio que lhes deram para alcançarem este patamar. A eles cabe transformar o conhecimento adquirido em produtos tangíveis, em algo com im-pacto na luta contra a pobreza, nesta Pátria de Heróis.

Um dos desafios da Universidade Moçambicana prende-se com o desenvolvimento rural integrado.

A implantação da UNILÚRIO em Nampula, Cabo Delgado e Niassa, que se veio juntar às outras instituições de ensino superior existen-tes, tem em vista, por um lado, reforçar a consciência e o sentido de Unidade Nacional, pois, moçambicanos de diferentes cantos e encantos da nossa Pátria Amada têm a oportunidade de:

estudar juntos em diferentes regiões de Moçambique;

fazer amizades com seus compatriotas de outros quadrantes desta Pérola do Índico; e

2Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da inauguração das instalações e graduação de estudantes da

Unilúrio. Pemba, 1 de Outubro de 2012.

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de fixar residência ou empregar-se fora do seu local de nas-cimento ou do local onde fizeram o ensino médio.

Nós damos particular ênfase à Unidade Nacional na consolidação da nossa matriz identitária e na luta contra a pobreza. A Unidade Nacional pode equiparar-se à nossa saúde: damo-nos mais conta da sua importância quando sentimos que ela está a tentar escapar-se de nós. Também nos apercebemos do valor da Unidade Nacional quando testemunhamos, em outros países, casos de massacres de cidadãos indefesos por alegadas motivações étnicas ou de outra índole. Em muitos casos até se trata de populações que viveram in-tegradas na mesma sociedade, durante séculos, e que partilharam os mesmos espaços sociais, culturais e económicos.

Por outro, a implantação da UNILÚRIO nestas três províncias tem em vista levá-la a contribuir para impulsionar o desenvolvimen-to rural integrado. Como é do domínio público, a população nos nossos distritos, em mais uma demonstração da sua auto-estima, assumiu a luta contra a pobreza como sua agenda central. Por isso, graças ao seu empenho e desempenho, hoje vive numa realidade nova, caracterizada por uma melhor qualidade de vida. A nossa universidade, a universidade moçambicana, pode e deve contribuir para elevar essa fasquia de bem-estar. Alguns dos desafios que se colocam na actualidade têm a ver com:

a descentralização e utilização multiforme dos quadros nos distritos, onde a formação superior começa a ser a regra e não a excepção do passado;

o aumento da produtividade agrária, capacidade de agro-processamento e de conservação dos produtos agrários;

o maior aproveitamento dos recursos naturais locais, em toda a sua cadeia de valor;

o impulsionamento do espírito empreendedor que habita em cada moçambicano;

a melhoria na identificação e exploração das oportunidades que advém dos investimentos públicos e privados, quer para densificar o tecido empresarial, quer para a geração de mais postos de emprego e de riqueza.

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A nossa Universidade pode também participar na recolha, sistema-tização e divulgação do sentido de Unidade Nacional, da auto-es-tima, da cultura de paz, de partilha e de solidariedade, na óptica do nosso Povo.

Há, igualmente, abundante saber milenar e formas singulares de relacionamento entre os Homens, a natureza e as instituições que merecem a atenção da nossa Universidade.

A expansão do ensino superior, pelo nosso Moçambique adentro e sua maior acessibilidade que resulta no aumento do universo dos estudantes, tem em vista ajudar na superação destes desafios, através da Educação, Investigação e Extensão. A valorização do conhecimento científico e do conhecimento milenar do nosso ma-ravilhoso Povo é essencial para o progresso e bem-estar das comu-nidades e para o crescimento e afirmação da própria universidade no firmamento académico nacional e internacional. Na verdade, a ligação da universidade às comunidades, no quadro da sua respon-sabilidade académica e científica, vai para muito além da forma-ção dos seus estudantes para se alargar à sua intervenção pública na valorização social e económica do conhecimento.

Queremos saudar e felicitar a UNILÚRIO pela forma como tem sa-bido responder aos desafios do desenvolvimento rural integrado, através da formação dos estudantes na sua plenitude e para a vida. O vosso programa “Um Estudante, Uma Família”, é disso exemplo.

*****

A universidade, como espaço autónomo de geração de conheci-mento e de formação, tem subjacente a noção de que nela se ad-quire um conhecimento do mundo, no sentido mais lato do termo.

A Universidade é o lugar onde o mundo é trazido aos nossos pés para que ele seja influenciado pelas nossas vivências, experiên-cias e saberes. Com efeito, e como descrevíamos acima, na Uni-versidade faz-se a simbiose entre o conhecimento científico e o local, abrindo-se espaço para a fertilização mútua, ao assegurar-

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se a indexação do conhecimento milenar do nosso Povo na busca constante do que é comum à Humanidade. Notamos, com agrado, que a composição multinacional do corpo docente da UNILÚRIO, as relações que estabelece com outras instituições nacionais e es-trangeiras, bem como as temáticas dos cursos e das linhas de pes-quisas consolidam esta relação entre os dois tipos de conhecimen-to. A este respeito, queremos felicitar esta instituição de ensino superior por ter sido eleita para a presidência de um prestigiado organismo internacional, a Associação das Universidades de Língua Portuguesa. Felicitamos-vos ainda por terem sabido associar a vos-sa agenda de internacionalização às responsabilidades que têm no desenvolvimento rural integrado da Pátria Moçambicana.

Importa aqui sublinhar que as universidades constroem-se e afir-mam-se através da cooperação e do fomento da pluridisciplina-ridade de áreas científicas, onde se cruzam tecnologias, ciências sociais e económicas, saberes humanísticos e artes.

Ao mesmo tempo, cada instituição de ensino superior deve e é encorajada a criar e a consolidar, dentro do sistema universitário moçambicano, a sua identidade própria através da sua postura, perfis e modelos de formação.

A sociedade espera que cada universidade se empenhe para que, na missão, faça o melhor e se distinga das suas congéneres pelos seus feitos únicos! Neste contexto, a diversidade identitária das nossas Instituições de Ensino Superior torna-se fundamental, na medida em que cria as condições de diversificação de ofertas de soluções aos desafios que a luta contra a pobreza e o desenvolvi-mento rural, em particular, nos colocam.

Para o campus confluem vários interesses, vontades e expectati-vas. Por exemplo:

para o estudante, a universidade é um lugar que lhe abre novas possibilidades de crescimento intelectual, social e profissional.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

para os docentes e investigadores, o campus é o local onde através da educação, pesquisa e extensão se vencem as bar-reiras da inércia e da estagnação e se formulam respostas inovadoras para os desafios da sociedade.

para os pais e encarregados de educação e para o Estado, a expectativa é que os graduados respondam, pontual e com-petentemente, ao investimento feito para a sua formação, fazendo diferença nas suas vidas e contribuindo para as mu-danças na sociedade. Em resposta a esta diversidade de ex-pectativas, colocamos sempre o acento tónico na expansão do ensino e na sua qualidade.

*****

Nesta cerimónia, identificamos a confluência das expectativas dos docentes, dos pais e encarregados de educação e do Estado, em particular, sobre o papel que podem desempenhar no desen-volvimento rural integrado e da Nação Moçambicana, em geral. Cabe-vos, pois, a grande responsabilidade de honrarem essas ex-pectativas, pois, com o conhecimento aqui adquirido estão me-lhor preparados para superarem obstáculos que dantes eram vistos como intransponíveis.

Hoje, estão a despedir-se de alguns dos que vos acompanharam nesta longa caminhada, muitas vezes penosa e exigente, mas cer-tamente sempre gratificante e edificante, caminhada de domes-ticação do conhecimento técnico-científico, sempre aliado ao co-nhecimento milenar do maravilhoso Povo Moçambicano.

Estão a graduar-se e quando transpuserem os portões desta acade-mia vão encontrar lá fora um mundo sedento de soluções para os desafios que enfrenta e, em particular, para os desafios do desen-volvimento rural integrado.

O mundo que está à vossa espera lá fora não tem a mesma paciên-cia que os vossos docentes aqui dentro, necessariamente, tiveram. É um mundo que não vive de desculpas, porque as desculpas, por

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

mais plausíveis e bem formuladas que estejam, não combatem a pobreza. Aqui no campus podiam repetir a cadeira ou mesmo o ano e o que ficava adiado era apenas a meta final da graduação. É um adiamento que provavelmente não tem, de imediato, impacto numa comunidade, numa instituição. Lá fora, no mundo real:

quando não nos fazemos presentes onde devemos estar;

quando não aplicamos criativamente o nosso conhecimento;

quando deixamos de ter orgulho de sermos moçambicanos empreendedores;

quando nos resignamos do duro combate contra os obstácu-los ao nosso desenvolvimento entre eles o burocratismo, o espírito de deixa-andar e a corrupção;

quando deixamos de promover a nossa auto-estima, a Uni-dade Nacional, a Paz e o sentido de pátria e de missão, o que fica adiado, caros graduados, é o combate contra a pobreza.

O que fica adiado é, numa palavra, o cumprimento do vosso dever, como cidadãos, de contribuir para proporcionar ao nosso Povo mui-to especial, uma existência humanamente mais digna.

Em última análise, Magnífico Reitor, caros docentes, caros estudan-tes, minhas senhoras e meus senhores, o que fica adiado é o com-promisso que a Universidade Moçambicana tem com a sociedade: o compromisso de trazer os benefícios da ciência e da técnica para o desenvolvimento desta Pérola do Índico.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Universidade Moçambicana:

A mudança de paradigma no processo de ensino-aprendizagem3

Endereçamos as nossas felicitações ao nosso compatriota Nobre Roque dos Santos que acaba de assumir as funções de Reitor da UNIZAMBEZE. Felicitamos os dois quadros que passam a assumir as funções de Vice-Reitores nesta instituição de ensino superior, nomeadamente, Ana Piedade Armindo Monteiro e Boaventura José Aleixo.

Esta nova direcção da UNIZAMBEZE tem pela frente a exaltante missão de dar continuidade ao trabalho pioneiro iniciado pelo outro nosso compatriota, Bhangy Cassy, que esteve à frente dos destinos desta instituição de ensino superior desde o seu alvor. A missão é, pois, valorizar o legado que ele deixa, aprimorá-lo e elevá-lo a novos patamares.

*****Temos, com muito agrado, notado que a nossa academia está a consolidar a tendência de mudança do paradigma que no passado dominou o processo de ensino-aprendizagem. Hoje, é facto aceite e encorajado que o professor não é o único que ensina, no con-ceito criticado por Paulo Freire, de balde que enche as cabeças vazias dos estudantes, pois, como ele sublinha e bem, “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria reprodução”.

3Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da tomada de posse do Reitor e dos Vice-Reitores da UNIZAM-

BEZE. Maputo, 23 de Janeiro de 2014.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

A mudança de paradigma que estamos a registar deve-se, em gran-de medida, à mudança de atitude do próprio professor, em pri-meiro lugar, à partir do momento da sua formação e integração na carreira.

Por isso e por causa disso, o nosso professor:

tem estado a dar uma crescente importância e entrega à pesquisa;

atribui crescente mérito tanto aos processos como aos pro-dutos do ensino-aprendizagem; e

confere um papel de cada vez maior relevo à interação com os seus estudantes.

Em resultado desta mudança de paradigma, o nosso professor toma cada vez maior consciência de que não é ele o único que sempre ensina mas é quem também sempre aprende. Devemos continuar a encorajar esta tendência, assegurando que o nosso professor es-teja sempre pronto:

para receber o novo;

para perceber o diferente; e

para gerar de outras fontes e assimilar informação nova ou inédita sem nunca pensar que tudo o que sabe já esgota o assunto.

Queremos que ele continue a assumir que o seu saber se enriquece e se aperfeiçoa pondo sempre à prova tudo o que já sabe sobre este ou aquele assunto. Temos que continuar a encorajá-lo a acei-tar que não importa quantas vezes já fez o que já fez – toda a vez deve ser vista como a primeira vez que traz melhores resultados porque tem o passado como referência e fonte de inspiração.

*****Se dos seus estudantes os nossos professores aprendem, da co-munidade a nossa Universidade ganha novos saberes. Se isto não acontece, a nossa Universidade:

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

isola-se;

atrofia-se;

fica a estudar de novo o que já foi estudado;

corre:

o o perigo da ultra-especialização;

o o risco de cair no narcisismo; e

o na imponderação de só conseguir saber o que já é sabido.

A Universidade Moçambicana precisa de interagir continuamente com os saberes milenares do nosso Povo muito especial.

São saberes que o maravilhoso Povo Moçambicano produziu em momentos e lugares em que não havia Universidade à vista e, continua a produzi-los longe e mesmo em redor destas instituições de ensino superior.

São saberes que têm sido aplicados, de forma criativa, para superar uma multiplicidade de desafios do quotidiano. São esses modos de pensar, de fazer e de se relacionar com a natureza e outros homens e mulheres que trazem novos desafios à Universidade, e que exigem a produção de novos conceitos e servem de testes para a validade dos critérios universais em uso no campus.

A atitude da universidade moçambicana deve ser sempre, como está a ser o caso, de acolher e encontrar formas de interpretar e de aplicar esses saberes e não de simplesmente tentar traduzi-los e reduzi-los a fórmulas pré-concebidas.

Neste contacto entre estes dois mundos regista-se assim, um en-riquecimento mútuo que confere maior relevância à Universidade e eleva a auto-estima das comunidades, e prepara os estudantes para uma formação para a vida porque dotados de conhecimento útil para eles próprios e para a sociedade que neles investe recur-sos e expectativas.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O diálogo entre o campus e a comunidade constitui-se assim, num gesto nobre e louvável de abertura de portas para que circulem novos saberes, nos dois sentidos, criando-se oportunidades para a sua mútua polinização.

Quem ensina nunca pode parar de aprender. Ensinar e aprender alimentam o intelecto como os alimentos que nutrem o corpo hu-mano.

A Direcção da UNIZAMBEZE e as direcções de todas as universi-dades moçambicanas devem continuar a liderar estes processos, contribuindo para que a tendência de mudança do paradigma que no passado dominou o processo de ensino-aprendizagem continue a consolidar-se.

*****

A terminar, pedimos a todos que nos acompanhem num brinde:

ao sucesso dos empossados;

à consolidação do processo de ensino-aprendizagem que valoriza o professor, o estudante e a comunidade;

à consolidação da nossa auto-estima, da Paz e da Unidade Nacional;

à saúde de todos os presentes.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Universidade Moçambicana:

A contribuição da formação na cristalização da consciência patriótica4

Foi para nós motivo de satisfação prefaciar esta cerimónia de gra-duação com a inauguração das instalações da Universidade Politéc-nica nesta região do nosso belo Moçambique, uma região que está a conhecer um dinamismo e índices de crescimento que merece-ram os nossos encómios e palavras de encorajamento na Sessão Extraordinária do Governo da Província de Nampula, convocada para a realização do balanço da nossa visita, em Presidência Aber-ta e Inclusiva, a quinta e última deste segundo e último mandato.

A inauguração destas instalações constitui-se num importante mar-co na expansão desta instituição de ensino superior e de consolida-ção do seu projecto educacional. Endereçamos as nossas calorosas felicitações por esta realização ao Magnífico Reitor, ao corpo do-cente e discente bem assim a todo o pessoal técnico e adminis-trativo desta instituição aqui em Nampula, e em outros cantos da nossa Pátria Amada.

*****

Gostaríamos de reafirmar o entusiasmo, compromisso e prioridade que o nosso Governo confere à expansão e promoção de acções que visam a expansão de um ensino superior de crescente quali-dade, relevância e empregabilidade. Fazemo-lo porque estamos convencidos que o ensino superior deve ser parte da superação dos desafios que a luta contra a pobreza e pelo nosso desenvolvimento nos coloca do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo. Fazemo-lo

4Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de inauguração e de graduação da delegação da Universidade

Politécnica em Nampula. Nampula, 16 Abril de 2014.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

ainda, porque estamos determinados a garantir a formação de uma massa crítica de quadros impulsionadores de um desenvolvimento endógeno, sustentável e reflectido, liderado pelos seus primeiros e últimos beneficiários, o nosso Povo muito especial, o maravilhoso Povo Moçambicano.

Importa aqui sublinhar, perante os nossos graduados de hoje, a razão principal desta cerimónia, que frequentar o ensino superior é uma honra em duas vertentes.

Por um lado, é uma honra porque ainda é acessível a muitos poucos compatriotas nossos, não tanto por razões materiais e financeiras, na medida em que as nossas políticas de educação têm garantido que o ensino superior, do ponto de vista material, não seja um pri-vilégio de poucos. A razão de serem poucos que ao ensino superior têm acesso deve-se ao facto de o seu crescimento não poder ser ao ritmo das nossas necessidades e da demanda nacional.

Como é do domínio público, temos estado a responder a este desa-fio de várias formas, tendo em vista aumentar e facilitar os ingres-sos. Os resultados são encorajadores. Por exemplo:

passámos de 16 instituições de ensino superior, em 2004, a maior parte das quais instaladas apenas na cidade de Mapu-to, para 46 este ano, um número que inclui 28 instituições privadas;

o número de estudantes subiu de 20 mil, em 2004, para mais de 120 mil, oito anos depois;

registámos, ainda, o aumento substancial do número de do-centes, de 112, em 2004, para mais de 1100, em 2012.

Para além disso, muito recentemente, aprovamos a estratégia de financiamento ao ensino superior. Esta estratégia providenciará a oportunidade de acesso a muitos mais moçambicanos e, sobre-tudo, providenciará orçamento às instituições de ensino superior com base no seu desempenho.

Passemos agora à segunda vertente que também explica porque frequentar o ensino superior é uma honra.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Nesta vertente, frequentar o ensino superior é uma honra que de-safia os graduados a tornarem útil o conhecimento científico que adquiriram no campus. Um graduado universitário como cada um de vós, minhas senhoras e meus senhores, deve, por definição, ter espírito aberto, o que o torna terreno fértil, transformando-o no solo onde a curiosidade germina e, regada pelos nutrientes ricos da razão crítica, desabrocha, cresce e se torna conhecimento útil.

Tornar o conhecimento útil para a sociedade exige do graduado, como cada um de vós, mais do que a exibição de cidadania, exige sentido patriótico cada vez mais apurado. Na verdade, um cidadão patriota:

é aquele que acredita na viabilidade da comunidade de destino que somos;

é aquele que honra a História que o fez;

é aquele que aceita os valores consagrados na nossa Constituição como um imperativo categórico que nos im-põe deveres indeclináveis;

é aquele que vê tudo quanto faz no seu dia-a-dia como mais uma pedra que, ao lado de outras, que outros milhões de braços de compatriotas seus juntam, fazem crescer a nossa Pátria Amada e projectá-la, cada vez mais firmemente, no concerto das nações.

Por isso, é importante que, como graduados, reconheçam, por um lado, que foi uma honra, ainda de poucos, frequentarem este nível de ensino. Por outro lado, é importante que aceitem que frequen-tar o ensino superior é uma honra que desafia os ainda poucos gra-duados a tornarem útil o conhecimento científico que adquiriram no campus, sendo neste contexto, grande a expectativa de muitos sobre o que os graduados, que aqui prestaram juramento, vão fa-zer com a sua formação.

Reconhecer isto, caros graduados, é estabelecer um compromisso patriótico com a comunidade de destino da qual cada um de vós é membro, esta Pátria de Heróis, esta pátria bela dos que ousaram lutar.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

É esta vasta e complexa gama de teias de compromissos que re-forçam o nosso vínculo individual e colectivo com a nossa Pátria Amada, a sua História, o seu presente e futuro.

Quem sai da universidade com este profundo sentido de de-ver sai do campus melhor cidadão patriota, pois, esse é um indivíduo de mente aberta e disposto a fazer a sua parte na superação dos desafios da sociedade.

Quem sai da universidade com espírito aberto transpõe os seus portões ciente das responsabilidades que o conheci-mento científico representa. Caminha, em direcção à so-ciedade, orgulhoso de que o conhecimento que acumulou durante a sua formação não serve:

o para formular desculpas;

o justificar a atitude de mão estendida; ou

o para procurar em outros cidadãos, e não em si, a ra-zão e a solução para os seus problemas, para os desa-fios de toda a nossa Nação.

Quem sai da universidade munido deste forte sentido de responsabilidade crítica despede-se dos seus docentes equi-pado intelectualmente para interpelar a acção governativa de forma constructiva e, assim, fazer justiça ao ensino su-perior, colocando-o ao serviço duma melhor relação com a Nação Moçambicana.

Quem sai da universidade dotado da capacidade de colocar o ensino superior ao serviço da Nação Moçambicana não diz adeus aos seus docentes, porque torna-se num processador activo do conhecimento:

o um cidadão patriota que assume o conhecimento científico como um produto inacabado e que, por isso, não tem uma relação de servidão com esse co-nhecimento científico mas assume-se como alguém

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

soberano, capaz de envolver o que aprendeu num diálogo constante em prol do bem-estar da nossa Pá-tria Amada e do resto da Humanidade.

Um outro desafio que se coloca a quem sai da universidade é o de evitar a falsa clareza, isto é, um exercício deliberado que consiste na deformação da verdade. Mais do que isso, consiste na redu-ção de ideias complexas a fórmulas simplistas, como por exemplo, quando olhamos para a questão da expansão da energia eléctri-ca sentenciarmos e de forma demagógica: “Cahora Bassa não é nossa”, sem antes elevarmos o espírito de busca da verdade, de procura e rebate dos factos, para que quando a conclusão vier, seja no mínimo sustentada por factos e pelo rigor que a ciência cultivou em cada um de vós. É vosso desafio não se transformarem em simples caixas-de-ressonância, mas, isso sim, transformadores reflexivos dessas constatações.

Repetimos, é fundamental procurar as causas e, se se mostrar ne-cessário, as causas das causas para melhor compreenderem os fe-nómenos que se nos apresentam e trazer respostas para ilumina-rem a sociedade.

*****

Quando iniciaram a frequência dos cursos, o fenómeno de qua-lidade colocava-se em termos de infra-estruturas e dos equi-pamentos, incluindo as salas de aula e de computadores, apetrechamento de biblioteca e dos laboratórios e, sobretudo, em termos de experiência dos docentes. Porém, o fenómeno da qua-lidade recai hoje sobre o perfil e sobre as competências que cada um de vós terá conseguido aprimorar e incorporar, ao longo da formação para responderem às expectativas que a vossa graduação cria. As respostas de terem ou não atingido a qualidade desejável reside agora na vossa capacidade de, ao transporem os portões da academia tudo fazerem para conquistarem o mercado laboral ou para empreenderem numa jornada de auto-emprego e de geração de postos de trabalho para outros cidadãos.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Quer numa opção, quer noutra, recai agora sobre cada um de vós a responsabilidade de publicitar, através de acções concretas a qualidade e a imagem desta instituição de ensino superior.

Esta é uma responsabilidade para a vida!

A sociedade, que vos aguarda ansiosamente, quando transporem os portões desta instituição de ensino superior vai testar-vos todos os dias para se certificar que cumprem zelosamente com essa vossa responsabilidade para a vida.

Boa sorte para cada um de vós, caros graduados. Muitos sucessos na vida para todos vós caros graduados.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Universidade Moçambicana:

Formando com propósitos concretos e relevantes para o nosso Povo5

Estamos deveras emocionados por testemunhar a graduação dos primeiros médicos formados pela UNILÚRIO, em prontidão para da-rem a sua contribuição na luta contra a doença, uma das facetas da pobreza em Moçambique.

Felizmente, a ligação contínua com as famílias que o currículo des-ta instituição vos proporcionou preparou-vos já para as expecta-tivas e para o ambiente que vos esperam quando, de canudo na mão, transpuserem os portões desta instituição de ensino superior. Por isso, desejamos-vos muita força, muita entrega e muito empe-nho na realização do vosso juramento.

Esta mensagem é extensiva aos graduados de outras áreas do saber que hoje receberam os documentos que certificam o conhecimento aqui adquirido. O nosso Povo por vós espera, como cidadãos com soluções para os desafios que a luta contra a pobreza lhe impõe.

*****

Desde os primórdios do nosso processo de libertação, assumimos que o ensino em Moçambique deve ter como seu propósito primei-ro servir a nossa agenda, em cada etapa do nosso desenvolvimento e a nossa visão de um Moçambique unido, próspero e sempre em paz e com crescente prestígio no concerto das nações. Por isso, a relação entre factos e ideias torna-se relevante nesta missão.

5Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de graduação da Unilúrio. Nampula, 19 de Agosto de 2014.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Estar na posse de factos é muito importante para o estudante mas não deve ser a sua meta. Mais importante do que isso é saber o que fazer com esses factos. A formação só fica completa quando, para além da simples acumulação de factos, cria as condições para a valorização das ideias através de debate, cujo novos factos são descobertos e novas avenidas do conhecimento são susceptíveis de serem vislumbradas. A combinação entre factos e ideias torna a nossa universidade mais relevante para a nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza e pelo nosso bem-estar, e para a visão que expusemos acima. Por isso, a formação, especialmente a este ní-vel, deve ter o potencial de criar no estudante a sensibilidade para a combinação de factos e ideias. Ter sensibilidade para a combina-ção de factos e ideias é ter a capacidade de aprender, desaprender e voltar a aprender.

O ensino é fundamentalmente isso: a capacidade de aprender cons-tantemente. Todavia, é justamente neste ponto que se levanta um problema particularmente pertinente para países como o nosso.

O ensino superior, na forma como é praticado no mundo, é um produto importado. Ele vem de outras terras. Ele atravessa as nos-sas fronteiras e chega até nós geralmente, na forma de factos ou daquilo que chamamos de conhecimento, dum modo geral. Esses factos foram gerados dentro de contextos de pesquisa e discussão intelectual que se apoiaram em ferramentas conceituais e teóricas de ambientes sociais, culturais, políticos e económicos específicos. As ideias que os investigadores combinaram com factos surgiram da aplicação dessas ferramentas. Portanto, o produto importado que alimenta o nosso ensino superior é, em grande medida, uma resposta local a problemas locais. Esse produto importado resulta ainda da atenção prestada à inserção local, à reflexão vernácula e à experiência própria.

Essa não é, necessariamente, a resposta universal a problemas uni-versais como muitas vezes esse conhecimento se faz passar. Por isso, quando esse produto chega até nós, ele coloca-nos um de-safio: o desafio de sua domesticação. Domesticar o conhecimento

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

significa tornar esse conhecimento relevante para os nossos pro-blemas, tarefa para a qual precisamos de ter sensibilidade em re-lação à combinação de factos e ideias.

O desafio da aprendizagem perene surge justamente neste ponto.

Domesticar o conhecimento significa adaptar as ferramentas con-ceituais e teóricas na origem do produto importado às nossas con-dições e circunstâncias. Significa estarmos preparados para ir para além do óbvio, estarmos dispostos a problematizar o que até então tomávamos por adquirido. Ao fazermos isso estaremos a aprender. Muitas vezes somos insensíveis a este desafio porque construímos oposições de pouca utilidade para a nossa própria evolução inte-lectual. Construímos uma oposição entre “conhecimento científi-co”, por um lado, e “conhecimento tradicional”, por outro lado, um assunto que abordámos neste campus, em Outubro de 2012.

Ao enveredarmos por esta visão dicotómica, redutora do conheci-mento, corremos o risco de rejeitar, sem reflexão, o que é “tradi-cional” e de aceitar, também irreflectidamente, o que é “científi-co”.

Peguemos alguns exemplos da área da medicina. Devido aos im-pressionantes avanços feitos pela bio-medicina, apoiada num forte aparato tecnológico e terapêutico, temos a tendência de partir do princípio de que outros conhecimentos e outras formas de saber não têm mais que fazer parte do nosso equipamento intelectual. Esquecemo-nos que crescemos fortes e saudáveis, muitas vezes, porque recebemos os cuidados de saúde das nossas mães ou avós, cuidados esses baseados num conhecimento firme e soberano de plantas medicinais e suas qualidades terapêuticas. Foi aqui onde a UNILÚRIO soube dar um importante passo, através do seu pioneiro e exemplar Projecto de Extensão Universitária, incluindo o Progra-ma “Um Estudante, uma Família”. Foi assim possível criar uma pla-taforma para a interacção entre estes dois tipos de conhecimento e apreciar a sua relevância na vida de muitos moçambicanos.

Não nos podemos esquecer das gerações sucessivas de moçambi-canos que viveram e procriaram-se graças ao conhecimento tradi-cional.

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Mesmo nos dias que correm, e apesar de todos os avanços feitos na área da extensão da rede sanitária, uma parte considerável do nosso Povo continua dependente dos cuidados que lhe são disponi-bilizados pelo conhecimento tradicional, um conhecimento que é, na verdade, parceiro do conhecimento científico, não o seu opos-to. Colocar estes conhecimentos em oposição, um com o outro, cria uma situação em que se perverte o conhecimento científico, uma situação em que o ensino superior deixa de ser ciência no sentido de reflexão, aprofundamento e produção de mais conhe-cimento para ser simplesmente algo que consumimos como, aliás, o fazemos com os outros produtos tecnológicos que cada vez mais conquistam o nosso quotidiano. Por exemplo,

falamos ao telefone, mas não o produzimos; e

postamos no Facebook, mas não produzimos nem o compu-tador nem o programa que nos permite passar uma parte significativa do nosso quotidiano em discussões online.

Por outro lado, a falta de auto-estima leva-nos a valorizarmos mais os produtos que importamos, mais caros portanto, do que aqueles que produzimos ou a partir dos quais podemos evoluir para a mo-dernidade. Por isso, a nossa música, culinária, produtos de beleza e outros consumíveis definem-se pela excepção nas nossas casas, salões de beleza, hotéis e aeronaves.

Temos, ainda, que galgar essa montanha de preconceitos e comple-xos, uma montanha talvez mais alta que os Montes Namúli, muito relevantes na tradição macua, para darmos expressão e conteúdo ao Made in Mozambique.

A ambição de dar expressão e conteúdo ao Made in Mozambique, deveria definir o nosso graduado do ensino superior. Essa ambição deveria consistir no desiderato de irmos para além do que apren-demos, de forçarmos as ferramentas conceituais e teóricas a se enraizarem na nossa vida, cosmogonia, descobertas, artes, outros saberes, desafios e aspirações.

Serão muitos os trabalhos de graduação em Economia que se debruçam sobre a racionalidade do vendedor de merca-

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do (formal ou informal), como ele calcula os riscos do seu negócio, desde a aquisição, sem crédito, de produtos, pas-sando pela sua venda em pequenas quantidades para clien-tes sem liquidez e que muitas vezes compram fiado até aos riscos da insegurança? Não terão trabalhos dessa natureza maior potencial não só de entendimento dos verdadeiros desafios que a nossa economia enfrenta, mas também de domesticação deste conhecimento e de evolução a partir do que é endógeno?

Serão muitos os trabalhos de arquitectura que analisam a lógica por detrás da construção da casa de adobe em cer-tos ambientes ecológicos e procuram dela extrair elementos úteis para a modernização, tendo essa tradição como ponto de partida?

Serão muitos os trabalhos de fim de curso em Direito que aprofundam o conhecimento que devemos ter sobre a Apwiyamwene e o seu papel na resolução de problemas da comunidade e na preservação da tradição, para tornar esse conhecimento útil para a jurisprudência nacional, não nos contentando apenas com a tradução desta figura para Rai-nha?

Serão muitos os trabalhos de fim de curso em Medicina que olham para a forma como em muitas das nossas línguas di-zemos que “sentimos um certo órgão” ou “temos um certo órgão” quando queremos dizer que temos dor de cabeça, de estômago, da vista, de dente, etc. e descortinar, dessa maneira, novas avenidas de conhecimento?

Mesmo aquilo que nós chamamos de feitiçaria ou curandeirismo merece a atenção duma postura intelectual honesta e íntegra, li-vre de respostas estereotipadas, pois, só podemos rejeitar aquilo que entendemos, de facto. Quantos graduados das nossas universi-dades continuam reféns do medo daquilo que não entendem?

Tudo isto é, em parte, resultado dum ensino superior que, inadver-tidamente, não faz dos seus estudantes e docentes produtores do

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conhecimento. O desafio é, pois, a valorização da mudança de ati-tude na nossa relação com este produto importado. Precisamos de encarar a formação superior como um processo perene de apren-dizagem. Uma aprendizagem que transforma o conhecimento num momento de diálogo com a nossa realidade, condição indispensá-vel de aquisição dum conhecimento que realmente transforma e traz o progresso para o nosso Moçambique.

O ensino superior não nos coloca perante a opção de perdermos a nossa identidade, abandonando, por exemplo, a sabedoria milenar do nosso povo, e abraçarmos a identidade dos outros transforman-do-nos em produtos piratas, proclamando “eu já não sou eu!” Essa opção só é real para quem ainda não entendeu a essência do ensi-no superior. Quem entende essa essência abraça o conhecimento científico com soberania, domestica as suas ferramentas para pro-duzir comunicações que enriquecem o conhecimento nacional e universal e contribui para a sua universidade:

anunciar descobertas científicas;

registar patentes, marcas e designs; e

produzir revistas com identidade própria que a projectem no firmamento académico nacional e internacional.

Quem entende essa essência do ensino superior, torna-se fiel ser-vidor do nosso Povo. Por isso, uma formação com um propósito como este não é apenas um mecanismo que nos permite escapar da pobreza: é também um poderoso meio para lutarmos contra este flagelo.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Universidade Moçambicana:

Local onde os saberes de muitos se cruzam com os saberes de poucos e se enriquecem mutuamente em

prol da Nação6

É para nós motivo de grande júbilo presidir esta cerimónia que lança mais um ladrilho nas alamedas da consolidação do ensino superior em Moçambique, tendo em vista garantir a sua crescente eficácia, equilíbrio e sustentabilidade. A construção, reabilitação e equipamento de infra-estruturas educacionais e de gestão universitária, como no caso presente, apresentam-se como fundamentais neste exercício. Felicitamos, pois:

a Reitoria;

os docentes;

os pesquisadores;

os discentes;

os técnicos e o pessoal administrativo; bem assim

os colaboradores da Universidade Eduardo Mondlane por es-tarem a receber este edifício, imponente, majestoso, fun-cional e de uma inestimável beleza arquitectónica.

Temos plena certeza de que saberão valorizar esta conquista, au-mentando a vossa produtividade e melhorando, mais ainda, a qua-lidade de gestão e de direcção desta instituição de ensino superior.

6Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de inauguração da Reitoria da Universidade Eduardo Mondla-

ne. Maputo, 9 de Setembro de 2013.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Que a brisa do Índico traga consigo muito mais inspiração e ideias inovadoras com o condão de impulsionar, também a partir destas instalações, a contínua transformação do nosso Moçambique nessa pérola de prosperidade que juntos estamos a construir. Fazendo a vossa parte na transformação da nossa Pátria Amada, sempre para o melhor, será também uma das formas de valorizarem o nome do patrono desta universidade: O Presidente Eduardo Chivambo Mondlane, o arquitecto da Unidade Nacional.

*****

A academia é, por excelência, o local de produção de conhecimen-to e de ideias inovadoras que impulsionam, informam e enformam o desenvolvimento social e económico em Moçambique e no resto do Mundo. As condições de trabalho como as que hoje são coloca-das ao serviço desta instituição de ensino superior contribuem para o alcance desse desiderato.

A nossa bela pátria é uma terra venturosa e abençoada pela abun-dância de recursos naturais que entram hoje na nossa matriz de crescimento económico que, graças a sectores como agricultura, transportes e comunicações, energia, turismo e serviços, tem-se situado numa média anual de 7%, há mais de uma década e meia. Para que estes recursos tenham um crescente impacto na econo-mia nacional, devemos continuar a investir num dos mais preciosos recursos renováveis de que dispomos: os homens e mulheres que a nossa Pátria Amada gerou.

A Universidade Moçambicana tem um papel fundamental a desem-penhar para a superação deste desafio. Não se trata apenas de formar técnicos para a área de gestão dos recursos naturais, mas também sobre como a produção destes recursos minerais intera-ge com a dos outros sectores da nossa economia e como cada um destes sectores aposta no processamento, um factor indutor da industrialização. Trata-se, igualmente, de continuar a incutir, ao longo desse processo de formação, de uma mentalidade informada pela auto-estima e pelo imperativo de trabalho em equipe. Neste contexto, transformar mentalidades tem em vista levar os nossos estudantes a acreditarem que será com a sua valiosa contribuição

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que continuaremos a vencer a pobreza e a, um dia, fazê-la passar para a História.

Tem ainda em vista reforçar a prática da formação de equipas multi-disciplinares, integrando saberes e experiências das ciências exactas e sociais e humanidades, para reflectirem sobre os com-plexos desafios que nos são impostos por estas descobertas e pela sua integração na matriz de luta contra a pobreza, que até então era dinamizada por outros sectores da nossa economia. Trata-se de equipas que com base no seu conhecimento, melhor informado, estarão em condições de ajudar a Nação a encontrar as melhores soluções para superar esses desafios.

Transformar mentalidades tem também em vista despertar a au-to-estima dos nossos graduados para não se prepararem apenas para serem empregados, mas também para serem empregadores. É deste modo que se forjam empreendedores com autonomia, sempre comprometidos com a pátria, com a qualidade e com a au-to-superação. É deste modo que se formam, igualmente, quadros comprometidos com a produção e transformação do conhecimen-to científico em inovação empresarial, em qualidade académica e científica, em criatividade artística e cultural.

*****

Felicitamos a Universidade Eduardo Mondlane pela sua pronta res-posta aos desafios que nos são colocados pelas descobertas de re-cursos minerais, integrando a sua superação no quadro do que tem estado a fazer ao longo dos tempos. Na verdade, os programas de formação nas áreas das Geociências e da Engenheira de Petróleos, da Gestão dos Recursos Naturais, do Uso da Terra e dos Estudos In-tegrados na área do Ambiente vão produzir conhecimento especia-lizado relevante a estes novos desafios. São também exemplos lou-váveis desta resposta a estes desafios, a criação de condições para a formação ao nível de pós-graduação, Mestrado e Doutoramento, em mais cursos.

Na realização destes seus programas de formação, importa que, no quotidiano, a comunidade académica desta universidade, nos recorde do sonho do seu patrono, através de obras inovadoras. Ins-pirados pelo seu altruísmo, continuarão a cristalizar este campus

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como um dos vasos comunicantes entre o conhecimento científico e o conhecimento milenar do nosso Povo, o conhecimento que o nosso Povo produziu e reproduziu em momentos e lugares em que não havia Universidade em carteira. Nesta interação, estas duas formas de conhecimento complementam-se e enriquecem-se mu-tuamente, pois, criam-se as condições institucionais para colocar o que é sabido há muito tempo, por muitos moçambicanos, num convívio salutar com o que é sabido por poucos moçambicanos, há pouco tempo, graças à entrega e visão de homens de fibra como o Doutor Eduardo Chivambo Mondlane.

Moldados no espírito combativo do arquitecto da Unidade Nacio-nal, continuem a conferir à pesquisa, inovação e extensão, bem como à expansão universitária a outros espaços geográficos da Na-ção Moçambicana, o papel de habilitação de mais compatriotas nossos para se apropriarem, com crescente impacto e orgulho, do seu papel de protagonistas principais na luta contra a pobreza e de primeiros beneficiários das conquistas dessa luta.

Que, enfim, através do vosso trabalho e espírito empreendedor, continuem a elevar bem alto o nome do Doutor Eduardo Mondlane para patamares sublimes no firmamento académico nacional e in-ternacional.

Neste dia de festa e de celebração desta importante conquista, gostaríamos de endereçar palavras de apreço aos nossos parcei-ros de cooperação nacionais e internacionais, pelo apoio que têm prestado aos programas de formação do capital humano em Mo-çambique. Em particular, queremos inscrever a nossa mensagem de gratidão a todos aqueles que se dignaram a dar o seu inestimá-vel apoio para a construção desta infra-estrutura, o novo edifício da Reitoria da Universidade Eduardo Mondlane.

Com estas palavras, temos a honra de declarar oficialmente inau-gurado o novo edifício da Reitoria da Universidade Eduardo Mon-dlane.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Universidade Moçambicana:

Sua atenção na expansão e na promoção da qualidade no ensino7

Queremos endereçar-vos, Magnífico Reitor e Vice-Reitora da Uni-versidade Eduardo Mondlane, as nossas felicitações pela confiança em vós depositada para exercerem as funções para as quais aca-bam de prestar juramento público. Reafirmamos a nossa certeza de que, tal como nas funções que vos foram anteriormente con-fiadas, continuarão a usar do vosso discernimento, serenidade e maturidade política para colocarem os interesses do Estado e do nosso maravilhoso Povo no cume das vossas prioridades e atenção.

Para os vossos familiares e amigos vai o nosso apelo para que con-tinuem a prestar-vos o apoio necessário para o cumprimento, com êxito, destas vossas nobres responsabilidades. A vossa nomeação para estas importantes funções levanta expectativas, justas e pre-visíveis, que devem saber honrar através, em particular, do traba-lho abnegado e da aplicação dos princípios que orientam o ensino superior em Moçambique bem como daqueles princípios que ca-racterizam a boa governação, a Unidade Nacional, a democracia participativa, a inclusão e a cultura de paz.

*****

Hoje, orgulhamo-nos da expansão da Universidade Eduardo Mon-dlane para muitos mais pontos desta Pérola do Índico colocando, desta maneira, o ensino superior mais perto do moçambicano, sempre sedento de mais conhecimento para melhorar a sua vida. Este processo deve prosseguir em resposta a uma multiplicidade de factores, dos quais podemos destacar: 7Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de tomada de posse do Reitor e da Vice-Reitora da Universi-

dade Eduardo Mondlane. Maputo, 3 de Maio de 2011.

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a democratização do acesso à educação que temos vindo a impulsionar e a praticar desde 1962, e com maior realce ainda, desde a Independência Nacional;

podemos também destacar o advento da era da sociedade do conhecimento – a chamada nova economia;

podemos também destacar a expansão significativa da rede escolar nos níveis da educação primária, secundária e mé-dia; e

crescente consciência dos nossos compatriotas sobre a im-portância da formação de nível superior para o desenvolvi-mento social e económico das famílias e da Nação Moçam-bicana.

Por outro lado, importa que seja colocado no centro das atenções da Reitoria da Universidade Eduardo Mondlane a abordagem da qualidade vista numa perspectiva multidimensional. Quer dizer:

a qualidade da formação que é oferecida aos estudantes;

a qualidade do corpo docente que oferece essa formação;

a qualidade das condições em que essa formação é ofereci-da; e

a qualidade do resultado da pesquisa e extensão e, sobre-tudo, a relevância desses resultados na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza, uma agen-da que também é da Universidade Eduardo Mondlane.

O debate destas várias dimensões de qualidade, devem levar-vos a aferir, com objectividade, isenção e de forma regular sobre:

a empregabilidade dos graduados, quer dizer, o seu poten-cial para uma rápida adaptação ao mercado nas suas áreas de especialidade e a reacção do empregador;

o carácter empreendedor dos graduados, quer dizer, que não procuram apenas emprego, mas estão capacitados para eles próprios criarem oportunidades de emprego para si e

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

para outros cidadãos no ambiente cada vez mais competiti-vo do nosso mercado;

a capacidade dos graduados de acrescentarem valor no pro-cesso da transformação e produção de conhecimento para resolver problemas concretos da comunidade onde se en-contram inseridos.

Nestes resultados reside o valor e relevância da Universidade aos olhos do cidadão. A Universidade Eduardo Mondlane pode fazer mais e melhor por este cenário e imagem.Importa, igualmente, que a nova direcção continue a promover o diálogo e a encorajar a participação de todos, isto é, dos professores, pesquisadores, es-tudantes, trabalhadores e colaboradores, na identificação e supe-ração dos obstáculos que se colocam no caminho do crescimento e afirmação da Universidade Eduardo Mondlane no firmamento aca-démico e científico nacional, regional e internacional. Será neste ambiente, em que todos se sentem envolvidos e desafiados, que vão continuar a elevar a sua auto-estima para despertarem mais saberes e experiências para colocá-las ao serviço da Universidade, da academia moçambicana e de toda a Humanidade.

Queremos saudar e agradecer ao Professor Doutor Filipe Couto pela sua contribuição para a expansão territorial da Universidade Eduardo Mondlane e, para a promoção da extensão e pesquisa de qualidade. Deixa um importante legado que a nova direcção da Universidade Eduardo Mondlane deve saber valorizar.

A terminar convidamos a todos os presentes a acompanharem-nos num brinde:

à saúde e sucessos dos empossados;

à paz e progresso em toda a Nação Moçambicana;

à saúde de todos os presentes.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

A Universidade moçambicana:

Seu papel no desenvolvimento rural8

Permitam-nos que saudemos, antes de mais, os docentes, estudan-tes e pessoal administrativo do ISPU, bem como a todos os convi-dados a esta cerimónia de graduação. Felicitamos a todos vós por mais esta etapa concluída, neste processo educativo sem fim. Uma saudação especial vai para os que hoje se graduam.

Eles constituem os reforços com que o ISPU brinda a sociedade moçambicana. Eles são valiosos reforços para a linha da frente de combate contra a pobreza em Moçambique.

Não podemos deixar, a este propósito, de sublinhar uma coincidên-cia feliz.

Esta cerimónia de desdobramento de homens e mulheres para esta frente de combate, coincide com a semana das celebrações do dia 25 de Setembro, data em que desencadeamos a nossa Luta Arma-da, contra a dominação estrangeira.

A cerimónia de atribuição de diplomas que acabamos de testemu-nhar, constitui, para todos nós, motivo de satisfação por várias razões. Primeiro, esta cerimónia celebra o fim de uma longa cami-nhada dos estudantes que se entregaram, com afinco e dedicação, ao trabalho de pesquisa, de debate e de sistematização de saberes enunciados nas matérias curriculares e extra curriculares.

Neste momento de festa e de euforia, estes graduandos recordam-se, certamente, das longas noites de insónias, das indescritíveis apreensões e das inúmeras privações porque passaram. 8Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da 7ª Cerimónia de Graduação no Instituto Superior Politécnico

e Universitário. Maputo, 23 de Setembro de 2005.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Para todos eles ficou claro que os resultados positivos derivam da entrega e abnegação, da perseverança, disciplina, auto-estima e, sobretudo, da vontade de vencer. O sucesso nunca é obra do acaso.

Esperamos que transportem estes ensinamentos para a nova vida que hoje começa. Transposto o campus do ISPU descobrirão que também no quotidiano da nossa sociedade, o trabalho árduo, a entrega e o sacrifício são fundamentais para o alcance dos nossos propósitos.

Descobrirão que na nossa sociedade o sucesso num empreendimen-to também não é obra do acaso.

Em segundo lugar, este momento é, igualmente, de orgulho para os docentes. Eles vêem aqueles que ajudaram a crescer e a afir-marem-se, a serem reconhecidos como técnicos, prontos para dar uma maior contribuição para o desenvolvimento da nossa Pátria Amada. Os momentos de realização de sonhos são, por definição, momentos cheios de muita emoção.

Por isso, é justo que os senhores professores partilhem estes mo-mentos com os seus estudantes.

Ao saudarmos a todos vós, caros docentes, pelo êxito nesta ca-minhada, queremos exortar-vos a continuarem na senda de uma formação constante, particularmente através da pesquisa e do debate de ideias. Na verdade, a pesquisa, o debate de ideias e a publicação dos resultados da pesquisa ajudam a configurar um professor universitário.

Em terceiro lugar, os pais e encarregados de educação também têm motivos fortes para celebrar.

Eles são parte integrante do sucesso dos seus educandos, hoje em festa. Como os seus educandos, eles consentiram sacrifícios. Como os seus educandos, eles ofuscaram outras prioridades na vida para que este dia de hoje se tornasse realidade.

Em quarto lugar, esta cerimónia de atribuição de diplomas coincide com a celebração do décimo aniversário do ISPU. Ela sublinha o esforço que vem sendo empreendido por esta instituição na conso-lidação do seu projecto educacional.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

É um projecto que não se reduz apenas à transmissão de conheci-mentos técnico-científicos mas, e sobretudo, é dedicado à forma-ção do Homem na sua plenitude.

Ao longo destes dez anos, o ISPU tem se afirmado como uma ins-tituição de ensino superior dinâmica, criativa, inovativa e sempre à busca de parcerias. Quer aqui em Maputo, quer em Quelimane, esta instituição do ensino superior tem dado uma grande contri-buição na formação de técnicos especializados nas várias áreas do saber. Apraz-nos sublinhar, igualmente, a sua aposta na inter-venção junto à comunidade, por via das actividades de extensão universitária e da pesquisa aplicada.

O conhecimento e a verdade, minhas senhoras e meus senhores, têm uma relação muito especial com a universidade. Por conheci-mento entendemos o conjunto de saberes, habilidades e experiên-cias necessários à reprodução de uma sociedade. Nós chegamos ao conhecimento através da aplicação de certos métodos. Sem querermos entrar no debate que opõe ainda os especialistas da matéria, gostaríamos de definir a verdade simplesmente como o resultado da correcta aplicação do método para a produção dum conhecimento válido.

Na universidade, o conhecimento e a verdade, através da cultura científica, entrelaçam-se e dão significado e substância ao que do-centes, pesquisadores e estudantes fazem no seu dia a dia. O co-nhecimento e a verdade são alguns dos fundamentos mais sólidos que uma sociedade pode ter. À universidade cabe a nobre tarefa de reclamar para si a transformação e sistematização do conhecimen-to em recurso, nos esforços da nossa sociedade rumo ao progresso.

A universidade só pode fazer justiça a essa vocação se no momento de reflectir criticamente sobre o conhecimento ela se comprome-ter com a verdade.

Por isso, reconhecemos um mérito muito especial no facto de cada universidade inscrever a procura da verdade na sua bandeira:

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

procura-se a verdade, privilegiando a reflexão metodológica e sistemática sobre a produção do conhecimento;

procura-se a verdade, resistindo à tentação de aceitar tudo quanto parece evidente;

procura-se a verdade reconhecendo como, aliás, reconheceu Sócrates, o filósofo grego, que só sabemos que nada sabemos.

Os grandes avanços e descobertas feitos pela ciência ao longo dos anos, não se devem ao esforço dos que estão amarrados à ideia de que eles são os detentores da verdade. A ciência desenvolveu-se:

graças à curiosidade;

em resultado do empenho dos que foram suficientemente humildes para reconhecer que nada sabiam;

graças à coragem dos homens e mulheres que sempre acreditaram que havia outras e mais viáveis soluções aos desafios que se colocavam à sociedade do seu tempo;

enfim, ela desenvolveu-se em consequência da determinação dos homens e mulheres que souberam transformar e sistematizar o saber milenar da sociedade e, através desse conhecimento, levá-la a dar o próximo passo na sua evolução.

Por esta razão, gostaríamos de sugerir que é na universidade onde o conhecimento é sistematizado, transformado, disseminado e tor-nado mais útil. É na universidade onde se discutem os critérios de validade do conhecimento que produzimos e, por essa via, con-tribui-se para a formação de cidadãos humildes, responsáveis e íntegros. O compromisso com a verdade é justamente isso: é o compromisso com a sociedade em que vivemos, é uma reacção responsável e íntegra ao meio em que vivemos.

Afloramos este debate como uma das formas de reiterar o nosso compromisso com a ciência e a tecnologia. O nosso Governo de-dica atenção especial à consolidação e ao crescimento do Ensino Superior em Moçambique por estar ciente do seu papel fundamen-

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

tal para induzir e orientar o sentido e a cadência da mudança de comportamento e de atitude dos moçambicanos.

Dizemos repetidamente que queremos fazer recuar a pobreza. Para esta batalha queremos contar com o concurso da universidade.

Temos certeza que ela pode participar nesta Agenda Nacional:

partindo do seu compromisso com o método;

através da articulação do conhecimento que produz;

por meio dos quadros que forma; e

através de uma maior interligação do Ensino Superior com a sociedade.

Há, naturalmente, muito mais ainda que a universidade pode fazer em prol do nosso desenvolvimento.

Ela pode e deve formar quadros de referência que sirvam de exemplo de que a nossa juventude está sedenta;

a nossa juventude precisa de exemplos de patriotas, de defensores e promotores da Unidade Nacional e da moçambicanidade, de empreendedores, homens e mulheres humildes e dispostos a colocar o seu talento, saber e experiência ao serviço da nossa Agenda Nacional.

A universidade tem a responsabilidade de produzir e reproduzir estas referências nacionais;

a universidade tem a responsabilidade de proceder à recolha e sistematização dos saberes endógenos, como contribuição ao reforço da nossa própria identidade, auto-estima, história e cultura e como linha de orientação para uma aplicação mais produtiva dos saberes que nos chegam de outros quadrantes;

a universidade tem a responsabilidade de recolher e disseminar experiências bem sucedidas, no combate contra a pobreza em Moçambique.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

A recente sessão alargada do Conselho de Ministros colocou acen-to tónico na participação da universidade no desenvolvimento ru-ral. Por isso, durante as nossas visitas aos distritos, gostaríamos de dialogar com os jovens que estão a interagir com as instituições locais para confrontar as teorias que aprendem no campus com as dinâmicas da vida real, no âmbito da sua formação. Gostaría-mos, igualmente, de trocar impressões com graduados colocados em distritos, procurando aplicar as conclusões a que chegaram nas suas teses académicas, formuladas no campus.

Este é um desafio que o Governo lança às universidades. Este é um desafio muito bem ao seu alcance.

*****

A conclusão deste grau confere-vos uma responsabilidade adicio-nal. Saibam, em primeiro lugar, que têm o nome do ISPU e dos vossos docentes por defender, no vosso relacionamento com outros técnicos e instituições e com a própria ciência. Saibam que em vosso redor foi criada uma expectativa justificada sobre o vosso desempenho futuro.

Esperamos, pois, que com a mesma coragem e determinação que demonstraram ao longo da vossa formação saibam colocar os co-nhecimento adquiridos na identificação de soluções que contri-buam para o combate contra a pobreza em Moçambique.

Com o dinamismo, empenho e entrega total participem no com-bate aos obstáculos que insistem em querer dificultar e frustrar a nossa marcha.

Contamos convosco.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

A universidade e o sector produtivo:

Uma ligação que se impõe reforçar, aprimorar e diversificar9

Este é um momento de muita emoção e alegria, para os cerca de mil graduados que a Universidade Eduardo Mondlane põe, este ano, à disposição da sociedade moçambicana. É, igualmente, um mo-mento de muita alegria e emoção para os seus pais, encarregados de educação, familiares e amigos. Acima de tudo, é um momento de júbilo e de realização pessoal dos docentes e dos funcionários da Universidade Eduardo Mondlane que também são obreiros desta alegria estampada nos rostos dos participantes nesta cerimónia. A Nação Moçambicana agradece a todos vós por se terem empenhado para que com esta graduação implantássemos mais um marco da nossa vitória na luta contra a pobreza.

*****

Na nossa governação, apregoamos que a ligação entre as univer-sidades e o sector produtivo impõe-se no quotidiano e que, por isso, deve ser continuamente reforçada, aprimorada e diversifica-da. Será no assumir deste papel que as nossas universidades serão:

valorizadas como centros de produção de um saber, rele-vante; e

melhor integradas na Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

Sobretudo, esta será uma das formas mais visíveis destas institui-ções de ensino valorizarem os investimentos públicos e privados que são realizados. A aliança entre as universidades e o sector pro-dutivo revela-se mais pertinente ainda se tivermos em conta que a

9Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de graduação na Universidade Eduardo Mondlane. Maputo, 29

de Novembro de 2007.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

nossa Pátria Amada encontra-se no limiar do seu desenvolvimento social e económico. Promovendo e sustentando esta ligação com o sector produtivo, as universidades podem contribuir para acelerar-mos o passo na luta contra a pobreza que ainda flagela, de forma aguda, cerca de 10 milhões dos nossos compatriotas.

Há várias formas de promover esta ligação mas vamo-nos referir a apenas duas, nomeadamente, a ligação com o sector produtivo e a presença física das nossas universidades nos distritos, as uni-dades administrativas onde essa pobreza se faz sentir com maior acuidade.

Comecemos pela primeira forma. As nossas universidades devem aumentar as oportunidades de contacto entre os estudantes e a realidade em que vão ser chamados a intervir e a alterar, finda a sua formação. Este tipo de contacto com essa realidade ganhará maior frequência se apostarmos num ensino superior virado para a solução de problemas da vida real. Neste quadro, os estudantes são levados a identificar determinado problema que afecta deter-minado sector produtivo. Poderíamos dar como exemplo de alguns desses problemas, o incumprimento de decisões, as queimadas descontroladas, as doenças endémicas e os acidentes de viação.

Individual e colectivamente, e usando os seus conhecimentos cien-tíficos e com os seus docentes como facilitadores, os estudantes são então desafiados a estudar as soluções dos problemas identifi-cados e avançar para a sua aplicação em diálogo com o sector pro-dutivo para este também interiorizar e apropriar-se das soluções propostas. Seguir-se-ia a fase de monitoria e avaliação na apli-cação dessas soluções, processos que podem inspirar as próximas pesquisas. Muitas vezes uma solução, que é um ponto de chegada, pode, igualmente, ser um ponto de partida para novos desafios. A solução de um problema, como deve ser experiência de muitos nesta audiência, pode gerar novos problemas que importa resolver.

O que dissemos acima também se aplicaria, com maior frequência, aos estágios curriculares, às actividades durante as férias escolares e aos resultados da pesquisa que os estudantes vão apresentan-do ao longo da sua formação. Também se aplicaria aos trabalhos de final de curso, cursos que as nossas universidades continuam a aumentar e a diversificar. A outra forma de ligação com o sector produtivo passa pela criação de condições para que as universida-

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

des tenham alguma presença nos distritos. Esta presença pode ser feita através:

de cursos regulares de curta duração;

de acordos de assistência técnica aos distritos; e

através da implantação física.

Teríamos assim as universidades nos distritos contribuindo:

para o aumento da produção e da produtividade;

para a identificação e rentabilização dos recursos locais; e

para apoiar na melhor localização e sustentabilidade de em-preendimentos.

Olhando para o número de mais de duas dezenas de universidades que Moçambique já possui, estamos certos que as condições estão criadas para que cada um dos 128 distritos do nosso belo Moçambi-que se beneficie, de forma sistemática e directa, da contribuição das nossas universidades. Deixamos este desafio com o Ministério de Educação e Cultura. Reconhecemos e saudamos os passos já dados pelas nossas universidades na direcção que estamos a apre-goar. Por exemplo, temos a UEM envolvida:

na preparação de dicionários e gramáticas de línguas mo-çambicanas;

na busca de alternativas para um pão mais barato;

na produção de fogões de baixo consumo energético;

no apoio jurídico gratuito;

na produção de forragem para gado e ração para aves, a partir de plantas e sementes locais; e

na aplicação de técnicas locais de controle de pragas do sector familiar.

Por outro lado, os trabalhos de extensão ou pesquisa que, por exemplo, a Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras em Quelimane desenvolve em Nicoadala, Inhassuge, Ilha de Moçambi-que, Pebane, Angoche, Govuro e Xai-Xai, bem como a implantação

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

da Escola Superior de Desenvolvimento Rural de Vilanculo ilustram o tipo de presença física nos distritos em que as universidades deveriam apostar. Através destes e de muitos outros exemplos, a Universidade Eduardo Mondlane está a seguir os ensinamentos do seu Patrono e Arquitecto da Unidade Nacional. No seu tempo, o Dr. Eduardo Chivambo Mondlane usou os conhecimentos adquiridos na universidade para lutar contra o nosso inimigo de então: a domi-nação estrangeira. Hoje a comunidade desta universidade, usando os seus conhecimentos científicos está a participar na luta contra o nosso inimigo da actualidade: a pobreza, a agenda de todos os moçambicanos, homens e mulheres, no campo e na cidade, do Ro-vuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo.

*****

O sucesso que alcançaram nos vossos estudos universitários é hoje certificado pelo diploma que acabam de receber. Este diploma confere-vos responsabilidades acrescidas. Primeiro, porque carre-gam convosco o nome desta universidade, para a eternidade. Em segundo lugar, porque de vós se esperam soluções, pois, pela vossa formação, já não devem ficar apenas à espera de ordens dos vossos superiores hierárquicos. Por isso, a criatividade, o empreendedo-rismo, a perseverança e a humildade devem caracterizar cada um de vós, no quotidiano.

Na universidade, a avaliação era espaçada e poderiam apresentar desculpas para nela adiarem a vossa participação. Na sociedade a avaliação é diária e qualquer adiamento ou desculpa para nela não participarem só pode piorar a vossa classificação e perpetuar o sofrimento do nosso maravilhoso Povo. Fazemos votos para que no dia-a-dia o vosso desempenho seja sempre classificado de “muito bom”.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Universidade Nachingwea:

Inspirando-se e apropriando-se do nosso passado de glória como levedura para a formação de quadros

de valor10

Hoje é dia 11 de Setembro, um dia que entra na História da nossa Pátria Amada, gravada com letras de ouro, como a data em que nos reunimos, aqui na Machava, Município da Matola, Província de Maputo, para, solene e publicamente, testemunharmos o nasci-mento formal da Universidade Nachingwea, no ano das celebra-ções das Bodas de Prata da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional. O dia 11 de Setembro entra nas páginas da História de Moçambique, uma História para a qual Nachingwea, o emblemático Centro de Preparação Político-Militar da FRELIMO, contribuiu com factos indeléveis, na aurora do nosso soerguer como Nação e, nesse processo, este torrão do território da Repú-blica Unida da Tanzania deixou-se registar nessas belas páginas da nossa História, a História de um povo com auto-estima, valentia e determinação para realizar os seus sonhos.

Nachingwea é um nome que reverbera nas páginas da História da Luta de Libertação Nacional, um capítulo glorioso da História desta Pátria de Heróis. Aberto em Setembro de 1965, um ano depois da proclamação da Insurreição Geral Armada, numa herdade abando-nada por farmeiros ingleses, a Farm 17, o Centro de Preparação Político-Militar de Nachingwea viria a assumir um papel preponde-rante na nossa bem-sucedida saga independentista.

A Farm 17 situava-se num local inóspito, sem água. Sob a Direcção do Comandante do Centro, Samora Moisés Machel, transformámos

10Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de inauguração da Universidade Nachingwea. Matola, 11 de

Setembro de 2013.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

aquele local num espaço verdejante e agradável para lá se viver. Criando condições de retenção da água das chuvas, passámos a produzir hortícolas para abastecer o Centro e a ter água para ou-tras necessidades prementes. O Tanque 40 anos, construído para as celebrações do quadragésimo aniversário do Presidente Samora Machel, juntou-se a este nosso empenho na luta contra a pobreza, no contexto da cultura de trabalho que incutíamos em cada um dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional.

Foi a partir deste Centro que foram preparados homens e mulheres de valor, imbuídos de auto-estima, ética e firmeza ideológica, na-cionalistas dispostos a cumprir missões nobres que poderiam pas-sar pelo maior sacrifício que deles se poderia esperar: a entrega da sua preciosa vida pela causa nobre de um Povo. Foram ali pre-parados quadros e guerrilheiros que garantiram que gradual, mas sustentavelmente, fóssemos:

conquistando mais território das mãos da máquina colonial;

consolidando as Zonas Libertadas; e

criando condições para continuarmos:

o com o avanço da Luta e o crescimento da solidarie-dade internacional com a nossa causa; e

o com o aumento do pavor entre os colonos e a derro-cada gradual do sistema de administração colonial; bem como

o com o reforço da nossa inabalável certeza de que sairíamos vitoriosos nesta causa, uma causa justa,

um direito inalienável do nosso Povo muito especial, o maravilhoso Povo Moçambicano.

Desde a sua criação, Nachingwea desempenhou um papel de gran-de relevo na formação político-militar dos nacionalistas vindos do interior que, voluntária e entusiasticamente, engrossavam as filei-ras do nosso e seu movimento de libertação.

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Aos sábados, à noite, cantávamos e dançávamos diferentes reper-tórios do nosso rico património cultural e artístico, numa exibição do orgulho por aquilo que é nosso e num reiterado compromisso com a Unidade Nacional e a nossa comunhão de destino.

O futebol, importante componente da cultura física, também inte-grava as nossas actividades de formação integral dos nacionalistas.

Este Centro passou, igualmente, a ser o local onde os nossos qua-dros, regressados da formação em países amigos, impregnavam os conhecimentos aí adquiridos com os valores da moçambicanidade e com os fundamentos políticos e ideológicos da FRELIMO – quer di-zer, era em Nachingwea que o seu conhecimento era domesticado e integrado na matriz identitária da FRELIMO e do Povo Moçambi-cano, um Povo em luta pela sua liberdade e independência.

Em Nachingwea organizámos debates e estudos sobre a definição, natureza e objectivos do inimigo do Povo Moçambicano e sobre as estratégias a adoptar em cada uma das frentes de luta, em cumpri-mento das decisões saídas dos órgãos superiores da FRELIMO. Eram debates e estudos que orientavam e informavam as estratégias e tácticas que deveríamos adoptar, em resposta às constantes alte-rações das estratégias e tácticas do inimigo e às mudanças estru-turais no teatro das operações.

Em Nachingwea, combatíamos, com vigor e determinação, o triba-lismo, o regionalismo, o racismo e os complexos de inferioridade e de superioridade, bem como as tentativas de formulação de uma distinção estanque entre quadros militares e quadros políticos, pois, qualquer membro da nossa organização poderia assumir uma ou outra missão.

Naquele Centro também nos batíamos pela emancipação da mu-lher, integrando-a nos treinos também como instrutoras.

Apregoávamos e vibrávamos com a nossa cultura e artes, esteios da nossa identidade, como dissemos, onde a literatura também tinha espaço. Algumas das nossas publicações, como é o caso da

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revista 25 de Setembro, que eram difundidas para o interior e pelo resto do mundo, eram redigidas, compostas e impressas em Na-chingwea. O nosso lema na FRELIMO estudar, produzir e combater, encontrou em Nachingwea, como dissemos, um dos palcos da sua expressão e realização.

Neste torrão da República Unida da Tanzania, formámos os primei-ros quadros para a nossa Polícia, quadros que incluíam jovens re-crutados no interior do País, depois do 25 de Abril de 1974. A nossa Polícia, Polícia Moçambicana, seria criada a 17 de Maio de 1975 e viria a assumir um papel preponderante na garantia da ordem e tranquilidade públicas desde então.

Em Nachingwea, prosseguimos, igualmente, com a interacção com outros movimentos de libertação da África Austral e de outras re-giões do mundo.

Ali treinamos alguns guerrilheiros da ZANU que depois continuaram connosco na Frente de Tete, antes de iniciarem operações milita-res dentro do Zimbabwe.

Por isso, ao evocar hoje o nome de Nachingwea, estamos a evocar o Centro de onde saíram:

carismáticos dirigentes do nosso movimento de libertação;

grandes comandantes de guerrilha;

articulados comissários políticos;

disciplinados instrutores militares;

destemidos guerrilheiros; e

prolíficos artistas e escritores.

Numa palavra, Nachingwea foi o berço de nacionalistas:

ideologicamente claros da sua missão;

politicamente firmes para a realização dessa missão; e

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

militarmente treinados e preparados para uma luta popular prolongada que, durasse o tempo que durasse, iria triunfar.

Neste contexto, evocar Nachingwea:

é evocar uma das nossas forjas da Unidade Nacional e da consciência da comunhão de destino;

é evocar uma das forjas da nossa auto-estima e orgulho pelo nosso sistema de valores, História e feitos;

é evocar uma das forjas do nosso profundo sentido de pátria e de missão e da nossa solidariedade com outros Povos do mundo.

*****

A Universidade Nachingwea herda todo este património político concebido, desenvolvido e aprimorado ao longo da Luta de Liber-tação Nacional, cujas nervuras acabamos de enunciar.

Herda um nome de prestígio que reverbera na História desta Pátria de Heróis e no nosso quotidiano como cidadãos. Neste histórico dia 11 de Setembro, queremos deixar dois desafios com esta nova Universidade.

O primeiro desafio prende-se com a necessidade de esta instituição de ensino superior saber merecer o nome que passa a ostentar e o sistema de valores por detrás desse nome – quando na nossa socie-dade damos o nome de alguém a uma criança, o nosso desejo é que essa criança cresça e adopte o exemplo de vida do seu epónimo.

Ontem, ao Centro Político-Militar de Nachingwea coube a missão de incutir nos nacionalistas moçambicanos valores nobres que os internalizaram para acreditarem que deveriam ser eles, e mais ninguém, nem mesmo os nossos amigos, que iriam libertar Moçam-bique da dominação estrangeira e tudo fizeram para o fim vitorioso da nossa causa.

Cabe hoje à UNA a missão de se inspirar nesses valores nobres para formar técnica e cientificamente patriotas moçambicanas e

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moçambicanos que acreditam que só a nós, moçambicanos, cabe a honrosa missão de lutar e vencer a pobreza nesta Pátria de Heróis para construirmos o nosso bem-estar.

No centro destes valores, está a Unidade Nacional, a cultura de paz, o sentido de cidadania e de solidariedade, bem como o res-peito pela dignidade da pessoa humana e pelo Estado de Direito Democrático.

Ainda no contexto dos valores que a UNA herda, o nosso Povo deve sentir-se à-vontade no campus como à-vontade se devem sentir os docentes e discentes da UNA nas comunidades.

Deste modo, será possível promover a interação entre o conheci-mento científico e o conhecimento milenar do nosso maravilhoso Povo e, consequentemente, o inevitável e proveitoso enriqueci-mento mútuo.

Em particular, deve promover uma relação estreita com os Obrei-ros da nossa Nacionalidade, aqueles que transformaram uma sim-ples herdade agrícola, a Farm 17, num Centro de Preparação Polí-tico-Militar de grande craveira e projecção.

O segundo desafio que queremos deixar com a UNA tem a ver com a formação de profissionais em diferentes domínios do saber, com espírito empreendedor e patriótico, capazes de responder, acti-va e criativamente, aos obstáculos que a pobreza nos coloca na actualidade. Neste contexto, os docentes e investigadores desta instituição de ensino superior devem fomentar, promover, incenti-var, desenvolver e aperfeiçoar, com qualidade e rigor, acções de in-vestigação científica, tecnológica, cultural e de natureza aplicada como meios de formação e de resolução de diferentes problemas nas comunidades, com a participação dos estudantes.

Devem ainda assegurar a publicação dos vossos trabalhos, de for-ma regular, e aqui se impõe a criação de uma revista da UNA para acolher estes e outros trabalhos científicos.

Os dois desafios que deixamos com a UNA têm dois objectivos em comum.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Em primeiro lugar, produzir graduados de valor que trarão uma diferença qualitativa e substantiva no local da sua inserção.

Graduados que não ficarão à espera que alguém lhes diga o que fazer com o seu diploma, mas que saberão encontrar soluções para a utilização proveitosa do seu conhecimento, certificado por esse diploma, na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Gra-duados que saberão ler e fazer uso das múltiplas oportunidades de aplicação desse seu conhecimento na sociedade porque a elas terão sido expostos ao longo da sua formação, durante a qual a cul-tura de trabalho, a criatividade e o espírito empreendedor terão sido marcas do quotidiano no campus da UNA ao lado dos outros valores identitários desta instituição de ensino superior.

Em segundo lugar, estes dois desafios que aqui deixamos têm em vista promover a abertura da UNA, de forma criativa, aos outros sectores da sociedade, bem como ao firmamento académico na-cional e internacional, com os quais deve estabelecer relações de intercâmbio e de cooperação.

*****

Com estas palavras temos a honra de declarar inaugurada a Univer-sidade Nachingwea.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Ensino Superior em Moçambique:

Expansão, qualidade e eficiência11

Queremos, Sua Eminência D. Alexandre, agradecer-lhe pelas suas palavras de reiterado compromisso e de amor pelo nosso maravi-lhoso Povo. Foi por causa desse amor que aceitou o risco de assu-mir a liderança da implantação, organização e funcionamento da Universidade São Tomás de Moçambique e, por essa via, participar de forma mais directa na melhoria das condições de vida do nosso Povo. Hoje, estamos todos aqui a colher os primeiros frutos desse amor por esta Pátria de Heróis. Neste ambiente de festa, lançou o desafio de a São Tomás continuar a crescer, a expandir-se e a afir-mar-se no firmamento académico nacional.

Queremos, assim, fazer do “muito obrigado” do Magnífico Reitor a si dirigido, nosso obrigado também.

Por isso, foi com enorme satisfação que aceitamos o convite para presidirmos a esta cerimónia de graduação na Universidade São To-más de Moçambique, acto que merece o nosso elogio pelo seu gran-de significado e alcance na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Queremos, neste contexto, reafirmar que a formação do capital humano reveste-se de grande importância nesta agenda, dada a sua contribuição para induzir a criatividade, a inovação e a produtividade. O conhecimento é, na verdade, um recurso, uma fonte sustentável de geração de riqueza e de melhoria das condi-ções de vida do cidadão. 11Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, na cerimónia de graduação na Universidade São Tomás de Moçambique.

Maputo, 6 de Março de 2010.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

É neste quadro que defendemos que o graduado moçambicano deve identificar-se com a nossa realidade social, cultural e económica, e fazer uso do conhecimento de que se apropriou, ao longo da sua formação, para alterar a sua própria vida. Identificando-se com a sociedade moçambicana e munido desse conhecimento, coloca-se em melhores condições para levar outros compatriotas nossos a adoptarem as suas metodologias, técnicas e tecnologias para a re-solução dos problemas básicos com que se debatem, no dia-a-dia.

Testemunhámos nos últimos anos uma rápida expansão do ensino superior no nosso belo Moçambique. De somente 12 instituições em 2004, passamos hoje para 38, o que, por outras palavras, equivale a dizer que em somente 5 anos triplicamos o número de institui-ções de ensino superior na nossa Pátria Amada.

Hoje, muitos mais compatriotas nossos já não precisam de sair da sua província para frequentar uma instituição do ensino superior. Em resultado da expansão que imprimimos no quinquénio passado, também já temos concidadãos nossos que têm a possibilidade de se formar, a nível superior, sem precisar de sair do seu distrito e, nalguns casos, do seu Posto Administrativo.

O ensino superior implantado pelo nosso belo Moçambique adentro desempenha um papel de grande relevo na mudança do paradigma que procurava sedimentar a ideia de que o ensino superior apenas floresce nos centros urbanos. Com os seus conteúdos e práticas a melhorarem continuamente a sua ligação com a agenda do Povo Moçambicano de Luta contra a Pobreza, o nosso ensino superior também demonstra que ganha maior relevância fazendo parte des-sa agenda e dando expressão aos seus conteúdos.

Mas mais importante ainda, a expansão do ensino superior cria as condições para que mais compatriotas nossos estejam habilitados para participar, melhor preparados, nesta luta contra a pobreza.

Temos assim, hoje, muitas mais instituições do ensino superior a fazer formação, pesquisa e extensão e procurando fazer diferença na vida das comunidades e da Nação Moçambicana. Paralelamente, temos mais moçambicanos formados e engajados nesta luta contra a pobreza. Uma vez que eles têm o potencial de transmitir aos

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

outros os seus conhecimentos, podemos concluir que muitos mais moçambicanos e instituições, públicas e privadas, beneficiam da expansão do ensino superior em Moçambique. O movimento “Fé-rias no Distrito” e a presença de mais jovens graduados nos distri-tos podem ser lidos neste contexto.

Olhando para os dados demográficos e estatísticos desta Pérola do Índico, observamos que dos 20 milhões de moçambicanos, temos cerca de 75.000 estudantes, o que significa uma taxa bruta de participação no ensino superior de apenas 1,9%, contra uma média africana de 5,4%. Esta é uma das razões de peso que justifica a ne-cessidade de continuarmos com a expansão deste nível de ensino, pois, queremos aumentar o número de compatriotas nossos capa-zes de, melhor formados, participar nesta luta contra a pobreza.

Como temos vindo a demonstrar, essa expansão do ensino superior deve ser acompanhada pela contínua melhoria da qualidade dos cursos que estas instituições oferecem. Neste quadro, vamos con-tinuar a prestar particular atenção ao cumprimento dos padrões de qualidade tendo em vista uma formação robusta e competitiva.

Destes padrões, destaque vai para o Sistema Nacional de Avalia-ção da Qualidade no Ensino Superior, que inclui os subsistemas de avaliação interna, de avaliação externa e de acreditação periódi-ca de programas, a ser feita pelo Conselho Nacional de Avaliação da Qualidade em todas as instituições de Ensino Superior do nos-so País, portanto, públicas e privadas. Ainda neste quadro, vamos promover e intensificar a formação do corpo docente, através da introdução de mais programas de pós-graduação nas instituições de Ensino Superior.

A aprovação e implementação do Sistema Nacional de Acumulação e Transferência de Créditos Académicos e o Quadro Nacional de Qualificações Académicas do Ensino Superior figuram entre as me-didas que irão, igualmente, concorrer para a crescente melhoria da qualidade do ensino e mobilidade estudantil. São medidas que vão, igualmente, propiciar maior competitividade da nossa força laboral ao nível da região e do mundo.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Um dos problemas que também nos preocupa é o número de anos que alguns estudantes despendem para fazer um curso universitário. Concluir o curso universitário, sem reprovar, significa libertar mais um lugar para que mais moçambicanos tenham acesso ao ensino superior. Significa maior rentabilização dos recursos que são alo-cados para a formação de quadros e contribui para uma maior sus-tentabilidade no financiamento do ensino superior e sua contínua expansão.

Analisando o problema em todos os seus prismas, podemos con-cluir que o estudante pode apenas fazer a sua parte, dedicando-se com maior afinco à tarefa de estudar que dele se espera. Os outros actores, ou sejam os gestores, o corpo docente e o pessoal técnico-administrativo têm uma contribuição a dar para que, a par da contínua melhoria da qualidade, os recursos investidos pelo Estado, pelos proprietários das instituições privadas, pelos pais e encarregados de educação sejam mais rentabilizados. Cada um dos intervenientes no sistema deve questionar-se sobre o que não está a fazer para trazer essa tão desejada eficiência interna do ensino superior ou o que não está a fazer bem para combater percepções populares negativas que se podem gerar à volta das instituições ou de cursos superiores.

Por isso, todos os actores são chamados a continuar a complemen-tarem-se neste desafio de melhorar a qualidade, a relevância e a eficiência interna do ensino superior em Moçambique. A responsa-bilidade, a probidade bem como o aprofundamento da cultura de trabalho e de prestação de contas, por parte de todos estes acto-res, revelam-se de grande importância.

A expansão, qualidade e eficiência interna do ensino superior, ao regerem-se pelo princípio de autonomia institucional, devem responder aos desafios que nos são impostos pela implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza, incluindo o combate à pobreza urbana. Por isso, seja qual for a instituição, seja qual for a sua localização ou conteúdos curriculares, ela deve constituir-se em incubadora de habilidades do empreendedorismo e de ideias inovadoras que transformem os vastos recursos de que dispomos, incluindo os intelectuais, em riqueza. Como agentes de desenvolvimento, as nossas instituições de ensino superior:

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

devem promover a Unidade Nacional, a auto-estima e a cul-tura de paz;

também devem reforçar o seu papel de provedoras de ser-viços para a sociedade e para as comunidades onde se en-contram inseridas, para que estas comunidades sintam que vale a pena acolher estas instituições não por causa do seu nível de ensino, mas por causa da diferença que esse ensino superior faz nas suas vidas;

devem, igualmente, prestar apoio aos outros subsistemas do nosso Sistema Nacional de Educação, onde também des-ponta o Ensino Profissional, quer através da formação quer através da pesquisa e extensão.

Queremos felicitar-vos por terem concluído a vossa formação, com sucesso. Entram na história da Universidade São Tomás de Moçam-bique como os primeiros a receber diplomas desta instituição. Fa-zemos votos para que as competências, habilidades e metodologias que aqui adquiriram vos permitam continuar a desenvolver a vossa auto-estima, a promover a Unidade Nacional e a cultura de Paz. Queremos, igualmente, que, transpostos os portões da São Tomás, sintam que têm um contributo a dar na construção de uma socie-dade culta, de cidadãos motivados e inspirados no amor por este nosso Moçambique e o seu maravilhoso Povo e pela humanidade. Queremos finalmente, que continuem a cultivar o pensamento crí-tico na resolução de problemas e a serem empreendedores nesta luta contra a pobreza que travamos. Convençam-se de que nesta Pátria de Heróis, nós os moçambicanos, devemos ser os heróis da nossa própria libertação, cada um fazendo a sua parte, cada um no seu dever.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Ensino Superior em Moçambique:

Expansão, qualidade e desenvolvimento endógeno e sustentável12

É muito agradável para nós, voltar a esta instituição de ensino su-perior no momento da colheita depois de aqui termos estado em Novembro de 2008, no acto do lançamento da semente que hoje nos dá os seus primeiros frutos.

Esta cerimónia tem lugar num ano muito especial, o “Ano Samora Machel”, assim declarado pelo nosso Governo em homenagem:

ao combatente incansável;

personalidade de convicções inabaláveis;

fundador da nossa República; e

nosso líder na condução dos destinos da nossa Pátria Amada.

Foi o saudoso Presidente Samora Moisés Machel que o declarou:

“Fazer da Escola uma base para o Povo tomar o Poder”. Com efei-to, a escola:

abre os nossos horizontes sobre as imensas oportunidades para mudarmos a nossa vida;

12Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da cerimónia de graduação do Instituto Superior de Educação e

Tecnologia. Changalane, 2 de Setembro de 2011.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

habilita-nos para transformar os vastos recursos naturais de que dispomos em riqueza para a Nação; e

abre espaço para a integração da nossa contribuição para o

benefício da Humanidade inteira.

Ao evocarmos a vida e obra do Presidente Samora Machel, com par-ticular ênfase para o sector de educação, temos mais uma oportu-nidade para falar de dois vectores que estão no centro das nossas prioridades, designadamente, a expansão do ensino superior e a atenção que prestamos à sua crescente qualidade, onde estas duas variáveis assumem um papel de grande relevo na luta contra a pobreza e no desenvolvimento endógeno e sustentável da nossa Pátria Amada.

*****

Em Moçambique, a expansão do ensino superior está no centro das nossas atenções. Neste sentido, o Governo vai continuar a instalar e a promover a instalação de mais instituições de ensino superior em diferentes partes do nosso solo pátrio. Vai ainda diversificar e promover a diversificação de instituições que oferecem o ensino superior. Vai, igualmente, liderar e incentivar a adesão de mais moçambicanos em programas de ensino à distância nas suas várias dimensões.

Esta expansão tem em vista responder ao imperativo que nos co-locamos de promover a democratização da educação e procura responder a fenómenos como:

o advento da era da sociedade do conhecimento – a chama-da nova economia – e os processos de regionalização e de globalização;

a expansão do ensino primário e secundário; e

a crescente consciência da importância da formação de ní-vel superior para o desenvolvimento endógeno e sustentável da Nação Moçambicana.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

A expansão do ensino superior traz consigo a necessidade da salva-guarda da qualidade, vista numa perspectiva multidimensional e, por isso, complexa. Na verdade, nesta abordagem estamos a lidar com realidades diferentes onde se aborda:

a qualidade da formação oferecida;

a qualidade da instituição que oferece essa formação; e

a qualidade do resultado das pesquisas que são realizadas e que são colocadas ao serviço do público, nas suas múltiplas dimensões e utilidades.

Quando nos concentramos na qualidade do ensino superior temos também que ter em conta uma série de indicadores. Para a nossa reflexão de hoje interessa olhar para os resultados finais e para o impacto dessa qualidade, de entre os quais destaque vai para a:

a empregabilidade dos graduados, ou seja o seu potencial para a sua rápida adaptação ao mercado de trabalho nas suas áreas de especialidade;

o carácter empreendedor dos graduados, o que significa que não procuram apenas emprego, mas criam eles próprios oportunidades de emprego para si e para outros cidadãos

no ambiente competitivo que o mercado oferece; e final-mente,

a capacidade dos graduados de acrescentar valor no proces-so da transformação e produção do conhecimento local.

Queremos saudar o trabalho que tem sido levado a cabo pelo Mi-nistério da Educação e pelas nossas instituições do Ensino Superior nas áreas de expansão e de salvaguarda da qualidade do nosso ensino superior.

*****

Ao estabelecer-se num Posto Administrativo, o Instituto Superior de Educação e Tecnologia tornou-se num dos símbolos mais expres-sivos da expansão do ensino, a este nível, em Moçambique.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Neste seu papel pioneiro, criou as condições não só para se colocar muito mais perto das comunidades rurais como também, e sobre-tudo, para assegurar que os seus estudantes façam a sua formação muito mais perto dessas comunidades.

Está assim criada a plataforma para a inserção da sua formação no espírito, por exemplo, das comunidades de Changalane e garantida a promoção da interacção dialéctica entre os docentes e discen-tes, por um lado, e os membros da comunidade que a circunda, por outro. Assim, o Instituto Superior de Educação e Tecnologia tem a oportunidade de funcionar como um agente dinamizador do au-mento da produtividade local e nos diversos domínios da economia moçambicana.

Na sua busca de qualidade, o Instituto Superior de Educação e Tec-nologia deve continuar a assumir-se não só como um centro de pro-dução e transmissão do conhecimento científico, mas e sobretudo, como um local de sistematização de saberes e práticas milenares do nosso maravilhoso Povo, e entre estes e os demais provenientes de outros quadrantes.

Neste contexto, para além de enaltecermos o pioneirismo desta instituição, estabelecido pela sua decisão de se instalar neste Pos-to Administrativo, queremos saudar-vos pela inovação pedagógica, através do curso “Combatendo a pobreza ao Lado do Pobre”, que promove a interacção activa entre a academia clássica e o saber milenar acumulado pelas comunidades.

*****

Tiveram uma oportunidade de se formarem, uma oportunidade que ainda não é extensiva a muitos moçambicanos. Por isso, saibam va-lorizar o conhecimento aqui adquirido.

Demonstrem, através da qualidade do que produzem para vocês mesmos e para a comunidade que valeu a pena terem frequentado este curso superior. As mudanças positivas que forem capazes de induzir serão também fonte de orgulho para os vossos pais e ami-gos que entrarão em contacto com uma importante dimensão do significado da universidade. Lembrem-se, porém e por isso, que o processo de aprendizagem não termina com esta graduação.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O acto que acabamos de testemunhar deve somente ser encara-do como um simples rito de passagem de uma vida de estudante de carteira para a de um estudante da vida, onde o processo de aprendizagem deve ser continuado, através da confrontação direc-ta e dialéctica com o mundo que nos circunda.

A terminar, queremos endereçar, uma vez mais, uma saudação ca-lorosa a todos os presentes, em especial:

aos graduados que, por terem cumprido com as exigências do Instituto Superior de Educação e Tecnologia, hoje reú-nem-nos para este dia de festa;

aos seus parentes e amigos pelo encorajamento que lhes deram ao longo da sua formação;

à direcção, aos docentes e ao corpo técnico e administrativo por terem criado as condições para a formação destes novos quadros;

às autoridades do Posto Administrativo, do Distrito e da Província por estarem a acolher e a acarinhar esta instituição e os seus estudantes, docentes e direcção.

A todos, os nossos parabéns por estes resultados.

Com a vossa contribuição Moçambique está a crescer. O nosso ma-ravilhoso Povo agradece-vos por mais esta maravilha!

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Ensino Superior em Moçambique:

Promovendo uma formação virada para o desenvolvimento sustentável13

É para nós motivo de grande satisfação dirigirmo-nos a esta au-diência para, por um lado, presidirmos à cerimónia de Graduação dos primeiros Licenciados da UniLúrio em Nampula e, por outro, procedermos à inauguração do Campus Universitário desta jovem instituição de Ensino Superior, aqui em Marrere. A combinação destes dois momentos constitui um evento ímpar no nosso belo Moçambique e leva-nos a encarar o futuro na área da Educação, Investigação e Extensão, com justificado e renovado optimismo.

Na verdade, para que a Educação, Investigação e Extensão conti-nuem a assumir, e com crescente visibilidade, o protagonismo que delas se pretende na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Po-breza, exige-se da academia maior empenho, criatividade e perse-verança na promoção de uma cada vez mais estreita relação entre o conhecimento científico e o conhecimento milenar do nosso Povo muito especial, o maravilhoso Povo Moçambicano.

Como é do domínio público, a existência humana é inconcebível sem o conhecimento. Em todas as circunstâncias da vida, graças ao conhecimento que temos, estabelecemos uma determinada re-lação com o mundo à nossa volta e as formas de intervenção nesse mundo e nos recursos que nos rodeiam.

O que nós sabemos define-nos como homens e mulheres, e pode mesmo chegar a condicionar a nossa capacidade de intervenção no meio que nos rodeia. Os desafios que enfrentamos, e porque como seres humanos estamos abertos à aprendizagem, levam-nos:

13Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da inauguração das instalações e graduação de estudantes da

Universidade Lúrio. Nampula, 2 de Outubro de 2012.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

a dar o próximo salto;

a enriquecer o nosso espólio epistemológico; e

a auto-superarmo-nos para introduzir mudanças substan-ciais na sociedade.

Neste contexto, defendemos que o conhecimento em que a univer-sidade moçambicana deve investir deve ser sensível e aplicável às condições locais, tornando o seu portador mais útil a si próprio e à comunidade, enriquecendo o seu conhecimento neste processo. Damos alguns exemplos:

O biólogo pode saber muita coisa e até especializar-se so-bre determinados organismos, suas funções vitais e sobre as relações entre estes organismos e o meio ambiente. Porém, enriquece o seu conhecimento e os instrumentos da sua in-tervenção no contexto da Educação, Investigação e Exten-são se identificar os detalhes que explicam em que medida esse conhecimento é relevante ou como pode ser relevante para uma determinada comunidade.

O médico que nos receita o medicamento que alivia as nos-sas dores e males físicos, torna-se mais efectivo indexando o seu conhecimento à acuidade empírica do conhecedor lo-cal das qualidades terapêuticas desta ou daquela planta, e destas ou daquelas práticas sociais e culturais à volta de determinadas enfermidades.

Estamos aqui a advogar a necessidade de reforçarmos as matri-zes em que o conhecimento científico de que nos apropriamos nas nossas instituições de ensino superior continue a ganhar e a enri-quecer-se com os matizes locais, numa relação de simbiosidade profícua. Sobretudo, o conhecimento científico que se gera numa simbiose deste jaez e quilate reforça a auto-estima no seu porta-dor e serve de esteio ao seu orgulho de ter raízes identitárias que lhe inspiram e lhe catapultam para fazer mais e sempre melhor pela sua comunidade, pelo Povo que o gerou e pela ciência.

Produzir conhecimento não pode ser concebido como um processo de substituição de conhecimento inútil, porque não existe conhe-

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cimento inútil se ele tiver sido central à possibilidade de existên-cia de qualquer comunidade. Estas são dicotomias que procuram impor hierarquias ao conhecimento e que não nos servem na nossa agenda da actualidade: a Agenda Nacional de Luta contra a Pobre-za.

É um contra-senso falar de conhecimento falso se com isso temos em mente o conhecimento que não somos capazes de verbalizar segundo o vocabulário que aprendemos no campus. O conhecimento milenar do nosso Povo, o conhecimento que permite às nossas comunidades não só domesticar os seus quotidianos como também reproduzir os seus mundos é um conhecimento válido, útil, perti-nente e, acima de tudo, merecedor do nosso respeito e conside-ração.

A universidade, como centro de produção de conhecimento por excelência, não pode ser o lugar onde reproduzimos tensões e di-cotomias que impliquem a desvalorização deste conhecimento e também a violação do direito que nos assiste de pensarmos o nos-so mundo localmente, segundo critérios culturais que nos definem como moçambicanos.

Por isso, precisamos de nos mantermos empenhados para reverter a tendência de conceber o conhecimento como algo que se consti-tui necessariamente como o oposto da nossa maneira de ser, como a negação de nós próprios. Não podemos viver do “eu não sou eu” porque só o morcego é que aceita parecer-se com o pássaro sem sê-lo, e parecer-se com o rato sem também sê-lo.

Nós temos que ter os nossos pés no chão da nossa moçambicani-dade.

A este propósito, na sua obra, de 1992, “O significado da Escola”, o investigador Michael Palme apresenta o estudo de caso de alguns jovens que, depois da sua formação em Nampula, regressam à sua aldeia no Posto Administrativo de Matibane, Distrito de Mossuril, transformados. Citamos as suas palavras:

“Tinham perdido a sua fé nos valores que estruturam a vida tradicional camponesa. Questionavam e ridiculari-zavam os segredos dos mais velhos que eram transmi-

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tidos pela iniciação e outros rituais. [...] Eles [já] não pertenciam à sociedade camponesa, donde provinham, nem ao mundo moderno ao qual aspiravam”.

A questão que devemos sempre colocar a nós próprios na acade-mia, e esta citação de Palme também nos conduz a esta reflexão, prende-se com a necessidade, não de avaliarmos em que medida nos afastamos do conhecimento milenar das nossas comunidades originais, no contexto do processo de aquisição do conhecimento científico, mas, isso sim, se temos sido capazes de identificar os pontos de compatibilidade que nos permitirão pensar os nossos mundos não em oposição, mas sim em complementaridade.

O conhecimento científico pode ser um instrumento crítico funda-mental para reconhecermos e trilharmos os caminhos que nos con-duzam à realização do nosso desiderato colectivo de fazer a pobre-za passar à História. Todavia, quando o concebemos em oposição fundamental às nossas manifestações culturais, podemos estar a prestar um mau serviço não só à própria ciência, como também, e sobretudo, à nossa Pátria Amada e ao nosso Povo muito especial, o maravilhoso Povo Moçambicano.

Queremos saudar a forma sistémica e coerente como a UniLúrio tem sabido estabelecer uma relação profícua entre o conheci-mento científico e o conhecimento milenar do nosso Povo heróico, através do seu pioneiro e exemplar Projecto de Extensão Univer-sitária, incluindo o Programa “Um Estudante, uma Família”. Deste modo, o estudante e o docente estão em constante relação e diá-logo com as comunidades, partilhando os desafios com que elas se debatem e ajudando-as a formular repostas para esses desafios, aprendendo também, no processo. Esse contacto permanente e recíproco permite ainda a troca de saberes e consolida o respeito que é devido a cada um dos detentores dos conhecimentos que entram em contacto.

Neste quadro, dirigimos uma saudação especial às 920 famílias aqui na Cidade de Nampula, em Sanga e em Pemba, que acolhe-ram e continuam a acolher os estudantes desta Universidade nos seus programas de extensão e pesquisa.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

*****

Com auto-estima, unidos e com sentido de pátria e de missão, conquistámos o nosso direito de não estarmos sob a dominação es-trangeira. Hoje, com a mesma auto-estima, unidade e sentido de pátria e missão devemos vencer a pobreza nesta Pátria de Heróis. A universidade moçambicana tem um papel fundamental a desem-penhar na tradução desse nosso desiderato colectivo em realidade.

Por isso, ao felicitar os Licenciados da UniLúrio nas áreas de Nutri-ção, Medicina Dentária e Farmácia, queremos recordar-vos, caros compatriotas, que esperamos que cada um de vós faça a sua parte na contínua fragilização da pobreza nesta Pátria de Heróis, tendo a sua derrota como meta final. Será na colocação do conhecimento, certificado pelo vosso diploma que irão, através de resultados con-cretos, demonstrar que valeu a pena o investimento que o nosso heróico Povo fez para a vossa formação. Recordem-se sempre que transportam o nome de uma instituição cuja valorização recai, a partir de hoje, também sobre os vossos ombros. Por isso, saibam buscar a eficiência e a eficácia em tudo o que fazem.

*****

Por ocasião deste dia de festa, queremos endereçar palavras de apreço:

aos graduados e seus encarregados de educação e familia-res;

à direcção, docentes, trabalhadores e colaboradores da UniLúrio;

às organizações de base comunitária e às não-governamentais, bem assim aos nossos parceiros de desenvolvimento por tudo aquilo que fizeram para tornar este dia possível. Reconhecidamente, cada um de vós tem dado o seu melhor para o crescimento e afirmação da UniLúrio no firmamento académico nacional. Continuem a ser exemplo de uma parceria em prol do desenvolvimento de uma academia inspirada na realidade moçambicana.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Instituições de ensino superior em

Moçambique:

Da formação para a Função Pública à formação para a sociedade e a vida14

Honra-nos proceder à inauguração das instalações da Universidade Politécnica, um importante marco no crescimento desta instituição de ensino superior e de consolidação do seu projecto educacional.

Endereçamos ao Magnífico Reitor, ao corpo docente e discente, bem assim a todos os trabalhadores desta instituição em Maputo e noutros cantos do nosso belo Moçambique, as nossas felicitações por esta realização.

Fazemos votos para que A POLITÉCNICA continue a crescer e a man-ter em todas as suas delegações o mesmo padrão de qualidade e de funcionalidade de infra-estruturas e equipamentos que vimos aqui.

*****

Nesta Pátria de Heróis, a educação tem um valor intrínseco indis-cutível e a sua conquista sempre se revestiu de um grande sim-bolismo, porque tratou-se de uma oportunidade que a dominação estrangeira nos negava, de forma estrutural e persistente.

Ao proporcionarmos oportunidades para que um número cada vez maior de moçambicanos tivesse acesso à educação, desde os primórdios da nossa Luta de Libertação Nacional e depois da In-dependência Nacional, estávamos não só a criar as bases para os 14Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, na cerimónia de inauguração da Universidade Politécnica. Maputo, 15

de Fevereiro de 2013.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

sucessos que almejávamos contra a dominação estrangeira e con-tra o sub-desenvolvimento, como também tínhamos por objectivo devolver a dignidade que nos fora negada por cinco séculos dessa dominação da máquina colonial. Garantir a educação para o nosso Povo muito especial, o maravilhoso Povo Moçambicano, era, sobre-tudo, dar substância ao grito de liberdade que, desde 25 de Junho de 1962 e com crescente decibel desde 25 de Junho de 1975, tem ecoado por todo o nosso belo Moçambique e que confere melodia às batidas nos sinos que convidam os alunos e estudantes:

a entrarem nas salas de aulas;

a frequentarem diferentes estabelecimentos; e

a concluírem crescentes níveis de formação.

Este valor simbólico da educação aliou-se, naturalmente, desde 1975, ao projecto de Reconstrução Nacional cuja realização exigia a formação de quadros para serem colocados nas várias frentes que esse projecto tinha aberto. À hora da nossa Independência Nacio-nal, herdámos um sector privado quase que inexistente, primeiro porque já era subdesenvolvido e, em segundo lugar, porque, entre 1974 e 1975, registou-se um acentuado êxodo dos que mantinham esse sector em funcionamento. Em resultado do contexto criado, o lugar de eleição para a aplicação dos conhecimentos desses qua-dros era o sector público. Nessa altura, concluído determinado ní-vel de formação, o aluno perfilava para ser orientado, ou para continuar com os seus estudos, ou para integrar uma instituição do Sector Público.

O contexto na actualidade mudou radicalmente, graças ao empe-nho e desempenho dos moçambicanos, em primeiro lugar.

Hoje, já podemos falar de um Sector Privado em crescimento e que conta com um crescente número de moçambicanos, sendo A Politécnica um dos exemplos. Quer isto dizer que o Estado criou as condições fundamentais e o ambiente necessário para que ele não fosse o único, mas um de entre os vários destinatários dos graduados.

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Outro aspecto que diferencia o passado do presente, prende-se com o aumento exponencial do número de alunos e estudantes que se formam anualmente, no país e no estrangeiro. Para melhor compreendermos o contexto da actualidade, basta recordarmo-nos que, em 1976, era um esforço titânico reunir um número conside-rável de moçambicanos com a Quarta Classe feita, para integrarem as fileiras da nossa Polícia.

Hoje, a fasquia foi elevada para a Décima Classe, mas, mesmo assim, são às centenas os candidatos que procuram integrar as fi-leiras da Polícia da República de Moçambique. De igual modo, até 1985, tínhamos apenas uma universidade, a Universidade Eduardo Mondlane, situada no extremo sul do País.

Hoje, temos 42 instituições de ensino superior, espalhadas pelo País.

*****

Os avanços que estamos a registar na área da educação criam, evi-dentemente, novos desafios.

Um destes desafios tem a ver com a transição que devemos fazer nas nossas mentes, expectativas e currículos, de uma formação, quase que em exclusivo, para o Sector Público, para uma formação virada para a dinâmica que o próprio Estado Moçambicano criou fora dele. É justamente sobre este novo desafio que queremos hoje partilhar a nossa reflexão com esta ilustre audiência.

O momento actual impõe uma maior articulação da formação com o reconhecimento e exploração das múltiplas oportunidades na so-ciedade e na economia nacional. A nossa Pátria Amada afirma-se, cada vez mais, como terra de muitas potencialidades e oportuni-dades, uma terra generosa que sempre soube e sabe retribuir cada semente que for plantada pelos seus filhos, com as suas mãos dex-tras, talento aprumado e com os seus olhos, firmemente fixados num futuro livre da pobreza, construído por todos nós, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, homens e mulheres, no campo e nas cidades.

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Da mesma forma que no passado concebemos a educação como central no processo da nossa libertação da dominação estrangeira e para o lançamento das bases estruturais para o nosso desenvolvi-mento, hoje a educação precisa de ser vista como o estímulo que é necessário dar aos nossos compatriotas para que sejam capazes de discernir e de se apropriarem das novas e múltiplas oportunidades que evoluem a olhos vistos.

São oportunidades que também se localizam na mente do gradua-do, ao demandarem que ele coloque à prova o seu espírito em-preendedor e a sua capacidade de até gerar auto-emprego e em-prego para outros compatriotas nossos.

As nossas instituições de ensino têm dado um contributo valioso neste sentido, ao exporem os seus educandos, através da forma-ção, pesquisa e extensão, às múltiplas oportunidades onde podem aplicar os seus conhecimentos e para lhes dar uma oportunidade para serem parte da solução dos múltiplos desafios que ainda enfrentamos. Este trabalho é complementado pelo louvável Programa “Férias no Distrito”.

Todavia, acreditamos que mais pode ser feito neste âmbito, como, por exemplo, quando as nossas instituições de ensino se apropriam, cada vez mais e com maior clareza e discernimento, da tarefa de estimular e de incutir nos estudantes a leitura do nosso Moçambi-que como terra de potencialidades e oportunidades, como um País que aguarda que cada um de nós faça a sua parte para se libertar da pobreza.

Este estímulo não começa nem se esgota apenas na disponibiliza-ção dos instrumentos científicos e técnicos que os nossos compa-triotas precisam para se declararem formados. A educação em Mo-çambique deve forjar valores nobres, entre os quais a auto-estima, o sentido patriótico e de Unidade Nacional, e estimular uma con-cepção mais activa da vida, aliando a formação do cidadão com a formação para o exercício da cidadania, como testemunhámos na visita às instalações desta instituição de ensino superior. Ela deve combater o espírito de mão-estendida e incutir nos estudantes a

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crença nas suas capacidades de transformar, para o melhor, as suas vidas e as vidas das suas comunidades, usando o conhecimento ad-quirido no campus. A nossa educação deve ainda ser capaz de con-tinuar a alargar os horizontes do nosso graduado, que veio para o campus já integrado num sector de actividade, para não se dar por satisfeito apenas com o novo salário, em razão do novo título que ostenta, mas em razão da sua produtividade ou com as melhorias que introduz no seu sector de actividade.

A nossa educação deve, igualmente, reforçar a sua capacidade de preparar aqueles que se formam em áreas não previstas nas suas instituições laborais para usarem essa formação para melhorar o seu desempenho e o da sua instituição.

Estamos aqui a advogar uma concepção mais activa de educação, que consiste em dotar os estudantes de, pelo menos, duas quali-dades essenciais que melhor lhes habilitarão para serem parte da solução dos desafios que a pobreza ainda nos coloca. A primeira qualidade está ligada à consciência de que a educação é formação para a vida.

Formação para a vida implica a preparação do estudante para in-tervir com o seu espírito empreendedor, criatividade, inteligência e dedicação na transformação, para o melhor, da sua vida e da vida da comunidade ou da instituição em que está inserido. Isto pressu-põe flexibilidade, mas também desenvoltura. Somos flexíveis quan-do nos dotamos de capacidade de reagirmos a novas circunstâncias e estarmos dispostos a sacrificar, se necessário, posições cómodas para que o nosso conhecimento técnico-científico seja aplicado de forma mais útil para nós próprios e para a sociedade.

Temos desenvoltura quando reconhecemos que a formação é um acto contínuo: só tem princípio. Não tem fim.

A educação como formação para a vida consiste, igualmente, em incutir nos estudantes a ideia de que o mais importante não é saber articular o conhecimento certificado pelo diploma, mas a capacidade de descobrir e de usar as oportunidades que existem

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para aplicar criativamente esse conhecimento, oportunidades que também florescem no sector privado, cuja dinâmica depende, em grande medida, como é no caso do Sector Público, duma força de trabalho bem formada, com iniciativa, criativa e profundamente identificada com a sua profissão. Devem ser procuradas na mente de cada um dos graduados, recorrendo ao seu espírito empreendedor. Numa palavra, a formação para a vida é aquela que transforma cada um de nós em ponto nevrálgico do aproveitamento das oportunidades que esta Pérola do Índico representa e apresenta para fazermos a nossa parte na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

A segunda qualidade com que devemos dotar os nossos estudantes neste contexto da concepção mais activa da educação é a identifi-cação com a profissão.

Quando nos formamos, adquirimos o direito de ingresso numa co-munidade específica, nomeadamente a comunidade daqueles que escolheram a mesma profissão. O que define uma profissão não é apenas o conhecimento técnico-científico e sua aplicação prática. É também a ética profissional, o conjunto de valores que regulam normativamente o que fazemos quando estamos no exercício das nossas funções profissionais.

Essa ética profissional compromete-nos com a preservação do bom nome da nossa comunidade, através da realização de trabalho de qualidade, com aprumo e isenção. Ser jurista ou economista não se define apenas pelo conhecimento das leis ou do funcionamento da economia; define-se também por se ter em mente que quando interpretamos as leis, para o caso do jurista, ou quando avaliamos o impacto da inflação, para o caso do economista, estamos a falar em nome dum grupo profissional que tem uma imagem pública por projectar, preservar e defender.

Isto vale para todas as profissões, sejam elas de engenheiro ou mecânico, médico ou enfermeiro, agente policial ou professor. A formação prepara-nos para, firmemente, nos identificarmos e integrarmos uma comunidade profissional específica e para assu-

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mirmos, piamente, o compromisso com a preservação do seu bom nome. Manifestações e actos ignóbeis como o espírito de deixa-an-dar, corrupção, desleixo, incúria, falta de brio, ética e deontologia profissionais são sintomáticos duma formação incompleta, duma deficiente integração profissional.

Há, porém, mais um aspecto que merece destaque no debate so-bre profissão.

Um indivíduo bem formado é aquele que procura o desafio ade-quado para o que aprendeu, sabe e pode fazer. O brio, a ética e a deontologia profissionais que acompanham uma verdadeira forma-ção funcionam como uma consciência invisível que nos interpela continuamente, impelindo-nos para:

a partilha das nossas experiências;

a auto-superação constante; bem assim

para sempre nos certificarmos se o que fazemos está a ter o impacto desejado na nossa comunidade profissional e na sociedade e a proporcionar-nos a oportunidade de valori-zarmos mais a nossa profissão e o nosso profissionalismo.

Como estamos aqui na academia, vale a pena reiterar o nosso ape-lo para que, por um lado, os nossos pesquisadores e docentes pu-bliquem com maior regularidade os seus trabalhos e, por outro, para que os diferentes departamentos das nossas instituições de ensino superior tenham ou partilhem, entre elas, revistas de espe-cialidade. Serão assim exemplo para os vossos discentes e criarão oportunidades para elevarem a vossa auto-estima ao constarem de referências bibliográficas. Ao mesmo tempo, ampliarão os vossos horizontes do saber ao serem debatidos por outros académicos ou ao participar nos debates de temas da vossa especialidade.

Estes são traços fundamentais que vos distinguem de outros profis-sionais nos níveis inferiores do ensino.

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Moçambique está a mudar para o melhor. O ensino superior tem, neste quadro, novos desafios: um destes, que é fundamental, pren-de-se com a necessidade de efectuar a transição nas nossas men-tes, expectativas e currículos de formação virada exclusivamente para a função pública para uma formação virada para a sociedade e para a vida. Reconheçamos, ao mesmo tempo, que a formação para a vida e para a sociedade, ao dinamizar a nossa economia, robustece o próprio Estado que ganha maior pujança para aumen-tar a sua capacidade de absorver mais graduados para fortalecer as suas instituições.

Este é o ensino que vai melhor e adequadamente preparar os jo-vens, o outro nome do nosso futuro, para levar a pobreza de ven-cida nesta Pátria de Heróis.

A nossa atenção sobre a expansão e a qualidade do ensino ganha maior consistência, relevância e coerência neste desafio.

Uma vez mais, as nossas felicitações a esta instituição pioneira do ensino superior privado em Moçambique por aquilo que tem feito na área de formação de moçambicanos para que tenham interven-ções de crescente qualidade na busca de soluções para os nossos desafios da actualidade. Felicitamos A Politécnica por também ser pioneira na construção e apetrechamento das suas próprias insta-lações.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Instituições públicas em Moçambique:

Os desafios da sua contínua aproximação do nosso Povo15

Endereçamos as nossas felicitações ao Dr. Adelino Muchanga pela sua designação e tomada de posse para as funções de Vice-Presi-dente do Tribunal Supremo e ao Dr. António de Abreu pelas funções de Vice-Governador do Banco de Moçambique que passa a assumir. Estendemos, caros empossados, esta saudação aos vossos familia-res, aos membros dos colectivos que contribuíram, ao longo dos tempos, para aprimorar as vossas qualidades e capacidades que vos levaram a merecer hoje a confiança para novos desafios e res-ponsabilidades. Que continuem a dedicar-vos o carinho e o apoio que vão continuar a precisar no desempenho das vossas novas fun-ções.

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O Dr. Muchanga bem sabe da necessidade do reforço e constante melhoria do desempenho do aparelho judicial, cujo propósito é responder ao desafio imposto pelas exigências que têm sido impri-midas nas instituições da administração pública. Trata-se de um requisito fundamental para a prossecução e sucesso na luta que travamos contra a pobreza. Esta nobre tarefa será bem-sucedi-da se a missão dos tribunais for assumida e gerida com base nos princípios e métodos que tonificam o trabalho de equipa na admi-nistração da máquina judicial. Por isso, tem a nobre missão de, com os outros dirigentes e quadros do sistema de administração da justiça, continuar a cultivar estes princípios e métodos no seio dos colectivos em que se vai inserir. 15Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, na cerimónia de tomada de posse do Dr. Adelino Muchanga, Vice-Presidente do Tribunal Supremo e do Dr. António de Abreu, Vice-Governador do Banco de Moçambi-

que. Maputo, 14 de Dezembro de 2010.

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Com este espírito, o reforço que a sua nomeação para tão alto cargo representa para o sistema de administração da justiça de-verá contribuir para uma maior celeridade processual, apoiando as equipas existentes na criação das necessárias condições para a entrada em funcionamento dos Tribunais Superiores de Recurso e para estimular outros mecanismos alternativos de resolução de conflitos. Este reforço deverá, igualmente, contribuir para a con-tinuidade de acções de formação de magistrados, em quantidade e qualidade, por forma a garantir a prestação de serviços mais céleres, eficientes e eficazes.

É, também, nossa expectativa que este reforço contribua para promover a expansão dos serviços de justiça até à base, conso-lidando os Palácios da Justiça como modelo de desenvolvimento da rede judiciária a nível distrital. Não menos importante, deverá contribuir ainda para a promoção de uma cada vez mais efectiva articulação e assistência aos tribunais comunitários, como forma de alargar a base de resolução de conflitos da grande maioria do nosso maravilhoso Povo.

O Dr. Abreu assume as novas funções numa altura em que o Banco de Moçambique está a consolidar a sua contínua liderança à ban-carização da economia nacional, tendo o distrito como centro das suas atenções. Esperamos que dê a sua valiosa contribuição neste trabalho e na realização das outras missões atribuídas ao Banco de Moçambique.

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Com estas palavras, pedimos a todos os presentes que nos acom-panhem num brinde:

ao sucesso dos empossados;

a uma justiça célere e cada vez mais próxima do cidadão; e

à contínua bancarização da economia nacional.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Ensino Técnico:

Consolidando o tecido social e económico em Moçambique16

Mabote, esta bela parcela do nosso também belo Moçambique, está hoje em festa. Mabote engalanou-se como forma de demons-trar que está para celebrar, de forma muito especial, este dia tam-bém especial porque assinala a realização de um sonho do Distrito.

O sonho de ter uma Escola Profissional como esta não é de ontem, mas Mabote nunca desesperou. Mabote soube esperar, paciente-mente, mantendo sempre acesa a esperança de que um dia esta escola chegaria. Hoje a escola chegou. A escola está aqui: espaço-sa, bela, bem equipada e com professores dispostos a darem o seu melhor para o desenvolvimento do Distrito, um distrito com um grande manancial de recursos.

Tomamos a decisão de que esta escola deveria ser aqui implantada para fazer face ao grande desafio que este Distrito enfrenta: seca numa zona rica. Por isso, as especialidades que inauguram esta Es-cola Profissional, Carpintaria, Construção Civil, Serralharia e Agro-pecuária, têm em vista responder a esta calamidade natural que frequentemente se abate sobre Mabote. Queremos que esta Escola demonstre que se pode transformar a seca numa oportunidade de desenvolvimento, apostando-se na exploração dos recursos e po-tencialidades de Mabote. Naturalmente, queremos que evoluam para integrar outros cursos como são os casos de Electricidade e Serralharia Mecânica.

16Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de inauguração da Escola Profissional de Mabote. Mabote, 4

de Agosto de 2010.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Temos plena certeza de que o desenvolvimento que se vai aqui gerar, terá efeito multiplicador e em cascata em toda a Província de Inhambane e em toda a Nação Moçambicana. Por isso, também estamos aqui para convosco celebrar esta conquista.

Queremos saudar a população e o Governo do Distrito de Mabote por terem acarinhado este projecto, logo desde o princípio, em-prestando-lhe todo o apoio, atenção e encorajamento. Deste pro-jecto apropriaram-se integrando as equipas:

que idealizaram e produziram localmente parte dos mate-riais de construção;

que fizeram as fundações e levantaram as paredes;

que fizeram a esquadria e encarregaram-se da instalação eléctrica, canalização, pintura e jardinagem.

Estendemos as nossas saudações à população e ao Governo da Pro-víncia de Inhambane por terem assumido este projecto nas suas prioridades de governação e, por o terem acompanhado, a par e passo, até à sua conclusão.

À SASOL vão os nossos agradecimentos pelo exemplo de parceria que resultou nesta instituição de ensino de referência. Embora continuando a prestar a necessária atenção à consolidação e afir-mação desta Escola Profissional, queremos contar com a vossa par-ticipação e apoio em projectos de idêntico impacto e dimensão em outros cantos da nossa Pátria Amada.

As mudanças que se registam em Moçambique, na região e no mundo colocam-nos exigências novas para que nos mantenhamos concen-trados no desafio que abraçamos, o desafio de vencer a pobreza para depois construirmos o nosso bem-estar. Duas estratégias me-recem referência nesta cerimónia de hoje: o distrito como pólo de desenvolvimento e o ensino profissional.

Temos estado a prestar atenção especial ao distrito no contexto da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Para o efeito,

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

temos estado a transferir recursos humanos, financeiros e patrimo-niais para estas unidades administrativas da nossa Pátria Amada, um processo que é acompanhado pela descentralização do poder de tomada de decisão, por exemplo, para o preenchimento do qua-dro de pessoal e para aplicação dos recursos financeiros descen-tralizados, um processo em que os conselhos consultivos têm um papel de grande relevo.

Os investimentos que estamos a realizar criam nos distritos as con-dições materiais que antes só se encontravam nas cidades, a co-meçar por uma escola como esta com esta imponência e as bombas de combustível aqui instaladas. Outros exemplos de investimentos que estão ocorrendo em diferentes zonas do nosso Moçambique são:

a expansão da rede de telefonia móvel e fixa;

a construção de mais unidades sanitárias;

a reabilitação de estradas;

a expansão do sinal da rádio e da televisão; bem como

a electrificação dos distritos.

No contexto da nossa Presidência Aberta e Inclusiva, e mesmo nes-ta cerimónia, temos interagido com técnicos de diferentes áreas do saber que se formaram nos distritos ou que saíram dos centros urbanos para os distritos. São técnicos, na sua maioria jovens, que participam na melhoria do serviço público para o cidadão e con-tribuem para influenciar o aumento dos níveis de produtividade e para o maior e mais eficiente aproveitamento dos nossos abundan-tes recursos naturais.

Os 7 milhões e outros fundos descentralizados estão também a ter um impacto positivo na realização da nossa aposta de fazer do distrito nosso pólo de desenvolvimento. Não é apenas o processo de inclusão de mais moçambicanos e a valorização dos seus talen-tos e capacidades para a dinamização da nossa economia que são aplaudidos. O nosso Povo também saúda o processo de formação em exercício que se gera e o potencial que ele tem para induzir um desenvolvimento endógeno, liderado por nós moçambicanos.

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A segunda estratégia que nos vai garantir o nosso continuado en-foque na luta contra pobreza consiste na preparação de mais mo-çambicanos para fazerem maravilhas com as suas mãos. Esta Es-cola Profissional é exemplo dessa aposta, mas o nosso sonho é ter, pelo menos, uma Escola como esta em cada um dos nossos 128 distritos, pois, reconhecemos que este tipo de ensino é a chave para a formação profissional de mais jovens para que enfrentem com conhecimento, brio e destreza o processo de desenvolvimento dos nossos distritos.

O nosso objectivo é assegurar que esta formação profissional pro-duza técnicos que sejam capazes de, por um lado, impulsionar e galvanizar o panorama nacional com o seu empreendedorismo e auto-estima e, por outro, assegurar que esses técnicos identifi-quem e respondam às oportunidades de geração de renda e de em-prego nos distritos e em todo o nosso Moçambique, e que estejam em condições de competir na região e no mundo. Por isso, quere-mos que os jovens desta escola sejam, ao longo da sua formação, exemplo de empreendedores comprometidos com a restauração e consolidação do tecido económico e empresarial de Mabote, do-minando, com mestria, as tecnologias e ferramentas de trabalho. Esta será uma forma de demonstrarem que estarão preparados para fazerem a diferença, estejam onde estiverem depois da vos-sa formação. Será uma forma de reconhecerem que valeu a pena investir-se nesta escola e na vossa formação como combatentes na frente da luta contra a pobreza.

Com a expansão das oportunidades de formação, temos criadas as condições para lutarmos com maior eficiência e eficácia contra a pobreza. Por isso, declaramos que este é o momento da vira-gem, o momento de assumirmos que nesta Pátria de Heróis nós, os moçambicanos, seremos os heróis da nossa própria libertação da pobreza. Por isso, da Geração da Viragem, constituída maiori-tariamente por jovens, exige-se argúcia, tenacidade, perspicácia e entrega na formação e no uso de todas as oportunidades para consolidar capacidades e habilidades. Esta Geração tem, pois, a oportunidade de lutar com as armas do conhecimento, do saber, da ciência e da técnica, contra a pobreza, construindo uma socieda-de que tenha os menos ricos entre os ricos e não os menos pobres entre os pobres.

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Reiteramos a nossa expressão de reconhecimento e gratidão pelo apoio que a SASOL nos concedeu e que resultou nesta escola. Con-tinuemos juntos a consolidar esta parceria.

A terminar, exortamos os alunos, professores, pessoal administra-tivo e encarregados de educação para:

garantirem a manutenção desta Escola;

zelarem pela sua integridade e segurança; e

para protegê-la contra os inimigos da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

Deste modo, estaremos a dar uma valiosa contribuição para a rea-lização do nosso sonho de 25 de Junho de 1962, portanto de há 48 anos, o sonho:

de um Moçambique livre da pobreza;

de uma Pérola do Índico próspera; e

de uma Pátria de Heróis sempre unida, em paz e com cres-cente prestígio no concerto de nações.

Este sonho é:

técnica e cientificamente exequível;

histórica e politicamente realizável;

social e humanisticamente justificável porque o direito de não ser pobre é também um direito dos moçambicanos, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Ensino profissional:

Com o docente a dinamizar a formação e o gestor a garantir a manutenção do património17

A cerimónia de abertura oficial do Instituto Superior de Formação de Professores e Gestores para a Educação Profissional reveste-se de grande importância no desenvolvimento da formação profissio-nal em Moçambique.

Por um lado, o Estado passa a contar com um parceiro de grande relevo para dar expressão aos objectivos em que assenta a Refor-ma da Educação Profissional em curso. Por outro, a opção de apos-tar na formação de professores e gestores do ensino profissional contribui para que os resultados da reforma que temos estado a liderar sejam, efectivamente, sustentáveis e com crescente im-pacto em mais sectores da vida da Nação Moçambicana.

Como é do domínio público, a Reforma da Educação Profissional constitui uma das apostas do nosso Governo para dar resposta ao enorme desafio de desenvolver o capital humano, imprescindível para impulsionar o desenvolvimento económico e social da nossa Pátria Amada.

Neste domínio, a formação do professor desempenha um papel crucial, pois, nenhuma reforma educativa poderia ser bem sucedi-da sem uma capacitação adequada do corpo docente.

É dotados de competências e habilidades, de conhecimentos e ati-tudes positivas que os docentes se colocam em melhores condi-17Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, por ocasião da abertura oficial do Instituto Superior de Formação de

Professores e Gestores para a Educação Profissional. Maputo, 19 de Setembro de 2008.

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ções para responderem aos desafios da formação profissional, em todos os níveis, deste tipo de ensino e suas áreas de especializa-ção. Docentes preparados para melhor explorarem os seus próprios talentos apresentam-se na escola, com motivação suficiente para transmitirem certezas aos seus alunos, para estes confiarem em si mesmos e no potencial dos recursos à sua volta, para mudarem as suas vidas e as vidas dos membros das suas famílias. Na verdade, com mentes imbuídas do sentido de auto-estima e com mãos dex-tras, estes docentes saberão levar em cascata, para a comunidade, a noção de que, à sua volta, a comunidade tem soluções para al-guns dos desafios do seu quotidiano.

Nesta parceria com o Governo, o Instituto Superior Dom Bosco traz uma outra valência: a formação de gestores do ensino profissional. Reconhecidamente, o investimento inicial no ensino profissional é dos mais elevados. Aos equipamentos e laboratórios que se devem prover, o ensino profissional também apresenta gastos correntes elevados, na forma de consumíveis e outros produtos necessários, para assegurar a qualidade que dele se espera.

Uma boa gestão destes equipamentos e a capacidade para planifi-car, monitorar e gerir o aprovisionamento em consumíveis são es-senciais para se garantir uma formação profissional de qualidade. Queremos aqui destacar o papel que cabe à manutenção dos equi-pamentos e outros bens patrimoniais. Vezes sem conta, adiamos para um amanhã que nunca chega a manutenção dos nossos bens, o que resulta na sua degradação até atingirem o nível em que só uma reabilitação de vulto ou mesmo a substituição se tornam a solução. Um bom gestor, porém, sabe que a manutenção regu-lar tem o condão de conferir longevidade ao património sobre sua responsabilidade, evitando-se que recursos sejam drenados para a reabilitação.

Temos certeza que deste Instituto sairão bons professores e bons gestores.

Um dos desafios que recai sobre os professores é o de assegurarem que a escola onde forem colocados assume-se, com orgulho até, como um agente de mudança da vida da comunidade. Sobre os

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gestores recai, de entre outros, o desafio de inculcarem em cada utente dos bens patrimoniais à sua responsabilidade, a noção e a prática da sua regular manutenção.

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Do que dissemos acima deriva o que abordamos de seguida. A for-mação profissional não se realiza apenas nas quatro paredes da escola, por mais bem preparados que sejam os professores ou por mais bem apetrechada que seja a instituição de ensino. A ligação com o sector produtivo traz consigo muitas vantagens, mas vamo-nos referir a apenas duas, a título ilustrativo.

A primeira, prende-se com o facto de nessa ligação com o sector produtivo se criar uma oportunidade para que os conhecimentos adquiridos na escola sejam testados e confrontados com a realida-de onde se produz riqueza. Deste modo:

sai-se do campo experimental para a machamba do campo-nês;

sai-se do balão de ensaios para o laboratório industrial;

sai-se dos manuais de hotelaria, administração e gestão e manutenção industrial para uma unidade produtiva real, para se viver a experiência que já é rotineira para os traba-lhadores dessa organização.

A segunda vantagem prende-se com os benefícios que este técnico em formação traz para a unidade de produção. Na verdade, dos bancos e dos laboratórios da escola ele vem equipado com novos saberes que podem interagir com os dos operários ou camponeses e assim gerar um produto de melhor qualidade, benéfico para am-bos e para a Nação Moçambicana. Sobretudo, esta ligação com o sector produtivo ganha maior valor ainda quando começa com os próprios professores, como é o caso neste Instituto.

Por isso atribuímos um valor especial à ligação entre o ensino pro-fissional e o sector produtivo. Neste quadro, temo-nos empenhado

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

em assegurar a participação daqueles que, no seu dia a dia, pro-duzem riqueza e geram postos de trabalho na concepção, exe-cução, monitoria e avaliação dos programas de formação profis-sional. Nesse sentido, apraz-nos fazer referência, por um lado, à criação de Comités Técnicos Sectoriais que aconselham o processo de reforma dos curricula e, por outro, à colaboração de algumas empresas nacionais na formação em exercício de professores do ensino profissional.

Notamos, com satisfação, que algumas empresas decidiram re-centemente lançar a Iniciativa Empresarial de Apoio à Reforma da Educação Profissional. Consideramos ser esta uma forma criativa de responsabilidade corporativa que vem complementar a inicia-tiva da reforma liderada pelo nosso Governo. Queremos agradecer este gesto que em muito concorre para consolidar as parcerias nacionais que encorajamos e defendemos. Convidamos outras em-presas a se juntarem a este movimento que pretendemos que seja amplo e inclusivo.

*****

Reiteramos as nossas saudações à Congregação dos Salesianos por ter decidido marcar os seus 101 anos de presença em Moçambique com esta nova parceria com o Estado. Enaltecemos este vosso ges-to por constituir uma resposta acertada e atempada aos desafios do Governo na área da formação profissional. Ao mesmo tempo, esta obra ergue-se como a merecida homenagem ao ideal do vos-so Mestre e Patrono, Dom Bosco, que sempre acreditou que mãos dextras podem tirar homens e mulheres da pobreza. Agradecemos o apoio da Cooperação Espanhola, pelo gesto que permitiu trans-formar o sonho da Família Salesiana em realidade.

Queremos aqui reiterar que continuaremos a consolidar o ambien-te favorável para o envolvimento dos diferentes actores no proces-so de formação e requalificação da força de trabalho nesta Pérola do Índico. Continuaremos, igualmente, a encorajar e a enquadrar as sinergias dos mais diversos parceiros, nacionais e estrangeiros, para a implementação da Reforma da Educação Profissional. Nes-

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te contexto, para todos esses parceiros que têm dedicado tempo e recursos para nos apoiar na materialização do nosso projecto de Educação Profissional vai a nossa expressão de reconhecimento e gratidão. Graças à sua disponibilidade e prontidão, a educação profissional está disponível para um crescente número de moçam-bicanos tanto nos centros urbanos, como nas zonas rurais.

A formação profissional formal é complementada por aquela que se encontra disponível nos Centros Comunitários de Desenvolvimento de Competências. Trata-se de locais onde os nossos compatriotas podem adquirir uma formação vocacional e encontrar ajuda para a solução de problemas ligados à produção. Os professores e gesto-res que sairão deste Instituto terão um papel a jogar na dinamiza-ção destes centros no quadro da ligação entre a escola e o sector produtivo.

Endereçamos à Direcção, ao corpo docente, aos estudantes e ao pessoal administrativo do Instituto Superior de Formação de Pro-fessores e Gestores para a Educação Profissional as nossas felicita-ções por terem abraçado este projecto.

Desejamos a esta obra, longa vida e muitos sucessos, respondendo sempre à altura os desafios que a luta contra a pobreza e pelo de-senvolvimento nos coloca em Moçambique, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Ensino à distância em Moçambique:

Consequência da nossa convicção e resultado do nosso compromisso com a expansão da rede escolar18

Saudamos o nascimento deste Centro, vocacionado para o desen-volvimento e promoção do Ensino à Distância em Moçambique. Esta instituição fará parte das instituições provinciais que vão herdar a rica e valiosa experiência que fomos acumulando ao longo dos tempos, nesta área de formação. A título de exemplo, recordamo-nos dos primeiros ensaios desta modalidade de ensino, orientados para a formação de professores, sem formação psico-pedagógica. Através deste modelo graduaram-se milhares de professores pri-mários que tiveram um papel de grande relevo na expansão da rede escolar, sobretudo, nas zonas rurais.

Decidimos pelo reatamento desta modalidade de ensino dada a sua viabilidade para a expansão da rede escolar e para a oferta de serviços educativos complementares colocados ao serviço do nosso maravilhoso Povo. Por isso, a conclusão e apetrechamento deste Centro é consequência dessa convicção e resulta do empenho do nosso Governo e do seu compromisso em, continuamente, melho-rar a vida dos moçambicanos.

Na sua imponência e capacidade de atender alunos de todas as idades, desde que saibam ler e escrever, este Centro acena-nos para que dele façamos o melhor uso. Neste contexto, gostaríamos de vê-lo:

a funcionar em pleno;

a rentabilizar os investimentos aqui feitos; e

18Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na inauguração do Centro Provincial de Educação à Distância da Cidade de

Maputo. Maputo, 19 de Setembro de 2008.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

a participar, de forma decisiva, na Luta contra a Pobreza em Moçambique.

Um primeiro passo nesse sentido tem a ver com uma maior divul-gação da sua existência, como instituição de formação.

Um segundo passo prende-se com o encorajamento dos nossos compatriotas e das instituições públicas e privadas para acederem aos pacotes de formação aqui disponíveis. Subjacente a este exer-cício está a necessidade de oferecer aos potenciais beneficiários destes pacotes de formação:

as directrizes de acesso;

os padrões de qualidade para a avaliação dos cursos; e

os indicadores em uso e o seu papel na protecção dos inte-resses dos alunos deste tipo de serviços educacionais e do nome e prestígio da instituição.

*****

Estamos aqui perante uma escola aberta, um centro que oferece considerável flexibilidade e autonomia aos alunos na gestão do seu tempo de estudo. Estamos perante uma instituição que pelas me-todologias que emprega faz do aluno um sujeito mais activo da sua própria formação. Longe do professor, e em horas que muito de-pendem da sua disponibilidade, ao aluno cabe definir o seu ritmo e o local onde se dedicar à sua actividade formativa.

Ficou sublinhado durante as explicações que nos foram sendo pres-tadas que, para este processo educativo decorrer com sucesso, é fundamental que o professor esteja à altura dos desafios que este tipo de ensino exige. Neste prisma, caberá ao professor assegurar o tratamento individualizado dos alunos e, assegurar que entre ele e os seus discentes se desenvolva uma comunicação bidireccional frequente, eficiente e motivadora. Por outro lado, também ficou claro, nessas explicações que nos foram dando, que os serviços administrativos devem revestir-se de uma complexidade à altura

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das exigências deste tipo de ensino, para responderem quer às ne-cessidades dos alunos, quer às dos professores.

As Tecnologias de Informação e Comunicação que apetrecham este Centro constituem um importante recurso para um processo de aprendizagem de sucesso. Eficientemente exploradas, elas podem aumentar a eficiência do trabalho educativo que aqui vai-se de-senvolver.

A necessidade de uma crescente rentabilização da capacidade do Centro e dos equipamentos aqui instalados sugere que a Direcção e o corpo docente sejam mais audazes e criativos para não limi-tarem o uso destes recursos apenas à realização de programas de natureza estritamente académica. O centro pode assumir-se como multi-funcional. A título de exemplo, pode difundir programas de promoção e preservação da saúde pública, de educação cívica e patriótica e de práticas agrárias inovadoras, no contexto da Revo-lução Verde e do programa um aluno, uma fruteira por ano.

Saudamos, uma vez mais, o nascimento deste Centro e o facto de sublinhar que o saber e o conhecimento se podem adquirir de forma flexível, com o aluno a agir de forma autónoma, longe do professor.

Desejamos à Direcção, aos docentes, ao pessoal administrativo e aos alunos e outros futuros beneficiários deste projecto, muitos sucessos.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Graduação:

Encerramento do ciclo da formação para inicio do da retribuição19

Uma cerimónia de graduação como esta marca, naturalmente, o fim de um ciclo de preparação do graduado para a vida. Ao mesmo tempo, simboliza o início de um outro ciclo, o ciclo da retribuição, através da aplicação dos conhecimentos adquiridos, em resultado:

do empenho pessoal do estudante;

da orientação dos seus docentes;

do acesso a bibliografia e informantes; e,

não menos importante, do encorajamento e apoio dos seus familiares e amigos.

Dos graduados, a sociedade espera um papel mais activo na edifi-cação deste belo Moçambique, o Moçambique de todos e de cada um de nós, um Moçambique que o queremos sempre melhor para nós próprios e para as gerações vindouras. Por isso, saber que a razão de ser desta cerimónia é a graduação, nos cursos de Rela-ções Internacionais e Diplomacia e Administração Pública, de mais de uma centena de compatriotas enche-nos de alegria. Primeiro porque é sinal de que estamos a valorizar a Independência Nacio-nal, duramente conquistada, e os recursos que o Estado coloca à disposição da formação de mais quadros nacionais.

Em segundo lugar, porque a partir de hoje mais quadros passam a estar disponíveis para, melhor preparados, darem o seu contri-

19Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da cerimónia de graduação dos finalistas em Relações Inter-

nacionais e Diplomacia e em Administração Pública. Maputo, 15 de Novembro de 2008.

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buto na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza, a agenda de todos os moçambicanos, na actualidade, homens e mulheres, no campo e na cidade, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo.

*****

Os novos graduados em Relações Internacionais vão se juntar a muitos outros compatriotas nossos que, em diversos sectores de actividade, contribuem, no quotidiano, para o reforço da boa ima-gem e da posição que Moçambique goza no panorama regional e internacional. Como temos feito desde 1962, devemos continuar a projectar e a preservar esta imagem e a assegurar que nos man-temos no pedestal em que nos encontramos no contexto do nosso relacionamento com outros países e organizações.

A diplomacia teve e continua a ter um papel de destaque para a articulação das prioridades do heróico Povo Moçambicano. Hoje, essas prioridades consubstanciam a nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza e pelo desenvolvimento desta Pérola do Índico. Estamos certos que ao longo da sua formação estes graduados do-taram-se de instrumentos de análise sobre os fenómenos políticos, sociais, económicos e culturais regionais e internacionais que têm impacto nessa agenda. Acima de tudo, apuraram as propostas so-bre como Moçambique pode melhor se posicionar perante esses fenómenos, para assegurar o sucesso da sua agenda.

A nossa capacidade, como Estado, de fazer e reforçar parcerias quer no âmbito bilateral quer no âmbito multilateral, desempenha um papel de grande relevo na mobilização dos apoios e recursos a favor dessa agenda nacional. As relações internacionais ofere-cem-nos, deste modo, oportunidades para traduzirmos a simpatia que a comunidade internacional nutre por Moçambique e pelo seu maravilhoso Povo em recursos adicionais para a célere erradicação desse flagelo chamado pobreza do nosso solo pátrio.

A natureza inclusiva e participativa dos processos de identifica-ção e elaboração das nossas estratégias de luta contra a pobreza criam as necessárias condições e o ambiente favorável para que as contribuições dos nossos parceiros de desenvolvimento sejam acolhidas.

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foi assim no processo de elaboração do PARPA II;

tem sido assim no Grupo dos 19 parceiros de desenvolvimen-to que dão apoio directo ao orçamento;

é assim na discussão das estratégias e áreas de concentração dos nossos parceiros internacionais.

*****

O ISRI introduziu o curso de Administração Pública por forma a dotar a nossa Pátria Amada de mais quadros também nesta área nevrálgica da nossa governação, uma governação virada para re-sultados concretos e com impacto directo na vida dos cidadãos. Como é do domínio público, temos estado a empreender reformas para extirpar, do sector público, alguns dos mais marcantes obstá-culos ao nosso desenvolvimento, nomeadamente, o burocratismo, o espírito de deixa-andar, a corrupção e o crime.

Queremos uma função pública virada para servir o cidadão. Um serviço público onde as regras e procedimentos burocrá-ticos são transparentes para não serem usados para oprimir mas sim para facilitar a vida de quem demanda os serviços do Estado;

queremos uma função pública onde o venha amanhã seja transformado em promessa honesta, a cumprir, e não num pretexto para o cidadão despender tempo e outros recursos perseguindo um amanhã que nunca chega;

queremos um serviço público no qual os funcionários que assumam comportamentos contrários às regras instituídas e que tentem fazer desses comportamentos, um modo de estar e de ser na instituição, se sintam desencorajados, iso-lados e neutralizados.

Saudamos e enaltecemos esta contribuição do ISRI para a nossa Agenda Nacional de Luta contra Pobreza. Temos assim mais com-patriotas melhor preparados para darem uma valiosa contribuição para o sucesso das reformas em curso no sector público quer como funcionários, quer como analistas sobre o funcionamento desta im-portante área.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

*****

Agora que estão na posse dos vossos diplomas façam uma intros-pecção sobre como irão aplicar os conhecimentos aqui adquiridos. O resultado da aplicação desses conhecimentos será a forma mais digna de agradecer a contribuição de cidadãos anónimos, através do imposto, para os recursos que foram colocados à disposição do ISRI para a vossa formação.

Será, igualmente, uma forma justa de reconhecerem a orientação dos vossos docentes ao longo dos anos da vossa formação, pois, estejam onde estiverem, levam sempre convosco o nome desses vossos docentes e do próprio Instituto Superior de Relações Inter-nacionais. O vosso desempenho vai ditar se estão dispostos a pres-tigiar esses docentes e o ISRI ou a vilipendiar a sua imagem.

Neste tempo de retribuição recordem-se também dos vossos fa-miliares e amigos. A sua palavra de conforto e de encorajamento, o seu cativante sorriso não devem ser esquecidos nesta hora de emoção e no momento da retribuição.

São múltiplas as expectativas à volta do que podem fazer com o diploma e vêem de muitos quadrantes. De vós se espera que com sentido de auto-estima, criatividade e de pátria satisfaçam essas expectativas. Demonstrem, no vosso quotidiano, que a universi-dade não é apenas um agente de mudanças mas que ela forma os propulsores dessas mudanças. Na humildade, na sede de ouvir e de aprender dos outros contribuam para viabilizar, de forma susten-tável, as mudanças nas vossas vidas, em primeiro lugar. Uma vez mais, recebam os nossos parabéns e votos de muitos sucessos no futuro que hoje começa!

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O graduado com e no distrito:

Induzindo novos comportamentos e atitudes rumo a um Moçambique próspero20

Com muito júbilo, acedemos ao convite de nos fazermos a esta cidade, para testemunhar e aplaudir o lançamento, pela Universi-dade Católica de Moçambique, do curso de Mestrado em Planea-mento e Desenvolvimento Regional, com enfoque no Distrito. Qui-semos testemunhar de perto, o nascimento de um programa que vem dar expressão ao desiderato colectivo dos moçambicanos de fazer do distrito Pólo de Desenvolvimento, o ponto de partida e de chegada das suas acções e realizações. Com mais esta iniciativa, a Universidade Católica de Moçambique sublinha o seu compromisso com a luta contra a pobreza, a agenda de todos os moçambicanos, homens e mulheres, no campo e na cidade, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo.

Alegra-nos constatar que a aposta no distrito, que hoje se torna parte central dos conteúdos de um curso desta instituição de ensi-no superior, tem sido parte do seu percurso, de forma consequente e exemplar. Como é do domínio público, a Universidade Católica foi a primeira a estabelecer-se nesta unidade administrativa do nosso Moçambique, ao abrir a sua Faculdade de Agricultura no Dis-trito de Cuamba, Província do Niassa. Tem sido apreciável, para a nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza, a sua contri-buição em termos de quadros formados e retidos neste e noutros distritos desta e de outras Províncias do nosso País, bem como em termos de pesquisa e extensão, com apoio directo para os campo-neses do Distrito de Cuamba.

20Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, na cerimónia do lançamento do curso de Mestrado em Planeamento e

Desenvolvimento Regional, com enfoque no Distrito. Beira, 10 de Março de 2008.

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Continuando a consolidar esta aposta no distrito, hoje, esta Uni-versidade brinda-nos com este curso de Mestrado, cujo impacto na luta contra a pobreza também poderá ser muito considerável. Paralelamente a este processo de aposta directa no distrito, esta instituição de ensino superior tem registado sucessos na sua ex-pansão, tanto em termos de conteúdos programáticos, abrangendo uma diversidade de áreas de conhecimento, como em termos geo-gráficos, com as suas raízes firmes a estenderem-se por diferentes cantos do nosso belo Moçambique.

Neste processo de expansão, a Universidade Católica vem contri-buindo para o reforço da Unidade Nacional e para a diversifica-ção da oferta de formação, quer presencial quer à distância. Ela vem, igualmente, contribuindo para a melhoria do desempenho das instituições públicas e privadas, através da formação dos seus trabalhadores, e para uma maior valorização dos moçambicanos, quer pela via do emprego formal, quer pela aplicação, em serviço próprio, das habilidades e conhecimentos adquiridos, corporizando o auto-emprego. Deste modo, permite aos seus graduados fazerem a diferença na sociedade, com base na qualidade e quantidade de intervenções que protagonizam.

*****

Foram vários os factores que nos levaram a tomar o Distrito como Pólo de Desenvolvimento da nossa Pátria Amada. Vamo-nos refe-rir a alguns deles. O primeiro prende-se com o facto de 68,2% do nosso heróico Povo, dado correspondente a cerca de 14 milhões de moçambicanos, viver nas zonas rurais. Por isso, é no campo onde se encontra a esmagadora maioria dos 54% dos moçambicanos, ou seja pouco mais de 11 milhões de compatriotas nossos que vivem com cerca de 25,00 meticais ao dia. Estes nossos compatriotas, para além de problemas alimentares e nutricionais, enfrentam, com maior acuidade, o impacto da escassez de infra-estruturas sociais e económicas e de serviços básicos.

Apraz-nos, porém, registar que, apesar de muitos desses nossos compatriotas não saberem ler e escrever, enviam os seus filhos à

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escola, à custa de muito sacrifício e, quando estes revelam fraca assiduidade ou desempenho, os seus pais empenham-se em con-vencê-los a adoptar uma atitude mais positiva, consentânea com o esforço e a expectativa neles depositados. O nosso maravilhoso Povo tem certeza de que, como fruto da sua formação, os seus filhos irão influenciar positivamente a fisionomia do seu meio, con-tribuindo para valorização dos homens e da terra. Alguns dos pre-sentes nesta cerimónia de hoje, são produtos desta visão dos seus pais e hoje estão dando a sua contribuição nesta luta pela prospe-ridade de Moçambique e do seu Povo.

O segundo factor que nos levou a tomar o Distrito como Pólo de Desenvolvimento tem a ver com os recursos naturais disponíveis. A água, a terra para a produção agro-pecuária, a madeira e os recursos minerais, só para dar alguns exemplos, encontram-se nos distritos. Deste modo, ao priorizarmos esta unidade administrativa queremos assegurar que os cerca de 14 milhões de moçambicanos que vivem nas zonas rurais adquiram as capacidades necessárias para transformar, em riqueza, os abundantes recursos de que dis-pomos e com essa riqueza contribuir para o bem estar das suas famílias e para a prosperidade desta Pérola do Índico.

O processo de descentralização que estamos a levar a cabo, in-cluindo a dotação de sete milhões de meticais, por distrito, e o protagonismo que estamos a conferir aos Conselhos Consultivos Distritais têm em vista garantir que um crescente número de de-cisões seja tomado a nível local, para atender às necessidade lo-calmente identificadas, com maior envolvimento dos primeiros e últimos beneficiários dessas medidas administrativas, isto é, o nos-so brioso Povo. Enquadrado nesta perspectiva, o curso de Mestra-do que é hoje lançado, tem o potencial de reforçar a capacidade local de planeamento e gestão dos recursos humanos e naturais, e seu maior aproveitamento para o desenvolvimento do distrito e do nosso belo Moçambique.

A terceira razão que determinou a priorização do distrito é o an-tecipado efeito multiplicador, para a nossa Pátria Amada, dos re-

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sultados derivados desta atenção sobre esta unidade administra-tiva. A Revolução Verde, por exemplo, tem em vista aumentar a produção e a produtividade agro-pecuárias e a renda dos nossos compatriotas.

A nossa experiência ensina-nos que as cidades dependem do campo para uma variedade de bens de consumo. Quer isto dizer que, au-mentando a produção e a produtividade no campo se criam as con-dições para aumentar a oferta desses produtos nos centros urbanos e, por consequência, a um preço mais acessível para o consumidor. Para além disso, o facto de cerca de 14 milhões de moçambicanos viver no campo, significa que a actual esmagadora maioria da po-pulação que vive nos centros urbanos é de origem camponesa. Quer dizer, muitos moçambicanos nos centros urbanos têm uma relação afectiva com o campo e, por isso, os rendimentos agro-pecuários dos seus familiares lhes afectam emocional e materialmente.

Dito em outras palavras, uma maior produção agrícola no campo, por exemplo, reduz a necessidade de transferência de rendimentos para os familiares nas zonas rurais, apenas para consumo, abrindo possibilidades de realização de pequenos investimentos como, por exemplo, em material escolar adicional, gado, casa melhorada e cisterna. Por outro lado, a remessa de produtos agro-pecuários do campo para os familiares nos centros urbanos tem efeito positivo no cabaz familiar e na diversificação da dieta alimentar, libertando recursos para outras necessidades familiares, incluindo para pe-quenos investimentos em bens duradoiros.

*****

A nossa Agenda Nacional é de luta contra a pobreza e pelo bem-es-tar deste maravilhoso Povo. Como sublinham as nossas realizações, estamos a vencer este flagelo e a construir o nosso bem-estar. Po-rém, se podemos fazer um empréstimo, “Roma não foi construída num dia” e, por conseguinte, a pobreza também não será vencida num dia, nem o bem-estar será realizado em vinte e quatro horas, contadas a partir da declaração do nosso desejo.

O que nos é dado a ver, no nosso dia-a-dia, é o facto de, do Ro-vuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, estarmos, pedra a pedra,

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a construir o nosso Moçambique. Por isso, mais do que um cres-cimento abstracto, a média dos 7% do Produto Interno Bruto vai beneficiando um crescente número de moçambicanos. Só para dar alguns exemplos:

o cada uma das nossas províncias tem, pelo menos, uma insti-tuição de ensino superior;

o as estradas e pontes estão em reabilitação e construção;

o a energia de Cahora Bassa está a beneficiar a mais compa-triotas nossos;

o as unidades sanitárias e as fontes de água potável estão em expansão, aproximando-se de cada vez mais moçambicanos; e

o mais postos de trabalho estão a ser criados, graças aos in-vestimentos que estão a ser feitos, quer pelo sector público quer pelo sector privado.

O desafio que se coloca aos docentes e aos formandos nesta e noutras universidades moçambicanas, é de continuar a fazer a di-ferença, no quadro do desenvolvimento dos nossos distritos e des-ta Pérola do Índico. Esperamos que, para o caso da Universidade Católica, o curso que ora se inicia venha aumentar não apenas o número de graduados mas, e sobretudo, a capacidade nacional em termos de planeamento e gestão do processo de desenvolvimento dos nossos distritos.

A nossa meta é dotar o distrito de uma massa crítica de profissio-nais com o conhecimento científico e habilidades suficientes para liderar os processos de transformação das matérias-primas em pro-dutos de consumo interno e de exportação. Neste prisma deve ser vista a prioridade que damos à promoção da auto-estima, de cada um e de todos os moçambicanos, pois, queremos que cada um de nós descubra e liberte todo o seu potencial e se aperceba que pode tirar mais vantagens dos recursos à sua volta, para si, para a sua família e para a Nação Moçambicana.

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Agrada-nos, sobremaneira, o dinâmico e crescente movimento de estudantes para os distritos. Sabemos que este movimento nasce nas próprias salas de aulas, anfiteatros e laboratórios, onde os do-centes desafiam os seus estudantes a interagirem com a realidade, através da investigação e da extensão. Temos acompanhado o en-tusiasmo e o sentido de Pátria e de missão de que estão imbuídos os estudantes integrantes deste movimento. Apraz-nos, igualmen-te, registar, a forma calorosa como eles são acolhidos e enquadra-dos pelas autoridades locais. Sobretudo, saudamos a forma como os governos locais criam as condições para que estes estudantes coloquem os seus conhecimentos ao serviço do distrito e de Mo-çambique.

Este curso de Mestrado vem assim trazer uma nova dimensão neste relacionamento entre a universidade moçambicana e o distrito e entre o estudante e o camponês. Queremos, pois, que mais ini-ciativas do género, criativas, inovadoras e prontas para abraçar desafios novos, se expandam nesta pátria de heróis, porque lutar contra a pobreza, é um exercício do quotidiano que exige respos-tas atempadas e de cada vez maior eficiência e impacto.

As nossas instituições do ensino superior têm estado a apoiar e a incentivar este movimento estudantil e a realizar intervenções exemplares na área da pesquisa e extensão. Apregoamos, contudo, que essas intervenções dos estudantes e das instituições do ensino superior assumam como meta a cobertura de todos os 128 distritos do nosso belo Moçambique, porque o número actual de universida-des e de estudantes justifica que assim procedamos. A universida-de moçambicana tem um dever histórico de assumir-se cada vez mais relevante nesta Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Os alunos, agindo como estão a agir em relação ao distrito, estão também a prestar homenagem àqueles que, não sendo escolariza-dos, tiveram a visão de investir nos seus filhos porque acreditavam que eles poderiam fazer a diferença.

Aos pioneiros deste curso saudamos pela escolha e encorajamo-los a persistir e a usar esta oportunidade para melhor se armarem para os desafios que o distrito nos coloca, no presente e no futuro.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

A vossa opção por este curso é já, por si só, um indicador de uma opção clara de compromisso com o Distrito. Este projecto vai-se erguer, crescer e ganhar robustez com a vossa capacidade de pro-dução científica e de constante interacção com o Distrito, com a vossa criatividade e crescente desempenho, para corresponderem:

à vontade dos vossos familiares e amigos;

aos anseios da instituição que vos acolhe a partir de hoje; e

às expectativas do próprio Distrito.

Por isso, que no dia-a-dia do vosso curso lembrem-se sempre

que o Distrito chama por vós;

que o nosso Povo por vós espera; e que

Moçambique conta convosco.

Com estas palavras, temos a honra de declarar lançado, na Univer-sidade Católica de Moçambique, o Curso de Mestrado em Planea-mento e Desenvolvimento Regional, com enfoque no Distrito.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Moçambicanos formados:

Um recurso estratégico para o desenvolvimento da nossa Pátria Amada21

Dirigimo-nos a esta magna assembleia, com redobrado júbilo, dado o momento singular que o Instituto Superior de Ciências de Saúde hoje celebra, um marco do seu desenvolvimento, consolidação e afirmação no contexto da formação de quadros nacionais. A for-mação de um crescente número de moçambicanos, e em diferen-tes áreas de intervenção humana, deve permanecer como nossa aposta, em todos os sectores da nossa sociedade, no campo e na cidade. Cada vez que contemplamos as maravilhas concebidas e executadas pelos nossos compatriotas, com baixa ou mesmo sem qualquer tipo de escolarização, perguntamo-nos sobre o que mais aqueles moçambicanos empreendedores produziriam se tivessem passado por uma formação especializada de alguma duração.

A aposta na formação garante-nos um desenvolvimento endógeno e sustentável, um desenvolvimento assumido e liderado pelos pró-prios moçambicanos do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo.

Ao mesmo tempo, esta estratégia responde ao nosso compromisso de continuamente aprimorarmos os princípios de inclusão e de en-volvimento de todos na Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza, a nossa agenda na actualidade.

Como dizíamos logo no princípio, estamos muito satisfeitos em es-tar diante de mais um exemplo de homens e mulheres preparados para uma intervenção de maior qualidade dentro da sociedade moçambicana. 21Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, na cerimónia de graduação no Instituto Superior de Ciências de Saúde

(ISCISA). Maputo, 20 de Agosto de 2008.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

São compatriotas que irão dar um impulso significativo na luta que travamos por um Moçambique melhor para todos nós e para as ge-rações vindouras.

*****

Uma das nossas grandes prioridades em Moçambique, implemen-tada de forma mais sistemática e com mais recursos desde a Inde-pendência Nacional, tem sido a prevenção de doenças, conhecidas que são as emoções, a angústia e a ansiedade que elas geram no seio da família e a onerosidade que o seu tratamento e cura acar-retam. Em resposta a esta prioridade, temos estado a expandir a rede sanitária e a intensificar a formação do pessoal de saúde aos vários níveis e em diferentes áreas de especialização.

Em resultado da experiência própria vivida por cada moçambica-no, reforçada pelas campanhas de saúde, que temos estado a levar a cabo, cristaliza-se, no seio da Nação Moçambicana, o princípio de que a prevenção de doenças é a estratégia mais acertada e ao alcance de todos nós.

Testemunha este facto a aderência às réplicas das iniciativas Pre-sidenciais de combate ao HIV e SIDA e a favor da saúde da criança e da mulher, bem como a Campanha Nacional de Saneamento do Meio e Promoção de Higiene, só para citar alguns exemplos.

Paralelamente ao programa de reforço da nossa capacidade de prevenção de doenças, temos estado a melhor munirmo-nos para o combate às grandes endemias como a malária e a tuberculose, sem descurar a nossa capacitação para outras áreas de intervenção da medicina curativa. A colocação de mais pessoal de saúde e o apetrechamento das unidades sanitárias nos distritos tem também em vista responder a este objectivo. Aliás, apraz-nos registar que os graduados que são hoje a razão desta cerimónia irão, como foi aqui anunciado, reforçar o quadro de pessoal nos distritos e, deste modo, contribuir para a redução das iniquidades de acesso aos cui-dados de saúde e para a melhoria do bem-estar do nosso maravi-lhoso Povo. Sobretudo, a presença destes quadros de saúde nestas

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

unidades administrativas do território nacional vai capacitar, mais ainda, o distrito para se assumir como a base de desenvolvimento deste Moçambique de todos e de cada um de nós.

Neste prisma, a contribuição do Instituto Superior de Ciências de Saúde deve ser apreciada em duas vertentes principais. A primeira prende-se com a habilitação de mais moçambicanos para usarem os seus talentos para benefício de si próprios e da nossa Pátria Amada.

A segunda situa-se no contexto da qualificação de mais profissio-nais de saúde para a prevenção de doenças, seu tratamento e cura, abrangendo assim mais compatriotas nos distritos.

Moçambique está, pois, de parabéns. Estão também de parabéns o Ministério da Saúde e o Instituto Superior de Ciências de Saúde por esta valiosa contribuição.

*****

Hoje terminam uma caminhada coroada de êxito que deve ser ci-mentada com a formação contínua e a actualização técnico-cien-tífico permanentes para estarem sempre à altura dos desafios de cada momento.

Ao longo da formação que hoje termina foram se apercebendo que a identificação de um problema ganha maior valor se for seguida da busca ou da proposta de busca de soluções para ultrapassá-lo. Ao longo destes anos nesta instituição não se ficaram pela identi-ficação desta ou daquela lacuna no vosso processo de formação. Souberam esmerar-se na busca de soluções para essa lacuna téc-nica ou científica, quer individualmente, quer com o apoio dos vossos docentes e colegas.

Esta é uma importante lição que deve orientar-vos no vosso quo-tidiano que começa quando transpuserem os portões do Instituto Superior de Ciências de Saúde.

Nesse quotidiano:

não bastará identificar hábitos da população que podem ser focos de doença ou outros que importa encorajar;

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

não bastará constatar que a prevenção é a melhor arma e ao alcance de todos;

Não bastará constatar que à vossa volta há recursos ociosos ou sub-aproveitados.

Os vossos colegas e a população podem-se recordar de vós por terem sido capazes de identificar e articular essas constatações.

Todavia, não será por isso que serão distinguidos e o vosso nome exaltado e recordado com nostalgia. Serão, isso sim, recordados pelas soluções que terão concebido e executado no distrito e pelo modelo de profissional que terão sido.

Serão distinguidos pela conduta exemplar, pelos serviços prestados ao nosso maravilhoso Povo, com amor e carinho e, em particular, pela atenção prestada ao doente e à sua família.

Serão distinguidos pela firmeza que terão adop-tado no combate aos obstáculos ao nosso de-senvolvimento, nomeadamente o burocratismo, o espírito do deixa-andar, a corrupção, o crime e as doen-ças.

Serão distinguidos por terem mantido uma residência bem conservada que também marcava a diferença pela horta, pomar e capoeira.

Serão ainda recordados, com nostalgia, pelo vosso entu-siasmo para o envolvimento de outros colegas no distrito e da população, em geral, no aproveitamento dos recur-sos existentes.

Isso sim. Isso vai marcar a vossa passagem pelo distrito onde vão trabalhar, muito depois de por lá terem passado. Será um legado de que se poderão orgulhar perante os vossos familiares, colegas e superiores hierárquicos.

Este desafio, que vos lançamos para deixarem um legado no local onde serão colocados, tem em vista levar-vos a provarem que na formação não buscavam honra e glória como fins em si.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Que buscavam uma formação integral que vos permita uma in-tervenção integrada e não limitada apenas a questões de saúde. Devem ser vistos e assumirem-se como agentes de mudança quer no local de trabalho quer na comunidade.

Uma palavra de apreço vai para a Direcção do Instituto Superior de Ciências de Saúde, o seu corpo docente e para o seu pessoal técnico-administrativo.

Aos hospitais que serviram de locais de estágio dos compatriotas que hoje se graduam, vai também a nossa expressão de gratidão pelo espírito de colaboração que permitiu associar a teoria à prá-tica.

A todos, minhas senhoras e meus senhores, muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O Professor:

Impulsionador da interacção entre o conhecimento local e os saberes globais22

Para nós é sempre motivo de grande júbilo prestarmos homenagem aos professores, esses homens e mulheres que, à extensão e lar-gura do nosso Moçambique, têm dado o melhor de si para a mate-rialização da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. São homens e mulheres:

transmissores de valores, saberes e experiências;

educadores de gerações e de comunidades, e

formadores de compatriotas que, melhor habilitados, par-ticipam na construção de um Moçambique cada vez melhor.

Hoje, por ocasião das bodas de prata da ONP, a sua organização, estamos aqui juntos, uma vez mais, para celebrarmos essa obra que com dedicação, espírito patriótico e deontologia profissional, os nossos professores constroem, nesta Pérola do Índico. A todos, do Rovuma ao Maputo, do Índico ao Zumbo, os nossos PARABÉNS pela passagem do Doze de Outubro, dia do Professor e Vigésimo Quinto aniversário da ONP.

A celebração destes vinte e cinco anos da ONP tem lugar num ano histórico. Com efeito, o proclamador e Membro Número Um desta organização social, o Presidente Samora Moisés Machel, comple-taria Setenta e Três anos de vida se, há vinte anos, não tivesse

22Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião do Dia do Professor e do vigésimo quinto aniversário da ONP.

Maputo, 12 de Outubro de 2006.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

sido traiçoeira, bárbara e cobardemente assassinado, nas colinas do Mbuzini, pelo regime do Apartheid. Para evocar a vida e obra daquele que nos ensinou a “fazer da escola uma base para o Povo tomar o poder”, têm sido levadas a cabo, em todo o nosso Moçam-bique e além fronteiras, desde o dia vinte e cinco de Setembro, actividades políticas, sociais e culturais. São actividades que têm envolvido cidadãos de diferentes gerações, estratos sociais e na-cionalidades.

Reiteramos, ainda, as nossas felicitações às Organizações de pro-fissionais da educação, de todo mundo, filiadas na Educação Inter-nacional, pela passagem do Cinco de Outubro, Dia Mundial dos Do-centes e Educadores. Esta é a data consagrada pela UNESCO para chamar a atenção pública sobre o importante papel desempenhado pelos docentes na construção de um futuro melhor para a humani-dade e que este ano se celebra sob o lema Docentes de qualidade, para uma educação de qualidade.

*****

A nobre missão de formar homens e mulheres, para que sejam ca-pazes de intervir em benefício próprio, da comunidade e do nosso Moçambique, esteve sempre na nossa agenda desde o longínquo, mas sempre próximo, ano de 1962. Esta prioridade traduziu-se na abertura de escolas, nas mais adversas condições, quer em terri-tório nacional, quer no estrangeiro. Depois dos Acordos de Lusaka assistimos à saída, em massa, de muitos funcionários públicos, maioritariamente de origem portuguesa, incluindo professores. Foi necessário, por parte do Governo do nosso Moçambique Inde-pendente, tomar medidas de emergência enquanto se desenhavam soluções de curto, médio e longo prazos.

As medidas contingenciais expressavam-se pela palavra de ordem “quem sabe ler que ensine ao outro” e asseguraram que a chama da educação se mantivesse acesa. Do ponto de vista estrutural, lançámo-nos na concepção e materialização de programas de for-mação de professores para os diferentes níveis e áreas. Foi desta

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

maneira que fomos crescendo, em quantidade e qualidade, por esta Pérola do Índico adentro.

Empreendemos esses esforços, no passado, porque acreditávamos na educação como meio para dotar o nosso Moçambique de com-patriotas com preparação para enfrentar, com maiores hipóteses de sucesso, os desafios da construção da Nação e do bem-estar de todos nós.

Hoje, continuamos a conferir um lugar de destaque à educação porque continuamos persuadidos do seu papel na nossa Agenda Na-cional de Luta contra a Pobreza. Com efeito, os benefícios da Edu-cação vão para além do indivíduo, em particular, e têm um enorme efeito multiplicador para toda a sociedade nas esferas social, eco-nómica e de participação na vida da comunidade.

*****

No centro de todo este processo de educação e formação está o professor. É dele que se espera a transmissão de valores nobres e dignificantes bem como de saberes e experiências indutores de inovação.

O professor tem a grande vantagem de se poder colocar como in-terface entre o saber que o aluno traz para a sala de aulas e o co-nhecimento global. Neste sentido, o professor tem a possibilidade de impulsionar a interacção entre estes dois tipos de conhecimen-tos. Por exemplo:

quando o aluno entra para a escola tem já um conhecimento considerável sobre as instituições sociais do seu meio, de entre elas a família, as hierarquias vigentes e toda uma rica e milenar cosmogonia. Na escola, ele entra em contacto com os símbolos da Nação, a noção de Pátria, os poderes, as instituições do Estado e as ciências. Cabe ao professor pôr estes dois conhecimentos em interacção para enrique-cimento mútuo;

quando o aluno vai frequentar um curso, digamos de agro-pecuária, ele já traz consigo um manancial de saberes e

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

experiências sobre como a sua comunidade se relaciona com a natureza e como assegura a reprodução das espécies e garante a sua sustentabilidade. O professor, por seu turno, traz para a sala de aulas um leque de saberes sistematizados que precisam de ser confrontados com os do aluno para se dar o próximo passo, o do saber qualitativamente superior;

um estudante do ensino médio ou superior, apoiado pelo seu docente, está em melhores condições de colocar dúvidas metodológicas e procurar respostas para os problemas que a sociedade enfrenta.

A interacção sistemática e coerente entre esses saberes tem sido assegurada pelo professor que privilegia, no seu quotidiano, o vín-culo entre aquilo que ensina, a vida dos alunos e os desafios que os esperam, na sociedade.

Essa interacção é, igualmente, impulsionada pelo professor que, de forma activa e multiforme, faz uso de todas as oportunidades que se apresentam e as que cria para manter uma estreita ligação entre os conteúdos programáticos e os desafios que a comunidade enfrenta, entre a escola e o contexto em que se encontra inserida, valorizando e promovendo a apropriação da sua história, cultura e recursos locais.

Todo este património de novos saberes e experiências adquiridos pelos alunos neste contexto, irão contribuir, sobremaneira, para aguçar a sua auto-estima, porque descobrirão que têm conheci-mentos que são valorizados pela escola e que esses conhecimen-tos complementam os de outros quadrantes da humanidade. Para além disso, estimulados deste modo, os alunos sentir-se-ão mais orgulhosos de serem detentores desse novo património. Acima de tudo, e por causa desse estado de espírito, eles estarão em melho-res condições para recorrer a esses saberes para induzir mudanças nas suas famílias, na comunidade e na sociedade em geral. Estas são mudanças que poderão ser melhor interiorizadas e reproduzi-das pelos seus primeiros e últimos beneficiários que são os próprios alunos e a sua comunidade.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Neste processo, a própria sociedade irá conferir maior relevância à escola nos seus desafios de luta contra a pobreza. Mais do que isso, será o próprio professor quem granjeará mais simpatia e conside-ração dos alunos e da comunidade.

No contexto da nossa Presidência Aberta e inclusiva, temos teste-munhado como os nossos professores têm participado neste pro-cesso de assegurar maior relevância à escola e sua crescente in-serção no meio local. Porém, desafiamos a todos os professores a fazer mais e melhor porque a luta que travamos contra a pobreza exige de cada um de nós um passo acelerado.

*****

Os resultados que os nossos professores constroem, têm sido alcan-çados muitas vezes em condições de trabalho difíceis e adversas. São condições caracterizadas, por exemplo:

pelo elevado rácio professor-aluno;

pela leccionação de mais de um turno; e

pelos constrangimentos que se prendem com promoções e progressões nas carreiras.

Por isso, tal como o proclamador da sua organização sócio-profis-sional, há vinte e cinco anos, os professores são verdadeiros heróis.

Eles não se poupam a esforços para manter a chama da educação acesa. Gostaríamos de assegurar que o nosso Governo tem estado a prestar atenção aos problemas que afectam as condições de tra-balho do professor e concebido soluções para a sua resolução.

De entre as soluções que estão sendo adoptadas queremos desta-car:

a construção acelerada de salas de aulas e de casas para os professores;

a adopção de um novo modelo de formação que vai permitir a habilitação de mais professores em menos tempo;

a melhoria da capacidade de planificação e execução dos recursos financeiros disponíveis para atender às questões de

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

salários e subsídios dos professores e gestores do sistema nacional de educação; e

a revisão do Estatuto do Professor.

A recente criação da Autoridade Nacional da Função Pública vai, também, ter impacto na resolução dos vários problemas que afec-tam os funcionários do Estado incluindo os Professores. Uma das funções deste órgão é imprimir uma melhor gestão estratégica dos recursos humanos. Dele também se esperam acções concretas de combate aos obstáculos ao nosso desenvolvimento, tais como, o burocratismo, espírito de deixa-andar e a corrupção com a partici-pação dos próprios funcionários.

*****

Gostaríamos de exortar, uma vez mais, a todos os professores, a continuarem a assumir o combate ao HIV e SIDA como parte da sua agenda educativa.

Numa interacção profícua com os alunos e com a comunidade po-derão contribuir, mais ainda, para encontrar as respostas mais ade-quadas para a prevenção, combate e mitigação dos efeitos desta pandemia.

A terminar, gostaríamos de endereçar uma saudação especial aos professores que vieram das províncias para receber os seus pré-mios. Eles são uma referência de entre muitos que são exemplos de entrega, dedicação e deontologia profissional nesta Pérola do Índico.

Esperamos que esta iniciativa de premiar o bom desempenho e exemplo seja continuada e aprimorada pela ONP e replicada por outras instituições.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O professor:

Influente indutor de valores nobres e de mudança de atitude e de comportamento dos cidadãos23

Iniciámos o dia de hoje com a abertura, às 9 horas, da Conferên-cia do Fórum dos Ministros de Energia de África, onde abordámos o tema “Aquecimento global: um fenómeno cujo combate clama pela interacção entre as intervenções multidimensionais locais e globais”.

Na nossa intervenção trouxemos à atenção dos participantes o fac-to de o nosso continente estar já a ressentir-se dos efeitos deste fenómeno. Fizemos, igualmente, referência à contribuição do nos-so País na mitigação do aquecimento global.

Não abordámos tudo, naturalmente, e a tomada de posse do Mag-nífico Reitor da Universidade Pedagógica oferece-nos mais uma oportunidade para olhar para aquilo que estamos a fazer e pode-mos mais fazer, nesta frente, na área da educação, com a partici-pação e liderança do professor. Com efeito, todos nós reconhece-mos que o professor é um influente indutor de valores nobres e de mudança de atitude e de comportamento dos cidadãos. Foi neste quadro que trouxemos para reflexão, na cerimónia de graduação da Universidade Pedagógica, a 21 de Novembro de 2005, o tema “O professor como agente da transformação social”.

Tendo em consideração este papel preponderante do professor, importa pois, que continuemos a prestar crescente atenção ao processo e métodos da sua formação. Por exemplo, a responsabi-

23Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de tomada de posse do Professor Rogério Uthui como Reitor

da UP. Maputo, 30 de Março de 2007.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

lização de cada aluno por uma árvore só terá sucesso pleno se o professor ser levado a assumir, durante a sua formação, que uma árvore é sinónimo de vida e riqueza:

ela dá-nos, a título de exemplo:

o sombra e espaços verdes;

o dá-nos, igualmente, madeira, frutos e medicamentos; e

o ainda protege e fertiliza os solos.

Neste prisma, será a partir da escola, e com a liderança do pro-fessor, que encontraremos parte das soluções estruturais para o problema das queimadas descontroladas que, por vezes, semeiam luto e dor no seio de famílias moçambicanas. Dotados destes e de outros valores nobres, os alunos estarão em condições de fazer a diferença nas suas famílias e na comunidade. Com estas mudanças não ganharão apenas as famílias, mas toda a sociedade moçambi-cana e todo o nosso planeta.

*****

Gostaríamos de endereçar palavras de apreço ao Professor Carlos Machili que hoje deixa o cargo de Reitor da Universidade Pedagógi-ca. Sob a sua direcção, a UP registou um aumento do número e da qualidade dos docentes. Por outro lado, o número de estudantes também cresceu substancialmente. A expansão da UP pelas provín-cias merece, igualmente, o nosso registo e elogio. Hoje a UP está muito mais próxima de mais cidadãos participando, de perto, na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

*****

Ao felicitar o Professor Rogério Uthui pelas novas responsabilida-des queremos assegurar-lhe todo o apoio para valorizar, consolidar e expandir o legado do seu antecessor. Reconhecemos a sua com-petência e entusiasmo para mobilizar e enquadrar as energias de

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

docentes e estudantes da Universidade Pedagógica para avançar, com sucesso, na nobre missão que lhe confiamos.

Certos de que a UP continuará a aprimorar os seus processos e mé-todos de formação de professores que se assumam como influentes indutores de valores nobres e de mudança de atitude e de com-portamento dos cidadãos, gostaríamos de terminar convidando a todos os presentes para nos acompanharem num brinde:

ao sucesso do Professor Rogério Uthui na sua nova missão; e

à saúde de todos os presentes.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O professor:

Agente da transformação social24

Presidir a uma cerimónia de graduação, enche-nos sempre de mui-to júbilo. Primeiro porque testemunhamos directamente a cele-bração de uma vitória dos nossos compatriotas, conquistada à cus-ta de muito trabalho, dedicação e até de sacrifício. Em segundo lugar, esta cerimónia marca o desdobramento de mais homens e mulheres para a frente de combate contra a pobreza.

Para o caso específico, estamos a falar de quadros ligados à docên-cia, à planificação e administração escolar.

Em terceiro lugar, cerimónias destas adensam a nossa convicção de que em Moçambique a pobreza não tem outra opção senão recuar, recuar, e recuar sempre.

Por isso, este é um momento de festa para todos aqueles que aju-daram a construir este dia:

os estudantes, os docentes, a direcção da Universidade Pedagó-gica, o Povo Moçambicano, através dos seus impostos, e todos os outros actores directos e indirectos.

Neste momento de festa e celebração, permitam-nos que partilhe-mos algumas reflexões sobre o papel do professor como um trans-formador social. Já tivemos ocasião de sublinhar várias vezes, e especialmente por ocasião do Seminário Nacional de Gestão Esco-

24Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, na cerimónia de graduação da Universidade Pedagógica. Maputo, 21 de

Novembro de 2005.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

lar realizado em Chimoio, que a educação, é um factor essencial no desenvolvimento humano.

Sobretudo, encaramos a educação, com o professor no seu epicen-tro, como chave para induzir as mudanças que estamos a operar na sociedade moçambicana.

A ideia de o professor se assumir e ser visto como um transforma-dor social começa no processo da sua formação. Ao longo dessa formação, ele deve, no dia-a-dia, ser levado a confrontar-se com situações concretas ou virtuais, retiradas da nossa realidade.

Esta é a realidade onde a pobreza predomina.

esta é a realidade onde encontramos os obstáculos ao nos-so desenvolvimento, particularmente, o burocratismo, o espírito do “deixa andar”, a corrupção, a criminalidade e as doenças endémicas.

O candidato a professor deve, ao mesmo tempo, ser desafiado a formular soluções para essas situações, que derivam da nossa con-dição de pobres.

Continuando a agir deste modo, a Universidade Pedagógica estará a assegurar que o candidato a professor não esteja nunca desli-gado da vida que o espera depois da sua graduação e que dele espera acções para transformá-la. Com uma formação inspirada e enformada pela realidade do nosso País, esta instituição de ensino superior cria as condições necessárias para que os seus estudantes tenham a oportunidade de desenvolver as competências, habilida-des e atitudes necessárias para que eles sejam, mais tarde, verda-deiros transformadores sociais.

Importa, pois, que, como instituição de formação de professores, a Universidade Pedagógica continue a garantir que, durante a sua formação, os seus estudantes reforcem a imagem que trazem de um professor exemplar, dedicado e indutor de novas formas de ser e de estar dos alunos na sociedade.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Nos seus programas e acções, a Universidade Pedagógica tem que ter sempre presente que a nossa agenda nacional é o combate con-tra a pobreza. A missão de formar quadros para agir num contexto de pobreza é indissociável da missão de produzir conhecimento que contribua para alterar essa situação social.

Isto consegue-se através de uma constante busca, por parte dos docentes, da excelência e da qualidade no que fazem para intervirem nesse meio.

Isto consegue-se através da pesquisa aplicada que deve ser uma das práticas que definem o profissionalismo do nosso docente a este nível.

Esta prática da pesquisa vai certamente contribuir para a auto-superação constante dos docentes e para a sua actualização sobre os debates na sua área de saber. Sobretudo, será uma forma de transmitir uma ética profissional exemplar aos seus alunos.

Será uma oportunidade para os seus alunos seguirem o seu exemplo de produção de comunicações e divulgação de resultados da sua pesquisa. Por isso, devem prosseguir com a política de acarinhar as iniciativas de pesquisa em todas as áreas do conhecimento para que o nosso académico seja também um transformador social e para que influencie os seus estudantes a seguirem-lhe no exemplo.

Efectivamente, da Universidade Pedagógica esperamos que saiam graduados com as necessárias capacidades e vontades de se jun-tarem aos que já contribuem para as mudanças em curso no nosso País. Para ele cumprir com sucesso esse seu papel, o professor pre-cisará sempre de uma boa preparação intelectual, técnico-profis-sional e cultural. Com essa preparação e predisposição, o professor será capaz de interessar os seus alunos a mudarem de atitude e a fazerem intervenções de vulto junto das suas famílias e na própria comunidade.

*****

Vós sereis em breve professores nos diferentes distritos deste nos-so belo Moçambique.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Grande é a expectativa do nosso Povo à volta da vossa chegada e preenchimento das vagas nessas escolas.

Ao chegarem à escola, onde vão leccionar notarão que os proble-mas que afectam a nossa sociedade não param à porta da vossa sala de aulas.

Eles entram com os alunos na sala de aulas onde vão trabalhar.

Por isso, como agentes de transformação social devem ser capazes de levar os vossos alunos a enfrentar e a combater os problemas que até têm a ousadia de os perseguir à sala de aulas adentro.

Esta é uma oportunidade que têm de desempenhar o vosso papel como agentes de transformação social.

Sabemos que este exercício não é facil. Vai exigir acções corajosas e inovadoras. Acima de tudo, vai exigir persistência e paciência.

Primeiro, têm que inculcar e elevar a auto-estima dos vossos alu-nos – nós temos frequentemente dito que a pobreza mais difícil de erradicar está nas nossas próprias cabeças, porque inculcada ao longo dos séculos, gerações e através de palavras e actos indoutri-nários.

Os nossos alunos devem ter confiança neles mesmos e na sua capa-cidade de intervir no combate contra a pobreza e contra os outros males associados a essa pobreza. Por isso, como transformador so-cial, o professor tem por missão comunicar saberes aos seus alunos.

Mais importante, porém, o professor tem a missão de facilitar a interacção, cruzamento e enriquecimento mútuo entre a experiên-cia e o conhecimento que o aluno traz de casa com a experiência e o conhecimento que lhe é comunicado pelo professor. Criar opor-tunidades para o aluno descobrir que traz uma experiência e um conhecimento válidos e valorizados, que ele afinal não é tabula rasa, eleva a sua auto-estima e a sua auto-confiança.

Em segundo lugar, o professor deve criar condições para que o aluno se assuma como um agente de transformação social, que se

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

assuma como um extensionista social. A associação das matérias escolares aos desafios concretos da vida é um dos caminhos neste sentido.

Ao plantarem pomares ou criarem animais de pequenas espécie, os alunos estarão a consolidar os conhecimentos sistematizados na carteira da escola e a combater um dos problemas que os perseguem para dentro da sala de aulas: a fome.

Deste modo, expulsarão este mal da sala e do pátio esco-lar. Se forem capazes de levar as técnicas de enxertia e de reprodução de espécies animais e vegetais mais saudáveis, estarão, igualmente, a afastar a fome, do meio familiar e eventualmente da sua comunidade.

Ao aprenderem novas técnicas de recolha e conservação da água das chuvas que antes caía tecto da escola abaixo, os alunos não passarão apenas a ter água para as suas hortas. Eles estarão sensibilizados para o facto de que também em casa podem empregar técnicas simples, mas efectivas, para evitar que a água das chuvas se desperdice, para a sua falta ser sentida pelas pessoas, animais e culturas, logo a seguir.

Ao iniciar os alunos em matérias de saúde pública, o pro-fessor não estará apenas a despertar neles as possibilidades que se abrem à prevenção de muitas doenças. Estará tam-bém a assegurar que eles disseminem práticas novas na sua família e na sua comunidade.

Em terceiro lugar, o professor deve incentivar o aluno a explorar os recursos à sua volta para transformá-los em seu benefício.

Ao assegurar que a sua escola encontre solução para os problemas de carteiras no meio que a rodeia, o professor não estará ape-nas a resolver um problema que afecta directamente a qualidade de formação dos seus alunos. Ele estará a despertar nos alunos a ideia de que o trabalho manual também é valorizado pela escola.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Sobretudo, ele estará em condições de explorar outros recursos para a solução dos seus problemas e estará melhor preparado para adoptar práticas que contribuam para a conservação e reprodução dessas espécies.

O professor como agente de transformação social não é um conceito aplicável apenas ao meio rural. No meio urbano e suburbano, o professor tem e pode ter um papel preponderante em interessar e induzir os alunos à mudança.

O trabalho manual na escola não se cinge somente ao meio rural. De igual modo, a reciclagem de desperdícios e sua aplicação em novas funções também não é matéria do meio urbano apenas. O desenvolvimento do espírito patriótico, a promoção da nossa cul-tura, na sua diversidade, são valores que devem permear o am-biente escolar, com o professor na sua liderança.

A importância do professor na promoção da cultura de paz enqua-dra-se no seu papel de agente de transformação social.

Por isso, dele se espera que ensine os seus alunos a terem uma aversão à intolerância e à exclusão, bem como às armas insidiosas que, muitas vezes, são usadas por aqueles que não querem ver Moçambique e os moçambicanos a progredirem e a viverem juntos, em harmonia: o tribalismo, o racismo e a intriga.

O professor tem grandes responsabilidades na promoção e apro-fundamento da cultura democrática e na formação dos seus alunos para assumirem um carácter aberto e tolerante, um carácter so-cialmente justo. Advertimos, porém, que isto exige que o profes-sor seja ele mesmo tolerante, sólido e sério, enfim justo.

O que propomos aqui está muito claro: o professor deve assumir-se como um agente de mudança, um transformador social.

Ele deve abrir a escola para a solução dos problemas que a so-ciedade enfrenta. Ele deve colocar-se, à inteira disposição da so-ciedade. Espera-se, pois, que o professor seja capaz não só de enfrentar estes problemas. Espera-se que ele, juntamente com os

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

seus alunos, busque as soluções mais ousadas, pondo toda a sua imaginação ao serviço dessas soluções. Dizemos mais ainda: que obtenha sucessos para, de forma visível, complementar o que os pais, a comunidade e as instituições públicas estão a fazer.

O que propomos é que o professor seja um extensionista do saber e do fazer bem as coisas. Daí deriva que, as mudanças que queremos ver aprofundadas na escola, tenham que incidir na sua organização e funcionamento.

Que tenham, igualmente, que ter impacto nos conteúdos e estra-tégias pedagógicas, bem como na qualidade da formação e na ati-tude e comportamento dos alunos, perante os recursos disponíveis à sua volta, perante os problemas da sociedade.

Estas mudanças, impõem, outrossim, novos modelos de relaciona-mento entre o professor e o aluno e entre a escola e a comunidade. A presença da escola deve desafiar e apoiar a comunidade a trans-formar-se. A escola deve ser mais relevante para a comunidade.

Para terminar, queremos desejar aos graduados boa aplicação dos conhecimentos adquiridos. Que sejam de facto agentes da trans-formação social e que a vossa escola faça a necessária e esperada diferença.

Muito Obrigado e contamos convosco.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

 Jovem no distrito:

Propulsor do desenvolvimento endógeno, reflectido e

sustentável em Moçambique25

Ao dirigirmo-nos a esta ilustre audiência nacional queremos rei-terar as nossas felicitações, a todos os jovens aqui presentes e, através de vós, à juventude moçambicana, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo pela celebração ontem, do Dia da Juventude, vosso dia. Saudamos a todos vós por tudo aquilo que têm feito para a valorização da nossa Independência Nacional, duramente con-quistada, e para a promoção do bom nome da nossa Pátria Amada. Saudamos a todos vós também pela vossa crescente auto-estima, sentido de cidadania e por estarem a assumir um papel de grande relevo na dignificação individual através do trabalho, nas suas múl-tiplas vertentes.

De igual modo, merece os nossos aplausos o papel que cada um de vós tem assumido no devir de um Moçambique livre da pobreza, no campo e na cidade, ao fazer a sua parte para a implementação, com sucesso, da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Por experiência própria, vão-se apercebendo que a pobreza pode e vai acabar nesta Pátria de Heróis, e assumem que o importante não é contemplá-la ou lamentar sobre a sua prevalência e impacto mas, arregaçar as mangas e combatê-la sem tréguas, vigorosamen-te.

Um dos símbolos da entrega abnegada dos jovens nesta luta con-tra este flagelo é o movimento estudantil “Férias Desenvolvendo o

25Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique na cerimónia de abertura do Seminário Nacional de Balanço da primeira

Fase do Projecto Férias Desenvolvendo o Distrito. Maputo, 13 de Agosto 2009.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Distrito”, da Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique cujo convite para estarmos hoje aqui presentes agra-decemos. Trata-se de um movimento que tomou a exemplar inicia-tiva de não ficar apenas a contemplar e a lamentar sobre a pobreza que grassa no seio da nossa juventude, mas que assumiu que tinha um papel a desempenhar na luta contra este flagelo. Através deste movimento, esta associação soube enquadrar as energias, vonta-des e o espírito empreendedor de muitos jovens universitários que, felizmente, graças à expansão do ensino superior, encontram-se em muitos mais pontos do nosso belo Moçambique.

Hoje celebramos quatro anos de vida de um movimento com reali-zações louváveis e de impacto nos distritos.

São quatro anos de muita mobilização dos jovens para assu-mirem o papel que lhes cabe nesta nova epopeia libertária;

são quatro anos de muito labor e resultados concretos nos distritos;

são quatro anos de muitas lições e experiências que jus-tificam esta sessão de balanço que serve, na verdade, de momento de reafirmação do compromisso da Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique com o desenvolvimento desta Pérola do Índico.

São quatro anos durante os quais este movimento deu uma valiosa contribuição no combate ao preconceito que associava os técnicos com formação superior exclusivamente aos centros urbanos ou a sua colocação nos distritos depois de satisfeitas pré-condições que eles, como graduados, impunham. Hoje já não são apenas os mé-dicos e os professores que ostentam formação superior no Distrito. Temos técnicos de diferentes áreas de formação e especialidade e outros, já colocados nos distritos, usam a oportunidade que o ensi-no à distância lhes abre para se formarem sem saírem do Distrito.

Apraz-nos notar que a presença dos representantes dos governos provinciais e distritais, bem como dos representantes do sector

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

privado e de outras organizações da sociedade civil, constitui uma excelente oportunidade para profícuos debates e para um balanço final que incorpore uma maior gama de aspectos desta experiência da nossa juventude para gerar acções futuras de maior impacto ainda. Estão assim em condições de visualizar os sucessos alcança-dos, os constrangimentos do percurso e os desafios do futuro bem como os passos que terão que dar para a sua superação.

*****

Ao longo destes quatros anos da sua existência, o movimento “Fé-rias Desenvolvendo o Distrito” tem levado muitos jovens a afirma-rem-se no Distrito como propulsores do desenvolvimento endóge-no, reflectido e sustentável, como portadores dos ideais dos jovens do 25 de Setembro e do 8 de Março. Na verdade, através deste movimento, a Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique levou muitos jovens a compreenderem porque o Distrito foi declarado nosso pólo de desenvolvimento. Com efei-to, na interacção com estas unidades administrativas do território nacional, estes jovens despertam para o facto de ser no Distrito onde vive a maioria do nosso Povo e onde a pobreza e as suas mais diversas manifestações se revelam com maior acuidade. De igual modo, descobrem nesta interação com o Distrito que é aqui onde jazem os nossos ricos e imensos recursos naturais que clamam por uma transformação mas onde os recursos humanos para realizar essa transformação são mais escassos. Mais importante ainda, os nossos jovens entram em contacto com uma realidade onde os seus conhecimentos adquiridos na academia têm o potencial de se en-trelaçarem com os ricos saberes milenares do nosso maravilhoso Povo para se enriquecerem mutuamente. Neste processo:

sai reforçada a auto-estima dos nossos jovens e do nosso Povo;

consolida-se a Unidade Nacional e a moçambicanidade; e

reforça-se o sentido de servir Moçambique, esta Pátria de Heróis.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

*****

Graças às múltiplas intervenções de diferentes actores, incluindo as iniciativas dos jovens universitários, a vida está a mudar no Dis-trito. Com efeito:

temos mais graduados a darem o seu contributo no Distrito e a melhorarem as suas condições de trabalho e de habitação;

mais unidades sanitárias e estabelecimentos de ensino, aos vários níveis, têm estado a ser implantados cada vez mais próximos do cidadão;

mais estradas, pontes e ferrovias foram construídas de raiz ou reabilitadas, facilitando a circulação de pessoas e bens; e

infra-estruturas sociais e económicas, públicas e privadas, estão a ser erguidas para o bem-estar do nosso Povo.

Durante a nossa Presidência Aberta e Inclusiva, temos testemu-nhado como as crianças e os jovens não usam o telefone celular apenas para a simples transmissão de voz e troca de mensagens. Temos visto, com muito agrado, que eles usam-no também para fazer imagens para visualização posterior e para envio a amigos, através da internet, também disponível em muitos distritos.

O processo de descentralização para o Distrito que apregoamos, e temos estado a implementar, não resulta apenas em mais poder de decisão do Administrador e do Conselho Consultivo Distrital. Este processo é também formativo sobre questões de desenvolvimento local do qual o nosso Povo se está a apropriar e a liderá-lo, através destes órgãos. A descentralização resulta, igualmente, em mais recursos humanos e financeiros fundamentais na implementação dessas decisões.

Com esta mudança de paradigma sobre o desenvolvimento local, nenhum Distrito se deve sentir com menos obrigações de dar o seu contributo ao desenvolvimento da Nação Moçambicana.

Cada um de vós jovens nesta sala e em todo o nosso Moçambique deve orgulhar-se por ser parte dos obreiros destas conquistas.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

São conquistas que vos devem inspirar a persistirem nesta cami-nhada e a continuarem a diversificar e a multiplicar iniciativas de apoio à afirmação do Distrito como pólo do nosso desenvolvimento.

Da nossa parte fica o cometimento de continuarmos a providenciar o apoio necessário a esta e a outras iniciativas similares de apoio ao Distrito. Queremos que outros jovens, noutros graus e tipos de ensino, se inspirem neste movimento “Férias Desenvolvendo o Dis-trito” para também se assumirem como propulsores do desenvolvi-mento endógeno, reflectido e sustentável do Distrito.

Que outros jovens aprendam deste movimento que afinal se pode aplicar e ganhar gosto na aplicação dos conhecimentos adquiridos nos bancos da escola, em prol do desenvolvimento do Distrito e sair-se mais enriquecido ao confrontar a teoria com a prática.

Que aprendam, igualmente, que esta experiência aproxima o jo-vem do campo e dos camponeses, e dá-lhe uma oportunidade para espevitar o seu espírito empreendedor latente.

*****

Gostaríamos de manifestar o nosso profundo apreço ao sector pri-vado, às organizações não-governamentais e aos demais actores sociais que contribuíram para o sucesso que o movimento “Férias Desenvolvendo o Distrito” tem estado a registar. É nossa vontade ver a Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Mo-çambique a continuar a beneficiar destes apoios e de vê-los alar-gados a outras iniciativas juvenis no Distrito.

Reiterando as nossas saudações à iniciativa “Férias Desenvolvendo o Distrito”, fazemos votos para que tenham um bom trabalho e que deste seminário saiam mais galvanizados ainda para mobilizarem mais estudantes a integrar este movimento.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O estudante na Comunidade:

A evolução que se impõe das AJU’s às Férias Desenvolvendo o Distrito26

Na nossa comunicação à Nação e ao Mundo, no dia 2 de Fevereiro de 2005, colocamos o distrito no centro das nossas atenções, no contexto da nossa missão, a missão de lutar contra a pobreza. É neste prisma que deve ser visto o repto que lançámos aos estudan-tes das nossas universidades públicas e privadas, pois, sabíamos que poderiam dar uma valiosa contribuição para o nosso suces-so nesta missão. Congratulamo-nos com a vossa pronta e positi-va resposta e, por isso, foi com imensa alegria que aceitamos o vosso convite, o convite da Associação de Estudantes Finalistas e Graduados de Moçambique, para participarmos nesta cerimónia de balanço do programa “Férias Desenvolvendo o Distrito”.

*****

Queremos propor-vos que passemos do paradigma de “Férias De-senvolvendo os Distritos” para um outro, o de “Fins-de-Semana participando no desenvolvimento das comunidades”.

Todavia, antes de avançarmos com o detalhe desta reflexão, gos-taríamos de revisitar o nosso percurso histórico para destacar que a questão da ligação entre o estudante e a sociedade, e entre as instituições educacionais e a comunidade tem a sua génese no pro-cesso da Luta de Libertação Nacional. Nessa altura, dar aos nossos estudantes a oportunidade de conviverem e de trabalharem com

26Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de balanço do projecto “Férias Desenvolvendo o Distrito”.

Maputo, 7 de Julho de 2014.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

o nosso Povo nas Zonas Libertadas era uma prática integrada no nosso currículo.

Dessa forma, os nossos estudantes tinham um período de tempo da sua formação, que fazia parte dessa formação, de viver a realida-de em que iriam aplicar os seus conhecimentos.

Com a Independência Nacional, foram criadas as condições para o alargamento destas práticas para todo o nosso Moçambique mas, nesta reflexão, vamo-nos ocupar dessas práticas no ensino supe-rior. Inspiradas na nossa Luta de Libertação Nacional, estas práticas eram conhecidas por Actividades de Julho ou pela sua sigla, AJU’s, e foram introduzidas pela primeira vez na Universidade Eduardo Mondlane, na sequência da exortação do Presidente Samora Moisés Machel, no seu discurso do dia 1 de Maio de 1976.

Foi neste discurso que ele anunciou, perante a comunidade univer-sitária e a sociedade em geral que, a partir daquela data, a então Universidade de Lourenço Marques passaria a chamar-se Universi-dade Eduardo Mondlane, em homenagem ao Doutor Eduardo Chi-vambo Mondlane, primeiro Presidente da Frente de Libertação de Moçambique e Arquitecto da Unidade Nacional. Nesse seu discurso, o Presidente Samora Machel frisou que a UEM devia mergulhar as suas raízes na realidade económica e cultural moçambicana como pré-requisito para a sua transformação efectiva numa instituição de âmbito nacional ao serviço dos interesses e das aspirações dos trabalhadores moçambicanos no campo e nas cidades.

Em resposta a esta directiva, a partir daquela data, todos os anos, durante o mês de Julho, estudantes e professores da UEM inter-rompiam as actividades lectivas para se deslocarem ao campo e às fábricas a fim de conviverem e trabalharem, lado a lado, com o nosso Povo. Esta era também uma oportunidade para conhece-rem de perto os desafios que o nosso Povo enfrentava e, com ele, aprenderem como melhor superar esses desafios, aplicando o conhe-cimento técnico-científico adquirido nos bancos da Universidade.

Foi assim que estudantes e professores universitários participaram na gigantesca tarefa da alfabetização e educação de adultos que, na década de 1970, teve o seu apogeu nas campanhas de 1978 e

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1979. Foram essas campanhas que permitiram que em pouco tem-po o país reduzisse a taxa de analfabetismo de 97%, em 1974, para cerca de 72% em 1980.

Estes estudantes e professores também davam a sua contribuição em sectores produtivos e sociais, integrando-se, firmemente, nas tarefas da Reconstrução Nacional. Foi também graças, em parte, à mobilização e ao engajamento dos docentes e estudantes universi-tários, durante as AJU´s, que foi possível realizar, com sucesso, o Recenseamento Geral da População, em 1980 e, a partir de 1977, a sua participação nas campanhas de ceifa do arroz no Chókwè.

Reconhecendo o seu papel fundamental na formação teórico-práti-ca e na elevação da consciência patriótica e cívica dos estudantes, na sequência da sua Primeira Reunião Geral, de 1978, a UEM insti-tuiu as AJU’s em todos os currículos.

Ao longo dos anos, e em reconhecimento da especificidade dos ci-clos produtivos de alguns sectores de actividade como, por exem-plo, a agricultura e pecuária, e a necessidade de ajustar o calendá-rio das AJU’s a esses ciclos, a partir de meados da década de 1980, a UEM orientou que AJU’s, em alguns cursos, fossem realizadas nos meses de Janeiro e Fevereiro, para ganharem a sincronia e maior relevância que precisavam, passando, deste modo, a designar-se por Actividades de Janeiro, ou AJA’s.

Os 16 anos do conflito armado e os elevadíssimos custos logísticos e psicológicos a ela associados tiveram um impacto muito negativo na implementação das AJU’s. Por isso, passaram a estar confinadas aos grandes centros urbanos e à sua periferia. Por outro lado, as medidas de austeridade impostas aos sectores sociais pelo Progra-ma de Reabilitação Económica ditaram que a UEM e as outras ins-tituições de ensino superior, que iam surgindo, procurassem uma fórmula para manter viva a geração dos benefícios da interacção e da aprendizagem e enriquecimento mútuos que a partilha de conhecimentos que essa experiência proporcionava. Foram assim, avançadas estratégias alternativas de intervenção na comunida-de, que permitissem a interacção entre os seus estudantes e a realidade socio-profissional de sectores afins aos cursos por elas oferecidos.

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É desta forma que surgiram, a partir da segunda metade da década de 1990, na UEM e noutras Instituições de Ensino Superior em Moçambique, as actividades pré-profissionais e os estágios supervisionados, em parceria com empresas privadas e instituições públicas.

Esta experiência viria a ser enriquecida pelo programa “Férias De-senvolvendo o Distrito”, da Associação de Estudantes Finalistas e Graduados de Moçambique. Não nos vamos alongar sobre este pro-grama, porque é conhecido por todos. Vamos apenas sublinhar que teve, como um dos seus méritos, expor muitos estudantes à reali-dade do distrito e não são poucos os que acabaram ficando por lá, sem pré-condições.

*****

As AJU’s nasceram numa altura em que tínhamos apenas uma uni-versidade em Moçambique, a Universidade Eduardo Mondlane. O programa “Férias Desenvolvendo o Distrito”, da Associação de Es-tudantes Finalistas e Graduados de Moçambique, nasceu quando tínhamos mais instituições de ensino superior, só que baseadas nos centros urbanos. Portanto, tanto as AJU’s como o programa “Férias Desenvolvendo o Distrito” ganham a sua relevância e pertinência na necessidade de assistir os distritos e os postos administrativos a superar os desafios que lhes são colocados pela falta de técnicos com formação superior. Hoje o cenário é outro. Na verdade:

temos hoje 47 instituições de ensino superior, algumas das quais nos distritos e postos administrativos;

temos jovens licenciados nos distritos, um facto que já não é uma excepção!

É algo comum e aceite como um dado adquirido;

descentralizamos os recursos humanos, materiais e finan-ceiros para o nível local o que exige uma nova abordagem à problemática da falta de quadros.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Isto quer dizer que se fossemos a manter os modelos anteriores, teríamos estudantes saídos das cidades capitais que não encontra-riam espaço suficiente, como no passado, para darem a sua contri-buição ao desenvolvimento dos distritos. Por isso, queríamos que avançássemos para um novo modelo, o modelo de “fins-de-semana participando no desenvolvimento das comunidades”.

Trata-se de um modelo que se vai apoiar em toda a experiência do passado e nos programas de estágios profissionais que têm por objectivo garantir a transição entre o sistema de qualificação e o mercado de trabalho, bem como de promover a melhoria das qualificações, complementando e aperfeiçoando as competências de forma a facilitar o recrutamento e a integração dos estudantes. Através do modelo “fins-de-semana participando no desenvolvi-mento das comunidades”, o estudante não precisa de sair do seu Posto Administrativo, sede distrital ou cidade para encontrar uma comunidade, empresa ou outra instituição onde se possa desenvol-ver profissionalmente ao mesmo tempo que aprimora o seu conhe-cimento e a interacção com a realidade local. O programa “fins-de-semana participando no desenvolvimento das comunidades”, que sugere mais intenso contacto entre o estudante e o nosso Povo, tem também o condão de estimular o empreendedorismo e de dar expressão ao Plano Estratégico do Ensino Superior 2012 – 2020.

*****

Terminamos, assim, a apresentação de algumas nervuras do nosso percurso histórico relevantes à implementação de programas de interacção entre a academia e a realidade do País.

Queremos aqui sublinhar que tem sido nossa preocupação, ao lon-go do nosso processo histórico, assegurar a relevância do estudan-te e dos seus conhecimentos ao nosso Povo e à superação dos seus desafios.

Por isso, queremos desejar a todos uma boa sessão de trabalhos.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O associativismo juvenil:

Seu papel na promoção de intervenções cívicas, sociais e económicas27

Sempre que temos a oportunidade de nos dirigirmos aos jovens, surge um clarão que nos permite visualizar o papel exemplar que este grupo etário tem desempenhado por este nosso belo Moçam-bique. São vários os exemplos ao longo da nossa história.

Eram maioritariamente jovens os que à extensão e largura desta Pérola do Índico resistiram à penetração estrangeira. Apesar de estarem furos abaixo da sofisticada máquina de guerra do inimigo, esses jovens resistiram, com muita bravura, coragem e determi-nação.

Eles obrigaram as forças inimigas a reverem as suas estraté-gias e até a mobilizarem reforços.

Eles resistiram porque sabiam o valor da sua liberdade. Re-sistiram porque estavam conscientes de que a sua soberania era inalienável.

Eles foram derrotados pelas razões que todos nós conhecemos. Po-rém, derrotada não foi a sua vontade de liberdade e soberania. Essa sua vontade foi sendo inabalavelmente transmitida de gera-ção em geração.

São de novo, maioritariamente jovens os que, encarnando essa vontade dos nossos antepassados, decidem pegar em armas para acabar com a dominação estrangeira. Motivados e inspirados pelo

27Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, por ocasião da aceitação do cargo de Patrono da Liga de Escuteiros de

Moçambique. Maputo, 22 de Fecereiro de 2006.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

exemplo desses heróis, eles enfrentaram a sofisticada máquina de guerra colonial com a mesma bravura, coragem e determinação dos seus antepassados.

Apesar dos apoios e reforços de que a máquina do inimigo benefi-ciava, estes jovens do 25 de Setembro lograram expulsar, em treze anos, o colonialismo que já perdurava há quinhentos anos. Moçam-bique tornou-se livre e independente.

A nossa História regista, com destaque, a participação dos jovens do 8 de Março, ao lado dos jovens do 25 de Setembro, na defesa e consolidação da nossa independência e nas tarefas da reconstru-ção nacional.

Eles não vacilaram perante as agressões dos regimes racis-tas da região, fontes da desestabilização do nosso País.

Eles não se pouparam a esforços em face dos diferentes constrangimentos que se colocavam à sua frente.

Com a sua activa participação, empenhamo-nos na consolidação de Moçambique como uma Nação soberana, dona dos seus próprios destinos. Com a sua participação, lançamos os fundamentos para o desenvolvimento económico e social desta nossa Pátria Amada.

Hoje vemos os jovens, uma vez mais, a encarnar os anseios do nosso maravilhoso Povo Moçambicano: eles estão a engajar-se de forma decidida no combate contra a pobreza e contra os males a ela associados. A este propósito, permitam-nos congratular, o gru-po de jovens que aceitou o desafio de usar o seu tempo livre, de férias ou fim de curso, para se deslocar aos distritos das províncias de Nampula e Niassa, onde entraram em contacto com a realidade em que vive a maioria do nosso Povo.

Não impuseram pré-condições para lá se deslocarem.

Não exigiram subsídios ou tratamento especial para darem o seu contributo no combate contra a pobreza em Moçambique.

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Agiram deste modo porque eles têm a consciência de que o seu contributo tem em vista valorizar a Independência Nacional e res-gatar a dignidade deste heróico Povo Moçambicano.

Na semana passada tivemos, uma vez mais, a oportunidade de tes-temunhar a pujança da juventude moçambicana e a sua entrega por causas nobres. Eles vieram em massa participar na nossa Inicia-tiva de combate contra o HIV e SIDA. Vieram dizer que estão pron-tos a multiplicar iniciativas de prevenção e combate contra esta doença. Vieram dizer que estão conscientes das suas responsabili-dades sobre o futuro do nosso Moçambique e que esta pandemia é um obstáculo que, unidos, podemos remover.

Os exemplos que acabamos de enumerar sobre o papel da juventu-de ao longo da história em defesa dos interesses do Povo Moçambi-cano apontam para, pelo menos, duas lições a assinalar:

A primeira lição é de que a juventude sempre se colocou na linha da frente dos nossos processos políticos e sociais. A segunda lição que podemos tirar do que dissemos acima é que quando os jovens se sentem suficientemente motivados e inspirados não há obstácu-los que não consigam transpor para realizarem os seus sonhos.

Isto explica pois, porque nos sentimos satisfeitos por estarmos hoje aqui, com estes jovens iluminados e determinados a darem o seu contributo:

na luta contra a pobreza;

na promoção do espírito altruísta e

no aprofundamento do sentido de pátria e de Unidade Na-cional, de cultura de Paz e de justiça social.

Isto explica porque prontamente aceitamos o convite que nos for-mularam para sermos o Patrono da Liga dos Escuteiros de Moçam-bique. Na sua missão, a Liga dos Escuteiros de Moçambique com-plementa os esforços do nosso Governo.

Reconhecemos a abnegação e o humanismo que caracterizam o escutismo. Reconhecemos, igualmente, o sentido de responsabili-

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dade que este movimento associativo cultiva na nossa juventude, obreira e promissora! Por isso manifestamos um grande apreço a todos os nossos escuteiros, aqui bem representados pela sua Liga.

Muitas acções do escutismo realizam-se em contacto com a na-tureza, dando oportunidade a que os nossos jovens entendam a harmonia entre o meio ambiente em que vivemos e as diferentes actividades que nele desenvolvemos. Trata-se de uma valiosa con-tribuição do escutismo para a nossa acção ambiental e os funda-mentos do desenvolvimento sustentável que defendemos.

Por outro lado, os acampamentos de escuteiros que o movimento tem organizado, dão, aos jovens urbanos, a ímpar ocasião de en-trar em contacto directo com a nossa realidade rural. Assim, a nos-sa abordagem de incentivar os jovens a tomarem o distrito como o seu ponto de referência para o desenvolvimento tem também aco-lhimento no escutismo, facto que importa enaltecer e encorajar.

O escutismo traz ainda mais valia ao ensino formal da ciência e da técnica, dado que proporciona aos jovens a escola da vida. Aliás, essa é a abordagem do movimento escutista: preparar os seus membros para serem adultos responsáveis. Por isso mesmo, o escuteiro é e deve ser um cumpridor exemplar dos seus deveres para com a família e para com a Pátria. A vida escuteira é também caracterizada pelo espírito de servir, a confiança, a lealdade, o respeito, a amizade, a honestidade, a obediência e a entrega total às boas acções de cidadania.

Com a participação de todos os membros deste movimento, e apoiando-nos na experiência já acumulada, esperamos contribuir para aprimorar a intervenção da Liga na frente de luta contra a po-breza em Moçambique. Esperamos ainda contribuir para a mate-rialização plena dos ideais plasmados no manifesto da nossa Liga.

A luta contra a pobreza constitui um desafio do Governo e de toda a nossa sociedade. Trata-se de um desafio nobre e inadiável que exi-ge de todos e de cada um de nós, uma participação séria, efectiva e consciente. Estamos cientes de que a participação dos jovens e escuteiros na materialização do Programa Quinquenal do Governo é urgente e instrumental para a nossa vitória sobre a pobreza.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Somos um país maioritariamente jovem. Um país constituído por um grupo etário cuja energia fortalece a nossa classe escutista e a nossa esperança de um futuro digno, resultante da exploração das nossas riquezas naturais.

Todavia, é imperioso que se preparem, caros jovens e escuteiros. É imperioso que se apliquem na vossa formação integral. Referimo-nos a uma formação que integre a ciência e a técnica, os valores morais e éticos, a cultura, a história e as tradições do nosso ma-ravilhoso Povo Moçambicano. Referimo-nos a uma formação que cultiva, entre outros, o patriotismo, o civismo, o altruísmo, o hu-manismo, a criatividade e a proactividade.

Uma juventude dotada destas capacidades, valores e virtudes sa-berá, mais condigna e responsavelmente, assumir os destinos do seu país inteiro, na cidade e no campo, na costa e no interior. Sa-berá assumir as mudanças que operamos desde 1962 tendo como objectivo primeiro e último servir o Povo Moçambicano, unido do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao Índico.

*****

Para lograr os seus intentos, para garantir eficiência das suas ac-ções, a juventude moçambicana deve organizar-se. Por isso, a nível do Governo defendemos e encorajamos o Associativismo Juvenil. Esta é uma forma efectiva de organização de jovens para a reali-zação das suas mais nobres aspirações. Representa uma das pedras angulares para a gestão e o pronto atendimento dos assuntos da juventude moçambicana.

É em ambientes associativos onde se poderão cruzar as melhores práticas sociais, através do debate e da troca de experiências. É em ambientes associativos onde os jovens se poderão melhor pre-parar para o futuro:

assumindo responsabilidades na organização;

aprendendo a respeitar as instituições e suas regras de fun-cionamento;

cultivando a cultura de servir e de prestar contas.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O nosso sentimento sobre o evoluir do associativismo juvenil, in-cluindo o movimento escutista, é de grande satisfação. Em todos os distritos desta nossa Pérola do Índico encontramos várias orga-nizações juvenis, que mesmo com poucos meios ao seu alcance estão motivadas e dispostas a dar o melhor por esta Pátria Amada.

Algumas das intervenções que realizam são concebidas para incen-tivar os jovens a exercerem, nos seus tempos livres, actividades conducentes ao seu bom desenvolvimento físico, mental, cultural e social. Outras tendem a encorajar a juventude a participar, de forma directa, no combate contra a pobreza e na produção da ri-queza nacional.

*****

Dirigindo-nos a esta simpática e jovem audiência, não podíamos deixar de nos referir a uma questão que tem estado no centro da nossa agenda: a dramática situação do HIV e SIDA.

Nós tivemos a oportunidade de abordar esta questão ao longo dos últimos cinco dias, com as mulheres, empresários, líderes religiosos e comunitários, praticantes da medicina tradicional e organizações juvenis. Não vamos repetir o que foi dito nesses encontros, pois, os escuteiros e outros jovens presentes nesta audiência estiveram muito bem representados nessa reflexão. Queríamos, porém, re-cordar-vos que cerca de quinhentos compatriotas nossos são infec-tados por dia, por esta doença que não tem cura. A maioria destes infectados são jovens, com maior destaque para as mulheres.

Perante esta tendência que ameaça todos os nossos planos de com-bate contra a pobreza, gostaríamos de deixar uma mensagem clara e inequívoca, pedindo a todos vós que a retransmitam a toda a gente com quem tenham qualquer forma de aproximação.

Caros jovens: a prevenção é a arma mais barata, mais eficaz e sempre disponível para uso, por todos nós. A vida não tem fotocó-pia. O SIDA MATA!

Muito obrigado pela vossa atenção

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Pátria Moçambicana:

Reconhecendo e enaltecendo os feitos do Professor28

Chegar ao fim de um mandato é como chegar ao fim do ano escolar ou académico. O fim do ano escolar ou académico é normalmente marcado pela avaliação, que tem em vista apurar o nível de assi-milação da matéria dada. Podem, portanto, imaginar como alguém que chega ao final do mandato se sente, quando é convidado a comparecer perante uma assembleia de professores, no seu dia!

Felizmente, o objectivo desta assembleia é bem outro, como foi aqui sublinhado, quer na mensagem que foi apresentada pelo Se-nhor Secretário Geral da Organização Nacional dos Professores, quer na intervenção do Senhor Ministro da Educação, Augusto Jone.

Por isso, o objectivo desta assembleia honra-nos e inspira-nos so-bremaneira.

Muito obrigado por esta avaliação, por esta homenagem, caros pro-fessores, caros dirigentes, técnicos e atletas do Desporto Escolar.

*****

A ideia de que a vida é a nossa melhor professora peca por não ser específica. Não é a vida em si que é a melhor professora. Para que ela seja professora é necessário que haja exemplos. O professor é esse exemplo. Como fomos aprendendo desde 1962, nas Zonas Libertadas e no exílio, onde começámos a ter os primeiros profes-sores moçambicanos ao serviço da Pátria e do nosso Povo, o profes-sor, para o contexto moçambicano, não é aquele que só tem o do-28Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da Republica

de Moçambique, na cerimónia organizada em sua homenagem pela ONP e pelo Desporto

Escolar. Maputo, 12 de Outubro de 2014.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

mínio dos conhecimentos e consegue transmiti-los aos seus alunos ou estudantes. Esse professor transmite a ciência e a técnica mas não impregna os seus alunos ou estudantes com uma causa nobre.

Para nós, o professor, como nos ensina o nosso longo processo his-tórico, tem sido aquele que para além de dominar a ciência e a técnica e saber transmiti-las, ensina ao aluno ou ao estudante a ter uma causa, a causa do seu Povo. Ele ensina para a vida, munindo crianças, jovens, adultos e idosos com conhecimentos, incluindo o saber-fazer e valores nobres como a Unidade Nacional, o patrio-tismo, a cultura de Paz, a auto-estima e o espírito empreendedor, que são vitais para que contribua para a implementação da nossa agenda de cada etapa. A própria instituição de ensino reflecte este cenário na sua biblioteca, que é apetrechada não apenas com li-vros sobre a ciência e a técnica, mas também com obras sobre os nossos valores, História e feitos. Reflecte este cenário, igualmen-te, através da promoção da Unidade Nacional e da consciência de comunhão de destino por assegurar que quer na sala de aulas, quer no internato, convivem alunos ou estudantes de diferentes partes da nossa Pátria Amada.

*****

O nosso belo Moçambique tem o privilégio de ter milhares de exemplos deste tipo de professores a quem reiteramos as nossas saudações por ocasião deste 12 de Outubro, seu dia.

Esse privilégio é fruto da nossa História. Quando em 1975 procla-mámos, pela voz do Presidente Samora Machel, a nossa Indepen-dência Nacional, herdámos um país com muito poucos quadros. Os quinhentos anos de dominação estrangeira tinham produzido uma única universidade, com dez anos de vida, frequentada por cerca de 40 moçambicanos, do total dos cerca de 2000 estudantes.

Para se fazer o ensino médio só se podia vir à Maputo ou ir à Beira. Para se fazer a nona classe era preciso sair-se do distrito ou mesmo da província para se viver num internato ou ao cuidado de familia-res ou amigos.

Por isso, os quadros existentes, incluindo aqueles que tinham sido formados ao longo do processo da Luta de Libertação Nacional,

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

eram insuficientes para as gigantescas tarefas que a Reconstrução Nacional nos colocava.

Foi neste contexto que o professor moçambicano, já concebido nas Zonas Libertadas e no exílio, surgiu. Foram, na sua maioria, jovens, jovens conscientes da nossa causa, da causa do nosso Povo, que assumiram, de forma heróica e patriótica, o desafio de levar o conhecimento científico, com uma causa, a outros nossos com-patriotas.

Neste contexto, a Geração do 8 de Março, que integrou a Geração do 25 de Setembro, aglutinou moçambicanos vindos de diferentes quadrantes da nossa Pátria Amada, colocando-os em contacto, uns com os outros, para:

forjarem relações de amizade;

abrirem-se para a superação mútua dos novos desafios pro-fissionais e dos que o nosso Moçambique enfrentava; e

para costurarem importantes redes para a densificação do tecido nacional.

Estes homens e mulheres cristalizaram o protótipo do professor moçambicano profundamente comprometido com a causa nacio-nal, subalternizando aquilo que eram os seus sonhos individuais.

Havia os que queriam ou estavam pré-destinados, como an-tes de 1975,para reproduzir a profissão dos seus pais, de pedreiros, mecânicos, carpinteiros, enfermeiros, campone-ses ou funcionários públicos, mas a Pátria chamou-os para o professorado, e afirmaram-se.

Havia os que queriam permanecer na sua terra natal mas a empolgante missão de transmitir conhecimentos úteis à Reconstrução Nacional chamou-os a gritarem PRESENTE noutros pontos desta Pátria de Heróis, muitas vezes, muito longe dos seus familiares e amigos mais próximos.

Havia os que tinham outra vocação, mas vieram a moldar-se exemplares professores.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Um inquérito no sector público e privado vai revelar que são mui-tos os moçambicanos que nalgum momento da sua vida foram pro-fessores em algum nível do Sistema Nacional de Educação. Feliz-mente, este exemplo de heroicidade do professor continua hoje e temos testemunhado, em particular, no contexto da Presidência Aberta e Inclusiva. Eles formam os seus alunos e estudantes com muita competência e para uma causa nobre. Para todos eles, vai a nossa mensagem de admiração e de encorajamento.

*****

Por ocasião do 12 de Outubro, endereçamos as nossas mais cordiais saudações a todos os professores do Ensino Pré-Primário, Primário, Secundário, Técnico-Profissional e Superior, bem como aos nossos formadores e aos Alfabetizadores e Educadores de Adultos do Ro-vuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo. São homens e mulheres que, no campo e nas cidades, têm vindo a ser os verdadeiros ali-cerces da edificação, afirmação e engrandecimento da nossa Pátria Amada. É a classe docente que faz despontar técnicos qualificados que têm dado uma contribuição incomensurável na melhoria das condições de vida do nosso Povo. Com a contribuição do Professor, Moçambique está a mudar e todos nós, inegavelmente, estamos a beneficiar dessas mudanças.

Foi com a classe docente, que conta com quadros com cada vez melhor formação e experiência profissional, que nos últimos quase dez anos demos importantes passos no sector da educação, alguns dos quais aqui referidos.

São passos que foram dados ao som cadenciado do hino do pro-fessor, um hino da certeza de vitória final, que fomos entoando à medida que fazíamos avanços nas várias frentes do conhecimento que resultaram, entre 2005 e 2014, num crescimento:

o no ensino primário, de 57% do número de alunos e de 42,8% de escolas;

o no secundário, de 197%, do número de alunos e de 67,9% de escolas;

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

o no ensino técnico–profissional, de 40,3% de alunos e de 57% de instituições; e

o no ensino superior, de 464,4% de estudantes, e de 66,6% de instituições de ensino superior.

O programa de alfabetizar um milhão de compatriotas nos-sos, que lançámos em 2005, contribuiu para reduzir a taxa de analfabetismo de 51.9%, então prevalecente, para cerca de 43%, cerca de 10 anos depois, em 2014.

Este empenho dos nossos professores e do seu Governo resultou ainda em melhores condições de trabalho para os docentes em todos os níveis do Sistema Nacional de Educação.

Resultou ainda na construção, reabilitação e equipamento de di-versos estabelecimentos de ensino, oficinas, laboratórios e campos de ensaio.

Este crescimento e avanços na educação reflectem-se directamen-te no aumento substancial de quadros na função pública e mesmo no sector privado e nas organizações da sociedade civil com me-lhor formação. Por isso, o nosso muito, muito, muito obrigado aos professores de todos os níveis, por se terem afirmado como exímios combatentes contra a pobreza e pelo nosso bem-estar, através do que sabem fazer bem e com elevada auto-estima e requintado profissionalismo: ensinar.

Neste contexto, dedicamos esta homenagem ao professor que en-sina, e bem:

na sala de aulas;

no laboratório;

nas oficinas;

na horta escolar;

na estufa;

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

no campo de ensaios; e

no espaço dedicado ao programa “um aluno uma planta por ano”.

Dedicamos esta homenagem ao professor que, numa palavra, im-pregna com uma causa os conhecimentos que transmite ao aluno ou ao estudante.

Reconhecendo que pela sua natureza o professor também educa através de palavras e actos, gostaríamos de exortar a todos e a cada um de vós, caros docentes e, através de vós, a todos os vossos colegas, para usarem o vosso prestígio na mobilização de todos os eleitores a afluírem às assembleias de voto, para votarem no pró-ximo dia 15 de Outubro e, através do vosso exemplo, contribuírem para que estas eleições, como as anteriores, sejam livres, justas e transparentes.

*****

Queremos inscrever as nossas palavras de gratidão ao Ministério da Educação pela homenagem que nos presta, através da entrega desta Taça.

Quando falamos do Festival Nacional dos Jogos Desportivos Esco-lares vemos, uma vez mais, a valiosa contribuição do Professor na sua organização e realização, desde a escola. Com mestria e apoio dos seus dirigentes, os nossos abnegados professores, ao lado dos técnicos desportivos, deram uma incomensurável contribuição na preparação e organização dos atletas para a sua participação exi-tosa nestes eventos.

Ao celebrarmos o Festival Nacional dos Jogos Escolares, celebra-mos a sua contribuição, de grande relevo, para a consolidação da Unidade Nacional, da cultura de Paz e da auto-estima.

Celebramos a sua relevância como plataforma para o convívio ENTRE MOÇAMBICANOS, EM MOÇAMBIQUE.

Ao celebrarmos o Festival Nacional dos Jogos Escolares, através deste momento de homenagem, celebramos todos os feitos e to-

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

das as conquistas do nosso desporto, a nível escolar, recreativo e federado, dentro e fora das fronteiras nacionais.

Celebramos, ainda, a forma como o desporto de alta competição, se construiu e se projectou, tendo como principal base de suporte os talentos que abundantemente despontam a partir do desporto escolar e do desporto recreativo. Exemplos eloquentes de selec-ções nacionais de atletismo, andebol, basquetebol, futebol, en-tre outras modalidades, com reconhecidos êxitos internacionais, constituídos por atletas idos dos Jogos Escolares são vários e orgu-lham-nos por ver essa semente lançada à terra a dar frutos que nos engrandecem como um Povo, como uma Nação. O Senhor Ministro Augusto Jone referiu-se a alguns desses exemplos na sua interven-ção, de há pouco mas gostaríamos de acrescentar e saudar os Mam-bas, que também contam com talentos vindos dos jogos escolares, pela sua vitória de duas bolas a zero, frente a Cabo Verde, ontem no Estádio da Machava.

Estes sucessos demonstram que temos ainda o desafio de conti-nuar a investir na relação entre o desporto escolar e o federado, incluindo a ligação entre o clube federado e a escola. Trata-se de uma experiência que vai elevar os benefícios para o clube e para a escola. Com efeito, o clube tem técnicos formados, e de alta craveira, e a escola tem o talento natural dos seus jovens atletas, entusiasmados, voluntariosos e por lapidar.

Ao celebrarmos o Festival Nacional dos Jogos Escolares, celebra-mos também as iniciativas dos nossos parceiros no desenvolvimen-to do desporto e da cultura física dos jovens e dos estudantes.

Referimo-nos, a título de exemplo:

à Copa Coca-Cola;

ao BEBEC;

ao Básquete Show; e

às Férias Desportivas.

Ao celebrarmos o Festival Nacional dos Jogos Escolares, celebra-mos a parceria entre o Estado e os diferentes patrocinadores do nosso desporto escolar, recreativo e federado.

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*****

Queremos, uma vez mais, agradecer as homenagens que hoje nos dedicam e que têm o professor no seu epicentro. Moçambique, esta Pérola do Índico, quer continuar a avançar, com o professor e outros profissionais e compatriotas nossos na vanguarda, muitos deles formados pelo professor. Por isso, quando estivermos peran-te obstáculos à nossa marcha rumo ao bem-estar que almejamos, recordemo-nos que o nosso hino nacional exorta-nos a cantarmos o refrão “Oh Pátria Amada, vamos vencer”, e depois vencermos bem, de forma convincente. Este refrão exprime um sentimento que também manifesta a confiança que depositamos no melhor guia que uma Nação se pode orgulhar de ter: o professor.

*****

A terminar, convidamos a todos a juntarem-se a nós num brinde:

à constante melhoria das condições de vida e de trabalho dos nossos Professores, técnicos desportivos e atletas;

ao contínuo sucesso no combate que travamos contra a po-breza e pelo nosso bem-estar;

à saúde de todos os presentes.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Pesquisa científica:

Sua contribuição na elevação da qualidade de ensino e no combate contra a pobreza29

É com muito regozijo que temos a honra de testemunhar hoje este acto singular, carregado de um simbolismo de transcendente sig-nificado: a abertura da Universidade Jean Piaget de Moçambique.

Com este acto, a Cidade da Beira e todo o nosso Moçambique tor-nam-se mais ricos. Nasce hoje mais uma oportunidade para a for-mação de mais combatentes para a frente de batalha contra a pobreza no nosso solo pátrio.

Saudamos, em particular, o empenho dos mentores deste projecto, que investiram substanciais recursos para que nascesse uma nova Universidade de raiz, nesta Cidade, neste Moçambique. Este gesto espelha a confiança e a certeza que têm sobre o futuro deste País e expressa a sua vontade de participar, de forma substantiva, na formulação de soluções à crescente demanda pelo Ensino Superior em Moçambique. Deste modo, a Universidade Jean Piaget junta-se às muitas outras iniciativas públicas e privadas, tendentes a con-tribuir para a melhoria das condições de vida dos moçambicanos.

Gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para reafirmar o compromisso do nosso Governo em continuar a promover e a esti-mular iniciativas privadas na área do Ensino Superior.

No nosso Programa Quinquenal, preconizamos a criação de condi-ções para o acesso a este nível de ensino, por um cada vez maior número de moçambicanos. Este objectivo programático só é rea-29Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, por ocasião da cerimónia de abertura da Universidade Jean Piaget de

Moçambique. Beira, 28 de Setembro de 2005.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

lizável, a curto prazo, com a expansão deste nível de ensino para todos os quadrantes do nosso País e se podermos contar com a participação de diferentes actores do desenvolvimento social e económico do nosso Moçambique.

Saudamos, ainda, o facto de, apesar de a Universidade Jean Piaget funcionar com base em investimentos próprios, ter optado por ser uma instituição sem fins lucrativos. Isto demonstra o elevado ní-vel de altruísmo dos proponentes desta iniciativa. Ao assumir este compromisso, a Universidade Jean Piaget vai, de forma mais céle-re, participar na produção de resultados com impacto no desenvol-vimento económico e social deste nosso Moçambique.

Porque encaramos a pessoa humana como sendo o ponto de par-tida e de chegada do processo de desenvolvimento em que esta-mos engajados, julgamos ser desejável que o corpo docente das nossas instituições do ensino superior se sinta desafiado, não só pela leccionação mas, e acima de tudo, pela pesquisa e debate de ideias. Como académicos, os nossos docentes devem multiplicar as oportunidades dos seus estudantes e pares para citá-los e escal-pelizarem as suas referências epistemológicas, certos de que não chegarão necessariamente às mesmas conclusões contidas nos seus trabalhos académicos. O debate enriquece a academia, promove a qualidade do processo de ensino-aprendizagem e contribui para o desenvolvimento do nosso País.

Queremos sublinhar, uma vez mais, que ser-se especialista numa determinada área do saber, enquanto fonte de orgulho por termos sido os primeiros a chegar a essa meta, deve, ao mesmo tempo, ser razão para muita preocupação. Deve ser motivo para preocupação do especialista porque:

é uma bandeira da pobreza deste rico Moçambique que se desfralda;

é igualmente uma situação que empobrece essa especialidade, dada a ausência de pares com quem debater, ao mesmo nível de sofisticação e detalhe, as ideias e conclusões a que o especialista tiver chegado.

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A vontade e as energias do especialista devem, pois, ser priorita-riamente drenadas para a reprodução de outros especialistas na sua área de saber. Precisamos de muitos mais quadros para esta luta que travamos contra a pobreza que ainda flagela o nosso Povo de forma impiedosa. O que para uns é o descrever cuidadoso e rigoroso de estatísticas, para outros, a maioria do nosso Povo, é o atravessar dessa linha crítica fatal que faz a diferença entre a possibilidade, ou a impossibilidade de amanhã ser outro dia.

A Universidade Jean Piaget de Moçambique, minhas senhoras e meus senhores, abre as suas portas ao público numa altura em que surgem novos empreendimentos que criam oportunidades de emprego e de geração, a jusante, de outros empreendimentos de menor ou igual dimensão:

a reabilitação em curso da Linha de Sena e do Parque Nacio-nal da Gorongosa;

o ressurgimento da Carbonífera de Moatize;

a exploração do gás de Temane e Pande;

a construção da ponte sobre o Rio Zambeze;

a exploração das areias pesadas de Moma;

a expansão das culturas de rendimento, como são os casos da cana sacarina, da soja e das flores.

Estes são alguns exemplos de empreendimentos que vão exigir uma força de trabalho qualificada, em quantidades cada vez mais cres-centes.

Vão, igualmente, criar oportunidades para que mais moçambica-nos se lancem na área empresarial. A Universidade Jean Piaget de Moçambique vem, assim, juntar-se a outras instituições que têm estado a contribuir para a criação da força nacional de trabalho, capaz de transformar o potencial adjacente a estes empreendi-mentos em oportunidades de geração de riqueza.

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Gostaríamos, distintos participantes a esta cerimónia, de voltar a abordar um tema que afloramos há dias numa outra instituição do ensino superior. Um dos problemas que a nossa sociedade tem es-tado a evocar, é que o nosso sistema educacional tende a produzir graduados, cuja maioria não encontra outra solução que não seja engrossar as fileiras dos que apenas procuram emprego.

Queremos aqui lançar o repto à Universidade Jean Piaget de Mo-çambique para que produza mais graduados à imagem do seu pa-trono, Jean Piaget. Este grande cientista suíço, notabilizou-se como um grande investigador nas áreas de psicologia, sociologia e educação. Em vida, Piaget recebeu numerosos prémios e graus académicos honorários, em todo o mundo. Esperamos, por isso, que a figura de Piaget seja uma fonte inesgotável de inspiração para os futuros graduados desta instituição.

No nosso País, a maior parte da população vive nas zonas rurais. Com os ensinamentos de Piaget deveremos procurar soluções para reduzir o sofrimento do nosso Povo.

Esperamos que a Universidade Jean Piaget de Moçambique, atra-vés dos seus programas de extensão e sempre inspirando-se no seu patrono, seja capaz de se tornar numa instituição de referência no que concerne ao desenvolvimento rural.

Num espírito de abertura, a Universidade Jean Piaget de Moçam-bique tem a grande oportunidade não só de ir buscar o conheci-mento milenar do nosso Povo e sistematizá-lo. Tem, igualmente, a oportunidade de depois devolver esse conhecimento à sociedade e promovê-lo como factor catalisador de combate contra a pobreza e de produção de riqueza.

Esperamos, ainda, que os graduados da Universidade Jean Piaget de Moçambique sejam homens e mulheres empreendedores.

Que tenham preparação e capacidade de assumirem riscos, de criarem ocupação para si próprios e emprego para outros com-patriotas. Seguindo o exemplo de Jean Piaget, que os graduados desta Universidade sejam investigadores incansáveis e que se pre-parem para se fixarem, na aldeia, na comunidade e no distrito

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para recolher, sistematizar e valorizar o conhecimento endógeno do nosso Povo.

Com este esforço e empenho, a Universidade Jean Piaget de Mo-çambique saberá distinguir-se pela qualidade das acções e em-preendimentos em prol do combate contra a pobreza que os seus graduados venham a desenvolver ao longo da sua formação, e de-pois de concluídos os seus graus académicos.

Para terminar, gostaríamos de desejar aos docentes, estudantes aos gestores da Universidade Jean Piaget, muitos sucessos. Que esta Universidade, tal como o seu patrono, Jean Piaget, se torne uma instituição de referência em Moçambique.

Minhas senhoras;

Meus senhores.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Instituições de ensino em Moçambique:

O desafio de gestão com qualidade para um ensino

de qualidade30

Bem haja, quadros da Educação e Cultura, por terem vindo à Ca-beça do Velho buscar inspiração e sabedoria para os desafios que a gestão das instituições de educação nos colocam.

O tema da vossa reunião, “Seminário Nacional de Gestão Escolar”, vai ao encontro das nossas expectativas em relação à área da edu-cação. Nós defendemos que a educação só se faz com qualidade e eficiência se for apoiada por uma gestão também de qualidade, também eficiente; uma gestão que logre racionalizar e optimizar os escassos recursos humanos, materiais e financeiros postos à dis-posição das instituições de ensino, para que possam produzir o impacto que delas se espera. Por outras palavras, uma atenção especial deve merecer o recrutamento, a formação, o enquadra-mento e a gestão do pessoal docente e não-docente, nas mais de 8.000 escolas espalhadas pelo nosso País, esta bela Pérola do Índico. Este seminário tem a responsabilidade de contribuir para o alcance deste desiderato, de todos nós.

Esperamos pois, que este encontro, dê aos participantes os instru-mentos de gestão e direcção de escolas, suficientemente robustos, claros e precisos, que lhes possam orientar, lá onde quer que se en-contrem, na sua acção administrativa e de influência pedagógica.

30Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique na abertura do seminário Nacional de Gestão Escolar, Chimoio 27 de Abril

de 2005.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Deste tronco comum, cada um poderá, assim, contribuir activa e criativamente para a materialização do nosso sonho colectivo de ver Moçambique livre da pobreza.

Este seminário, minhas senhoras, meus senhores, tem lugar num momento em que damos início à implementação do nosso Progra-ma Quinquenal, aprovado pela Assembleia da República no dia 6 de Abril. A educação e a cultura têm um papel chave na materiali-zação deste Programa, um Programa que incorpora as nossas pro-messas eleitorais e o nosso compromisso de materializá-las.

No Programa Quinquenal do Governo definimos a Educação e a Cul-tura como factores essenciais para o desenvolvimento humano e instrumentos para a consolidação da Paz, do patriotismo e da Uni-dade Nacional.

Estes valores fundamentais e inalienáveis da nossa moçambicani-dade devem ser cultivados desde a tenra idade, no dia a dia, na sala de aulas e em todo o ambiente escolar, em complemento ao esforço, no mesmo sentido, feito dentro das famílias e da socie-dade. Atribuímos, igualmente, importância sublime à escola por outras várias razões:

a escola é a primeira instituição, fora do ambiente familiar e social, onde a criança entra num mundo de educação e formação mais estruturados;

é na escola, onde o aluno entra em contacto com os conceitos de cidadania e de instituições formais. Ali inaugura o exercício de um dos seus direitos cívicos ao eleger ou ser eleito para chefe de turma!

É na escola onde a criança, todos os dias, entoa o Hino Nacional, símbolo da nossa Soberania e da valorização desta bela Pátria “dos que ousaram lutar”. Na aldeia são as crianças, que vezes sem conta, são, por isso, chamadas a suprir a deficiência, que ainda existe, do conhecimento deste símbolo da nossa Soberania, pelo resto da comunidade, nas cerimónias oficiais.

é na escola onde a criança entra em contacto com a Bandeira Nacional, o simbolismo que a rodeia e os valores que ela irradia;

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é na escola onde a criança assume o sentido de Pátria, conhece os heróis nacionais e os seus feitos e onde ganha o orgulho de té-los como referência para a sua vida e conduta;

é na escola onde a criança sistematiza e alarga os seus horizontes sobre a diversidade cultural de Moçambique e aguça o seu sentimento interior de moçambicanidade;

o professor e o livro escolar, com que a criança entra em contacto na escola, são, muitas vezes, e em várias regiões do nosso País, o símbolo vivo da presença mais expressiva da vontade do nosso Governo de acabar com a pobreza em Moçambique.

Por isso, os gestores de educação têm a grande tarefa de assegurar que estes valores, que a escola transmite, são interiorizados, num ambiente são e acolhedor. O entoar do Hino Nacional, o içar da nossa bandeira multicolor, as referências aos nossos heróis e à nos-sa diversidade cultural e linguística não devem ser meros rituais para o cumprimento de mais uma actividade da rotina curricular ou extra curricular.

Em cada dia devem ser formuladas e renovadas razões e motiva-ções para que os alunos aprofundem o conhecimento:

sobre a sua genealogia familiar;

sobre o patrono da sua escola ou do local da sua residência;

sobre a toponímia local;

sobre o significado de pátria, de cidadania e dos símbolos da nossa soberania;

sobre o preço que custou a conquista da nossa independên-cia e a defesa da nossa Soberania quando foi ameaçada e agredida por aqueles que não nos queriam ver livres e inde-pendentes;

sobre a heroicidade do nosso Povo, este Povo que venceu a dominação estrangeira de 500 anos e resgatou a Paz que hoje vem interiorizando-na em palavras e actos, no dia a dia.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Este manancial de actividades de reflexão e debate serão um gran-de contributo para a formação, que pugnamos que seja integral, dos cidadãos do amanhã, conhecedores e orgulhosos das suas ori-gens, da sua história e cultura e fiéis herdeiros desse património político, cultural e histórico. Isso exige do gestor e do professor grande sentido de missão, de auto-estima e muita criatividade e profissionalismo, bem como permanente inconformidade com ro-tinas insossas.

*****

Neste quinquénio, a expansão do acesso à escola e a melhoria da qualidade de ensino, continuarão como os nossos grandes desafios. Isto significa que teremos que continuar a construir mais salas de aulas para podermos acolher, cada vez mais crianças, em ordem a darmos resposta, ao desafio da “Educação para Todos”, projecto que assumimos, quando assinamos a Declaração de Dakar em 2000.

Comprometemo-nos, através dessa Declaração, a universalizar o ensino, a eliminar as desigualdades do género e a promover a equidade até 2015. São compromissos coincidentes com os que as-sumimos realizar, no contexto das Metas do Desenvolvimento do Milénio.

Assim, para o ano de 2005 prevemos um crescimento de cerca de 7%, comparativamente à rede escolar de 2004. Isto quer dizer, ca-ros gestores, que teremos mais escolas para gerir, mais crianças para ensinar e educar, e mais professores para enquadrar e acom-panhar.

Temos, ao mesmo tempo, um desafio maior que advém, igualmen-te, da implementação do nosso Plano Quinquenal. Assumimos, pe-rante o nosso Povo, o compromisso de assegurar uma melhor co-locação das instituições de ensino, sejam elas do ensino geral ou técnico-profissional, do primário ou universitário, localizadas no campo ou na cidade, como centros de transmissão de conhecimen-tos que contribuam para o combate contra a pobreza nas famílias, à sua volta. As instituições de ensino, caros gestores, como centros de transmissão de conhecimentos, devem irradiar o desenvolvi-mento das comunidades que as rodeiam.

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Devem, por isso, contribuir para aumentar a sua produção e pro-dutividade e para introduzir novos e mais saudáveis hábitos e prá-ticas.

Promovendo a cultura de trabalho, o docente e os alunos podem construir e melhorar a casa do professor, usando material local, que felizmente abunda.

Estimulando actividades de rendimento, o professor e os alunos podem manter a horta e o pomar da escola e desenvolver a agro-pecuária. Estas actividades extra-curriculares dotarão os alunos com novos e úteis conhecimentos que transportarão de volta às suas casas e, como verdadeiros extensionistas, contribuirão para mudar a condições de vida das suas famílias.

É verdade que temos que aplaudir esta ou aquela escola primária por ter produzido um Ministro, um administrador, um Reitor, um Presidente do Conselho de Administração de uma empresa, um diplomata ou um profissional da justiça. Mas mais do que isso, aplaudiríamos ainda mais se esse produto dessa escola primária algum dia ele desse um sinal de que dessa escola se lembra, temos que nos interrogar sobre o impacto que essa escola primária tem tido na vida da comunidade circundante.

Nós defendemos, caros gestores da educação, que os pais e en-carregados de educação devem ver nos seus filhos e nos seus pro-fessores agentes que trazem soluções para as questões da saúde pública, da nutrição, da construção, da produção agrícola e pe-cuária, da água e saneamento, da economia doméstica, só para ci-tar alguns exemplos. Assim, os pais se sentirão mais estimulados e motivados a enviarem os seus filhos à escola, como apela o músico Eduardo Carimo: “Se nunca foi a escola é marginal/ temos que ir à escola”, enfatiza ele nessa sua criação artística.

Porque a escola será vista como mais relevante para as suas vidas, os pais estarão mais disponíveis a fazerem mais sacrifícios para que os seus educandos concluam níveis cada vez mais altos no sistema de educação e formação.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O novo currículo do ensino básico dá importantes passos no sentido de tornar a escola mais relevante ao meio em que se encontra. Porém, é preciso operacionalizar os seus conteúdos programáticos e introduzir as necessárias melhorias, onde se revele necessário, sem delongas e aproveitar as experiências resultantes da sua im-plementação para enriquecer as reformas dos currículos das clas-ses subsequentes.

A reflexão sobre as estratégias de tornar o ensino mais relevante às comunidades impõe-se também aos centros de formação de pro-fessores, de todos os níveis.

Os professores devem ser vistos pela população como os agentes da mudança e da melhoria das suas vidas. Devem ser referências e modelos de comportamento, de civismo e de boa educação. De-vem ser considerados verdadeiros “segundos pais” das crianças.

Só com esta postura e conduta, irão merecer uma maior conside-ração e estima pelas comunidades para quem trabalham. Contri-buirão para emprestar um maior sentido e expressão ao seu dia, o Dia do Professor, e para conferir, eles próprios, uma dignidade de elevado destaque à sua profissão.

Ao longo do quinquénio, caros gestores de educação, o ensino-téc-nico-profissional vai conhecer expansão e melhoria de qualidade. A nossa aposta neste tipo de ensino tem em vista capacitar os jo-vens para melhor contribuírem para despoletar um maior aprovei-tamento e uso dos recursos naturais de que o País é dotado, para impulsionar o desenvolvimento das comunidades e para tornar es-ses graduandos mais úteis a si próprios, às suas famílias e a toda a sociedade moçambicana.

Um País em desenvolvimento, como o nosso, não pode dar os pas-sos céleres que deve dar, sem que tenha uma massa crítica de aca-démicos e estudantes que, a nível do ensino superior, reflictam cri-ticamente sobre as questões de combate à pobreza e de uso mais criativo e racional dos nossos recursos. Por isso, queremos que os nossos gestores do ensino superior estimulem a produção de mais comunicações e teses viradas para a identificação e formulação de

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

propostas de resolução de problemas específicos de Moçambique e desafiem os seus autores a participarem na implementação das soluções que propõem, no contexto da ligação entre o ensino su-perior e o sector laboral e as comunidades.

Queremos, igualmente, que as nossas instituições do ensino supe-rior abram espaço para a formação de graduados em matérias de desenvolvimento, especialmente do meio rural, que é onde vive a maioria da nossa população e onde as questões de pobreza e vulnerabilidade aos efeitos das calamidades se colocam com maior acuidade e acutilância. Deste modo, estas instituições estarão a participar, mais activamente, na agenda nacional de combate à pobreza e reforçarão a sua ligação com o sector produtivo e de serviços.

Pugnamos, pois, por uma educação, a todos os níveis, que por um lado, contribua para a formação da personalidade do homem, com valores éticos, morais e patrióticos e, por outro, para uma formação de agentes de desenvolvimento económico e social de Moçambique.

*****

O combate que travamos contra a pobreza tem muitos obstáculos e queremos, desde já, lançar o nosso apelo, a uma participação mais activa dos gestores da educação na sua identificação, tipificação e combate.

Nós temos vindo a ilustrar essas sentinelas do subdesenvolvimento, através do burocratismo, do espírito de deixa-andar, da corrupção, do crime e das doenças endémicas e cíclicas. Porém, o maior des-ses obstáculos está nas nossas próprias cabeças e está aliado às nossas atitudes perante nós próprios, a natureza e o trabalho. Por isso, a formação e sobretudo a auto-estima e a confiança nas nos-sas próprias forças e recursos, em primeiro lugar, são de extrema importância para a alteração do quadro de referências que possuí-mos, para aceitarmos novos desafios, para sermos mais criativos, para termos iniciativas que incorporem e aceitem riscos para, en-fim, sermos capazes de olhar para a natureza que nos circunda e

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

dizermos: “aqui esconde-se um tesouro que devo descobrir e apli-cá-lo na melhoria das condições da minha vida e da vida da minha comunidade”.

É função do professor despertar e incutir em si próprio e nas crian-ças e nos jovens esta e outras virtude e valores que contribuem para a formação integral dos homens do amanhã.

Sem procurar sermos exaustivos, no combate ao burocratismo im-porta que a educação reflicta, profundamente, sobre os procedi-mentos que concorrem para o atraso sistemático da chegada do livro escolar aos verdadeiros beneficiários. Importa, igualmente, que reflicta sobre se os procedimentos ligados aos processos de matrículas e de produção e entrega dos documentos de certifica-ção de passagem de classe dos estudantes estão já suficientemen-te simplificados para o bem dos cidadãos e do bom nome do sector da educação.

No combate ao espírito de deixa-andar apelamos ao desencora-jamento da inércia, da indiferença à arrumação, à limpeza e ao embelezamento dos recintos escolares. A negligência, uma outra manifestação do espírito de deixa-andar, associada ao burocratis-mo, procura, de forma insidiosa e por vezes criminosa, frustrar os esforços do nosso Governo de assegurar o livro gratuito a todas as crianças na escola, uma decisão que tomamos para aliviar os pais destas despesas básicas para a educação dos seus filhos.

É espírito de deixa-andar não exigir aprumo e boa apresentação dos professores e alunos pelos gestores das instituições de educa-ção e formação.

O despertar do patriotismo, do civismo e do aprumo que queremos induzir, a partir de tenra idade dos dirigentes do amanhã, só se faz em ambiente de ordem e disciplina, de higiene, de limpeza e de arrumação. O dia, nas instituições de ensino, não pode começar de qualquer maneira.

Permitir que os alunos se apresentem desmazelados, também é uma manifestação do espírito de deixa-andar. Por isso, é função do professor educar a criança a saber cuidar do seu uniforme e do seu material escolar e a estimar e a participar na conservação da escola e do seu património.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Com o nosso exemplo de organização, de aprumo e de higiene e com as nossas exigências diárias e pontuais, estaremos a concorrer para uma formação exemplar dessas crianças, desses alunos, des-ses dirigentes do amanhã. Aos gestores, cabe reflectir criticamente sobre se o tecido e as cores que escolhem para o uniforme escolar são os mais adequados para o meio em que a escola se encontra.

É espírito de deixa-andar não se preocupar com o pagamento atem-pado dos salários e demais remunerações devidas aos professores. Os gestores devem combater situações como estas que afectam os docentes, as suas famílias e atingem, directamente, o desem-penho dos docentes e dos seus alunos, aumentando ainda mais o desperdício escolar, que já é preocupante e a requerer soluções inadiáveis.

A venda de notas ou de vagas nas escolas constituem actos de cor-rupção que devem ser denunciados e condenados por todos nós.

São corruptos os professores ou gestores que inventam aniversários inexistentes e que criam outros tantos pretextos para extorquir dinheiro ou bens dos alunos e dos seus encarregados de educação.

A escola deve produzir conhecimentos, irradiar moral e legalidade e inspirar confiança nos seus procedimentos e actos. Por isso, os professores corruptos poderão estar, em cada acto desta descrição que pratiquem, a alinhavar, com punho próprio, os requerimentos para a sua desvinculação cuja justificação que apresentam nestes requerimentos é a sua incapacidade de trabalhar num ambiente onde impere a ética e a deontologia profissionais, a moral e os bons hábitos que estamos a construir em Moçambique.

A falsificação de certificados ou outros documentos escolares e administrativos, o desvio de salários de professores ou a prática de outros actos à margem da lei, podem levar os implicados à barra dos tribunais e a sua eventual desvinculação do Ministério de Educação e Cultura ou das suas instituições de ensino. Goradas to-das as tentativas de alerta e persuasão, que seja a lei a recordar a esses cidadãos que o crime não compensa, que o crime é repudiado por todos aqueles que querem o bem por Moçambique e seu Povo.

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A nossa sociedade, e a educação em particular, enfrenta uma terrí-vel doença: o HIV e SIDA. Esta pandemia está apostada em contra-riar todos os nossos esforços de expansão da educação no nosso País.

Muitos professores, essa força qualificada que nos deve ajudar a assistir e orientar a “nossa janela de esperança” que são as crian-ças, estão a sucumbir às investidas desta pandemia. Pelo seu ele-vado índice de prevalência, o HIV e SIDA é, efectivamente, um obstáculo aos nossos esforços de combate contra a pobreza em Moçambique.

Queremos por isso, apelar a todos os gestores e através de vós, a todos os professores do nosso País, a assumirem um comportamen-to social, moral e cívico que contribua para a prevenção, controle e combate a desta doença.

*****

Está claro que a Educação é uma arma fundamental no combate que travamos contra a pobreza em Moçambique. Queremos por isso, que deste seminário saia uma definição clara das tarefas e responsabilidades para cada interveniente no processo de ensino-aprendizagem.

É preciso fixar indicadores de desempenho de cada interveniente e de cada instituição, que devem ser públicos e adoptados e assumi-dos por todos. É preciso monitorar e acompanhar a sua implemen-tação, prestando o apoio pertinente onde se revele necessário.

Com estes indicadores seremos capazes de saber, em cada momen-to, como estão a ser cumpridas as nossas decisões e orientações, em que sentido e direcção é que estamos a caminhar, que resul-tados estamos a prever obter em cada etapa. Assim a educação estará, mais efectivamente, a contribuir para o combate à pobreza em Moçambique.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Promovendo maior entrosamento entre a Educação e Cultura:

Um dos fundamentos para uma formação integral dos alunos31

Gostaríamos, em primeiro lugar, de apresentar as nossas calorosas saudações a todos vós e agradecer a vossa presença neste acto solene de proclamação da abertura do ano lectivo de 2006. Sauda-mos, igualmente, através de vós, todos os compatriotas do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao Índico pelo apoio que têm dado ao sector da educação no nosso País.

Dada a importância que o nosso Governo atribui a este importan-te sector, no presente quinquénio, vamos continuar a dedicar os nossos esforços na melhoria do sistema de educação em geral. Par-ticular atenção será dada à expansão da educação técnico profis-sional e a nossa presença aqui no Instituto Agrário de Chimoio é o testemunho vivo da importância que atribuímos a este subsistema de educação.

Queremos, por outro aldo, saudar o trabalho que este Instituto tem vindo a desenvolver e fazemos votos para que continue a fazer mais ainda, no sentido de descobrir as potenciais áreas a serem ex-ploradas e orientar cada vez mais as suas actividades para o ensino vocacional. É, pois, fundamental garantir aos formandos a aqui-sição das ferramentas necessárias que lhes vão permitir interagir com a natureza, para o seu bem e das suas famílias.

O ensino Técnico-Profissional é dos sectores com grande potencial para assegurar a implementação das políticas e estratégias que preconizamos na luta contra a pobreza no nosso rico Moçambique. 31Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da abertura do ano lectivo 2006. Gondola, 31 de Janeiro de

2006.

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Investir na educação profissional constitui, pois, uma opção estra-tégica.

Neste contexto, foram recentemente aprovadas pelo Governo as Linhas Gerais do Programa Integrado da Reforma da Educação Profissional e o Decreto que homologa a criação da Comissão que vai gerir o processo dessa reforma. Estes são sinais evidentes do destaque que o Governo atribui á formação vocacional orientada para os cidadãos com as necessárias habilidades, capacidades e competências que lhes permitam transformar particularmente os recursos naturais existentes em riqueza para si próprios, para a sua comunidade e, em última análise, para todo o Povo Moçambicano.

A reforma que pretendemos realizar estabelece um novo modelo de formação, o qual prescreve que a escola deve ser capaz de dar respostas às necessidades mais específicas do mercado e da sociedade, tornando-se num centro que reflete o desenvolvimento económico e social, no local onde se encontra inserida. Prescreve-se, igualmente, respostas aos desafios que nos são impostos pela integração regional e pelo desenvolvimento.

No âmbito desta reforma, uma especial atenção será dada à mu-lher. Reconhecidamente, a mulher tem desempenhado um papel preponderante na luta contra a pobreza em Moçambique e consti-tui a maioria da nossa população. Encontrámo-la:

no lar;

na gestão comunitária;

nas organizações comunitárias e associações;

com um papel activo no mercado;

na agricultura;

na indústria;

no empresariado;

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

na função pública, e

em muitas áreas do sector produtivo.

A reforma que desencadeamos neste sector impõe aos professores, alunos, pais e encarregados de educação muitos desafios. Um des-tes desafios prende-se com a necessidade de mudança da forma como concebemos e encaramos esta área da educação.

É errado pensarmos que a educação profissional se destina aos mais desfavorecidos economicamente ou aos menos dotados inte-lectualmente. Este é um subsistema que está aberto sem excep-ção, dado que ele prepara homens e mulheres economicamente activos.

De modo a prosseguir com os esforços que temos vindo a desenvol-ver, no ensino técnico profissional, básico e médio, iremos avan-çar com a formação superior também nesta área, apostando nos institutos politécnicos. Assim, entram em funcionamento, a partir do presente ano lectivo, os três primeiros Institutos Superiores Po-litécnicos públicos nesta província de Manica, em Tete e em Gaza. Esperamos que estes Institutos se transformem rapidamente em centros de promoção da Unidade Nacional, da auto-estima e do patriotismo, na formação de professores moçambicanos inovado-res e que saibam usar de forma criativa os recursos disponíveis em cada canto desta Pérola do Índico. Esperamos, igualmente, que estes Institutos Politécnicos se transformem em centros de apro-priação e difusão de tecnologias sustentáveis para a promoção do desenvolvimento das comunidades à sua volta. Deste modo, eles poderão contribuir para, de forma significativa, estimular o cresci-mento do empresariado local e para o aumento da produção e da produtividade nas zonas da sua influência.

Para os esforços em curso, quer a nível da educação básica, média ou superior, o nosso Governo tem contado com a participação das comunidade e da sociedade civil locais no processo de consulta so-bre os conteúdos programáticos relevantes para cada zona onde se pretende implantar uma instituição de ensino. Por isso, saudamos e incentivamos esta parceria escola, comunidade e da sociedade civil.

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A complementar os esforços do Governo, contamos com o apoio de parceiros do sector privado e da cooperação internacional, tanto na construção e reabilitação, como no apetrechamento das insti-tuições de ensino. A estes estendemos o nosso gesto de reconheci-mento e apreço.

Estamos certos que só com o estabelecimento de verdadeiras par-cerias, será possível fortalecer a educação, com vista a que estas tragam soluções e respostas mais adequadas e ajustadas às ne-cessidades específicas do desenvolvimento económico e social de Moçambique.

*****

Ao focalizarmos as nossas atenções da educação profissional, não estamos a perder de vista a implementação e consolidação do cur-rículo básico. À semelhança do que dissemos relativamente áàe-ducação profissional, impõe-se introduzir mudanças na educação geral, pelo facto de esta estar tradicionalmente vocacionada à questões teóricas, muitas vezes pouco relevantes para avida práti-ca. A educação geral, deve também privilegiar o desenvolvimento de capacidades, habilidades e competências relevantes que facili-tem a integração do aluno na sociedade, torando-se agente activo no processo de desenvolvimento económico.

A educação geral deve permitir que os jovens saibam fazer algo de concreto, útil para si próprios, para as suas famílias e para a comunidade.

Nesta perspectiva, é necessário que o aluno aprenda a manusear manuais tão distintos como o papel, a madeira, o barro, a pedra e o metal, entre outros localmente disponíveis. Conhecer, expe-rimentar, descobrir, criar e trabalhar com diferentes materiais e técnicas, são, finalmente a componente prática que pretendemos assegurar no ensino básico, para que possamos ter, desde cedo, jovens participativos e actuantes no meio físico, social e cultural em que se inserem.

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*****

Os desafios que temos pela frente são enormes e requerem uma utilização racional e eficaz dos poucos recursos humanos, financei-ros e materiais que são postos à disposição para manter as escolas e demais instituições do sector da educação e cultura em funcio-namento.

Nós fizemos uma abordagem detalhada sobre esta problemática quando nos dirigimos aos participantes do “Seminário Nacional de Gestão Escolar” realizado na cidade de Chimoio, o ano passado.

Gostaríamos, no entanto, de fazer referência a outros aspectos que nos parecem fundamentais neste processo do reforço da ca-pacidade institucional do sector da Educação e Cultura, para fazer face aos desafios que lhes são impostos pelo combate que desen-cadeamos contra a pobreza. Reputamos, de crítica, a atenção que deve ser dada à formação inicial e em exercício de professores. Julgamos, igualmente, de importante a prossecução dos esforços tendentes a tornar as instituições de formação, em verdadeiras escolas modelo, onde os valores, as atitudes e os princípios de auto-estima, amor ao trabalho, honestidade e pontualidade cons-tituam uma prática quotidiana, para assegurar professores bem preparados que possam dar resposta às necessidades de expansão do sector.

Ainda no domínio da capacidade institucional, devemos, continuar a prestar atenção à formação e capacitação dos gestores do sis-tema educativo, com particular incidência para os directores de escolas e seus colaboradores, dada a responsabilidade destes em assegurarem o cumprimento efectivo dos objectivos preconizados e dos resultados esperados pelo Plano Estratégico da Educação.

Continuamos, igualmente, empenhados na expansão das oportuni-dades de acesso à educação para mais moçambicanos. Neste âm-bito, lançamos o ano passado, em todo o País, o projecto piloto de construção acelerada de infra-estruturas escolares a baixo custo, com uso de meios e materiais locais, o qual esperamos que con-

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tribua para a melhoria e aumento significativo das infra-estruturas escolares.

Em paralelo a este programa, o Governo continua empenhado na construção de escolas secundárias, centros de formação de profes-sores, instituições do ensino técnico profissional.

O nosso Governo está, igualmente, empenhado no reforço das ini-ciativas em curso para assegurar que mais cidadãos tenham acesso aos programas de alfabetização e educação de adultos. Os esforços actuais serão complementados com a expansão deste programa através da rádio.

*****

A colocação da educação e cultura sob o mesmo tecto deve re-flectir-se no dia-a-dia do processo educativo. Por isso, uma insti-tuição de ensino, deve vivenciar as dinâmicas sociais, históricas e culturais do local onde se encontra, como forma de participar na formação integral dos seus alunos.

Compete a escola desenvolver no aluno o sentido de auto-estima, de patriotismo e promover, igualmente, o conhecimento da histó-ria local, como forma de reforçar o sentido da moçambicanidade.

Por isso, uma escola, um centro de formação de professores ou um instituto politécnico da Província de Manica deve ser capaz de encorajar os seus alunos a conhecer a dinastia dos Makombe, a Revolta de Báruè, a rede clandestina durante a Luta de Libertação Nacional, as pinturas rupestres, as florestas sagradas e a toponí-mia local, só para citar alguns exemplos. A escola deve ser capaz de desenvolver nos seus alunos, a motivação para interagir com as comunidades circunvizinhas por forma a tomar conhecimento das suas estratégias de lidar com a natureza e com os fenómenos sociais e políticos locais.

A realização do II Festival Nacional da Canção e Música Tradicional, a ter lugar ainda este ano, deve ser vista como um complemento. Os alunos e os professores têm uma oportunidade para documen-

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tar, descrever e interpretar as canções, os instrumentos e outros artefactos que os participantes neste Festival irão apresentar.

Eis um dos desafios imediatos para entrosar a educação e a cultu-ra, de forma relevante e benéfica para o próprio sucesso do ensi-no-aprendizagem.

****

A campanha de plantio de árvores que hoje simbolicamente lan-çamos, visa conferir outra forma de encarar os nossos estabeleci-mentos de ensino. A árvore é sinónimo de vida e riqueza:

ela dá-nos a sombra e os espaços verdes de que precisamos;

ela dá-nos madeira;

ela dá-nos medicamentos;

ela dá-nos frutos; e

ela protege os solos.

Assim, as nossas escolas devem promover programas de plantio e gestão de árvores. Devem, igualmente, promover concursos para apurar a escola que se destaca no plantio e fomento de árvores junto da sua comunidade:

queremos que cada moçambicano desenvolva o gosto de plantar e cuidar de árvores em todo o lado, incluindo à volta da casa ou na machamba.

Aliado a este aspecto, gostaríamos de referir que no nosso País ain-da enfrentamos o grave problema das queimadas descontroladas. Neste contexto, a escola deve desempenhar o papel de relevo, quer através da transmissão de conhecimentos e técnicas apropria-das de maneio de recursos florestais, quer no esclarecimento junto das comunidades dos efeitos negativos das queimadas.

Queremos que cada moçambicano tenha uma atitude re-pulsiva perante as queimadas descontroladas que, de for-

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ma preocupante, se registam um pouco por todo o lado no nosso País e devastam inúmeras extensões da nossa flora e fauna, degradando o meio ambiente e destruindo o habitat de muitas espécies animais.

*****

A escola deve ser o pólo de desenvolvimento comunitário cujo im-pacto se deve fazer sentir na melhoria das condições de vida das populações. A escola deve ser capaz de encontrar as soluções mais ajustadas e adequadas para os problemas das comunidades onde estão inseridas. A escola deve participar activamente na transmis-são de bons hábitos, através do seu envolvimento nas campanhas de vacinação, campanhas de limpeza, campanhas de conservação da natureza, entre outros.

Tanto os professores como os alunos devem ter sempre presentes que a malária, o HIV e SIDA e a tuberculose constituem ameaças sérias não só aos esforços do sector, como aos da sociedade em ge-ral, na sua luta contra a pobreza. Devem por isso, adoptar compor-tamentos responsáveis e colocarem-se na vanguarda da prevenção e combate destas doenças.

A saúde das crianças depende em grande medida dos hábitos ali-mentares das nossas comunidades. Através de programas de nutri-ção devemos ensinar os nossos concidadãos a usar da forma mais racional os produtos ou recursos alimentares disponíveis. A escola deve, igualmente, promover e desenvolver actividades desportivas junto dos seus alunos e da comunidade orientadas para a criação de animais de pequena espécie ou de pequeno porte, tanto para o seu próprio consumo como para a venda.

Gostaríamos de chamar atenção a um outro aspecto não menos importante. Referimo-nos à questão da habitação dos professores. A escola deve ser capaz de produzir materiais para a construção. O professor deve, igualmente, ser capaz de mobilizar as comuni-dades para a construção de casas, usando os meios disponíveis à sua volta. Ao agirmos tal como referimos, temos a certeza que a

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escola que pretendemos construir, será um verdadeiro catalisador no processo de desenvolvimento.

Para terminar, gostaríamos de reconhecer o esforço e a colabora-ção do sector privado, dos nossos parceiros de cooperação nacio-nais e internacionais pelo que têm feito para fortalecer a capaci-dade do Estado na provisão dos serviços educativos. Aos alunos, professores, pais e encarregados de educação, Zonas de Influência Pedagógica, comunidade, sociedade civil e demais actores envol-vidos na provisão da educação, os nossos votos de um bom ano de trabalho.

Com estas palavras temos a honra de declarar solenemente aberto o ano lectivo de 2006.

Muito obrigado pela atenção dispensada!

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Sincronizar o conhecimento científico

com o milenar do nosso Povo:

Um dos maiores desafios do ensino superior em Moçambique32

As nossas primeiras palavras são de saudação a todos os que se dignaram a estar presentes neste acto solene de abertura oficial da Universidade Lúrio, a nossa mais nova Universidade, o presen-te maior dos 32 anos da nossa Independência Nacional. De várias partes desta Pérola do Índico e do mundo para aqui convergimos para partilharmos as emoções, os desafios e as oportunidades que se abrem com a implantação desta instituição de ensino superior.

Saudamos a todos os nacionais e estrangeiros que deram o seu inestimável saber e contributo para que, hoje, aqui nos reunísse-mos para testemunhar o nascimento desta mais jovem instituição do ensino superior, em Moçambique. Uma saudação especial vai para o Povo irmão da República de Cuba pelo apoio multiforme que nos concedeu para o arranque desta nossa Universidade pública.

Não é a primeira vez que sentimos a solidariedade e o apoio di-recto e incondicional do Povo cubano na caminhada rumo ao nosso bem-estar.

A República de Cuba esteve ao nosso lado durante a luta que desencadeámos contra a dominação estrangeira, até à nossa vitória final;

Cuba marchou, lado a lado, com Moçambique na defesa da nossa soberania ameaçada;

32Aula Inaugural de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, por ocasião da abertura oficial da Universidade Lúrio. Nampula, 29 de

Junho de 2007.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Cuba esteve ao lado do Povo Moçambicano, abrindo oportu-nidades para a formação de quadros moçambicanos, no seu solo pátrio, em diferentes esferas do saber. Muitos desses quadros já se encontram no nosso Moçambique a participar na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Muito obrigado Povo cubano por estas lições de solidariedade e irmandade.

*****

Ao associar-se ao histórico 25 de Junho, a UniLúrio constitui-se numa demonstração de que para nós, a Independência Nacional não era um fim em si mas, isso sim, um meio para reconquistarmos a nossa dignidade. Mais três exemplos para ilustrar este ponto:

em quinhentos anos de dominação estrangeira havia apenas uma universidade, em Maputo. Hoje, três décadas depois do hastear da nossa bandeira multicolor, temos, pelo menos uma instituição do ensino superior, pública ou privada, em cada província do nosso belo Moçambique;

à hora da nossa Independência Nacional, moçambicanos licenciados não chegavam a duas dezenas. Hoje, em todas as províncias têm um número substancial de quadros com esse grau académico e a nossa população estudantil universitária, que agora atinge a cifra dos 45 mil, vai brevemente aumentar, nos distritos, o número de quadros com o grau de licenciatura;

entre 1974-75 estavam matriculados no 6º e 7º anos, no en-sino médio de então, a base de recrutamento para a uni-versidade, 1.330 alunos. Este número baixou drasticamente para 645, em 1976, o que pode significar que mais de 50% desses alunos eram estrangeiros e saíram de Moçambique com os seus pais. Hoje, as estatísticas registam 70 mil alu-nos estudantes do ensino médio.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

*****

Gostaríamos, antes de prosseguirmos, de revelar que não viemos aqui, a este pódio, para fazer uma oração de sapiência, no sentido restrito do termo. Viemos, isso sim, proferir a aula inaugural da UniLúrio. Sabemos que para uma minuciosa escalpelização acadé-mica, com citações, referências e uma bateria de argumentos teó-ricos, já temos académicos e pesquisadores dedicados, produtos desta nossa Independência que no dia 25 perfez 32 anos. Acedemos a aqui estar por duas razões fundamentais:

a primeira razão da nossa aceitação prende-se com o facto de que de nós se espera uma reflexão que resulta da nos-sa própria experiência de protagonistas e de observadores atentos ao desenvolvimento de Moçambique e aos desafios que se nos colocam em cada momento. Portanto é dessa escola da vida que vem a nossa contribuição para esta re-flexão.

A segunda razão tem em vista incentivar esta instituição, logo nos seus primeiros dias de vida, a enveredar pela práti-ca de problematização dos diferentes fenómenos que ocor-rem em Moçambique e no mundo e as interpretações que são avançadas para explicar a ocorrência desses fenómenos.

Na procura e no debate de outras interpretações alternativas te-mos certeza de que os docentes e discentes da UniLúrio poderão aprimorar o seu conhecimento científico e aumentar a sua auto-es-tima por se sentirem a contribuir para o desenvolvimento da nossa sociedade e da humanidade.

*****

Depois das observações iniciais, gostaríamos de trazer à atenção da nossa audiência que um dos maiores desafios do ensino superior em Moçambique tem a ver com a sincronização entre o conheci-mento científico e o conhecimento milenar do nosso Povo, para en-gendrar um desenvolvimento endógeno, reflectido e sustentável.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

O conhecimento científico, se aceitarmos uma comparação, é como a luz que ilumina a nossa actividade do quotidiano - aumenta a nossa criatividade e concorre para acelerarmos a construção do nosso bem-estar. Com o conhecimento científico colocamo-nos em melhores condições, por exemplo:

para lidar com os problemas de saúde e nutrição, educação e formação técnico profissional;

para impulsionar a Revolução Verde, em todas as suas ver-tentes; e

para melhorar o aproveitamento dos recursos naturais, que os nossos antepassados nos legaram, e para reduzir o impac-to das calamidades naturais.

O conhecimento científico também desempenha um papel particu-larmente importante:

na geração de mais riqueza e postos de trabalho; e

na indução de boas práticas de gestão do ambiente e da nossa rica biodiversidade.

Tendo em atenção esse compromisso com o impulsionamento do conhecimento científico, tomámos a decisão de abrir mais esta oportunidade para que mais compatriotas nossos se possam formar, como profissionais competentes. Por isso, exortamos aos pioneiros da UniLúrio a dedicarem-se com afinco ao estudo e à pesquisa para servirem de exemplo e referência às gerações subsequentes de estudantes desta Universidade.

Como dizíamos, um dos maiores desafios do ensino superior em Moçambique prende-se em lograr a sincronização entre o conhe-cimento científico e o conhecimento milenar do nosso Povo. Para nós, o conhecimento científico aqui adquirido deve resultar, em primeiro lugar, de um processo de interacção constante com o co-nhecimento milenar do nosso maravilhoso povo.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Os estudantes devem ter sempre oportunidades de, através, por exemplo, da extensão, da pesquisa, dos seminários e dos ensaios académicos, confrontarem os conhecimentos científicos que ad-quirem no campus com a realidade local e, depois, serem capazes de sistematizar essa realidade e trazê-la de volta ao campus para enriquecer o debate académico e os conhecimentos daí derivados.

Para o sucesso nesta empreitada terão que partir para o trabalho de campo, com a pré-disposição de aprender do nosso brioso Povo, sem preconceitos nem complexos de qualquer índole. Terão que partir cientes de que as nossas comunidades, através desses seus conhecimentos milenares, têm encontrado respostas para os mais diversos desafios que a vida lhes impõe. Será nesta interacção com as comunidades, particularmente no distrito, o pólo do nosso de-senvolvimento, que se formará uma força de trabalho:

imbuída de maior auto-estima e orgulhosa de ser moçambicana;

preparada para enfrentar o constante fluxo de inovações tecnológicas e para garantir a sua adaptação às necessidade do nosso desenvolvimento.

Será também nesta interacção que mais produtos “Made in Mo-zambique” serão criados, preparando os nossos quadros para se-rem mais relevantes e competitivos no processo de integração re-gional e no quadro da globalização.

Procedendo deste modo, estarão a valorizar o sonho daqueles que fizeram o 25 de Junho e os recursos que vos são colocados à dispo-sição pelo maravilhoso Povo Moçambicano.

Como é do domínio público, os benefícios da educação, a qualquer nível, vão muito para além daqueles que recebem essa educação nos bancos da escola. Como nos ensinou o Arquitecto da Unidade Nacional, Eduardo Chivambo Mondlane, em última análise, os nos-sos conhecimentos auto-valorizam-se quando têm impacto na vida do nosso Povo, quando contribuem para o seu bem-estar.

Como devem estar recordados, Eduardo Mondlane, o primeiro mo-çambicano, de que se tem registo, a concluir o grau de Douto-

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

ramento, preteriu o prestígio, a segurança pessoal e um futuro risonho que o cargo nas Nações Unidas ou numa universidade lhe conferiam. Dos Estados Unidos decidiu juntar-se a muitos outros moçambicanos, no Tanganyika, hoje Tanzânia, sem ter imposto quaisquer tipos de pré-condições. Em Dar-es-Salaam, Mondlane usou os conhecimentos científicos, adquiridos no campus e nas Na-ções Unidas, para levar os seus compatriotas a assumirem que a sua maior força contra a dominação estrangeira residia na sua Uni-dade. Mondlane encarnou o sofrimento e o seu sonho pela liberda-de e prosperidade do Povo Moçambicano e fez a sua parte para que o sol de Junho brilhasse, nesta Pérola do Índico.

*****

Esta Universidade vai, em grande medida, facilitar o acesso ao ensino superior, aos residentes das províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa. Ao mesmo tempo, vai-se abrir para receber es-tudantes de outras parcelas do nosso Moçambique.

Nesta sua dupla responsabilidade, a UniLúrio vai contribuir para o desenvolvimento destas três províncias e da nossa Pátria Amada, em geral. Por outro lado, ao assumir esta responsabilidade, a Uni-Lúrio vai contribuir para o reforço da Unidade Nacional, uma das armas mais sofisticadas do maravilhoso Povo Moçambicano. Todo este exercício vai resultar num ensino e numa pesquisa mais sen-síveis aos problemas do quotidiano do nosso Moçambique e tornar esta instituição do ensino superior cada vez mais relevante na nos-sa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

Para nós, distinta audiência, subjacente à prática universitária, está a manifestação da diversidade de origem do corpo docente bem como a multiplicidade da nacionalidade das fontes de infor-mação que se tem disponíveis, quer para os alunos, quer para os professores. Ainda neste contexto, a prática universitária manifes-ta-se pela produção científica dos seus docentes e discentes, como contribuição para o avanço de Moçambique e da humanidade. A primeira publicação da UniLúrio já tem os conteúdos, ou seja, as palestras que foram dadas ao longo desta semana por eminentes

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

académicos nacionais e estrangeiros. A próxima deve resultar do trabalho de campo, feito por alunos e docentes, logo neste primei-ro ano da sua formação.

Tenhamos sempre presente que uma Universidade forma indivíduos que fazem a ligação entre o campus e a sociedade. Forma homens e mulheres de espíritos abertos. Forja quadros que ganham cons-ciência das suas reais capacidades, do que podem alcançar quando libertam a sua iniciativa criadora. A Universidade forja empreen-dedores, aqueles que não ficam à espera da mão dos outros para darem os passos que devem dar na vida, à espera de orientações sobre como tornar úteis, para si e para o país, os conhecimentos adquiridos ao longo da sua formação.

Para terminar, desejamos à direcção da UniLúrio, ao corpo docente e discente, aos técnicos e ao pessoal administrativo, muitos suces-sos na vossa missão. Com estas palavras temos a honra de declarar inaugurada a Universidade Lúrio.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Combatendo a Pobreza:

Rumo à sociedade de conhecimento33

Gostaríamos, em primeiro lugar, de saudar toda a comunidade uni-versitária pela realização da presente cerimónia de graduação. Ela constitui um passo significativo, rumo à materialização dos nossos compromissos de governação. Como enfatizamos no nosso Progra-ma Quinquenal, a Educação concorre para induzir uma nova atitu-de e um novo comportamento nos cidadãos, perante os recursos disponíveis para o combate contra a pobreza, no nosso rico Mo-çambique. Contribui, outrossim, para a consolidação da paz, pro-moção do patriotismo e da Unidade Nacional.

Por isso, viemos aqui hoje para partilhar convosco as emoções que este sucesso engendra, em todos nós. Hoje é o dia de celebração de uma vitória, para a qual concorreram vários actores:

o nosso maravilhoso Povo, por ter financiado, através dos seus impostos, o funcionamento desta instituição do ensino superior, incluindo a formação dos graduandos de hoje;

a nossa universidade, por se ter colocado à altura da res-ponsabilidade que lhe foi confiada, obsequiando a nossa sociedade com novos soldados para a frente de combate contra a pobreza;

os docentes, por terem orientado, com sucesso, os seus es-tudantes na busca e sistematização de conhecimentos;

33Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de graduação da Universidade Eduardo Mondlane. Maputo, 17

de Novembro de 2005.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

os graduandos, por terem demonstrado perseverança, mes-mo perante as adversidades, para chegarem aos resultados que hoje orgulhosamente nos exibem. A sua inquietação, em surdina e através da imprensa, pelos sucessivos adiamentos desta cerimónia é, por isso, inteiramente compreensível;

os pais, os esposos e as esposas, os filhos e as filhas, pelas privações por que passaram, durante todos estes anos, e que hoje se sentem recompensados por esta vitória, que é também sua;

os amigos e familiares, que se privaram de vários momentos de convívio, para permitir que os graduandos de hoje se dedicassem aos seus estudos e chegassem ao sucesso que é a razão de ser desta cerimónia.

*****

A instituição que acaba de conferir os graus académicos nesta ce-rimónia ostenta o nome de um insigne filho deste nosso Moçambi-que. Eduardo Chivambo Mondlane nasceu e cresceu no meio rural do nosso País. Depois de muitas peripécias e depois de vencer mui-tos obstáculos, ele conseguiu concluir o seu Doutoramento numa universidade norte-americana.

Na altura em que ele conclui este grau académico, a esmagadora maioria dos moçambicanos não tinha sequer a terceira classe rudi-mentar, dadas as barreiras impostas pelo sistema colonial.

Em vez de se encaixar no comportamento que era característico da maioria das pessoas com a sua formação, Mondlane não escondeu as suas origens e delas falava publicamente. Numa das suas auto-biografias, ele revela que apascentou gado e que provinha de uma família polígama. Revela ainda que no actual Hospital do Chaman-culo varreu o quintal e lavou ligaduras, durante um ano, enquanto estudava no curso nocturno.

Contrariamente à licença de se afastar do seu Povo que o pretex-to de Doutor lhe conferia, Mondlane aproximou-se ainda mais dos seus compatriotas e encarnou o seu sofrimento e o seu sonho pela liberdade e prosperidade.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Falando em 1961 a uma multidão que se juntara na Igreja do Cha-manculo para vê-lo e ouvi-lo, Mondlane disse:

“Muitos dos que falaram agradecem-me por aquilo que fiz (Dou-toramento). Isso entristece-me. Não são eles que me devem agradecer.

Sou eu quem está em dívida com todos vós por aquilo que fize-ram. Mas vocês fizeram tudo isso por mim, porque em mim e noutros filhos desta terra depositaram esperança. Vocês viram que nós poderíamos fazer qualquer coisa”.

Mondlane assumiu, efectivamente, que os seus conhecimentos só teriam maior significado e validade se fossem aplicados para o bem dos que tinham contribuído para a sua formação. Por isso, ele preteriu o prestígio, segurança e futuro risonho que o cargo nas Nações Unidas lhe conferia. Dali, foi-se juntar a muitos outros moçambicanos na Tanzania, sem ter imposto quaisquer tipos de pré-condições.

Na Tanzania, Mondlane usou os conhecimentos adquiridos no cam-pus e nas Nações Unidas para levar os moçambicanos a descobri-rem e a assumirem que a sua maior força contra a dominação es-trangeira residia na sua Unidade. Graças a essa força, a Unidade Nacional, os moçambicanos venceram em 12 anos, uma dominação estrangeira que perdurava há 500 anos.

Esta é a trajectória de Eduardo Chivambo Mondlane.

Este é o perfil do Patrono desta instituição do ensino superior. Por isso,

foi e continua sendo nossa justificada expectativa ver a Uni-versidade Eduardo Mondlane a inspirar-se nos ideais do seu Patrono.

foi e continua a ser nossa expectativa ver esta instituição a assumir-se como exemplar na formação de quadros com os mais altos valores da moçambicanidade e a exibir sempre o amor pelo nosso Povo.

Os quadros aqui formados deveriam sempre recordar-se, como o fez Mondlane em 1961, que eles têm uma dívida com o nosso Povo porque contribuiu para a sua formação. Por isso, eles têm a nobre

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tarefa de intervir e contribuir para o combate contra a pobreza que ainda flagela o nosso Povo.

Em honra do Patrono desta universidade, constitui um desafio para todos vós, docentes e estudantes, consolidar o modelo de ensino que alia a produção de conhecimento com a sua aplicação práti-ca na actividade produtiva. Este é o modelo que desencadeia um processo contínuo que visa, por exemplo, a melhoria das condições de vida, da saúde pública, nutrição, habitação, produção agrícola, pecuária, saneamento, as condições de acesso à água e a gestão ambiental.

Hoje, minhas senhoras, meus senhores, as Universidades torna-ram-se pilares do desenvolvimento económico e social dos países. As nações progridem não só porque têm recursos naturais. Elas progridem, sobretudo, porque têm o recurso humano, munido de conhecimentos técnicos e científico. Progridem porque têm o re-curso humano habilitado e capaz de transformar os recursos que o rodeiam em riqueza tangível.

A maior parte dos recursos naturais de que o nosso País dispõe estão no meio rural. Paradoxalmente é nas zonas rurais onde a pobreza é mais marcante. É no meio rural onde a vulnerabilidade aos caprichos da natureza se faz sentir com maior intensidade. É também no meio rural onde os aliados da pobreza têm maior visibi-lidade e impacto: a fome, a tuberculose, a malária e o HIV e SIDA.

A pesquisa aplicada tem uma palavra para a resolução destes pro-blemas. Devemos ser capazes de tornar os resultados do ensino e da investigação aqui realizadas úteis às comunidades. Eduardo Mondlane fez o seu papel, contribuindo para que a dominação es-trangeira passasse hoje à categoria de mera referência histórica.

Aos docentes e aos estudantes da UEM cabe fazer a sua parte. Se cada um de nós fizer a sua parte, se cada um de nós assumir que a exigência não é andar mas acelerar o passo, a pobreza pode tam-bém, mais rapidamente, passar à categoria de mera referência histórica. O outro paradoxo que deve preocupar os docentes e es-tudantes da Universidade que ostenta o nome de Eduardo Mondlane, vem

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

do facto de ser no meio rural onde também se concentram as bibliotecas que conservam o nosso saber milenar.

Porém, é ai onde encontramos a maioria dos moçambicanos mer-gulhados na pobreza.

Desafiamos a Universidade Eduardo Mondlane, a aumentar a sua intervenção nesta área.

Queremos que ela muna os seus graduados com instrumen-tos científicos e analíticos relevantes a esta realidade social e cultural do nosso País.

Queremos que ao longo da sua formação os estudantes se-jam desafiados a sistematizar esse conhecimento milenar do nosso Povo e a trazer soluções para os problemas advindos da pobreza.

Queremos que eles sejam capazes de ser encorajados a apli-car as suas conclusões num distrito específico e a derivar novas formulações, a partir desse contacto com essa reali-dade.

Gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para saudar a inicia-tiva da abertura da Escola Superior de Ciências Marinhas de Que-limane. Quadros aqui formados terão um papel fundamental na gestão, com maior eficácia, da nossa longa costa e dos imensos recursos marinhos. Vão, outrossim, assegurar que mais investiga-ção seja feita, sobretudo no Delta do Zambeze, um dos mais ricos ecossistemas do nosso planeta.

*****

Testemunhamos hoje, nesta cerimónia, cheia de cor, brilho e ale-gria, a vossa graduação. Esta cerimónia deve ser entendida como um rito de passagem.

É sim um rito de passagem de uma vida estudantil para a vida pro-fissional.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Gostaríamos de vos recordar que o processo de aprendizagem não termina aqui com este ritual. Antes pelo contrário. Ele entra numa nova fase, qualitativamente mais exigente.

É uma fase que envolve a vossa participação directa no combate que desencadeámos contra a pobreza.

A avaliação a que vão ser sujeitos nesta fase será mais subjectiva e feita no quotidiano. Será uma avaliação não só sobre o vosso de-sempenho profissional.

Essa avaliação vai incluir a forma como se relacionam com os vos-sos colegas, a forma como assumem o patriotismo e o espírito de luta para vencer. Doravante, carregam convosco o nome do Patro-no da vossa Universidade, o nome dos vossos professores.

Muitas das pessoas com quem vão lidar nunca terão conhecido o vosso campus e os vossos professores. Eles entrarão em contacto com o vosso campus e os vossos professores através do vosso com-portamento social e desempenho profissional.

Para terminar, gostaríamos de endereçar, mais uma vez, uma sau-dação especial aos graduados e aos seus familiares. Por extensão, saudamos o maravilhoso Povo Moçambicano, camponeses, operá-rios, funcionários públicos e do sector privado, trabalhadores do sector terciário, cujos parcos rendimentos permitiram que a Uni-versidade Eduardo Mondlane tivesse recursos mínimos para a pros-secução do processo de ensino-aprendizagem. O seu esforço está indelevelmente associado à produção destes graduandos.

Boa sorte a todos!

Muito Obrigado.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Parceria Estado — Sociedade Civil

Um contributo para a melhoria da qualidade do ensino34

Aceitamos, com muita honra, o Prémio “Galardão de Ordem Aca-démica” que há pouco recebemos nesta cerimónia. Dedicamo-lo:

aos nossos compatriotas, professores e alunos do ensino téc-nico profissional;

aos nossos quadros que dão expressão ao ensino profissio-nalizante; bem como a todos aqueles que prestam apoio ao desenvolvimento do ensino técnico-profissional em Moçam-bique, com destaque para os nossos empresários, organiza-ções da sociedade civil e os nossos parceiros de desenvolvi-mento.

Todos eles, cada um à sua maneira, têm contribuído para fazer deste sector de educação uma arma eficaz no combate contra a pobreza em Moçambique, um combate em que o nosso maravilhoso povo se encontra engajado. O saber fazer, no contexto deste rico Moçambique, é uma das melhores armas que temos disponível para a luta que travamos contra este flagelo chamado pobreza. Com efeito, a formação profissional, ou profissionalizante, melhor pre-para os nossos compatriotas para um aproveitamento mais integral dos recursos de que esta Pérola do Índico é dotada. Por isso, é nos-so sonho que cada um dos nossos 128 distritos tenha, pelo menos, uma escola básica de formação técnico-profissional.

34Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, por ocasião da “Gala Nota 20”, organizada pela CADE. Maputo, 28 de

Novembro de 2008.

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

*****

Felicitamos a Comunidade Académica para o Desenvolvimento da Educação pela parceria que desenvolve com o Ministério da Edu-cação e Cultura bem como com as instituições públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, algumas das quais representadas nesta cerimónia. Através desta estratégia, esta organização da socie-dade civil, tem logrado motivar, promover e sustentar uma série de actividades extra-curriculares que têm impacto na melhoria da qualidade do ensino em Moçambique. Destacamos, neste processo:

as jornadas científicas e as olimpíadas que estimulam a aná-lise, criatividade e reflexão em torno das dinâmicas sociais, políticas, económicas e culturais do nosso Moçambique, da região e do mundo; bem como

a Feira da Educação, cujo objectivo é orientar o estudante para uma profissão.

Com estas e outras acções que a Comunidade Académica para o Desenvolvimento da Educação tem coordenado não ganha apenas a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, como também ganha a diversificação dos mecanismos e dos participantes na me-lhoria dessa qualidade de ensino.

Neste quadro, queremos saudar os professores e os alunos, oriundos de diferentes partes desta Pátria de Heróis, que foram hoje galar-doados. Temos certeza que no desempenho das suas actividades, não tinham estes prémios como motivação primeira. Tinham, isso sim, manter e elevar a responsabilidade que assumem na execução das suas tarefas e o brio com que encarnam, no dia-a-dia, as ex-pectativas de um Povo inteiro em marcha rumo ao seu bem-estar.

*****

Ao assumirmos que a educação desempenha um papel de relevo para o desenvolvimento endógeno e sustentável de Moçambique temos que ter presente que a mulher emancipada é um dos pilares de sustentação desse desenvolvimento pelo que não é sem razão que defendemos o princípio segundo o qual educar uma mulher é educar uma sociedade. Por isso, encorajamos e apoiamos a matrí-

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cula da rapariga na escola, sua frequência e conclusão de cada vez mais elevados níveis do ensino. Para nossa satisfação, o número de alunas que concluem diferentes graus de ensino aumenta de ano para ano. Por exemplo:

de 41% de alunas que concluíram o EP1 em 2004, subimos para 44,7% em 2007;

de 39,6% de alunas que concluíram o EP2 em 2004, subimos para 41,9% em 2007;

em 2004 tivemos 36,4% de alunas graduadas na 12ª classe. Esta cifra subiu para 38,9% em 2007.

Portanto a rapariga está a aderir aos programas de formação e a dotar-se dos conhecimentos necessários para intervir, de forma mais eficiente e activa, na melhoria das suas condições de vida e na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Po-breza. Como é do domínio público, a formação emancipa a mulher e habilita-a a melhor interpretar os diversos fenómenos e como neles intervir e deles tirar os necessários benefícios para si e para a nossa Pátria Amada. Através destas intervenções ela também se emancipa.

*****

Reiteramos as nossas felicitações aos professores e alunos pre-miados nesta cerimónia e desejamos-lhes muitos mais sucessos na vida.

Que mantenham estes níveis de desempenho e procurem auto-su-perar-se, no seu quotidiano. Fazemos, igualmente, votos para que o seu exemplo seja seguido por mais compatriotas nossos, do Ro-vuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo.

À Comunidade Académica para o Desenvolvimento da Educação endereçamos votos de sucessos na sua missão de contribuir para a crescente melhoria da qualidade do ensino nesta Pérola do Índico.

A todos, muito obrigado pela vossa atenção!

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Sua Excelência Armando Emílio Guebuza

Nasceu a 20 de Janeiro de 1943, em Murru-pula, Província de Nampula onde, seu pai,

Miguel Guebuza, exercia a função de enfer-meiro e sua mãe, Marta Bocota Guebuza, do-

méstica.

Em 1948, o seu pai é transferido para Lourenço Marques, nome como era chamada a Cidade de Maputo, no período colonial. Aqui, aos seis anos, Armando Guebuza inicia os seus estudos no Centro Associativo dos Negros da Colónia de Moçambique, no Bairro de Xipamanine.

Como crente da Igreja da Missão Suíça é integrado nas Patrulhas (Mintlawa), que para além das actividades religiosas, desenvol-viam outras de carácter social e cultural que exigiam a participa-ção de todos, irmanados no espírito de sacrifício, ajuda mútua e promoção de uma visão comum.

No ensino secundário, junta-se a outros jovens, membros do Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM), e que era conhecido por “Núcleo”, uma organização cívica fundada por Eduardo Mondlane em 1949. O Núcleo tinha como actividades principais, a realização de aulas de compensação ou sejam, ex-plicações, educação cívica e cultural e, de uma forma discreta, a mobilização política.

Em 1963, Armando Guebuza é eleito Presidente do Núcleo cargo anteriormente exercido por Joaquim Chissano, antes da sua saída para Portugal em 1960. A sua escolha correspondeu à expectativa, tornando o Núcleo um centro de atracção e de referência para muitos jovens e adolescentes de então. No mesmo ano de 1963, Ar-mando Guebuza junta-se à rede clandestina da FRELIMO, na então Cidade de Lourenço Marques.

A sua experiência na direcção do Núcleo, a sua qualidade de moni-tor da escola dominical e o seu carisma concorreram para promo-ver e desenvolver o trabalho clandestino no meio estudantil.

Biog

rafia

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Armando Guebuza: Um olhar sobre a Universidade Moçambicana

Em Março de 1964, Armando Guebuza e outros colegas, decidem deixar Moçambique para se juntarem à FRELIMO. Para escapar ao controlo da PIDE, a tenebrosa polícia secreta do regime colonial, tiveram que abandonar, em Mapai, cerca das 4 horas da manhã, o comboio em que se faziam transportar para sair de Moçambique.

Fizeram depois os mais de 80 quilómetros de Mapai à vila fron-teiriça de Chicualacuala a pé, enfrentando o cansaço, a fome e a sede. Vinte e quatro horas depois de terem deixado o comboio, e encontrando-se do lado rodesiano, continuaram a caminhar inin-terruptamente mais de 30 Kms até retomarem o comboio para Sa-lisbúria, hoje Harare. Neste percurso a eles se juntam mais dois moçambicanos seguindo a mesma viagem.

De Salisbúria, o grupo que integrava Armando Guebuza, retoma a viagem para a Zâmbia. No comboio, são presos pela polícia rode-siana, quando se preparavam para abandonar aquele país, e encar-cerados em Victoria Falls.

Armando Guebuza e os seus colegas são entregues à PIDE e durante aproximadamente cinco meses são torturados para se lhes extrair confissões.

Entretanto, por alturas da sua libertação são presos os guerrilhei-ros da Quarta Região que se preparavam para abrir a Frente Sul. Apesar de estarem em liberdade vigiada, Armando Guebuza e os seus camaradas decidem vingar-se da acção da PIDE e reafirmar com actos de coragem que a FRELIMO estava activa.

Na noite de 24 para 25 de Dezembro de 1964, espalham panfletos, na Região Sul de Moçambique, constituída por Inhambane, Gaza e Maputo, que continham a fotografia do Presidente Eduardo Mon-dlane. Esta situação forçou a PIDE a divulgar, um comunicado com a lista dos guerrilheiros detidos, dando detalhes sobre a trajectória política de cada um deles.

Não obstante as intimidações e chantagens da PIDE, Guebuza e os seus companheiros retomam o sonho de se juntarem à FRELIMO. Refugiam-se na Suazilândia, onde permanecem por alguns meses. Mais tarde, conseguem atravessar clandestinamente a África do Sul

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e, no protectorado britânico da Bechuanalândia, hoje Botswana, são novamente detidos e ameaçados com a deportação pelas auto-ridades britânicas.

Em resultado da intervenção do Dr. Eduardo Mondlane, Presidente da FRELIMO, exigindo a sua incondicional libertação, o grupo é en-tregue ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e conduzido para a Zâmbia. Dali, mais tarde, o grupo segue para a Tanzânia, conduzido por Mariano Matsinha, então representante da FRELIMO na Zâmbia.

Na Tanzânia, Armando Guebuza é submetido aos treinos militares em Bagamoyo. Faz depois parte do grupo de combatentes que abre o Campo de Preparação Político Militar de Nachingweya.

Em 1966, é transferido de Nachingweya para Dar-es-salam, para exercer as funções de Secretário Particular do Presidente Mondla-ne, em substituição de Joaquim Chissano que se preparava para seguir para formação na União das Repúblicas Socialistas Sovié-ticas. Cumulativamente, Armando Guebuza lecciona no Instituto Moçambicano.

Mais tarde e ainda nesse mesmo ano de 1966 é nomeado Secretário para a Educação e Cultura. Por inerência destas funções passa a membro do Comité Central da FRELIMO, nesse mesmo ano.

Em 1968, é nomeado Inspector das escolas da FRELIMO e em 1970 Comissário Político Nacional.

No Governo de Transição Guebuza ocupa a pasta da Administração Interna, cargo que acumula com o de Comissário Político Nacional. No primeiro Governo do Moçambique independente é nomeado Mi-nistro do Interior.

Em 1974, Armando Emílio Guebuza, dirige na sua qualidade de Co-missário Político, o processo de criação e implantação dos Grupos Dinamizadores.

Em 1977, Armando Guebuza é eleito membro do Comité Político Permanente da FRELIMO, sucessivamente denominado por Bureau Político e Comissão Política.

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No mesmo ano, o Comité Político Permanente designa Armando Guebuza para dirigir a Comissão de reassentamento das popula-ções vítimas das cheias na Província de Gaza. É em resultado desse esforço, e em colaboração com as autoridades e populações locais, que nascem as aldeias comunais erguidas nas partes altas do Vale do Limpopo, e hoje em franco progresso.

Ainda em 1977, o Comissário Político Nacional Armando Guebuza é nomeado Vice-Ministro da Defesa Nacional e, em 1978, acumula estes cargos com o de Governador da Província de Cabo Delgado.

Em 1981, é designado Governador da Província de Sofala, e em 1983, é novamente, nomeado Ministro do Interior.

Em 1984, é nomeado Ministro na Presidência, responsável pela coordenação das áreas da Agricultura, Comércio, Indústria Ligeira e Turismo, assim como a cooperação com a China, Coreia do Norte, Paquistão e Vietname.

Em 1986, assume a pasta dos Transportes e Comunicações e da Pre-sidência do Comité de Ministros dos Transportes e Comunicações da Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral.

Em 1990, é nomeado chefe da delegação do Governo às conversa-ções de Roma que resultaram na assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992.

Em 1992, é designado Chefe da Delegação do Governo na Comis-são de Supervisão e Implementação do Acordo Geral de Paz para Moçambique.

Armando Guebuza, Tenente-General na Reserva, esteve também envolvido no processo de Paz do Burundi sob a égide do faleci-do Presidente da Tanzânia Julius Nyerere e, mais tarde, do anti-go Presidente sul-africano, Nelson Mandela. Armando Guebuza foi responsável da Comissão sobre a Natureza do Conflito Burundês, Problemas do Genocídio e Exclusão e suas Soluções.

Em 2000 ele foi escolhido, por consenso, pelas partes em conflito no Burundi para presidir à Comissão sobre as Garantias para a Im-plementação do Acordo resultante das negociações de Paz.

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Guebuza foi Chefe da Bancada da FRELIMO desde o primeiro par-lamento multipartidário, saído das Eleições Gerais de 1994, até ao VIII Congresso da FRELIMO.

Em 2002, é eleito Secretário-Geral da FRELIMO e candidato deste Partido às eleições Presidenciais de 2004.

Em Fevereiro de 2005 foi empossado como terceiro Presidente da República, depois da sua vitória nas Eleições de Dezembro 2004. Em Março do mesmo ano foi eleito Presidente da FRELIMO tendo sido reeleito no IX Congresso realizado em Novembro de 2006.

Em Janeiro de 2010 foi empossado para o segundo mandato depois da sua vitória nas Eleições de Outubro de 2010.

Sua Excelência Armando Emílio Guebuza é casado com Maria da Luz Guebuza, e é pai de 4 filhos e tem três netos.

Títulos, Medalhas e Homenagens

Titulos1

Moópoli, o Salvador - O salvador, aquele que resgata as pessoas de uma situação aflitiva, aquele que muda a condição social de mal para o bem (Distrito de Balama, 2004).

Malokiha, o endireitador, o que corrige coisas mal feitas. Aquele de quem se esperam só boas coisas, o corrector (Distrito de Chiúre, 2006).

Maréériha, o que torna as coisas bonitas. O pacificador, o purifi-cador. O polidor, purificador, o que faz as coisas ficarem bonitas/boas. (Namuno, 2009).

1Entre os AMAKHUWA existe a tradição de entronamento do indivíduo cuja estatura so-

cial é encarada com prestígio e, por isso, na linhagem de transmissão do poder, assume

facilmente a sua candidatura. Essa candidatura ou admissão para a entrada no areópago

dos influentes é feita por decisão consensual por um colégio de sábios, (Macyée = Wa-

zée(Kiswahili), Mahumu, Mapewe), os quais estabelecem o título ou cognome por que

a pessoa eleita passa a ser conhecida. Antigamente essa pessoa era-lhe atribuída um

território e um conjunto de súbditos.

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Mpéwe Nan’teka, o Rei Construtor. Aquele que constrói (Aldeia Sa-mora Machel Chiúre, 7.6.11.

Professor Doutor, com nota vinte sobre a sua tese com o título: Mwhusiha (Professor): fonte de Esperança (Alto Molócuè 10.04.14)

Maseko Nkwakwa- Rei dos Ngunis – Acto Orientado pela Rainha Inkossi Ya Makhosi (Angónia 14.06.14).

Plantador, como corolário do sucesso das iniciativas presidenciais um aluno, uma planta por ano e um líder, uma floresta comunitá-ria nova Barwé (19.06.14).

Medalhas e prémios

Ordem Eduardo Mondlane do 1º Grau, Resolução 6/85, de 17 de Junho;

Ordem Amizade e Paz do 1º Grau, Decreto Presidencial 12/2005, de 1 de Fevereiro;

Ordem de Mérito, Chile, 8.05.08;

Prémio do Instituto Afro-Americano, edição 2008, em reco-nhecimento pelo desenvolvimento humano;

Ordem Amílcar Cabral do 1º Grau, 16.11.08;

Prémio africano “Nandi” 2009, em reconhecimento do seu papel na promoção do género;

Prémio Crans Montana 2009, em reconhecimento do seu tra-balho visando minorar o sofrimento dos cerca de 20 milhões de moçambicanos;

Prémio de ouro, atribuído pela Rede de Investigação de po-líticas Agrícolas e Recursos Naturais, FANRPAN, em reconhe-cimento do seu papel na promoção da Revolução Verde em Moçambique e pelo facto do seu governo estar a injectar os 7 milhões para o desenvolvimento acelerado das zonas ru-rais e pela segurança alimentar e Revolução Verde, Maputo, 1.09.09;

Prémio do Conselho do Superior do Desporto em Africa pela sua liderança na criação de condições para a realização, com sucesso da X Edição dos Jogos Africanos Maputo 2011;

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Prémio do Comité Olímpico Internacional edição 2011, pela forma como tem contribuído e participado na promoção dos ideais olímpicos no País e no mundo.

Prémio “Excellence Award”, atribuído pela Aliança dos Líde-res Africanos Contra a Malária (ALMA), pela sua determina-ção no combate a esta doença.

Prémio de Ouro da FAO de 2012, pelo seu papel no desenvol-vimento rural.

Embaixador de Boa Vontade sobre a Saúde Materna e Infantil 2013, conferido pelas Primeiras Damas de África, pelo seu papel na promoção da saúde materna, neonatal e infantil.

Ordem Excelente da Pérola de África em reconhecimento pela República do Uganda em 2013, do seu papel a nível político e diplomático no país e na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Cruz de São Marco do Primeiro Grau, por Sua Beatitude Papa e Patriarca de Alexandria e de toda África, Theodoros II, em 2014, em reconhecimento do seu papel na promoção da li-berdade religiosa em Moçambique.

Prémio da Revista The Business Year pelo seu papel nas re-formas e melhoria do ambiente de negócios em Moçambique 27.06.14;

Ordem Infante D. Henrique, 3.11.14;

Prémio Mérito Ambiental, atribuído pelo Ministério do Meio Ambiente, por ocasião dos seus 20 anos, pelo lançamento e liderança da Iniciativa Presidencial “um aluno, uma planta por ano” e “um líder, uma floresta nova”, 19.12.14;

Reconhecimentos

Presidente do Órgão da SADC para a Cooperação nas áreas de Política, Defesa e Segurança, 2009-2010;

Presidência da III Cimeira sobre Clima, em 2009, em reco-nhecimento do seu papel gestão de calamidades;

Presidente dos PALOP (2010-2012);

Presidente da CPLP (2012-2014);

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Presidente da SADC (2012-2013);

Membro do Movimento Internacional de promoção da Nutri-ção “Scaling Up Nutrition (SUN) Movement”, desde 2012;

Membro da equipa nomeada em 2013 pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Educação em primeiro lugar;

Presidente do Conselho de Paz e Segurança da União Africa-na, Março de 2014.

Homenagens

Serviço de Informações e Segurança do Estado, 23.04.14;

Artistas e homens da cultura, 14.08.14;

Ministério de Energia, 28.08.14;

Confederação das Associações Económicas, CTA, 26.09.14;

Organização Nacional dos Professores, 12.10.14;

Organização Continuadores, 25.10.14;

Ministério da Agricultura, 5.10.14;

Desportistas, 27.10.14;

Titulares dos Órgãos do Sistema de Administração da Justi-ça, 5.11.14;

Ministério das Obras Públicas e Habitação, 12.11.14;

Instituto Superior de Estudos de Defesa “Tenente-General Armando Emílio Guebuza”, 21.11.14;

Conselho de Ministros, 9.12.14;

Casa Militar, 11.12.14;

Ministério dos Transportes e Comunicações, 13.12.14;

Conselho da Polícia da República de Moçambique, 17.12.14;

Doutor Honoris causa em Economia do Desenvolvimento, Universidade Eduardo Mondlane, 18.12.14.