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Cronistas do Descobrimento César Cordeiro Vieira Gizelle Kaminski Corso INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA DALTEC ASSESSORIA DE PORTUGUÊS

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Cronistas do Descobrimento

César Cordeiro Vieira

Gizelle Kaminski Corso

INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINADALTEC – ASSESSORIA DE PORTUGUÊS

OBJETIVOS

• Apresentar uma análise da obra Cronistasdo descobrimento, organizada por AntonioCarlos Olivieri e Marco Antonio Villa;

• Pensar sua inserção na lista das obrasliterárias do Vestibular da UFSC - 2015;

• Perceber e discutir sobre a visão do“Brasil” na perspectiva do estrangeiro;

• Apresentar um percurso do índio naliteratura brasileira.

OBRAS DO VESTIBULAR DA UFSC 2015

• O fantástico na ilha de Santa Catarina (FranklinCascaes)

• Várias histórias (Machado de Assis)

• Agosto (Rubem Fonseca)

• Relato de um certo oriente (Milton Hatoum)

• Melhores poemas (João Cabral de Melo Neto)

• Cronistas do descobrimento (Olivieri e Villa, Org.)

• Juiz de paz na roça (Martins Pena)

• O que é isso, companheiro? (Fernando Gabeira)

OBRAS DO VESTIBULAR DA UFSC 2015

Cronistas do descobrimento (Olivieri e Villa,Org.)

Ano: retrato do Brasil de 1500

Relatos e impressões

dos viajantes que aqui

estiveram; primeiros

momentos de “um” Brasil.

Período: Quinhentismo

OBRAS DO VESTIBULAR DA UFSC 2015

Juiz de paz na roça (Martins Pena)

Ano: 1838

Retrata um Brasil rural do

Século XIX; primeira

comédia de

costumes do teatro

brasileiro.

Período: Romantismo

OBRAS DO VESTIBULAR DA UFSC 2015

Várias histórias (Machado de Assis)Ano: 1896Coletânea de contos publicadosna Gazeta de notícias:“A cartomante”, “Unsbraços”, “O enfermeiro”,“Conto de escola”, “Umapólogo”, e outros.Período: Realismo

OBRAS DO VESTIBULAR DA UFSC 2015

Melhores poemas (João Cabral de Melo Neto)Ano: 8ª edição, 2010Seleção de poemas feita porAntonio Carlos Secchin.São poesias intimistas, dereflexão sobre a vida, a morte,o humano e a sociedade. Retratoabrangente do Nordeste em linguagempoética.Período: Geração de 45

OBRAS DO VESTIBULAR DA UFSC 2015

O fantástico na Ilha de Santa Catarina(Franklin Cascaes)

Desenhos e “causos” recolhidos

de descendentes de açorianos,

elaborados entre 1946 e 1975.

Período: Contemporaneidade

OBRAS DO VESTIBULAR DA UFSC 2015

O que é isso, companheiro? (FernandoGabeira)

Ano: 1979

Romance-depoimento que

apresenta um retrato do Brasil

nos anos 60 e 70 (luta armada,

prisão, tortura, militância, exílio).

Período: Contemporaneidade

OBRAS DO VESTIBULAR DA UFSC 2015

Agosto (Rubem Fonseca)

Ano: 1990

Narrativa policial enfocando a

intriga política e o realismo

social. Registra acontecimentos

que antecederam o suicídio de

Vargas em 1954.

Período: Contemporaneidade

OBRAS DO VESTIBULAR DA UFSC 2015

Relato de um certo oriente (Milton Hatoum)Ano: 2008Romance que apresentao regresso de uma mulher aManaus, cidade de sua infância;busca de um mundo perdido,reconstruído nas falas dospersonagens.Período: Contemporaneidade

“BRASIS” SOB O OLHAR ESTRANGEIRO

“BRASIS” SOB O OLHAR ESTRANGEIRO

Fera que vive do vento, André Thevet, 1555,

Padre franciscano francês

(1502-1590)

“BRASIS” SOB O OLHAR ESTRANGEIRO

“BRASIS” SOB O OLHAR ESTRANGEIRO

“BRASIS” SOB O OLHAR ESTRANGEIRO

Mulher tupinambá, Albert Eckhout, pintor holandês

(1610-1666)

“BRASIS” SOB O OLHAR ESTRANGEIRO

“BRASIS” SOB O OLHAR ESTRANGEIRO

Os Mundurucus às margens de um afluente do Rio Madeira (1862),

François Auguste Biard

UM PERCURSO DO ÍNDIO NA LITERATURA BRASILEIRA

UM PERCURSO DO ÍNDIO NA LITERATURA BRASILEIRA

• Séculos XVI e XVII: cronistas e viajantes –índio como elemento exótico do mundo tropical emulher índia como exótica e erótica; jesuítas –selvagem que deveria ser catequizado;

• Século XVIII: índio – ser ainda não corrompidopela sociedade (mito do bom selvagem –Rousseau);

• Século XIX: índio – símbolo nacional; herói dapátria; idealizado nas ações e nos sentimentos;“cavaleiro medieval tupiniquim”;

• Século XX: índio – fruto da consciência darealidade nacional (índio da perspectiva românticasatirizado e criticado pelos modernistas).

OS CRONISTAS, VIAJANTES, E O DESCOBRIMENTO,

O ACHAMENTO…

VIAGENS, DESCOBRIMENTOS…

“A verdadeira viagem de descobrimento

não consiste em procurar novas paisagens,e sim em ter novos olhos.”

(Marcel Proust)

VIAGENS, DESCOBRIMENTOS…

“Navegar é preciso, viver não é preciso.”

(frase atribuída ao general romanoPompeu em 70 a.C. quando empreendeuarriscada viagem marítima durante umperíodo de dificuldades no Impérioromano; a frase é retomada pelo escritorportuguês Fernando Pessoa)

VIAGENS, DESCOBRIMENTOS…

VIAGENS, DESCOBRIMENTOS…

“Cada torrão desta terra é sagrado parameu povo, cada folha reluzente depinheiro, cada praia arenosa, cada véu deneblina na floresta escura, cada clareira einseto a zumbir são sagrados nas tradiçõese na consciência do meu povo. A seiva quecircula nas árvores carrega consigo asrecordações do homem vermelho.” (ChefeSeattle em carta ao presidente FranklinPierce em 1854)

OS CRONISTAS

Pero Vaz de Caminha

Piloto Anônimo

Pero Lopes de Sousa

Manuel da Nóbrega

André Thevet

Jean de Léry

Hans Staden

José de Anchieta

Pero de Magalhães Gândavo

Fernão Cardim

Gabriel Soares de Sousa

(Português, ?1450-1500)

(Português, ?)

(Português, 1500-1539)

(Português, 1517-1570)

(Francês, 1502-1590)

(Francês, 1534-1611)

(Alemão, 1525-1576)

(Português, 1534-1597)

(Português, ?1540-1579)

(Português, 1548/49-1625)

(Português, 1540-1592)

Pero Vaz de CaminhaCarta de achamento do Brasil

• Gênero: Carta

Relatando ao rei de Portugal odescobrimento, o escrivão da armada deCabral descreve, deslumbrado, a terra eseus habitantes, registrando as emoçõesdo primeiro contato com os índios.

Pero Vaz de CaminhaCarta de achamento do Brasil

• Fragmento

“Entre todos que hoje vieram, não veio maisque uma mulher moça, a qual esteve sempreà missa e a quem deram um pano com que secobrisse. Puseram-lho a redor de si. Porém,ao assentar, não fazia grande memória de oestender bem, para se cobrir. Assim, Senhor,a inocência desta gente é tal, que a de Adãonão seria maior, quanto a vergonha.” (p. 33)

Piloto AnônimoRelação da viagem de Pedro Álvares Cabral

• Gênero: Relato

De autoria desconhecida, este relato reconstituia travessia do oceano Atlântico pela frota deCabral, com informações que complementam eàs vezes contradizem o texto de Caminha.

Piloto AnônimoRelação da viagem de Pedro Álvares Cabral

• Fragmento:

“[...] que povos eram aqueles, [...] acharam uma

gente parda, bem-disposta, com cabeloscompridos; andavam todos nus sem vergonhaalguma, e cada um deles trazia seu arco comfrechas, como quem estava ali para defenderaquele rio; […].” (p. 38)

Pero Lopes de SousaDiário de Navegação

• Gênero: Crônica (Relato)

Verdadeira crônica dos primeiros fatosda história do Brasil, escrita no calor dahora, este texto documenta o dia a dia daexpedição comandada por Martim Afonsode Sousa, de quem o autor era irmão.

Pero Lopes de SousaDiário de Navegação

• Fragmento

“Quarta-feira 23 do mês fazia-me de terra10 léguas; e ao meio-dia carregou muito ovento sueste, com mui grão mar; por nãopodermos ir de ló amainamos as velas elançamos as naus de mar em través”.

(p. 48)

Manuel da NóbregaCarta e diálogo sobre a convenção do

gentio• Gênero: Carta e Diálogo

Na primeira carta que escreve do Brasil, o jesuítarelata o trabalho dos padres da Companhia, dandoassistência religiosa aos colonizadores e buscandocatequizar os índios.

Em forma de diálogo, Nóbrega discute aspectospráticos, morais e religiosos da relação entre oscolonizadores e os índios, defendendo a tese de queestes não devem ser escravizados, pois têm almacomo os cristãos.

Manuel da NóbregaCarta e diálogo sobre a convenção do

gentio• Fragmento

“Desta maneira ir-lhes-ei ensinando as orações edoutrinando-os na Fé até serem hábeis para obatismo. […] dizem que querem ser como nós, senãoque não têm com que se cubram como nós, e este sóinconveniente têm. Se ouvem tanger a missa, jáacodem e quando nos veem fazer, tudo fazem,assentam-se de giolos, batem nos peitos, levantamas mãos ao céu e já um dos principais deles aprendea ler e toma lição cada dia com grande cuidado e emdois dias soube o A, B, C todo […]”. (Em defesa dasalmas indígenas, p. 58).

André ThevetAs singularidades da França Antártica

• Gênero: Relato

Apresenta a viagem do autor, desde apartida do porto do Havre, na França(1555), até o retorno ao mesmo país noano seguinte. Refere-se ao Brasil por meiode observações geográficas, botânicas eantropológicas.

André ThevetAs singularidades da França Antártica

• Fragmento

“[…] os nossos selvagens fazem menção aum grande senhor, que na língua deles sechama Tupã e que, morando no céu, fazchover e trovejar. Mas não têm elesmaneira nem hora de orar a esse Deus oude cultivá-lo, assim como tão pouco hálugar próprio para isso.” (p. 71)

Jean de LéryViagem à terra do Brasil

• Gênero: Relato

Apresenta os momentos iniciais daFrança Antártica, detendo-se nasdescrições da terra e do modo de vida dosseus nativos.

Jean de LéryViagem à terra do Brasil

• Fragmento

“Não poderíamos ter sido mais bem recebidos doque fomos por aqueles selvagens. Pois estes,depois de nos ouvirem contar os males por quepassáramos e os perigos a que nos expuséramos,[…], vendo-nos naquele estado, tomaram-se de tãogrande piedade que as recepções hipócritasdaqueles que por aqui consolam os aflitos dizendocoisas da boca para fora nada são diante dahumanidade daquela gente, que apesar dissochamamos bárbaros.” (p. 89-90).

Hans StadenViagem ao Brasil

• Gênero: Relato

Narra a chegada do viajante ao país esua captura pelos índios, descrevendo,com precisão etnográfica, os nativos e seumodo de vida.

Hans StadenViagem ao Brasil

• Fragmento

“Ao chegarmos perto das moradas vimos queera uma aldeia com sete casas e se chamavaUbatuba. […] ali perto estavam as suasmulheres numa plantação de raízes, a quechamavam mandioca. […] arrancavam destasraízes, e fui obrigado então a gritar-lhes nasua língua […] „Eu, vossa comida, cheguei‟.”(p. 97)

José de Anchieta“A Santa Inês” e Carta

• Gênero: poema e carta

Os textos poéticos têm a simplicidade de um autor quepretende transmitir sua fé, utilizando a poesia comorecurso didático. Inês foi uma jovem romana,decapitada por ter se recusado a perder a virgindade.Símbolo e guardiã da castidade cristã.

Riquíssima fonte de informações sobre o trabalho dosjesuítas no Brasil, as cartas de Anchieta primam pelaobjetividade e pela abrangência dos aspectos da vidacolonial que apresentam.

José de Anchieta“A Santa Inês” e Carta

• Fragmento

“Há tão poucas coisas dignas de se escrever, quenão sei que escreva, porque, se escrever a VossaPaternidade que haja muitos dos Brasisconvertidos, enganar-se-á a sua esperança, porqueos adultos a quem os maus costumes de seus paistêm convertido em natureza, cerram os ouvidospara não ouvir a palavra de salvação, e converter-se ao verdadeiro culto de Deus, não obstante, quecontinuamente trabalhamos pelos trazer à Fé […].”(p. 109-110).

Pero de Magalhães GândavoHistória da província de Santa Cruz

Estudioso de gramática e amigo deCamões, foi o primeiro historiador doBrasil. Sua obra apresenta umabrangente panorama da vida naColônia, que expõe com empenhopropagandista.

Pero de Magalhães GândavoHistória da província de Santa Cruz

• Fragmento

“Tem esta província, assim como vai lançadada linha equinocial para o sul, oito capitaniaspovoadas de portugueses, que contém cadauma em si, pouco mais ou menos, cinquentaléguas de costa, e demarcam-se umas dasoutras por uma linha leste-oeste: e assimficam limitadas por estes termos entre o maroceano e a linha da repartição geral dos reisde Portugal e Castela.” (p. 129).

Fernão CardimTratados da terra e gente do Brasil

• Gênero: Tratado

Em verbetes informativos sobre a fauna,a flora e os habitantes do Brasil, ostratados desse jesuíta revelamplanejamento e organizaçãometodológica para traçar um painelcompleto da Colônia.

Fernão CardimTratados da terra e gente do Brasil• Fragmento

“Mandioca – O mantimento ordinário desta terraque serve de pão se chama mandioca, e são umasraízes como de cenouras, ainda que mais grossas ecompridas. Estas deitam umas varas, ou ramos, ecrescem até altura de quinze palmos. […] tirado ohomem, todo o animal se perde por ela crua, e atodos engorda, e cria grandemente, […]. Destasraízes espremidas e raladas se faz farinha que secome; […]”. (p. 142-143).

Gabriel Soares de SousaTratado descritivo do Brasil em 1587

• Gênero: Tratado

Para alertar o rei de Portugal sobre asdiversas possibilidades econômicas daColônia, o autor redige um texto decaráter enciclopédico, focalizando desdeaspectos políticos e administrativos, até aexuberância da natureza e dos nativos.

Gabriel Soares de SousaTratado descritivo do Brasil em 1587

• Fragmento

“[…] [os tupinambás] não adoram nenhuma coisa,nem têm nenhum conhecimento da verdade, nemsabem mais que há morrer e viver; e qualquer coisaque lhes digam, se lhes mete na cabeça, e são maisbárbaros que quantas criaturas Deus criou. […] faltam-lhes três letras das do ABC, que são F, L, R […];porque, se não têm F, é porque não têm fé emnenhuma coisa que adorem; […]. E se não têm L nasua pronunciação, é porque não têm lei alguma queguardar, nem preceitos para governarem; […]. E senão têm a letra R […] é porque não têm rei que osreja.” (p. 156-157)