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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E
AMBIENTAL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE RECURSOS
HÍDRICOS EM ÁREAS URBANAS
Aproveitamento da água da chuva na Região do Alto Vale do Itajaí
Ilói Antunes dos Santos
FLORIANÓPOLIS 2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E
AMBIENTAL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE RECURSOS
HÍDRICOS EM ÁREAS URBANAS
Aproveitamento da água da chuva na Região do Alto Vale do Itajaí
Ilói Antunes dos Santos
MONOGRAFIA SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS.
ORIENTADOR: PROF. MASATO KOBIYAMA, DR.
FLORIANÓPOLIS 2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E
AMBIENTAL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE RECURSOS
HÍDRICOS EM ÁREAS URBANAS
Aproveitamento da água da chuva na Região do Alto Vale do Itajaí
Ilói Antunes dos Santos
ESTA MONOGRAFIA FOI APROVADA PELO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS.
______________________ Cesar Augusto Pompêo Coordenador do Curso
Banca Examinadora
________________________ Masato Kobiyama
________________________ César Augusto Pompêo
________________________ Sérgio Phillipi
Florianópolis, Santa Catarina.
2006
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me fortificado para o cumprimento desta jornada e colocado no meu
caminho pessoas que me auxiliaram em todos os momentos para permitir esta conquista.
A minha esposa Verônica e meus filhos Leiza e Luiz Fernando pela compreensão e
apoio nas horas mais difíceis.
Aos colegas de trabalho pelo apoio.
A EPAGRI pelo apoio com materiais e o patrocínio das análises de água.
Às empresas Metalúrgica Riosulense e Metalciclo pelas informações prestadas e
permitirem a divulgação neste trabalho.
Ao diretor da Escola Básica Frederico Navarro Lins pelo apoio e interesse
demonstrado no trabalho de aproveitamento da água da chuva.
Ao Prefeito Municipal de Rio do Sul, Sr. Milton Hobus por permitir a divulgação
da proposta da Escola Modelo para a captação e aproveitamento da água da chuva.
O Curso de Especialização em Gestão de Recursos Hídricos em Áreas Urbanas,
Pós-Graduação Latu Sensu, foi realizado por intermédio de apoio financeiro concedido
pelo Fundo Setorial de Recursos Hídricos, via CNPq, Edital MCT/CNPq/CT- HIDRO NP
o
P03/2003, tendo sido aprovado pela Câmara de Pós-Graduação da Universidade Federal de
Santa Catarina, segundo a resolução número 025/CPG/2004, de 08 de julho de 2004
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................1
2. OBJETIVOS.......................................................................................................................3
2.1. Objetivo geral..............................................................................................................3
2.2. Objetivos específicos...................................................................................................3
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................4
3.1. Breve história do aproveitamento da água da chuva...................................................4
3.2. Legislação....................................................................................................................5
3.3. Qualidade da água do sistema de aproveitamento.......................................................5
3.4. Taxa de captação do sistema.......................................................................................7
3.5. Custo benefício da utilização do sistema....................................................................7
3.6. Dimensionamento de uma unidade para captação e armazenamento de
água da chuva.............................................................................................................8
4. MATERIAL E MÉTODO.................................................................................................9
4.1. Implantação da residência experimental.....................................................................9
4.2. Medição da chuva e medição do volume armazenado..............................................13
4.3. Monitoramento da qualidade da água.......................................................................14
4.4. Análise custo/benefício.............................................................................................14
4.5. Levantamento dos sistemas de aproveitamento da água da chuva na
região do Alto Vale do Itajaí....................................................................................14
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................15
5.1. Custo/benefício na residência experimental..............................................................15
5.1.1. Dimensionamento do sistema..........................................................................15
5.1.2. Custo do sistema..............................................................................................15
5.1.3. Benefício econômico para a residência experimental.....................................16
5.2. Monitoramento da qualidade da água.......................................................................17
5.3.Taxa de captação........................................................................................................21
5.4. Levantamento dos sistemas de aproveitamento de água da chuva
no Alto Vale do Itajaí...............................................................................................22
5.4.1. Metalúrgica Riosulense...................................................................................22
5.4.2. Metalciclo........................................................................................................24
5.4.3. Escola Básica Frederico Navarro Lins............................................................25
5.4.4. Escola Modelo.................................................................................................26
5.4.5. Lanchonete em Vidal Ramos..........................................................................26
6. CONCLUSÕES...............................................................................................................27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................28
ANEXOS.............................................................................................................................29
RESUMO
O aproveitamento da água da chuva em regiões de déficit hídrico é prática que vem sendo utilizada por diversos povos a mais de 2000 anos. Este tema apesar de ser a muito tempo discutido é extremamente atual em função da grande quantidade de população que não dispõe de água de boa qualidade na quantidade necessária para suprir suas necessidades básicas. O trabalho foi conduzido na Região do Alto Vale do Itajaí, durante o segundo semestre do ano 2005, tendo como objetivos a avaliação da viabilidade econômica dos sistemas de aproveitamento de água da chuva, o monitoramento da qualidade da água da chuva armazenada em cisternas, a verificação da taxa de captação da água precipitada e a execução de um levantamento dos sistemas de aproveitamento da água da chuva na região do Alto Vale do Itajaí. Observou-se que: As instalações de sistemas de aproveitamento de água da chuva apresentaram custo/benefício baixo, o que viabiliza a instalação. A qualidade da água armazenada permite sua utilização mesmo sem nenhum tratamento para fins não potáveis. Empresas, escolas e proprietários de residências no Alto Vale do Itajaí estão despertando para esta importante fonte de água de boa qualidade.
Palavras chaves: aproveitamento da água da chuva, cisternas, qualidade da água da chuva.
ABSTRACT
Rainwater utilization in water-deficit regions is a practice that has been executed by various people for more than 2000 years. Though it has been discussed for a long time, this theme is extremely up-to-date because of the fact that a lot of people do not have enough quantity of good quality water for basic life necessity. Then the objectives of the present study were (1) to analyze the economical viability of rainwater utilization systems; (2) to monitor water quality in rainwater utilization tank; (3) to estimate rainwater collection rate; and (4) to survey types of rainwater utilization systems in Alto Vale do Itajai region. The study was carried out during the 2P
ndP semester in 2005. The cost-benefit analyses showed that this utilization
system is very economic. The water quality in the tank was very good enough to permit to use it without any treatment for non-portable use. The collection rate was 84,7 %. Some Schools, companies and residences in the Alto Vale do Itajaí region have this system. Key-words: rainwater utilization; water tank; rainwater quality
1 – INTRODUÇÃO
Sem água não haveria vida na terra. Embora tão importante, a água está se tornando
um fator limitante para muitas atividades. Dois terços do globo terrestre estão cobertos por
água mas, 97,5% da água existente é salgada e apenas 2,5% da água é doce. Dos 2,5% de
água doce existente no planeta 1,8% é constituído por geleiras, 0,6% por águas
subterrâneas e apenas 0,0145% por rios e lagos. Somente a água dos rios, dos lagos e uma
pequena parte das águas subterrâneas estão disponíveis para o uso humano.
Com o aumento da população mundial, muitos países estão com problemas de
escassez de água até mesmo para o uso doméstico. Segundo JAQUES (2005) a ONU
(Organização das Nações Unidas) considera que o volume de água suficiente para a vida e
exercício das atividades sociais e econômicas é de 2500 mP
3P por habitante por ano. Um
estudo publicado afirma que 1,7 bilhão de pessoas no planeta já enfrentam severa escassez
de água (BIO-18 2001) apud YURI (2004).
Segundo YURI (2004), o Brasil possui uma densa rede hidrográfica que representa
13% dos deflúvios dos rios do mundo, sendo considerado a primeira potência em água
doce do planeta terra. No Brasil, 80% da água disponível encontra-se na Bacia Amazônica
onde vive apenas 5% da população, enquanto que os 20% da água restante abastece 95%
dos brasileiros (ALMEIDA et al. 2003). A região Nordeste do Brasil possui 28,5% da
população e apenas 3,3% da disponibilidade hídrica.
Santa Catarina apresenta uma densa rede hidrográfica, mas periodicamente sofre
estiagens prolongadas causando muitos problemas na produção agrícola e até mesmo crises
de abastecimento de água no meio rural e urbano.
Outro problema sério, principalmente no Oeste de Santa Catarina diz respeito à
poluição dos mananciais. Conforme levantamento de dados realizados pela EPAGRI e
citados por TESTA et al. (1996), 84% dos pequenos mananciais pesquisados no oeste
catarinense apresentavam coliformes fecais.
Segundo PANDOLFO et al. (2002), a precipitação média anual nas diferentes
regiões catarinenses varia de 1100 a 2900 mm. Estes valores indicam uma disponibilidade
hídrica de razoável a excelente em se tratando de aproveitamento da água da chuva.
Na Região do Alto Vale do Itajaí a precipitação média anual é de 1300 a 1500 mm
(PANDOLFO et al., 2002). Este índice pluviométrico pode ser considerado bom, porém o
clima é muito irregular estando sujeito a períodos de grandes estiagens ou períodos de
muitas chuvas que podem causar cheias. As estiagens causam grandes prejuízos
2
econômicos principalmente na produção agrícola. As cheias causam maiores prejuízos nas
áreas urbanas com alagamento de casas de moradia e instalações comerciais. As cidades
mais atingidas pela ocorrência de cheias no Alto Vale do Itajaí são: Rio do Sul, Rio do
Oeste, Taió e Ituporanga.
Quando ocorrem estiagens o volume de água nos principais rios do Alto Vale do
Itajaí (Itajaí do Oeste, Itajaí do Sul e Itajaí Açu) baixa consideravelmente chegando a gerar
conflitos pelo uso da água entre agricultores que necessitam irrigar a cultura do arroz e a
CASAN (Companhia de Águas e Saneamento) que mantêm a concessão para o
abastecimento público.
Considerando-se as duas situações extremas: em alguns períodos do ano ocorrem
cheias, em outros períodos ocorrem estiagens; por que não aproveitar a água da chuva
armazenando-a para utilização em períodos de escassez?
Este trabalho de pesquisa propõe o estudo de parâmetros que podem ajudar a
viabilizar o aproveitamento da água da chuva para fins não potáveis tanto no meio rural
como no meio urbano.
Para o aproveitamento da água da chuva é necessário o estudo da viabilidade
técnica e econômica. Se tecnicamente for viável, mas apresentar um custo-benefício muito
alto, dificilmente alguém estará disposto a investir, porém se o custo benefício for pequeno
a adoção desta prática torna-se viável.
O estudo da qualidade da água armazenada em cisternas permite a definição de
tratamentos necessários para que possa ser utilizada com segurança ou mesmo verificar em
que usos a água pode ser aproveitada sem tratamento.
O estudo da taxa de captação é necessário para se que possa dimensionar
corretamente o tamanho da cisterna em função da área de coleta da chuva e da demanda de
água.
3
2 – OBJETIVOS
2.1 – Objetivo geral
Verificar os sistemas de aproveitamento da água da chuva na região do Alto Vale
do Itajaí com base em uma residência experimental e levantar a situação atual de utilização
destes sistemas na região.
2.2 – Objetivos específicos
*Verificar a viabilidade econômica do sistema de aproveitamento de água da chuva
com uma residência experimental através da análise custo-benefício.
*Monitorar a qualidade da água da chuva no sistema deste experimento.
*Determinar a eficiência de captação da água da chuva.
*Realizar um levantamento de estruturas físicas para aproveitamento da água da
chuva na região do Alto Vale do Itajaí.
4
3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 – Breve história do aproveitamento de água da chuva
Em muitos países do mundo o aproveitamento da água da chuva é questão vital
para a sobrevivência dos habitantes. No Japão foram construídos estádios de Sumô, onde
estruturas especiais permitem o aproveitamento da água da chuva para utilização nos
sanitários. Nos Andes, onde a precipitação é baixa, mas a névoa ocorre com freqüência,
uma rede preta de 3600 mP
2P foi utilizada para coletar água. Esta rede permite coletar 11 mP
3P
de água por dia (GROUP RAINDROPOS, 2002)
No semi-árido do nordeste brasileiro o aproveitamento da água da chuva vem sendo
estimulado por organizações não governamentais e pelas políticas públicas dos governos
locais. O programa Um Milhão de Cisternas que está sendo desenvolvido na região é
reflexo da importância que este tema tem para a população nordestina.
Segundo PIAZZA (1983), no século XVIII, quando foram construídas as fortalezas
em Florianópolis, na Fortaleza de Ratones construiu-se uma cisterna para captar a água dos
telhados. Como não existia outra fonte de água no local, a água armazenada na cisterna era
usada para os mais diversos fins, inclusive para o consumo dos soldados.
Os representantes do Poder Público têm nos dias atuais uma grande
responsabilidade com a gestão dos recursos hídricos, pois em muitos lugares a necessidade
de água é superior à quantidade de água disponível. Cabe a eles a responsabilidade de gerir
os recursos hídricos disponíveis para atender a demanda.
Muitas empresas estão desenvolvendo tecnologias para facilitar o aproveitamento
da água da chuva. Mesmo em locais onde há grande disponibilidade de água verifica-se a
expansão do aproveitamento da água da chuva, seja por fatores econômicos ou pela
conscientização ambiental.
Em muitos países são oferecidos incentivos para a construção de sistemas de
aproveitamento da água da chuva. Na Califórnia (EUA) existe financiamento para os
interessados em instalar sistemas de captação e aproveitamento de água da chuva
(JAQUES, 2005). Em Hamburgo tal incentivo é oferecido gratuitamente, com o objetivo
de conter picos de cheias, irrigação de jardins, descargas em vasos sanitários ou outros
usos que não demandem água potável.
A China construiu nos últimos anos tanques para armazenamento da água da chuva
que fornecem água potável para 15 milhões de pessoas (JAQUES, 2005).
5
A água da chuva mesmo sem tratamento pode ser utilizada na lavação de pisos, nas
descargas dos vasos sanitários, lavação de carros, irrigação de hortas e jardins, nos
processos industriais, no resfriamento de peças, resfriamento de máquinas e telhados.
No Alto Vale do Itajaí algumas residências, escolas e uma empresa de grande porte
instalaram sistemas para o aproveitamento da água da chuva. Em uma residência que faz o
aproveitamento da água da chuva, a utilização é exclusiva para usos não potáveis: lavar
pisos, lavar o carro e irrigação da horta e do jardim. Nas escolas onde o sistema foi
instalado o principal objetivo é despertar nos alunos a consciência da importância da água
para a vida. Nestas escolas a água captada da chuva está sendo utilizada para lavar pisos e
irrigar a horta escolar. Na indústria que instalou o sistema de aproveitamento da água da
chuva, o objetivo principal é a redução de custos e conseguir água suficiente para os
processos industriais. Nesta indústria se toda á área de telhados disponível for utilizada
para a coleta de chuva, poderá ser captado por mês mais de 2000 mP
3P de água.
3.2 – Legislação
Em algumas cidades brasileiras já existe legislação pertinente à captação e
aproveitamento da água da chuva. Em Curitiba, Estado do Paraná, a lei nP
oP 10.785/2003, no
artigo 7P
oP determina que: “A água da chuva será captada na cobertura das edificações e
encaminhada a uma cisterna ou tanque para utilização em atividades que não necessitem o
uso de água tratada proveniente da rede pública de abastecimento tais como: a) rega de
jardins e hortas, b) lavagem de roupas, c) lavagem de veículos, d) lavagem de vidros, pisos,
etc.”. O artigo 10P
oP da referida lei estabelece que: “O não cumprimento das disposições da
presente lei implica na negativa de concessão do alvará de construção para novas
edificações”.
Em São Paulo, (Capital), a lei nP
o P13.276 de 2002 obriga a construção de
reservatórios para as águas coletadas em pisos ou coberturas nos lotes que tenham área
impermeabilizada superiores a 500 mP
2P. A água captada deverá preferencialmente ser
infiltrada no solo ou utilizada para fins não potáveis. Uma hora após a chuva a água poderá
ser direcionada para a rede pluvial.
3.3 – Qualidade da água do sistema de aproveitamento
A despeito destas iniciativas, faltam pesquisas sobre a viabilidade econômica e
sobre a qualidade da água da chuva na região. Mesmo a nível de estudos acadêmicos
6
poucos trabalhos foram realizados para monitorar a qualidade da água da chuva. Na
literatura pesquisada apenas dois trabalhos foram encontrados sobre a qualidade da água da
chuva em Santa Catarina.
Conforme FIGUEIREDO (2001), a água da chuva naturalmente é ácida. O gás
carbônico presente na atmosfera, durante a chuva transforma-se em ácido carbônico, o que
torna a chuva levemente ácida (pH em torno de 5,6). Quando o pH situa-se abaixo de 5,6
considera-se a chuva ácida. A ocorrência de chuva ácida pode ser decorrência de poluição
atmosférica proveniente da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral) em
veículos e indústrias. Outra fonte de poluição atmosférica que pode influenciar a
ocorrência de chuva ácida são os processos de produção nas indústrias de produtos
químicos. Segundo FIGUEIREDO (2001), a chuva ácida pode ter causa natural como a
emissões de gases provenientes de vulcões ou pela queima de biomassa. Segundo o mesmo
autor, os pântanos alagados e os manguezais liberam muitos compostos ácidos para a
atmosfera.
No início da chuva a água que escorre sobre o telhado leva junto a poeira e todas as
impurezas acumuladas. A água que lava o telhado normalmente apresenta qualidade
inferior, principalmente em parâmetros como turbidez e coliformes. Alguns minutos após o
início da chuva a água já apresenta qualidade semelhante à água destilada (JAQUES,
2005).
Estudos realizados por DE MELLO LISBOA et al (1992) mostram alguns dados
sobre a qualidade da água da chuva em Florianópolis. Os autores analisaram 23 amostras
no período de maio de 1991 a janeiro de 1992. Das 23 amostras, 56,52% apresentaram pH
normais e 43,48% foram enquadradas como chuvas ácidas. JAQUES (2005) realizou
análises de água coletada diretamente da chuva sem passar pelo telhado, coletada após
passar por telhado de cerâmica, coletada após passar por telhado de cimento amianto e
coletada de cisterna após passar por telhado de zinco. Os resultados demonstraram que:
quanto ao pH: em mais de 70% das amostras coletadas sem passar pelo telhado o pH ficou
abaixo de 6, o que indica chuva ácida. Quando a água da chuva passou pelo telhado de
cimento amianto o pH ficou em 7,35. No telhado de cerâmica o pH ficou em 6,49 e quando
a água passou pelo telhado de zinco e que foi coletada na cisterna o pH ficou em 5,13.
Estes resultados indicam que nos telhados, existem substâncias que elevam o pH. Nas
análises de água coletada diretamente da chuva sem passar pelo telhado não se constatou a
presença de coliformes. De um modo geral apenas os valores de cor, turbidez, e coliformes
7
fecais encontravam-se ligeiramente acima dos valores estabelecidos pela portaria do MS
518/04.
3.4 – Taxa de captação no sistema
Sobre a taxa de captação de água da chuva em telhados AZEVEDO NETO (1991)
recomenda para fins de dimensionamento considerar 50%. O GROUP RAINDROPS
(2002) recomenda para a mesma finalidade considerar a taxa de coleta de água da chuva
dos telhados como 70%. Embora a taxa de captação seja um elemento muito importante no
dimensionamento de cisternas, os valores acima mencionados foram apresentados sem
experimentos científicos. Portanto, precisa ser estudado.
3.5. Custo benefício da utilização do sistema
A análise do custo/benefício de um sistema de captação e aproveitamento da água
da chuva é muito importante para verificar a sua viabilidade econômica. YURI (2004)
projetou e avaliou a viabilidade econômica para captação e aproveitamento da água da
chuva para utilização no Centro Tecnológico da UFSC em Florianópolis – SC e, para
propriedades rurais na Região Oeste Catarinense. No caso do projeto para o Centro
Tecnológico da UFSC, a água seria utilizada em bacias sanitárias e em outros usos que não
necessitam de água potável. Para implantar este sistema o custo seria alto e a economia
com o aproveitamento da água da chuva levaria 14 anos para pagar o custo do
investimento inicial. No caso das propriedades rurais no Oeste de Santa Catarina a situação
foi diferente. A água seria usada para dessedentação de animais (aves e suínos), onde
muitas vezes durante uma estiagem a falta de água pode causar a morte de grande número
de animais. No projeto para a implantação de sistema de captação e aproveitamento de
água da chuva em uma granja de suínos o custo estimado foi de R$8.900,00 para o
aproveitamento de 2500 litros de água da chuva por dia. Utilizando-se o preço médio do
mP
3P de água tratada no Brasil em torno de R$1,26 e o aproveitamento de 2,5 mP
3P por dia, a
economia em ano seria de R$1.134,00 o que significa que em 7,8 anos pagaria o
investimento inicial. Nos outros projetos para propriedades rurais avaliados por YURI
(2004), o tempo variou de 4,6 a 7 anos para a economia com a água pagar o investimento
inicial.
No Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC, muitos trabalhos de
conclusão de cursos foram elaborados com este tema e todos apresentaram uma relação
8
custo/benefício viável para a construção de sistemas de captação e aproveitamento da água
da chuva.
3.6. Dimensionamento de uma unidade para captação e armazenamento de água da
chuva
No dimensionamento de sistemas de captação e armazenamento de água da chuva
são utilizados três parâmetros básicos para que se possa otimizar as instalações:
Área de captação disponível
Consumo diário
Volume do reservatório
Área de captação: Mede-se a área de captação disponível, seja ela de telhados, de
terraços ou pisos. Com a área de captação disponível e a média mensal de chuvas do local
é possível estimar o volume de água á armazenar. Com base no consumo diário por pessoa
ou por atividade que consome água do reservatório estima-se o volume por dia a ser
utilizado.
Consumo diário: Estima-se o consumo diário com base em tabelas ou com base na
demanda média do local. O quadro 3.6.1 mostra o consumo de água por pessoa
Quadro 3.6.1: Consumo de água por pessoa
Prédio (ocupantes permanentes)
Unidade Consumo de água (L/D)
Consumo na descarga (L/D)
Residência alto padrão Pessoa 160 60 Residência padrão médio Pessoa 130 50 Residência padrão baixo Pessoa 100 40 Hotel Pessoa 100 30 Alojamento provisório Pessoa 80 30
Kobyiama (2005)
Volume do reservatório: Para dimensionar o volume do reservatório há a
necessidade de um estudo estatístico de séries históricas do clima da região considerando
principalmente os períodos de seca, a média mensal de chuvas e a necessidade de água
para o consumo.
9
4 – MATERIAL E MÉTODO
4.1 – Implantação da residência experimental
Neste estudo utilizou-se uma residência que possui um sistema para coleta e
aproveitamento da água da chuva desde 1999.
A residência experimental está localizada no perímetro urbano de Rio do Sul, nas
coordenadas geográficas: 27P
oP14´17´´de latitude Sul, 49P
oP38´56´´ de Longitude Oeste e 381
metros de altitude. O clima predominante é o mesotérmico úmido, com verões quentes. A
temperatura média anual é de 18,5P
oPC. A precipitação média mensal é de 119 mm com total
anual de 1427,6mm. O quadro ( 8 ) na página 33 mostra a pluviometria da cidade de Rio
do Sul, com dados de 1941 a 2004.
A residência em estudo apresenta uma área de 266,0 mP
2P de telhado de cerâmica. A
água da chuva é coletada e conduzida através de calhas de alumínio e tubos de PVC até a
caixa de filtragem. A caixa de filtragem tem área de 2 mP
2P e 60 cm de profundidade. No
fundo da caixa de filtragem foi disposto um tubo de PVC de 100 mm de diâmetro, todo
perfurado e revestido com uma tela de nylon. O tubo de PVC tem uma conexão para a
cisterna. Acima do tubo perfurado colocou-se uma camada de 30 cm de brita número 1. A
água da chuva coletada do telhado é conduzida diretamente para a caixa de filtragem onde
ficam as folhas e ramos, e apenas a água passa para a cisterna. A cisterna é subterrânea,
construída em concreto e possui capacidade para armazenar 9,6 mP
3P de água. O sistema foi
projetado de tal maneira que quando a cisterna está cheia o excesso de água sai por um
tubo de PVC localizado na caixa de filtragem, levando também as folhas e ramos
acumulados sobre a camada de brita. O excesso de água escoa para a rede pluvial
A água armazenada na cisterna é utilizada apenas para lavar pisos (302 mP
2P) e o
carro, irrigar o jardim (150 mP
2P), a horta e o pomar nos períodos de estiagem. Para evitar
adaptações nas instalações hidráulicas o proprietário optou em não utilizar a água da chuva
para descarga nos banheiros.
Na cisterna foi instalada uma moto bomba submersa e uma mangueira flexível de
30 metros de comprimento, que possibilita a utilização da água em qualquer ponto da
residência.
No local foi instalado um pluviômetro para medir as precipitações durante o
período de estudo (setembro a novembro de 2005).
A cisterna possui área de 8 mP
2P (4 m X 2 m) e 1,2m de profundidade. O piso foi
construído com inclinação para facilitar a limpeza e permitir o melhor aproveitamento da
10
água armazenada. No local onde se instalou a moto bomba o piso foi rebaixado para que
toda a água da cisterna possa escoar para o ponto de bombeamento.
.
Figura 4.1.1. Vista geral da cisterna
Figura 4.1.2. Vista geral da caixa de filtragem com brita
11
Na cobertura da cisterna foi instalada uma régua que permite verificar o nível da
água armazenada. Como a área da cisterna é de 8 mP
2P para cada centímetro de alteração no
nível equivale a 80 litros de água. A figura 4.1.3 mostra detalhes da construção da cisterna.
entrada de água
tubulação perfurada
2,0 m
0,5 m
4,0 m
motobomba
brita
1,2 m 1,5 m
Vista em corte da cisterna
tub. saída para rede pluvial
Figura 4.1.3. Planta baixa da cisterna e vista em corte
12
A figura 4.1.4 mostra a situação da cisterna em relação a casa e as áreas do telhado onde
faz-se a captação da água da chuva.
Cisterna
Filtro
Área 1
Área 5
Área 2 Área 3
Área 4
Área 6
Área 7
Figura 4.1.4. Croqui da residência experimental, mostrando a cisterna e as áreas de
telhado com captação da água da chuva
13
4.2 – Medição da chuva e medição do volume armazenado
Durante o período do estudo foram registradas todas as alturas das chuvas
ocorridas. A leitura do pluviômetro (fig. 4.2.1) foi realizada todos os dias no mesmo
horário (7:00 horas da manhã). O mesmo procedimento foi adotado em relação ao volume
de água armazenado na cisterna. Em todos os dias em que houve consumo de água da
cisterna efetuou-se a medição do volume armazenado. Desta forma foi possível
dimensionar o consumo de água, bem como verificar o volume armazenado após cada
ocorrência de chuva. No período em estudo (setembro a novembro de 2005), as
precipitações foram acima da média, o que dificultou o alcance do objetivo proposto de
avaliar a taxa de captação. Como a cisterna estava quase sempre cheia, quando ocorria
chuva a água logo enchia a cisterna e transbordava, não sendo possível avaliar o percentual
da chuva ocorrida que realmente era captada. Apenas em três oportunidades de ocorrência
de chuvas foi possível avaliar a taxa de captação com segurança, pois havia espaço para
armazenar toda a água captada nos telhados e a cisterna não transbordou.
Com os dados de precipitação e volume armazenado foi possível calcular a taxa de
captação.
Figura 4.2.1. Pluviômetro instalado no local, acima do telhado
14
4.3 – Monitoramento da qualidade da água
Foram efetuadas as seguintes análises de água: a) coletada diretamente da chuva
sem passar pelo telhado; b) coletada da cisterna logo após a chuva quando ocorreu
renovação da água armazenada; c) coletada da cisterna duas vezes por semana (segunda-
feira e quinta-feira) após a renovação durante três semanas para verificar possíveis
alterações da qualidade da água durante o armazenamento.
As análises laboratoriais foram realizadas no Laboratório de Águas da Estação
Experimental da EPAGRI do município de Ituporanga. Os parâmetros analisados foram:
pH, turbidez, nitrato, ferro, alcalinidade, dureza, amônia, sólidos totais, coliformes totais e
coliformes fecais.
4.4 – Análise custo-benefício
Foram levantados todos os custos para a implantação do sistema de coleta e
armazenamento da água da chuva na residência experimental com base em valores atuais.
Foi avaliado o consumo atual e o consumo anterior à instalação do sistema de
aproveitamento da água da chuva. Com estes dados foi possível avaliar o custo-benefício
do sistema e em quanto tempo a economia pagará o custo da instalação.
4.5 – Levantamento dos sistemas de aproveitamento da água da chuva na região do Alto Vale do Itajaí
Neste estudo efetuou-se um levantamento de casos em que escolas, indústrias, ou
residências utilizam sistemas de aproveitamento de água da chuva na região do Alto Vale
do Itajaí. Este estudo foi realizado com base em visitas e entrevistas com as pessoas
responsáveis pelos sistemas de aproveitamento de água da chuva naqueles locais.
15
5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 – Custo/benefício na residência experimental
5.1.1 – Dimensionamento do sistema
Na residência experimental, segundo informações do proprietário, antes da
instalação do sistema de coleta e aproveitamento da água da chuva, o consumo médio
mensal de água era de 22mP
3P, sendo que aproximadamente 50% deste consumo destinava-
se para usos que não demandam água potável. Partindo deste pressuposto, o
dimensionamento seria calculado da seguinte forma:
Consumo mensal: 12000 litros (= 400 litros por dia)
Com base no estudo estatístico da série histórica do clima de Rio do Sul, com dados
de 1941 a 2004, verifica-se que a média mensal histórica é de 119 milímetros por mês. Os
períodos de estiagem são comuns sendo que 25 dias seguidos sem ocorrência de chuvas
são esperados num período de retorno de 5 anos. Na série histórica analisada o maior
período sem ocorrência de chuvas foi de 44 dias e ocorreu em 1951. Considerando o
dimensionamento de um reservatório que suporte o consumo de água durante 25 dias sem
ocorrência de chuvas obtêm-se o seguinte cálculo:
25 X 400 (l/d) = 10.000 litros
O volume mínimo do reservatório será de 10.000 litros.
A área de coleta necessária é calculada pela seguinte equação:
A= V /MM*TC (01) sendo:
A = Área de coleta (em mP
2P)
V= Volume (em litros)
MM= Média mensal de precipitação (em mm)
TC= Taxa de captação (adimensional)
A = 10.000/(119*0,70)
A = 120 mP
2
Como na residência experimental a área de coleta é de 266mP
2P supera a área mínima
necessária. Com 266mP
2P seria possível atender uma demanda de 22.000 litros por mês.
5.1.2 – Custo do sistema
O sistema de coleta e aproveitamento da água da chuva foi construído em março de
1999 .Compõe-se de uma cisterna de concreto com tampa de pedra ardósia construída ao
16
lado da residência, e sistema de coleta que capta a água junto aos tubos de descida do
telhado.
Como o sistema de coleta e aproveitamento de água da chuva está instalado há mais
de 7 anos, o custo de instalação foi considerado com base em valores atuais conforme
mostra o quadro 5.1.2
Quadro 5.1.2: Custo do sistema de aproveitamento da água da chuva
Discriminação Unidade Quantidade C. unitário (R$)
C. total (R$)
Mão de obra escavação d/h 2 40,00 80,00
Mão de obra pedreiro d/h 3 80,00 240,00
Mão de obra servente de pedreiro d/h 3 40,00 120,00
Concreto usinado mP
3P 3 210,00 630,00
Tubos e conexões 300,00
Pedra ardósia mP
2P 10 10,00 100,00
Moto bomba submersa instalada un 1 300,00 300,00
Total 1770,00
Conforme mostra o quadro 5.1.2 o custo total para instalação do sistema seria de
R$1.770,00.
5.1.3 – Benefício econômico para a residência experimental
Conforme já citado o consumo médio mensal de água na residência experimental
antes da instalação do sistema de coleta e aproveitamento da água da chuva era de 22 mP
3P.
Após a instalação do sistema o consumo mensal de água da rede de abastecimento público
caiu para 10 mP
3P como mostra o quadro 5.1.3.
Quadro 5.1.3 Consumo de água da rede pública no período de outubro de 2005 a
março de 2006
Mês 10/2005 11/2005 12/2005 01/2006 02/2006 03/2006
Consumo (mP
3P) 9 10 8 8 8 10
Quando o consumo é menor que 10 mP
3P o valor da taxa de água a ser paga para a CASAN
equivale ao custo do consumo de 10 mP
3P por isto neste trabalho será considerado que a
economia em valores econômicos refere-se ao volume de água que seria consumido acima
17
de 10 mP
3P. Quando o consumo de água situa-se entre 11P
P e 25 mP
3P por mês, o custo do mP
3P de
água é de R$3,36. Considerando uma economia de 12 mP
3P por mês, a R$3,36 por mP
3P tem-se
uma economia por mês de R$ 40,32. Dividindo-se o custo da instalação do sistema pela
economia gerada, verifica-se que em apenas 44 meses o custo total do sistema foi
amortizado.
5.2 – Monitoramento da qualidade da água
Durante o período de estudo foram efetuadas 8 análises de água coletada na
cisterna. Um dos objetivos específicos do trabalho era avaliar a qualidade da água durante
o período de armazenamento. Este objetivo não foi plenamente alcançado em função da
ocorrência contínua de chuva durante o período de estudo. Pretendia-se avaliar a qualidade
da água armazenada sem renovação por um período de pelo menos 25 dias, mas durante a
avaliação o maior período sem chuvas foi de 4 dias. O quadro 5.2.2 mostra as datas das
análises, os parâmetros avaliados e os resultados. Como podem ser observados, todos os
valores obtidos, com exceção dos coliformes totais e coliformes fecais, encontram-se
dentro dos padrões mínimos exigidos pela portaria 518 do Ministério da Saúde, para água
potável. Os altos valores obtidos de coliformes totais e coliformes totais provavelmente são
devidos a presença de pássaros nos telhados onde efetuou-se a coleta da água.
Os resultados obtidos sugerem que a água armazenada pode ser utilizada para fins
não potáveis a que se destina na propriedade experimental.
Na residência experimental também foram analisadas duas amostras de água coletadas
diretamente da chuva, sem passar pelo telhado. O quadro 5.2.1 apresenta os resultados
obtidos destas análises. Como é possível observar, todos os parâmetros avaliados
encontram-se dentro dos padrões exigidos pela portaria 518 do Ministério da Saúde. Os
valores de pH em pouco acima de 7,0 indicam que a água não é ácida o que sugerir a
ausência de poluição atmosférica no local.
18
Quadro 5.2.1 Resultados obtidos nas amostragens da água coletada diretamente da
chuva na residência experimental
Data da análise Parâmetro analisado
12/09/05 06/10/05
pH 7,43 7,21
Turbidez 0 0
Nitrato 0,03 0,0
Ferro 0,02 0,0
Alcalinidade 20 16
Dureza 0 0
Amônia 0,19 0,98
Sólidos solúveis totais 36 28
Coliformes totais 0 0
Coliformes fecais 0 0
19
Quadro 5.2.2 Resultados obtidos nas amostragens da água coletada da cisterna na residência experimental
Data da análise Parâmetro analisado 12/09/05 19/09/05 22/09/05 26/09/05 29/09/05 03/10/05 06/10/05 24/10/05
V. Médios
pH 7,44 7,08 7,67 7,47 7,44 7,58 7,28 7,86 7,48 Turbidez 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Nitrato 0,2 0,19 0,29 0,26 0,17 0,17 0 0,14 0,177 Ferro 0,03 0,03 0,18 0,02 0,01 0,05 0,02 0,19 0,066 Alcalinidade 40 18 21 30 24 26 32 18 26,12 Dureza 0 0 8 0 16 0 4 0 3,5 Amônia 0,05 0,79 0,47 0,06 0,14 0,04 0,35 0,01 0,23 Sólidos solúveis totais 45 17 68 29 16 17 20 21 29,12 Coliformes totais 2419 10120 3790 3370 8160 10900 10240 10120 7390 Coliformes fecais 410 2640 880 310 520 2530 3220 3440 1744
20
Quadro 5.2.3: Padrões de potabilidade da água
Parâmetro Unidade Valor máximo Permitido
Alumínio mg/L 0,2
Amônia (como NHB3B) mg/L 1,5
Cloreto mg/L 250
Coliformes fecais NMP Ausência em 100 ml
Coliformes totais NMP Ausência em 100 ml
Cor aparente mg PtCo/L 15
Dureza mg/L CaCOB3B 500
Etilbenzeno mg/L 0,2
Ferro mg/L 0,3
Manganês mg/L 0,1
Monoclobenzeno mg/L 0,12
Odor - Não objetável
Gosto - Não objetável
pH - 6,0 a 9,5
Sódio mg/L 200
Sólidos dissolvidos totais mg/L 1000
Sulfato mg/L 250
Sulfeto de Hidrogênio mg/L 0,05
Surfactantes mg/L 0,5
Tolueno mg/L 0,17
Turbidez UT 5
Xileno mg/L 0,3
Zinco mg/L 5
Fonte: Ministério da Saúde – Portaria 518 de 2004
21
5.3 – Taxa de captação
Para calcular a taxa de captação são necessários dados de precipitação, área de
captação e volume de água efetivamente coletada.
Os dados de precipitação foram obtidos pela medição das precipitações no período
de estudo (setembro a novembro de 2005). A área de captação foi obtida pela medição da
área total do telhado que possuía sistema de coleta (calhas). O volume efetivamente
armazenado foi obtido pela diferença de volume da cisterna antes e após a ocorrência da
chuva. Como a cisterna apresenta forma retangular com 8,0mP
2P, para cada centímetro de
aumento do nível, equivale a 80 litros de água armazenada.
Como no período de estudo em apenas três ocasiões houve possibilidade de coleta
de toda a precipitação sem o transbordamento da cisterna, os resultados (quadro 5.3.3)
obtidos não são conclusivos.
Quadro 5.3.1: Precipitações, Volume de água precipitada na área de coleta, volume
de água efetivamente coletada e taxa de captação.
Data Precipitação (mm)
V. de água na área de coleta (L)
Volume de água coletada (L)
Taxa de captação (%)
11/09/2005 2,4 638,4 560 87,7
08/10/2005 3,5 931 800 85,9
05/11/2005 4,1 1090,6 880 80,7
Valor médio 84,7
22
Figura 5.3. Vista do interior da cisterna na residência experimental
5.4 – Levantamento dos sistemas de aproveitamento de água da chuva no Alto Vale
do Itajaí.
5.4.1 – Metalúrgica Riosulense
A Empresa Metalúrgica Riosulense, com sede no bairro Barra do Trombudo no
município de Rio Sul – SC, atua na fabricação de peças automotivas. É uma empresa com
mais de 1.000 funcionários e apresenta um consumo de água mensal de 1425 mP
3 P. Parte da
água consumida é captada de nascentes e pequenos riachos localizados nas terras de
propriedade da empresa. Outra fonte de suprimento da água utilizada é a captação de água
da chuva que cai nos telhados dos galpões da empresa. No pátio central foi construído um
reservatório com capacidade para armazenar 1.000 mP
3P. A água da chuva é captada nos
telhados dos galpões da indústria em uma área de aproximadamente 10.000 mP
2P. Ao lado do
reservatório está localizada a estação de tratamento de água com capacidade para tratar 60
mP
3P por dia. Quando o reservatório existente está cheio, permite suprimento de água para
todo o consumo da empresa por um período de 15 dias mesmo sem ocorrência de chuva.
Como a empresa possui várias lagoas com água armazenada oriunda de riachos e
nascentes, em anos de precipitações normais o suprimento de água está garantido. Em anos
de precipitações abaixo da média como ocorreu em 2004 existe o risco de falta de água
para os processos industriais.
Para minimizar os riscos a Metalúrgica Riosulense está elaborando projetos para a
construção de mais dois reservatórios para armazenar a água da chuva. Um reservatório
com capacidade para armazenar 700 mP
3P será construído para armazenar a água que será
coletada dos telhados de um galpão de 6.000 mP
2P. O outro reservatório terá capacidade para
armazenar 300 mP
3P e armazenará a água coletada de dois galpões com área de 3.000 mP
2P.
Com estes projetos a empresa terá capacidade para armazenar 2.000 mP
3P de água,
quantidade suficiente para abastecer todo o consumo de um mês mesmo sem a ocorrência
de chuvas no período.
A Metalúrgica Riosulense está desenvolvendo um projeto de recuperação vegetal
nas áreas de terra situadas a montante da indústria. Todos os terrenos rurais situados acima
da empresa foram adquiridos para garantir a preservação e recuperação da flora e fauna.
Com este trabalho a empresa espera conseguir a melhoria e manutenção dos mananciais
existentes no local.
23
Figura 5.4.1.1. Vista geral da Metalúrgica Riosulense
Figura 5.4.1.2. Vista da cisterna da Metalúrgica Riosulense (1000mP
3P)
24
5.4.2 – Metalciclo
A empresa Metalciclo, com sede no bairro Bela Aliança no município de Rio do
Sul – SC, produz pedais e selins para bicicletas. É uma empresa que utiliza alta tecnologia
e está entre as mais modernas do setor a nível mundial.
Nesta indústria o consumo de água mensal é de 1.000 mP
3P. No ano de 2005 foi
iniciado o processo para aproveitamento da água da chuva. Foi construída inicialmente
uma cisterna com capacidade para armazenar 112 mP
3P. A água para abastecimento da
cisterna é coletada dos telhados de um galpão de 3000 mP
2.P. A empresa está ampliando as
instalações com mais três galpões de 3000 mP
2P cada. No projeto de ampliação está prevista
a construção de sistemas de aproveitamento da água da chuva para captar toda a água dos
telhados dos novos galpões. Desta forma a Metalciclo poderá conseguir captar dos telhados
toda a água que utiliza na empresa.
.
Figura 5.4.2.1. Vista geral da Empresa Metalciclo
25
5.4.3 – Escola Básica Frederico Navarro Lins
A Escola Básica Estadual, Frederico Navarro Lins, está localizada no bairro Barra
do Trombudo, município de Rio do Sul – SC. Nesta escola está em implantação um
sistema de aproveitamento da água da chuva. A água é captada dos telhados do ginásio de
esportes (800 mP
2P), passa por uma caixa de brita para filtrar as folhas e ramos e é
armazenada em uma cisterna com capacidade para 40.000.
A água da chuva será utilizada na lavação de pisos da escola, irrigação da “horta
ecológica” e irrigação do viveiro de mudas nativas. Nesta escola o objetivo principal da
instalação do sistema de aproveitamento da água da chuva é conscientização ambiental dos
alunos. No local será instalado um pluviômetro que permitirá determinar após a chuva a
quantidade de água que foi armazenada na cisterna. Desta forma o professor poderá
mostrar na prática para os alunos a importância do sistema de aproveitamento da água da
chuva.
Figura 5.4.1.2. Vista geral da Escola Frederico Navarro Lins
26
5.4.4 – Escola Modelo
A Prefeitura Municipal de Rio do Sul, através da Secretaria Municipal da Educação
estará implantando no ano de 2006 um sistema de aproveitamento da água da chuva na
escola Modelo, situada no bairro Barragem. Após a instalação deste sistema experimental e
do desenvolvimento de um projeto pedagógico adequado, a Prefeitura Municipal de Rio do
Sul, poderá instalar o mesmo projeto em todas as escolas municipais.
5.4.5 – Lanchonete em Vidal Ramos
No Município de Vidal Ramos o proprietário de uma lanchonete instalou um
sistema de aproveitamento da água da chuva com o objetivo de economizar no consumo de
água no estabelecimento. A água é captada dos telhados da lanchonete (167 mP
2P) e
armazenada em uma cisterna com capacidade para 24 mP
3P. A água é utilizada sem nenhum
tratamento para lavação de pisos, limpeza em geral e lavação de roupas. Segundo o
proprietário a economia no consumo de água tratada é muito significativa. Com a
instalação do sistema de aproveitamento de água da chuva houve também mudança de
comportamento das pessoas da família do proprietário e funcionários em relação ao
consumo de água, todos começaram a se preocupar com o desperdício o que resultou numa
grande economia de água.
27
6 – CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos com o presente trabalho pode-se concluir que o
aproveitamento da água da chuva é economicamente viável e ecologicamente
recomendável.
A relação custo/benefício na implantação de sistemas de aproveitamento da água
chuva é baixa, o que permite em pouco tempo de uso amortizar o custo do investimento
com a economia gerada pelo não pagamento da água consumida.
A água da chuva captada e armazenada na cisterna apresentou qualidade
compatível para fins que não exigem potabilidade.
A taxa de captação de água da chuva na residência experimental foi maior do que
80%.
Dirigentes de algumas empresas estão percebendo a importância do aproveitamento
da água da chuva como economia de divisas, como fonte para suprir a escassez da água em
períodos de estiagem e como atitude ecologicamente correta.
Diretores de algumas escolas estão sensibilizados para a importância do
aproveitamento da água da chuva como forma de trabalhar a conscientização ambiental
com os alunos.
Há necessidade de mais estudos sobre a taxa de captação de água da chuva.
28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brejo Paraibano. IV Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de água de chuva,
2003. Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de chuva (ABCMAC),
CD ROM
AZEVEDO NETO, J.M., Aproveitamento de Águas de chuva para Abastecimento, BIO
Ano III, No. 2, p 44-48, ABES, Rio de Janeiro, 1991.
DE MELLO LISBOA, H; COSTA, R. H. R.; WALTORT, L. M. B.; 1992: Análise da
qualidade das águas da chuva no campus Universitário da UFSC no período de
maio de 1991 a janeiro de 1992. Florianópolis, UFSC.
GROUP RAINDROPS. Aproveitamento de Água de Chuva. Curitiba, 2002
JAQUES. R. C.; Qualidade da água da chuva no município de Florianópolis e sua
potencialidade para aproveitamento em edificações. Dissertação de Mestrado do
Curso de Pós-graduação em Engenharia Ambiental. UFSC, Florianópolis, 2005.
KOBIYAMA, M. Águas de chuva no meio urbano. Florianópolis: UFSC, 2005.
PANDOLFO, C.; BRAGA, H. J.; SILVA JÚNIOR, V. P.; MASSIGNAN, A. M.;
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PIAZZA, W. F. (1983) – Santa Catarina: Sua História. Florianópolis. Lunardelli.
TESTA, V. N.; NADAL, R.; MIOR, L. C.; BALDISSERA, I. T.; CORTINA, N. (1996) O
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YURI. V. O.; Uso do balanço hídrico seriado para o dimensionamento de estrutura de
armazenamento de águas das chuvas: estudos de casos. Dissertação de Mestrado do
Curso de Pós-graduação em Engenharia Ambiental. UFSC, Florianópolis, 2004.
30
Controle da chuva e nível da cisterna
Setembro de 2005
Nível da cisterna (cm) Dia Chuva (mm) Nível inicial Nível final
Consumo (cm)
1 34,2 120 120 2 8,5 120 120 6 3 120 113 7 4 15 113 120 5 41,2 120 120 6 120 120 7 120 120 8 120 120 9 120 112 8 10 0,4 112 107 5 11 2,4 107 114 12 22,4 114 120 13 16,3 120 120 14 5,1 120 120 15 15,2 120 120 16 0,6 120 120 17 2,8 120 115 13 18 1,2 115 118 19 26,7 118 120 20 120 120 21 0,4 120 120 22 120 120 23 3,3 120 120 24 0,5 120 109 12 25 30 109 120 26 120 120 27 120 120 28 120 120 29 5,2 120 120 30 1,5 120 120
Total do mês 232,9
31
Controle da chuva e nível da cisterna
Outubro de 2005
Nível da cisterna (cm) Dia Chuva (mm) Nível inicial Nível final
Consumo (cm)
1 9,7 120 120 15 2 1,7 120 120 3 120 120 4 120 120 5 39 120 120 6 1,9 120 120 7 0,4 120 105 16 8 3,5 105 115 9 10,4 115 120 10 120 120 11 120 120 12 13,6 120 120 13 120 120 14 120 115 5 15 6,6 115 120 12 16 4,5 120 120 17 25,3 120 120 18 0,6 120 120 19 120 120 20 120 120 21 120 114 6 22 1,5 114 109 9 23 109 109 24 109 109 25 109 109 26 109 109 27 109 109 28 38,3 109 120 8 29 24,7 120 120 8 30 0,4 120 120 31 22 120 120 204,1
Total do mês 204,1
32
Controle da chuva e nível da cisterna
Novembro de 2005
Nível da cisterna (cm) Dia Chuva (mm) Nível inicial Nível final
Consumo (cm)
1 120 120 2 120 120 3 120 120 4 120 120 5 4,1 120 119 12 6 0,6 119 120 7 37,8 120 120 8 120 120 9 120 120 10 2 120 120 11 0,8 120 120 12 120 110 10 13 110 110 14 110 110 15 2,2 110 116 16 4,9 116 120 17 1,4 120 120 18 2,3 120 120 6 19 120 110 10 20 3,7 110 120 21 120 120 22 120 120 23 120 120 24 120 114 6 25 10,3 114 120 6 26 120 120 27 120 120 28 120 120 29 120 120 30 120 120
Total do mês 70,1
33
Quadro 8 Médias mensais de precipitações em Rio do Sul
Anos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total Média
41-50 142,6 157,7 121,9 67,6 95,8 92,0 94,8 121,5 93,5 97,5 76,6 108,4 1269,9 105,8
51-60 145,6 139,5 105,3 73,7 70,7 70,7 100,1 88,5 140,2 157,3 105,4 91,6 1288,4 107,4
61-70 120,1 155,8 112,3 63,5 50,5 86,9 60,2 77,3 136,2 114,8 91,4 112,5 1181,2 98,4
71-80 190,7 142,4 186,1 83,3 96,7 128,4 139,2 166,1 145,7 147,5 135,7 159,7 1721,4 143,5
81-90 175,4 189,0 123,6 105,8 133,0 98,6 141,7 111,1 118,8 146,4 147,3 114,1 1604,9 133,7
91-00 194,6 177,5 114,3 68,7 81,7 112,7 128,3 94,2 129,9 161,0 114,6 122,7 1488,5 124,0
01-04 145,7 142,3 92,5 128,3 107,4 90,9 95,9 71,5 128,2 140,8 166,9 155,7 1456,0 121,3
Média 160,5 159,2 125,2 79,6 89,2 97,7 109,8 107,4 127,4 137,6 115,3 120,5 1427,6 119,0
Fonte: ANA adaptada por Santos, (2006)