aps. sobre o parque nac. da tijuca - educação ambiental

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  • 8/7/2019 Aps. sobre o Parque Nac. da Tijuca - Educao ambiental

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    EDUCAO AMBIENTAL

    em unidades de conservao

    2006JULHO

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    EDUCAO AMBIENTAL

    em unidades de conservao

    2006JULHO

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    Educao ambiental em unidades de conservao

    Esta publicao est disponvel em www.ibase.br

    Julho de 2006

    EXECUO

    Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e Econmicas(Ibase)

    Linha de Ao: 4.2 - Educao Ambiental na Gesto Participativa: fortalecimento do conselho

    consultivo do Parque Nacional da Tijuca Projeto gua em Unidade de Conservao, proje-to-piloto para a Mata Atlntica: Parque Nacional da Tijuca

    COORDENAO

    Nahyda Franca

    EQUIPE TCNICA DA L 4.2

    Carlos Frederico B. Loureiro

    Marcus Azaziel

    Laila Souza Mendes

    Claudia Fragelli

    Joelma Cavalcante de Souza

    COLABORADORAS DA L 4.2

    Denise Alves

    Ana Lucia Camphora

    Marta de Azevedo Irving

    EDIO

    Iracema Dantas

    TEXTO

    Carlos Frederico B. Loureiro

    Marcus Azaziel

    Nahyda Franca

    COLABORAO

    Denise Alves

    Laila Souza Mendes

    Claudia Fragelli

    Joelma Cavalcante de Souza

    REVISO

    Marcelo Bessa

    PROJETO GRFICO E DIAGRAMAO

    Guto Miranda

    CAPA

    Joo Maurcio Rugendas - Recolte de Caf.

    Litografia, Voyage Pittoresque dans le Brsil,

    Engelman et Cie., Paris, 1835.

    PATROCNIO

    Programa Petrobras Ambiental

    Instituto Brasileiro de Anlises Sociaise EconmicasAvenida Rio Branco, 124, 8 andar, CentroCEP 20040-916Rio de Janeiro RJTel.: (21) 2509-0660 Fax: (21) 3852-3517E-mail: [email protected]

    Site: www.ibase.br

    Instituto TerrazulIlha da Gigia, casa 18, Barra da TijucaCEP 22640-310Rio de Janeiro RJTelefax: (21) 2493-5770E-mail: [email protected]: www.institutoterrazul.org.br

    Parque Nacional da TijucaEstrada da Cascatinha, 850CEP 20531-590Rio de Janeiro RJTel.: (21) 2492-5407 / 2494-2253

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    ApresentaoGesto democrtica e transparenteO fortalecimento da gesto participativa em unidades de conservao: o papel do Ibase

    Ambiente, sustentabilidade social e educao

    Polmicas sobre educao ambiental e unidades de conservao

    Educao no processo de gesto ambiental em unidades de conservaoA educao ambiental na gesto do PNT

    Referncias

    Anexo

    SUMRIO

    5

    5

    6

    7

    10

    1317

    21

    22

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    INSTITUTO BRASILEIRO DE ANLISES SOCIAIS E ECONMICAS > IBASE4

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 5

    GESTO DEMOCRTICA E TRANSPARENTE

    A ameaa biodiversidade e a seus aspectos paisagsticos no se encontra restrita

    ao Parque Nacional da Tijuca (PNT). Tal ameaa afeta tambm outras unidades

    de conservao (UC) inseridas em reas urbanas, nacionais e estrangeiras, que

    sofrem com a presso antrpica. Em algumas UC da Colmbia, por exemplo, h

    o problema da presena do narcotrfico, o que, de modo similar, ocorre no PNT.

    Desse modo, alm da conservao ambiental, deve-se, fundamentalmente, criar umespao integrativo com os atores sociais que atuam ou se localizam no interior e

    nos limites do parque.

    Tambm crucial a manuteno do papel dessa UC no fornecimento de servios

    ambientais para a populao da cidade do Rio de Janeiro, com destaque para: ma-

    nuteno do volume hdrico pelas fontes produtoras para abastecimento da cidade;

    interceptao das chuvas pela serapilheira (material acumulado ao p e no entorno das

    rvores); preveno de desbarrancamento das encostas; atuao na regulao climtica;

    reduo do pH da chuva ao passar pelo dossel (a copa das rvores); manuteno esttica

    da paisagem; reduo da poluio atmosfrica; e controle de processos erosivos.Diante da complexidade dos problemas verificados, um dos maiores desafios para

    que a UC cumpra com seus objetivos de manejo a consolidao da participao e

    do controle social da sociedade na gesto do PNT. Esse fator deve ser atingido com a

    formao, o estabelecimento e a capacitao de um conselho gestor, que, nas UC de

    proteo integral, tm um carter consultivo. Entretanto, quanto maior a participao

    e o fortalecimento do conselho, melhor ser a gesto do PNT, com suas especificidades

    no contexto do Sistema Nacional de Unidades de Conservao (Snuc).

    A gesto do PNT conta com a participao da Prefeitura da cidade do Rio de

    Janeiro e nico exemplo de administrao compartilhada entre rgos gover-

    namentais. Essa forma de gesto tambm facilitada com o desenvolvimento de

    projetos no entorno da UC desenvolvidos pela Prefeitura, tais como: Favela-Bairro,

    Mutiro Reflorestamento, Ecolimites, entre outros.

    Alm disso, existe o desafio para que se estabelea maior interlocuo com as

    comunidades do entorno, instituies no-governamentais, atores polticos, comer-

    ciantes, empresrios etc., que se encontram, interagem e/ou atuam nos limites ou

    interior da UC em programas como turismo, recreao, lazer, estudos cientficos e

    demais formas de participao e comprometimento.

    Desse modo, o trabalho desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e

    Econmicas (Ibase), em consonncia com o programa de Educao Ambiental (EA)

    promovido pela Coordenao Geral de Educao Ambiental (CGEAM), do Instituto

    APRESENTAO

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    Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama) do Distrito

    Federal, com a incluso do Ncleo de Educao Ambiental da Superintendncia do

    Ibama no estado do Rio de Janeiro e do Ncleo de EA do PNT, fundamental para

    a plena efetivao de uma gesto democrtica e transparente, conforme demanda a

    prpria sociedade.

    SNIA L. PEIXOTOChefe do Parque Nacional da Tijuca e coordenadora institucional do Projeto guaem Unidade de Conservao

    O FORTALECIMENTO DA GESTO PARTICIPATIVA EM UNIDADES DE

    CONSERVAO: O PAPEL DO IBASE

    O centro e a referncia bsica do trabalho do Ibase so o fortalecimento da demo-

    cracia. Uma de suas estratgias para cumprir tal misso a qualificao de pessoas e

    grupos estratgicos com capacidade de intervir em processos que contribuam para a

    construo de uma sociedade mais democrtica.

    Espaos colegiados e descentralizados de gesto, como conselhos de direitos, so

    instncias privilegiadas do exerccio da democracia e da participao. Nesse sentido, o

    papel do Ibase em aes voltadas para o fortalecimento da gesto participativa em UC

    tem sido criar as condies necessrias que facilitem a interlocuo entre os diferentes

    atores envolvidos.

    A metodologia proposta pelo Ibase, em consonncia com a Coordenao Geral de

    Educao Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

    Renovveis (Ibama), para atuao em UC, parte da criao coletiva de um espao siste-

    mtico de conversao, explicitao e negociao de diferentes interesses e da aprendi-

    zagem compartilhada, envolvendo variados saberes e referncias. Por meio de prticas e

    metodologias participativas, a linha de ao busca alternativas tcnicas e polticas capazes

    de aprimorar prticas sociais e fortalecer a gesto democrtica do PNT.

    A educao ambiental utilizada como um instrumento que contribui para dispo-

    nibilizar informaes qualificadas e atualizadas, compartilhar percepes e compre-

    enses e ampliar a capacidade de dilogo e de atuao conjunta comprometida coma misso de uma UC.

    Com esse objetivo, algumas apostilas foram elaboradas para apoiar o processo. Este

    texto parte de um conjunto de cinco apostilas produzidas no mbito do projeto gua

    em Unidade de Conservao. Tem o propsito de contribuir para o processo educativo

    que a linha de educao ambiental do referido projeto estabelece com os membros

    do conselho consultivo do PNT e parceiros estratgicos. Inclui-se nas iniciativas de

    fortalecimento desse conselho e da gesto participativa do parque.

    NAHYDA FRANCAPesquisadora do Ibase e coordenadora da Linha de Ao 4.2 Educao Ambientalna Gesto Participativa: consolidao e fortalecimento do conselho consultivo.Projeto gua em Unidade de Conservao, Parque Nacional da Tijuca

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 7

    Para entendermos os processos educativos em unidades de conservao (UC), neces-

    srio relacion-los ao desenvolvimento social como um todo, com nfase na polmica

    questo: proteo da biodiversidade e integrao com as comunidades do entorno.

    O tema meio ambiente encontra-se presente em nosso dia-a-dia: em conversas

    informais no local de trabalho, em jornais impressos, em telejornais, em comerciais

    de TV ou na chamada educao formal basicamente aquela oferecida nas escolas

    desde o nvel fundamental at o nvel superior.Essa idia genrica de meio ambiente encontra-se incorporada tanto nos discursos

    como em prticas dirias. Tal fato contribui, de qualquer modo, para despertar e au-

    mentar o interesse sobre temas diversos: lixo, saneamento, poluio, desmatamento,

    extino de espcies e muitos outros.

    O aumento de interesse e preocupao com o ambiente pode ser situado em meados

    do sculo passado, com os avanos no conhecimento cientfico sobre a dinmica ecossis-

    tmica, a ocorrncia de acidentes ambientais, a crise energtica e a conquista de espaos

    polticos pelo movimento ambientalista. Isso fez com que instncias como a Organizao

    das Naes Unidas (ONU) discutissem a definio de novas metas de desenvolvimentosocial, considerando a educao ambiental como um dos seus meios principais.

    A primeira vez em que se usou o termo educao ambiental foi na Universidade

    de Keele, no Reino Unido, em 1965. Somente em 1975, fez-se algo mais elaborado a

    respeito, com a realizao do I Seminrio Internacional de Educao Ambiental, em

    Belgrado (na antiga Iugoslvia). Esse foi um dos desdobramentos das discusses da

    Conferncia das Naes Unidas sobre Ambiente Humano em 1972, na qual foi acorda-

    da, pela Recomendao 96 e pelo Princpio 19, a necessidade de se inserir a discusso

    acerca do ambiente na educao (Unesco, 1976).

    A primeira grande conferncia internacional da ONU sobre educao ambiental foi

    realizada em Tbilisi (na ex-Unio Sovitica), em 1977. Essa conferncia foi um grande

    marco e considerada, at hoje, para as naes do planeta, a principal a respeito. Em

    Tbilisi, vrios itens metodolgicos, tidos como co-dependentes e integrados, foram

    listados como parte de uma educao que seria coerente com um novo tipo de desen-

    volvimento social. Destacamos as seguintes:

    >estudar osplanos de desenvolvimento social com vistas sustentabilidade;

    > considerar a totalidade dos aspectos ambientais (o que implica o relacionamento

    entre as diferentes disciplinas cientficas para um conhecimento integrado que

    resolva esses problemas);

    >entender aeducao como processo permanente, com carter formal e infor-

    mal, utilizando-se de diferentes meios;

    AMBIENTE, SUSTENTABILIDADE SOCIAL E EDUCAO

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    INSTITUTO BRASILEIRO DE ANLISES SOCIAIS E ECONMICAS > IBASE8

    1972 Conferncia das Naes Unidas sobre o AmbienteHumano (Conferncia de Estocolmo)

    Estocolmo, Sucia

    1975 Encontro Internacional em Educao Ambiental(Encontro de Belgrado)

    Belgrado,Iugoslvia

    1977 I Conferncia Intergovernamental sobre EducaoAmbiental

    Tbilisi, Gergia

    1987 Congresso Internacional sobre a Educao eFormao Relativa ao Meio Ambiente

    Moscou, URSS

    1990 Conferncia Mundial sobre Educao para Todos Jomitien, Tailndia

    1992 Conferncia das Naes Unidas sobre o MeioAmbiente e Desenvolvimento (CNUMAD) Rio 92

    Rio de Janeiro,Brasil

    1994 I Congresso Ibero-americano de Educao Ambiental Guadalajara,Mxico

    1997 Conferncia Internacional sobre Meio Ambiente eSociedade: Educao e Conscientizao Pblicapara a Sustentabilidade

    Thessaloniki,Grcia

    1997 I Conferncia Nacional de Educao Ambiental Braslia, Brasil

    1997 IV Frum de Educao Ambiental e I Encontro daRede de Educadores Ambientais

    Vitria, Brasil

    1997 Conferncia das Naes Unidas sobre o AmbienteHumano (Conferncia de Estocolmo)

    Estocolmo, Sucia

    2002 Cpula Mundial sobre o DesenvolvimentoSustentvel - Rio + 10

    Johannesburgo,frica do Sul

    2004 V Frum Brasileiro de Educao Ambiental Goinia, Brasil

    2006 V Congresso Ibero-americano de Educao Ambiental Joinville, Brasil

    > buscar o uso das experincias das pessoas no local para a efetivao de alter-

    nativas solidrias (tendo apreendido, no entanto, embora provisoriamente, as

    relaes entre o local, o nacional e o mundial, enfatizando-se a complexidade

    dos problemas e solues);

    > aplicar uma abordagem interdisciplinar, reconhecendo a especificidade de cadadisciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada.

    So pressupostos que foram aceitos como vlidos e indispensveis educao

    ambiental e que orientam as polticas pblicas, programas governamentais ou no-

    governamentais e projetos em diferentes pases.

    ANO CONFERNCIA LOCAL

    Em 2004, houve, em Goinia, o V Frum Brasileiro de Educao Ambiental, com

    a participao de mais de 4 mil pessoas de todos os estados que atuam nos diferentes

    setores da sociedade. Foi o encontro de maior repercusso nos ltimos dez anos no

    pas, tanto em termos de definio de rumos e propostas em mbito governamental

    federal como de redefinio do Programa Nacional de Educao Ambiental, cuja

    ltima verso pode ser encontrada no site www.mma.gov.br.1

    O desenvolvimento sustentvel, preocupao social existente na chamada, vulgar-

    mente, sociedade globalizada de hoje, uma das categorias principais do ambientalismo.

    1Nesse site tambmpodem ser encontrados

    os documentosresultantes das

    grandes confernciasinternacionais, o

    Tratado de EducaoAmbiental para

    Sociedades Sustentveise Responsabilidade

    Global, aprovado naRio 92, e uma srie de

    manifestos nacionaise internacionais docampo ambiental.

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 9

    Longe de ser uma unanimidade metodolgica, o conceito do desenvolvimento sus-

    tentvel manifesta os diferentes modos de pensar e agir socialmente acerca do que

    ecolgico ou ambiental.

    Os problemas mundiais e os locais em cada nao no podero ser resolvidos so-

    mente com educao, visto que a educao uma prtica social e, portanto, se defineem sociedade. Porm, no ser possvel solucionar problemas que se manifestam

    poltica e economicamente em todo o mundo sem uma educao:

    > ecumnica, que integre pessoas laicas (no religiosas) e religiosas;

    > internacionalista, em que as pessoas percebam que cada nao pode manter sua

    cultura, mas no deve dominar as outras;

    > no discriminatria, para que as pessoas entendam que diferenas entre homens

    e mulheres devem ser respeitadas;

    > humanstica, mas no antropocntrica, ou seja, pela qual as pessoas percebam a

    diversidade socioambiental e a importncia da proteo da biodiversidade comouma unidade (na teoria e na prtica).

    Para tentarmos atingir as condies educacionais anteriormente mencionadas, numa

    ao voltada para as UC, deve-se ter conscincia dos limites impostos pela insero de

    nosso pas no contexto da globalizao internacional (situao na qual os pases dispu-

    tam economicamente recursos em condies altamente desiguais, com conseqncias

    que se mostram no quadro atual de pobreza e degradao ambiental geral).

    necessrio conhecer a situao da educao e sua relao com outras atividades

    que a inibem ou a fomentam, junto com todas as necessidades bsicas e fundamentaisde bem-estar social, que so reivindicadas no mbito do atual desequilbrio ecolgico

    mundial (prejudicando, inclusive, a proteo de UC nacionais, pois fenmenos como

    o aquecimento global, com a alterao das chuvas, assim como o buraco na camada

    de oznio, tambm nos afetam).

    Precisamos compreender o atual resultado histrico da sociedade brasileira no

    ambiente mundial no como algo esttico, mas sim transformvel. Isso nos coloca

    diante da necessidade de resolvermos problemas socioambientais entre agentes (sejam

    homens ou mulheres de diferentes etnias e classes, organizados ou no em institui-

    es) vivendo conflitos por causa de escassez de recursos ou pela concentrao da

    propriedade desses mesmos recursos (fontes de gua e seu tratamento sanitrio ou

    florestas, alimentos etc.).

    preciso conhecer as condies que permitem que cada pessoa possa compreender

    a sua realidade, incluindo seus conflitos (que no devem ser ignorados para a sua solu-

    o), por meio de um dilogo democrtico entre iguais, que, para serem iguais, devem

    ter as mesmas condies sociais, ao menos nos nveis bsicos econmicos, polticos,

    jurdicos, educacionais e sanitrios. assim que se pode perceber a educao voltada

    para os conselhos de UC. Mas a qual educao estamos nos referindo?

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    INSTITUTO BRASILEIRO DE ANLISES SOCIAIS E ECONMICAS > IBASE10

    importante partir da idia (representao) que educadores(as) e educandos(as)

    possuem sobre educao e meio ambiente para, ento, entender educao ambiental

    em sua diversidade, com as suas conseqncias prticas. Inicialmente, definiremos o

    que educao e o que ambiente.

    Educao uma prtica social cujo fim o aprimoramento humano naquilo que

    pode ser aprendido e recriado a partir dos diferentes saberes existentes em uma cultura,

    de acordo com as necessidades e exigncias de uma sociedade. Atua, portanto, sobre a

    vida humana em dois sentidos: (1) desenvolvimento da produo social, at mesmodos meios instrumentais e tecnolgicos de atuao no ambiente; (2) construo e

    reproduo dos valores culturais.

    O conceito de ambiente expressa um espao percebido, com diferentes escalas

    de compreenso e interveno, em que se operam as mltiplas relaes ecolgicas e

    sociais, formando a unidade natural. O ambiente no , portanto, o espao natural

    independente da ao social, mas o resultado de interaes complexas e dinmicas,

    limitadas em recortes de espao e tempo que permitem a construo do sentido de

    localidade, territorialidade, identidade, pertencimento e de contextualizao para os

    agentes sociais.Os diferentes entendimentos sobre a relao entre a sociedade de nossa espcie e a

    natureza como um todo geram polmicas entre os envolvidos em prticas educativas.

    Queremos comentar isso rapidamente, a partir de duas correntes de pensamento: geo,

    fsico ou biocntrica comum entre profissionais de engenharia, geologia, biologia,

    enfim, das chamadas cincias naturais ou exatas; e uma outra que podemos chamar

    de culturalista e antropocntrica prpria principalmente de antroplogos(as), mas

    tambm de outros(as) cientistas sociais.

    O geocentrismo a percepo de quem considera absoluta a natureza (o biocen-

    trismo essa perspectiva em termos biolgicos). Desse modo, no se compreende a

    nossa especificidade como seres vivos culturais.

    O erro oposto ao geocentrismo ou ao biocentrismo o culturalismo, ou seja, a

    considerao de que, como seres culturais, ns, os humanos, no somos naturais.

    Uma variao do culturalismo pensar que devemos simplesmente dominar as outras

    espcies sem nos preocuparmos com as conseqncias ecolgicas, o que se chama

    antropocentrismo, que pode existir tanto entre pessoas religiosas como entre atias,

    cientistas ou no.

    um equvoco qualquer separao entre a natureza planetria e a cultura. Essa

    separao o erro mais importante do debate ambientalista atual.

    A gesto ambiental, como administrao de uma UC e de seu entorno, depende

    da compreenso de que as pessoas tm do ambiente. Entendendo isso, pode-se tentar

    POLMICAS SOBRE EDUCAO AMBIENTALE UNIDADES DE CONSERVAO

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 11

    elaborar um conhecimento comum, que estimule a necessria modificao de repre-

    sentaes e comportamentos. Pode haver nesse contexto, entretanto, uma contradio,

    pois o que se diz nem sempre o que se faz, ou as conseqncias no so as previstas,

    necessitando-se, assim, fazer revises nos planos estabelecidos.

    Ao tratarmos ambiente como representao social, precisamos lembrar que o am-biente no algo que est apenas fora de ns e somente objetivo. um conceito que

    liga as condies prticas de nossa existncia ao nosso pensar e sentir.

    Educao ambiental, se forem consideradas as recomendaes de Tbilisi, tem im-

    plcita a misso de tratar do ambiente integradamente. Contudo, observa-se que, na

    prtica, quase sempre no assim, pois os aspectos biofsicos so mais enfatizados

    do que os culturais (ou vice-versa) ou vistos como separados, mesmo que s vezes se

    diga, no discurso, que so complementares.

    Quando conflitos so explicitados e os diferentes interesses em confronto mostra-

    dos , inicia-se a compreenso para a sua resoluo. Isso faz com que, para comear,as representaes sociais e as atitudes de nossa convivncia coletiva e individual sejam

    revistas. Nesse sentido, pode-se, por exemplo:

    > propor umaeducao ambiental preservacionista, se a ateno estiver voltada

    apenas para a conservao do patrimnio biolgico sem a relacionar com as

    questes sociais, como se isso fosse possvel na prtica, pretendendo que uma

    UC possa ser mantida intocvel, sem a ao de agentes sociais quaisquer. Al-

    ternativamente...

    > relacionar educaoambiental com a idia de sustentabilidade (educao ambiental

    para a sustentabilidade), se nosso interesse for manter o desenvolvimento socialatual, apenas reformando os aspectos poluidores do capitalismo. Contra isso,

    outras pessoas esto a

    > defender umaeducao ambiental crtica (emancipatria, transformadora, no pro-

    cesso de gesto ambientaletc.), para se repensar e alterar na prtica nossa insero

    na natureza, contribuindo para a construo de uma nova sociedade.

    possvel uma sntese crtica por meio de uma educao cientfica e pelo dilogo

    democrtico. A questo como fazer isso, da todas as polmicas em torno das dife-

    rentes posies.

    Como contribuio rumo a um processo educativo mais democrtico, entende-

    se que:

    > a natureza uma unidade complexa, e a vida, o seu processo de auto-organizao;

    > somos seres naturais que redefinem o modo de existir na natureza pela prpria

    dinmica da sociedade na histria;

    > as pessoas so constitudas por mediaes mltiplas (unidade biolgico social);

    > a educao tem a finalidade de buscar a transformao social, o que engloba

    indivduos e atores sociais em novas estruturas institucionais, como base para a

    construo democrtica de sociedades sustentveis e novos modos de se viver

    na natureza (embora sempre respeitando as categorias das UC e seus objetivos

    de manejo especficos).

  • 8/7/2019 Aps. sobre o Parque Nac. da Tijuca - Educao ambiental

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    INSTITUTO BRASILEIRO DE ANLISES SOCIAIS E ECONMICAS > IBASE12

    Neste momento, cabe formular algumas questes que devem estar em nossas mentes

    quando se planeja uma proposta de educao ambiental:

    > Que educao ambiental queremos?

    > Por que e com quem prioritariamente realizaremos tal prtica?

    > Quais so os aspectos sociais que se pretende desenvolver durante esse processo?> Como se dar a continuidade do processo?

    Para responder a questes como essas, toma-se, como orientao oficial, o que

    prope a Coordenao Geral de Educao Ambiental (CGEAM) do Ibama.

  • 8/7/2019 Aps. sobre o Parque Nac. da Tijuca - Educao ambiental

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 13

    O Ibama trabalha com a idia de educao no processo de gesto ambiental. Nesse

    sentido, entende que:

    Quando pensamos em educao no processo de gesto ambiental estamos

    desejando o controle social na elaborao e execuo de polticas pblicas,

    por meio da participao permanente dos cidados, principalmente, de

    forma coletiva, na gesto do uso dos recursos ambientais e nas decises que

    afetam qualidade do meio ambiente. (Ibama, 2002)

    Podemos dizer que o enfoque metodolgico de resoluo de problemas, como

    meio para a problematizao da realidade, uma preparao para enfrentarmos o

    conflito. Esse enfrentamento pode ser uma ocasio para, democraticamente, quando

    no superar o conflito totalmente, ao menos esclarecer posies e comear a trabalhar

    com consensos ou acordos especficos.

    Um mtodo de ensino-aprendizagem que adota a idia de uma educao eman-

    cipatria, pela explicitao de conflitos e estratgias coletivas, condio para uma

    gesto socioambientalmente eficiente e, de fato, democrtica, em UC.O Sistema Nacional de Unidades de Conservao da (Snuc), institudo pela Lei

    9.985/00, define critrios e normas para a criao, implantao e gesto de UC. Essa

    lei apresenta objetivos e diretrizes especficos, sendo que um deles a conservao

    de espaos naturais (incluindo a, na nossa viso, os culturais). Nesse sentido,

    possvel agrupar sinteticamente seus objetivos em quatro grupos diferentes, mas

    complementares:

    1. proteo/manuteno/preservao da biodiversidade, da sociodiversidade e de

    servios ambientais (bens utilizados) imprescindveis (como a gua);

    2. incentivo e promoo da pesquisa cientfica;

    3. promoo da educao e interpretao ambiental, a recreao em contato com

    a natureza e o turismo ecolgico;

    4. Promoo do desenvolvimento sustentvel (para as comunidades do entorno

    das UC).

    Nas atuais diretrizes trazidas pelo Snuc, nota-se nfase na garantia de processos de

    envolvimento e participao da sociedade (populaes locais, organizaes no-go-

    vernamentais, poderes pblicos municipais e estaduais etc.) na criao, implantao

    e gesto de UC.

    Estimula-se a busca por parcerias e o incentivo s populaes locais e organi-

    zaes privadas na criao, no estabelecimento e na administrao de UC dentro

    EDUCAO NO PROCESSO DE GESTO AMBIENTALEM UNIDADES DE CONSERVAO

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    INSTITUTO BRASILEIRO DE ANLISES SOCIAIS E ECONMICAS > IBASE14

    do sistema nacional. Da mesma forma, estimula-se tambm a participao da

    populao (por meio de conselhos) na elaborao e/ou na aprovao do plano de

    manejo das unidades.

    A soluo de problemas socioambientais ultrapassa a mera discusso sobre uma

    gesto eficiente dos recursos naturais. necessrio refletir profundamente sobrea sociedade que estamos desenvolvendo, o nosso papel reproduzindo-a dentro

    desse processo, e agir para transformar as desigualdades existentes, na medida do

    possvel.

    1. Que educao ambiental propomos?

    Uma educao emancipatria, isto , que estimule a autonomia das pessoas (Freire,

    2003), considerando que:

    todo processo educativo antes de tudo um processo de interveno na

    realidade vivida em que educador e educando, numa prtica dialgica,constroem o conhecimento sobre ela, objetivando a sua transformao.

    (Ibama, 2002)

    Cada participante do processo educacional traz para a coletividade suas contribui-

    es, tanto a partir de suas vivncias como de seu conhecimento formal (escolar) e

    informal (aprendido fora de escolas). Isso pode tornar o processo mais rico, mais

    prximo da realidade de todos os envolvidos e, portanto, com maior chance de con-

    tinuidade e sucesso a longo prazo.

    2. Por que e com quem se realiza tal prtica?

    O motivo o ambiente ser indispensvel vida e, assim, como consta em nossa

    Constituio, direito de todas as pessoas e um bem comum da sociedade a ser preser-

    vado para a atual e as futuras geraes. Considera-se que os segmentos sociais direta

    ou indiretamente relacionados s questes do local trabalhado so:

    > grupos atuantesou residentes na UC e/ou no seu entorno vivendo problemas

    e conflitos relativos a impactos potenciais (riscos) ou efetivos (danos) socio-

    ambientais;

    > cientistas, tcnicos(as), concessionrios(as) (comerciantes etc.) da UC e

    gestores(as).

    3. Pode-se dar prioridade a grupos em condies especficas?

    Sim, aqueles em situao de vulnerabilidade socioambiental, ou seja:

    > em maiordependncia direta dos recursos naturais (industrializados ou no, bem

    como de seus rejeitos) para trabalhar e melhorar suas condies de vida no caso

    das UC de uso sustentvel;

    > excludos do acesso aos bens pblicos; e

    > ausentes de participao em processos decisrios de polticas pblicas que inter-

    ferem na qualidade do local em que vivem.

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 15

    4. Qual o instrumento metodolgico inicial?

    Diagnstico da realidade socioambiental vivida por agentes da ao, para a com-

    preenso da realidade socioambiental local e seu desvelamento. Com vistas gesto

    ambiental participativa, adotamos o pressuposto de que:

    [...] a chave do entendimento da problemtica ambiental est no mundo dacultura, ou seja, na esfera da totalidade da vida em sociedade [...]. Afinal,

    so as prticas do meio social que determinam a natureza dos problemas

    ambientais que afligem a humanidade [...]. neste contexto que surge a

    necessidade de se praticar a Gesto Ambiental Pblica.

    No processo de transformao do meio ambiente [...] so criados e recriados

    modos de relacionamento da sociedade com o meio natural [...] e no seio da

    prpria sociedade [...]. (Quintas, 2005)

    Alm disso,A gesto ambiental um processo de mediao de interesses e conflitos

    entre atores sociais que agem sobre os meios fsico-natural e construdo.

    Esse processo de mediao define e redefine, continuamente, o modo como

    os diferentes atores sociais, por meio de suas prticas, alteram a qualidade

    do meio ambiente e, tambm, como se distribuem os custos e os benefcios

    decorrentes da ao desses agentes. (Ibama, 2002)

    Portanto, em consonncia com a CGEAM, considera-se que: A sociedade no

    o lugar da harmonia, mas, sobretudo, de conflitos e dos confrontos que ocorrem emsuas diferentes esferas (poltica, econmica, das relaes sociais, dos valores etc.)

    (Ibama, 2002).

    Nesse sentido, fundamental um esforo para se conhecer e sistematizar todos os

    aspectos que circundam e interpenetram a realidade onde se quer atuar e, assim,

    transform-la.

    5. Quais os principais conceitos que sugerimos para o diagnstico socio-

    ambiental?

    > Potencialidade socioambiental conjunto de atributos de um ecossistema (re-

    cursos ambientais) passveis de uso sustentvel por grupos sociais, nos casos de

    UC de uso sustentvel e para as de proteo integral, no entorno da UC.

    >Problema socioambiental quando h risco e/ou dano socioambiental, podendo

    haver diferentes tipos de reao a ele, visando sua soluo (que depende da

    identificao de relaes causais) por parte dos atingidos ou de outros agentes

    da sociedade civil e/ou do Estado.

    > Conflito socioambiental quando h confronto de interesses incompatveis

    (implcitos ou explcitos) entre agentes no uso de recursos e na gesto do

    ambiente.

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    6. O que o diagnstico socioambiental deve identificar ou indicar?

    > Potencialidades, problemas e conflitos entre diferentes agentes que usam os

    recursos.

    > Possvel recomposio de conselhos, quando a representao da diversidade de

    sua composio no inclui grupos de interesse e potenciais parceiros, alm degrupos sociambientalmente vulnerveis.

    > Pressupostos para um plano de ao bianual (a ser elaborado pelo conselho)

    visando a uma gesto participativa, de fato, da UC.

    7. Quais os objetivos da educao na gesto participativa em UC?

    > Promover tanto as responsabilidades como os direitos sobre o uso dos recursos

    naturais (no caso das UC de proteo integral, s se admite o seu uso indireto).

    > Fazer revises de planejamento e melhorias na gesto da UC, por meio de aliana

    poltica e cientfica com conselho, capaz de responder s necessidades de desen-volvimento sustentvel local, compatveis com as determinaes legais previstas

    na Lei do Snuc (em UC de proteo integral).

    8. Para que serve o plano de ao do conselho como instrumento edu-

    cativo e de gesto participativa?

    Para promover a interlocuo entre agentes sociais, com envolvimento direto

    ou indireto na conservao e no uso de recursos naturais e culturais (dentro ou no

    entorno do parque). O plano de ao ajudar a resolver problemas e conflitos, bem

    como poder fomentar potencialidades identificadas no diagnstico socioambiental,visando justia ambiental. 2

    Espera-se que, no processo de elaborao do diagnstico, simultaneamente os

    grupos-alvo sejam mobilizados e que, a partir de dilogos (por meio de grupos focais,

    entrevistas etc.), se firmem alguns consensos ou acordos.

    O diagnstico em si deve servir como uma base comum para se definirem ob-

    jetivos, prazos e metas, bem como o monitoramento da educao ambiental na UC

    como um todo. O coletivo envolvido na gesto deve ser capaz de dar continuidade

    ao plano, propondo e gerindo novas aes, por meio da participao e da busca por

    novas parcerias no processo.

    2Justia ambiental [...] um conceito

    aglutinador emobilizador, por

    integrar as dimensesambiental, social e tica

    da sustentabilidade edo desenvolvimento,

    freqentementedissociados nos

    discursos e nas prticas[...] mais que uma

    expresso do campodo direito, assume-se como campo de

    reflexo, mobilizaoe bandeira de luta

    de diversos sujeitose entidades, como

    sindicatos, associaesde moradores,

    grupos afetados pordiversos riscos [...],

    ambientalistas ecientistas (declarao

    de lanamento da Rede

    Brasileira de JustiaAmbiental, setembro

    de 2001).

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 17

    O Programa de Educao Ambiental do PNT foi criado em 1996. Contou com a participa-

    o de representantes de rgos pblicos, organizaes no-governamentais e universidades

    que colaboraram na sua concepo, bem como das discusses acerca dos temas centrais da

    educao ambiental e da relao entre o PNT e a cidade do Rio de Janeiro. Como resultado

    desse esforo, foi implantado um Ncleo de Educao Ambiental (NEA/PNT).

    O NEA/PNT tem quatro linhas de ao: capacitao, interpretao ambiental, desenvol-

    vimento de projetos, desenvolvimento de instrumentos e metodologias para a prtica deeducao ambiental, por meio de um processo integrado. Desde ento, o parque desenvolve

    aes de formao, interpretao ambiental, pesquisa e produo de material educativo.3

    As aes citadas visam articular e integrar os segmentos internos e externos UC

    como: professores(as), estudantes, pesquisadores(as), tcnicos(as), servidores(as),

    moradores(as), populao do entorno, agentes de turismo, monitores(as), agentes

    comunitrios(as), pessoal terceirizado, entre outros atores sociais, na perspectiva de

    contribuir para a construo e ampliao de sua conscincia, visando participao de

    cidados e cidads na defesa do meio ambiente e na melhoria da qualidade de vida.

    Realizaram-se cursos e oficinas para a equipe de profissionais que atuam no par-que (agentes de fiscalizao, funcionrios de segurana e servios gerais), alm de

    seminrios internos de educao ambiental para tcnicos e tcnicas de nvel superior.

    Tambm so realizados cursos vinculados a visitas guiadas e estudo de campo, com a

    participao de professores(as) de nvel mdio e agentes comunitrios(as).

    Os moradores e as moradoras do interior da UC e do entorno so simultaneamente

    envolvidos no processo de capacitao, com a realizao de oficinas, nas quais so

    discutidas as questes voltadas para a convivncia com a floresta e para os cuidados

    com sua conservao.

    Destaque-se a parceria com a Secretaria Municipal de Educao, efetuada em 1999,

    que possibilitou o envolvimento de alunos(as) e professores(as) dos ensinos mdio

    e fundamental em um programa conjunto, desenvolvendo cursos, oficinas e visitas

    guiadas, dentro do convnio de gesto compartilhada do PNT/Ibama e a Prefeitura

    da cidade do Rio de Janeiro.

    A educao ambiental passou a ser considerada parte integrante do processo de cons-

    truo da gesto participativa do parque, facilitando sua implementao e envolvendo

    diversos segmentos sociais na discusso e atuao em relao s questes ambientais.

    A partir do ano de 2005, o projeto gua em Unidade de Conservao, parte do

    Programa Petrobras Ambiental, tem em vista a proteo e a valorao dos recursos

    hdricos do PNT, enfatizando a conscientizao quanto ao seu uso sustentvel, assim

    como a sua gesto participativa.

    A EDUCAO AMBIENTAL NA GESTO DO PNT

    3 Informaes extradasde anotaes sobreHistrico da EducaoAmbiental no PNT,fornecidas por DeniseAlves, analista ambientale coordenadora geral doNEA/PNT/Ibama.

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    INSTITUTO BRASILEIRO DE ANLISES SOCIAIS E ECONMICAS > IBASE18

    Esse projeto trabalha, por meio de variadas parcerias institucionais, em quatro

    linhas de atuao (L):

    > conhecimento e monitoramento da qualidade da gua produzida no parque,

    implantando nele um sistema de controle dos principais cursos dgua (L1);

    > recuperao florestal para garantir a preservao das nascentes e dos corpos hdricos,realizando medidas de proteo, manejo e recuperao da flora e do solo (L2);

    > estruturao de um modelo de gesto financeira a partir dos resultados oriundos

    da valorao e uso dos recursos hdricos protegidos pelo parque (L3);

    > implementao da educao ambiental na gesto do parque, impulsionando uma

    gesto participativa e mais democrtica o foco da L4. Essa linha de ao se sub-

    divide em duas: uma trabalha com comunidades e escolas vizinhas rea (L4.1), e

    a outra atua no fortalecimento da gesto participativa pela recomposio e capaci-

    tao do conselho consultivo da UC, conforme previsto no Snuc (L4.2).

    A L4.2 tem como objetivo a reformulao e o fortalecimento do conselho consultivo

    do PNT para promoo da gesto integrada da UC e de seus recursos hdricos. Utiliza,

    para isso, a educao ambiental como instrumento privilegiado para impulsionar tal

    processo, trabalhando, desde ento, numa perspectiva de ampliao da participao.

    A abordagem participativa implica admitir que pessoas e grupos envolvidos em aes

    coletivas dominam saberes que, mesmo podendo ser diferentes entre si, precisam ser

    compreendidos e reconhecidos, para at mesmo serem, eventualmente, transformados

    (SOS Mata Atlntica, 2005). Para isso, ouvir e compreender esses saberes um passo

    fundamental da ao educativa, a qual entendemos democraticamente.Promovemos, desde a etapa inicial do trabalho da L4.2 do projeto gua em Uni-

    dade de Conservao, encontros com grupos de agentes estratgicos importantes,

    entre usurios(as), beneficirios(as), contribuintes ou no e funcionrios(as), para

    ouvir esses indivduos e apreender a percepo que tm sobre os problemas, conflitos

    e questes relacionadas gesto do parque.

    O Diagnstico Socioambientaldo Parque Nacional da Tijuca e reas do Entorno foi

    produzido na perspectiva citada e serve, hoje, como a ferramenta principal para as

    etapas do trabalho que vieram a seguir:

    > conduo do processo de candidatura de atores que devero compor o conselho

    consultivo;

    > implementao do novo conselho;

    > construo de plano de ao do conselho;

    > capacitao continuada voltada para membros do conselho e atores estrat-

    gicos da gesto da UC e acompanhamento de suas aes por um perodo de

    um ano.

    A prtica participativa de educao ambiental que se adota em todo esse processo no

    deve ser entendida como uma lgica acabada com mtodos e resultados predefinidos.

    Ela pode e deve permitir a construo e a correo de rumos no prprio caminho,

    orientada pela realidade dos grupos envolvidos.

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 19

    No momento da construo conjunta do plano de ao do conselho, ocorre

    tambm a elaborao de um programa de capacitao continuada que possa con-

    tribuir tanto no aprofundamento das discusses relacionadas a questes-chave para

    a gesto da UC como no fortalecimento de fragilidades que necessitem de reforo

    terico-metodolgico.Do programa de capacitao constam atividades como minicursos, palestras e semi-

    nrios temticos com convidados(as) especialistas, visitas a outras UC para intercmbio

    de experincia na rea de gesto participativa e resoluo de conflitos.

    A educao ambiental exerce nesse trabalho de fortalecimento da gesto partici-

    pativa papel fundamental: consolidar o conselho como uma instncia democrtica,

    apropriada e legtima. Contribui ainda para a integrao dos diversos conhecimentos

    e instrumentos da gesto produzidos (plano de manejo, plano de bacia e outros) e

    para a melhoria dos processos de tomada de deciso, vinculando o processo edu-

    cativo s questes sociais, sejam entendidas em termos ambientais, culturais,polticos ou econmicos.

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 21

    BRASIL. Ministrio do Meio Ambiente. Lei Federal n 9.985/2000. Braslia, 2000.

    ______. Lei Federal n 9.795/1999. Braslia, 1999.

    ______. Gesto participativa do Snuc. Braslia: MMA, 2004. (Srie reas Pro-

    tegidas do Brasil, v. II).

    ______. Ministrio da Educao. Formando Com-Vida (Comisso de Meio

    Ambiente e Qualidade de Vida na Escola) Construindo Agenda 21 na escola. Braslia:

    MEC, 2004.

    FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Petrpolis: Vozes, 2003.

    INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATU-

    RAIS RENOVVEIS. Como o Ibama exerce a educao ambiental Coordenador geral

    de educao ambiental. Braslia: Ibama, 2002.

    LOUREIRO, C. F. B. Trajetrias e fundamentos da educao ambiental. So

    Paulo: Cortez, 2004.

    LOUREIRO, C. F. B. et al. Educao ambiental e gesto participativa em unidades

    de conservao. 2. ed. Rio de Janeiro: Ibama, 2005.

    MONTIBELLER-FILHO, G. O mito do desenvolvimento sustentvel: meio am-

    biente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias. Florianpolis:

    EDUFSC, 2001.

    OLIVEIRA, E. M. Cidadania e educao ambiental: uma proposta de educao

    no processo de gesto ambiental. Braslia: Ibama, 2003.

    QUINTAS, J. S. Introduo gesto ambiental pblica. Braslia: Ibama, 2005.

    SOS MATA ATLNTICA; NCLEO UNIO PR-TIET. Diagnstico e carac-

    terizao por percepo de bacias hidrogrficas. So Paulo, 2005.

    UNESCO. Carta de Belgrado. Revista Contacto, 1(1):1-10, 1976.

    REFERNCIAS

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    LEI 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999

    Dispe sobre a educao ambiental, institui a Poltica Nacional de Educao

    Ambiental e d outras providncias.

    Resultado de intenso processo de discusso iniciado em 1993, a Lei 9.795, primeira do

    gnero na Amrica Latina, expressa a superao de dvidas comuns quanto aos pressu-

    postos da educao ambiental, principalmente quanto aos seus objetivos e finalidades.

    Observamos nessa lei uma preocupao com a construo de atitudes e condutas com-patveis com a questo ambiental e a vinculao de processos formais de transmisso

    e criao de conhecimentos a prticas sociais, permitindo a educandos e educandas a

    aplicao, em seu cotidiano, do que aprendido no ensino formal. H tambm efetiva

    preocupao em fazer com que os cursos de formao profissional insiram de modo

    transversal conceitos que os levem a padres de atuao profissional minimamente im-

    pactantes sobre a natureza e que todas as etapas do ensino formal tenham a educao am-

    biental no de modo disciplinar, mas sim adotando uma perspectiva interdisciplinar.

    Crticas corretas ao veto do artigo 18, que definia a origem dos recursos financei-

    ros para a execuo da Poltica Nacional de Educao Ambiental, bem como a umabaixa amarrao quanto s obrigaes dos diferentes setores sociais (empresrios,

    movimentos sociais, governos, escolas etc.), precisam ser consideradas, sem, com isso,

    desconsiderar a validade da lei.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e

    eu sanciono a seguinte Lei:

    CAPTULO I

    DA EDUCAO AMBIENTAL

    Art. 1o Entendem-se por educao ambiental os processos por meio dos quais o

    indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,

    atitudes e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso

    comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

    Art. 2o A educao ambiental um componente essencial e permanente da educao

    nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os nveis e modalidades

    do processo educativo, em carter formal e no-formal.

    Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos tm direito educao

    ambiental, incumbindo:

    ANEXO

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 23

    I - ao Poder Pblico, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituio Federal, definir

    polticas pblicas que incorporem a dimenso ambiental, promover a educao

    ambiental em todos os nveis de ensino e o engajamento da sociedade na con-

    servao, recuperao e melhoria do meio ambiente;

    II - s instituies educativas, promover a educao ambiental de maneira integradaaos programas educacionais que desenvolvem;

    III - aos rgos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente Sisnama, pro-

    mover aes de educao ambiental integradas aos programas de conservao,

    recuperao e melhoria do meio ambiente;

    IV - aos meios de comunicao de massa, colaborar de maneira ativa e permanente

    na disseminao de informaes e prticas educativas sobre meio ambiente e

    incorporar a dimenso ambiental em sua programao;

    V - s empresas, entidades de classe, instituies pblicas e privadas, promover

    programas destinados capacitao dos trabalhadores, visando melhoria e aocontrole efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercusses

    do processo produtivo no meio ambiente;

    VI - sociedade como um todo, manter ateno permanente formao de valores,

    atitudes e habilidades que propiciem a atuao individual e coletiva voltada para

    a preveno, a identificao e a soluo de problemas ambientais.

    Art. 4o So princpios bsicos da educao ambiental:

    I - o enfoque humanista, holstico, democrtico e participativo;

    II - a concepo do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdepen-dncia entre o meio natural, o socioeconmico e o cultural, sob o enfoque da

    sustentabilidade;

    III - o pluralismo de idias e concepes pedaggicas, na perspectiva da inter, multi

    e transdisciplinaridade;

    IV - a vinculao entre a tica, a educao, o trabalho e as prticas sociais;

    V - a garantia de continuidade e permanncia do processo educativo;

    VI - a permanente avaliao crtica do processo educativo;

    VII - a abordagem articulada das questes ambientais locais, regionais, nacionais

    e globais;

    VIII - o reconhecimento e o respeito pluralidade e diversidade individual

    e cultural.

    Art. 5o So objetivos fundamentais da educao ambiental:

    I - o desenvolvimento de uma compreenso integrada do meio ambiente em suas

    mltiplas e complexas relaes, envolvendo aspectos ecolgicos, psicolgicos,

    legais, polticos, sociais, econmicos, cientficos, culturais e ticos;

    II - a garantia de democratizao das informaes ambientais;

    III - o estmulo e o fortalecimento de uma conscincia crtica sobre a problemtica

    ambiental e social;

    IV - o incentivo participao individual e coletiva, permanente e responsvel, na

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    INSTITUTO BRASILEIRO DE ANLISES SOCIAIS E ECONMICAS > IBASE24

    preservao do equilbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade

    ambiental como um valor inseparvel do exerccio da cidadania;

    V - o estmulo cooperao entre as diversas regies do pas, em nveis micro e

    macrorregionais, com vistas construo de uma sociedade ambientalmente

    equilibrada, fundada nos princpios da liberdade, igualdade, solidariedade, de-mocracia, justia social, responsabilidade e sustentabilidade;

    VI - o fomento e o fortalecimento da integrao com a cincia e a tecnologia;

    VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminao dos povos e solidariedade

    como fundamentos para o futuro da humanidade.

    CAPTULO II

    DA POLTICA NACIONAL DE EDUCAO AMBIENTAL

    Seo I

    Disposies Gerais

    Art. 6o instituda a Poltica Nacional de Educao Ambiental.

    Art. 7o A Poltica Nacional de Educao Ambiental envolve em sua esfera de ao,

    alm dos rgos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente Sis-

    nama, instituies educacionais pblicas e privadas dos sistemas de ensino, os rgos

    pblicos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e organizaes

    no-governamentais com atuao em educao ambiental.

    Art. 8o As atividades vinculadas Poltica Nacional de Educao Ambiental devem

    ser desenvolvidas na educao em geral e na educao escolar, por meio das seguintes

    linhas de atuao inter-relacionadas:

    I - capacitao de recursos humanos;

    II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentaes;

    III - produo e divulgao de material educativo;

    IV - acompanhamento e avaliao.

    1o Nas atividades vinculadas Poltica Nacional de Educao Ambiental sero

    respeitados os princpios e objetivos fixados por esta Lei.

    2o A capacitao de recursos humanos voltar-se- para:

    I - a incorporao da dimenso ambiental na formao, especializao e atualizao

    dos educadores de todos os nveis e modalidades de ensino;

    II - a incorporao da dimenso ambiental na formao, especializao e atualizao

    dos profissionais de todas as reas;

    III - a preparao de profissionais orientados para as atividades de gesto ambiental;

    IV - a formao, especializao e atualizao de profissionais na rea de meio

    ambiente;

    V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz

    respeito problemtica ambiental.

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 25

    3o As aes de estudos, pesquisas e experimentaes voltar-se-o para:

    I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando incorporao da

    dimenso ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes nveis e modali-

    dades de ensino;

    II - a difuso de conhecimentos, tecnologias e informaes sobre a questo am-biental;

    III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando participao

    dos interessados na formulao e execuo de pesquisas relacionadas proble-

    mtica ambiental;

    IV - a busca de alternativas curriculares e metodolgicas de capacitao na rea

    ambiental;

    V - o apoio a iniciativas e experincias locais e regionais, incluindo a produo de

    material educativo;

    VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio s aesenumeradas nos incisos I a V.

    Seo II

    Da Educao Ambiental no Ensino Formal

    Art. 9o Entende-se por educao ambiental na educao escolar a desenvolvida no

    mbito dos currculos das instituies de ensino pblicas e privadas, englobando:

    I - educao bsica:

    a) educao infantil;

    b) ensino fundamental ec) ensino mdio;

    II - educao superior;

    III - educao especial;

    IV - educao profissional;

    V - educao de jovens e adultos.

    Art. 10. A educao ambiental ser desenvolvida como uma prtica educativa inte-

    grada, contnua e permanente em todos os nveis e modalidades do ensino formal.

    1o A educao ambiental no deve ser implantada como disciplina especfica no

    currculo de ensino.

    2o Nos cursos de ps-graduao, extenso e nas reas voltadas ao aspecto meto-

    dolgico da educao ambiental, quando se fizer necessrio, facultada a criao de

    disciplina especfica.

    3o Nos cursos de formao e especializao tcnico-profissional, em todos os

    nveis, deve ser incorporado contedo que trate da tica ambiental das atividades

    profissionais a serem desenvolvidas.

    Art. 11. A dimenso ambiental deve constar dos currculos de formao de profes-

    sores, em todos os nveis e em todas as disciplinas.

    Pargrafo nico. Os professores em atividade devem receber formao complementar

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    INSTITUTO BRASILEIRO DE ANLISES SOCIAIS E ECONMICAS > IBASE26

    em suas reas de atuao, com o propsito de atender adequadamente ao cumprimento

    dos princpios e objetivos da Poltica Nacional de Educao Ambiental.

    Art. 12. A autorizao e superviso do funcionamento de instituies de ensino e

    de seus cursos, nas redes pblica e privada, observaro o cumprimento do dispostonos arts. 10 e 11 desta Lei.

    Seo III

    Da Educao Ambiental No-Formal

    Art. 13. Entendem-se por educao ambiental no-formal as aes e prticas edu-

    cativas voltadas sensibilizao da coletividade sobre as questes ambientais e sua

    organizao e participao na defesa da qualidade do meio ambiente.

    Pargrafo nico. O Poder Pblico, em nveis federal, estadual e municipal, incentivar:

    I - a difuso, por intermdio dos meios de comunicao de massa, em espaosnobres, de programas e campanhas educativas, e de informaes acerca de temas

    relacionados ao meio ambiente;

    II - a ampla participao da escola, da universidade e de organizaes no-governa-

    mentais na formulao e execuo de programas e atividades vinculadas educao

    ambiental no-formal;

    III - a participao de empresas pblicas e privadas no desenvolvimento de progra-

    mas de educao ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizaes

    no-governamentais;

    IV - a sensibilizao da sociedade para a importncia das unidades de conservao;V - a sensibilizao ambiental das populaes tradicionais ligadas s unidades de

    conservao;

    VI - a sensibilizao ambiental dos agricultores;

    VII - o ecoturismo.

    CAPTULO III

    DA EXECUO DA POLTICA NACIONAL DE EDUCAO AMBIENTAL

    Art. 14. A coordenao da Poltica Nacional de Educao Ambiental ficar a cargo

    de um rgo gestor, na forma definida pela regulamentao desta Lei.

    Art. 15. So atribuies do rgo gestor:

    I - definio de diretrizes para implementao em mbito nacional;

    II - articulao, coordenao e superviso de planos, programas e projetos na rea

    de educao ambiental, em mbito nacional;

    III - participao na negociao de financiamentos a planos, programas e projetos

    na rea de educao ambiental.

    Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, na esfera de sua compe-

    tncia e nas reas de sua jurisdio, definiro diretrizes, normas e critrios para a

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    PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 27

    educao ambiental, respeitados os princpios e objetivos da Poltica Nacional de

    Educao Ambiental.

    Art. 17. A eleio de planos e programas, para fins de alocao de recursos pblicos

    vinculados Poltica Nacional de Educao Ambiental, deve ser realizada levando-seem conta os seguintes critrios:

    I - conformidade com os princpios, objetivos e diretrizes da Poltica Nacional de

    Educao Ambiental;

    II - prioridade dos rgos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educao;

    III - economicidade, medida pela relao entre a magnitude dos recursos a alocar

    e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto.

    Pargrafo nico. Na eleio a que se refere o caput deste artigo, devem ser contem-

    plados, de forma eqitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regies

    do Pas.

    Art. 18. (VETADO)

    Art. 19. Os programas de assistncia tcnica e financeira relativos a meio ambiente

    e educao, em nveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos s aes

    de educao ambiental.

    CAPTULO IVDISPOSIES FINAIS

    Art. 20. O Poder Executivo regulamentar esta Lei no prazo de noventa dias de sua

    publicao, ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional

    de Educao.

    Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Braslia, 27 de abril de 1999; 178o da Independncia e 111o da Repblica.

    FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

    Paulo Renato Souza

    Jos Sarney Filho

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    Espaos colegiados e descentralizados de gesto, como conselhos de direitos, soinstncias privilegiadas do exerccio da democracia e da participao. Nesse sentido,o papel do Ibase em aes voltadas para o fortalecimento da gesto participativa emunidades de conservao tem sido criar as condies necessrias que facilitem ainterlocuo entre os diferentes atores envolvidos.

    A metodologia proposta pelo Ibase, em consonncia com a Coordenao Geral deEducao Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renovveis (Ibama), para atuao em unidades de conservao, parte dacriao coletiva de um espao sistemtico de conversao, explicitao e negociaode diferentes interesses e da aprendizagem compartilhada, envolvendo variadossaberes e referncias. Por meio de prticas e metodologias participativas, a linha deao busca alternativas tcnicas e polticas capazes de aprimorar prticas sociais efortalecer a gesto democrtica do Parque Nacional da Tijuca.

    Este texto parte de um conjunto de cinco apostilas produzidas no mbito do

    projeto gua em Unidade de Conservao. Tem o propsito de contribuir para oprocesso educativo que a linha de educao ambiental do referido projetoestabelece com os membros do conselho consultivo do Parque Nacional daTijuca e parceiros estratgicos. Inclui-se nas iniciativas de fortalecimento desseconselho e da gesto participativa do parque.