aps. sobre o parque nac. da tijuca - educação ambiental
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EDUCAO AMBIENTAL
em unidades de conservao
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2006JULHO
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Educao ambiental em unidades de conservao
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Julho de 2006
EXECUO
Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e Econmicas(Ibase)
Linha de Ao: 4.2 - Educao Ambiental na Gesto Participativa: fortalecimento do conselho
consultivo do Parque Nacional da Tijuca Projeto gua em Unidade de Conservao, proje-to-piloto para a Mata Atlntica: Parque Nacional da Tijuca
COORDENAO
Nahyda Franca
EQUIPE TCNICA DA L 4.2
Carlos Frederico B. Loureiro
Marcus Azaziel
Laila Souza Mendes
Claudia Fragelli
Joelma Cavalcante de Souza
COLABORADORAS DA L 4.2
Denise Alves
Ana Lucia Camphora
Marta de Azevedo Irving
EDIO
Iracema Dantas
TEXTO
Carlos Frederico B. Loureiro
Marcus Azaziel
Nahyda Franca
COLABORAO
Denise Alves
Laila Souza Mendes
Claudia Fragelli
Joelma Cavalcante de Souza
REVISO
Marcelo Bessa
PROJETO GRFICO E DIAGRAMAO
Guto Miranda
CAPA
Joo Maurcio Rugendas - Recolte de Caf.
Litografia, Voyage Pittoresque dans le Brsil,
Engelman et Cie., Paris, 1835.
PATROCNIO
Programa Petrobras Ambiental
Instituto Brasileiro de Anlises Sociaise EconmicasAvenida Rio Branco, 124, 8 andar, CentroCEP 20040-916Rio de Janeiro RJTel.: (21) 2509-0660 Fax: (21) 3852-3517E-mail: [email protected]
Site: www.ibase.br
Instituto TerrazulIlha da Gigia, casa 18, Barra da TijucaCEP 22640-310Rio de Janeiro RJTelefax: (21) 2493-5770E-mail: [email protected]: www.institutoterrazul.org.br
Parque Nacional da TijucaEstrada da Cascatinha, 850CEP 20531-590Rio de Janeiro RJTel.: (21) 2492-5407 / 2494-2253
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ApresentaoGesto democrtica e transparenteO fortalecimento da gesto participativa em unidades de conservao: o papel do Ibase
Ambiente, sustentabilidade social e educao
Polmicas sobre educao ambiental e unidades de conservao
Educao no processo de gesto ambiental em unidades de conservaoA educao ambiental na gesto do PNT
Referncias
Anexo
SUMRIO
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GESTO DEMOCRTICA E TRANSPARENTE
A ameaa biodiversidade e a seus aspectos paisagsticos no se encontra restrita
ao Parque Nacional da Tijuca (PNT). Tal ameaa afeta tambm outras unidades
de conservao (UC) inseridas em reas urbanas, nacionais e estrangeiras, que
sofrem com a presso antrpica. Em algumas UC da Colmbia, por exemplo, h
o problema da presena do narcotrfico, o que, de modo similar, ocorre no PNT.
Desse modo, alm da conservao ambiental, deve-se, fundamentalmente, criar umespao integrativo com os atores sociais que atuam ou se localizam no interior e
nos limites do parque.
Tambm crucial a manuteno do papel dessa UC no fornecimento de servios
ambientais para a populao da cidade do Rio de Janeiro, com destaque para: ma-
nuteno do volume hdrico pelas fontes produtoras para abastecimento da cidade;
interceptao das chuvas pela serapilheira (material acumulado ao p e no entorno das
rvores); preveno de desbarrancamento das encostas; atuao na regulao climtica;
reduo do pH da chuva ao passar pelo dossel (a copa das rvores); manuteno esttica
da paisagem; reduo da poluio atmosfrica; e controle de processos erosivos.Diante da complexidade dos problemas verificados, um dos maiores desafios para
que a UC cumpra com seus objetivos de manejo a consolidao da participao e
do controle social da sociedade na gesto do PNT. Esse fator deve ser atingido com a
formao, o estabelecimento e a capacitao de um conselho gestor, que, nas UC de
proteo integral, tm um carter consultivo. Entretanto, quanto maior a participao
e o fortalecimento do conselho, melhor ser a gesto do PNT, com suas especificidades
no contexto do Sistema Nacional de Unidades de Conservao (Snuc).
A gesto do PNT conta com a participao da Prefeitura da cidade do Rio de
Janeiro e nico exemplo de administrao compartilhada entre rgos gover-
namentais. Essa forma de gesto tambm facilitada com o desenvolvimento de
projetos no entorno da UC desenvolvidos pela Prefeitura, tais como: Favela-Bairro,
Mutiro Reflorestamento, Ecolimites, entre outros.
Alm disso, existe o desafio para que se estabelea maior interlocuo com as
comunidades do entorno, instituies no-governamentais, atores polticos, comer-
ciantes, empresrios etc., que se encontram, interagem e/ou atuam nos limites ou
interior da UC em programas como turismo, recreao, lazer, estudos cientficos e
demais formas de participao e comprometimento.
Desse modo, o trabalho desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e
Econmicas (Ibase), em consonncia com o programa de Educao Ambiental (EA)
promovido pela Coordenao Geral de Educao Ambiental (CGEAM), do Instituto
APRESENTAO
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Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama) do Distrito
Federal, com a incluso do Ncleo de Educao Ambiental da Superintendncia do
Ibama no estado do Rio de Janeiro e do Ncleo de EA do PNT, fundamental para
a plena efetivao de uma gesto democrtica e transparente, conforme demanda a
prpria sociedade.
SNIA L. PEIXOTOChefe do Parque Nacional da Tijuca e coordenadora institucional do Projeto guaem Unidade de Conservao
O FORTALECIMENTO DA GESTO PARTICIPATIVA EM UNIDADES DE
CONSERVAO: O PAPEL DO IBASE
O centro e a referncia bsica do trabalho do Ibase so o fortalecimento da demo-
cracia. Uma de suas estratgias para cumprir tal misso a qualificao de pessoas e
grupos estratgicos com capacidade de intervir em processos que contribuam para a
construo de uma sociedade mais democrtica.
Espaos colegiados e descentralizados de gesto, como conselhos de direitos, so
instncias privilegiadas do exerccio da democracia e da participao. Nesse sentido, o
papel do Ibase em aes voltadas para o fortalecimento da gesto participativa em UC
tem sido criar as condies necessrias que facilitem a interlocuo entre os diferentes
atores envolvidos.
A metodologia proposta pelo Ibase, em consonncia com a Coordenao Geral de
Educao Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renovveis (Ibama), para atuao em UC, parte da criao coletiva de um espao siste-
mtico de conversao, explicitao e negociao de diferentes interesses e da aprendi-
zagem compartilhada, envolvendo variados saberes e referncias. Por meio de prticas e
metodologias participativas, a linha de ao busca alternativas tcnicas e polticas capazes
de aprimorar prticas sociais e fortalecer a gesto democrtica do PNT.
A educao ambiental utilizada como um instrumento que contribui para dispo-
nibilizar informaes qualificadas e atualizadas, compartilhar percepes e compre-
enses e ampliar a capacidade de dilogo e de atuao conjunta comprometida coma misso de uma UC.
Com esse objetivo, algumas apostilas foram elaboradas para apoiar o processo. Este
texto parte de um conjunto de cinco apostilas produzidas no mbito do projeto gua
em Unidade de Conservao. Tem o propsito de contribuir para o processo educativo
que a linha de educao ambiental do referido projeto estabelece com os membros
do conselho consultivo do PNT e parceiros estratgicos. Inclui-se nas iniciativas de
fortalecimento desse conselho e da gesto participativa do parque.
NAHYDA FRANCAPesquisadora do Ibase e coordenadora da Linha de Ao 4.2 Educao Ambientalna Gesto Participativa: consolidao e fortalecimento do conselho consultivo.Projeto gua em Unidade de Conservao, Parque Nacional da Tijuca
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Para entendermos os processos educativos em unidades de conservao (UC), neces-
srio relacion-los ao desenvolvimento social como um todo, com nfase na polmica
questo: proteo da biodiversidade e integrao com as comunidades do entorno.
O tema meio ambiente encontra-se presente em nosso dia-a-dia: em conversas
informais no local de trabalho, em jornais impressos, em telejornais, em comerciais
de TV ou na chamada educao formal basicamente aquela oferecida nas escolas
desde o nvel fundamental at o nvel superior.Essa idia genrica de meio ambiente encontra-se incorporada tanto nos discursos
como em prticas dirias. Tal fato contribui, de qualquer modo, para despertar e au-
mentar o interesse sobre temas diversos: lixo, saneamento, poluio, desmatamento,
extino de espcies e muitos outros.
O aumento de interesse e preocupao com o ambiente pode ser situado em meados
do sculo passado, com os avanos no conhecimento cientfico sobre a dinmica ecossis-
tmica, a ocorrncia de acidentes ambientais, a crise energtica e a conquista de espaos
polticos pelo movimento ambientalista. Isso fez com que instncias como a Organizao
das Naes Unidas (ONU) discutissem a definio de novas metas de desenvolvimentosocial, considerando a educao ambiental como um dos seus meios principais.
A primeira vez em que se usou o termo educao ambiental foi na Universidade
de Keele, no Reino Unido, em 1965. Somente em 1975, fez-se algo mais elaborado a
respeito, com a realizao do I Seminrio Internacional de Educao Ambiental, em
Belgrado (na antiga Iugoslvia). Esse foi um dos desdobramentos das discusses da
Conferncia das Naes Unidas sobre Ambiente Humano em 1972, na qual foi acorda-
da, pela Recomendao 96 e pelo Princpio 19, a necessidade de se inserir a discusso
acerca do ambiente na educao (Unesco, 1976).
A primeira grande conferncia internacional da ONU sobre educao ambiental foi
realizada em Tbilisi (na ex-Unio Sovitica), em 1977. Essa conferncia foi um grande
marco e considerada, at hoje, para as naes do planeta, a principal a respeito. Em
Tbilisi, vrios itens metodolgicos, tidos como co-dependentes e integrados, foram
listados como parte de uma educao que seria coerente com um novo tipo de desen-
volvimento social. Destacamos as seguintes:
>estudar osplanos de desenvolvimento social com vistas sustentabilidade;
> considerar a totalidade dos aspectos ambientais (o que implica o relacionamento
entre as diferentes disciplinas cientficas para um conhecimento integrado que
resolva esses problemas);
>entender aeducao como processo permanente, com carter formal e infor-
mal, utilizando-se de diferentes meios;
AMBIENTE, SUSTENTABILIDADE SOCIAL E EDUCAO
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1972 Conferncia das Naes Unidas sobre o AmbienteHumano (Conferncia de Estocolmo)
Estocolmo, Sucia
1975 Encontro Internacional em Educao Ambiental(Encontro de Belgrado)
Belgrado,Iugoslvia
1977 I Conferncia Intergovernamental sobre EducaoAmbiental
Tbilisi, Gergia
1987 Congresso Internacional sobre a Educao eFormao Relativa ao Meio Ambiente
Moscou, URSS
1990 Conferncia Mundial sobre Educao para Todos Jomitien, Tailndia
1992 Conferncia das Naes Unidas sobre o MeioAmbiente e Desenvolvimento (CNUMAD) Rio 92
Rio de Janeiro,Brasil
1994 I Congresso Ibero-americano de Educao Ambiental Guadalajara,Mxico
1997 Conferncia Internacional sobre Meio Ambiente eSociedade: Educao e Conscientizao Pblicapara a Sustentabilidade
Thessaloniki,Grcia
1997 I Conferncia Nacional de Educao Ambiental Braslia, Brasil
1997 IV Frum de Educao Ambiental e I Encontro daRede de Educadores Ambientais
Vitria, Brasil
1997 Conferncia das Naes Unidas sobre o AmbienteHumano (Conferncia de Estocolmo)
Estocolmo, Sucia
2002 Cpula Mundial sobre o DesenvolvimentoSustentvel - Rio + 10
Johannesburgo,frica do Sul
2004 V Frum Brasileiro de Educao Ambiental Goinia, Brasil
2006 V Congresso Ibero-americano de Educao Ambiental Joinville, Brasil
> buscar o uso das experincias das pessoas no local para a efetivao de alter-
nativas solidrias (tendo apreendido, no entanto, embora provisoriamente, as
relaes entre o local, o nacional e o mundial, enfatizando-se a complexidade
dos problemas e solues);
> aplicar uma abordagem interdisciplinar, reconhecendo a especificidade de cadadisciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada.
So pressupostos que foram aceitos como vlidos e indispensveis educao
ambiental e que orientam as polticas pblicas, programas governamentais ou no-
governamentais e projetos em diferentes pases.
ANO CONFERNCIA LOCAL
Em 2004, houve, em Goinia, o V Frum Brasileiro de Educao Ambiental, com
a participao de mais de 4 mil pessoas de todos os estados que atuam nos diferentes
setores da sociedade. Foi o encontro de maior repercusso nos ltimos dez anos no
pas, tanto em termos de definio de rumos e propostas em mbito governamental
federal como de redefinio do Programa Nacional de Educao Ambiental, cuja
ltima verso pode ser encontrada no site www.mma.gov.br.1
O desenvolvimento sustentvel, preocupao social existente na chamada, vulgar-
mente, sociedade globalizada de hoje, uma das categorias principais do ambientalismo.
1Nesse site tambmpodem ser encontrados
os documentosresultantes das
grandes confernciasinternacionais, o
Tratado de EducaoAmbiental para
Sociedades Sustentveise Responsabilidade
Global, aprovado naRio 92, e uma srie de
manifestos nacionaise internacionais docampo ambiental.
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Longe de ser uma unanimidade metodolgica, o conceito do desenvolvimento sus-
tentvel manifesta os diferentes modos de pensar e agir socialmente acerca do que
ecolgico ou ambiental.
Os problemas mundiais e os locais em cada nao no podero ser resolvidos so-
mente com educao, visto que a educao uma prtica social e, portanto, se defineem sociedade. Porm, no ser possvel solucionar problemas que se manifestam
poltica e economicamente em todo o mundo sem uma educao:
> ecumnica, que integre pessoas laicas (no religiosas) e religiosas;
> internacionalista, em que as pessoas percebam que cada nao pode manter sua
cultura, mas no deve dominar as outras;
> no discriminatria, para que as pessoas entendam que diferenas entre homens
e mulheres devem ser respeitadas;
> humanstica, mas no antropocntrica, ou seja, pela qual as pessoas percebam a
diversidade socioambiental e a importncia da proteo da biodiversidade comouma unidade (na teoria e na prtica).
Para tentarmos atingir as condies educacionais anteriormente mencionadas, numa
ao voltada para as UC, deve-se ter conscincia dos limites impostos pela insero de
nosso pas no contexto da globalizao internacional (situao na qual os pases dispu-
tam economicamente recursos em condies altamente desiguais, com conseqncias
que se mostram no quadro atual de pobreza e degradao ambiental geral).
necessrio conhecer a situao da educao e sua relao com outras atividades
que a inibem ou a fomentam, junto com todas as necessidades bsicas e fundamentaisde bem-estar social, que so reivindicadas no mbito do atual desequilbrio ecolgico
mundial (prejudicando, inclusive, a proteo de UC nacionais, pois fenmenos como
o aquecimento global, com a alterao das chuvas, assim como o buraco na camada
de oznio, tambm nos afetam).
Precisamos compreender o atual resultado histrico da sociedade brasileira no
ambiente mundial no como algo esttico, mas sim transformvel. Isso nos coloca
diante da necessidade de resolvermos problemas socioambientais entre agentes (sejam
homens ou mulheres de diferentes etnias e classes, organizados ou no em institui-
es) vivendo conflitos por causa de escassez de recursos ou pela concentrao da
propriedade desses mesmos recursos (fontes de gua e seu tratamento sanitrio ou
florestas, alimentos etc.).
preciso conhecer as condies que permitem que cada pessoa possa compreender
a sua realidade, incluindo seus conflitos (que no devem ser ignorados para a sua solu-
o), por meio de um dilogo democrtico entre iguais, que, para serem iguais, devem
ter as mesmas condies sociais, ao menos nos nveis bsicos econmicos, polticos,
jurdicos, educacionais e sanitrios. assim que se pode perceber a educao voltada
para os conselhos de UC. Mas a qual educao estamos nos referindo?
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importante partir da idia (representao) que educadores(as) e educandos(as)
possuem sobre educao e meio ambiente para, ento, entender educao ambiental
em sua diversidade, com as suas conseqncias prticas. Inicialmente, definiremos o
que educao e o que ambiente.
Educao uma prtica social cujo fim o aprimoramento humano naquilo que
pode ser aprendido e recriado a partir dos diferentes saberes existentes em uma cultura,
de acordo com as necessidades e exigncias de uma sociedade. Atua, portanto, sobre a
vida humana em dois sentidos: (1) desenvolvimento da produo social, at mesmodos meios instrumentais e tecnolgicos de atuao no ambiente; (2) construo e
reproduo dos valores culturais.
O conceito de ambiente expressa um espao percebido, com diferentes escalas
de compreenso e interveno, em que se operam as mltiplas relaes ecolgicas e
sociais, formando a unidade natural. O ambiente no , portanto, o espao natural
independente da ao social, mas o resultado de interaes complexas e dinmicas,
limitadas em recortes de espao e tempo que permitem a construo do sentido de
localidade, territorialidade, identidade, pertencimento e de contextualizao para os
agentes sociais.Os diferentes entendimentos sobre a relao entre a sociedade de nossa espcie e a
natureza como um todo geram polmicas entre os envolvidos em prticas educativas.
Queremos comentar isso rapidamente, a partir de duas correntes de pensamento: geo,
fsico ou biocntrica comum entre profissionais de engenharia, geologia, biologia,
enfim, das chamadas cincias naturais ou exatas; e uma outra que podemos chamar
de culturalista e antropocntrica prpria principalmente de antroplogos(as), mas
tambm de outros(as) cientistas sociais.
O geocentrismo a percepo de quem considera absoluta a natureza (o biocen-
trismo essa perspectiva em termos biolgicos). Desse modo, no se compreende a
nossa especificidade como seres vivos culturais.
O erro oposto ao geocentrismo ou ao biocentrismo o culturalismo, ou seja, a
considerao de que, como seres culturais, ns, os humanos, no somos naturais.
Uma variao do culturalismo pensar que devemos simplesmente dominar as outras
espcies sem nos preocuparmos com as conseqncias ecolgicas, o que se chama
antropocentrismo, que pode existir tanto entre pessoas religiosas como entre atias,
cientistas ou no.
um equvoco qualquer separao entre a natureza planetria e a cultura. Essa
separao o erro mais importante do debate ambientalista atual.
A gesto ambiental, como administrao de uma UC e de seu entorno, depende
da compreenso de que as pessoas tm do ambiente. Entendendo isso, pode-se tentar
POLMICAS SOBRE EDUCAO AMBIENTALE UNIDADES DE CONSERVAO
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elaborar um conhecimento comum, que estimule a necessria modificao de repre-
sentaes e comportamentos. Pode haver nesse contexto, entretanto, uma contradio,
pois o que se diz nem sempre o que se faz, ou as conseqncias no so as previstas,
necessitando-se, assim, fazer revises nos planos estabelecidos.
Ao tratarmos ambiente como representao social, precisamos lembrar que o am-biente no algo que est apenas fora de ns e somente objetivo. um conceito que
liga as condies prticas de nossa existncia ao nosso pensar e sentir.
Educao ambiental, se forem consideradas as recomendaes de Tbilisi, tem im-
plcita a misso de tratar do ambiente integradamente. Contudo, observa-se que, na
prtica, quase sempre no assim, pois os aspectos biofsicos so mais enfatizados
do que os culturais (ou vice-versa) ou vistos como separados, mesmo que s vezes se
diga, no discurso, que so complementares.
Quando conflitos so explicitados e os diferentes interesses em confronto mostra-
dos , inicia-se a compreenso para a sua resoluo. Isso faz com que, para comear,as representaes sociais e as atitudes de nossa convivncia coletiva e individual sejam
revistas. Nesse sentido, pode-se, por exemplo:
> propor umaeducao ambiental preservacionista, se a ateno estiver voltada
apenas para a conservao do patrimnio biolgico sem a relacionar com as
questes sociais, como se isso fosse possvel na prtica, pretendendo que uma
UC possa ser mantida intocvel, sem a ao de agentes sociais quaisquer. Al-
ternativamente...
> relacionar educaoambiental com a idia de sustentabilidade (educao ambiental
para a sustentabilidade), se nosso interesse for manter o desenvolvimento socialatual, apenas reformando os aspectos poluidores do capitalismo. Contra isso,
outras pessoas esto a
> defender umaeducao ambiental crtica (emancipatria, transformadora, no pro-
cesso de gesto ambientaletc.), para se repensar e alterar na prtica nossa insero
na natureza, contribuindo para a construo de uma nova sociedade.
possvel uma sntese crtica por meio de uma educao cientfica e pelo dilogo
democrtico. A questo como fazer isso, da todas as polmicas em torno das dife-
rentes posies.
Como contribuio rumo a um processo educativo mais democrtico, entende-
se que:
> a natureza uma unidade complexa, e a vida, o seu processo de auto-organizao;
> somos seres naturais que redefinem o modo de existir na natureza pela prpria
dinmica da sociedade na histria;
> as pessoas so constitudas por mediaes mltiplas (unidade biolgico social);
> a educao tem a finalidade de buscar a transformao social, o que engloba
indivduos e atores sociais em novas estruturas institucionais, como base para a
construo democrtica de sociedades sustentveis e novos modos de se viver
na natureza (embora sempre respeitando as categorias das UC e seus objetivos
de manejo especficos).
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Neste momento, cabe formular algumas questes que devem estar em nossas mentes
quando se planeja uma proposta de educao ambiental:
> Que educao ambiental queremos?
> Por que e com quem prioritariamente realizaremos tal prtica?
> Quais so os aspectos sociais que se pretende desenvolver durante esse processo?> Como se dar a continuidade do processo?
Para responder a questes como essas, toma-se, como orientao oficial, o que
prope a Coordenao Geral de Educao Ambiental (CGEAM) do Ibama.
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O Ibama trabalha com a idia de educao no processo de gesto ambiental. Nesse
sentido, entende que:
Quando pensamos em educao no processo de gesto ambiental estamos
desejando o controle social na elaborao e execuo de polticas pblicas,
por meio da participao permanente dos cidados, principalmente, de
forma coletiva, na gesto do uso dos recursos ambientais e nas decises que
afetam qualidade do meio ambiente. (Ibama, 2002)
Podemos dizer que o enfoque metodolgico de resoluo de problemas, como
meio para a problematizao da realidade, uma preparao para enfrentarmos o
conflito. Esse enfrentamento pode ser uma ocasio para, democraticamente, quando
no superar o conflito totalmente, ao menos esclarecer posies e comear a trabalhar
com consensos ou acordos especficos.
Um mtodo de ensino-aprendizagem que adota a idia de uma educao eman-
cipatria, pela explicitao de conflitos e estratgias coletivas, condio para uma
gesto socioambientalmente eficiente e, de fato, democrtica, em UC.O Sistema Nacional de Unidades de Conservao da (Snuc), institudo pela Lei
9.985/00, define critrios e normas para a criao, implantao e gesto de UC. Essa
lei apresenta objetivos e diretrizes especficos, sendo que um deles a conservao
de espaos naturais (incluindo a, na nossa viso, os culturais). Nesse sentido,
possvel agrupar sinteticamente seus objetivos em quatro grupos diferentes, mas
complementares:
1. proteo/manuteno/preservao da biodiversidade, da sociodiversidade e de
servios ambientais (bens utilizados) imprescindveis (como a gua);
2. incentivo e promoo da pesquisa cientfica;
3. promoo da educao e interpretao ambiental, a recreao em contato com
a natureza e o turismo ecolgico;
4. Promoo do desenvolvimento sustentvel (para as comunidades do entorno
das UC).
Nas atuais diretrizes trazidas pelo Snuc, nota-se nfase na garantia de processos de
envolvimento e participao da sociedade (populaes locais, organizaes no-go-
vernamentais, poderes pblicos municipais e estaduais etc.) na criao, implantao
e gesto de UC.
Estimula-se a busca por parcerias e o incentivo s populaes locais e organi-
zaes privadas na criao, no estabelecimento e na administrao de UC dentro
EDUCAO NO PROCESSO DE GESTO AMBIENTALEM UNIDADES DE CONSERVAO
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INSTITUTO BRASILEIRO DE ANLISES SOCIAIS E ECONMICAS > IBASE14
do sistema nacional. Da mesma forma, estimula-se tambm a participao da
populao (por meio de conselhos) na elaborao e/ou na aprovao do plano de
manejo das unidades.
A soluo de problemas socioambientais ultrapassa a mera discusso sobre uma
gesto eficiente dos recursos naturais. necessrio refletir profundamente sobrea sociedade que estamos desenvolvendo, o nosso papel reproduzindo-a dentro
desse processo, e agir para transformar as desigualdades existentes, na medida do
possvel.
1. Que educao ambiental propomos?
Uma educao emancipatria, isto , que estimule a autonomia das pessoas (Freire,
2003), considerando que:
todo processo educativo antes de tudo um processo de interveno na
realidade vivida em que educador e educando, numa prtica dialgica,constroem o conhecimento sobre ela, objetivando a sua transformao.
(Ibama, 2002)
Cada participante do processo educacional traz para a coletividade suas contribui-
es, tanto a partir de suas vivncias como de seu conhecimento formal (escolar) e
informal (aprendido fora de escolas). Isso pode tornar o processo mais rico, mais
prximo da realidade de todos os envolvidos e, portanto, com maior chance de con-
tinuidade e sucesso a longo prazo.
2. Por que e com quem se realiza tal prtica?
O motivo o ambiente ser indispensvel vida e, assim, como consta em nossa
Constituio, direito de todas as pessoas e um bem comum da sociedade a ser preser-
vado para a atual e as futuras geraes. Considera-se que os segmentos sociais direta
ou indiretamente relacionados s questes do local trabalhado so:
> grupos atuantesou residentes na UC e/ou no seu entorno vivendo problemas
e conflitos relativos a impactos potenciais (riscos) ou efetivos (danos) socio-
ambientais;
> cientistas, tcnicos(as), concessionrios(as) (comerciantes etc.) da UC e
gestores(as).
3. Pode-se dar prioridade a grupos em condies especficas?
Sim, aqueles em situao de vulnerabilidade socioambiental, ou seja:
> em maiordependncia direta dos recursos naturais (industrializados ou no, bem
como de seus rejeitos) para trabalhar e melhorar suas condies de vida no caso
das UC de uso sustentvel;
> excludos do acesso aos bens pblicos; e
> ausentes de participao em processos decisrios de polticas pblicas que inter-
ferem na qualidade do local em que vivem.
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4. Qual o instrumento metodolgico inicial?
Diagnstico da realidade socioambiental vivida por agentes da ao, para a com-
preenso da realidade socioambiental local e seu desvelamento. Com vistas gesto
ambiental participativa, adotamos o pressuposto de que:
[...] a chave do entendimento da problemtica ambiental est no mundo dacultura, ou seja, na esfera da totalidade da vida em sociedade [...]. Afinal,
so as prticas do meio social que determinam a natureza dos problemas
ambientais que afligem a humanidade [...]. neste contexto que surge a
necessidade de se praticar a Gesto Ambiental Pblica.
No processo de transformao do meio ambiente [...] so criados e recriados
modos de relacionamento da sociedade com o meio natural [...] e no seio da
prpria sociedade [...]. (Quintas, 2005)
Alm disso,A gesto ambiental um processo de mediao de interesses e conflitos
entre atores sociais que agem sobre os meios fsico-natural e construdo.
Esse processo de mediao define e redefine, continuamente, o modo como
os diferentes atores sociais, por meio de suas prticas, alteram a qualidade
do meio ambiente e, tambm, como se distribuem os custos e os benefcios
decorrentes da ao desses agentes. (Ibama, 2002)
Portanto, em consonncia com a CGEAM, considera-se que: A sociedade no
o lugar da harmonia, mas, sobretudo, de conflitos e dos confrontos que ocorrem emsuas diferentes esferas (poltica, econmica, das relaes sociais, dos valores etc.)
(Ibama, 2002).
Nesse sentido, fundamental um esforo para se conhecer e sistematizar todos os
aspectos que circundam e interpenetram a realidade onde se quer atuar e, assim,
transform-la.
5. Quais os principais conceitos que sugerimos para o diagnstico socio-
ambiental?
> Potencialidade socioambiental conjunto de atributos de um ecossistema (re-
cursos ambientais) passveis de uso sustentvel por grupos sociais, nos casos de
UC de uso sustentvel e para as de proteo integral, no entorno da UC.
>Problema socioambiental quando h risco e/ou dano socioambiental, podendo
haver diferentes tipos de reao a ele, visando sua soluo (que depende da
identificao de relaes causais) por parte dos atingidos ou de outros agentes
da sociedade civil e/ou do Estado.
> Conflito socioambiental quando h confronto de interesses incompatveis
(implcitos ou explcitos) entre agentes no uso de recursos e na gesto do
ambiente.
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6. O que o diagnstico socioambiental deve identificar ou indicar?
> Potencialidades, problemas e conflitos entre diferentes agentes que usam os
recursos.
> Possvel recomposio de conselhos, quando a representao da diversidade de
sua composio no inclui grupos de interesse e potenciais parceiros, alm degrupos sociambientalmente vulnerveis.
> Pressupostos para um plano de ao bianual (a ser elaborado pelo conselho)
visando a uma gesto participativa, de fato, da UC.
7. Quais os objetivos da educao na gesto participativa em UC?
> Promover tanto as responsabilidades como os direitos sobre o uso dos recursos
naturais (no caso das UC de proteo integral, s se admite o seu uso indireto).
> Fazer revises de planejamento e melhorias na gesto da UC, por meio de aliana
poltica e cientfica com conselho, capaz de responder s necessidades de desen-volvimento sustentvel local, compatveis com as determinaes legais previstas
na Lei do Snuc (em UC de proteo integral).
8. Para que serve o plano de ao do conselho como instrumento edu-
cativo e de gesto participativa?
Para promover a interlocuo entre agentes sociais, com envolvimento direto
ou indireto na conservao e no uso de recursos naturais e culturais (dentro ou no
entorno do parque). O plano de ao ajudar a resolver problemas e conflitos, bem
como poder fomentar potencialidades identificadas no diagnstico socioambiental,visando justia ambiental. 2
Espera-se que, no processo de elaborao do diagnstico, simultaneamente os
grupos-alvo sejam mobilizados e que, a partir de dilogos (por meio de grupos focais,
entrevistas etc.), se firmem alguns consensos ou acordos.
O diagnstico em si deve servir como uma base comum para se definirem ob-
jetivos, prazos e metas, bem como o monitoramento da educao ambiental na UC
como um todo. O coletivo envolvido na gesto deve ser capaz de dar continuidade
ao plano, propondo e gerindo novas aes, por meio da participao e da busca por
novas parcerias no processo.
2Justia ambiental [...] um conceito
aglutinador emobilizador, por
integrar as dimensesambiental, social e tica
da sustentabilidade edo desenvolvimento,
freqentementedissociados nos
discursos e nas prticas[...] mais que uma
expresso do campodo direito, assume-se como campo de
reflexo, mobilizaoe bandeira de luta
de diversos sujeitose entidades, como
sindicatos, associaesde moradores,
grupos afetados pordiversos riscos [...],
ambientalistas ecientistas (declarao
de lanamento da Rede
Brasileira de JustiaAmbiental, setembro
de 2001).
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PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 17
O Programa de Educao Ambiental do PNT foi criado em 1996. Contou com a participa-
o de representantes de rgos pblicos, organizaes no-governamentais e universidades
que colaboraram na sua concepo, bem como das discusses acerca dos temas centrais da
educao ambiental e da relao entre o PNT e a cidade do Rio de Janeiro. Como resultado
desse esforo, foi implantado um Ncleo de Educao Ambiental (NEA/PNT).
O NEA/PNT tem quatro linhas de ao: capacitao, interpretao ambiental, desenvol-
vimento de projetos, desenvolvimento de instrumentos e metodologias para a prtica deeducao ambiental, por meio de um processo integrado. Desde ento, o parque desenvolve
aes de formao, interpretao ambiental, pesquisa e produo de material educativo.3
As aes citadas visam articular e integrar os segmentos internos e externos UC
como: professores(as), estudantes, pesquisadores(as), tcnicos(as), servidores(as),
moradores(as), populao do entorno, agentes de turismo, monitores(as), agentes
comunitrios(as), pessoal terceirizado, entre outros atores sociais, na perspectiva de
contribuir para a construo e ampliao de sua conscincia, visando participao de
cidados e cidads na defesa do meio ambiente e na melhoria da qualidade de vida.
Realizaram-se cursos e oficinas para a equipe de profissionais que atuam no par-que (agentes de fiscalizao, funcionrios de segurana e servios gerais), alm de
seminrios internos de educao ambiental para tcnicos e tcnicas de nvel superior.
Tambm so realizados cursos vinculados a visitas guiadas e estudo de campo, com a
participao de professores(as) de nvel mdio e agentes comunitrios(as).
Os moradores e as moradoras do interior da UC e do entorno so simultaneamente
envolvidos no processo de capacitao, com a realizao de oficinas, nas quais so
discutidas as questes voltadas para a convivncia com a floresta e para os cuidados
com sua conservao.
Destaque-se a parceria com a Secretaria Municipal de Educao, efetuada em 1999,
que possibilitou o envolvimento de alunos(as) e professores(as) dos ensinos mdio
e fundamental em um programa conjunto, desenvolvendo cursos, oficinas e visitas
guiadas, dentro do convnio de gesto compartilhada do PNT/Ibama e a Prefeitura
da cidade do Rio de Janeiro.
A educao ambiental passou a ser considerada parte integrante do processo de cons-
truo da gesto participativa do parque, facilitando sua implementao e envolvendo
diversos segmentos sociais na discusso e atuao em relao s questes ambientais.
A partir do ano de 2005, o projeto gua em Unidade de Conservao, parte do
Programa Petrobras Ambiental, tem em vista a proteo e a valorao dos recursos
hdricos do PNT, enfatizando a conscientizao quanto ao seu uso sustentvel, assim
como a sua gesto participativa.
A EDUCAO AMBIENTAL NA GESTO DO PNT
3 Informaes extradasde anotaes sobreHistrico da EducaoAmbiental no PNT,fornecidas por DeniseAlves, analista ambientale coordenadora geral doNEA/PNT/Ibama.
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INSTITUTO BRASILEIRO DE ANLISES SOCIAIS E ECONMICAS > IBASE18
Esse projeto trabalha, por meio de variadas parcerias institucionais, em quatro
linhas de atuao (L):
> conhecimento e monitoramento da qualidade da gua produzida no parque,
implantando nele um sistema de controle dos principais cursos dgua (L1);
> recuperao florestal para garantir a preservao das nascentes e dos corpos hdricos,realizando medidas de proteo, manejo e recuperao da flora e do solo (L2);
> estruturao de um modelo de gesto financeira a partir dos resultados oriundos
da valorao e uso dos recursos hdricos protegidos pelo parque (L3);
> implementao da educao ambiental na gesto do parque, impulsionando uma
gesto participativa e mais democrtica o foco da L4. Essa linha de ao se sub-
divide em duas: uma trabalha com comunidades e escolas vizinhas rea (L4.1), e
a outra atua no fortalecimento da gesto participativa pela recomposio e capaci-
tao do conselho consultivo da UC, conforme previsto no Snuc (L4.2).
A L4.2 tem como objetivo a reformulao e o fortalecimento do conselho consultivo
do PNT para promoo da gesto integrada da UC e de seus recursos hdricos. Utiliza,
para isso, a educao ambiental como instrumento privilegiado para impulsionar tal
processo, trabalhando, desde ento, numa perspectiva de ampliao da participao.
A abordagem participativa implica admitir que pessoas e grupos envolvidos em aes
coletivas dominam saberes que, mesmo podendo ser diferentes entre si, precisam ser
compreendidos e reconhecidos, para at mesmo serem, eventualmente, transformados
(SOS Mata Atlntica, 2005). Para isso, ouvir e compreender esses saberes um passo
fundamental da ao educativa, a qual entendemos democraticamente.Promovemos, desde a etapa inicial do trabalho da L4.2 do projeto gua em Uni-
dade de Conservao, encontros com grupos de agentes estratgicos importantes,
entre usurios(as), beneficirios(as), contribuintes ou no e funcionrios(as), para
ouvir esses indivduos e apreender a percepo que tm sobre os problemas, conflitos
e questes relacionadas gesto do parque.
O Diagnstico Socioambientaldo Parque Nacional da Tijuca e reas do Entorno foi
produzido na perspectiva citada e serve, hoje, como a ferramenta principal para as
etapas do trabalho que vieram a seguir:
> conduo do processo de candidatura de atores que devero compor o conselho
consultivo;
> implementao do novo conselho;
> construo de plano de ao do conselho;
> capacitao continuada voltada para membros do conselho e atores estrat-
gicos da gesto da UC e acompanhamento de suas aes por um perodo de
um ano.
A prtica participativa de educao ambiental que se adota em todo esse processo no
deve ser entendida como uma lgica acabada com mtodos e resultados predefinidos.
Ela pode e deve permitir a construo e a correo de rumos no prprio caminho,
orientada pela realidade dos grupos envolvidos.
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PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 19
No momento da construo conjunta do plano de ao do conselho, ocorre
tambm a elaborao de um programa de capacitao continuada que possa con-
tribuir tanto no aprofundamento das discusses relacionadas a questes-chave para
a gesto da UC como no fortalecimento de fragilidades que necessitem de reforo
terico-metodolgico.Do programa de capacitao constam atividades como minicursos, palestras e semi-
nrios temticos com convidados(as) especialistas, visitas a outras UC para intercmbio
de experincia na rea de gesto participativa e resoluo de conflitos.
A educao ambiental exerce nesse trabalho de fortalecimento da gesto partici-
pativa papel fundamental: consolidar o conselho como uma instncia democrtica,
apropriada e legtima. Contribui ainda para a integrao dos diversos conhecimentos
e instrumentos da gesto produzidos (plano de manejo, plano de bacia e outros) e
para a melhoria dos processos de tomada de deciso, vinculando o processo edu-
cativo s questes sociais, sejam entendidas em termos ambientais, culturais,polticos ou econmicos.
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PROJETO GUA EM UNIDADE DE CONSERVAO 21
BRASIL. Ministrio do Meio Ambiente. Lei Federal n 9.985/2000. Braslia, 2000.
______. Lei Federal n 9.795/1999. Braslia, 1999.
______. Gesto participativa do Snuc. Braslia: MMA, 2004. (Srie reas Pro-
tegidas do Brasil, v. II).
______. Ministrio da Educao. Formando Com-Vida (Comisso de Meio
Ambiente e Qualidade de Vida na Escola) Construindo Agenda 21 na escola. Braslia:
MEC, 2004.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Petrpolis: Vozes, 2003.
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATU-
RAIS RENOVVEIS. Como o Ibama exerce a educao ambiental Coordenador geral
de educao ambiental. Braslia: Ibama, 2002.
LOUREIRO, C. F. B. Trajetrias e fundamentos da educao ambiental. So
Paulo: Cortez, 2004.
LOUREIRO, C. F. B. et al. Educao ambiental e gesto participativa em unidades
de conservao. 2. ed. Rio de Janeiro: Ibama, 2005.
MONTIBELLER-FILHO, G. O mito do desenvolvimento sustentvel: meio am-
biente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias. Florianpolis:
EDUFSC, 2001.
OLIVEIRA, E. M. Cidadania e educao ambiental: uma proposta de educao
no processo de gesto ambiental. Braslia: Ibama, 2003.
QUINTAS, J. S. Introduo gesto ambiental pblica. Braslia: Ibama, 2005.
SOS MATA ATLNTICA; NCLEO UNIO PR-TIET. Diagnstico e carac-
terizao por percepo de bacias hidrogrficas. So Paulo, 2005.
UNESCO. Carta de Belgrado. Revista Contacto, 1(1):1-10, 1976.
REFERNCIAS
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LEI 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999
Dispe sobre a educao ambiental, institui a Poltica Nacional de Educao
Ambiental e d outras providncias.
Resultado de intenso processo de discusso iniciado em 1993, a Lei 9.795, primeira do
gnero na Amrica Latina, expressa a superao de dvidas comuns quanto aos pressu-
postos da educao ambiental, principalmente quanto aos seus objetivos e finalidades.
Observamos nessa lei uma preocupao com a construo de atitudes e condutas com-patveis com a questo ambiental e a vinculao de processos formais de transmisso
e criao de conhecimentos a prticas sociais, permitindo a educandos e educandas a
aplicao, em seu cotidiano, do que aprendido no ensino formal. H tambm efetiva
preocupao em fazer com que os cursos de formao profissional insiram de modo
transversal conceitos que os levem a padres de atuao profissional minimamente im-
pactantes sobre a natureza e que todas as etapas do ensino formal tenham a educao am-
biental no de modo disciplinar, mas sim adotando uma perspectiva interdisciplinar.
Crticas corretas ao veto do artigo 18, que definia a origem dos recursos financei-
ros para a execuo da Poltica Nacional de Educao Ambiental, bem como a umabaixa amarrao quanto s obrigaes dos diferentes setores sociais (empresrios,
movimentos sociais, governos, escolas etc.), precisam ser consideradas, sem, com isso,
desconsiderar a validade da lei.
O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e
eu sanciono a seguinte Lei:
CAPTULO I
DA EDUCAO AMBIENTAL
Art. 1o Entendem-se por educao ambiental os processos por meio dos quais o
indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2o A educao ambiental um componente essencial e permanente da educao
nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os nveis e modalidades
do processo educativo, em carter formal e no-formal.
Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos tm direito educao
ambiental, incumbindo:
ANEXO
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I - ao Poder Pblico, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituio Federal, definir
polticas pblicas que incorporem a dimenso ambiental, promover a educao
ambiental em todos os nveis de ensino e o engajamento da sociedade na con-
servao, recuperao e melhoria do meio ambiente;
II - s instituies educativas, promover a educao ambiental de maneira integradaaos programas educacionais que desenvolvem;
III - aos rgos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente Sisnama, pro-
mover aes de educao ambiental integradas aos programas de conservao,
recuperao e melhoria do meio ambiente;
IV - aos meios de comunicao de massa, colaborar de maneira ativa e permanente
na disseminao de informaes e prticas educativas sobre meio ambiente e
incorporar a dimenso ambiental em sua programao;
V - s empresas, entidades de classe, instituies pblicas e privadas, promover
programas destinados capacitao dos trabalhadores, visando melhoria e aocontrole efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercusses
do processo produtivo no meio ambiente;
VI - sociedade como um todo, manter ateno permanente formao de valores,
atitudes e habilidades que propiciem a atuao individual e coletiva voltada para
a preveno, a identificao e a soluo de problemas ambientais.
Art. 4o So princpios bsicos da educao ambiental:
I - o enfoque humanista, holstico, democrtico e participativo;
II - a concepo do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdepen-dncia entre o meio natural, o socioeconmico e o cultural, sob o enfoque da
sustentabilidade;
III - o pluralismo de idias e concepes pedaggicas, na perspectiva da inter, multi
e transdisciplinaridade;
IV - a vinculao entre a tica, a educao, o trabalho e as prticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanncia do processo educativo;
VI - a permanente avaliao crtica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questes ambientais locais, regionais, nacionais
e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito pluralidade e diversidade individual
e cultural.
Art. 5o So objetivos fundamentais da educao ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreenso integrada do meio ambiente em suas
mltiplas e complexas relaes, envolvendo aspectos ecolgicos, psicolgicos,
legais, polticos, sociais, econmicos, cientficos, culturais e ticos;
II - a garantia de democratizao das informaes ambientais;
III - o estmulo e o fortalecimento de uma conscincia crtica sobre a problemtica
ambiental e social;
IV - o incentivo participao individual e coletiva, permanente e responsvel, na
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preservao do equilbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade
ambiental como um valor inseparvel do exerccio da cidadania;
V - o estmulo cooperao entre as diversas regies do pas, em nveis micro e
macrorregionais, com vistas construo de uma sociedade ambientalmente
equilibrada, fundada nos princpios da liberdade, igualdade, solidariedade, de-mocracia, justia social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integrao com a cincia e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminao dos povos e solidariedade
como fundamentos para o futuro da humanidade.
CAPTULO II
DA POLTICA NACIONAL DE EDUCAO AMBIENTAL
Seo I
Disposies Gerais
Art. 6o instituda a Poltica Nacional de Educao Ambiental.
Art. 7o A Poltica Nacional de Educao Ambiental envolve em sua esfera de ao,
alm dos rgos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente Sis-
nama, instituies educacionais pblicas e privadas dos sistemas de ensino, os rgos
pblicos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e organizaes
no-governamentais com atuao em educao ambiental.
Art. 8o As atividades vinculadas Poltica Nacional de Educao Ambiental devem
ser desenvolvidas na educao em geral e na educao escolar, por meio das seguintes
linhas de atuao inter-relacionadas:
I - capacitao de recursos humanos;
II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentaes;
III - produo e divulgao de material educativo;
IV - acompanhamento e avaliao.
1o Nas atividades vinculadas Poltica Nacional de Educao Ambiental sero
respeitados os princpios e objetivos fixados por esta Lei.
2o A capacitao de recursos humanos voltar-se- para:
I - a incorporao da dimenso ambiental na formao, especializao e atualizao
dos educadores de todos os nveis e modalidades de ensino;
II - a incorporao da dimenso ambiental na formao, especializao e atualizao
dos profissionais de todas as reas;
III - a preparao de profissionais orientados para as atividades de gesto ambiental;
IV - a formao, especializao e atualizao de profissionais na rea de meio
ambiente;
V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz
respeito problemtica ambiental.
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3o As aes de estudos, pesquisas e experimentaes voltar-se-o para:
I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando incorporao da
dimenso ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes nveis e modali-
dades de ensino;
II - a difuso de conhecimentos, tecnologias e informaes sobre a questo am-biental;
III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando participao
dos interessados na formulao e execuo de pesquisas relacionadas proble-
mtica ambiental;
IV - a busca de alternativas curriculares e metodolgicas de capacitao na rea
ambiental;
V - o apoio a iniciativas e experincias locais e regionais, incluindo a produo de
material educativo;
VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio s aesenumeradas nos incisos I a V.
Seo II
Da Educao Ambiental no Ensino Formal
Art. 9o Entende-se por educao ambiental na educao escolar a desenvolvida no
mbito dos currculos das instituies de ensino pblicas e privadas, englobando:
I - educao bsica:
a) educao infantil;
b) ensino fundamental ec) ensino mdio;
II - educao superior;
III - educao especial;
IV - educao profissional;
V - educao de jovens e adultos.
Art. 10. A educao ambiental ser desenvolvida como uma prtica educativa inte-
grada, contnua e permanente em todos os nveis e modalidades do ensino formal.
1o A educao ambiental no deve ser implantada como disciplina especfica no
currculo de ensino.
2o Nos cursos de ps-graduao, extenso e nas reas voltadas ao aspecto meto-
dolgico da educao ambiental, quando se fizer necessrio, facultada a criao de
disciplina especfica.
3o Nos cursos de formao e especializao tcnico-profissional, em todos os
nveis, deve ser incorporado contedo que trate da tica ambiental das atividades
profissionais a serem desenvolvidas.
Art. 11. A dimenso ambiental deve constar dos currculos de formao de profes-
sores, em todos os nveis e em todas as disciplinas.
Pargrafo nico. Os professores em atividade devem receber formao complementar
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em suas reas de atuao, com o propsito de atender adequadamente ao cumprimento
dos princpios e objetivos da Poltica Nacional de Educao Ambiental.
Art. 12. A autorizao e superviso do funcionamento de instituies de ensino e
de seus cursos, nas redes pblica e privada, observaro o cumprimento do dispostonos arts. 10 e 11 desta Lei.
Seo III
Da Educao Ambiental No-Formal
Art. 13. Entendem-se por educao ambiental no-formal as aes e prticas edu-
cativas voltadas sensibilizao da coletividade sobre as questes ambientais e sua
organizao e participao na defesa da qualidade do meio ambiente.
Pargrafo nico. O Poder Pblico, em nveis federal, estadual e municipal, incentivar:
I - a difuso, por intermdio dos meios de comunicao de massa, em espaosnobres, de programas e campanhas educativas, e de informaes acerca de temas
relacionados ao meio ambiente;
II - a ampla participao da escola, da universidade e de organizaes no-governa-
mentais na formulao e execuo de programas e atividades vinculadas educao
ambiental no-formal;
III - a participao de empresas pblicas e privadas no desenvolvimento de progra-
mas de educao ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizaes
no-governamentais;
IV - a sensibilizao da sociedade para a importncia das unidades de conservao;V - a sensibilizao ambiental das populaes tradicionais ligadas s unidades de
conservao;
VI - a sensibilizao ambiental dos agricultores;
VII - o ecoturismo.
CAPTULO III
DA EXECUO DA POLTICA NACIONAL DE EDUCAO AMBIENTAL
Art. 14. A coordenao da Poltica Nacional de Educao Ambiental ficar a cargo
de um rgo gestor, na forma definida pela regulamentao desta Lei.
Art. 15. So atribuies do rgo gestor:
I - definio de diretrizes para implementao em mbito nacional;
II - articulao, coordenao e superviso de planos, programas e projetos na rea
de educao ambiental, em mbito nacional;
III - participao na negociao de financiamentos a planos, programas e projetos
na rea de educao ambiental.
Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, na esfera de sua compe-
tncia e nas reas de sua jurisdio, definiro diretrizes, normas e critrios para a
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educao ambiental, respeitados os princpios e objetivos da Poltica Nacional de
Educao Ambiental.
Art. 17. A eleio de planos e programas, para fins de alocao de recursos pblicos
vinculados Poltica Nacional de Educao Ambiental, deve ser realizada levando-seem conta os seguintes critrios:
I - conformidade com os princpios, objetivos e diretrizes da Poltica Nacional de
Educao Ambiental;
II - prioridade dos rgos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educao;
III - economicidade, medida pela relao entre a magnitude dos recursos a alocar
e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto.
Pargrafo nico. Na eleio a que se refere o caput deste artigo, devem ser contem-
plados, de forma eqitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regies
do Pas.
Art. 18. (VETADO)
Art. 19. Os programas de assistncia tcnica e financeira relativos a meio ambiente
e educao, em nveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos s aes
de educao ambiental.
CAPTULO IVDISPOSIES FINAIS
Art. 20. O Poder Executivo regulamentar esta Lei no prazo de noventa dias de sua
publicao, ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional
de Educao.
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.
Braslia, 27 de abril de 1999; 178o da Independncia e 111o da Repblica.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
Jos Sarney Filho
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Espaos colegiados e descentralizados de gesto, como conselhos de direitos, soinstncias privilegiadas do exerccio da democracia e da participao. Nesse sentido,o papel do Ibase em aes voltadas para o fortalecimento da gesto participativa emunidades de conservao tem sido criar as condies necessrias que facilitem ainterlocuo entre os diferentes atores envolvidos.
A metodologia proposta pelo Ibase, em consonncia com a Coordenao Geral deEducao Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renovveis (Ibama), para atuao em unidades de conservao, parte dacriao coletiva de um espao sistemtico de conversao, explicitao e negociaode diferentes interesses e da aprendizagem compartilhada, envolvendo variadossaberes e referncias. Por meio de prticas e metodologias participativas, a linha deao busca alternativas tcnicas e polticas capazes de aprimorar prticas sociais efortalecer a gesto democrtica do Parque Nacional da Tijuca.
Este texto parte de um conjunto de cinco apostilas produzidas no mbito do
projeto gua em Unidade de Conservao. Tem o propsito de contribuir para oprocesso educativo que a linha de educao ambiental do referido projetoestabelece com os membros do conselho consultivo do Parque Nacional daTijuca e parceiros estratgicos. Inclui-se nas iniciativas de fortalecimento desseconselho e da gesto participativa do parque.