constitucional · apresentaÇÃo o curso e seu material de apoio, em formato de apostila elaborada...
TRANSCRIPT
GESTÃO E NEGÓCIOS
DIREITO
CONSTITUCIONAL
JÚLIO CÉSAR RIBEIRO
A expansão do Ensino Técnico no Brasil, fator importante para melhoria
de nossos recursos humanos, é um dos pilares do desenvolvimento
do País. Esse objetivo, dos governos estaduais e federal, visa à melhoria da
competitividade de nossos produtos e serviços, vis-à-vis com os dos países com
os quais mantemos relações comerciais.
Em São Paulo, nos últimos anos, o governo estadual tem investido de forma
contínua na ampliação e melhoria da sua rede de escolas técnicas - Etecs e Classes
Descentralizadas (fruto de parcerias com a Secretaria Estadual de Educação e com
Prefeituras). Esse esforço fez com que, de agosto de 2008 a 2011, as matrículas
do Ensino Técnico (concomitante, subsequente e integrado, presencial e a distância)
evoluíssem de 92.578 para 162.105. Em 2016, no primeiro semestre, somam 186.619.
A garantia da boa qualidade da educação profissional desses milhares de jovens
e de trabalhadores requer investimentos em reformas, instalações, laboratórios,
material didático e, principalmente, atualização técnica e pedagógica de
professores e gestores escolares.
A parceria do Governo Federal com o Estado de São Paulo, firmada por
intermédio do Programa Brasil Profissionalizado, é um apoio significativo para
que a oferta pública de Ensino Técnico em São Paulo cresça com a qualidade
atual e possa contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Estado e,
consequentemente, do País.
Almério Melquíades de Araújo Coordenador do Ensino Médio e Técnico
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
Diretora SuperintendenteLaura Laganá
Vice-Diretor SuperintendenteLuiz Antonio Tozi
Chefe de Gabinete da SuperintendênciaLuiz Carlos Quadrelli
REALIZAÇÃOUnidade do Ensino Médio e Técnico
CoordenadorAlmério Melquíades de Araújo
Centro de Capacitação Técnica, Pedagógica e de Gestão - Cetec Capacitações ResponsávelLucília dos Anjos Felgueiras Guerra
Responsável Brasil ProfissionalizadoSilvana Maria Brenha Ribeiro
Professor Coordenador de ProjetosGislayno Ficuciello Monteiro e Silva
Parecer TécnicoJosie Priscila Pereira de Jesus
Revisão de TextoLeonor Bueno
Projeto Gráfico e diagramaçãoDiego Santos
Projeto de formação continuada de professores da educação profissional do Programa Brasil Profissionalizado - Centro Paula Souza - Setec/MEC
APRESENTAÇÃO
O curso e seu material de apoio, em formato de apostila elaborada pelo professor Júlio Ribeiro, têm por objetivo o estudo das novas tendências e jurisprudências do Direito Constitucional. No texto constitucional constam as regras que disci-plinam a relação entre cidadãos e governo. O conhecimento básico da lei que se situa no topo do ordenamento jurídico do País, além de sensibilizar para a importância de um governo dotado de valores éticos, contribui para o desen-volvimento dos professores no sentido de responderem aos desafios do novo ambiente social e político e capacitá-los a criar o engajamento de seus alunos aos projetos propostos no curso.
O curso proposto permite desenvolver, juntamente com os profissionais docen-tes, novas competências e metodologias em sala de aula, buscando promover a correta compreensão da nova legislação em vigor e dos procedimentos utiliza-dos pela área jurídica. Também dará condições para a proposição de atividades práticas com ações integradas nas áreas de custos, tributos, processos contábeis, planejamento financeiro e gestão, visando melhorar a interação entre professor e aluno.
Entre algumas competências a serem desenvolvidas neste curso figuram: iden-tificação de novas demandas e situações problema, análise de dados e infor-mações de jurisprudências e a proposição de soluções de viabilidade técnica e econômica aos problemas encontrados. Outras competências são a identificação das melhores alternativas para a mediação de situações de conflito, definição de procedimentos, identificação de recursos e construção de conceitos.
Gislayno Ficuciello Monteiro e SilvaProfessor coordenador de projetos
SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Programa da disciplina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Constitucionalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Antecedentes históricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Neoconstitucionalismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Controle de validade das leis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Elementos das Constituições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Estrutura da Constituição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Bloco de constitucionalidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Regras e princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Conflito entre regras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Conflito entre princípios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Conflito entre regras e princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Rigidez constitucional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Emenda Constitucional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Poder constituinte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Poder constituinte originário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Poder constituinte derivado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Poder constituinte difuso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Poder constituinte supranacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Federação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Sistema de governo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Características da República Federativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Vedações constitucionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Súmula Vinculante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Controle de constitucionalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Espécies de inconstitucionalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Controle difuso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Controle concentrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Modulação dos efeitos da decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Comissão Parlamentar de Inquérito (CF, 58, §3°) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Prerrogativa de foro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Conselho Nacional de Justiça (CF, 103, “b”) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
10
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
PROGRAMA DA DISCIPLINA
Ementa
Introdução. Constitucionalismo. Neoconstitucionalismo. Controle de valida-de das leis. Controle de constitucionalidade. Controle de convencionalidade. Elementos das Constituições. Estrutura da Constituição. Bloco de constituciona-lidade. Conflitos. Rigidez constitucional. Cláusulas pétreas. Poder Constituinte. Federação. Vedações constitucionais. Súmula Vinculante. Controle de Constitucionalidade. Comissão Parlamentar de Inquérito. Prerrogativa de foro. Conselho Nacional de Justiça. Considerações finais.
Carga horária total
40 horas/aula
Objetivos
Essa capacitação tem como objetivo fornecer um panorama geral acerca do es-tudo do Direito Constitucional, perpassando desde a sua formação, desenvol-vimento e sua posição na contemporaneidade, analisando sua interpretação frente ao ordenamento jurídico brasileiro, com ênfase na apresentação de suas características, seus institutos, fazendo a análise de conceitos essenciais para o conhecimento do tema, bem como o exame da doutrina, jurisprudência e legis-lação pertinentes, em especial as Constituições Brasileiras já existentes e a atual, bem como a legislação correlata.
Conteúdo programático
1 Introdução
2 Constitucionalismo
3 Neoconstitucionalismo
4 Controle de validade das leis
5 Elementos das Constituições
6 Estrutura da Constituição
7 Bloco de constitucionalidade
8 Regras e princípios
9 Rigidez constitucional
10 Poder constituinte
11 Federação
12 Vedações constitucionais
13 Súmula Vinculante
14 Controle de constitucionalidade
15 Comissão Parlamentar de Inquérito
16 Prerrogativa de foro
17 Conselho Nacional de Justiça
18 Considerações finais
Metodologia1. Aula expositiva.
2. Debates orais em sala.
3. Debates virtuais por meio de fórum e de plataforma interativa.
4. Estudos e observação, em sala, fórum e plataforma interativa, de casos oferecidos à reflexão para melhor entendimento da teoria e da prática.
5. Aplicação e correção de exercícios.
11
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
Sites para consulta
http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp
http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ
Bibliografia recomendada
BARROSO, Luiz Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 28 ed. São Paulo: Malheiros, 2013.
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 33 ed. São Paulo: Atlas, 2017.
NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 8 ed. São Paulo: Método, 2012.
NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 36 ed. São Paulo: Malheiros, 2013.
12
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
INTRODUÇÃO
O estudo do Direito Constitucional é uma das grandes balizas da ciência do Direito, porquanto estabelece como fundamento maior e vértice de validade a ordem constitucional, instituída por meio da norma fundamental da Constituição Federal, segundo a qual se norteará o estabelecimento de todas as leis do orde-namento jurídico, instituindo direitos e garantias individuais, delimitando com-petências, promovendo a organização do Estado, entre outras finalidades.
A par de toda essa construção, o Direito Constitucional é o responsável por pro-mover a análise de como deve se desenvolver a interpretação e a aplicação da Constituição Federal, de modo que seus propósitos sejam atingidos e a ordem jurídica e social sejam preservadas.
O presente material foi elaborado a partir de pesquisas em livros de doutrina, sobretudo, tomando-se como marco referencial as aulas e a obra recém-publi-cada pelo ilustre professor Flávio Martins Alves Nunes Júnior, Curso de Direito Constitucional, bem como nas aulas e na obra do ilustre professor Pedro Lenza, já em sua 20a edição. Nessas obras, os autores ensinam e esclarecem pontos im-portantes para o entendimento do Direito Constitucional de forma muito atual.
Considerando que a presente atualização se desenvolverá em apenas 40 horas, é necessário priorizar certos pontos da matéria, bem como utilizar informações otimizadas e atuais, de modo a não se perder tempo com densas reflexões, que tomariam todo o tempo disponível e impediriam o conhecimento de tudo a que este curso se propõe.
Diante disso, considerando ainda que o direito advém do seio da sociedade, é salutar o estudo constante do Direito Constitucional, a fim de acompanhar suas mudanças e balizar toda a sua abordagem, interpretação e aplicação frente ao ordenamento jurídico.
13
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
CONSTITUCIONALISMO
Definição
Segundo os ensinamentos do prof. Flávio Martins (2017, p. 33), constitucionalis-mo “é um movimento social, político e jurídico, cujo principal objetivo é limitar o poder do Estado por meio de uma Constituição”.
É também denominado constitucionalismo moderno. É fruto de inúmeras con-quistas, realizadas através de movimentos sociais e marcadas por negociação política e normatização jurídica.
Antecedentes históricos
Na antiguidade
Ainda, segundo o professor Flávio Martins, considerando a doutrina de Karl Loewenstein, esse movimento constitucionalista tem origem na antiguidade ou na idade antiga, na conduta dos profetas e na Grécia antiga, nas ações públicas.
1° exemplo: São João Batista conflita o rei por casar-se com a mulher do seu irmão.
2° exemplo: Em Atenas, por meio do graphé paranomon questionava-se a valida-de de atos normativos, tanto que tal instrumento é o antecedente mais antigo do controle de constitucionalidade.
Na Idade Média (Magna Carta de 1215)
Foi outorgada pelo rei inglês João I, também referenciado como João Sem-Terra. O documento previa uma série de direitos ao povo inglês, ao passo que também limitava os poderes do próprio rei.
• Rei tirano, foi pressionado pelos barões ingleses (prejudicados pela tribu-tação) a assinar a Carta Magna de 1215.
• Escrita em Latim (poucas pessoas sabiam o idioma).• Foi a origem de vários direitos, como habeas corpus e o devido processo legal.
Neoconstitucionalismo
Segundo a doutrina, o neoconstitucionalismo surgiu após a Segunda Guerra Mundial, tendo como origem o pós-positivismo e como marco teórico a força normativa da Constituição. Diante disso, verifica-se que seu principal objetivo era uma maior eficácia, principalmente no que se refere aos direitos fundamen-tais, tal como ensina o prof. Flávio Martins Alves Nunes Júnior.
O Neoconstitucionalismo é um movimento social, político e jurídico surgido após a Segunda Guerra Mundial, tendo origem nas constitui-ções italiana (1947) e alemã (1949), fruto do pós-positivismo, tendo como marco teórico o princípio da “força normativa da Constituição” e como principal objetivo garantir a eficácia das normas constitucionais, principalmente dos direitos fundamentais.
(NUNES JÚNIOR, 2017, p. 67).
14
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
CONTROLE DE VALIDADE DAS LEIS ³Controle de constitucionalidade: “é a verificação de compatibilidade das leis e atos normativos com a Constituição”. (NUNES JÚNIOR, 2017, p. 535).
Pode ser:
³Preventivo;
³Repressivo.
³Controle de convencionalidade: “controle de verificação da compatibilida-de das leis e demais atos normativos com os tratados de caráter suprale-gal”. (NUNES JÚNIOR, 2017, p. 541).
Qualquer juiz ou tribunal pode realizar o controle, pois ainda não há regulamentação.
Para Hans Kelsen, a Constituição é o pressuposto de validade de todas as leis. Segundo ele, a norma inferior obtém sua validade na norma superior. Acima da Constituição escrita há uma norma não escrita (norma hipotética fundamental), cujo único mandamento é: “obedeça-se à Constituição”.
ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES
Segundo os ensinamentos do prof. Flávio Martins Nunes Júnior (2017, p.167) os elementos das constituições podem ser classificados da seguinte forma.
³Orgânicos: organizam a estrutura do Estado. Ex.: art. 2°, CF –Constituição Federal (tripartição), art. 18, CF (federação).
³Limitativos: limitam o poder do Estado, fixando direitos à população. Ex.: art. 5°, CF etc.
³ Ideológicos: fixam uma ideologia estatal (de caráter principiológico). Ex.: art. 1°, CF (dignidade humana).
³Formais de aplicabilidade: auxiliam na aplicação de outros dispositivos constitucionais. Ex.: art. 5°, CF – “as normas definidoras de direitos funda-mentais têm aplicação imediata”.
³Estabilização constitucional: buscam a estabilidade em caso de tumulto institucional. Ex.: art. 34, CF (intervenção federal), art. 136, CF (estado de defesa) e art. 137 e seguintes, CF (estado de sítio).
15
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO
PREÂMBULO PARTE PERMANENTE ADCT
³Preâmbulo: “embora presente em todas as Constituições brasileiras, o pre-âmbulo não é obrigatório (NUNES JÚNIOR, 2017, p. 169).”
³Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) já se posicionou no enten-dimento de que o preâmbulo não é norma constitucional (tem natureza política e exerce influência interpretativa).
³Parte permanente: art. 1° ao 250, CF - não é imutável, pois pode ser alte-rada dentro dos limites constitucionais. Não possui prazo determinado de vigência. (NUNES JÚNIOR, 2017, p.170)
³ADCT: segundo o STF, ao contrário do preâmbulo, o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) norma constitucional. Pode ser altera-do por Emenda Constitucional (EC). Ex.: art. 2°, ADCT, convocou plebiscito para o dia 07.09.1993, mas foi antecipado para o dia 21.04.1993, por meio da EC 02/93.
BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE
Segundo as palavras do professor Flávio Martins, o bloco de constitucionalidade prevê o texto, os princípios e os tratados internacionais de direitos humanos.
Atualmente, muito por conta do artigo 5°, § 2°, da Constituição, o conteúdo constitucional tem sido interpretado extensivamente: Constituição não se resume ao texto constitucional, também consis-tindo nos princípios que dela decorrem, bem como os tratados inter-nacionais sobre direitos humanos.
(NUNES JÚNIOR, 2017, p. 542).
Desse modo, tem-se a seguinte estrutura:
TEXTO PRINCÍPIOS
TRATADOS INTERNACIONAIS
DE DIREITOS HUMANOS
• O bloco de constitucionalidade é o parâmetro no controle de constitucionalidade.
16
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
REGRAS E PRINCÍPIOS
Regras
• Conteúdo mais preciso, definido, limitado.
Exemplo: art. 81, CF (sucessão presidencial)
• Devem ser cumpridas integralmente.
Nas palavras de Ronald Dworkin, “aplica-se a regra do tudo ou nada.”
Princípios
• Conteúdo mais amplo, impreciso, indeterminado, vago.
Exemplo: art. 1°, CF (democracia, dignidade da pessoa humana); art. 5°, CF (direito à vida, integridade).
• Devem ser cumpridos na maior intensidade possível.
Nas palavras de Robert Alexy, são “mandamentos de otimização.”
Conflito entre regras
Conflito entre regras: verifica-se que deve ser resolvido pela via da revogação ou através de métodos tradicionais de solução de antinomias.
Exemplo 1
Art. 77, CF: eleição presidencial (2° turno)
Caput: último domingo de outubro (1996) ----x---- § 2°: até 30 dias depois. (1988) – revogado! EC 16/97
Exemplo 2
Art. 5°, CF: competência do Júri – crimes dolosos contra a vida.
Art. 53, CF: deputado federal que pratica homicídio (STF julga) – princípio da especialidade.
Conflito entre princípios
Conflito entre princípios: verifica-se, no caso concreto, qual o maior peso, pres-tigiando-se um princípio em detrimento do outro. Terminada a solução, ambos permanecem intactos.
17
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
Exemplo
Intimidade ----x---- Informação
[Segundo o STF prevalece o direito à informação]
Conflito entre regras e princípios
Conflito entre regras e princípios: é o conflito entre um princípio e outro prin-cípio, que é a origem das regras.
Exemplo
Reunião ----x---- Uso de máscaras
[Segundo o STF prevalece a segurança]
RIGIDEZ CONSTITUCIONAL
Constituição rígida: “é como aquela que possui um processo mais rigoroso de alteração, sempre que comparada às outras leis”. (NUNES JÚNIOR, 2017, p. 217).
Exemplo
Lei Ordinária – maioria simples / Lei Complementar – maioria absoluta.
----x----
Emenda Constitucional – votação em 2 casas em 2 turnos por 3/5 dos votos
Emenda Constitucional
Em análise ao que dispõe o art. 60 da Constituição Federal de 1988, verifica-se que há a possibilidade de se inserir emendas à Constituição, desde que respeita-da a forma ali prevista.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;II - do Presidente da República;III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de interven-ção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de or-dem. (BRASIL, 1988)
18
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
Cláusulas pétreas
Também se encontram no Art. 60, parágrafo 4.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:I - a forma federativa de Estado;II - o voto direto, secreto, universal e periódico;III - a separação dos Poderes;IV - os direitos e garantias individuais. (BRASIL, 1988)
PODER CONSTITUINTE
Conceito
“É o poder de criar uma Constituição, bem como a competência para reformá-la.” (NUNES JÚNIOR, 2017, p. 371)
• Manifestação soberana da suprema vontade política povo.
Ainda nesse sentido, são os ensinamentos de Canotilho, apud Pedro Lenza, con-forme se transcreve a seguir.
O poder constituinte se revela sempre como uma questão de ‘poder’, de ‘força’ ou de ‘autoridade’ política que está em condições de, numa deter-minada situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma Constituição entendida como lei fundamental da comunidade política”.
(LENZA, 2016, p. 217).
Titularidade: a titularidade do poder constituinte pertence ao povo e a vontade do povo se expressa por meio de seus representantes. (Titular indireto)
Espécies:
a) originário;
b) derivado;
c) difuso;
d) supranacional.
Poder constituinte originário
Conceito
“O poder constituinte originário (também denominado inicial, inaugural, genuí-no ou de 1° grau) é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente” (LENZA, 2016, p. 219)
• É o poder de criar uma Constituição.• Estabelece a Constituição de um novo Estado.• Cria os poderes destinados a reger os interesses de uma sociedade.• Não deriva de outro poder.
19
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
• Não sofre qualquer limite.• Não se subordina a nenhuma condição.• Originário / instituinte/ genuíno / inicial / inaugural / 1° grau.
Conforme ensina o professor Flávio Martins (2017, p. 376), o poder constituinte originário possui duas modalidades, conforme se transcreve a seguir.
• Histórico: poder de criar a primeira Constituição de um país.• Revolucionário: poder de criar uma nova Constituição de um país.
Ainda de acordo com o professor Flávio Martins (2017, p. 377), o poder consti-tuinte originário possui quatro características, conforme se transcreve a seguir.
• Inicial: antecede o ordenamento jurídico. Poder de fato e não de direito.• Incondicionado: não possui formas estabelecidas de manifestação.• Latente ou permanente: o poder originário não se esgota com o uso.• Ilimitado, quando há duas posições:
∙ Posição tradicional (positivista): é ilimitado, pois não tem limites em nenhuma outra lei.
∙ Posição moderna (pós-positivista): há limites extralegais ao poder originário (direito natural / proibição ao retrocesso).
Poder constituinte derivado
Conceito
Conforme ensina o professor Pedro Lenza:
Como o próprio nome sugere, o poder constituinte derivado é cria-do e instituído pelo originário. Ao contrário de seu “criador”, que é, do ponto de vista jurídico, ilimitado, incondicionado, inicial, o derivado deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo originário, sendo, nesse sentido, limitado e condicionado aos parâmetros a ele impostos.
(LENZA, 2016, p. 225)
• Deriva do poder originário.• Previsto na própria Constituição.• Possui limitações.• Derivado / instituído / 2° grau.
Conforme se depreende dos ensinamentos do professor Flávio Martins (2017, p. 379-381), o poder constituinte derivado possui duas modalidades, conforme se transcreve a seguir.
• Poder derivado decorrente: é o poder que cada Estado-membro tem de elaborar sua própria Constituição.
∙ Exercido pelas Assembleias Legislativas dos Estados.
∙ Possibilita que os Estados-membros se auto-organizem.
20
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
• Poder derivado reformador: é o poder de reformar, de alterar a Constituição já existente.
∙ Exercido pelo Congresso Nacional.
No que se refere aos municípios, conforme ensina o Professor Flávio Martins (2017, p. 380) “os Municípios não têm o Poder Decorrente, já que a Lei Orgânica do Município não é fruto de um poder constituinte, mas de uma mera compe-tência legislativa”.
Características
• Derivado: advém de outro poder (constituinte originário).• Subordinado: está subordinado a regras materiais e encontra limitações.• Condicionado: deve obedecer regras previamente estabelecidas.
Poder constituinte difuso
De acordo com o professor Flávio Martins, “trata-se de um poder de fato, e não de direito (ou seja, não é um poder regulamentado pelo direito, existindo antes da edição da própria constituição”. (NUNES JÚNIOR, 2017, p.388).
É também conhecido como mutação constitucional.
Poder constituinte supranacional
Conforme ensina o professor Flávio Martins, “trata-se da possibilidade de se ela-borar uma só Constituição para vários países.” (NUNES JÚNIOR, 2017, p. 394).
FEDERAÇÃO ³Forma de governo: República ou Monarquia
³Sistema de governo: Presidencialismo ou Parlamentarismo
³Forma de Estado: Unitário ou Federação
• Brasil: República / Presidencialismo / Federação
Observação: art. 34, VII, “a”, CF – República (princípio sensível)
Sistema de governo
Presidencialismo Parlamentarismo
Chefe de Estado Presidente Chefe de Estado Presidente
Chefe de Governo Presidente Chefe de Governo 1° Ministro
Observação: há entendimento, a exemplo do professor Flávio Martins, segundo
21
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
o qual modificar o sistema presidencialista para o parlamentarista é possível, mas depende de um novo plebiscito. Isso porque, naquele ocorrido em 21 de abril de 1993, o povo escolheu o presidencialismo e sua modificação sem a aquiescência do povo seria uma afronta ao princípio da soberania popular. (CF, art. 14).
Características da República Federativa
1) Princípio da indissolubilidade do vínculo federativo
• Não se admite o direito de secessão (um Estado separar-se da Federação).• A tentativa de separação é motivo para determinar a intervenção nacional.
(CF, art. 34, I - manter a integridade nacional).
2) Fundamentos
O artigo 1º, da Constituição Federal, estabelece: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:”
ü Soberania
ü Cidadania
ü Dignidade da pessoa humana
ü Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
ü Pluralismo político
Na sequência a esses fundamentos, em parágrafo único ressalta:
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”
3) Objetivos
No artigo 3 da Constituição Federal, são definidos os “objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil”, conforme segue:
ü Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
ü Garantir o desenvolvimento nacional;
ü Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
ü Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
4) Idioma oficial
• Língua portuguesa (CF, 13, caput)• Indígena (CF, 231)
22
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
5) Símbolos
• Bandeira• Hino• Armas (Lei 5.700/71)• Selos nacionais (autenticar documentos e atestar diplomas)
VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS
1) Laicidade: o Estado brasileiro não tem religião oficial (já possuiu na época do Império, que adotava a católica apostólica romana).
Observação: O Brasil é ateu? Voto do ministro. Marco Aurélio (ADPF 54) - Não, ele crê na existência de um Deus, mas não adota religião oficial.
Exemplo: preâmbulo “sob a proteção de Deus.”
2) Fé Pública: é proibido recusar fé pública aos documentos públicos.
3) Distinção: não se pode criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
SÚMULA VINCULANTE
1) Origem: Emenda Constitucional n. 45/2004 “Reforma do Judiciário”.
2) Fundamento legal: Lei 11.417/2006
3) Supremo Tribunal Federal edita Súmula Vinculante:
a) De ofício.
b) Por provocação: legitimados ADI art. 103, CF + Defensor Público da União + todos os tribunais + município (incidentalmente ao curso do processo em que seja parte).
4) Efeito: é vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública. Tem o mesmo efeito da ADI prevista na CF, 103, “a”.
5) Pressuposto: existência de reiteradas decisões sobre questão constitucional.
Observação: a Súmula Vinculante pode ser editada, revista e cancelada.
Exemplo: já há pedido de revisão e cancelamento da Súmula Vinculante n. 11 (uso de algemas) e da Súmula Vinculante n. 5 (falta de defesa técnica por ad-vogado em processo administrativo disciplinar não afronta a Constituição – o cancelamento foi negado pelo STF).
23
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
1) Definição
O controle de constitucionalidade é a ferramenta por meio da qual se realiza a análise da consonância das leis e dos atos normativos com a Constituição Federal ou Estadual.
A esse respeito, ensina o professo Flávio Martins:
Controle de constitucionalidade consiste na verificação da compatibi-lidade das leis e dos atos normativos com a Constituição. Decorre da Supremacia formal da Constituição sobre as demais leis do ordena-mento jurídico de um país. Ora, se a Constituição é a lei mais impor-tante do ordenamento jurídico, sendo o pressuposto de validade de todas as leis, para que uma seja válida precisa ser incompatível com a Constituição. Caso a Lei ou ato normativo não seja compatível com a Constituição, será inválido, inconstitucional.
(NUNES JÚNIOR, 2017, p. 525).
Desse modo, verifica-se que o controle de constitucionalidade representa uma espécie de filtro destinado a avaliar se as leis ou atos normativos obedecem aos ditames da Constituição e, caso assim não o façam, devem ser declarados como inconstitucionais.
Espécies de inconstitucionalidade
a) Vício formal: “a inconstitucionalidade formal, também conhecida como no-modinâmica, verifica-se quando a lei ou ato normativo infraconstitucional contiver algum vício em sua “forma”, ou seja, em seu processo de formação[...].” (LENZA, 2016, p. 293).
Portanto, verifica-se que a inconstitucionalidade do ponto de vista formal ocorre no procedimento de formação da lei ou ato normativo, o que poderá ocasionar a declaração de sua inconstitucionalidade pela via do controle.
b) Vício material: tem lugar no momento em que o conteúdo da lei ou ato nor-mativo colide com os preceitos da Constituição, tornando-o passível de declara-ção de inconstitucionalidade pela via do controle.
Nesse sentido, ensina o professor Pedro Lenza:
Por seu turno, o vício material (de conteúdo, substancial ou doutri-nário), diz respeito à “matéria”, ao conteúdo do ato normativo. Assim, aquele ato normativo que afrontar qualquer preceito ou princípio da Lei Maior deverá ser declarado inconstitucional, por possuir um vício material. não nos interessa saber aqui o procedimento de elaboração da espécie normativa, mas, de fato, o seu conteúdo.
(LENZA, 2016, p. 296).
Segundo a doutrina, a exemplo do professor Pedro Lenza, essa espécie de vício é também chamada de inconstitucionalidade nomoestática.
c) Vício de decoro parlamentar: é o entendimento segundo o qual a compra de votos para a eleição de parlamentares macula o processo legislativo das emen-das constitucionais. (LENZA, 2016, p. 296-297)
24
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
De acordo com esse posicionamento, o parlamentar que abusa de prerrogativas e aufere vantagens indevidas não possui decoro para votar e aprovar as emendas constitucionais, pelo que, caso assim aconteça, devem ser declaradas inconstitu-cionais pela via do controle.
Vide ADI 4887 ADEPOL - discute a inconstitucionalidade da reforma da
previdência (condenados no “mensalão”).
Controle difuso
Definição
Considerando o conceito já apresentado para o controle de constitucionalidade, verifica-se que é possível entender que o controle difuso é o instrumento por meio do qual qualquer juiz ou tribunal realiza a análise de compatibilidade de uma lei ou ato normativo frente à Constituição.
Nesse sentido é o ensinamento do professor Flávio Martins, conforme se transcreve:
[...] algo difuso é algo espalhado, disperso, disseminado. Controle di-fuso de constitucionalidade é aquele que pode ser feito por qualquer juiz ou tribunal. Assim, qualquer juiz ou tribunal poderá examinar a constitucionalidade de uma lei ou ato normativo. Todavia, há impor-tantes condições: no controle difuso, qualquer juiz ou tribunal poderá declarar uma lei inconstitucional, desde que haja um caso concreto e que a inconstitucionalidade seja matéria incidental.
(NUNES JÚNIOR, 2017, p. 583).
Características
a) Analisado por qualquer juiz ou tribunal;
b) Qualquer um é parte para sua propositura;
c) Concreto;
d) Efeito “inter partes”;
e) Efeito “ex tunc”;
f ) Incidental.
Controle concentrado
Definição
Diferentemente do controle difuso, o controle concentrado tem restrições quan-to à competência para sua análise, “concentrando-se” essa prerrogativa somente a alguns tribunais. O controle concentrado pode ser entendido como o instituto por meio do qual é analisada a constitucionalidade de determinada lei ou ato normativo, o que será realizado por meio de ações específicas.
25
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
Nessa esteira, oportuno o ensinamento do professor Flávio Martins, conforme se transcreve:
Dessa maneira, o controle concentrado consiste na apreciação da constitucionalidade das leis e atos normativos feitos por alguns tri-bunais, com competência constitucional para fazê-lo. Também é cha-mado de controle por via de ação, porque se dá por meio de 5 ações constitucionais: a) Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica (ADI Genérica); b) Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (ADI Interventiva); c) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO); Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC); e) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF).
(NUNES JÚNIOR, 2017, p. 608-609)
Características
a) Analisado pelo STF (Const. Federal) e Tribunal de Justiça (Const. Estadual);
b) Legitimados (CF, 103);
c) Abstrato;
d) Efeitos “erga omnes”, “ex tunc” e vinculante (órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública)
Considerações
1) Compete ao Senado Federal, por meio de resolução, suspender a execução de lei declarada inconstitucional, no todo ou em parte, por decisão definitiva do STF. (CF, 52, X)
2) Cláusula de reserva de plenário (CF, 97)
• Maioria absoluta do plenário
3) Quórum do Pleno
• 8 ministros• Voto de pelo menos 6 ministros (maioria absoluta)
Modulação dos efeitos da decisão
³Art. 27 da Lei n. 9868/99 “controle concentrado”
• Tendo em vista razões de segurança jurídica ou excepcional interesse so-cial poderá haver a modulação de efeitos da decisão.
• Para modular é necessário haver 2/3 dos votos (8 ministros).
Exemplo: Município de Mira Estrela.
Observação: É admitido, por analogia, ao controle difuso.
26
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CF, 58, §3°)
³Criação da CPI: se dá mediante votação de 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
³Objeto da CPI: é a apuração de fato certo e determinado (finalidade).
³Poderes da CPI:
• Poderes de investigação próprios da autoridade judicial.• CPI não aplica penalidade (exceto cassação).
³Conclusão da CPI: é realizado o encaminhamento para a autoridade com-petente (em regra, Ministério Público - MP).
³Reserva Constitucional de Jurisdição (CPI não pode):
• Busca e apreensão (CF, 5°, XI)
Observação: RE 603616 de 05.11.2015 – ingresso forçado em domicílio quan-do houver fundadas razões do flagrante delito.
• Interceptação das comunicações telefônicas (CF, 5°, XII)
Observação: as CPIs federais, estaduais e distritais podem fazer a quebra do sigi-lo de dados (bancários e fiscais). A CPI municipal não pode quebrar, pois não há Judiciário em nível municipal.
• Ordem de prisão, salvo flagrante delito (CF, 5°, LXI)
“Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei.”
PRERROGATIVA DE FORO
• Os deputados e senadores, desde a expedição do diploma, serão subme-tidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
• CF, 102, I, “c” (somente ação penal).• Súmula 394 STF – cancelada.
27
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CF, 103, “B”)
• Realiza o controle de atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.
• Não exerce jurisdição.• É órgão do Poder Judiciário e não de controle externo.• Membros com mandato de 2 anos, permitida uma recondução.• Composição: 15 integrantes (9 internos e 6 externos)• STF: Presidente do STF (membro nato) / Desembargador do TJ / Juiz
Estadual• STJ: Ministro do STJ / Juiz TRF / Juiz Federal• TST: Ministro TST / Juiz do TRT / Juiz do Trabalho• PGR: Membro do MP União / Membro do MP Estadual• OAB: 2 advogados• Câmara dos Deputados: cidadão de notável saber jurídico e reputa-
ção ilibada• Senado Federal: cidadão de notável saber jurídico e reputação ilibada
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante o estudo constante do Direito Constitucional, tendo em vista even-tuais mudanças do ponto de vista da interpretação, bem como as dinâmicas alte-rações e revisões dos posicionamentos e decisões dos tribunais superiores.
Desse modo, para possibilitar esse acompanhamento é igualmente importante conhecer as bases do Direito Constitucional, seu desenvolvimento e, sobretudo, sua interpretação frente ao contexto social e jurídico atual, verificando a posição dos tribunais superiores sobre determinadas matérias, bem como o caminho que tem tomado o entendimento doutrinário.
Tudo isso permite que o profissional do Direito esteja sempre atualizado acerca das questões constitucionais, as quais incidirão direta e indiretamente em outras áreas da ciência jurídica, como o processo civil, penal, administrativo, etc., reper-cutindo de forma incisiva no convívio de toda a sociedade.
É salutar que o professor de Ensino Médio e Técnico tenha conhecimento do Direito Constitucional e esteja sintonizado com a sua atual conjuntura e consi-ga acompanhar suas mudanças, de modo a aplicar e esclarecer em sala de aula questões importantes dessa área de conhecimento.
28
DIR
EIT
O C
ON
ST
ITU
CIO
NA
L
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
2017
JÚLIO CÉSAR RIBEIRO
Bacharel em Direito pela Faculdade Divinópolis (Faced), pós-graduado lato sensu com especialização em Direito Processual pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e mestrando em Direito na Escola Paulista de Direito (EPD). É advogado, professor convidado do Instituto Brasileiro de Educação em Gestão Pública de São Paulo (Ibegesp)l no curso de Sindicância e Processo Administrativo Disciplinar, e professor no Centro Paula Souza – Etec Parque da Juventude, nas disciplinas de Direito Penal, Prática de Processo Penal, Direito Administrativo e Direito Constitucional. Também atuou como secretário de Planejamento, Gestão e Finanças do Município de Itapecerica-MG.