04_história dos cartazes

7/31/2019 04_histria dos cartazes

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1Escola SENAI Theobaldo De Nigris

Pr-Impresso - Histria dos cartazes

Pr-Impresso

Histria dos Cartazes


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2 Escola SENAI Theobaldo De Nigris


Histria dos Cartazes

SENAI - SP 2003

2 edio, 2002

Reviso Srgio J. Marcellos

Editorao Eletrnica Jlio Tadeu de FigueiredoValquiria Brandt

Colaborao Poliana Moreira Castro

SENAI Servio Nacional de Aprendizagem Industrial

Departamento Regional de So Paulo

Escola SENAI Theobaldo De Nigris

Rua Bresser, 2315 Mooca Cep 03162-030 So Paulo - SP

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Trabalho desenvolvido na Escola SENAI Theobaldo De Nigris

Sob orientao da Diviso de Recursos Didticos da Diretoria de Educao do Departamento Regional

do SENAI - SP


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Sumrio

Introduo 05

O cartaz 06


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Introduo

A arte criao do homem, como as palavras e suas pinturas formam parte tambm

de sua linguagem. Desde os tempos mais remotos o homem tratou de comunicar-se.

A princpio usou a mmica para expressar-se, em outras ocasies usou a voz emitindosons.

Pouco a pouco ele transmitiu suas idias aperfeioando seus meios e agregando a

ele outras manifestaes. Assim surgiu o desenho antes como necessidade de que

expresso. Apareceram smbolos nas cavernas (Altamira, na Espanha e Lascoux, na

Frana), que representavam animais para definir a caa como necessidade de subsis-

tncia. Esta ao ajudou a ampliar suas formas de entendimento e a desenvolver um

campo novo para ele; o campo da percepo. Consciente ou inconsciente dessa tarefa,

ele pde assim transmitir uma mensagem ao mesmo tempo que ficou condicionado a

receber mensagens similares.

O caminho percorrido pelas artes desde seu incio, foi analogamente o mesmo ao

daquela funo de necessidade que os homens lhe atriburam num primeiro momento.

Mas com o passar do tempo esse carter foi transformando-se devido ao esprito do

homem que o capacita desenvolver a criao. E a arte justamente isso: criao.


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O cartaz

No obstante a arte seja criao e no principalmente comunicao, o cartaz nascido

junto pintura, pode ser considerado como uma forma de arte menor, com uma

funo restrita a propaganda que transmitir e informar determinada mensagem.Dessa forma, temos uma nova manifestao de arte que nasce de uma necessidade

maior do indivduo que comunicao.

A sociedade no fim do sculo XIX se aproxima de um grande desenvolvimento dado

pela civilizao industrial, que transforma os desejos do indivduo em aspiraes

maiores que suas prprias realizaes.

No entanto uma poca crtica, em que todos os conceitos so colocados em dvida.

Procuram-se novos valores para dar resposta a esta poca que traduz a angstia do

homem diante da queda do sculo e da aproximao de um futuro incerto. No o

fim do mundo, mais ningum pode saber com certeza o que vai acontecer em 1900.

A Bela poca justamente traduz essa angstia do homem, escondida por uma falsa

poca. a alegoria da inconscincia, da multido que dana nas ruas e lugares

pblicos; a desesperana do indivduo frente ao desconhecido.

A histria do cartaz est ligada histria do fim do sculo XIX e expressa com

fidelidade aquele esprito elevado a um mundo de iluses mediante o estilo quase

alegrico; so um comentrio da vida que desenvolveu-se nas ruas onde o cartaz

apareceu.

Precursores

Uma das pessoas que representou muito bem aquele estilo de vida, foi justamenteum pintor francs; Jules Chret. Ele viveu entre os anos 1836 e 1933. Sua produo


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de cartazes comea em 1866.

A forma do cartaz que chegou a ns deveu-se justamente presena do prprio Chret,

que utilizando a litografia e introduzindo certas melhorias tcnicas na impresso,

consegue desenhar diretamente na pedra litogrfica e nos entrega sua primeira obra:Orphe aux Enfers em 1858. As caractersticas gerais de seu estilo parecem basear-

se nas tradicionais composies da pintura mural europia.

A histria do cartaz se inicia nestes anos e no devemos que confundi-lo com os

anncios da antigidade, nem com as ilustraes livrescas. Podemos sim, traar sua

histria ou sua evoluo atravs de pgina impressa. O cartaz nasce com uma funo

diferente da do livro: para ser colocado nos lugares pblicos destinados

publicidade.

Existe uma relao muito prxima entre a pintura do comeo do sculo passado com

os cartazes de Chret. por isso talvez que o cartaz no se desligou totalmente da

pintura. Do mesmo modo, o cartaz influenciou em alguns estilos dados na pintura.

Seus cartazes foram grandes murais adotando assim uma linguagem popular.

Circos e exposies da Europa que decoravam as capas de seus programas, assim

como anncios de circos norte-americanos que chegaram Inglaterra durante a visita

de Chret a esse pas, foi o que influenciou em suas idias.


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Sua obra, mais por seus laos mais representativos de uma grande tradio europia do

que por uma nova era artstica, mais significativa para ns do que foi para seus

contemporneos. Por isso o chamativo uso do preto, o entrelaamento das formas lisas,

rompem com esse estilo tradicional e o aproximam mais do Art Nouveau. Henry Van de

Velde, um dos grandes porta-vozes do Art Nouveau, relaciona tais caractersticas com onome de Chret como precursor deste movimento.

Chret ao mesmo tempo influenciou grandes pintores como Georges Seurat e

Eduardo Manet com sua linguagem e estilo. Os ambientes circenses se contrapem

dependncia da natureza to caracterstica do impressionismo naturalista de 1870. as-

sim que Seurat inspirado em Chret aproveita as formas que existem dentro da natureza

para transform-las em concepes mais artificiais.

Do mesmo modo Manet aponta objetivamente um desenho novo, sbrio ao criar um

cartaz em 1896. Seu desenho permite uma fcil reteno, por parte do pblico, crian-

do formas planas para este cartaz. Essa caracterstica ser vital e essencial no

desenvolvimento do cartaz. Ser uma constante mantida por muitos artistas e

profissionais grficos.

Mas este simples tratamento visual, no foi produto de s um homem, como Chret

marca sua descendncia em outros pintores jovens como o caso de Henri Toulouse-

Lautrec. Henri Toulouse-Lautrec (1864-1901), ao contrrio de Chret, que se encarre-

gou de descrever a vida cotidiana desenvolvida nas ruas, foi um pintor mais ntimo,

mais pessoal, que descreveu as vidas interiores dos habitantes dessas ruas. Assimcomo Chret desenhou, com seu estilo popular, o cartaz que anunciava a inaugurao


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do Moulin Rouge em 1889, Henri Toulouse-Lautrec em 1891 realizava outro cartaz,

anunciando a apresentao de uma nova estrela a Gouloue nesse mesmo

cabaret. A diferena alm de uma interpretao pessoal, teve uma caracterstica

especial que aparece na totalidade dos cartazes de Henri Toulouse-Lautrec: aprecia-

o caricatural, irnica e satrica. No foi em absoluto popular nem alegrico comoChret. Henri Toulouse-Lautrec atravs de seus 31 cartazes em seus 37 curtos anos

de vida, acentua um estilo pessoal que afetar no tempo o prprio curso do cartaz.

O impacto de sua obra afetou a pintura e podemos comprov-lo atravs da pintura de

Pablo Picasso no que se refere s formas simples e monumentais usadas por esse pintor.

Art Nouveau

O Art Nouveau foi o estilo moderno mais caracterstico da mudana do sculo. O

desenho de cartazes formou parte desse movimento artstico que afetou tanto as artes

maiores como as menores. Constituiu em si mesmo uma manifestao de arte total. Foi

uma realidade, uma forma de vida. Os interiores Art Nouveau refletiram a arquitetura

do exterior, e neles incluam-se o papel de parede, os mveis, a vasilha e todas as

formas possveis de decorao, incluindo quadros e vesturio.

As caractersticas deste estilo Art Nouveau deram um valor decorativo e ornamental

s configuraes lineares que foram o produto encontrado nas formas orgnicas.

Em todo o caso sua interpretao vai unida do novo. Foi o novo que impulsionou osgrupos de diferentes pases (Inglaterra, Estados Unidos, Frana, Alemanha, Espanha,


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ustria, Itlia, etc.) a romper com aquela tradio acadmica a criar associaes

secessionistas (divisrias). Assim temos em Mnchen (Alemanha) o movimento

Jugendstil responsvel pela publicao da revista Die Jugend (1896). Na ustria

(Viena) temos a obra dos secessionistas em 1903, que somente diferia do Jugendstil

nas formas de seus desenhos. Foram mais delicados e suaves que o carter dadopelos alemes.

Na Frana os cartazes mais famosos e representativos deste estilo Art Nouveau

foram naturalmente as obras de Henri Toulouse-Lautrec. E alguns excelentes

exemplos do pintor Pierre Bonnard que realizou alguns cartazes como La Reveue

Blanche em 1894.

Alm dos exemplos e caractersticas enunciadas aqui, aparecem algumas formas ins-

piradas em gravuras japonesas, agregando outro elemento significativo do Art Nouveau,

em uma verso totalmente parisiense.

A gravura japonesa que tambm refletia a vida cotidiana, influencia diretamente o

cartaz europeu e tem um profundo efeito sobre a publicidade. Numerosos cartazes

afins ao Art Nouveau mostram uma grande semelhana de composio pictrica com

os desenhos japoneses.

Assim como o Art Nouveau continha elementos de desenho que o caracterizavam

como um movimento novo. que se antecipa s futuras evolues da pintura e da

arquitetura, tambm o Art Nouveau que apresenta referncias ao passado. Assim

encontraremos alguns exemplos de cartazes inspirados em um esprito medievalista.

O exemplo, o temos em Eugne Grasset e Alphonse Mucha. Grasset mostrava naFrana cartazes inclinados para uma decorao medieval. Os franceses to distantes


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do renascimento italiano, queriam ver em sua arte a continuao de sua prpria arte

francesa interrompida justamente por aquele movimento renascentista. Paul Berthon,

discpulo de Grasset opina: queremos criar uma arte original sem mais modelo que a

prpria natureza. Mas esta natureza de Berthon era conceitualmente diferente da

natureza do impressionismo. Tratava-se de inspirar-se na flora e na fauna da Frana,procurando aproximar-se a uma interpretao eminentemente decorativa como foi a

arte francesa durante o medievo. E acrescenta falando: se quero ver uma planta

como decorao, no vou reproduzi-la com todos os seus nervos e folhas ou com o

tom exato de suas flores. Talvez escolha o talo mais harmonioso e selecione uma

linha geomtrica e use cores pouco convencionais que nunca vi antes em modelo

algum. Assim poderei sem temor pintar minhas figuras com o cabelo verde, amarelo

ou vermelho, se a composio do desenho aconselha esses tons.

Este desvio significativo do naturalismo exato uma das principais caractersticas da

Art Nouveau.


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Na Blgica a tendncia geral foi similar s caractersticas que deram os cartazistas na

Frana. S que os desenhos foram mais literais e menos estilizados. O estilo da

escola belga De Lieja foi direto e simples. Na Holanda as obras da Braakensiek

estiveram muito ligadas as idias de Chret. Na Hungria a tradio da publicidade

remonta-se aos sculos XVII e XVIII e, essa publicidade teve relao tambm com osespetculos de circos. Na Itlia o desenho de cartazes aparece unido ao nome de

uma casa editora chamada Ricordi. Essa casa criou a base necessria para que

alguns artistas pudessem desenvolver uma atividade nesse campo.

Na Inglaterra o nome Art Nouveau aparece unido a dois excelentes desenhistas de

cartazes: James Pryde e William Nicholson. Ambos estudaram em Paris e se auto-

batizaram como os irmos Beggarstaff. Seu estilo e suas obras esto muito ligadas ao

movimento ingls das Artes e Ofcios, mais que ao Art Nouveau. Sua relao especi-

almente com os cartazes de Henri Toulouse-Lautrec encontram uma forte influencia

no uso de grandes superfcies lisas de cor e composies de radical interesse. Nos

Estados Unidos a Art Nouveau est brilhantemente representada atravs da obra de

Will Bradley. Um de seus desenhos famosos refere-se a uma srie que realizou para

The Chap Book. Suas caractersticas similares ao estilo francs, so utilizados com

uma nitidez de uma linha que o relaciona com desenhistas europeus.

No fim de 1890, o boom que produziu esta nova atividade do cartaz, esteve em todo

seu apogeu. Editavam-se cartazes especialmente para a finalidade de coleo. Em

outras ocasies o impacto de um cartaz fora to forte, to atrativo para o pedestre,

que ele simplesmente o subtraia ilicitamente dos lugares onde foram expostos costume

em vigor at hoje em dia. Tanto em Paris como em Nova York realizaram-se exposies

abertas ao pblico. Em 1884 em Paris se publicava um primeiro artigo sobre cartazes.O primeiro volume de uma publicao inglesa The Studio, era lanado pela primeira vez.


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O Simbolismo e a Iconografia agregedos como elemento pictrico

O movimento simbolista na Frana aparece associado diretamente a pintores como

Paul Gauguin e Maurice Denis. No caso de Gauguin que no ano de 1890 caminhar

em ouras direes opostas ao impressionismo, consegue aproximar-se junto a outrosartistas e literatos parisienses a uma corrente simbolista. Seus desenhos,

encontramo-los nitidamente dentro da bem marcada linha de contorno. Tanto Gauguin

como Denis empregaram algum dos mtodos e elementos decorativos deste estilo

amplo denominado Art Nouveau. Os artistas simbolistas utilizaram as retorcidas

configuraes lineares e os contornos amorfos do Art Nouveau. Mas sua preocupa-

o foi maior que uma simples soluo formal e esttica. Seu problema foi encontrar

um contedo, que reforado com aquelas formas pudesse criar cartazes mais

inteligentes.

assim que utilizavam as formas, da Art Nouveau tanto para descrever o sagrado

como o profano, inspirando-se em conceitos similares aos usados durante o sculo

XIX pela pintura.

Essas pinturas estiveram sobrecarregadas de excitaes clssicas e religiosas.

No podemos nos esquecer, que naqueles anos tentou-se ressuscitar certo sentido

espiritual na doutrina e na liturgia dentro da Igreja. Na Inglaterra, por exemplo, um dos

pilares da ordem social justamente a Igreja. O movimento High Church surge para

criar uma nova mentalidade religiosa e artstica. Esses conceitos afetaram

evidentemente as artes, em especial a pintura e o desenho de cartazes. Assim alguns

artistas viram-se fascinados pelos ritos litrgicos da Igreja Catlica. Outros saram


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procura de idias nas esferas mais empricas do ocultismo: teosofia, rosacruzianismo,

e doutrinas preocupadas com problemas metafsicos que j comeam a preocupar o

homem. Encontraremos uma srie de personagens sados desta ilimitada imaginao

do homem.

Veremos personagens quase mticos como Salom, a Esfinge, Pan, Medusa, a

Mulher-Menina, a Serpente, etc., que de certo modo servem para mascarar os

sentimentos de uma sociedade decadente. (sculo XIX).

O simbolismo trata de dar uma nova caracterstica cerca da informao visual. Esta

informao no deve necessariamente apresentar-se em forma naturalista. Assim

aparecem rostos grandes quase expressionistas; imagens decorativas compostas de

olhos, signos antigos, smbolos rosacruzianos que se misturam sem maior preocupa-

o por respeitar as tradicionais normas da composio pictrica. Este renascimento

iconogrfico dar uma grande base para a pintura e em especial para o grafismo. Ouso destes smbolos confere ao desenho uma realidade e uma unidade prprias.

uma inovao para dispor dos elementos grficos sem limites, totalmente contrapostos

quela concepo da arte naturalista e ilusionista.

Maurice Denis em 1920 falava: O importante encontrar uma silhueta que seja

expressiva, um smbolo que junto a seu colorido e sua forma, seja capaz de atrair a

ateno das pessoas e de dominar o transeunte. O cartaz deve ser uma bandeira, um

emblema, um signo.


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Os simbolistas criaram bases para a evoluo do desenho pictrico que afetou o

curso da pintura e do desenho publicitrio.

Desenvolvem vrios aspectos em uma s idia dentro de uma mesma obra. O

emprego grfico destes mtodos faz parte desde ento da linguagem dos cartazes.

O Movimento Hippy e sua relao com os Simbolistas

Em 1965 celebrou-se na Universidade da Califrnia (Berkeley) uma exposio

entitulada Jugendstil e espressionismo nos cartazes alemes. Foi a primeira grande

relao que um novo estilo artstico o cartaz hippy de 1960 tinha com a Europa de

1880. O cartaz hippy deve muito ao Art Nouveau e ao simbolismo do principio dosculo.

tambm uma nova forma de decorao. Os pontos de concordncia so muitos e um

deles refere-se procura das qualidades espirituais.

J em 1890 os artistas desiludidos por aquele materialismo excessivo procuram

ressuscitar o culto aos valores espirituais. Como em 1890, em 1960 certo tipo de

sociedade vai procura dos mesmos valores.

Assim aparecem as largas tnicas, as barbas ao vento, a moda unisex e tais

caractersticas so expresses to simbolstas como hippies.

A diferena alm do tempo, est nos meios tcnicos e a linguagem grfica na

representao dessas mesmas idias. A semelhana existe nos contedos, da

temtica e na confuso visual que esses elementos provocam. Trata-se de elaborar um

cdigo diferente que visa apelar mais aos sentidos que a prpria razo. Para confundir

o espectador e provoca-lo sensorialmente que o hippies usaram formas entrelaadas,

agregando cores complementares. Em 1984, o norte-americano Will Bradley criava um

cartaz com iguais intenses formais. Assim ns encontramos semelhanas entre um

Will Bradley do 1900 e um Victor Moscoso do 1960.

Evidentemente que tal concepo entre ambas correntes artsticas (o simbolismo e o

hippismo) nos parecem um tanto contraditrias, tratando-se de um meio de comunicao.

Estamos frente a uma nova conduta artstica cuja caracterstica criar cartazes

somente como atrativo sensual e supor uma ruptura com as atitudes mantidas nos


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anos 50, em que se lograram alcanar excelentes resultados em matria de cartazes,

quando o desenhista devia transmitir uma mensagem clara e direta.

A atitude assumida pelo movimento hippy que parece contradizer o que deve ser a

essncia de uma informao , no obstante, uma forma diferente de ver o problema.O que eles pretenderam inovar e modificar foi um comportamento de vida. Foi uma

nova forma de ver, de analisar um tipo de espectador que deveria desenvolver um

hbito de ver sem ler, de ouvir sem escutar. Trata-se em essncia de uma atitude

mental: as mensagens chegam atravs dos sentidos. Est posio vlida, restando

saber se ela pode atingir a um grande nmero de pessoas. Assim ficar justificada a

verdadeira funo do cartaz.

No obstante, um dos fatos que prejudicou o maior desenvolvimento desta correntehippy, foi a proliferao extrema dos cartazes, que se transformou em uma verdadeira

postermania (coleo de cartazes indiscriminada), o que debilita a vitalidade desse

meio de comunicao.

Os Movimentos Artsticos Formais

Os movimentos artticos formais esto ligados a conceitos de funo, que relacionam

qualquer forma artstica com a utilidade que elas possam ter. Aqueles conceitos


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implicam no desenho com uma viso de futuro que junta as artes indstria, na era

da tecnologia.

Assim este modernismo formal estar representado pelos diversos movimentos de

vanguarda da pintura desdte sculo XX tais como o fauvismo, o cubismo, purismo ,suprematismo, futurismo, construtivismo, dadasmo, surrealismo, expressionismo e

abstracionismo; os que procuram uma nova ordem estrutural como elementos

indispensveis na concepo dos desenhos. A busca das formas mais rgidas ser

um compromisso adquirido e uma constante nos artistas que participaram destes

movimentos. Sua linguagem foi inovadora e principalmente tcnica. medida que,

pouco a pouco, se distanciaram desses princpios, o modernismo formal se transformou

e alcanou sua sntese no modernismo decorativo.

Assim temos, por exemplo, o prprio cubismo, que teve uma transformao do formal

para o decorativo numa referncia quase clssica. Da mesma maneira nasce uma

moda decorativa produto da sociedade de consumo, nos anos precedentes

segunda guerra mundial.

As etapas do modernismo formal podem ser estabelecidas entre os anos 1900 e 1930

e as etapas do modernismo decorativo entre 1930 e 1945. Evidentemente que tais

datas no podem ser separadamente, como to pouco pode se assinalar exatido

delas.

O importante neste estudo do cartaz, saber relacionar as diversas correntes

estilsticas dadas s artes e principalmente na pintura, e poder diferenciar os

caminhos decorridos entre elas. Tanto as semelhanas como as diferenas, podero

ser encontradas e s assim teremos uma viso de conjuntos desses movimentos.

difcil tambm determinar com certeza o lugar que corresponde ao cartaz entre as

artes pictricas. Uns os consideram como uma ramificao da pintura, outros os

colocam entre as artes decorativas. O cartaz segundo o desenhista Cassendre no

nem um homem nem decorao, ainda que ele possa utilizar os meios que lhe ofere-

cem uma ou outra.

O cartaz precisa de uma absoluta renncia por parte do artista, pois este no pode

afirmar, nele a sua prpria personalidade. A diferena entre o cartaz e a pintura est na

finalidade, nos objetivos. Assim como a pintura tem um fim em si mesma, uma

concepo pessoal do artista, o cartaz um meio para um fim, um meio de comunica-

o entre um produto e o consumidor. Portanto leva implcita uma funo de estrita ne-cessidade. Outra diferena fala acerca do carter que o cartaz tem e que o relaciona


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com a poca moderna. um meio tcnico, que tem que ser idealizado para poder ser

reproduzido em srie (reproduo de massas).

Concluindo a idia anterior, se colocarmos o cartaz entre as artes pictricas, isso s

ser possvel na medida em que a prpria pintura se aproxima dos conceitos domundo moderno referentes s novidades que nos proporcionam a indstria e a

tcnica.

A maioria dos movimentos formais tiveram influncia direta no desenvolvimento do

cartaz e assim como este sofrem influncia da pintura, tambm a pintura deixou-se

influenciar pelos estilos nos desenhos de cartazes.

O cubismo, que teve grande repercusso na pintura moderna, teve tambm sua

influncia em desenhistas como o prprio Cassandre. Assim seu cartaz Wagon Bar,

uma mistura de formas cbicas justapostas, simulacro de colagem, com a mesma

idia conceitual com respeito a seu contedo; o maquinismo, produto da era industrial,

tpico do esprito dos futuristas, os tratamentos precisos dos objetos, tpico dos

puristas e assim por diante. Fernand Lger foi outro cartazista inspirado nos movi-

mentos cubistas e puristas para idealizar seus desenhos.

Os dadastas causaram uma verdadeia anarquia dentro das artes. Sua contribuio

deixar sentir efeitos tambm em alguns cartazistas como Kurt Schwiters e Theo Van

Doesburg (1923), e posteriormente em movimentos mais recentes como o Neo-

Dadasmo ou Pop Art (Arte Pop).


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Os holandeses atravs de seu movimento de stijl, ou construtivismo, doaram uma infra-

estrutura ao desenho de cartazes. Assim temos as experincias de Hendrik Werkman

usando materiais diversos, como tintas de impresso, rolos e tipos de letras.

Outro desenhista holands foi Piet Zwart que trabalhou em exerccios tipogrficos como

seu cartaz de 1930 Either.

As artes formais surgem quase diretamente deste grupo holands que tambm rene

os nomes de Van Doesburg e Mondrian.

O desenho formal abstrato tambm vai afetar o desenho de cartazes. Temos como

exemplo a Jan Tschichold que utilizou a fotografia (foto montagem) em seu cartaz

Phoebus Paslatem 1927. Outro artista importante foi El Lissitzky, que trabalhou em

cartazes para o cinema.


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O suprematismo explorado por Malevich foi uma corrente estilstica na qual tambm

se procura formas simples e abstratas para transformar a realidade.

Todos estes estilos compreendidos no desenho e na pintura e que foram produto dos

diversos movimentos artstico deste nosso sculo, tiveram uma resposta imediata nodesenho de cartazes.

O melhor efeito deste formalismo, se solidificou na Alemanha. L foi criada em 1918 a

Bauhaus, movimento que reuniu os melhores artistas europeus e que se juntaram

para criar um tipo de trabalho mais unificado e menos individual. A idia foi responder

a uma poca que exigia um trabalho disciplinado e ligado especialmente a fatores de

seu tempo (unidade com a sociedade, sistema social, arquitetura, desenho industrial,

etc).

Dentro de Bauhaus dirigida por Walter Gropius, deve-se distinguir dois grupos entre

os quais temos os artistas mais puros como Paul Klee, Feininger, Itten e Kandisnky e

outro grupo integrado por Moholy-Nagy, El Lissitzky, Malevich e a maioria dos

componentes do grupo holands De Stijl, os quais tiveram uma relao direta sobre

o desenho de cartazes.

Moholy-Nagy foi o principal inovador das mudanas experimentadas na tipografia de

Bauhaus e das tcnicas publicitrias desde 1923.

Schwitters e Van Doesburg empregaram as idias dad (dadasmo) e De Stijl respecti-

vamente (cartas Recital Dad de 1923).

Joost Schmidt entre 1928-1930 criou cartazes tridimensionais como estruturas deexposio.


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Peterhans criou um departamento fotogrfico para desenhar cartazes e serem

colocados nos Stands (1932).

Assim a Bauhaus cresceu at o momento de desparecer em 1933. Muitos Artistas

propagaram as idias da Bauhaus pelos Estados Unidos tais como Walter Allnes eHebert Bayer.

A transformao nas mudanas no desenho teve um papel importante nas artes e

especialmente no desenvolvimento deste meio de comunicao que o cartaz.

Os Movimentos Artsticos Decorativos

Os movimento decorativos tiveram sua apario em pblico na exposio das artes

decorativas de Paris em 1925, e foram consequncia de um desenvolvimento anterior.

Este desenvolvimento produziu um efeito bastante acentuado entre 1910 at

aproximadamente 1940.

Sua evoluo na Europa tem razes diversas que esto localizados em outras

concorrentes estilsticas. Como por exemplo, na Astria muitas das delicadas

configuraes secessionistas produziram uma variante, assim como as formas

pesadas do Jugendstil da Alemanha. Na Inglaterra os cartazes tomaram as formas

simples e suaves dos irmos Beggastaff. Na Frana as cores dos fauves (ou favistas)

alm dos desenhos dos grandes modistos como Paul Poiret e a obra de Jean

Cocteau, abriram caminho a este estilo decorativo. O prprio Picasso faz ensaios

decorativos em suas pinturas cubistas. Estas novas possibilidades do cubismo deco-

rativo, contribuiro para a evoluo do cartaz. Apesar de que foi um caminho

totalmente diferente daquele segidos pelos movimentos artsticos formais.

Os cartazes decorativos tero duas linhas evolutivas: a primeira surge da abstrao

cubista (que exata), a segunda baseada em configuraes decorativas que

tambm parte da evoluo do cubismo.

Paul Cassandre a quem assinalamos como o melhor intrprete do futurismo pela

utilizao de uma linguagem tcnica e de conceitos modernos (como o maquinismo

fazendo parte de uma nova forma de vida), tambm considerado dentro do estilo

purista ao dispor de elementos de desenho em forma precisa, usando uma linguagem

popular. Foi tambm quem sintetizou melhor as formas do cubismo atravs de seudesenho, Etoile du Mord e Wagon Bar. Cassandre tambm foi assinalado como um


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notvel desnhista de cartazes, que so um bom exemplo desdte estilo decorativo.

Assim temos: os cartazes Grcia em 1933 e Inglaterra em 1934.

Viajou tambm pelos Estados Unidos e fez desenhos para Harpers Bazaar, toman-

do parte inclusive em decoraes teatrais (cenografias).

Outro cartazista famoso foi Jean Carlu difundindo seu estilo decorativo tal como

Americas Answer Production. Tratava-se de um rtulo com caracterstica de

smbolo, em que aparece em primeiro plano uma mo em forma de chave inglesa

apertando uma porca.

Paul Colin foi o desenhista que relacionou muito bem o cartaz com a pintura

decorativa da poca (ex. Bal Negre).

O decorativismo entre as obras de Cassandre, Colin e Carlu tem uma relao direta

com a pintura decorativa. A diferana de que o cartaz um meio de expresso

pensando para ser reproduzido em srie. Aquelas idias dos cubistas, como por

exemplo a utilizao das tcnicas de colagem, e uso da tipografia, papis e diversosmateriais, sero agora tcnicas para serem utilizadas por estes cartazistas. A

finalidade de um cartaz impresso diferente da pintura, desde a concepo da idia

at dos meios tcnicos.

Os cartazes publicitrios de A. Mercier como Cointreaude 1926, os desenhos de

Bernad Becan, de Pierre Fix-Masseau e Paulet Tevenez, so todas obras tpicas

deste estilo novo chamado tambm Art Dco.


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Na Inglaterra organizaes como a London Transport, a Shell Oil e a Imperial Airwairs

encomendaram cartazes a desenhistas franceses. O nico problema destes desenhos

foram a ligao existente na Frana com a pgina impressa. Muita das idias destes

cartazes eram adaptaes de pginas de livros j existentes. Surgiram uma srie de

cartazes de mau gosto, a maioria tendo uma tendncia turstica. Tais obras no

significaram um progresso para seu desenvolvimento. Evidentemente deram-se

algumas excees tais como as obras de Tom Purvis Frank Newbould com seu cartaz

de 1922 chamado Ventnor.

Em relao ao cartaz publicitrio os trabalhos dos ingleses como os de Frank Pick

para a London transport e os de Jack Beddington para a Shell Oil so excelentes

exemplos de cartazes publicitrios, submetidos a um trabalho mais rigoroso quanto

coordenao geral dos desenhos.

O norte-americano Mc Knight Kauffer alcanou grande fama por seu cartaz de

decorativo geomtrico Flight of Birds em 1919, apesar de ser uma mistura entre o

decorativo e o formal.

Para justificar seu estilo, admitem em seu livro The Art Of The Poster (a arte dos

cartazes),escrito em 1924, que so poucos os cartazes desse tempo, desenhados

com uma finalidade, cubista ou futurista, conceitos vulgarmente utilizados pelo

pblico para descreverqualquer coisa inslita e moderna.

Jean Dupas e George-Lepape so outros dos artistas parisiense que se influenciaram

no desenho da poca para criar cartazes decorativos.


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Lucian Bernhard (austriaco), nos mostra um estilo inspirado nesse carater semelhante

a Hohlwein. Suas obras so decorativas apresentando o luxo dessa poca. Exemplo:

os cartazes Berliner Sitzmoebell Industrie, Mampes-Likore, Luce Borch, Manoli

Gibson Girle especialmente seu cartaz Priesterque mostra a novidade na

apresentao de um s objetivo visto em grande escala em primeiro plano.

Uma contribuio importante desse desenhista s artes grficas, o desenho de

vrios tipos de letras. Desde o seu incio (1905) at nossos dias, tem mostrado muitointeresse pelo o uso de textos desenhados por ele mesmo.

O estilo decorativo no foi um s movimento isolado e casual. Muito pelo contrrio,

difcil estabelecer os limites como tambm poder assinalar os movimentos que mais

pesaro nele. Ter que ser feita uma restrospectiva e procurar dentro do movimentos

estilsticos da pintura (realismo, art nouveau e estilos formais) para encontrar uma ver-

dadeira relao.


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A concluso dada a este movimento em 1940, tambm pode ser inexata,

especialmente quando ainda encontramos cartazes inspirados nesta tendncia.

A srie de artistas norte-americanos que a partir da segunda guerra, invadiram o

mercado artstico, sero os que introduziro elementos novos no estilo nos desenhosde cartazes. S assim que se poder falar de uma eventual finalizao deste estilo.


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04_história dos cartazes

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