apresentação oral os cartazes do 25 de abril (1)

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1. Após o 25 de Abril de 1974, deu-se um explodir de organizações políticas, sindicais, culturais, populares e outras, entre elas algumas saídas da clandestinidade, mas todas elas sentiram necessidade de se apresentar à população. Uma das suas formas mais usuais, pela sua visibilidade, foi a produção de materiais de propaganda, entre os quais assumiram grande destaque os cartazes. Com o conjunto de cartazes que vamos apresentar temos a pretensão de que o mesmo conte uma história sobre os aspetos mais marcantes do processo revolucionário do 25 de Abril. 2. A revolução de 25 de Abril de 1974, foi uma revolta bem estudada e elaborada, com alguma antecedência.Os principais protagonistas deste movimento revolucionário, foram os militares, que se empenharam em concretizar uma revolução perspicaz e cirúrgica.Uma reunião, em 9 de Setembro de 1973 no Monte Sobral, dá origem ao Movimento das Forças Armadas (MFA), cujo símbolo é a imagem da esquerda, que iria constituir não só o garante, mas também o motor, de uma revolução que se propunha «criar um país novo», ou seja, um país socialista. Para o efeito, apoiar-se-ia na clássica aliança entre operários e camponeses, cabendo ao Governo Provisório gerir a via de transição para alcançar tal objetivo. O boletim da direita apresenta em forma de caricatura a história da guerra colonial e a exploração das riquezas das colónias por parte de Portugal, o que o Movimento das Forças Armadas censurava pois, segundo o seu programa, deveria procurar-se uma solução negociada para a guerra colonial. 3. Antes do 25 de Abril, 30% da população da metrópole era analfabeta. O CEEC (Centro de Estudos Educação e Cultura) foi fundado no Porto em 1976, com o objetivo de promover a alfabetização. Este cartaz foi publicado em 1976, onde se pode ler: *lê do powerpoint*. 4. O primeiro cartaz éemanado da 5ª Divisão do EMGFA (Estado-Maior Geral Das Forças Armadas), que havia sido criada com o objetivo de desenvolver atividades de informação, propaganda e dinamização política e cultural. Atuou fundamentalmente em consonância com o setor do MFA influenciado pelo PCP, tendo apoiado as posições de Vasco Gonçalves(1921-2005).Neste cartaz, o socialismo está simbolizado pela semente, que desabrochou na libertação - a flor, o cravo vermelho – que mais tarde se tornou a democracia, representada pelo fruto. A raiz que alimenta e faz crescer esta flor, e mais tarde, fruto é o MFA. O cartaz da direita simboliza a união do povo com o exército, que zela para que os ideais do 25 de Abril se tornem uma realidade.

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Cartazes

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Page 1: Apresentação Oral Os Cartazes Do 25 de Abril (1)

1. Após o 25 de Abril de 1974, deu-se um explodir de organizações políticas, sindicais, culturais, populares e outras, entre elas algumas saídas da clandestinidade, mas todas elas sentiram necessidade de se apresentar à população.Uma das suas formas mais usuais, pela sua visibilidade, foi a produção de materiais de propaganda, entre os quais assumiram grande destaque os cartazes.

Com o conjunto de cartazes que vamos apresentar temos a pretensão de que o mesmo conte uma história sobre os aspetos mais marcantes do processo revolucionário do 25 de Abril.

2. A revolução de 25 de Abril de 1974, foi uma revolta bem estudada e elaborada, com alguma antecedência.Os principais protagonistas deste movimento revolucionário, foram os militares, que se empenharam em concretizar uma revolução perspicaz e cirúrgica.Uma reunião, em 9 de Setembro de 1973 no Monte Sobral, dá origem ao Movimento das Forças Armadas (MFA), cujo símbolo é a imagem da esquerda, que iria constituir não só o garante, mas também o motor, de uma revolução que se propunha «criar um país novo», ou seja, um país socialista. Para o efeito, apoiar-se-ia na clássica aliança entre operários e camponeses, cabendo ao Governo Provisório gerir a via de transição para alcançar tal objetivo.O boletim da direita apresenta em forma de caricatura a história da guerra colonial e a exploração das riquezas das colónias por parte de Portugal, o que o Movimento das Forças Armadas censurava pois, segundo o seu programa, deveria procurar-se uma solução negociada para a guerra colonial.

3. Antes do 25 de Abril, 30% da população da metrópole era analfabeta. O CEEC (Centro de Estudos Educação e Cultura) foi fundado no Porto em 1976, com o objetivo de promover a alfabetização. Este cartaz foi publicado em 1976, onde se pode ler: *lê do powerpoint*.

4. O primeiro cartaz éemanado da 5ª Divisão do EMGFA (Estado-Maior Geral Das Forças Armadas), que havia sido criada com o objetivo de desenvolver atividades de informação, propaganda e dinamização política e cultural. Atuou fundamentalmente em consonância com o setor do MFA influenciado pelo PCP, tendo apoiado as posições de Vasco Gonçalves(1921-2005).Neste cartaz, o socialismo está simbolizado pela semente, que desabrochou na libertação - a flor, o cravo vermelho – que mais tarde se tornou a democracia, representada pelo fruto. A raiz que alimenta e faz crescer esta flor, e mais tarde, fruto é o MFA. O cartaz da direita simboliza a união do povo com o exército, que zela para que os ideais do 25 de Abril se tornem uma realidade.

5. Estes cartazes representam as campanhas de dinamização cultural do MFA onde era dado a conhecer à população o programa do movimento das Forças armadas.

6. Depois de Vasco Gonçalves, em 1960, ter colaborado no jornal clandestino “Tribuna Militar”, ingressou no Movimento dos Capitães em 1973. A 28 de Agosto de 1973 dá-se a eleição da primeira comissão do "Movimento dos Capitães", constituída pelos Capitães Almeida Coimbra, Matos Gomes, Duran Clemente e António Caetano. Tiveram várias reuniões clandestinas, dentro e fora de Portugal metropolitano, destacando-se a de Bissau em 21 de Agosto de 1973 e a de 9 de Setembro de 1973, em Monte Sobral, dia em que oficialmente nasce o MFA (Movimento das Forças Armadas), com a presença de 95 Capitães, 39 Tenentes e 2 Alferes. Os «Capitães de Abril», tinham várias tendências políticas (mas mais inclinadas para a esquerda) e, segundo o «Programa do MFA», alegavam que pretendiam «acabar com as Guerras Coloniais que se arrastavam há 13 anos, abolir a censura e a PIDE/DGS, instaurar uma melhor justiça social, acabar com monopolismos, e providenciar eleições livres e uma Constituição nova. A defesa da soberania nacional foi uma constante na política externa de Vasco Gonçalves quando primeiro-ministro, daí estar representado no cartaz abraçado a um camponês e um militar.

7. Com o 25 de Abril a ditadura acabou e começou a democracia. O povo saiu à rua para comemorar a festa da Democracia com os soldados que nos libertaram da Ditadura. Toda a gente se abraçava.

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Os soldados colocaram cravos nos canos das suas espingardas, simbolizando uma mudança pacífica de regime. As pessoas gritavam «O POVO UNIDO, JAMAIS SERÁ VENCIDO». Esta capa mostra exatamente o clamor reivindicativo incontrolável que ergueu-se na sociedade portuguesa com a revolução de Abril. Em apoio das mais variadas causas, as ruas enchiam-se de manifestantes e as paredes de graffiti e cartazes de feição política. O mural da figura à direita correspondia a uma dessas manifestações de liberdade de expressão e de espontâneo entusiasmo por uma data que punha termo a décadas de regime autoritário e conservador.

8. Maioria silenciosa é a designação pela qual ficou conhecida em Portugal a iniciativa política de alguns sectores conservadores da sociedade portuguesa, civil e militar, que decidiram organizar uma manifestação, em 28 de Setembro de 1974, de apoio ao então Presidente da República General Spínola. A manifestação visava o reforço de posição política deste militar.

9. O 25 de Abril levou espetáculos e cultura democrática ao interior de Portugal, num impulso de mudança em que o Movimento das Forças Armadas (MFA) também abriu estradas e realizou outros melhoramentos ainda na memória das populações.

10. O General António Ramalho Eanes foi Presidente da República de 1976 a 1986. Teve um papel relevante na neutralização do golpe de 25 de novembro. O 25 de Novembro de 1975 foi o golpe militar que pôs fim à influência da esquerda radical iniciada em Portugal com o 25 de Abril de 1974.

11. Mário Soares foi membro da Resistência Republicana e Socialista, na década de 50, e fundador da Acção Socialista Portuguesa, em 1964. Em 1973, no Congresso realizado na Alemanha, a Acção Socialista Portuguesa transformou-se em Partido Socialista, do qual Mário Soares foi eleito Secretário-Geral, cargo para que seria sucessivamente reeleito e desempenharia durante quase treze anos.O país teve que tomar medidas, isto é, foram criados novos partidos políticos, o que deu origem a alguma instabilidade política.O Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral (MDP / CDE) foi uma das mais importantes organizações políticas da Oposição Democrática ao regime do Estado Novo em Portugal, antes do 25 de Abril. Foi fundado em 1969, actuando através de comissões democráticas eleitorais, para concorrer às eleições legislativas. Depois do 25 de Abril constitui-se como partido político, fazendo parte de todos os Governos Provisórios, com excepção do VI. Concorreu à eleição para a Assembleia Constituinte de 1975 sozinho.

12. As mulheres não só tiveram uma participação activa nessas transformações, como tais transformações criaram condições para uma profunda alteração nas suas vidas. A forte presença das mulheres no processo revolucionário contribuiu de forma decisiva para a liquidação das discriminações que as atingiam e, igualmente, impulsionou uma profunda alteração de mentalidades, abalando preconceitos e pondo em causa valores da doutrina do regime fascista sobre o papel das mulheres na família, no trabalho e na sociedade.

Para as mulheres portuguesas o 25 de Abril de 1974, e o processo revolucionário que lhe esteve associado, foi uma verdadeira revolução na Revolução. Num curto espaço de tempo, realizaram-se avanços gigantescos no processo emancipador das mulheres, quebraram-se grilhetas de séculos de subalternização das mulheres que atingiam de forma mais feroz as das classes trabalhadoras e populares, foram abolidas as situações humilhantes a que o fascismo as sujeitou.

As operárias industriais, as operárias agrícolas, as empregadas, as donas de casa, as estudantes, as idosas participaram activa e corajosamente no movimento operário e popular e na luta reivindicativa, económica e social, na defesa das liberdades, pelo direito ao trabalho, pela Reforma Agrária, pelas nacionalizações, pelo controlo operário, pelo direito à igualdade em todas

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as dimensões da vida em sociedade – no trabalho, na família, na participação social, política, cultural e desportiva.

13. Testemunho

• Quais as memórias que tem do dia 25 de Abril de 1974?

«Nessa altura teria 39 anos e lembro-me de ter reunido com uns amigos no café ao meio-dia e um polícia dirigiu-se a nós e disse para irmos para casa ou para o nosso trabalho que não podíamos estar reunidos pois estava a haver uma revolução. Quando cheguei a casa, ouvi a rádio e informei-me sobre o que se passava. A revolução de Abril virou o país do avesso, de facto.»

• Que mudanças ocorreram, na sua opinião, após essa data?

«O tipo de governo em que se viveu até então era uma ditadura. Os governantes foram exilados para o Brasil com passagem no Funchal e entrou-se num regime político que se pensava ser uma democracia mas que, mais tarde, verificou-se que, na verdade, era uma ditadura militar de esquerda importada dos países de Leste comunistas, que não era do gosto da maioria dos portugueses. Passado alguns anos, alguns militares mais democratas forçaram a eleição de um presidente da República e assim formou-se o primeiro governo civil no país.»