aqüicultura e pesca - camarões

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aqicultura e pesca: camaresESTUDOS DE MERCADO SEBRAE/ESPM 2008 SUMRIO

2008, Sebrae Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas

Adelmir Santana Presidente do Conselho Deliberativo Nacional Paulo Tarciso Okamotto Diretor-Presidente Luiz Carlos Barboza Diretor Tcnico Carlos Alberto dos Santos Diretor de Administrao e Finanas Luis Celso de Piratininga Figueiredo Presidente Escola Superior de Propaganda e Marketing Francisco Gracioso Conselheiro Associado ESPM Raissa Rossiter Gerente Unidade de Acesso a Mercados Juarez de Paula Gerente Unidade de Atendimento Coletivo Agronegcios e Territrios Especficos Patrcia Mayana Coordenadora Tcnica Laura Gallucci Coordenadora Geral de Estudos ESPM Jos Altamiro da Silva Coordenador Carteira de Aqicultura e Pesca Reynaldo Dannecker Cunha Pesquisador ESPM Laura Gallucci Revisora tcnica ESPM

E S T U D O S

D E

M E R C A D O

S E B R A E / E S P M

S E T E M B R O

D E

2 0 0 8

aqicultura e pesca: camaresSumrio

ndiceI. Panorama Atual do Mercado de Aqicultura e Pesca: Camares .................... 7

1. 1.1. 2. 2.1. 2.2. 2.3. 2.3.1 2.3.2 2.3.3 3 3.1 3.1.1 3.1.2 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.2.1 3.2.2.2 3.2.3 3.3 3.3.1 3.3.2 3.3.3 4

Introduo ............................................................................................................. 8 Coleta de Informaes ........................................................................................... 8 Histrico: Pesca e Aqicultura ............................................................................. 8 Introduo .............................................................................................................. 8 Tipos de Aqicultura ............................................................................................... 8 Carcinicultura ........................................................................................................ 10 Principais Espcies Cultivadas ............................................................................. 11 Carcinicultura de gua Doce (Mundo) .................................................................. 11 Carcinicultura Brasileira ........................................................................................ 12 Mercado .............................................................................................................. 14 No Mundo ........................................................................................................... 14 Aqicultura Marinha ............................................................................................. 15 Aqicultura continental ......................................................................................... 15 No Brasil ............................................................................................................... 15 Pesca Extrativa ..................................................................................................... 16 Aqicultura ........................................................................................................... 17 Aqicultura Marinha ............................................................................................. 17 Aqicultura Continental ........................................................................................ 17 Origem da Produo no Brasil .............................................................................. 18 Produo de Camares ........................................................................................ 18 No Mundo ............................................................................................................ 18 No Brasil ............................................................................................................... 18 Origem da Produo no Brasil .............................................................................. 19 Cadeia Produtiva de Pescados .......................................................................... 19

4.1 Cadeia da Pesca ................................................................................................... 20 4.1.1 A Cadeia Produtiva de Camares ......................................................................... 20 4.1.1.1 Elos e agentes da Cadeia Produtiva do Camaro ................................................. 21 4.1.1.1.1Insumos ............................................................................................................... 21 4.1.1.1.2Sistema de Produo ........................................................................................... 22 5 5.1 6 Consumo de pescado no Brasil......................................................................... 24 Consumo de pescado em algumas capitais ......................................................... 24 Produtor .............................................................................................................. 25

7 7 .1. 7 .2. 7 .3. 7 .4. 8. 8.1. 8.2. 8.2.1. 8.2.2. 8.3. 9.

Produtos-chave da Aqicultura ......................................................................... 25 Principais Peixes Indicados para Cultivo ............................................................... 25 Principais Camares Produzidos no Brasil ............................................................ 26 Produtos com Valor Agregado .............................................................................. 27 Derivados ............................................................................................................. 27 Distribuio ......................................................................................................... 28 Venda Direta ......................................................................................................... 28 Venda Indireta....................................................................................................... 28 Atacado ................................................................................................................ 28 Varejo.................................................................................................................... 29 Consideraes Finais............................................................................................ 29 Preo .................................................................................................................... 29

10.

Consumidor ........................................................................................................ 30

11. 11.1. 11.2 12. 12.1. 12.2. 12.3 12.4 12.5 12.6 II.

Concorrncia ....................................................................................................... 31 Concorrncia Indireta ........................................................................................... 31 Concorrncia Direta .............................................................................................. 31 Comunicao: Uma Anlise sob a Perspectiva das Arenas da Comunicao ...... 32 Propaganda tradicional ......................................................................................... 32 Varejo ................................................................................................................... 32 Entretenimento .................................................................................................... 33 Marketing Esportivo ............................................................................................. 33 Eventos ............................................................................................................... 33 Varejo Eletrnico, Internet etc. ............................................................................. 34 Diagnstico do Mercado de Aqicultura e Pesca: Camares ......................... 35

1. 1.1. 1.1.1 1.1.2 1.1.3 1.1.4 1.1.5 1.1.6 2.

Anlise Estrutural da Indstria (Matriz de Porter)............................................ 36 Foras competitivas.............................................................................................. 36 Ameaa de novos entrantes ................................................................................. 37 Poder de Barganha dos Fornecedores.................................................................. 37 Poder de Barganha dos Compradores .................................................................. 38 Grau de Rivalidade entre os Concorrentes ........................................................... 38 Ameaa de Produtos Substitutos ......................................................................... 39 Complementadores e Influenciadores: a Sexta Fora .......................................... 39 A Matriz PFOA .................................................................................................... 39

3.

Estratgia Competitiva ....................................................................................... 42

4.

Alternativas de Soluo para os Principais Problemas do Setor de Carcinicultura. 43

I. Panorama Atual do Mercado de Aqicultura e Pesca: Camares

1. Introduo

Este Sumrio Executivo apresenta os pontos mais importantes de um amplo estudo, desenvolvido com o propsito de traar um panorama atual sobre o mercado de carcinicultura no Brasil. O estudo citado teve como objetivo principal a oferta aos empresrios de micro e pequenos estabelecimentos do setor de carcinicultura, de um instrumento de Anlise de Mercado Setorial, obtido por meio de dados secundrios, em mbito regional e nacional, com foco no mercado interno de Aqicultura e Pesca: Camares.

1.1.

Coleta de Informaes

As informaes contidas no conjunto de relatrios foram obtidas, primordialmente, por meio de dados secundrios, em mbito regional e nacional, com foco no mercado interno.

2. Histrico: Pesca e Aqicultura

2.1.8

Introduo

A pesca extrativa a retirada de organismos aquticos da natureza sem seu prvio cultivo; este tipo de atividade pode ocorrer em escala industrial ou artesanal, assim como acontecer no mar ou no continente. Em funo disso, a atividade extrativista tem sido controlada em boa parte do planeta como tentativa de evitar desastres ecolgicos mais significativos que os que j se presencia atualmente. Aqicultura o processo de produo em cativeiro, de organismos com habitat predominantemente aqutico, tais como peixes, camares, rs, entre outras espcies. Quando se avalia especificamente a produo de peixes, como subtipo da aqicultura, est-se referindo piscicultura.

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2.2.

Tipos de Aqicultura

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Em funo do local em que a produo acontece, a aqicultura pode caracterizar-se como continental ou marinha. Esta ltima pode, ainda, ser subdividida em carcinicultura, militicultura, ostreicultura, cultivo de algas e piscicultura.

Tabela 1 - Tipos de aqicultura marinha Tipos Destaques Principal ramo da aqicultura marinha no Brasil Um dos setores da aqicultura de mais rpido crescimento na sia e na Amrica Latina e, recentemente, na frica Carcinicultura (cultivo de camares) Tem sido um bom investimento para alguns maricultores brasileiros, apesar da complexidade no manuseio, principalmente no caso da criao em gaiolas, e do impacto ambiental negativo deste tipo de sistema de criao Militicultura (mexilhes) e ostreicultura (ostras) A militicultura e a ostreicultura so citadas em conjunto devido s caractersticas em comum (ambas so espcies filtradoras, por exemplo) e possibilidade de cultivo integrado Ambas so bastante desenvolvidas no estado de Santa Catarina, particularmente a ostreicultura As algas marinhas cultivadas no contm areia e lodo, como o caso daquelas coletadas em bancos de areia e outros locais onde so encontradas na natureza. Cultivo de algas Seu preo de venda bem superior ao que se ob-

As algas no so comercializadas apenas in natura; alguns maricultores produzem materiais artesanais a partir delas, o que aumenta a rentabilidaaqicultura camaro de do negcio

O cultivo de algas muito pequeno no Brasil, em termos de produo

O Brasil apresenta poucas experincias de piscicultura marinha, sendo que as pesquisas tm se concentrado em poucas espcies, com destaque para tainha, robalo, linguado e peixe-rei

Piscicultura

A piscicultura marinha ainda irrelevante no Brasil, em termos de produo

Fonte: Revisora, a partir de fontes diversas citadas ao longo do texto

9

tm com a venda de algas no cultivadas.

2.3.

Carcinicultura

O cultivo do camaro tem sua origem histrica no Sudoeste da sia, onde pescadores artesanais construam diques de terra nas zonas costeiras para aprisionamento de ps-larvas selvagens que habitam as guas estuarinas, e seu posterior crescimento nas condies naturais da regio. O regime das mars abastecia e renovava da gua dos reservatrios mantidos na superfcie do mar. Em alguns pases, como Taiwan, Filipinas e Indonsia, o camaro era cultivado como subproduto da criao de peixes (pois os peixes habitam as partes mais rasas dos criadouros, enquanto os camares so animais de fundo). A atividade se manteve artesanal por sculos, at o incio da dcada dos anos 30, quando o tcnico japons Motosaku Fujinaga conseguiu fazer a desova em laboratrio da espcie Penaeus japonicus, cujos resultados trouxeram importante contribuio para a carcinicultura moderna. Tais resultados foram divulgados tanto no Oriente como no Ocidente, orientando a instalao das primeiras pequenas fazendas de criao do camaro marinho na costa japonesa. Entretanto, essa nova atividade da aqicultura nunca chegou a ter um crescimento significativo no Japo, devido s condies de topografia irregular da sua costa, ao clima relativamente frio em boa parte do ano e ao elevado custo para reduzir ou neutralizar os efeitos ambientais negativos do cultivo de camaro. Na seqncia, a histria mostra uma grande expanso de trabalhos cientficos e de validaes tecnolgicas voltados viabilizao do cultivo do camaro, principalmente na China, Taiwan, Frana e Estados Unidos. O cultivo do camaro marinho com nvel de rentabilidade capaz de atrair a ateno de investidores, pequenos, mdios e grandes produtores firmou-se entre 1975 e 1985 e, graas produo de ps-larvas (criadas em laboratrios ou extradas de guas costeiras), o agronegcio pode se consolidar. Na sia, o crescimento foi expressivo em pases como China, Taiwan, Indonsia, Filipinas e Tailndia. Na Amrica Latina, aproveitando as condies favorveis do amplo esturio formado pelo Rio Guayas e trabalhando com o L. vannamei, originrio de sua costa, o Equador tornou-se o principal pas produtor do Ocidente. Tambm datam desta poca os primeiros esforos realizados no Brasil para demonstrar a viabilidade tcnica e econmica de um sistema produtivo para a carcinicultura nacional. Na dcada seguinte, trs aspectos contriburam para acelerar a atividade. Dois deles bastante positivos, o avano de processos tecnolgicos - estabelecendo a tendncia de cultivos mais intensivos - associados a importantes e progressivos aumentos de produtividade e de produo - o volume total produzido em 1988 chegou a 450.000 toneladas no mundo. O aspecto negativo deu-se com o surgimento de doenas virticas nos cultivos. No final dos anos 80 foi registrada a primeira ocorrncia de vrus no camaro de Taiwan, com graves perdas para os produtores de todo o pas. A deteriorao da qualidade da gua, decorrente da alta densidade de fazendas e do excesso de lodo no fundo dos viveiros, entre outras dificuldades, levou o camaro ao estresse e ao surgimento de viroses. A China tambm foi afetada e teve sua produo reduzida de 200 mil t para 50 mil t Pases como Tailndia e Filipinas tambm enfrentaram problemas com a infestao de vrus em seus cultivos e perdas considerveis de produo. Em todos os casos, as viroses estavam relacionadas com a deteriorao da qualidade da gua. Ao mesmo tempo, a carcinicultura se expandiu para outros pases do Oriente, como ndia, Vietn e Bangladesh. No Ocidente, passaram a fazer parte da lista de produtores e exportadores de camaro cultivado Mxico, Honduras, Colmbia, Peru e Venezuela.

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De 1995 a 2005, surgiu como fato marcante a presena do vrus da mancha branca (originrio da sia) nos cultivos da costa sul-americana do Pacfico, da Amrica Central e do Mxico. Os efeitos na produo e nas indstrias do Equador, Panam e Peru foram devastadores. Por outro lado, no mesmo perodo observou-se um processo de recuperao dos pases afetados na sia, devido a grandes mudanas de comportamento do setor. Em alguns, como na Tailndia, com uma rpida resposta por meio de medidas de biossegurana; em outros, com maiores dificuldades e reaes mais lentas, como em Taiwan e na China. Tambm houve outros avanos nessa dcada, tais como a realizao de pesquisas e de validao de tecnologias voltadas para cultivos mais intensivos (principalmente no Ocidente), sem a necessidade de renovao da gua e com a manipulao especial da comunidade bacteriana presente nos viveiros, com a utilizao de biofiltros para a purificao da gua. Alm disso, acentuaram-se os melhoramentos genticos focados no crescimento e no aumento da resistncia a viroses dos animais. Estas duas linhas de ao podero ter um impacto altamente positivo no processo produtivo do camaro cultivado em todo o mundo.

2.3.1

Principais Espcies Cultivadas

O mercado internacional do camaro operado com dois grandes grupos desse crustceo: os do gnero pandaldeos (extrados de guas frias ocenicas de latitude norte) e os do gnero penadeos (pescados em guas marinhas influenciadas pelos trpicos ou cultivados em viveiros). Duas espcies cultivadas predominam no mercado internacional, com cerca de 70,0% do volume ofertado: Penaeus monodon, no Oriente, e o Litopenaeus vannamei, no Ocidente. As principais espcies so as seguintes: Tigre Asitico (Penaeus monodon); Camaro Cinza do Ocidente (Litopenaeus vannamei); Camares Brancos da sia (Farfantepenaeus merguiensis e Feneropenaeus indicus); Camaro Branco da China (Farfanfepenaeus chinensis ou orientalis); Camaro Azul Ocidental (Litopenaeus Stylirostris); e Camaro Kuruma Japons (Marsupenaeus japonicus).

A produo mundial de camares de gua doce do gnero Macrobrachium um dos setores da aqicultura que mais cresce no mundo, tendo aumentado mais de 1300% na ltima dcada. No incio deste milnio, a produo mundial superou 300.000 toneladas, movimentando mais de US$ 1 bilho. A produo est embasada em duas espcies: Macrobrachium rosenbergii (60%) e Macrobrachium nipponense (38%), sendo que as estatsticas da FAO (as mais tradicionais, utilizadas mundialmente como fonte com credibilidade) somente apresentam dados referentes produo da primeira. Alm disso, h muitos dados informados como crustceos de gua doce e camares em geral que no so computados na produo de Macrobrachium apresentada pela FAO. Os principais produtores mundiais so China, Vietnam, ndia, Tailndia, Bangladesh e Taiwan.1 Fonte: VALENTI, Wagner Cotroni. Carcinicultura de gua doce na Amrica Latina. In: CAPTULO LATINOAMERICANO & CARIBENHO DA SOCIEDADE MUNDIAL DE AQICULTURA. Boletim, Baton Rouge (LA, USA), n.3, abr. 2005. Disponvel em: . Acesso em: 20 jan. 2008.

aqicultura camaro

2.3.2

Carcinicultura de gua Doce (Mundo) 1

11

2.3.3

Carcinicultura Brasileira 2

O incio da carcinicultura no Brasil data da dcada de 70 (com esforos mais organizados e orientados para produo comercial no perodo de 1978/1984), quando o Governo do Rio Grande do Norte criou o Projeto Camaro para estudar a viabilidade do cultivo desse crustceo em substituio extrao do sal, ento forte atividade econmica na regio. No mesmo perodo, o Estado de Santa Catarina tambm desenvolveu pesquisas sobre reproduo em cativeiro, larvicultura e engorda do camaro cultivado e conseguiu produzir as primeiras ps-larvas em laboratrio na Amrica Latina. O Governo do RN importou a espcie Penaeus japonicus para reforar Projeto Camaro e envolveu a EMPARN (Empresa de Pesquisas Agropecurias do Rio Grande do Norte) para sistematizar e desenvolver os trabalhos de adaptao da espcie extica s condies locais. Neste perodo, predominaram cultivos extensivos com baixa densidade de estocagem, reduzida renovao da gua e uso de alimentao natural produzida no prprio viveiro. Com os resultados favorveis nos trs primeiros anos dos trabalhos da EMPARN, houve uma mobilizao dos mecanismos federais de assistncia tcnica e financiamento da poca (FINOR, BNCC, FISET, SUDEPE) para apoiar a iniciativa privada. Com a realizao em Natal, em setembro de 1981, do I Simpsio Brasileiro Sobre Cultivo do Camaro, houve uma ampla divulgao do desempenho da espcie importada do Japo e foram instaladas as primeiras fazendas de camaro no Nordeste. Contudo, a falta de um plano mais abrangente de pesquisa e de validaes levou ao fracasso a domesticao do P. Japonicus, apesar de coincidir com o fim de uma das estiagens mais prolongadas do Nordeste, que criava condies excepcionalmente favorveis para o seu bom desempenho. A partir de 1984, com o encerramento da seca prolongada, a ocorrncia de chuvas intensas e as conseqentes fortes oscilaes na salinidade nas guas estuarinas, ficaram evidenciadas as dificuldades intransponveis para assegurar a maturao, a reproduo e a prpria sobrevivncia do camaro P. japonicus no ambiente tropical do Nordeste brasileiro. Apesar do insucesso, esta fase deixou lies e pontos de apoio que serviram como estmulo para continuar os esforos de viabilizao da carcinicultura comercial no Brasil. C o n tando com fazendas e laboratrios de camaro j instalados e com experincia acumulada em procedimentos e prticas de produo, tcnicos e produtores do setor partiram para a domesticao das espcies nativas (L. subtilis, L. paulensis e L. Schimitti), com cultivos que passaram a adotar maior densidade de povoamento (de 4 a 6 camares por m de espelho dgua), taxas de renovao de gua de 3% a 7% e alimento concentrado (primeiro intento de estabelecer um sistema semi-extensivo para produzir camaro confinado no Nordeste). Durante 10 anos de trabalhos de domesticao das espcies nativas demonstrou-se a viabilidade de importantes aspectos como maturao, reproduo e larvicultura, e trabalhou-se intensivamente em manejo de gua e de solos de fundo de viveiros; mesmo assim, o desempenho produtivo dessas espcies no ultrapassou as mdias de 400 a 600 kg/ha/ano, mostrando-se apenas suficientes para cobrir os custos diretos de produo das fazendas com melhor manejo. As principais restries que limitaram a produtividade das espcies nativas relacionavam-se grande necessidade de protenas para seu desenvolvimento e a no existncia de alimentos concentrados (raes) que atendessem a essas exigncias. Contudo, demonstrou-se o bom potencial das trs espcies brasileiras e a necessidade de um2 Fonte: VALENTI, 2005, op. cit.

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programa de pesquisa bsica e aplicada para melhor caracteriz-las e preserv-las, alm de investigar a fundo sua biologia, reproduo e necessidades nutricionais. A deciso de descontinuar a domesticao das espcies nacionais como opo para viabilizar a carcinicultura no Brasil levou o grupo pioneiro de tcnicos e produtores, ainda na dcada de 80, a buscar como soluo a espcie extica Litopenaeus vannamei, cujas importaes de ps-larvas e reprodutores e os trabalhos de validao se acentuaram nos primeiros anos da dcada de 90. O critrio bsico para a adoo da nova espcie foi o fato de a mesma j ser cultivada com xito no Equador e Panam, e haver demonstrado alta capacidade de adaptao aos ecossistemas de diferentes partes do hemisfrio ocidental. A partir do momento em que alguns laboratrios brasileiros dominaram a reproduo e a larvicultura do L. vannamei e iniciaram a distribuio comercial de ps-larvas (na primeira metade dos anos 90), as fazendas em operao ou semi-paralisadas adotaram o cultivo do novo camaro, obtendo ndices de produtividade e rentabilidade superiores aos das espcies nativas. As validaes tecnolgicas foram intensificadas no processo de sua adaptao e, a partir de 1995/1996, ficou demonstrada a viabilidade comercial de sua produo no pas. Na seqncia, houve a consolidao da tecnologia de reproduo e engorda, o alcance da auto-suficincia na produo de ps-larvas, a oferta de raes de qualidade e o despertar do setor produtivo para a importncia da qualidade do produto final. Estas condies projetaram a carcinicultura marinha em direo ao mercado externo, cujas condies de demanda e preo eram altamente favorveis, com um significativo potencial de gerao de divisas para o pas. A forte e constante tendncia de consolidao do setor em condies tcnica e economicamente viveis e com alto potencial de lucro permitiram vislumbrar, para o curto prazo, a possibilidade do Brasil se tornar um dos principais produtores mundiais de camaro marinho cultivado, especialmente se o setor pblico e o privado atuassem integradamente em prol do desenvolvimento sustentvel do setor. Assim, a criao de camares marinhos no Brasil veio se expandido rapidamente nos ltimos 20 anos. O pas possui aproximadamente 8.000 km de costa ocenica tropical, o que corresponde metade da extenso costeira da Amrica do Sul. Embora nem toda esta rea seja adequada para a criao de camares, boa parte dela apresenta as condies mnimas necessrias. Esta cultura tem sido um bom investimento para diversos maricultores, apesar da complexidade no manuseio (principalmente no caso da criao em gaiolas, dificuldades pelas mars e outros fenmenos naturais) e maior problema - o potencial impacto ambiental negativo deste tipo de sistema, que o torna alvo de ateno de rgos nacionais e internacionais de defesa ambiental. O camaro marinho brasileiro tinha grande aceitao no mercado internacional. Entretanto, aes antidumping dos EUA, associada valorizao do Real e ao surto de mancha branca em Santa Catarina colaboraram para que a participao no mercado externo reduzisse, especialmente nos EUA, de 19 mil t em 2003 para 327 t em 2007. Dessa forma, o mercado interno aumentou de importncia. Alm disso, embora as exportaes sejam o melhor destino para os camares marinhos cultivados no Brasil, dificilmente MPEs conseguiro se aventurar em mercados externos, a no ser que atuem em modelos de negcio conjuntos (cooperativas, associaes etc.) e que contem com o apoio da APEX ou outros rgos governamentais focados na exportao.13aqicultura camaro

3 Mercado

3.1

No Mundo3

H registros do cultivo de carpas em viveiros por volta do sculo V a.C., apesar de alguns historiadores afirmarem que a aqicultura tem origem antes deste perodo. As civilizaes antigas do Oriente tinham o peixe como importante componente de sua culinria e, por esta razo, o cultivava em viveiros para diminuir a incerteza da pesca. Segundo os estudiosos no assunto, os chineses cultivavam microalgas marinhas para servirem de alimento. Documentos histricos sugerem que cultivavam estas microalgas submersas em gua. Atualmente cultiva-se quase 150 espcies diferentes de peixes, crustceos, moluscos e plantas (onde se incluem as algas), sendo que a maior participao na produo (acima de 50%) est nos peixes. Apesar destes nmeros significativos, poucas espcies de peixes so domesticadas 4, sendo os exemplos principais a carpa (a espcie mais antiga cultivada), o bagre de canal, a tilpia, a truta, o salmo, o milkfish e algumas espcies ornamentais. Diante de um contexto de estagnao nas capturas de organismos aquticos naturais, que est sendo marcante desde a dcada de 1980, a aqicultura tornou-se uma atividade consolidada e capaz de abastecer a demanda mundial pelos pescados. No ano de 2005, destacou-se a China, em primeiro lugar, com 32,4 milhes de t. O Brasil ocupava a dcima stima colocao, com uma produo total de 257,8 mil t. Nesse mesmo ano, a produo mundial total foi de mais de 48 milhes de toneladas, e as principais espcies produzidas, com base em peso, foram: a ostra (Crassostrea gigas), a carpa prateada (Hypophthalmichthys molitrix), a carpa capim (Ctenopharyngodon idellus), a carpa comum (Cyprinos carpio), o mexilho (Ruditapes philippinarum), a carpa cabea-grande (Hypophthalmichthys nobilis), a carpa (Carassius carassius), a tilpia do Nilo (Oreochromis niloticus) e o camaro (Penaeus vannamei). 5 Quando considerada a produo mundial de organismos aquticos (que inclui aqicultura e pesca), dados da FAO indicam que em 2005 atingiu-se mais de 118,6 milhes de t. Apesar de uma tendncia crescente, representada por taxas mdias anuais de 1,07% de 2000 a 2005, entre 2004 e 2005 houve uma pequena inverso, com queda de 0,23%. Do total citado, a aqicultura representou 53% da oferta mundial, ou mais de US$78 bilhes. No mesmo perodo avaliado anteriormente, o crescimento mdio anual foi de 6,6% (cerca de 38% de 2000 a 2005).

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3 Fonte: Elaborado pelo autor a partir de informaes diversas disponveis em FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations). Fisheries and Aquaculture Department. Fishery statistical collections global: aquaculture production. Rome (IT), 2006. Disponvel em: . Acesso em: 12 out. 2007 4 Entende-se aqui domesticada como uma espcie criada prxima do homem e pelo homem. 5 FAO. Fisheries and Aquaculture Department. Yearbooks of Fishery Statistics. Summary tables of fishery statistics: aquaculture production 2005 world aquaculture production by species groups. Rome (IT), 2006. Disponvel em: . Acesso em: 12 fev. 2008.

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3.1.1

Aqicultura Marinha6

A aqicultura marinha representou 53,4% do volume produzido da categoria (2005), tendo crescido a taxas mdias anuais de 0,94%, bem abaixo da mdia mundial. Esse volume significou um faturamento de US$ 40 bilhes (mais de 51% do faturamento total).

3.1.2

Aqicultura continental7

Por outro lado, a aqicultura continental representou 46,6% do total, mas cresceu a taxas mdias de 6,7%. O faturamento atingiu mais de US$38 bilhes (49% do total), significando um preo mdio por tonelada superior (cabe aqui o cuidado na considerao de que h espcies diferentes envolvidas nos dois tipos de produo marinha e continental).

3.2

No Brasil

A produo brasileira de pescado (2005) foi de 1.009.073 toneladas, com pequeno decrscimo em relao ao ano anterior (0,7%.): muitas das pescarias industriais tradicionais, tais como a piramutaba na regio Norte e as lagostas na regio Nordeste, apresentaram decrscimo na produo anual. As regies de pior desempenho relativo foram a Sudeste e a Sul (decrscimo de 20,2%), com 10 mil t a menos na produo da sardinha-verdadeira. Em relao produo total de pescado, a aqicultura participa com 25,6% (ou 257.780 t). Nesse contexto, a tilapicultura continua em expanso nas regies Sudeste e Nordeste. Quanto participao na produo, por tipo de sistema, nota-se que a pesca representou (em 2005) 5% do volume produzido, sendo que a extrativa marinha representou mais de 67% desse volume. A aqicultura foi mais bem representada pelos resultados da atividade continental, com quase 70% do total desse tipo de cultura (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis - IBAMA)8.

6 Fonte: FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations). Fisheries and Aquaculture Department, 2006. op. cit. 7 Fonte: FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations). Fisheries and Aquaculture Department, 2006. op. cit. 8 Fonte: IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis). DIFAP (Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros). CGREP (Coordenao-Geral de Gesto de Recursos Pesqueiros). Estatstica da pesca 2005: Brasil grandes regies e unidades da federao. Braslia, 2007. 147 p. Disponvel em: http://www.ibama.gov.br/rec_pesqueiros/download.php?id_download=113>. Acesso em: 13 fev. 2008.

aqicultura camaro

15

3.2.1

Pesca Extrativa

No Brasil, tanto a gua marinha como a gua doce apresentam fauna e flora bastante diversificadas, o que desperta o interesse de grandes empresas especializadas na explorao comercial da pesca. Entretanto, o baixo estoque pesqueiro9 faz com que essas empresas foquem seus esforos em algumas espcies especficas, deixando as demais variedades para a pesca extrativa artesanal. Esta praticada por pescadores espalhados em todo o litoral e nos rios brasileiros, que fazem desta prtica seu meio de subsistncia. Pesca Extrativa Marinha Como citado anteriormente, a pesca extrativa marinha representa 50,3% da produo total de pescado do Brasil (2005), que foi de 507.858,5 toneladas naquele ano. Por regio, o desempenho da pesca extrativa marinha apresentou realidades bastante distintas: Norte: apresentou decrscimo de 4,2%; principal estado foi o Par (93,3% da produo). Principais decrscimos na produo do perodo, por espcie: a pescadinha-g, garoupa, camurim, pescada-amarela, camaro-rosa (13,1%) e a lagosta; e aquelas com crescimento: peixe-pedra, beijupir, pargo e o caranguejo-u. Nordeste (regio de maior produo de pescado do Brasil): crescimento de 8,6%, em relao ao ano de 2004; principal estado Bahia (cerca de 29%). Principais decrscimos na produo do perodo: guaiba, cavala, pargo, albacora-laje, bacora-bandolin, camaro, lagosta e o caranguejo-u; e com crescimento: atuns e afins10. Sudeste: apresentou decrscimo de 4,6% em relao ao ano de 2004. O estado do Rio de Janeiro o maior produtor de pescado da regio. Espcies que mais contriburam para o decrscimo: sardinha-verdadeira, cavalinha, pero, tainha, dourado e polvo. Os crustceos apresentaram um crescimento na produo, assim como os moluscos, o atum e albacora-laje. Sul: registrou acrscimo de 2,7% em relao a 2004 ( a segunda maior regio produtora) - SC o maior destaque da regio. Espcies que mais contriburam para o decrscimo sardinha-verdadeira e crustceos; espcies que apresentaram maior crescimento foram: pescada-olhuda, cavalinha, corvina, espadarte, calamar-argentino, polvo e camaro-rosa Pesca Extrativa Continental A pesca extrativa continental representou 24,1% da produo total de pescado do Brasil (2005). Por regio, o desempenho da pesca extrativa continental apresentou realidades distintas:

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9

A frota pesqueira que opera no litoral brasileiro est estimada em 30.000 embarcaes; 10% so, consideradas de mdio e grande porte e conhecidas como frota industrial. As demais embarcaes so de pequeno porte (jangadas, canoas, botes etc.) e utilizadas para pesca artesanal; por suas caractersticas, tm pouco raio de ao e limitada autonomia no mar. A frota atual tecnologicamente defasada, o que motivou o projeto denominado Profrota, para renovao/ substituio da mesma. Fonte: SEAP (Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca da Presidncia da Repblica). Coordenao Geral de Pesca Industrial. Grupo de Trabalho Interministerial. Proposta do Programa Nacional de Financiamento da Ampliao e Modernizao da Frota Pesqueira Nacional (Profrota Pesqueira): relatrio o diagnstico da pesca extrativa no Brasil. Braslia, 2003. Disponvel em: http://200.198.202.145/seap/html/diagnostico.htm#2>. Acesso em: 14 fev. 2008. 10 As espcies-afins do atum, que partilham o mesmo habitat e so capturadas em conjunto, principalmente os peixes-de-bico, espadarte, espadins ou marlins e os veleiros ou agulhes ou peixes-de-vela.

ESTUDOS

D E

Norte: responsvel pela maior produo da pesca extrativa continental do Brasil; registrou um decrscimo de 3,8%. Par e Amazonas so os maiores produtores da regio Norte; destaque negativo em volume curimat, tambaqui e tucunar. Nordeste: apresentou um crescimento de 2,2%. Maranho o principal estado, juntamente com a Bahia. Sudeste: apresentou um crescimento de 12,6% (sendo que MG e SP se destacaram). Sul: apresentou uma reduo de 18,2% na produo; Centro-Oeste: queda de 5,2%. A pesca continental tambm apresenta maior concentrao de espcies na pesca industrial (dourada e piramutaba). No caso da pesca artesanal, a mesma est pulverizada entre diferentes espcies de peixes.

3.2.2

Aqicultura

Como citado, a aqicultura pode ser desenvolvida tanto em territrio continental como martimo. No caso do Brasil, a maior parte da produo proveniente da aqicultura continental, que representa 69,7% do total. A aqicultura marinha vinha em curva ascendente desde 1997, quando atingiu mais de 101 mil t (2003). A partir de ento, vem decrescendo em mdia a 12% a.a. J a aqicultura continental apresenta tendncia de crescimento, partindo de 1997 de um volume de 77,4 mil t, at 179,7 mil toneladas em 2004, ou seja, 11,1% de crescimento anual mdio.17

3.2.2.1 Aqicultura Marinha A aqicultura marinha nacional est voltada produo de crustceos (80,9%) e de moluscos (19,1%), baseado em dados de 2005. Os crustceos so prioritariamente produzidos no NE (93,5%), com destaque para RN e CE. A regio S, segunda em importncia, significou apenas 5,4%. Quanto aos moluscos, a regio S retoma sua importncia, representando 96% do total produzido.

3.2.2.2 Aqicultura Continental A aqicultura continental, com uma produo de 179.746 t, representa 17,8% da produo de pescado total do Brasil. A preferncia por esse tipo de cultivo, responsvel por 69,7% da produo nacional em aqicultura, pode ser atribuda aos prprios aqicultores que, dentre vrias razes, identificam oportunidades interessantes no Brasil, tais como: Grande extenso territorial em rea para cultivo; abundncia de gua doce e ainda limpa; boa adaptabilidade de espcies como a tilpia ao clima brasileiro; e qualidade desta espcie (tilpia). Nesse sentido, as espcies preferidas para o desenvolvimento da atividade so os peixes, que representaram 99,4% do volume total. A regio de maior destaque foi a Sul, com 59.204,5 t de pescado em 2005 ou 32,9%. A carpa e a tilpia so as espcies mais representativas, tendo suas maiores produes concentradas nos estados do Rio Grande do Sul e Paran. Em seguida sur-

aqicultura camaro

gem as regies NE, CO e SE, com, respectivamente, 19,7%, 18,6% e 17,5%. As principais espcies de peixes utilizadas na aqicultura destas regies so: tilpia, carpa, tambaqui e curimat.

3.2.3

Origem da Produo no Brasil11

Em 2005, a produo de pescados atingiu mais de 1 milho de toneladas. As principais regies produtoras foram a NE (31,9%) com destaque para os estados Bahia, Cear e Maranho; S (23,4%) onde sobressai Santa Catarina e N (24,3%) com destaque para o Par. E tros ta os n e es d , Santa Catarina ocupava a liderana com 15%, seguido do Par com 14,6% e Bahia (7,7%).

3.33.3.1

Produo de CamaresNo Mundo12

A produo de camares foi de 6.092 milhes de t (4,3% do volume total de pescados) em 2005, tendo crescido 7,4% em relao ao ano anterior. Desse total, 56% vm da pesca e o restante da aqicultura. A produo resultante da pesca tem crescido em mdia em 2 % ao ano, e a da aqicultura se destaca som taxas mdias de 18,1%. As receitas resultantes foram de mais de 22 milhes de dlares, tendo crescido quase 18,4% no perodo entre 2000/2005, com destaque para a aqicultura, com 42,6% de crescimento.

3.3.2

No Brasil

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A carcinicultura brasileira, embora tenha iniciado o ano de 2007 com muitas incertezas - tanto pelo efeito das viroses como da poltica cambial, sem qualquer perspectiva de recuperao econmica - chegou ao final do ano mostrando claros sinais de que, em 2008 o setor voltar a crescer. A perda de competitividade das exportaes nacionais, associada ao amadorismo, estrutura ineficaz da cadeia de comercializao interna e quase total falta de licenciamento ambiental so srios desafios que o setor precisa superar rapidamente, caso deseje voltar a ser um importante player internacional e conseguir um desenvolvimento econmico scio-ambientalmente sustentvel.13 Alm dos problemas de ordem institucional, outros fatores adversos contriburam de forma significativa para agravar a atual d a carcinicultura brasileira. Dentre estes, destacamse a ao antidumping imposta pelos Estados Unidos, o surto da doena da mancha branca (WSSV) em Santa Catarina e da NIM (IMNV) na Regio Nordeste. A carcinicultura marinha viveu um perodo de forte crescimento entre 1998 e 2003, ano em que produziu mais de 90 mil t; a partir da teve incio um perodo de crise que se estendeu11 Fonte: SCORVO FILHO, Joo Donato. O agronegcio da aqicultura: perspectivas e tendncias. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ZOOTECNIA BRASLIA. Zootec 2004: A zootecnia e o Agronegcio, V. Braslia, 28-31 maio 2004. Anais... Braslia, 2004. 9 p. Disponvel em: . Acesso em: 20 jul. 2007 12 Fonte: FAO. Fisheries and aquaculture information and statistics service. Rome (IT), 2006. Disponvel em: . Acesso em: 20 fev. 2008. 13 Fonte: Panorama da Aqicultura, novembro/dezembro, 2007. Publicao Bimestral da: Panorama da Aqicultura Ltda., RJ. p. 26 a 31.

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at 2005, quando se registrou produo de 65.000 t - patamar que tem se mantido at as ltimas estatsticas. As estimativas para 2007 apontavam para um pequeno aumento na rea dedicada produo, de 16 mil ha (5,3% de variao). Entretanto, a produtividade segue uma tendncia de queda. As estimativas para 2007 apontavam para um pequeno aumento na rea dedicada produo, de 16 mil ha (5,3% de variao); a FAO14 aponta um volume de 63 mil t em 2005, que representa uma queda de 16,8% em relao a 2004. As receitas geradas em 2005 foram de cerca de 253 mil dlares.

3.3.3

Origem da Produo no Brasil15

A oferta de camares de cultivo predomina no Brasil (tendo respondido, em 2005, por cerca de dois teros da produo total de camares no Brasil), principalmente nos estados do Cear e Rio Grande do Norte. J os maiores produtores de camaro capturado so: Par, Maranho, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

4 Cadeia Produtiva de Pescados

Uma cadeia de suprimentos compreende um longo canal que liga desde as matrias-primas utilizadas e componentes de um produto final at os consumidores finais. Essa cadeia, no caso da produo de pescados representada pela que envolve a atividade da pesca e a aqicultura. Em quaisquer delas deve-se considerar os respectivos fornecedores de insumos, seu processamento, at a utilizao de canais de marketing (atacadistas, varejistas, peixarias, catering, bares, restaurantes, etc.) que tornaro o produto disponvel ao consumidor final. Assim, visando representar esses dois modelos, sero utilizados aquele elaborado pelo CEPNOR16, para pesca artesanal continental e o desenvolvido pelo SEBRAE Nacional17 para a aqicultura.

14 Fonte: FAO. Fisheries and aquaculture information and statistics service. Rome (IT), 2006. Disponvel em: . Acesso em: 14 fev. 2008. 15 Fonte: IBAMA, 2007, op. cit.. Disponvel em: . Acesso em: fev. 2008. 16 Fonte: CINTRA, Israel Hidenburgo Aniceto et al. A cadeia produtiva da pesca artesanal na rea de influncia da Usina Hidreltrica de Tucuru, estado do Par, Brasil. Bol. Tc. Cient. Cepnor, Belm, v.7, n.1, p.97114, 2008. Disponvel em: . Acesso em: 15 fev.2008. 17 Fonte: SEBRAE. Metodologia do programa SEBRAE: aqicultura. Braslia, 2001. 94 p. (Srie Agronegcios). Disponvel em: . Acesso em: 14 fev. 2008.

aqicultura camaro

19

4.1

Cadeia da Pesca

Entre as principais preocupaes do pescador artesanal, destacam-se os investimentos em equipamentos, seja durante a pesca, seja para a preservao da mercadoria. Alm disso, o acesso ao mercado depende de diversos agentes que interferem principalmente no custo final do produto ao consumidor final.

Figura 1 Esquema da cadeia da pesca artesanal no Par na rea de influncia da Usina Hidreltrica de Tucuru

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Fonte: Reproduzido de: CINTRA, Israel Hidenburgo Aniceto et al. A cadeia produtiva da pesca artesanal na rea de influncia da Usina

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Hidreltrica de Tucuru, estado do Par, Brasil. Bol. Tc. Cient. Cepnor, Belm, v.7, n.1, 2008, p. 112.

4.1.1

A Cadeia Produtiva de Camares

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Para representar a cadeia de carcinicultura ser utilizado um modelo desenvolvido por Freitas,18 especificamente para a carcinicultura marinha em Laguna/SC. Embora esta cadeia tenha sido desenhada a partir de entrevistas realizadas na regio indicada, a realidade encontrada no difere significativamente das cadeias descritas em outros estudos e, portanto, pode ser utilizada para se abordar a cadeia da carcinicultura marinha como um todo e oferece paralelos para a cadeia de carcinicultura continental.

18 Fonte: FREITAS, Rodrigo Randow de. Anlise da cadeia produtiva da carcinicultura marinha em Laguna, SC. 2006. Dissertao (Mestrado) Centro de Cincias Agrrias da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianpolis, 2006. Disponvel em: . Acesso em: 15 fev. 2008.

Figura 2 Cadeia produtiva da carcinicultura marinha

Fonte: Reproduzido de FREITAS, Rodrigo Randow de. Anlise da cadeia produtiva da carcinicultura marinha em Laguna, SC. 2006. Dissertao (Mestrado) Centro de Cincias Agrrias da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianpolis, 2006

4.1.1.1 Elos e agentes da Cadeia Produtiva do Camaro Com o objetivo de melhor visualizar a integrao entre as etapas-chave da cadeia de aqicultura sero descritos seus principais elos e agentes. Apenas o elo da produo ser aprofundado aqui, na medida em que a escolha da tecnologia de produo influenciar diretamente nos resultados de toda a atividade.

4.1.1.1.1 Insumos Alm dos insumos bvios, como a disponibilidade de terra/espao fsico e de gua suficiente para o desempenho adequado da atividade, destacam-se dois produtos que, preferencialmente, devem ser comprados de terceiros e que representam uma parte substancial dos investimentos iniciais:

aqicultura camaro

Conforme o modelo, a cadeia de carcinicultura representada por: insumos, sistemas produtivos (produo), setores de transformao (processamento e armazenagem), de comercializao (distribuio) e de consumo, alm dos ambientes organizacional e institucional. Em razo da grande interdependncia destes componentes, para o alcance de maior produtividade, necessrio que sua atuao seja integrada e que haja forte e permanente apoio de atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnolgico.

21

Na carcinicultura, as sementes de camaro no so chamadas de alevinos como na piscicultura, mas de larvas e ps-larvas: a compra de ps-larvas com tamanho adequado, alta qualidade, gentica de primeira linha e que sejam acondicionadas e transportadas da maneira correta indispensvel para a obteno de produtividade, qualidade e, conseqentemente, competitividade pelo tilapicultor. Por isso, o desenvolvimento de larvas e ps-larvas na propriedade ou a compra de fornecedores sem especializao uma atitude em que o barato sai caro, pela maior taxa de mortalidade, variedade de tamanhos na hora da despesca, baixa taxa de converso e alta suscetibilidade a doenas como demonstra a recente e j longa infestao de camares pela doena da mancha branca, sobretudo no Sul do pas; Raes: da mesma forma, embora boa parte das MPEs produza a prpria rao a partir dos derivados de baixo valor agregado que resultam como subprodutos da prpria criao de camares peixes e at mamferos, alimentar ps-larvas e adultos em fase de engorda com raes especialmente desenvolvidas para atender s necessidades nutricionais de cada fase de vida do camaro, ao mesmo tempo em que representa um dos custos mais altos na carcinicultura, uma rao adequada garantia de maior produtividade, qualidade do produto final e, portanto, de maior retorno sobre o investimento.

4.1.1.1.2 Sistema de Produo A escolha do sistema de produo (ou seja, da tecnologia de produo) pelo carcinicultor deve levar em considerao caractersticas que se refletem nos cuidados dispensados criao e impactaro a produtividade e os custos do produtor. No caso da carcinicultura, os sistemas de produo dividem-se, inicialmente, em sistemas adequados carcinicultura de gua doce e de gua salgada. Principais Sistemas de Produo para Carcinicultura de gua Doce22

A criao de camares de gua doce baseia-se principalmente na espcie Macrobrachium rosenbergii19 (camaro da Malsia). Os sistemas de criao adotados na carcinicultura de gua doce so o monofsico, o bifsico e o trifsico. Principais Sistemas de Produo para Carcinicultura Marinha20

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A carcinicultura marinha tambm pode ser realizada utilizando-se de diferentes sistemas e tecnologias escolhidos, sobretudo, em funo do tamanho da propriedade e do tipo de cultivo. Em sntese, os principais sistemas encontrados no Brasil so: Carcinicultura em pequena escala: pequenos empreendimentos, com rea mxima de 10 ha de lmina de gua; Carcinicultura de mdia escala: propriedades tm entre 11 a 100 ha de lmina de gua e empregam regime semi-intensivo, mantendo densidade mxima de 45 camares/m;19 Fonte: RIBEIRO, Paula Adriane Perez; LOGATO, Priscila Vieira Rosa. Criao de camares de gua doce (Macrobrachium rosenbergii). Lavras (MG): UFLA, 2006. 23 p. Disponvel em: . Acesso em: 15 fev. 2008. 20 Fonte: BORGHETTI, Jos Roberto; SILVA, Ubirat Assis Teixeira da. Principais sistemas produtivos empregados comercialmente. In: OSTRENSKY, Antonio; BORGHETTI, Jos Roberto; SOTO, Doris (ed.). Aqicultura no Brasil: o desafio crescer. Braslia, 2008, p. 73-94. Disponvel em: . Acesso em: 15 fev. 2008.

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Carcinicultura de grande escala: praticada em reas com mais de 100 ha de lmina de gua. Tipos de cultivo Com relao ao tipo de cultivo, produtores que adotam o sistema extensivo ou semi-intensivo destinam seus produtos ao mercado interno ou os vendem a empresas beneficiadoras ou exportadoras. Cultivo em cercados: esta nova tecnologia vem sendo testada em predominantemente em comunidades costeiras do Rio Grande do Sul (mas tambm nas lagoas costeiras de SC), utilizando o camaro-rosa (Farfantepenaeus paulensis), espcie nativa da regio. Esse sistema tem baixos custos de produo e uma tecnologia acessvel s MPEs, pois utiliza materiais baratos e utiliza, para alimentar os camares, os rejeitos da pesca marinha; Cultivo em tanques-rede: outra tecnologia alternativa, tambm em fase experimental, a utilizao de tanques-rede, realizada no Paran, So Paulo e Bahia. At o momento, nenhuma das duas alternativas acima demonstrou sua viabilidade comercial. Processamento No elo do processamento da cadeia, sobretudo quando se foca em camares de gua doce, a forma de despesca constitui fase crucial. Se o camaro de gua doce no for morto por choque trmico, assim que retirado da gua, ocorrer o fenmeno que gerou a rejeio da populao pelo produto: ele perde sua textura macia e fica borrachudo. Aqui se deve ressaltar a importncia das beneficiadoras e dos frigorficos. Para os pequenos produtores pode ser uma oportunidade de atuao de forma organizada, porque exatamente nessa fase em que se pode agregar maior valor ao produto, oferecendo-o ao mercado em sua forma inteira, sem casca, limpo e at mesmo temperado e pronto para uso. Essas empresas de beneficiamento/processadoras de camaro desempenham uma funo excepcionalmente importante na preparao do produto final, na manuteno da sua qualidade e na comercializao para o mercado internacional. Dados revelados pelo Censo 200321, realizado pela ABCC, identificaram a existncia de 42 Centros de Processamento que trabalham com o camaro, distribudos em dez Estados da Federao, cuja capacidade total instalada de processamento por dia de 987 toneladas e a capacidade de beneficiamento/congelamento, de 21.620 toneladas. Esses nmeros representaram um aprecivel crescimento do setor de processamento do camaro cultivado, tanto em nmero de unidades quanto em capacidade de processamento, em relao ao ano de 2002, que registrou 38 unidades e capacidade de processamento de 390 toneladas por dia. Carcinicultura Responsvel O cultivo de camaro um dos setores de mais rpido crescimento na aqicultura em vrias partes do mundo e tambm um dos mais controversos. A rpida expanso do se21 Fonte: ABCC (Associao Brasileira de Criadores de Camaro). Promoo comercial das exportaes de camaro cultivado brasileiro. Natal (RN), jun. 2004. 19 p. Disponvel em: . Acesso em: 8 fev. 2008

aqicultura camaro

23

tor possibilitou a gerao de renda para muitos pases; entretanto, tem sido acompanhada por crescentes preocupaes sobre seus impactos ambientais e sociais. Os Princpios Internacionais para a Carcinicultura Responsvel provm a base sobre a qual todas as partes interessadas podero colaborar para um desenvolvimento mais sustentvel do cultivo de camaro. Os Princpios Internacionais foram desenvolvidos pelo Consrcio sobre Carcinicultura e Meio Ambiente, formado pelo Fundo da Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO, na sigla em ingls), pela Network of Aquaculture Centres in Asia-Pacific (NACA), pelo Programa Global de Ao para a Proteo do Ambiente Marinho das Atividades Realizadas em Terra do Programa de Meio Ambiente das Naes Unidas (UNEP/GPA), pelo Banco Mundial (WB) e pela World Wildlife Foundation (WWF).22

5 Consumo de pescado no Brasil23

O consumo de pescado no Brasil pode ser estimado com base no consumo aparente, que resulta da soma da produo importao, deduzido o volume exportado. Dessa forma, 1.009.073 t produzidas, mais 145.937 importadas, menos 92.449 exportadas, resulta em 1.062.561 t (2005). Segundo a FAO (2002) o consumo aparente de pescado no Brasil seria de 6,5 kg per capita. Entretanto, considerando-se os dados citados no tpico anterior em relao ao consumo total e adotando-se como base as estatsticas do IBGE sobre a populao de 2005, estimada em 184.007.699 habitantes, conclui-se que o consumo aparente inferior ao estimado pela FAO, na casa de 5,8 kg per capita/ano.

24

5.1

Consumo de pescado em algumas capitais

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Estudos recentes sobre a comercializao de pescado em importantes cidades brasileiras foram publicados por INFOPESCA.24 Estes estudos oferecem um quadro panormico da oferta e consumo de pescado nas cidades de Recife, Macei, Aracaj, Braslia, Rio de Janeiro e So Paulo, confirmando uma grande variao no que se refere s quantidades disponveis, locais de acesso, formas de apresentao, principais espcies comercializadas, origem e preos dos produtos. Consumo de Camaro O consumo total de camares no Brasil pode ser estimado por meio do consumo aparente, ou seja, o volume produzido, subtradas as exportaes e somadas as importaes. Dessa forma, considerando que a produo de 2005 (dados oficiais mais recentes) foi de 63.134 e que as exportaes atingiram 45.055, tem-se que o consumo total foi de 18.079 mil toneladas. Consumo per capita de camaro22 Fonte: FAO/NACA/UNEP/WB/WWF. International principles for responsible shrimp farming [Princpios internacionais para a carcinicultura responsvel]. Bangkok (TH): NACA (Network of Aquaculture Centres in Asia-Pacific). 2006. 20 p. 23 Fonte: SANTOS, Carlos Alberto Muylaert Lima dos. A qualidade do pescado e a segurana dos alimentos. In: SIMCOPE (Simpsio de Controle do Pescado), II. So Vicente (SP), 6-11 jun. 2006. Anais..., So Vicente, 2006. 6 p. Disponvel em: . Acesso em: 16 fev. 2008. 24 Fonte: Wiefels et al (2005) apud SANTOS, 2006, op. cit., p. 4.

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Considerando-se os dados anteriormente citados em relao ao consumo total e adotando-se como base as estatsticas do IBGE sobre a populao de 2005, estimada em 184.007.699 habitantes, conclui-se que o consumo aparente inferior ao estimado pela FAO, na casa de 0,098 kg per capita/ano. Se for includo o volume resultante da pesca, esse valor sobe para 0,25 kg/ano, mas ainda permanece abaixo da mdia mundial de 0,7 kg/ano.

6 Produtor

Segundo dados da SEAP,25 em 2003 o setor aqcola brasileiro envolvia mais de 150.000 pessoas; esses nmeros envolvem tanto a parte formal como a informal da atividade, que predominantemente desenvolvida em pequena escala e em carter familiar. Com o objetivo de identificar as empresas envolvidas na atividade de pesca e aqicultura sero utilizados os dados de Cadastro de Empresas junto ao IBGE.26 Conforme dados referentes a 2004, havia 2,7 mil empresas formalizadas ligadas pesca e aqicultura, correspondente a 19 mil pessoas ocupadas. Dados coletados pela ABCC, referentes ao Censo da Carcinicultura Nacional de 2004, indicam que, do total de 997 produtores entrevistados, a maior parte era de pequeno porte (71%), 23% de mdio e 5% de grande porte.27 Os grandes produtores detm 53% da rea produtiva, respondem por 54% do volume e tm produtividade mdia de 4,8 t/ha; j mdios e pequenos produzem cerca de 4,4 t/ha. A concentrao de produtores est no RN (381) e no CE (191), assim como as maiores participaes na produo: RN (40,6%) e CE (25,6%).

7 Produtos-chave da Aqiculturaaqicultura camaro

7.1.

Principais Peixes Indicados para Cultivo28

Para que uma espcie de peixe seja considerada adequada para o cultivo, ela precisa apresentar algumas caractersticas s quais o produtor deve estar sempre atento: Espcie deve ser facilmente propagvel, natural ou artificialmente;

25 Fonte: OSTRENSKY; BORGHETTI; SOTO, 2008, op. cit. 26 Fonte: IBGE. Estatstica: economia cadastro de empresas 2004, tabela 2. Rio de Janeiro, 2006. Disponvel em: . Acesso em: 18 fev. 2008. 27 Fonte: ABCC, 2004, op. cit. 28 Fonte: APOSTILA de Piscicultura. Pgina do Piscicultor, Jundia, sd. Disponvel em: . Acesso em: 20 fev. 2008.

25

Deve apresentar bom crescimento em condies de cativeiro e ser resistente ao manejo e s enfermidades mais comuns; Apresentar um hbito alimentar onvoro, herbvoro, ilifago, detritvoro, fitoplanctfago, zooplanctfago ou planctfago; Deve ter boa aceitao no mercado. As espcies mais facilmente encontradas nas unidades produtoras de alevinos no Brasil so: Tambaqui e Tambacu, Pacu, Curimbat, Carpa comum, Carpa capim, Carpa cabea grande, Bagre africano, Tilpia, Tilpia do Nilo e Piau.

7.2.

Principais Camares Produzidos no Brasil

Conforme dados publicados pela SEAP,29 os principais camares produzidos foram, conforme a origem: Pesca Extrativa Marinha: Camaro sete-barbas (15,8 mil t), camaro rosa (9,4 mil t) e camaro (5,7 mil t); Pesca Continental: Camaro: 5,3 mil t.; Maricultura: Camaro - 63 mil t; Carcinicultura Continental: Camaro- 370 t Em relao pesca, as principais espcies so:26

Tabela 2 - Principais Espcies de Camares no Brasil Nomes Vulgares Camaro-barba-ruaSEB RAE/ ESPM

Sinonmia Camaro-serrinha ou ferrinho Camaro-legtimo Camaro-pistola Camaro-espigo

Famlia Penaeidae Penaeidae Penaeidae Penaeidae Penaeidae Penaeidae Penaeidae

Nomenclatura Cientfica Artemesia longinaris Litopenaeus schimitti Farfantepenaeus paulensis Farfantepenaeus brasiliensis Farfantepenaeus subtilis Peloticus muelleri Xiphopenaeus kroyeri

Camaro-branco Camaro-rosa

Camaro-santana Camaro-sete-barbas

Camaro-vermelho

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Fonte: Reproduzido de IBAMA, 2007, p. 103.

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Para o caso da carcinicultura, as espcies mais indicadas por tipo de cultivo so: na carcinicultura marinha, o Litopenaeus vannamei (camaro cinza), e na de gua doce, a espcie Macrobrachium rosenbergii (camaro da Malsia).

29

Fonte: IBAMA, 2007. op. cit.

7.3.

Produtos com Valor Agregado

A ABCC desenvolveu, em 2004, um estudo para identificar as perspectivas e nichos de mercado.30 Nesse estudo, foi possvel definir quatro formas de apresentao do produto com processamento associado, que oferecem oportunidades para diferenciao e, conseqentemente, maior valor agregado: Clssicos: camaro seco, defumado em salmoura ou semi-preservados; Novos Frescos: produtos marinhos crus (camaro inteiro ou em pedaos, pr-cozidos, empanados e sem casca); Neoclssicos: reconstitudos (imitaes e produtos destrinchados); Compostos: representam a maioria dos produtos. Alm do pouco conhecimento detectado pelos consumidores em funo dessas variedades, as formas de apresentao, que so pouco variadas no mercado, poderiam ser incrementadas, por exemplo, com pores individuais, espetinhos, almndegas, hambrgueres etc.

7.4.

Derivados

Muitos produtos no so totalmente utilizados, com parte de seus derivados sendo descartados. No caso do camaro, pode-se detectar o consumo do camaro inteiro, com casca e cabea, especialmente daqueles camares menores e geralmente fritos. Uma possibilidade, incentivada por meio de sites de culinria, do uso gourmet de cascas e cabeas, de camares maiores. A prpria farinha de camaro, destinada a alimento para peixes, pode ser utilizada para empanar pratos para consumo humano, com ganhos em termos de menor absoro de gorduras. Outros subprodutos podem ser obtidos da casca, como a quitina e sua derivada, a quitosana. A principal utilizao comercial da quitosana liga-se aos sistemas de tratamento de efluentes de indstrias alimentcias (laticnios, frigorfico aves, beneficiamento de pescado, processamento de ovos) na recuperao de protena. Outra aplicao tem sido na indstria farmacutica, pelas suas propriedades: biodegradvel, no alrgica, anticoagulante, antifngica, antimicrobiana etc.31 Outro exemplo foi identificado junto Universidade Federal do Cear, que desenvolveu uma plula que exala perfume de lavanda nos usurios. Essa plula, entre outros ingredientes, foi produzida base de quitosana.32

30 Fonte: BARBIERI, Roberto. Perspectivas de Nichos de Mercado Interno para Produtos Diferenciados do Camaro Cultivado. Disponvel em: . Acesso em: maio 08. 31 Fonte: RODRIGUES, Clvis Antonio. Aproveitamento da casca do camaro: quitina e polmeros derivados. WORKSHOP BRASILEIRO EM APROVEITAMENTO DE SUB-PRODUTOS DO PESCADO, 1. Itaja (SC), Universidade do Vale do Itaja (UNIVALI), 4-5 dez. 2003. Anais..., Itaja (SC), 2003, 3. p. Disponvel em: . Acesso em: 26 fev. 2008. 32 Fonte: REDAO TERRA. Instituto do Cear desenvolve plula de cheiro. Portal Terra, So Paulo, 18 maio 2007. Disponvel em: . Acesso em: 26 fev. 2008.

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Pesquisadores da Universidade Federal do Cear (UFC) criaram uma plula para deixar as pessoas cheirosas, sem a ajuda de perfumes ou desodorantes. O produto, quando ingerido, libera um odor de lavanda pelo suor e isso ocorre sem causar danos sade, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo. (REDAO TERRA, 2007, p, 1)

8. Distribuio

Os canais de venda de pescados no Brasil, no qual os camares se inserem, podem ser classificados em diretos e indiretos.

8.1.

Venda Direta

A distribuio direta do produto ocorre de vrias formas; nesse caso, o produtor vende diretamente ao consumidor final ou a um cliente corporativo, que pode utilizar o produto de diversas maneiras: pela industrializao (processa e revende o produto); ou o utiliza como ingrediente na preparao e no fornecimento de refeies. No caso de pescadores, a venda realizada nos portos, diretamente na praia ou na margem dos rios e lagoas comum no litoral brasileiro, sendo uma atividade eminentemente informal. No caso do aqicultor, a venda pode ocorrer diretamente nas propriedades, ou pelo sistema porta-a-porta, tambm pelo produtor. H, tambm, o formato de venda em feiraslivres, j como um pequeno passo na integrao para frente na cadeia produtiva. Na venda direta realizada entre pescador/produtor e o cliente pessoa jurdica, os principais compradores so: frigorficos, restaurantes, bares, mercados locais, empresas de catering etc.

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8.2.

Venda Indireta

A venda indireta ocorre por meio de atacado, varejo ou atravessadores, figura qual se atribuem reflexos negativos cadeia de pescados (como, de resto, a toda a cadeia do agronegcio), em funo da informalidade, da explorao dos produtores, da inadequao no armazenamento e transporte do pescado e do forte impacto sobre o preo ao consumidor final.

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8.2.1.

Atacado

ESTUDOS

No atacado, os preos so inferiores aos praticados junto ao consumidor final, em funo dos volumes e do poder de barganha dos compradores. Um dos principais players nessa atividade so os CEASAs de todo o Brasil, com especial destaque para o CEAGESP, pelos altos volumes comercializados.33

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33

Fonte: OSTRENSKY; BORGHETTI; SOTO, 2008, op. cit.

8.2.2.

Varejo

Os principais canais de venda indireta de pescado so os chamados off-trade34, como supermercados, mercados, feiras livre e peixarias e os on-trade35, como restaurantes, bares, quiosques de praia etc.

8.3.

Consideraes Finais

A partir de dados das grandes redes de supermercados, atacadistas, ABCC, IBAMA e IBGE o mercado interno atual para camares foi estimado em 46.500 toneladas, das quais 55% seguem para o mercado institucional (restaurantes, bares, hotis, refeitrios) e os 45% restantes seguem para o varejo e suas ramificaes. Vale observar que os supermercados, apesar de serem o canal mais popular de comercializao de camares (uma vez que focam o consumidor final), tm uma participao pequena nas vendas do mercado interno (menos de 10%), enquanto as centrais de distribuio e feiras livres respondem por um volume bem maior.

9. Preo

Antes da avaliao dos preos praticados no mercado para o camaro adulto, sero apresentados preos praticados para venda de ps-larvas (PL). Pode-se observar que o preo do milheiro da PL de camaro marinho varia cerca de 10% entre o valor mais baixo (R$4,53 - RN) e o mais alto (R$5,00 - PI e BA); no caso da PL de camaro marinho, observa-se que o preo do milheiro varia em relao ao volume adquirido. Em mdia, o preo para quem compra entre mil e dez mil unidades (R$74,00) pode cair cerca de 34% para volume acima de 50 mil (R$49,00); para o caso de juvenis, o valor do milheiro de R$84,00. O preo mdio do camaro (tipo Ferro) varia em funo de sua classificao. Considerando-se os preos por kg praticados no atacado, a diferena de mais de 44% entre a terceira e primeira classificaes.Tabela 3 Preo do Camaro Ferro x Classificao (em R$/Kg) Categoria: Pescado Data: 09/05/2008 Produto CAMARO FERRO CAMARO FERRO CAMARO FERRO Classificao PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA Uni/Peso 1/KG 1/KG 1/KG Menor 12 10 8 Comum 13 11 9 Maior 14 12 10 Quilo 13.00 11.00 9.00

Fonte: Reproduzido de CEAGESP. Cotaes: preos no atacado pescado. So Paulo, 9 maio 2008. 36

34 Canais de marketing off-trade: Canal de distribuio que oferece produtos para aquisio local e consumo fora dele. 35 Canais de marketing on-trade: Canal de distribuio que oferece produto para aquisio e consumo no prprio local. 36 Fonte: Reproduzido de CEAGESP. Cotaes: preos no atacado pescado. So Paulo, 9 maio 2008. Disponvel em: . Acesso em: 9 maio 2008.

aqicultura camaro

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Com o objetivo de identificar os preos praticados no varejo, utilizou-se o site do Po de Acar Delivery37. Na data da pesquisa (09/05/08) foram identificadas onze ofertas de produto. A variao nos preos d-se em funo dos tipos, do tamanho, do processamento realizado e da marca. Em relao ao tamanho, o camaro vermelho grande 16,5% mais caro que o mdio, considerando-se preo por quilo. Pode-se verificar que um camaro do tipo 7 barbas congelado e descascado apresenta valor cerca de 52% maior que o mesmo tipo congelado e com casca. Para que se possam perceber as vantagens que o processamento pode agregar em termos de apelo, usos e, conseqentemente, de preo, o camaro descascado, cozido e congelado apresentou valor de R$128,68. importante destacar que, dentre os produtos identificados somente o camaro embalado com a marca Po de Acar era da categoria cultivado; descascado e cozido, apresentava preo de R$50,93/kg.

10. Consumidor

Conforme dados do Euromonitor,38 em 2007 o consumo total de peixes e frutos do mar dos brasileiros, baseado em dados de vendas a varejo, foi de cerca de R$9,5 milhes em 2007 um crescimento de 8,3% em relao ao ano anterior. Em funo da no disponibilidade de dados secundrios sobre o perfil do consumidor nacional de camaro, sero utilizados dados obtidos junto ao IBGE por meio da Pesquisa de Oramentos Familiares (POF) 39 para identificar alguns traos sobre esse grupo. Vale lembrar que esses dados refletem o consumo domstico, no incluindo aqui a tendncia de crescimento para as refeies realizadas fora do lar. Assim, detectou-se que, no perodo de 2002-2003, o consumo de per capita de pescados de gua salgada foi de 4,6 kg/ano, e dos originrios de gua doce de 2,1 kg/ano. Especificamente em relao ao camaro (fresco), esse valor caiu para 114 g/ano/por pessoa. As es regi que mais consumiram camaro, comparativamente, considerando a aquisio per capita, foram a N (515 g), seguida pelas regies NE (123 g), SE (70 g) e Sul (50 g), sempre em bases anuais. Em relao s classes de renda familiar/ms, aquelas entre R$$400 e R$600 e mais de R$3.000 apresentaram volume de consumo acima da mdia, com respectivamente 0,132 kg e 0,228 kg, sendo que essa ltima mais chamou a ateno pelo volume. As demais classes apresentaram consumo prximo de 80 g/ano.

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37 Fonte: PO DE ACAR DELIVERY. Cotao varejo: carnes peixe regio de preo So Paulo. Site institucional. So Paulo, 9 maio 2008. Disponvel em: . Acesso em: 9 maio 2008. 38 Fonte: EUROMONITOR INTERNATIONAL. GMID (Global market information database). 2008. 39 Fonte: IBGE. Pesquisa de oramentos familiares (POF) 2002-2003. Rio de Janeiro, 2004. Disponvel em: . Acesso em: 20 jan. 2008.

ESTUDOS

10.1. Consideraes sobre o comportamento do consumidorA aceitao ou rejeio de um produto muitas vezes est associada a preconceitos desenvolvidos pelo consumidor, alguns justificveis, outros no. No caso do camaro de gua doce, h a rejeio associada textura, s vezes similar de borracha, que fruto de manuseio inadequado, seja na despesca, seja na comercializao e no prprio preparo dos pratos. Nesse sentido, cabe aos integrantes da cadeia produtiva minimizar os erros antes do produto chegar s mos do consumidor, alm de ensin-lo sobre os processos adequados de congelamento/descongelamento, coco etc., alm de destacar os pontos positivos em relao s demais protenas e ao camaro de gua salgada, tais como: O camaro de gua doce aceita mais facilmente uma combinao de temperos e ervas aromticas; Quase no atrai moscas; No deixa cheiro forte na cozinha ou nas mos; Tempo de descongelamento e cozimento menor (na verdade, muito rpido); Possui menos iodo e sal.

11. Concorrncia31aqicultura camaro

11.1.

Concorrncia Indireta

Em princpio, toda e qualquer fonte de protena potencial concorrente ao consumo de pescados, principalmente as carnes brancas, lights e mais saudveis - valores normalmente associados aos crustceos e peixes.

11.2.

Concorrncia Direta

Quando se considera especificamente a categoria de pescados, todas as demais espcies so concorrentes do camaro, tais como peixes, rs, outros crustceos e moluscos. Entretanto, os camares competem de forma mais prxima, especialmente se forem fruto da aqicultura, com lagostas, mexilhes, coquilles e vieiras. Em relao participao de mercado, tomando-se como base todas as espcies cultivadas na aqicultura brasileira (2004), mas focando-se em camares, percebe-se que o marinho representou, em 2004, 28,1% do mercado, enquanto o de gua doce apenas 0,1%

12. Comunicao: Uma Anlise sob a Perspectiva das Arenas da Comunicao

Com o objetivo de avaliar prticas de players do mercado de carcinicultura, sero apresentados exemplos de aes desenvolvidas luz dos conceitos das arenas da comunicao com o mercado.

12.1. Propaganda tradicional a arena que exige mais recursos financeiros e de estrutura de marketing, se utilizada da forma tradicional; por essa razo, seu uso acaba se restringindo aos fabricantes de maior porte, seja qual for o setor. Mesmo assim, boa parte das verbas que os grandes fabricantes destinavam a essa arena tm sido desviada para o ponto de venda e para outras arenas (sobretudo promoes, patrocnios de esportes, entretenimento e eventos culturais), devido s mudanas no comportamento do consumidor frente s tradicionais mdias de massa: TV aberta, rdio, jornal, revistas etc. No Brasil, a propaganda em meios de massa raramente utilizada para a divulgao de pescados e seus derivados, exceo daquela inserida em programas especificamente ligados pesca na TV - em geral, de alcance regional ou local, o que possvel graas ao avano da tecnologia que permite esses recortes geogrficos nas mdias eletrnicas de massa. Mesmo assim, os produtos anunciados relacionam-se, sobretudo, pesca esportiva, indo de barcos e motores at iscas dos mais variados tipos, mas no incluindo pescados e seus derivados. J na mdia impressa segmentada (ou seja, publicaes que visam exclusivamente pessoas pertencentes ao setor ou interessadas em participar deles) encontra-se alguma presena de fornecedores da cadeia produtiva da carcinicultura, como produtores de PL, de tanques, e outros insumos. Contudo, para as MPEs a propaganda tradicional s poderia ser utilizada por meio de agrupamentos (associaes, cooperativas) ou com o apoio de entidades governamentais ou no. Foi possvel identificar veiculaes realizadas por restaurantes que promovem pratos base de camaro.

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12.2.

Varejo

ESTUDOS

Tambm no forte a presena dos pescados nos anncios/merchandising nos pontos de venda ao consumidor final. Quando esses produtos aparecem, devido a promoes conjuntas varejista/fabricante, que colocam alguns itens com preos promocionais em seus tablides, ou ento em datas comemorativas, pelo fato do camaro estar associado a um ingrediente de pratos mais requintados. Por outro lado, quando se pensa na atuao de restaurantes, podem-se detectar aes promocionais ligadas ao incentivo do consumo de pratos base de camaro.

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12.3 EntretenimentoNo foram identificadas aes ligadas ao uso dessa arena com foco na produo e venda de camares. As associaes possveis estavam ligadas ao consumo do produto a partir dos pratos oferecidos pelos buffets nos eventos, mas sem apelo ou referncia sobre o camaro como ingrediente de destaque.

12.4 Marketing EsportivoEmbora no haja uma tradio do setor de carcinicultura nesse sentido, existem competies esportivas nas quais atletas podem ser patrocinados por integrantes da cadeia produtiva, como no exemplo da Camaro & Cia (rede pernambucana de franquia) que patrocinou dois atletas do vlei de praia.40

12.5 EventosFeiras locais ou regionais so bastante utilizadas pelos municpios para divulgar e fomentar a venda dos produtos locais, mesclando-se, dessa forma, j mencionada arena do entretenimento. So locais ideais para incentivar a degustao de camaro e seus derivados, bem como para ensinar a elaborao de pratos com o ingrediente. Em se tratando de MPEs, a participao em eventos nacionais ou mesmo internacionais s poderia ocorrer via rgos de apoio como a APEX. Outras alternativas ligam-se promoo de derivados do camaro como ingredientes de, por exemplo, remdios. Eventos de Gastronomia: um dos momentos mais oportunos para promoo do camaro liga-se aos eventos de gastronomia. Nesses, pode ser possvel desde a apresentao do produto e formas de preparo, elaborao de concursos, usos alternativos de derivados etc.; Eventos do Setor: os eventos do setor, tais como as feiras,41 so oportunidades interessantes para troca de experincia, valorizao de tipos produzidos, reas de produo, tcnicas e aproveitamento do camaro e seus derivados. As principais feiras so: AQUAFAIR - Feira Internacional de Aqicultura, Maricultura e Pesca; SEAFOOD Expo Latin America - Feira internacional de pescados, frutos do mar e tecnologia para indstria da aqicultura e pesca; AQIPESCA - Feira de Negcios de Aqicultura e Pesca; FENACAM - Feira Nacional do Camaro e 1 Aqua & Pesca Internacional.33aqicultura camaro

40 Fonte: CAMARO & CIA patrocina vlei de praia: dupla Moacir e Fabiano ganham apoio da rede de franquias pernambucana. PORTAL DA PROPAGANDA, So Paulo, 23 abr. 2008. Disponvel em: . Acesso em: 12 maio 2008. 41 Fonte: Sebrae. Srie mercado: o mercado brasileiro de feiras 2007. Braslia, 2007, p. 24-30.

12.6

Varejo Eletrnico, Internet etc.

Alm das arenas citadas anteriormente, no se pode esquecer a internet, cuja massificao a torna, cada dia mais, importante ferramenta de comunicao, cujo uso pode variar nas empresas desde ter um site prprio (que oferea ao consumidor informaes nutricionais claras, dicas, receitas e sugestes de uso, entre outras) at investir em pop-ups, banners e outros tipos de comunicao on line.

ESTUDOS

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II. Diagnstico do Mercado de Aqicultura e Pesca: Camares

aqicultura camaro

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Com o objetivo de estabelecer concluses sobre o mercado de carcinicultura, luz do cenrio constatado na parte I deste relatrio, sero utilizados modelos conceituais aplicados realidade: Anlise Estrutural da Indstria, Anlise PFOA e o Quadrado de Xavier Gilbert.

1. Anlise Estrutural da Indstria (Matriz de Porter)

A anlise da intensidade da concorrncia depende diretamente de foras competitivas, que atuam de forma a favorecer ou dificultar a posio de uma empresa em uma determinada indstria a qual faz parte.42 Indstria (ou setor), na conceituao de Porter, envolve, de forma ampla, um grupo de empresas fabricantes de produtos que so bastante aproximados entre si. Segundo o autor, indstrias diferentes possuem estruturas distintas, que so determinantes para as condies de competitividade que as empresas a elas pertencentes enfrentaro, assim como so determinantes para suas perspectivas de lucratividade. A estrutura proposta por Porter pode ser mais bem compreendida ao se estudar as cinco foras competitivas que a compem. Caso todas sejam favorveis, torna-se possvel para um grande nmero de empresas atuarem nessa indstria (nesse setor) de maneira lucrativa. Porm, se uma ou algumas foras forem demasiadamente intensas e/ou desfavorveis, podem restringir as chances de xito de boa parte dos players desse setor. Como aperfeioamento ao modelo est includo o conceito de complementadores, que chamado de Sexta Fora.43 Seus autores, Nalebuff e Brandenburger trouxeram grande contribuio s teorias de administrao com a definio de complementadores: (...) um jogador (player) seu complementador se os clientes valorizam mais o seu produto quando eles tm tambm o produto do outro jogador (player) do que quando tm o seu produto isoladamente. Outra concepo que Nalebuff e Brandenburger atribuem ao conceito da 6 fora seu poder como influenciadores, ou seja, quando h agentes que no participam diretamente da cadeia produtiva de um setor, mas sua opinio influencia fortemente a demanda, podendo tanto fazer com que um determinado produto tenha suas vendas aumentadas como, pela rejeio pblica, levar o produto ao fracasso. No setor de carcinicultura, o conceito de 6 fora ser utilizado nas duas concepes acima, conforme ser visto frente.

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1.1.

Foras competitivas

ESTUDOS

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As cinco foras consideradas por Porter44 so: barreiras entrada de concorrentes, ameaa de produtos/servios substitutos, poder de barganha de compradores, poder de barganha dos fornecedores e grau de rivalidade entre os atuais concorrentes. O comportamento dessas foras determinante para a intensidade da concorrncia e da rentabilidade resultante.42 Fonte: PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus: 1999. 43 Fonte: NALEBUFF, Barry; BRANDENBURGER, Adam. Coopetio. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. 44 Fonte: Porter, 1999, op. cit.

1.1.1

Ameaa de novos entrantes

Novas empresas que entram em um determinado setor com o objetivo de ganhar parcelas deste novo mercado. Esta ameaa de entrada est ligada s barreiras de entrada do setor. No caso da carcinicultura as barreiras so baixas, j que o investimento inicial no negcio baixo, comparado com outros negcios. Os novos entrantes desta indstria podem ser: Empresas multinacionais que j exploram a aqicultura em outros pases; Empresas nacionais ou multinacionais de outros setores alimentcios que atuam no Brasil e decidam diversificar suas atividades e/ou verticalizar-se; Micro, pequenos e mdios produtores rurais atrados pelas potenciais vantagens e pelo aumento da lucratividade gerado pela criao consorciada de camares; Micro, pequenos e mdios aqicultores atrados pelas potenciais vantagens e pelo aumento de lucratividade gerado pelo policultivo, ao acrescentar a camaro s espcies aquticas j cultivadas peixes de gua salgada ou doce etc.

1.1.2

Poder de Barganha dos Fornecedores

So fornecedores importantes da cadeia produtiva de carcinicultura: Produtores de PL (pr-larvas), que tm papel crucial no resultado da criao de camares, pois apenas influenciam na qualidade e produtividade final. Apesar de parecer uma atividade simples, requer tecnologia na melhoria das espcies, na gerao e seleo de PLs sadias e, sobretudo no transporte, o que lhes confere grande poder de barganha em relao aos micro e pequenos carcinicultores, que no conseguiro, de forma caseira, produzir alevinos com o mesmo nvel de qualidade e o mesmo resultado em produtividade; Produtores de equipamentos como tanques rede, filtros e outros tambm tm poder de barganha superior ao das MPEs envolvidas em carcinicultura, porque, junto com os produtos vendidos, oferecem servios de consultoria indispensveis etc.; Fornecedores de rao so os agentes que tm menor poder de barganha frente s MPEs. Embora o uso de raes adequadamente balanceadas seja fundamental para a produtividade do negcio e a qualidade final dos produtos, muitos carcinicultores preferem comprar a rao de quem vende mais barato (sem avaliar composio e qualidade) ou faz-la na prpria propriedade. Como resultado, pode ocorrer queda da produtividade resultante da falta de uma rao equilibrada, contendo todos os nutrientes necessrios; Entidades ligadas ao setor que ofeream treinamento especfico (gratuito ou no) em tcnicas de gesto ou manejo de carcinicultura so fornecedores fundamentais para a cadeia produtiva, pois, sem eles, a probabilidade de insucesso de produtores novatos bastante elevada; Entidades fornecedoras de crdito para novos empreendedores e/ou para melhoria de tecnologia e instalaes atuais so agentes cruciais para o desenvolvimento da carcini-

aqicultura camaro

37

cultura no pas. Elas tm alto poder de barganha (quer sejam governamentais ou no), pois decidem atravs de critrios prprios a quem conceder ou no o financiamento; alm disso, cada uma delas tem um volume limitado de recursos, o que leva a uma maior seletividade na escolha dos favorecidos Os fornecedores so importantes agentes na cadeia produtiva de qualquer setor; o ideal que o empresrio tenha, sempre que possvel, mais de um fornecedor para cada insumo, o que lhe proporciona maior flexibilidade para negociao de prazo e de valores. No caso das MPEs que exploram a carcinicultura, esta uma recomendao difcil de ser seguida, em funo dos pequenos volumes comprados e, conseqentemente, da pouca importncia que, isoladamente, cada uma delas tem perante os fornecedores; mesmo que boa parte desses fornecedores no sejam empresas de grande porte, tendem a ser especializadas, o que aumenta seu poder de barganha perante os carcinicultores de menor porte.

1.1.3 Poder de Barganha dos Compradores Atacadistas e varejistas que comercializam pescados so elos fundamentais da cadeia produtiva da carcinicultura; tm grande poder de barganha, mas, geralmente, no negociam diretamente com as MPEs, e sim com os intermedirios que fazem contato com micro e pequenos proprietrios e negociam a venda de sua produo a esses atacadistas ou grandes varejistas especializados; Exportadores tm grande poder de barganha, pois, mesmo no comprando diretamente de pequenos produtores isolados, influenciam na determinao do preo interno do produto e at no volume de oferta disponvel para o mercado interno, em funo dos volumes crescentes que demandam para a exportao (atividade mais rentvel, at o momento, do que a venda no mercado interno);38

Restaurantes de primeira linha - sejam redes ou independentes - embora em geral tambm no negociem diretamente com as MPEs, tm grande poder de barganha na cadeia; Fabricantes de produtos qumicos e farmacuticos tm alto poder de barganha em funo do volume demandado, que pressiona o preo final dos subprodutos; alm disso, o prprio produtor muitas vezes desvaloriza esse subproduto e no busca associaes para uma melhor posio competitiva; O consumidor final individual, que compra pescado no varejo tradicional ou de autoservio no tem qualquer poder de barganha no que se refere a preos, qualidade ou outras condies de negociao. Seu poder deriva da sua opo pelo no consumo de camaro de gua salgada em detrimento do de gua doce, o que no uma questo que carcinicultores ou mesmo varejistas isolados possam solucionar ou influenciar fortemente.

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1.1.4

Grau de Rivalidade entre os Concorrentes

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Trata-se da disputa por uma posio de destaque em um mercado especfico. Estas disputas, normalmente, acontecem em preo, comunicao, novos produtos e novos servios. Por esta razo este trabalho abordou diferentes opes de produtos com maior valor agregado derivados de camares. Um mercado com muitos concorrentes e que no apresenta diferenciao de produto tende a ter uma disputa baseada apenas em preo.

ESTUDOS

Os principais concorrentes diretos das MPEs so outros produtores de camaro de todos os portes (mas, principalmente, as grandes empresas, que acabam ditando os padres de qualidade e at de preo do mercado). Os principais concorrentes indiretos so os produtores de outros tipos de pescados, mais conhecidos pela dona de casa (atum, siri, coquille, sardinha, pescada, salmo etc.) e pelo mercado brasileiro em geral, seja pela cultura alimentar de cada regio do pas, seja por esforos especficos de divulgao feitos por empresas ou entidades.

1.1.5

Ameaa de Produtos Substitutos

Todos os produtos que satisfazem a mesma necessidade do consumidor, porm de forma diferente, representam produtos substitutos Os produtos substitutos so ameaas a um setor j que podem reduzir os potenciais retornos dos players deste mercado. Quanto mais produtos substitutos um setor apresenta, mais complexa se torna a oferta, mais escolhas o consumidor ter e, conseqentemente, mais difcil ser obter boa rentabilidade. O maior risco que produtos ou servios substitutos podem levar os consumidores a mudar a categoria de produto/servio comprado.

1.1.6

Complementadores e Influenciadores: a Sexta Fora

Os pesquisadores de entidades e universidades pblicas os privadas so fortes e essenciais complementadores para a carcinicultura, pelos trabalhos realizados no desenvolvimento da gentica, na descoberta de inovaes e no sentido do aumento da produtividade do setor, entre outros; Mdicos e nutricionistas (quer trabalhem na rede pblica ou privada) so influenciadores fundamentais para orientar a populao quanto importncia de incluir os pescados na alimentao habitual de pessoas de qualquer idade, em especial do camaro, pelos baixos teores de gordura saturada; O Governo, em qualquer das trs esferas, um forte influenciador, tanto por ser um potencial financiador das pesquisas acima mencionadas, quanto de programas de alimentao de baixa renda incluindo e incentivando o consumo de derivados de camares o que eleva estes subprodutos do nvel de baixo valor agregado para mdio valor agregado.aqicultura camaro

2. A Matriz PFOA

Uma das mais tradicionais matrizes de diagnstico empresarial, a matriz PFOA45 rene os principais aspectos ligados ao negcio, tanto internos quanto externos organizao analisada. A sigla se refere a Potencialidades e Fraquezas (fatores internos empresa, positivos ou negativos) e Oportunidades e Ameaas (fatores externos empresa, que podem lhe abrir perspectivas de crescimento e/ou lucratividade ou at colocar em risco sua sobrevivncia).

45 Tambm conhecida como SWOT strenghts, weaknesses, opportunities and threaths, no original em ingls

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Figura 3 Matriz PFOA

POTENCIALIDADES

FRAGILIDADES

ESTUDOS

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Os custos de uma produo qualificada (com Incentivos exportao por meio da tecnologia, padres de qualidade etc.) so Apex; elevados frente capacidade de investimento Presena e suporte de instituies de MPEs que operam isoladamente; portanto, de ensino e capacitao de mo-dehoje baixo o investimento em melhoria de obra; produtividade e qualidade Produo da rao na prpria Despesca mal executada compromete propriedade reduz os custos; sabor e textura; Facilidade para a prtica do Predominncia de administrao familiar policultivo e da criao consorciada, nas MPES, sem conhecimentos de que reduzem os custos e elevam gesto; a rentabilidade da propriedade do Carncia de informao sobre o setor: carcinicultor; empresas, volumes, valores, preferncias, Novas formas de apresentao via rejeies e motivao de compra do processamento do camaro; consumidor brasileiro etc. Clima adequado atividade; Forte dependncia de intermedirios, por Qualidade das guas; falta de capacidade gerencial e de volume Tamanho do mercado interno suficiente para atender diretamente a brasileiro; ponta da linha (varejo, indstrias, Aproveitamento da mo-de-obra restaurantes e outros) local; Rejeio ao consumo do camaro Conscincia da necessidade de culti