apuração da aplicação da lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional brasÍlia, 20 de...

30
Apuração da aplicação da Lei Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Upload: internet

Post on 17-Apr-2015

103 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Apuração da aplicação da Lei Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário 10.216/2001 ao sistema penitenciário

nacionalnacional

BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINACONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Page 2: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

ASSERTIVAS ERRÔNEASASSERTIVAS ERRÔNEAS

O Brasil não tinha leis que protegessem as O Brasil não tinha leis que protegessem as pessoas com doenças ou deficiências pessoas com doenças ou deficiências mentais;mentais;

A assistência hospitalocêntrica é A assistência hospitalocêntrica é responsável pela cronificação e responsável pela cronificação e segregação dos doentes mentais;segregação dos doentes mentais;

Havia desrespeito aos direitos do cidadão, Havia desrespeito aos direitos do cidadão, seqüestros, torturas, confinamentos entre seqüestros, torturas, confinamentos entre outras violações e os psiquiatras, seriam outras violações e os psiquiatras, seriam responsáveis por tais abusos;responsáveis por tais abusos;

Page 3: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Leis existiam e boasLeis existiam e boas

Lei 2312/54Lei 2312/54 Normas gerais sobre defesa e proteção da Normas gerais sobre defesa e proteção da

saúdesaúde Art. 22 – O tratamento, o amparo e a Art. 22 – O tratamento, o amparo e a

proteção ao doente nervoso ou mental proteção ao doente nervoso ou mental serão dados em hospitais, serão dados em hospitais, em em instituições para-hospitalares,ou instituições para-hospitalares,ou no meio social, estendendo a no meio social, estendendo a assistência psiquiátrica a família assistência psiquiátrica a família do psicopata.do psicopata.

Page 4: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Lei 2312/54Lei 2312/54

§ 1º - As casas de detenção e as § 1º - As casas de detenção e as penitenciárias terão anexos psiquiátricos, penitenciárias terão anexos psiquiátricos, cujos objetivos serão fixados na cujos objetivos serão fixados na regulamentação da presente Lei;regulamentação da presente Lei;

§ 2º - O Governo criará ou estimulará § 2º - O Governo criará ou estimulará a criação de instituições de amparo a criação de instituições de amparo social à família do psicopata social à família do psicopata indigente e centros de recuperação indigente e centros de recuperação profissional para alcoolistas e outros profissional para alcoolistas e outros toxicômanos; toxicômanos;

Page 5: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Decreto Regulador nº 49974-A/61Decreto Regulador nº 49974-A/61Código Nacional da SaúdeCódigo Nacional da Saúde

Art. É dever do Estado, Art. É dever do Estado, bem como da famíliabem como da família, defender , defender e proteger a saúde do indivíduo.e proteger a saúde do indivíduo.

§ 1º § 1º - - Ao EstadoAo Estado, , precipuamente,cabe a adoção precipuamente,cabe a adoção de medidas preventivade medidas preventivas de caráter gerals de caráter geral, para defesa e , para defesa e proteção da saúde da coletividade.proteção da saúde da coletividade.

§ 2 º - O Estado deve prestar assistência médica gratuita aos que § 2 º - O Estado deve prestar assistência médica gratuita aos que não disponham de meios ou recursos para provê-lanão disponham de meios ou recursos para provê-la

§ 3º - § 3º - A famíliaA família por seus por seus responsáveis,cabe a responsáveis,cabe a adoção de medidas preventivas, de caráter adoção de medidas preventivas, de caráter individualindividual, recomendadas pelas autoridades sanitárias , recomendadas pelas autoridades sanitárias competentes e as providências necessárias para adequada competentes e as providências necessárias para adequada assistência médica de seus integrantes quando doentes. assistência médica de seus integrantes quando doentes.

Ambos Lei e seu Decreto foram revogados pela Lei Ambos Lei e seu Decreto foram revogados pela Lei 8080/90 que não aproveitou nada dos instrumentos 8080/90 que não aproveitou nada dos instrumentos legais de uma época em que se vivia uma democracia legais de uma época em que se vivia uma democracia plena.plena.

Page 6: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Decreto Regulador nº 49974-A/61Decreto Regulador nº 49974-A/61Código Nacional da SaúdeCódigo Nacional da Saúde

Psico-higiene e Assistência PsiquiátricaPsico-higiene e Assistência Psiquiátrica Art. 75 – A política sanitária nacional com Art. 75 – A política sanitária nacional com

referência à saúde mental, é orientada pelo referência à saúde mental, é orientada pelo Ministério da Saúde, no sentido da prevenção da Ministério da Saúde, no sentido da prevenção da doença e da redução, ao mínimo possível dos doença e da redução, ao mínimo possível dos internamentos em estabelecimentos internamentos em estabelecimentos nosocomiais.nosocomiais.

Programas de Psico-higiene para prevenção; Programas de Psico-higiene para prevenção; elucidação diagnóstica para internação; punição do elucidação diagnóstica para internação; punição do estabelecimento médico que descumprisse a lei; estabelecimento médico que descumprisse a lei; proibição de práticas psicológicas a quem não proibição de práticas psicológicas a quem não fosse habilitado; obrigação ao MS fazer fosse habilitado; obrigação ao MS fazer investigações epidemiológicas sobre incidência e investigações epidemiológicas sobre incidência e prevalência de doenças mentais(dos artigos 76 a prevalência de doenças mentais(dos artigos 76 a 83) 83)

Page 7: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Decreto Regulador nº 49974-A/61Decreto Regulador nº 49974-A/61Código Nacional da SaúdeCódigo Nacional da Saúde

Art. 84 – As instituições de amparo social à Art. 84 – As instituições de amparo social à família do psicopata indigente família do psicopata indigente e os centros e os centros de recuperação profissional para de recuperação profissional para alcoolistas e outras drogas exercerão alcoolistas e outras drogas exercerão sua atividades, de psico-higiene, sua atividades, de psico-higiene, através de organizações para-através de organizações para-hospitalares.hospitalares.

Art. 85 – O Art. 85 – O Ministério da SaúdeMinistério da Saúde organizará organizará e estimulará e estimulará a criação de serviços a criação de serviços psiquiátrico-sociais de assistência tanto psiquiátrico-sociais de assistência tanto aos pacientes egressos de nosocômioaos pacientes egressos de nosocômio, , como as famílias, no próprio meio social ou como as famílias, no próprio meio social ou familiar. familiar.

Page 8: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

PL 3657/89 (PAULO DELGADO)PL 3657/89 (PAULO DELGADO)Que dispõe sobre a substituição progressiva dos ManicômiosQue dispõe sobre a substituição progressiva dos Manicômios

Art.1º - Fica proibida em todo o território Art.1º - Fica proibida em todo o território nacional a construção de novos hospitais nacional a construção de novos hospitais psiquiátricos públicos e contratação ou psiquiátricos públicos e contratação ou financiamento, pelo setor governamental, financiamento, pelo setor governamental, de novos leitos psiquiátricos;de novos leitos psiquiátricos;

Art.2º - § 3º - ...Conselho da Reforma Art.2º - § 3º - ...Conselho da Reforma Psiquiátrica...com trabalhadores de saúde Psiquiátrica...com trabalhadores de saúde mental, os usuários, familiares, o poder mental, os usuários, familiares, o poder público, a ordem dos advogados e a público, a ordem dos advogados e a comunidade científica...comunidade científica...

Page 9: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

PL 3657/89 PL 3657/89 Que dispõe sobre a substituição progressiva dos ManicômiosQue dispõe sobre a substituição progressiva dos Manicômios

Art.3º - Internação compulsória...o Art.3º - Internação compulsória...o médico que procedeu comunicar em médico que procedeu comunicar em 24h ao defensor público...24h ao defensor público...

§ 2º - Compete ao Defensor Público § 2º - Compete ao Defensor Público ouvir, o paciente, o médico e equipe ouvir, o paciente, o médico e equipe técnica de serviço, técnica de serviço, familiares...decidir em 24h sobre a familiares...decidir em 24h sobre a legalidade da internação...legalidade da internação...

Page 10: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

PL 3657/89 PL 3657/89 Que dispõe sobre a substituição progressiva dos ManicômiosQue dispõe sobre a substituição progressiva dos Manicômios

Justificativa Justificativa ...A inexistência de limites legais para o poder de ...A inexistência de limites legais para o poder de

seqüestro do dispositivo psiquiátrico é essencial a seqüestro do dispositivo psiquiátrico é essencial a sobrevivência dos manicômios enquanto sobrevivência dos manicômios enquanto estrutura de coerção...estrutura de coerção...

Nos Estados Unidos a instância judiciária Nos Estados Unidos a instância judiciária intervém sistematicamente intervém sistematicamente inibindo o poder inibindo o poder de seqüestro dos psiquiatrasde seqüestro dos psiquiatras. No Brasil, . No Brasil, da cidadania menos que regulada, da cidadania menos que regulada, a maioria a maioria das 600.000 internações são das 600.000 internações são anônimas, silenciosas, noturnas, anônimas, silenciosas, noturnas, violentas, na calada silenciosa dos violentas, na calada silenciosa dos pacientes. pacientes.

Page 11: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

LEI 10.216/2001LEI 10.216/2001QUE REDIRECIONA O MODELO ASSISTENCIAL EM SAÚDE QUE REDIRECIONA O MODELO ASSISTENCIAL EM SAÚDE

MENTALMENTAL

Art. 6Art. 6A internação psiquiátrica somente será realizada A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico mediante laudo médico circunstanciadocircunstanciado que caracterize os seus que caracterize os seus motivosmotivos

Art 7Art 7 A pessoa que solicita voluntariamente...deve A pessoa que solicita voluntariamente...deve

assinar...uma declaração...assinar...uma declaração...

O términoO término...dar-se-á por solicitação escrita do ...dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou paciente ou por determinação do médico por determinação do médico assistente.assistente.

Page 12: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

LEI 10.216/2001LEI 10.216/2001QUE REDIRECIONA O MODELO ASSISTENCIAL EM SAÚDE QUE REDIRECIONA O MODELO ASSISTENCIAL EM SAÚDE

MENTALMENTAL

Art. 8Art. 8A internação voluntária ou A internação voluntária ou involuntária somente será involuntária somente será autorizada por médicoautorizada por médico devidamente registrado no devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina – Conselho Regional de Medicina – CRM do Estado onde se localize o CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.estabelecimento.

Page 13: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

LEI 10.216/2001LEI 10.216/2001QUE REDIRECIONA O MODELO ASSISTENCIAL EM SAÚDE QUE REDIRECIONA O MODELO ASSISTENCIAL EM SAÚDE

MENTALMENTAL

2 – o término dar-se-á por 2 – o término dar-se-á por solicitação escrita do solicitação escrita do familiar, ou responsável familiar, ou responsável legal, ou quando legal, ou quando estabelecido pelo estabelecido pelo especialista responsável pelo especialista responsável pelo tratamentotratamento

Page 14: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

LEI 10.216/2001LEI 10.216/2001

Art. 9º A internação compulsória é Art. 9º A internação compulsória é determinada, de acordo com a determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as competente, que levará em conta as condições de segurança do condições de segurança do estabelecimento, quanto à estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.internados e funcionários.

Page 15: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

LEI 10.216/2001LEI 10.216/2001

Art. 10. Evasão, transferência, Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados e falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária como à autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas davinte e quatro horas da

Page 16: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

AVALIAÇÃO FEITA PELA ASSOCIAÇÃO AVALIAÇÃO FEITA PELA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA – BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA – DEPARTAMENTO DE PSIQUIATRIA DEPARTAMENTO DE PSIQUIATRIA FORENSE EM 11 UNIDADES FORENSE EM 11 UNIDADES DISTRIBUÍDAS POR São Paulo, DISTRIBUÍDAS POR São Paulo, Amazonas, Rio Grande do Sul, Bahia, Amazonas, Rio Grande do Sul, Bahia, Pará e Rio de Janeiro, além do Pará e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal EM 2007Distrito Federal EM 2007

Page 17: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Avaliação sobre o modelo atualAvaliação sobre o modelo atualdos Hospitais de Custódiados Hospitais de Custódia

   As visitas realizadas constataram uma As visitas realizadas constataram uma

estruturação e gerenciamento dos HCTPs de estruturação e gerenciamento dos HCTPs de forma insatisfatória, despersonalizada e forma insatisfatória, despersonalizada e deficitária, que não atendem às deficitária, que não atendem às necessidades básicas do pacientenecessidades básicas do paciente em em cumprimento de medida de segurança detentiva. cumprimento de medida de segurança detentiva. Todas as instituições visitadas apresentaram um Todas as instituições visitadas apresentaram um funcionamento aquém do mínimo desejado, funcionamento aquém do mínimo desejado, ensejando hipóteses de descaso e/ou falta de ensejando hipóteses de descaso e/ou falta de preparo técnico por parte dos gestores preparo técnico por parte dos gestores responsáveis pelo setor junto ao poder público.responsáveis pelo setor junto ao poder público.

Page 18: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Avaliação sobre o modelo atualAvaliação sobre o modelo atual

Estrutura arquitetônicaEstrutura arquitetônica Na maioria dos casos, a organização Na maioria dos casos, a organização

e disposição dos espaços nos e disposição dos espaços nos hospitais visitados assemelham-se hospitais visitados assemelham-se mais a instituições prisionais do que mais a instituições prisionais do que a estabelecimentos terapêuticos que a estabelecimentos terapêuticos que visem a uma reinserção social. visem a uma reinserção social.

Page 19: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Avaliação sobre o modelo atualAvaliação sobre o modelo atual

Recursos humanosRecursos humanos Atendimento médico -Atendimento médico - Em todas as unidades Em todas as unidades

visitadas, foi observado um número de pacientes visitadas, foi observado um número de pacientes excessivo para a equipe técnica disponível. Outro excessivo para a equipe técnica disponível. Outro ponto problemático foi a condução simultânea do ponto problemático foi a condução simultânea do tratamento psiquiátrico e do Exame de tratamento psiquiátrico e do Exame de Verificação de Cessação de Periculosidade pelo Verificação de Cessação de Periculosidade pelo mesmo psiquiatra em algumas das instituições, o mesmo psiquiatra em algumas das instituições, o que fere o Código de Ética Médica que, por sua que fere o Código de Ética Médica que, por sua vez, proíbe o médico de ser perito de paciente vez, proíbe o médico de ser perito de paciente seu. seu.

Page 20: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Avaliação sobre o modelo atualAvaliação sobre o modelo atual

Perícias - Os psiquiatras que realizam Perícias - Os psiquiatras que realizam exame de verificação de cessação de exame de verificação de cessação de periculosidade também se periculosidade também se encontram sobrecarregados a tal encontram sobrecarregados a tal ponto de se chegar ao absurdo de ponto de se chegar ao absurdo de agendamento de exame psiquiátrico agendamento de exame psiquiátrico dessa natureza para o ano de 2015dessa natureza para o ano de 2015

Page 21: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Avaliação sobre o modelo atualAvaliação sobre o modelo atual

Reinserção social e acompanhamento Reinserção social e acompanhamento terapêuticoterapêutico

O Grupo de Trabalho verificou, nos poucos O Grupo de Trabalho verificou, nos poucos hospitais que realizam a chamada “alta hospitais que realizam a chamada “alta progressiva”, baixa efetividade dos progressiva”, baixa efetividade dos programas, sendo constatado que a falta programas, sendo constatado que a falta de acompanhamento com profissionais de acompanhamento com profissionais qualificados aumenta as chances de qualificados aumenta as chances de reincidência.reincidência.

Page 22: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Avaliação sobre o modelo atualAvaliação sobre o modelo atual

Além disso, a volta do interno à sociedade é Além disso, a volta do interno à sociedade é dificultada pela falta de integração entre os dificultada pela falta de integração entre os estabelecimentos de saúde e os Hospitais de estabelecimentos de saúde e os Hospitais de Custódia, sendo imperioso lembrar que essa Custódia, sendo imperioso lembrar que essa população está excluída de um direito população está excluída de um direito teoricamente garantido pela Constituição: o teoricamente garantido pela Constituição: o acesso ao Sistema Único de Saúde. Não há acesso ao Sistema Único de Saúde. Não há acompanhamento nem continuidade do acompanhamento nem continuidade do tratamento iniciado nas instituições, o que tratamento iniciado nas instituições, o que aumenta as chances de recaída e faz com que os aumenta as chances de recaída e faz com que os mesmos pacientes retornem aos HCTPs.mesmos pacientes retornem aos HCTPs.

Page 23: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Conclusões e sugestõesConclusões e sugestões

Diante do exposto, torna-se evidente a Diante do exposto, torna-se evidente a conclusão da total falta de assistência conclusão da total falta de assistência básica e a substituição de uma lógica básica e a substituição de uma lógica terapêutica por um funcionamento terapêutica por um funcionamento segregador e carcerário.segregador e carcerário.

Destacamos abaixo sugestões que podem Destacamos abaixo sugestões que podem ser implantadas em uma reforma ampla ser implantadas em uma reforma ampla do sistema, com o objetivo de qualificar as do sistema, com o objetivo de qualificar as instituições e permitir que realizem, de instituições e permitir que realizem, de fato, ações médicas. fato, ações médicas.

Page 24: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Conclusões e sugestõesConclusões e sugestões

Estrutura arquitetônicaEstrutura arquitetônica As reformas estruturais necessárias a boa parte As reformas estruturais necessárias a boa parte

dos hospitais visitados devem privilegiar não só a dos hospitais visitados devem privilegiar não só a segurança, como também uma diversidade de segurança, como também uma diversidade de atividades terapêuticas. Assim, os hospitais atividades terapêuticas. Assim, os hospitais devem dispor de espaços para realização de devem dispor de espaços para realização de atividades esportivas, culturais e atividades esportivas, culturais e profissionalizantes, além de alojamentos com profissionalizantes, além de alojamentos com número de leitos por quarto adequado para número de leitos por quarto adequado para monitoramento da equipe técnica, separados por monitoramento da equipe técnica, separados por gênero, idade e sintomatologia.gênero, idade e sintomatologia.

Page 25: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Conclusões e sugestõesConclusões e sugestões

Recursos humanosRecursos humanos A contratação de profissionais deve permitir um A contratação de profissionais deve permitir um

atendimento de boa qualidade, com acesso a atendimento de boa qualidade, com acesso a todos os recursos terapêuticos disponíveis todos os recursos terapêuticos disponíveis semelhante ao dos usuários do Sistema Único de semelhante ao dos usuários do Sistema Único de Saúde. A equipe mínima para atendimento, Saúde. A equipe mínima para atendimento, funcionando, deve ser composta por: diretor funcionando, deve ser composta por: diretor técnico, psiquiatra, clínico geral, equipe de técnico, psiquiatra, clínico geral, equipe de enfermagem. Deve ser observada também a enfermagem. Deve ser observada também a proporção entre o número de pacientes e proporção entre o número de pacientes e profissionais para a viabilidade de um tratamento profissionais para a viabilidade de um tratamento eficaz.eficaz.

Page 26: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Conclusões e sugestõesConclusões e sugestões

Reinserção social e acompanhamento Reinserção social e acompanhamento terapêuticoterapêutico

A criação de ambulatórios ligados aos HCTPs para A criação de ambulatórios ligados aos HCTPs para continuidade do tratamento dos ex-internos é continuidade do tratamento dos ex-internos é uma medida essencial para a prevenção de uma medida essencial para a prevenção de recaídas. Assim, o indivíduo que sair do HCTP recaídas. Assim, o indivíduo que sair do HCTP continuaria seu tratamento em regime continuaria seu tratamento em regime ambulatorial durante a medida de segurança ambulatorial durante a medida de segurança restritiva. Além da abordagem psiquiátrica, seria restritiva. Além da abordagem psiquiátrica, seria igualmente acompanhado e avaliado por equipe igualmente acompanhado e avaliado por equipe de técnicos capacitados para tal. de técnicos capacitados para tal. 

Page 27: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Conclusões e sugestõesConclusões e sugestões

A realidade é triste e deplorável no que diz A realidade é triste e deplorável no que diz respeito ao tratamento e à violação dos respeito ao tratamento e à violação dos direitos humanos dos pacientes. A medida direitos humanos dos pacientes. A medida de segurança (MS) deve ser orientada e de segurança (MS) deve ser orientada e conduzida por tratamento psiquiátrico que conduzida por tratamento psiquiátrico que inclui internação e acesso a todos os inclui internação e acesso a todos os recursos psiquiátricos disponíveis. Urge recursos psiquiátricos disponíveis. Urge que as autoridades responsáveis tomem que as autoridades responsáveis tomem medidas imediatas para a correção dos medidas imediatas para a correção dos problemas apontados nesse relatório.problemas apontados nesse relatório.

Page 28: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

Conclusões e sugestõesConclusões e sugestões

Os pacientes que cumprem a MS nos Os pacientes que cumprem a MS nos HCTPs, por total falta de opção social, HCTPs, por total falta de opção social, acabam permanecendo abrigados, mesmo acabam permanecendo abrigados, mesmo após serem liberados pela cessação de após serem liberados pela cessação de periculosidade, superlotando a instituição. periculosidade, superlotando a instituição. Essa é uma situação de ilegalidade. Por Essa é uma situação de ilegalidade. Por outro lado se liberados de forma outro lado se liberados de forma irresponsável, sem que o paciente tenha o irresponsável, sem que o paciente tenha o devido suporte social, a direção pode ser devido suporte social, a direção pode ser acusada de abandono de incapaz. acusada de abandono de incapaz.

Page 29: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

FINALIZANDOFINALIZANDO Sugerimos, dessa forma a criação de ambulatórios ligados Sugerimos, dessa forma a criação de ambulatórios ligados

aos HCTPs para continuidade do tratamento dos ex-aos HCTPs para continuidade do tratamento dos ex-internos. Ao ser encaminhado para tais ambulatórios é internos. Ao ser encaminhado para tais ambulatórios é necessário que o HCTP envie um relatório sobre o necessário que o HCTP envie um relatório sobre o tratamento que fora efetuado no paciente e o grau de tratamento que fora efetuado no paciente e o grau de melhora. A continuidade do tratamento deve ser realizada melhora. A continuidade do tratamento deve ser realizada por psiquiatras forense, uma vez que esses estão por psiquiatras forense, uma vez que esses estão acostumados a lidar com pacientes que cometeram delitos, acostumados a lidar com pacientes que cometeram delitos, contribuindo dessa maneira para a melhor orientação contribuindo dessa maneira para a melhor orientação terapêutica. Assim como, os HCTPs mantenham tais terapêutica. Assim como, os HCTPs mantenham tais pacientes abrigados em residências terapêuticas ou pacientes abrigados em residências terapêuticas ou pensões protegidas, reservado este rec urso para os casos pensões protegidas, reservado este rec urso para os casos em que os pacientes não tiverem suporte familiar ou social, em que os pacientes não tiverem suporte familiar ou social, inviabilizando que seu tratamento possa se dar em inviabilizando que seu tratamento possa se dar em Ambulatório especializado. Ambulatório especializado.

Page 30: Apuração da aplicação da Lei 10.216/2001 ao sistema penitenciário nacional BRASÍLIA, 20 DE JUNHO DE 2011 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

FINALIZANDOFINALIZANDO

HOSPITAL DE CUSTÓDIAHOSPITAL DE CUSTÓDIA HOSPITAL DIA OU NOITE FUNCIONANDO HOSPITAL DIA OU NOITE FUNCIONANDO

NO MESMO ESPAÇO COM ESTRATÉGIAS E NO MESMO ESPAÇO COM ESTRATÉGIAS E CONTROLE PRÓPRIOSCONTROLE PRÓPRIOS

AMBULATÓRIOAMBULATÓRIO TRATAMENTO, REABILITAÇÃO, TRATAMENTO, REABILITAÇÃO,

RESINSERÇÃO, OFERTA DE RESINSERÇÃO, OFERTA DE MEDICAMENTOS E, NOS CASOS DE MEDICAMENTOS E, NOS CASOS DE EFETIVO CONTROLE SINTOMÁTICO, ALTA EFETIVO CONTROLE SINTOMÁTICO, ALTA PROGRESSIVAPROGRESSIVA