apostila_educadores_gincana - protagonismo juvenil

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  • 8/4/2019 Apostila_educadores_gincana - Protagonismo Juvenil

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    PROTAGONISMO JUVENIL

    Realizador

    Parceiros:

    Parceiro

    Local:

    InstitutoPo de Acar deDesenvolvimentoHumano

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    Pa lavra In ic ia l

    Tivemos nos dias 18 e 19 de Outubro uma boa oportunidade de trocar impresses a

    respeito dos resultados que a Gincana vem alcanando e, sobretudo, de discutir e estudar de

    maneira mais aprofundada o Protagonismo Juvenil.

    Este material1 traz, resumidamente, o contedo abordado no curso. Contudo, pela

    complexidade do contedo, ativemo-nos a uma abordagem geral do que foi discutido, a fim

    de ter um material base para a construo de um banco de idias.

    Vale lembrar que o convite discusso e formao desse Banco de Idias no se

    reduz aos educadores presentes no curso, mas estende-se a toda a comunidade escolar. Por

    isso, convide seus colegas - educadores, diretores e coordenadores pedaggicos - se for a

    sua vontade. Como foi comentado, a presena de um maior nmero de educadores e

    pessoas que ocupam funes variadas na estrutura escolar fundamental para que os

    resultados da discusso possam efetivamente melhorar a nossa prtica. Enfim, mais que um

    Banco de Idias, produziremos caminhos de atuao que s podero ser avaliados quando

    colocados em prtica.

    Esperamos que este resumo do curso seja til para todos, e que o Banco de Idias, cuja

    discusso ser baseada neste material, traga frutos concretos para a formao dos jovens de

    cada escola.

    O desafio de todos ns!

    Equipe da Gincana da Cidadania

    1Este material pode ser copiado, repassado e utilizado livremente por todos aqueles que com

    ele tiverem contato. Mais do que permitido, isso almejado pela equipe da Gincana.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    - R e s i l i n c i a

    Observamos trs definies diferentes para o termo Resilincia, sendo a terceira (mais

    completa), adotada como conceito neste material:

    Definies de Resilincia

    1. capacidade e no se desintegrar em situao de presso (da fsica)

    2. capacidade de crescer na adversidade

    3. conjunto de qualidades (veja tabela abaixo) no excepcionais que, quando bem

    articuladas e suficientemente desenvolvidas resultam na capacidade da pessoa

    crescer nas adversidades.

    Caractersticas da pessoa resiliente

    Esquema temporal Tira lies de situaes ruins do passado, de uma perspectiva positiva Possui objetivos para o futuro

    Sentido de Incluso Os resilientes fazem parte (e sentem-se parte) de grupos como grmios, grupos de

    bairro, etc.

    Viso equilibrada

    V pontos positivos e negativos em suas vivncias

    Capacidade de curtir pequenas alegrias

    Senso de Humor capaz de rir de si mesmo, de situaes difceis, etc.

    F

    Projeto de Vida Possui planos de realizao

    Capacidade de Admirar O resiliente possui dolos

    Disposio para aprender

    Opera no modelo do desafio2

    Segundo Antnio Carlos Gomes da Costa, a maneira ideal de trabalhar e desenvolver a

    resilincia dos jovens por meio de vivncias. pelo curso dos acontecimentos, em lugar

    de discursos com palavras, que se desenvolve a resilincia dos alunos.

    2O modelo do desafio contrape-se ao modelo do dano. Neste, a pessoa tende a enxergar

    tudo negativamente, e as dificuldades so vistas como obstculos intransponveis. Mesmo

    quando passam, deixam marcas profundas na auto-estima e na viso de mundo. J no modelodo desafio, as dificuldades so vistas como desafios a serem superados, nos quais muito seaprende.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    II - As pedras angu la res da Educao

    A educao , neste captulo, discutida sob trs pontos de vista diferentes: o

    antropolgico, o sociolgico e o epistemolgico. Em cada um deles uma questo foi colocada,

    da qual a resposta ajuda-nos a pensar sobre qualquer metodologia educativa. Ativemo-nos

    ao estudo do Protagonismo juvenil. Vejamos ento os ideais.

    Ideal Antropolgico

    Este ideal pretende definir que tipo de jovem queremos formar(pergunta orientadora),

    da seguinte forma:

    O ideal que se formem jovens

    Autnomos

    Solidrios

    Competentes

    Vale ressaltar que competente, significa com competncias. Vejamos agora as

    diferentes competncias que devemos observar no processo de formao de jovens, para

    no nos atermos apenas a uma delas no processo educativo.

    Tipos de Competncia

    Competncia pessoal (aprender a ser)A auto-estima, o auto-conceito, a auto-confiana e o auto-cuidado so alguns indicadoresque nos permitem ver em que medida o educando est desenvolvendo sua competnciapessoal

    Competncia Social (aprender a conviver)Os indicadores que permitem avaliar a medida em que o educando est desenvolvendoesta competncia esto ligados a seu relacionamento com outros jovens, com a famlia,com os educadores, com a natureza, com o mundo...

    Competncia Produtiva (aprender a fazer)a habilidade de realizar tarefas (tais como as desenvolvidas em cursos profissionalizantese outras necessrias realizao das atividades escolares) o grande indicador destacompetncia.

    Competncia Cognitiva (aprender a aprender)essa competncia nos permite aprender constantemente e em situaes diversas, sendoassim um alavancador das outros competncias. Ela nos mantm em constante evoluo.

    Ideal Sociolgico

    Este ideal pretende definir que tipo de sociedade para cuja construo queremos

    influenciarcom o processo educativo.

    A resposta baseia-se nos princpios do paradigma do desenvolvimento humano. Assim,

    o processo educativo deve ser balizado pelos princpios abaixo, a fim de que se influencie na

    construo de uma sociedade capaz de observar e garantir todos os princpios listados.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    Princpios do paradigma do desenvolvimento humano

    A vida o mais bsico e universal dos direitos

    Nenhuma vida vale mais que outra

    As pessoas nascem com potenciais e tm direito de desenvolve-los

    Para desenvolver seus potenciais, as pessoas dependem de oportunidades

    Tudo que somos fruto das oportunidades que tivemos e das escolhas que fizemos

    preciso preparar as pessoas para fazerem escolhas acertadas

    Para haver desenvolvimento humano, preciso respeitar plenamente seus direitos

    preciso haver empoderamento de pessoas, grupos e comunidades

    Cada gerao deve deixar um ambiente igual ou melhor ao deixado pelas geraes

    anterioresCidadania deve ser entendida como direito de ter direitos e dever de ter deveres

    Ideal Epistemolgico

    Quais so os contedos da educao?

    A resposta a esse pergunta aponta claramente o potencial do Protagonismo Juvenil e

    sua rea de atuao, mostrando onde essa metodologia atua diretamente e onde outros

    caminhos do conta de suprir a necessidade do educando. Veremos que o contedo da

    educao foi divido em quatro diferentes itens, a saber:

    Conhecimento (rea da academia)

    Habilidades (rea dos cursos profissionalizantes)

    Valores (rea do Protagonismo juvenil)

    Atitudes3 (tambm suprida pelo protagonismo)

    Para finalizar, discutimos sobre as possibilidades de relao entre escola e famlia e a

    respeito das trs instncias de educadores.

    Comeando pelas relaes possveis, temos

    a relao Burocrtico-formal,

    que limita-se a contatos de cunho burocrtico, tais como pagamento de

    mensalidades, recados espordicos, etc;

    a relao Tutelar;

    3Veremos mais adiante que a educao para valores pretende formar jovens com uma atitude

    bsica positiva diante da vida.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    a relao Pragmtico-utilitria,

    em que h uma maior interao entre famlia e escola, como visto em mutires,

    participao no planejamento e viabilizao de festas, etc.

    e, por fim, a relao tida como ideal: a Participativa Democrtica.Nesta relao temos a gesto democrtica, em que a famlia participa ativa e

    efetivamente do dia-a-dia da escola.

    Terminada apresentao dos tipos de participao, temos as instncias de educadores,

    formadas pelos educadores familiares, escolares e comunitrios. Mais importante do que

    olhar cada uma das instncias, observar que a maneira como elas atuam normalmente,

    distantes umas das outras, minimiza os resultados de um processo educativo que, se fosse

    beneficiado pela unio de todas elas, certamente seriam substancialmente mais

    significativos.

    III - Educao para va lo res

    Antes de comearmos a discutir a respeito da Educao para Valores, vale a pena

    passarmos pelo entendimento dos dois termos, educao e valores, sob o ponto de vista que

    os estaremos tratando neste captulo.

    Educao: processo que transforma potenciais das pessoas em habilidades,competncias e capacidades.

    Valores:segundo Antnio Carlos Gomes da Costa, valor tudo que pesa na hora de

    tomar uma deciso.

    Vistos os termos separadamente, podemos passar ento definio do objetivo da

    Educao para Valores: dotar o adolescente de bons critrios para avaliar situaes e tomar

    decises.

    Como incorporamos e vivemos nossos valores?

    Essa pergunta pertinente na medida em que a educao para valores aposta

    justamente nos valores, aquilo que pesa quando tomamos nossas decises, para a formao

    de jovens protagonistas de suas histrias e com uma atitude bsica positiva diante dos

    acontecimentos de sua vida.

    Vale ressaltar aqui uma diferena crucial entre a forma e incorporar valores percebida

    entre adultos e jovens. O adulto, num primeiro momento, identifica um valor, depois o

    incorpora e, s ento o vivencia. um processo de dentro para fora. J o jovem segue uma

    ordem diferente na incorporao de seus valores: num primeiro momento ele o vivencia,

    depois identifica, e s ento o incorpora.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    Adulto: identifica > incorpora > vivencia

    jovem: vivencia > identifica > incorpora

    Essa diferena um dos determinantes a que temos que atentar quando pensamos a

    metodologia utilizada quando queremos educar para valores, ou seja, quando queremos

    formar jovens com critrios slidos, individualizados e construtivos para fazer suas escolhas.

    Trs eixos da Estruturao da Comunidade Educativa (Dom Bosco)

    Dom Bosco identifica trs eixos da comunidade educativa, a saber:

    1. Docncia

    caracterizada pelo discurso. O conhecimento captado pelo educando por

    meio de discursos (falas e textos).

    2. Prticas e Vivncias

    o curso dos acontecimentos oferece ao educando experincias pelas quais ele

    vivencia valores, que depois podero, num processo educativo planejado, ser

    identificados para que sejam incorporados pelo educando sua maneira.

    3. Presena educativa4

    a qualidade da relao educador-educando fundamental para que o processo

    educativo seja vivenciado por ambos em toda a sua profundidade.

    Presena Educativa: uma prtica a ser desenvolvida

    Ao contrrio do que muita gente pensa, a capacidade de construir uma relao de

    cumplicidade construtiva com o educando no um dom de algumas pessoas naturalmente

    melhor preparadas. sim uma qualidade necessria a qualquer educador que pode, estando

    disposto a isso, desenvolv-la em sua prtica diria.

    Algumas qualidades so caractersticas da presena educativa, e podem nortear a

    atuao do educador:

    tempo (a ateno ao educando no reduzida sala de aula, mas uma demanda

    que deve ser respondida sempre que aparecer),

    4Este tema assunto do livro Pedagogia da Presena, de Antnio Carlos Gomes da

    Costa. Teremos aqui uma viso geral do assunto, mas vale a leitura do livro e, paraquem quiser se aprofundar ainda mais, nos textos indicados pelo autor: Carkhuff,Robert R. O Relacionamento de Ajuda para pais, professores, psiclogos,CEDEPE Editora, 1 ed. Belo Horizonte, 1979; Lofredi, Las E. Paradigma deOrientao Educacional, Ed. Francisco Alves, 3 ed.; Rio de Janeiro; Miranda, Clara F.

    de & Miranda, Mrcio L. de. Construindo a relao de ajuda. Ed. Crescer, 5 ed. BeloHorizonte, 1983; Viorin, Pierre, A Educao de Jovens difceis, Ed. Famlia 2000, 1ed. Lisboa, 1972.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    experincia (a experincia do educador serve como referncia tanto ao educando

    como ao prprio educador na construo do processo educativo),

    conhecimento (tambm serve como matria prima ao educador, que pode ampliar o

    horizonte do educando e perceber seus problemas sob um ponto de vista mais complexo e

    amplo),

    exemplo (o educando tem no educador uma referncia importante e confivel, sobre

    a qual deposita grande peso na formao de seus prprios valores. Assim, o exemplo do

    educador ser sempre observado pelo educando, como um caminho seguro de

    desenvolvimento)

    abertura (se o educador no estiver verdadeiramente aberto ao educando, este logo

    perceber e no sentir confiana para construir uma relao com a profundidade

    necessria)

    Reciprocidade (a presena se caracteriza pela reciprocidade na relao educador-

    educando. No haver espao e condies verdadeiramente favorveis e construtivas se no

    houver reciprocidade entre ambos. Essa reciprocidade construda por meio de um singelo

    comrcio de pequenos nadas. um vai com Deus, um boa noite, um bom dia, um olhar, um

    sorriso, um toque, uma pergunta a respeito de algo da vida pessoal previamente

    compartilhado e com outros pequenos nadas que se estabelece uma relao de

    reciprocidade e confiana)

    Compromisso

    O compromisso entre educador e educando pode ser considerado um dos alicerces da

    educao para valores. Sua ausncia compromete substancialmente a qualidade do

    processo, na medida em que, sem ele, no h reciprocidade, abertura, etc.

    Relao de Ajuda

    O maior objetivo da presena educativa estabelecer com o educando uma relao de

    ajuda, pela qual ele poder, com o apoio do educador, desenvolver seu potencial individual.

    Mas, para a construo dessa relao, necessrios termos em vista o caminho do

    desenvolvimento pessoas e social, para que observemos em que estgio o jovem se

    encontra e, a partir desse dado, desenhar o processo de ajuda que permita a ele desenvolver

    seus potenciais. Vale lembrar que o esquema apresentado uma diviso didtica e que a

    realidade no segmentada dessa forma.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    Caminho do desenvolvimento pessoal e social

    1. Definio da Identidade

    o educando se percebe, se compreende e se aceita

    2. Auto-Estima

    O educando desenvolve um sentimento positivo consigo mesmo

    3. Auto-conceito

    o educando desenvolve uma auto-imagem positiva

    4. Auto-confiana

    o educando passa a confiar em seu potencial de transformao e conduo da prpria vida.

    Agora ele j se apia nas prprias foras.

    5. Viso destemida do Futuro

    o futuro visto como um desafio, como algo positivo, sem temor.6. Querer Ser

    surgem sonhos mais concretos. O educando passa a querer ser, a sonhar com seu futuro

    pessoal, social e profissional.

    7. Projeto de Vida

    Os sonhos passam a apresentar-se com metas, passos, etapas preliminares determinadas

    para que se alcancem os objetivos finais.

    8. Sentido de Vida

    a vida tem um sentido claro a ser seguido. De onde est, para onde quer chegar.

    9. Autodeterminaoo educando no abre mo de viabilizar suas propostas

    10. Resilincia

    j explicada com maiores detalhes no primeiro captulo

    11. Auto-realizao

    toda conquista realizada ao longo de nossas vidas so pequenas auto-realizaes que, em

    processo, contribuem para nos sentirmos realizados

    12. Plenitude Humana

    o querer ser encontra o ser. Pode ser observada nas dimenses afetiva, profissional e cidad

    (social)A presena educativa, por meio da relao de ajuda, a base sobre a qual o

    processo educativo se apia para dar condies ao educando de progredir em seu

    desenvolvimento pessoal e social

    O educador, ciente desse caminho do desenvolvimento pessoal e social, e podendo,

    por meio de sua presena, perceber onde o educando se encontra nesse processo, tem o

    conhecimento situacional necessrio para desenvolver o planejamento educativo, sabendo

    bem onde quer chegar e, sobretudo, como chegar l. A presena novamente se faz

    necessria. Alm de diagnosticar a situao, ela permite que se acompanhe e facilite odesenvolvimento do educando.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    Entendida a importncia da relao de ajuda no processo da Educao para Valores,

    podemos ver um esquema geral dessa relao, que facilita, pelo seu entendimento, a

    construo de uma relao efetivamente de ajuda com os educandos.

    Esquema geral da Relao de Ajuda5

    Educador Educando

    Acolhe

    mostra interesse e disponibilidade

    para o educando

    Envolve-se

    entrega-se relao de ajuda, como

    resposta ao acolhimento recebido

    Responde

    comunica compreenso incondicional

    para o educando, sem julgamento

    pr-concebido.

    Explora-se

    avalia objetivamente a situao em

    que est no ambiente que

    problematiza na relao de ajuda.

    Fase

    responsiva

    Personaliza

    amplia o campo conceptual do

    educando, facilitando que ele pereba

    sua parcela de responsabilidade no

    problema que vive

    Compreende

    estabelece relaes de causa e efeito

    na sua vida e na situao

    problematizada. Percebe um

    horizonte, um onde chegar.

    Orienta

    avalia, com o educando, as aes

    possveis para resolver seu problema

    e facilita sua tomada de deciso

    Age

    entendendo onde est e onde quer

    chegar, estabelece como chegar l,

    e movimenta-se nesse sentido.

    Fase

    iniciativa

    Cada ao do educador corresponde a uma resposta do educando:

    Educador: acolhe responde personaliza orienta

    Educando: envolve-se explora-se compreende age

    IV - De que capac idades p rec isamos?

    Falamos at agora de resilincia, de ideais educativos, de valores, de eixos da

    educao, de presena, de desenvolvimento pessoal e social e de relao de ajuda.

    No captulo II As pedras angulares de Educao, discutimos um pouco a respeito de

    que tipo de jovem queremos formar, para a construo de que sociedade queremos

    influenciar e que mbitos o contedo de um processo educativo completo deve ter. Neste

    5O modelo proposto aplicado a toda e qualquer relao interpessoal. Aqui, por pertinncia ao

    objetivo da apostila, tratamos como relao educador-educando, por simples adequao.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    captulo vamos ver, segundo esquema de Bernardo Toro6, que capacidades so exigidas de

    um cidado na realidade atual.

    7 cdigos da Modernidade

    Bernardo Toro afirma que a modernidade exige de um indivduo o desenvolvimento de

    7 capacidades bsicas:

    1. Domnio da leitura e da escrita

    no se trata de desenhar o nome ou ser capaz de reproduzir oralmente palavras

    que esto grafadas em um papel. Mais que isso, domnio da leitura e da escrita

    significa compreender o contedo dos textos lidos e capacidade de transformar em

    texto escrito clara e objetivamente idias prprias.

    2. Capacidade de fazer clculos e resolver problemas

    Alm do domnio da aritmtica, trata-se de um raciocnio lgico capaz de dividir

    um problema em suas partes e propor um caminho para sua soluo.

    3. Capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situaes

    um cidado deve ser capaz de, ao olhar fatos, dados e situaes, perceber suas

    relaes, suas essncias, seus significados num contexto maior, causas, efeitos,

    etc.

    4. Capacidade de localizar, acessar e melhor usar a informao acumulada

    estamos na era da informao? Ora, isso exige ento, naturalmente, que um

    cidado saiba lidar com elas, tarefa nada fcil diante da enxurrada de dados a que

    nos submetemos dia a dia.

    5. Capacidade de compreender e operar seu entorno social?

    trata-se de ser capaz de ler o mundo a sua volta criticamente, estabelecendo

    ligaes entre dados, fatos e situaes, entender que capaz de muda-lo e

    conhecer caminhos para faze-lo.

    6. Capacidade de receber criticamente os meios de comunicao

    capacidade de entender que por trs de um veculo de comunicao, h interesses,

    ideologias, presses, opinies e olhares individuais, etc.

    7. Capacidade de trabalhar em grupo

    saber operar diariamente em grupo, dialogando, trocando informaes e sonhos e

    construindo com eficincia suas relaes produtivas.

    6Bernardo Toro um importante estudioso colombiano do processo de mobilizao social.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    V - P ro tagon ismo Juven i l

    G r e g o

    P r o t o n : p r i n c i p a l

    A g o n : l u t a

    O Protagonismo Juvenil busca dar conta de dois mbitos do contedo educativo,

    discutidos no ideal educativo epistemolgico: a formao de valores e o desenvolvimento de

    atitude diante da vida.

    Para tanto, preciso olhar alguns conceitos preliminares que devem estar

    estabelecidos e internalizados para que se possa iniciar a discusso acerca de oportunidades

    de implementao da metodologia no dia-a-dia da escola e de como o Protagonismo pode, e

    deve, fazer parte de toda a proposta pedaggica da instituio.

    Conceitos Preliminares

    1. O jovem deve ser visto como parceiro e interlocutor na ao educativa,

    comprometido com a soluo de problemas reais.

    o educando deve ser desafiado, nos acontecimentos do percurso educativo, a

    solucionar problemas reais. Isso quer dizer que, em vez de inventar problemas

    e imaginar quais seriam os caminhos para solucion-los, situaes reais

    devem ser expostas para que os educandos proponham caminhos, e que estes

    sejam de fato implementados. S ento, depois de implantadas as idias dos

    jovens, que haver exemplos e vivncias concretas, base sobre a qual sedar o desenvolvimento dos educandos.

    2. O jovem visto como parte da soluo (no como problema)

    a crena no potencial do educando de resolver problemas e tomar suas

    prprias decises deve extrapolar os limites de pginas de cartilhas para

    tornar-se fato cotidiano e concreto na ao dos educadores.

    3. Jovem visto como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso

    H que ter a conscincia de que o jovem realmente capaz de estabelecerrelao de compromisso, com a qual sente-se responsvel; totalmente capaz

    de tomar sua iniciativas e ainda, que deve ter liberdade para desenvolver seus

    potenciais.

    Quando internalizamos esses conceitos, percebemos que fazer de conta que levamos

    os jovens a srio, fazer de conta que so capazes de escolher seus caminhos, fazer de conta

    que tm liberdade, e fazer de conta outros conceitos discutidos aqui, pode significar que

    fazemos de conta que estamos operando num processo educativo visando a formao de

    valores.

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    Princpio, meio e fim

    Depois de visto que fundamental levar o jovem a srio e entende-lo como ser

    realmente capaz e rico em potenciais, temos o entendimento necessrio para discutir o

    Protagonismo Juvenil.

    Antes, contudo, de iniciarmos a apresentao de situaes e exemplos prticos da

    metodologia, vale ressaltar a base, o meio e o fim do protagonismo, a saber:

    Participao (veja a escala adiante)

    Essa a base da metodologia. pela participao qualitativa dos jovens que se criam

    momentos de desenvolvimento pessoal e social, alm de exemplos prticos e vivenciados

    para uma discusso em classe (lembrando que os jovens primeiro vivenciam, s ento

    identificam e incorporam valores)

    Colaborao: o meio

    por meio da colaborao entre educador e educando e, principalmente, do educando

    no processo educativo, que se alcanam os resultados na formao dos jovens.

    Autonomia

    O fim do protagonismo. Um processo educativo baseado no protagonismo juvenil visa

    formar jovens verdadeiramente autnomos.

    Escala da Participao

    1. Manipulada

    2. Decorativa

    3. Simblica

    Nodesejadas

    4. na execuo

    5. no planejamento e na execuo

    6. Na deciso, no planejamento e na execuo

    7. Na deciso, no planejamento e na execuo e na avaliao

    8. Na deciso, no planejamento e na execuo, na avaliao e na

    apropriao dos resultados9. Todas as etapas sozinhos

    10. Todas as etapas sozinhos tendo a colaborao de adultos numa

    ao coordenada pelos jovens.

    Desejadas, em

    escala crescente

    1. Manipuladao educando manipulado pelo educador em sua participao.

    2. Decorativaa presena apenas decorativa. O jovem pode, por exemplo, numa festividade da

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    escola, estar no palco, junto com os professores e a diretoria, mas sem ter espao

    para falar.

    3. Simblica

    a participao no interfere no processo. Numa reunio para decidir sobre as

    atividades que sero realizadas com os alunos, algum jovem pode ser convidado a

    estar presente como representante, sem, contudo, ter direito a opinar sobre o

    tema.

    4. Na execuo

    o educando participa efetivamente da execuo. Numa festividade da escola, por

    exemplo, ele ajuda cuidando de uma barraca, ou fazendo o correio elegante, etc.

    5. No planejamento e na execuo

    a participao no reduzida execuo. O jovem participa no processo de

    planejamento. Na mesma festa, por exemplo, ele pode planejar como ser a

    barraca, em que local ficar, como ser feita a comunicao, etc.

    6. Na deciso, no planejamento e na execuo

    alm de planejar e executar, o jovem participa da deciso de realizar ou no a

    festa, quando ser o evento, qual o tema, etc.

    7. Na deciso, no planejamento e na execuo e na avaliao

    O educando participa antes, durante e depois do evento, avaliando seus

    resultados.

    8. Na deciso, no planejamento e na execuo, na avaliao e na apropriao dos

    resultados

    o jovem, alm de participar de todas as fases, apropria-se dos resultados

    9. Todas as etapas sozinhos

    todas as etapas do processo so realizadas pelo educando, sem interferncia

    direta do educador (que s facilita o processo)

    10.Todas as etapas sozinhos tendo a colaborao de adultos numa ao coordenada

    pelos jovens.

    Alm de realizar todas as etapas, o jovem delega funo e coordena a atuao de

    adultos durante processo.

  • 8/4/2019 Apostila_educadores_gincana - Protagonismo Juvenil

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    Alguns exemplos de oportunidades para a implantao de um processo protagnico

    Quando entendemos o Protagonismo Juvenil como uma metodologia na qual o jovem

    convidado a participar, vimos uma gama imensa de possibilidades de envolver o jovem como

    parceiro no processo educativo.

    Cada educador pode pensar caminhos para envolver o protagonismo em sua matria. Todo e

    qualquer espao de participao contribui para a formao de valores, auto-estima e

    identidade do educando. Listamos aqui algumas idias apenas para ilustrar situaes e aes

    possveis. Mas cada educador poder realizar uma infinidade de aes no listadas aqui a

    partir do momento em que adotar o olhar do protagonismo em sua atuao.

    Cronograma de aulas

    todo educador faz um plano de aulas para o ano levando em conta apenas o contedo que

    precisa passar e o tempo que tem para isso. O jovem poderia ser convidado a compartilhar

    desse plano, decidindo junto com o educador datas de avaliao, ritmo em que ser passada

    a matria, etc. Esse exerccio aproximaria o jovem do educador e deixaria o educando

    claramente como co-responsvel pela matria, criando um pacto de compromisso que, em

    caso de atraso no cronograma, problemas com desateno ou desinteresse dos jovens,

    poderia ser utilizados tambm como pauta num processo de formao de valores.

    Festas Escolares

    Os jovens podem ser convidados a participar, no todo ou em partes, no processo de

    realizao das festas do calendrio escolar. Quanto maior a participao do jovem nesse

    contexto, maiores os ganhos educativos.

    Projetos

    Sempre que possvel, o contedo das matrias podem ser passados dentro de um projeto

    realizado pelos jovens. Assim, por exemplo, em vez de falar teoricamente sobre as leis da

    fsica, o jovem pode realizar um projeto (construo de um moinho, por exemplo) para que,

    durante o planejamento, o contedo seja abordado como matria-prima para sua execuo.

    Voluntariado

    o jovem pode ser desfiado a fazer um projeto de voluntariado, escolhendo o que fazer para

    planejar e executar sua ao voluntria.

    Normas da sala

    Os jovens podem ser convidados a determinar as regras de participao e comportamento

    na matria.

  • 8/4/2019 Apostila_educadores_gincana - Protagonismo Juvenil

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    CONTEXTO TERICO DO PROTAGONISMO JUVENIL

    Ncleo de Responsabilidade Social

    Um ncleo de responsabilidade social pode ser criado na escola para que os jovens realizem

    projetos sociais.

    Grmio

    Os grmios escolares so excelentes espaos para atuao dos jovens. Mas no basta sua

    existncia! A maneira como os educadores o tratam questo chave para o desenvolvimento

    dos jovens.

    Comisses

    Os jovens podem formar comisses com diversos fins. Pode, por exemplo, haver uma

    comisso de alunos que participam das decises de que tipo de investimento fazer. Decises

    como a destinao de investimentos podem ser compartilhadas com os jovens. Por exemplo,

    a deciso de comprar computadores novos para a sala de informtica ou aparelhos mais

    modernos para o laboratrio de qumica pode ser discutida com os alunos.

    Esses exemplos, bem como toda essa apostila, serve como apoio inicial para que cada

    educador pense nas possibilidades de atuao em seu dia-a-dia. Esperamos que sirva no

    como referncia, mas como incentivo para que todos ns atuemos objetivando a formao

    de jovens protagonistas, de suas histrias e em suas comunidades, dotados de valores

    slidos e de uma atitude positiva e construtiva diante da vida.