apresentaÇÃo a presente edição da revista de ... · domínio tropical atlântico no conjunto do...

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APRESENTAÇÃO A presente edição da Revista de Educação da APEOESP contem subsídios para os professores da rede pública estadual, associados do nosso sindicato, que se inscreverão nos próximos concursos públicos promovidos pela Secretaria de Estado da Educação e que participarão das provas instituídas pelo governo. Organizada pela Secretaria de Formação, esta publicação contém as resenhas dos livros que compõem a bibliografia dos concursos, realizadas por profissionais altamente qualificados, de forma a contribuir para os professores possam obter o melhor desempenho nas provas. Ao mesmo tempo, não podemos deixar de registrar nossa posição contrária ás avaliações excludentes que vem sendo promovidas pela Secretaria Estadual da Educação que, além de tudo, desrespeita os professores ao divulgar extensa bibliografia a poucos dias da prova, inclusive contendo vários títulos esgotados. Esperamos, no entanto, que todos os professores possam extrair desta edição da Revista de Educação o máximo proveito, obtendo alto rendimento nas provas dos concursos e avaliações. Nossa luta é por mais concursos prossegue, com a periodicidade necessária a uma drástica redução no número de professores temporários, agregando mais qualidade ao ensino e profissionalizando, cada vez mais, o magistério estadual. A periodicidade dos concursos a cada quatro anos com ritmo mais acelerado nos próximos dois anos foi uma conquista nossa e vamos exigir que seja efetivada. A diretoria

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  • APRESENTAO

    A presente edio da Revista de Educao da APEOESP contem

    subsdios para os professores da rede pblica estadual, associados

    do nosso sindicato, que se inscrevero nos prximos concursos

    pblicos promovidos pela Secretaria de Estado da Educao e que

    participaro das provas institudas pelo governo.

    Organizada pela Secretaria de Formao, esta publicao contm

    as resenhas dos livros que compem a bibliografia dos concursos,

    realizadas por profissionais altamente qualificados, de forma a

    contribuir para os professores possam obter o melhor desempenho

    nas provas.

    Ao mesmo tempo, no podemos deixar de registrar nossa posio

    contrria s avaliaes excludentes que vem sendo promovidas

    pela Secretaria Estadual da Educao que, alm de tudo,

    desrespeita os professores ao divulgar extensa bibliografia a

    poucos dias da prova, inclusive contendo vrios ttulos esgotados.

    Esperamos, no entanto, que todos os professores possam extrair

    desta edio da Revista de Educao o mximo proveito, obtendo

    alto rendimento nas provas dos concursos e avaliaes.

    Nossa luta por mais concursos prossegue, com a periodicidade

    necessria a uma drstica reduo no nmero de professores

    temporrios, agregando mais qualidade ao ensino e

    profissionalizando, cada vez mais, o magistrio estadual. A

    periodicidade dos concursos a cada quatro anos com ritmo mais

    acelerado nos prximos dois anos foi uma conquista nossa e

    vamos exigir que seja efetivada.

    A diretoria

  • Bibliografia para Geografia

    1. ABSABER, Aziz. Os domnios de natureza no Brasil: potncialidades paisagsticas. So Paulo: Ateli, 2007.

    2. CASTELLS, Manuel. A Galxia da internet: reflexes sobre a internet, os negcios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

    3. CASTROGIOVANNI, A. Carlos; CALLAI, Helena; KAERCHER, Nestor Andr. Ensino de Geografia: prticas e textualizaes no cotidiano. Porto Alegre: Mediao, 2001.

    4. DURAND, Marie-Franoise et. al. Atlas da Mundializao: compreender o espao mundial contemporneo. Traduo de Carlos Roberto Sanchez Milani. So Paulo: Saraiva, 2009.

    5. ELIAS, Denise. Globalizao e Agricultura. So Paulo: EDUSP, 2003.

    6. GUERRA, Jos Teixeira; COELHO Maria Clia Nunes. Unidades de Conservao: abordagens e caractersticas geogrficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.

    7. HAESBAERT, Rogrio; PORTO-GONALVES, Carlos Walter. A nova des-ordem mundial. So Paulo: UNESP, 2006.

    8. HUERTAS, Daniel Monteiro. da fachada atlntica imensido amaznica: fronteira agrcola e integrao territorial. So Paulo: Annablume, 2009

    9. MAGNOLI, Demtrio. Relaes Internacionais: teoria e histria. So Paulo: Saraiva, 2004.

    10. MARTINELLI, Marcelo. Mapas da Geografia e da Cartografia Temtica. So Paulo: Contexto, 2003.

    11. SALGADO-LABOURIAU, Maria La. Histria ecolgica da Terra. So Paulo: Edgard Blucher, 1996.

    12. SANTOS, Milton. Por uma outra Globalizao. Rio de Janeiro: Record, 2004.

    13. SOUZA, Marcelo Lopes. O ABC do Desenvolvimento Urbano. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

    14. THRY, Herv; MELLO, Neli Aparecida. Atlas do Brasil: disparidades e dinmicas do territrio. So Paulo: EDUSP, 2008

    15. TOLEDO, Maria Cristina Motta de; FAIRCHILD, Thomas Rich; TEIXEIRA, Wilson. (Org.). Decifrando a Terra. So Paulo: IBEP, 2009.

  • 1. ABSABER, Aziz. Os domnios de natureza no Brasil: potncialidades paisagsticas. So Paulo: Ateli, 2007.

    POTNCIALIDADES:PAISAGENS BRASILEIRAS

    A paisagem a herana (de processos fisiogrficos e biolgicos) e patrimnio coletivo dos povos que as herdam. o territrio de atuao das suas comunidades.

    1. Os grandes domnios paisagsticos brasileiros

    O territrio brasileiro apresenta um mostrurio complexo de paisagens

    ecolgicas do mundo tropical. Existem seis grandes domnios paisagsticos.

    Quatro so intertropicais e dois subtropicais:

    1) Terras baixas florestadas da Amaznia.

    2) As depresses interplanlticas.

    3) Os "mares de morros".

    4) Os chapades cobertos por cerrados e penetrados por florestas galerias.

    5) Os planaltos das Araucrias.

    6) Domnios das pradarias mistas.

    2. "Mares de morros", cerrados e caatingas:

    Geomorfologia comparada

    Existem, grosso modo, trs imensos domnios morfoclimticos. So recobertos

    por trs das principais provncias fitogeogrficas do mundo tropical:

    1) Domnio das regies serranas, de morros mamelonares do Sudeste: Uma

    rea de climas tropicais e subtropicais midos. Inclu a zona da mata, atingindo

    o sul e a parte oriental do Brasil.

  • 2) Domnio dos chapades tropicais do Brasil Central: rea subquente, de

    regime pluviomtrico e duas estaes (veres chuvosos e invernos secos).

    Presente na zona dos cerrados e florestas galerias.

    3) Domnios das depresses intermontanas e interplanlticas do Nordeste

    semirido: a rea subequatorial e tropical semirida. Abrange a zona das

    caatingas.

    3. Nos vastos espaos dos cerrados

    Nas reas de cerrados (muito destrudas, atualmente, pela ao antrpica),

    existiam florestas baixas, de troncos finos e esguios. As principais regies que

    sofreram as alteraes foram: Tringulo Mineiro, Mato Grosso (sentido leste-

    oeste e sul-norte) e o centro de Gois. Os cerrados, tambm chamados de

    campos cerrados, formam um conjunto semelhante aos cerrades. Os climas

    apresentam o mesmo regime: as temperaturas apresentam mdias anuais

    mnimas entre 20 e 22C e mximas entre 24 a 26C. A umidade do ar atinge

    nveis muito baixos no inverno e muito elevados no vero.

    A aparncia xeromrfica de muitas espcies do cerrado falsa: trata-se de um

    pseudoxeromorfismo.

    A combinao de fatores fsicos, ecolgicos e biticos que caracterizam o

    cerrado , na aparncia, homognea, extensvel a grandes espaos. uma

    rea formada no apenas por chapades, mas trata-se de um domnio

    morfoclimtico onde ocorre a maior extensividade de formas homogneas

    relativas de todo o Planalto Brasileiro (Planalto Central).

    Durante um longo perodo geolgico (de 12 a 18 mil anos), as principais

    mudanas ocorridas foram:

    - O conjunto de cerrados, no Planalto Central, era menor e menos contnuo.

    - Chapadas arenticas, de Urucaia, tiveram climas secos, cerrados degradados,

    estepes ou manchas de caatingas.

    - Catingas predominavam no norte das bordas acidentadas (regio de Braslia).

    - No extremo sul de Mato Grosso, onde existem campos de vacaria, ocorriam

    subestepes e campos limpos, com climas mais frios e secos.

    - Onde ocorrem as Matas de Dourados, deveriam ocorrer bosques subtropicais.

  • - Os cerrades formam um patrimnio biolgico arcaico. Quando degredados

    por aes antrpicas, no se refazem facilmente e no se recompe. Os

    cerrados, por sua vez, foram deles originados e resistem s aes antrpicas.

    4. Domnio Tropical Atlntico

    No conjunto do territrio intertropical e subtropical brasileiro, destaca-se o

    contnuo norte-sul das Matas Atlnticas, na categoria de segundo complexo

    principal. Originalmente, cobria o sudeste do Rio Grande do Norte e o sudeste

    de Santa Catarina, incluindo trs enclaves: as matas biodiversas da Serra

    Gacha, as florestas de Iguau e as do extremo oeste dos planaltos

    paranaenses. As florestas tropicais costeiras formam reas de transio com

    as reas de caatingas, cerrados, cerrades campestres e planaltos de

    araucrias. Uma das mais famosas reas de transio entre a zona da mata e

    os sertes conhecida como "agreste".

    As matas tropicais esto associadas s altas temperaturas e forte umidade

    (exemplo: Serra do Itapanha, em Bertioga, com ndices pluviomtricos

    superiores a 4.500 mm anuais).

    Atingem a linha da costa, cobrindo tabuleiros no Nordeste, espores e costes

    na Serra do Mar (pes-de-acar, penedos e pontes rochosos). Entre as

    matas tropicais e o litoral, destacam-se formaes de restingas (faixas

    arenosas com cobertura florstica).

    Minas Gerais (Vale do Rio Doce, Serra do Mar e Mantiqueira - rea tpica de

    mares de morro) recebe a denominao de Zona da Mata Mineira. Em So

    Paulo, as matas tropicais penetram o interior dos planaltos, onde formam

    mosaicos de cerrados e matas em solos calcrios e de terras roxas. Aparecem

    penetraes de bosques de araucrias nas grandes altitudes da Serra da

    Mantiqueira (Campos de Jordo) e no Planalto da Bocaina. Na Serra do Jardim

    (em Valinhos, Vinhedo), nos altos da Serra do Japi (em Jundia), nos campos e

    mataces (em Salto e Itu) e na Serra de So Francisco (em Rio Claro),

    ocorrem mini-redutos de cactceas e bromlias. Por fim, necessrio registrar

    as matas tropicais densas do norte do Paran em dois trechos: no Pontal do

    Paranapanema e no litoral, com penetraes na faixa ocidental de Santa

    Catarina.

    No Rio Grande do Sul, h a ocorrncia de planaltos no norte gacho e na Serra

    Gacha (Aparados). O domnio dos mares de morros constitui um fator para o

    conhecimento morfogentico das reas intertropicais.

  • 5. Amaznia brasileira: um macrodomnio

    A Amaznia destaca-se pela continuidade de suas florestas, pela ordem de

    grandeza de sua principal rede hidrogrfica e pela variao de seus

    ecossistemas; tanto em nvel regional como de altitude. Trata-se do cinturo de

    maior diversidade biolgica do planeta.

    Tem um domnio permanente da massa de ar mido, de grande nebulosidade,

    de baixa amplitude trmica e de ausncia de pronunciadas estaes secas em

    quase todo os seis subespaos regionais.

    Nas reas perifricas, observa-se forte sazonalidade, incluindo a "friagem", que

    vai desde o oeste de Rondnia at o Acre. Essa quantidade de gua, na

    Amaznia, resultado direto da excepcional pluviosidade: a bacia Amaznia

    corresponde a 20% da gua doce do planeta.

    Os critrios populares para a classificao da malha hidrogrfica tm valor

    cientfico: as cores dos rios, a ordem de grandeza dos cursos d'gua, sua

    largura, volume e posio fisiogrfica, assim como o sentido, continuidade e

    duplicidade da correnteza.

    As imagens de satlites apontam uma visualizao mais completa e integrada

    do catico quadro de produo de espaos antrpicos sobre a natureza da

    regio. Vrias atividades so responsveis pela devastao da Amaznia:

    fracassos agropecurios, rodovias, loteamentos de espaos silvestres com

    ausncia administrativa, derrubadas e queimadas.

    6. Caatinga: o domnio dos sertes secos

    O domnio das caatingas um dos trs espaos semiridos da Amrica do Sul.

    A caatinga a rea seca mais homognea do ponto de vista fisiogrfico,

    ecolgico e social.

    As razes da existncia de um grande espao semirido, insulado num

    quadrante de um continente predominantemente mido, so complexas. Os

    rios do Nordeste chegam ao mar (so exorricos); so intermitentes,

    peridicos, com solos salinizados (Rio Grande do Norte: esturios assoreados

    para a produo de sal) e depende das condies climticas. Poucos rios so

    perenes (rios que vm de longe) como o So Francisco ("Velho Chico", "Nilo

    Caboclo" ou "Brasileiro") e o Parnaba (entre o Maranho e Piau). A populao

    se concentra nas reas de maior umidade: entre o serto, uma rea de criao

    extensiva de gado, e o agreste, terras para a criao de caprinos (produo de

    leite) e sequeiros - plantas forrageiras como milho, feijo e mandioca.

  • Essa regio teve fortes fluxos de migrao entre 1950, 1960 e 1970. Tem um

    comrcio intenso no interior, representado por grandes feiras: Caruaru, Feira

    de Santana, Juazeiro do Norte e outras.

    A iniciativa estatal foi de grande importncia para a economia e sociedade

    nordestinas. Houve a construo de grandes usinas hidreltricas, estmulos

    industrializao, programas de audagem, irrigao, perfurao de poos,

    irrigao das reas de sequeiros e reviso dos lenis d'gua.

    7. Planaltos de Araucrias e pradarias mistas

    O Brasil Meridional uma rea onde a tropicalidade se perde.

    rea de cobertura vegetal, com bosques de araucrias e climas temperados e

    midos, principalmente nas grandes altitudes planlticas. Tem rios perenes

    com

    dois perodos de cheias.

    Ao lado dessa cobertura vegetal, aparecem formaes de cerrados, matas

    tropicais e pradarias mistas.

    Para entender a geologia e a geomorfologia do sul do Brasil, necessrio partir

    do perfil leste-oeste dos trs estados do sul do Brasil:

    1) Primeiro Planalto: rea cristalina que acompanha o Atlntico (Planalto do

    Paran, Serra Geral e Aparados).

    2) Segundo Planalto: rea sedimentar com depresses e chapades. Possui

    reas carbonferas em Santa Catarina, Uruanga, Cricima, Lauro Mller e

    colinas do baixo Jacu (no Rio Grande do Sul). Formaes uniformes, como o

    caso de Vila Velha, no Paran.

    3) Terceiro Planalto: rea de solos sedimentares (arenito) e vulcnicos

    (basaltos); regio de cuestas e solos de terra roxa. No Rio Grande do Sul,

    aparecem colinas onduladas conhecidas como coxilhas, formando a

    Campanha Gacha. O povoamento do sul do pas compe um captulo

    parte:- Colonizao alem: desde o Vale dos Rios dos Sinos at os sops das

    serranias, rinces de Nova Petrpolis, Canela e Gramado. Em Santa Catarina,

    no Vale do rio Itajai-Au. - Colonizao italiana: regio dos vinhedos (Caxias do

    Sul, Bento Gonalves e Farroupilha), dirigindo-se tambm para o oeste e norte

    do Rio Grande do Sul e para o oeste de Santa Catarina e do Paran.- Luso-

    brasileiros: de Laguna at a regio costeira, indo tambm para a barra da

  • Lagoa dos Patos (Colnia de Sacramento).- Aorianos: colonizaram as coxilhas

    da depresso de Porto Alegre at o rio Pardo e Santa Maria, destaque para a

    regio metropolitana de Porto Alegre (Porto dos Casais), importante centro

    cultural universitrio, industrial e porto fluvial.

    8.0 Domnio dos cerrados

    Paisagem que domina grande parte do Brasil Central, tambm ocorre em

    Minas Gerais, So Paulo, Bahia, Piau, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

    Rondnia, Roraima e Par.

    Apresenta uma vegetao tpica e um clima tropical mido e seco. o segundo

    maior bioma do Brasil. Possui vrios aspectos fisionmicos: rvores

    (cerrades), cerrados e campos sujos (vegetao arbustiva e herbcea).

    Vegetao com variedade de espcies: rvores de troncos finos, retorcidos e

    de cascas grossas (cortia).

    A densidade da drenagem nessa regio baixa (o Planalto Central o divisor

    d'gua). Os rios so perenes, do tipo fluvial tropical (cheias de vero e

    vazantes de inverno).

    Os componentes de relevo na rea central dos cerrados so produtos de

    condicionantes climticos.

    Quanto ao relevo, o Planalto Central a principal unidade geomorfolgica,

    composto por terrenos cristalinos (erodidos) e sedimentares (chapadas e

    chapades). Nesse domnio, em funo da existncia de solos cidos, sempre

    prevalece a prtica da pecuria extensiva para o corte, o que determina um

    grande desmatamento para a formao de pastagens.

    Recentemente, verifica-se a correo dos solos cidos (calagem) e o incio de

    uma atividade agrcola mais intensa (soja, milho, tomate, laranja). Ao sul desse

    domnio, observa-se a existncia de solos mais frteis (terra roxa), com intensa

    atividade agrcola (regio de Dourados e Campo Grande, no Mato Grosso do

    Sul).

    Alm das atividades agrrias e da pecuria extensiva, a expanso urbana e a

    construo de rodovias e ferrovias contribuem para a ocupao irregular dos

    cerrados.

    necessrio observar trs diretrizes bsicas para conciliar desenvolvimento e

    proteo dos patrimnios genticos:

  • 1) Exigir a preservao dos cerrados e cerrades localizados nas reas

    elevadas dos interflvios (bancos genticos).

    2) Preservao de faixas de cerrados e campestres nas baixas vertentes dos

    chapades.

    3) Congelamento total do uso dos solos que se encontram nas faixas de matas

    de galeria, com vistas preservao mltipla das faixas aluviais florestadas,

    assim como das veredas existentes sua margem.

    9. Domnio da natureza e famlias de ecossistemas

    O conceito de ecossistema foi introduzido na Cincia por Arthur Tansley, em

    1935. o sistema ecolgico de uma regio, que envolve fatores abiticos e

    biticos do local. O termo "bioma" passou a ser utilizado por bilogos de vrios

    pases, s vezes se confundindo com o termo ecossistema. Comeou a ser

    usado com superficialidade e se desdobrou em conceitos de maior

    aplicabilidade e versatilidade: Bioma, zonobioma, psamobioma, helobioma e

    rupreste bioma. No Brasil, os bilogos deram preferncia ao termo bioma,

    notadamente rupreste bioma.

    Em 1968, George Bertrand publicou uma tipologia de espaos naturais,

    desdobrada em zonas de paisagens ecolgicas, domnios (macro) regionais de

    natureza e regies diferenciadas intradomnios. Agregam-se trs termos na

    tentativa de substituir os termos ecossistemas / biomas: geossitemas,

    geofceis e getipo.

    ANEXOS

    I. Relictos, Redutos e Refgios

    (os caprichos da natureza e a capacidade

    evocadora da terminologia cientfica)

  • Em linguagem simblica, usamos expresses conceituais para designar "ilhas"

    de vegetao: relictos, enclaves, redutos e refgios.

    - Relictos: Aplicada para designar qualquer espcie vegetal. Encontrada em

    uma localidade especfica e circundada por vrios trechos de outros

    ecossistemas.

    - Enclave, redutos e refgios: Manchas de ecossistemas tpicos de outras

    provncias, encravadas no interior de um domnio de natureza diferente -

    refletem a dinmica de mudanas climticas e paleoecolgicas.

    II. Cerrados e Mandacarus

    rea de Salto-ltu e referncia para investigaes envolvendo condies

    climticas do passado.

    Essa regio e seus arredores apresentam uma das mais importantes

    paisagens fitogeogrficas e geolgicas do Brasil. Encontra-se grande cobertura

    vegetal, ecossistemas de cerrados cactceos residuais (mandacarus), matas

    de fundo de vales e encostas baixas.

    A presena de caatingas na regio anterior presena dos cerrados, das

    manchas florestais biodiversas do fundo dos vales regionais e dos setores das

    serranias de So Roque (Jundia). Inclui as laterais da Serra do Jardim

    (Valinhos-Vinhedo) e da Serra do Japi (Jundia).

    Provavelmente, a regio apresentava, em um passado geolgico, perodos

    semiridos.

    III. Paisagens de exceo e canyons brasileiros

    Paisagens de exceo constituem fatos isolados, de diferentes aspectos fsicos

    e ecolgicos inseridos no corpo das paisagens naturais.

    Destacam-se:

    1) Exemplos de topografia ruiniformes:

    - Piau: Sete Cidades de Piracuruca e Serra da Capivara.

    - Sudeste de Gois: Torres do Rio Bonito.

    - Norte de Tocantins: Segundo Planalto do Paran (Vila Velha).

  • - Mato Groso: Chapada dos Guimares.

    - Pontes rochosos do tipo po de acar.

    - Penedos ou "Dedos de Deus", no Rio de Janeiro, Terespolis, Vitria e

    pontos da Serra do Mar.

    2) Icebergs, sob a forma de montes e ilhas rochosas, pontilham nos domnios

    das caatingas: em Milagres (Bahia), Quixad, Jaguaribe e Sobral (Cear) e

    regio de Patos, no alto do serto da Paraba.

    3) Macios elevados (900-1000 m), voltados para ventos midos do leste e

    sudeste nos sertes secos, apresentam florestas tropicais de encostas e "ps

    de serra".

    4) Canyons brasileiros envolvendo grandes variedades de nomes: gargantas,

    rasges, boqueires, grutas largas, sovaces, itambs, passos fundos,

    desfiladeiros e estreitos. Esto no Piau, Paran e sudeste de Gois.

    5) O macio de Itatiaia (RJ) e a alta meseta do Pico de Roraima so excees

    nos altiplanos do Brasil.

    6) No caso das plancies, a exceo vai para a Plancie do Pantanal.

    Sntese elaborada por Maria Lcia E. B. de Camargo

    2. CASTELLS, Manuel. A Galxia da internet: reflexes sobre a internet, os negcios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

    Castells inicia esse trabalho comparando a internet com a energia eltrica,

    assim como a ltima estava para o xito da fbrica e da corporao, a

    primeira est para a era da informao e da rede. O autor alerta que se por

    um lado as redes proliferam no domnio da economia e da sociedade

    superando em desempenho antigas organizaes, por outro lado ainda tem

    dificuldade de concentrar recursos e metas alm de realizar tarefas de

    grande complexidade.

    Uma nova estrutura social do final do sculo XX baseada em redes envolve

    trs processos: flexibilidade administrativa da economia (produo e

  • comrcio) e globalizao do capital, a necessidade da sociedade em

    liberdade individual e comunicao e os avanos da computao e

    telecomunicaes.

    Desde o primeiro ano de uso disseminado da rede (1995) o nmero de

    usurios no parou de avanar, todas as atividades humanas passam a ser

    estruturadas por ela, motivo pelo qual estar excludo dela seria a maior das

    excluses.

    O autor alerta que estamos entrando a toda velocidade na galxia da

    Internet num estado de perplexidade informada (pg. 9). A velocidade e o

    ritmo das transformaes dificultam um estudo emprico da influncia da

    internet no cotidiano e no mundo acadmico. Extrapola-se sobre as

    maravilhas que a rede pode propiciar ao mesmo tempo em que, denuncia-

    se seu poder alienante. Tambm a rede foi castigada pelo mercado de

    capitais que influncia psicologicamente as pessoas dificultando uma real

    avaliao da gesto de uma empresa

    Apesar de no esgotar o assunto Castells espera com o seu texto lanar

    alguma luz sobre a interao entre a Internet, os negcios e a sociedade. A

    esperana do autor em reduzir uma sociedade que vive em desigualdade

    reside no fato de acreditar que qualquer tecnologia pode ser experimentada,

    apropriada e modificada. A Internet por ter sido criada como uma tecnologia

    da comunicao pode realmente levar a uma ideia de liberdade, claro que

    isso depende de inmeros contextos e processos.

    A nova economia fundamentada no uso da Internet promove um

    crescimento da produtividade sem precedentes, inclusive podendo

    alavancar a economia terceiro-mundista. Mas, sem perder os ps no cho

    Castells enfatiza que: A elasticidade da Internet a torna particularmente

    suscetvel a intensificar as tendncias contraditrias presentes em nosso

    mundo. Nem utopia nem distopia, a Internet a expresso de ns mesmos,

    atravs de um cdigo de comunicao especfico, que devemos

    compreender se quisermos mudar nossa realidade (pg. 11).

  • Surpreendentemente o autor no tratou dos assuntos ligados diretamente

    educao e educao eletrnica. Sua base de trabalho de campo a

    Amrica do Norte, coletando algumas outras informaes sobre outros

    pases inclusive o Brasil.

    Os principais eventos que conduziram criao e formao da Internet

    esto ligados ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos no contexto

    da Guerra Fria durante os anos 1960. O grupo de cientistas envolvidos

    (ARPA) fez uso de uma revolucionria tcnica de telecomunicaes e

    comutao por pacote criando um programa chamado Arpanet.

    Os ns dessa rede foram se espalhando por diversas Universidades norte-

    Americanas e nos anos 1970 j falava-se em redes de redes. Mas apenas

    no incio da dcada de 1990 que a rede deixa de ser domnio militar,

    ocorreu ento o desregulamento e a privatizao da companhia resultando

    na constituio da Internet.

    Castells procura demonstrar que a Arpanet no foi a nica fonte da Internet,

    seu programa inicial permitiu que vrias Universidades, estudantes tcnicos

    e cientistas desenvolvessem outros ns de comunicao.

    A partir desse momento a Internet cresce rapidamente. Sob domnio pblico

    surgem inclusive movimentos como o da fonte aberta que culminou com a

    criao do sistema LINUX.

    Fator relevante para a Internet abraar o mundo foi a criao do sistema

    www. Os projetos de associao fontes de informao atravs da

    computao interativa remontam os anos de 1940. Mas somente nos anos

    1990 o sistema conseguiu ser aplicado, um sotware que permitia obter e

    acrescentar informao de e para qualquer computador atravs da

    Internet... (pg. 18). Um sistema de hipertexto navegador /editor chamado

    world wide web ou rede mundial. Nessa dcada tambm foi disseminado o

    uso dos navegadores, como atesta Castells: em meados da dcada de

    1990 a Internet estava privatizada e dotada de uma arquitetura tcnica

  • aberta, que permitia a interconexo de todas as redes de computadores em

    qualquer lugar do mundo... (pg. 19).

    Castells acredita que a Internet tenha surgido de uma improvvel unio da

    big science (investigaes cientficas carssimas), da pesquisa militar e da

    cultura militar sendo os centros universitrios o ponto de encontro.

    Apesar da origem militar da Rede, era interesse inicial do governo norte-

    Amricano financiar a cincia da computao. No entanto, como de origem

    militar, a nova criao dependia de trs elementos: flexibilidade, ausncia

    de um centro de comando, e autonomia mxima de cada n.

    Sempre enfatizando a origem militar da Internet sob o comando do

    departamento de Defesa dos Estados Unidos, Castells explica que havia

    uma boa dose de autonomia dos cientistas que compunham o grupo de

    pesquisas (Arpanet). Como algo que fora pensado, os ns necessrios para

    o desenvolvimento do que viria a ser a Internet foi disseminado nos grandes

    centros Universitrios.

    Como algo projetado, toda essa revoluo tecnolgica teve origem nos

    contextos do trmino da Segunda Guerra e da Guerra Fria, justamente por

    conta da busca da supremacia tecnolgica que os Estados Unidos teriam

    tornado o desenvolvimento da Internet algo muito flexvel, o contrrio no

    ocorrera na extinta Unio Sovitica o que acabaria por contribuir sua

    derrocada nos anos 1980.

    Sempre exigindo grandes recursos o desenvolvimento da rede no teria

    sido possvel nas mos das Corporaes, tendo sido recusada por grandes

    companhias telefnicas. Dependente de instituies governamentais e

    centros universitrios a Internet era um projeto caro demais para as

    empresas privadas, mas tambm para as companhias pblicas.

    Em grande medida foi o grupo de cientistas e estudantes envolvidos na

    criao e desenvolvimento da Internet que fizeram a ligao entre a Big

    Science e a contracultura das dcadas de 1960 e 1970. No que eles se

    interessassem por movimentos sociais ativistas, mas desenvolviam uma

    contracultura dentro do progresso tecnolgico. Essa cultura estudantil

  • adotou a interconexo de computadores como um instrumento da livre

    comunicao, e, no caso de suas manifestaes mais polticas (...) como

    um instrumento de libertao, que, junto com o computador pessoal, daria

    s pessoas o poder da informao, que lhes permitiria se libertar tanto dos

    governos como das corporaes (pg. 26).

    A abertura da arquitetura da Arpanet levou-a sua rpida globalizao,

    valendo-se de protocolos de telecomunicaes independentes do poder

    pblico a sua flexibilidade interagiu diferentes sistemas estabelecendo seu o

    padro como o global.

    Qualquer pessoa com conhecimento tcnico podia se ligar a Internet,

    mltiplas contribuies de diversos hackers comprovam a teoria da

    tecnologia onde os usurios so seus produtores (pg. 28) o que foi

    potncializado na Internet pela sua velocidade.

    Desde o seu incio sob a gide de diversas organizaes governamentais a

    Internet foi se privatizando culminando na criao da Internet Corporation

    fos Assigned Names and Numbers (ICANN) sem fins lucrativos que

    assume a administrao do sistema de nomes de domnio e administrao

    do sistema de servidores de raiz, anteriormente desenvolvidas por

    organizaes governamentais (pg. 31).

    Segundo Castells qualquer pessoa com conhecimento tcnico pode ser

    membro da Instituio, a despeito de uma viso romntica de uma

    comunidade global, as eleies para a ICANN no esto isentas de lobbies,

    provocando protestos da Unio Europeia que v a instituio sob amplo

    domnio Amricano, mas que para o autor a instituio ainda ter uma

    compartilhao cultural mais ampla e internacionalizada.

    De acordo com Castells a produo social da Internet fruto da ao

    cultural de um lado dos produtores/usurios de outro dos

    consumidores/usurios. Haveria assim quatro culturas que estruturam a

    Internet: a tecnomeritocrtica, a hacker, a cultura comunitria virtual e a

    cultura empresarial. Esto estruturadas hierarquicamente levando Castells a

    acreditar em uma abertura culturalmente determinada (pg. 36).

  • A tecnoelites encabeam o projeto de se criar um sistema de comunicao

    eletrnico global, fazem parte dos tecnoquadros aqueles que respeitam uma

    srie de proposies tais como: publicar trabalhos, seguir normas formais e

    informais, comunicao aberta de suas pesquisas, o que em grande parte

    enraza a cultura da Internet na tradio acadmica, em sua reputao, do

    exame dos pares e o crdito dos autores.

    A segunda cultura, a Hacker, de difcil definio, cercada de

    ambiguidades, por isso Castells considera que a melhor maneira de

    compreender os valores especficos e a organizao da cultura Hacker

    considerar o processo de desenvolvimento do movimento da fonte aberta

    como uma extenso do movimento original do software gratuito (pg. 38).

    Um dos grandes exemplos dessa abertura o de Linus Torvalds, sempre

    precisando de ajuda para desenvolver seus sistemas publicava seus

    trabalhos frequentemente, uma ampla cooperao propiciou em 1993 ao

    seu sistema, o LINUX. Um sistema operacionalmente melhor que os

    patenteados UNIX. No entanto o sistema LINUX permanece ainda distante

    dos usurios/consumidores sem sofisticao.

    Na verdade, dentro da cultura hacker ocorre a aplicao das regras da

    tecnomeritocracia, surge dentre os hackers uma mistura entre a alegria da

    criatividade com a reputao entre os pares. Acima de tudo deve-se

    garantir a liberdade de criar e se apropriar do conhecimento, ainda que os

    prprios hackers reivindicam o direito de escolher o desenvolvimento

    comercial de suas aplicaes a principal condio no trair o acesso

    aberto.

    A comunidade hacker tem grande satisfao em ser inovadora e doadora,

    envolve-a um sentimento comunitrio, baseado na integrao ativa a uma

    comunidade, que se estrutura em torno de costumes e princpios de

    organizao social informal (pg. 43). Cises ocorrem entre as

    comunidades, mas nunca so de cunho ideolgico, mas sim sempre

    tecnolgicos, apesar disso so agudos os conflitos resultando mesmo em

    expulses das comunidades.

  • Um diferenciador da cultura hacker so seus encontros virtuais, raramente

    ocorrem encontros formais, justamente os hackers so reconhecidos pelos

    seus nomes virtuais. verdade que por conta das inmeras caractersticas

    da cultura hacker muitos a consideraram uma marginalidade psicolgica,

    mas seus participantes na verdade so pessoas ditas normais pessoas

    que vivem em famlia e vivem uma vida regular.

    A verdadeira cultura hacker tambm no enxerga limites quanto ao princpio

    de doar, no importa se em naes desenvolvidas ou no, a falta de

    recursos podem levar as pessoas a criar suas prprias solues.

    Mas h tambm as subculturas hackers montadas sob princpios polticos

    lutando pela liberdade total da Internet, tambm nesse caminho surgem os

    cyberpunks e os crackers alguns deles sabotadores polticos de um

    mundo que vigiado. Isso no os envolveria no cibercrime mas obviamente

    a sociedade os enxerga com muita apreenso.

    Tambm as comunidades virtuais tm seu valor na Internet, a princpio

    muitos dessa comunidade eram hackers, mas com o tempo ganharam

    muitos adeptos. No so necessariamente exmios programadores, mas,

    com a exploso da Internet realizaram muitas contribuies sociais, no

    entanto sua contribuio comercial foi decisiva. Nas palavras de Castells:

    Assim, enquanto a cultura hacker forneceu os fundamentos tecnolgicos da

    Internet, a cultura comunitria moldou suas formas sociais, processos e

    usos. (pg. 47);

    As origens das comunidades on-line so muito parecidas com as origens

    dos movimentos de contra cultura da dcada de 1960. Mas no momento em

    que ela se expande ela tambm distancia-se dos movimentos de contra

    cultura que se enfraquecera pouco a pouco. Movimentos sociais de todos

    os tipos surgiram entre as comunidades: ambientalistas, extremistas,

    correios para sexo. O que para Castells no representa um sistema de

    valores coerentes como a cultura hacker, mas que apresentam ao menos

    duas caractersticas bsicas: a comunicao livre e a formao autnoma

    de redes, difundindo-se para todo o domnio social.

  • Por fim a cultura empresarial foi formada a partir de crculos fechados de

    tecnlogos e comunidades organizadas. Castells v as relaes da Internet

    com bastante relativismo frente aos outros domnios do mundo dos

    negcios.

    A Internet tornou-se a partir dos anos 1990 a fora propulsora da nova

    economia, em uma poca em que a renovao empresarial partiu de ideias

    e no do capital, a realizao de poder transformar poder mental em

    dinheiro tornou-se a pedra angular da cultura empresarial do vale do silcio

    e da indstria da Internet em geral (pg. 49).

    Essas ideias passaram a ser vendidas em ofertas pblicas na bolsa de

    valores. Mas h uma grande diferena entre a Internet e as outras

    empresas, enquanto estas procuram prever o futuro do mercado a Internet

    vende o futuro. A estratgia mudar o mundo atravs da tecnologia. Mas

    a Internet mantm uma relao simbitica com o capital de risco, se odeiam,

    mas precisam um do outro.

    Castells entende que a cultura empresarial a cultura do dinheiro, e na

    Internet essa cultura assombrosa. Desenvolve-se dentro dela tambm a

    cultura do trabalho e da gratificao imediata. As pessoas envolvidas nessa

    cultura so em geral solteiras e chegam a apresentar um ndice de

    relacionamento cvico 22% menor do que a mdia nos Estados Unidos.

    Artistas e ambiciosos desse mundo empresarial transformaram a Internet de

    uma crena tecnocrtica do progresso dos seres humanos, na espinha

    dorsal de nossas vidas.

    Um movimento significativo da Internet na economia eletrnica a

    possibilidade de surgir uma Nasdaq eletrnica, inclusive em uma tendncia

    de a transao eletrnica ser o ncleo do mercado financeiro e para a

    consolidao das bolsas de valores de todo o mundo. Suas vantagens so:

    o custo das transaes muito menores, os investimentos on-line que

    mobilizam poupanas de todo o mundo, grande fluxo de informao,

    ausncia de intermedirios e rpidas reaes s intempries do mercado.

  • Mas isso tudo no impediu a Internet de sofrer com o que Castells chama

    de turbulncias de informao, os mercados agem de diversas formas sob

    diversas incertezas. Houve uma mudana qualitativa dos mercados na Era

    da Internet, fugindo de controle, resultado de uma complexidade catica.

    Ocorre tambm a especulao das supervalorizaes das empresas da

    Internet assim como a subestimao fruto tambm dos humores do

    mercado. A bolha de 2000 de fato afetou quase todas as empresas

    tecnolgicas, poucas empresas escaparam das perdas. A Internet provoca

    uma volatilidade maior e consequentemente uma maior alternncia de alta e

    quedas bruscas.

    Algumas importantes caractersticas surgem com a sociedade da Internet,

    por exemplo, a necessidade do aprender a aprender, de transformar a

    informao em conhecimento. Com isso, vem tambm a possibilidade do

    ressurgimento da autonomia no trabalho com uma agregao do capital e

    desagregao do trabalho.

    Com relao diviso dos gneros no trabalho a incorporao estrutural

    de mulheres ao mercado de foi a base indispensvel para o

    desenvolvimento da nova economia, com consequncias duradouras para a

    vida familiar e para o conjunto da estrutura social (pg. 78). Por fim tem

    provocado a formao e mobilizao de uma mo de obra imigrante

    especializada

    Com relao aproximao da Internet com outras mdias como a

    televiso, o futuro do vdeo interativo ainda exige muitos recursos que ainda

    a sociedade no dispe. Mas Castells entende que a Internet no tomou e

    nem ir substituir outras mdias, ele acredita que trata-se de um uso ativo,

    associado a uma variedade de interesses, na maioria dos casos de

    orientao muito prtica, ao passo que o mundo do entretenimento da mdia

    fica confinado ao tempo disponvel para relaxamento passvel (pg.159)

  • Embora considere todas as muitas dificuldades que permeiam uma

    implantao e utilizao em curto prazo deste tipo de tecnologia como

    produto de consumo vivel e eficiente, Castells acredita que esta uma

    tendncia que ser perseguida por muitos cientistas e que receber a maior

    parte de investimentos progressivos e crescentes nos prximos anos,

    mesmo se ainda puder demorar mais de duas dcadas para se

    experimentarem resultados considerveis neste setor.

    A demanda por livre expresso interativa, coisa que a mdia tradicional

    estagnou, encontra a possibilidade de ocorrer nas formas de comunicao

    geradas na nova economia.

    Castells ao analisar a poltica da Internet entende que a rede mundial de

    computadores permite uma maior troca de informaes e,

    consequentemente, um maior controle da sociedade civil sobre as aes

    dos governantes. Pode se apresentar como um importante mecanismo

    aliado da democracia, permitindo e oferecendo um espao de fcil acesso

    para informaes e encontros virtuais a custos baixos e com uma maior

    flexibilidade da dependncia das variveis de tempo e espao.

    Esta tecnologia tambm no est isenta de formas de controle e

    manipulao, como ocorre em algumas naes, que possuem filtros nos

    servidores, impedindo o acesso de informaes que os seus controladores

    considerem perigosas ou que no queiram tornar pblicas. Sendo a rede

    Internet um meio de comunicao e de troca de informaes, controlar o

    seu acesso sempre uma forma de poder, tratando-se, de uma relao

    essencialmente poltica. O autor alerta para os perigos de uma confiana

    exagerada das novas possibilidades da rede.

    A Internet possui a sua Geografia, a dos lugares em rede. Estes novos

    lugares tambm tm uma mobilidade urbana.

  • Castells discute sobre ser a Era da Internet a responsvel pelo fim da

    Geografia, ou seja, desprovida de lugares, o que na verdade no

    corresponde ocorre de fato. A geografia da Internet tem uma forma prpria,

    seus espaos possuem contornos, novas configuraes territoriais

    emergem de processos simultneos de concentrao, descentralizao e

    conexes espaciais.

    H uma infraestrutura de telecomunicaes da Internet que forma uma

    verdadeira topografia de ns em rede mundial. A maior capacidade de

    desenvolver conexes centrais entre os pases continua nas mos dos EUA

    desenvolvendo-se na Europa uma segunda sede de roteadores.

    A dimenso geogrfica analisada em trs perspectivas: a sua geografia

    tcnica, a distribuio espacial de seus usurios e a geografia econmica

    da produo da Internet. Os EUA despontam ainda como o pas coma maior

    quantidade e as melhores condies de acesso e produo de informaes.

    Mas esta realidade extremamente desigual se comparada a outras reas

    do globo, como a Amrica Latina, grande parte da sia e principalmente a

    quase totalidade da frica.

    A dimenso da diviso digital diz respeito desigualdade de acesso

    Internet. A partir do conjunto de dados recolhidos por Castells, possvel

    verificar que a diviso digital no um fenmeno homogneo e esttico,

    mas que ela se apresenta distintamente nas diferentes regies do globo.

    A Internet, portanto continua a se apresentar distribuda de forma

    extremamente desigual em todo o planeta. Ainda que a difuso do

    crescimento do nmero de usurios vem sendo extremamente rpida, essa

    difuso segue o padro da riqueza, da tecnologia e do poder.

    O controle da produo mantm-se no vale do Silcio conectado a outros

    importantes ns da rede como na Sucia, Finlndia e Japo. Essa produo

    espacializa-se nas periferias das grandes metrpoles formando uma

    metropolizao seletiva.

    Os EUA so tambm os maiores produtores de domnios por cada mil

    habitantes, inclusive exportando essa produo para outros pases.

  • H de fato ainda muitas barreiras para a democratizao da Internet, por

    exemplo 78% dos websites so em ingls, gerando uma a diviso digital

    numa perspectiva global.

    A nova diviso tecnolgica digital tem como pando de fundo uma real

    disparidades de conhecimento entre as naes.

    O mais paradoxal da Internet ela provocar ao mesmo tempo o aumento da

    riqueza e do desenvolvimento, mas tambm a pobreza e a degradao

    ambiental. So essas algumas das justificativas de Castells para explicar o

    processo global de desenvolvimento desigual da diviso digital: com a nova

    economia antigas formas de produo desapareceram e seus antigos

    atores no foram includos no novo sistema produtivo, os sistemas

    educacionais esto ainda muito atrasados estruturalmente e

    tecnologicamente em entre a maior parte das naes, a nova economia no

    escapa aos redemoinhos financeiros e suas crises globais, novos

    gigantescos xodos rurais j esto ocorrendo, as negociaes coletivas de

    trabalhadores vo sendo desorganizadas, abriu-se precedentes para o

    crime globalizado, enfraquecimento das instituies polticas.

    Castells alerta que a Internet de fato uma tecnologia da liberdade mas

    pode libertar os poderosos para oprimir os desinformados (pg. 225). Mas

    possvel que nesse novo ambiente da comunicao, o da sociedade em

    rede, continuem a surgir movimentos como os de antiglobalizao. As redes

    da Internet ainda propiciam comunicao livre e global, mas eles podem

    acabar sendo controlados por interesses comerciais, polticos ou

    ideolgicos. Por fim e fundamentalmente Castells relembra que apenas com

    uma reestruturao dos sistemas educacionais e que se poder chegar a

    uma verdadeira democratizao da Internet e o fim da excluso digital.

    Tambm o bem-estar social est em cheque, novos contratos sociais

    devero emergir, talvez por isso mesmo seja necessrio imaginar um certo

    controle do mercado da nova economia, com instituies internacionais que

    possam regular eficientemente suas aes.

  • Contraditoriamente ao mesmo tempo em que a nova economia impele

    busca de mais recursos naturais degradando o meio ambiente ela que,

    atravs da Internet pode fornecer conhecimento para um desenvolvimento

    sustentvel do processo produtivo.

    Questes

    1) Nem utopia (ideal) nem distopia (utopia negativa), a Internet a reflexo

    de ns mesmos. Considerando esse pensamento de Manuel Castells em

    A galxia da Internet, pode-se considerar que essa tecnologia:

    a) Supera em desempenho nas esferas econmicas e sociais todas as

    antigas organizaes.

    b) Est estruturada por um lado na flexibilidade, globalizao do capital,

    avanos das telecomunicaes e por outro em uma sociedade individual

    controlada.

    c) Intensifica as tendncias contraditrias da sociedade uma vez que pode

    ser alienante e libertadora.

    d) menos exclusiva que antigas organizaes, pois est baseada nos

    princpios da liberdade.

    e) Permite a ns mesmos control-la, tornando-a alienante ou libertadora.

    2) A produo social da Internet estruturada hierarquicamente por quatro

    culturas: a tecnomeritocrtica, a hacker, das comunidades virtuais e das

    empresas. Qual das alternativas se adqua melhor ao princpio hierrquico

    estabelecido por Castells?

  • a) A comunidade empresarial est na base da hierarquia, pois ainda no

    despertaram definitivamente para as inovaes da Internet.

    b) As tecnoelites esto no topo justamente porque foram elas que no

    princpio idealizaram tecnologicamente e comercialmente a Internet.

    c) A cultura hacker faz o elo de ligao entre as comunidades virtuais e as

    empresas de um lado e as tecnoelites de outro, dando liberdade e

    comercializando a Internet.

    d) A cultura empresarial foi a ltima de fato a se interessar pela Internet, a

    partir dos anos 1990 quando essa tecnologia torna-se a grande fora

    propulsora da economia.

    e) uma hierarquia atemporal seguindo critrios econmicos, onde os

    ltimos passaram a dominar a Internet.

    3) O advento da nova economia bem como do uso das novas tecnologia e

    de comunicao alterou e est alterando os padres de organizao do

    mundo do trabalho. Assinale a alternativa abaixo que contm apenas as

    afirmativas que corroboram com essas alteraes:

    I Busca da autonomia do trabalho e o desenvolvimento do conceito de

    aprender a aprender.

    II Diviso e distribuio espacial total dos meios e modos de produo dos

    diversos setores da economia, inclusive das novas tecnologias.

    III Uma diviso mais equitativa entre os gneros, possibilitando maior

    acesso das mulheres ao mercado de trabalho.

    IV Antigas formas de produo cedem espao para as novas formas

    acarretando em novas ondas migratrias campo-cidade.

  • V A diminuio de movimentos de migraes internacionais de mo de

    obra tecnologicamente qualificada.

    a) I, II e V

    b) I, II e III

    c) I, III e V

    d) I, III e IV

    e) II, III e IV

    4) O mapa a seguir diz respeito taxa de penetrao da Internet na populao

    das naes, com relao a isso possvel afirmar que:

    a) A distribuio desigual do nmero de usurios atravs do planeta reflete

    um movimento de maior integrao no futuro, uma vez que j se encontram

    significativos nmeros de internautas em naes subdesenvolvidas.

    b) A taxa de penetrao da Internet equnime tanto entre as naes ditas

    desenvolvidas como entre as em desenvolvimento e subdesenvolvidas.

  • c) Apesar de uma rpida difuso da Internet esta ainda segue o padro da

    riqueza, da tecnologia e do poder, concentrada nas naes que

    despontaram como inovadoras.

    d) Apesar de os EUA, o norte da Europa e o Japo possurem as maiores

    taxas de penetrao da Internet, as legendas nos permitem identificar que

    em um breve futuro essa diferena ser muito menor.

    e) No possvel fazer uma real apreciao sobre as taxas de penetrao

    da Internet no mundo, uma vez que no h a disponibilidade de dados de

    muitas naes.

    5) Sobre a democratizao da Internet incorreto afirmar que:

    a) Movimentos como os de antiglobalizao e do livre acesso no

    encontram nela um meio eficaz de difuso.

    b) uma tecnologia da liberdade, mas pode libertar os poderosos para

    oprimir os desinformados.

    c) Sua democratizao depende da reforma dos sistemas educacionais em

    todo o planeta.

    d) O controle e a censura de certos domnios por algumas naes ainda

    representam uma barreira para a democratizao da Internet.

    e) Apesar de a Internet propiciar a liberdade da comunicao, h o temor

    de que ela se torne controlada por interesses comerciais, polticos e

    ideolgicos.

    3. CASTROGIOVANNI, A. Carlos; CALLAI, Helena; KAERCHER, Nestor Andr. Ensino de Geografia: prticas e textualizaes no cotidiano. Porto Alegre: Mediao, 2001.

    Estudar o lugar para compreender o mundo

  • Helena Copetti Callai

    A autora afirma que em Geografia uma das questes mais significativas, quando se trata

    do que estudar, diz respeito escala de anlise que ser considerada.

    Assim, ao estudar o espao geogrfico, a delimitao do mesmo um passo necessrio,

    pois que o espao imenso, planetrio, mundial.

    Questes como: 1-O que nele/dele estudar ? 2-Qual a referncia escala de anlise? 3-Em

    quais nveis ? - devem ser levadas em considerao, pois ao mesmo tempo em que o

    mundo global,as coisas da vida, as relaes sociais se concretizam nos lugares

    especficos.

    A compreenso da realidade do mundo atual se d a partir dos novos significados que

    assume a dimenso do espao local.

    Citando Milton Santos, a autora afirma :

    A globalizao e a localizao, fragmentando o espao, exigem que se pense,

    dialeticamente, esta relao,pois cada lugar , sua maneira, o mundo...

    A histria concreta do nosso tempo repe a questo do lugar numa posio

    central(Santos,1996: 152).

    Estudar e compreender o espao, em Geografia, significa entender o que acontece no

    espao onde se vive para alm das suas condies naturais ou humanas, uma vez que,

    muitas vezes, a explicao pode estar fora, sendo necessrio buscar motivos internos e

    externos para se compreender o que acontece em cada lugar, pois o espao construdo a

    partir da histria das pessoas, dos grupos que nele vivem,das formas como

    trabalham,como produzem,como se alimentam e como fazem/usufruem do lazer.

    Isso resgata a questo da identidade e de pertencimento, por isso fundamental que se

    busque reconhecer os vnculos afetivos que ligam as pessoas aos lugares, s paisagens e

    tornam significativo o seu estudo.

    Compreender o lugar em que se vive permite ao sujeito conhecer a sua histria e

    conseguir entender as coisas que ali acontecem.

  • Citando mais vez Milton Santos, cada lugar , ao mesmo tempo, objeto de uma razo

    global e de uma razo local,convivendo dialeticamente... (Santos,1996:273)

    Estudar o lugar, portanto, passa a ser o desafio constante para os professores e as aulas

    de Geografia.

    O lugar como categoria de anlise pressupe que se vislumbre o espao geogrfico

    considerado em seus aspectos relativos e relacionais no contexto em que se insere.

    Princpios terico-metodolgicos de uma aula de Geografia

    O processo de ensino-aprendizagem, segundo a autora, supe um determinado contedo e

    certos mtodos.

    A autora sugere alguns contedos e alguns mtodos.

    1. Uma conscincia espacial = o material necessrio para que o aluno construa o seu

    conhecimento. Aprender a pensar significa elaborar, a partir do senso comum, do

    conhecimento produzido pela humanidade e do confronto com outros sabres, o seu

    conhecimento.

    2. O olhar espacial = o modo de fazer Geografia, como devemos estudar a

    realidade. Uma realidade que tenha a ver com a vida dos alunos.

    Supe desencadear o estudo de determinada realidade social verificando as

    marcas inscritas nesse espao.

  • 3. A escala de anlise = A escala de anlise (j tratada nesse texto) um critrio

    importante no estudo da Geografia. fundamental que se considere sempre os

    vrios nveis desta escala social de anlise. O local, o regional, o nacional e o

    mundial.

    4. A natureza na anlise geogrfica = Na trajetria histrica, as sociedades constroem

    o espao subordinando, cada vez mais, a natureza e suas regras, devido aos

    avanos da tecnologia e pelas possibilidades de preveno e planejamento. Essa

    lgica da natureza precisa ser considerada e deve ser objeto de anlise da Geografia.

    5. A paisagem = A paisagem revela a realidade do espao em um determinado

    momento do processo.

    O espao construdo ao longo do tempo de vida das pessoas, considerando-se as

    formas como vivem, o tipo de relao que existe entre elas e que estabelecem com a

    natureza.

    A paisagem o resultado do processo histrico de construo do espao.

    Obs: A autora cita, ainda, a estruturao e formao do espao - a dimenso histrica do

    espao - conceitos cotidianos/cientficos comparao/correlao

    Estabelecendo concluses identidades etc., entendemos as noes que estiveram

    contempladas nas explicaes anteriores.

    Concluso:

    Pensar globalmente e agir localmente significa entender como o mundo, como se

    organiza, como vem se transformando,como age o capital, como se estruturam as grandes

    empresas multinacionais e transnacionais, como acontece a produo, o destino do

  • produto, a circulao, a informao e o papel do Estado numa economia cada vez mais

    mundializada.

    Os lugares particulares se interligam entre si de forma seletiva, e de acordo com seus

    interesses locais/nacionais/mundiais.

    O espao concretiza todas estas relaes e torna-se fundamental estudar o particular e o

    local.

    Esta nova ordenao do espao, que se expressa a partir da globalizao, gera uma

    concentrao de riqueza e acentua o carter desigual do desenvolvimento e cada lugar

    responde de acordo com suas condies e capacidades.

    Lembremos Milton Santos,quando afirma que Vivemos uma poca em que as pessoas

    perderam a capacidade de visualizar a abrangncia do real.

    Geografizando o jornal e outros cotidianos: prticas em Geografia para alm do livro

    didtico.

    Nestor Andr Kaercher

    A importncia da geografia, presente em diferentes tipos de texto, que no o livro

    didtico, normalmente o maior inspirador para prepararmos as aulas, o Jornal, por

    mostrar o cotidiano, a atualidade e a importncia dos fatos dirios.

    No novidade essa interao, mas ela traz resultados satisfatrios, pois o jornal um

    recurso acessvel.

    O autor mostra trs formas distintas desse trabalho com Jornal.

    Alguns passos iniciais:

    1. O que notcia ?

  • 2. Que fatos viram notcia?

    3. O que opinio ( do jornalista/dono do Jornal) ?

    4. Qual o espao para poltica/economia/futebol ?

    1. forma: O local

    Escolher, aps ouvir os alunos que notcia da cidade/local ir trabalhar.

    Levantar os passos iniciais acima para uma identificao clara do que analisar

    Exemplo- FOLHA DE SO PAULO p. 10, 25/7/1999

    Ttulo: SUL GACHO TEM IDH SEMELHANTE AO NORDESTE

    Em um mapa do Brasil, localizar o R.G. do Sul,o Nordeste(quantos e quais s so os Estados).

    Localizar em um mapa do R.G. Sul quais cidades fazem parte do Sul gacho.

    Quais as novidades dessa comparao?

    2. forma : O regional

    Exemplo: FOLHA DE SO PAULO p.10, 25/7/1999

    Ttulo : PAR TEM FRAUDE EM REGISTRO DE TERRAS.

    Mesma sistemtica quanto aos mapas. As questes a serem levantadas so diferentes.

    Exemplo: na questo fundiria o que diz a Constituio Federal?

    Aqui no nosso municpio, o que h de semelhante/diferente ?

    Qual a opinio dos alunos sobre latifndio/Sem Terras?

    Quem(empresas/pessoas) so os maiores proprietrios dessas terras e fraudes?

    E a questo indgena ?

  • 3. forma : O mundial

    Exemplo: FOLHA DE SO PAULO p. 10, 25/7/1999

    Ttulo: REINO UNIDO TENTA DETER XODO URBANO.

    Em um mapa mundi localizar o Reino Unido.

    Localizar os pases que fazem parte do Reino Unido.

    Quais so os fatores que esto levando os britnicos a sarem de grandes cidades

    para cidades mdias ou pequenas.

    Esse fato ocorre tambm no Brasil e em nossa cidade?

    Qual a noo de Primeiro,Segundo e Terceiro Mundo? Isso ainda vale ?

    Outras prticas no cotidiano.

    No se trata de receita, nem novidade! Descrevemos aqui por termos obtido

    Respostas positivas por parte dos alunos.

    Alguns exemplos:

    1-Pesquisas de preos = pesquisar, durante trs meses, a partir de uma tabela com os

    principais produtos a serem pesquisados. Utilizar diferentes referncias como DIEESE, FIPE,

    IPCA, INPC etc...

    2-Entrevista com idosos = os alunos elaboram as principais perguntas sobre os idosos.

    Exemplo: valor da aposentadoria, asilos, relaes familiares, qualidade de vida, preos de

    medicamentos etc.

  • 3-Colagem com msica= a partir de letras de msicas, escolhidas pelos alunos, os mesmos

    devero fazer colagens com recortes de revistas, jornais etc., e um vdeo com fotos

    recortadas.

    4-Viajando no mapa mundi = Consiste em solicitar duas tarefas: A primeira distribuir

    um mapa mundi e os alunos escolhem cinco pases que gostariam de visitar.

    A segunda, consiste em fornecer aos alunos uma tabela com trs colunas (A-B-C), formando

    grupos cada qual com sua tabela. A imaginao do professor poder sugerir vrias formas de

    trabalhar (questes como economia, lngua, moeda, destaques etc.).

    5-Tcnica da frase e do minuto =Pode ser desenvolvida com alunos de todas as

    idades, basicamente fazer com que expressem suas opinies e tragam, para a sala de

    aula, assuntos de seu interesse.

    Cria-se um calendrio mensal ou bimestral, encarregando-se um aluno, a cada incio de

    aula, de colocar no quadro(lousa) uma frase para reflexo.

    O aluno deve justificar por que a trouxe. Os colegas podero dar subsdios

    e acrescentar o que sabem sobre a mesma.

    Concluso Algumas certezas e muitas dvidas.

    O autor relata que os resultados de suas experincias, no Ensino Fundamental e Mdio,

    foram bastante satisfatrios porque os alunos participaram mais das aulas de geografia

    e mudaram a concepo de que a geografia uma disciplina chata e maante,

    restrita apenas aos livros didticos.

  • O autor alerta que nenhuma das atividades propostas prescindem do contedo e que

    o ideal articular os mesmos com as diferentes atividades.

    O autor tambm no desmerece as aulas expositivas e que o importante superar a

    viso do espao como palco, suporte de nossa existncia.

    Apreenso e compreenso do espao geogrfico.

    Antonio Carlos Castrogiovanni

    Segundo o autor, pesquisas comprovam que muitos professores que atuam nas sries

    iniciais no foram alfabetizados em Geografia.

    Assim, as crianas chegam 5. srie sem as noes conceituais que compreenderia tal

    alfabetizao (entendida como a construo de noes bsicas de cartografia-localizao,

    organizao, representao e compreenso da estrutura do espao elaborado

    dinamicamente pelas sociedades).

    Dessa forma o ensino de Geografia deve preocupar-se com o espao nas suas

    multidimenses.

    O espao tudo e todos. Compreende todas as estruturas e formas de organizao.

    Os signos trabalhados nos dois primeiros ciclos (1. a 4. sries) pelos chamados

    Estudos Sociais, tendem a aparecer sem significado frente ao mundo do aluno.

    Muitas vezes so incompreendidos pelos prprios professores.

    Faltam significaes para o professor e, mais ainda, para o educando.

  • Todo o trabalho espacial deve conter o sentimento de provocao dos porqus,para

    qus e para quem. O quando e o como so indispensveis no entendimento

    do processo.

    Em sntese, nos primeiros anos da escolarizao deve-se trabalhar com a idia de

    alfabetizao em Estudos Sociais, incluindo-se a a valorizao do espao e do tempo

    vivenciados.

    Nesse perodo, a criana inicia a construo da funo simblica (substituio de uma ao

    ou objeto por um smbolo,imagem ou palavra) e, com isso, ocorre a construo do espao

    significativo .

    Alguns exemplos que devem ser trabalhados nessa fase:

    1. Vizinhana: Relaes em que os elementos so percebidos prximos uns aos outros

    no mesmo campo.

    2. Separao: As crianas percebem que os objetos, embora prximos, ocupam

    posies distintas no mesmo espao.

    3. Ordem ou sucesso: Relaes que se estabelecem entre elementos vizinhos

    e separados.

    d) Envolvimento: Estabelece-se no sentido das noes de interior/exterior,

    centralidade, proximidade, contorno etc.

    e) Continuidade: Envolve o conhecimento de pontos colocados em sequncia no espao,

    o desenho de uma paisagem por exemplo.

    f) Noes fundamentais: Envolvem as noes de direita/esquerda,frente/atrs,

    em cima/embaixo e ao lado de.

    g) Pontos cardeais: Norte/Sul e Leste/Oeste

  • colocar fig. 1 p. 22

    Atividades sugeridas:

    1. caa ao tesouro

    2. caminhada pelo bairro e arredores

    3. quem o vizinho

    4. batalha naval

    5. limites e fronteiras(entre municpios e Estados)

    6. disco voador

    7. o banho de papel

    8. equador corporal

    9. meridiano corporal

    10. construo dos pontos cardeais em sala de aula

    11. o surgimento das cidades

    etc...

    4. DURAND, Marie-Franoise et. al. Atlas da Mundializao: compreender o espao mundial contemporneo. Traduo de Carlos Roberto Sanchez Milani. So Paulo: Saraiva, 2009.

    ESPAOS EM CONTRASTE

    ESPAOS VAZIOS E CHEIOS

    Desigualdades espaciais e sociais

    A populao do mundo encontra-se distribuda de forma desigual.

    Encontramos espaos quase vazios, enquanto em outros h densidade muito

    alta. H uma tendncia de aprofundamento dessas diferenas. Alguns dados

    ajudam no sentido de esclarecer essa tendncia:

  • dos dez pases com mais de 100 milhes de habitantes

    no incio do sculo XXI, sete situam-se no Sul.

    As populaes dos Estados mais pobres iro crescer mais:

    em 2007, representavam 82% da populao mundial;

    em 2050, esse ndice ser de 86%.

    A acelerao do crescimento do nmero de habitantes recente na

    histria da humanidade.

    Dos 5000 milhes de indivduos no incio do sculo XVI,

    a populao passou a 1 bilho no incio do sculo XIX,

    1,5 bilho no incio do sculo XX, at atingir os atuais

    6,5 bilhes de pessoas.

    Nos anos 1960, os demgrafos projetavam uma populao de 15 bilhes

    de habitantes em 2050. Hoje, prev-se para 2075, um mximo de 9,2 bilhes

    de indivduos e dever ocorrer uma estabilizao em torno de 9 bilhes.

    O envelhecimento, as transformaes ecolgicas e a acelerao das

    mobilidades internas e internacionais podem influncia r evolues mais

    complexas imperfeitamente descritas no esquema clssico da transio

    demogrfica.

    A evoluo nos ltimos 40 anos mostra caminhos bem distintos:

    regies de crescimento contnuo, como Amrica Latina, frica e sia,

    regies de baixo crescimento, como a Amrica do Norte, Europa,

    Austrlia e China.

    regies com diminuio da populao total como a Rssia e a Europa

    do Leste.

    Um mundo mais denso

  • Com exceo da sia do Sul e da Europa, o povoamento do planeta

    perifrico, frequentemente costeiro e cada vez mais urbano. A sia sozinha

    representa 60% da populao mundial. Alm de inmeras e grandes cidades,

    as mais altas densidades em grandes extenses territoriais so

    majoritariamente rurais. A Europa, intensamente cultivada e urbanizada

    acumula todas as densidades. O eixo Londres-Itlia do Norte um espao

    urbano quase contnuo de produo e de intercmbios de rara densidade no

    planeta.

    Vastas regies menos povoadas

    O povoamento das Amricas, essencialmente costeiro, mais denso no

    Norte do que ao Sul. A colonizao produziu um fenmeno demogrfico:

    o trfico de escravos tirou um enorme contingente

    humano da frica para povoar o Sul dos Estados

    Unidos, o Caribe e o Brasil.

    Aps as independncias e as abolies da escravatura, o sculo XIX

    testemunhou a chegada macia de migrantes europeus.

    Nos Estados Unidos, o desenvolvimento das costas leste e oeste

    reforam a tese de ocupao costeira. Na Amrica do Sul, o espao pouco

    ocupado na sua poro interior. O povoamento s denso na regio do Rio da

    Prata e em menos grau, na regio dos Andes,

    No Brasil, a maior ocupao se verifica na regio litornea, com a

    presena de grandes aglomeraes. A Amaznia apresenta uma das mais

    baixas densidades do mundo.

    Na frica, a regio do Magreb, o vale do Nilo, a regio dos Grandes

    Lagos e o Golfo da Guin so os arquiplagos de povoamento mais densos.

    Nessa regio, a Nigria destaca-se por ser um gigante demogrfico. Quase

    vazio, o Saara um espao de circulao de nmades mercadores ou

    pastores, at mesmo de guerreiros, traficantes ou intermediadores. A floresta

    equatorial abriga apenas pequenos grupos de populao

    Os efeitos acumulados do trfico, da ausncia de Estados e de sistemas

    coloniais predatrios contribuem para explicar essas baixas densidades. As

  • desigualdades de desenvolvimento e os conflitos explicam, por sua vez, os

    deslocamentos abruptos, frequentes e macios, voluntrios ou impostos.

    A URBANIZAO DO MUNDO

    O arquiplago das cidades globais

    Em 1800 o mundo tinha apenas 2% de habitantes urbanos; hoje eles

    somam 50% e provvel que, em 2030, representem 60% da populao

    mundial.

    Com o crescimento econmico dos pases emergentes a urbanizao

    acelerou-se bruscamente. Quase todos os Estados Amricanos, a exemplo da

    Europa e da Rssia, apresentam taxas de urbanizao superiores a 70%. Na

    sia e na frica, a proporo da populao urbana inferior mdia mundial,

    mas as taxas de crescimento das grandes cidades so as mais elevadas do

    mundo.

    Em 1950, apenas a cidade de Nova York ultrapassava 10 milhes de

    habitantes; em 2000 19 aglomeraes possuam mais de 20 milhes.

    Desde a dcada de 1930, os gegrafos evidenciam as relaes entre a

    hierarquia das cidades.

    As cidades globais contemporneas desenvolvem mais

    laos entre si do que com o meio ambiente local e

    mesmo nacional, acumulando, assim, todos os poderes

    de natureza econmica, financeira, poltica, de

    informao e cultural.

    Nesses gigantescos polos urbanos interdependentes e em permanente

    concorrncia desenvolvem-se todos os fluxos de intercmbios globais:

    portos,

    aeroportos,

    anis rodovirios,

  • plataformas logsticas e de informao,

    bolsas de valores,

    sedes de empresas,

    centros universitrios e de pesquisa,

    centros de criao audiovisual e a internet.

    A fragmentao social e espacial

    Nos Estados Unidos a periurbanizao acelerou-se a partir dos anos

    1950. Atualmente, mais da metade da populao urbana vive em subrbios

    (suburbs) caracterizados por um habitat individual pouco denso de servios e

    de empregos de ponta. As sociedades muito desiguais do Sul passam pelos

    mesmos processos de polarizao social e espacial, ainda mais marcantes, em

    razo do aumento acelerado das populaes. Aos centros de negcios e

    bairros residncias mais favorecidos e protegidos, contrapem-se favelas,

    towmships, slums, onde vive 1/3 da populao urbana mundial. Na periferia, ou

    no prprio corao do tecido urbano, as ocupaes precrias instalam-se em

    zonas degradadas ou inviveis para a construo, poludas, perigosas, sem

    gua potvel e sem rede de esgotos.

    Abandonados pelos Estados, pelas administraes municipais e mesmo

    pelas agncias de desenvolvimento, os habitantes se mobilizam em

    associaes e ONGs locais, s vezes com apoios de ONGs nacionais ou

    transnacionais, na tentativa de legalizar sua habitao e desenvolver servios

    de base. Essas populaes jovens originrios da zona rural, forados a

    abandon-la em decorrncia da misria ou dos conflitos, e trabalhadores

    pobres h muitas geraes so confrontadas com a violncia e condenadas a

    empregos mal remunerados, atuando frequentemente no setor informal da

    economia (54% na frica, 65% nos pases rabes, 39% na Amrica Latina).

    MIGRAES DO PASSADO

    A fico de uma fixidez do passado

  • Durante os ltimos 40 anos, a duplicao da quantidade total de

    migrantes internacionais, sincrnica acelerao dos processos de

    globalizao, trouxe essa questo de forma brusca e em vrios contextos para

    o centro dos debates polticos e econmicos

    O recorte progressivo do mundo em Estados nacionais conduziu pouco ao

    esquecimento de uma histria da humanidade marcada por mobilidades de

    longas distncias. Todos os tipos de circulaes ampliam-se os fluxos de

    capitais circulam quase sem restrio; a informao generalizada, ubqua e

    contnua , mas no as circulaes de indivduos: por todos os lados existem

    freios s migraes. Estimados em mais de 200 milhes, os migrantes

    internacionais representam cerca de 3% da populao mundial, divididos em

    propores iguais entre migrao de trabalho, familiar e de refugiados.

    Imensos territrios construdos por fluxos macios de migrantes

    Desde o incio da Antiguidade o mundo marcado por rotas milenares

    (ouro, especiarias, seda, sal, mbar, peles etc.), eixos de intercmbios que

    religam os espaos frequentemente recortados de forma no definitiva,

    propiciando fluxos de pessoas e de bens materiais e imateriais.

    Como os homens, circulam suas ideias e seus modos de vida:

    o individualismo,

    o capitalismo,

    o Estado nacional,

    as religies,

    as tcnicas e as lnguas.

    Choques, atritos, encontros e intercmbios, produziram misturas e

    hibridaes: melting-pot, multiculturalismo e mestiagem. Em outros lugares e

    mais tarde em termos negativos para a frica e positivo para o novo mundo

    muitos estados e sociedades tornaram-se o produto histrico das migraes.

    A migrao foi muitas vezes uma escolha sem sada ou

    mesmo um constrangimento absoluto, mas raramente

    uma deciso.

  • O trfico de escravos, sistema comercial altamente lucrativo de migraes

    foradas (durante o sculo VII ao incio do sculo XIX) foi o trfico oriental dos

    negreiros muulmanos entre a frica Oriental e o Oriente Prximo e Mdio, a

    sia e o Sul da Europa. O comrcio triangular deslocou, por sua vez, durante

    mais de quatro sculos, mais de 10 milhes de africanos para a Amrica do

    Norte, Amrica do Sul e Caribe. No final do sculo XIX, mais de 50 milhes de

    europeus, fugindo das crises agrcolas, da pobreza e das perseguies,

    migraram para as Amricas.

    Devem se somar a essas migraes os deslocamentos Sul-Sul, muito

    menos conhecidos. Em parte movidos pelas necessidades de

    aprovisionamento de matrias-primas da Revoluo Industrial europeia,

    importantes deslocamentos foram organizados desde a ndia e a China em

    direo s grandes plantaes de todo o Sudeste Asitico (12 milhes de

    trabalhadores chineses e 30 milhes de indianos, nos anos 1930).

    A virada dos Trinta Anos Gloriosos

    Depois da Segunda Guerra Mundial, a reconstruo da Europa e o forte

    crescimento econmico produziram uma retomada dos movimentos migratrios

    de orientao Sul-Norte. Dos anos 1970 em diante, marcados pelos choques

    do petrleo e pela reduo do crescimento econmico, quase todas as

    fronteiras fecharam-se para as migraes.

    UM MUNDO EM MOVIMENTO

    Presso migratria

    Muitas pessoas circulam pelo mundo: turistas, funcionrios e gestores de

    empresas. Mas, a maior parte dos que se deslocam por um tempo mais longo

    constituda de migrantes internacionais.

    A pobreza a principal causa da mobilidade, mas as

    defasagens entre sociedades jovens e em processo de

    envelhecimento, os conflitos, a difuso da informao, a

    reduo dos custos de transporte e as demandas de

    mo de obra nos pases do Norte alimentam os desejos

    de partida.

  • A partir dos anos 1970, com o fechamento das fronteiras, gerou um

    grande nmero de clandestinos e de novas formas de trficos. Redes mafiosas

    transnacionais prosperam com a misria (passadores, negociantes de

    documentos falsos, de trabalhadores clandestinos, de empregadas e de

    prostitutas). Os Estados contribuem com a organizao da exportao da sua

    mo de obra pletrica e pobre. o caso de sia Ocidental e Filipinas.

    Local, nacional, transnacional.

    Elos entre lugares e sociedades, os migrantes vivem de forma diferente,

    conforme as sociedades de chegada tenham sido construdas a partir da

    imigrao (Estados Unidos, Austrlia) ou tenham passado recentemente do

    estatuto de regio emigrao ao de regio de imigrao. Caso da Europa.

    No primeiro caso, a identidade nacional se construiu em torno da

    valorizao da diversidade.

    Na Europa, as perdas dos imprios coloniais, a construo da Unio

    supranacional, as deslocalizaes de empresas e mundializao da cultura

    geram dificuldades identitrias que reforam ainda mais a crise econmica

    atual. Embora reafirmado os direitos humanos, grupos polticos, governos e

    setores da populao estigmatizaram os imigrantes em nome da segurana

    pblica, restringem seus direitos ou os expulsam.

    REFUGIADOS E DESLOCADOS

    67 milhes de deslocamentos forados

    Refugiados internacionais, demandantes de asilo, deslocados internos,

    aptridas, refugiados ambientais...O nmero de indivduos que abandonaram

    seu local de residncia para sobreviver no cessa de crescer. Nas ltimas dez

    dcadas, entre 15 e 25 milhes de pessoas sofreram algum tipo de violncia

    que as levaram a partir, na maioria das vezes para um destino prximo, no

    interior das fronteiras de seu prprio Estado (deslocados) ou alm dessas

    fronteiras (refugiados)

    At o final da Guerra Fria, os refugiados eram muito mais numerosos do

    que os deslocados, porm as propores inverteram-se desde ento. Os

    deslocados constituem um contingente de:

  • 1 milho de pessoas no leste da Repblica Democrtica do

    Congo,

    2 milhes no Sudo

    2 milhes no Iraque.

    A imagem tpica do refugiado mudou bastante:

    Inicialmente tratava-se de indivduos fugindo do

    comunismo; hoje, so massas desesperadas.

    Uma ferramenta multilateral imperfeita

    A Revoluo Russa e, em seguida, a Primeira Guerra Mundial e o

    desmembramento dos imprios na Europa geram os primeiros fluxos de

    refugiados (5 milhes).

    A Sociedade das Naes cria o Escritrio Internacional Nansen para os

    Refugiados. A Segunda Guerra provoca uma exploso desses nmeros (40

    milhes), e a ONU estabelece, em 1947, uma nova organizao que se tornar

    o ACNUR (Alto Comissariado das Naes Unidas para os Refugiados), em

    1951, assegurando os direitos fundamentais dos refugiados:

    asilo

    garantia contra reenvios forados para as situaes de perigo ou

    perseguies

    ajuda na repatriao consentida

    A Conveno de Genebra define o estatuto dos refugiados, sua proteo

    e seus direitos e deveres. O Protocolo Adicional de 1967 amplia o mandato do

    ACNUR e serve de base para dispositivos regionais de proteo na frica e na

    Amrica Latina. Mais de 50 milhes de refugiados no mundo receberam ajuda,

    e estima-se em cerca de 8 milhes o nmero de pessoas vivendo em campos

    de refugiados h pelo menos dez anos.

  • RICOS E POBRES

    Crescimento complexo das desigualdades

    Depois de um crescimento importante a partir dos anos 1850, as

    desigualdades se estabilizaram a partir de 1950, sem que a globalizao tenha

    provocado uma convergncia das economias nacionais.

    Nos anos 1960, enquanto a maioria dos pases situava-se em torno do

    PIB mdio por habitante, o grupo de pases intermedirios foi, desde ento,

    reduzindo-se. Os pases ricos foram alcanados por alguns pases ditos em

    desenvolvimento (PED):

    os novos pases industrializados (Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura)

    e aqueles com baixos salrios e grande capacidade tecnolgica (China,

    ndia, Rssia).

    A evoluo das desigualdades no mundo ocupa um lugar central e

    controverso nos debates sobre a globalizao.

    A globalizao dinamizou o crescimento, gerando, porm, desigualdades

    nos pases do Sul em fase de crescimento. A internacionalizao do mercado

    de trabalho conduziu a um vis que favorece o trabalho qualificado e a uma

    crescente concorrncia mundial por baixos salrios.

    A desigualdade global (ou mundial) mede as desigualdades entre

    indivduos em meio populao mundial. Ela est hoje em ligeiro declnio:

    Os 2,5 bilhes de indivduos mais pobres ou seja, 40%

    da populao mundial detm 5% da renda global, ao

    passo que os 10% mais ricos controlam 54%.

    Um a cada 2 indivduos vive com menos de 2 dlares por dia e 1 a cada

    5, com menos de 1 dlar por dia (patamar de pobreza absoluta)

    O DESENVOLVIMENTO DO MUNDO

  • Velhos e ricos ao Norte

    Os progressos da medicina e o acesso aos cuidados favoreceram um

    prolongamento da durao da vida. Assim, o aumento da quantidade de

    pessoas idosas na populao total, acelerou-se no momento em que

    comearem a envelhecer as geraes nascidas aps a 2 Guerra Mundial.

    Com isso, cerca de da populao ter 65 anos ou mais nos prximos anos

    Uma qualidade mdia de vida elevada, uma proteo social ainda

    bastante presente e a generalizao do controle dos nascimentos produziram

    um decrscimo brutal na natalidade, que no garante mais a renovao das

    geraes. Em um contexto de crise da imigrao e de crise econmica, esse

    envelhecimento constitui um desafio econmico, poltico e social de primeira

    ordem.

    Todos os Estados e indivduos sero afetados pela criao de estruturas

    de cuidados e assistncia a pessoas muito idosas, pelo aumento com

    despesas com sade, pela transformao da estrutura de idade da populao

    ativa, financiamento das aposentadorias, mudanas fiscais pela evoluo das

    relaes de fora e de poder entre geraes e pelas questes relativas tica

    no final da vida.

    As chamadas migraes de substituio alteraro apenas baixas de

    crescimento natural, e as novas mobilidades nacionais ou internacionais

    dos aposentados das classes favorecidas produziro um efeito apenas

    marginal.

    Jovens e pobres ao Sul

    A reduo da mortalidade e o prolongamento da durao da vida, so

    freados, sobretudo na frica subsaariana, pela manuteno e difuso de

    doenas infecciosas e parasitrias (aids, malria, etc) e pelos conflitos. Sem

    proteo social nem acesso contracepo, a natalidade, embora decrescente

    por toda a parte, permanece ainda muito elevada. As regies e os grupos mais

    pobres so os que mais contam com crianas e adolescentes. Essa estrutura

    demogrfica, em grande parte ligada pobreza, contribui para mant-la ou

    acentua-la. As demandas crescentes de escolas, centros de sade e de

    empregos se acumulam.

    Os Estados so incapazes de realizar os investimentos essenciais, uma

    vez que as suas economias foram liberalizadas sob presso, tornando-as ainda

  • mais vulnerveis s crises econmicas, alm da necessidade de reduzir as

    despesas pblicas.

    A visibilidade dessas desigualdades aumenta gradualmente, e as

    dificuldades de sobrevivncia, a ausncia de formao, e o desemprego

    macio no do aos jovens outra sada a no ser a migrao, a fim de educar-

    se, ou de encontrar um trabalho, ainda que precrio. O envelhecimento tocar

    tambm as sociedades do Sul; em 2020, por exemplo, a ndia ter mais de 140

    milhes de velhos, na maioria extremamente pobre.

    VIVER E MORRER

    As condies da sade no mundo melhoram consideravelmente nos

    ltimos 50 anos.

    A expectativa de vida mdia aumentou em 18 anos e a taxa de

    mortalidade infantil dividiu-se por trs, graas s vacinas e ao tratamento de

    crianas doentes

    Viver... mas por muito tempo?

    De 1955 a 2005, a expectativa mdia de vida cresceu mais na sia, no

    Oriente Mdio, na Amrica Latina e no Caribe. Essas mesmas disparidades

    podem ser encontradas dentro dos Estados: um indivduo de bairros

    perifricos pobres de Washington vive em mdia 20 anos menos do que um

    habitante de Maryland; um operrio francs, sete anos menos do que um

    funcionrio de uma repartio. Essas discrepncias traduzem a combinao de

    fatores tais como:

    alimentao

    higiene

    escolaridade

    nvel de condies de vida e de trabalho

    grau de desenvolvimento dos Estados

  • Nos pases em que a expectativa mdia de vida de 70 anos, a

    expectativa de vida com boa sade varia de 57 a 65 anos.

    Gerar a vida sem morrer

    Desafio de sade pblica para as organizaes internacionais e as

    ONGs h 20 anos, e primeira causa de mortalidade feminina nos pases do

    Sul, a mortalidade materna, por sua vez, quase no diminui: mais de 500 mil

    mulheres no mundo morrem, anualmente, de complicaes relacionadas

    gravidez ou ao parto.

    Em 200 milhes de gravidezes anuais no mundo, quase a metade

    representa gravidez no desejada ou planejada, e um quarto delas resulta em

    aborto, legal ou clandestino estes ltimos contribuem decisivamente para a

    mortalidade materna. Na China e na ndia, so frequentemente praticados

    abortos seletivos de meninas, em razo de uma preferncia por meninos e da

    difuso da ecografia.

    Poder cuidar-se

    Os pases pobres, que investem menos de 3% da renda nacional na rea

    da sade, dispem frequentemente de servios de sade deficientes, nos quis

    os prprios pacientes devem pagar diretamente as despesas. Cerca de 250

    milhes de pessoas empobrecem a cada ano em consequncia de despesas

    com a sade, 150 milhes delas de maneira catastrfica. Aproximadamente

    400 milhes de chineses, dos quais 36% so habitantes urbanos, no possuem

    cobertura mdica, da mesma forma que 47 milhes de norte-Amricanos.

    DOENAS MUNDIAIS

    O envelhecimento, a urbanizao, as migraes, a globalizao dos

    cmbios econmicos, as desigualdades sociais, os hbitos alimentares, o

    desmatamento, as mudanas climticas... Muitos parmetros influncia ram a

    evoluo da situao sanitria do mundo.

    Uma nova ecloso de epidemias?

  • Com advento da agricultura e da pecuria no Neoltico, inmeras

    epidemias surgem em decorrncia da proximidade entre homens e animais O

    comrcio por caravanas ou martimo contribui, por volta do ano mil, para a

    unificao microbiana da Europa e da sia e para as Amricas e Oceania. Do

    sculo XIV ao XIX, a maioria dos pases adotou o sistema de quarentena ou de

    cordo sanitrio, a fim de evitar a propagao das doenas infecciosas (peste,

    gripe, rubola, febre amarela, sfilis, clera, tuberculose, lepra etc).

    Desde ento, a identificao de novas patologias (aids, SARS, gripe

    aviria), e a ocorrncia de doenas j conhecidas (meningite, dengue,

    chikungunya), ou o ressurgimento de doenas que se pensavam erradicadas

    (tuberculose, varola, peste), levam a considerar uma nova ecloso de

    epidemias, favorecida pela globalizao e pelos passos errticos da segurana

    alimentar ou ainda pelo risco do bioterrorismo.

    A dengue, por exemplo, propagou-se por uma centena de pases em

    todos os continentes por meio do comrcio de pneus usados. As doenas

    infecciosas atingem principalmente os pases do Sul, onde representam 56%

    da mortalidade (8% nos pases do Norte). A malria, primeira doena

    parasitria mundial, leva morte 2 milhes de pessoas a cada ano,

    essencialmente na frica subsaariana.

    Progresso das doenas no transmissveis

    Fora da frica, as doenas no transmissveis fazem mais vtimas do que

    as doenas infecciosas. A maior parte dessas doenas est ligada ao estilo de

    vida (alimentao, consumo de lcool, tabagismo sedentarismo etc.) e ao

    prolongamento da vida.

    Com presena marcante nos pases ricos, sobretudo entre as populaes

    menos favorecidas, o diabetes alcana os pases mais pobres. Em um mundo

    mais urbano, a alimentao tradicional sofre a concorrncia de pratos prontos,

    mais baratos, porm, mais gordurosos e mais doces.

    Caracterizando o incio de uma pandemia, o nmero de diabticos no

    mundo passou de 30 milhes em 1985 para 135 milhes em 1995 e 246

    milhes e, 2007 (aumento de 82% em dez anos, 720% em vinte anos).

    O uso do tabaco encontra-se estagnado, at mesmo decrescente, nos

    pases ricos, graas preveno, taxao e aos processos judiciais contra a

    indstria do tabaco. No entanto, nos pases emergentes e em desenvolvimento

    o consumo de tabaco tem aumentado consideravelmente.

  • Um mercado mundial da sade

    A atual evoluo das doenas no mundo e o aumento global das

    despesas com sade estimulam a indstria farmacutica mundial que deve

    confrontar-se com desafios importantes:

    o corte de reembolsos dos tratamentos,

    o nvel elevado das despesas de marketing e de venda;

    os gastos com pesquisa e desenvolvimento,

    o progresso das biotecnologias faz concorrncia indstria

    farmacutica tradicional.

    Tambm dentro deste contexto, as controvrsias ticas e ambientais

    acabam por prejudicar sua imagem.

    A indstria farmacutica encontra-se dominada pelas grandes empresas

    dos pases desenvolvidos, que se preocupam muito pouco com as

    necessidades dos pases em desenvolvimento:

    menos de 10% dos investimentos da pesquisa mdicas so destinados

    s doenas que

    representam 90% da morbidade mundial.

    As grandes empresas do Norte opem-se incessantemente aos

    produtores de medicamentos genricos do Sul.

    SABERES EM CONCORRNCIA

    Desigualdade de oportunidades

    O conhecimento um bem muito mal distribudo no mundo. Mais de 50%

    da populao das sociedades africanas e da sia Ocidental ainda analfabeta.

    Na Europa e na Amrica do Norte, estima-se um nmero entre 8 e 43% de

    adultos iletrados, conforme o pas.

    Entre bem pblico mundial e comrcio dos servios

  • A forma como a globalizao se manifesta, transforma o ensino superior,

    que, em vrios contextos, vem se desestatizando, desinstitucionalizan