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Da Heroína à Super Mulher: as representações femininas nos comics de aventura e super- aventura nas décadas de 30 e 50 Natania Nogueira [email protected] Valéria Fernandes [email protected]

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slide sobre as heroínas e super-heroinas, terceiro dia de curso,

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Page 1: Apresentação super-mulheres

Da Heroína à Super Mulher: as representações femininas nos comics de aventura e super-aventura nas décadas de 30 e 50

Natania [email protected]

Valéria [email protected]

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Quadrinhos e relações de gênero

• As relações de gênero estão presentes entre leitores e personagens.

• A leitura varia de acordo com aquilo que o leitor deseja usufruir do quadrinho (ação, romance, estímulo sexual).

• O ato de ler em si mesmo, tanto por homens e mulheres, envolve outros aspectos que geralmente escapam à compreensão imediata do leitor(a), envolvido em um universo de fantasia no qual ele inevitavelmente se inserido na narrativa, compelido pela sua própria imaginação.

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Quadrinhos e pesquisa histórica

• Quadrinhos como qualquer outra mídia são formadores de opinião.

• Por conter aspectos inerentes à época e contexto em que foram produzidos eles acabam se tornando, também, objeto de pesquisa.

• Eles são um documento representativo de um dado momento da história, é um depositório da memória, uma cápsula do tempo que nos permite estudar relações sociais e culturais, entrincheiradas entre cada quadro, cada fala, cada representação.

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Contexto estudado

• Estamos em busca das representações femininas nos quadrinhos das décadas de 1930 e 1950, nos Estados Unidos.

• O período é marcado pelo surgimento da heroína e, posteriormente, da super-heroína e os papeis gênero passam por um revisão, em parte motivado pelas crises que abalaram o mundo a partir da Primeira Guerra Mundial, em parte motivado pela necessidade de renovação social.

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• No dicionário encontramos a seguinte definição Mulher de grande coragem, dotada de sentimentos nobres e sublimes.

• No caso da super-heroína, acrescente aí habilidades sobre humanas.

• Juntando a isso uma dose de inteligência e astúsia, temos a fórmula de sucesso que começou a ser testada em meados da década de 1930.

• As mocinhas começam a partir para a ação e a dependerem cada vez menos dos heróis.

Como podemos definir o conceito de heroína?

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A primeira heroína a ter sua própria revista

• Shenna foi criada em 1937 Will Eisner, em parceria com Jerry Iger.

• Sheena fez sua estréia no nº. 1 da revista britânica Wags. Will Eisner e Iger assinavam as histórias com o pseudônimo “W. Morgan Thomas”.

• Nos EUA ela fez sua estréia no ano seguinte, no 1º numero da Jumbo Comics.

• Foi um sucesso tão grande que, em 1942 ela ganhou sua própria revista.

• Ela é uma versão feminina de Tarzan, uma tarzanide.

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• Shenna vive com o companheiro, Boby um relacionamento completamente fora dos padrões da época.

• Sheena assume o papel que na época cabia ao homem: de proteger a família e o amado.

• Suas roupas minúsculas, faziam da personagem uma fetiche para os jovens da época.

• Sheena não era uma personagem sensual ou erótica, embora esta leitura pudesse ser feita pelo público masculino.

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• No Brasil, Sheena foi publicada inicialmente nas páginas do Suplemento Infantil, na edição das quintas-feiras, a partir da edição de n. 587. Posteriormente, passou a ser publicada pela EBAL.

• Na Jumbo Comics, foi publicada por quinze anos e sua revista teve dezoito volumes, até ser cancelada, em 1953.

• Sheena foi vitima das pressões moralistas que culminaram com a criação do Comics Code (Código de Ética).

• Em comemoração aos 70 anos da personagem, Sheena voltou a ser publicada em 2007.

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Primeira Super-mulher?

• No ano de 1940 teria surgido a primeira super-mulher, também uma tarzanide.

• Fantomah, Mystery Woman of the Jungle, criada por Fletcher Hanks, que assinava como Barclay Flagg, e publicada pela primeira vez na Jungle Comics #2, da Fiction House’s, em fevereiro de 1940.

• Fantomah causava medo e era implacável.

• Se levarmos em conta elementos como coragem, determinação, iniciativa e independência Fantomah não se encaixa no conceito de heroína ou super-heróína.

• Podemos classificá-la como uma super-mulher.

• Ela se encaixa mais como um espírito da vingança do que como uma pessoa de elevados valores morais.

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Surge a Miss Fury: a primeira super-heroína criada e desenhada por uma mulher

• Em abril de 1941, surgiria a primeira super-heroína criada por uma mulher, June Tarpé Mills.

• Marla era uma socialite de Nova Iorque quando veste uma manta de pantera negra que havia ganhado de seu tio.

• Uma série de acontecimentos levam Marla a se tornar uma super-heroína, a relutante Miss Fury, com habilidades acrobáticas e de luta.

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• Em 05 de abril de 1941, publicou a primeiras tiras dominicais da super-heroina Miss Fury, cujo nome original era Black Fury, que ocupavam uma página inteira de jornal, sendo publicada nesse formato até 1952.

• Mills foi uma pioneira, por ter sido a primeira mulher a escrever e ilustrar uma história em quadrinhos de super-herói.

• Miss Fury era uma super-heroína destemida que enfrentava bandidos e combatia nazistas.

• Na década de 1940, os nazistas eram os vilões mais populares.

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• Sua arqui-inimiga é a Baronesa Erica Von Kampf, uma perigosa espiã e assassina.

• Erica é aquilo que se espera de uma espiã de guerra: bonita, inteligente e muito ardilosa.

• Fazendo o tipo “mulher fatal”, interesseira e capaz de tudo para alcançar seus objetivos, a baronesa é um vilã complexa.

• Érika era a vilã favorita de Mills.

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E veio a Mulher Maravilha...

• William Moulton Marston criou a Mulher Maravilha em 1941.

• Moulton acreditava que as mulheres eram por natureza mais honestas, generosas e confiáveis que os homens.

• Apresenta a personagem a partir de suas qualidades superiores, que podem remeter ao ideal do amazonismo, definido décadas mais tarde por Sal Randazzo como expressão extrema da mulher guerreira, que considera o patriarcado, assim como os homens, essencialmente opressivo (OLIVEIRA, 2003, p.07).

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A história de Miss América, a Mulher Maravilha, é a saga de uma raça. Ela remonta a idade dourada em que mulheres orgulhosas e belas, mais forte

que os homens dominavam a Amazônia e adoravam a imortal Afrodite, a deusa do amor e da

beleza. Desta Glória lendária, que as amazonas de hoje ainda preservam, surge Miss América, a mulher mais poderosa e atraente dos tempos

modernos, a jovem que renunciou à sua herança de paz e felicidade para ajudar a América a lutar contra o mal e a agressão (A Origem dos Heróis,

n. 03, EBAL, Rio de Janeiro, 1975, p. 03)

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Em 1975 a EBAL publicou a Origem da Miss América – A Mulher Maravilha, em edição colorida. Tratava-se da aventura publicada nos Estados Unidos em 1942, na revista Wonder Woman, n. 01.

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A Mulher Maravilha incorporou a visão que Marston tinha das mulheres: inteligentes,

honestas e gentis. Ela possuía grande força de persuasão. Como amazona, tinha habilidade

em combates corpo-a-corpo. Ao contrário dos outros super-heróis, a sua missão não era só acabar com o crime, mas também reformar os

criminosos e torná-los cidadãos de bem (COUSTAN, 2008).

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A década de 1950 e o backlash

• Os anos de 1950 foram marcados por uma reordenação social.

• A II Guerra Mundial havia aberto espaço para uma maior expressão feminina.

• As mulheres abriram ocuparam postos de trabalho que, até então, eram exclusivamente masculinos.

• Mas a “velha ordem” patriarcal deseja retomar o controle.

• Os homens retornaram para casa para reassumir seu lugar tanto como força de trabalho quanto como chefes de família.

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• Era o backlash, que fazia com que as mulheres que trabalhavam fora de casa fossem discriminadas e perseguidas.

• Além disso, o final da década de 1940 foi marcado pela emergência da Guerra Fria e pela instauração do macarthismo.

• Na década de 1950 a perseguição foi encorajada pela publicação do livro Seduction of the Innocent, em 1954, pelo do psiquiatra Frederich Wertham, que acabou por obrigar as editoras a criarem um código de autocensura.

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Super-Heroínas em apuros

• Este retrocesso pode ser nitidamente percebido na publicações que marcaram os anos 50 e 60.

• Em vários casos estudados foi possível identificar uma mudança de comportamento nas super-heroínas que, apesar de todo o seu poder dependem de parceiros para serem salvas ou sacrificam sua felicidade por eles.

• As super-heroínas deste período são inseguras e não são consideradas confiáveis pelos seus colegas homens.

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Caso 01: Os Rasgões do uniforme da Mulher Morcego

• Na Aventura, publicada no Brasil em 1969, a Batmoça enfrenta um inimigo diferente: sua feminilidade.

• Na história ela se atrapalha várias vezes durante suas lutas contra o crime, e é duramente criticada por Batman e Robim: - Quando ela tiver acabado de se enfeitar... A luta terá terminado.

• A preocupação com a aparência, segundo a mensagem que do autor da história, é um instinto próprio das mulheres, que as torna superficiais, inferiores aos homens.

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• Já na última parte da história, ao rasgar a meia-calça, acaba chamando a atenção dos bandidos e facilitando o trabalho da dupla dinâmica, fazendo assim um bom uso da sua feminilidade.

• Sozinha, no último quadro, revela ao leitor que rasgou a meia de propósito, pois ser feminina é uma arma da mulher.

Batman. Rio de Janeiro, EBAL, nº 92, Fevereiro/ 1969.

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Caso 2: O plano de Super-Moça e Mulher Morcego

• O enredo mostra a Super-Moça e a Batmoça tentando destruir a reputação do Super-Homem e do Batman, aparentemente por inveja de seu sucesso. Mesquinhas e maldosas, tal como são representadas as vilãs, elas fazem todo o tipo de maldade e os homens aparecem como vitimas indefesas de mulheres desonestas.

• No fim, descobre que se trata de um truque de dois vilões e que as moças estavam, na verdade, presas em outra dimensão, da qual fogem a tempo de desmascarar os dois impostores.

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Batman & Robim e Super-Homem: juntos contra o mesmo inimigo. Rio e Janeiro, EBAL, n. 28, abril/1969.

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Caso 3: As três amigas da Super-Moça

• Na história As amigas da Super-Moça. a jovem vai ao futuro, conhecer a Legião dos Super Heróis, aceita fazer parte do grupo e ter novas amigas mas só o faz porque sabe que seu primo (o Super-Homem) aprovaria.

• Ou seja, precisa da permissão do Super-Homem até para interagir com outras mulheres. A personagem não tem autonomia, sendo apenas uma extensão daquele herói.

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As três super-amigas de Super-moça. Super-Moça. Rio de Janeiro,

EBAL, n. 8, junho/1969

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• Na mesma revista, em outra aventura a Super-Moça, que mora em um orfanato, entra em pânico quando um casal deseja adotá-la.

• Supostamente, o desejo de uma menina sem família é ser adotada e ter um lar. No caso da heroína, isto seria impossível, pois poderiam descobrir sua identidade secreta o que prejudicaria o Super-Homem.

• A ela sacrifica sua felicidade em nome da felicidade do primo. Não é isto que se espera das futuras esposas e mães, que se sacrifiquem pelos maridos e os filhos?

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As três super-amigas de Super-moça. Super-Moça. Rio de Janeiro,

EBAL, n. 8, junho/1969

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• Nos quadrinhos, no cinema e a na vida as relações de gênero têm sofrido mudanças dos anos 1930 até a década atual do século XXI.

• Entre avanços e retrocessos, as personagens dos quadrinhos foram conquistando espaço seu espaço enquanto ícones culturais.

• Algumas marcaram época e depois caíram no esquecimento, outras sofreram alterações e se adaptaram às mudanças impostas pela sociedade.

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Fontes utilizadas

• D’ ASSUNÇÃO. Otacílio. Sheena, a rainha das selvas – Clássicos HQ. Rio de Janeiro, EBAL, 1984.

• Edição Comemorativa do Cinqüentenário do Suplemento Infantil de A Nação. Rio de Janeiro, EBAL, 1984.

• FALUDI, Susan. Backlash. O contra-ataque na guerra não declarada contra as mulheres. Trad. Mário Fondelli. Rio de Janeiro: Rocco, 2001

• GOIDA. Enciclopédia dos Quadrinhos. Porto Alegre: L&PM, 1990.• Jungle Comics, 01, Fiction House’s, 1940.• Jungle Comics, n. 11, Fiction House’s, 1940.• MADRID, Mike. The Supergirls: Fashion, feminism, fantasy, and the history of

comic book heroines. [Minneapolis]: Exterminating Angel Press, 2009.• MISIROGLU, Gina. A The Superhero Book: The Ultimate Encyclopedia of Comic-

Book Icons and Hollywood Heroes. Visible Ink Press, 2004.• Miss Fury, vol 01, n. 01, Timely Comics, 1943.• OLIVEIRA, Selma Regina Nunes. Mulher ao quadrado: as representações

femininas nos quadrinhos norte-americanos: permanências e ressonâncias (1895-1990). –Brasília: Editora Universidade de Brasília: Finatec, 2007.

• ROBBINS, Trina. Tarpé Mills & Miss Fury: Sensational Sundays (1944-1949) – The first fenale superhero cread & Drawn by a woman cartoonist. IDM, 2011.

• Sheena, Queen of the Jungle, Fiction House’s n. 01, 1942• The Gold Age: Sheena, Queen of the Jungle. Paragons Publicarions, 1999.