arlindo machado máquina e imaginário

Upload: joao-guilherme

Post on 24-Feb-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    1/13

    Mquina e Imaginrio O Desafio das

    Poticas Tecnolgicas

    Arlindo Machado

    EDUP! "# edi$%o& "''(! )# edi$%o& "''*

    +esenhado ,or Martins! -i.iana Isa/el .i.ianamartins0ig1com1/r e Timmermans! 2acques1

    3timmermans0ig1com1/r

    4onsidera$5es gerais&

    Arlindo Machado professor do Depto. de Cinema, Rdio e TV da ECA6"7 ecoordenador do programa de ps-grada!"o em comnica!"o e semitica6)7da #$C-%#6(& .Este material foi inicialmente preparado para p'lica!"o em peridicos di(ersos o paraconfer)ncias o encontros especiali*ados. +sto tal(e* eplie certa falta de nidade noconnto, em'ora a idia e norteo o percrso deste tra'alho tenha sido na dire!"odas poticas tecnolgicas.Este tra'alho, compilado no in/cio dos anos 01, capta como ma foto o e acontecia,

    naele instante, de mais atal no mndo da tecnologia a ser(i!o dacriati(idade,imagem e comnica!"o.Mas, como o desen(ol(imento tecnolgico caminha a propor!2es eponenciais, o leitordo ano 3111, em'ora consiga, com a leitra deste tra'alho aprender e amarrar di(ersosconceitos, (er este estdo como algo m poco antigo, pore depois da +nternet,como acontece similarmente com a imprensa de 45ten'erg, mdaram as percep!2es econceitos de comnica!"o em todo o planeta.

    Tirando este sen"o, a leitra 'astante profnda e a'rangente, lidando com conceitos deimagem e comnica!"o6 e com o casamentoe h entre arte, ci)ncia e tecnologia desde oRenascimento70& at os anos 81.

    Este tra'alho 'astante feli* em (alori*ar a criati(idade e genialidade do artista e da amlgamae h entre este e a disponi'ilidade tcnica do se tempo para epressar sa arte.

    9 ator profndo e especialmente feli* na eplana!"o dos cap/tlos : e ;

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    2/13

    % nos resta ent"o,desear ma 'oa leitra@

    Resumo do livro que no dispensa, de forma alguma, a leitura do original:

    Introdu$%o &

    as Bltimas dcadas a tcnica foi rotlada como algo estranho ao homem, e este Bltimoconce'ido como m animal n, despro(ido de aler prtese instrmental e n"o fosse alingagem, tdo sendo encarado como artificial, desmerecedoras de (alor e ecl/das doni(erso da cltra. %er/amos ailo e escapa a compet)ncia de m ro' e nos deslocandopara tarefas e ele n"o poderia cmprir o(e tempos em e os intelectais constit/am a for!a de rptra das sociedades,

    hoe,concorre com a religi"o para preser(ar (alores cannicos contra o rolo compressor daci(ili*a!"o o da sociedade de massa.Mas seria preconceito, comodismo e instinto de atodefesa di*er e as minas srpam asati(idades criadoras. "o se pode tomar a moderna ci(ili*a!"o das minas e das m/dias comoalgo e niformi*a a plralidade e empastela a di(ersidade.

    Ao contrrio, sem as tcnicas de prod!"o, a histria inteira da arte seria impens(el. Aaritetra, por eemplo sempre opero na intersec!"o perfeita da arte com a tcnica, desde aspirmides eg/pcias.

    >oe, arte, ci)ncia e tecnologia caminham entrela!adas em aler rea do conhecimento.9'ser(ando o tra'alho singlar de certos criadores, nem sa'emos mais se s"o artistas,engenheiros, cientistas o homens de m/dia. $m /mico e constri intricadas aritetras demolclas tam'm m escltor e h algo de ficcionista nm f/sico e oe, a cpia de ma o'ra de arte ainda est associada a m o'eto Bnico, mas n"o mais moriginal, mas ma matri* o m negati(o, n"o h mais diferen!a entre ma gera!"o de cpia eotra. Mas em'ora as ino(a!2es tcnicas tenham ma rapide* (ertiginosa, s"o inseridas em

    prticas cltrais esta'elecidas e o'screcem o netrali*am ses efeitos desesta'ili*adores.

    4a,8tulo I Mquina e Imaginrio

    9s anos F1 presencio o nascimento do (/deo-arte e a'rangia tra'alhos com m lee'astante largo de tecnologias comptadores, sinteti*adores, hologramas e minas de efeitossonoros e grficos. Mo(imento tam'm ligado a contra-cltra e mo(imentos de contesta!"o dao(a Eserda americana.

    9 e se discti foi se tais tecnologias ainda poderiam ser consideradas arte, pois colocaramem crise os conceitos tradicionais e anteriores so're os fenmenos art/sticos.

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    3/13

    A confl)ncia de arte e tecnologia represento m no(o campo de possi'ilidades, podendoresltar nm no(o conceito de arte.9s gregos n"o fa*iam aler distin!"o entre arte e tcnica e esse conceito n"o foi mdado ato Renascimento70&. #ara m homem como Geonardo da Vinci 78&, pintar ma tela, estdar aanatomia o a geometria eclidiana e proetar o esema tcnico de ma mina constit/amma Bnica ati(idade intelectal.

    H o cle're teorista do Renascimento Geo Iatista Al'erti (islm'ro na matemtica alingagem comm tanto do artista anto do cientista. esse (erdadeiro reinado de#romete7JJ& a figra de in(entor se so'rep2e a do s'io ilminado e a mina torna-semodelo conceital para eplicar e representar o ni(erso f/sico natral.

    Eposi!2es recentes em todo mndo mostram como cada (e* mais dif/cil fa*er ma distin!"ocategrica entre o'etos originrios da imagina!"o art/stica, da in(estiga!"o cient/fica e dain(en!"o tcnico-indstrial. > ma intera!"o de talentos e de in(estimentos das tr)s reas.

    > m casamento, mas n"o de papel fiados a prodti(idade tecnolgica de(er con(i(er com

    a gratidade anrica da arte. 9 tra'alho com tecnologias de ponta, eige sistemati*a!"o,elimina!"o do impro(iso,sem ecentricidade o irracionalismos, porm o tra'alho art/stico sealimenta de am'ig5idade, dos acidentes do acaso e das li'erdades do imaginrio. 9 tra'alhoart/stico depende mito poco dos (alores da prod!"o, precisa da desordem, daimpre(isi'ilidade, sem os ais degenera na metfora da tilidade programada.

    %em m proeto cltral e mais especificamente esttico, as minas correm o risco de cairrapidamente no (a*io. >oe h, nas sociedades indstriais ma estratgia no sentido de prod*irma informati*a!"o integral da sociedade. Trata-se, acima de tdo, de fndar m imaginriosocial 'aseado na presen!a da m/dia na paisagem r'ana.

    Assim, como a arte sempre depende de ma espcie de mecenato 7da igrea, da no're*a, daelite 'rgesa, dos colecionadores, das estatais&, as modernas poticas tecnolgicas dependemlargamente do patroc/nio de empresas e institi!2es detentoras dos meios de prod!"o.

    Definir o ator da o'ra de arte cada (e* mais impreciso,por eemplo no caso da fotografia ho talento do engenheiroe proeto a cmera, do f/sico e codifico o sistema ptico,do/mico, mas o crdito de ma foto pertence ao fotgrafo. Mas a mina n"o m simplesartefato mecnico, in(entar ma mina significa dar forma material a ma idia.

    %egndo Klsser, a tarefa da arte seria insrgir contra a atoma!"o estBpida, contra aro'oti*a!"o da consci)ncia e da sensi'ilidade.

    A informtica ei'e de forma mais n/tida o pro'lema e estamos disctindo entre a mina eo srio, h o softLare, sem os ais as minas s"o inBteis.

    %e era dif/cil decidir so're a paternidade de m prodto da cltra tcnica (isto e oscila(aentre a mina e os (rios seitos e a maniplam, agora entra em cena m no(opersonagem, o engenheiro de softLare. 9 tra'alho deles tam'm considerado art/stico desdee eles aperfei!oam a percep!"o e a'rem as portas do imaginrio, desde e o se carterlBdico n"o tenha sido esmagado pela finalidade pragmtica.

    4a,8tulo II 9egemonia da imagem eletr:nica

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    4/13

    Ai comentada a prolifera!"o do so do (/deo desde (/deo-games, imagens em circitofechados e at em instala!2es mltim/dias.Em'ora o (/deo ma forma de representa!"o distinta, ps-fotografia,ai s"o epostas asfragilidades e inadea!"o principalmente com filmes, estes criados para o cinema e tem todama percep!"o concentrada, de sala escra, isolada do eterior, percep!"o cont/na, seminterrp!2es. "o portanto sem moti(os e o'ras arre'atadoras do cinema se con(ertem empardias ando confinadas a tela peena dos aparelhos de t(.9 (/deo capa* de fa*er metamorfoses nas imagens. Ernie Tee aponta a ga como a melhormetfora para o (/deo, considerando e m como o otro dilem a representa!"o 7 n"o seo'ser(o a estria semelhan!a entre o aparelho de t( e o ario&. A imagem de (/deomanipla as imagens reais, as formas desafiam a concreti*a!"o, ocpadas constantemente emescapar de sa prpria epress"o.

    A foto e o (/deo s"o m sistema de signos com a al se pode

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    5/13

    #articlarmente, o connto de Mandel'rot considerado o mais compleo o'eto matemtico (isali*ado pelo homem. O como se arte e ci)ncia se com'inassem no connto deMandel'rot.

    $ma etapa dif/cil da compta!"o grfica a reprod!"o das epress2es fisionmicas, pois estasd"o (ida e nos permite ler no se rosto os ses mais diferentes estados psicolgicos. 7como di*iaMerlea-#ontP, fatos ps/icos como clera, (ergonha, dio e amor n"o acontecem em nenhmlgar oclto dentro de ns, nas se deiam (er do lado de fora , so' a forma de mscaras faciaiscaracter/sticas&.9s modelos para descri!"o de rostos se 'aseiam em estrtras tridimensionais em modelo mais recente e completo 7J08?&, foi desen(ol(ido por Qeith aters, 'aseado notra'alho dospsicologistas ESamn e Kriesden7J0??&, no al diferentes estados emocionais s"oepressos por distor!2es faciais correspondentes.%implificando, os mBsclos s"o red*idos apol/gonos o grpos poligonais na estrtra Lire frame em e as estrtras faciais s"omodeladas.

    9s modelos de anima!"o tam'm s"o com'inados com modelos de reconhecimento e s/ntese de(o*, para e segndo o ator, nossa rplica hmanide, diferentemente do Da(id de

    Michelangelo7J1&, possa tam'm falar.

    Kinalmente, claro e a figra hmana ser sempre ma representa!"o. o limite, a prtese dohomem nnca correr o risco de ser flminada em cena por m colapso card/aco 7como foiCacilda IecSer&, enanto ao ator de carne e osso amais ir desaparecer no ar por casa de mainterrp!"o do fornecimento de energia eltrica. Cada m definido pelo se n/(el de realidade.

    Conforme a teoria de sistemas tem ad(ertido 7IertalanffP, J0?:&, nem todos os fenmenospodem ser red*idos a modelos matemticos e a (ida sita-se stamente entre os fenmenosmais resistentes N formali*a!"o algor/tmica. Algmas imagens podem ser mais calcl(eis doe otras, mas nem toda imagem pode ser a priori e imediatamente descrita por m algoritmo.

    Kinali*ando,podemos di*er e predomina hoe, nas esferas de ponta da compta!"o grfica,ma certa eforia prodti(a, tal(e* at mesmo ma certa arrogncia psedocient/fica,disseminada por ma elite tecnolgica entsiasmada com os ses prprios progressos e econsidera plenamente (i(el ma aiomati*a!"o integral do fenmeno (is/(el. O precisoconsiderar, entretanto, de e o ni(erso estaria escrito em lingagem matemtica deri(a depreceitos teolgicos do sclo V++, hoe estionados pela ci)ncia e resltados srpreendentes,porm sempre parciais, n"o nos de(em enganar. 9 atal boom da imagem sinttica reslta dema aplica!"o ine(it(el de conistas formais acmladas nos (rios campos damatemtica. A medida e os procedimentos forem se esgotando, as ino(a!2es se tornar"o maislentas.

    4a,8tulo I- O imaginrio numrico

    $m espectador est acostmado aos modelos de anima!"o (istos nos desenhos animados desdea infncia.9 espectador desa(isado olhando a imagens de compta!"o grfica na tela de mcomptador de, por eemplo cardme de peieso pssaros (oando,pode achar e se trata domesmo efeito.a (erdade, h mita diferen!a no desenho animado, o desenhista o proeto imagem apsimagem e sa'e eatamente al a e(ol!"o da imagem. o caso da compta!"o grfica otra'alho feito tili*ando conistas recentes no campo da +ntelig)ncia Artificial a eipe criam modelo de comportamento, com sas regras gerais de fncionamento, ma (e* instarado o

    processo, os personagens agem como e ti(essem ma intelig)ncia prpria, como se osnossos pssaros fossem ensinados a (oar e se comportar no espa!o e a partir da/, e(olir nma

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    6/13

    traetria n"o especificada antecipadamente.a (erdade essa atonomia relati(a, pois asimla!"o nnca completa o eata.A tcnica de simla!"o de 'andos e cardmes 'aseia-se no conhecimento acmlado na reade 'iologia e a partir da/ criados modelos matemticos.As simla!2es de modelos na tela de m comptador, s"o hoe tili*adas amplamente emdi(ersos ramos da ci)ncia. A simla!"o por comptador permite reconstitir fenmenos natraisde tal sorte e a imagem (isali*ada no monitor pode ser tili*ada para predi*er como anatre*a se comporta so' determinadas condi!2es. Tcnicas comptacionais como a geometriafractal, o sistema de part/clas o a modela!"o por procedimentos sgerem hoe e se podeconce'er imagens, portanto, representa!2es U tili*ando leis e parecem tam'm operar nomndo natral, o, in(ersamente, e determinados elementos da natre*a aderemperfeitamente Ns ea!2es matemticas.

    $ma das tcnicas mais disseminadas o chamado mtodo dos elementos finitos, e tili*a mconnto de elementos simples e interconect(eis para representar m o'eto compleo, fa*endoderi(ar desse modelo ea!2es estrtrais e especificam a contri'i!"o de cada elemento aosistema inteiro, podendo-se pre(er o comportamento de estrtras compleas. a indBstria

    aeroespacial, particlarmente, os progressos t)m sido epressi(os os complicados e cstosostBneis de (ento para testar prottipos de a(i2es s"o agora s'stit/dos por tcnicas decompta!"o grfica.

    A crescente generali*a!"o das simla!2es de(ida principalmente por ra*2es prticas. a (idareal, a eperimenta!"o implica cstos mitas (e*es proi'iti(os e certos testes 7caso de a(i2es&podem resltar na morte da tripla!"o. o ni(erso das simla!2es tdo permitido, desde etenha as ea!2es adeadas.

    Mas a s'stiti!"o do modelo pelo real pode gerar confs"o entre a reali*ada e signos. Comos"o estreitas nossas categorias de interpreta!"o, essas categorias podem ser em'aralhadas, aponto de comprometer a operacionalidade. A imagem sinttica, simlacro, n"o mais

    original, nem cpia, nem modelo, nem

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    7/13

    seer N imagina!"o do pincel de m artista, mas aplicando apenas as leis f/sicas e as ea!2esmatemticas pertinentes ao moti(o representado. Ao contrrio do pintor e do fotgrafo, oprogramador de ondas sintticas n"o presta aten!"o simplesmente N apar)ncia percept/(el dofenmeno, ele er entender o mecanismo das ondas , os fatores e colocam em r'ita circlaras part/clas de ga, ele e descre(er com o mimo de precis"o todos os elementos em ogo,Todos os fenmenos de altra e largra de ondas, dire!"o das massas ondladas, tipos dee'ras o de atena!"o nas areias e assim por diante s"o dados pelos parmetros regrados oaleatrios do algoritmo. O m efeito da ci)ncia e como tal, pode demandar anos de estdos econcep!"o do algoritmo adeado.

    9s primeiros estdos de ondas co'eram a Geonardo da Vinci78& e s"o at hoe consideradaso'ser(a!2es acradas, epressi(as e eatas. Mas os leonardos da era da informtica erem irm poco mais longe partindo do pressposto de e de(e ha(er algma espcie deisomorfismo entre as formas da matemtica e as estrtras do ni(erso, eles erem eplorar oslimites do siml(el, criar territrios eperimentais onde o ar'/trio do conceito possa semateriali*ar e se encarnar em figras (irtais de m mndo paralelo. 9 e parecia (i(o e li(rese () agora fiado por modelos(at/dicos 7;& e podemos pensar o e

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    8/13

    simplesmente, na mesma apatia indiferenciada da recep!"o passi(a, o na frstra!"o diante dodeterminismo estrtral do dispositi(o sim'lico.

    9 *apping tem contri'/do para prod*ir ma mta!"o nas maneiras como (emos a tele(is"o enos relacionados com ela. $ma otra mta!"o, porm, mais stil mas n"o menos a(assaladora,d-se na prpria prod!"o de mensagens miditicas ma (e* e agora todos *apam e *ipamem todos os n/(eis e a todos os pretetos, ma (e* e a tele(is"o crio espectador diferente,e mantm com as imagens e sons ma rela!"o fndamental de impaci)ncia e de e(as"o, oefeito *apping aca'a por contaminar as mensagens ao n/(el da prpria prod!"o e (ira modelode constr!"o. 9 cinema e a tele(is"o de(er"o aprender a contar otro tipo de histria e le(eem conta a impaci)ncia preponderante do espectador.

    o filme

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    9/13

    9 hiperteto, considerando hoe, algo tri(ial na +nternet esta(a apenas engatinhando andoArlindo Machado escre(e o tetoe ai o ator fa* ma descri!"o do mesmo.

    4a,8tulo -II A s8ndrome da colori;a$%oeste cap/tlo, o ator discorre so're o anto o fenmeno de colori*a!"o digital, desfigraclssicos do cinema da era preto e 'ranco.Ele mostra ma (is"o 'astante ampla e apaionante do cinema. 9s leitores e pre(iamenteti(erem assistido

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    10/13

    4a,8tulo -III < Mquinas de .igiar

    Ai o ator fala so're o apro(eitamento do aparelho de (/deo para monitoramento de portarias,

    spermercados, cadeias, aeroportos, enfim toda a sociedade.A (igilncia eletrnica se transforma nm sistema a'strato de disciplinamento, e, naprtica, in(i(el eercer ma (igilncia direta so're institi!2es sociais, dada a magnitdeestat/stica dos o'ser(ados.A densidade demogrfica dos grandes centros r'anos n"o atori*a sistemas de controle direto,eigindo estratgias de opera!"o de ordem estocstica o pro'a'il/stica. Assim a fantasiaorLelliana 7li(ro J08;& de ma sociedade centrali*ada pela atoridade de m Iig Irother torna-se in(eross/mil, largamente ltrapassada pelo modelo 'enthamiano de sociedade, 'aseado nmacoer!"o imaginria, fic!"o de policiamento clti(ado pela prolifera!"o ineor(el das minasde (igiar.

    H ho(e e fi*esse ma aproima!"o conceital entre o sistema eletrnica de (igilncia e aestrtra do fncionamento da tele(is"o. A posi!"o dos apresentadores frente as cmeras d"o aoespectador a impress"o de estarem sendo (igiados, pelo menos interpelados por m olhar.

    %egndo Kocalt, a partir do momento em e os telespectadores ligam ses receptores, s"oeles mesmos, prisioneiros o n"o, e entram no campo da tele(is"o, m campo so're o aln"o t)m aler poder de inter(en!"o.

    A prpria maneira da tele(is"o, ela transforma a (igilncia em atra!"o. %istemas de cmeraoclta s"o largamente tili*adas por programas de tele(is"o onde pessoas comns s"o filmadasem sita!2es rid/clas o hmor/sticas.

    $m eemplo contemporneo, e foge a anlise do ator o filme

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    11/13

    mais, ns tendemos a confndir o e(ento com a sa enncia!"o sim'lica, o melhor ainda, osprprios e(entos na acontecem sen"o para a sa circla!"o nos (e/clos de informa!"o.9 cacie Hrna nos anos 81, fico famoso pore percorria os corredores ministeriais com segra(ador porttil, o gesto ostensi(o era ma maneira de chamar de mentirosos os homens dogo(erno. Certamente, tal so do gra(ador porttil amais poderia estar no hori*onte dosin(entores e fa'ricantes do aparelho.

    A presen!a dessas minas nas comnidades ind/genas certamente interfere na sa maneira deconce'er e representar o mndo, prod*indo transforma!2es penetrantes e irre(ers/(eis na sacltra.

    Mas no momento em e a cltra ind/gena parece amea!ada pela sa transforma!"o emespetclo para a m/dia, ocorre tam'm m mo(imento no sentido in(erso. Eles tili*am o(/deo n"o apenas n"o apenas de registro passi(o de sas tradi!2es, mas tam'm de lta pol/tica.a (erdade est"o aprendendo a dominar criati(amente as modernas tecnologias de enncia!"opara coloca-las a tra'alhar em se 'enef/cio.

    A diferen!a da atitde dos /ndios simplesmente ei'ir sa imagem protot/pica ao (oPerismo dascmeras miditicas e agora, aprendemem re(erter a sita!"o, deiando de aparecer comoo'etos passi(os e constrangidos de ma rela!"o so're a al n"o t)m aler dom/nio ein(entam, ao mesmo tempo, alternati(as para garantir a preser(a!"o n"o mais de sa ,eri?ncia do .8deo no @rasil

    $ma das for!as criati(as do Irasil nos anos 81 foi o chamado (/deo independente.9 cinema'rasileiro entro em decl/nio de(ido aos altos cstos de prod!"o. A fita magntica

    infinitamente mais 'arata e os eipamentos de gra(a!"o e edi!"o eletrnica contam comalternati(as de csto e alidade 'em mais con(idati(os e o cinema.#rogramas como Arma!"o +limitada o T( #irata, grandes scessos da Rede 4lo'o amaisteriam sido poss/(eis n"o fosse a introd!"o pelos independentes de m estilo o(em deprod!"o.%rgiram (rias prodtoras respons(eis pelas sries mais inteligentes da t( 'rasileiraCone"o +nternacional, ing e 9s Irasileiros.$ma eperi)ncia 'astante frtil foi do grpo TVD9, reali*ando reportagens in(ertidas. #oreemplo nma partida de fte'ol, a cmera se concentra na torcida, nm shoL de rocS seconcentra nos f"s, nos (endedores am'lantes e cam'istas. Trata-se de m realismo grotesco, acria!"o de ma realidade in(ertida, paralela N oficialmente reconhecida, permitindo lan!ar molhar di(ergente so're o mndo, m olhar ainda n"o enadrado pelo ca'resto da ci(ili*a!"o.a (erdade, a inter(en!"o do grpo TVD9 aca'a contri'indo para tornar mais acess/(eis e

    generali*adas conistas formais e temticas e se d"o na (angarda da in(en!"o esttica, sem

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    12/13

    incorrer toda(ia em dili!"o. A mima segida ao p da letra pelo grpo, t"o cara a 9sLald deAndrade, segndo a al a massa tam'm pode pro(ar o 'iscoito fino e as elites consomem.

    A contri'i!"o do (/deo independente no Irasil, a medida e ele lan!a m olhar diferenciadoso're o Irasil e se po(o.

    A imagem eletrnica n"o est mais restrita N sala de (isitas de nossas casas, ela prolifera nasescolas, empresas, 'ares, danceterias, aeroportos, metros e assim por diante, A cada dia, in(enta-se ma aplica!"o diferente, o e torna cada (e* mais (ari(el, mBltiplo, inst(el e compleo ofenmeno do (/deo.

    4a,8tulo =II Um cineasta da Alemanha

    >ans-H5rgen %P'er'erg foi colocado no centro das pol)micas internacionais, em ra*"o doimpacto casado pelo se >itler, m filme da Alemanha. s ai, ficamos alheios a essa

    discss"o o nem chegamos a tomar conhecimento dela.A ra*"o simples %P'er'eg o a(essototal dessa sina de sonhos e o modelo hollPLoodiano nos fe* acreditar, drante mito tempo,se a prpria natre*a do cinema. Deli'eradamente teatral, o mais propriamente oper/stica, essao'ra representa, em todos os sentidos, o golpe mais radical no cora!"o disso e at aiconhec/amos como a itler organi*o a pol/tica e a gerra comoconse5)ncia do fato de ele ter come!ado a encenar ma cerimnia. As 9limp/adas e depoisas grandes paradas militares destina(am-se, antes de mais nada, Ns cmaras de Geni Riefenstahl6a gerra era encenada para e o po(o pdesse (er-se nas telas das atalidades, como gerreirosloiros etra/dos de ma partitra de agner. O nesse ponto stamente e se d a estratgia deatae de >itler m filme da Alemanha, o K5hrer e aparece em cena tomado, antes de tdo,como m cineasta, m ma cineasta se le(armos em considera!"o os recrsos de e dispnha.Com ironia carna(alesca, %P'er'erg constri m antiespetclo a propsito do espetclona*ista todo o esp/rito de parada, toda a oratria inflamante e os tra(elings sedtores deRiefensstahl s"o red*idos a m desfile de maneins, 'onecos e marionetes, co'ertos de teiasde aranha. 9 prprio >itler in(ocado pelo filme n"o constiti sen"o m espectro, destinado aengrossar a galeria de espectros clssicos do cinema alem"o Caligari, osferat, Ma'se. 9

    com'ate a >itler n"o se d portanto so' a ptica de m sociologismo (lgar, mas no terrenomesmo do cinema, de se poder hipntico de in(ocar mitos e de moldar o imaginrio.

  • 7/25/2019 Arlindo Machado Mquina e Imaginrio

    13/13

    Depois, %P'er'ergdirigi otros filmes e hoe ele marginali*ado, tanto na Alemanha anto noresto do mndo e encontra dificldades cada (e* maiores para filmar.

    +efer?ncias&

    7J&LLL.eca.sp.'r

    http://www.eca.usp.br/http://www.eca.usp.br/