arkeos 44 web - pacadnetwork.com · foi uma transição radical e global para uma nova era da...

126

Upload: letuyen

Post on 08-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras
Page 2: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras
Page 3: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras
Page 4: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

FICHA TÉCNICA

ARKEOS | perspectivas em diálogo, nº 44Propriedade: Instituto Terra e MemóriaDireção: Luiz OosterbeekTítulo: Zooarqueologia e Tafonomia da Transição para a Agro-Pastorícia no Baixo e Médio Vale do TejoAutor: Nelson J. Almeida© 2017, ITM e autorComposição: ITM Fotorreprodução, fotomontagem, impressão e acabamento: Instituto Terra e MemóriaCapa: White Cow Skeleton Figure, https://www.pexels.com/photo/white-cow-skele‐ton-figure-73824/; © Creative Commons Zero (CC0) license. Refª: Almeida, Nelson J., (2017). Zooarqueologia e Tafonomia da Transição para a Agro-Pastorícia no Baixo e Médio Vale do Tejo. Mação: Instituto Terra e Memória, série Arkeos, vol. 44.

Tiragem: 500 exemplares | Depósito legal: 108 463 / 97ISSN: 0873-593X | ISBN: 978-989-99131-9-6

ARKEOS é uma série monográfica, com edição de pelo menos um volume por ano, editada pelo Instituto Terra e Memória, que visa a divulgação de trabalhos de investigação em curso ou finalizados, em Pré-História, Arqueologia, Gestão do Património e Gestão do Território. A receção de originais é feita até 31 de maio ou 30 de novembro de cada ano, devendo os textos ser enviados em suporte digital, incluindo título, resumo e palavras-chave no idioma do texto do artigo, em inglês e em português. Os trabalhos deverão estar integrados na temática do volume em preparação e serão submetidos ao conselho de leitores. A aprovação ou rejeição de contribuições será comunicada no prazo de 90 dias.O presente volume é editado em versão impressa e em formato digital, de acesso livre. Os capítulos expressam exclusivamente as opiniões do seu autor. Capa:

Solicitamos permuta | On prie l’échange | Exchange wanted | Tauschverkehr erwunscht | Sollicitiamo scambio

CONTACTARInstituto Terra e Memória, Largo dos Combatentes, 6120-750 Mação, Portugal [email protected] - www.institutoterramemoria.org - apheleiaproject.org

MAÇÃO, 2017

(is publication is made with the support of the European Commission, through the KA2 action of the Erasmus + programme. e research is also supported by FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., through Portuguese funds, in the research project UID/Multi/00073/2013 of the Geosciences Centre of the

University of Coimbra).

Page 5: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras
Page 6: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO

BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO

| Nelson J. Almeida |

MAÇÃO, 2017

Volume editado com a colaboração de:

Page 7: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras
Page 8: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 7 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 7 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Índice

Nota de Introdução

Prefácio

Introdução

1. O processo de neolitização no Extremo Sudoeste Europeu1.1. Evidências da genética molecular1.2. O Baixo e Médio Vale do Tejo: arqueografia e interpretações

1.2.1. Os caçadores-recolectores holocénicos1.2.2. As primeiras economias de produção1.2.3. O desenvolvimento das economias de produção

2. O processo de domesticação2.1. Bos tauros2.2. Ovis aries2.3. Capra hircus2.4. Sus domesticus

3. Métodos: indicadores tafonómicos3.1. Fracturação e fragmentação3.2. Marcas de corte3.3. Indicadores tafonómicos de consumo

3.3.1. Pequenas presas3.3.2. Digestão parcial

3.4. Termo-Alterações3.4.1. Queima3.4.2. Fervura

3.5. Outros indicadores tafonómicos3.5.1. Pisoteio3.5.2. Abrasão hídrica3.5.3. Meteorização3.5.4. Vermiculações3.5.5. Processos químicos

Abstract

Bibliografia

9

11

13

17

75

77

37

47

Page 9: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 8 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Page 10: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 9 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 9 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Nota de Introdução

Uma oscilação seca relativamente curta, cerca de 8.200 b.P., viria a ser a primeira de uma série de episódios secos (6.600, 5.600, etc.) que agora podem ser percebidos como tendo desencadeado novas estratégias adaptativas de diferentes grupos. Essas estratégias, apesar das distâncias no tempo e no espaço (Mediterrâneo, Sudeste Asiático, Costa Oeste da América do Norte, Mesoamérica, etc.) que enfatizam a inexistência de contactos entre eles, compartilham vários traços comuns: intensificação da exploração dos recursos disponíveis (nomeadamente através da criação de animais e da domesticação de animais e grãos), uma maior interação trocando recursos entre as comunidades (comércio, provavelmente compensando uma mobilidade diminuída dos grupos, cuja dimensão demográfica, acompanhada da ampliação do leque etário, condiciona as deslocações), desenvolvimento de itens simbólicos específicos de cada grupo (arte portátil, arte rupestre, performances rituais), cada vez mais diferentes tratamento de certos indivíduos (diferenciação social).

Processos de adaptação similares, em períodos de recuo das calotes glaciáricas e de clima mais ameno, haviam sido ensaiados no passado, mas sem recurso à domesticação sistemática. A intensificação da exploração económica de recursos locais, que só a domesticação permite, viria a diminuir o leque de opções disponíveis para os diversos grupos humanos: a expansão das terras agricultadas, combinada com a ampliação de técnicas de acumulação de recursos (silos, animais domesticados, etc.), inaugura um processo de globalização do novo modo económico, produtivo, que irá apoiar-se mais tarde ou mais cedo na marcação de fronteiras e no controlo da mobilidade, bloqueando o acesso a recursos com base em estratégias apenas de caça e recoleção. Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras vezes num ritmo muito mais gradual e lento (litoral Atlântico da América do Sul).

As investigações desenvolvidas nos últimos 35 anos pelas equipas do Instituto Politécnico de Tomar, CEIPHAR e Instituto Terra e Memória, hoje articuladas no âmbito do Grupo de Quaternário e Pré-História do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, têm procurado entender como estes processos decorreram em diversos contextos no planeta, e em particular no Alto Ribatejo. Na década de 1990 a série ARKEOS publicou as primeiras sínteses interpretativas e na década seguinte foram desenvolvidos diversos estudos sistemáticos sobre coleções de referência, que a série publicou em cinco volumes organizados sob a designação comum de Territórios, Mobilidade e Povoamento no Alto Ribatejo.

O volume que agora se publica, resultante da investigação que conduziu à tese de doutoramento de Nelson J. Almeida, corresponde a uma nova geração de estudos monográficos sobre materiais específicos da região e oferece-nos uma nova abordagem que, ainda que centrada no estudo dos restos faunísticos, os integra de forma muito inovadora e complexa nos debates nacionais e internacionais sobre a Neolitização do extremo-sudoeste Mediterrâneo-Atlântico.

Luiz Oosterbeek

Page 11: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 10 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Page 12: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 11 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 11 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Prefácio

O trabalho aqui publicado é resultado de uma investigação detalhada no âmbito da Zooarqueologia e da Tafonomia realizada por um promissor zooarqueólogo.

A análise zooarqueológica é precedida de um enquadramento arqueológico da transição do Mesolítico para o Neolítico e do estabelecimento das economias de produção no Ocidente da Península Ibérica, fornecendo uma visão do estado da arte nesta matéria.

Sendo a Zooarqueologia e sobretudo a Tafonomia, áreas ainda muito pouco desenvolvidas e com escassos trabalhos deste tipo e com uma tal extensão, torna-se particularmente relevante uma publicação sobre o tema. Além do mais, este texto versa também sobre um período extremamente relevante da evolução humana, onde os animais tiveram uma particular importância e em que a domesticação é peça fundamental para a sua compreensão.

Nelson Almeida utiliza sobretudo metodologias relacionadas com a Tafonomia para a compreensão de sítios do Neolítico e Calcolítico no baixo e médio Tejo e das populações que os produziram. É o primeiro trabalho abrangente sobre a Zooarqueologia do Neolítico em Portugal, campo muito difícil devido ao reduzido tamanho e fraca preservação das amostras.

A Tafonomia é em si uma área particularmente difícil, mas de grande relevância para o estudo de conjuntos pré-históricos. Sendo por definição o estudo dos processos que afetaram o animal desde que ele morreu até que chegou à mesa do laboratório, é normalmente a observação da superfície dos ossos que se torna mais informativa na análise arqueológica. Os processos que o animal sofreu ficam gravados, em parte, na superfície dos ossos e podem dar importantes indicadores sobre a formação dos sítios e a função do animal naquele conjunto produzido pelo homem, contando assim, consequentemente, uma história sobre a relação homem-animal.

A dificuldade desta área prende-se com vários aspetos, nomeadamente o facto da má preservação dos materiais em questão nem sempre permitir uma boa observação da superfície dos ossos e conservação dos traços mais informativos.Para além destes aspetos, não controláveis pelo investigador, acresce o facto de ser necessário definir uma metodologia coerente, objetiva, que possa ser aplicada de modo consistente e científico, a fim de poder ser repetida por vários autores, obtendo os mesmos resultados. É neste aspeto que o presente texto se afirma particularmente diferenciador, já que a metodologia está bem definida e produz um texto que se tornará sem dúvida uma referência para futuros trabalhos na mesma área. Outra das suas mais--valias é a de conseguir tornar compreensível e interessante toda uma área que se encontrava por vezes envolta em textos de difícil compreensão e aplicabilidade.

Um dos objetivos mais bem conseguidos pelo autor é o de apresentar uma metodologia e consequentes resultados sólidos, que permitem distinguir conjuntos produzidos por animais (nestes casos carnívoros) de conjuntos produzidos por humanos. Ora, para a Arqueologia de sítios pré-históricos, quando por vezes os ossos são o elemento mais abundante e em que a estratigrafia não é clara e extremamente perturbada pela ação de carnívoros, é essencial perceber qual a origem e função do conjunto faunístico recolhido. É surpreendente perceber neste texto que conjuntos como o de Cueva de Los Postes, Gruta de Nossa Senhora das Lapas, Gruta do Cadaval, Gruta do Morgado superior são na verdade produzidos por carnívoros, quando, sem qualquer análise desta natureza, estaríamos a atribuir ao homem o consumo daqueles

Page 13: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 12 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 12 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

animais tirando assim conclusões completamente desfasadas sobre a ocupação dos sítios. Este problema contaminou possivelmente os resultados de mais sítios pré--históricos portugueses que interessaria revisitar com a metodologia aqui descrita.

Para além destes aspetos, os resultados beneficiaram de uma análise zooarqueológica completa de cuidada identificação taxonómica e morfológica, bem como detalhada caracterização biométrica, que não se encontram descritas no texto, mas que permitiram a produção do que aqui se observa.

Concluindo: este trabalho traz importantes informações sobre o povoamento e economia dos povos que habitaram o baixo e médio Tejo no Neolítico e Calcolítico. Dados que, como já foi referido, são particularmente escassos. Mas sobretudo estabelece uma metodologia de análise tafonómica que deverá tornar-se essencial em futuros trabalhos.

Cleia Detry

Page 14: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 13 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 13 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Introdução

A presente monografia da série Arkeos apresenta uma parte da minha tese de Doutoramento em Quaternário, Materiais e Culturas, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, intitulada “Zooarqueologia e Tafonomia da transição para a agro-pastorícia no Baixo e Médio Vale do Tejo”. A mesma foi desenvolvida enquanto benificiário de uma bolsa de doutoramento individual da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BD/78079/2011) e de uma bolsa de investigação do Grupo Quaternário e Pré-História do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, através do Instituto Politécnico de Tomar (Projeto UID00073/2013).

Não havendo espaço editorial para a publicação na íntegra da tese, os textos que se apresentam dizem respeito à “Parte I Enquadramento”; seleccionaram-se capítulos e/ou sub-capítulos que nos pareceram de relevância, quer seja por apresentarem um estado da arte de uma área específica, quer por delinearem metodologias analíticas que poderão, eventualmente, ser do interesse de outros especialistas para discussão, teste e aplicação em contextos.

O volume divide-se em três componentes principais: “1. O processo de neolitização no Extremo Sudoeste Europeu”, “2. O processo de domesticação”, e “3. Métodos: indicadores tafonómicos”. Em 1), focam-se as evidências da genética molecular humana, quer de estudos de amostras actuais, quer de arqueológicas, assumindo-se como um estado da arte deste tipo de análises; apresentam-se, ainda, sucintamente, as linhas orientadoras principais e os registos arqueográficos relativos ao processo de neolitização, desde as suas fases iniciais, ao seu desenvolvimento e maturação, englobando o Neolítico antigo, médio e final. Em 2), trata-se o processo de domesticação animal e, após uma curta discussão mais genérica, focam-se os dados decorrentes de análises genéticas em Bos taurus, Ovis aries, Capra hircus e Sus domesticus. Finalmente, em 3), apresentam-se as metodologias analíticas adoptadas para os estudos tafonómicos realizados, englobando a análise de fracturação e fragmentação, marcas de corte, indicadores tafonómicos de consumo – com uma especial incidência na acumulação de pequenas presas –, termo-alterações por queima e fervura, e outros indicadores tafonómicos registados (pisoteio, abrasão hídrica, meteorização, vermiculações, processos químicos). O volume é acompanhado pela bibliografia que serviu de base para a apresentação destes textos.

Os agradecimentos repetem-se, neste caso em concreto apenas referir os meus orientadores, que em tudo me inspiraram, ajudaram e questionaram: Luiz Oosterbeek, Palmira Saladié Balleste, Enrique Cerrillo Cuenca.

Nelson J. Almeida

Page 15: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 14 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Page 16: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 15 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

À minha mãe.

Page 17: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 16 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Page 18: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 17 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 17 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

1. O processo de neolitização no Extremo Sudoeste Europeu

“e beggining of farming should be one of the most exciting issues in European prehistory. Instead, it runs repetitively in well-worn ruts.”Robb e Miracle, 2007: 99

Percepcionámos o passado de acordo com os paradigmas do presente (Binford, 1987) e o conhecimento em Arqueologia assume certa “relatividade” (Shanks e Tilley, 1987), podendo permitir a elaboração de diversas versões através de um mesmo registo arqueológico (sensu Sabloff et al., 1987: 230). Convergimos com Popper (2009: 91) na necessidade de se realizar um exame crítico da teoria (corroboração) e a solubilidade do problema (preferência), não confundindo “relativismo” com “falibilidade” ou propensão à parcialidade. Como tal, as interpretações aplicadas a contextos arqueológicos podem ser realizadas com segurança e consideradas como ajustadas, desde que aceitando diferentes níveis (Alarcão, 2000; Oosterbeek, 2000).

Desde que Lubbok (1865), através de distinções tecnológicas arqueográficas e, posteriormente, de diferenças de subsistência, cunhou os termos “Paleolítico” e “Neolítico”, que os mesmos se tornaram universais na literatura especializada. Não obstante, a definição de Neolítico, actualmente, é considerada como mais abrangente (e.g., esferas técnica, económica, ideológica, social), possibilitando diferentes definições como, por exemplo, o “Neolithic way of life” (Çilingiroglu, 2005). O estudo do surgimento das economias de produção, deverá ter como base a análise das economias que as precedem (Kozlowski e Kozlowski, 1990).

Conforme Oosterbeek (1997a: 23), considerámos, no presente trabalho, que o “Neolítico” corresponde a um conjunto de tendências, como a intensificação da exploração de recursos, crescimento demográfico, complexidade das relações económicas, diferenciação social, desenvolvimento tecnológico e de uma nova ideologia. Contudo, admitimos que a temporalidade e dispersão espacial destes desenvolvimentos não é extensível, inclusive, ao longo da área de estudo do presente trabalho, como um bloco que diferenciaria os grupos humanos.

Quanto à aplicação do termo “Neolítico” ao longo do presente trabalho, não pretendemos que o leitor a encare como se de um “pacote de inovações” se tratasse; apenas utilizaremos este e outros termos pelo sentido histórico que adquiriram para os investigadores (Oosterbeek, 2001a), mais facilmente possibilitando comparações entre estudos, apesar de confluirmos em que se trata de uma generalização terminológica problemática (Diniz, 2007) e um “existencialismo

Page 19: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 18 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 18 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

arqueológico” (Robb e Miracle, 2007). Como tal, aceitámos a existência de uma grande variabilidade no que incluiremos como parte das “economias de produção”, e que não se relacionará unicamente com factores como o tipo de subsistência e economia. O estudo do surgimento e difusão das primeiras economias agro-pastoris ao longo da Europa e suas implicações é ainda um assunto em debate. Ao longo de décadas de investigação foram seguidas diversas perspectivas teóricas (Hernando, 1994; Velho, 2001), em muito associadas às principais linhas de pensamento vigentes (e.g., Binford, 1968; Childe, 1969, 1974; Flannery, 1969, 1973; Sahlins, 1974; Criado Boado, 1989; Hodder, 1990; Ingold, 2005).

Os modelos para o estudo da adopção das economias de produção na Europa englobam perspectivas difusionistas, autoctonistas e aculturacionistas (Zvelebil, 2001), compreendendo desde modelos como a “vaga de avanço” (Ammerman e Cavalli-Sforza, 1973), modelos marítimos de difusão rápida (Zilhão, 2001) e modelos de difusão arrítmica (Guilaine, 2000/2001, 2003b). Como seria de esperar, a aplicação destes modelos, sobretudo quando ensaiados a maiores escalas, foi sendo alvo de críticas (e.g., Zvelebil e Zvelebil, 1988; Zvelebil, 1990a, 1990b) e reformulações (Lewthwaite, 1981, 1990; Zvelebil e Rowley-Conwy, 1990; Zvelebil, 2002; Weninger et al., 2006) resultando, inclusive, em interpretações mais complexas (e.g., Renfrew, 2002; Gkiasta et al., 2003; Davidson et al., 2007; Bocquet-Appel et al., 2009).

Focando a neolitização do ocidente europeu, nomeadamente da Bacia Mediterrânica, as mais antigas evidências de economias de produção em Itália encontram-se associadas a “cerâmicas impressas”, bastante decoradas com motivos incisos e impressos (Biagi, 2003; Skeates, 2003). Posteriormente, nas ilhas tirrenas e áreas continentais adjacentes, estão associadas a “cerâmicas cardiais” (Binder, 2000; Guilaine, 2003a). Nas costas mediterrânicas de certas áreas da França a presença de cerâmicas cardiais estaria relacionada com as regiões italianas, algo similar sendo sugerido para a área mediterrânica da Península Ibérica, tendo em conta não só o tipo de cultura material como as evidências cronológicas que demonstram um curto desfasamento temporal entre as primeiras evidências de economias de produção da Itália à Península Ibérica (e.g., Zilhão, 2001; Juan--Cabanalles e Martì, 2002).

Após a apresentação de dados decorrentes de análises genéticas e moleculares, é realizada uma aproximação mais pormenorizada aos registos arqueográficos da Bacia do Baixo e Médio Tejo, focando os registos relacionáveis com o Mesolítico e Neolítico.

1.1. Evidências da genética molecular“(...) patterns observed in the current European gene pool are the outcome

of Paleolithic and Neolithic processes, overlaid with four millennia of further developments.”

Deguilloux et al., 2012: 24

Nas últimas três décadas ocorreram vários desenvolvimentos no que corresponde aos estudos de genética molecular e sua aplicação à

Page 20: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 19 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 19 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

compreensão das dinâmicas espaço-cronológicas das populações humanas durante o processo de neolitização (Deguilloux et al., 2012). Para além de estudos de marcadores clássicos (Ammerman e Cavalli-Sforza, 1984) estão disponíveis dados relacionados com ADN mitocondrial (Richards et al., 1996), cromossoma Y (Semino et al., 1996), loci nucleares (Chikhi et al., 1998), autossomas (Dupanloup et al., 2004), alelos relacionados com a persistência à lactase (Malmström, 2007; Lacan et al., 2011) e ADN antigo (e.g., Haak et al., 2005).

Grosso modo, a maior parte dos haplogrupos (hgs) de ADNmt são continente-específicos (Torroni et al., 1996 e referências citadas). Sobressaem diferenças entre populações da Europa e Médio Oriente, e entre a Europa Central e Oeste, correlacionáveis com as duas principais rotas de neolitização (Richards et al., 1996). A existência de gradientes Este-Oeste serão o resultado da contribuição do Próximo Oriente no pool genético europeu (e.g., Semino et al., 1996; Dupanloup et al., 2004) e terão ocorrido histórias demográficas e/ou pressões selectivas distintas entre as populações masculina e feminina europeias (Pereira et al., 2001: 1264; vd. Lacan et al., 2011: 3).

Estudos de ADNmt englobando dados do Próximo Oriente, Europa e Norte de África (Richards et al., 1996, 1998, 2000) sugerem a existência de dois clusters fundadores principais, associados ao Neolítico (J, T1) e vários ao Paleolítico superior final (T, T2, K) e Paleolítico superior final e médio (H, U4, I, HV). Os principais clusters fundadores do Neolítico seriam o hg J (sobretudo J e J1a), T1, U3 e alguns sub-clusters do H e W (Richards et al., 2000: 1266). Os sub-clusters J2 e J1b ter-se-iam difundido com o J* nas costas do Mediterrâneo e Europa atlântica, enquanto o J1a se difundiu com o J* na Europa Central e Norte (Richards et al., 1998: 254-255). A componente neolítica no Sudeste, Norte-centro, Nordeste, Noroeste e região alpina da Europa seria de 15-22%; a zona mediterrânea terá tido um impacte demográfico menor de 9-12% (Richards et al., 2000: 1267). Concluindo, ainda que reconhecendo uma influência relacionável com a colonização por grupos neolíticos (10-20%), o maior impacte relacionar-se-ia com um substracto do Paleolítico superior (Richards et al., 1996, 1998, 2000).

Estas hipóteses foram criticadas por Chikhi et al. (1998) tendo como base sete loci nucleares de populações actuais da Eurásia (incluindo Portugal e Espanha). Os dados obtidos sugerem uma estruturação europeia que remontará a menos de 10.000 anos atrás, com as populações do Norte e Oeste a serem mais divergentes que as do Próximo Oriente (com situações intermédias entre estas) (Chikhi et al., 1998: 9057). Teria havido uma contribuição considerável de agricultores neolíticos (média de 50%) e uma <30% de caçadores-recolectores locais (Chikhi et al., 2002: 11012). Análises multi-variáveis (ADNmt, cromossoma Y, autossomas) vieram suportar estes estudos: teria existido uma influência do Próximo Oriente no pool genético europeu, excedendo os 50% em grande parte do continente, com uma diminuição desse contributo proporcional ao aumento da distância geográfica ao Próximo Oriente (Dupanloup et al., 2004: 1367) e uma descontinuidade no povoamento da Europa do Sul (Di Giacomo et al., 2004: 366).

Page 21: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 20 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 20 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Relativamente às análises de ADN antigo (ADNa), os estudos enquadram-se sobretudo nas regiões da Linear Pottery Culture (LBK) e Alföld Linear Pottery Culture (AVK) da Europa Central onde se identificou o hg ADNmt N1a (amostras com 7.5 ka BP-7.0 ka BP), actualmente raro (0,2%), mas disperso pela Europa e partes adjacentes da Ásia e Norte de África (Haak et al., 2005). Esta descoberta levou os autores a sugerir uma baixa influência genética de grupos neolíticos nas linhagens femininas modernas europeias (Haak et al., 2005: 1017--1018). Esta hipótese foi contrariada através de novas análises de ADNa que indicaram uma afinidade com o Próximo Oriente e Anatólia, suportando um grande input genético durante o advento da agricultura na Europa. Ainda assim, é de salientar que a linhagem mitocondrial N1a estava mais largamente distribuída, inclusive na França (Deguilloux et al., 2011: 110). O facto do hg N1a ser um indicador de continuidade de populações mesolíticas poderia implicar uma contribuição mesolítica no Neolítico inicial da Europa atlântica, porém não se podem descartar eventos de migração de pequenos grupos de pioneiros relacionáveis com a LBK (ou derivados) para o Oeste europeu (Deguilloux et al., 2011: 116).

No estado actual do conhecimento, parece ter ocorrido uma migração leapfrog para a Europa Norte e Central seguida de uma mistura com caçadores-recolectores indígenas (e sua aculturação), eventualmente levando a um predomínio numérico destes (Deguilloux et al., 2012: 33-34). No Sudeste europeu a colonização terá sido predominante nos primeiros estádios, enquanto que o envolvimento indígena pode ter sido substancial em algumas partes do Noroeste da Europa (Bentley et al., 2003: 65). Independentemente dos resultados, é importante salientar que os gradientes de frequências não podem ser datados (Deguilloux et al., 2012: 25) e podem dever-se igualmente a uma difusão démica ou aculturação pura como comprovado por simulações (Currat e Excoffier, 2005). Aliás, uma contribuição local paleolítica média de 0,375% seria suficiente para que as linhagens neolíticas não se difundissem por toda a Europa (Currat e Excoffier, 2005: 686).

Os estudos realizados na Península Ibérica são escassos, sendo urgente a caracterização de ADNa pré-Neolítico e o aumento de dados do Norte de África que possibilitem realizar comparações (e.g., Pereira et al., 2010). As análises de ADNmt indicam uma influência neolítica (hgs J, U4, U5a1 e U5a1a) em um substracto Paleolítico (hg H) relativamente homogéneo, tendo-se evidenciado uma possível influência do Norte de África (haplotipos U6), pré-neolítica, no Norte de Portugal (González et al., 2003: 299). Se por um lado os gradientes negativos de J2 e a presença exclusiva de J1b no Sul da Península Ibérica se podem relacionar com a influência neolítica mediterrânea na faixa atlântica, por outro, os haplotipos L, detectados no Sul de Portugal, podem representar uma influência africana neolítica (González et al., 2003: 398).

Relativamente ao cromossoma Y parece existir uma concordância em que, ainda que o HG9.2 estivesse envolvido na expansão do Neolítico, o seu impacte na parte mais oeste do mediterrâneo (Península Ibérica, Noroeste da Europa) terá sido reduzido (e.g., Scozzari et al., 2001). Conforme Bosch et al. (2001), as

Page 22: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 21 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 21 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

populações actuais da Península Ibérica e Norte de África apresentam uma origem paterna distinta e algumas relações evidenciadas entre estas áreas seriam decorrentes de fluxos genéticos recentes. Os contributos no pool genético ibérico dever-se-iam sobretudo ao Paleolítico superior e derivados locais posteriores (78%) e ao Neolítico (10%) (Bosch et al., 2001: 1025-1027). Flores et al. (2004), com uma amostra mais abrangente, indicam uma reduzida variância interpopulacional e afirmam que cerca de 10% dos haplotipos de ADNmt e cromossoma Y das populações ibéricas são de origem africana e que uma grande fracção da herança paterna ibérica remonta ao Paleolítico (Flores et al., 2004: 861).

No que concerne ao ADNa, estudos de ADNmt em Portugal não identificaram o hg J mas demonstraram que as populações mesolíticas e neolíticas são geneticamente distintas (Chandler et al., 2005: 784). Face a isto, os autores sugerem que se trata de uma influência de grupos mediterrâneos que teriam adoptado o Neolítico por troca ou migração limitada (Chandler et al., 2005: 785). Análises de amostras da Catalunha (Granollers, 5500 BP, Catalunha, Nordeste de Espanha) indicam uma continuidade genética pelo menos desde o Neolítico (Sampietro et al., 2007). Concluindo, não se pode descartar uma migração de origem africana em tempos pré-calcolíticos para a Península Ibérica, como atestada pelos estudos realizados no Levante espanhol (Gamba et al., 2008: 464).

As hipóteses apresentadas são contrárias à defendida por Dupanloup et al. (2004: 1366) que indicam que as trocas genéticas entre o Norte de África e a Europa ao longo do Mediterrâneo, especialmente no seu extremo Oeste, teriam sido limitadas ou muito limitadas. Recentemente, estudos realizados em indivíduos do Neolítico médio de Bom Santo indicam uma grande diversidade genética mitocondrial, a nível de hts e hgs (Fernández e Arroyo-Pardo, 2014). Os autores sugerem, inclusive, que a população analisada teria origens múltiplas, tendo-se registado hgs de ADN mitocondrial (U5 e HV0) presentes em contextos Mesolíticos e Neolíticos, sugerindo uma possível continuidade genética desde o Mesolítico ou uma reorganização de linhagens mitocondriais posterior (Fernández e Arroyo-Pardo, 2014: 139).

1.2. O Baixo e Médio Vale do Tejo: arqueografia e interpretações

1.2.1. Os caçadores-recolectores holocénicos

“However, it has not been clearly established if this is a result of abscence of regular hunter-gatherer activity in interior areas, or rather an artifact of

biases in research.”Arias et al., 2009: 301

Os dados existentes para o Mesolítico inicial do Baixo e Médio Tejo, i.e., os grupos de caçadores-recolectores do Pré-Boreal e Boreal (circa 10-8.0 ka BP), são sugestivos de continuidade com o final

Page 23: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 22 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 22 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

do Paleolítico (Bicho, 1994; Dias et al., 2016), tendo sido indicado um aumento significativo dos seus territórios económicos (e.g., Araújo, 2003). Para Araújo (2003: 110), a diminuição da área disponível para habitação, assim como da biomassa dos grandes mamíferos, teria ocasionado um decréscimo da população humana de Portugal central, possivelmente abrupto. Não obstante, assiste-se ao incremento do número de sítios comparativamente ao Tardiglaciar (Bicho, 1994, 2000a; Haws, 2003), com uma predominância de contextos junto à orla costeira.

Os grupos epipaleolíticos da zona centro de Portugal apresentariam um padrão de ocupação territorial complexo, em parte associado à intensificação e especialização das estratégias de subsistência, destacando-se entre os mamíferos a ausência de taxa associáveis a climas mais frios (Rupicapra rupicapra), o aumento da representatividade de Bos primigenius e Cervus elaphus, e a presença de Sus scrofa e Capreolus capreolus nos espectros arqueofaunísticos (Valente, 2008). Os modelos propostos por Araújo (2003) indicam a presença de três grupos de sítios epipaleolíticos, indicadores de uma complementaridade funcional: i) sítios de ar livre do interior, extensos, com conjuntos líticos abundantes e presença de armaduras microlíticas, com actividades de subsistência bastante dependentes de recursos terrestres; ii) pequenos sítios de ar livre do litoral com conjuntos pouco diversificados, (geralmente) reduzidos e presença de concheiros; iii) grutas e abrigos do interior, localizados na periferia e interior dos maciços calcários, com armaduras microlíticas e aproveitamento de recursos terrestres e aquáticos (marinhos e estuarinos) (Araújo, 2003: 105-106). O segundo grupo de sítios estaria relacionado com a crescente importância que os recursos aquáticos vão tendo nos grupos humanos (vd. Dias et al., 2016), correspondendo a ocupações episódicas, provavelmente sazonais e complementares; por sua vez, no terceiro grupo de sítios, os recursos de origem aquática estariam relacionados com uma utilização logística destes sítios, associada principalmente à caça e recolecção de plantas (Araújo, 2003: 107-108).

Valente (2008), baseando-se na informação existente, indicou que os grupos do Pré-Boreal seriam bastante móveis entre as zonas interiores do Maciço Calcário Estremenho e as áreas litorais. Essa mobilidade poderia ocorrer entre acampamentos residenciais (e.g., Cabeço de Porto Marinho), acampamentos temporários de funções logísticas associadas à caça (e.g., Picareiro) e outros especializados na captação de recursos marinhos (Magoito). A duna de Magoito, situada numa zona mais litoral, tem uma baixa representatividade de indústria lítica e fauna mas apresenta várias datações que a enquadram no início do Pré-Boreal (Soares, 2003). A Lapa do Picareiro (Bicho et al., 2003), localizada no Maciço Calcário, apresenta no seu nível arqueológico D, com uma datação de 9528-9014 cal BP (8310±130 BP, Wk-6676), um conjunto lítico com predomínio de sílex, seguido de quartzo, no qual se destacam as esquírolas e os utensílios retocados, como os denticulados, entalhes, lascas retocadas e lamelas. As espécies identificadas englobam mamíferos, como Oryctolagus cuniculus, Cervus elaphus, Sus scrofa e Bos primigenius; micromamíferos, com uma maior representatividade de Terricola duodecimcostatus, Apodemus sylvaticus e Eliomys quercinus; restos de aves, peixes e invertebrados marinhos, destacando-se Cerastoderma edule, Mytilus sp. e Nassarius reticulata.

Page 24: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 23 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 23 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Também no Maciço Calcário Estremenho, de referir a ocupação epipaleolítica de Pena d’Água (Carvalho, 1998; Pereira e Carvalho, 2015) que, na camada F, datada em 8385-7983 cal BP (7370±110 BP, Wk-9213), apresentava materiais líticos de pequenas dimensões, como esquírolas, pequenas lascas ou material laminar. Denota-se a relevância de lascas (58,4%), salientando-se a utensilagem macrolítica realizada sobre seixos, aliás, o quartzito (64,7%) é predominante no conjunto. A fauna (Valente, 1998), devido a problemas contextuais, não deverá ser considerada como proveniente de um “contexto selado”.

Nas zonas mais interiores do Baixo Tejo, poderemos destacar os contextos de ar livre de Fontes e Amoreira. A camada C de Amoreira apresenta uma datação de 8510-8014 cal BP (7460±120 BP, I-17332), realizada em carvões não identificados (Oosterbeek, 1994; Cruz, 1997), tendo-se ainda registado buracos de postes e uma estrutura de acampamento, às quais se encontraram associadas indústrias macrolíticas, incluindo núcleos prismáticos, discos e lascas não retocadas; apesar de se registarem escassos materiais em sílex (17,7%), o quartzito predomina no conjunto (55,8%) (Oosterbeek, 1994; Cura, 2002; Cura et al., 2004, 2005). A comparação entre as indústrias em quartzito e sílex da Amoreira e Pena d’Água levaram Telmo e Carvalho (2015: 432-433) a sugerir a existência de misturas entre materiais do Epipaleolítico e Neolítico no Povoado da Amoreira, também relacionáveis com as perturbações indicadas anteriormente (e.g., Cruz, 1997; Grimaldi et al., 1998; Oosterbeek, 2004). O Povoado de Fontes, localizado na margem esquerda dum meandro do rio Zêzere, apresenta estruturas de barro cozido com datações de 8100±600 BC (ITN_LUM 451), 8000±600 BC (ITN_LUM 452) e 8600±600 BC (ITN_LUM 453) (Burbidge et al., 2014). Como Cruz (2011, 2013) indica, a cultura material evidenciada na camada C, onde se registam essas estruturas e cujo sedimento foi datado em 5700±500 BC (ITN_LUM 450), apresenta materiais relacionados com o Neolítico antigo/médio, pelo que o contexto se assume problemático e alvo de diferentes hipóteses explicativas.

No Médio Tejo, na Extremadura espanhola, destacam-se os sítios de El Conejar, Canaleja II e Cueva de Los Postes. O último, cujo estudo arqueofaunístico é parte do presente trabalho, será referido de forma mais aprofundada posteriormente. Ainda assim, destaca-se o seu carácter funerário, possivelmente colectivo, associado a indústrias líticas compostas sobretudo por macrolíticos, tendo-se registado placas de calcário decoradas, com datações que oscilam entre circa 8.6 a 8.9 ka cal BP (Collado e García, 2010; Collado et al., 2015). Quanto a Canaleja II, no nível 5 registou-se uma fogueira perto das paredes do abrigo, com alguns materiais, nomeadamente micrólitos geométricos e núcleos de sílex, com uma datação em carvões de 9889-9561 cal BP (Beta-214600, 8740±40 BP) (Arias et al., 2009; Cerrillo Cuenca e González Cordero, 2011, 2014). Em El Conejar, apesar dos problemas estratigráficos registados (Cerrillo Cuenca, 1999), evidenciaram-se indústrias líticas compostas por choppers e chopping-tools, e núcleos bipolares em quartzito, tendo-se obtido duas datações de 9304-9028 cal BP (Beta-154490, 8220±40 BP; Beta-154491, 8220±40 BP) (Carbonell, 2003; Canals, 2008; Canals et al., 2013). Na realidade, os dados para o povoamento do Mesolítico antigo na Extremadura são escassos, de forma um pouco similar ao que ocorre em áreas interiores

Page 25: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 24 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 24 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

do território português, como o Alentejo (Almeida et al., 1999; Araújo e Almeida, 2003; Oliveira e Oliveira, 2015). Não obstante, a existência destes contextos é relevante porquanto comprova que estes territórios não estariam despovoados.

A circa 8.2 ka cal BP, ocorre uma reestruturação nos padrões de povoamento no Oeste de Portugal central, com um foco para a ocupação das zonas estuarinas interiores (Bicho, 1994; Bicho et al., 2010). Mudanças nos padrões de ocupação humana foram registadas também em outras áreas durante este período, como por exemplo no Baixo Aragão (Nordeste de Espanha), criando o que González--Sampériz et al. (2009) intitularam de “silêncio arqueológico”, entre 8.0 e 7.3 ka cal BP, com uma migração dos grupos humanos para áreas montanhosas mais húmidas, até ao início do processo de neolitização. A possível influência do evento 8.2 ka cal BP associada ao declínio da disponibilidade de recursos marinhos nas áreas costeiras portuguesas terão sido relevantes nesta mudança de padrões de ocupação (Bicho et al., 2010), podendo este evento ter tido certa influência também a nível tecnológico, nomeadamente nas diferenças existentes nas indústrias líticas do Epipaleolítico e Mesolítico (e.g., Carvalho, 2009; Telmo e Carvalho, 2015). Foi ainda sugerido que uma mudança nos padrões de mobilidade, de forrageadora para logística, poderia explicar estas mudanças a nível tecnológico (Telmo e Carvalho, 2015). Na realidade, vários trabalhos têm discutido a influência do evento 8.2 nos grupos de caçadores-recolectores pescadores e comunidades agro-pastoris (Kalis et al., 2003; Weninger et al., 2006; Budja, 2007; Turney e Brown, 2007; Gronenborn, 2009, 2010), com alguns estudos a focarem a Bacia Mediterrânea (Berger e Guilaine, 2009; Mercuri et al., 2011) e especificamente a Península Ibérica (e.g., Lópes Sáez et al., 2008; Bicho et al., 2010; Telmo e Carvalho, 2015). Apesar de o impacte deste evento ter, inclusive, sido proposto como podendo ter ocasionado uma falta de registos arqueográficos, possivelmente relacionado com uma intensa erosão (Berger e Guilain, 2009), não é ainda clara qual a sua real relevância em determinadas dinâmicas culturais, para além da reestruturação de padrões de povoamento (Bicho, 1994; Bicho et al., 2010) e alguns aspectos tecnológicos (Carvalho, 2009; Telmo e Carvalho, 2015).

No Mesolítico (Pleno ou Final), no período Atlântico (circa 8.0-5.0 ka BP), continuam a ser evidentes ocupações especializadas na recolha de recursos marinhos (e.g., São Julião C) e, no Maciço Calcário, mantêm-se as ocupações em gruta e abrigos (e.g., Bocas), e em locais de ar livre (e.g., Costa do Pereiro) (Valente, 2008: 497). Não obstante, o que realmente chama atenção durante este período é a concentração das populações em áreas estuarinas, principalmente nos estuários dos grandes rios: Mondego, Tejo, Sado e Mira. Trata-se do período de maior desenvolvimento de acumulações em concheiros.

São escassos os contextos associáveis a este momento, sendo a excepção os concheiros conhecidos em território português. No Maciço Calcário Estremenho, destacam-se as ocupações registadas em Forno da Telha (Araújo, 1993) e Abrigo Grande das Bocas (Bicho, 1995/1997), ou em zonas mais interiores do Maciço, como Costa do Pereiro e Pessegueiros (Carvalho, 2008). A imagem actual da exploração dos territórios mais interiores, durante o Mesolítico, continua a ser uma de

Page 26: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 25 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 25 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

um baixo número de estações arqueológicas, geralmente com um escasso registo arqueográfico.

O exemplo paradigmático para este período é o Complexo dos Concheiros de Muge, entre Salvaterra de Magos e Almeirim, junto a afluentes do rio Tejo: Ribeira de Magos, Ribeira de Muge e Ribeira da Fonte da Moça. Estes sítios arqueológicos foram alvo de vários estudos desde a segunda metade do século XIX (vd. históricos em Cardoso, 2004; Detry, 2007), sobretudo devido ao seu relevante espólio osteológico humano. Estudos isotópicos demonstraram a importância da componente aquática na dieta destes grupos (Lubell et al., 1994), confirmada através de novas análises de isótopos estáveis e oligoelementos (Umbelino, 2006). Um aspecto interessante decorre dos espectros arqueofaunísticos, registando-se diversos animais de grande (e.g., Bos primigenius, Cervus elaphus, Sus scrofa) a pequeno porte (e.g., leporídeos, avifauna, malacofauna e ictiofauna) (Lentacker, 1986, 1994; Detry, 2007; Dias et al., 2015). Dados decorrentes das análises zooarqueológicas (e.g., ictiofauna), sugerem a ocupação destes concheiros durante todo o ano, com eventuais actividades sazonais, situação diferente da sugerida para os concheiros da costa alentejana (Lubell et al., 2007). O sistema económico e social destes grupos seria mais sedentário comparativamente aos seus predecessores, aliás, para além de enterramentos, nos concheiros de Moita do Sebastião (Roche, 1972) e Cabeço da Amoreira (Bicho et al., 2011) foram registadas estruturas de habitação.

Como discutido por Bicho et al. (2010: 92 e referências citadas), os grupos mesolíticos de Muge caracterizam-se por uma cultura material e económica similar mas não pertenceriam a um mesmo grupo estilístico ou étnico. Recentes trabalhos realizados no Cabeço da Amoreira levaram os autores a indicar uma deposição das conchas durante um período de tempo mais reduzido, tendo ocorrido uma ocupação anterior do local (Bicho et al., 2010, 2011). Os autores sugerem que o tipo de função do sítio terá começado com uma fase residencial que, provavelmente, terá sido simultânea mas separada espacialmente da funerária; posteriormente, as evidências de habitação in situ são bastante reduzidas (Bicho et al., 2011: 11).

Na recente sistematização elaborada por Carvalho (2009) para o Mesolítico final em Portugal, o autor discute questões como a indústria lítica e matérias-primas, indicando a predominância do uso de sílex, tanto na Estremadura, como nos concheiros de Muge. Ressalva a importância relativa de núcleos e utensílios em quartzito, como os recentemente estudados da Costa do Pereiro e Pessegueiros (Carvalho, 2008). De uma forma geral, destacam-se dois principais processos de talhe, focados na obtenção de peças alongadas de padrões métricos lamelares, e cadeias operatórias expeditas e sem pré-determinação focadas na obtenção de utensilagens sobre lasca (Carvalho, 2009: 43).

Focando as zonas interiores da Península Ibérica, nomeadamente a Meseta, vários trabalhos (e.g., Zilhão, 1993, 1997, 2000, 2003a, 2003b; Fernández López de Pablo e Gómez Puche, 2009) têm enfatizado a falta de dados relativos ao Mesolítico. Autores que se dedicam ao estudo da neolitização do interior da Península Ibérica sugeriram a existência de ocupações de caçadores-recolectores e a sua influência na adopção de uma economia produtora (e.g., Delibes

Page 27: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 26 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 26 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

e Fernández Manzano, 2000; Rubio, 2002; Cerrillo Cuenca, 2005). Arias et al. (2005) sistematizaram as evidências directas e indirectas de ocupações de caçadores-recolectores holocénicos nas zonas interiores da Península Ibérica, demonstrando diferentes densidades de contextos, predominando em certas áreas da Cantábria, Pirenéus e vale do Ebro; para a Meseta a situação apresenta-se mais complexa (Arias et al., 2009 e referências citadas).

A título comparativo, a sul, nas zonas costeiras do Algarve, a falta de sequências estratigráficas complexas, restos de mamíferos, enterramentos e grandes conjuntos líticos, foram interpretados como sugestivos de sítios ocupados sazonalmente e relacionados com a exploração de sílex, disponível localmente (Valente e Carvalho, 2009; Cortés Sánchez et al., 2012). Na transição Mesolítico-Neolítico da Costa Vicentina, regista-se uma tendência na exploração de recursos marinhos e na diminuição da eficiência de forrageamento, com uma redução do tamanhos de espécies marinhas, e mudança de espécies de gastrópodes para mexilhões e percêves, possivelmente relacionada com uma especialização tecnológica em estratégias de recolecção em massa (Dean et al., 2012).

1.2.2. As primeiras economias de produção“A minha posição de que as diversas versões do passado são conciliáveis não as reduz umas às outras, declarando-as idênticas; reconhece a identidade de

cada uma e a diferença entre elas; mas advoga a ideia de que, com elas, sendo cada uma idêntica só a si mesma e claramente distinta da outra, se

pode compor um todo.”Alarcão, 2000: 215-216.

O debate do surgimento das primeiras economias produtoras no Oeste da Península Ibérica focou-se inicialmente em evidências artefactuais (Guilaine e Veiga Ferreira, 1970; Arnaud, 1982). Esta tendência tem sido modificada, dando-se uma relevância crescente a indicadores paleoambientais, paleobiológicos, paleoeconómicos e cronologias absolutas (e.g., Lubell et al., 1994; Jackes et al., 1997a, 1997b; Lalueza Fox, 1996a, 1996b; Lalueza Foz et al., 1996; Lalueza Fox e González Martin, 1998; Zilhão, 2001; Chandler et al., 2005; Carvalho, 2010; Tomé, 2011; Tomé e Oosterbeek, 2011; Carvalho et al., 2013; Almeida et al., 2014; Valente e Carvalho, 2014), como forma de melhor caracterizar as dinâmicas humanas ocorridas. Englobando não só as zonas costeiras, como também as interiores, as interpretações existentes polarizam-se entre perspectivas com um carácter mais autoctonista (Soares, 1992, 1995, 1996, 1997; Silva e Soares, 2006) ou difusionista (Arnaud, 1982, 1993; Zilhão, 1992, 1993, 1997, 1998a, 1998b, 2000, 2001, 2003a, 2003b; Carvalho, 2002, 2003, 2008), destacando-se ainda perspectivas de difusão/osmose cultural (Oosterbeek, 1994b; Jorge, 1999; Cerrillo, 2005; Silva e Soares, 2006; Diniz, 2007; Cruz, 2011), em variados graus, sem que se afaste a chegada de grupos alóctones mas aceitando a influência de grupos autóctones. Face a isto, o debate tem sido direcionado para a existência ou ausência de continuidades biológicas e culturais. Como consequência, o conjunto das evidências existentes aponta para um

Page 28: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 27 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 27 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

processo mais complexo do que se pensava. As próprias interpretações e modelos existentes, i.e, a sua diversidade, são uma clara demonstração da complexidade do aparecimento das primeiras economias produtoras nestes territórios que impossibilita que a sua discussão seja realizada como uma mera divisão ou oposição entre duas grandes linhas interpretativas.

Apesar da existência de macro-modelos que pretendem explicar o surgimento de economias produtoras, os mesmos baseiam-se sobretudo em perspectivas mono-nucleares; estas estão gradualmente a ser abandonadas, sendo o foco a inserção e discussão de cunhos poligénicos e, principalmente, a inclusão e avaliação de hipóteses de escala regional. A situação é ainda mais complexa em certas áreas da Península Ibérica consideradas “interiores” e que conforme alguns modelos estariam “despovoadas” durante os inícios do Holocénico (e.g., Bernabeu, 1996; Zilhão, 1992, 1993, 1997). Desde um ponto de vista estritamente teórico, em detrimento de modelos que efectivamente tentem explicar a difusão das primeiras economias produtoras nas áreas interiores da Península Ibérica, verifica-se que as propostas interpretativas nem sempre são de confrontação com as evidências arqueológicas, estando muitas vezes dependentes das tendências interpretativas actuais (Cerrillo Cuenca e Almeida, 2014). Não raras vezes, opta-se por privilegiar um modelo explicativo com base no registo arqueológico mas sustentado numa valorização diferenciada das evidências seguindo um modelo pré-definido (Olària e Gusi, 1996: 847; Oosterbeek, 2000: 63).

Um exemplo de formulações teóricas que vêm incorporando dados de uma forma mais abrangente é o chamado Modelo Dual (Bernabeu et al., 1993; Bernabeu, 1996; Juan-Cabanilles e Martì, 2002). Não obstante, o mesmo foca-se demasiadamente nas características trans-regionais comuns às áreas analisadas, i.e., o horizonte cardial e a unidade substancial do “pacote neolítico”, tendo sido gradualmente abandonado face à crescente obtenção de dados empíricos que demonstram uma maior complexidade durante o processo de neolitização.

Ainda que não se contrapondo às diversas premissas deste modelo e suas variantes, têm surgido perspectivas teóricas que crescentemente aceitam (ou reconhecem) uma influência da parte dos grupos de caçadores-recolectores, paralelamente, enfatizando factores sociais e/ou a própria variabilidade que é intrínseca ao processo de neolitização a nível de cultura material, padrões de ocupação e uso do território, assim como possíveis interações entre grupos distintos (e.g., Oosterbeek, 1994b; Vicent García, 1997; Jorge, 1999; Cerrillo Cuenca, 2005; Cerrillo Cuenca et al., 2008; Gonçalves et al., 2008; Cruz, 2011; Díaz del Río-Español, 2010; Bicho et al., 2011; Cortés Sánchez et al., 2012; Cerrillo Cuenca e Almeida, 2014; Gibaja et al., 2014; García-Martínez de Lagrán, 2015).

Um recente exemplo do resultado de análises mais abrangentes é a proposta de Cortés Sánchez et al. (2012). Para os autores, a existência de hiatos nas datações de vários contextos do Sul da Península Ibérica, e considerando as datações existentes para o início do Neolítico nas diferentes regiões, indicam que o processo de neolitização se iniciou a cerca 7.3±0.2 ka cal BP, coincidindo com uma

Page 29: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 28 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 28 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

crise climática e ambiental, de longo prazo, que teria impactado as populações mesolíticas do Sul da Península Ibérica, e as do Neolítico antigo do Norte de África. Segundo os autores, este processo estaria relacionado com a movimentação de grupos do Norte de África para o Sul da Península Ibérica, i.e., uma primeira “vaga” de neolitização de origem magrebina que foi gradualmente substituída por outra relacionada com grupos portadores de cerâmicas cardiais, ou simplesmente este tipo de cerâmica foi adoptada posteriormente. Esta possibilidade explicaria algumas características evidenciadas nos registos arqueológicos, nomeadamente nas cerâmicas e indústrias líticas, características paleoeconómicas e dados paleogenéticos (Cortés Sánchez et al., 2012 e referências citadas).

O próprio Modelo Dual (Bernabeu et al., 1993, 2001, 2009; Bernabeu, 1996; Bernabeu e Martì, 2014) é também ele contrastante com outras hipóteses de colonização, partindo de uma escala regional aplicada ao Levante espanhol, assenta na coexistência entre populações de carácter epipaleolítico e outras “plenamente neolitizadas”, relacionadas com a cerâmica impressa de Itália. Trabalhos posteriores continuaram a desenvolver o Modelo Dual (Juan-Cabanilles e Martì, 2002) defendendo a colonização rápida em “focos de neolitização”, e aplicando o Modelo Dual a uma escala mais alargada.

Focando a área de estudo do presente trabalho, o Baixo e Médio Tejo tem sido alvo de projectos intensivos no que corresponde às dinâmicas humanas durante o Holocénico antigo e médio. Apesar disso, os grupos de caçadores-recolectores e as comunidades agro--pastoris são representados e compreendidos de forma diferenciada: para as zonas costeiras e áreas cársicas, obteve-se uma importante quantidade de informação (e.g., Zilhão, 1992; Oosterbeek, 1994b; Carvalho, 2008) mas as áreas interiores apresentam poucos dados (Oosterbeek, 1994b; Cerrillo Cuenca, 2005; Cruz, 1997, 2011). Como previamente sugerido, não se pode descartar a possibilidade de não apresentarmos métodos adequados para a detecção de ocupações do Mesolítico final e que podem dever-se a factores como localizações não convencionais, cultura material não diagnóstica, problemas de preservação e falta de prospecções sistemáticas (Cerrillo Cuenca e Almeida, 2014).

Na nossa opinião, esta compreensão diferenciada do território e suas dinâmicas de ocupação será um dos principais factores que levaram à formulação de modelos nos quais as regiões interiores terão tido pouca ou nenhuma influência no processo de neolitização. Este paradigma tem sido posto em causa por vários especialistas, baseando--se em prospecções de superfície, escavações arqueológicas, análises de materiais e datações radiométricas, demonstrando a existência de uma ocupação das áreas interiores da Península Ibérica, durante o Mesolítico antigo e Neolítico antigo, mais sustentada do que anteriormente se pensava (Oosterbeek, 1994b; Cruz, 1997, 2011; Cerrillo Cuenca, 2005; Diniz, 2007; Pérez-González et al., 2007; Arias et al., 2009; Cerrillo Cuenca et al., 2010; Vidal et al., 2010; Collado e García, 2010; Burbidge et al., 2014). Ainda assim, como previamente discutido, subsiste um “vazio” entre o Mesolítico antigo (ou Epipaleolítico) e o Neolítico antigo em diversas áreas, o qual merece um aprofundamento que não meramente teórico e que passa necessariamente pela tentativa de obtenção de dados empíricos.

Page 30: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 29 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 29 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

As dinâmicas discutidas no actual território português não são indissociáveis dos registos existentes na Espanha; por um lado, pela ligação entre os registos arqueográficos de certas zonas das costas da Península Ibérica, desde a costa da Catalunha à Estremadura (Zilhão, 2001; Carvalho, 2008); por outro lado, pela relação proposta para certas zonas de Portugal e áreas interiores da Meseta (Oosterbeek, 1994; Cerrillo Cuenca, 2005). Para estas regiões, o avanço empírico dos últimos anos tem sido acompanhado pela discussão de modelos interpretativos que matizam o suposto deserto ocupacional postulado (e.g., Bernabeu, 1996; Zilhão, 2001) e que, na nossa opinião, está relacionado principalmente com propensões difusionistas e uma aceitação do carácter tardio e periférico destas regiões comparativamente às costeiras. Independentemente dos modelos propostos para as regiões interiores peninsulares, sendo a origem das economias produtoras multi-processual (Oosterbeek, 1994b; Cerrillo Cuenca, 2005, 2008) ou relacionada com uma colonização rápida (Jiménez Guijarro, 2008; Rojo Guerra et al., 2008), tratam-se de informações que importa discutir e enquadrar a um nível mais abrangente (e.g., Juan-Cabanilles e Martí, 2002; Zilhão, 2003a). Paralelamente, as evidências têm levado investigadores a indicar a existência de uma variabilidade e complexidade maior do que a contemplada pelo modelo de colonização marítima pioneira (e.g., Fernández López de Pablo e Gómez Puche, 2009; Cortés Sanchéz et al., 2012) desenvolvido por Zilhão (1993, 1997, 2000, 2001) e trabalhos posteriores (e.g., Carvalho, 2008).

Face aos dados existentes, ainda que os modelos de colonização não possam ser radicalmente excluídos, vários especialistas sugerem a necessidade de se repensar os macro-modelos lineares de neolitização (Guilaine e Manen, 2007), sobretudo devido à existência, em escalas variáveis, de interações entre comunidades mesolíticas e neolíticas (e.g., Cruz, 1997, 2011; Oosterbeek, 1994; Diniz, 2007). Também relevante é o facto de projectos intensivos de prospecção terem vindo a registar um número crescente de contextos do Neolítico antigo, inclusive ocupações de ar livre em áreas interiores, como o Alentejo (Diniz e Calado, 1997; Calado, 2000; Oliveira, 2011; Rocha e Santos, 2015) ou o Médio Tejo português (Oosterbeek, 1994b; Cruz, 1997, 2011) que se correlacionam com as áreas mais interiores da Extremadura (Cerrillo Cuenca, 2005, 2006; Cerrillo Cuenca et al., 2010). O número crescente de contextos que remetem para estas fases iniciais do processo de neolitização têm demonstrado um desfasamento temporal reduzido, entre a existência de indicadores de economias produtoras nas áreas litorais e interiores.

Um exemplo que demonstra os problemas relacionados com o Modelo Dual é a aceitação da cerâmica com decoração cardial como representando os primeiros momentos de neolitização da Península Ibérica. Até este factor, muitas vezes considerado como indiscutível nos modelos existentes, tem vindo a ser posto em causa em diversas áreas peninsulares, nas quais os autores sugerem uma quasi--contemporaneidade, contemporaneidade ou até precedência entre contextos com cerâmicas cardiais e outro tipo de decorações ou cerâmicas lisas (Cerrillo Cuenca, 2005, 2006; Bernabeu et al., 2009; Cruz, 2011, 2013a; Cortés Sanchéz et al., 2012). Apesar de decorações cardiais serem registadas nos contextos do Maciço, também em zonas

Page 31: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 30 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 30 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

mais interiores as mesmas são evidenciadas, quer em prospecções de superfície (Silva et al., 2009), quer em estratigrafias (Diniz, 2007; Cruz, 2011; Oliveira, 2011). Deixando de lado o debate sobre as interpretações e modelos, a neolitização do Baixo e Médio Tejo é visível a circa 7500-6500 cal BP (Figura 1). Esta fase inicial, por nós referida como Neolítico antigo mas que engloba o que para outros autores, no seguimento dos trabalhos desenvolvidos por Guilaine e Ferreira (1970), é considerado como Neolítico antigo cardial e Neolítico antigo epicardial ou evolucionado, tendo como base a tipologia de decoração cerâmica (e.g., Zilhão, 2001; Carvalho, 2008), encontra-se representada neste amplo território por diversos contextos, sobretudo em grutas ou abrigos mas também ao ar livre.

Um factor de relevância que dificulta comparações cronológicas é a escassez de materiais datáveis por radiocarbono nas zonas mais interiores; este tipo de ocorrência pode estar relacionado com diversos factores, como por exemplo o tipo de solos, geralmente menos propensos à preservação de matéria-orgânica; e aspectos relacionados com o registo arqueográfico e tipologias de contextos (sítios de pequenas dimensões de ar livre). Contudo, sítios arqueológicos com materiais do Neolítico antigo, por vezes com datações radiométricas, têm sido registados em diversas áreas interiores do Baixo e Médio Tejo, uma importante parte dos quais decorrente de prospecções de superfície, mas também de escavações arqueológicas (Oosterbeek, 1994; Cruz, 1997, 2011; Cerrillo Cuenca, 2005, 2006; Cerrillo Cuenca et al., 2010; Oliveira, 2011; Cerrillo Cuenca e Almeida, 2014). Sítios paradigmáticos como a Gruta do Caldeirão (Zilhão, 1992), a Galeria da Cisterna (Zilhão, 2009) ou o Abrigo da Pena d’Água (Carvalho, 1998, 2008) são registados nas zonas do Maciço Calcário Estremenho, enquanto para áreas mais interiores se destaca, por exemplo, Fontes, no Médio Tejo português (Cruz, 2011) e Los Barruecos, na Extremadura (Cerrillo Cuenca, 2005, 2006). Ainda que a maioria destes contextos iniciais no Maciço correspondam a usos sepulcrais (Zilhão, 1992; Oosterbeek, 1993a, 1994b; Carvalho, 2008), um crescente número de sítios de ar livre têm sido registados nesta vasta região, como São Pedro de Canaferrim (Simões, 1999, 2003) e Encosta de Sant’Ana, na península de Lisboa (Muralha e Costa, 2004; Leitão e Henriques, 2014), Fontes, no Médio Tejo português (Cruz, 2011) ou Los Barruecos e Cerro de la Horca, em Cáceres (Cerrillo Cuenca, 2005, 2006). Segundo Carvalho (2012), o Neolítico antigo de Portugal caracteriza-se por cerâmicas esféricas ou ovóides, por vezes com pescoço destacado e fundo cónico (fase cardial), inicialmente com decoração através de elementos plásticos e impressões, na fase evolucionada associados a temas incisos. Quanto às indústrias líticas talhadas, correspondem sobretudo a indústrias sobre lascas, produções laminares em sílex, geométricos (segmentos) e elementos de adorno (concha, dente, pedra), sendo rara a indústria óssea. Para as zonas interiores, algumas diferenças foram indicadas, nomeadamente a nível das próprias indústrias líticas, com uma predominância de macrolíticas em seixos de quartzito, que foram interpretadas como indicativas de uma continuidade ou pelo menos convergência que se estende, inclusive, por tempos pós-neolíticos (Grimaldi et al., 1998; Cruz et al., 2000); também as cerâmicas apresentam algumas diferenças (Cerrillo Cuenca, 2005; Cruz, 2011).

Page 32: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 31 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 31 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Figura 1: Selecção de datações correspondentes a sítios do Neolítico antigo do Baixo e Médio Tejo: CAN 2 – Canaleja 2 (Cerrillo Cuenca et al., 2010; Enrique Cerrillo Cuenca, informação inédita pessoal); BAR – Los Barruecos (Cerrillo Cuenca, 2005), SPC – São Pedro de Canaferrim (Simões, 1999); PSAL – Pedreira de Salemas (Cardoso et al., 1996); CMO – Casa da Moura (Straus, 1989); ESA – Encosta de Sant’Ana (Angelucci et al., 2007); CPM – Cabeço de Porto Marinho IIIS (Marks et al., 1996); PIC – Picoto (Carvalho, 2008); APA – Abrigo da Pena d’Água (Carvalho, 2008); GSL – Gruta de Nossa Senhora das Lapas (Oosterbeek, 1993a); CORR – Correio-Mór (Cardoso et al., 1996; Cardoso, 2003); ALM – Galeria da Cisterna, Almonda (Zilhão, 2001); CAL – Gruta do Caldeirão (Zilhão, 1992). Datações radiométricas C14 calibradas no programa OxCal 4.2.4 (Bronk Ramsey, 2009; Bronk Ramsey e Lee, 2013) com a curva atmosférica IntCal13 (Reimer et al., 2013).

Os dados arqueofaunísticos são ainda escassos e, sendo uma discussão objecto do presente trabalho, optámos por não os aprofundar de momento. Quanto às práticas agrícolas, as evidências directas restringem-se a São Pedro de Canaferrim e Lameiras (López-Dóriga e Simões, 2015), enquanto indirectas foram registadas através de elementos de foice com lustre de cereal no sítio de Cortiçóis (Carvalho et al., 2013). Grosso modo, estes indicadores em conjunto com dados provenientes de outras disciplinas (e.g., palinologia) indicam que o impacte antrópico na paisagem à escala regional seria mínimo nestas

Page 33: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 32 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 32 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

fases iniciais (Almeida et al., 2014). De salientar que estudos arqueopalinológicos realizados em Los Barruecos, Cerro de la Horca e Canaleja 2 indicam o recurso a práticas agrícolas no entorno destes sítios extremenhos (López Sáez, 2006; López Sáez et al., 2007a, 2007b; Cerrillo Cuenca et al., 2010). De uma forma geral, os contextos deste período são de dimensões reduzidas o que, em conjunto com os dados arqueográficos, tem sido considerado como um indício de grupos não plenamente sedentários, i.e., grupos humanos pequenos e relativamente móveis (e.g., Oosterbeek, 1994b; Cerrillo Cuenca, 2005; Carvalho, 2008; Valente e Carvalho, 2014).

1.2.3. O desenvolvimento das economias de produçãoO Neolítico médio tem sido enquadrado entre circa 6500-

-5500 cal BP no Baixo e Médio Tejo (Carvalho, 2012; Cerrillo Cuenca e López Sáez, 2012) (Figura 2 e 3). Para o território do centro e sul de Portugal foi sugerida uma divisão dentro deste período, com o Neolítico médio inicial a corresponder a circa 6500-5800 cal BP, um momento no qual o enterramento individual ainda continua a norma em detrimento dos enterramentos colectivos (Boaventura, 2009, 2011; Boaventura e Mataloto, 2013; Mataloto e Boaventura, 2009; Carvalho e Cardoso, 2015).

Durante este período destacam-se as cerâmicas esféricas e lisas em contextos funerários, estando raramente presentes em contextos habitacionais; as indústrias seguem os padrões anteriores, mas nos geométricos os segmentos são substituídos por trapézios; a indústria óssea é mais abundante e os elementos de adorno incluem braceletes em concha ou pedra (Carvalho, 2012). No Médio Tejo, a cultura material aparenta ser bastante similar, também com um predomínio de formas simples e lisas nas cerâmicas, aparecendo alguns motivos incisos; a indústria lítica, escassamente conhecida, apresenta uma importância de elementos microlíticos (Cerrillo Cuenca e López Sáez, 2012). No Baixo Tejo, este período está representado por diversos contextos, com alguns bastante relevantes arqueograficamente no Maciço Calcário Estremenho, porém uma importante quantidade de sítios estão registados em outras áreas, salientando-se os monumentos megalíticos, os quais são normalmente mais imprecisos no que corresponde à sua cronologia absoluta mas começam a ser registados durante o Neolítico médio (e.g., Oosterbeek, 1994; Cruz, 1997, 2011; Bueno, 2000; Boaventura, 2009). Cabe destacar alguns contextos em gruta, localizados no Maciço, com utilizações funerárias, como Gruta de Nossa Senhora das Lapas (Oosterbeek, 1993a, 1994; Cruz, 1997), Gruta do Cadaval (Oosterbeek, 1994ab), Carrascos (Gonçalves e Pereira, 1974/1977) e Bom Santo (Carvalho, 2014a). Contextos habitacionais foram também registados no Maciço, nomeadamente o Abrigo da Pena d’Água, Costa do Pereiro e Cerradinho do Ginete (Carvalho, 1998, 2008).

Tanto na península de Lisboa (e.g., Boaventura, 2009, 2010, 2011) como nas áreas mais interiores do Baixo e Médio Tejo (Oosterbeek, 1994; Bueno, 2000; Ruíz Galvéz, 2000; Scarre e Oosterbeek, 2010), destacam-se os monumentos megalíticos, ainda que ocupações de ar livre enquadráveis na transição do Neolítico antigo para o Neolítico médio como Monte da Foz I (Neves, 2010), já do

Page 34: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 33 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 33 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Neolítico médio como Moita do Ourives (Rodrigues, 2006) e Los Barruecos (Cerrillo Cuenca, 2006), ou usos funerários em áreas cársicas como Canaleja I (Cerrillo Cuenca e González, 2011), estejam identificados.

Figura 2: Selecção de datações correspondentes a sítios do Neolítico médio do Baixo e Médio Tejo (continua): LC – Lugar do Canto (Carvalho, 2007, 2008; Cardoso e Carvalho, 2008); BAR – Algar do Barrão (Carvalho et al., 2003; Carvalho, 2008); GRO – Gruta dos Ossos (Oosterbeek, 1993b; Cruz, 1997); CDV – Gruta do Cadaval (Oosterbeek, 1994; Cruz, 1997); CAL – Gruta do Caldeirão (Zilhão, 1992); GSL – Gruta de Nossa Senhora das Lapas (Oosterbeek, 1994; Cruz, 1997); BAR – Los Barruecos (Cerrillo Cuenca, 2006); TRE – Tremedal (Ruiz Gálvez, 2000); GUA3 – Guadancil 3 (Enrique Cerrillo Cuenca, informação inédita pessoal); CAN1 – Canaleja 1 (Cerrillo Cuenca et al., 2010). Datações radiométricas C14 calibradas no programa OxCal 4.2.4 (Bronk Ramsey, 2009; Bronk Ramsey e Lee, 2013) com a curva atmosférica IntCal13 (Reimer et al., 2013).

Page 35: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 34 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 34 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Figura 3: Selecção de datações correspondentes a sítios do

Neolítico médio do Baixo e Médio Tejo (continuação): BOM – Bom

Santo (Duarte, 1998; Carvalho, 2014a); APA – Abrigo da Pena

d’Água (Carvalho, 2008); CP – Costa do Pereiro (Carvalho, 2008);

SPE – S. Pedro do Estoril (Gonçalves, 2005); TRI 4 –

Trigache 4 (Boaventura, 2009); PG –Pedras Grandes (Boaventura,

2009); CAG –Carrascal de Agualva (Boaventura, 2009); CM – Casa da

Moura (Carvalho e Cardoso, 2010/2011); LC – Lugar do Canto (Carvalho, 2007, 2008; Cardoso e

Carvalho, 2008). Datações radiométricas C14 calibradas no

programa OxCal 4.2.4 (Bronk Ramsey, 2009; Bronk Ramsey e

Lee, 2013) com a curva atmosférica IntCal13 (Reimer et al., 2013).

Figura 3: Selecção de datações correspondentes a sítios do

Neolítico médio do Baixo e Médio Tejo (continuação): BOM – Bom

Santo (Duarte, 1998; Carvalho,

Page 36: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 35 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 35 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Algo que tem sido modificado de uma forma crescente mas que ainda assim se mantém é a escassez de sítios de carácter habitacional, tanto no Baixo (Oosterbeek, 1994; Carvalho, 2008; Boaventura, 2009; Scarre e Oosterbeek, 2010) como no Médio Tejo (Bueno, 2000; Cerrillo Cuenca e López Sáez, 2012). Apesar de tal ocorrência ser aplicável a outras regiões mais interiores, por exemplo do Alentejo (Calado e Rocha, 2007), em áreas costeiras do Alentejo foram identificados contextos de habitat (Silva et al., 1986, 2010; Soares e Silva, 1992, 2013).

Conforme Carvalho (2014b: 210-211), um factor que poderá estar a influenciar esta “invisibilidade arqueológica” será o tipo de padrões de ocupação, formados por acampamentos temporários, onde predominam cerâmicas não-características sem decoração; como o autor salienta, a pesquisa desenvolvida para o Neolítico médio apresenta um viés para os monumentos megalíticos, que terá influenciado a falta de registo de outro tipo de contextos arqueológicos.

Desde os trabalhos de Leisner e Leisner (1951) que se sugere que os grupos deste período apresentariam uma paleoeconomia do tipo caçador-pastor transumante, algo que foi posteriormente revisitado por outros autores para o Neolítico médio do Baixo e Médio Tejo (Gonçalves, 2000/2001; Morales, 2006; Scarre e Oosterbeek, 2010; Price, 2014; Valente e Carvalho, 2014; Almeida et al., 2015b; Carvalho, 2015; Correia et al., 2015). Na realidade, as principais evidências utilizadas pelos diversos autores são a escassez de sítios de habitat e uma possível relação entre megalitismo e um maior grau de mobilidade, ainda que mais recentemente, como veremos, os próprios espectros arqueofaunísticos não sejam discordantes de uma economia com uma relevância de práticas pastoris. Dados que permitam compreender a mobilidade destes grupos são ainda escassos e não são claros quanto ao tipo de mobilidade (Almeida et al., 2015a). Dados isotópicos obtidos para Bom Santo indicam diferentes lugares de origem/residência para alguns indivíduos, algo similar tendo sido registado na fauna pelo que Price (2014: 157) sugeriu a existência de uma transumância pastoril associada à mobilidade dos grupos humanos (Price, 2014: 157).

Dados isotópicos relacionados com paleodietas foram também obtidos para o Neolítico médio de vários sítios arqueológicos no Baixo Tejo, demonstrando um contraste entre o Maciço Calcário Estremenho e a Península de Lisboa (Carvalho e Petchey, 2013; Carvalho, 2015; Carvalho et al., 2015), com uma maior relevância de alimentos terrestres no primeiro. Quanto a possíveis práticas agrícolas, os dados existentes no Baixo Tejo são sobretudo indirectos e relacionados com alguns elementos da cultura material; no Médio Tejo, nomeadamente em Los Barruecos, registou-se uma pressão antropozoogénica na paisagem devida a práticas pastoris e de cerealicultura (López Sáez, 2006).

Considerámos que o real desenvolvimento das economias de produção se verifica de forma mais sustentada durante o Neolítico final entre circa de 5500 e 5000 cal BP, no Baixo e Médio Tejo. Destacam--se as formas compostas nas produções cerâmicas, sobretudo as cerâmicas carenadas; uma progressiva tendência para a obtenção de suportes laminares de maiores dimensões e utensílios com retoque

Page 37: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 36 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 36 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

invasivo bifacial na indústria lítica talhada; é o momento no qual os ídolos-placa são registados, sobretudo em contextos funerários (Oosterbeek, 1994; Cruz, 1997; 2011; Boaventura, 2009; Carvalho, 2012; Cerrillo Cuenca, 2006; Cerrillo Cuenca e López Sáez, 2012).

Para o Neolítico final, são raros os sítios cronologicamente monofásicos pelo que a compreensão de cronologias absolutas se encontra bastante dificultada pela reocupação dos arqueo-sítios. Ainda assim, recentes trabalhos discutiram questões de cronologia absoluta do Neolítico final/Calcolítico para contextos habitacionais (Gonçalves e Sousa, 2006; Sousa, 2010) e funerários (Boaventura, 2009; Boaventura e Mataloto, 2013), pelo que não nos iremos debruçar sobre estas questões.

Os registos arqueográficos demonstram uma tendência para a existência de ocupações mais alargadas de ar livre, verdadeiros indiciadores de um desenvolvimento das economias de produção. Os monumentos megalíticos continuam a ser usados no Baixo e Médio Tejo (e.g., Bueno, 1988; Boaventura, 2009), ainda que contextos funerários nas zonas cársicas se mantenham, como é o caso da Gruta do Morgado superior (Cruz, 1997; Oosterbeek, 1997; Cruz et al., 2013; Cruz e Berruti, 2015). Entre os contextos habitacionais, poder-se-á destacar Vale de Lobos (Valente, 2006) ou povoados com ocupações mais prolongadas que, ainda que remontando ao Neolítico final, também englobam, por exemplo, ocupações do Calcolítico, como Penedo do Lexim (Sousa, 2010), Leceia (Cardoso e Soares, 1996) e Espargueira/Serra das Éguas (Encarnação, 2010). Para o Médio Tejo, podemos referir a ocupação do Neolítico final de Los Barruecos (Cerrillo Cuenca, 2006) e Araya (Enríquez, 1988).

Do ponto de vista paleoeconómico, os espectros arqueofaunísticos do Neolítico final, assim como, posteriormente, do Calcolítico pré-Campaniforme, são bastante mais relevantes quantitativamente. Salientam-se os estudos publicados para Leceia (Cardoso e Detry, 2001/2002), Penedo do do Lexim (Sousa, 2010; Moreno-García e Sousa, 2013) e Zambujal (Driesch e Boessneck, 1976).

Page 38: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 37 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 37 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

2. O processo de domesticação

“Animal domestication is a complex practice that can be conceived narrowly, in a technical sense, and broadly, in a metaphorical sense.”

Anderson, 1998: 119

“Is this, then, a case of the more regions sampled, the more lineages will be found?”

Meadow et al., 2007: 1371

A “domesticação” é um processo complexo que muito tem sido debatido. A própria definição do que é ou no que consiste a domesticação é problemática (e.g., Russell, 2002), não obstante, existe algum consenso em que representa a modificação de um agriotype em uma nova forma de planta ou animal, diferenciável do seu antecessor ou relativos selvagens, de forma consciente ou inconsciente. Neste sentido, de relevar a influência antrópica visto que uma espécie doméstica é inicialmente o resultado, sobretudo, do processo de selecção artificial, sendo a selecção natural subsidiária (Davis, 2005a: 126), sem deixar de parte a crescente relação mutualista (ou co-evolutiva) que daí decorreu (Gifford-Gonzalez, 2011; Zeder, 2012). Para alguns autores, a própria forma como as espécies domesticadas eram vistas é um factor de enorme relevância (e.g., Alvard e Kuznar, 2001; Hecker, 1982). Ingold (2005), por exemplo, apresenta uma interpretação das primeiras sociedades com espécies domesticadas na qual a economia se diferenciava pela modificação do “direito” dos ani‐mais.

Focando as espécies animais, as mudanças decorrentes do processo de domesticação englobam transformações a nível fisiológico, etológico e morfológico, mas também sócio-económico e cultural. As evidências que permitem analisar e fundamentar o processo de domesticação são estáticas, pelo que desde logo se compreende os problemas a ela associados. São várias as informações directas e morfológicas, ou indirectas e não-morfológicas (Molist, 2005), como as transformações anatómicas, fisiológicas, genéticas e respostas plásticas episódicas; e mudanças nos espectros arqueofaunísticos e perfis demográficos (e.g., Davis, 1982), factores relacionados com a zoogeografia (e.g., Vigne et al., 2000; 2009), sócio-culturais e representações gráficas. Entres os diversos caracteres possíveis de análise, foi dada uma preferência pelo estudo dos padrões demográficos e de género ou critérios morfo-métricos, com diferentes graus de importância consoante as espécies (Higgs e Jarman, 1969; Hecker, 1982; Meadow, 1989; Tchernov e Horwitz, 1991; Zohary et al., 1998; Zeder e Hesse, 2000; Habber e Dayan, 2004; Davis, 2005ab; Russell et al., 2005). Alguns traços comportamentais, fisiológicos e morfológicos

Page 39: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 38 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 38 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

podem estar ligados à redução de comportamentos agressivos e deverão ter sido visíveis nas fases iniciais do processo de domesticação animal (Zeder et al., 2006: 4). Segundo Andersson (2007: 42), alguns traços terão ocorrido cedo no processo de domesticação, tais como mudanças no comportamento, resistência a doenças e mudanças na cor da pelagem. Ainda que a redução do tamanho corporal de várias espécies tenha ocorrido devido ao aumento da temperatura do final do Pleistocénico e início do Holocénico (e.g., Davis, 1981, 1982 e referências citadas), a da maioria dos animais domesticados estará relacionada com a mudança nas estratégias reprodutivas (maturação acelerada, aumento da capacidade reprodutiva, menor tempo de gestação) relacionadas com a mudança nas pressões de selecção, i.e., novos habitats com disponibilidade de recursos, menos pressões de competição e predação, baixa diversidade de espécies e menor competição inter-específica associada a maior competição intra-específica (Tchernov e Hoewitz, 1991).

Um outro factor relevante está relacionado com o que se entende por “domesticação independente”. Conforme Larson et al. (2007c: 40), são vários os cenários possíveis nestes processos ou eventos, que serão, inclusive, mais complexos do que o que a própria genética pode revelar. Eventos de domesticação independente genética não são necessariamente independentes do ponto de vista cultural ou biológico, pois o conhecimento da domesticação pode mover-se entre grupos e ser aplicado a espécies locais (Zeder et al., 2006: 6). Nas últimas décadas, assistimos a um impulsionar de estudos genéticos e moleculares que aportam informações para esta temática. Contudo, são poucas as análises realizadas em amostras pré-históricas, o que dificulta a atribuição de uma cronologia mais precisa que a dos relógios moleculares (e.g., Jone e Brown, 2000; Brudford et al., 2003, Zeder et al., 2006).

Deixando de parte Canis familiaris, cujo processo de domesticação será anterior ao Neolítico (e.g., Cardoso e Detry, 2010; Larson et al., 2012), deveremos referir Bos taurus, Ovis aries, Capra hircus e Sus domesticus. Estas espécies apresentam traços pré-adaptativos que terão facilitado a sua domesticação, nomeadamente no que concerne à estrutura social (gregária, hierárquica), comportamento sexual, interação com humanos, comportamento alimentar e escolha de habitat (Rowley-Conwy, 1990; Diamond, 2002; Zeder, 2006, 2012; MacCarter, 2007).

2.1. Bos taurusNa actualidade, Bos taurus está distribuído pelas zonas

temperadas da Europa, Oeste de África e Norte da Ásia. Bos indicus é comum em regiões quentes áridas ou semi-áridas do Sul asiático e África (Bradley e Magee, 2006: 317). Estas espécies representam os dois eventos principais de domesticação de sub-espécies de Bos primigenius. Tal hipótese baseia-se em estudos de ADNmt (Loftus et al., 1994; Bradley et al., 1996; Chen et al., 2010), cromossoma Y (Bradley et al., 1994; Götherström et al., 2005; Edwards et al., 2011) e ADN nuclear (MacHugh et al., 1997). Outros possíveis eventos correspondem ao Este da Ásia e África (Troy et al., 2001; Edwards et al., 2004; Mannen et al., 2004; Achilli et al., 2008).

Page 40: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 39 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 39 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

As análises de segmentos de ADNmt de populações actuais e pré-históricas de Bos taurus demonstram a predominância do hg T3 na Europa e um pool genético mais variável no Próximo Oriente (hgs T, T2 e T3; T1 esporadicamente) (Troy et al., 2001: 1089; Bradley e Magee, 2006: 326; Achilli et al., 2008). Este declínio de diversidade genética é indicativo de uma origem no Próximo Oriente e posterior difusão pela Europa (e.g., Troy et al., 2001; Cymbron et al., 2005; Bollongino et al., 2006). Os auroques europeus apresentam os hgs P, E (Edwards et al., 2007: 1283; Hiendleder et al., 2008: 153), T (Beja-Pereira et al., 2006; Monta et al., 2010; Lari et al., 2011), Q e R (Achilli et al., 2008, 2009). Ainda que os auroques e o gado bovino doméstico estivessem normalmente separados (Sheu et al., 2008), estudos de genomas mitocondriais completos (Achilli et al., 2008; Hiendleder et al., 2008; Edwards et al., 2010) indicam a transmissão ocasional do hg P (ou população relacionável) entre auroques europeus e gado taurino. Os auroques italianos (hg T) seriam divergentes dos do Norte e Centro da Europa e uma pequena fracção da Itália (hg P), demonstrando uma estruturação genética (Lari et al., 2011: 2).

Relativamente às linhagens paternas, Götherström et al. (2005) evidenciaram uma estruturação geográfica com os hgs Y1 e Y2 a apresentarem um gradiente N-S na Europa. O hg Y2, partilhado com o Próximo Oriente, predomina no Sul da Europa e o Y1 no Norte da Europa. Análises de ADNa indicam que o hg Y1 se encontrava em grandes frequências nos auroques europeus antes e aquando da chegada dos primeiros bovinos domésticos, suportando a hipótese de introgressão do hg Y1 por hibridização (Götherström et al., 2005: 2347-2348; Anderung, 2006: 29). A origem geográfica separada dos hgs Y1 e Y2 (Bollongino et al., 2008: 4) e a falta do gradiente mencionado em outros estudos (Svensson e Götherström, 2008: 753) lançaram dúvidas sobre esta tese. Não obstante, Pérez-Pardal et al. (2010) evidenciaram um sub-cluster do hg Y2 indicativo de introgressão de auroques em gado doméstico. O processo teria envolvido populações de auroques pobremente diferenciadas e ocorrido em áreas geográficas muito distantes (Pérez-Pardal et al., 2010: 516).

Quanto à Península Ibérica, está comprovada uma elevada diversidade genética regional (e.g., Ginja et al., 2010a, 2010b; Martín-Burriel et al., 2011), não se podendo descartar a possibilidade de ter sido um refúgio geneticamente divergente envolvido na colonização pós-glaciar (Mona et al., 2010: 8-9). Em detrimento de morfotipos, as maiores distâncias genéticas relacionam-se com as distâncias geográficas (Beja-Pereira et al., 2003; Martín-Burriel et al., 2011) tendo-se evidenciado uma gradação E-O, passível de correlação com o Modelo de Difusão Démica (Beja-Pereira et al., 2003: 238). Os hgs P e T3 foram identificados em amostras pré-históricas de Bos primigenius e Bos taurus, respectivamente (Catarina Ginja, informação pessoal). A presença do hg T1 (Troy et al., 2001) estará relacionada com introduções de gado do Norte de África em tempos não-históricos (Anderung et al., 2005: 8434; Beja-Pereira et al., 2006: 1842) ou históricos (Cymbron et al., 2005: 1842). Caso remonte a momentos ante-Neolítico, poderão ter ocorrido eventos de domesticação local ou incorporação de auroques (cf. Anderung et al., 2005: 8434). Estudos de cromossoma Y (Ginja et al., 2009) identificaram uma grande

Page 41: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 40 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 40 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

variabilidade em raças portuguesas. O hg Y2 é predominante e o hg Y1, detectado unicamente em três raças do Sul, é considerado uma excepção no panorama europeu (Edwards et al., 2011) que poderá resultar da introgressão de auroques (Ginja et al., 2009: 156) ou movimentos ao longo da costa marítima Atlântica (Edwards et al., 2011: 9).

No conjunto, os dados indicam um processo heterogéneo, com pequenos momentos de introgressão de linhagens maternas e paternas de Bos primigenius em Bos taurus, estes derivados principalmente do Próximo Oriente. A menor diferenciação geral das raças actuais mediterrânicas poderá indicar um menor tempo de diferenciação (Cymbron et al., 2005: 1841), eventualmente relacionado com as rotas de expansão do Neolítico pelo Danúbio e circum-Mediterrâneo.

De salientar que existem vários registos de Bos primigenius no Sudoeste da Península Ibérica durante o Calcolítico (Driesch e Boessneck, 1976; Antunes, 1987; Castaños, 1997; Cardoso e Detry, 2001/2002; Correia, 2015) e, de forma residual, na 1ª Idade do Ferro (Cardoso, 2002: 291). A diferenciação biométrica entre Bos primigenius e Bos taurus é normalmente clara, ainda que por vezes possa registar-se alguma sobreposição (Driesch e Boessneck, 1976; Cardoso e Detry, 2001/2002; Davis e Mataloto, 2012). Foi sugerida a existência de uma variação do tamanho de Bos primigenius entre o Plistocénico e o Holocénico, com um pequeno aumento posterior ao Mesolítico (Valente, 2008; Davis e Mataloto, 2012; Davis e Detry, 2013; Correia, 2015)

2.2. Ovis ariesOvis aries é uma espécie geneticamente bastante heterogénea

(Crawford et al., 1995: 721), sobretudo no Próximo Oriente (Tapio et al., 2010: 6). As ovelhas selvagens que deram origem à ovelha domesticada estavam estreitamente relacionadas (Hiendleder et al., 1998a:446) e as reminiscências das primeiras migrações estão presentes em muflões de algumas ilhas europeias e áreas periféricas do Norte da Europa (Chessa et al., 2009). Os hgs existentes dificilmente se correlacionam com a geografia, contudo, na Europa apresentam uma gradação SE-NO (Lenstra e Econogene Consortium, 2005: 98). São várias as espécies ou sub-espécies selvagens euro-asiáticas sugeridas como ancestrais de Ovis aries: urial (Ovis vignei), muflão (Ovis musimon europeia ou Ovis orientalis asiática) e argali (Ovis ammon) (e.g., Brudford e Townsend, 2006: 306).

Análises de segmentos de ADNmt demonstraram a existência de cinco clusters na ovelha doméstica: hgs A e B (Wood e Phua, 1996; Hiendleder et al., 1998ab, 2002), C (Guo et al., 2005; Pedrosa et al., 2005; Brudford e Townsend, 2006), D (Tapio et al., 2006; Meadows et al., 2007) e E (Meadows et al., 2007) indicativos de diferentes linhagens maternas e uma origem compósita. Conforme Hiendleder et al. (1998ab), a “linhagem europeia”, também patente em África, agrupa a maioria dos hgs identificados em Ovis aries europeus. A “linhagem asiática” consiste em hgs de Ovis aries da Ásia Central e alguns europeus.

Page 42: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 41 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 41 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Estes dados suportam a hipótese de que algumas ovelhas domésticas modernas e o muflão europeu derivam de um ancestral comum; outro ancestral selvagem adicional permanece não identificado porquanto as análises filogenéticas colocam urial, argali e muflão em linhagens distintas (Hiendleder et al., 1998b: 117). A origem do cluster A permanece desconhecida, ainda que as populações de muflão (Ovis orientalis) do alcance Este desta espécie sejam candidatos prováveis (Hiendleder et al., 2002), aspecto sugerido pelas análises de cromossomas de Ovis orientalis anatolica da Turquia (Arslan e Zina, 2011: 85). O cluster C, mais diversificado, não está relacionado com urial e argali como indicado por análises do citocromo-B de ADNmt (Pedrosa et al., 2005: 2216). No Próximo Oriente foram identificados os clusters D e E, porém o primeiro origina do hg A e não entre o A e o C (Meadows et al., 2007: 1373).

Na Península Ibérica, as análises de ADNmt realizadas em raças nativas portuguesas apresentam uma grande diversidade genética (Pereira et al., 2006). Identificaram-se linhagens até à data apenas descobertas no Próximo Oriente e Ásia (clusters A, B e C) e foi visível um gradiente N-S relacionável com uma influência mediterrânea contínua, correlacionável com introduções antigas pela costa ou mar (Pereira et al., 2006: 1424).

Concluindo, os resultados são compatíveis com a hipótese de o Próximo Oriente ser o centro de domesticação, uma vez que apresenta a maior diversidade genética com todos os haplogrupos identificados. Permanece a possibilidade de cada clade doméstica derivar de sub-espécies diferentes de Ovis orientalis ou populações divergentes, com B e C a relacionarem-se com uma domesticação um pouco posterior a A. A origem do cluster D, que ramifica com muflão, urial e argali mantém-se indefinida (Townsend et al., 2006 apud Brudford e Townsend, 2006: 313).

2.3. Capra hircusO género Capra apresenta várias espécies e sub-espécies

definidas tendo em conta variações morfológicas nos cornos, não obstante, o seu status é controverso (Maceau et al., 1999: 504). Capra hircus é a espécie doméstica mais adaptável e geograficamente distribuída, desde as montanhas da Sibéria aos desertos e trópicos de África (Luikart et al., 2001: 5927).

Os estudos moleculares existentes baseiam-se sobretudo em análises de ADNmt, sendo imperativo o estudo de cromossomas Y (MacHugh e Bradley, 2001: 5384) ou análises compósitas (e.g., Lenstra e Econogene Consortium, 2005). Manceau et al. (1999) realizaram análises de ADNmt e identificaram cinco hts de Capra hircus, monofiléticos com um ht identificado em Capra aegagrus, indicando um evento de domesticação no Crescente Fértil. Estudos de ADNmt sugerem a existência de um evento de domesticação no Próximo Oriente e outro no Este da Ásia (Luikart et al., 2001; Fernández et al., 2005).

Definiram-se linhagens maternas de Capra hircus bastante divergentes: A, B, C, D (Luikart et al., 2001; Sultana et al., 2003; Joshi et al., 2004), F e G (Naderi et al., 2007). Todos os hgs de Capra hircus

Page 43: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 42 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 42 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

estão também presentes em populações de bezoar (Naderi et al., 2008). Estes dados, em conjunto com análises de cromossoma Y (Pidancier et al., 2006) e microssatélites (Luikart et al., 2006) indicam que o progenitor mais provável é Capra aegagrus. Ainda assim, não se pode excluir a possibilidade de outras sub-espécies de Capra aegagrus ou até Capra falconeri terem contribuído (Luikart et al., 2006: 297).

A linhagem A predomina em todo o globo e será a mais antiga (circa 10.000 BP), o mesmo podendo ocorrer com a D; as linhagens B e C serão expansões secundárias mais recentes (Luikart et al., 2001: 5930; Naderi et al., 2007: 8; Piras et al., 2012: 8). Fernández et al. (2006) identificaram as linhagens A e C numa amostra do Neolítico cardial de Baume d’Oullen (Sul de França) questionando esta hipótese de desfasamento temporal. O cluster B foi detectada na Ásia, África sub-sahariana, Europa, China e Mongólia; C na Europa e Ásia (Luikart et al., 2001: 5929; Naderi et al., 2007); D na Ásia e Norte da Europa; F na Sicília (Sardina et al., 2006) e G no Médio Oriente e Norte de África, perto do Crescente Fértil (Naderi et al., 2007: 2-3). O primeiro evento de domesticação no Próximo Oriente estaria relacionado com o surgimento da linhagem A, e o segundo no Este da Ásia com a linhagem B (Fernández et al., 2005: 53). A linhagem C poderá ser contemporânea da A (Fernández et al., 2006: 15377). Conforme Naderi et al. (2008), a origem mais provável do hg A é a Anatólia Oriental, o mesmo sendo possível para o hg C, ainda que este não tenha tido um contributo significativo no pool genético. Os hgs B, D, F e G apresentam uma contribuição reduzida nas populações actuais de Capra hircus e poderão ter sido integrados durante uma disseminação inicial no Norte e Centro do Zagros, ou representar pequenos eventos de domesticação nesta área (Naderi et al., 2008: 17662).

Análises combinadas de ADNmt e cromossoma Y com populações actuais da orla NE de África evidenciaram uma extensa diversidade genética com afinidades substanciais com as populações do Próximo Oriente (Pereira et al., 2009). Os padrões de variação de microssatélites indicam uma transição do Próximo Oriente para o Norte/Centro da Europa (Cañón et al., 2006: 331-332; vd. Pereira et al., 2009: 2769). Segundo alguns autores, as populações de Capra hircus não apresentam uma estruturação geográfica muito representativa (e.g., Luikart et al., 2001: 5931; Naderi et al., 2007: 8) o que se poderá relacionar com a sua maior facilidade de transporte a longas distâncias. Relativamente à linhagem paterna, evidenciam-se vários hts (Y1A, Y1B, Y1C, Y2) em populações domésticas da Europa e Próximo Oriente, com uma forte diferenciação geográfica (Lenstra e Econogene Consortium, 2005: 98).

Na Península Ibérica, os estudos de ADNmt demonstraram uma grande diversidade em raças portuguesas autóctones, com uma maioria de hg A (Pereira et al., 2005: 2315). Esta diversidade e a partilha de hts com outras raças estrangeiras poderá dever-se à introdução de animais exóticos em tempo mais recentes (Pereira et al., 2005: 2317). Vários contactos foram sugeridos entre África e a Península Ibérica (Pereira et al., 2009: 2770) e identificou-se uma relação mais directa entre o Médio Oriente e a Península Ibérica (Cañón et al., 2006: 332-333), relacionáveis com um influxo de nova

Page 44: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 43 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 43 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

diversidade genética pelo Mediterrâneo e uma migração mais rápida ao longo da costa Mediterrânea. Em Marrocos, foram identificadas as três linhagens principais (Y1A, Y1B, Y2) com uma maior representatividade de Y2; em Portugal apenas se identificou Y2 (75%) e Y1B (25%) (Pereira et al., 2009: 2769).

2.4. Sus domesticusO género Sus é originário das ilhas do Sudeste Asiático de

onde se expandiu para o restante território eurasiático (Larson et al., 2005, 2007b). A domesticação do javali (Sus scrofa) é um processo bastante complicado (e.g., Albarella et al., 2007). Pouco se sabe dos genes e mutações que distinguem o javali do porco (Andersson, 2007: 43) que são ténues e possivelmente derivadas de um fluxo genético bidireccional (Ramírez et al., 2009: 2067). A própria taxonomia de Sus scrofa é motivo de debate com os marcadores genéticos a indicar a existência de várias sub-espécies (Alves et al., 2010: 797). As primeiras evidências arqueológicas de domesticação no Oeste da Eurásia são provenientes de sítios na Anatólia oriental e central (Larson et al., 2007c: 30).

Análises iniciais de fragmentos de ADNmt em populações actuais indicaram a existência de duas origens distintas de sub-espécies de Sus scrofa na Europa e Ásia (e.g., Watanabe et al., 1986). Esta tese é suportada por marcadores de microssatélites (Megens et al., 2008; Luetkemeier et al., 2010) e amostras de ADNmt e ADN nuclear (Giuffra et al., 2000; Fang e Andersson, 2006). Sugeriram-se origens múltiplas na Europa (Larson et al., 2005; cf. Luetkemeier et al., 2010: 686) e Ásia (Luetkemeier et al., 2010: 686), esta apresentando um cenário bastante complexo (Wu et al., 2007; Megens et al., 2008: 116).

Giuffra et al. (2000) identificaram três clusters principais de ADNmt: clade Asiática (javalis do Japão, porcos da China e alguns porcos da Europa), Europa I (EI – maioria dos javalis e porcos da Europa, javalis de Israel e porcos das Ilhas Cook) e Europa II (EII – três javalis da Itália). Larson et al. (2005) identificaram quatro clades principais (A, B, C, D) e demonstraram que a maioria das raças domésticas europeias actuais se relacionam com o cluster EI, sem afinidades com os javalis do Médio Oriente. Segundo os autores, ainda que a variante doméstica do Próximo Oriente (clade NE) tenha alcançado a Europa com a neolitização, essas linhagens não deixaram descendentes nas populações actuais. São identificados seis possíveis centros de domesticação de javali entre os quais se definem o D1 (Oeste Eurasiático, EI, hts A e C), D2 (Ásia, ht A) e D4 (Itália, EII) (Larson et al., 2005: 1619). Estudos posteriores identificaram outros hts em populações actuais domésticas da Europa e Ásia, incluindo hts raros e outros que não tiveram impacte (ou tiveram pouco) nas populações actuais (Fang e Andersson, 2006). Demonstrou-se ainda que a linhagem EI também comparece no Norte de África e Próximo Oriente (Ramírez et al., 2009: 2064). Larson et al. (2007a) alargaram a sua amostragem inicial incluindo amostras pré-históricas nos estudos de ADNmt do Oeste da Eurásia. Ficou comprovada a ausência de hts relacionados com o Próximo Oriente nos javalis europeus ante-

Page 45: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 44 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 44 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

neolíticos e identificou-se uma introdução de porcos domésticos do Próximo Oriente na Europa durante o Neolítico, provavelmente relacionável com a rota do Danúbio e do circum-Mediterrâneo, que foi rapidamente substituída por javalis europeus domesticados (Larson et al., 2007a: 15277). A domesticação do javali europeu poderá ter sido despoletada pela introdução de porcos domesticados exógenos durante o Neolítico inicial, ou ser uma consequência directa disso (Larson et al., 2007a: 15277-15288). Ramírez et al. (2009) combinaram análises de cromossoma Y, ADNmt e microssatélites identificando traços genéticos da Europa e Extremo Oriente em raças africanas, e demonstraram a influência europeia na América do Sul. Os microssatélites indicam três clusters, salientando-se o agrupamento de populações da Europa e Próximo Oriente que contrariam os resultados de ADNmt do mesmo trabalho (Ramírez et al., 2009: 2065), correlacionáveis com Larson et al. (2005). As linhagens paternas apresentam três clusters (HY1, HY2, HY3) com um padrão geográfico na Eurásia: os javalis da Europa e Próximo Oriente, e os porcos europeus, apresentam grandes frequências de HY1 e baixas de HY3, diferenciáveis das populações selvagens e domésticas do Extremo Oriente (Ramírez et al., 2009: 2063-2064). No geral os resultados denotam uma diferença entre os porcos e javalis do Extremo Oriente, face aos javalis do Norte de África, Europa, Próximo Oriente e porcos mediterrâneos. Os últimos partilham linhagens e hts de tempos remotos em frequências variáveis, mas não se podem descartar possíveis introgressões na Europa (Ramírez et al., 2009: 2068).

A Península Ibérica foi sugerida como sendo um refúgio glacial de Sus scrofa durante o LGM (Último Máximo Glacial), tendo contribuído para a expansão de haplotipos tipo-C (Alves et al., 2010: 804). Estudos de microssatélites indicaram a existência de estruturação genética nas populações de javalis e uma grande heterogeneidade nos porcos (Martínez et al., 2000; Alves et al., 2006; Ferreira et al., 2006; Rodrigáñez et al., 2008). Análises de segmentos de ADNmt (Alves et al., 2010) suportaram a grande frequência do ht C na Ibéria (Larson et al., 2005). Os restantes hts identificados em populações selvagens e domésticas são periféricos, com poucos hts partilhados entre javali e porco, mas ambos correlacionáveis com a clade E1 (Alves et al., 2010: 803-807). van Asch et al. (2011) demonstraram uma maior diversidade nos javalis (E1, E2, A, NE) face aos porcos domésticos (E1, A) e indicaram a existência de um fluxo genético intenso inicial entre ambas as populações (van Asch et al., 2011: 3-4). Até ao momento não existe uma forte evidência de domesticação de javali local na Península Ibérica (Barbara van Asch, informação pessoal). Apesar da distinção entre Sus scrofa e Sus domesticus ser feita normalmente tendo como base dados biométricos (Bull e Payne, 1982), esta diferenciação é bastante difícil. No Sudoeste da Península Ibérica, denota-se a existência de sobreposições métricas que implicam alguma cautela (Rowley-Conwy, 1995; Albarella et al., 2005). Apesar de se registar uma tendência para o maior tamanho de Sus scrofa, na realidade, diversos estudos enfatizam uma pequena diferenciação nas primeiras fases do processo de domesticação em Portugal (e.g., Driesch e Boessneck, 1976; Rowley, Conwy, 1995; Albarella et al., 2005; Davis, 2006). A este factor, acresce a diminuição do tamanho de Sus scrofa no final do Pleistocénico e o seu possível aumento após o Mesolítico, nomeadamente no Calcolítico ou

Page 46: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 45 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 45 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

já no Neolítico (Detry, 2007; Albarella et al., 2005; Davis e Mataloto, 2012; Davis e Detry, 2013).

Page 47: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 46 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Page 48: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 47 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 47 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

3. Métodos: indicadores tafonómicos

Nos seguintes sub-capítulos, procederemos à definição e apresentação das metodologias selecionadas para a análise dos diversos contextos em estudo. Apesar de os conjuntos arqueofaunísticos analisados serem díspares, por exemplo, do pontos de vista da sua quantidade e contextualização estratigráfica, os protocolos que de seguida se indicam, foram aplicados a todos os conjuntos da mesma forma. Como tal, do ponto de vista analítico, os diferentes conjuntos indicados no decorrer do presente trabalho, são passíveis de comparação entre si, devido à opção metodológica uniformizada.

3.1 Fracturação e fragmentação“Fractured bone, like fractured stone, is cultural data for archaeologists”

Sadek-Kooros, 1972: 382

A análise tafonómica de um determinado conjunto arqueofaunístico deve, necessariamente, contemplar o estudo da intensidade da fracturação/fragmentação dos diferentes espécimes, a qual pode ser o resultado de diferentes agentes biológicos e/ou processos geológicos ou físico-químicos (Lyman, 1994a). O grau de fracturação/fragmentação é uma variável de máxima importância uma vez que influencia a identificação anatómica e taxonómica, assim como outros aspectos relevantes para a análise tafonómica (e.g., marcas de corte – Abe et al., 2002; Domínguez-Rodrigo, 2003: 384-385; marcas de dentes - Blumenschine, 1988: 499). Se, por um lado, a fracturação se deve aos agentes biológicos e acarreta uma intencionalidade, por outro lado, a fragmentação está relacionada com processos pós-deposicionais mecânicos, logo, sem uma intencionalidade (Brugal, 1994).

Ainda que o estudo de padrões de fracturação/fragmentação óssea não seja recente (e.g., Dart, 1956), apenas nas últimas décadas se desenvolveram metodologias consistentes, tendo como base análises arqueológicas e actualistas (experimentais e/ou naturalistas) (Brain, 1967, 1969, 1981; Sutcliffe, 1970; Sadek-Kooros, 1972; Maguire et al., 1980; Myers et al., 1980; Binford, 1981; Bunn, 1983; Haynes, 1983a, 1983b; Klein e Cruz-Uribe, 1984; Johnson, 1985; Blumenschine, 1988; Villa e Mahieu, 1991; Oliver, 1993; Lyman, 1994a; Mateos Cachorro, 1999, 2003; Lázaro e Sánchez-Barbudo, 2001; Outram, 2001, 2002; Cáceres et al., 2002; Alcántara García et al., 2006; de Juana e Domínguez-Rodrigo, 2011; Almeida et al., 2013). Actualmente, subsiste um conhecimento empírico de que as morfologias produzidas nos planos de fractura podem indicar em que estado (fresco, seco, termoalterado) estava determinado elemento aquando da sua fracturação; em conjunto com outros dados

Page 49: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 48 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 48 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

tafonómicos, como a presença de indicadores de percussão ou mordeduras, podem ajudar a distinguir os agentes e/ou processos envolvidos na formação dos registos arqueofaunísticos.

Os factores que confluem no estudo da fracturação/fragmentação são vários, porém os principais aspectos a ter em conta dizem respeito às características biomecânicas e biológicas dos elementos em análise, tais como a composição química/estado (e.g., fresco, semi-seco, seco), morfometria e densidade (Marean, 1991; Darwent e Lyman, 2002). A fractura óssea é uma falha biomecânica que pode ocorrer quando a estrutura óssea é sujeita a uma determinada carga suficiente para causar a fracturação (Johnson, 1985). Concomitantemente, uma maior elasticidade óssea, como por exemplo em elementos em estado fresco, estará relacionada com uma maior propensão para a deformação. Se um dado elemento ósseo é sujeito à pressão necessária para se fracturar, a fractura estender-se-á desde o seu ponto de impacto, pelas linhas de menor resistência ou tensões e deformações morfométricas, como as próprias epífises. Pelo contrário, se os elementos ósseos estão em um estado de diminuição ou ausências das características físico-químicas que lhe garantiam a referida elasticidade, a fractura irá apresentar uma propensão para o rompimento perpendicular ao eixo longitudinal das fibras de colagénio. Não obstante, é necessária alguma contenção em interpretações visto que fracturas em espiral não se devem unicamente à acção antrópica, podendo ser o resultado da acção de carnívoros (e.g., Haynes, 1980: 349) ou pós-deposicional, como é o caso de ossos ligeiramente meteorizados nos quais se podem verificar estas morfologias devido a pisoteio (Myers et al., 1980: 487; Haynes, 1983a:111). Para além disso, a termoalteração (contacto directo/indirecto com fogo, fervura) dos elementos poderá causar mudanças na forma como os ossos se fracturam, ocasionando incrementos consideráveis de ângulos mistos e superfícies irregulares, assim como uma maior fracturação dos fragmentos do ponto de vista das suas dimensões máximas (Cáceres et al., 2002: 474), ou ainda um aumento de delineações transversais/longitudinais e ângulos rectos (Outram, 2002: 57-58). Face a esta informação, apenas uma aproximação integrada aos

Tabela 1: Diferentes

indicadores de fracturação

contemplados no presente estudo.

Page 50: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 49 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 49 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

diversos registos permitirá compreender a sua formação (e.g., Todd e Rapson, 1988).

A fracturação antrópica pode ser realizada por percussão (directa, indirecta, lançada) e flexão. A fracturação por percussão acarreta uma carga dinâmica e súbita para fracturar os ossos, resultando em morfologias dos planos de fractura que reflectem a fracturação em estado fresco, para além de vários outros indicadores tafonómicos diagnósticos (Tabela 1) (Bonnichsen, 1979; Brain, 1981; Bunn, 1982; Blumenschine, 1988; Shipman, 1981; Johnson, 1985; Blumenschine, 1988, 1995; Blumenschine e Selvaggio, 1988; Capaldo e Blumenschine, 1994; Pickering e Egeland, 2006; Galán et al., 2009; de Juana e Domínguez-Rodrigo, 2011). É necessário ter em conta que os fragmentos resultantes da fracturação, na sua maioria não apresentam indicadores diagnóstico da mesma (Bunn, 1991: 450). A não remoção do periosteum não afectará em grande extensão a frequência e morfologia de impactos ou entalhes (Capaldo e Blumenschine, 1994; 732; Pickering e Egeland, 2006:460), nem será uma condição para a fracturação eficiente de ossos longos de forma a aceder ao tutano (Bunn e Kroll, 1986: 437; Lupo e O’Connell, 2002: 87), excepto em alguns casos concretos (Blumenschine, 1988: 485; cf. Domínguez-Rodrigo, 1997, 2002).

Quanto à fracturação por flexão, é normalmente realizada por força manual (White, 1992) ou combinando força manual e oral (Pickering e Wallis, 1997), sendo evidenciada geralmente em ossos planos alongados, como costelas, vértebras e ossos pélvicos. O resultado desta acção é a formação de “descamações” ou peeling, i.e., planos de fractura transversais, morfologicamente irregulares e fibrosos (White, 1992; Turner e Turner, 1999). Os estudos desenvolvidos por Pickering et al. (2013: 1299-1301) levaram os autores a distinguir três tipos de peeling: i) peeling clássico, correspondente ao previamente definido por White (1992), no qual ocorre a remoção de várias camadas de lamelas mas sem invadir o córtex do osso de forma a expor as trabéculas internas; ii) peeling geral, correspondendo à inteira remoção do córtex e exposição das trabéculas internas; iii) e peeling incipiente no qual uma faixa (ou várias) de lamelas é/são somente parcialmente removida(s) (cf. Fernández-Jalvo e Andrews, 2011). Conforme Pickering et al. (2013: 1301), o peeling incipiente é menos informativo do ponto de vista comportamental quando comparado às outras duas categorias. No que concerne aos pequenos mamíferos, em especial leporídeos, vários trabalhos demonstraram que a acção antrópica sobre os mesmos, nomeadamente a obtenção de tutano, ocorre através da remoção das epífises dos ossos longos criando cilindros diafisários, visíveis sobretudo em tíbias mas também em úmeros, fémures e outros ossos longos (Hockett, 1991, 1995; Pérez Ripoll, 2005; Sanchis, 2012). A fracturação dos ossos de leporídeos pode realizar-se por flexão, percussão, mordedura (Pérez Ripoll, 2005: 242) ou fracturação mista (mordedura e flexão combinadas) (Sanchis et al., 2011: 348).

A fracturação devida à acção de carnívoros, resulta da aplicação de uma força estática através dos dentes, com um gradual aumento da pressão exercida até resultar na fracturação, normalmente associada a outros indicadores tafonómicos, como liking e marcas de dentes de diferentes morfologias. Carnívoros osteófagos podem servir-

Page 51: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 50 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 50 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

-se de mordidas cinéticas em vez de estáticas para fracturar elementos ósseos (Wroe et al., 2005: 623; referindo-se a hienas, Domínguez--Rodrigo e Barba, 2006: 187). Conforme Alcántara García et al. (2006: 42-43), os planos de fractura realizados por pressão estática apresentam uma maior tendência para se aproximar de ângulos de 90º, estando sobretudo abrangidos pela variação 85º-110º. Não obstante, comprovou-se que em certos casos a fracturação dinâmica pode criar uma tendência para ângulos perto dos 90º (de Juana e Domínguez--Rodrigo, 2011: 1006-1007). Para além das referidas características biomecânicas e biológicas dos elementos ósseos, deverão ser tidos em conta outros factores que podem influenciar a intensidade da fracturação por carnívoros, como aspectos biológicos (comportamento, dentição, pressão trófica), época do ano, condição prévia (e.g., descarnado, fracturado), entre outros (Haynes, 1980; Binford, 1981; Blumenschine, 1986, 1987; Marean e Spencer, 1991; Blumenschine e Madrigal, 1993; Pinto e Andrews, 2004; Stiner, 2004; Alcántara García et al., 2006).

Estampa 1: Exemplos de a)

fracturação dinâmica antrópica

em metacarpo de Bos taurus da Gruta

de Nossa Senhora das Lapas; b)

incisões em porção distal de úmero de Sus sp. da camada

D da Gruta do Cadaval; c) fracturação

dinâmica antropogénica em

úmero de Sus sp. da Eapargueira/Serra

das Éguas; d) fracturação por flexão em osso

plano de GP2/3 da Gruta do Morgado

superior.

Page 52: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 51 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 51 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

De forma a realizarmos uma aproximação preliminar ao grau de fracturação/fragmentação dos diferentes conjuntos (Cáceres, 2002; Outram, 2001, 2004; Outram et al., 2005; Costamagno et al., 2010), optámos pelo uso de Categorias de Dimensões Máximas (CDMs) que aumentam consecutivamente por cada centímetro (e.g., D1 = >0 – <1 cm; D2 = >1 – 2< cm, ...). Estas categorias serão confrontadas com os respectivos Grupos de Peso (GPs), sempre que for possível aferir os mesmos, independentemente do grau de identificabilidade do fragmento, assim permitindo averiguar aspectos relacionados com fracturação/fragmentação diferencial segundo GPs (Yeshurun et al., 2007 e referências citadas).

Conforme Villa e Mahieu (1991), no seguimento de Bonnichsen (1979), Myers et al., (1980), Bunn (1983) e Johnson (1985), foram tidas em conta as características morfométricas dos planos de fractura, nomeadamente a delineação em relação ao eixo longitudinal do osso (transversal, longitudinal, oblíqua), o ângulo formado pelas fracturas (oblíquo, recto, misto) e a sua superfície (suave, irregular). Esta análise foi apenas implementada em fracturas localizadas em tecido cortical, uma vez que as localizadas em tecido cortical delgado e canceloso não são tidas como diagnósticas; não se procedeu à análise de restos de indivíduos muito jovens (Villa e Mahieu, 1991: 35). A longitude dos espécimes diafisários foi englobada em Categorias de Longitude (CLs): A (<¼),B (≥¼ e <½), C (≥½ e <¾) e D (≥¾); e a secção/circunferência em Categorias de Secção (CSs): A (≥⅔), B (<⅔ e ≥⅓) e C (<⅓). Foram registados indicadores tafonómicos de fracturação antrópica como os impactos de percussão, contragolpes/abrasões, cones de percussão e estigmas variados (estrias, perfurações, extracções corticais/medulares).

3.2. Marcas de corte “Frequencies of striae are (...) some randomly-filtered reflection

of the human behaviors which produced them”Lyman, 1995: 250

Existe um amplo número de publicações que tratam o desmanche de carcaças animais desde uma perspectiva experimental, etnográfica ou arqueológica (e.g., Binford, 1978, 1981; Jones, 1980; Bunn e Kroll, 1986; Mechin, 1987; Gifford-Gonzalez, 1989; Rixson, 1989; van Wijngaarden-Bakker, 1990; Oliver, 1993; Beyries, 1993, 1997; Lupo, 1994; Lyman, 1995; Burke, 2000 Nilssen, 2000; Cáceres, 2002; Lupo e O’Connell, 2002; Egeland, 2003; Domínguez-Rodrigo e Barba, 2005; Seetah, 2006; Igreja et al., 2007; Braun et al., 2008; Blasco e Fernández Peris, 2009; Lloveras et al., 2009a; Val e Mallye, 2011; Sanchis, 2012; Lenke, 2013).

As marcas de corte são a “evidência” do “processo” de desmanche (Seetah, 2008: 137) que apresenta menos problemas de equifinalidade (Lyman, 1994a). As marcas de corte são epifenómenos, resultados fortuitos do comportamento humano (Lyman, 2005: 1729). Normalmente são diferenciáveis de outras modificações (e.g., vermiculações ou marcas de pisoteio) ou características anatómicas (e.g., sulcos vasculares) (Shipman e Rose, 1984; Blumenschine et al., 1996; Domínguez-Rodrigo et al., 2009, 2010). Caracterizam-se como

Page 53: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 52 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 52 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

sendo estrias (geralmente) lineares de dimensões variáveis, com secção em V, podendo apresentar estrias em “forma de cauda de cometa”, micro-estrias paralelas ao eixo longitudinal do osso, inclusive fora da própria marca de corte (shoulder effect), ou cones hercinianos passíveis de se verificarem nas faixas laterais da estria central (Binford, 1981; Potts e Shipman, 1981; Shipman, 1981; Shipman e Rose, 1983; Bromage e Boyde, 1984). Nas últimas décadas realizaram-se trabalhos experimentais dedicados à obtenção de características diagnósticas que permitam distinguir marcas de corte realizadas com diferentes tipos de utensílios e matérias-primas (Greenfield, 1999, 2005, 2006; Seetah, 2006; Bello e Soligo, 2008; Domínguez-Rodrigo et al., 2009; de Juana et al., 2010), assim como melhor compreender a existência de marcas de dentes sobrepostas a marcas de corte (Blasco e Rosell, 2009), permitindo compreender a sequência de acção de hominídios e carnívoros (Potts e Shipman, 1981; White e Tooth, 2007: 282-284).

Da mesma forma que a presença de impactos de percussão não corresponde ao número original de movimentos (Pickering e Egeland: 2006, 466-467), a presença de marcas de corte não reflecte a intensidade de processamento (Egeland, 2003) ou o número de movimentos/cortes; muitas marcas de corte apenas comparecem no periosteum (Shipman e Rose, 1983:70); a sua superficialidade ou o atrito diagenético podem levar ao seu desaparecimento (Cáceres, 2002: 46), o mesmo sucedendo com a abrasão sedimentar (Shipman e Rose, 1983:79).

Questões relacionadas com a existência de uma correlação quantitativa entre o peso absoluto de carne e o número de marcas de corte decorrentes do seu processamento têm sido discutidas na literatura zooarqueológica (e.g., Binford, 1986; Bunn e Kroll, 1986; Domínguez-Rodrigo, 1997, 2003; Lupo e O’Connell, 2002). Segundo diversos autores, o tamanho de uma carcaça afecta as percentagens de marcas de corte (e.g., Lupo e O’Connell, 2002: 99; Domínguez-Rodrigo, 2003: 381-382). Ainda que os dados não sejam completamente concordantes (e.g., Egeland, 2003; Domínguez--Rodrigo e Barba, 2005), informações actualistas obtidas recentemente indicam que: i) a frequência de marcas de corte não está relacionada com a proporção de carne presente antes do esquartejamento, e ii) existe uma relação entre a frequência de marcas de corte e o tamanho da carcaça, com um incremento das primeiras relativamente ao aumento da segunda (Pobiner e Braun, 2005: 117; Domínguez--Rodrigo e Yravedra, 2009: 889-891). Ainda que preliminar devido à amostra reduzida, Dewbury e Rusell (2007) demonstraram uma menor quantidade de marcas de corte produzidas durante o desmanche com utensílios de obsidiana, comparativamente a sílex; na sua experimentação com peixes, Willis et al. (2008) produziram mais marcas de corte com utensílios líticos do que com metálicos. Segundo Domínguez-Rodrigo e Yravedra (2009), tendo como base o estudo estatístico de vários conjuntos arqueofaunísticos, o melhor meio de estimar frequências de marcas de corte é através da percentagem de espécimes de osso longo com marcas de corte, salientando-se ainda o tamanho das carcaças e o implemento utilizado.

Os conhecimentos actuais permitem, de uma forma geral, relacionar marcas de corte com as variadas acções incorporadas nos

Page 54: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 53 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 53 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

diferentes estágios de desmanche das carcaças de animais, i.e., a sua “tipologia funcional” ou functional meaning (Bunn, 1991: 449) (Tabela 2). Conforme Lyman (1987: 711) é necessária precaução pois presumir a função de uma marca de corte tendo como base a sua localização geral anatómica é inadequado. Dever-se-á ter em conta que diversos aspectos podem modificar a posição de cada estágio no global do processamento de uma carcaça, pelo que os resultados podem variar. A localização das marcas de corte também não está intrinsecamente relacionada com uma única actividade do processo de esquartejamento, i.e., certas marcas de corte, tendo em conta a sua morfologia e localização, poderão dever-se a diferentes etapas.

Tabela 2: Diferentes estágios de processamento/desmanche de uma carcaça animal, sua descrição e principais resultados. Baseado em estudos experimentais por nós desenvolvidos e em Binford, 1978, 1981; Bunn e Kroll, 1986; Nilssen, 2000; Pobiner et al., 2008 e referências citadas.

As marcas de corte e os padrões que ocasionam estão dependentes de uma conjugação diferencial de vários aspectos: forma, tamanho, peso, condição da carcaça, condições ambientais, condicionantes tecno-culturais, experiência dos participantes, objectivos, material utilizado, posterior acção de carnívoros e atrito diagenético, entre outros (e.g., Bunn, 1991; Lyman, 1995; Domínguez-Rodrigo, 2002; Lupo e O’Connell, 2002; Dewbury e Rusell, 2007; Padilla, 2008; Domínguez-Rodrigo e Yravedra, 2009; Lloveras et al., 2009a; Val e Mallye, 2011).

Ainda que a interpretação das marcas de corte no que concerne ao comportamento humano ou a uma possível representatividade de um padrão cultural seja problemática (Fernández--Jalvo e Andrews, 1999: 587; Abe et al., 2002: 644; Lyman, 2005:

Page 55: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 54 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 54 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

1728), o estudo dos diferentes estágios de processamento de uma carcaça animal podem facultar importantes informações para a compreensão de padrões de acesso, processamento e consumo (e.g., Binford, 1978; Bunn e Kroll, 1986; Shipman, 1986; Bunn e Ezzo, 1993; Rixson, 1989; Domínguez-Rodrigo, 1999a).

Tabela 3: Tipologia de

marcas de corte de acordo com o

tipo de movimento e

acção. Baseado em Binford, 1981;

Potts e Shipman, 1981; Shipman e Rose, 1983; Noe-

Nygaard, 1989; Fisher, 1995;

Lyman, 2008.

Existem actualmente diversos métodos para registar e apresentar os estudos de marcas de corte (Abe et al., 2002: 645-646). Neste trabalho, as marcas de corte foram registadas de acordo com a sua tipologia (incisões, golpes, raspados, serrados – Tabela 3), localização (porção, superfície), orientação (longitudinal, transversal, oblíqua), disposição (isolada, agrupadas, paralelas, perpendiculares) e dimensão máxima (obtida com um paquímetro digital Lux). A apresentação dos resultados será feita de forma individual, tendo em conta os diversos indicadores referidos. Um vez que o uso de frequências totais de espécimes com marcas de corte não é considerado como representativo de comportamento aliado ao desmanche (Domínguez-Rodrigo e Yravedra, 2009: 892), implementaremos também uma análise qualita‐tiva.

3.3. Indicadores tafonómicos de consumo“(...) at this stage of their research program, zooarchaeologists are more

likely to face problems of equifinality than in the previous stage.”Gifford-Gonzalez, 1991: 217

As marcas de dentes, associadas a outros aspectos comportamentais, são um dos indicadores tafonómicos mais informativos para realizar inferências acerca da formação dos registos arqueofaunísticos. Tratam-se de estrias sinuosas com secção transversal em U, i.e., fundo plano ou

Page 56: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 55 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 55 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

aplanado, morfometricamente variável, com uma propensão para a presença de bordos arredondados (Tabela 4) (Binford, 1981; Haynes, 1980, 1983b; Maguire et al., 1980; Bunn, 1981; Blumenschine, 1988; Selvaggio e Wilder, 2001; Domínguez-Rodrigo, 2002; Domínguez--Rodrigo e Piqueras, 2003; Landt, 2004, 2007; Delaney-Rivera et al., 2009; Saladié, 2009).

Tabela 4: Morfotipologia de marcas de dentes implementada.

Estas características permitem diferenciar as marcas de dentes de outros indicadores tafonómicos, contudo, é necessária uma aproximação configuracional (Domínguez-Rodrigo e Barba, 2006: 177). A variação que as marcas de dentes podem apresentar e o tipo/intensidade de consumo estão relacionados com factores como as características do agente actuante (e.g., etologia, idade – Andrés et al., 2012; biomecânica da mordida – Wroe et al., 2005), a pressão trófica, as características biológicas e morfológicas do tecido ósseo onde são realizadas, o tipo de acesso aos restos e o estado destes aquando do acesso.

Page 57: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 56 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 56 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Numa perspectiva contextual (morfotipologias, características métricas, localização, padrões de consumo, intensidade), diversas publicações discutem o resultado do consumo de carcaças animais. Para o presente estudo deu-se especial atenção aos resultados da acção antrópica (Brain, 1969; Binford, 1978, 1981; Maguire et al., 1980; Jones, 1983; Oliver, 1993; White, 1992; Elkin e Mondini, 2001; Landt, 2004, 2007; Cáceres et al., 2007; White e Tooth, 2007; Blasco e Fernández Peris, 2009; Delaney-Rivera et al., 2009; Saladié, 2009; Fernández-Jalvo e Andrews, 2011; Andrés, 2012; Saladié et al., 2013), de suídeos (Greenfield, 1988; Domínguez-Solera e Domínguez--Rodrigo, 2008; Saladié, 2009), canídeos (Haynes, 1980, 1983b, 1985; Binford, 1981; Stalibrass, 1984, 1990; Payne e Munson, 1985; Elkin e Mondini, 2001; Domínguez-Rodrigo e Piqueras, 2003; Coard, 2007; Campmas e Beauval, 2008; Delaney-Rivera et al., 2009; Yravedra et al., 2011; Andrés, 2012; Krajcarz e Krajcarz, 2012; Sala et al., 2014), felídeos (Moran e O’Connor, 1991/1992; Selvaggio e Wilder, 2001; Coard, 2007; Delaney-Rivera et al., 2009; Andrés, 2012), mustelídeos (Mallye, 2011; Mallye et al., 2008), roedores (Maguire et al., 1980; Brain, 1981; Shipman e Rose, 1983) e herbívoros osteófagos (Sutcliffe, 1973; Brothwell, 1976; Barrette, 1985; Cáceres et al., 2011).

As características métricas das marcas de dentes explícitas (conspicous) permitem diferenciar três grupos de carnívoros: pequenos, médios e grandes (Domínguez-Rodrigo e Piqueras, 2003). Parece existir uma correlação entre comprimento e largura de depressões/mordiscos (Selvaggio e Wilder, 2001; Domínguez-Rodrigo e Piqueras, 2003; Delaney-Rivera et al., 2009). A correlação entre massa corporal e dimensões das marcas de dentes é geralmente fraca, verificando-se uma importante sobreposição entre taxa de diferentes tamanhos (Selvaggio e Wilder, 2001; Domínguez-Rodrigo e Piqueras, 2003; Delaney-Rivera et al., 2009; Saladié, 2009). A correlação positiva mais forte é verificável nos mordiscos/depressões em epífises, seguidos por metáfises; quanto aos sulcos, a maior correlação é verificada em metáfises, seguidas por epífises (Delaney-Rivera et al., 2009). Segundo Delaney-Rivera et al. (2009), as marcas de dentes (mordiscos, depressões, sulcos) em diáfises apresentam a menor correlação entre massa corporal e dimensões. A ampliação das amostras existentes demonstra a existência de importantes ambiguidades no uso das dimensões de marcas de dentes em epífises (Andrés et al., 2012: 217). Os dados obtidos indicam que pequenos carnívoros e omnívoros podem mais facilmente ser diferenciados de grandes carnívoros através de comparações do comprimento de mordiscos em tecido cortical; quanto aos sulcos, a sua largura permite distinguir entre pequenos e grandes carnívoros (cf. Domínguez-Rodrigo e Piqueras, 2003: 1386; Coard, 2007: 1680). As duas variáveis estatisticamente significantes quanto às dimensões das marcas de dentes seriam o tamanho do carnívoro (pequeno, grande) e da carcaça.

Quanto às marcas de dentes antrópicas, Brain (1969) salientou a capacidade de a acção antrópica causar danos consideráveis durante o consumo de elementos de uma ovelha imatura cozinhada. As suas observações permitiram evidenciar a destruição de epífises proximais (Brain, 1969: 16), também indicada em outros estudos etnográficos (Jones, 1983; Oliver, 1993) e experimentais (Saladié, 2009; Saladié et al., 2013), que se assemelha ao resultado da acção de

Page 58: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 57 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 57 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

canídeos, os quais roem os ossos longos gradualmente, principiando pelo consumo das epífises e depois consumindo as metáfises e/ou fracturando por pressão estática as metáfises e diáfises (Haynes, 1980, 1983b, 1985; Binford, 1981; Campmas e Beauval, 2008; Yravedra et al., 2011; Sala et al., 2014). Conforme Binford (1978, 1981), mordiscos e outras modificações dos bordos de elementos ósseos são resultado comum da acção antrópica; por sua vez, as perfurações seriam raras e os sulcos inexistentes. Trabalhos desenvolvidos com pequenos mamíferos demonstraram que os principais tipos de dano antrópico são bordos crenulados, depressões, mordiscos e sulcos (Landt, 2004, 2007). Segundo este autor, as marcas de dentes causadas por carnívoros e humanos em pequenas presas podem apresentar tamanhos similares.

Focando os estudos experimentais, Saladié (2009; Saladié et al., 2013) realizou experimentações de consumo antrópico com elementos crus e cozinhados, tendo obtido resultados concordantes com Binford (1981) relativamente à quantidade e intensidade de marcas de dentes. Na amostra de elementos cozinhados, ainda que mais frágeis, os elementos ósseos apresentam menos marcas de dentes devido a uma menor força exercida para arrancar a carne (Saladié, 2009: 360; Saladié et al., 2013). Evidenciou-se uma grande variabilidade de modificações, com as maiores a ocorrerem em ossos frágeis, como vértebras, escápulas e ossos longos de indivíduos imaturos. A perca de tecido esponjoso comparece em diferentes intensidades (sobretudo leve) e os bordos crenulados e irregulares, comuns em escápulas, pélvis, costelas e vértebras, podem apresentar morfologias em arco ou entalhes quadrangulares. Os ossos planos (sobretudo costelas) apresentam fendas longitudinais com possíveis abaixamentos. Demonstrou-se que a alteração do tecido ósseo pode dar-se em áreas concentradas, principalmente em ossos planos (Saladié, 2009: 363-364). Os resultados obtidos (Saladié, 2009: 364-365), demonstram que as marcas explícitas têm menor incidência comparativamente a outros taxa, sendo tendencialmente superficiais (sobretudo os sulcos). A secção transversal dos sulcos pode apresentar morfologias quadrangulares e em U, fundos escalonados e um recorrido descontínuo, por vezes com micro-sulcos. As depressões apresentam perímetros angulosos e as perfurações são pouco comuns, ambas podendo apresentar uma fractura incompleta do seu perímetro e secções transversais com morfologias em V. Do ponto de vista métrico, as marcas de dentes antrópicas são similares às de pequenos canídeos ainda que, ocasionalmente, se verifiquem depressões de dimensões superiores. Outros estudos experimentais e etnoarqueológicos de consumo humano publicados por Fernández-Jalvo e Andrews (2011: 121) indicam a ocorrência de extremidades dobradas em costelas e apófises de vértebras, perfurações em duplo arco e depressões de morfologias triangulares. À semelhança do indicado por Saladié (2009), estes autores relevam a ocorrência de sulcos lineares superficiais, distinguíveis dos originados por carnívoros (Fernández-Jalvo e Andrews, 2011: 121).

No que concerne à acção de carnívoros, estes consomem as carcaças em sequências padronizadas (Haynes, 1980, 1983b; Binford, 1981; Blumenschine, 1986, 1987; Domínguez-Rodrigo, 1999b). Em contextos holocénicos são de salientar os canídeos, em especial Canis lupus e Canis familiaris, que comparecem usualmente nos registos arqueofaunísticos, sendo de ter em conta a sua influência na formação

Page 59: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 58 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 58 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

dos mesmos, inclusive após a influência antrópica (e.g., Atici, 2006). Experimentações naturalistas demonstraram que o impacto do consumo por Canis lupus depende do número de eventos de consumo e tamanho das carcaças (Yravedra et al., 2011). Em presas >400 kg as modificações são baixas, com pouca fracturação, preservação de epífises, marcas de dentes em extremidades de costelas, apófises de vértebras, escápulas, pélvis, elementos apendiculares superiores e secções proximais de elementos intermédios; em presas de 120-150 kg dá-se uma maior destruição associada a um consumo mais intenso e ao aumento das dimensões e frequências de marcas de dentes, ocorrendo o consumo de epífises e a criação de cilindros diafisários (Yravedra et al., 2011: 62-63). Para além do consumo gradual dos elementos ósseos associados a depressões, Canis lupus pode gerar várias outras tipologias de marcas de dentes, destacando-se mordiscos e sulcos em diáfises de ossos longos (Sala et al., 2014). A acção de raposas não está bem estudada mas estudos experimentais permitiram observar morfotipologias similares à acção antrópica (sulcos, mordiscos, perfurações) (Elkin e Mondini, 2001: 259).

Quanto aos gatos domésticos, experimentações de consumo de ossos de ovelha indicam uma pequena destruição de áreas particulares dos elementos, usualmente limites ou protuberâncias, associada a marcas de dentes; longe destas áreas concentradas de danos,

Estampa 2: Exemplos de a) indicadores de

fervura em costela de GP4 e b) osso

plano de GP3/4 da Gruta de Nossa

Senhora das Lapas; c) sulco antrópico

em costela de GP2 da camada C da

Gruta do Cadaval e d) em fragmento de

ulna de GP2/3 da Gruta do Morgado

superior.

Page 60: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 59 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 59 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

evidenciaram-se mordiscos e perfurações isoladas (Moran e O’Connor, 1991/1992). Morfologicamente, as marcas de dentes apresentam margens claramente definidas e estreitas relativamente à sua profundidade, não sendo comum a destruição considerável de elementos ósseos (Moran e O’Connor, 1991/1992: 28-29).

Os indicadores tafonómicos de consumo por suídeos apresentam poucos estudos. Os porcos preferem ossos de espécies mais pequenas e ossos/porções com maior conteúdo de tecido esponjoso (Greenfield, 1988). As modificações são comparáveis às de outros carnívoros e o grau de destruição está bastante dependente do tamanho da carcaça e tamanho/idade dos suídeos, podendo destruir completamente elementos de cordeiro e porco, e causar modificações moderadas a intensas (sem fracturação) em elementos de vaca (Greenfield, 1988; Domínguez-Solera e Domínguez-Rodrigo, 2008; Saladié, 2009). As marcas criadas pelos incisivos apresentam uma forma de pá (Greenfield, 1988: 478), largas mas superficiais comparativamente às criadas pelas cúspides dos pré-molares ou molares (Domínguez-Solera e Domínguez-Rodrigo, 2008). Os sulcos são a tipologia mais comum, sobretudo em diáfises de ossos longos, apresentando uma disposição transversal, agrupada e paralela, com secções quadrangulares em U (Saladié, 2009). Trabalhos experimentais desenvolvidos por Saladié (2009: 238-239) permitiram indicar: i) uma maior intensidade de modificações em elementos ósseos de talha pequena; ii) uma grande variabilidade de modificações mas uma intensidade e frequência menor relativamente à produzida por outros carnívoros; iii) existência (ainda que não habitual) da possibilidade de fracturação de ossos de animais de porte pequeno e produção de fracturas dentadas; iv) destruição de tecido esponjoso em grau leve a moderado em epífises e vértebras; v) produção de bordos crenulados em ossos planos; vi) presença de esfoliações leves a muito fortes nas diáfises de ossos longos.

Os herbívoros osteófagos mordiscam elementos ósseos, preferencialmente com secção rectangular, i.e., metapódios, tíbias e rádios (Cáceres et al., 2011). Após a introdução longitudinal dos elementos na boca, os herbívoros fazem movimentos “tipo-serra” ou em ziguezague resultando numa morfologia de forquilha com as extremidades arredondadas (Sutcliffe, 1973) e abundantes estrias (Brothwell, 1976). Cáceres et al. (2011: 2769-2770) definiram os seguintes estádios de alteração devidos à acção de herbívoros: i) estrias transversais superficiais, concentradas e sobrepostas em epífises, com a área medial do elemento sem modificações ou com estrias isoladas; ii) estádio intermédio, as estrias podem não ser facilmente distinguidas sendo comum o desgaste cortical e fragmentação nas epífises, exposição de tecido esponjoso com o desaparecimento inicial da área central do bordo anatómico ou do fragmento que se destacou; iii) a destruição ocasionada resulta no aparecimento da morfologia em forquilha, com a superfície da área modificada a apresentar-se irregular e áspera, e os bordos arredondados e polidos.

Metodologicamente, as marcas de dentes conspícuas e inconspícuas (sensu Blumenschine, 1988, 1995) e restantes indicadores tafonómicos foram registados consoante a sua tipologia, orientação (longitudinal, transversal, oblíqua) e disposição (isolada, agrupadas,

Page 61: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 60 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 60 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

paralelas, perpendiculares) se aplicáveis, dimensões máximas (comprimento, largura), taxa (ou GPs) e localização (porção, face, tecido). As dimensões máximas (incluindo os lascamentos das margens, sensu Delaney-Rivera et al. (2009: 2599-2600) foram obtidas recorrendo a um paquímetro digital Lux quando tal se demonstrava suficiente, ou através do programa MicroCapture© associado ao uso de um microscópio digital quando apresentavam dimensões muito reduzidas. As modificações adscritas como “marcas de dentes” analisadas metricamente não apresentavam características que pudessem indicar uma origem não-biótica; nesses casos foram desconsideradas nas medições das dimensões máximas (cf. Andrés et al., 2012: 211). Visto que a densidade óssea está relacionada com o tamanho das marcas de dentes, foram tidas em conta as diferentes densidades ósseas (tecido cortical, cortical delgado e canceloso) tendo como base a sua distinta resistência à penetração pelos dentes (Selvaggio e Wilder, 2001; Delaney-Rivera et al., 2009).

3.3.1. Pequenas presasDaremos uma especial atenção aos estudos sobre consumo e

acumulação de restos leporídeos (Tabela 5) porquanto representam uma importante componente da alimentação de vários predadores da Península Ibérica (e.g., Jaksinc e Soriguer, 1981) e são comuns nos registos arqueo-paleontológicos holocénicos. As acumulações de restos de leporídeos podem estar relacionadas com uma origem antrópica, logo relacionadas com a aquisição, processamento e consumo; com uma origem exógena, i.e., relacionada com a predação; ou de origem intrusiva, resultante de mortalidade natural sensu lato, sem acção de predadores (Callou, 2003).

A bibliografia existente tem aumentado exponencialmente, existindo estudos para Canis latrans (Schmitt e Juell, 1994), Canis familiaris (Payne e Munson, 1985), Vulpes vulpes (Sanchis, 2000; Hockett e Haws, 2002; Mallye et al., 2008; Sanchis e Pascual, 2011; Krajcarz e Krajcarz, 2012; Lloveras et al., 2012), Lynx pardinus (Lloveras et al., 2008a, Rodríguez-Hidalgo et al., 2013, 2015), Leopardus geoffroyi (Álvarez et al., 2012), Meles meles (Mallye, 2011; Mallye et al., 2008), Bubo bubo (Sanchis, 2000, 2001; Yravedra, 2006; Lloveras et al., 2009b), Tyto alba (Hockett, 1991), Aquila chrysaetos (Schmitt, 1995; Hockett, 1996), Neophron percnopterus (Sanchis et al., 2010, 2014; Lloveras et al., 2014b), Aquila adalberti (Lloveras et al., 2008b), entre outros, assim como a aplicação destes dados actualistas em contextos arqueológicos (e.g., Hockett, 1995; Lloveras et al., 2010, 2011; Sanchis, 2012). Trabalhos que incidem sobre a acumulação antrópica de leporídeos ou os indicadores desta acção também têm proliferado (Hockett, 1991, 1995; Quirt-Booth e Cruz-Uribe, 1997; Hockett e Haws, 2002; Cochard, 2004; Pérez Ripoll, 2005; Sanchis e Fernández Peris, 2008; Yravedra, 2008; Lloveras et al., 2009a, 2011; Saladié, 2009; Rodríguez-Hidalgo et al., 2011; Sanchis et al., 2011; Sanchis, 2012).

As acumulações de restos não-ingeridos de leporídeos originadas por Lynx pardinus caracterizam-se por uma prevalência de restos pós-cranianos, presença abundante do esqueleto distal

Page 62: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 61 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 61 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

apendicular, maior sobrevivência de restos anteriores, altas percentagens de ossos completos mas, também, uma elevada fracturação de ossos longos associada a poucas marcas de dentes (Rodríguez-Hidalgo, 2013: 3036-3037). Estes resultados, excepto a baixa representação das marcas de dentes, são similares aos obtidos por Lloveras et al. (2012) em amostras não-digeridas de Vulpes vulpes. Conforme Sanchis (2000: 41), Vulpes vulpes consome preferencialmente o esqueleto axial, apenas actuando de forma secundária nas restastes zonas (Sanchis, 2000:41). Os dados obtidos por Lloveras et al. (2012: 585) indicam que a acção deste canídeo resulta em escassos restos do esqueleto axial, altas percentagens de espécimes distais posteriores e uma significativa incidência de marcas de dentes. Os elementos completos em amostras não-ingeridas apresentam frequências elevadas (>89%) e baixas em amostras ingeridas (entre 7,9% e 15%) (Lloveras et al., 2012: 581).

A acção de aves de rapina em carcaças de leporídeos resulta em um baixo número de cilindros diafisários, com puncturas isoladas ou múltiplas unifaciais; uma grande frequência de indivíduos juvenis e predomínio de espécimes dos membros anteriores são características destas acumulações (Hockett, 19991: 674). Neophron percnopterus apresenta baixos níveis de acumulação nos ninhos, associados a uma baixa fracturação, poucos restos com indicadores de digestão e percentagens altas de elementos completos (Lloveras et al., 2014b: 82). Estes resultados são similares aos obtidos por Sanchis et al. (2014), contudo, apresentam algumas divergências relativamente à representatividade anatómica.

Bubo bubo causa fracturação média e fracturas regulares com perfurações em planos de fractura (Sanchis, 2000; Yravedra, 2006). Os sítios de nidificação são caracterizados por altos valores na abundância relativa de espécimes esqueléticos posteriores, mais ossos posteriores que anteriores, e mais restos pós-cranianos que cranianos, porém estas características apresentam semelhanças com acumulações de aves de rapina e carnívoros terrestres (Lloveras et al., 2009b: 590).

Conforme Terry (2007: 210), as corujas produzem conjuntos caracterizados por uma maior representatividade de restos esqueléticos frágeis (escápula, rádio, ulna, costelas), enquanto as aves de rapina diurnas e mamíferos carnívoros apresentam uma maior representação de dentes. Relativamente aos padrões de fractura, uma clara distinção foi verificada entre corujas e aves de rapina diurnas/mamíferos carnívoros, com uma maior fragmentação nos conjuntos criados pelos últimos (Terry, 2007: 211).

3.3.2. Digestão parcialUm outro indicador a ter em conta em conjuntos

arqueofaunísticos é a presença de restos parcialmente digeridos, a qual se pode relacionar com várias espécies de carnívoros e, em última instância, pode resultar no total desaparecimento de elementos esqueléticos (Dodson e Wexlar, 1979; Andrews e Evans, 1983; Andrews, 1990).

Os indicadores diagnósticos englobam a dissolução bioquímica devida aos ácidos estomacais, uma aparência encolhida, planos/extremidades afiadas e finas, adelgaçamentos, desmineralizações,

Page 63: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 62 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 62 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Estudos desenvolvidos por Andrews e Evans (1983) com acumulações de pequenos mamíferos permitiram indicar que: Viverridae causam arredondamento moderado e pouca corrosão; Mustelidae resultam em arredondamento moderado e corrosão leve a moderada; Canidae originam muito arredondamento e corrosão severa. Estudos de excrementos de Canis lupus signatus demonstraram elevados graus de fracturação e escassos elementos completos (sobretudo articulares), com modificações bioquímicas em mais de 90% dos restos, destacando-se o polimento, arredondamento e adelgaçamento das

Tabela 5: Principais

indicadores de acumulações de

restos de leporídeos por

Bubo bubo (Lloveras et al., 2009b), Aquila

adalberti (Lloveras et al., 2008b), Lynx pardinus

(Lloveras et al., 2008a, Rodríguez-

Hidalgo et al., 2013, 2015), Vulpes vulpes

(Lloveras et al., 2012), Neophron

percnopterus (Sanchis et al.,

2014; Lloveras et al., 2014b).

Adaptado de Lloveras et al.,

2014b: 88. Ega: egagrópilas; Exc:

excrementos; N-i: não-ingeridos; Dig: digeridos; pat: patela; cal:

calcâneo; pel: pélvis; mt:

metatarso; fe: fémur; fal:

falange; ma: mandíbula: de:

dentes; cr: crânio; ast: astrágalo; lon:

ossos longos; sc: sacrum; ra: rádio;

ul: ulna; mtc: metacarpo; c/t: carpais/tarsais;

cos: costela; ver: vértebra.

ondulações, descamações e cúpulas (Sutcliffe, 1970; Maguire et al., 1980; Binford, 1981; Andrews e Evans, 1983; Payne e Munson, 1985; Andrews, 1990; Fernández-Jalvo e Andrews, 1992; Schmitt e Juell, 1994; Tappen e Wrangham, 2000; Esteban-Nadal et al., 2010; Marín-Arroyo e Margalida, 2012).

| ARKEOS 44 | 62 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Estudos desenvolvidos por Andrews e Evans (1983) com acumulações de pequenos mamíferos permitiram indicar que: Viverridae causam arredondamento moderado e pouca corrosão; Mustelidae resultam em arredondamento moderado e corrosão leve a moderada; Canidae originam muito arredondamento e corrosão severa. Estudos de excrementos de Canis lupus signatus demonstraram elevados graus de fracturação e escassos elementos completos (sobretudo articulares), com modificações bioquímicas em mais de 90% dos restos, destacando-se o polimento, arredondamento e adelgaçamento das

Tabela 5: Principais

indicadores de acumulações de

restos de leporídeos por

Bubo bubo (Lloveras et al., 2009b), Aquila

adalberti (Lloveras et al., 2008b), Lynx pardinus

(Lloveras et al., 2008a, Rodríguez-

Hidalgo et al., 2013, 2015), Vulpes vulpes

(Lloveras et al., 2012), Neophron

percnopterus (Sanchis et al.,

2014; Lloveras et al., 2014b).

Adaptado de Lloveras et al.,

2014b: 88. Ega: egagrópilas; Exc:

excrementos; N-i: não-ingeridos; Dig: digeridos; pat: patela; cal:

calcâneo; pel: pélvis; mt:

metatarso; fe: fémur; fal:

falange; ma: mandíbula: de:

dentes; cr: crânio; ast: astrágalo; lon:

ossos longos; sc: sacrum; ra: rádio;

ul: ulna; mtc: metacarpo; c/t: carpais/tarsais;

cos: costela; ver: vértebra.

ondulações, descamações e cúpulas (Sutcliffe, 1970; Maguire et al., 1980; Binford, 1981; Andrews e Evans, 1983; Payne e Munson, 1985; Andrews, 1990; Fernández-Jalvo e Andrews, 1992; Schmitt e Juell, 1994; Tappen e Wrangham, 2000; Esteban-Nadal et al., 2010; Marín-Arroyo e Margalida, 2012).

| ARKEOS 44 | 62 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Estudos desenvolvidos por Andrews e Evans (1983) com acumulações de pequenos mamíferos permitiram indicar que: Viverridae causam arredondamento moderado e pouca corrosão; Mustelidae resultam em arredondamento moderado e corrosão leve a moderada; Canidae originam muito arredondamento e corrosão severa. Estudos de excrementos de Canis lupus signatus demonstraram elevados graus de fracturação e escassos elementos completos (sobretudo articulares), com modificações bioquímicas em mais de 90% dos restos, destacando-se o polimento, arredondamento e adelgaçamento das

Tabela 5: Principais

indicadores de acumulações de

restos de leporídeos por

Bubo bubo (Lloveras et al., 2009b), Aquila

adalberti (Lloveras et al., 2008b), Lynx pardinus

(Lloveras et al., 2008a, Rodríguez-

Hidalgo et al., 2013, 2015), Vulpes vulpes

(Lloveras et al., 2012), Neophron

percnopterus (Sanchis et al.,

2014; Lloveras et al., 2014b).

Adaptado de Lloveras et al.,

2014b: 88. Ega: egagrópilas; Exc:

excrementos; N-i: não-ingeridos; Dig: digeridos; pat: patela; cal:

calcâneo; pel: pélvis; mt:

metatarso; fe: fémur; fal:

falange; ma: mandíbula: de:

dentes; cr: crânio; ast: astrágalo; lon:

ossos longos; sc: sacrum; ra: rádio;

ul: ulna; mtc: metacarpo; c/t: carpais/tarsais;

cos: costela; ver: vértebra.

ondulações, descamações e cúpulas (Sutcliffe, 1970; Maguire et al., 1980; Binford, 1981; Andrews e Evans, 1983; Payne e Munson, 1985; Andrews, 1990; Fernández-Jalvo e Andrews, 1992; Schmitt e Juell, 1994; Tappen e Wrangham, 2000; Esteban-Nadal et al., 2010; Marín-Arroyo e Margalida, 2012).

Page 64: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 63 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 63 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

superfícies e planos de fractura (Esteban-Nadal et al., 2010: 2965; Esteban-Nadal, 2012: 3212). No que concerne aos leporídeos (Tabela 5), Vulpes vulpes originam elevadas percentagens de restos digeridos em graus elevados e extremos (Lloveras et al., 2012). Em acumulações de Lynx pardinus predominam os restos com grau forte de digestão (Lloveras et al., 2008a). As alterações químicas resultantes da ingestão de restos por Bubo bubo não apresentam padrões muito intensos, sendo raras as corrosões ou desmineralizações (Yravedra, 2006); nas duas amostras estudadas por Lloveras et al. (2009b), os restos digeridos não alcançavam os 70%, predominando a digestão leve. Quanto a Aquila adalberti, estes indicadores verificam-se em 98% dos restos, predominando os graus moderado a forte nos ossos, e forte a extremo nos dentes (Lloveras et al., 2008b).

Estampa 3: Exemplos de a) alterações mecânicas por carnívoros em fragmento diafisário de GP1 e b) fémur de Oryctolagus cuniculus da Gruta do Morgado superior; c) alteração mecânica por carnívoros em pélvis de Oryctolagus cuniculus da Cueva de Los Postes; d) sulcos produzidos por suídeos em metacarpo de Capra hircus da Gruta de Nossa Senhora das Lapas.

Page 65: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 64 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 64 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

No presente trabalho, a presença de restos parcialmente digeridos foi registada. No caso de se tratarem de fragmentos de animais de GP1, optámos por seguir os graus definidos em Lloveras et al. (2008b) que, no seguimento dos trabalhos de Andrews (1990) e Fernández-Jalvo e Andrews (1992), definem cinco graus de digestão: nulo (0), leve (1), moderado (2), forte (3), extremo (4).

3.4. Termo-alterações“Cooking is perhaps the most common pre-burial taphonomic

transformation that occurs to bone, yet it is still one of the least understood.”

Robert et al., 2002: 485

3.4.1. QueimaO uso do fogo para processar alimentos é um dos passos mais

relevantes na evolução humana devido aos óbvios benefícios que trouxe (e.g., Stahl et al., 1984; Oliver, 1993; Wandsnider, 1997; Carmody e Wrangham, 2009). Apesar de as estratégias disponíveis serem variadas (e.g., Nelson, 2010 e referências citadas), os três estádios principais pelos quais um osso passa quando é aquecido são: i) a água é fervida e evaporada; ii) combustão da matéria orgânica; iii) modificação e decomposição da matéria mineral (Koon et al., 2003: 1393).

A análise do resultado de termo-alterações por contacto com fogo ou queima tem focado aspectos como as mudanças de tonalidades, morfologia microscópica, mudanças estruturais cristalinas e a contracção (Shipman et al., 1984; Pijoan et al., 2007; Ubelaker, 2008). Os dados decorrentes da análise macroscópica nem sempre encontram correlação com os microscópicos (Shipman et al., 1984: 307).

Desde os primeiros estudos relacionados com a queima em tecidos ósseos e dentários (e.g., Baby, 1954; Binford, 1963) que se tem procurado deduzir a duração, aquecimento ou tipo de queima a que os elementos ou espécimes foram sujeitos (Shipman et al., 1984: 308). Dados experimentais sugerem que ambos os materiais osteológicos e dentários apresentam uma pendência similar no que concerne às mudanças de tonalidades, indo desde tons amarelados e acastanhados até negros, azul-acinzentado e esbranquiçado (Shipman et al., 1984). Conforme Nicholson (1993), ossos de mamíferos e não-mamíferos seguem uma variação de tonalidades e mudanças morfológicas similares devido à queima, porém algumas variações são evidentes nas temperaturas de cada estádio. Os fragmentos mais pequenos apresentam uma pendência para exibirem mais dano pela acção do fogo (Stiner et al., 1995: 224) e as colorações uniformes podem ser relacionadas com a ausência de tecidos moles nas superfícies afectadas (Asmussen, 2009).

O uso das tonalidades per se não é suficiente para identificar quais as temperaturas atingidas mas pode ser usado para deduzir a variação das mesmas (Shipman et al., 1984; Spennemann e Colley, 1989; Devlin e Herrmann, 2007). A tonalidade pós-queima está

Page 66: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 65 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 65 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

relacionada com a forma e densidade do osso (Spennemann e Colley, 1989). Outros indicadores como superfícies craqueladas não podem ser considerados diagnósticos (Shipman et al., 1984; Nicholson, 1993; Hanson e Cain, 2007) e a própria diagénese pode ocasionar modificações na estrutura cristalina similares às documentadas em restos queimados (Shipman et al., 1984), existindo uma sobreposição entre a cristalinidade de amostras modernas de osso causada pela meteorização e a causada pela queima (Stiner et al., 1995). Mesmo as tonalidades apresentam-se problemáticas devido à possível influência do ambiente e seus minerais na coloração das superfícies dos espécimes (Shipman et al., 1984; Nicholson, 1993; Taylor et al., 1995), em especial óxidos de mangânes (Shahack-Gross et al., 1997). Uma vez que a carne insula os ossos durante o aquecimento, a preparação de carne com fogo poderá não resultar no aumento da temperatura do osso a níveis suficientes para ser detectada (Taylor et al., 1995: 116), sendo que numa experimentação desenvolvida por Hanson e Cain (2007) o osso nunca ultrapassou os 100 ºC devido ao efeito da insulação.

Resultados experimentais demonstraram que marcas de corte podem ser facilmente identificadas mesmo após a queima dos restos ósseos (Spennemann e Colley, 1989). Os ossos submetidos à acção do fogo apresentam uma maior tendência para a fragmentação (Stiner et al., 1995; Costamagno et al., 2005; Yravedra et al., 2005), sobretudo se estiverem em estado seco (Costamagno et al., 2010). Essa propensão não se deve unicamente à queima mas também à pressão, como por exemplo a decorrente do pisoteio (Stiner et al., 1995: 235), ou à posterior meteorização que fragmenta mais os restos (Gerbe, 2010) afectando a sua identificação (Morin, 2010). As superfícies de fracturas criadas previamente à termo-alteração normalmente mantêm-se suaves podendo ser consideradas evidência de fracturação antropogénica (Whyte, 2001).

Compreender se os restos foram queimados durante a confecção, pelo seu uso como combustível, se foram atirados para o fogo como desperdício ou queimados acidentalmente não é fácil (Spennemann e Colley, 1989; Nicholson, 1993; Bennett, 1999). Contudo, é comum que os restos ósseos sejam simplesmente deslocados ou atirados para o fogo e queimados (Jent, 1993). Contrariamente ao cozido, os grelhados não necessitam de um grande processamento dos restos, com os animais a poderem ser grelhados praticamente inteiros (Kent, 1993), ainda que excepções existam, por exemplo, no casos das costelas e outros elemento axiais (Oliver, 1993: 210-211). Observações etnoarqueológicas e estudos zooarqueológicos demontraram que, mesmo quando o grelhado é a principal forma de tratamento culinário, a representatividade de ossos queimados poderá ser bastante reduzida – <1% (Kent, 1993: 348).

As propriedades dos ossos para alimentar o fogo são relevantes: quanto mais alta a proporção de osso vs madeira, mais a combustão dura (éry-Parisot, 2002), existindo diferenças na combustão consoante o tipo de tecido ósseo (o tecido esponjoso é mais combustível que o cortical), teor de humidade e grau de fragmentação (éry-Parisot et al., 2005; Costamagno et al., 2005, 2010; Yravedra et al., 2005; Glazewski, 2006). O uso de ossos para alimentar fogo apresenta vantagens como economizar madeira, menor afectação pela

Page 67: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 66 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 66 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

humidade e eliminação de resíduos diminuindo o interesse de necrófagos; as desvantagens são de que não possibilitam iniciar o fogo e são necessárias importantes quantidades de ossos em estado fresco (Yravedra et al., 2005). Nas suas experimentações, Stiner et al. (1995) demonstraram que apenas ossos enterrados nos primeiros 5 cm abaixo da acção de fogo foram afectados pelo mesmo, atingindo no máximo a carbonização (Grau 3). Posteriormente, Bennett (1999) conclui que outros factores deverão ser tidos em conta na discussão da termo-alteração pós-enterramento, incluindo a condição prévia dos elementos, intensidade do aquecimento, duração da exposição e o tipo de sedimento. No presente trabalho foram seguidas as categorias definidas em Cáceres (2002), no seguimento dos trabalhos de Shipman et al. (1984), Nicholson (1993) e Stiner et al. (1995) para a classificação dos diferentes graus de queima, tendo como base a aparência macroscópica e tonalidade dos fragmentos (Tabela 6). Foi também tido em conta o escurecimento do interior dos ossos, quando possível de verificar, sendo um critério relevante porquanto o dano decorrente da queima normalmente estende-se profundamente no córtex (Stiner et al., 1995), sobretudo nos graus mais avançados, assim diferenciando-se da coloração superficial por minerais.

Tabela 6: Graus de dano devido à

queima.

3.4.2. FervuraFerver ossos com resíduos de carne é uma prática comum que,

apesar de facilitar a remoção de gordura e melhorar a qualidade nutricional da carne magra, é morosa (Lupo e Chmitt, 1997). O maior retorno nutricional resulta da medula óssea e gorduras (Lupo e Chmitt, 1997: 140), para além de outros benefícios associados à preparação da comida com recurso de tratamentos térmicos (Wandsnider, 1997). A carne que é fervida é principalmente de espécies com baixos rácios de lípidos/proteínas (Wandsnider, 1997: 12).

Se, por um lado, os animais mais pequenos podem ser cozidos completos, por outro lado, animais de maiores dimensões necessitam de segmentação podendo, inclusive, apresentar esmagamento decorrente da alta fracturação óssea e possível aumento de restos indetermináveis (Kent, 1993). A redução do tamanho dos ossos de forma a adequá-los para serem fervidos em recipientes é bastante relevante podendo levar ao seu esmagamento para práticas de extracção de gorduras (e.g., Binford, 1978; Oliver, 1993; Lupo e Schmitt, 1997) e outros micro-nutrientes solúveis em gordura (Church e Lyman, 2003). A fracturação de partes axiais de grandes carcaças facilita que sejam cozinhadas em recipientes, aumentando a extração de nutrientes

| ARKEOS 44 | 66 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

humidade e eliminação de resíduos diminuindo o interesse de necrófagos; as desvantagens são de que não possibilitam iniciar o fogo e são necessárias importantes quantidades de ossos em estado fresco (Yravedra et al., 2005). Nas suas experimentações, Stiner et al. (1995) demonstraram que apenas ossos enterrados nos primeiros 5 cm abaixo da acção de fogo foram afectados pelo mesmo, atingindo no máximo a carbonização (Grau 3). Posteriormente, Bennett (1999) conclui que outros factores deverão ser tidos em conta na discussão da termo-alteração pós-enterramento, incluindo a condição prévia dos elementos, intensidade do aquecimento, duração da exposição e o tipo de sedimento. No presente trabalho foram seguidas as categorias definidas em Cáceres (2002), no seguimento dos trabalhos de Shipman et al. (1984), Nicholson (1993) e Stiner et al. (1995) para a classificação dos diferentes graus de queima, tendo como base a aparência macroscópica e tonalidade dos fragmentos (Tabela 6). Foi também tido em conta o escurecimento do interior dos ossos, quando possível de verificar, sendo um critério relevante porquanto o dano decorrente da queima normalmente estende-se profundamente no córtex (Stiner et al., 1995), sobretudo nos graus mais avançados, assim diferenciando-se da coloração superficial por minerais.

Tabela 6: Graus de dano devido à

queima.

3.4.2. FervuraFerver ossos com resíduos de carne é uma prática comum que,

apesar de facilitar a remoção de gordura e melhorar a qualidade nutricional da carne magra, é morosa (Lupo e Chmitt, 1997). O maior retorno nutricional resulta da medula óssea e gorduras (Lupo e Chmitt, 1997: 140), para além de outros benefícios associados à preparação da comida com recurso de tratamentos térmicos (Wandsnider, 1997). A carne que é fervida é principalmente de espécies com baixos rácios de lípidos/proteínas (Wandsnider, 1997: 12).

Se, por um lado, os animais mais pequenos podem ser cozidos completos, por outro lado, animais de maiores dimensões necessitam de segmentação podendo, inclusive, apresentar esmagamento decorrente da alta fracturação óssea e possível aumento de restos indetermináveis (Kent, 1993). A redução do tamanho dos ossos de forma a adequá-los para serem fervidos em recipientes é bastante relevante podendo levar ao seu esmagamento para práticas de extracção de gorduras (e.g., Binford, 1978; Oliver, 1993; Lupo e Schmitt, 1997) e outros micro-nutrientes solúveis em gordura (Church e Lyman, 2003). A fracturação de partes axiais de grandes carcaças facilita que sejam cozinhadas em recipientes, aumentando a extração de nutrientes

Page 68: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 67 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 67 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

e diminuindo o tempo de cozedura devido ao aumento das áreas da superfície óssea; não existe uma correlação tão clara entre a frequência de fracturação de ossos do esqueleto apendicular e o tamanho da carcaça (Oliver, 1993: 211). Para além do tamanho do recipiente e dos elementos, outras variáveis, tais como o volume da cavidade medular e como esse volume influência a facilidade de consumir medula cozida ou não, devem ser tomadas em conta (Oliver, 1993: 212).

A identificação de fervura é problemática porque se trata de um tratamento dos ossos a temperaturas mais ou menos a 100ºC com presença de água, cuja assinatura físico-química pode ser mimitizada pela diagénese (Robert et al., 2002; Koon et al., 2003, 2010; Solari et al., 2015). As temperaturas mantêm-se suficientemente baixas para transformar a comida mas, paralelamente, para manter alguma humidade, contrariamente a outras práticas (Koon et al., 2010). Ao desregular o interface mineral-orgânico e aumentar a porosidade dos ossos, a fervura influencia bastante a sobrevivência óssea. Essa influência depende bastante da duração da fervura (Robert et al., 2002: 492) e a diagénese pode mascarar os seus indicadores (Solari et al., 2015). Experimentações realizadas por ompson e Lee-Gorishti (2007: 128) demonstraram que as superfícies ósseas de fragmentos diafisários apenas apresentam ligeiras modificações macroscópicas, enquanto que as porções esponjosas (metáfises e epífises) apresentam maiores modificações.

Após a remoção da medula óssea, carnívoros necrófagos normalmente ignoram os fragmentos diafisários, consumindo fragmentos perto-da-epífise (near ephyphisis) e porções esponjosas (Blumenshine, 1998, 1995; Marean e Spencer, 1991; Marean et al., 1992). Em conjuntos cujos ossos foram fervidos verifica-se uma diminuição da acção de carnívoros (Lupo, 1995). A acção de carnívoros é inferior em restos de leporídeos que foram fervidos comparativamente a outros assados (Ugan, 2010). Nos conjuntos com intenso fervimento (> circa 10 horas), nos quais os valores calóricos das porções proximais e distais se assemelham aos das diáfises, os carnívoros consomem genericamente mais fragmentos, tornando-se menos selectivos (ompson e Lee-Gorishti, 2007).

Observações realizadas por Bosch et al. (2011) através de SEM demonstraram que a morfologia da superfície óssea se torna progressivamente mais suave com a fervura. Tal deve-se ao facto de o colagénio se modificar com o tempo de fervura (Koon et al., 2003, 2010). Outra factor relevante, é o facto de que o processo de fervura parece reduzir a diagénese visto que estabiliza a estrutura, fechando a porosidade ao acesso de agentes degradantes (Bosch et al., 2011: 2569). A fervura apenas modifica a componente orgânica do osso, sendo este efeito observável a uma escala mícron como um amaciamento e suavização da superfície óssea (Bosch et al., 2011; Trujillo-Mederos et al., 2012). Não se verificam diferenças entre amostras humanas e não--humanas (Solari et al., 2015). A distinção entre ossos fervidos com água doce e salgada é possível, com a última a resultar numa morfologia fibrilar característica (Trujillo-Mederos et al., 2012: 1076-1077). Os estudos mais recentes demonstram a existência de uma sobreposição significante entre as observações macroscópicas e análises físico--químicas na identificação da presença de fervura (Solari et al., 2015).

Page 69: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 68 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 68 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

No presente trabalho, a identificação de possível fervura foi realizada unicamente com critérios macroscópicos e tendo em conta as observações com lupa binocular. Os critérios utilizados foram a mudança de cor e textura das superfícies ósseas (White, 1992; Botella et al., 2000; Hurlbut, 2000; Cáceres et al., 2007; Trujillo-Mederos et al., 2012; Solari et al., 2015). Uma particular atenção foi dada à presença de pot polish nas extremidades ósseas (White, 1992), i.e., abrasão tipo bisel unifacial com micro-estriação perpendicular ao eixo do ângulo resultante da fricção repetitiva do osso contras as paredes internas dos recipientes.

Os planos de fractura presentes em tecido cortical, apesar de ainda não claramente definidos, foram também tidos em conta quanto à sua delineação, ângulo e superfície (Villa e Mahieu, 1992), uma vez

Estampa 4: Exemplos de a)

primeira falange de GP2 com

digestão parcial da U.E.110 de Los

Barruecos; b) calcâneo de Oryctolagus

cuniculus com digestão parcial da

Cueva de Los Postes; c) incisivo

superior de Oryctolagus

cuniculus com digestão parcial da

Gruta do Morgado

superior; alteração mecânica em

astrágalos d) e calcâneos e) de

Bos taurus da U.E.188 de Los Barruecos.

| ARKEOS 44 | 68 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

No presente trabalho, a identificação de possível fervura foi realizada unicamente com critérios macroscópicos e tendo em conta as observações com lupa binocular. Os critérios utilizados foram a mudança de cor e textura das superfícies ósseas (White, 1992; Botella et al., 2000; Hurlbut, 2000; Cáceres et al., 2007; Trujillo-Mederos et al., 2012; Solari et al., 2015). Uma particular atenção foi dada à presença de pot polish nas extremidades ósseas (White, 1992), i.e., abrasão tipo bisel unifacial com micro-estriação perpendicular ao eixo do ângulo resultante da fricção repetitiva do osso contras as paredes internas dos recipientes.

Os planos de fractura presentes em tecido cortical, apesar de ainda não claramente definidos, foram também tidos em conta quanto à sua delineação, ângulo e superfície (Villa e Mahieu, 1992), uma vez

Estampa 4: Exemplos de a)

primeira falange de GP2 com

digestão parcial da U.E.110 de Los

Barruecos; b) calcâneo de Oryctolagus

cuniculus com digestão parcial da

Cueva de Los Postes; c) incisivo

superior de Oryctolagus

cuniculus com digestão parcial da

Gruta do Morgado

superior; alteração mecânica em

astrágalos d) e calcâneos e) de

Bos taurus da U.E.188 de Los Barruecos.

Page 70: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 69 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 69 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

que podem indiciar fracturação pós-termoalteração (Cáceres et al., 2002; Outram, 2002, 2004; Almeida et al., 2013).

3.5. Outros indicadores tafonómicos“Site formation is a process, rarely an event. Very few sites forme in only a few moments, or are preserved at once by rapid burial. Far more often, an

extended amount of time is involved in bone site formation and fossilization”

Haynes, 1988: 155

3.5.1. PisoteioO pisoteio é a pressão exercida pelo trânsito de agentes

biológicos no sedimento e restos aí presentes (Blasco et al., 2008: 1605), podendo ocorrer durante o enterramento parcial ou total dos restos (Lyman, 1994a). As modificações decorrentes do pisoteio podem ser espaciais (movimentação, rotação – Villa e Courtin, 1983; Gifford--Gonzalez et al., 1985) e físicas (fragmentação, modificação da superfície – Behrensmeyer et al., 1986; Olsen e Shipman, 1988). A movimentação horizontal normalmente ocorre enquanto o osso está na superfície, enquanto a vertical é mais comum e variável (Olsen e Shipman, 1988: 536). Experimentações em depósitos argilosos sugerem que um alto grau de inclinação poderá ser indicativo de pisoteio por agentes bióticos em detrimento de movimentações devidas a dinâmicas abióticas (Domínguez-Solera, 2010). A movimentação em profundidade está dependente de factores como a intensidade do pisoteio, compactação e tipo de ambiente sedimentar, tipo de cobertura dos objectos, seu peso e dimensão (Villa e Courtin, 1983; Eren et al., 2010).

As marcas de pisoteio são definidas como estrias de secção irregular com micro-estriação interna, similares a incisões feitas com implementos líticos (Behrensmeyer et al., 1986: 769). Outros indicadores decorrentes do pisoteio são: pequenas puncturas e pits em estriações finas, com certa similaridade com marcas de dentes de carnívoros (Gaudzinski-Windheuser et al., 2010); morfologias similares às lascas parasitas devido à fracturação antropogénica, porém enquanto as últimas normalmente apresentam lascamentos no lado medular, as devidas ao pisoteio apenas ocorrem no lado cortical (Blasco et al., 2008); o polimento das superfícies ósseas, o qual aumenta proporcionalmente ao aumento da granulometria do sedimento e está dependente da forma e estrutura dos elementos (Olsen e Shipman, 1988; Gaudzinski-Windheuser et al., 2010). Os entalhes devidos ao pisoteio são isolados ou em grupos de dois ou três entalhes consecutivos, com profundidades variáveis, podendo ou não estar associados a estrias nas superfícies ósseas (Blasco et al., 2008: 1614).

As marcas de pisoteio são mais pronunciadas nas superfícies em contacto directo com os sedimentos, afectando sobretudo áreas planas, arredondadas e/ou convexas dos ossos (Behrensmeyer et al., 1986). Conforme Haynes (1988: 152), a alteração das superfícies ósseas devido ao pisoteio contra o substracto ocorrem nas suas partes inferiores ou no lado em contacto com o pé dos animais. O pisoteio

Page 71: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 70 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 70 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

pode alterar significativamente as características de modificações prévias das superfícies ósseas, como as marcas de corte (Behrensmeyer et al., 1986; Gaudzinski-Windheuser et al., 2010). Ossos longos fragmentados por pisoteio fragmentam-se devido a falhas durante a flexão (Haynes, 1988: 147), sendo mais comum em elementos em estado seco ou semi-seco (Blasco et al., 2008) e meteorizados (Villa e Courtin, 1983; Andrews e Whybrow, 2005).

As estrias decorrentes do pisoteio normalmente encontram-se distribuídas por toda a superfície dos ossos, com orientações diversas podendo até intersectarem-se, sendo de dimensões reduzidas, superficiais, sem localização anatómica aparente mas em números altos e normalmente sem estriação paralela interna (Andrews e Cook, 1985; Behrensmeyer et al., 1986; Haynes, 1988; Olsen e Shipman, 1988). Ossos articulares apresentam menos modificações, provavelmente porque as suas dimensões levam-nos a serem rapidamente cobertos pelos sedimentos, movendo-se menos que os ossos longos (Olsen e Shipman, 1988: 543). Recentemente, Domínguez-Rodrigo et al. (2009: 2653) demonstraram que as marcas de pisoteio não têm necessariamente que apresentar uma base arredondada ou shoulder, não ocorrem sempre em maior número que as marcas de corte, nem estão orientadas de uma forma mais aleatória que as marcas de corte, pelo menos de forma estatisticamente significativa.

Alguns critérios contextuais podem servir para descartar marcas decorrentes do pisoteio: i) inexistência de areias e gravilhas no ambiente sedimentar; ii) inexistência de bioturbação, movimentação ou abrasão dos ossos que poderá relacionar-se com uma sedimentação autóctone rápida (Behrensmeyer et al., 1986). No presente estudo, a presença de indicadores de pisoteio foi registada qualitativamente, através da definição e implementação de 5 graus de afectação dos restos arqueofaunísticos (Tabela 7).

Tabela 7: Graus de afectação devido a

pisoteio.

3.5.2. Abrasão hídricaPara além da abrasão relacionada com o pisoteio, a abrasão

presente nos restos arqueofaunísticos pode ser hídrica ou eólica (Lyman, 1994a). A abrasão eólica diferencia-se da hídrica por originar fortes modificações (etching) nas superfícies expostas à acção do vento, com estas áreas a serem destruídas selectivamente como resultado da acção constante dos graus de areia (Brain, 1967: 99).

A abrasão hídrica, melhor estudada, cria diversos estádios de arredondamento e polimento nos elementos e espécimes (Shipman e Rose, 1988; Behrensmeyer, 1990, 1991), podendo resultar em diferentes tipos de estriações e entalhes (Fernández-Jalvo e Andrews, 2003) ou fragmentação, sobretudo em restos de pequenos mamíferos

| ARKEOS 44 | 70 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

pode alterar significativamente as características de modificações prévias das superfícies ósseas, como as marcas de corte (Behrensmeyer et al., 1986; Gaudzinski-Windheuser et al., 2010). Ossos longos fragmentados por pisoteio fragmentam-se devido a falhas durante a flexão (Haynes, 1988: 147), sendo mais comum em elementos em estado seco ou semi-seco (Blasco et al., 2008) e meteorizados (Villa e Courtin, 1983; Andrews e Whybrow, 2005).

As estrias decorrentes do pisoteio normalmente encontram-se distribuídas por toda a superfície dos ossos, com orientações diversas podendo até intersectarem-se, sendo de dimensões reduzidas, superficiais, sem localização anatómica aparente mas em números altos e normalmente sem estriação paralela interna (Andrews e Cook, 1985; Behrensmeyer et al., 1986; Haynes, 1988; Olsen e Shipman, 1988). Ossos articulares apresentam menos modificações, provavelmente porque as suas dimensões levam-nos a serem rapidamente cobertos pelos sedimentos, movendo-se menos que os ossos longos (Olsen e Shipman, 1988: 543). Recentemente, Domínguez-Rodrigo et al. (2009: 2653) demonstraram que as marcas de pisoteio não têm necessariamente que apresentar uma base arredondada ou shoulder, não ocorrem sempre em maior número que as marcas de corte, nem estão orientadas de uma forma mais aleatória que as marcas de corte, pelo menos de forma estatisticamente significativa.

Alguns critérios contextuais podem servir para descartar marcas decorrentes do pisoteio: i) inexistência de areias e gravilhas no ambiente sedimentar; ii) inexistência de bioturbação, movimentação ou abrasão dos ossos que poderá relacionar-se com uma sedimentação autóctone rápida (Behrensmeyer et al., 1986). No presente estudo, a presença de indicadores de pisoteio foi registada qualitativamente, através da definição e implementação de 5 graus de afectação dos restos arqueofaunísticos (Tabela 7).

Tabela 7: Graus de afectação devido a

pisoteio.

3.5.2. Abrasão hídricaPara além da abrasão relacionada com o pisoteio, a abrasão

presente nos restos arqueofaunísticos pode ser hídrica ou eólica (Lyman, 1994a). A abrasão eólica diferencia-se da hídrica por originar fortes modificações (etching) nas superfícies expostas à acção do vento, com estas áreas a serem destruídas selectivamente como resultado da acção constante dos graus de areia (Brain, 1967: 99).

A abrasão hídrica, melhor estudada, cria diversos estádios de arredondamento e polimento nos elementos e espécimes (Shipman e Rose, 1988; Behrensmeyer, 1990, 1991), podendo resultar em diferentes tipos de estriações e entalhes (Fernández-Jalvo e Andrews, 2003) ou fragmentação, sobretudo em restos de pequenos mamíferos

Page 72: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 71 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 71 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

(Korth, 1979; Fernández-Jalvo e Andrews, 2003). Relativamente às egagrópilas, a sua desintegração durante o transporte hídrico varia dependendo se estavam previamente secas ou húmidas (Fernández-Jalvo e Andrews, 2003). Os diferentes graus de afectação encontram-se relacionados com o tipo de partículas presentes na água, o estado prévio (e.g., fracturado, meteorizado) e características dos restos (e.g., morfologia e hidrodinâmica, densidade), a forma de transporte, turbulência e topografia (Behrensmeyer, 1975, 1990; Shipman e Rose, 1988; Cáceres, 1995, 2002; Fernández-Jalvo e Andrews, 2003). A acção dos cursos hídricos pode resultar em movimentações dos restos arqueofaunísticos relacionados com a sua posição intra-sítio, mas também afectando os registos através da intrusão de restos alóctones.

Tabela 8: Graus de afectação devido a abrasão hídrica (Cáceres, 1995, 2002).

Os elementos que tendem a ser mais facilmente transportados correspondem a elementos mais leves do esqueleto axial e cinturas, como vértebras, pélvis, costelas e escápulas, mas também do esqueleto apendicular distal (falanges); posteriormente, verifica-se o transporte de elementos do esqueleto apendicular proximal e distal, i.e., ossos longos, calcâneos e astrágalos; os elementos que requerem uma maior capacidade de transporte hídrico são as mandíbulas, dentes e tíbias (Dodson, 1973; Korth, 1979; Behrensmeyer, 1975; Fernández-Jalvo e Andrews, 2003). Algumas diferenças são visíveis no transporte de ossos completos e fragmentados ou, inclusive, entre taxa distintos (Boaz e Behrensmeyer, 1976; Shipman e Rose, 1988). No presente estudo, não se tendo verificado indicadores de abrasão eólica, foram implementados os graus de afectação definidos por Cáceres (1995, 2002) para o arredondamento e polimento devido à abrasão hídrica (Tabela 8).

3.5.3. MeteorizaçãoA meteorização corresponde a um conjunto de factores

atmosféricos que modificam as superfícies dos elementos, por vezes dificultando a sua correcta interpretação (Brain, 1967; Hill, 1976). Behrensmeyer (1978:153) define weathering como um processo pelo qual os componentes originais microscópicos orgânicos e inorgânicos de um osso são separados e destruídos por agentes físicos e químicos, in

Page 73: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 72 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 72 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

situ, quer na superfície quer dentro do solo. Paralelamente às mudanças nas propriedades físicas (Behrensmeyer, 1978; Andrews e Cook, 1985; Tappen, 1994) ocorrem mudanças químicas nos constituintes orgânicos e inorgânicos dos ossos (White e Hannus, 1983; Trueman et al., 2004), devidas a reacções sobrepostas controladas pelo conteúdo de água, acidez, oxigénio e cálcio do osso e solo (White e Hannus, 1983).

As características da meteorização são mais dependentes de factores ambientais de pequena escala, destacando-se as dinâmicas de temperatura e humidade, condições localizadas (e.g., vegetação, sombra) (Behrensmeyer, 1978), raios ultra-violeta (Tappen, 1994; Trueman et al., 2004) e outros factores como a evaporação da superfície do solo (Trueman et al., 2004), demonstrando a complexidade do processo (Fernández-Jalvo et al., 2010). O resultado da meteorização engloba diversas esfoliações, formação de gretas e fissuras podendo levar à obliteração de fragmentos ósseos (Behnresmeyer, 1978).

Alguma cautela foi sugerida por Lyman e Fox (1989) porquanto os dados decorrentes de estudos de meteorização não reflectem necessariamente a duração da formação dos conjuntos. A meteorização não ocorre unicamente em contexto sub-aéreo, continuando quando os restos estão em contexto de sub-superfície (Lyman e Fox, 1989). O uso dos diferentes estádios (Bhenresmeyer, 1978) como uma medida de “tempo” é discutível (Lyman e Fox, 1989), com estes a variarem entre diferentes tipos de ambientes (Andrews e Cook, 1985; Andrews e Armour-Chelu, 1998; Tappen, 1994; Fernández-Jalvo et al., 2010; Magnell, 2010). Conforme Andrews e Whybrow (2005: 13), poder-se-á distinguir a meteorização de superfície na qual os ossos estão expostos a variações no calor, humidade e radiação solar, e a meteorização em sub-superfície, na qual a solução química e acção de plantas é mais importante (Trueman et al., 2004).

No presente trabalho foram implementados os graus de meteorização definidos por Behrensmeyer (1978) e Andrews (1990), para grandes e pequenos mamíferos, respectivamente (Tabela 9). No seguimento das sugestões indicadas por Behrensmeyer (1978: 152), os diferentes elementos/espécimes foram classificados conforme os graus mais avançados identificados, servindo-nos principalmente de áreas sem evidência de outros danos.

Tabela 9: Estádios de meteorização

definidos para grandes mamíferos

(GM – Behrensmeyer,

1978) e pequenos mamíferos (PM – Andrews, 1990).

| ARKEOS 44 | 72 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

situ, quer na superfície quer dentro do solo. Paralelamente às mudanças nas propriedades físicas (Behrensmeyer, 1978; Andrews e Cook, 1985; Tappen, 1994) ocorrem mudanças químicas nos constituintes orgânicos e inorgânicos dos ossos (White e Hannus, 1983; Trueman et al., 2004), devidas a reacções sobrepostas controladas pelo conteúdo de água, acidez, oxigénio e cálcio do osso e solo (White e Hannus, 1983).

As características da meteorização são mais dependentes de factores ambientais de pequena escala, destacando-se as dinâmicas de temperatura e humidade, condições localizadas (e.g., vegetação, sombra) (Behrensmeyer, 1978), raios ultra-violeta (Tappen, 1994; Trueman et al., 2004) e outros factores como a evaporação da superfície do solo (Trueman et al., 2004), demonstrando a complexidade do processo (Fernández-Jalvo et al., 2010). O resultado da meteorização engloba diversas esfoliações, formação de gretas e fissuras podendo levar à obliteração de fragmentos ósseos (Behnresmeyer, 1978).

Alguma cautela foi sugerida por Lyman e Fox (1989) porquanto os dados decorrentes de estudos de meteorização não reflectem necessariamente a duração da formação dos conjuntos. A meteorização não ocorre unicamente em contexto sub-aéreo, continuando quando os restos estão em contexto de sub-superfície (Lyman e Fox, 1989). O uso dos diferentes estádios (Bhenresmeyer, 1978) como uma medida de “tempo” é discutível (Lyman e Fox, 1989), com estes a variarem entre diferentes tipos de ambientes (Andrews e Cook, 1985; Andrews e Armour-Chelu, 1998; Tappen, 1994; Fernández-Jalvo et al., 2010; Magnell, 2010). Conforme Andrews e Whybrow (2005: 13), poder-se-á distinguir a meteorização de superfície na qual os ossos estão expostos a variações no calor, humidade e radiação solar, e a meteorização em sub-superfície, na qual a solução química e acção de plantas é mais importante (Trueman et al., 2004).

No presente trabalho foram implementados os graus de meteorização definidos por Behrensmeyer (1978) e Andrews (1990), para grandes e pequenos mamíferos, respectivamente (Tabela 9). No seguimento das sugestões indicadas por Behrensmeyer (1978: 152), os diferentes elementos/espécimes foram classificados conforme os graus mais avançados identificados, servindo-nos principalmente de áreas sem evidência de outros danos.

Tabela 9: Estádios de meteorização

definidos para grandes mamíferos

(GM – Behrensmeyer,

1978) e pequenos mamíferos (PM – Andrews, 1990).

Page 74: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 73 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 73 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

3.5.4. VermiculaçõesAs raízes de plantas ou fungus têm a capacidade de expelir

ácidos húmicos que causam corrosões nas superfícies dos elementos/espécimes ósseos e dentários quanto em contacto directo com as mesmas (Bherensmeyer, 1978: 154). O resultado é a formação de pequenas vermiculações ou micro-sulcos, reticulados e sinuosos com secção em U e diferenciáveis das marcas de corte ou pisoteio (Binford, 1981; Andrews e Cook, 1985) mas que podem mascarar outros indicadores tafonómicos (Cáceres, 2002). A acção das raízes poderá ainda resultar na fragmentação dos elementos (Behrensmeyer, 1978).

A presença de vermiculações sugere que os restos estiveram em ambientes sedimentares capazes de suportar plantas (Lyman, 1994a: 376). Como indicado por Costa (2013: 42), este fenómeno correlaciona-se com actividade biológica nos horizontes pedogenéticos, em especial no horizonte A, ainda que as raízes se possam desenvolver até grandes profundidades. No presente estudo, a presença de vermiculações foi registada qualitativamente, através da definição e implementação de 5 graus de afectação do restos arqueofaunísticos (Tabela 10).

3.5.5. Processos químicosAs modificações geradas por processos químicos dividem-se

genericamente em lixiviação (perca de matéria solúvel) e enriquecimento (aquisição de matéria solúvel) (Lyman, 1994a). Os processos químicos mais comuns em ambientes húmidos, como os diversos contextos em gruta estudados no presente trabalho, são a precipitação de óxidos. À falta de análises químicas que permitam compreender em profundidade os processos envolvidos, é prática comum ter em conta a tonalidade como indicador dos óxidos existentes. Tonalidades castanho-escuro ou negras são relacionadas com óxidos de manganês, tonalidades ocre-amareladas com óxidos de ferro, e tonalidades azuis e esverdeadas com fosfatos de ferro (Courty et al., 1989; Nicholson, 1993; Coard, 1999; López-González et al., 2006).

O principal processo químico registado nos conjuntos arqueofaunísticos em análise corresponde à precipitação de óxidos de manganês. Comum em rochas calcárias, o manganês é um elemento químico encontrado no solo e que, em conjunto com outros elementos, corresponde a cerca de 10% do peso seco da fracção mineral da maioria dos solos (Costa, 2004). A origem de revestimentos de manganês pode estar relacionada com diversos factores, como geológicos e hídricos, a acção de diversas bactérias ou fungos oxidantes de manganês, e acção antrópica, nomeadamente a acumulação e decomposição de matéria orgânica vegetal e animal (e.g., López-González et al., 2006; Marín Arroyo et al., 2008 e referências citadas). A afectação química poderá

Tabela 10: Graus de afectação devido a vermiculações.

Page 75: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 74 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 74 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Tabela 11: Graus de afectação devido

a processos químicos.

encontrar-se de forma homogénea pelas superfícies dos espécimes ou distribuída, quer em manchas ou ponteados isolados, quer em manchas concentradas (Cáceres, 2002: 82), normalmente não penetrando muito nos elementos (López-González et al., 2006: 714).

A formação de concreções está relacionada com mudanças de humidade, i.e., associação de eventos de maior ou menor dissecação e humidificação, os quais resultam na acumulação da matriz sedimentar nas superfícies dos elementos/espécimes (Courty et al., 1989). Também relacionada com o ambiente sedimentar, podem ocorrer corrosões químicas nas superfícies dos restos. A presença de processos químicos de lixiviação e enriquecimento foi registada qualitativamente, através da definição e implementação de 5 graus de afectação dos restos arqueofaunísticos (Tabela 11).

Page 76: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 75 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 75 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Abstract

e introduction and development of the first productive economies has been a matter of great debate in the last decades. is was due to the acquisition of information from non traditional archaeological disciplines, in transdisciplinary based research. Nonetheless, specialised studies such as Zooarchaeology did not always accompany this dynamic as it is normally considered supplementary for interpretation purposes. Southwest Iberian Peninsula neolithisation is one of the most discussed thematics due to previous final Mesolithic occupation of this region. Different models (increasingly complex because of a higher number of variables) have been developed aiming to explain the existence of productive economies direct indicators in both coastal and inner areas. In the last two decades, inland areas have been given special attention due to the growing number of early Mesolithic sites, and the higher celerity and variability identified during the early Neolithic. Although not always presented as consistently as the Mesolithic-Neolithic transition, the development and maturation of productive economies has followed the archaeological practice evolution; still, it is stigmatised by the special attention historically given to megalithic contexts.

e quantity and quality of information allows for a more consistent approach to the dynamics registered during the long period that spawned the Mesolithic, Neolithic and Chalcolithic. Taking the Lower and Middle Tagus Basin as a study area (namely the Lisbon Peninsula, Estremadura and North Ribatejo in Portugal, and the Extremadura in Spain), the present work focuses on these questions. Besides new radiometric dates in selected contexts aiming to better understand absolute chronologies, this thesis addresses zooarchaeological and taphonomical analysis of several assemblages: Encosta de Sant’Ana, Espargueira/Serra das Éguas, Nossa Senhora das Lapas cave, Cadaval cave, Morgado superior cave, Los Barruecos and Los Postes cave. Selected methodologies comprised anatomy, taxonomy, demography and biometric comparative analysis, and focused mainly on the acquisition of taphonomic indicators for nutritive, sub-aerial and diagenetic phases, through comparison with actualistic data. Archaeological contexts analysis, with different degrees of chronological fiability but spawning the early Mesolithic (Epipalaeolithic), several moments of the Neolithic sequence (early, middle, final) and the transition to the early Chalcolithic, allowed the discussion of palaeoeconomy evidences from a supra-regional point of view. e methodologies implemented also allowed different analytical scales with a relevant interpretative depth for the understanding of polimodal marks, and the involved taphonomical agents and processes. is was only possible due to the implementation of a standardised methodology in all the assemblages.

After a differentiated pondering based on taphonomic interpretations, the archaeofaunistical evidence were compared with

Page 77: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 76 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 76 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

other evidence (e.g., settlement patterns, absolute chronology, stable isotopes analysis). Some differences were registered on faunal spectra during these periods but general patterns are observable in the early, middle and final Neolithic. Data suggests that the beginning of the first productive economies comprises archaeofaunistical spectra with a predominance of Sus and a lower representativeness of Bos and Ovis/Capra, as is the case of Encosta de Sant’Ana, in Lisbon Peninsula. A change towards a specialisation in Cervus elaphus hunting and Ovis/Capra pastoralism is registered for the middle Neolithic, for example in Cadaval cave, North Ribatejo. During the final Neolithic and early Chalcolithic, Sus and Ovis/Capra seem to have been the main taxa exploited, for example in Espargueira/Serra das Éguas, Lisbon Peninsula.

e context raised the need for an in-depth discussion regarding leporids exploitation. In several of the studied assemblages, mainly the ones in karstic environments (Los Postes, Nossa Senhora das Lapas, Cadaval and Morgado superior caves), no clear indicators of anthropic accumulation were recorded in leporids. e confrontation of these data with other similar assemblages led us to suggest the necessity to empirically demonstrate, in a wider chronological scale, the possible anthropic accumulation of these species, because they are commonly of intrusive and exogenous origins.

Key-words: Neolithisation, Zooarchaeology, Taphonomy, Iberian Peninsula, Tagus Basin.

Page 78: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 77 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 77 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Bibliografia

Abe, Y., Marean, C. W., Nilssen, P. J., Assefa, Z., Stone, E. C., 2002. e analysis of cutmarks on archaeofauna: a review and critique of quantification procedures, and a new image-analysis GIS approach. American Antiquity 67(4): 643-663.Achilli, A., Olivieri, A., Pellecchia, M., Uboldi, C., Colli, L., Al-Zahery, N., Accetturo, M., Pala, M., Kashani, B. H., Perego, U. A., Battaglia, V., Fornarino, S., Kalamati, V., Houshmand, M., Negrini, R., Semino, O., Richards, M., Macaulay, V., Ferretti, L., Bandelt, H.-J., Ajmone-Marsan, P., Torroni, A., 2008. Mitochondrial genomes of extinct aurochs survive in domestic cattle. Current Biology 18(4): 157-158.Achilli, A., Bonfiglio, S., Olivieri, A., Malusà, A., Pala, M., Kashani, B. H., Perego, U. A., Ajmone-Marsan, P., Liotta, L., Semino, O., Bandelt, H.-J., Ferretti, L., Torroni, A., 2009. e multifaceted origin of taurine cattle reflected by the mitochondrial genome. PLoS ONE 4(6): e5753. doi:10.1371/journal.pone.0005753.Alarcão, J., 2000. Para uma conciliação das arqueologias. Porto: Edições Afrontamento.Albarella, U., Davis, S., Detry, C., Rowley-Conwy, P., 2005. Pigs of the “Far West”: the biometry of Sus from archaeological sites in Portugal. Anthropozoologica 40: 27-54.Albarella, U., Dobneym K., Ervynck, A., Rowley-Conwy, P., eds., 2007. Pigs and humans: 10,000 years of interaction. Oxford: University Press.Alcántara García, V., Barba, R., Barral, J. M., Crespo, A. B., Eiriz, A. I., Falquina, A., Herrero, S., Ibarra, A., Medías, M., Pérez, M., Pérez, V., Rolland, J., Yravedra, J., Vidal, A., Domínguez-Rodrigo, M., 2006. Determinación de procesos de fracturación sobre huesos frescos: un sistema de análisis de los ángulos de los planos de fracturación como discriminador de agentes biótipos. Trabajos de Prehistoria 63(1): 37-45.Almeida, F., Maurício, J., Souto, P., Valente, M.J., 1999. Novas perspectivas para o estudo do Epipaleolítico do interior alentejano: notícia preliminar sobre a descoberta do sítio arqueológico da Barca do Xerez de Baixo. Revista Portuguesa de Arqueologia 2: 25-38.Almeida, N.J., Cura, P., Cura, S., Saladié, P., 2013. Fracturação experimental de ossos longos de Bos taurus: resultados e considerações. In Cruz, A.R., Graça, A., Oosterbeek, L., Rosina, P., eds., Iº Congresso de Arqueologia do Alto Ribatejo - Homenagem a José da Silva Gomes. Arkeos 34. Tomar: Ceiphar, 263-274.Almeida, N.J., Ferreira, C., Allué, E., Burjachs, F., Cruz, A.R., Oosterbeek, L., Rosina, P., Saladié, P., 2014. Acerca do impacte climático e antropozoogénico nos inícios da economia produtora: o registo do Alto Ribatejo (Portugal Central, Oeste Ibérico). In Zocche, J., Campos, J.B., Almeida, N.J., Ricken, C., orgs., Arqueofauna e paisagem. Erixim: Habilis Editora, 63-86.

Page 79: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 78 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 78 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Almeida, N.J., Cerrillo Cuenca, E., Oosterbeek, L., Saladié, P., 2015a. Algumas considerações em torno das dinâmicas paleoeconómicas durante o Neolítico médio na bacia do baixo e médio Vale do Tejo: o contributo da Gruta do Cadaval, Alto Ribatejo. In Cruz, A.R., Cerrillo Cuenca, E., eds., Tráfego de objetos, tráfego tecnológico. Sintomas das ideologias dominantes na Ibéria. Instituto Politécnico de Tomar: Tomar, 38-42.Almeida, N.J., Saladié, P., Oosterbeek, L., 2015b. Zooarqueologia e Tafonomia da Gruta de Nossa Senhora das Lapas e Gruta do Cadaval (Alto Ribatejo, Portugal Central). In Gonçalves, V.S., Diniz, M., Sousa, A.C., eds, 5º Congresso do Neolítico Peninsular, Estudos & MEMÓRIAS 8. Lisboa: UNIARQ, 77-84.Alvard, M.S., Kuznar, L., 2001. Deferred harvests: the transition from hunting to animal husbandry. American Anthropologist 103(2): 295-311.Álvarez, M.C., Kaufmann, C.A., Massigoge, A., Gutiérrez, M.A., Rafuse, D.J., Scheifler, N. A., González, M.E., 2012. Bone modification and destruction patterns of leporid carcasses by Geoffroy’s cat (Leopardus geoffroyi): an experimental study. Quaternary International 278: 71-80.Alves, E., Fernández, A.I., Barragán, C., Ovilo, C., Rodríguez, C., Silió, L., 2006. Inference of hidden population substructure of the Iberian pig breed using multilocus microsatellite data. Spanish Journal of Agricultural Research 4(1): 37-46.Alves, P.C., Pinheiro, I., Godinho, R., Vicente, J., Gortázar, C., Scandura, M., 2010. Genetic diversity of wild boar populations and domestic pig breeds (Sus scrofa) in south-western Europe. Biological Journal of the Linnean Society 101: 797-822.Ammerman, A.J., Cavalli-Sforza, L.L., 1973. A population model for the diffusion of early farmers in Europe. In Renfrew, C., ed., e explanation of culture change: models in Prehistory. London: Duckworth, 343-358.Ammerman, A.J., Cavalli-Sforza, L.L., 1984, e Neolithic transition and the genetics of population in Europe. Princeton: Princeton University Press.Andersson, L., 2007. e molecular basis for phenotypic changes during pig domestication. In Albarella, U., Dobney, K., Ervynck, A., Rowley-Conwy, P., eds., Pigs and humans: 10,000 years of interaction. Oxford: University Press.Anderung, C., 2006. Genetic analyses of bovid remains and the origin of early european cattle. Digital Comprehensive Summaries of Uppsala Dissertations from the Faculty of Science and Technology 234.Anderung, C., Bouwman, A., Persson, P., Carretero, J. M., Ortega, A. I., Elburg, R., Smith, C., Arsuage, J.L., Ellegren, H., Götherström, A., 2005. Prehistoric contacts over the Straits of Gibraltar indicated by genetic analysis of Iberian Bronze Age cattle. Proceedings of the National Academy of Sciences 102(24): 8431-8435.Andrés, M., Gidna, A. O., Yravedra, J., Domínguez-Rodrigo, M., 2012. A study of dimensional differences of tooth marks (pits and scores) on bones modified by small and large carnivores. Archaeological and Anthropological Sciences 4: 209-219.Andrews, P., 1990. Owls, Caves and Fossils. London: British Museum.Andrews, P., Armour-Chelu, M., 1998. Taphonomic observation on a surface bone assemblage in a temperate environment. Bulletin of the Geological Society

Page 80: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 79 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 79 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

of France 169: 433-442.Andrews, P., Cook, J., 1985. Natural modifications to bones in a temperate setting. Man 20(4): 674-691.Andrews, P., Evans, E.M.N., 1983. Small mammal bone accumulations produced by mammalian carnivores. Paleobiology 9(3): 289-307. Andrews, P., Whybrow, P., 2005. Taphonomic observations on a camel skeleton in a desert environment in Abu Dhabi. Palaeontologi Electronica 8(1): 23A:17p.Angelucci, D.E., Soares, A.M., Almeida, L., Brito, R., Leitão, V., 2007. Neolithic occupation and mid-Holocene soil formation at Encosta de Sant’Ana (Lisbon, Portugal): a geoarchaeological approach. Journal of Archaeological Science 34: 1641-1648.Antunes, M.T., 1987. O povoado fortificado calcolítico do Monte da Tumba. IV - Mamíferos (nota preliminar). Setúbal Arqueológica VIII: 103-144.Araújo, A.C., 1993. A estação mesolítica do Forno da Telha (Rio Maior). In 1º Congresso de Arqueologia Peninsular. Trabalhos de Antropologia e Etnologia 33(1-2). Vol. I, 15-50.Araújo, A.C., 2003. O Mesolítico inicial da Estremadura. In Gonçalves, C.S., ed., Muita gente, poucas antas? Actas do II Colóquio Internacional sobre Megalitismo. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia, 101-114.Araújo, A.C., Almeida, F., 2003. Barca do Xerez de Baixo: balance de quatro anos de trabalhos arqueológicos. Revista Portuguesa de Arqueologia 6(1): 17-67.Arias, P., Cerrillo Cuenca, E., Álvarez Fernández, E., Gómez Pellón, E., Cordero, G., 2009. A view from the edges: the Mesolithic settlement of the interior areas of the Iberian Peninsula reconsidered. In McCartan, S., Schulting, R., Warren, G., Woodman, P., eds., Mesolithic Horizons. Oxford: Oxbow Books, 303-311.Arnaud, J.M., 1982. Neolithique ancient et processus de néolithisation dans le Sud du Portugal. In Actes du Colloque International de Prehistoire, Archaeologie en Languedoc, Nº especial, 29-48.Arnaud, J.M., 1993. O Mesolítico e a Neolitização: balance e perspectivas. In Carvalho, G.S., Ferreira, A.B., Senna-Martinez, J.C., coord., O Quaternário em Portugal. Balanço e Perspectivas. Lisboa: Colibri, 173-184.Arslan, A., Zima, J., 2011. Banded karyotype of the Konya wild sheep (Ovis orientalis anatolica Valenciennes, 1856) from Turkey. Comparative Cytogenetics 5(2): 81-89.Asmussen, B., 2009. Intentional or incidental thermal modification? Analysing site occupation via burned bone. Journal of Archaeological Science 36: 528-536.Atici, A.L., 2006. Who let the dogs out? Bone destruction and its broader implications in interpreting the Bronze Age pastoral economies at Kaman-Kalehöyük. Anatolian Archaeological Studies Vol. XV: 121-131.Baby, R., 1954. Hopewell cremation practices. e Ohio Historical Society Papers in Archaeology 1: 1-7.Barrette, C., 1985. Antler eating and antler growth in wild Axis deer. Mammalia – International Journal of the Systematics, Biology and Ecology of Mammals 49(4): 491-500.Behrensmeyer, A.K., 1975. e taphonomy and paleoecology of Plio-

Page 81: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 80 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 80 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Pleistocene vertebrate assemblages east of Lake Rudolf, Kenya. Bulletin of the Museum of Comparative Zoology 146: 473-578.Behrensmeyer, A.K., 1978. Taphonomic and ecologic information from bone weathering. Paleobiology 4(2): 150-162.Behrensmeyer, A.K., 1990. Transport-hydrodynamics: bones. In Briggs, D.E., Crowther, P.R., eds., Palaeobiology: a synthesis. Oxford: Blackwell, 232-235.Behrensmeyer, A.K., 1991. Terrestrial vertebrate accumulations. In Allison, P.A., Briggs, D.E., eds., Taphonomy: releasing the data locked in the fossil record. Topics in Geobiology 9. New York: Plenum, 291-335.Behrensmeyer, A.K., Gordon, K.D., Yanagi, G.T., 1986. Trampling as a cause of bone surface damage and pseudo-cutmarks. Nature 319 (27): 768-771.Beja-Pereira, A., Alexandrino, P., Bessa, I., Carretero, Y., Dunner, S., Ferrand, N., Jordana, J., Laloe, D., Moazami-Goudarzi, K., Sanchez, A., Cañon, J., 2003. Genetic characterization of southwestern european bovine breeds: a historical and biogeographical reassessment with a set of 16 microsatellites. Journal of Heredity 94(3): 243-250.Beja-Pereira, A., Caramelli, D., Lalueza-Fox, C., Vernesi, C., Ferrand, N., Casoli, A., Goyache, F., Royo, L. J., Conti, S., Lari, M., Martini, A., Ouragh, L., Magid, A., Atash, A., Zsolnai, A., Boscato, P., Triantaphylidis, C., Ploumi, K., Sineo, L., Mallegni, F., Taberlet, P., Erhardt, G., Sampietro, L., Bertranpetit, J., Barbujani, G., Luikart, G., Bertorelle, G., 2006. e origin of European cattle: evidence from modern and ancient DNA. Proceedings of the National Academy of Sciences USA 103(21): 8113-8118.Bello, S.M., Soligo, C., 2008. A new method for the quantitative analysis of cutmark micromorphology. Journal of Archaeological Science 35: 1542-1552.Bennett, J.L., 1999. ermal alteration of buried bone. Journal of Archaeological Science 26: 1-8.Bentley, R.A., Chikhi, L., Price, T.D., 2003. e Neolithic transition in Europe: comparing broad scale genetic and local scale isotopic evidence. Antiquity 77(295): 63-66.Berger, J.-F., Guilaine, J., 2009. e 8200 cal BP abrupt environmental change and the Neolithic transition: a Mediterranean perspective. Quaternary International 200: 31-49.Bernabeu, J., 1996. Indigenismo y migracionismo. Aspectos de la neolitización en la fachada oriental de la Península Ibérica. Trabajos de Prehistoria 53(2): 37-54.Bernabeu, J., Aura, J.E., Badal, E., 1993. Al Oeste el Edén. Las primeras sociedades agrícolas en la Europa Mediterránea. Madrid: Sintesis.Bernabeu, J., Barton, C.M., Pérez, M., 2001. A taphonomic perspective on Neolithic beginnings; eory, interpretation and empirical data in the western Mediterranean. Journal of Archaeological Science 28: 597-612.Bernabeu, J., Molina, L., Esquembre, M.A., Ramón, J., Boronat, J.D., 2009. La cerámica impresa mediterránea en el origen del Neolítico de la Península Ibérica? In De Méditerranée et d’ailleurs…Mélanges oferts à Jean Guilaine. Toulouse: Archives d’Écologie Préhistorique, 83-95.Bernabeu, J., Martí, B., 2014. e first agricultural groups in the Iberian Peninsula. In Manen, C., Perrin, T., Guilaine, J., eds., La transition néolithique

Page 82: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 81 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 81 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

en Méditerranée. e Neolithic transition in the Mediterranean. Errance: AEP, 419-438.Beyries, S., 1993. Expérimentation archéologique et savoir-faire traditionnel: l’exemplo de découpe d’un cervidé. Techniques & Culture 22: 53-79.Beyries, S., 1997. Etnoarchéologie: un mode d’expérimentation. Anthropologie Méditerranéennes 6: 185-196.Biagi, P., 2003. A review of Late Mesolithic in Italy and its implication for the Neolithic transition. In Amerman, A.J., Biagi, P., eds., e widening harvest. e Neolithic transition in Europe: looking back, looking forward. Boston: Archaeological Institute of America, 133-156.Bicho, N.F., 1994. e end of the Paleolithic and the Mesolithic in Portugal. Current Anthropology 35(5): 664-574.Bicho, N.F., 1995/1997. A ocupação epipaleolítica do Abrigo Grande das Bocas, Rio Maior. O Arqueólogo Português, Série IV (13-15): 53-85.Bicho, N.F., Haws, J., Hockett, B., Markova, A., Belcher, W., 2003. Paleoecologia e ocupação humana da Lapa do Picareiro: resultados preliminares. Revista Portuguesa de Arqueologia 6(2): 49-81.Bicho, N.F., Umbelino, C., Detry, C., Pereira, T., 2010. e emergence o Muge Mesolithic shell middens in Central Portugal and the 8200 cal yr BP cold event. e Journal of Island and Coastal Archaeology 5(1): 86-104.Bicho, N.F., Cascalheira, J., Marreiros, J., Pereira, T., 2011. e 2008-2010 excavations of Cabeço da Amoreira, Muge, Portugal. Mesolithic Miscellany 21(2): 3-13.Binder, D., 2000. Mesolithic and Neolithic interaction in southern France and northern Italy: new data and current hypotheses. In Price, T.D., ed., Europe’s first farmers. Cambridge: Cambridge University Press, 117-143.Binford, L.R., 1963. An analysis of cremations form three Michigan sites. Wisconsin Archaeologists 44(2): 98-110.Binford, L.R., 1968. Post-Pleistocene adaptations. In Binford, S.R., Binford, L.R., eds., New perspectives in Archaeology. Chicago:Aldine, 313-341.Binford, L.R., 1978. Nunamiut Ethnoarchaeology. New York: Academic Press.Binford, L.R., 1981. Bones. Ancient men and modern myths. New York: Academic Press.Binford, L.R., 1986. Comments on Bunn and Kroll (1986). Current Anthropology 27(5): 444-446.Binford, L.R., 1987. Data, relativism and archaeological science. Man, New Series, 22(3): 391-404.Blasco, R., Fernández Peris, 2009. Middle Pleistocene bird consumption at Level XI of Bolomor Cave (Valencia, Spain). Journal of Archaeological Science 36: 2213-2223.Blasco, R., Rosell, J., Fernández Peris, J., Cáceres, I., Vergès, J.M., 2008. A new element of trampling: an experimental application on the Level XII faunal record of Bolomor Cave (Valencia, Spain). Journal of Archaeological Science 35: 1605-1618.Blasco, R., Rosell, J., 2009. Who was the first? An experimental application of carnivore and hominid overlappin marks at the Pleistocene archaeological sites.

Page 83: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 82 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 82 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Comptes Rendus Palevol 8: 579-592.Blumenschine, R.J., 1986. Carcass consumption sequences and the archaeological distinction of scavenging and hunting. Journal of Human Evolution 15: 639-659.Blumenschine, R.J., 1987. Characteristics of and early hominid scavenging niche [and Comments and Reply]. Current Anthropology 28(4): 383-407.Blumenschine, R.J., 1988. An experimental model of the timing of hominid and carnivore influence on archaeological bone assemblages. Journal of Archaeological Science 15: 483-502.Blumenschine, R.J., 1995. Percussion marks, tooth marks, and experimental determination of the timing of hominid and carnivore access to long bones at FLK Zijanthropus, Olduvai Gorge, Tanzania. Journal of Human Evolution 29: 21-51.Blumenschine, R.J., Selvaggio, M.M., 1988. Percussion marks on bone surfaces as a new diagnostic of hominid behaviour. Nature 333: 763-765.Blumenschine, R.J., Madrigal, T.C., 1993. Variability in long bones marrow yields of East African ungulates and its zooarchaeological implications. Journal of Archaeological Science 20: 555-587.Blumenschine, R.J., Marean, C.W., Capaldo, S.D., 1996. Blind tests of inter-analyst correspondence and accuracy in the identification of cut marks, percussion marks, and carnivore tooth marks on bone surfaces. Journal of Archaeological Science 23: 493-507.Boaz, N.T., Behrensmeyer, A.K., 1976. Hominid taphonomy: transport of human skeletal parts in an artificial fluvial environment. American Journal of Physical Anthropology 45: 53-60.Boaventura, R., 2009. As antas e o Megalitismo da região de Lisboa. Dissertação de Doutoramento. Universidade de Lisboa. 2 vols.Boaventura, R., 2010. O megalitismo da região de Lisboa: as antas. In Gonçalves, V.S., Sousa, A.C., eds., Transformação e mudança no centro e sul de Portugal: o 4º e o 3º milenios a.n.e. Actas do Colóquio Internacional. Cascais Tempos Antigos 2. Cascais: Câmara Municipal de Cascais, 349-356.Boaventura, R., 2011. Chronology of megalithism in south-central Portugal. In Wheatley, D.W., Scarre, C., García Sanjuán, L.G., coords., Exploring Time and Matter in Prehistoric Monuments: Absolute Chronology and Rare Rocks in European Megaliths. Menga: Revista de Prehistoria de Andalucía, N.º Extra 1, 159-190.Boaventura, R., Mataloto, R., 2013. Entre mortos e vivos: nótulas acerca da cronologia absoluta do Megalitismo do Sul de Portugal. Revista Portuguesa de Arqueologia 16: 81-101.Bocquet-Appel, J., Naji, S., Linden, M.V., Kozlowski, J.K., 2009. Detection of diffusion and contact zones of early farming in Europe from the space-time distribution of 14C dates. Journal of Archaeological Science 36: 807-820.Bollongino, R., Edwards, C.J., Alt, K.W., Buerger, J., Bradley, D.G., 2006. Early history of European domestic cattle as revealed by ancient DNA. Biology Letters 2: 155-159.Bollongino, R., Elsner, J., Vigne, J.-D., Burger, J., 2008. Y-SNPs do no indicate hybridisation between european aurochs and domestic cattle. PLoS

Page 84: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 83 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 83 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

ONE 3(10): e3418. doi:10.1371/journal.pone.0003418.Bonnichsen, R., 1979. Pleistocene bone technology in the Beringian Refugium. Otawa: NMM.Botella, M.C., Alemán, I., Jiménez, S.A., 2000. Los huesos humanos: manipulación y alteraciones. Ed. Bellaterra: Barcelona.Bosch, E., Calfell, F., Comas, D., Oefner, P.J., Underhill, P. A., Bertranpetit, J., 2001. High-resolution analysis of human Y-chromosome variation shows a sharp discontinuity and limited gene flow between Northwesterm Africa and the Iberian Peninsula. American Journal of Human Genetics 68: 1019-1029.Bosch, P., Alemán, I., Moreno-Castilla, C., Botella, M., 2011. Boiled versus unboiled: a study on Neolithic and contemporary human bones. Journal of Archaeological Science 38: 2561-2570.Bradley, D.G., Machugh, D.E., Loftus, R.T., Sow, R.S., Hoste, C.H., 1994. Zebu-taurine variation in Y chromosomal DNA: a sensitive assay for genetic introgression in West African trypanotolerant cattle populations. Animal Genetics 25: 7-12.Bradley, D.G., MacHugh, D.E., Cunningham, P., Loftus, R.T., 1996. Mitochondrial diversity and the origins of African and European cattle. Proceedings of the National Academy of Sciences USA 93: 5131-5135.Bradley, D.G., Magee, D.A., 2006. Genetics and the origins of domestic cattle. In Zeder, M. A., Bradley, D.G., Emshwiller, E., Smith, B.D., eds., Documenting domestications: new genetic and archaeological paradigms. California: University Press, 317-328.Brain, C.K., 1967. Bones weathering and the problem of bone pseudo-tools. South African Journal of Science 63(3): 97-99.Brain, C.K., 1969. e contribution of Namib Desert Hottentots to an understanding of Australopithecine bone accumulations. Scient. Pap. Namib Desert Res. STN 39: 13-22.Brain, C.K., 1981. e hunters or the hunted? An introduction to African cave taphonomy. Chicago: University Press.Braun, D.R., Pobiner, B.L., ompson, J.C., 2008. An experimental investigation of cut-mark production and stone tool attrition. Journal of Archaeological Science 35: 1216-1223.Brothwell, D., 1976. Further evidence of bone chewing by ungulates: the sheep of North Ronaldsay, Orkney. Journal of Archaeological Science 3: 179-182.Bromage, T.G., Boyde, A., 1984. Microscopic criteria for the determination of directionality of cutmarks on bone. American Journal of Physical Anthropology 65: 359-366.Bronk Ramsey, C., 2009. Bayesian analysis of radiocarbon dates. Radiocarbon 51(1): 337-360.Bronk Ramsey, C., Lee, S., 2013. Recent and planned developments of the program OxCal. Radiocarbon 55(2-3): 720-730.Brudford, M.W., Bradley, D.G., Luikart, G., 2003. DNA markers reveal the complexity of livestock domestication. Nature Reviews Genetics 4: 900-910.Brudford, M.W., Townsend, S.J., 2006. Mitochondrial DNA diversity in modern sheep: implications for domestication. In Zeder, M.A., Bradley, D.G.,

Page 85: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 84 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 84 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Emshwiller, E., Smith, B.D., Documentating domestication. New genetic and archaeological paradigms. California: University press, 306-316.Brugal, J.P., 1994. Introduction générale: action de l’eau sur les ossements et les assemblages fossiles. In Patou-Mathis, M.-E., ed., 6è Table Ronde Taphonomie/Bone modification, Artefacts 9. Treignes: Centre d’Études et de Documentation Archéologiques, 121-129.Budja, M., 2007. e 8200 calBP ‘climate event’ and the process of neolithisation in south-eastern Europe. Documenta Praehistorica XXXIV: 191-201.Bueno, P., 1988. Los dolmens de Valencia de Alcántara: los dolmens de Azután y la Estrella (Toledo). Excavaciones Arqueológicas en España 159. Madrid: Ministerio de Cultura.Bueno, P., 2000. El espacio de la muerte en los grupos neolíticos y calcoliticos de la Extremadura española: las arquitecturas megalíticas. In El megalitismo en Extremadura: homenage a Elías Diéguez Luengo. Extremadura Arqueológica 8, 35-80.Bull, G., Payne, S., 1982. Tooth eruption and epiphyseal fusion in pigs and wild boar. In Wilson, B., Grigson, C., Payne, S., eds., Ageing and sexing animal bones from archaeological sites. BAR British Series 109. Oxford: Archaeopress, 55-72.Bunn, H.T., 1981. Archaeological evidence for meat-eating by Plio-Pleistocene hominids from Koobi Fora and Olduvai Gorge. Nature 291: 574-577.Bunn, H.T., 1982. Animal bones and archaeological inference. Science 215: 494-495.Bunn, H.T., 1983. Comparative analysis of a modern bone assemblages from a San Hunter-Gatherer Camp in the Kalahari Desert, Botswana, and from a spotted hyena den near Nairobi, Kenya. In Vlutton-Brock, J., Grigson, C. (eds,), Animals and Archaeology, Hunters and their Prey. BAR International Series 163. Oxford: Archaeopress, vol. 1, 143-148.Bunn, H.T., 1991. A taphonomic perspective on the archaeology of human origins. Annual Review of Anthropology 20: 433-467.Bunn, H.T., Ezzo, J.A., 1993. Hunting and scavenging by Plio-Pleistocene hominids: nutritional constraints, archaeological patterns, and behavioural implication. Journal of Archaeological Science 20: 365-398.Bunn, H.T., Kroll, E.M., 1986. Systematic butchery by Plio/Pleistocene hominids at Olduvai Gorge, Tanzania. Current Anthropology 27: 431-452.Burbidge, C.I., Trindade, M.J., Dias, M.I., Oosterbeek, L., Scarre, C., Rosina, P., Cruz, A., Cura, S., Cura, P., Caron, L., Prudêncio, M.I., Cardoso, G.J.O., Franco, D., Marques, R., Gomes, H., 2014. Luminescence dating and associated analysis in transition landscapes of the Alto Ribatejo, central Portugal. Quaternary Geochronology 20: 65-77.Burke, A., 2000. Butchery of a sheep in rural Tunisia (North Africa): repercussions for the archaeological study of patterns of bone disposal. Anthropozoologica 32: 3-9.Cáceres, I., 1995. Estudio tafonómico de los procesos de formación del Nivel I del Abric Romaní (Capellades, Barcelona): la influencia de la actividad antrópica. Dissertação de Licenciatura. Universitat Rovira i Virgili.

Page 86: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 85 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 85 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Cáceres, I., 2002. Tafonomía de yacimientos antrópicos en karst. Complejo Galería (Sierra de Atapuerca, Burgos), Vanguard Cave (Gibraltar) y Abric Romaní (Capellades, Barcelona). Dissertação de Doutoramento. Universitat Rovira i Virgili.Cáceres, I., Bravo, P., Esteban, M., Expósito, I., Saladié, P., 2002. Fresh and heated bone breakage: an experimental approach. In de Renzi, M., Pardo, M., Belinchón, M., Peñalver, E., Montoya, P., Márquez-Aliaga, eds., Current topics on taphonomy and fossilization. New York: John Wiley and Sons Inc, 471-478.Cáceres, I., Lozano, M., Saladié, P., 2007. Evidence for Bronze Age cannibalism in El Mirador Cave (Sierra de Atapuerca, Burgos, Spain). American Journal of Physical Anthropology 133: 899-917.Cáceres, I., Esteban-Nadal, M., Bennàsar, M., Fernández-Jalvo, Y., 2011. Was it the deer or the fox? Journal of Archaeological Science 38: 2767-2774.Calado, M., 2000. Neolitização e megalitismo no Alentejo central: uma leitura especial. Actas do 3º Congresso de Arqueologia Peninsular. Neolitização e Megalistismo da Península Ibérica. Porto: ADECAP, vol. III, 35-45.Calado, M., Rocha, L., 2007. As primeiras sociedades camponesas do Alentejo central: a evolução do povoamento. In Cerrillo Cuenca, E., Valadés, J.M., eds., Los primeros campesinos de la Raya: aportaciones recientes al conocimiento del Neolítico y Calcolítico en Extremadura y Alentejo. Actas de las Jornadas de Arqueología del Museo de Cáceres. Cáceres: Junta da Extremadura, 29-46.Callou, C., 2003. De la garenne au clapier: étude archéozoologique du lapin en Europe occidentale. Paris: Mémoires du Muséum National d’Histoire Naturelle.Campmas, É., Beauval, C., 2008. Consommation osseuse des carnivores: résultats de l’ètude de l’exploitation de carcasses de boeufs (Bos taurus) par des loups captifs. Annales de Paléontologie 94: 167-186.Canals, A., 2008. El equipo de investigación Primeros Pobladores de Extemadura. Intervenciones arqueológicas en Cáceres: 2001-2006. In Sanabria Marcos, P.J., coord., Arqueología urbana en Cáceres: investigaciones y intervenciones recientes en la ciudad de Cáceres y su entorno: actas de las jornadas de arqueología del Museo de Cáceres, 43-56.Canals, A., Aranda, V., Barrero, N., Bermejo, L., Donadei, P., García-Vadillo, J.J., Mejías, D., Marín, J., Modesto, M., Morcillo, A., Rabazo, A., Rodríguez-Hidalgo, A., Carbonell, E., 2013. La cueva de El Conejar (Cáceres), nuevos datos para la transición del Paleolítico al Neolítico en el interior de la peninsula. In Jiménez Avila, J., Bustamante Álvarez, M., García Cabezas, M., coords., VI Encuentro de Arqueología del Suroeste Peninsular, 171-192.Cañón, J., García, D., García-Atance, M.A., Obexer-Ruff, G., Lenstra, J.A., Ajmone-Marsan, P., Dunner, S., e ECONOGENE Consortium, 2006. Geographical partitioning of goat diversity in Europe and the Middle East. Animal Genetics 37: 327-334.Capaldo, S.D., Blumenschine, R.J., 1994. A quantitative diagnosis of notches made by hamerstone percussion and carnivore gnawing on bovid long bones. American Antiquity 59(4): 724-748.Carbonell, E., 2003. Atapuerca: los primero pobladores. El poblamiento antiguo de Europa e la Península Ibérica. Actas IV Jornadas de Historia en Llerena, 15-31.Cardoso, J.L., 2000. Pré-História de Portugal. Lisboa: Editorial Verbo.

Page 87: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 86 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 86 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Cardoso, J.L., 2002. Arqueofaunas – balanço da sua investigação em Portugal. In Arnaud, J.M., coord., Arqueologia 2000 Balanço de um século de investigação arqueológica em Portugal. Revista da Associação dos Arqueólogos Portugueses 54: 281-298.Cardoso, J.L., 2003. A gruta do Correio-Mór (Loures). Estudos Arqueológicos de Oeiras 11: 229-322.Cardoso, J.L., 2004. Comunidades humanas da Estremadura à costa vicentina, do Pré-Boreal ao final do Atlântico: aspectos arqueológicos, económicos e paleombientais. In Tavares, A.A., Tavares, M.J.F., Cardoso, J.L., eds., Evolução geohistórica do litoral português e fenómenos correlatives – Geologia, História, Arqueologia e Climatologia – Actas. Lisboa: Universidade Aberta, 305-357.Cardoso, J.L., Carreira, J.R., Ferreira, O.V., 1996. Novos elementos para o estudo do Neolítico antigo da região de Lisboa. Estudos Arqueológicos de Oeiras 6: 9-26.Cardoso, J.L., Soares, A.M., 1996. Contribution d’une série de datations 14C provenant du site de Leceia (Oeiras, Portugal), à la chronologie absolue du Néolithique et du Calcolithique de l’Estremadura portugaise. In Actes du Colloque de Périgueux. Révue d’Archeométrie, Supplément: 45-50.Cardoso, J.L., Detry, C., 2001/2002. Estudo arqueozoológico dos restos de ungulados do povoado pré-histórico de Leceia (Oeiras). Estudos Arqueológicos de Oeiras 10: 131-182. Cardoso, J.L., Carvalho, A.F., 2008. A gruta do Lugar do Canto (Alcanede) e a sua importância no faseamento do Neolítico no território português. Estudos Arqueológicos de Oeiras 16: 269-300.Cardoso, J.L., Detry, C., 2010. On some remains of dog (Canis familiaris) from the Mesolithic shell-middens of Muge, Portugal. Journal of Archaeological Science 37: 2762-2774.Carmody, R.N., Wrangham, R.W., 2009. The energetic significance of cooking. Journal of Human Evolution 57: 379-391.Carvalho, A.F., 1998. O Abrigo da Pena d’Água (Rexaldia, Torres Novas): resultados dos trabalhos de 1992-1997. Revista Portuguesa de Arqueologia 1(2): 39-72.Carvalho, A.F., 2002. Current perspectives on the transition form the Mesolithic to the Neolithic in Portugal. Neolithic landscapes of the Mediterranean. Saguntum, Papeles del Laboratorio de Arqueología de Valencia, 235-250.Carvalho, A.F., 2003. A emergência do Neolítico no actual território português: pressupostos teóricos, modelos interpretativos e a evidência empírica. O Arqueólogo Português, Série IV(21): 65-150.Carvalho, A.F., 2007. Novos dados sobre dois temas da Pré-História do Sul de Portugal: o Mirence e o processo de neolitização. Promontoria 5: 45-110.Carvalho, A.F., 2008. A neolitização do Portugal meridional. Os exemplos do Maciço Calcário Estremenho e do Algarve ocidental. Promontoria Monográfica 12. Faro: Universidade do Algarve.Carvalho, A.F., 2009. O Mesolítico final em Portugal. In Utrilla, P., Montés, L., eds., El Mesolítico Geométrico en la Península Ibérica. Monografías Arqueológicas 44. Universidad de Zaragoza, 33-68.

Page 88: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 87 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 87 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Carvalho, A.F., 2010. Chronology and geography of the Mesolithic-Neolithic transition in Portugal. In Armbruester, T., Hegewisch, M., eds., On Pre- and Earlier History of Iberia and Central Europe. Studies in honour of Philine Kalb. Bonn: Verlag Dr. Rudolf Habelt GmbH, 45-61.Carvalho, A.F., 2012. Portugal. In Rojo-Guerra, M., Garrido-Pena, R., García-Martínez de Lagrán, Í., eds., El Neolítico en la Península Ibérica y su contexto europeo. Madrid: Cátedra, 177-211.Carvalho, A.F., ed., 2014a. Bom Santo Cave (Lisbon) and the Middle Neolithic Societies of Southern Portugal. Promontoria Monográfica 17. Faro: Universidade do Algarve.Carvalho, A.F., ed., 2014b. Bom Santo Cave in context. A preliminary contribution to the study of the first megalith builders of Southern Portugal. In Carvalho, A.F., ed., Bom Santo Cave (Lisbon) and the Middle Neolithic Societies of Southern Portugal. Promontoria Monográfica 17. Faro: Universidade do Algarve, 209-230.Carvalho, A.F., 2015. A two-stage economic succession at the inception of farming in central Portugal. Preliminary examination of possible causes and consequences. Vegueta. Anuario de la Facultad de Geografía e Historia 15: 89-109.Carvalho, A.F., Antunes-Ferreira, N., Valente, M.J., 2003. A gruta-necrópole neolítica do Algar do Barrão (Monsanto, Alcanena). Revista Portuguesa de Arqueologia 6(1): 101-119.Carvalho, A.F., Valente, M.J., Haws, J., 2004. Faunas mamalógicas do Neolítico antigo do Maciço Calcário Estremenho: análise preliminar de dados recentes. Promontoria 2: 143-155.Carvalho, A.F., Cardoso, J.L., 2010/2011. A cronologia absoluta das ocupações funerárias da gruta da Casa da Moura (Óbidos). Estudos Arqueológicos de Oeiras 18: 393: 405.Carvalho, A.F., Nunes, A., Gonçalves, C., Pereira, J., 2010/2011. A ocupação calcolítica do Castelo de Ourém: contextos, cultura material, zooarqueologia, cronologia absoluta e integração regional. Estudos Arqueológicos de Oeiras 18: 407-418.Carvalho, A.F., Gibaja, J.F., Cardoso, J.L., 2013. Insights into the earliest agriculture of Central Portugal: sickle implements from the Early Neolithic site of Cortiçóis (Santarém). Comptes Rendus Palevol 12: 31-43.Carvalho, A.F., Petchey, F., 2013. Stable isotope evidence of Neolithic palaeodiets in the coastal regions of Southern Portugal. Journal of Island & Coastal Archaeology 8(3): 361-383.Carvalho, A.F., Cardoso, J.L., 2015. Insights of the changing dynamics of cemetery use in the Neolithic and Chalcolithic of Southern Portugal. Radiocarbon dating of Lugar do Canto Cave (Santarém). Spal 24: 35-53. Doi 10.1179/1461957115Y.0000000014Carvalho, A.F., Alves-Cardoso, F., Gonçalves, D., Granja, R., Cardoso, J.L., Dean, R.M., Gibaja, J.F., Masucci, M.A., Arroyo-Pardo, E., Fernández-Domínguez, E., Petchey, F., Price, T.D., Mateus, J.E., Queiroz, P.F., Callapez, P., Pimenta, C., Regala, F.T., 2015. e Bom Santo Cave (Lisbon, Portugal): catchment, diet, and patterns of mobility of a Middle Neolithic population. European Journal of Archaeology, 1-28.

Page 89: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 88 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 88 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Cerrillo Cuenca, E., 1999. La Cueva de El Conejar (Cáceres): avance al studio de las primeras sociedades productoras en la penillanura cacereña. Zephyrus 52: 107-128.Cerrillo Cuenca, E., 2005. Los primeros grupos neolítico de la Cuenca extremeña del Tajo. BAR International Series 1393. Oxford: Archaeopress.Cerrillo Cuenca, E., coord., 2006. Los Barruecos: primeros resultados sobre el poblamiento Neolítico de la Cuenca Extemeña del Tajo. Memoria de Arqueología Extremeña 6. Mérida: Junta de Extremadura, Consejería de Cultura.Cerrillo Cuenca, E., 2008. From “Inland Neolithic” to “Neolithic Dwelling in the Inland”: the role of homogeneous and heterogeneous elements on the explanation of earlier agricultural stages in central Spain. In Oosterbeek, L., series ed., Proceedings of the XV World Congress (Lisbon, 4-9 September 2006), vol. 18, Diniz, M., ed., C44-e Early Neolithic in the Iberian Peninsula. Regional and Transregional Components. BAR International Series 1857. Oxford: Archaeopress/UISPP, 19-27.Cerrillo Cuenca, E., González, A., López, J.A., López, L., 2010. La primera mitad del Holoceno en el territorio de Extremadura: datos arqueológicos y paleoambientales. In Gibaja, J.F., Carvalho, A.F., eds., Os últimos caçadores recolectores e as primeiras comunidades produtoras do sul da Península Ibérica e do norte de Marrocos. Promontoria Monográfica 15. Faro: Universidade do Algarve, 81-88.Cerrillo Cuenca, E., González Cordero, A., 2011. Burial prehistoric caves in the interior basin of River Tagus: the complex at Canaleja Gorge (Romangordo, Cáceres, Spain). In Bueno, P., Cerrillo Cuenca, E., González Cordero, A., eds., From the origins: the Prehistory of the Inner Tagus region. BAR International Series 2219. Oxford: Archaeopress, 23-42.Cerrillo Cuenca, E., López, J.A., 2012. Extremadura. In Rojo Guerra, M.A., Garrido Pena, R., Martínez de Lagrán, I., coords., El Neolítico en la Península Ibérica y su contexto europeo. Madrid: Cátedra, 545-579.Cerrillo Cuenca, E., Almeida, N.J., 2014. Understanding the landscape of Neolithic groups in the Tagus inner basin (Extremadura region, Spain). Communication at the XVII UISPP Congress, Burgos, 1-7 September 2014, Session B20 – Context without definition, definitions without context. Arguments for the characterization of the (Pre)historic realities during the neolithisation of the western Mediterranean.Cerrillo Cuenca, E., González Cordero, A., 2014. Collective burial caves in Spanish Extremadura: chronology, landscapes and identities. In Cruz, A.R., Cerrillo Cuenca, E., Bueno Ramírez, P., Caninas, J.C., Batata, C., eds., Rendering death: ideological and archaeological narratives from recent Prehistory (Iberia). Proceedings of the conference held in Abrantes, Portugal, 11 May 2013. BAR International Series 2648. Oxford: Archaeopress, 77-89.Chandler, H., Sykes, B., Zilhão, J., 2005. Using ancient DNA to examine genetic continuity at the Mesolithic-Neolithic transition in Portugal. In Arias, P., Ontañón, R., García-Moncó, C., eds., Actas del III Congreso del Neolítico en la Península Ibérica, Santander, Monografías del Instituto Internacional de Investigaciones Prehistóricas de Cantabria 1, 781-786.Chen, S., Lin, B.-Z., Baig, M., Mitra, B., Lopes, R. J., Santos, A. M., Magee, D. A., Azevedo, M., Tarroso, P., Sasazaki, S., Ostrowski, S., Mahgoub, O.,

Page 90: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 89 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 89 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Chaudhuri, T. K., Zhang, Y., Costa, V., Royo, L. J., Goyache, F., Luikart, G., Boivin, N., Fuller, D. Q., Mannen, H., Bradley, D. G., Beja-Pereira, A., 2010. Zebu cattle are an exclusive legacy of the South Asia Neolithic. Molecular Biology and Evolution 27(1) 1-6.Chessa, B., Pereira, F., Arnaud, F., Amorim, A., Goyache, F., Mainland, I., Kao, R.R., Pemberton, J.M., Beraldi, D., Stear, M., Alberti, A., Pittau, M., Iannuzzi, L., Banabazi, M.H., Kazwala, R., Zhang., Y.-P., Arranz, J.J., Ali, B. A., Wang, Z., Uzun, M., Dione, M., Olsaker, I., Holm, L.-E., Saarma, U., Ahmad, S., Marzanov, N., Eythorsdottir, E., Holland, M.J., Ajmone-Marsan, P., Bruford, M.W., Kantanen, J., Spencer, T.E., Palmarini, M., 2009. Revealing the history of sheep domestication using retrovirus integrations. Science 324(5926): 532-536.Childe, V.G., 1969. A aurora da civilização europeia. Lisboa: Portugália Editora.Childe, V.G., 1974. A Pré-história da sociedade europeia. Mem Martins: Publicações Europa-América.Chikhi, L., Destro-Bisol, G., Bertorelle, G., Pascali, V., Barbujani, G., 1998. Clines of nuclear DNA markers suggest a largely Neolithic ancestry of the European gene pool. Proceedings of the National Academy of Sciences USA 95: 9053-9058.Chikhi, L., Nichols, R.A., Barbujani, G., Beaumont, M.A., 2002. Y genetic data support the Neolithic demic diffusion model. Proceedings of the National Academy of Sciences 99(17): 11008-11013.Church, R.R., Lyman, R.L., 2003. Small fragments make small differences in efficiency when rendering grease from fractured artiodactyl bones by boiling. Journal of Archaeological Science 30: 1077-1084.

C., 2005. e concept of “Neolithic Package”: considering its meaning and applicability. Documenta Praehistorica XXXII: 1-13.Coard, R., 1999. One bones, two bones, wet bones, dry bones: transport potentials under experimental conditions. Journal of Archaeological Science 26: 1369-1375.Coard, R., 2007. Ascertaining an agent: using tooth pit data to determine the carnivore/s responsible for predation in cases of suspected big cat kills in an upland area of Britain. Journal of Archaeological Science 34: 1677-1684.Cochard, D., 2004. Les léporidés dans la subsistence Paléolithique du sud de la France. Dissertação de doutoramento. Université Bordeaux I.Collado, H., Carcía Arranz, J., 2010. 10.000 años de arte rupestre. El ciclo preesquemático de la Península Ibérica y su reflejo en Extremadura (España). In Anais do Congresso Internacional de Arte Rupestre IFRAO. Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí – Brasil, 29 de Junho a 3 de Julho de 2009. FUNDHAMentos IX: 1167-1192.Collado, H., Ramón Bello, J., Domínguez García, I., Silva, L.F., Rodríguez Dorado, L., Torrado, J., Villalba de Alvarado, M., González Marquez, J., Domínguez García, A., García, E., Garrido Fernández, E., Capilla Nicolás, J., Oyola Macías, E., Giles Domínguez, M., Castaños Ceballos, C., Montero, R., Pérez Romero, S., Duque Espino, D., 2015. “ORÍGENES”: Un proyecto de investigación del monument natural “Cuevas de Fuentes de León” y su influencia en la economia local. Revista de Estudios Extremeños LCCI(I): 13-36.

Page 91: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 90 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 90 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Correia, F.R., 2015. O Castro da Columbeira (Bombarral): a exploração dos recursos faunísticos no Calcolítico Estremenho. Dissertação de Mestrado. Universidade do Algarve.Correia, F.R., Luís, S., Fernandes, P.V., Valente, M.J., Carvalho, A.F., 2015. Hunter-herders in the limestone massif of Estremadura: Middle Neolithic fauna from Pena d’Água rock-shelter (Torres Novas, Portugal). Estudos do Quaternário 13: 23-31.Cortés Sánchez, M., Jiménes Espejo, F.J., Simón Vallejo, M.D., Gibaja Bao, J.F., Carvalho, A.F., Martinez-Ruiz, F., Rodrigo Gamiz, M., Flores, J.-A., Paytan, A., López Sáez, J.A., Peña-Chocarro, L., Carrión, J.S., Morales Muñiz, A., Roselló Izquierdo, E., Riquelme Cantal, J.A., Dean, R.M., Salgueiro, E., Martínez Sánchez, R.M., de la Rubia de Gracia, J.J., Lozano Francisco, M.C., Peláez, J.L., Llorente Rodríguez, L., Bicho, N.F., 2012. e Mesolithic-Neolithic transition in southern Iberia. Quaternary Research 77: 221-234.Costa, J.B., 2004. Caracterização e constituição do solo. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.Costamagno, S., éry-Parisot, I., Brugal, J.-P., Guibert, R., 2005. Taphonomic consequences of the use of bones as fuel. Experimental data and archaeological applications. In O’Connor, T., ed., An offprint from Biosphere to Lithosphere, New studies in vertebrate taphonomy. Proceedings of the 9th Conference of the International Council of Archaeozoology, Durham, August 2002. Oxbow Books, 51-62.Costamagno, S., éry-Parisot, I., Kuntz, D., Bon, F., Mensan, R., 2010. Impact taphonomique d’une combustion prologée sur des ossements utilisés comme combustible. Taphonomie des résidus organiques brûlés et des structures de combustion en milieu archéologique. Actes de la table ronde, 27-29 mai 2008, CEPAM. P@lethnoogie 2010.2: 173-187.Courty, M., Goldberg, P., Macphail, R., 1989. Soils and micromorphology in archaeology. Cambridge: Cambridge University Press.Crawford, A.M., Dodds, K.G., Ede, A.J., Pierson, C.A., Montgomery, G.W., Garmonsway, H.G., Beattie, A.E., Davies, K., Maddox, J.F., Kappes, S.W., Stone, R.T., Nguyen, T.C., Penty, J.M., Lord, E.A., Broom, J.E., Buitkamp, J., Schwaiger, W., Epplen, J.T., Matthew, P., Matthws, M.E., Hulme, D.J., Beh, K.J., McGraw, R.A., Beattie, C.W., 1995. An autosome genetic linkage map of the sheep genome. Genetics 140: 703-724.Criado Boado, F., 1989. Megalitos, Espacio, Pensamiento. Trabajos de Prehistoria 46: 75-98.Cruz, A.R., 1997. Vale do Nabão do Neolítico à Idade do Bronze. Arkeos 3. Tomar: Ceiphar.Cruz, A.R., 2011. A Pré-história recente do vale do Baixo Zêzere. Dissertação de Doutoramento. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.Cruz, A.R., 2013a. e settlements of Fontes and Pedra da Encavalada – key sites for the neolithization of North Ribatejo (Portugal). In Cruz, A.R., Graça, A., Oosterbeek, L., Rosina, P., eds., Iº Congresso de Arqueologia do Alto Ribatejo. Homenagem a José da Silva Gomes. Arkeos 34. Tomar: Ceiphar, 77-91.Cruz, A.R., Grimaldi, S., Oosterbeek, L., Rosina, P., 2000. Indústrias macrolíticas do pós-glaciar no Alto Ribatejo. In Cruz, A.R., Oosterbeek, L., eds., Territórios, Mobilidade e Povoamento no Alto Ribatejo I. Indústrias e

Page 92: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 91 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 91 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

ambientes. Arkeos n.º 9. Tomar: Ceiphar, 9-21.Cruz, A.R., Graça, A., Oosterbeek, L., Almeida, F., Delfino, D., 2013. Gruta do Morgado Superior. Um estudo de caso funerário no Alto Ribatejo (Tomar, Portugal). Vínculos de Historia 2: 143-168.Cruz, A.R., Berruti, G., 2015. A use-wear analysis of the knapped lithic grave goods from Gruta do Morgado Superior (Tomar, Portugal). Arqueología Iberoamericana 28: 81-94.Cura, S., 2002. Indústria lítica da Amoreira: uma gestão diferenciada das matérias-primas. In Cruz, A.R., Oosterbeek, I., eds., Territórios, mobilidade e povoamento no Alto Ribatejo. IV: contextos macrolíticos. Tomar: Ceiphar, 207-246.Cura, S., Cruz, A., Oosterbeek, L., Rosina, P., 2004. As indústrias macrolíticas do Alto Ribatejo: o caso do sítio da Amoreira. In Allué, E., Martín, J., Canals, A., Carbonell, E., eds., Actas del 1er Congreso Peninsular de Estudiantes de Prehistoria, Tarragona, 268-275.Cura, S., Cruz, A.R., Rosina, P., 2005. As indústrias (macro)líticas do Médio Tejo: uma condicionada e/ou eficaz exploração da matéria-prima local. Actas do 1º Seminário de Paleontologia e Arqueologia do Estuário do Tejo. Lisboa: Ed. Colibri, 71-80.Currat, M., Excoffier, L., 2005. e effect of the Neolithic expansion on European molecular diversity. Proceedings of the Royal Society B 272: 679-688.Cymbron, T., Freemann, A. R., Malheiro, M. I., Vigne, J.-D., Bradley, D. G., 2005. Microsatellite diversity suggests different histories for Mediterranean and Northern European cattle populations. Proceedings of the Royal Society B 272: 1837-1843.Dart, R., 1956. e myth of the bone accumulating hyena. American Anthropologist 58 (1): 40-62.Darwent, C.M., Lyman, R.L., 2002. Detecting the postburial fragmentation of carpals, tarsals, and phalanges. In Haglund, W.D., Sorg, M.H., eds., Advances in Forensis Taphonomy: Method, eory and Archaeological Perspectives. Boca Raton: CRC Press, 355-377.Davis, S.J.M., 1981. e effects of temperature change and domestication on the body size of Late Pleistocene to Holocene mammals of Israel. Paleobiology 7(1): 101-114.Davis, S.J.M., 1982. Climatic change and the advent of domestication: the sucession of ruminant artiodactyls in the late Pleistocene-Holocene in the Israel Region. Paléorient 8(2): 5-15.Davis, S.J.M., 2005a. e Archaeology of Animals. London: Routledge.Davis, S.J.M., 2005b. Why domesticate food animals? Some zoo-archaeological evidence from the Levant. Journal of Archaeological Science 32: 1408-1416.Davis, S.J.M., 2006. Faunal remains from Alcáçova de Santarém, Portugal. Trabalhos de Arqueologia 43: 11-144.Davis, S.J.M., Mataloto, R. 2012. Animal remains from Chalcolithic São Pedro (Redondo, Alentejo): evidence for a crisis in the Mesolithic. Revista Portuguesa de Arqueologia 15: 47-85.Dean, R., Valente, M.J., Carvalho, A.F., 2012. e Mesolithic/Neolithic

Page 93: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 92 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 92 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

transition on the Costa Vicentina, Portugal. Quaternary International 264: 100-108.Deguilloux, M.-F., Soler, L., Pemonge, M.-H., Scarre, C., Joussaume, R., Laporte, L., 2011. News from the west: ancient DNA from a french megalithic burial chamber. American Journal of Physical Anthropology 144: 108-118.Deguilloux, M.-F., Leahy, R., Pemonge, M.-H., Rottier, S., 2012. European neolithization and ancient DNA: an assessment. Evolutionary Anthropology 21: 24-37.de Juana, S., Galán, A. B., Domínguez-Rodrigo, M., 2010. Taphonomic identification of cut marks made with lithic handaxes: an experimental study. Journal of Archaeological Science 37: 1841-1850.de Juana, S., Domínguez-Rodrigo, M., 2011. Testing analogical taphonomic signatures in bone breaking: a comparison between hammerstone-broken equid and bovid bones. Archaeometry 53(5): 996-1011.Delaney-Rivera, C., Plummer, T.W., Hodgson, J.A., Forrest, F., Hertel, F., Oliver, J.S., 2009. Pits and pitfalls: taxonomic vairability and patterning in tooth mark dimensions. Journal of Archaeological Science 36: 2597-2608.Detry, C., 2007. Paleoecologia e Paleoeconomia do Baixo Tejo no Mesolítico Final: o contributo do estudo dos mamíferos dos concheiros de Muge. Dissertação de Doutoramento. Universidad de Salamanca – Universidade Autónoma de Lisboa.Dewbury, A.G., Rusell, N., 2007. Relative frequency of butchering cutmarks produced by obsidian and flint: an experimental approach. Journal of Archaeological Science 34: 354-357.Devlin, J.B., Herrmann, N.P., 2007. Bone color as an interpretive tool of the depositional history of archaeological cremains. In. Schmidt, C.W., Symes, S.A., ed., e analysis of burned human remains. Elsevier, 109-129.Diamond, J., 2002. Evolution, consequences and future of plant and animal domestication. Nature 418: 700-707.Dias, R., Detry, C., Pereira, A., 2015. What’s new? e remains of vertebrates form Cabeço da Amoreira – 2008-2012 campaigns: preliminary data. In Bicho, N., Detry, C., Price, T.D., Cunha, E., eds., Muge 150th: e 150th Anniversary of the Discovery of Mesolithic Shellmiddes – Volume 1. Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing, 105-118.Dias, R., Detry, C., Bicho, N., 2016. Changes in the exploitation dynamics of small terrestrial vertebrates and fish during the Pleistocene-Holocene transition in the SW Iberian Peninsula: a review. e Holocene 1-21. doi: 10.1177/0959683615622547Díaz del Río-Español, P., 2010. e Neolithic Argonauts of the Western Mediterranean and other undetermined hypothese of colonial encounters. In Bolender, D., ed., Eventful Archaeologies. New approaches to social transformation in the archaeological records. e Institute for European and Mediterranean Archaeology Distinguished Monograph Series. Albany: Suny Press, 88-99.Diniz, M., 2007. O sítio da Valada do Mato (Évora): aspectos da neolitização no interior Sul de Portugal. Trabalhos de Arqueologia 48. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia.Diniz, M., Calado, M., 1997. O povoado neolítico da Valada do Mato (Évora,

Page 94: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 93 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 93 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Portugal) e as origens do megalitismo alentejano. Actas do II Congreso de Arqueología Peninsular. Zamora: Fundación Afonso Henriques, vol. II, 23-32.Di Giacomo, F., Luca, F., Popa, L. O., Akar, N., Anagnou, N., Banyko, J., Brdicka, R., Barbujani, G., Papola, F., Ciavarella, G., Cucci, F., Di Stasi, L., Gavrila, L., Kerimova, M. G., Kovatchev, D., Kozlov, A. I., Loutradis, A., Mandarino, V., Mammi’, C., Michalodimitrakis, E. N., Paoli, G., Pappa, K. I., Pedicini, G., Terrenato, L., Tofanelli, S., Malaspina, P., Novelletto, A., 2004. Y chromosomal haplogroup J as a signature of the post-neolithic colonization of Europe. Human Genetics 115: 357-371.Dodson, P., 1973. e significance of small bones in paleoecological interpretation. Contributions to Geology 12: 15-19.Dodson, P., Wexlar, D., 1979. Taphonomic investigations of owl pellets. Paleobiology 5(3): 275-284.Domínguez-Rodrigo, M., 1997. Meat-eating by early hominids at the FLK 22 Zinjanthropus site, Olduvai Gorge (Tanzania): an experimental approach using cut-mark data. Journal of Human Evolution 33: 669-690.Domínguez-Rodrigo, M., 1999a. Distinguishing between apples and oranges: the application of modern cut-mark studies to the Plio-Pleistocene (a reply to Monahan). Journal of Human Evolution 37: 793-800.Domínguez-Rodrigo, M., 1999b. Flesh availability and bone modifications in carcasses consumed by lions: palaeoecological relevance in hominid foraging patterns. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology 149: 373-388.Domínguez-Rodrigo, M., 2002. Hunting and scavenging by early humans: the state of the debate. Journal of World Prehistory 16(1): 1-54.Domínguez-Rodrigo, M., 2003. On cut marks and statistical inferences: methodological comments on Lupo & O’Connell (2002). Journal of Archaeological Science 30: 381-386.Domínguez-Rodrigo, M., Barba, R., 2005. A study of cut marks on small-sized carcasses and its application to the study of cut-marked bones from small mammals at the FLK Zinj site. Journal of Taphonomy 3(3): 121-134.Domínguez-Rodrigo, M., Barba, R., 2006. New estimates of tooth mark and percussion mark frequencies at the FLK Zinj site: the carnivore-hominid-carnivore hypothesis falsified. Journal of Human Evolution 50: 170-194.Domínguez-Rodrigo, M., de Juana, S., Galán, A. B., Rodríguez, M., 2009. A new protocol to differentiate trampling marks from butchery cut marks. Journal of Archaeological Science 36: 2643-2654.Domínguez-Rodrigo, M., Piqueras, A., 2003. e use of tooth pits to identify carnivore taxa in tooth-marked archaeofaunas and their relevance to reconstruct hominid carcass processing behaviours. Journal of Archaeological Science 30: 1385-1391.Domínguez-Rodrigo, M., Yravedra, J., 2009. Why are cut mark frequencies in archaeofaunal assemblages so variable? A multivariate analysis. Journal of Archaeological Science 36: 884-894.Domínguez-Solera, S.D., 2010. An experiment on the vertical migration of archaeological materials in clay deposits. Journal of Taphonomy 8(1): 69-74.Domínguez-Solera, S.D., Domínguez-Rodrigo, M., 2008. A taphonomic study of bone modification and of tooth-mark patterns on long limb bone portions

Page 95: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 94 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 94 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

by suids. International Journal of Osteoarchaeology 19(3): 345-363.Driesch, A. von den, Boessneck, J., 1976. Die Fauna vom Castro do Zambujal (Fundmaterial der Grabungen von 1966 bis 1973 mit Ausnahme der Zwingerfunde). In Driesch, A. von den, Boessneck, J., eds., Studien über fruhe Tierknochenfunde von der Iberischen Halbinsel, 5. Insitut fur Palaeoanatomie, Domestikationsforschung un Geschichte der Tiermedizin der Universität Munchen. Munchen, Deutsches Archaologisches Institut, Abteilung Madrid, 4-129.Duarte, 1998. Necrópole neolítica do Algar do Bom Santo: contexto cronológico e espaço funerário. Revista Portuguesa de Arqueologia 1(2): 107-118.Dupanloup, I., Bertorelle, G., Chikhi, L., Barbujani, G., 2004. Estimating the impact of prehistoric admixture on the genome of europenas. Molecular Biology and Evolution 21(7): 1361-1372.Edwards, C.J., MacHugh, D.E., Dobney, K.M., Martin, L., Russell, N., Horwitz, LK., McIntosh, S.K., MacDonald, K.C., Helmer, D., Tresset, A., Vigne, J.-D., Bradley, D.G., 2004. Ancient DNA analysis of 101 cattle remains: limits ans prospects. Journal of Archaeological Science 31: 695-710.Edwards, C.J., Bollongino, R., Scheu, A., Chamberlain, A., Tresset, A., Vigne, J.-D., Baird, J.F., Larson, G., Ho, S.Y.W., Heupink, T.H., Shapiro, B., Freeman, A.R., omas, M.G., Arbogast, R.-M., Arndt, B., Bartosiewicz, L., Benecke, N., Buda, M., Chaix, L., Choyke, A. M., Coqueugniot, E., Döhle, H.-J., Göldner, H., hartz, S., Helmer, D., Herzig, B., Hongo, H., Mashkour, M., özdogan, M., Pucher, E., Roth, G., Schade-Lindig, S., Schmöolcke, U., Schulting, R.J., Stephan, E., Uerpmann, H.-P., Vörös, I., Voytek, B., Bradley, D.G., Buerger, J., 2007. Mitochondrial DNA analysis shows a Near Eastern Neolithic origin for domestic cattle and no indication of domestication of European aurochs. Proceedings of the Royal Society B 274: 1377-1385.Edwards, C.J., Magee, D.A., Park, S.D.E., McGettigan, P.A., Lohan, A.J., Murphy, A., Finlay, E.K., Shapiro, B., Chamberlain, A.T., Richards, M.B., Bradley, D.G., Loftus, B.J., MacHugh, D.E., 2010. A complete mitochondrial genome sequence from a Mesolithic wild aurochs (Bos primigenius). PLoS ONE 5(2): e9255. doi:10.1371/journal.pone.0009255.Edwards, C.J., Ginja, C., Kantanen, J., Pérez-Pardal, L., Tresset, A., Stock, F., European Cattle Genetic Diversity Consortium, Gama, L.T., Penedo, M.C.T., Bradley, D.G., Lenstra, J. A., Nijman, I.J., 2011. Dual origins of dairy cattle farming - evidence from a comprehensive survey of european Y-chromosomal vairarion. PLoS ONE 6(1): e15922. doi:10.1371/journal.pone.0015922.Egeland, C.P., 2003. Carcass processing intensity and cutmark creation: an experimental approach. Plains Anthropologist 48(184): 39-51.Elkin, D., Mondini, M., 2001. Human and small carnivore gnawing damage on bones - an exploratory study and its archaeological implications. In Juznar, L. A., ed., Ethnoarchaeology of Andean South America, Contributions to Archaeological Method and eory. International Monographs in Prehistory. Ethnoarchaeological Series 4: 255-265.Encarnação, G., 2010. As cerâmicas carenadas do Povoado da Espargueira (Serra das Éguas, Amadora). Um contributo para o seu estudo. Dissertação de Mestrado. Universidade de Lisboa.Enríquez, J.J., 1988. Informe sobre las excavaciones llevadas a cabo en el

Page 96: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 95 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 95 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

yacimiento de Araya (Mérida, Badajoz), 1983 y 1984. Extremadura Arqueológica 28: 7-24.Eren, M.I., Durant, A., Neudorf, C., Haslam, M., Shipton, C., Bora, J., Korisettar, R., Petraglia, M., 2010. Experimental examination of animal trampling effects on artefact movement in dry and water satured substrates: a teset case from South India. Journal of Archaeological Science 37: 3010-3021.Esteban-Nadal, M., Cáceres, I., Fosse, P., 2010. Characterization of a current coprogenic sample originated by Canis lupus as a tool for identifying a taphonomic agent. Journal of Archaeological Science 37: 2959-2970.Esteban-Nadal, M., 2012. Can Archaeozoology and Taphonomy contribute to knowledge of the feeding habits of the Iberian wolf? Journal of Archaeological Science 39: 3208-3216.Fang, M., Andersson, L., 2006. Mitochondrial diversity in European and Chinese pigs is consistent with population expansions that occurred prior to domestication. Proceedings of the Royal Society B 273: 1803-1810.Fernández, E., Arroyo-Pardo, E., 2014. Palaeogenetic study of the human remains. In Carvalho, A.F., ed., Bom Santo Cave (Lisbon) and the Middle Neolithic Societies of Southern Portugal. Promontoria Monográfica 17. Faro: Universidade do Algarve, 133-142.Fernández, H., Taberlet, P., Mashkour, M., Vigne, J.-D., Luikart, G., 2005. Assessing the origin and diffusion of domestic goats using ancient DNA. In Vigne, J.-D., Peters, J., Helmer, D. (eds.), First steps of animal domestication: new archaeozoological approaches. Oxford: Oxbow, 50-54.Fernández, H., Hughes, S., Vigne, J.-D., Helmer, D., Hodgins, G., Miquel, C., Hänni, C., Luikart, G., Taberlet, P., 2006. Divergent mtDNA lineages of goats in an Early Neolithic site, far from the initial domestication areas. Proceedings of the National Academy of Sciences 103(42): 15375-15379.Fernández-Jalvo, Y., Andrews, P., 1992. Small mammal taphonomy of Gran Dolina, Atapuerca (Burgos), Spain. Journal of Archaeological Science 19: 407-428.Fernández-Jalvo, Y., Andrews, P., 1999. Cut marks on small mammals at Olduvai Gorge Bed-I. Journal of Human Evolution 36(5): 587-589.Fernández-Jalvo, Y., Andrews, P., 1999. When humans chew bones. Journal of Human Evolution 60: 117-123.Fernández-Jalvo, Y., Andrews, P., 2003. Experimental effects of water abrasion on bone fragments. Journal of Taphonomy 1(3): 147-163.Fernández-Jalvo, Y., Andrews, P., Pesquero, D., Smith, C., Marín-Monfort, D., Sánchez, B., Geigl, E.-M., Alongo, A., 2010. Early bone diagenesis in temperate environments Part I: Surface features and histology. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology 288: 62-81.Fernández López de Pablo, J., Gómez Puche, M., 2009. Climate change and population dynamics during the Late Mesolithic and the Neolithic transition in Iberia. Documenta Praehistorica XXXVI: 67-96.Ferreira, E., Souto, L., Soares, A.M.V.M., Fonseca, C., 2006. Genetic structure of the wild boar (Sus scrofa L.) population in Portugal. Wildlife Biology in Practice 2(1): 17-25.Fisher, J.W.Jr., 1995. Bone surface modification in Zooarchaeology. Journal of

Page 97: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 96 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 96 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Archaeological Method and eory 2: 7-68.Flannery, K.V., 1969. Origins and ecological effects of early domestication in Iran and Near East. In Ucki, P.J., Dimbledy, G.W., eds., e domestication and exploitation of plants and animals. London: Duckworth, 73-100.Flannery, K.V., 1973. e origins of agriculture. Annual Review of Anthropology 2: 271-310.Flores, C., Maca.Meyer, N., González, A. M., Oefner, P. J., Shen, P., Pérez, J. A., Rojas, A., Larruga, J. M., Underhill, P. A., 2004. Reduced genetic structure of the Iberian peninsula revealed by Y-chromosome analysis: implications for populatin demography. European Journal of Human Genetics 12: 855-863.Galán, A.B., Rodríguez, M., de Juana, S., Domínguez-Rodrigo, M., 2009. A new experimental study on percussion marks and notches and their bearing on the interpretation of hammerstone-broken faunal assemblages. Journal of Archaeological Science 36: 776-784.Gamba, C., Fernández, E., Oliver, A., Tirado, M., Baeza, C., López-Parra, A.M., Arroyo-Pardo, E., 2008. Population genetics and DNA preservation in ancient human remains from Eastern Spain. Forensic Science International: Genetics Supplement Series 1: 462-464.García-Martínez de Lagrán, I., 2015. Recent data and approaches on the neolithization of Iberian Peninsula. European Journal of Archaeology 18(3): 429-453.Gaudzinski-Windheuser, S., Kindler, L., Rabinovich, R., Goren-Inbar, N., 2010. Testing heterogeneity in faunal assemblages from archaeological sites. Tumbling and trampling experiments at the early-Middle Pleistocene site of Gesher Benot Ya’aqov (Israel). Journal of Archaeological Science 37: 3170-3190.Gerbe, M., 2010. L’action des agents atmosphériques (weathering) sur des ossements brûlés: approche expérimentale. Taphonomie des résidus organiques brûlés et des structures de combustion en milleu archéologique. Actes de la table ronde, 27-29 mai 2008, CEPAM. P@lethnologie 2010.2: 189-201.Gibaja, J.F., Ibánez, J.J., González, J.E., 2014. Neolithic sickles in the Iberian Peninsula. In Gijn, A.M., Whittaker, J.C., Anderson, P.C., eds., Exploring and explaining diversity in agricultural technology. Oxford: Oxbow Books, 112-117.Gifford-Gonzalez, D.P., 1989. Ethnographic analogues for interpreting modified bones: some cases from East Africa. In Bonnichsen, R., Sorge, M., eds., Bone Modification. Institute for Quaternary Studies. University of Maine, 179-246.Gifford-Gonzalez, D.P., 1991. Bones are not enough: analogues, knowledge, and interpretive strategies in Zooarchaeology. Journal of Anthropological Archaeology 10: 215-254.Gifford-Gonzalez, D.P., Damrosch, D.B., Damrosch, D.R., Pryor, J., unen, R.L., 1985. e third dimension in site structure: an experiment in trampling and vertical dispersal. American Antiquity 50: 803-818.Gifford-Gonzalez, D., Hanotte, O., 2011. Domesticating animals in Africa: implications of genetic and archaeological findings. Journal of World Prehistory 24: 1-23.Gkiasta, M., Rusell, T., Shennan, S., Steele, J., 2003. Neolithic transition in Europe: the radiocarbon record revisited. Antiquity 77: 45-60.

Page 98: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 97 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 97 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Ginja, C., Gama, L. T., Penedo, M. C. T., 2009. Y chromosome haplotype analysis in portuguese cattle breeds using SNPs and STRs. Journal of Heredity 100(2): 148-157.Ginja, C., Gama, L.T., Penedo, M.C.T., 2010a. Analysis of STR markers reveals high genetic structure in portuguese native cattle. Journal of Heredity 101(2): 201-210.Ginja, C., Penedo, M.C.T., Sobral, M.F., Matos, J., Borges, C., Neves, D., Rangel-Figueiredo, T., Cravador, A., 2010b. Molecular genetic analysis of a cattle population to reconstitute the extinct Algarvia breed. Genetics Selection evolution 42: 18.Giuffra, E., Kijas, J.M.H., Amarger, V., Carlborg, Ö., Jeon, J.-T., Andersson, L., 2000. e origin of domestic pig: independent domestication and subsequent introgression. Genetics 154: 1785-1791.Glazewski, M., 2006. Experiments in bone burning. Oshkosh Scolar 1: 17-25.Gonçalves, V.S., Pereira, A., 1974/1977. Considerações sobre o espólio neolítico da Gruta dos Carrascos, Monsanto, Alcanena. O Arqueólogo Português, Série III(VII-IX): 49-87.Gonçalves, V.S., 2000/2001. O trigo, o cobre, a lã e o leite: um guia bibliográfico e uma curta introdução às sociedades camponesas da primeira metade do 3º milenio no centro e sul de Portugal. Zephyrus 53-54: 273-292.Gonçalves, V.S., 2005. Cascais há 5000 mil anos. Tempos, símbolos e espaços da morte nas antigas sociedades camponesas. In Gonçalves, V.S., coord., Cascais há 5000 anos. Cascais: Câmara Municipal de Cascais, 63-195.Gonçalves, V.S., Sousa, A.C., 2006. Algumas breves reflexes a propósito de quarto datas 14C para o Castro da Rotura, no contexto do 3.º milénio a.n.e. nas Penínsulas de Lisboa e Setúbal. O Arqueólogo Português, Série IV(24): 233-266.Gonçalves, V.S., Marchand, G., Sousa, A.C., 2008. Mudança e permanência do Mesolítico final ao Neolítico. Os sítios do Xarez (Reguengos de Monsaraz, Évora, Portugal). In Hernández Pérez, M.S., Soler Díaz, J.A., López Padilla, J.A., eds., IV Congreso del Neolítico Peninsular, Alicante 27 al 30 Noviembre 2006. Alicante: Museo Arqueologico de Alicante, Diputación de Alicante. Tomo II, 167-177.González, A.M., Brehm, A., Pérez, J.A., Maca-Meyer, N., Flores, C., Cabrera, V.M., 2003. Mitochondrial DNA affinities at the Atlantic fringe of Europe. American Journal of Physical Anthropology 120: 391-404.González-Sampériz, P., Utrilla, P., Mazo, C., Valero-Garcés, B., Sopena, M.C., Morellón, M., Sebastián, M., Moreno, A., Martínez-Bea, M., 2009. Patterns of human occupation during the early Holocene in the Central Ebro Basin (NE Spain) in response to the 8.2 ka climatic event. Quaternary Research 71: 121-132.Götherström, A., Anderung, C., Hellborg, L., Elburg, R., Smith, C., Bradley, D. G., Ellegren, H., 2005. Cattle domestication in the Near East was followeb by hybridization with aurochs bulls in Europe. Proceedings of the Royal Society B 272: 2345-2350.Greenfield, H.J., 1988. Bone consumption by pigs in a contemporary serbian village: implications for the interpretation of prehistoric faunal assemblages. Journal of Field Archaeology 15: 473-479.

Page 99: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 98 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 98 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Greenfield, H. J., 1999. e origins of metallurgy: distinguishing stone from metal cut-marks on bones from archaeological sites. Journal of Archaeological Science 26: 797-808.Greenfield, H. J., 2005. e origins of metallurgy at Jericho (Tel Es-Sultan): a preliminary report on distinguishing stone from metal cut marks on mammalian remains. In Buitenhuis, H., Choyke, A. M., Martin, L., Bartosiewicz, L, Mashkour, M., eds., Archaeozoology of the Near East VI, Proceedings of the sixth international symposium on the archaeozoology of southwestern Asia and adjacent areas. Groninguen: ARC-Publicaties 123, 178-186.Greenfield, H.J., 2006. Slicing cut marks on animal bones: diagnostics for identifying stone tool type and raw material. Journal of Field Archaeology 31(2): 147-163.Grimaldi, S., Rosina, P., Corral, I., 1998. Interpretazione geo-archaeologica di alcune industrie litiche “languedocensi” del Medio Bacino del Tejo. In Cruz, A.R., Oosterbeek, L., Reis, R.P., eds., Quaternário e Pré-História do Alto Ribatejo (Portugal). Arkeos n.º 4. Tomar: Ceiphar, 145-226.Gronenborn, D., 2009. Climate fluctuations and trajectories to complexity in the Neolithic: towards a theory. Documenta Praehistorica XXXVI: 97-110.Gronenborn, D., 2010. Climate, crises, and the “Neolithisation” of Central Europe between IRD-Events 6 and 4. In Gronenborn, D., Petrasch, J., orgs., e Spread of the Neolithic to Central Europe. Tagungen: RGSM, 61-80.Guilaine, J., 2000/2001. La difusión de la agricutura en Europa: una diffusion aritmética. Zephyrus LIII-LIV: 267-272.Guilaine, J., 2003a. Aspects de la nélithisation en Méditerranée et en France. In Ammerman, A.J., Biagi, P., eds., e widening harvest. e Neolithic transition in Europe: looking back, looking forward. Boston: Archaeological Institute of America, 189-206.Guilaine, J., 2003b. De la vague à la tombe: la conquête néolitique dela Méditeranée. Paris: Seuil.Guilaine, J., Ferreira, O.V., 1970. Le Néolithique ancien au Portugal. Bulletin de la Société Préhistorique Française 76(1): 304-322.Guilaine, J., Manen, C., 2007. From Mesolithic to early Neolithic in the Western Mediterranean. Proceedings of the British Academy 144: 21-51.Guo, J., Du, L.-X., Ma, Y.-H., Guan, W.-J., Li, H.-B., Zhao, Q.-J., Li, X., Rao, S.-Q., 2005. A novel maternal lineage revealed in sheep (Ovis aries). Animal Genetics 36: 331-336.Haak, W., Forster, P., Bramanti, B., Matsumura, S., Brandt, G., Tänzer, M., Villems, R., Renfrew, C., Gronenborn, D., Alt, K.W., Burger, J., 2005. Ancient DNA from the first european farmers in 7500-year-old Neolithic sites. Science 310: 1016-1018.Haak, W., Balanovsky, O., Sanchez, J.J., Koshel, S., Zaporozhchenko, V., Adler, C.J., Der Sarkissian, C.S.I., Brandt, G., Schwarz, C., Nicklisch, N., Dresely, V., Fritsch, B., Balanovska, E., Villems, R., Meller, H., Alt, K.W., Cooper, A., the Genographic Consortium, 2010. Ancient DNA from European Early Neolithic farmers reveals their Near Eastern affinities. PLoS Biology 8(11): e1000536. doi:10.1371/journal.pbio.1000536.Habber, A., Dayan, T., 2004. Analyzing the process of domestication:

Page 100: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 99 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 99 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Hagoshrim as a case study. Journal of Archaeological Science 31: 1587-1601.Hanson, M., Cain, C.R., 2007. Examining histology to identify burned bone. Journal of Archaeological Science 34: 1902-1913.Haynes, G., 1980. Evidence of carnivore gnawing on Pleistocene and recent mammalian bones. Paleobiology 6(3): 341-351.Haynes, G., 1983a. Frequencies of spiral and green-bone fractures on ungulate limb bones in modern surface assemblages. American Antiquity 48(1): 102-114.Haynes, G., 1983b. A guide for differentiating mammalian carnivore taxa responsible for gnaw damage to herbivore limb bones. Paleobiology 9: 164-172.Haynes, G., 1985. On watering holes, mineral licks, death, and predation. In Mead, J., Metzer, D., eds., Environments and Extinctions: Man in Late Glacial North America. Orono: Center for the Study of Early Man, 53-71.Haynes, G., 1988. Longitudinal studies of African elephant death and bone deposits. Journal of Archaeological Science 15: 131-157.Haws, J., 2003. An investigation of Late Upper Paleolithic and Epipaleolithic hunter-gatherer subsistence and settlement patterns in Central Portugal. Dissertação de Doutoramento. University of Wisconsin-Madison.Hecker, H.M., 1982. Domestication revisited: its implication from faunal analysis. Journal of Field Archaeology 9(2): 217-236.Hernando, A., 1994. El proceso de neolitización, perspectivas teóricas para el estudio del Neolítico. Zephyrus XLVI: 123-142.Hiendleder, S., Lewalski, H., Wassmuth, R., Janke, A., 1998a. e complete mitochondrial DNA sequence of the domestic sheep (Ovis aries) and comparison with the other major ovine haplotype. Journal of Molecular Evolution 47: 441-448.Hiendleder, S., Mainz, K., Plante, Y., Lewalski, H., 1998b. Analysis of mitochondrial DNA indicates that domestic sheep are derived from two different ancestral maternal sources: no evidence for contributions form urial and argali sheep. Journal of Heredity 89: 113-120.Hiendleder, S., Kaupe, B., Wassmuth, R., Janke, A., 2002. Molecular analysis of wild and domestic sheep questions current nomenclature and provides evidence for domestication from two different suspecies. Proceedings of the Royal Society B 269: 893-904.Hiendleder, S., Lewalski, H., Janke, A., 2008. Complete mitochondrial genomes of Bos taurus and Bos indicus provide new insights into intra-species variation, taxonomy and domestication. Cytogenetic and Genome Research 120: 150-156.Higgs, E.S., Jarman, M.R., 1969. e origins of agriculture: a reconsideration. Antiquity XLIII: 31-41.Hill, A., 1976. On carnivores and weathering damage to bone. Current Anthropology 17(2): 335-336.Hockett, B.S., 1991. Toward distinguishing human and raptor patterning on leporid bones. American Antiquity 56(4): 667-679.Hockett, B.S., 1995. Comparison of leporid bones in raptor pellets, raptor nests, and archaeological sites in the Great Basin. North American Archaeologist 16(3): 223-238.

Page 101: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 100 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 100 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Hockett, B.S., 1996. Corroded, thinned and polished bones created by golden eagles (Aquila chrysaetos): taphonomic implications for archaeological interpretations. Journal of Archaeological Science 23: 587-591.Hockett, B.S., Haws, J.A., 2002. Taphonomic and methodological perspectives of leporid hunting during the Upper Paleolithic of the Western Mediterranean Basin. Journal of Archaeological Method and eory 9(3): 269-302.Hurlbut, S.A., 2000. e taphonomy of cannibalism: a review of anthropogenic bone modification in the American Southwest. International Journal of Osteoarchaeology 10: 4-26.Igreja, M.A., Moreno-García, M., Pimenta, C.M., 2007. Um exemplo de abordagem experiemntal da interface traceologia lítica/arqueozoologia: esquartejamento e tratamento da pele de um corço (Capreolus capreolus) com artefactos de pedra lascada. Revista Portuguesa de Arqueologia 10(2): 17-34.Ingold, T., 2005. e perception of the environment. Essays in livelihood, dwelling and skill. 4rd edition. London/New York: Routledge.Jackes, M., Lubell, D., Meiklejohn, C., 1997a. Healthy but mortal: human biology and the first farmers of Western Europe. Antiquity 71: 639-658.Jackes, M., Lubell, D., Meiklejohn, C., 1997b. On physical anthropological aspects of the Mesolithic-Neolithic transition in the Iberian Peninsula. Current Anthropology 38(5): 839-846.Jaksinc, F.M., Soriguer, R.C., 1981. Predation upon the european rabbit (Oryctolagus cuniculus) in Mediterranean habitats of Chile and Spain: a comparative analysis. Journal of Animal Ecology 50(1): 269-281.Jiménez-Guijarro, J., 2008. El horizonte cardial del interior de la Península Ibérica. In Hernández Pérez, M.S., Soler Díaz, J.A., López Padilla, J.A., eds., IV Congreso del Neolítico Peninsular, Alicante 27 al 30 Noviembre 2006. Alicante: Museo Arqueológico de Alicante, Diputación de Alicante. Tomo II, 348-355.Johnson, E., 1985. Current developments in bone technology. In Shiffer, M.B., ed., Archaeological Method and theory. New York: Academic Press, vol. 8, 157-235.Jones, K.T., 1983. Forager archaeology: the Aché of eastern Paraguay. In Lemoine, G.M., MacEachern, A.S., eds., Carnivores, human scavengers, and predators: a question of bone technology. University of Calgary, Archaeological Association, 171-191.Jones, M., Brown, T., 2000. Agricultural origins: the evidence of modern and anciet DNA. e Holocene 10(6): 769-776.Jones, P.R., 1980. Experimental butchery with modern stone tools and its relevance for Palaeolithic archaeology. World Archaeology 12(2): 153-165.Jorge, S.O., 1999. Domesticar a Terra. As primeiras comunidades agrárias em território português. Lisboa: Gradiva.Juan-Cabanilles, J., Martí Oliver, B., 2002. Poblamiento y procesos culturales en la Península Ibérica del VII al V milenio a.C. (8000-5500 BP). Una cartografía de la neolitización. In Badal E., Bernabeu, J., Martí, B., eds., Actes del II Congrés de Neolitic a la Península Ibérica. El Paisage en el Neolítico Mediterráneo. Saguntum, Papeles del Laboratorio de Arqueología, Extra 5, 45-87.

Page 102: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 101 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 101 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Kalis, A.J., Merkt, J., Wunderlich, J., 2003. Environmental changes during the Holocene climatic optimum in central Europe - human impact and natural causes. Quaternary Science Reviews 22: 33-79.Kent, S., 1993. Vairability in faunal assemblages: the influence of hunting skill, sharing, dogs, and mode of cooking on faunal remains at a sedentary Kalahari community. Journal of Anthropological Archaeology 12: 323-385.Kijas, J.M.H., Anersson, L., 2001. A phylogenetic study of the origin of the domestic pig. J Mol Evol. 52(3):302-8. Klein, R.G., Cruz-Uribe, K., 1984. e analysis of animal bones from archaeological sites. Chicago: University Press.Koon, H.E.C., O’Connor, T.P., Collins, M.J., 2010. Sorting the butchered from the boiled. Journal of Archaeological Science 37: 62-69.Koon, H.E.C., Nicholson, R.A., Collins, M.J., 2003. A practical approach to the identification of low temperature heated bone using TEM. Journal of Archaeological Science 30: 1393-1399.Korth, W.W., 1979. Taphonomy of microvertebrate fossil assemblages. Annals of the Carnegie Museum 48: 235-285.Kozlowski, J.K., Kozlowski, S.K., 1990. Foragers of Central Europe and their acculturation. In Zvelebil, M., ed., Hunters in transition: Mesolithic societies of temperate Eurasia and their transition to farming. Cambridge: Cambridge University Press, 95-108.Krajcarz, M., Krajcarz, M. T., 2012. e red fox (Vulpes vulpes) as an accumulator of bones in cave-like environments. International Journal of Osteoarchaeology DOI: 10.1002/oa.2233Lalueza Fox, C., 1996a. El poblamiento humano de la Península Ibérica desde el Período Mesolítico. Ehnnologia, Evolução Humana, Nova Série (5): 81-93.Lalueza Fox, C., 1996b. Physical anthropological aspects of the Mesolithic-Neolithic transition in the Iberian Peninsula. Current Anthropology 37(4): 689-695.Lalueza Fox, C., González Martin, A., Vives Civit, S., 1996. Cranial variation in the Iberian Peninsula and the Balearic Islands: inferences about the history of the population. American Journal of Physical Anthropology 99: 413-428.Lalueza Fox, C., González Martin, A., 1998. On chronology versus geography in the Iberian Mesolithic-Neolithic transition. Current Anthropology 39(4): 511-512.Lacan, M., Keyser, C., Ricaut, F.-X., Brucato, N., Duranthon, F., Guilaine, J., Crubézy, E., Ludes, B., 2011. Ancient DNA reveals male difussion through the Neolithic Mediterranean route. Proceedings of the National Academy of Sciences, Early Edition: 1-4.Landt, M.J., 2004. Investigations of human gnawing on small mammal bones: among contemporary Bofi foragers of the Central African Republic. Dissertação de Mestrado. Washington State University.Landt, M.J., 2007. Tooth marks and human consumption: ethnoarchaeological mastication research among foragers of the Central African Republic. Journal of Archaeological Science 34: 1629-1640.Lari, M., Rizzi, E., Mona, S., Corti, G., Catalano, G., Chen, K., Vernesi, C., Larson, G., Boscato, P., de Bellis, G., Cooper, A., Caramelli, D., Bertorelle, G.,

Page 103: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 102 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 102 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

2011. e complete mitochondrial genome of an 11,450-year-old aurochsen (Bos primigenius) from central Italy. BMC Evolutionary Biology 11: 32.Larson, G., Albarella, U., Dobney, K., Rowley-Conwy, P., Shibler, J., Tresset, A., Vigne, J.-D., Edwards, C. J., Schlumbaum, A., Dinu, A., Bălăçsescu, A., Dolman, G., Tagliacozzo, A., Manaseryab, N., Miracle, P., Van Wijngaarden-Bakker, L., Masseti, M., Bradley, D. G., Cooper, A., 2007a. Ancient DNA, pig domestication, and the spread of the Neolithic into Europe. Proceedings of the National Academy of Sciences 104(39): 15276-15281.Larson, G., Cucchi, T., Fujita, M., Matisoo-Smith, E., Robins, J., Anderson, A., Rolett, B., Spriggs, M., Dolman, G., Kim, T.-H., uy, N. T. D., Randi, E., Doherty, M., Due, R. A., Bollt, R., Djubiantono, T., Griffin, B., Intoh, M., Keane, E., Kirch, P., Li, K.-T., Morwood, M., Pedriña, L.M., Piper, P.J., Rabett, R.J., Shooter, P., Van den Bergh, G., West, E., Wickler, S., Yuan, J., Cooper, A., Dobney, K., 2007b. Phylogeny and ancient DNA of Sus provides insights into neolithic expansion in Island Southeast Asia and Oceania. Proceedings of the National Academy of Sciences 104(12): 4834-4839.Larson, G., Albarella, U., Dobney, K., Rowley-Conwy, P., 2007c. Current views on Sus phylogeography and pig domestication as seen through modern mtDNA studies. In Albarella, U., Dobney, K., Ervynck, A., Rowley-Conwy, P., eds., 2007. Pigs and humans: 10,000 years of interaction. Oxford: University Press, 30-41.Larson, G., Dobney, K., Albarella, U., Fang, M., Matisoo-Smith, E., Robins, J., Lowden, S., Finlayson, H., Brand, T., Willerslev, E., Rowley-Conwy, P., Andersson, L., Cooper, A., 2005. Worldwide phylogeography of wild boar reveals multiple centers of pig domestication. Science 307: 1618-1621.Larson, G., Karlsson, E.K., Perri, A., Webster, M.T., Ho, S.Y.W., Peters, J., Stahl, P.W., Piper, P.J., Lingaas, F., Fredholm, M., Comstock, K.E., Modiano, J.F., Schelling, C., Agoulnik, A.I., Leegwater, P.A., Dobney, K., Vigne, J.-D., Vilà, C., Andersson, L., Lindblad-Toh, K., 2012. Rethinking dog domestication by integrating genetics, archaeology, and biogeography. PNAS 109(23): 8878-8883.Lázaro, A., Sánchez-Barbudo, S.C., 2001. Aproximación experimental a los patrones de fracturación en hueso. Boletín de Arqueologia Experimental 5: 44-54.Leitão, V., Henriques, J.P., 2014. Ocupação Pré-históricas na Encosta de Sant’Ana. Rossio. Estudos de Lisboa 3: 16-27.Leisner, G.K., Leisner, V., 1951. Antas do Concelho de Reguengos de Monsaraz: Materiais para o Estudo da Cultura Megalítica em Portugal. Lisboa: Instituto para a Alta Cultura.Lenke, A. K., 2013. Cutmark systematics: analyzing morphometrics and spatial patterning at Palangana. Journal of Anthropological Archaeology 32: 16-27.Lenstra, J.A., Econogene Consortium, 2005. Evolutionary and demographic history of sheep and goats suggested by nuclear, mtDNA and Y-chromosome markers. Proceedings of the International Workshoop, e role of biotechnology for the characterization of crop, forestry, animal and fishery genetic resources, Turin, Itália, 5-7 Março, 2005, 97-100.Lentacker, A., 1986. Preliminary results of the fauna of Cabeço da Amoreira e Cabeço da Arruda (Muge, Portugal). Trabalhos de Antropologia e Etnologia. Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia 26(1-4): 9-26.

Page 104: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 103 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 103 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Lentacker, A., 1994. Fish remains from Portugal: preliminary analysis of the Mesolithic shell-midden of Cabeço da Amoreira and Cabeço da Arruda. Annales du Musée Royal de l’Afrique Centrale, Sciences Zoologiques 274: 263-271.Lewthwaite, J., 1981. Ambiguous first impression: a survey of recent work on the early Neolithic of the West Mediterranean. Journal of Mediterranean Anthropology and Archaeology 1(2): 291-307.Lewthwaite, J., 1990. e transition to food production: a Mediterranean perspective. In Zvelebil, M., ed., Hunters in transition: Mesolithic societies of temperate Eurasia and their transition to farming. Cambridge: Cambridge University Press, 53-66.Lloveras, L., Moreno-García, M., Nadal, J., 2008a. Taphonomic analysis of leporid remains obtained from modern Iberian lynx (Lynx pardinus) scats. Journal of Archaeological Science 35: 1-13.Lloveras, L., Moreno-García, M., Nadal, J., 2008b. Taphonomic study of leporid remains accumulated by the Spanish Imperial Eagle (Aquila adalberti). Geobios 41: 91-100.Lloveras, L., Moreno-García, M., Nadal, J., 2009a. Butchery, cooking and human consumption marks on rabbit (Oryctolagus cuniculus) bones: an experimental study. Journal of Taphonomy 7(2-3): 179-201.Lloveras, L., Moreno-García, M., Nadal, J., 2009b. e eagle owl (Bubo bubo) as a leporid remains accumulator: taphonomic analysis of modern rabbit remains recovered from nests of this predator. International Journal of Osteoarchaeology 19: 573-592.Lloveras, L., Moreno-García, M., Nadal, J., Maroto, J., Soler, J., Soler, N., 2010. e application of actualistic studies to assess the taphonomic origin of Musterian rabbit accumulations from Arbreda Cave (North-East Iberia). Archaeofauna 19: 99-119.Lloveras, L., Moreno-García, M., Nadal, J., Zilhão, J., 2011. Who brought in the rabbits? Taphonomical analysis of Mousterian and Solutrean leporid accumulations from Gruta do Valdeirão (Tomar, Portugal). Journal of Archaeological Science 38: 2434-2449.Lloveras, L., Moreno-García, M., Nadal, J., 2012. Feeding the foxes: an experimental study to assess their taphonomic signature on leporid remains. International Journal of Osteoarchaeology 22: 577-590.Lloveras, L., Nadal, J., Moreno-García, M., omas, R., Anglada, J., Baucells, J., Martorell, C., Vilasís, D., 2014b. e role of the Egyptian Vulture (Neophron percnopterus) as a bone accumulator in cliff rock shelters: an analysis of modern bone nest assemblages from North-eastern Iberia. Journal of Archaeological Science 44: 76-90.Loftus, R.T., MacHugh, D.E., Bradley, D.G., Sharp, P.M., Cunningham, P., 1994. Evidence for two independent domestications of cattle. Procedings of the National Academy of Sciences USA 91: 2757-2761.López-Dóriga, I., Simões, T., 2015. Los cultivos del Neolítico Antiguo de Sintra: Lapiás das Lameiras e São Pedro de Canaferrim: resultados preliminaries. In Gonçalves, V.S., Diniz, M., Sousa, A.C., eds., 5º Congresso do Neolítico Peninsular. Actas. Estudos & Memórias 8. Lisboa: UNIARQ, 96-105.

Page 105: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 104 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 104 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

López-González, F., Grandal-d’Anglade, A., Vidal-Romaní, J.R., 2006. Deciphering bone depositional sequences in caves through the study of manganese coatings. Journal of Archaeological Science 33: 707-717.López Sáez, J.A., 2006. Análisis palinológico del yacimiento de Los Barruecos (Malpartida de Cáceres, Cáceres). In Cerrillo Cuenca, ed., Los Barruecos: primeros resultados sobre el poblamiento Neolítico de la Cuenca Extemeña del Tajo. Memoria de Arqueología Extremeña 6. Mérida: Junta de Extremadura, Consejería de Cultura, 95-98.López Sáez, J.A., López García, P., López Merino, L., Cerrillo Cuenca, E., González Cordero, A., Prada Gallardo, A., 2007b. Origen prehistorico de la dehesa en Extremadura: una eprspectiva paleoambiental. Revista de Estudios Extremeños 63(1): 493-509.López Sáez, J.A., González Cordero, A., Cerrillo Cuenca, E., 2007a. Paleoambiente y paleoeconomía durante el Neolítico antiguo y el Calcolítico en Extremadura: análisis arqueopalonológico del yacimiento del Cerro de la Horca (Plasenzuela, Cáceres, España). Zephyrus 60: 145-153.López Sáez, J.A., López Merino, L., Pérez Díaz, S., 2008. Crisis climáticas en la Prehistoria de la Península Ibérica: el evento 8200 cal. BP como modelo. In Rovira, S., García-Heras, M., Gener, M., Montero, I., eds., VII Congreso Ibérico de Arqueometría. Madrid: CSIC, 77-86.Lubell, D., Jackes, M., 1985. Mesolithic-Neolithic continuity: evidence from chronology and human biology. In I Reunião do Quaternário Ibérico. Lisboa, 113-133.Lubell, D., Jackes, M., Schwarcz, H., Knyf, M., Meiklejohn, C., 1994. e Mesolithic-Neolithic transition in Portugal: isotopic and dental evidence of diet. Journal of Archaeological Science 21: 201-216.Lubell, D., Jackes, M., Sheppard, P., Rowley-Conwy, P., 2007. e Mesolithic-Neolithic in the Alentejo: archaeological investigations 1984-1986. In Bicho, N., acker, P., eds., From the Mediterranean Basin to the Portuguese Atlantic shore: Paper in Honor of Anthony Marks. Faro: Universidade do Algarve, 209-229.Luetkemeier, E. S., Sodhi, M., Schook, L. B., Malhi, R. S., 2010. Multiple asian pig origins revealed through genomic analyses. Molecular Phylogenetics and Evolution 54: 680-686.Luikart, G., Gielly, L., Excoffier, L., Vigne, J.-D., Bouvet, J., Taberlet, P., 2001. Proceedings of the National Academy of Sciences 98(10): 5927-5932.Luikart, G., Fernández, H., Mashkour, M., England, P. R., Taberlet, P., 2006. Origins and diffusion of domestic goats inferred from DNA markers: example analyses of mtDNA, Y chromossome, and microsatellites. In Zeder, M.A., Bradlye, D.G., Emshwiller, E., Smith, B., eds., Documenting domestication: new genetic and archaeological paradigms. California: University Press, 294-305.Lupo, K.D., 1994. Butchering marks and carcass acquisition strategies: distinguishing hunting from scavenging in archaeological contexts. Journal of Archaeological Science 21: 827-837.Lupo, K.D., 1995. Hadza bone assemblages and hyena attrition: an ethnographic example of the influence of cooking mode of discard on the intensity of scavenger ravaging. Journal of Anthropological Archaeology 14: 288-314.

Page 106: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 105 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 105 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Lupo, K.D., O’Connell, J.F., 2002. Cut and tooth mark distributions on large animal bones: ethnoarchaeological data form the Hadza and their implications for current ideas about early human carnivory. Journal of Archaeological Science 29: 85-109.Lupo, K.D., Schmitt, D.N., 1997. Experiments in bone boiling: nutritional returns and archaeological reflections. Anthropozoological 25-26: 137-144.Lyman, R.L., 1987. Hunting for Plio-Pleistocene hominid scavengers. American Anthropologists, New Series, 89(3): 710-715.Lyman, R.L., 1994a. Vertebrate Taphonomy. Cambridge: University Press.Lyman, R.L., 1995. A study of variation in the prehistoric butchery of large artiodactyls. In Johnson, E., ed., Ancient Peoples and Landscapes. Lubbock: Museum of Texas Tech University, 233-253.Lyman, R.L., 2005. Analyzing cut marks: lessons from artiodactyl remains in the northwestern United States. Journal of Archaeological Science 32: 1722-1732.Lyman, R.L., 2008. Quantitative Paleozoology. Cambridge: Cambridge University Press.Lyman, R.L., Fox, G.L., 1989. A critical evaluation of bone weathering as an indication of bone assemblage formation. Journal of Archaeological Science 16: 293-317.MacCarter, S.F., 2007. Neolithic. New York: Routledge.MacHugh, D.E., Shriver, M.D., Loftus, R.T., Cunnungham, P., Bradley, D.G., 1997. Microsatellite DNA variation and evolution, domestication and phylogeography of taurine and zebu cattle (Bos taurus and Bos indicus). Genetics 146: 1071-1086.MacHugh, D.E., Bradley, D.G., 2001. Livestock genetic origins: goats buck the trend. Proceedings of the National Academy of Sciences 98(10): 5382-5384.Magnell, O., 2010. Weathering and diagenetic changes of wild boar bones in five different environmental settings. BoneCommons Item #1344 Disponível em linha em http://alexandriaarchive.org/bonecommons/items/show/1344 (Acesso em 28/11/2012).Maguire, J.M., Pemberton, D., Collett, M.H., 1980. e Makanspagat Limeworks Grey Breccia: hominid, hyaenas, hystricids or hillwash? Palaeontologia Africana 23: 75-98.Mallye, J.-B., 2011. Taphonomie et archeozoologie d’un animal fouisseur: method de characterisation des accumulations de restes de blaireau. In Laroulandie, V., Mallye, J.-N., Denys, C., eds., Taphonomie des Petits Vertébrés: Référentiels et Transferts aux Fossiles. BAR International Series 2269. Oxford:Archaeopress, 43-55.Mallye, J.-B., Cochard, D., Laroulandie, V., 2008. Accumulations osseuses en périphérie de terriers de petits carnivores: les stigmates de prédation et de fréquentation. Annales de Paléontologie 94: 187-208.Malmström, H., 2007. Ancient DNA as a means to investigate the European Neolithic. Digital Comprehensive Summaries of Uppsala Dissertations from the Faculty of Science and Technology 323. Uppsalla Universitet.Manceau, V., Després, L., Bouvet, J., Taberlet, P., 1999. Systematics of the genus Capra inferred from mitochondrial DNA sequence data. Molecular

Page 107: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 106 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 106 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Phylogenetics and Evolution 13(3): 504-510.Mannen, H., Kohno, M., Nagata, Y., Tsuji, S., Bradley, D. G., Yeo, J.S., Nyamsamba, D., Zagdsuren, Y., Yokohama, M., Nomura, K., Amano, T., 2004. Independent mitochondrial origin and historical genetic differentiation in North Eastern Asian cattle. Molecular Phylogenetics and Evolution 32: 539-544.Marean, C.W., 1991. Measuring the post-depositional destruction of bone in archaeological assemblages. Journal of Archaeological Science 18: 667-694.Marean, C.W., Spencer, L.M., 1991. Impact of carnivore ravaging on zooarchaeological measures of element abundance. American Antiquity 56(4): 645-658.Marean, C.W., Spencer, L.M., Blumenschine, R.J., Capaldo, S.D., 1992. Captive hyaena bone choice and destruction, the Schlepp Effect and Olduvai archaeofaunas. Journal of Archaeological Science 19: 101-121.Marín-Arroyo, A.B., Landete Ruiz, M.D., Vidal Bernabeu, G., Seva Román, R., González Morales, M.R., Straus, L.G., 2008. Archaeological implications of human-derived manganese coatings: a study of blackened bones in El Mirón Cave, Cantabrian Spain. Journal of Archaeological Science 35: 801-813.Marín-Arroyo, A.B., Margalida, A., 2012. Distinguishing bearded vulture activities within archaeological contexts: identification guidelines. International Journal of Osteoarchaeology 22: 563-576.Marks, A.E., Bicho, N.F., Zilhão, J., 1996. Upper Pleistocene Prehistory in Portuguese Estremadura: results of preliminary research. Journal of Field Archaeology 21(1): 53-68.Martín-Burriel, I., Rodellar, C., Cañón, J., Cortés, O., Dunner, S., Landi, V., Martínez-Martínez, A., Gama, L.T., Ginja, C., Penedo, M.C.T., Sanz, A., Zaragoza, P., Delgado, J.V., 2011. Genetic diversity, structure, and breed relationships in Iberian cattle. Journal of Animal Sience 89: 893-906.Martínez, A.M., Delgado, J.V., Rodero, A., Vega-Pla, J.L., 2000. Genetic structure of the Iberian pig breed using microsatellites. Animal Genetics 31: 295-301.Mataloto, R., Boaventura, R., 2009. Entre vivos e mortos nos IV e III milénios a.n.e. do Sul de Portugal: um balanço relativo do povoamento com base em datações pelo radiocarbon. Revista Portuguesa de Arqueologia 12(2): 31-77.Mateos Cachorro, A., 1999. Alimentación y consumo no cárnico en el Solutrense Cantábrico: mandíbulas y falanges fracturadas intencionalmente en el nivel 9 de la Cueva de las Caldas (Priorio, Oviedo). Zephyrus 52: 33-52.Mateos Cachorro, A., 2003. Estudio de la fragmentación de falanges y mandíbulas en la secuencia temporal del 19000-13000 Bp de la Cueva de las Caldas (Priorio, Oviedo). Implicaciones paleoeconómicas: nutrición y subsistencia. Gallaecia 22: 9-20.Meadow, R., 1989. Osteological evidence for the process of animal domestication. In Clutton-Brock, J., ed., e walking larder: patterns of domestication, pastoralism and predation. London: Alle & Unwin, 80-90.Meadows, J.R.S., Cemal, I., Karaca, O., Gootwine, E., Kijas, J.W., 2007. Five ovine mitochondrial lineages identified from sheep breeds of the Near East. Genetics 175: 1371-1379.

Page 108: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 107 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 107 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Mechin, C., 1987. Pratiques différentielles de découpe du porc en Lorrain. Anthropozoologica, Premier Numéro Spécial: 23-26.Megens, H.-J., Crooijmans, R.P.M.A., San Cristobal, M., Hui, X., Li, N., Groenen, M.A.M., 2008. Biodiversity of pig breeds from China and Europe estimated from pooled DNA samples: differences in microsatellite variation between two areas of domestication. Genetics Selection Evolution 40: 103-128.Mercuri, A.M., Sadori, L., Uzquiano Ollero, P., 2011. Mediterranean and north-African cultural adaptations to mid-Holocene environmental and climatic changes. e Holocene 21(1): 189-206.Mona, S., Catalano, G., Lari, M., Larson, G., Boscato, ., Casoli, A., Sineo, L., Di Patti, C., Pecchioli, E., Caramelli, D., Bertorelle, G., 2010. Population dynamic of the extinct European aurochs: genetic evidence of a north-south differentiation pattern and no evidence of post-glacial expansion. BMC Evolutionary Biology 10: 83.Moran, N.C., O’Connor, T.P., 1991/1992. Bones that cats gnawed upon: a case study in bone modification. Circaea 9(1): 27-34.Morales, A., 2006. Los Barruecos (Malpartida de Cáceres): una fauna neolítica a cielo abierto. In Cerrillo Cuenca, ed., Los Barruecos: primeros resultados sobre el poblamiento Neolítico de la Cuenca Extemeña del Tajo. Memoria de Arqueología Extremeña 6. Mérida: Junta de Extremadura, Consejería de Cultura, 111-131.Morin, E., 2010. Implication taphonomiques de l’utilisation de l’os comme combustible. Taphonomie des résidus organiques brûlés et des structures de combustion en milleu archéologique. Actes de la table ronde, 27-29 mai 2008, CEPAM. P@lethnologie 2010.2: 215-223.Muralha, J., Costa, C., eds., 2004. Encosta de Sant’Ana/2002 (Martim Moniz – Lisboa). Relatório da Escavação Arqueológica. Texto policopiado. Lisboa.Myers, T. P., Voorhies, M. R., Corner, R. G., 1980. Spiral fractures and bone pseudotools at paleontological sites. American Antiquity 45(3): 483-490.Naderi, S., Rezaei, H.-R., Taberlet, P., Zundel, S., Rafat, S.-A., Naghash, H.-R., El-Barody, M.A.A., Ertugrul, O., Pompanon, F., Econogene Consortium, 2007. Large-scale mitochondrial DNA analysis of the domestic goat reveals six haplogroups with high diversity. PLoS ONE 2(10): e1012. doi:10.1371/journal.pone.0001012.Naderi, S., Rezaei, H.-R., Pompanon, F., Blum, M. G. B., Megrini, R., Naghash, H.-R., Balkiz, Ö., Mashkour, M., Gaggiotti, O.E., Ajmone-Marsan, P., Kence, A., Vigne, J.-D., Taberlet, P., 2008. e goat domestication process inferred from large-scale mitochondrial DNA analysis of wild and domestic individuals. Proceedings of the National Academy of Sciences 105(46): 17659-17664.Nelson, K., 2010. Environment, cooking strategies and containers. Journal of Anthropological Archaeology 29: 238-247.Neves, C., 2010. Monte da Foz 1 (Benavente): um episódio da neolitização na margem esquerda do baixo Tejo. Dissertação de Mestrado. Universida de Lisboa. 2 vols.Nicholson, R.A., 1993. A morphological investigation of burnt animal bone and an evaluation of its utility in archaeology. Journal of Archaeological Science 20: 411-428.

Page 109: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 108 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 108 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Nilssen, P. J., 2000. An actualistic butchery study in South Africa and its implications for reconstructing hominid strategies of carcass acquisition and butchery of Upper Pleistocene and Plio-Pleistocene. Dissertação de Doutoramento. University of Cape Town, South Africa.Noe-Nygaard, N., 1989. Man-made trace fossils on bones. Journal of Human Evolution 4(6): 461-491.Olària, C., Gusi, F., 1996. Cova Fosca: Neolítico Antiguo o Neolítico Medio? El paradigma cardial. I Congrés del Neolític a la Península Ibérica. Rubricatum I, Vol. 2: 843-851.Oliver, J.S., 1993. Carcass processing by the Hadza: bone breakage from butchery to consumption. In Hudson, J., ed., From bones to behavior: ethnoarchaeological and experimental contribution to the interpretation of faunal remains. Carbondale: Southern Illinois University Press. Occasional Paper 21, 200-228.Oliveira, J., 2011. Trabalhos arqueológicos na Coudelaria de Alter. In Arqueologia do Norte Alentejano – Comunicações das 3.as Jornadas. Lisboa: Edições Colibri/C.M.Fronteira, 45-61.Oliveira, J., Oliveira, C., 2015. A arte rupestre esquemática pintada no contexto megalítico da Serra de São Mamede. In Gonçalves, V.S., Diniz, M., Sousa, A.C., eds, 5º Congresso do Neolítico Peninsular, Estudos & MEMÓRIAS 8. Lisboa: UNIARQ, 547-556.Olsen, S.L., Shipman, P., 1988. Surface modification on bone: trampling versus butchery. Journal of Archaeological Science 15: 535-553.Oosterbeek, L., 1993a. Nossa Senhora das Lapas – excavation of Prehistoric cave burials in Central Portugal. Papers of the Institute of Archaeology 4: 49-62.Oosterbeek, L., 1994a. Gruta do Cadaval. Informação Arqueológica 9: 78.Oosterbeek, L., 1994b. Echoes from the East: the Western network. North Ribatejo (Portugal): an insight to unequal and combined development, 7000-2000 BC. Dissertação de Doutoramento. University College London.Oosterbeek, L., 1997. Echoes from the East: late Prehistory of the North Ribatejo. Arkeos 2. Tomar: Ceiphar.Oosterbeek, L., 2000. Continuidade e descontinuidade na Pré-História. Estatuto epistemológico da Arqueologia e da Pré-História. Trabalhos de Antropologia e Etnologia 40(3-4): 51-74.Oosterbeek, L., 2001. Stones, carvings and farmers in the Southwest Europe: a view from the inland. Prehistoria 2000, Journal of the International Union for Prehistoric and Protohistoric Sciences 1(1): 150-168.Oosterbeek, L., 2004. Archaeographic and conceptual advances in interpreting Iberian neolithisation. Documenta Praehistorica XXXI: 83-87.Outram, A.K., 2001. A new approach to identifying bone marrow and grease exploitation: why the “indeterminate” fragments should not be ignored. Journal of Archaeological Science 28: 401-410.Outram, A.K., 2002. Bone fracture and within bone nutrients: an experimentally based method for investigating levels of marrow extraction. In Miracle, P., Milener, N., eds., Consuming passions and patterns of consumptions. Cambridge: McDonald Institute for Archaeological Research, 51-64.Outram, A.K., 2004. Applied models and indices vs. high-resolution, observed

Page 110: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 109 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 109 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

data: detailed fracture and fragmentation analyses for the investigation of skeletal part abundance patterns. Journal of Taphonomy 2(3): 167-184.Outram, A.K., Knüsel, Knight, S., Harding, A.F., 2005. Understanding complex fragmented assemblages of human and animal remains: a fully integrated approach. Journal of Archaeological Science 32: 1699-1710.Padilla, M., 2008. Transmisión cultural y procesos de aprendizaje de carnicería: un estudio experimental comparando expertos y novicios en el descarnado y desarticulación. Arqueoweb. Revista sobre Arqueología en Internet 9(2): 1-75. Disponível em http://pendientedemigracion.ucm.es/info/arqueoweb/pdf/9-2/mariano.pdf (Acesso em 05/04/2014).Payne, S., Munson, P.J., 1985. Ruby and how many squirrels? e destruction of bones by dogs. In Fieller, N.R.J., Gilbertson, D.D., Ralph, N.G.A., eds., Paleobiological Investigations. BAR International Series 266. Oxford: Archaeopress, 31-46.Pedrosa, S., Uzun, M., Arranz, J.-J., Gutiérrez-Gil, B., Primitivo, F. S., Bayón, Y., 2005. Evidence of three maternal lineages in near eastern sheep supporting multiple domestication events. Proceedings of the royal society B 272: 2211-2217.Pereira, F., Pereira, L., Van Asch, B., Bradley, D.G., Amorim, A., 2005. e mtDNA catalogue of all Portuguese autochthonous goat (Capra hircus) breeds: high diversity of female lineages at the western fringe of European distribution. Molecular Ecology 14: 2313-2318.Pereira, F., Davis, S.J.M., Pereira, L., McEvoy, B., Bradley, D., Amorim, A., 2006. Genetic signatures of a mediterranean influence in Iberian Peninsula sheep husbandry. Molecular Biology and Evolution 23(7): 1420-1426.Pereira, F., Queirós, S., Gusmão, L., Nijman, I.J., Cuppen, E., Lenstra, J.A., Econogene Consortium, Davis, S.J.M., Nejmeddine, F., Amorim, A., 2009. Tracing the history of goat pastoralism: new clues from mitochondrial and Y chromosome DNA in North Africa. Molecular Biology and Evolution 26(12): 2765-2773.Pereira, L., Dupanloup, I., Rosser, Z.H., Jobling, M.A., Barbujani, G., 2001. Y-chromosome mismatch distributions in Europe. Molecular Biology and Evolution 18(7): 1259-1271.Pereira, L., Silva, N.M., Franco-Duarte, R., Fernandes, V., Pereira, J.B., Costa, M.D., Martins, H., Soares, P., Behar, D.M., Richards, M.B., Macaulay, V., 2010. Population expansion in the North African Late Pleistocene signalled by mitochondrial DNA haplogroup U6. Evolutionary Biology 10: 390.Pereira, T., Carvalho, A.F., 2015. Abrupt techonological change at the 8.2 ky cal BP climatic event in Central Portugal. e Epipalaeolithic of Pena d’Água Rock-shelter. Comptes Rendus Palevol 14: 423-435.Pérez-González, A., Baena Preysler, J., Morín de Pablos, J., Rus, I., Bárez, S., Uribelarrea, D., 2007. El yacimiento epipaleolítico de Parque Darwin: un proyecto de investigación geoarqueológica de la Comunidad de Madrid. In Morín de Pablos, S., ed., Primer Simposio de la investigación y diffusion arqueopaleontológica en el marco de la iniciativa privada. Madrid, 121-132.Pérez-Pardal, L., Royo, L.J., Beja-Pereira, A., Chen, S., Cantet, R.J.C., Traoré, A., Curik, I., Sölkner, J., Bozzi, R., Fernández, I., Álvarez, I., Gutiérrez, J.P., Gómez, E., Ponce de León, F. A., Goyache, F., 2010. Multiple paternal origins of domestic cattle revealed by Y-specific interspersed multilocus microsatellites.

Page 111: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 110 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 110 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Heredity 105: 511-519.Pérez Ripoll, M., 2005. Caracterización de las fracturas antrópicas y sus tipologías en huesos de conejo procedentes de los niveles gravetienses de la Cova de les Cendres (Alicante). Munibe 57 (239-254): 239-254.Pickering, T.R., Egeland, C.P., 2006. Experimental patterns of hammerstone percussion damage on bones: implications for inferences of carcass processing by humans. Journal of Archaeological Science 33: 459-469.Pickering, T.R., Domínguez-Rodrigo, M., Heaton, J.L., Yravedra, J., Barba, R., Bunn, H.T., Musiba, C., Baquedano, E., Diez-Martín, F., Mabulla, A., Brain, C.K., 2013. Taphonomy of ungulate ribs and the consumption of meat and bone by 1.2-million-yar-old hominins at Olduvai Gorge, Tanzania. Journal of Archaeological Science 40: 1295-1309.Pickering, T.R., Wallis, J., 1997. Bone modifications resulting from captive chimpanzee mastication: implications for the interpretation of Pliocene archaeological faunas. Journal of Archaeological Science 24: 1115-1127.Pidancier, N., Jordan, S., Luikart, G., Taberlet, P., 2006. Evolutionary history of the genus Capra (Mammalia, Artiodactyla): discordance between mitochondrial DNA and Y-chromossome phylogenies. Molecular Phylogenetics and Evolution 40: 739-749.Pijoan, C.Ma., Mansilla, J., Leboreiro, I., 2007. ermal alterations in archaeological bones. Archaeometry 49(4): 713-727.Piras, D., Doro, M.G., Casu, G., Melis, P.M., Vaccargiu, S., Piras, I., Parracciani, D., Stradonu, R., Frongia, B., Lai, G., Sale, S., Cattari, W., Piras, R., Querci, O., Demuro, P., Cui, S., Atzori, F., Mancosu, M., Marchiori, F., Cammelli, R., Spiga, A., Loddo, P. P., Pili, G., Boi, R., Argiolas, G., Mereu, P., Leoni, G.G., Naitana, S., Pirastu, M., Novelleto, A., 2012. Haplotype affinities resolve a major component of goat (Capra hircus) mtDNA D-loop diversity and reveal specific features of the Sardinian stock. PLoS ONE 7(2): 230785. doi:10.1371/journal.pone.0030785.Pobiner, B.L., Braun, D.R., 2005. Strenghtning the inferential link between cutmark frequency data and Oldowan hominid behavior: results form modern butchery experiments. Journal of Taphonomy 3(3): 107-119.Pobiner, B.L., Rogers, M., Monahan, C.M., Harris, J.W.K., 2008. New evidence for hominin carcass processing strategies at 1.5 Ma, Koobi Fora, Kenya. Journal of Human Evolution 55: 103-130.Popper, K., 2009. O Mito do Contexto. Em defesa da ciência e da racionalidade. Lisboa: Edições 70.Potts, R. B., Shipman, P., 1981. Cutmarks made by stone tools on bones from Olduvai Gorge, Tanzania. Nature 291: 577-580.Price, T.D., 2014. Isotope proveniencing. In Carvalho, A.F., ed., Bom Santo Cave (Lisbon) and the Middle Neolithic Societies of Southern Portugal. Promontoria Monográfica 17. Faro: Universidade do Algarve, 151-157.Quirt-Booth, T., Cruz-Uribe, K., 1997. Analysis of leporid remains from prehistoric Sinagua sites, Northern Arizona. Journal of Archaeological Science 24: 945-960.Ramírez, O., Ojeda, A., Tomàs, A., Gallardo, D., Huang, L. S., Folch, J.M., Clop, A., Sánchez, A., Badaoui, B., Hanotte, O., Galman-Omitogun, O., Makuza, S.M., Soloto, H., Cadillo, J., Kelly, L., Cho, I.C., Yeghoyan, S., Pérez-

Page 112: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 111 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 111 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Enciso, M., Amills, M., 2009. Integrating Y-chromosome, mitochondrial, and autosomal data to analyze the origin of pig breeds. Molecular Biology and Evolution 26(9): 2061-2072.Reimer, P.J., Bard, R., Bayliss, A., Beck, J.W., Blackwell, P.G., Bronk Ramsey, C., Grootes, P.M., Guilderson, T.P., Haflidason, H., Hajdas, I., Hatté, C., Heaton, T.J., Hoffmann, D.L., Hogg, A.G., Hughen, K., Kaiser, K.F., Kromer, B., Manning, S.W., Niu, M., Reimer, R.W., Richards, D.A., Scott, E.M., Southon, J.R., Staff, R.A., Turney, C.S.M., van der Plicht, J., 2013. InCal13 and Marine 13 Radiocarbon Age Calibration Curves 0-50,000 Years cal BP. Radiocarbon 55(4).Renfrew, C., 2002. e emerging synthesis: the Archaeogenetics of farming/language dispersals and other spread zones. In Bellwood, P., Renfrew, C., eds., Examining the Farming/Language Dispersal Hypothesis. Cambridge: MacDonald Institute for Archaeological Research, 3-16.Richards, M., 2003. e Neolithic invasion of Europe. Annual Review of Anthropology 32: 135-162.Richards, M., Côrte-Real, H., Forster, P., Macaulay, V., Wilkinson-Herbots, H., Demaine, A., Papiha, S., Hedges, R., Bandelt, H.-J., Sykes, B., 1996. Paleolithic and Neolithic lineages in the european mitochondrial gene pool. American Journal of Human genetics 59: 185-203.Richards, M., Macaulay, V.A., Bandelt, H.-J., Sykes, B.C., 1998. Phylogeography of mitochondrial DNA in western Europe. Annals of Human Genetics 62: 241-260.Richards, M., Macaulay, V., Hickey, E., Vega, E., Sykes, B., Guida, V., Rengo, C., Sellitto, D., Cruciani, F., Kivisild, T., Villems, R., omas, M., Rychkov, S., Rychkov, O., Rychkov, Y., Gölge, M., Dimitrov, D., Hill, E., Bradley, D., Romano, V., Calì, F., Vona, G., Demaine, A., Papiha, S., Triantaphyllidis, C., Stefanescu, G., Hatina, J., Belledi, M., Di Rienzo, A., Novelletto, A., Oppenheim, A., Nørby, S., Al-Zahery, N., Santachiara-Benerecetti, S., Scozzari, R., Torroni, A., Bandelt, H.-J., 2000. Tracing european founder lineages in the Near Eastern mtDNA pool. American Journal of Human Genetics 67: 1251-1276.Rixson, D., 1989. Butchery evidence on animal bones. Circaea 6(1): 49-62.Robb, J., Miracle, P., 2007. Beyond “migration” versus “acculturation”: new models for the spread of agriculture. Proceedings of the British Academy 144: 99-115.Rocha, L., Santos, I., 2015. O Neolítico do Concelho de Arraiolos: um ponto da situação. In Gonçalves, V.S., Diniz, M., Sousa, A.C., eds., 5º Congresso do Neolítico Peninsular. Estudos e Memórias 8. Lisboa: Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, 369-377.Roche, J., 1972. Les amas coquilliers (concheiros) mésolithiques de Muge (Portugal). In Die Anäfange des Neolithikums vom Orient bis Nordeuropa. Teil VII. Estliches Mittelmeergebiet und Britische Inseln. Köln: Böhlau, 72-107.Rodrigues, F., 2006. Moita do Ourives: um habitat do Neolítico médio no Baixo Tejo. In IV Congresso de Arqueologia Peninsular. Do Epipaleolítico ao Calcolítico na Península Ibérica. Promontoria Monográfica 4. Faro: Universidade do Algarve, 249-262.Rodríguez-Hidalgo, A.J., Saladié, P., Canals, A., 2011. Following the white rabbit: a case of a small game procurement site in the Upper Palaeolithic (Sala

Page 113: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 112 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 112 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

de las Chimeneas, Maltravieso Cave, Spain). International Journal of Osteoarchaeology 23(1): 34-54.Rodríguez-Hidalgo, A.J., Lloveras, L., Moreno-García, M., Saladié, P., Canals, A., Nadal, J., 2013. Feeding behaviour and taphonomic characterization of non-ingested rabbit remains produced by the Iberian lynx (Lynx pardinus). Journal of Archaeological Science 40: 3031-3045.Rodríguez-Hidalgo, A., Saladié, P., Marín, J., Canals, A., 2015. Expansion of the referential framework for the rabbit fossil accumulations generated by Iberian lynx. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology 418: 1-11.Rojo Guerra, M.A., Garrido Pena, R., Martínez de Lagrán, G., 2008. El Valle de Ambrona (Soria, España): un referente cronológico para la primera ocupación neolítica del interior peninsular. In Oosterbeek, L., series ed., Proceedings of the XV World Congress (Lisbon, 4-9 September 2006), vol. 18, Diniz, M., ed., C44 – e Early Neolithic in the Iberian Peninsula. Regional and Transregional Components. BAR International Series 1857. Oxford: Archaeopress/UISPP, 35-42.Rowley-Conwy, P., 1990. Between cave painters and crop planters: aspects of the temperate European Mesolithic. In Zvelebil, M., ed., Hunters in transition: Mesolithic societies of temperate Eurasia and their transition to farming. Cambridge: Cambridge University Press, 17-32.Rowley-Conwy, P., 1995. Wild or domestic? On the evidence for the ealiest domestic cattle and pigs in South Scandinavia and Iberia. International Journal of Osteoarchaeology 5: 115-126.Rubio, I., 2002. Las cerámicas neolíticas de la colección Bento en el context de la Meseta. In Blasco, C., ed., La colección Bento del Museu dÁrqueologia de Catalunya. Una nueva Mirada a la Prehistoria de Madrid. Barcelona: Museu d’Arqueologia de Catalunya, 131-158.Ruiz Gálvez, M., 2000. El conjunto dolménico de la Dehesa Boyal de montehermoso. In Jiménez Ávila, J., Enríquez, J.J., eds., El Megalitismo en Extremadura. Homenaje a Elías Diéguez Luengo. Extremadura Arqueológica VIII. Mérida: Editora Regional de Extremadura, 187-208.Russell, N., 2002. e wild side of animal domestication. Society and Animals 10(3): 285-302.Russell, N., Martin, L., Buitenhuis, H., 2005. Cattle domestication at Çatalhöyük revisited. Current Anthropology 46, Supplement: 101-108.Sabloff, J.A., Binford, L.R., Mcanany, P.A., 1987. Understanding the archaeological record. Antiquity 61(232): 203-209.Sadek-Kooros, H., 1972. Primitive bone fracturing: a method of research. American Antiquity 37(3): 369-382.Sahlins, M., 1974. Stone Age Economics. London: Tavistock Publications.Saladié, P., 2009. Mossegades d’omnívors. Aproximació experimental i aplicació zooarqueològica a la Sierra de Atapuerca. Dissertação de Doutoramento. Universitat Rovira I Virgili. 2 vols.Saladié, P., Rodríguez-Hidalgo, A., Díez, C., Martín-Rodríguez, P., Carbonell, E., 2013. Range of bone modifications by human chewing. Journal of Archaeological Science 40: 380-397.Sala, N., Arsuaga, J.L., Haynes, G., 2014. Taphonomic comparison of bone

Page 114: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 113 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 113 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

modifications caused by wild and captive wolves (Canis lupus). Quaternary International 330: 126-135.Sampietro, M.L., Lao, O., Caramelli, D., Lari, M., Pou, R., Martí, M., Bertranpetit, J., Lalueza-Fox, C., 2007. Palaeogenetic evidence supports a dual model of Neolithic spreading into Europe. Proceedings of the Royal Society B 274: 2161-2167.Sanchis, A., 2000. Los restos de Oryctolagus cuniculus en las tafocenosis de Bubo bubo y Vulpes vulpes y su aplicación a la caracterización del registro faunístico arqueológico. Sagvntvm 32: 31-50.Sanchis, A., 2001. La interacción del hombre y las rapaces nocturnas en las cavidades prehistóricas: inferencias a partir de los restos de lagomorfos. In Villaverde, V., ed., El inicio del poblamiento humano en tierras Valencianas. Universitat de València, 125-128.Sanchis, A., 2012. Los lagomorfos del Paleolítico medio en la vertiente mediterránea ibérica. Humanos y otros predadores como agentes de aporte y alteración de los restos óseos en yacimientos arqueológicos. Diputacion de Valencia, Servicio de Investigación Prehistórica del Museo de Prehistoria de Valencia. Serie de Trabajos Varios 115.Sanchis, A., Fernández Peris, J., 2008. Procesado y consumo antrópico de conejo en la Cova del Bolomor (Tavernes de la Valldigna, Valencia). El nivel XVIIc (ca 350 ka). Complutum 19(1): 25-46.Sanchis, A., Morales Pérez, J.V., Pérez Ripoll, M., Ribera I Gómez, A., Bolufer I Marqués, J., 2010. A la recerca de dades referencials per a l’estudi de restes òssies procedents d’acumulacions de rapinyaires diürnes rupícoles: primeres valoracions sobre els conjunts de Benaxuai-I (Xelva, València). Archivo de Prehistoria Levantina XXVIII: 403-410.Sanchis, A., Morales Pérez, J.V., Pérez Ripoll, M., 2011. Creación de un referente experimental para el estudio de las alteraciones causadas por dientes humanos sobre huesos de conejo. In Morgado, A., Baena, J., García, D., eds., La investigación experimental aplicada a la arqueología. Actes del Segundo Congreso Internacional de Arqueología Experimental. Ronda, Málaga, 343-349.Sanchis, A., Pascual Benito, J. L., 2011. Análisis de las acumulacioens óseas de una guarida de pequeños mamíferos carnívoros (Sitjar Baix, Onda, Castellón): implicaciones arqueológicas. Archaeofauna 20: 47-71.Sanchis, A., Real Margalef, C., Morales Pérez, J.V., Pérez Ripoll, M., Tormo Cuñat, C., Carrión Marco, Y., Pérez Jordá, G., Ribera Gómez, A., Bolufer Marqués, J., Villaverde Bonilla, V., 2014. Towards the identification of a new taphonomic agent: an analysis of bone accumulations obtained from modern Egyptian vulture (Neophron percnopterus) nests. Quaternary International 330: 136-149.Sardina, M.T., Ballester, M., Marmi, J., Finocchiaro, R., van Kaam, J.B.C.H.M, Portolano, B., Folch, J.M., 2006. Phylogenetic analysis of Sicilian goats reveals a new mtDNA lineage. Animal Genetics 37: 376-378.Scarre, C., Oosterbeek, L., 2010. e megalithic tombs of the middle Tagus basin and agro-pastoral origins in Western Iberia. In Armbruester, T., Hegewisch, M., eds., Beiträge zur Vor-und Frühgeschichte der Iberischen Halbinsel und Mitteleuropas. Studien in honorem Philine Kalb. Habelt: Bonn, 97-110.Schmid, E., 1972. Atlas of animal bones for prehistorians, archaeologists and

Page 115: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 114 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 114 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

quaternary geologists. Amsterdam/London/New York: Elsevier Publishing Company.Schmitt, D.N., 1995. e taphonomy of golden eagle prey accumulations at Great Basin roosts. Journal of Ethnobiology 15(2): 237-256.Schmitt, D.N., Juell, K.E., 1994. Toward the identification of coyote scatological faunal accumulations in archaeological contexts. Journal of Archaeological Science 21: 249-262.Scozzari, R., Cruciani, F., Pangrazio, A., Santolamazza, P., Vona, G., Moral, P., Latini, V., Varesi, L., Memmi, M.M., Romano, V., De Leo, G., Gennarelli, M., Jaruzelska, J., Villems, R., Parik, J., Macaulay, V., Torroni, A., 2001. Human Y-chromosome variation in the Western Mediterranean area: implications for the peopling of the region. Human Immunology 62: 871-884.Selvaggio, M.M., Wilder, J., 2001. Identifying the involvemenet of multiple carnivore taxa with archaeological bone assemblages. Journal of Archaeological Science 28: 465-470.Semino, O., Passarino, G., Brega, A., Fellous, M., Santachiara-Benerecetti, A.S., 1996. A view of the Neolithic demic diffusion in europe through two Y chromosome-specific markers. American Journal of Human Genetics 59: 964-968.Seetah, K., 2006. e importance of cut placement and implement signatures to butchery interpretation: a comparative study of the Romano-British and Medieval periods. Disponível em http:// alexandriaarchive.org/bonecommons/items/show/452 (acesso em 13/01/2011).Seetah, K., 2008. Modern analogy, cultural theory and experimental replication: a merging point at the cutting edge of archaeology. World Archaeology 40(1): 135-150.Shahack-Gross, R., Bar-Yosef, O., Weiner, S., 1997. Black-coloured bones in Hayonim Cave, Israel: differentiating between burning and oxide staining. Journal of Archaeological Science 24: 439-446.Shanks, M., Tilley, C., 1987. Re-Constructing Archaeology. eory and Practice. Cambridge: Cambridge University Press.Sheu, A., Hartz, S., Schmölcke, U., Tresset, A., Burger, J., Bollongino, R., 2008. Ancient DNA provides no evidence for independent domestication of cattle in Mesolithic Rosenhof, Northern Germany. Journal of Archaeological Science 35(5): 1257-1264.Shipman, P., 1981. Applications of Scanning Electron Microscopy to taphonomic problems. Annals of the New York Academy of Sciences 376(1): 357-385.Shipman, P., 1986. Scavenging or hunting in early hominids: theorethical framework and tests. American Anthropologist, New Series, 88(1): 27-43.Shipman, P., Foster, G., Shoeninger, M., 1984. Burnt bones and teeth: an experimental study of color, morphology, crystal structure and shrinkage. Journal of Archaeological Science 11: 307-325.Shipman, P., Rose, J.J., 1983. Early hominid hunting, butchering, and carcass processing behaviors: approaches to the fossil record. Journal of Anthropological Archaeology 2: 57-98.Shipman, P., Rose, J.J., 1984. Cutmark mimics on modern and fossil bovid

Page 116: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 115 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 115 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

bones. Current Anthropology 25(1): 116-117.Shipman, P., Rose, J.J., 1988. Bone tools: an experimental approach. In Olsen, S., ed., Scanning Electron Microscopy in Archaeology. BAR International Series 452, 303-335.Silva, C.T., Soares, J., Cardoso, J.L., Cruz, C.S., Reis, C.S., 1986. Neolítico da Comporta: aspectos cronológicos (datas 14C) e paleoambientais. Arqueologia 14: 59-82.Silva, C.T., Soares, J., Coelho-Soares, A., 2010. Arqueologia de Chãos de Sines. Novos elementos sobre o povoamento pré-históricos. Actas do 2º Encontro de História do Alentejo litoral. Sines: Centro Cultural Emerico Nunes, 10-33.Silva, C.T., Soares, J., 2006. Setúbal e Alentejo Litoral. In Oosterbeek, L., dir., Territórios da Pré-História em Portugal. Arkeos 19, vol. 7. Tomar: Ceiphar.Simões, T., 1999. O sítio Neolítico de São Pedro de Canaferrim, Sintra: contribuições para o estudo da península de Lisboa. Trabalhos de Arqueologia 12. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia.Simões, T., 2003. A ocupação do Neolítico antigo de São Pedro de Canaferrim: novos dados em perspectiva. In Muita gente, poucas antas? II Colóquio Internacional sobre Megalitismo. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia, 115-116.Skeates, R., Radiocarbon dating and interpretation of the Mesolithic-Neolithic transition in Italy. In Ammermann, A.J., Biagi, P., eds., e widening harvest. e Neolithic transition in Europe: looking back, looking forward. Boston: Archaeological Institute of America, 157-188.Soares, J., 1992. Les territorialités produites sur le littoral centre-sud du Portugal au cours du processus de néolithisation. Setúbal Arqueológica 9(10): 17-35.Soares, J., 1995. Mesolítico-Neolítico na Costa Sudoeste: transformações e permanências. In Actas do 1º Congresso de Arqueologia Peninsular. Trabalhos de Antropologia e Etnologia 35(2): 27-54.Soares, J., 1996. Para uma reconstrução do processo de neolitização em Portuga. Ophiussa 0: 39-50.Soares, J., 1997. A transição para as formações sociais neolíticas na costa sudoeste portuguesa. In Casal, R., ed., O Neolítico antigo e as orixes do Megalitismo. Universidade de Santiago de Compostela, 587-608.Soares, J. Silva, C.T., 1992. Para o conhecimento dos povoados do megalitismo de Reguengos. Setúbal Arqueológica IX-X: 37-88.Soares, J. Silva, C.T., 2013. Economia agro-marítima na Pré-história do estuário do Sado. Novos dados sobre o Neolítico da Comporta. In Soares, J., ed., Pré-História das zonas húmidas. Paisagens de sal. Setúbal Arqueológica 14. Setúbal: Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, 145-170.Solari, A., Olivera, D., Gordillo, I., Bosch, P., Fetter, G., Lara, V.H., Novelo, O., 2015. Cooked bones? Method and practice for identifying bones treated at low temperature. International Journal of Osteoarchaeology 25: 426-440.Sousa, A.C., 2010. O Penedo do Lexim e a sequência do Neolítico final e Calcolítico da Península de Lisboa. Dissertação de Doutoramento. Universidade de Lisboa.

Page 117: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 116 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 116 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Spennemann, D.H.R., Colley, S.M., 1989. Fire in a pit: the effects of burning on faunal remains. Archaeozoologia III (1-2): 51-64.Stahl, A.B., Dunbar, R.I.M., Homewood, K., Ikawa-Smith, F., Kortlands, A., McGrew, W.C., Milton, K., Paterson, J.D., Poirier, F.E., Sugardjito, J., Tanner, N.M., Wrangham, R.W., 1984. Hominid dietery selection before fire. Current Anthropology 25(2), 151-168.Stalibrass, S., 1984. e distinction between the effects of small carnivores and humans on post-glacial faunal assemblages. A case study using scavenging of sheep carcasses by foxes. In Grigson, C., Clutton-Brock, J., eds., Animals and Archaeology: 4. Husbandry in Europe. BAR International Series 227. Oxford: Archaeopress, 259-269.Stalibrass, S., 1990. Canid damage to animal bones: two current lines of research. In Robinson, D.E., ed., Experimentation and Reconstruction in Environmental Archaeology. Symposia of the Association for Environmental Archaeology No. 9, Roskilde, Denmark, 1988. Oxbow Books, 151-165.Stiner, M.C., 2004. Comparative ecology and taphonomy of spotted hyenas, humans, and wolves in Pleistocene Italy. Revue de Paléobiologie 23(2): 771-785.Stiner, M.C., Kuhn, S.L., Weiner, S., Bar-Yosef, O., 1995. Differential burning, recrystallization, and fragmentation of rchaeological bone. Journal of Archaeological Science 22: 223-237.Straus, L.G., 1989. New chronometric dates for the Prehistory of Portugal. Arqueologia 20: 73-6.Sultana, S., Mannen, H., Tsuji, S., 2003. Mitochondrial DNA diversity of Pakistani goats. Animal Genetics 34: 417-421.Sutcliffe, A.F., 1970. Spotted hyena: crusher, gnawer, digester and collector of bones. Nature 227(5263): 1110-1113.Sutcliffe, A.F., 1973. Similarity of bones and antlers gnawed by deer to human artifacts. Nature 246: 428-430.Svensson, E.G., Götherström, A., 2008. Temporal fluctuations of Y-chromosomal variation in Bos taurus. Biology Letters 4: 752-754.Tapi, M. Marzanov, N., Ozerov, M., Cinkulov, M., Gonzarenk, G., Kiselyova, T., Murawski, M., Viinalass, H., Kantanen, J., 2006. Sheep mitochondrial DNA variation in European, caucasian, and Central Asian areas. Molecular Biology and Evolution 23(9): 1776-1783.Tappen, M., 1994. Bone weathering in the tropical rain forest. Journal of Archaeological Science 21: 667-673.Tappen, M., Wrangham, R., 2000. Recognizing hominoid-modified bones: the taphonomy of colobus bones partially digested by free-ranging chimpanzees in the Kibale Forest, Uganda. American Journal of Physical Anthropology 113: 217-234.Taylor, R.E., Hare, P.E., White, T.D., 1995. Geochemical criteria for thermal alteration of bone. Journal of Archaeological Science 22: 115-119.Tchernov, E., Horwitz, L.K., 1991. Body size diminution under domestication: unconscious selection and primeval domesticates. Journal of Anthropological Archaeology 10: 54-75.Terry, R. C., 2007. Inferring predator identity from skeletal damage of small-mammal prey remains. Evolutionary Ecology Research 9: 199-219.

Page 118: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 117 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 117 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

éry-Parisot, I., 2002. Fuel management (bone and wood) during the Lower Aurignacian in the Pataud Rock Shelter (Lower Palaeolithic, Les Eyzies de Tayac, Dordogne, France). Contribution of Experimentation. Journal of Archaeological Science 29: 1415-1421.éry-Parisot, I., Costamagno, S., Brugal, J.P., Fosse, P., Guilbert, R., 2005. e use of bone as fuel during the Palaeolithic, experimental study of bone combustible properties. In Mulville, J., Outram, A.K., eds., e Zooarchaeology of fats, oils, milk and dairying. Proceedings of the 9th Conference of the International Council of Archaeozoology, Durham, August 2002. Oxbow Books, 50-59.ompson, J.C., Lee-Gorishti, Y., 2007. Carnivore bone portion choice and surface modification on modern experimental boiled bone assemblages. Journal of Taphonomy 5(3): 121-135.Todd, L.C., Rapson, D.J., 1988. Long bone fragmentation and interpretation of faunal assemblages: approaches to comparative analysis. Journal of Archaeological Science 15: 307-325.Tomé, T., 2011. Até que a morte nos reúna: transição para o agro-pastoralismo na Bacia do Tejo e Sudoeste Peninsular. Dissertação de Doutoramento. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.Tomé, T., Oosterbeek, L., 2011. One region, two systems? A paleobiological reading of cultural continuity over the agro-pastoralist transition in the North Ribatejo. In Bueno Ramirez, P., Cerrillo Cuenca, E., Gonzalez Cordero, A., eds., From the orgins: the Prehistory of the Inner Tagus Region. BAR International Series 2219. Oxford: Archaeopress, 43-54.Torroni, A., Huoponen, K., Francalacci, P., Petrozzi, M., Morelli, L., Scozzari, R., Obinu, D., Savontaus, M.-J., Wallace, D.C., 1996. Classification of european mtDNAs from an analysis of three european populations. Genetics 144: 1835-1850.Troy, C.S., MacHugh, D.E., Bailey, J.F., Magee, D.A., Loftus, R.T., Cunningham, P., Chamberlain, A.T., Sykes, B.C., bradley, D.G., 2001. Genetic evidence for Near-Eastern origins of European cattle. Nature 410: 1088-1091.Trueman, C.N.G., Behrensmeyer, A.K., Tuross, N., Weiner, S., 2004. Mineralogical and compositional changes in bones exposed on soil surfaces in Amboseli National Park, Kenya: diagenetic mechanisms and the role of sediment pore fluids. Journal of Archaeological Science 31: 721-739.Trujillo-Mederos, A., Alemán, I., Botella, M., Bosch, P., 2012. Changes in human bones boiled in seawater. Journal of Archaoelogical Science 39: 1072-1079.Turner, C.G., Turner, J.A., 1999. Man Corn: cannibalism and violence in the Prehistoric American Southwest. Salt Lake City: University of Utah Press.Turney, C.S.M., Brown, H., 2007. Catastrophic early Holocene sea level rise, human migration and the Neolithic transition in Europe. Quaternary Science Reviews 26: 2036-2041.Ubelaker, D.H., 2008, in press. e forensic evaluation of burned skeletal remains – A synthesis. Forensic Science International. Doi:10.1016/j.forsciint.2008.09.019Ugan, A., 2010. e effect of cooking on the survivorship of jackrabbit

Page 119: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 118 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 118 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

skeletons (Lepus californicus) presented to desert scavengers of the Eastern Great Basin, North America. International Journal of Osteoarchaeology 20: 214-226.Umbelino, C., 2006. Outros sabores do passado. As análises de oligoelementos e de isótopos estáveis na reconstituição da dieta das comunidades humanas do Mesolítico final e do Neolítico final/Calcolítico do território português. Tese de Doutoramento. Universidade de Coimbra.Val, A., Mallye, J.-B., 2011. Small carnivores skinning by professionals: skeletal modifications and implications for the European Upper Palaeolithic. Journal of Taphonomy 9(4): 221-243.Valente, A., 2006. Cerâmicas com bordos denteados no povoado de Vale de Lobos (Sintra). Dissertação de Mestrado. Universidade de Lisboa.Valente, M.J., 1998a. Análise preliminar da fauna mamalógica do Abrigo da Pena d’Água (Torres Novas). Campanhas de 1992-1994. Revista Portuguesa de Arqueologia 1(2): 85-96.Valente, M.J., 2008. As útimas sociedades de caçadores-recolectores no Centro e Sul de Portugal (10.000 – 6.000 anos BP): aproveitamento dos recursos animais. Tese de Doutoramento. Universidade do Algarve.Valente, M.J., Carvalho, A.F., 2009. Recent developments in Early Holocene hunter-gatherer subsistence and settlement: a view form south-western Iberia. In McCartan, S., Schulting, R., Warren, G., Woodman, P., Meoslithic Horizons. Papers presented at the Seventh International Conference on the Mesolithic in Europe, Belfast 2005. Oxford: Oxbow Books, 312-317.Valente, M.J., Carvalho, A.F., 2014. Zooarchaeology in the Neolithic and Chalcolithic of Southern Portugal. Environmental Archaeology 19(3): 226-240.van Asch, B., Pereira, F., Santos, L.S., Carneiro, J., Santos, N., Amorim, A., 2011. Mitochondrial lineages reveal intense gene flow between Iberian wild boars and South Iberian pig breeds. Animal Genetics. doi:10.1111/j.1365-2052.2011.02222.xvan Wijngaarden-Bakker, L. H., 1990. Replication of butchery marks on pig mandibles. In Robinson, D.E., ed., Experimentation and reconstruction in Environmental Archaeology. Oxford: Oxbow Books, 167-174.Velho, A., 2001. A emergência das sociedades agro-pastoris: análise teórica do conceito de Neolítico. Trabalhos de Antropologia e Etnologia 41(1-2): 139-156.Vicent García, J.M., 1997. e Island Filter Model Revisited. In Balmuth, M.S., Gilman, A., Prados-Torreira, L., eds., Encounters and transformations. e Archaeology of Iberia in Transition. Monographs in Mediterranean Archaeology 7. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1-13.Vidal, J.M., Prada, M.E., Fuertes, M.N., Fernández, C., 2010. Los hombres mesolíticos de la Braña/Arientero (Valdelugueros, León): el hallazgo, situación, aspectos arqueo-antropológicos, cronología y context cultural. In Vidal, J.M., Prada Marcos, M.E., coord., Los hombres mesolíticos de la cueva de la Braña-Arintero (Valdelugueros, León). Estudios y Catálogos 19. León: Junta de Castilla y León, Consejería de Cultura y Turismo, Museo de León, 18-61.Vigne, J.-D., Carrère, I., Saliége, J.-F., Person, A., Bocherens, H., Guilaine, J., Briois, J.F., 2000. Predomestic cattle, sheep, goat and pig during the late 9th and the 8th millennium cal. BC on Cyprus: preliminary results of Shillourokambos (Parekklisha, Limassol). In Mashkour, M., Choyke, A.M.,

Page 120: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 119 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 119 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Buitenhuis, H., Poplin, F., eds., Archaeozoology of the Near East IV A. Proceedings of the fourth international symposium on the archaeozoology of southwestern Asia and adjacent areas. Groningen: ARC – Puclicatie 32, 83-105.Vigne, J.-D., Zazzo, A., Saliège, J.-F., Poplin, F., Guilaine, J., Simmons, A., 2009. Pre-Neolithic wild boar management and introduction to Cyprus more than 11,400 years ago. PNAS Early edition. www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.0905015106Villa, P., Courtin, J., 1983. e interpretation of stratified sites: a view from underground. Journal of Archaeological Science 10: 267-281.Villa, P., Mahieu, E., 1991. Breakage patterns of human long bones. Journal of Human Evolution 21: 27-48.Wandsnider, L., 1997. e roasted and the boiled: food composition and heat treatment with special emphasis on pit-hearth cooking. Journal of Anthropological Archaeology 16: 1-48.Watanabe, T., Hayashi, Y., Kimura, J., Yasuda, Y., Saitou, N., Tomita, T., Ogasawara, N., 1986. Pig mitochondrial DNA: plymorphism, restriction map orientation, and sequence data. Biochemical Genetics 24(5-6): 385-396.Weninger, B., Alram-Stern, E., Bauer, E., Clare, L., Danzeglocke, U., Jöris, O., Kubatzki, C., Rollefson, G., Todorova, H., van Andel, T., 2006. CLimate forcing due to the 8200 cal yr BP event observed at Early Neolithic sites in the eastern Mediterranean. Quaternary Research 66: 401-420.White, E.M., Hannus, L.A., 1983. Chemical weathering of bone in archaeological soils. American Antiquity 48(2): 316-322.White, T.D., 1992. Prehistoric cannibalism at Mancos 5MTUMR-2346. Princeton: University Press.White, T.D., Toth, N., 2007. Carnivora and carnivory: assessing hominid toothmarks in Zooarchaeology. In Pickering, T.R., Schick, K., Toth, N., eds., Breathing life into fossils: taphonomic studies in honor of C.K. (Bob) Brain. Stone Age Institute Publication Series Number 2. Gosport: Stone Age Institute Press, 281-296.Whyte, T.R., 2001. Distinguishing remains of human cremations from burned animal bones. Journal of Field Arcaheology 28(3/4): 437-448.Willis, L.M., Eren, M.I., Rick, T.C., 2008. Does butchering fish leave cut marks? Journal of Archaeological Science 35: 1438-1444.Wood, N.J., Phua, S.H., 1996. Variation in the control region sequence of the sheep mitochondrial genome. Animal Genetics 27: 25-33.Wroe, S., McHenry, C., omason, J., 2005. Bite club: comparative bite force in big bitting mammals and the prediction of predatory behaviour in fossil taxa. Proceedings of the Royal Society B 272: 619-625.Wu, C.Y., Jiang, Y.N., Chu, H.P., Li, S.H., Wang, Y., Li, Y.H., Chang, Y., Ju, Y.T., 2007. e type I Lanyu pig has a maternal genetic lineage distinct from Asian and European pigs. Animal genetics 38: 499-505.Yravedra, J., 2006. Implicaciones tafonómicas del consumo de lagomorphos por búho real (Bubo bubo) en la interpretación de los yacimientos arqueológicos. AnMurcia 22: 33-47.Yravedra, J., 2008. Los lagomorfos como recursos alimenticios en Cueva

Page 121: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 120 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 120 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Ambrosio (Almería, España). Zephyrus LXII: 81-99.Yravedra, J., Baena, J., Arrizabalaga, Á., Iriarte, M.J., 2005. El empleo de material óseo como combustible durante el Paleolítico Medio y Superior en el Cantábrico. Observaciones experimentales. Museo de Altamaira. Monografías 20: 369-383.Yravedra, J., Lagos, L., Bárcena, F., 2011. A taphonomic study of wild wolf (Canis lupus) modification of horse bones in Northwestern Spain. Journal of Taphonomy 9(1): 37-65.Yeshurun, R., Maron, N., Bar-Oz, G., 2007. Differential fragmentation of different ungulate body-size: a comparison of gazelle and fallow deer bone fragmentation in Levantine prehistoric assemblages. Journal of Taphonomy 5(3): 137-148.Zilhão, J., ed., 1992. Gruta do Caldeirão. O Neolítico Antigo. Trabalhos de Arqueologia 6. Lisboa: IPPAA.Zilhão, J., 1997. Maritime Pioneer Colonisation in the Early Neolithic of the West Mediterranean. Testing the model against the evidence. Documenta Praehistorica XXIV: 19-42.Zilhão, J., 1998a. A passagem do Mesolítico ao Neolítico na Costa do Alentejo. Revista Portuguesa de Arqueologia 1(1): 27-44.Zilhão, J., 1998b. On logical and empirical aspects of the Mesolithic-Neolithic transition in the Iberian Peninsula. Current Anthropology 39(5): 690-698.Zilhão, J., 2000. From the Mesolithic to the Neolithic in the Iberian Peninsula. In Price, T.D., ed., Europe’s First Farmers. Cambridge: Cambridge University Press, 144-182.Zilhão, J., 2001. Radiocarbon evidence for Maritime Pioneer Colonization at the origins of farming in West Mediterranean Europe. Proceedings of the National Academy of Sciences USA 24(98): 14180-14185.Zilhão, J., 2003a. e Neolithic transition in Portugal and the role of demic diffusion in the spread of agriculture across West Mediterranean Europe. In Ammerman, A.J., Biagi, P., eds., e Widening Harvest. e Neolithic Transition in Europe: Looking Back, Looking Forward. Boston/Massachisetts: American Institute of Archaeology, 207-226.Zilhão, J., 2003b. Algumas observações acerca do Mesolítico do interior peninsular e do modelo de passage ao Neolítico através de colonização pioneira por via maritime. O Arqueólogo Português IV(21): 65-150.Zilhão, J., 2009. e Early Neolithic artifact assemblage from the Galeria da Cisterna (Almonda karstic system, Torres Novas, Portugal). In De Méditerranée et d’ailleurs. Mélanges offerts à Jean Guilaine. Toulouse: Archives d’Écologie Préhistorique, 821-835.Zeder, M.A., 2006. Reconciling rates of long bone fusion and tooth eruption and wear in sheep (Ovis) and goat (Capra). In. Ruscillo, D., ed., Recent advances in ageing and sexing animal bones. Proceedings of the 9th conference of the International Council of Archaeozoology, Durham, August 2002. Oxford: Oxbow Books, 87-118.Zeder, M.A., 2012. Pathways to animal domestication. In Gepts, P., Famula, T.R., Bettinger, R.L. et al., eds., Biodiversity in agriculture: domestication, evolution and sustainability. Cambridge: Cambridge University Press, 227-259.

Page 122: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras

| ARKEOS 44 | 121 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NO BAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

| ARKEOS 44 | 121 | ZOOARQUEOLOGIA E TAFONOMIA DA TRANSIÇÃO PARA A AGRO-PASTORÍCIA NOBAIXO E MÉDIO VALE DO TEJO |

Zeder, M.A., Bradley, D.G., Emshwiller, E., Smith, B.D., 2006. Documenting domestication: bringing together plants, animals, archaeology, and genetics. In Albarella, U., Dobney, K., Ervynck, A., Rowley-Conwy, P., eds., Pigs and humans: 10,000 years of interaction. Oxford: University Press, 1-12.Zeder, M.A., Hesse, M., 2000. e initial domestication of goats (Capra hircus) in the Zagros Mountains 10,000 years ago. Science 287, 2254-2257.Zohary, D., Tchernov, E., Horwitz, L., 1998. e role of unconscious slection in the domestication of sheep and goat. Journal Zoological 245: 129-135.Zvelebil, M., 1990a. Hunters in transition: Mesolithic societies of temperate Eurasia and their transition to farming. Cambridge: Cambridge University Press.Zvelebil, M., 1990b. Mesolithic Societies and the Transition to Farming: problems of time, scale and organization. In Zvelebil, M., ed., Hunters in Transition: Mesolithic societies of temperate Eurasia and their transition to farming. Cambridge: Cambridge University Press, 167-188.Zvelebil, M., 2001. e agricultural transition and the origins of Neolithic society in Europe. Documenta Praehistorica XXVIII: 1-26.Zvelebil, M., 2002. Demography and dispersal of early farming populations at the Mesolithic-Neolithic transition: linguistic and genetic implications. In Bellwood, P., Renfrew, C., eds., Examining the Farming/Language Dispersal Hypothesis. Cambridge: MacDonald Institute for Archaeological Research, 379-394.Zvelebil, M., Zvelebil, K.V., 1988. Agricultural transition and indo-european dispersals. Antiquity 62: 574-578.Zvelebil, M., Rowley-Conwy, P., 1990. Foragers and Farmers in Atlantic Europe. In Zvelebil, M., ed., Hunters in transition: Mesolithic societies of temperate Eurasia and their transition to farming. Cambridge: Cambridge University Press, 67-93.

Page 123: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras
Page 124: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras
Page 125: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras
Page 126: Arkeos 44 WEB - pacadnetwork.com · Foi uma transição radical e global para uma nova era da Humanidade, e ocorreu por vezes de forma muito rápida (Mediterrâneo Oriental), outras