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A FOTOGRAFIA EM “AS PRAIAS DE AGNÈS”, DE AGNÈS VARDA
É que, ao lado dos famosíssimos retratos
de Gérard Philippe e Jean Vilar, seria um erro
esquecermos as outras páginas do álbum,
aquelas onde aparecem os pequenos,
os sem título, os camponeses, os sem nome,
as suas crianças e os seus vizinhos.
Todos aqueles que ela fotografou à antiga,
sempre na luz do dia, porque provocavam
nela uma emoção.
Bernard Bastide, sobre Agnès Varda (1991)
A FOTOGRAFIA NO CINEMA DE AGNÈS VARDA
- Para além da preocupação de enquadramento →
objeto de cena que tem importância narrativa em
filmes como Uma Canta, a Outra Não e Sem Teto e
Sem Lei
- como elemento central e mobilizador do processo
de criação em filmes como Ulisses, Um minuto por
uma Imagem, Salut les Cubans, Ydessa e os Ursos e
em As Praias de Agnès.
- Filmes de Varda em que a fotografia é mobilizadora
→ a distância, como elemento constitutivo do
dispositivo fotográfico (DUBOIS, 2012), está no
centro das motivações para o processo de criação.
- Interesse crescente da cineasta pelo que as
fotografias mobilizam a partir de uma separação
entre o que foi fotografado e o contato posterior que
se estabelece com o registro.
- Meditação sobre a ação do tempo sobre imagens
suas e de outros em uma investigação de
permanências, rupturas e aquilo que acaba por
perecer.
A FOTOGRAFIA EM AS PRAIAS DE AGNÈS
- Narrativa sobre sua formação e primeiros
trabalhos
- Fotografias do seu arquivo pessoal (como
objetos de cena) que mobilizam a narrativa
“Você sente saudades da sua infância?”
Varda: Nenhuma. Mas gosto de ver as fotografias.
- Os registros são uma forma de se relacionar com o passado,
como intermediários entre presente e as memórias.
- Varda demonstra uma relação mais prazerosa com as
imagens do passado que propriamente com as recordações
dele.
- Evocação de seus próprios filmes dedicados à
fotografia
(Cena/Fotografia do filme Ulisses (1982) recriada em As Praias
de Agnès)
(Salut les Cubans, 1963)
- Tributo (Fotografias e flores)
- Fotografia e perda (tensão entre longínquo e próximo)
- A dimensão de “lembrança palpável”, destacada por Philippe
Dubois, ganha peso quando o registro é dos que já se foram.
- Amigos e colegas de trabalho do Théatre National Populaire
- Jacques Demy
A
(Phillipe Noiret e Gérard Philippe fotografados por
Varda)
DISTÂNCIA NO CENTRO
“Finalmente, esse mesmo princípio da distância também é
encontrado em ação na fase final de contemplação da
imagem fotográfica revelada e estirada. A separação é até o
que fundamenta qualquer efeito de olhar sobre uma foto. É
ela que induz os movimentos perpétuos do sujeito espectador,
que não para, do ponto de vista da imagem, de passar do
aqui-agora da foto para alhures anterior do objeto, que não
cessa de olhar intensamente essa imagem (bem presente,
com imagem), de nela submergir, para melhor sentir seu
efeito de ausência (espacial e temporal), a parcela de
intocável referencial que ela oferece à nossa sublimação. Ver,
ver, ver - algo que necessariamente esteve ali (um dia, em
algum lugar), que está tanto mais presente imaginariamente
quanto se sabe que atualmente desapareceu de fato – e
jamais poder tocar, pegar, abraçar, manipular essa própria
coisa, definitivamente desvanecida, substituída para sempre
por algo metononímico, um simples traço de papel às vezes
de uma única lembrança palpável.”(DUBOIS, 2012, p. 313)
NOVOS TEMPOS PARA AS IMAGENS
- Trabalho de ressignifação dos registros em As Praias
de Agnès – Dar visualidade à passagem do tempo e
como ele age sobre as pessoas, as coisas, os lugares
e as imagens.
- Fotografias de outros tempos que Agnès Varda
reinventa com novas durações em seus filmes - A
duração na tela como frame, como sucessões através da
montagem e através do modo que percorre a imagem
observando seus detalhes com a câmera → dois meios de
criação e como um pode ser reinventado através do
outro.
FOTOGRAFIA E MEMÓRIA
- Varda inventa novos tempos para os registros. Elas
duram na tela o tempo do seu pensamento ou mesmo da
sua saudade e contemplação.
- Trata-se de um trabalho da memória feito através do
filme, dessa mobilização de elementos diversos
(comentários, depoimentos, com as fotografias no
centro) como modo de aproximar de questões do vivido.
- Reflexão sobre o tempo e sua passagem → a relação
com as fotografias envolvem lamento e também
celebração.
- Fotografia – uma das formas mais modernas de Arte da
Memória (Dubois a partir de Yates)