apresentação jörn rüsen

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Fundamentos da Educação Histórica Prof. Dr. Marcelo Fronza Discentes: Carolina Akie Ochiai Seixas Lima Dorit Kolling de Oliveira Gabriel Francisco de Mattos Nailza da Costa Barbosa Gomes Junho/2014

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA

Fundamentos da Educação HistóricaProf. Dr. Marcelo Fronza

Discentes: Carolina Akie Ochiai Seixas LimaDorit Kolling de OliveiraGabriel Francisco de MattosNailza da Costa Barbosa Gomes

Junho/2014

Jörn Rüsen é historiador e filósofo alemão. Os seus textos e investigações abrangem, sobretudo, os campos da teoria e metodologia da história, da história da historiografia e da metodologia do ensino de história. 

O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA NARRATIVA NA APRENDIZAGEM HISTÓRICA: UMA HIPÓTESE ONTOGENÉTICA

RELATIVA À CONSCIÊNCIA MORAL

“A aprendizagem histórica pode se explicar como um processo de mudança estrutural na consciência histórica. A aprendizagem histórica implica mais que um simples adquirir de conhecimento do passado e da expansão do mesmo. Visto como um processo pelo qual as competências são adquiridas progressivamente, emerge como um processo de mudança de formas estruturais pelas quais tratamos e utilizamos a experiência e conhecimento da realidade passada, passando de formas tradicionais de pensamento aos modos genéticos.” (tradução: Silvia Finocchio)

Jörn Rüsen

Publicações Em alemão Em português

(2006) Kultur macht Sinn: Orientierung zwischen Gestern und Morgen. Köln: Böhlau.(2005) History: Narration, Interpretation, Orientation. New York: Berghahn.(2003) Kann Gestern besser werden? Essays zum Bedenken der Geschichte. Berlin: Kadmos.(2002) Geschichte im Kulturprozess. Köln: Böhlau.(2001) Zerbrechende Zeit. Über den Sinn der Geschichte. Köln: Böhlau.(1994) Historisches Lernen. Grundlagen und Paradigmen. Köln: Böhlau.(1994) Historische Orientierung : über die Arbeit des Geschichtsbewusstseins, sich in der Zeit zurechtzufinden. Köln: Böhlau.(1993) Konfigurationen des Historismus: Studien zur deutschen Wissenschaftskultur. Frankfurt am Main : Suhrkamp.(1993) Studies in Metahistory. Pretoria: HSRC.(1992) Geschichte des Historismus: eine Einführung (em co-autoria com Friedrich Jaeger). München: C. H. Beck.(1990) Zeit und Sinn: Strategien historischen Denkens. Frankfurt am Main: Fischer.(1989) Lebendige Geschichte: Grundzüge einer Historik III: Formen und Funktionen des historischen Wissens. Göttingen: Vanderhoeck & Ruprecht.(1986) Rekonstruktion der Vergangenheit. Grundzüge einer Historik II: die Prinzipien der historischen Forschung. Göttingen: Vanderhoeck & Ruprecht.(1983) Historische Vernunft. Grundzüge einer Historik I: Die Grundlagen der Geschichtswissenschaft. Göttingen: Vanderhoeck & Ruprecht.(1976) Für eine erneuerte Historik : Studien zur Theorie der Geschichtswissenschaft. Stuttgart: Frommann-Holzboog.(1969) Begriffene Geschichte. Genesis und Begrundung der Geschichtstheorie J.G. Droysens. Paderborn: Schöningh.

RÜSEN, Jörn. Aprendizagem histórica: fundamentos e paradigmas. Curitiba: W.A. Editores, 2012.(2012) "Cultura: universalismo, relativismo ou o que mais?". (Trad. Daniel Carlos Knoll). História & Ensino, v. 18, n. 2, 281-291.(2011) "Pode-se melhorar o ontem? Sobre a transformação de passado em história". (Trad. Arthur Alfaix Assis) In: Marlon Salomon (Org.). História, verdade e tempo. Chapecó: Argos, 105-132, ISBN: 978-85-7897-032-1.(2010) Jörn Rüsen e o ensino de história. (Org. Maria Auxiliadora Schmidt, Isabel Barca & Estevão de Rezende Martins). Curitiba: Ed. UFPR.(2009) "Como dar sentido ao passado. Questões relevantes de meta-história" (Trad. Valdei Araújo e Pedro S. P. Caldas). In: História da Historiografia, no. 2, 163-209.(2007) História Viva: Formas e funções do conhecimento histórico. (Trad. Estevão de Rezende Martins). Brasília: Ed. UNB.(2007) Reconstrução do Passado: Os princípios da pesquisa histórica. (Trad. Asta-Rose Alcaide). Brasília: Ed. UNB.(2006) "Didática da história: passado, presente e perspectivas a partir do caso alemão" (Trad. Marcos Roberto Kusnick). In: Práxis Educativa (Ponta Grossa, PR), Vol. 1, N. 2, p. 07-16.(2001) Razão histórica. Teoria da história: Os fundamentos da ciência histórica. (trad. Estevão de Rezende Martins). Brasília: Ed. UnB.(2001) Perda de sentido e construção de sentido no pensamento histórico na virada do milênio. História: Debates e Tendências (Passo Fundo, RS), Vol. 2, N. 1, p. 9-22.(1997) "A história entre a modernidade e a pós-modernidade". In: História: Questões e Debates (Curitiba), Vol. 14, N. 26-27, 80-101.(1996) "Narratividade e objetividade nas ciências históricas". In: Textos de História (Brasília), v. 4, n. 1, p. 75-102.(1989) "Conscientização histórica frente à pós-modernidade: a História na era da 'nova intransparência'". In: História: Questões e Debates (Curitiba), Vol.10, N. 18/19.(1987) "Explicação narrativa e o problema dos construtos teóricos de narração". In: Revista da Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica (São Paulo) N. 3.

Castelo de ColLenda da EscóciaMaclean – clã escocês highland

Uma narração em quatro versões...• Utilizar a história para demonstrar a natureza da competência

narrativa e suas diversas formas.• O autor assinala a existência de quatro possibilidades para

interpretação:

1. Tomada de decisão guiado por uma antigo tratado;

2. Tomada de decisão motivado por múltiplas razões, mas ainda motivado por acordos passados;

3. Pode negar-se a tomar uma decisão que leve em conta acordos do passado, apresentando uma série de argumentos histórico-críticos;

4. Pode tomar uma decisão baseado em considerações modernas.

Essas quatro variantes representam quatro versões essenciais da consciência histórica, mostrando quatro etapas de desenvolvimento por meio da aprendizagem.

A relação entre consciência histórica, os valores morais e o raciocínio

• Que significados tem os valores morais?

- “Valores são geralmente princípios, guias de

comportamento, ideias ou perspectivas-chaves que

sugerem o que deveria ser feito em uma situação

determinada, em que existem várias opções.”

- “Expressam a relação social como uma obrigação

para nós, dirigindo-nos, assim, até a essência de nossa

subjetividade, recorrendo a nosso sentido de

responsabilidade e nossa consciência.” (p. 55)

Como entra a história entre nossas ações, nossa

personalidade e nossas orientações valorativas?

- “Quando se supõe que os valores morais guiam as

ações que tomamos em uma dada situação, devemos

relacionar os valores a esta situação, interpretar os

mesmos e seu conteúdo moral com referência à

realidade em que os aplicamos, e avaliar a situação

nos termos de nosso código de valores morais

aplicáveis.” (p.55)

- “Para tal, a consciência histórica é um pré-

requisito necessário”.

SOBRE A “CONSCIÊNCIA HISTÓRICA”

• Por que tem que ser a consciência histórica um pré-

requisito necessário para a orientação em uma situação

presente que demanda ação?

- “É que a consciência histórica funciona como um

modo específico de orientação em situações reais da vida

presente.”

• O que é especificamente histórico nesta explicação,

nesta interpretação da situação e em sua legitimação?

- “O histórico como orientação temporal une o

passado ao presente de tal forma que confere uma

perspectiva futura à realidade atual.” (p. 56)

CARACTERÍSTICAS DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA:

- “A consciência histórica serve como elemento

de orientação chave, dando à vida prática um marco e

uma matriz temporal, uma concepção do “curso do

tempo” que flui através dos assuntos mundanos da

vida diária.”

- “A consciência histórica deve ser conceituada

como uma operação do intelecto humano para

aprender algo neste sentido.”

- “A história é um nexo significativo entre o

passado, o presente e o futuro.”

- A consciência histórica mistura “ser” e “dever”

em uma narração significativa.

- A consciência histórica traz uma contribuição

essencial à consciência ética moral.

- A consciência histórica tem uma função

prática: pode guiar a ação intencionalmente,

através da mediação da memória histórica.

- Orientação temporal: • sob o aspecto externo - traz a

dimensão temporal da vida prática; • sob o aspecto interno - traz a dimensão

temporal da subjetividade humana.

A competência narrativa da consciência histórica

ELEMENTOS CONSTITUINTES DA NARRATIVA HISTÓRICA

Ainda a competência narrativa da consciência histórica

• Texto 5 (Schmidt) cita 3 Princípios: Experiência

Orientação

Interpretação • Texto 8 (Rusen) repete:

Categorias de Sentido: Percepção

Interpretação

Orientação

O passado é interpretado

O presente é entendido

O futuro é esperado

Toda narrativa é história, mas nem toda é histórica.

3 dimensões da constituição histórica de sentido(ainda no texto 8)

Quatro tipos de consciência histórica- “Minha intenção aqui é propor uma teoria análoga [á do

desenvolvimento cognitivo] de desenvolvimento concernente à realidade ou à moral e à atividade através de um ato narrativo: o relato de uma história de fatos passados.”

- Procura-se “uma tipologia geral do pensamento histórico”.

4 princípios distintos:

a)- afirmação das orientações dadas,

b)- regularidade dos modelos culturais e dos modelos de vida (Lebensformen);

c)- a negação;

d)- a transformação dos modelos de orientação temática.

Existem seis elementos e fatores de consciência histórica através dos quais se pode descobrir estes tipos:

1)- seu conteúdo, ou seja, a experiência dominante do tempo, trazida desde o passado;

2)- as formas de significação histórica, ou as formas de totalidades temporais;

3)- o modo de orientação externa, especialmente em relação às formas comunicativas da vida social;

4)- o modo de orientação interna, particularmente em relação à identidade histórica como a essência da historicidade no conhecimento da personalidade humana e a auto compreensão;

5)- a relação de orientação histórica com os valores morais; e

6)- sua relação com a razão moral (ver quadro).

Os quatro tipos de consciência histórica - Quadro Resumo

O desenvolvimento das competências narrativas

Rüsen afirma que, “para embarcar em uma investigação sobre a consciência histórica e sua relação essencial com a consciência moral, é necessário primeiramente esclarecer as bases, isto é, um marco teórico que deva ser construído e que defina o campo de ação e explique em termos conceituais quais são as questões básicas a analisar.”

Que conceitos de desenvolvimento podem de fato ser oriundos da tipologia?

O tipo tradicional é primário e constitui a condição para outros tipos. É a fonte, o começo da consciência histórica. Na sequência lógica cada um é precondição para o próximo:

tradicional; exemplar; crítico; genético.

Pode-se supor que há uma sequência estrutural no desenvolvimento da consciência histórica

1- A sequência implica uma crescente complexidade;

2- O crescimento em complexidade pode ser especificado e diferenciado seguindo a ordem lógica das precondições;

3- Há também um crescimento em complexidade com respeito às formas de significação histórica;

4- É igualmente certo quando vai ao grau de abstração e complexidade das operações lógicas;

5- Existe também uma crescente complexidade da orientação interna e externa;

6- Transitando através das séries tipológicas, há uma complexidade crescente em relação à identidade histórica;

7- Os modos tradicionais e exemplares estão bastante estendidos e se podem encontrar com frequência; os modos críticos e genéticos, pelo contrário, são mais raros;

8- A experiência de ensinar história em escolas indica que as formas tradicionais de pensamento são mais fáceis de aprender, a forma exemplar domina a maior parte dos currículos de história, as competências críticas e genéticas requerem um grande esforço por parte dos docentes e do aluno.

Observações empíricas acerca da aprendizagem histórica e a investigação empírica

A aprendizagem histórica pode ser conceituada como um processo de digestão de experiência absorvendo-o sob a forma de competências. Essa competência consiste em três habilidades:

1- experiência, relacionada com a realidade passada;

2- interpretação, relacionada com o todo temporal que combina: a)- experiência do passado com b)- a compreensão do presente e c)- as expectativas concernentes ao futuro;

3- orientação, relacionada com a necessidade de prática de encontrar um caminho através dos estreitos e remansos da mudança temporal.

“Uma investigação desta natureza, enfrenta formidáveis obstáculos em especial a complexidade da consciência histórica e suas quatro competências. Tal tipologia imprime a ideia aos investigadores de que o que é importante descobrir em relação à consciência histórica não é a extensão do conhecimento implícito, mas também o marco de referência e os princípios operativos que dão sentido ao passado”.

Referência Bibliográfica

RÜSEN, Jörn. O desenvolvimento da competência narrativa na aprendizagem histórica: uma hipótese ontogenética relativa à consciência moral. (Orgs.) SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; Martins, Estevao de Rezende. Jörn Rüsen e o ensino de História. Curitiba: Ed. UFPR, 2010, p. 51-77.