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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável CLÁUDIA MARIA LOURENÇO DA SILVA ESTUDO DAS DINÂMICAS TERRITORIAIS DO MUNICÍPIO DE PETROLINA-PE: uma alternativa para o desenvolvimento sustentável Recife, PE 2012

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE

PERNAMBUCO

Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável

CLÁUDIA MARIA LOURENÇO DA SILVA

ESTUDO DAS DINÂMICAS TERRITORIAIS DO MUNICÍPIO DE

PETROLINA-PE: uma alternativa para o desenvolvimento sustentável

Recife, PE

2012

CLÁUDIA MARIA LOURENÇO DA SILVA

ESTUDO DAS DINÂMICAS TERRITORIAIS DO MUNICÍPIO DE

PETROLINA-PE: uma alternativa para o desenvolvimento sustentável

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Profissional em Gestão do Desenvolvimento

Local Sustentável da Universidade de

Pernambuco como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Gestão do

Desenvolvimento Local Sustentável.

Orientadora: Prof.ª Dra. Niédja Maria Galvão

Araújo e Oliveira.

Recife, PE

2012

Catalogação na fonte

S586e Silva, Cláudia Maria Lourenço da.

Estudo das dinâmicas territoriais do município de Petrolina-PE : uma

alternativa para o desenvolvimento sustentável / Cláudia Maria Lourenço

da Silva. – Recife : Universidade de Pernambuco. Faculdade de Ciências

da Administração, 2012.

181 f. : il.

Dissertação (mestrado – Gestão em Desenvolvimento Local

Sustentável) – Universidade de Pernambuco, FCAP.

1. Desenvolvimento sustentável – Petrolina (PE). 2. Educação

ambiental – Petrolina (PE). 3. Recursos hídricos – Desenvolvimento –

Pernambuco. 4. Extensão rural. 5. Dissertação – Universidade de

Pernambuco – Faculdade de Ciências da Administração. I. Titulo.

CDD 363.70098134

CLÁUDIA MARIA LOURENÇO DA SILVA

ESTUDO DAS DINÂMICAS TERRITORIAIS DO MUNICÍPIO DE PETROLINA-PE:

uma alternativa para o desenvolvimento sustentável

BANCA EXAMINADORA:

Orientadora:

Prof.ª Dra. Niédja Maria Galvão Araújo e Oliveira

Examinadores:

_______________________________________

Professor (a) examinador(a) externo(a)

Nome da instituição

]

_______________________________________

Professor (a) examinador(a) interno(a)

Nome da instituição

Petrolina, PE

2012

A minha Mamuska, Ivanilda Maria Santana da

Silva, e a minha Vovuska, Maria José Costa por

nunca, absolutamente, nunca desistirem de mim.

A vocês duas, entrego meu amor e minha gratidão

eterna!

AGRADECIMENTOS

A Deus, que permitiu que eu vencesse mais este desafio.

A minha querida e amada Mamãe, Ivanilda, agradeço absolutamente TUDO. Meu

amor por você é infinito.

A minha família, o apoio nesta jornada.

Ao meu querido e amado marido, Rilton Melo, que entendeu a necessidade de me

deixar na companhia dos livros e suportou minha angústia na conclusão deste trabalho.

A Júlia Midori e Sophia Yumi, a alegria e o amor que nos une.

A minha querida e admirável orientadora Professora Niédja Galvão, o aprendizado e,

sobretudo, não desistir de mim.

A Paulo Henrique Santana, meu querido amigo, a amizade franca e sua ajuda nesta

trajetória.

Aos amigos queridos do Mestrado, em especial Poliana Pedroso, Valdélio Lins, a

prazerosa e rica convivência. Foi maravilhoso.

Aos amigos e alunos, que entenderem as razões da minha ausência.

RESUMO

O desenvolvimento sustentável é o estabelecimento do equilíbrio entre as dimensões

econômicas, sociais e ecológicas. Não se trata de uma utopia, mas de uma nova realidade que

pode iniciar-se em um país, um estado ou mesmo em um município. Muitos gestores

municipais, estaduais ou nacionais apresentam à sociedade ações que prometem o

estabelecimento da sustentabilidade, porém a realidade mostra que pouco se faz,

concretamente, para o alcance desse objetivo, pondo em prática ações que são apenas reativas,

que minimizam os efeitos e consequências de uma realidade insustentável. Os indicadores de

sustentabilidade podem apontar o caminho para o encontro da humanidade com o

desenvolvimento sustentável. Na elaboração deste trabalho, construiu-se um índice que avalia

a Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável. Nesse sentido, buscou-se a identificação dos

problemas das áreas estudadas por meio de diagnósticos, das avaliações de efeito-causa-

efeito, da Teoria das Restrições de Eliyahu M. Goldratt, além das definições de ações

corretivas ou preventivas. O cruzamento desses conceitos permitiu estabelecer uma visão

ampla, sistêmica, das áreas de estudo para o desenvolvimento sustentável, mostrando o nível

da Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável, assim como a identificação dos espaços

opacos e luminosos à luz dos conceitos de Milton Santos. O estudo possibilitou conhecer o

nível de sustentabilidade existente nas ações desenvolvidas nos Territórios Irrigado,

Ribeirinho, Sequeiro e Central do município de Petrolina, Pernambuco, Brasil.

Palavras-chave: Espaços. Indicador. Índice da Gestão do Desenvolvimento Local

Sustentável. Sustentabilidade. Território.

ABSTRACT

The sustainable development is the establishment of balance between the economic, social

and ecological dimensions. This is not a utopia, but a new reality that can start in one country,

even in a state or a municipality. Many leaders, municipal ,state or national , presents to

society actions that promise the establishment of sustainability, but in reality little is done to

achieve this goal specifically, implementing actions that are only reactive, to minimize the

effects and consequences an unsustainable reality. The sustainability indicators may point the

way to the encounter of humanity with sustainable development. In preparing this work, we

constructed an index that evaluates the Management of Sustainable Local Development.

Accordingly, we sought to identify the problem areas studied by means of diagnostic,

assessments of effect-cause-effect, the Theory of Constraints Eliyahu M. Goldratt, from

definitions of corrective or preventive actions. The intersection of these concepts in

establishing a broad vision, systemic of areas of study for sustainable development, showing

the level of Sustainable Local Development, as well as the identification of opaque and bright

spaces to the concepts of Milton Santos. The study has helped understand the level of

sustainability in existing irrigated actions undertaken in the Territórios Irrigado, Ribeirinho,

Sequeiro and Central of Petrolina, Pernambuco, Brazil.

.

Keywords: Spaces. Indicator. Index of Sustainable Local Development. Sustainability.

Territory.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização de outros atores que interessem ao ator A............................ 34

Figura 2 – Mapa da localização do município de Petrolina, PE, Brasil.................... 36

Figura 3 – Área de sequeiro em Petrolina.................................................................. 37

Figura 4 – Áreas irrigadas em Petrolina.................................................................... 38

Figura 5 – Área ribeirinha rural em Petrolina........................................................... 38

Figura 6 – Área ribeirinha urbana em Petrolina........................................................ 39

Figura 7 – Área central da cidade de Petrolina....................................................... 39

Figura 8 – Ambiente de dunas continentais, solo dominante Areia Quartzosa......... 40

Figura 9 – Tabuleiros interioranos........................................................................... 41

Figura 10 – Pediplanos da depressão sertaneja com relevos plano e suave

ondulado.................................................................................................

42

Figura 11 – Distribuição dos postos pluviométricos em Pernambuco...................... 44

Figura 12 – Total médio anual de precipitação pluviométrica em Pernambuco (mm) 45

Figura 13 – Temperatura média anual (ºC)................................................................ 45

Figura 14 – Estimativa do total anual de evapotranspiração em Pernambuco (mm) 47

Figura 15 – Rio São Francisco................................................................................... 48

Figura 16 – Vegetação de caatinga hiperxerófila em ambiente dos tabuleiros

interioranos na depressão sertaneja........................................................

50

Figura 17 – Samba de Véio da Ilha do Massangano.............................................. 54

Figura 18 – Extensão territorial do Projeto de Perímetro Irrigado Senador Nilo

Coelho......................................................................................................

56

Figura 19 – Mapa dos biomas brasileiros................................................................... 60

Figura 20 – Território sequeiro................................................................................... 61

Figura 21 – Umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda)................................................. 62

Figura 22 – Margens do rio São Francisco em Petrolina........................................... 64

Figura 23 – O Dashboard of Sustainability……….………………………………… 75

Figura 24 – Exemplo de sistema aberto: ciclo hidrológico....................................... 79

Figura 25 – Sistemática da pesquisa........................................................................... 81

Figura 26 – Exemplo de Árvore da Realidade Atual (ARA)..................................... 88

Figura 27 – Árvore em interação com outros elementos da natureza....................... 91

Figura 28 – Árvore representativa da gestão do DLS.................................................. 92

Figura 29 – Nuances da árvore representando a evolução da gestão do DLS........... 93

Figura 30 – Árvore da Realidade Atual do município de Petrolina........................... 137

Figura 31 – Árvore da Realidade Futura do município de Petrolina......................... 138

Figura 32 – Nuance da Árvore da gestão do DLS de Petrolina.................................. 140

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Problemas no Território Irrigado........................................................... 102

Gráfico 2 – Atendimento no posto de saúde do Território Irrigado........................ 103

Gráfico 3 – Solução do problema de saúde no Território Irrigado......................... 103

Gráfico 4 – Medicamentos disponíveis pela Prefeitura........................................... 103

Gráfico 5 – Possíveis causas da poluição do rio São Francisco segundo moradores

do Território Irrigado..........................................................

104

Gráfico 6 – Ações que a Prefeitura deveria programar........................................... 105

Gráfico 7 – Problemas no Território de Sequeiro................................................... 112

Gráfico 8 – Atendimento no posto de saúde do Território de Sequeiro 113

Gráfico 9 – Solução do problema de saúde no Território de Sequeiro................... 113

Gráfico 10 – Medicamentos disponíveis pela Prefeitura........................................... 113

Gráfico 11 – Possíveis causas da poluição do rio São Francisco segundo moradores

do Território de Sequeiro.......................................................................

114

Gráfico 12 – Ações que a Prefeitura deveria programar para o Território de

Sequeiro................................................................................................

115

Gráfico 13 – Problemas no Território Ribeirinho..................................................... 122

Gráfico 14 – Atendimento no posto de saúde do Território Ribeirinho.................... 122

Gráfico 15 – Solução do problema de saúde no Território Ribeirinho..................... 123

Gráfico 16 – Medicamentos disponíveis pela Prefeitura.......................................... 123

Gráfico 17 – Possíveis causas da poluição do rio São Francisco segundo

moradores do Território Ribeirinho.....................................................

124

Gráfico 18 – Ações que a Prefeitura deveria programar para o Território

Ribeirinho..............................................................................................

125

Gráfico 19 – Problemas no Território Central........................................................... 132

Gráfico 20 – Atendimento no posto de saúde do Território Central......................... 133

Gráfico 21 – Solução do problema de saúde no Território Central........................... 133

Gráfico 22 – Medicamentos disponíveis pela Prefeitura.......................................... 134

Gráfico 23 – Possíveis causas da poluição do Rio São Francisco segundo

moradores do Território Central...........................................................

134

Gráfico 24 – Ações que a Prefeitura deveria programar para o Território Central.. 135

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Síntese das etapas de evolução da fruticultura no SMSF......................... 30

Quadro 2 – Família de paisagens x intervenção humana............................................ 32

Quadro 3 – Famílias de regiões................................................................................. 35

Quadro 4 – Características necessárias para sistemas de indicadores adequados... 72

Quadro 5 – Dimensões comumente relacionadas com o Barometer of Sustainanility 76

Quadro 6 – Distribuição dos questionários aplicados nas áreas................................ 83

Quadro 7 – Ferramentas em cada etapa do processo do pensamento....................... 85

Quadro 8 – Ações para a construção da ARA............................................................ 87

Quadro 9 – Critérios que devem ser observados ao construir a árvore.................... 87

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Projetos públicos de irrigação do SMSF................................................ 29

Tabela 2 – Balança comercial de frutas frescas do Brasil 2000-2002.................... 31

Tabela 3 – Temperatura máxima dos municípios do Sertão pernambucano........... 46

Tabela 4 – Projetos públicos de irrigação do Submédio São Francisco................. 55

Tabela 5 – Distribuição da área do PISNC............................................................... 56

Tabela 6 – Evolução da área em produção (ha): frutas 1995-2003......................... 57

Tabela 7 – Evolução da área plantada (ha): frutas 2008-2009................................ 57

Tabela 8 – Ponderação do indicador........................................................................ 89

Tabela 9 – Exemplo da planilha de acompanhamento de projeto........................... 90

Tabela 10 – Nuances da gestão do desenvolvimento local sustentável..................... 90

Tabela 11 – Matriz do DLS no Território Irrigado.................................................... 95

Tabela 12 – Matriz do DLS no Território de Sequeiro............................................. 106

Tabela 13 – Matriz do DLS no Território Ribeirinho................................................ 116

Tabela 14 – Matriz do DLS no Território Central..................................................... 126

Tabela 15 – Indicadores da gestão do desenvolvimento local sustentável................ 139

LISTA DE SIGLAS

AD DIPER Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco

AEVSF Autarquia Educacional do Vale do São Francisco

AMMA Agência Municipal de Meio Ambiente

ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações

AQ Areia Quartzosa

ARA Árvore da Realidade Atual

ARF Árvore da Realidade Futura

ASAN Alta Subtropical do Atlântico Norte

ASAS Alta Subtropical do Atlântico Sul

ATER Assistência Técnica e Extensão Rural

BS Barometer of Sustainability

CAPS Centros de Atenção Psicossocial

CELPE Companhia Energética de Pernambuco

CHESF Companhia Hidrelétrica do São Francisco

CODEVASF Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco

COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento

CPATSA Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido

CPRH Agência Estadual de Meio Ambiente

CVLI Crimes Violentos Letais e Intencionais

CVSF Comissão do Vale do São Francisco

DINC Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho

DLS Desenvolvimento Local Sustentável

DS Dashboard of Sustainability

DSR Driving Force-State-Response

EACS Equipes de Agentes Comunitários de Saúde

EFM Ecological Footprint Method

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPTTC Empresa Petrolinense de Trânsito e Transporte Coletivo

ENOS El Ninõ Oscilação Sul

FACAPE Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina

FAO Food Agricultural Organization

FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

GDLS Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável

GISF Grupo de Irrigação do São Francisco

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDG Indicadores de Desempenho de Gestão

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IES Instituições de Ensino Superior

IF SERTÃO-

PE

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão

Pernambucaco

IISD International Institute for Sustainable Development

ITEP Instituto Tecnológico de Pernambuco

LA Latossolos Amarelos

LAMEPE Laboratório de Meteorologia de Pernambuco

NC Bruno não Cálcico

OCDE Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico

ONU Organização das Nações Unidas

PADFIN Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Fruticultura Irrigada do

Nordeste

PA Podzólicos Amarelos

PER Pressão-Estado-Resposta

PIB Produto Interno Bruto

PISNC Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho

PL Planossolo Solódico

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PSR Pressure-State-Response

PV Podzólicos Vermelho-Amarelos

R Solo Litólico Regosslo (RE)

RE Regosslo

SDS-PE Secretaria de Defesa Social de Pernambuco

SECEX Secretaria de Comércio Exterior

SEMAS-PE Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco

SENASP-MJ Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça

SF Sistemas Frontais

SMSF Submédio São Francisco

SS Solonetz Solodizado

SUVALE Superintendência do Vale do São Francisco

SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

TOC Theory of Constraints

UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco

UPE Universidade de Pernambuco

VALEXPORT Associação de Produtores e Exportadores do Vale do São Francisco

VCAS Vórtices Clônicos de Ar Superior

ZCIT Zona de Convergência Intertropical

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 16

1.1 Importância do tema.................................................................................... 18

1.2 Justificativa................................................................................................... 18

1.3 Objetivos....................................................................................................... 19

1.3.1 Objetivo geral................................................................................................ 19

1.3.2 Objetivos específicos...................................................................................... 20

1.4 Estrutura da dissertação............................................................................. 20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................... 22

2.1 A construção do território de Petrolina: processo histórico..................... 22

2.2 O espaço geográfico e suas categorias: paisagem território e região...... 31

2.3 Caracterização da área de pesquisa..........................................................., 36

2.3.1 Geologia do município de Petrolina.............................................................. 40

2.3.2 Geomorfologia e relevo de Petrolina............................................................. 41

2.3.3 Caracterização do clima de Petrolina........................................................... 43

2.3.4 Temperatura e evapotranspiração potencial de Petrolina............................ 45

2.3.5 Hidrografia do município de Petrolina......................................................... 47

2.3.6 Vegetação do município de Petrolina............................................................ 48

2.4 Aspectos urbanos, industriais e socioculturais: formação do espaço de

Petrolina no contexto atual..........................................................................

50

2.4.1 Aspectos culturais.......................................................................................... 53

3 A CONSTITUIÇÃO DO TERRITÓRIO DE PETROLINA.................... 55

3.1 Área irrigada: espaço físico /natural – áreas conservadas e degradadas 55

3.2 Área de sequeiro........................................................................................... 60

3.3 Área ribeirinha............................................................................................. 63

3.4 Espaço urbanizado....................................................................................... 65

3.5 Espaço industrializado................................................................................. 66

4 EMBATE ENTRE OS PROCESSOS MODERNIZADORES,

IMPACTOS AMBIENTAIS, METODOLOGIA E RESULTADOS......

67

4.1 4.1 Conceitos e teorias que fundamentam o método................................. 67

4.1.1 Principais aspectos dos indicadores de sustentabilidade.............................. 67

4.1.2 Os sistemas de indicadores de sustentabilidade.......................................... 73

4.1.3 Visão sistêmica e a relação efeito-causa-efeito........................................... 77

4.2 Procedimentos metodológicos na análise quali-quantitativa.................... 80

4.2.1 Pesquisa de campo e coleta dos dados......................................................... 82

4.2.2 Matriz de indicadores do desenvolvimento local sustentável........................ 83

4.2.3 Relação efeito-causa-efeito........................................................................... 84

4.2.4 A Árvore da Realidade Atual......................................................................... 85

4.2.5 A Árvore da Realidade Futura...................................................................... 89

4.2.6 Seleção e ponderação dos indicadores......................................................... 89

4.2.7 Modelo de comunicação do sistema.............................................................. 90

4.3 Resultados e discussão dos pilares da sustentabilidade do meio

ambiente........................................................................................................

94

4.3.1 Matriz dos indicadores do desenvolvimento local sustentável: análise dos

dados primários.............................................................................................

94

4.3.1.1 Matriz dos indicadores do desenvolvimento local sustentável dos

Territórios Irrigado, Sequeiro, Ribeirinho e Central....................................

95

4.3.1.2 Análise da Matriz do DLS do Território Irrigado......................................... 97

4.3.1.3 Dados secundários do Território Irrigado..................................................... 101

4.3.1.4 Análise dos dados secundários do Território Irrigado.................................. 105

4.3.2 Análise da Matriz do DLS no Território Sequeiro....................................... 109

4.3.2.1 Dados secundários do Território de Sequeiro.............................................. 111

4.3.2.2 Análise dos dados secundários do Território de Sequeiro,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 115

4.3.3 Análise da Matriz do DLS no Território Ribeirinho...................................... 119

4.3.3.1 Dados secundários do Território Ribeirinho................................................. 121

4.3.3.2 Análise dos dados secundários do Território Ribeirinho............................. 125

4.3.4 Análise da Matriz do DLS no Território Central......................................... 129

4.3.4.1 Dados secundários do Território Central...................................................... 131

4.3.5 Árvore da Realidade Atual do município de Petrolina................................ 136

4.3.6 Árvore da Realidade Futura do município de Petrolina.............................. 136

4.3.7 Índice da Gestão do Desenvolvimento Sustentável do município de

Petrolina........................................................................................................

139

4.4 Espaços opacos e luminosos: o abismo sócio-técnico-científico

informacional e cultural................................................................................

140

4.5 Gestão local sustentável do território de Petrolina..................................... 142

CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES.............................. 145

REFERÊNCIAS............................................................................................ 147

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos entrevistados do Território

Central............................................................................................................

151

APÊNDICE B – Questionário aplicado aos entrevistados do Território

Irrigado............................................................................................................

158

APÊNDICE C – Questionário aplicado aos entrevistados do Território

Sequeiro..........................................................................................................

166

APÊNDICE D – Questionário aplicado aos entrevistados do Território

Ribeirinho.......................................................................................................

174

ANEXO A – Aprovação................................................................................. 181

16

1 INTRODUÇÃO

Desde a Conferência de Estocolmo, Suécia, em 1972, onde 113 países reuniram-se com o

propósito de discutir problemas ambientais e a relação entre desenvolvimento e meio

ambiente, a palavra sustentabilidade vem fazendo parte das negociações entre os vários chefes

de estado do mundo. O produto gerado na conferência foi um documento histórico com vinte

e quatro artigos assinados pelos participantes, e o principal desdobramento desse encontro foi

a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Porém, somente vinte anos após a Conferência de Estocolmo, o mundo voltou a se reunir no

Rio de Janeiro, Brasil, para o evento conhecido como ECO-92. O objetivo era a busca de

meios de conciliar o desenvolvimento econômico com os vários ecossistemas do planeta. A

ECO-92 foi de extrema importância para a consolidação do conceito de desenvolvimento

sustentável. Entretanto, ficou claro que, entre a Conferência de Estocolmo e a ECO-92, nada

mudou. As promessas de desenvolvimento social e econômico não prevaleceram sobre a força

do capitalismo selvagem.

Sustentabilidade é a palavra da vez. Faz parte dos discursos de empresas, gestores e chefes de

estado, mas tudo fica apenas no campo teórico. Quase nada se realiza com base em teorias

cientificamente difundidas. Ao se tratar de sustentabilidade, faz-se necessário ampliar o olhar,

considerar aspectos como o social, o econômico, o institucional, o espacial, enfim, todos

aqueles que compõem a vida na terra, e não somente o ecológico, como tende a parecer.

As novas práticas do homem e os novos olhares podem ser acionados tanto no nível global

quanto local. Nessa perspectiva é possível aplicar o conceito de desenvolvimento territorial:

uma estratégia ou um processo intencional dos atores, das pessoas de um determinado local,

para, a partir de seus ativos, de suas potencialidades e vocações, construírem um projeto de

desenvolvimento com mais participação social, equidade e sustentabilidade.

O Desenvolvimento Local Sustentável (DLS) somente poderá ser alcançado se for empregada

uma gestão sistêmica cujo foco seja a sustentabilidade e que adote uma metodologia capaz de

diagnosticar as causas dos problemas encontrados na localidade. Dessa forma foi possível

fazer uma análise do estágio atual do território. Utilizando-se essa metodologia, pode-se

17

também planejar ações futuras que mudem a situação atual, além de mensurar a evolução

utilizando indicadores apropriados à gestão que se pleiteia.

Para que o diagnóstico fosse realizado da forma mais fiel possível à realidade, foi preciso que

todos os atores sociais do local estivessem preparados e estimulados a fazer parte do processo

evolutivo tendo como pressuposto a soma do conhecimento, habilidade e as ações. Esta

pesquisa tem um norte em contribuir com a elaboração de estratégias que favoreçam o

desenvolvimento sustentável do território. Para tanto, foi necessária a elaboração de um

Índice da Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável, que será desenvolvido com base na

relação efeito-causa-efeito e na valoração das ações que serão desenvolvidas, visando

eliminar as causas principais dos problemas encontrados.

O trabalho em pauta é de fundamental importância, porque induz claramente que as políticas

públicas aplicadas ao município, principalmente as ambientais, têm resultados diferentes, uma

vez que tais políticas não levam em consideração as necessidades específicas desses espaços,

enfatizando como território em sua relação de poder. Sendo assim, os resultados gerados por

este estudo podem contribuir para o desenvolvimento local sustentável, uma vez que se traçou

o perfil de cada uma dessas áreas, sendo de fundamental importância para a criação e

adequação de políticas públicas ímpares em suas diferenças para o município. Nesse sentido,

podem-se propor, de forma objetiva, as ideias do conceito para a gestão do desenvolvimento

local sustentável, uma vez que só se conclui um desenvolvimento com o conhecimento local e

o tratamento dos elementos da área que levem à sustentabilidade.

A metodologia adotada na pesquisa indicou informações de relevância para a gestão pública

no sentido de melhor direcionar suas decisões e estratégias, pois ficarão para trás a

informalidade e o subjetivismo. A correta utilização das informações geradas pelo trabalho

deve servir de referência para que os territórios possam contribuir com a gestão pública

quanto à revisão das estratégias e políticas públicas a serem adotadas no que diz respeito à

sustentabilidade.

Ao se tratar do desenvolvimento local, não se trata apenas o crescimento econômico, mas

também o desenvolvimento na sua totalidade quando devem ser indicados os sistemas de vida

físicos, biológicos, a tecnosfera e a sociosfera. Para tanto, é preciso investir em capital

humano, capital social e capital natural, além do capital econômico e financeiro. É urgente a

18

integração dessas dimensões, uma vez que não há a possibilidade de separá-las, porque existe

uma forte interdependência entre elas.

1.1 Importância do tema

Para um município alcançar o desenvolvimento sustentável, é necessário refletir sobre a

realidade socioeconômica e ambiental desse lugar, e perceber que as diferenças existentes

nesses aspectos configuram vários espaços que se pode denominar território por seu uso.

Sendo assim, um município pode ter mais de um território. Consequentemente, existem

formas de eles interagir, mas cada um deles tem um perfil diferente. Isso mostra que políticas

públicas voltadas para o desenvolvimento local não podem ser geradas em um mesmo

modelo. Na prática, fica claro que tais políticas devem estar adaptadas ao perfil e às

necessidades de cada um desses territórios. O estudo identificou, portanto, que políticas

públicas podem ser voltadas para o desenvolvimento territorial visando à sustentabilidade

desses espaços.

Nesse sentido este estudo é de fundamental importância, pois se percebe claramente que as

políticas públicas aplicadas no município, principalmente as ambientais, têm resultados

diferentes, uma vez que tais políticas não levam em consideração as necessidades específicas

desses espaços. Sendo assim, os resultados gerados pelo estudo podem contribuir para o

desenvolvimento local sustentável, porque se traçou o perfil de cada um desses espaços, e isso

será a base para a criação de políticas públicas diferentes e diferenciadas para o município.

Dessa forma, pode-se pôr em prática a gestão para um desenvolvimento local sustentável.

1.2 Justificativa

A meta deste estudo é provocar a reflexão dos atores sociais do município de Petrolina,

Pernambuco, para a questão da desigualdade socioeconômica percebida em toda a cidade.

Petrolina localiza-se na região do Submédio São Francisco (SMSF), limitando-se ao norte

com Dormentes, ao sul com o Estado da Bahia, a leste com Lagoa Grande, a oeste com o

Estado da Bahia e a noroeste com o município de Afrânio, PE. Segundo dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área municipal ocupa 4.559 km2 e representa

4,81% do Estado de Pernambuco. A população residente total é de 268.339 habitantes sendo

19

166.279 na zona urbana e 52.259 na zona rural., resultando numa densidade demográfica de

46,1 hab/km2

(IBGE, 2007).

São os seguintes os setores de atividade econômica: indústria de transformação, que gera

2.070 empregos em 158 estabelecimentos; comércio com 4.894 empregos em 991

estabelecimentos; serviços com 6.194 empregos em 585 estabelecimentos; administração

pública com 3.621 empregos em 6 estabelecimentos e a agropecuária, que gera 5.683

empregos em 441 estabelecimentos. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, IDH-

M, é de 0,748, o que situa o município em 6.º lugar no ranking estadual e 1.948.º no nacional

(BELTRÃO, 2005).

Diante do exposto, fica claro que o município de Petrolina destaca-se no estado e no País pelo

bom desempenho em suas atividades econômicas, principalmente a fruticultura irrigada. Esse

crescimento econômico trouxe à tona vários espaços de natureza diferente, que têm suas

formas de interação resultantes das dinâmicas sociais e econômicas de cada um desses

espaços. A iniciativa deste projeto deu-se por observações que constataram que as áreas

agrícolas não beneficiadas pela irrigação, como as áreas de sequeiro, estão condenadas como

áreas improdutivas. Outras áreas como o centro da cidade e a área ribeirinha sofrem

consequências diretas dos bons ou maus resultados da fruticultura irrigada. Na perspectiva do

desenvolvimento territorial, foi possível identificar no município de Petrolina-PE a existência

de dinâmicas diferentes em diversos pontos da cidade e criar subsídios para que o município

passe a não mais crescer, e sim desenvolver-se localmente com equidade e sustentabilidade.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Analisar de forma investigativa, mensurando os obstáculos na gestão do desenvolvimento

local sustentável, construindo índice de variáveis referentes aos problemas dos territórios,

considerando dimensões ecológicas, econômicas, sociais, institucionais e espaciais do

município de Petrolina-PE.

20

1.3.2 Objetivos específicos

a) analisar dinâmicas como mão de obra, produção (incluindo serviços), geração de

empregos e renda, aspectos sociais, ambientais e culturais, institucionais e espaciais;

b) analisar a relação efeito-causa-efeito de determinante do território em estudo;

c) elaboração dos indicadores e do índice de gestão do desenvolvimento local sustentável

corrigindo ou eliminando os problemas que dificultam o alcance da sustentabilidade;

d) identificar as políticas públicas direcionadas para o município e tentar adequá-las aos

territórios com vista ao perfil e às necessidades de cada espaço norteando ao

desenvolvimento local sustentável.

1.4 Estrutura da dissertação

Com o intuito de expor de forma clara e precisa as ideias e reflexões apresentadas, estruturou-

se esta dissertação em quatro capítulos assim dispostos:

O primeiro capítulo apresenta elementos introdutórios, inicialmente destacando a importância

do tema, principalmente no tocante à relação entre território e políticas públicas. Em seguida,

justifica-se a realização do trabalho por sua relevância para o desenvolvimento do município

de Petrolina. Numa segunda etapa, descreve-se o objetivo principal e os específicos que

servem como metas a serem alcançadas pela governança do estudo.

A fundamentação teórica que embasa a pesquisa apresenta-se no segundo capítulo, que se

inicia resgatando o processo histórico do território de Petrolina, destacando suas formas de

ocupação e a formação das primeiras vilas. Aborda, também, os vários aspectos econômicos

da região desde o período colonial. Num segundo momento, há abordagem a respeito da

conceituação e discussões sobre o espaço geográfico e suas categorias. Em seguida, o capítulo

traz a caracterização da área de pesquisa apresentando os aspectos ligados à geologia,

geomorfologia, caracterização do clima, temperaura, índices de umidade e precipitação,

vegetação e coordenadas geográficas. Finaliza-se o segundo capítulo, abordando-se os

aspectos físicos, urbanos, industriais e socioculturais, com ênfase na formação do espaço do

município de Petrolina em um contexto atual.

O terceiro capítulo traz a constituição do território de Petrolina, detalhando as relações

sociais, econômicas e culturais em cada um dos territórios contidos no município como as

21

áreas irrigadas, de sequeiro, ribeirinhas e centrais. Sobre as áreas irrigadas, destacam-se as

áreas conservadas e degradadas. Analisam-se a área de sequeiro e suas relações com o

homem, e os anseios de sua população, assim como a área ribeirinha que tem suas relações

socioeconômicas e ambientais enfatizadas pela pesquisa. Sobre a área central ou o espaço

urbanizado, identificaram-se quais os serviços prestados aos outros espaços e sua relação com

a legislação ambiental. Ainda nesse capítulo, a pesquisa tentou entender as razões da criação

do espaço industrializado, assim como identificar seu papel social. Nesse capítulo também se

destaca o espaço sociocultural como agente de transformação e intervenção. Por último, trata

do espaço negligenciado, conceituando-o e identificando-o.

O quarto capítulo apresenta a metodologia aplicada ao trabalho, assim como os resultados e as

discussões acerca da sustentabilidade. Aponta, ainda, os espaços opacos e luminosos no

município de Petrolina. Traz também, a proposta de gestão sustentável para Petrolina e a

adequação das políticas públicas norteadas ao município em questão com vistas ao

desenvolvimento sustentável.

O quinto capítulo apresenta as conclusões e recomendações geradas pelo estudo.

22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A construção do território de Petrolina: processo histórico

O Sertão sempre foi um mundo desconhecido para os descobridores portugueses que

aportaram no litoral nordestino. A vegetação totalmente diferente daquela encontrada no

litoral tornava o Sertão um espaço quase impossível de desbravar. Apesar disso, esse passou a

ser o objetivo maior dos colonizadores, pois era grande o burburinho acerca da presença de

ouro e metais preciosos no interior do Brasil.

Para adentrar áreas desconhecidas, os colonizadores utilizavam os cursos dos rios, e o rio São

Francisco era o roteiro mais utilizado, assim como as terras do Vale do São Francisco eram as

mais cobiçadas. Era cada vez maior o desejo dos colonizadores de encontrar ouro e pedras

preciosas no Sertão, e em função desse desejo, segundo Raboni (2008), D. João III ordenou ao

então Governador-Geral Tomé de Souza que desse início a uma expedição de exploração da

região do Vale do rio São Francisco, ainda no século XVI. A partir de então, levantaram-se as

primeiras informações acerca do rio São Francisco.

Alcançar o Sertão não era uma tarefa fácil, principalmente porque os colonizadores não

dispunham de meios seguros para realizar o percurso. O trajeto era perigoso, desconhecido, e

a viagem era longa. Havia dificuldade de comunicação e transporte. O sertão foi aos poucos

revelado. Raboni (2008) afirma que o padre Martin de Nantes descreveu um dos roteiros para

o sertão, percurso que realizou algumas vezes entre 1672 e 1683.

Ele nos indica três pontos de passagem, indo de Salvador, Capital da

Colônia: a aldeia de Canabrava, hoje Ribeira do Pombal, nas margens do rio

Itapicuru, cruzando Jeremoabo, nas águas do rio Vaza-Barris, e atingido o

rio São Francisco nas proximidades das ilhas de Pambu e Aracapá, termos

do sertão de Cabrobó. (RABONI, 2008).

Em 1738, traçaram-se outros caminhos que levavam até o Sertão do São Francisco,

alcançando Rodelas e complementando o trajeto até a região da Barra da Cariranha no Alto

São Francisco. Segundo Raboni (2008), os dois lados do rio tornaram-se alvo de povoamento.

O caminho para se atingir o sertão de Pernambuco no século XVII vinha do sul, de Salvador.

Só depois, no século XVIII, as entradas começaram a ser feitas pelos caminhos que partiam

23

do Recife e Ipojuca. As possibilidades de se atingir os sertões eram concretas, apesar de

mínimas. A opção mais viável era margear os rios Capibaribe, Ipojuca, Pajeú, Moxotó e São

Francisco. Nessas margens fixaram-se povoados, que se tornaram vilas e depois cidades, onde

o pasto para o rebanho era verdejante. O leite e a carne de vaca eram a principal fonte de

alimentos nas fazendas ribeirinhas do rio São Francisco (RABONI, 2008).

Em torno de 1551, Garcia d‟Ávila, almoxarife que acompanhava Tomé de Souza, construiu a

chamada Casa da Torre, que logo se tornou distrito. A partir disso, irradiou-se uma grande

área de influência. A construção da casa já era um sinal do seu interesse em conquistar as

terras do Vale do São Francisco. O neto de Garcia d'Ávila, Francisco Dias d'Ávila, consolidou

o poder da Casa da Torre sobre muitas léguas de terras.

Em 1624, o Rei concedeu formalmente (através de carta Régia) poderes para

que fossem explorados os lugares mais ermos dos sertões do Brasil. O

objetivo principal era encontrar prata, ouro, pedras preciosas e minerais.

Encontrou-se o salitre (utilizado nas fábricas de pólvora), nas paragens do

rio que ganhou o mesmo nome (rio Salitre, ou Vereda da Tábua, depois das

atuais cidades de Petrolina e Juazeiro). Os domínios da Casa da Torre

invadiram o Piauí e só pararam no Maranhão, na altura do rio Jaguaribe.

(RABONI, 2008).

Nessa época, para compensar o fornecimento de gado às tropas de campanha das guerras de

Restauração, o governador de Pernambuco, André Vidal de Negreiros, concedeu diversas

sesmarias aos senhores da Casa da Torre, as quais pertenciam ao território pernambucano.

Desse modo, a Casa da Torre teve seus domínios estendidos, desde a região do rio Pajeú, até o

rio Salitre.

Em 1681, a Casa da Torre elevou-se à categoria de Morgado. Ao falecer em 1694, Francisco

Dias d'Ávila foi sepultado na Torre. Em 1700, os herdeiros da Casa da Torre, sucessores de

Antônio Guedes de Brito (grande latifundiário no Alto Sertão da Bahia), e os de Domingos

Afonso Sertão, eram proprietários de quase todas as terras no Sertão pernambucano. Essas

terras eram arrendadas por familiares, ou por terceiros, que lá fundavam suas fazendas de

gado. O herdeiro de Francisco Dias d'Ávila, Garcia d'Ávila Pereira, passou a posse da Casa da

Torre ao bisneto Garcia d'Ávila Pereira de Aragão, que não deixou herdeiros, e em

testamento, passou os bens do Morgado da Torre à sobrinha, Maria de São José Aragão,

casada com o capitão-mor José Pires de Carvalho e Albuquerque.

24

No período regencial (1831-1840), extinguiram-se os termos jurisdicionais “morgados”,

dispersando-se, então, o poder da Casa da Torre. Contudo, as grandes propriedades

continuarão em posse dos antigos donos, ou sesmeiros, que arrendavam essas terras. Sendo

assim, percebe-se que aquela situação de posse não acabou, permanecendo com os

tradicionais latifundiários; tão somente se pôs fim ao termo formal chamado “Casa da Torre”,

a qual se tornou um mito na história do Sertão.

Somente a partir da segunda metade do século XVII, iniciou-se a penetração ao longo do

Sertão do São Francisco. No século XVIII, fundaram-se diversas fazendas de gado nessa

região, o que deu início à formação de alguns povoados. A região era favorecida pela

geografia, adequada para a criação de gado. Nas proximidades dos vales dos rios,

principalmente o São Francisco, fundaram-se muitas fazendas de gado. Havia também a

prática da agricultura de subsistência, uma vez que as populações foram estabelecendo-se e

construindo casa nos arredores das fazendas.

Criaram-se no século XVIII as seguintes freguesias: Tacaratu em 8de setembro de 1761 e

instalada em 1764; Pajeú das Flores em 11 de setembro de 1783 (norte da atual cidade de

Floresta); Cabrobó, 14 de novembro de 1786; Caripós, 20 de janeiro de 1787 (atualmente

cidade de Santa Maria da Boa Vista); Fazenda Grande, 11 de setembro de 1801 (atualmente o

município de Floresta). No decorrer dos séculos, os povoados constituídos no Sertão

ganharam dimensões de vila, passando depois para cidades. Os antigos povoados

transformados em cidades que compõem o Vale do São Francisco são:

Afrânio – De início, era distrito de Petrolina; emancipado em 20 de dezembro de 1963,

passou à categoria de cidade.

Belém do São Francisco – no começo pertencia à freguesia de Cabrobó. Com a construção

da Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio entre 1839 e 1840, passou a povoado. Em 1902,

foi elevada à categoria de vila, e em 1928 tornou-se município.

Cabrobó – de freguesia em 1786, passou a cidade em 1928.

Floresta – freguesia de Fazenda Grande em 1801. Em 1843, foi elevada à categoria de vila

de Floresta. Tornou-se cidade em 1907.

Jatobá – emancipou-se de Petrolândia em 1995.

Lagoa Grande – emancipou-se de Santa Maria da Boa Vista em 16 de junho de 1997.

Orocó – emancipou-se de Cabrobó em 20 de dezembro de 1963.

25

Petrolândia – inicialmente pertencia ao termo de Tacaratu; elevada à categoria de cidade

em 1909.

Petrolina – tornou-se vila em 1862, município autônomo em 1893 e em 1895, passou a

cidade.

Santa Maria da Boa Vista – antiga povoação de Igreja Nova, foi fundada em 1872.

Tacaratu – no final do século XVII, já se mencionam povoações não indígenas na região.

Foi fundada como cidade em 1953.

O território de Petrolina foi inicialmente desbravado por frades franciscanos, que tinham

conhecimento de que, no lugar onde fica atualmente a cidade, situava-se uma fazenda de

criação de gado, local onde poderiam alojar-se. Por volta de 1850, não existia ainda o

povoado. Tratava-se apenas de passagem obrigatória de boiadeiros ou negociantes do interior

de Pernambuco, Maranhão, Piauí ou Ceará; constituía o local ponto de convergência para a

travessia do São Francisco – conhecida como "Passagem do Juazeiro" –, em direção à Bahia,

resultando na formação de Petrolina, de um lado do rio, e na margem oposta, Juazeiro.

Segundo Chilcote (1991), Petrolina, em 1860, tornou-se povoado e em junho de 1862 passou

à categoria de freguesia. Passou a ser denominada Petrolina em referência ao imperador Dom.

Pedro II, ou à abundância de pedras naquela área, não se sabe ao certo. Nesse mesmo ano,

ergueu-se sua primeira igreja sob a invocação da Santa Maria Rainha do Anjos, e dois anos

depois, nomeado seu primeiro vigário, Manoel Joaquim da Silva (CHILCOTE, 1991).

Em junho de 1879, Petrolina tornou-se oficialmente vila e passou a ser município em abril de

1893. A partir de então, separou-se do município de Santa Maria da Boa Vista, a leste;

limitava-se também com os municípios de Ouricuri ao norte e Afrânio a oeste; ao sul, com o

estado da Bahia ao longo do rio São Francisco. Em 1895, o centro urbano passou a ser

chamado de cidade, em vez de vila, e passou a celebrar seu aniversário em 21 de setembro. A

cidade de Petrolina localiza-se numa área conhecida como “polígono das secas” e encontra-se

a mais de 600 km da capital do estado, Recife.

Por se situar às margens do rio São Francisco, a cidade de Petrolina tem uma vocação natural

para as atividades agrícolas, assim como muitas cidades ribeirinhas. Apesar disso, Petrolina

não desenvolvia todo potencial agrícola que tinha. A atividade agrícola crescia à sombra da

pecuária, historicamente, a principal atividade econômica local. De modo geral, a população

26

rural da colônia ocupada nas grandes lavouras, que constitui a quase totalidade, provê sua

subsistência com culturas alimentares a que se dedica subsidiariamente, e sem necessidade de

recorrer para fora, segundo Prado Júnior (1998). Plantava-se apenas para subsistência das

fazendas de gado, em locais mais úmidos como o leito do rio São Francisco. À proporção que

as águas baixavam, praticavam-se culturas como o milho, feijão, melancia e melão em alguns

casos. Havia ainda o cultivo da cana-de-açúcar e da mandioca, o que proporcionava uma

atividade agroindustrial de fundo artesanal, evidenciada pela presença de casas de farinha e

engenhos de mel e rapadura.

As fruteiras apareciam como culturas de fundo de quintal até mais ou menos os anos 1950. Ao

longo das margens do rio, era possível encontrar, de maneira dispersa, algumas fruteiras,

voltadas para o autoconsumo das famílias. Quando havia excedente, destinava-se ao

abastecimento das cidades mais próximas. Eram cultivadas frutas de estação como laranja,

limão, banana, manga, produzidas também em área de sequeiro.

Os sistemas de produção de subsistência dominantes na agricultura da região não

consideravam a possibilidade de se usufruir uma forma viável e racional as águas do rio.

Além disso, Prado Júnior (1998) afirma que o papel secundário a que o sistema econômico do

País, absorvido pela grande lavoura, vota à agricultura de subsistência determinou um

problema dos mais sérios que a população da colônia teve de enfrentar. Trata-se do

abastecimento dos núcleos de povoamento mais denso, em que a insuficiência alimentar se

tornou frequente. Portanto, a agricultura de subsistência parecia ser conveniente apenas para

aqueles que eram diretamente beneficiados por ela, ou seja, aqueles que a praticavam.

O processo de colonização seguiu seu caminho, finalizando-se para o Brasil em 1808,

entretanto, a separação oficial de Portugal, se deu somente quatorze anos depois. A partir daí,

o processo de povoamento se concentra nas áreas litorâneas. Já para o interior, o povoamento

ocorreu de forma irregular, formando manchas demográficas, distribuídas sem nenhuma

regra; existindo áreas como o Sertão nordestino, configuradas como verdadeiros desertos, que

em regra não serviam nem ao menos para as comunicações que se faziam por mar. Na era

colonial, segundo Prado Júnior (1998), não se chegou a constituir uma economia nacional,

isto é, um sistema organizado de produção e distribuição de recursos para a subsistência

material da população nela aplicada. O que houve e perdurou por um bom tempo foi o

surgimento de alguns setores como a indústria extrativa, que, além de explorar ouro e

27

diamantes, se concentrou ainda na exploração de madeira, pesca da baleia, exploração de sal e

salitre e da erva-mate. Destacaram-se, ainda, nesse período as artes e manufaturas, os

transportes e as comunicações, e finalmente, o comércio.

Apesar do alto potencial que a região do Vale do São Francisco apresentava para a produção

de alimentos e de produtos considerados nobres, como a uva, antes da década de1950, as

condições para ampliação do excedente local eram limitadas. Havia carência de infraestrutura

de transporte, energia, estudos de viabilidade técnica e econômica para a prática da irrigação,

em especial, a pesquisa agronômica (SILVA, 2001). Outro entrave para o desenvolvimento da

potencialidade de Petrolina foi a estrutura fundiária e o poder político local.

O quadro começou a mudar nos anos 1950, com a propagação de equipamentos individuais de

motobombas diesel. Apesar dos pequenos avanços na irrigação local, as frutas ainda não

tinham uma participação significante. Produzia-se principalmente cebola e cana-de-açúcar

graças à demanda do Mercado Centro-Sul baiano. Por conseguinte, o poder público parece

dar-se conta da potencialidade da região para a produção agrícola e começa a participar de

forma intensa do processo de transformação econômica do município. Os setores de

transporte, energia e comunicação ampliaram-se significativamente. Com a criação da

Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em outubro de 1945, e a constituição da

Comissão do Vale do São Francisco (CVSF), em dezembro de 1948, o Estado de Pernambuco

passa a se mostrar presente de forma permanente. A Superintendência de Desenvolvimento do

Nordeste (Sudene) também foi um importante canal de investimentos do estado na região.

A presença do poder público não se fez valer apenas nos investimentos em infraestrutura

básica; as pesquisas e os estudos destinados a alimentar a região de uma base científica e

tecnológica sólida não foi esquecida. Foi por meio da CVSF que se iniciaram as primeiras

pesquisas e o apoio técnico destinados às culturas irrigadas na região. Entretanto, com a

criação da Sudene no fim da década de 1950 e a instituição do Grupo de Irrigação do São

Francisco (GISF), intensificaram-se os estudos dos recursos naturais da região, por meio de

levantamento de solos das áreas de caatinga para fins de irrigação.

O estado deixava claro seu interesse na região, intensificando a pesquisa principalmente. Na

década de 1960, instalaram-se duas estações experimentais, uma em Petrolina-PE e outra em

Juazeiro-BA. Em um futuro próximo dali, seriam o Projeto Piloto de Bebedouro e o Perímetro

28

Irrigado de Mandacaru. A Sudene em parceria com a Food Agricultural Organization (FAO),

após realizar um levantamento pedológico, elaborou o Plano Diretor de Irrigação no

SubMédio São Francisco. Esse plano foi o pontapé inicial para a implementação dos

Perímetros de Irrigação existentes hoje no Polo. A CVSF transformou-se em

Superintendência do Vale do São Francisco (Suvale), passando a coordenar a execução do

Plano de Irrigação. Nos anos 1970, a Suvale transformou-se em Companhia do

Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf). Em 1975, o estado intensificou o

apoio e incentivo à pesquisa na região e criou o Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico

Semi-Árido (CPATSA) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Apesar

de todo o incentivo dado à agricultura na região, a fruticultura ainda não aparecia com

destaque. Entretanto, com a orientação dos técnicos da Sudene, alguns colonos resolveram

investir em culturas como o tomate, a melancia e a uva.

Com a criação da Codevasf, o estado apostou todas as suas fichas em Petrolina. Depois de

elaborado o Plano Diretor de Irrigação, deu início ao processo de expansão dos projetos

públicos de irrigação, fato decisivo para o desenvolvimento econômico da região. A Codevasf

realizou um trabalho importante, assumindo a responsabilidade por todas as fases de execução

dos projetos públicos de irrigação, desde os estudos até o funcionamento do projeto. O

trabalho da Codevasf garantiu novo fôlego à conjuntura econômica da região. Os programas

de irrigação da Codevasf, como se sabe, não se limitavam às obras hidráulicas e ao

desenvolvimento dos projetos públicos de irrigação. Concebidos sob o marco do

planejamento integrado, a estratégia de execução desses programas previa, ao lado dos

projetos de irrigação, uma série de atividades multissetoriais, com a participação da iniciativa

privada (SILVA, 2001).

A CODEVASF foi criada com a função principal de promover, diretamente

ou por intermédio de entidades públicas e privadas, o aproveitamento dos

recursos de água e solo do Vale do São Francisco, para fins agrícolas,

agropecuários e agroindustriais, mediante a execução de projetos de

desenvolvimento integrado em áreas prioritárias. (CODEVASf, 1975,p.

119).

Estava aberto o caminho para o desenvolvimento da cidade de Petrolina e de seu entorno. A

instalação dos Perímetros de Irrigação era a confirmação da forte atuação do poder público na

região. Na região do Submédio São Francisco, desenvolveram-se oito projetos de irrigação até

1992, o que mostra quão grande é o potencial da região, conforme mostra a Tabela 1.

29

Tabela 1 – Projetos públicos de irrigação do SMSF

Projetos de

irrigação

Localização Ano de

implantação

Início de

operação

Área implantada

(ha)

Bebedouro I Petrolina-PE 1968 1968 1.060

Bebedouro II Petrolina-PE 1972-73 1977 576

Mandacaru Juazeiro-BA 1971-72 1971 376

Maniçoba Juazeiro-BA 1975-81 1980 4.197

Curaçá Juazeiro-BA 1975-79 1982 4.165

Tourão Juazeiro-BA 1977-79 1979 10.548

Nilo Coelho Petrolina-PE 1979-84 1984 13.146

Maria Tereza Petrolina-PE 1994-96 1996 7.165

Fonte: Codevasf (1991)

A influência do estado na viabilização de grandes investimentos na região, principalmente na

agricultura irrigada, foi forte o bastante para repercutir na organização sociopolítica da região.

À medida que os bons resultados apareciam, a classe política se mobilizava para movimentar

e modernizar o processo produtivo da região. A classe política, não só da região, mas de todo

o País, pôde perceber que a agricultura moderna e capitalista – e não aquela que nos lembra

um quadro de atraso e miséria com a qual estamos acostumados a associar o meio rural – é

capaz de conciliar os próprios interesses, mas nem sempre beneficiando a economia nacional

na totalidade.

Com apoio do poder público mais que garantido, pôs-se em prática na região a lógica da

agroindústria, ou seja, praticavam-se culturas de fácil processamento industrial ou de alto

valor comercial: cebola, melão, tomate. Com a aplicação dessa lógica, na região houve uma

verdadeira explosão de empresas com alto padrão tecnológico, voltadas apenas para o

processamento dessas culturas. É óbvio que o estado incentivou amplamente a vinda dessas

empresas para a constituição de um polo agroindustrial. A presença da agroindústria na região

alterou o perfil da produção agrícola e da variedade de culturas praticadas em Petrolina. Os

colonos dos lotes passaram a praticar culturas de ciclo curto como o tomate, pimentão. A

fruticultura nessa época seguia timidamente os passos da agroindústria. A uva que era

cultivada estava visivelmente atrelada à vitivinicultura. Tanto que as duas fazendas pioneiras

no cultivo da uva – Fazenda Milano e Fazenda Ouro Verde – escolheram o caminho da

vitivinicultura. A produção do melão, cultivado nas margens do rio na década de 1960, foi

estimulada graças à presença de intermediários que se vinculavam a exportadores de outras

30

regiões. Pode-se visualizar uma síntese da evolução da fruticultura no Submédio São

Francisco, onde se insere o município de Petrolina, no Quadro1.

Quadro 1 – Síntese das etapas de evolução da fruticultura no SMSF

PERÍODO FATORES DETERMINANTES

Ano de inflexão Desencadeadores Aceleradores 1950-1975

Os primeiros passos da

fruticultura no SMSF

- Ação do estado em infraestrutura de

estrada, energia.

- Criação da CVSF, Suvale e Sudene

- Empreendimentos pioneiros de

fruticultura na região

- Projetos-piloto de irrigação.

- Integração regional e nacional

- Uso de motobombas e bombas

elétricas

- Estudos dos recursos naturais e

agronômicos

- Efeito-demonstração dos projetos-

piloto de irrigação.

1975 Investimentos do estado na irrigação Políticas públicas

1975-1985

A constituição do polo

agroindustrial nos

municípios Petrolina-PE

e Juazeiro-BA e o início

da fruticultura

- Criação da Codevasf

- Implantação e operação de projetos

públicos de irrigação

- Instalação de agroindústrias

- Empreendimentos pioneiros em

vitinicultura

- Instalação dos primeiros projetos de

fruticultura para exportação.

- Participação da iniciativa privada

- Incentivos fiscais/financeiros da

Sudene e do BNB

- Políticas agrícolas nacionais/

setoriais

- Programas de desenvolvimento

regional

- Pesquisas da Embrapa. 1985 Exportação de frutas in natura Ação da Valexport 1985-1994

A fruticultura e a

formação de uma base

exportadora no polo

Petrolina/Juazeiro

- Infraestrutura de irrigação

- Criação da Valexport

- Crise do estado e do padrão de

financiamento

- Abertura comercial

- Integração com mercados regionais e

nacionais de frutas.

- Incentivos à exportação

- Crise da agricultura irrigada e do

complexo agroindustrial

- Papel da Cooperativa Cotia

- Organização dos interesses

privados.

1994 Plano de estabilização da economia Aumento da demanda interna 1994-1999

Consolidação do

complexo frutícola do

polo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA.

- Crescimento do mercado interno de

frutas frescas

- Especialização territorial em fruticultura

- Crise de endividamento de grandes

empresas

- Emergência de novos atores

sociais/formas de organização.

- Crescimento da participação da

pequena produção

- Linhas de financiamentos do FNE,

PRONAF, FAT

- Dificuldade para estabelecer a

paridade cambial

- Criação do PADFIN.

Fonte: Silva (2001)

Atualmente, a fruticultura na região do Vale do São Francisco, principalmente no eixo

Petrolina-PE/Juazeiro-BA, tem-se destacado no cenário brasileiro como um dos maiores

produtores de frutas, especializando-se na produção de uva de mesa com e sem sementes,

melão, melancia e manga. Não é exagero afirmar que toda a atenção sobre a fruticultura

irrigada no Brasil está voltada para o Vale do São Francisco, com destaque para o município

de Petrolina. De acordo com Caldas (2007), mesmo o Brasil sendo o terceiro maior produtor

de frutas do mundo, ao lado da China e da Índia, pode-se observar na Tabela 2 um

significativo déficit na balança comercial da fruticultura brasileira, fato que reflete nos ainda

31

poucos investimentos feitos com o objetivo de garantir uma atividade rentável que possa

traduzir-se em maior inserção nos mercados nacional e internacional.

Tabela 2 – Balança comercial de frutas frescas do Brasil 2000-2002

Balança comercial de frutas frescas 2000 Balança comercial de frutas frescas 2002

Toneladas US$ mil Toneladas US$

Exportação 427981 169867 668907 240826

Importação 374600 238030 365517 227416 Fonte: Secex (apud Caldas, 2007)

As políticas territoriais aplicadas no município de Petrolina seguiram o mesmo modelo de

gestão brasileiro, caracterizado pela exclusão social e num ambiente político comandado por

coronéis e oligarquias, o qual vem sendo transformado com a introdução de novos atores

sociais ali instalados. Para que a inclusão desses atores se realize com êxito, faz-se necessário

o diagnóstico e estudo adequado a cada região geográfica e produtora do município.

2.2 O espaço geográfico e suas categorias: paisagem território e região

Ao se falar em espaço geográfico, percebem-se alguns equívocos, por exemplo, caracterizar o

espaço geográfico como algo físico apenas ou como algo estático, e seu conteúdo, a

sociedade, não faz parte dele. De acordo com Santos (1988), a realização concreta da história

não separa o natural e o artificial, o natural e o político, é preciso ver a realidade de forma

diferente. A sociedade, de modo geral, não consegue distinguir as obras da natureza das obras

dos homens. Essa dificuldade se fortalece à medida que explicamos os fenômenos apenas com

conceitos puros. O espaço geográfico é híbrido, pois nele não há como separar o sistema de

objetos do sistema de ações. Ele surge como o esteio de sistemas de relações, algumas

determinadas pelo meio físico e outras pelas sociedades humanas (DOLLFUS, 1991).

O espaço geográfico se define por suas coordenadas, sua altitude e seu sítio, e por sua posição

como afirma Dollfus (1991). Sua posição evolui de acordo com as relações estabelecidas

considerando também outros espaços. Trata-se de um espaço diferenciado. De acordo com a

ideia de Dollfus (1991), o espaço geográfico por sua localização e pelas combinações que

presidem sua evolução, tem todo elemento do espaço e todas as formas de paisagens como

fenômenos únicos que não podem ser encontrados, exatamente iguais, em outro lugar ou em

outro momento. Esses fenômenos são chamados de paisagens.

32

Segundo Santos (1988), paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem é um conjunto de

formas que, num dado momento, exprime as heranças que representam as sucessivas relações

localizadas entre homem e natureza. Essas formas, com a vida que as anima, formam o

espaço. A paisagem reflete uma porção do espaço e carrega consigo o aspecto transtemporal,

ou seja, une objetos passados e presentes. O espaço é sempre um presente, uma situação única

(SANTOS, 1988). Apesar disso, o espaço geográfico é impregnado de história, o que o

diferencia do espaço econômico (DOLLFUS, 1991). Santos (2001) esclarece que a paisagem

é um sistema material, e nessa condição ela se torna imutável; por sua vez, o espaço é um

sistema de valores, que se transforma permanentemente. Paisagem e espaço se confundem e

vivem em busca de um acordo difícil de concretizar. A paisagem é como se fosse uma folha

em branco onde é escrita a história.

Nesse sentido, Santos (1988) afirma que paisagem e espaço são sempre uma espécie de

palimpsesto, em que, mediante acumulações e substituições, a ação das diferentes gerações se

superpõe. A paisagem é memória viva do passado, isso a transforma num interessante objeto

de trabalho. Para melhor entendimento da delicada relação entre paisagem e espaço, Dollfus

(1991) classifica as paisagens, que são reflexo do espaço, em três grandes famílias, em função

das modalidades da intervenção humana.

Quadro 2 – Família de paisagens x intervenção humana

Família Características Formas de intervenção humana Paisagem

natural Constitui a expressão

visível de um meio que

não foi submetido, em

data recente, à ação do

homem. Trata-se de

regiões inadequadas

para a agricultura ou

pecuária

O clima, a dificuldade das comunicações e o isolamento tornam

muito onerosa a presença do homem moderno nesses ambientes.

A presença do homem nesses espaços vazios pode modificar o

meio

Paisagem

modificada É um espaço

modificado em razão

de queimadas, que

causam desequilíbrio

ecológico

Essas áreas tornam-se empobrecidas por ações humanas

inconscientemente devastadoras

Paisagem

organizada Resultado de uma ação

meditada, combinada e

contínua sobre o meio

natural

Por ser meditada, consciente, ocorre quando um grupo organiza o

espaço em função de seu sistema econômico, de sua estrutura

social e das técnicas de que dispõe. Por ser combinada, isto é,

que não é resultado da ação de apenas um indivíduo, mas da ação

conjunta da sociedade, ela ocorre quando as tarefas são

distribuídas em função das possibilidades dos indivíduos, suas

categorias sociais. Por ser contínua, a ação deve ser levada

avante durante certo tempo para que as modificações no meio

surjam e sejam verificados os benefícios esperados. Fonte: Adaptado de Dollfus (1991, p. 30)

33

As paisagens fazem parte do espaço geográfico que tem ainda outras categorias como os

territórios e as regiões. A palavra território vem sendo utilizada nas ciências naturais e nas

ciências sociais há muito tempo, entretanto, com a renovação de ciências como a geografia, a

sociologia e a economia, a expressão território volta à tona com muita força. É relevante

destacar que espaço e território não são sinônimos. O espaço antecede o território. Raffestin

(1993) afirma que o território se forma a partir do espaço, e ele, o espaço, é o resultado de

uma ação conduzida por um ator sintagmático em qualquer nível. Segundo Andrade (2004),

nas ciências naturais, o território seria a área de influência e predomínio de uma espécie

animal que exerce o domínio dela, de forma mais intensa no centro, perdendo essa intensidade

ao se aproximar da periferia, onde passa a concorrer com domínios de outras espécies.

Por definição, território é um espaço socialmente organizado, que significa espaço ou fluxos,

ou seja, lugares e pessoas interagindo. São compostos por atores inteligentes organizados que

podem fazer pactos, planos ou projetos coletivos (ZAPATA, 2007). O ator quando se apropria

do espaço, de forma concreta ou abstrata, “territorializa” o espaço. Não se pode confundir o

conceito de território com o de espaço estabelecendo forte relação com a ideia de domínio ou

de gestão de uma área. Andrade (2004) afirma que é preciso ligar sempre a ideia de território

à ideia de poder, quer se faça referência ao poder público, quer ao poder das grandes empresas

que estendem seus tentáculos de uma forma tal que ignoram as fronteiras políticas. Sobre a

relação entre território e poder, Raffestin (1993) afirma que a delimitação de um território, o

controle de pontos, de ilhas, de cidades, etc. e o traçado de rodovias, de vias, etc. surge de

uma axiomática euclidiana traduzida em termos de relação de poder. É o poder, público ou

privado, que transforma o espaço em território.

Os territórios podem ser vistos como resultantes do processo de cooperação, que se

materializam num determinado tipo de desenvolvimento, que pode aproveitar adequadamente,

ou não, suas potencialidades; mas é possível perceber o território como produto da ação de

um ator engajado como elemento no sistema. na opinião de Raffestin (1993), o ator está

situado num ponto do espaço, num ponto a partir do qual vai representar o espaço para si.

Esse ponto não é privilegiado em relação aos outros elementos – superfície e linha. Ele

fornece o suporte egocêntrico da representação, porque esta é uma manifestação do “eu” em

relação ao “não eu”, uma explicitação da interioridade em relação à exterioridade

(RAFFESTIN, 1993).

34

A Figura 1 ilustra como se pode colocar o ator num ponto e dispor os elementos da sua

representação. Usando apenas os pontos, as linhas e a superfície, pode-se perceber a

representatividade de um ator em relação a outros atores. Segundo Raffestin (1993), os pontos

representam a localização de outros atores ou propriedades que interessam a A; as retas

juntam outros pontos e delimitam a superfície. Trata-se de uma representação egocêntrica do

ator A, porque a representação seria diferente caso se colocasse outro ator situado em outro

ponto do plano (Figura 1).

Figura 1 – Localização de outros atores que interessem ao ator A

Fonte: Raffestin (1993)

Portanto, o espaço representado não é mais o espaço, mas a imagem do

espaço, ou melhor, o espaço visto e/ou vivido. É, em suma, o espaço que se

tornou território de um ator, desde que tomado numa relação social de

comunicação. (RAFFESTIN, 1993, p. 147).

Para que haja o aproveitamento adequado das potencialidades do território, faz-se necessária a

inserção do conceito de governança, que, segundo Arns (2007), é um processo e uma

capacidade de articulação e organização do território que busca potencializar os recursos

internos e de aproveitamento das oportunidades externas, de superação das dificuldades e

ameaças para gerar o desenvolvimento. As pessoas que formam um território passam a ter a

consciência de quanto é importante sua participação no processo de gestão. Passam a

provocar o sentido da territorialidade, que, de forma subjetiva, cria uma consciência de

confraternização entre elas.

Saquet e Sposito (2008) destacam que o território é objetivado por relações sociais concreta e

abstratamente, relações de poder e dominação, o que implica a cristalização de uma

territorialidade por meio de diferentes atividades cotidianas. Quanto à territorialidade,

35

Andrade (2004) afirma que ela pode ser encarada tanto como o que se encontra no território,

estando sujeita à sua gestão, como, ao mesmo tempo, o processo subjetivo de conscientização

da população de fazer parte de um território, de integrar-se em um estado.

A territorialidade pode ser compreendida como a capacidade de valorização dos atores e dos

recursos de um lugar por meio de ações de inclusão. Conforme afirma Governa (2005, p. 57):

“Essa é uma concepção ativa da territorialidade, resultado de um processo de construção das

ações e dos comportamentos que definem as práticas (também de conhecimento) dos homens

em relação à realidade material.”

O território é muitas vezes considerado como uma consequência da regionalização. As

regiões, por sua vez, são consideradas individualidades geográficas. Segundo Dollfus (1991),

as regiões são organismos que nascem, desenvolvem-se e perecem. Trata-se de uma porção

organizada de acordo com um sistema e que se insere num conjunto maior. A ambiguidade do

conceito de região acaba por forçar a classificação das regiões, facilitando sua compreensão

por meio dos adjetivos atribuídos a elas nesse processo. Guerra (2009) classifica as regiões

em elementares ou primárias, regiões naturais ou fisiográficas, regiões humanas e regiões

geográficas. As regiões elementares são as áreas do globo terrestre individualizadas por um

elemento da paisagem. A classificação de regiões podem considerar também vários elementos

naturais ou vários elementos culturais para identificar as regiões naturais ou fisiográficas e as

regiões culturais. Dollfus (1991) também fez uma classificação das regiões, que ele chamou

de famílias de regiões, como se pode observar no Quadro 3.

Quadro 3 – Famílias de regiões

Famílias Características

Região Natural Constitui uma das mais antigas noções geográficas. Baseia-se no decisivo

papel desempenhado por elementos físicos na organização do espaço

Região Histórica Trata-se do produto de um longo passado compartilhado por uma

coletividade que ocupa um determinado território

Região, área de extensão de

uma paisagem

Uma paisagem geográfica surge devido à repetição, em determinada

superfície, de elementos produzidos por combinações de formas físicas ou

humanas ou provenientes de um meio cultural, conferindo a esse espaço

uma individualidade distinta com relação aos espaços vizinhos.

Fonte: Adaptado de Dollfus (1991, p. 101)

A delimitação de uma região geográfica encontra vários problemas, pois nos limites de uma

região com outra é comum encontrar uma área de transição, uma vez que, na natureza,

36

segundo Antonio Guerra e Antonio José Guerra (2009), os fenômenos não acabam

bruscamente. Compreender a relação que ocorre nos territórios, assim como a relação

existente entre as regiões e os territórios é de grande relevância para a descoberta do caminho

que leva ao desenvolvimento local sustentável.

2.3 Caracterização da área de pesquisa

Petrolina localiza-se na região do Submédio São Francisco (Figura 2) e suas coordenadas

geográficas são: latitude 09º23‟55” sul e longitude 40º30`03” oeste, estando a uma altitude de

376 metros. Seu clima é o semiárido quente e sua temperatura média anual é de 25,7º C, de

acordo com as informações da agência Condepe/Fidem. Segundo dados do IBGE (2007), a

área municipal ocupa 4.559 km2 e representa 4,81% do Estado de Pernambuco. Ainda

segundo o IBGE (2007), a população residente total é de 268.339 habitantes sendo 166.279 na

zona urbana e 52.259 na zona rural, resultando numa densidade demográfica de 46,1 hab/km2.

Figura 2 – Mapa da localização do município de Petrolina, PE, Brasil

Fonte: Adaptado de AD Diper (2011)

37

Petrolina destaca-se em Pernambuco e no País pelo bom desempenho em suas atividades

econômicas, principalmente na fruticultura irrigada. Esse desempenho econômico positivo

trouxe à tona vários espaços de natureza diferente, que têm suas formas de interação

resultantes das dinâmicas sociais e econômicas de cada um desses espaços. Na perspectiva do

Desenvolvimento Territorial, é possível identificar no município de Petrolina a existência de

dinâmicas diferentes em diversos pontos da cidade. Realizaram-se “recortes” dentro do

município, em quatro áreas de relevância socioeconômica, as quais serão designadas

territórios. São elas: a área de sequeiro (Figura 3), a área irrigada (Figura 4), a área ribeirinha

e a área central da cidade. A área de sequeiro fica na zona rural da cidade, e trata-se de um

espaço aonde a irrigação não chegou.

A produção agrícola é praticamente de subsistência, mas é onde a ovinocaprinocultura é mais

presente. A área irrigada também se localiza na zona rural, porém, é aí onde se desenvolve a

fruticultura, a principal atividade econômica da região do Submédio São Francisco.

Figura 3 – Área de sequeiro em Petrolina Fonte: Google Earth, 2009

38

Figura 4 – Áreas irrigadas em Petrolina Fonte: Google Earth, 2009

O espaço ribeirinho corta tanto a zona rural (Figura 5) quanto a zona urbana (Figura 6). Trata-

se de um foco em que é possível ver algumas fazendas, chácaras na zona rural, entretanto, no

espaço urbano, nota-se a degradação do ambiente, uma vez que a mata ciliar desaparece a

cada dia. Além disso, não é raro o despejo da rede de esgotos nas águas do rio.

Figura 5 – Área ribeirinha rural em Petrolina

Fonte: Google Earth, 2009

39

Figura 6 – Área ribeirinha urbana em Petrolina Fonte:Google Earth, 2009

O centro da cidade é o espaço que reflete as relações sociais, econômicas e ambientais. É no

centro da cidade onde os atores de cada uma das áreas citadas anteriormente se encontram e

interagem (Figura 7).

Figura 7 – Área central da cidade de Petrolina

Fonte: Google Earth, 2009

40

2.3.1 Geologia do município de Petrolina

A geologia de Petrolina se constitui de solos rasos e pedregosos, nos quais as rochas que lhes

originam estão praticamente à superfície, chegando a aflorar em alguns pontos.

Consequentemente, trata-se de solos com baixa capacidade de absorção de água, segundo

informações da Codevasf (2007).

No Período Quaternário, formaram-se unidades litoestratigráficas como as dunas, entre outras.

Esse período compreende formações sedimentares mais recentes, nos quais, destacam-se as

dunas (Figura 8). Trata-se da constituição de uma faixa de areia de deposição eólica, com

relevos suaves ocorrendo em alguns pontos de baixada litorânea. Segundo dados da Embrapa

(2000), na região de Petrolina, indo em direção à barragem de Sobradinho, encontram-se as

dunas continentais. Elas se distribuem às margens do rio São Francisco e ocorrem de forma

fixa ou móvel. Nesses materiais se desenvolvem solos como as Areias Quartzosas (AQ) –

dunas fixas – e terrenos de sedimentos arenoquartzosos (dunas móveis).

Figura 8 – Ambiente de dunas continentais, solo dominante Areia Quartzosa

Fonte: Embrapa (2000, p. 326)

O período Terciário/Quaternário compreende as áreas abrangidas por coberturas sedimentares

sobre rochas cristalinas em forma de chapadas baixas – Tabuleiros Interioranos – que estão

dispersos na região semiárida (Figura 9). Popularmente são chamadas de chapadas baixas, de

acordo com informações da Embrapa (2000). As chapadas baixas ou tabuleiros interioranos

ocorrem no município de Petrolina. Ainda segundo a Embrapa (2000), essas coberturas de

sedimentos constituem material de origem dos Latossolos Amarelos (LA), Podzólicos

41

Amarelos (PA), Podzólicos Vermelho-Amarelos (PV), Latossolos Vermelho-Amarelos,

Areias Quartzosas e em menor proporção de Plintossololos.

Figura 9 – Tabuleiros interioranos

Nota: solos dominantes: Podzólico Amarelo, Latossolo Amarelo e Podzólico

Vermelho-Amarelo

Fonte: Embrapa (2000, p. 330)

O norte de Petrolina se encontra recoberto pelos sedimentos paleomezozóicos. Nessa região

há ocorrência do Complexo Migmático-Granitóide, representado por rochas granitizadas,

ocorrendo também leptinitos, calcários cristalinos, diques irregulares de granito róseo,

granodiorito, tonalito e veios de pegmatito e aplito. Os principais solos desenvolvidos a partir

das rochas desse complexo são: Brunos não Cálcicos (NC), Planossolos, Solos Litólicos,

Cambissolos, Regossolos (RE) e Podzólicos Vermelho-Amarelos.

2.3.2 Geomorfologia e relevo de Petrolina

O relevo e a geomorfologia de Pernambuco podem ser divididos em: a) faixa sedimentar

costeira; b) níveis cristalinos que antecedem a Borborema; c) depressão periférica do São

Francisco e superfícies de pediplanos com inselbergs; d) bacia do Jatobá; e) bacia de

Mirandiba; f) bacia de São José do Belmonte; g) bacia de Fátima; h) bacia de Betânia; i) bacia

do Araripe (EMBRAPA, 2000).

O município de Petrolina encontra-se na estrutura Depressão Periférica do São Francisco e

Superfícies de Pediplanos com inselbergs (Figura 10). O Sertão pernambucano é

42

dominantemente representado nos degraus da estrutura geológica do Pré-Cambriano com

áreas de recobrimento pedimentar no extremo oeste (tabuleiros interioranos), provenientes de

materiais que descem da Borborema e da Chapada do Araripe em direção à calha do rio São

Francisco que constitui o grande canal natural que comanda toda a rede de drenagem da

região, segundo dados da Embrapa (2000).

Figura 10 – Pediplanos da depressão sertaneja com relevos plano e suave

ondulado Nota: Solos dominantes: Planossolo Solódico (PL), Solonetz Solodizado (SS), Bruno não

Cálcico (NC), Solo Litólico (R) e Regossolo (RE)

Fonte: Embrapa (2000, p. 338)

Nessa área, há predomínio de superfícies de pediplanos um pouco inclinados com relevo

plano e suave ondulado, com declividades da ordem de 1% a 8% de declive. Há também áreas

de pediplanos em evolução, apresentando ondulações mais acentuadas, em que se destacam os

relevos ondulado e forte ondulado, com declives de 8% a 30% (EMBRAPA, 2000).

Existem hipóteses paleogeográficas que admitem que os pediplanos sertanejos foram

originados de uma vasta degradação, em condições de alta umidade, seguida de forte processo

de aridez. Tal degradação iniciou-se no Terciário e posteriormente, foi aperfeiçoando-se em

suas fases mais modernas de pediplanação, contemporânea ao grupo Barreiras. Em virtude

disso, há presença de seixos rolados nos terraços e interflúvios das cabeceiras fluviais

sugerindo a existência de um período climático mais úmido, em épocas passadas, segundo a

Embrapa (2000). Entre as superfícies de pediplanação, constatou-se nos estudos realizados

43

pela Embrapa, a presença de trechos com inselbergues (perfis íngremes e rochosos). As

altitudes dessas áreas estão entre 300 e 500 metros e as partes com inselbergues de 100 a 300

metros (EMBRAPA, 2000).

Os tabuleiros interioranos (chapadas baixas) se constituem de depósitos de origem natureza

colúvio-aluvial que apresentam uma superfície de pediplanação mais recente que a

miopleistocênica. Eles se apresentam sob formas de pequenas mesetas com bordas dissecadas

e contorno irregular, com topografia suave (relevo plano e suave ondulado), segundo

informações da Embrapa (2000). Esses tabuleiros interioranos têm pequena elevação em

relação à área que os limita apresentando uma espessura média de 15 metros.

Em contato com o embasamento, geralmente, ocorrem níveis conglomeráticos. Os estudos

realizados pela Embrapa (2000) mostram que seguindo as observações de campo, foi possível

constatar que as referidas coberturas têm modos de ocorrência e origem diferente. Observou-

se também que algumas constituem testemunhos do Grupo Barreiras, que, submetidos a

intensa erosão e lixiviação, apresentam uma pequena espessura formada quase

exclusivamente por solos arenoargilosos. Em alguns casos, é possível originar-se do profundo

intemperismo e lixiviação posterior de rochas do Pré-cambriano, exibindo nesses casos, na

maioria das vezes, platôs com bordas dissecadas, podendo raramente conservar resquícios de

estruturas gnáissicas e restos de veio de quartzo quebrados.

Ocorrem ainda como retrabalhamento e deposição dos sedimentos do Grupo Barreiras,

posicionada entre forma de talus, ou em pequenas depressões do embasamento. Sendo assim,

torna-se difícil a separação desses tipos distintos, uma vez que essas coberturas foram

agrupadas em uma única unidade entre o terciário e o Quaternário (Embrapa, 2000).

2.3.3 Caracterização do clima de Petrolina

O Nordeste brasileiro sempre apresentou problemas climáticos no que se refere a seu regime

de chuvas. As causas da variação de ocorrência de chuvas não são totalmente entendidas.

Segundo a Embrapa (2000), estudos recentes sobre o clima indicam que os fenômenos do tipo

El Ninõ Oscilação Sul (ENOS) e circulação geral da atmosfera seriam os responsáveis pela

ocorrência de baixos totais pluviométricos. O regime de chuvas no Nordeste brasileiro

identifica-se de acordo com suas regiões (Figura 11). Então, temos o regime do norte, com

44

chuvas máximas no período fevereiro-março-abril; o regime do sul com chuvas máximas no

período novembro-dezembro-janeiro; e a região costeira leste, com chuvas máximas no

período maio-junho-julho.

Figura 11 – Distribuição dos postos pluviométricos em Pernambuco

Fonte: Embrapa (2000, p. 13)

De acordo com estudos da Embrapa (2000), Pernambuco se influencia por três regimes

pluviométricos: sistemas frontais (SF) e vórtices ciclônicos de ar superior (VCAS) no extremo

oeste, perto de Petrolina (Figura 12). Nos cursos dos rios Pajeú e Moxotó – em grande parte

do Sertão – e no Agreste oriental, apresenta-se com o regime que se encontra no norte do

Nordeste, Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

Ainda segundo a Embrapa (2000), na Zona da Mata existe uma influência dos ventos alísios

de nordeste, ondas de leste, aglomerados de cúmulo-nimbos associados à brisa marítima

(ACB) e também Alta Subtropical do Atlântico Norte (ASAN) e Alta Subtropical do

Atlântico Sul (ASAS). O município de Petrolina encontra-se no regime sul – sistemas frontais

e vórtices ciclônicos de ar superior.

45

Figura 12 – Total médio anual de precipitação pluviométrica em Pernambuco (mm)

Fonte: Embrapa (2000, p. 16)

2.3.4 Temperatura e evapotranspiração potencial de Petrolina

Assim como em todo o Nordeste brasileiro, no Estado de Pernambuco não ocorre grandes

alterações com relação à temperatura do ar à superfície. Partindo dessa premissa, estudos da

Embrapa (2000) identificaram que a média anual da temperatura do ar à superfície no estado

oscila entre 20 e 26ºC (Figura 13). No Sertão nordestino, onde se localiza o município de

Petrolina, encontram-se os maiores valores anuais: 26ºC. Embora a média esteja um pouco

acima dos 25ºC, a cidade tem passado por dias de altas temperaturas, segundo dados recentes

do Instituto Tecnológico de Pernambuco/Laboratório de Meteorologia de Pernambuco

(Itep/Lamepe, 2010) disponíveis na Tabela 3.

Figura 13 – Temperatura média anual (ºC) Fonte: Embrapa (2000, p. 20)

46

Tabela 3 – Temperatura máxima dos municípios do Sertão pernambucano

Altitude

(m)

Municípios Jan.

(ºC)

Fev.

(ºC)

Mar.

(ºC)

Abr.

(ºC)

Maio

(ºC)

Jun.

(ºC)

Jul.

(ºC)

Ago.

(ºC)

Set.

(ºC)

Out.

(ºC)

Nov.

(ºC)

Dez.

(ºC)

Média

(ºC)

519 Afrânio 33,2 32,6 32,3 32,1 31,5 31,3 31,0 32,0 33,4 34,4 33,9 33,3 32,6

342 Cabrobó 34,6 33,9 33,5 32,9 31,9 31,3 31,1 32,3 34,0 35,4 35,7 35,2 33,5

492 Dormentes 33,5 32,8 32,4 32,2 31,6 31,3 31,1 32,1 33,6 34,6 34,3 33,7 32,8

358 Orocó 34,5 33,9 33,5 32,9 31,9 31,4 31,1 32,3 33,9 35,3 35,5 34,9 33,4

386 Petrolina 34,2 33,9 33,9 33,2 32,1 31,5 30,8 31,6 33,3 34,7 34,7 34,1 33,2

646

Santa

Filomena 32,8 31,8 31,3 31,4 30,9 30,6 30,5 31,9 33,3 34,2 33,7 33,2 32,1

368

Santa Maria

da Boa Vista 34,5 33,9 33,6 33,0 32,0 31,4 31,0 32,1 33,8 35,2 35,3 34,7 33,4

380 Terra Nova 34,5 33,6 33,1 32,6 31,8 31,3 31,2 32,5 34,1 35,4 35,6 35,1 33,4

Fonte: Itep/Lamepe (2010)

47

De acordo com a Embrapa (2000, p. 19), “o comportamento do total anual de

evapotranspiração potencial” – calculada pelo método de Thornthwaite e Mather (1957) –,

“uma função direta da temperatura do ar, expressa a quantidade potencial de energia do

ambiente”; e no Sertão se verificam os maiores totais de evapotranspiração, os valores

oscilando entre 1.200 e 1.500 mm anuais (Figura 14). Tais resultados mostram altas taxas de

evapotranspiração e poucas chuvas. Petrolina atinge uma média de 33,2 em 2010.

Figura 14 – Estimativa do total anual de evapotranspiração em Pernambuco (mm) Fonte: Embrapa (2000, p. 20)

2.3.5 Hidrografia do município de Petrolina

A hidrografia do Estado de Pernambuco é composta por um sistema de bacias hidrográficas

principais, bacias secundárias e microbacias (EMBRAPA, 2000). As bacias principais são

compostas pelos rios perenes: o São Francisco (no Sertão do estado) e os rios Capibaribe,

Ipojuca e Una (Zona da Mata e Litoral), nascidos no Agreste, que compõem o sistema de

drenagem secundário com os rios Sirinhaém, Pirapama, Jacuípe e Goiana.

No Sertão pernambucano, o rio São Francisco, carinhosamente chamado de “Velho Chico”

(Figura 15), é o rio mais importante do sistema de drenagem do estado, tanto pela extensão

quanto pelo volume de água, constituindo-se um alto potencial energético e de irrigação, que

tem sido de extrema importância para o desenvolvimento da fruticultura irrigada no município

de Petrolina e nas cidades do seu entorno.

48

Figura 15 – Rio São Francisco

Fonte: Acervo próprio (2011)

2.3.6 Vegetação do município de Petrolina

As formações vegetais do Estado de Pernambuco destacam-se pelas áreas que ocupam: a

caatinga nas zonas fisiográficas do Sertão e Agreste, e as florestas que têm como habitat

principal a zona fisiográfica do Litoral e Mata, parte da Chapada do Araripe e partes úmidas

nos “brejos de altitude” (EMBRAPA, 2000, p. 46).

Segundo a Embrapa (2000), a vegetação do estado assim se configura:

a) formações florestais

a.1 floresta perenifólia de restinga

a.2 floresta perenifólia de várzea

a.3 floresta subperenifólia

a.4 floresta subcaducifólia

a.5 floresta caducifólia;

b) manguezais – flor de alagados litorâneos segundo Andrade-Lima (1960);

c) vegetação de transição;

49

d) caatingas:

d.1 floresta/caatinga/cerrado (carrasco)

d.2 floresta subcaducifólia/cerrado

d.3 floresta caducifólia/caatinga hipoxerófila

d.4 hipoxerófila

d.5 hiperxerófila;

e) cerrados;

f) campos e outras formações:

f.1 formações das praias

f.2 campos de restingas

f.3 campos de várzeas

f.4 formações rupestres (rupícolas)

f.5 formações acaatingadas

f.6 das dunas.

A vegetação predominante no município de Petrolina é a caatinga hiperxerófila, tipo de

vegetação que ocupa também a maior parte do Nordeste brasileiro, ocupando uma extensão de

cerca de 800.000 km², o que corresponde a 70% da região (DRUMOND; KIILL;

NASCIMENTO, 2002).

A caatinga, segundo Ferri (1979), é um ecossistema extremamente importante do ponto de

vista biológico, pois é um dos poucos que têm sua distribuição totalmente restrita ao Brasil.

Do ponto de vista botânico, a caatinga se constitui de um complexo vegetal rico em espécies

lenhosas e herbáceas, sendo as primeiras caducifólias e as últimas anuais. Há muitas famílias

existentes, com destaque para as Leguminosae, Enforbiaceae e a Cactaceae. A composição

florística não é uniforme e pode variar de acordo como o volume das chuvas, da qualidade do

solo, da rede hidrográfica e das ações antrópicas (LUETZELBURG apud DRUMOND;

KIILL; NASCIMENTO, 2002). A caatinga concentra vegetação hiperxerofila (Figura16),

com menor índice de umidade e hipoxerofila nas áreas mais úmidas.

50

Figura 16 – Vegetação de caatinga hiperxerófila em ambiente dos tabuleiros interioranos

na depressão sertaneja

Fonte: Embrapa (2000, p. 344)

De acordo com Drumond, Kiill e Nascimento (2002), o potencial madeireiro encontrado em

Petrolina varia de 7 a 100 m³ de lenha em estoque. No município em questão, existem

espécies de grande importância econômica para os agricultores da região, como a Spondias

tuberosa e Miracroduon urundeuva, espécies nobres, cuja exploração para fins energéticos

não é recomendável, fato que afasta a ameaça de extinção.

2.4 Aspectos urbanos, industriais e socioculturais: formação do espaço de Petrolina no

contexto atual

Petrolina é uma cidade de médio porte que, ao longo de sua história, sempre se mostrou

atraente aos olhos daqueles que nela chegaram atraídos por sua fama de cidade próspera. Isso

muito se deve à vocação do município para a agricultura, mais recentemente a fruticultura

irrigada. Foi essa vocação que, historicamente, atraiu investimentos vultosos para essa região.

Segundo Santos (1988, p. 17): “O território a cada momento foi organizando-se de maneira

diversa, muitas reorganizações do espaço se deram e continuam acontecendo, atendendo aos

reclamos da produção da qual é arcabouço.”

O território irrigado é formado pelos projetos de irrigação, como o Projeto de Irrigação

Senador Nilo Coelho (PISNC), o Projeto Maria Tereza e o Projeto Pontal. São áreas em que a

51

produção de frutas é intensa, tanto voltada para o mercado externo como não. Todos os

projetos de irrigação, apesar de sua característica rural, também comportam vilas, com

residências, postos de saúde, escolas e creches, o que traz para o campo nuances de

urbanização.

O território de sequeiro é aquele aonde a irrigação e seus benefícios não chegaram. São áreas

castigadas pela seca, sem muitas possibilidades de grande volume de produção agrícola. No

território de sequeiro, boa parte dos moradores pratica a ovinocaprinocultura, mas sem

grandes possibilidades de evolução produtiva e financeira uma vez que a maioria deles não

possui muitos recursos para a manutenção dessa atividade produtiva. As áreas de sequeiro

localizam-se no entorno de Petrolina; são lugares com estrutura precária em todos os aspectos

(escolas, creches, postos de saúde, etc.).

O território ribeirinho é ambíguo, pois o rio contorna o município e, ao longo desse contorno,

há o encontro de alguns territórios tais como são tratados neste trabalho. As áreas irrigadas e

ribeirinhas muitas vezes se encontram, e nesse ponto de encontro há sinais de degradação das

margens do rio, assim como o despejo de água com resíduos de defensivos agrícolas, fato que

polui seriamente o rio São Francisco. Esse território também contorna o território central da

cidade. Esse encontro é muito mais danoso para o rio; existem esgotos in natura sendo

jogados diretamente em suas águas, assim como pequenos comerciantes de fim de semana,

que se instalam em suas margens em dias ensolarados prontos para servir os banhistas que

para lá se dirigem com o objetivo de se divertir.

Ainda no território ribeirinho, mais próximo da área central, concentram-se as chamadas

barquinhas, que fazem o transporte entre Petrolina-PE e Juazeiro-BA, atividade que também

polui o rio, porque resíduos de óleo diesel são misturados às águas do “Velho Chico”.

Santos (1988) afirma que não há como considerar uma região autônoma. Da mesma forma,

não se pode considerar os territórios como autônomos. As transformações ocorridas em cada

território explicam-se pela compreensão das variáveis que compõem esses territórios. Muitas

dessas variáveis contribuem para que esses territórios mantenham relações de troca com a

região central da cidade, ou seja, com o território central, como definido neste trabalho.

De acordo com Santos (1988, p. 19):

52

A cidade aparece, então, como uma semente de liberdade; gera produções

históricas e sociais que contribuem para o desmantelamento do feudalismo.

Representava a possibilidade do homem livre, da liberdade de escolha, muito

embora esta fosse relativa, já que os ofícios eram regulamentados pelas

corporações, pelas confrarias.

É assim no território central de Petrolina. É lá que estão os bancos, o comércio, a prefeitura, a

igreja principal, os colégios tradicionais, os hospitais, enfim, é no centro que a cidade entra

em ebulição.

Segundo dados do IBGE (2010), a população total de Petrolina é de 294.081 pessoas; desse

total, a população rural corresponde a 74.772 pessoas, enquanto aquela que vive na cidade, ou

seja, a população urbana corresponde a 219.309 pessoas. Esses números mostram certa

contradição, porque Petrolina é um município do interior pernambucano cuja vocação

econômica é essencialmente agrícola. Uma vez que sua atividade econômica principal era

voltada para a agricultura, era natural que o município se especializasse num tipo de cultura,

no caso de Petrolina, a fruticultura. A fruticultura tal como ela é praticada em Petrolina é o

resultado dos avanços tecnológicos voltados para a agricultura.

Santos (1988, p. 19) ressalta:

As cidades puderam formar-se graças a um determinado avanço das técnicas

de produção agrícola, que propiciou a formação de um excedente de

produtos alimentares. Com a existência desse excedente, algumas pessoas

puderam dedicar-se a outras atividades, sendo a cidade, predominantemente,

lugar de atividades não-agrícolas.

Esse argumento pode explicar o aumento considerável da população do município, uma vez

que Petrolina passou a ser uma das cidades brasileiras que mais receberam novos moradores

advindos de outros estados e municípios. Todos atraídos pelas novas oportunidades de

trabalho trazidas pelas novas tecnologias aplicadas ao campo.

A qualidade de vida também se tornou um atrativo, porque Petrolina ainda tem um baixo

índice de violência comparando-se com outras cidades. A educação avançou; o município

conta atualmente com uma universidade federal, a Universidade Federal do Vale do São

Francisco (Univasf), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão

53

Pernambucano (IF Sertão-PE), uma universidade estadual, a Universidade de Pernambuco

(UPE), e uma autarquia municipal de ensino superior, a Autarquia Educacional do Vale do

São Francisco (AEVSF )/Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE).

Santos (1988, p. 19) explica:

A cidade reúne um considerável número das chamadas profissões cultas,

possibilitando o intercâmbio entre elas, sendo que a criação e a transmissão

do conhecimento têm nela lugar privilegiado. Dessa forma, a cidade é um

elemento impulsionador do desenvolvimento e aperfeiçoamento das

técnicas. Diga-se, então, que é a cidade, lugar de ebulição permanente.

Esse crescimento se deve, e muito, aos avanços da agroindústria, cujas atividades são

desejosas de capital, tecnologias e um bom capital. Elas passam a se relacionar com os

grandes centros, e somente sua produção ocorre direta e localmente. Entretanto, existe uma

garantia de participação numa lógica produtiva que é extralocal. Santos (1988, p. 21)

corrobora ao afirmar que “a história que se passa, neste exato instante, em um lugarejo

qualquer, não se restringe aos limites desse lugarejo, ela vai muito além”.

2.4.1 Aspectos culturais

Nos últimos anos, o município de Petrolina tem desenvolvido seu potencial turístico.

Conhecido como um polo fruticultor, a região onde se localiza a cidade tem-se destacado

também pelo seu potencial vinícola. São pelo menos quatro vinícolas produzindo e

comercializando seus produtos para o Brasil e o mundo. Naturalmente com uma vocação para

o turismo de negócios, a cidade tem resgatado seus valores culturais.

Suas manifestações culturais incluem o Pastoril, a Quadrilha, o Reisado e a mais famosa de

suas manifestações: o Samba de Véio. Trata-se de uma das manifestações culturais mais

antigas da Ilha do Massangano, ilha do rio São Francisco localizada em Petrolina (Figura 17).

É de origem indígena, com influência africana, uma história de mais de cem anos. Constitui-

se em um frenético sapateado. De acordo com os moradores, é formada uma roda e quem vai

para o meio improvisa um sapateado diferente que contagia todos que estão à sua volta. Os

casais vão para o centro da roda, sambam, pulam, divertem-se muito e, dessa forma, todos

54

participam. Os instrumentos utilizados são tambores, triângulos, cavaquinho, atabaque, ganzá

e pandeiro. As letras versam sobre o cotidiano dos moradores da ilha.

Figura 17 – Samba de Véio da Ilha do Massangano Fonte: Acervo próprio

O município de Petrolina tem características próprias, o que o leva a ser, com frequência,

objeto de estudo das mais diversas áreas, seja geográfica, econômica, seja social.

55

3 A CONSTITUIÇÃO DO TERRITÓRIO DE PETROLINA

3.1 Área irrigada: espaço físico /natural – áreas conservadas e degradadas

Na região do Submédio São Francisco, a 722 km do Recife, capital de Pernambuco, em

Petrolina, desenvolveram-se oito projetos de irrigação até 1996, o que demonstra o grande

potencial da região, conforme se visualiza na Tabela 4.

Tabela 4 – Projetos públicos de irrigação do Submédio São Francisco

Projetos de

irrigação

Localização Ano de

implantação

Início de

operação

Área implantada

(ha)

Bebedouro I Petrolina-PE 1968 1968 1.060

Bebedouro II Petrolina-PE 1972-1973 1977 576

Mandacaru Juazeiro-BA 1971-1972 1971 376

Maniçoba Juazeiro-BA 1975-1981 1980 4.197

Curaçá Juazeiro-BA 1975-1979 1982 4.165

Tourão Juazeiro-BA 1977-1979 1979 10.548

Nilo Coelho Petrolina-PE 1979-1984 1984 13.146

*Maria Tereza Petrolina-PE 1994-1996 1996 7.165

* O Perímetro de Irrigação Maria Tereza é extensão do Perímetro de Irrigação Senador Nilo Coelho (PISNC)

Fonte: Codevasf (1991)

As áreas irrigadas analisadas neste trabalho localizam-se no PISNC, um dos mais produtivos

do município. Na Tabela 4, verifica-se que o Nilo Coelho tem a mais recente implantação

(1979/1984) e sua operacionalização data de 1984 (Figura 18), que se soma ao Maria Tereza,

com instalação em 1994 entrando em operação em 1996.

Considerado o espaço de maior Projeto de Irrigação do País, o PISNC tem atualmente uma

área irrigável de 18.858 ha, sendo 18.563 ha em operação. O perímetro comporta 2.063

pequenos produtores, que trabalham, na maioria, com a fruticultura, além das 180 pequenas,

médias e grandes empresas. A ocupação espacial se dá da seguinte forma, de acordo com

dados da administração apresentados na Tabela 5.

56

Figura 18 – Extensão territorial do Projeto de Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho

Fonte: Codevasf (2004)

Tabela 5 – Distribuição da área do PISNC

Categoria Quantidade Área média

Grandes empresas 27 Acima de 50 ha

Médias empresas 50 21 a 50 ha

Pequenas empresas 57 12 a 20 ha

Pequenos produtores 1.520 Menor de 12 ha

Fonte: Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho (DINC, 2003)

A fruticultura predomina por todo o perímetro, entretanto ainda há pequenos produtores que

cultivam feijão, abóbora, pimentão, entre outros produtos, colocando-os no mercado com

pouco valor agregado, como se verificará adiante. As frutas mais cultivadas são: acerola,

banana, coco, goiaba, manga e uva.

Na Tabela 6, mostra-se a evolução das áreas plantadas e em produção dessas frutas desde

1995 até 2003. Quase todas as frutas tiveram variação de crescimento em sua área plantada,

como a banana, que chegou a atingir 2.785 ha em 2000, e em 2003, a cultura só ocupava

2.385 hectares. O coco e a goiaba sofreram também variação; o primeiro em 2001 ocupou a

LIMITE PROJETO NILO COELHO

Petrolina

Juazeiro

R i o S ã o

F r a n c i s

c o

57

área de 2.841 ha, e em 2003 a área foi de 1.546 ha; a goiaba, em 2002, com área de 2.625 ha e

em 2003 ocorreu um decréscimo de 2.348 ha; a acerola, a uva e a manga permaneceram até

2003 sempre crescente. Ressalte-se que a manga vem ocupando o maior crescimento, com

5.845 ha, fato que se deve à exportação para a Europa, Estados Unidos e Canadá.

Tabela 6 – Evolução da área em produção (ha): frutas 1995-2003

Frutas 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Acerola 271 276 276 410 410 410 420 502 636

Banana 340 759 3.510 2.986 2.785 2.785 3.393 3.109 2.385

Coco 282 373 523 837 1.302 1.716 2.841 2.927 1.546

Goiaba 125 317 513 749 1.223 1.767 2.377 2.625 2.348

Manga 1.593 2.479 2.976 3.296 3.632 3.937 4.289 4.931 5.845

Uva 175 227 284 596 799 947 1.032 1.339 1.532

Fonte: Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho (DINC, 2003)

No que concerne à evolução da área de produção, verifica-se na Tabela 6 que, em 2003, a

manga passa por um processo de destaque com 5.845; a banana em segundo lugar, com 2.385,

todavia todas as frutas cultivadas no perímetro do projeto materializam-se em estado

crescente.

Visualiza-se na Tabela 7 a evolução das áreas plantadas e em produção dessas frutas no

período 2008-2009.

Tabela 7 – Evolução da área plantada (ha): frutas 2008-2009

Frutas 2008 2009

Acerola 915,37 1014

Banana 1177,08 1067,59

Coco 734,87 703,15

Goiaba 1592,03 1703,76

Manga 3128,53 3033,16

Uva 1630,46 1648,07

Fonte: Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho (DINC, 2011)

Quase todas as frutas tiveram variação de crescimento em sua área plantada, com exceção da

banana, do coco e da manga que tiveram suas áreas de produção reduzidas em função de

58

variações climáticas e de preços. O mesmo não ocorreu com a acerola e a goiaba, que

atingiram 1.014 ha e 1.703,76 ha, respectivamente, o que se explica pelo fato de a produção

ser voltada para indústrias de processamento das frutas. A área de produção de uva

permaneceu em crescimento assim como a goiaba e a acerola, porém, no caso da uva, existe

um fator diferencial, a crescente demanda do mercado europeu e do americano pela referida

fruta.

O desenvolvimento de vários povos se deu mediante a agricultura, ao mesmo tempo em que

se acompanha o avanço tecnológico da irrigação, uma atividade que se figurou como prática

fundamental ao desenvolvimento humano, desde o controle das cheias naturais do rio Nilo no

Antigo Egito e dos rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia, até o emprego de força animal e

humana para elevação e distribuição de água em tabuleiros cultivados na Índia e China, e a

construção de canais e terraços em pedra pelos povos andinos e mesoamericanos do período

pré-colombiano.

A irrigação se mostrou mais eficiente deixando de ser uma simples técnica de uso da água

para a agricultura e passou a ser praticada como parte dos sistemas de manejo ambiental,

promovendo o plantio das culturas alimentares assim como eficiente sistema de conservação

da capacidade produtiva dos solos.

No Brasil, observa-se uma cultura de abundância em recursos hídricos, baseada nas ideias

vigentes no passado que viam a água como recurso natural renovável e abundante. Como

consequência dessa crença equivocada, temos o mau uso e o desperdício tanto na captação

quanto nos processos de distribuição e uso da água, o que contribui para a insustentabilidade

das atividades que dependem direta e indiretamente desse recurso.

Considerando o aspecto macro da questão, há indícios de que não devem ocorrer no Brasil

restrições sérias, sejam de ordem técnica, social, sejam econômicas no uso de seus recursos

hídricos em um horizonte de dez ou vinte 20 anos, fato que se explica pela cultura de

abundância de água no País. Entretanto, ao se examinar o problema regionalmente, percebe-se

as diferenças gritantes quanto ao nível de restrição hídrica. No Sertão nordestino, incluindo

municípios como Petrolina, Pernambuco, as restrições são consideradas fortes ou muito

fortes, tanto para águas subterrâneas como para águas superficiais.

59

No Vale do São Francisco, mais precisamente em Petrolina, encontra-se uma forte

concentração de agricultura irrigada, quase totalmente voltada para a produção de frutas para

consumo in natura e produção de vinhos. Nessa região são muitas as formas de degradação

ambiental decorrente da irrigação, entretanto a intensidade do impacto causado depende do

tipo de sistema de irrigação, que pode ser por aspersão ou gotejo. Todavia, a irrigação

praticada pelo sistema de aspersão é mais impactante, porque causa maior erosão do solo.

Felizmente, esse sistema não é muito utilizado.

Existem outros sistemas mais rústicos de irrigação, como a irrigação por gravidade, que

arrasta tudo à sua frente pelos canais. Esse sistema de irrigação forma Voçorocas1 do solo,

cuja ocorrência é maior em terras nuas e áridas. Outro sistema bastante rústico é a irrigação

por inundação, em que a água fica represada em covas, anéis ao redor da planta, saturando o

solo.

Outro impacto que pode ocorrer em áreas irrigadas é a desertificação, que se trata de um

processo avançado de erosão; e um sistema de irrigação, por mais rústico que seja, não chega

a causar a desertificação, porque a cultura que está sendo produzida e irrigada, de certa

maneira, protege o solo, entretanto, a irrigação tem sua parcela de culpa na aceleração do

processo de desertificação.

A retirada da mata nativa também causa impacto na área irrigada. Sua retirada expõe o solo

deixando pronto para ser “contaminado” com insumos químicos. A substituição da floresta

nativa por uma cultura qualquer jamais será compensada, mesmo que se apliquem técnicas de

conservação do solo, usando racionalmente os insumos químicos, o impacto pode ser

atenuado, mas nunca revertido.

Outra forma de degradação ambiental em áreas irrigadas é o uso de herbicidas, causador da

contaminação do solo. Para combater as plantas daninhas, o produtor lança mão da aplicação

dos herbicidas, que vão direto para o solo. A melhor forma de evitar isso é a contratação de

homens para fazer a capina mecânica, mas a maioria dos produtores prefere pagar a um único

homem usando uma bomba costal com herbicida pronto para aplicação.

1 Escavação ou rasgão do solo ou de rochas decompostas, ocasionadas pela erosão superficial, ação das águas da

chuva, produzindo escavações a partir de 30 centímetros de profundidade, podendo vir a organizar crateras de

grande extensão e profundidade, área suscetível a riscos.

60

Para evitar maiores estragos em termos de degradação nessas áreas, o Código Florestal

Brasileiro impõe que todo e qualquer empreendimento rural deve destinar 20% de sua área

total à área de conservação ambiental.2 Essas são as formas mais comuns de degradação

ambiental em áreas irrigadas. Muitas delas ocorrem nas áreas irrigadas do município de

Petrolina, outras não, conforme se verá a seguir.

3.2 Área de sequeiro

Um dos principais biomas, exclusivamente brasileiro e principal ecossistema presente na

região Nordeste, a caatinga, apresenta-se como o quarto bioma mais extenso do País,

abrangendo uma área de 735.000 km², ocupando os estados da Bahia, Ceará, Piauí,

Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Maranhão, e Minas Gerais na

região Sudeste (Figura 19).

Figura 19 – Mapa dos biomas brasileiros Fonte: IBGE (2004)

2 São áreas em que se permite a ocupação e a exploração de recursos, todavia devem estar condicionadas à

tomada de medidas e ao monitoramento intensivo por parte dos órgãos de controle ambiental.

61

A caatinga representa 70% da região Nordeste e 11% do território nacional, onde vivem

aproximadamente 28 milhões de habitantes. Recentemente, foi reconhecida como uma das 37

“Grandes Regiões Naturais do Mundo”, segundo Siqueira Filho (2009).

Trata-se da vegetação predominante nas áreas de sequeiro, ou território de sequeiro do

município de Petrolina. Esse território tem como característica uma grande diversidade

ambiental, com um período seco prolongado que pode estender-se por vários meses e uma

estação chuvosa curta com precipitação irregular e mal distribuída entre e nos anos. Na

estação seca, afirma Siqueira Filho (2009), a caatinga demonstra sua complexidade, pois os

seres que nela vivem desenvolveram muitas estratégias de sobrevivência em condições de

variação na amplitude térmica e um regime de chuvas curto e irregular, conforme a Figura 20

– cedida pelo Centro de Referência para a Recuperação de Áreas Degradadas (Crad) da

Universidade Federal do Vale do São Francisco. É justamente essa irregularidade que traz

consequências para as plantas e a população, e que tornam difícil a convivência entre o

semiárido e o homem.

Figura 20 – Território sequeiro

Fonte: Acervo do Crad/Univasf (2010)

62

Apesar da sua extensão e importância para o Brasil, a caatinga tem menos de 2% de sua área

coberta por unidades de conservação de proteção integral, sendo considerado um dos biomas

brasileiros menos conhecidos e protegidos. Muitos subestimam sua diversidade biológica

considerando-a pobre, com poucas espécies endêmicas e, portanto, de baixa prioridade para

conservação, segundo Siqueira Filho (2009). O bioma caatinga é composto por 180 gêneros e

1.000 espécies, das quais 318 são endêmicas, e tem diversas espécies com diferentes

potenciais de uso (ARAÚJO; SANTOS; OLIVEIRA, 2006).

Por causa do clima de difícil adaptação, a agricultura praticada no território de sequeiro é

basicamente de subsistência e restrita no que tange à variação das culturas. Cultiva-se feijão,

milho e mandioca. Entretanto, a caatinga oferece uma grande diversidade biológica, e

instituições como a Embrapa Semiárido e a Codevasf têm buscado alternativas de

sobrevivência e inserção no mercado de alguns frutos desse bioma. Um exemplo disso é o

plantio do umbuzeiro (Spondia tuberosa Arruda), uma planta nativa importante para o

Nordeste, no Agreste ao extremo Sertão (Figura 21).

Figura 21 – Umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) Fonte: Acervo do Crad/Univasf (2010)

63

Segundo Araújo, Santos e Oliveira (2006), considerando o expressivo valor comercial do

umbu para o mercado interno e a industrialização em pequenas fábricas caseiras de doces e

geleias. Essa espécie representa um dos maiores potenciais a se explorar comercialmente no

território de sequeiro.

Outra atividade econômica no território de sequeiro é a criação de animais, mais

especificamente a ovinocaprinocultura, intensamente pesquisada e estimulada por instituições

de pesquisa como a Embrapa Semiárido. A atividade tem sido recomendada por apresentar

baixa demanda por insumos externos e por associar-se facilmente à caatinga;

consequentemente, os pastos toleram a seca, o que estimula a fixação do homem do Sertão no

território de sequeiro.

Fixar as pessoas no campo, nas áreas de sequeiro, tem sido cada vez mais difícil, porque elas

são atraídas pelos empregos gerados pela fruticultura de exportação nas áreas irrigadas.

Homens e mulheres migram das comunidades inseridas nas áreas de sequeiro para os

perímetros irrigados; nos períodos de safra da uva, principal cultura de exportação do

município de Petrolina, são contratados com carteira profissional assinada e assim, pelo

menos durante a safra, passam a ter todas as obrigações e todos os benefícios oferecidos por

um contrato legal de trabalho. Geralmente os homens vão trabalhar na colheita e no

carregamento das uvas; já as mulheres, costumam trabalhar nos packing houses, pesando e

embalando as frutas.

O simples fato de contar com um salário proporciona tanto aos homens quanto às mulheres

migrantes do território de sequeiro a interação social com outros territórios e indivíduos; além

de uma liberdade emocional e financeira, difíceis de alcançar no território de sequeiro apesar

das atividades potenciais em desenvolvimento naquele território.

3.3 Área ribeirinha

O território ribeirinho encontra-se às margens do rio São Francisco e a água necessária para

irrigação é diretamente bombardeada do rio sem nenhuma necessidade de estrutura. Trata-se

de uma área extremamente vulnerável aos fatores antrópicos, visto que o investimento para

implantação de culturas irrigáveis seria de baixo custo.

64

A paisagem natural das margens do rio São Francisco em Petrolina-PE vem sofrendo fortes

mudanças. A mata ciliar está sendo desmatada pelas culturas de exportação em função do

avanço dos perímetros irrigados para esse espaço, além de outros fatores como o aumento das

áreas agropecuárias e da área urbana. Há ainda outro fator muito comum no território

ribeirinho, a implantação de chácaras voltadas tanto para o plantio como para o lazer, o que

demonstra um manejo inadequado do solo e acarreta sua degradação.

As relações sociais nesse território são formadas mediante o ponto de vista econômico, uma

vez que o território ribeirinho vem sendo invadido pelos perímetros irrigados (Figura 22). A

relevância desse fato é tamanha que é capaz de explicar as permanentes mudanças na

paisagem ribeirinha. O boom econômico gerado nesse território impulsiona o crescimento

desordenado da área urbana que, aos poucos, invade outros espaços, como é o caso do

território ribeirinho.

A Figura 22 ilustra bem a invasão desordenada do espaço ribeirinho pelos perímetros

irrigados, o que demonstra a falta de manejo adequado das matas ciliares e respeito às leis

ambientais.

Figura 22 – Margens do rio São Francisco em Petrolina

Fonte: Google Earth (2011)

65

3.4 Espaço urbanizado

Formado em 1870, o território central de Petrolina é resultado da convergência de caminhos

regionais, uma vez que o local atendia a viajantes, oriundos de estados próximos de

Pernambuco, que faziam a travessia para Juazeiro (BA). Petrolina congrega os edifícios

históricos, a antiga Estação Ferroviária, a Matriz Nossa Senhora Rainha dos Anjos, datada de

1860 e a Catedral do Sagrado Coração de Jesus, construída pelo Bispo Dom Antonio Malan,

inaugurada em agosto de 1929.

No território urbano, concentra-se a maior parte do comércio de Petrolina, assim como a

maior parte dos serviços oferecidos, incluindo-se os serviços públicos. Por essa razão, todos

os atores dos outros territórios se encontram e se relacionam nesse espaço. Além do comércio

varejista e da administração pública, concentram-se no território central os principais

hospitais e clínicas do município.

Os principais estabelecimentos de ensino também se instalaram no território central, com

destaque para a Universidade Federal do Vale do São Francisco, o Colégio Maria Auxiliadora

e o Colégio Dom Bosco. Tantos setores concentrados em só território tendem a tornar o

espaço desorganizado e ambientalmente impactado de forma negativa.

O território central apresenta sinais de escassez espacial, o que empurra seu crescimento para

outros territórios. Em seu curso, o rio São Francisco passa pela área urbana central da cidade.

Trata-se de um espaço que foi invadido por moradias, edifícios residenciais, escolas e

restaurantes. Não há mais mata ciliar nesse ponto da margem do rio. Ali também se localiza o

ponto das barquinhas que fazem o transporte de passageiros Petrolina-Juazeiro-Petrolina. A

degradação ambiental nesse território salta aos olhos.

O município conta com uma Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA), cuja missão é

garantir a implementação da Política Municipal de Meio Ambiente, prevista no Código

Municipal, Agenda 21 Local, Plano Diretor Territorial Participativo do Município de

Petrolina e demais legislações pertinentes. Atualmente o município é o responsável pelo

manejo, uso e ocupação do espaço da cidade, uma vez que municipalizou a emissão de

licenças ambientais.

66

3.5 Espaço industrializado

O espaço industrializado de Petrolina compreende uma área denominada Distrito Industrial de

Petrolina, com aproximadamente 500 hectares; as áreas de preservação ambiental, de

serviços, sistema viário, infraestrutura e zona de apoio industrial ocupam, respectivamente,

próximo de 132 ha, 42 ha e 65 ha, e abrigam cerca de 50 unidades em operação. A área

destina-se exclusivamente ao uso industrial e às atividades de apoio ao comércio atacadista e

aos grandes equipamentos de serviços. Sua ocupação está sujeita às normas urbanísticas da lei

de uso do solo e normas ditadas pela Agência de Desenvolvimento Econômico de

Pernambuco (AD Diper).

O Distrito Industrial foi criado com o intuito de oferecer infraestrutura às empresas

emergentes do município. Atualmente consta como um impulsionador do desenvolvimento

social gerando empregos.

67

4 EMBATE ENTRE OS PROCESSOS MODERNIZADORES, IMPACTOS

AMBIENTAIS, METODOLOGIA E RESULTADOS

4.1 Conceitos e teorias que fundamentam o método

O desenvolvimento sustentável não é uma opção, é o caminho mais viável para que a

sociedade encontre o equilíbrio nos aspectos econômicos, sociais e ecológicos. Entretanto,

para que esse caminho se torne realidade, o desenvolvimento sustentável deve sair dos

pressupostos teóricos e passar a fazer parte dos planejamentos estratégicos tanto do setor

público quanto do setor privado. Os gestores devem pôr em prática ações gerenciais que

conduzam toda a sociedade ao bem-estar.

Faz-se necessário pôr em prática o conceito de governança baseado no respeito, no

atendimento de expectativas, com compromisso e responsabilidade, gerenciando a

coletividade e encaminhando-a para a sustentabilidade.

Não se trata de um processo simples, porque ele necessita ser mensurado, avaliado em cada

etapa do processo, desde as informações iniciais que darão subsídio aos tomadores de decisão

na elaboração do planejamento necessário à sustentabilidade do local até a avaliação do

cenário e progresso das ações, com o objetivo de alcançar as metas estabelecidas. Essa

avaliação realiza-se por meio de indicadores e índices que forneçam aos envolvidos

informações que demonstrem o progresso das ações adotadas em prol da sustentabilidade

(SILVA, 2008). Qualquer erro na construção desses indicadores pode levar a resultados

equivocados, demonstrando situações que não correspondam à realidade, provocando

frustrações no coletivo.

4.1.1 Principais aspectos dos indicadores de sustentabilidade

Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE, 1993 apud

SALGADO, 2007), a palavra indicador vem do latim indicare, um verbo que significa

assimilar, estimar, determinar ou demonstrar. Ampliando seu significado, a palavra consiste

num valor que indica, que descreve um fenômeno. Todavia, significa mais do que se associa

diretamente ao valor em questão.

68

Alguns autores colocam um indicador como uma variável que se relaciona hipoteticamente

com outra variável estudada, que não pode ser diretamente observada. Gallopin (apud VAN

BELLEN, 2006) afirma que os indicadores num nível mais concreto devem ser entendidos

como variáveis.

De acordo com Van Bellen (2006), uma variável é uma representação operacional de um

atributo de um sistema. Não se trata do próprio atributo, mas sim, de uma representação,

imagem ou abstração dele. Sendo assim, quanto mais próxima a variável se coloca do atributo

em si, ou reflete o atributo ou a realidade, seu significado e importância para o processo

decisório são consequência da habilidade investigativa do pesquisador e das limitações e

propósitos da investigação.

Consequentemente, qualquer variável ou indicador tem uma significância própria. A

característica mais importante do indicador é sua relevância para o processo político e para a

tomada de decisão. Segundo Gallopin (apud VAN BELLEN, 2006), para ser representativo, o

indicador tem de ser considerado importante tanto pelos tomadores de decisão quanto pelo

público.

Um indicador traz consigo informações acerca das características quantitativas e qualitativas

advindas de um membro ou de um conjunto observado, facilitando a compreensão de

determinada situação.

Os indicadores qualitativos são preferíveis aos quantitativos em pelo menos três casos

específicos: quando não forem disponíveis informações quantitativas; quando o atributo de

interesse for inerentemente não quantificável; quando determinações de custo assim o

obrigarem (GALLOPI apud VAN BELLEN, 2006).

De acordo com Tunstall (apud VAN BELLEN (2006), as principais funções dos indicadores

são:

- avaliar condições e tendências;

- fazer comparação entre lugares e situações;

- avaliar condições e tendências em relação às metas e aos objetivos;

- prover informações de advertência;

- antecipar futuras condições e tendências.

69

De acordo com Meadows (1998), a utilização de indicadores é uma maneira intuitiva de

monitorar complexos sistemas, que a sociedade considera importantes e precisa controlar. São

elementos importantes que ajudam a sociedade a entender seu mundo e a si própria,

auxiliando na tomada de decisões e no planejamento de suas ações.

Segundo Trzesniak (1998, p. 159), nos anos 1860), William Thomson, que recebeu o título de

Lord Kélvin em 1892, ressaltou:

Afirmo muitas vezes que, se você medir aquilo de que está falando e o

expressar em números, você conhece alguma coisa sobre o assunto; mas,

quando você não o pode exprimir em números, seu conhecimento é pobre e

insatisfatório; pode ser o início do conhecimento, mas dificilmente seu

espírito terá progredido até o estágio da Ciência, qualquer que seja o assunto.

Os indicadores se configuram num modelo numérico que pode ser entendido como um

procedimento de qualquer natureza (prático, matemático, gráfico, verbal) capaz de reproduzir

uma relação de antecedentes, a causa, e consequências, o efeito, de forma idêntica como essa

relação ocorre no universo em que se insere (TRZESNIAK, 1998).

Trzesniak (1998) afirma que as relações de causa e efeito podem ser determinísticas ou

estocásticas. Ainda segundo esse autor, as relações determinísticas são aquelas em que causa e

efeito estão diretamente ligadas, ou seja, a primeira provoca, de forma inevitável, o

surgimento da outra. Nas relações estocásticas, a causa não reflete no efeito, mas na

possibilidade de ele surgir.

Em qualquer tipo de relação de causa e efeito (determinística ou estocástica), algumas

características devem ser consideradas para que os indicadores possam representar, de fato, o

ambiente ou a situação analisada. São elas:

a) ser significativo para a avaliação do sistema;

b) ter validade, objetividade e consistência;

c) ter coerência e ser sensível a mudanças no tempo e no sistema;

d) ser centrado em aspectos práticos e claros, fácil de entender e que

contribua para a participação da população local no processo de mensuração;

e) permitir enfoque integrador, ou seja, fornecer informações condensadas

sobre vários aspectos do sistema;

f) ser de fácil mensuração, baseado em informações facilmente disponíveis e

de baixo custo; [...]. (DEPONTI; ECKERT; AZAMBUJA, 2002, p. 45).

70

Para formular um indicador, é necessário estabelecer parâmetros, deixando claro ao público a

que se destina o significado da medida estatística apresentada.

Existem indicadores que, em sua formatação, faz-se necessário agregar outros fatores que

representem seus objetivos, como é o caso daqueles que mensuram o desenvolvimento

sustentável. Além de agregar tais objetivos, eles deverão avaliar suas estratégias para alcançar

o desenvolvimento sustentável.

Os indicadores, ao longo do tempo, são utilizados para expressar o crescimento de um país, de

uma região, de um estado ou mesmo de um município. Esse é o caso do Produto Interno Bruto

(PIB),3 indicador que estima a riqueza gerada num país, assim como seu crescimento

econômico.

Apesar de representar o crescimento de um país, agregando variáveis como a geração de

emprego e aumento da renda, o PIB sofreu várias críticas, uma delas dizia respeito às suas

limitações como indicador, pois o mesmo exclui de sua formulação variáveis como o

decréscimo social e a degradação ecológica, variáveis importantes para o desenvolvimento.

Com o intuito de preencher as lacunas apresentadas pelo PIB, surgiu o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH),4 para medir o nível de desenvolvimento humano dos países

com base nos indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade

(expectativa de vida ao nascer) e renda (PIB per capita).

O IDH serve como medida do bem-estar humano e da população, e este se associa

diretamente à relação que a sociedade mantém com os ecossistemas presentes em todos os

níveis: local, regional ou mundial. Apesar disso, o IDH não é um indicador completo.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD):

O IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do ser humano. Não abrange

todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da

3 Representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada

região (seja países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trismestre, ano, etc.). 4 O IDH foi desenvolvido pelos economistas Mahbub ul Haq, paquistanês, e Amartya Sem, indiano e ganhador

do Prêmio Nobel de Economia de 1998. Os valores do IDH variam de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a

1, desenvolvimento humano total (PNUD BRASIL, 2012).

71

„felicidade‟ das pessoas, nem indica „o melhor lugar no mundo para se viver‟.

(PNUD BRASIL, 2012)

O desenvolvimento humano liga-se diretamente ao bem-star das pessoas, e este se relaciona

estreitamente com a forma que a sociedade lida com os ecossistemas presentes no espaço.

De acordo com Silva (2008), nesse caso os indicadores que mensuram o desenvolvimento

sustentável de uma localidade ou país, ou pelo menos se propõem a isso, devem recorrer aos

princípios da multidisciplinaridade e de inter-relacionamento que existem entre as dimensões

que compõem o conceito.

As complexidades dos problemas do desenvolvimento sustentável exigem sistemas

interligados, indicadores que interrelacionam ou que agreguem outros diferentes indicadores.

Van Bellen (2006) afirma que existem poucos indicadores que lidam especificamente com o

desenvolvimento sustentável, em sua maioria em caráter experimental, e foram desenvolvidos

como o propósito de melhor compreender os fenômenos relacionados com a sustentabilidade.

Existem indicadores que foram desenvolvidos por razões específicas como é o caso dos

indicadores ambientais. Eles estão presentes na esfera empresarial por meio da NBR ISO

14031, norma da série NBR 14000, que sugere a constituição dos Indicadores de Desempenho

de Gestão (IDG), cujo objetivo é fornecer informações relativas a todos os esforços da gestão

da empresa que influenciam de forma positiva seu desempenho ambiental.

Esse indicador tem um caráter proativo caracterizado pela mensuração de soluções

implementadas para controlar os problemas em sua raiz, identificando as causas (SILVA,

2008). Tais premissas devem estar presentes nos indicadores e índices elaborados para

mensurar a gestão do desenvolvimento local sustentável.

Os indicadores devem informar e educar os atores sociais, mostrando uma nova dimensão do

ambiente em que se inserem. Para tanto, devem ser compostos por dados coerentes. Segundo

Meadows (1998), bons indicadores devem ter as características do Quadro 4:

72

Quadro 4 – Características necessárias para sistemas de indicadores adequados

- Claros nos valores: não são desejáveis incertezas nas direções que são consideradas corretas ou

incorretas.

- Claros em seu conteúdo: devem ser compreensíveis, com unidades que façam sentido.

- Suficientemente elaborados para impulsionar a ação política.

- Relevantes politicamente, para todos os atores sociais, mesmo para aqueles menos poderosos.

- Mensuráveis dentro de um custo razoável (factíveis).

- Suficientes, isto é, deve haver um meio termo entre o excesso de informação e a insuficiência

desta, para que se forneça um quadro adequado da situação.

- Situados em uma escala apropriada, evitando-se a super ou subagregação.

- Democráticos: as pessoas devem ter acesso à seleção e às informações resultantes da aplicação

da ferramenta.

- Suplementares: devem incluir elementos que as pessoas não possam medir por si próprias.

- Hierárquicos: para que o usuário possa descer na pirâmide de informação se desejar, mas, ao

mesmo tempo, transmitir a mensagem principal rapidamente.

- Físicos: uma vez que a sustentabilidade está ligada, em grande parte, a problemas de ordem física

(água, poluentes, florestas).

- Fornecedores de informações que conduzam à ação.

- Provocativos: levando à discussão, ao aprendizado e à mudança.

Fonte: Meadows (1998)

A Agenda 21 Global ressalta:

40.4. Os indicadores comumente utilizados, como o produto nacional bruto

(PNB) e as medições dos fluxos individuais de poluição ou de recursos, não

dão indicações adequadas de sustentabilidade. Os métodos de avaliação das

interações entre diferentes parâmetros setoriais ambientais, demográficos,

sociais e de desenvolvimento não estão suficientemente envolvidos ou

aplicados. É preciso desenvolver indicadores do desenvolvimento

sustentável que sirvam de base sólida para a tomada de decisões em todos os

níveis e que contribuam para uma sustentabilidade auto-regulada dos

sistemas integrados de meio ambiente e desenvolvimento. (CNUMAD,

1996, p. 574).

Os indicadores não devem ater-se apenas a medir os efeitos da insustentabilidade sem

identificar suas causas e relacioná-las com os outros efeitos; agindo somente na correção

desses problemas, é o mesmo que reparar um modelo ultrapassado, fadado ao fracasso. Tal

atitude configura uma administração baseada em paliativos.

73

Segundo Silva (2008), os indicadores e índices devem apresentar a evolução à gestão e, para

isso, mensurar o desenvolvimento de ações que foram definidas para eliminar a causa-raiz dos

problemas que promovem a insustentabilidade.

4.1.2 Os sistemas de indicadores de sustentabilidade

Os primeiros estudos que objetivavam avaliar a sustentabilidade mediante os indicadores

datam das décadas de 1970 e 1980 quando os governos e as organizações internacionais

passaram a monitorar as condições ambientais. A partir daí, surgiram outros indicadores cuja

proposta era avaliar a sustentabilidade.

No período que vai de 1980 a 1990, o World Resources Institute desenvolveu uma pesquisa a

respeito dos indicadores ambientais, cujo resultado foi a publicação do Environmental

indicators: a systematic approach to measuring and reporting on enviromental policy

performance in the context of sustainable development. O documento trazia a sugestão de

quatro indicadores que reproduziam a interação humana com a natureza: depleção de

recursos, poluição, risco para os ecossistemas e impacto ambiental sobre o bem-estar humano

(HAMMOND et al, 1995). Esses indicadores eram sintetizados na metodologia Pressão-

Estado-Resposta (PER) – Pressure-State-Response (PSR) –, que busca resposta para as

seguintes questões: o que está acontecendo com o meio ambiente e com a base de recursos

naturais? Por que está acontecendo? O que se está fazendo a respeito?

Esse sistema busca identificar as causas que provocam o problema correlacionando com a

gestão empregada, não fornecendo uma visão reduzida do cenário. Entretanto, nem todas as

dimensões ou omissão em Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas

(ONU) reuniram um grupo de especialistas com o intuito de formatar indicadores de

sustentabilidade para atender o capítulo 40 da Agenda 21 Global. Esses indicadores

agruparam quatro dimensões: social, econômica, ambiental e institucional. O resultado desse

estudo foi a criação do Driving Force-State-Response, (DSR), ou seja, uma extensão do PSR

que inclui as características do desenvolvimento sustentável. No que diz respeito ao Driving

Force, trata-se de indicadores que representam as atividades humanas que provocam

impactos, positivos ou negativos sobre o desenvolvimento sustentável; já no que tange ao

State, os indicadores fazem uma leitura da condição em que se encontra o desenvolvimento

74

sustentável, e o indicador Response promove uma avaliação das ações destinadas ao progresso

da sustentabilidade (UNITED NATIONS, 2001).

Com o passar dos anos, outros indicadores surgiram, tais como Ecological Footprint Method

(EFM), o Dashboard of Sustainability (DS) e o Barometer of Sustainability (BS). O

Ecological Footprint Method, termo que pode ser traduzido como pegada ecológica, promove

a associação da sustentabilidade de uma determinada área à sua capacidade de suporte ou

capacidade de carga. De acordo com Dias (2002, p. 31), segundo alguns autores, “[...] pegada

ecológica é a área correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquáticos necessários para

produzir os recursos utilizados e para assimilar os resíduos produzidos por uma dada

população, sob um determinado estilo de vida.”

O método consiste em estabelecer a área necessária para manter uma determinada população

ou sistema econômico indefinidamente, fornecendo energia e recursos naturais, e capacidade

de absorção dos resíduos ou dejetos do sistema. Resumidamente, ele mostra, em valores

numéricos, em quanto a capacidade de carga do local foi excedida, refletindo o impacto

ecológico causado pela utilização de tecnologias e culturas diferentes.

Silva (2008) ressalta que o Ecological Footprint auxilia no entendimento da dimensão

ecológica da sustentabilidade e, de forma indireta, o bem-estar da população; no entanto, não

contempla outros fatores relacionados com sustentabilidade, uma vez que ele retrata o cenário

em que se encontra uma determinada área, mas não diz se o local tem uma gestão sustentável.

O Consultative Group on Sustainable Development Indicators 5criou o sistema de indicadores

Dashboard of Sustainability, pensado para promover a comparação entre países a partir de 46

indicadores que compunham as três dimensões utilizadas: meio ambiente, economia e

sociedade. Após sua atualização, passou a usar as quatro dimensões – ecológica, econômica,

social e institucional – conforme orientação da Comissão de Desenvolvimento Sustentável das

Nações Unidas. Depois da atualização, as dimensões se desdobraram em 39 subtemas. Em sua

versão atual, o Dashboard of Sustainability promove os Objetivos do Milênio (SILVA, 2008).

5 Equipe de especialistas em sustentabilidade coordenada pelo International Institute for Sustainable

Development (IISD) sediado no Canadá.

75

O termo Dashboard of Sustainability representa uma metáfora do painel de um automóvel,

que constitui uma importante ferramenta para o processo de tomada de decisão nas esferas

publica ou privada. Sua representação gráfica recente é construída com um painel visual de

três displays, que correspondem a três grupos ou blocos (clusters) (Figura 13). Os

mostradores procuram mensurar a performance econômica, social e ambiental de um

município, país ou mesmo algum empreendimento.

Figura 23 – O Dashboard of Sustainability

Fonte: Adaptado de Hardi e Zdan, 2000 (apud VAN BELLEN, 2006)

Apesar de parecer uma ferramenta de fácil comunicação em razão de sua apresentação gráfica

simples e de fácil entendimento, ela não está apta a dimensionar o desenvolvimento local

sustentável, porque as variáveis que compõem o método somente retratam o cenário de um

país, e não as ações que estão sendo executadas com vista ao desenvolvimento sustentável.

Desenvolvido pelos especialistas dos institutos World Conservation e o International

Development Research Centre, o Barometer of Sustainability é uma ferramenta que avalia o

progresso à sustentabilidade pela integração de indicadores biofísicos e de saúde social,

combinando bem-estar humano com o ecossistema Quadro 5. Existe um critério para a

escolha do indicador de cada dimensão: eles só podem ser escolhidos se puderem ser

definidos em termos numéricos.

76

Van Bellen (2006) afirma que essa ferramenta foi útil em um estudo para fazer comparação

entre o grau de sustentabilidade do desenvolvimento de 180 países, distribuídos em quatro

continentes e 14 regiões.

Pode-se aplicar a metodologia na avaliação da gestão do desenvolvimento local sustentável,

contudo, ela concebida para “permitir aos gestores e ao público em geral tirarem conclusões

sobre o estado do meio ambiente e da própria sociedade, suas principais interações e as

prioridades da ação” (VAN BELLEN, 2006, p. 162).

Quadro 5 – Dimensões comumente relacionadas com o Barometer of Sustainanility

SOCIEDADE

Saúde e

População

Riqueza Conhecimento e

Cultura

Comunidade Equidade

Saúde mental e

física, doença,

mortalidade,

fertilidade,

mudança

populacional

Economia,

sistema

financeiro,

receita, pobreza,

inflação,

emprego,

comércio, bens

materiais,

necessidades

básicas de

alimentação,

água e proteção

Educação,

pesquisa,

conhecimento,

comunicação,

sistema de

crenças e valores

Direitos e

liberdades,

governança,

instituições, lei,

paz, crime,

ordenamento

civil

Distribuição de

benefícios entre

raças, sexos,

grupos étnicos e

outras divisões

sociais

ECOSSISTEMA

Terra Água Ar Espécies Utilização de

recursos

Diversidade e

qualidade das

áreas de

florestas, cultivo

e outros

ecossistemas,

incluindo

modificação,

conversão e

degradação

Diversidade e

qualidade das

águas e

ecossistemas

marinhos,

incluindo

modificação,

poluição e

esgotamento

Qualidade do ar

interna e

externa,

condição da

atmosfera global

Espécies

selvagens,

população,

diversidade

genética

Energia, geração

de objetos,

reciclagem,

pressão da

agricultura,

pesca,

mineração

Fonte: Silva (2008, p. 49)

Todos os indicadores apresentados neste trabalho apresentam deficiências comuns em

projetos que ainda estão em elaboração. Silva (2008) afirma que a concepção do

desenvolvimento sustentável, a seleção de variáveis e a integração dos dados não apresentam

77

identidade com indicadores formatados para avaliar a gestão do desenvolvimento local

sustentável. Os modelos retratam apenas o cenário em que se encontra o espaço analisado,

desprezam as relações entre as dimensões (efeito-causa-efeito) e não mensuram as estratégias

para mudar o rumo do crescimento.

O conceito de gestão do desenvolvimento local sustentável abordado neste trabalho e a

proposta de promover a avaliação dessa gestão necessitam da construção de indicadores

apropriados à conjuntura e aos objetos de pesquisa, o município de Petrolina-PE e seus

territórios (irrigado, sequeiro, ribeirinho e central).

Os indicadores e o índice de gestão do desenvolvimento local sustentável resultantes deste

trabalho serão constituídos a partir da fundamentação em Teoria Geral dos Sistemas, nas

relações de causalidade, no estudo que será realizado para identificar os efeitos (o estado

atual) de cada variável ou dimensão, que provocam causas e geram outros efeitos, ou seja, a

inter-relação existente entre os problemas de um determinado espaço que impedem o

desenvolvimento local sustentável.

4.1.3 Visão sistêmica e a relação efeito-causa-efeito

A teoria dos sistemas, segundo Bossel (1996) e Forrester (1968), é a abordagem adequada

para estabelecer um modelo de informação para a elaboração de indicadores ou índices que

possam avaliar a sustentabilidade, porque utiliza-se o holismo, mostrando uma visão

integradora de relações que possibilita refletir sobre os problemas de forma interdisciplinar.

Na década de 1930, o pensamento sistêmico foi formulado por biólogos organísmicos,

psicólogos da Gestalt e ecologistas que concluíram que os sistemas vivos não podem ser

compreendidos por meio da análise de suas partes, pois “as propriedades das partes não são

propriedades intrínsecas, mas só podem ser entendidas dentro do contexto do todo mais

amplo” (CAPRA, 1996, p. 31).

Pode-se definir sistema como disposição das partes ou dos elementos de um todo,

coordenados entre si, e que formam uma estrutura organizada. Sendo assim, em todas as áreas

há sistemas que apresentam características comuns. Ao longo do tempo, as pesquisas nesse

sentido foram aprofundando-se, até que o biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy,

78

acreditando que os fenômenos biológicos exigiam novas maneiras de pensar, transcedendo os

métodos tradicionais das ciências físicas, dedicou-se a substituir os fundamentos mecanicistas

da ciência pela visão holística (CAPRA, 1996).

O aprofundamento desse estudo e dessa nova visão deu origem a Teoria Geral dos Sistemas,

definida assim por Bertalanffy, seu autor:

A teoria geral dos sistemas é uma ciência geral de „totalidade‟, o que até

agora era considerado uma concepção vaga, nebulosa e semimetafísica. Em

forma elaborada, ela seria uma disciplina matemática puramente formal em

si mesma, mas aplicável às várias ciências empíricas. Para as ciências

preocupadas com „totalidades organizadas‟, teria importância semelhante

àquela que a teoria das probabilidades tem para as ciências que lidam com

„eventos aleatórios‟ (Bertalanffy apud Capra, 1996, p. 43).

Os parâmetros mudam e a ideia passa a ser de que o organismo é um todo maior que a soma

das suas partes. A partir de então, o conceito de sistema se amplia: trata-se de um conjunto de

elementos interdependentes que interagem com objetivos comuns formando um todo, e onde

cada um dos componentes comporta-se como um sistema cujo resultado é maior que o

resultado que as unidades poderiam ter se funcionassem de forma independente (HALL;

FAGEN apud PENTEADO, 1964).

Um sistema é também um subsistema de outro sistema maior, que se relacionam por meio de

entradas e saídas de energia ou matéria. Ao interagir com o exterior, o sistema passa a ser um

sistema aberto. Todo sistema natural é um sistema aberto (Figura 14), porque seus limites são

abertos à troca de energia e materiais. Em um sistema aberto, sua relação com o meio exterior

chama-se de input ou output, ou seja, durante um determinado tempo, recebe input (entrada)

de energia e matéria e o transforma gerando um produto output (saída). Em sistema fechado,

há a troca de energia com seu entorno natural, entretanto, não existe saída nem entrada de

matéria.

79

Figura 24 – Exemplo de sistema aberto: ciclo hidrológico Fonte: Silva (2008, p. 53)

As dimensões que constituem o desenvolvimento sustentável são representações de subsistemas de um

local, que se relacionam de forma intrínseca entre suas partes, o que influencia diretamente no

resultado final. Sendo assim, a sustentabilidade e suas dimensões caracterizam-se como um sistema

aberto que recebe energia e matéria, processa e transforma em produto que é disponibilizado a outras

dimensões e ao meio como um todo (SILVA, 2008).

Ao identificar as relações existentes em cada uma das dimensões e relacioná-las, a gestão do

desenvolvimento local sustentável facilita o processo de elaboração de estratégias que vão contemplar

os problemas de forma sistêmica, pondo em prática ações que vão atuar nas dimensões de forma tal

que ultrapassem seus limites e contagiem, de forma positiva, as outras dimensões.

As estratégias passam a se transformar em indicadores e índices que vão avaliar a evolução da

gestão do desenvolvimento local sustentável medindo seu desempenho e, por meio da

transparência do processo, vão permitir que a população também avalie e emita suas opiniões

acerca das ações desenvolvidas.

A composição de indicadores e de índices parte dos dados que caracterizam a

insustentabilidade local, das causas que criaram esse cenário. A partir daí, deve-se efetuar a

80

relação existente entre os efeitos e as causas, ou seja, os efeitos que são as consequências

apresentadas em cada variável da dimensão; as causas que podem ser produzidas pelos

efeitos; e os efeitos produzidos por essas causas. A relação efeito-causa-efeito abraça a inter-

relação existente entre as dimensões, e destas com o sistema maior, o que implica dizer que

surgindo uma consequência (efeito) em uma dimensão, esta pode gerar uma causa em outra

dimensão provocando um novo efeito (SILVA, 2008).

Para realizar o diagnóstico desse efeito que antecede a causa, é preciso realizar a coleta de

dados. O processo de identificação das causas e dos efeitos que a sucedem requer a adoção de

uma metodologia científica capaz de identificar a razão das coisas acontecerem, e não

somente a forma como elas acontecem.

Com esse intuito, este trabalho adotou os princípios do Processo de Pensamento da Teoria das

Restrições com vista a identificar a inter-relação que ocorre entre as dimensões do

desenvolvimento sustentável.

4.2 Procedimentos metodológicos na análise quali-quantitativa

Este estudo se caracteriza como teórico-empírico, baseado na epistemologia e metodologia

específica, caracterizando-se como uma pesquisa quali-quantitativa. Esse perfil da pesquisa

motivado pela complexidade do trabalho que demandou informações de parâmetros

avaliadores dos aspectos espacial, ecológico, social e institucional do município de Petrolina-

PE, assim como a relação entre os indivíduos e o espaço que ocupam.

As etapas do estudo seguiram o modelo apresentado na Figura 25, que representa um sistema

e seus subsistemas, do tipo circular, dinâmico, caracterizado por retroalimentar-se e alimentar

outros sistemas (SILVA, 2008). As informações criadas pela pesquisa vão alimentar a ela

mesma, ampliando as reflexões acerca do desenvolvimento sustentável.

A primeira etapa da pesquisa iniciou-se com o levantamento bibliográfico sobre os conceitos

de desenvolvimento sustentável, espaço geográfico e suas categorias, indicadores de

sustentabilidade, Teoria Geral dos Sistemas, gestão pública, relação causa e efeito, Processo

de Pensamento da Teoria das Restrições, além do processo histórico do município de

Petrolina-PE.

81

Input

Throughput

Output

Figura 25 – Sistemática da pesquisa Fonte:adaptado de Silva (2008, p. 96)

A exposição das teorias que dão fundamento à metodologia deste trabalho serviu para

explorar o processo de pensamento da teoria das restrições. Com base nesses estudos,

elaborar-se uma matriz de indicadores do desenvolvimento local sustentável de cada um dos

Levantamento bibliográfico

DS, Indicadores de DS e

Gestão

Relação causa/efeito, Teoria

Geral dos Sistemas, Teoria

das Restrições

Matriz dos Indicadores do Desenvolvimento Local Sustentável –

ferramenta de diagnóstico

Dimensões Variáveis

Indicadores

Relação efeito-causa-efeito

Construção da ARA

Inter-relacionamento dos problemas

Construção da ARF

Índice da Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável

Construção da Árvore da Realidade Sustentável e a Identificação dos

espaços opacos e luminosos

82

territórios pesquisados. Com o objetivo de construí-las, coletaram-se dados diretos e indiretos.

Dados diretos são aqueles coletados na fonte, já os indiretos são obtidos por meio da

interferência na obtenção dos dados diretos e que necessitam de tratamento para se adaptarem

à realidade. Esses dados são, respectivamente, chamados de primários e secundários.

Os indicadores do desenvolvimento local sustentável gerados por este trabalho serão

compostos por dados primários; os dados secundários são as informações coletadas por meio

dos questionários aplicados que darão subsídios para promover a análise efeito-causa-efeito

mediante a aplicação da teoria das restrições.

Depois da estruturação da matriz, aplicam-se os princípios do pensamento da teoria das

restrições com o intuito de identificar a relação efeito-causa-efeito entre as variáveis e as

dimensões da matriz, com o objetivo de encontrar a causa raiz da insustentabilidade dos

territórios irrigado, sequeiro, ribeirinho e central do município de Petrolina-PE. A partir daí,

constroem-se os indicadores e índice da gestão do desenvolvimento local sustentável a ser

representado pela identificação dos espaços opacos e luminosos. Aqueles que forem

identificados como opacos são os que carecem de uma gestão voltada para o desenvolvimento

sustentável, e os luminosos são resultado do êxito dessa gestão. A visualização desses espaços

é possível por meio de um mapa onde todos os territórios estudados na pesquisa são vistos

como luminoso ou opaco.

Faz-se necessário ressaltar que, apesar da preocupação e do empenho na busca dos dados com

vista ao alcance dos objetivos deste trabalho, não foi possível o alcance da perfeição, uma vez

que houve muitas atribulações no processo de elaboração e realização desta pesquisa.

4.2.1 Pesquisa de campo e coleta dos dados

Os dados que alimentaram a Matriz dos Indicadores do Desenvolvimento Local Sustentável

foram fornecidos pelo Plano Diretor do município de Petrolina-PE, pela Secretaria Municipal

de Saúde, Secretaria Municipal de Educação, Agência Municipal de Meio Ambiente, Empresa

Petrolinense de Trânsito e Transporte Coletivo (EPTTC), Agência Nacional de

Telecomunicações (Anatel), pelo Centro de Referência e Recuperação de Áreas Degradadas

da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Crad/Univasf) e pelo IBGE.

83

A pesquisa de campo tem o objetivo de promover a relação entre a aplicação dos

questionários e o trabalho de observação das comunidades dos quatros Territórios (Quadro 6).

Esse processo tinha como objetivo o entendimento da realidade local, ou seja, entender como

se dá o comportamento da comunidade e dos efeitos provocados por ela própria, por exemplo,

problemas na disposição do lixo, poluição do rio São Francisco, a busca pela água e seu uso

no território sequeiro, problemas espaciais no território central.

Quadro 6 – Distribuição dos questionários aplicados nas áreas

Local Quantidade

Território Central 10

Território Irrigado 10

Território Ribeirinho 10

Território Sequeiro 10

Fonte: Autoria própria

Os dados primários têm sua vigência variando em razão de sua disponibilidade por parte dos

órgãos já citados. Entre 2010 e 2011, coletaram-se os dados secundários.

4.2.2 Matriz de indicadores do desenvolvimento local sustentável

A matriz de indicadores do desenvolvimento local sustentável mostra as estratégias adotadas

pelo poder público para minimizar ou eliminar os problemas que promovem a

insustentabilidade. Para elaborar os indicadores que compõem a referida matriz, foi preciso

conhecer o município de Petrolina por meio das dimensões social, ecológica, espacial e

institucional.

A dimensão social ampliou o olhar sobre a saúde da população dos territórios estudados neste

trabalho. Da mesma forma, fez-se com a educação. O crescimento populacional, as condições

de atenção ao idoso, o nível de violência, o acesso à coleta de lixo, às comunicações, à água

encanada e os aspectos ligados à mobilidade foram questões que passaram por uma espécie de

lente de aumento, tendo sua situação exposta neste trabalho.

84

Analisou-se a dimensão ecológica nos aspectos ligados à poluição do ar, tratamento de esgoto,

qualidade e quantidade de água e o acesso às formas de energia utilizadas pela população dos

territórios. Contemplaram-se também as questões ligadas à biodiversidade.

Na dimensão espacial, estudaram-se as questões relativas à preservação do sítio histórico,

obstrução das vias públicas, expansão territorial do município, construção de imóveis

(condomínios), processo de verticalização da cidade.

Nos aspectos institucionais, analisou-se o relacionamento entre o poder público e a população

dos territórios quanto à presença (ou ausência) dele e às políticas públicas para o

desenvolvimento sustentável.

Após analisar e consolidar as informações por meio de indicadores, submeteram-se os

problemas em cada uma das dimensões à aplicação da relação efeito-causa-efeito. A partir

daí, enfatizaram-se as inter-relações existentes entre os problemas independentemente da

dimensão em que estavam. Ao identificar as causas-raiz desses problemas, pode-se direcionar

para a definição de estratégias apropriadas ao desenvolvimento local sustentável.

4.2.3 Relação efeito-causa-efeito

Construído o cenário atual dos territórios sequeiro, irrigado, ribeirinho e central do município

de Petrolina por meio dos indicadores que compõem a matriz do desenvolvimento local

sustentável, é necessário identificar as causas e os efeitos que as sucedem para que sejam

planejadas as ações para inverter o quadro atual.

Para utilizar as relações de efeito-causa-efeito, fez-se necessário a adoção dos princípios do

Processo de Pensamento (Thinking Process) da Teoria das Restrições – Theory of Constraints

(TOC) – elaborada por Eliyahu M. Goldratt, físico israelense. Segundo Goldratt (1998), a

TOC é uma nova filosofia gerencial que pode ser justificada por uma mudança na base,

fundamentada na máxima “a soma dos ótimos locais não é igual ao ótimo total”. Então, ao se

relacionar a Teoria geral dos Sistemas como o desenvolvimento sustentável, conclui-se que as

ações isoladas para minimizar os efeitos não promovem a sustentabilidade.

85

A TOC foi uma teoria muito aplicada no meio empresarial, e adotá-la para fundamentar este

trabalho pode parecer contraditório, uma vez que as empresas, em sua busca incessante por

lucros cada vez maiores, têm sido responsabilizadas por promover a insustentabilidade.

Contudo, a eficácia das empresas no alcance dos seus objetivos financeiros demonstra que

suas ferramentas podem ser utilizadas para gerenciar as estratégias voltadas para o

desenvolvimento sustentável. Essa teoria enxerga o problema de forma integrada ao meio,

como um sistema. Ela consegue entender a forma de ligação entre todos os elementos que

constituem o sistema. Para analisar as interligações existentes, a Teoria das Restrições

responde às seguintes perguntas: O que mudar? Mudar para quê? Como provocar as

mudanças?

As respostas a essas questões chegam com a utilização de ferramentas analíticas formais do

Processo do Pensamento, tais como Árvore da Realidade Atual, Diagrama de Dispersão de

Nuvem, Árvore da Realidade Futura, Árvore de Pré-Requisitos e Árvore de Transição.

A seguir, faz-se a demonstração das ferramentas supracitadas como meios utilizados para

responder aos questionamentos feitos anteriormente (Quadro 7).

Quadro 7 – Ferramentas em cada etapa do processo do pensamento

O que mudar? Para o que mudar Como mudar?

Árvore da Realidade Atual

(ARA)

Diagrama de Dispersão de

Nuvem

Árvore de Pré-Requisitos

Árvore da Realidade Futura

(ARF)

Árvore de Transição

Fonte: Silva (2008, p. 101)

Para alcançar os objetivos descritos neste trabalho, adotam-se as ferramentas Árvore da

Realidade Atual (ARA) e Árvore da Realidade Futura (ARF).

4.2.4 A Árvore da Realidade Atual

Na Teoria das Restrições, a ferramenta denominada Árvore da Realidade Atual organiza de

forma diagramada a relação efeito-causa-efeito com base nos problemas observados, que

também são chamados de Efeitos Indesejáveis. O objetivo é, a partir daí, identificar a causa

raiz desses efeitos.

86

Pode-se fazer analogia com uma situação corriqueira, por exemplo: quando alguém sente dor

de cabeça, imediatamente ingere um remédio com o intuito de eliminar a dor. No entanto, não

se preocupa com a verdadeira causa desse efeito indesejável. É preciso encontrar a verdadeira

causa da dor de cabeça para eliminá-la definitivamente, resolvendo o problema.

Goldratt (1994) afirma que o Processo de Raciocínio mostra que os efeitos indesejáveis não

são independentes uns dos outros, existindo elos fortes de causa e efeito entre eles. Ele

também explica:

Até que essas ligações de causa e efeito estejam estabelecidas, não temos

uma idéia clara da situação. O primeiro passo é usar um meio bastante

sistemático para construir o que é chamado de Árvore da Realidade Atual,

diagramando as relações de causa-efeito que ligam todos os problemas

predominantes numa situação. Uma vez feito isso, compreenderá que não

terá de tratar de muitos problemas porque, no cerne, eles quase sempre não

passam de apenas uma ou duas causas independentes. (GOLDRATT, 1994,

p. 101).

A ARA nasce dos inputs, das relações estabelecidas entre os efeitos indesejáveis. Em seguida,

encontra-se a relação existente entre esses efeitos e as possíveis causas, iniciando com dois

efeitos, aplicando a experiência e promovendo a avaliação da lista. Então, começarão a surgir

as causas. O Quadro 8 traz o passo a passo para a construção da Árvore da Realidade Atual.

Também são necessários critérios para serem observados ao caracterizar um dado importante

para a árvore. O método original os denominou como Categoria de Reservas Legítimas,

contudo, neste trabalho, denomina-se Critérios Observados ao Construir a Árvore,

apresentados no Quadro 9.

87

Quadro 8 – Ações para a construção da ARA

1. Criar uma lista de efeitos indesejáveis (com base nos indicadores do DLS)

2. Promover a inter-relação dos efeitos indesejáveis (criando relação efeito-causa-efeito independente da dimensão em que se encontre. Construir a ARA

3. Primeira tentativa de ARA (efetuar as ligações entre os fragmentos, pensando na existência de causas mais profundas).

4. Leitura da árvore de baixo para cima, promovendo o escrutínio – que deve obedecer aos critérios observados na construção da ARA – de cada flecha e entidade ao longo do percurso, sempre corrigindo o necessário.

5. Não hesitar em expandir a ARA para conectar outros efeitos existentes, não incluídos na lista original.

6. Eliminar da ARA quaisquer entidades não necessárias para conectar todos os efeitos.

7. Apresentar a ARA aos atores envolvidos* (identificar e registrar as críticas do grupo de projeto).

8. Identificar as causas-raiz (examinando as entradas da ARA, os inputs, ou seja, as palavras que só têm setas saindo). Identificar as causas-raiz que apresentam mais contribuições em termos de efeitos indesejáveis.

* Apesar de ser essencial para traçar o caminho do desenvolvimento local sustentável – pois firma um

compromisso de transformação com a sociedade local –, este trabalho não contemplará essa etapa da construção

da ARA

Fonte: Adaptado de Silva (2008, p. 103)

Quadro 9 – Critérios que devem ser observados ao construir a árvore

1. Questionar a existência da Entidade (efeito-causa-efeito). Pode ser adicionada uma nova entidade que facilite a leitura de uma terceira pessoa? As conexões entre as causas e efeitos são convincentes? Não estão faltando passos intermediários entre as entidades conectadas?

2. Questionar o elo causal entre a causa e o efeito usando a expressão “Se...Então”. A sentença está completa? A sentença comporta somente uma ideia? A sentença está livre de afirmações do tipo “Se...então”?

3. É possível que haja redundância na relação causa-efeito. A causa pode ser a repetição do efeito. Quando isso acontecer, é possível estabelecer a causa como o efeito, e este sendo a causa, aplicando-se a relação efeito-causa-efeito.

4. Existência do efeito (entidade) predito: usando-se outro efeito (E) para mostrar que a causa hipotética (C) não produz o efeito inicialmente observado (E); mas se a causa original resultar também no efeito adicional, a relação original causa-efeito estará apoiada.

5. Demonstrar que uma causa adicional não trivial deve existir para explicar a existência do efeito observado. Caso as causas sugeridas não existam, então o efeito observado não existirá.

6. Observar que as causas amplificam o tamanho do efeito observado e nenhuma das causas pode, por si mesma, explicar o tamanho ou a extensão do efeito. A declaração “Se...então” é formulada como se segue: Se C‟ e C, então E.

Fonte: Adaptado de Silva (2008, p. 104)

88

A seguir, na Figura 26, exemplo de Árvore da Realidade Atual (ARA)

Figura 26 – Exemplo de Árvore da Realidade Atual (ARA)

Fonte: Goldratt (1994)

89

4.2.5 A Árvore da Realidade Futura

Após a identificação e solução dos problemas, e com a consequente eliminação de suas

causas-raiz, o próximo passo é elaborar a Árvore da Realidade Futura, que se trata de uma

estrutura capaz de apresentar os resultados da implementação das soluções definidas na ARA.

Ela mostra a transformação dos efeitos indesejáveis em efeitos desejáveis.

Trata-se de uma ferramenta muito semelhante à Árvore da Realidade Atual, porém seu

diferencial está na inserção de injeções, que são as providências a serem tomadas como parte

da solução. Estas, por sua vez, são inclusas em quadros com cantos quadrados. Na Árvore da

Realidade Futura, adicionam-se as injeções com vista a desenvolver soluções evitando

consequências negativas.

Segundo a metodologia do Processo do Pensamento, a construção da Árvore da Realidade

Futura deve usar os dados obtidos pela ferramenta Diagrama de Dispersão de Nuvens, não

aplicada neste trabalho. Por essa razão, construir-se-á a Árvore da Realidade Futura tendo

como base a Árvore da Realidade Atual deste trabalho.

4.2.6 Seleção e ponderação dos indicadores

Na seleção e ponderação dos indicadores de sustentabilidade elaborados neste trabalho, com o

objetivo de compor o Índice de Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável, adota-se a

metodologia elaborada por Silva (2008). Segundo a metodologia em questão, o indicador

recebe um peso conforme o nível de implementação da ação de acordo como a Tabela 8.

Tabela 8 – Ponderação do indicador

Nível de Implementação da Ação Peso

100% 1

Abaixo de 100% X%/100

Fonte: Silva (2008, p. 107)

Ressalta-se que se obtém o percentual de implementação da ação por meio do cruzamento

entre as etapas da ação e o tempo previsto para sua efetiva implementação, segundo Silva

(2008). A Tabela 9 ilustra o procedimento; no exemplo, mostra que se alcançou o percentual

90

de implementação pelo cálculo a seguir: tempo realizado dividido pelo tempo total

programado até o momento da medição, multiplicado por cem.

Tabela 9 – Exemplo da planilha de acompanhamento de projeto

Etapas Previsão Status Linha do Tempo - Meses Percentual de

Implementação

Início

Término Jan. Fev. Mar. Abr. Maio

----

2.ª

semana

3.ª

semana Programado 17 semanas 100

%

Realizado 5 semanas 34

%

Fonte: Silva (2008, p. 107)

A etapa seguinte é a composição do Índice de Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável.

O valor do índice se alcança com a soma dos pesos atribuídos aos indicadores e dividindo-os

pelo número total de indicadores, por meio de uma média aritmética, conforme Silva (2008).

Para ilustrar o progresso do processo de gestão, a cada resultado atribuído ao índice, associa-

se uma cor. Quanto mais o índice se aproximar de 1, melhor é a gestão do desenvolvimento

local sustentável no território pesquisado. As cores relacionadas com essa evolução seguem

na Tabela 10.

Tabela 10 – Nuances da gestão do desenvolvimento local sustentável

Índice do DLS Nuances da Gestão do DLS Categoria

1 No caminho do DLS

0,99 a 0,7 Rumo ao caminho do DLS

0,69 a 0,4 DLS Inconsistente

0,39 a 0,1 Crescimento

0,09 a 0 Insustentabilidade

Fonte: adaptado de Silva (2008)

4.2.7 Modelo de comunicação do sistema

Após o desenvolvimento dos indicadores e do índice da Gestão do Desenvolvimento Local

Sustentável, faz-se necessário comunicar, mostrar à comunidade o estado da arte dessa gestão.

Com esse intuito, utiliza-se a figura da árvore adotada por Silva (2008) para expressar o

91

processo de melhoria da qualidade de vida, evolução da gestão pública. A adoção da árvore

como elemento representativo justifica-se nesta pesquisa.

A figura da árvore foi escolhida para representar o Índice de Gestão do

Desenvolvimento Local Sustentável, pois a mesma se caracteriza como um

sistema circular que interage com os elementos que a circundam e

demonstram essa relação através do crescimento, florescimento e

frutificação, utilizando esses elementos de forma coerente como os seus

propósitos. (SILVA, 2008, p. 108-109).

A árvore se alimenta de materiais vindos do solo. Esse processo ocorre por causa da luz do sol

que contribui de forma decisiva para a manutenção das espécies no planeta, conforme mostra

a Figura 27.

. Figura 27 – Árvore em interação com outros elementos da natureza

Fonte: Silva (2008, p. 109)

É possível traçar um paralelo entre a relação da árvore com os elementos naturais, como o

solo, a energia solar e a água, e com a gestão do desenvolvimento local sustentável. Nesse

caso, a árvore seria definida como as áreas pesquisadas no município de Petrolina: os

territórios irrigado, sequeiro, ribeirinho e central.

92

Silva (2008) reforça essa percepção justificando o paralelo estabelecido com a afirmação de

que a matéria absorvida são as ações que devem ser aplicadas para que os territórios

pesquisados atinjam o desenvolvimento sustentável; a energia cinética é a transformação das

ações em desenvolvimento ou evolução da comunidade, e a energia potencial, o modelo de

gestão adotado que emana luz, conhecimento, amadurecimento da comunidade e da gestão

pública, conforme a Figura 28.

Figura 28 – Árvore representativa da gestão do DLS

Fonte: Silva (2008, p. 110)

Seguindo a ideia adotada por Silva (2008) em estabelecer a relação entre a árvore e o

desenvolvimento local sustentável, a copa da árvore apresenta nuances de acordo com o grau

de evolução da gestão, como apresenta a Figura 29.

93

Figura 29 – Nuances da árvore representando a evolução da gestão do DLS

Fonte: Silva (2008, p. 111)

94

4.3 Resultados e discussão dos pilares da sustentabilidade do meio ambiente

Os resultados aqui apresentados estarão divididos em dois momentos: a elaboração de um

índice da gestão do desenvolvimento local sustentável e a exposição e análise dos dados

secundários. Para cada um dos territórios pesquisados no município de Petrolina, será

elaborado um índice. Nesse sentido fizeram-se necessários o conhecimento dos problemas

locais e a definição de estratégias que os eliminem, e a partir daí, estabelecer os indicadores

que promoveram a avaliação da gestão em questão.

As dimensões que dão suporte ao desenvolvimento sustentável serão apresentadas neste

trabalho na forma de uma matriz em que serão explicitados os indicadores que vão

caracterizar o grau de sustentabilidade dos territórios pesquisados no município de Petrolina.

Será apresentada uma matriz para cada território estudado.

4.3.1 Matriz dos indicadores do desenvolvimento local sustentável: análise dos dados

primários

A dimensão social será apresentada na matriz por meio das informações acerca das variáveis:

saúde, educação, violência, mobilidade, crescimento populacional, comunicação,

necessidades básicas e cultura. A dimensão ecológica traz informações acerca do solo, do ar,

da água, da energia e da biodiversidade. Já a dimensão espacial, aborda questões ligadas às

áreas especiais dos territórios e das construções. Por último, a dimensão institucional traz

informações sobre políticas públicas, investimentos e reciprocidade. Cada uma dessas

variáveis será analisada individualmente em cada matriz referente a cada um dos territórios

traçados por este trabalho.

95

4.3.1.1 Matriz dos indicadores do desenvolvimento local sustentável dos Territórios Irrigado,

Sequeiro, Ribeirinho e Central

Tabela 11 – Matriz do DLS do Território Irrigado (Continua)

Dimensão Variável Indicador Território

Irrigado

Valor

Social

Saúde

N.º de hospitais ou

policlínicas

0

N.º de postos de saúde 8

Relação entre população total

e quantidade de postos de

saúde

3.886

N.º de centros atenção

psicossocial

0

N.º de academia da cidade 0

Educação

% de crianças, na idade

escolar, analfabetas (7 a 14

anos)

--

Taxa (%) de analfabetismo

dos 15 a 24 anos

15,9

Taxa (%) de analfabetismo

(>25 anos)

29,9

N.º de escolas municipais 20

N.º de escolas particulares 2

% Chefes de domicílios com

menos de 4 anos de estudo

65,7

Disciplinas relativas ao DLS

nas escolas públicas

0

Biblioteca no território 1

Cultura

Grupos folclóricos --

Festas populares --

População

População Total

(aproximadamente)

31.095

População (25 anos ou mais) 11.988

População infantil (até 6

anos)

6.019

População 7 a 14 anos 6.085

População 15 a 24 anos 7.003

*Violência

Estimativa de furtos/roubos

(ano)

Flagrantes entorpecentes

(ano)

Assassinatos

Lesão corporal

96

(Continuação)

Dimensão Variável Indicador Território

Irrigado

Valor

Comunicação

% população com televisão 99,9

Relação entre população e

quantidade de telefones fixos

--

Relação entre população e

quantidade de telefones

públicos

--

Necessidades

Básicas

% população com coleta de

lixo

50

% população com água

tratada

0

Mobilidade

Linhas de ônibus 0

Metrô 0

Ciclovia 0

Acessibilidade 0

Ecológica

Solo

Estimativa quantidade de

lixo doméstico coletado

(kg/mês)

--

Relação entre lixo gerado e

população total (kg/mês)

--

Coleta seletiva 0

Ar

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) combustível por

fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

SO2 (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

NOx (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

Cox (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) processo industrial

– vidro

--

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) processo industrial

- cerâmica

--

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) por fonte móvel

--

Estimativa de emissão de CO

(kg/mês) por fonte móvel

--

97

(Conclusão)

Dimensão Variável Indicador Território

Irrigado

Valor

Estimativa de emissão de HC

(kg/mês) por fonte móvel

--

Estimativa de emissão de

NOx (kg/mês) por fonte

móvel

--

Estimativa de emissão de

SOx (kg/mês) por fonte

móvel

--

Água

Qualidade do corpo d‟água -

Volume de água consumida

m3/mês

-

Volume de água faturada

m3/mês

-

Energia

Consumo de energia

doméstica

--

Consumo de energia

indústria

--

Biodiversidade

Unidades de conservação 0

Total de área de conservação

(km2)

Espacial

Áreas especiais

% de imóveis em Zonas

Especiais de Interesses

Sociais

--

Preservação dos Sítios

Históricos

--

Políticas

Públicas

Específicas do DLS 1

Cumprimento das políticas

públicas

_

Investimentos

Preservação ambiental

Qualidade social

Construção dos espaços

*As informações pertinentes a esse quesito não foram fornecidas em relação a cada território.

Por essa razão, as informações foram analisadas considerando a relação do município na sua totalidade

Nota: Os dados foram obtidos em consultas realizadas nas Secretarias Municipais

Fonte: adaptado de Silva (2008).

4.3.1.2 – Análise da Matriz do DLS no Território Irrigado

(Tabela 11)

A saúde se faz presente nesse território por intermédio de oito Equipes de Agentes

Comunitários de Saúde (EACS), um número insuficiente para atender à demanda local. Os

98

problemas com a falta de medicamentos nos postos de saúde são constantes, além da

dificuldade de transporte para atendimentos de maior complexidade, o que provoca o

deslocamento da população para os hospitais localizados no centro da cidade, congestionando

o atendimento precário daqueles hospitais.

O território não dispõe de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), por isso, em caso de

necessidade, as pessoas têm de se deslocar para o território central do município. Além disso,

o território também não dispõe de academia da cidade, o que estimularia a prática de

exercícios, fator importante no auxílio da prevenção e tratamento de doenças cardíacas, por

exemplo.

O quadro da saúde no território irrigado preocupa quando se percebe que a ela parece existir

somente como um paliativo. Nesse território não se constatou nenhum tipo de ação preventiva

de doenças, com exceção de algumas campanhas de vacinação, por exemplo, a poliomielite.

Essa situação mostra que o programa de saúde voltado para esse território caminha na

contramão do desenvolvimento sustentável.

A situação da educação no território irrigado é extremamente preocupante, uma vez que seus

números são comprometedores. O número de escolas municipais é superior ao de escolas

particulares, o que reflete a incapacidade financeira das famílias para arcar com as despesas

referentes aos estudos dos filhos. A taxa de analfabetismo entre os 15 e 24 anos de idade,

assim como dos maiores de 25 anos, reflete a necessidade de investimentos no ensino técnico

A gestão municipal reconhece a necessidade de um plano especial de educação voltado para a

área rural, incluindo aí o território irrigado. Esse reconhecimento é importante porque aponta

para a conscientização sobre a necessidade de elaborar e executar ações que promovam a

diminuição do déficit educacional, o que promoveria uma mudança significativa nesse

território

.

A variável população é a mais instável dentre todas para o gestor público, uma vez que não se

tem controle sobre ela, o que traz alguns problemas, pois se trata de uma variável interligada a

outras. Por essa razão, essa é uma variável importante a ser considerada no processo de

elaboração e definição das estratégias voltadas ao desenvolvimento sustentável. A população

do território irrigado é formada por pequenos e médios colonos, por trabalhadores rurais e por

99

uma população flutuante formada por empresários das fazendas de fruticultura, funcionários

que prestam assistência às propriedades rurais, os técnicos agrícolas.

O território irrigado só perde em população para o território central do município, mas com

um perfil diferente. As deficiências, já verificadas nos temas Saúde e Educação se agravam

quando se verifica a divisão etária, uma vez que a população de até 24 anos totaliza um

quantitativo maior (19.107 pessoas) do que toda a população maior de 25 anos. Não foi

disponibilizado o número referente aos idosos, o que leva a pensar que existe um número

significativo dessa população, a qual é precariamente assistida em todos os aspectos.

A estrutura do território é insuficiente para atender às demandas tanto da população fixa

quanto da flutuante. Ignorar o crescimento e as necessidades dessa população trará problemas

com uma infraestrutura ineficiente e atrasada, como o aumento da emissão de resíduos

sólidos, a explosão imobiliária desordenada, problemas que podem impactar de forma

negativa um território que é a vitrine da fruticultura irrigada.

É impossível imaginar os dias de hoje sem as mais variadas formas de comunicação, tamanha

é sua importância. A comunicação é fundamental na aproximação das pessoas, na aceleração

dos processos de tomada de decisões, na atualização do dia a dia e para ajudar a formar o

senso crítico da população.

Nesse território 99,9% da população possui aparelho de televisão em casa, mesmo aqueles de

menor poder aquisitivo. Esse dado indica que as pessoas que moram nessa área de estudo têm

na televisão sua fonte principal de informação, o que causa preocupação, porque os canais de

TV abertos oferecem uma programação com atrações de conteúdo duvidoso, exceto os

telejornais, os quais, por sua vez, apenas reproduzem as notícias sem nenhuma preocupação

em aprofundá-las.

Não foram fornecidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) as informações

pertinentes à telefonia fixa residencial ou pública, entretanto, nas visitas realizadas ao

território em questão verificou-se a pequena quantidade de telefones públicos no território, no

entanto, a quase totalidade dos habitantes portava telefone celular. Apesar do elevado número

de aparelhos celulares, há ainda os que precisam de telefones públicos, a exemplo dos idosos.

O ideal é deixá-los disponíveis de forma que a comunidade seja plenamente atendida.

100

Quanto às necessidades básicas da população local, existem alguns pontos críticos como a

coleta de lixo, que se realiza apenas nas vilas dos projetos de irrigação. Aqueles que não

residem nas vilas descartam o lixo ao longo das estradas, nas áreas abandonadas e na beira do

rio. A ineficiência da gestão pública nesse aspecto traz problemas de saúde pública e poluição

ambiental. É urgente a oferta e a regularização desse serviço em todo o território, o que

certamente diminuiria a ocorrência de doenças e a poluição nas margens do rio.

A maioria das residências tem água nas torneiras, pois estão localizadas em um território

irrigado. Apesar disso, a água não tem tratamento, são advindas dos canais de irrigação, sendo

imprópria para beber, o que obriga aquela população a pagar por água mineral. Esse custo não

existiria se existisse naquela localidade uma estação de tratamento de água.

O único meio de transporte da população do território em questão são as vans. Não existe

transporte público para essa população, assim como são inexistentes as ciclovias. A oferta de

ciclovias seria motivo de comemoração uma vez que é grande o número de pessoas que usam

a bicicleta para se deslocar. Há ainda o serviço de mototáxi para esse território, mas torna-se

inviável diante do custo, superior ao cobrado pelas vans.

O deslocamento dos deficientes físicos é extremamente difícil uma vez que não há transporte

adequado a suas condições. Os pedestres também sofrem com o despreparo das vias

dedicadas a eles. O deslocamento dessa população para o território urbano do município é

ineficaz e oneroso. A mobilidade nesse território é inadequada por não atender aos anseios e

às necessidades da comunidade ali existente.

A dimensão ecológica parece não receber a atenção que merece por parte da gestão pública no

território irrigado. As informações pertinentes à variável solo não foram fornecidas em

detalhes. Sabe-se que a coleta de lixo não atinge todo o território irrigado, e não há coleta

seletiva. O tratamento inadequado do lixo traz impactos negativos para a população, os quais

podem ser percebidos na saúde dessa população. Contudo, não existe nenhum programa com

o intuito de instruir a população acerca desse assunto, o que poderia educar e trazer novas

fontes de renda para a população local, inclusive reduzindo os problemas de saúde local.

101

A qualidade do ar do território irrigado parece não ter importância para os órgãos gestores,

porque não há, por parte da AMMA, interesse em monitorar essa variável. Por essa razão, este

estudo não traz dados referentes à poluição atmosférica do território em questão.

Tanto a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) quanto a Companhia

Energética de Pernambuco (Celpe), não forneceram informações pertinentes ao volume de

água consumida e ao consumo de energia elétrica.

As informações referentes aos aspectos ecológicos no município são de responsabilidade da

AMMA, e não da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). Entretanto, a AMMA ainda

não dispõe de um acervo capaz de atender às demandas deste estudo. Por essa razão, as

poucas informações referentes a unidades de conservação obtiveram-se na Secretaria Estadual

de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas).

Segundo a Semas, o território irrigado não dispõe de nenhuma unidade de conservação,

embora considere urgente sua criação no território em questão. Ainda segundo a secretaria, a

instalação das unidades de conservação ainda está em andamento. Essa situação preocupa,

pois é acelerado o desmatamento do território irrigado para a implantação das culturas nos

lotes de produção.

No território irrigado, não há nenhuma zona de interesse especial, assim como nenhuma

política de preservação de sítios históricos direcionada a ele. As políticas públicas voltadas ao

desenvolvimento sustentável para esse território se resumem à exigência de licenciamento

ambiental para os novos empreendimentos locais, visto que não se constou nenhuma outra

atividade de preservação ambiental, nem sequer coleta seletiva, como já foi citado.

A qualidade social no território irrigado não corresponde ao que se esperava, conforme

análise dos aspectos já citados.

4.3.1.3 Dados secundários do Território Irrigado

Obtiveram-se os dados secundários mediante a aplicação de questionários respondidos por

dez moradores do território irrigado. O questionário elaborado para o território em questão

continha 33 perguntas referentes aos aspectos sociais, espaciais, institucionais e ecológicos.

102

O grau de instrução dos entrevistados é bem diversificado, uma vez que 10% cursaram apenas

o primeiro grau; ensino médio completo 50%; ensino médio incompleto 30% e apenas 10%

têm ensino superior completo. A renda familiar dos entrevistados é de R$ 1.700,00, a maioria,

cerca de 70%, é de chefe de família; possuem telefone celular 100%; televisão 90%;

computador em casa 40%; acesso à internet 10%. Moram em casa de alvenaria 100%; água

encanada 100%; sem tratamento de esgoto 100%. Não há coleta seletiva 100%; tem coleta de

lixo 20%.

Os problemas existentes no território, listados no Gráfico 1, são conhecidos por 100% dos

entrevistados.

Gráfico 1 – Problemas no Território Irrigado

Os entrevistados afirmam que os problemas são de conhecimento do poder público municipal,

que, segundo eles, se defende argumentando que as verbas são insuficientes para sanar todos

os problemas e, por essa razão, tinha de dar prioridade a alguns.

Para os entrevistados, a saúde é um dos principais problemas, porque o atendimento no posto

de saúde é precário, e só um não é suficiente para atender à demanda local. À pergunta se

costumavam frequentar o posto de saúde, responderam positivamente 90%, e em 70% dos

casos, havia médico no posto. Perguntou-se também se foram bem atendidos, se resolveram

seus problemas e se os medicamentos estavam disponíveis pela Prefeitura (Gráficos 2, 3 e 4).

103

Gráfico 2 – Atendimento no posto de saúde do Território Irrigado

Gráfico 3 – Solução do problema de saúde no Território Irrigado

Gráfico 4 – Medicamentos disponíveis pela Prefeitura

Os aspectos ecológicos do território evidenciaram o rio São Francisco e a caatinga. Todos os

entrevistados reconhecem a importância do rio e 90% afirmam que ele está poluído.

104

Com relação à caatinga, sua importância é reconhecida por 100% dos entrevistados para a

manutenção da vida nessa região semiárida. O mesmo percentual já ouviu falar em

desenvolvimento sustentável, todavia, apenas 10% acreditam que o território está a caminho

do desenvolvimento local sustentável. Dentre os entrevistados do território irrigado, apenas

10% conhecem as leis municipais, estaduais ou federais, e 90% as desconhecem. A atuação

das organizações não governamentais (ONG) no território é desconhecida por 80% dos

entrevistados.

Na visão dos entrevistados, são muitas as causas da poluição do rio São Francisco. As mais

citadas são mostradas no Gráfico 5.

Gráfico 5 – Possíveis causas da poluição do rio São Francisco segundo moradores do Território

Irrigado

Os entrevistados ainda citaram quais as ações que a Prefeitura deveria programar para

alcançar melhorias na qualidade de vida da população do território irrigado (Gráfico 6).

105

Gráfico 6 – Ações que a Prefeitura deveria programar para o Território Irrigado

4.3.1.4 Análise dos dados secundários do Território Irrigado

As respostas dadas pelos entrevistados no território irrigado chamam a atenção nas questões

referentes à saúde e aos aspectos ecológicos. É grave a falta de saneamento, assim como não

há tratamento da água. O esgoto doméstico é jogado no rio, assim como o resíduo líquido com

agrotóxicos amplamente aplicados nas áreas de produção. A gestão pública é inexistente

nesses aspectos e não consegue relacionar a falta de saneamento com o grande número de

atendimentos no posto de saúde e nos hospitais públicos do município. A grande questão é

saber por que essas questões não são abordadas no poder público.

A falta de conhecimento das leis municipais, estaduais e federais, por parte dos entrevistados,

é preocupante, pois se espera que os cidadãos tenham o mínimo de conhecimento acerca de

seus direitos e suas obrigações. Conhecimento, educação e informação são fatores essenciais

que orientam tanto os cidadãos quanto o poder público na promoção do desenvolvimento

sustentável. Sem essa base sólida, não há como representantes da sociedade e a gestão

pública, praticando seus direitos e deveres, encontrar o Desenvolvimento Local Sustentável

no Território Irrigado.

106

Tabela 12 – Matriz do DLS no Território de Sequeiro (Continua)

Dimensão Variável Indicador Território

Sequeiro

Valor

Social

Saúde

N.º de hospitais ou

policlínicas

0

N.º de postos de saúde 5

Relação entre população

total e quantidade de

postos de saúde

2.665

N.º de centros atenção

psicossocial

0

N.º de academia da

cidade

0

Educação

% de crianças, na idade

escolar, analfabetas (7 a

14 anos)

--

Taxa (%) de

analfabetismo dos 15 a

24 anos

10,4

Taxa (%) de

analfabetismo (>25

anos)

32,5

N.º de escolas

municipais

26

N.º de escolas

particulares

2

% Chefes de domicílios

com menos de 4 anos de

estudo

70,4

Disciplinas relativas ao

DLS nas escolas

públicas

0

Biblioteca no território 2

Cultura

Grupos folclóricos --

Festas populares 1

População

População Total

(aproximadamente)

13.325

População (25 anos ou

mais)

5.906

População infantil (até 6

anos)

1.996

População 7 a 14 anos 2.637

População 15 a 24 anos 2.786

107

(Continuação)

Dimensão Variável Indicador Território

Sequeiro

Valor

*Violência

Estimativa de

furtos/roubos (ano)

Flagrantes entorpecentes

(ano)

Assassinatos

Lesão corporal

Comunicação

% população com

televisão

99,9

Relação entre população e

quantidade de telefones

fixos

Relação entre população e

quantidade de telefones

públicos

Necessidades

Básicas

% população com coleta

de lixo

% população com água

tratada

0

Mobilidade

Linhas de ônibus 0

Metrô 0

Ciclovia 0

Acessibilidade 0

Ecológica

Solo

Estimativa quantidade de

lixo doméstico coletado

(kg/mês)

--

Relação entre lixo gerado

e população total (kg/mês)

--

Coleta seletiva 0

Ar

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) combustível por

fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

SO2 (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

NOx (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

Cox (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

108

(Continuação)

Dimensão Variável Indicador Território

Sequeiro

Valor

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) processo industrial

– vidro

--

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) processo industrial

- cerâmica

--

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) por fonte móvel

--

Estimativa de emissão de CO

(kg/mês) por fonte móvel

--

Estimativa de emissão de HC

(kg/mês) por fonte móvel

--

Estimativa de emissão de

NOx (kg/mês) por fonte

móvel

--

Estimativa de emissão de

SOx (kg/mês) por fonte

móvel

--

Água

Qualidade do corpo d‟água --

Volume de água consumida

m3/mês

--

Volume de água faturada

m3/mês

--

Energia

Consumo de energia

doméstica

--

Consumo de energia

indústria

--

Biodiversidade

Unidades de conservação 0

Total de área de conservação

(km2)

Espacial

Áreas especiais

% de imóveis em Zonas

Especiais de Interesses

Sociais

--

Preservação dos Sítios

Históricos

--

Políticas

Públicas

Específicas do DLS 1

Cumprimento das políticas

públicas

--

109

(Conclusão)

Dimensão Variável Indicador Território

Sequeiro

Valor

Investimentos

Preservação ambiental

Qualidade social

Construção dos espaços

* As informações pertinentes a esse quesito não foram fornecidas em relação a cada território.

Por essa razão, elas foram analisadas considerando a relação do município na sua totalidade

Fonte: adaptado de Silva (2008)

4.3.2 Análise da Matriz do DLS no Território Sequeiro

(Tabela 12)

O Território de Sequeiro dispõe de cinco equipes de Agentes Comunitários de Saúde, uma

quantidade pequena para atender os moradores do território. É comum faltar medicamentos

nos postos de saúde, e por se tratar de uma região distante da área central do município, existe

grande dificuldade para atendimentos mais complexos, provocando a ida da população aos os

hospitais no centro da cidade.

O Território de Sequeiro não dispõe de Centros de Atenção Psicossocial, assim, aqueles que

precisando de tratamento são obrigados a recorrer ao território central do município. O

território em questão não dispõe de academia da cidade, impossibilitando a prática de

exercícios por parte dos moradores.

A educação no Território de Sequeiro é, segundo os números apresentados, contraditória, já

que existem mais escolas públicas do que particulares, deixando claro que a população não

dispõe de recursos para arcar com os estudos. Entretanto, apesar de haver escolas públicas no

território, é alto o número de analfabetos ali existentes. A taxa de analfabetismo entre os

maiores de 25 anos é de 32%, demonstrando que há necessidade de projetos voltados para

cursos técnicos ou profissionalizantes.

O aspecto cultural do Território de Sequeiro se destaca pela realização da Jecana, que se

realiza na comunidade do Capim. Trata-se de uma festa popular, que faz parte dos festejos

110

juninos do município de Petrolina, criada há quarenta anos, cujo ponto forte é a corrida de

jegues.

A população do Território de Sequeiro é formada por pequenos criadores de animais, como os

caprinos. Trata-se de uma população sacrificada pela seca. É um território onde a água é um

bem escasso e raro; não existem canais de irrigação, por isso são extremamente dependentes

da água da chuva, raras nesse território. Muitos deles, os mais jovens principalmente, buscam

trabalho em outros territórios, como o Irrigado e o Central, os de idade acima de 25 anos

principalmente.

Obviamente, a estrutura do território é insuficiente para atender às necessidades da população.

A falta de água e a convivência com a seca são desafios diários dessa população. As tentativas

de fixar o homem no campo, proporcionando opções que minimizem os impactos causados

pela seca, têm sido promovidas pelo poder público, mas os resultados ainda são muito

tímidos.

A informação chega, basicamente, dos canais abertos de TV, cerca de 90% da população

possui aparelho de televisão. A Anatel não forneceu informações referentes à telefonia fixa

residencial nem celular. A comunicação no território é precária; são poucos os telefones

públicos, entretanto, não foi informada a quantidade exata.

A variável necessidade básica é preocupante. A coleta de lixo é semanal, e mesmo assim nas

comunidades mais próximas do centro do município; além disso, não há coleta seletiva. Essa

situação já seria suficiente para preocupar as autoridades de saúde do município, uma vez que

isso já configura um atentado à saúde pública.

A maioria das residências não tem água nas torneiras. A água, quando chega, é por carros-

pipa ou quando chove, sendo captada por cisternas, algo raro de acontecer. O território não

tem saneamento básico, um fato que desencadeia vários problemas de saúde.

As vans fazem o transporte da população do Território de Sequeiro. Apesar de regulamentado,

esse tipo de transporte, além de caro e com grandes intervalos de horário, tem provocado um

aumento no número de acidentes nas estradas que ligam o centro do município a esse

território. Lá não existem ciclovias, assim como nenhum tipo de acessibilidade para

111

portadores de necessidades especiais. A mobilidade dos moradores do Território de Sequeiro

é inadequada, visto que não atende às necessidades daquela população.

Apesar de apresentar problemas ecológicos, essa dimensão na tem recebido a atenção

necessária por parte do poder público. Nesse território existem problemas de degradação do

solo por conta da escassez de chuvas. Com o objetivo de estudar a biodiversidade local e

mitigar os impactos ambientais nesse território, a Univasf mantém o Centro de Recuperação

de Áreas Degradadas. Contudo, o referido centro não disponibilizou informações acerca do

território em estudo. A AMMA também não disponibilizou informações referentes ao solo e à

qualidade do ar do Território de Sequeiro, por essa razão, este estudo não apresenta dados

referentes à poluição atmosférica do território em questão.

Igualmente ao Território Irrigado, nem a Compesa nem a Celpe forneceram informações

pertinentes ao volume de água consumida e ao consumo de energia elétrica.

De acordo com a Semas, o Território de Sequeiro não tem nenhuma unidade de conservação.

Segundo a secretaria, as implantações das unidades de conservação estão em andamento.

Contudo, a preocupação com a preservação ambiental no território apresenta baixa evidência.

A qualidade social no Território de Sequeiro apresenta-se num nível baixo de acordo com as

análises dos aspectos já citados.

4.3.2.1 Dados secundários do Território de Sequeiro

Os dados secundários foram obtidos mediante a aplicação de questionários respondidos por

dez moradores do Território de Sequeiro. O questionário elaborado para o território em

questão continha 29 perguntas referentes aos aspectos sociais, espaciais, institucionais e

ecológicos.

Chama a atenção o grau de instrução dos entrevistados, uma vez que apenas 30% têm o

primeiro grau e 70% dos entrevistados são analfabetos. A renda familiar dos entrevistados é

de R$ 600,00 na maioria; cerca de 50% é de chefe de família, cerca de 90% possuem

televisão, possuem telefone celular 60%; não possuem computador em casa 100% e 100%

não tem acesso à internet. Moram em casa de alvenaria 80%; não há água encanada em 100%

112

das casas; em 20% das casas não dispõem de coleta de lixo, não existe coleta seletiva em

100% nem tratamento de esgotos em 100% das moradias. Cerca de 80% dos entrevistados

conhecem os problemas que estão dispostos no Gráfico 7.

Gráfico 7 – Problemas no Território de Sequeiro

Segundo os entrevistados, os problemas são conhecidos pelo poder público municipal, mas,

infelizmente, o interesse no território é mínimo.

Ainda segundo os entrevistados, a falta de água e de saneamento sãos os dois maiores

problemas do território, o que é bastante preocupante, porque a falta desses serviços

desencadeia muitos problemas de saúde. Essa é a maior preocupação de 40% dos

entrevistados, que se queixam da quantidade insuficiente de postos de saúde disponíveis. À

pergunta se costumavam frequentar o posto de saúde, responderam positivamente 80% e em

50% dos casos, encontraram médico no posto. Perguntou-se também se foram bem atendidos,

se resolveram seus problemas e se havia medicamentos disponíveis por parte da Prefeitura. As

respostas estão apresentadas nos Gráficos 8, 9 e 10.

113

Gráfico 8 – Atendimento no posto de saúde do Território de Sequeiro

Gráfico 9 – Solução do problema de saúde no Território de Sequeiro

Gráfico 10 – Medicamentos disponíveis pela Prefeitura

114

Os aspectos ecológicos do território evidenciaram a caatinga e o Rio São Francisco. Todos os

entrevistados reconhecem a importância do rio e 100% crê que o rio está poluído. Para os

entrevistados, são muitas as causas da poluição. O Gráfico 11 mostra as mais citadas.

Gráfico 11 – Possíveis causas da poluição do rio São Francisco segundo moradores do Território

de Sequeiro

Como citado anteriormente, todos os entrevistados reconhecem a importância da caatinga,

assim como sua relevância para a permanência da vida no Sertão; além de garantir sua

sobrevivência no território. Apesar disso, apenas 50% dos entrevistados ouviram falar em

desenvolvimento sustentável e cerca de 90% deles entendem que o território ainda não

encontrou o caminho da sustentabilidade. Todos os entrevistados do Território de Sequeiro

desconhecem leis municipais, estaduais ou federais, o que facilita o atraso para o encontro

com o desenvolvimento sustentável.

Os entrevistados responderam também quais as ações que eles desejavam que fossem

realizadas pelo poder público com o objetivo de alcançar melhor qualidade de vida para os

que fazem o Território de Sequeiro. As respostas estão expostas no Gráfico 12.

115

Gráfico 12 – Ações que a Prefeitura deveria programar para o Território de Sequeiro

4.3.2.2 Análise dos dados secundários do Território de Sequeiro

O Território de Sequeiro chama a atenção, entre outros aspectos, pelo baixo nível de

escolaridade. Muitos se queixaram da falta de biblioteca para as crianças, assim como da

quantidade de escolas. Os problemas com a falta d‟água são clássicos nesse território; sendo

assim, os problemas com o saneamento doméstico não são, exatamente, surpresa. As questões

referentes à saúde e aos aspectos ecológicos também foram bastante ressaltados,

principalmente a caatinga, demonstrando preocupação com sua degradação e exploração.

Assim como no Território Irrigado, a falta de conhecimento das leis municipais, estaduais e

federais por parte dos entrevistados é latente e preocupante, uma vez que sem conhecimento

não se pode mudar uma realidade. O conhecimento se faz indispensável na conscientização e

preparação, tanto dos cidadãos comuns quanto do poder público, para o alcance do

desenvolvimento local sustentável.

116

Tabela 13 – Matriz do DLS no Território Ribeirinho (Continua)

Dimensões Variável Indicador Território

Ribeirinho

Valor

Social

Saúde

N.º de hospitais ou

policlínicas

0

N.º de postos de saúde 4

Relação entre população

total e quantidade de

postos de saúde

3.291

N.º de centros atenção

psicossocial

0

N.º de academia da

cidade

0

Educação

% de crianças, na idade

escolar, analfabetas (7 a

14 anos)

--

Taxa (%) de

analfabetismo dos 15 a

24 anos

29,9

Taxa (%) de

analfabetismo (>25 anos)

29,2

N.º de escolas municipais 20

N.º de escolas

particulares

0

% Chefes de domicílios

com menos de 4 anos de

estudo

65,7

Disciplinas relativas ao

DLS nas escolas públicas

0

Biblioteca no território 1

Cultura

Grupos folclóricos 1

Festas populares --

População

População Total

(aproximadamente)

13.167

População (25 anos ou

mais)

5.056

População infantil (0 a 6

anos)

2.442

População 7 a 14 anos 2.672

População 15 a 24 anos 2.997

117

(Continuação)

Dimensões Variável Indicador Território

Ribeirinho

Valor

* Violência

Estimativa de furtos/roubos

(ano)

Flagrantes entorpecentes

(ano)

Assassinatos

Lesão corporal

Comunicação

% população com televisão 90

Relação entre população e

quantidade de telefones

fixos

Relação entre população e

quantidade de telefones

públicos

Necessidades

Básicas

% população com coleta de

lixo

% população com água

tratada

0

Mobilidade

Linhas de ônibus 0

Metrô 0

Ciclovia 0

Acessibilidade 0

Ecológica

Solo

Estimativa quantidade de

lixo doméstico coletado

(kg/mês)

--

Relação entre lixo gerado e

população total (kg/mês)

--

Coleta seletiva 0

Ar

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) combustível por

fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

SO2 (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

NOx (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

Cox (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

118

(Continuação)

Dimensões Variável Indicador Território

Ribeirinho

Valor

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) processo

industrial – vidro

--

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) processo

industrial - cerâmica

--

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) por fonte móvel

--

Estimativa de emissão de

CO (kg/mês) por fonte

móvel

--

Estimativa de emissão de

HC (kg/mês) por fonte

móvel

--

Estimativa de emissão de

NOx (kg/mês) por fonte

móvel

--

Estimativa de emissão de

SOx (kg/mês) por fonte

móvel

--

Água

Qualidade do corpo

d‟água

--

Volume de água

consumida m3/mês

--

Volume de água faturada

m3/mês

--

Energia

Consumo de energia

doméstica

--

Consumo de energia

indústria

--

Biodiversidade

Unidades de conservação 0

Total de área de

conservação (km2)

Espacial

Áreas especiais

% de imóveis em Zonas

Especiais de Interesses

Sociais

--

Preservação dos Sítios

Históricos

--

119

(Conclusão)

Dimensões Variável Indicador Território Ribeirinho

Valor

Políticas Públicas

Específicas do DLS 1

Cumprimento das políticas públicas

--

Investimentos

Preservação ambiental

Qualidade social

Construção dos espaços

* As informações pertinentes a esse quesito não foram fornecidas em relação a cada território. Por

essa razão, as informações foram analisadas considerando a relação do município na sua totalidade

Fonte: adaptado de Silva (2008)

4.3.3 Análise da Matriz do DLS no Território Ribeirinho

(Tabela 13)

O Território Ribeirinho, assim como os outros territórios já analisados neste trabalho, não

dispõe de nenhum hospital, seja público, seja particular; nem mesmo de uma policlínica. São

quatro postos de saúde para atender um média de 3.291 habitantes, fato que atende à

recomendação do Ministério da Saúde de um posto de saúde para cada 2.000 habitantes.

Porém, em algumas vilas ribeirinhas, não existem postos de saúde, obrigando a população a se

deslocar para o vilarejo mais próximo em caso de necessidade. Nenhum dos postos de saúde

do território está preparado para atendimento mais complexo.

O Território Ribeirinho também não dispõe de Centros de Atenção Psicossocial, obrigando

ao deslocamento, o que representa gastos para os que estão em busca de tratamento no

território central do município. Também não dispõem de academia da cidade a fim de

praticarem exercícios. Os programas de saúde, tanto no Território Ribeirinho quanto nos

outros territórios analisados, suportam somente os casos epidêmicos, não realizando nenhum

tipo de ação voltada à prevenção de doenças.

A variável educação no Território Ribeirinho apresenta números que inspiram preocupação,

pois a taxa de analfabetismo na faixa etária que vai dos 15 aos 24 anos é de 29,9%, o maior

percentual dentre todos os territórios analisados nesta pesquisa. Mais de 50% dos chefes de

família têm menos de quatro anos de estudo. Em todo o território, há somente uma biblioteca,

120

fato que se explica uma vez que o analfabetismo é predominante no território. Apesar dessa

situação, o território tem 20 escolas públicas, mas nenhuma tem em sua matriz curricular

disciplinas que tratem da sustentabilidade. Faz-se urgentemente necessária o desenvolvimento

de ações voltadas ao ensino técnico ou profissionalizante no Território Ribeirinho.

A população do Território Ribeirinho é formada por pescadores e por trabalhadores da

fruticultura. É muito comum na safra da uva os cidadãos ribeirinhos serem contratados pelas

fazendas, principalmente os mais jovens e as mulheres, apesar de seu baixo nível de instrução.

A população acima de 25 anos é maioria no território.

A estrutura do território é precária. A água não é tratada, vindo diretamente do rio, e o

saneamento é algo que não se conhece por lá. Algumas iniciativas estão sendo postas em

prática, como a criação, em fase inicial, de tilápias em tanque-rede. Sendo assim, não é

possível analisar os impactos positivos ou negativos, assim como os resultados em

consequência dessa atividade.

Os aparelhos de televisão estão presentes em 90% das casas do Território Ribeirinho, porém,

apesar de a Anatel não ter fornecido informações acerca do quantitativo de telefones celulares

e telefones públicos, pode-se afirmar que são poucos os telefones públicos no território. Os

ribeirinhos também têm acesso à internet.

A coleta de lixo é semanal, mas, não há coleta seletiva. Assim como não há água tratada nem

saneamento básico. Uma situação extremamente preocupante por todos os problemas de

saúde que podem ser gerados diante desse quadro de precariedade.

O transporte, como nos outros territórios já analisados, é feito por vans, um transporte de

custo alto e com grandes intervalos nos horários. O território não tem nenhuma ciclovia

apesar de muitos moradores utilizarem esse veículo. Inexistente também são os acessos para

os que portadores de necessidades especiais e os idosos. Além disso, não existem vias

pavimentadas no território, fato que dificulta bastante a mobilidade da população ribeirinha.

Nas áreas ribeirinhas mais distantes, a dimensão ecológica é pouco menos impactada do que

nos outros territórios. As margens do rio São Francisco estão conservadas com sua mata

ciliar. O rio apresenta alguns sinais de poluição por causa do esgotamento sanitário, que é

121

lançado nele sem nenhum tratamento. Não existem na AMMA informações pertinentes ao

solo nem à qualidade do ar do Território Ribeirinho, razão pela qual não há neste trabalho

dados a respeito da qualidade do ar desse território. Em relação ao Ribeirinho, a Compesa

também não prestou as informações pertinentes ao volume de água consumida, e a Celpe

quanto ao consumo de energia elétrica.

O Território Ribeirinho não tem nenhuma unidade de conservação, entretanto a Semas afirma

que já está em estudo a instalação. O território em questão apresenta baixa preocupação com a

preservação ambiental. A análise da matriz do desenvolvimento local sustentável do

Território Ribeirinho desperta grande preocupação de acordo com as análises dos aspectos

mencionados.

4.3.3.1 Dados secundários do Território Ribeirinho

Para obtenção dos dados secundários, foram aplicados dez questionários entre moradores do

Território Ribeirinho. O questionário elaborado para o território em questão continha 30

perguntas referentes aos aspectos sociais, espaciais, institucionais e ecológicos.

O nível de instrução dos entrevistados apresentou-se melhor do que no Território de Sequeiro,

pois cerca de 50% tem o 2.º grau completo; cerca de 30% dos entrevistados tem o primeiro

grau incompleto; o 2.º grau incompleto 10% e 10% tem nível superior. A renda média

familiar dos entrevistados é de R$ 677,55. Televisão têm 90% dos entrevistados; telefone

celular 90%; moram em casa de alvenaria 100%; não têm água encanada 100%; não têm

computador em casa 90%; não têm acesso à internet 100% coleta de lixo têm 100%,

ressaltando que a coleta de lixo é semanal, um fato que contribui para a formação de lixões, e

100% não têm coleta seletiva, assim como 100% não têm tratamento de esgotos. Cerca de

100% dos entrevistados conhecem os problemas dispostos no Gráfico 13.

122

Gráfico 13 – Problemas no Território Ribeirinho

Os entrevistados afirmaram que os problemas são conhecidos pelo poder público municipal,

mas, infelizmente não houve empenho na resolução deles.

Para os ribeirinhos o maior problema é a falta de saneamento básico, que polui o rio e

prejudica as atividades pesqueiras. Curiosamente, a falta d‟água foi tão citada como problema

quanto a ausência de praças e de uma biblioteca, reação que pode ser justificada pelo receio

de que seus jovens envolvam-se com drogas ou algo do tipo. A falta d‟água e de saneamento

são causadores de muitos problemas de saúde dos ribeirinhos, que muitas vezes procuram os

postos de saúde com sintomas tais como vômitos e diarreia e até mesmo dengue.

Cerca de 80% dos entrevistados já precisaram dos serviços do posto de saúde, e em 80% dos

casos havia médico atendendo no posto. Os entrevistados também responderam se foram bem

atendidos, se resolveram seus problemas e se a Prefeitura deixa medicamentos disponíveis. As

respostas estão apresentadas nos Gráficos 14,15 e 16.

Gráfico 14 – Atendimento no posto de saúde do Território Ribeirinho

123

Gráfico 15 – Solução do problema de saúde no Território Ribeirinho

Gráfico 16 – Medicamentos disponíveis pela Prefeitura

No Território Ribeirinho, os aspectos ecológicos ressaltam o rio São Francisco. Os

entrevistados foram unânimes no reconhecimento da importância do rio e da mata ciliar para a

sua sobrevivência, e 100% acreditam na poluição do rio. As causas da poluição para os

ribeirinhos entrevistados estão dispostas no Gráfico 17.

124

Gráfico 17 – Possíveis causas da poluição do rio São Francisco segundo moradores

do Território Ribeirinho

A consciência da importância do rio é resultado do saber adquirido, na maioria das vezes, pela

televisão. Cerca de 70% dos ribeirinhos conhecem a definição de desenvolvimento

sustentável e somente 20% deles acredita que o território está longe de encontrar o caminho

para a sustentabilidade. É chocante o percentual de ribeirinhos que desconhecem as leis

municipais ou estaduais, cerca de 80%, fato que pode explicar o descaso com a saúde por

exemplo.

Os ribeirinhos responderam, ainda, quais as ações que desejavam que fossem realizadas pelo

poder público com objetivo promover melhorias na qualidade de vida dos moradores do

Território Ribeirinho. As respostas estão expostas no Gráfico 18.

125

Gráfico 18 – Ações que a Prefeitura deveria programar para o Território Ribeirinho

4.3.3.2 Análise dos dados secundários do Território Ribeirinho

O Território Ribeirinho é contraditório, pois, ao mesmo tempo em tem em sua população

pessoas com nível superior completo, traz consigo problemas sociais graves como falta de

saneamento, de água tratada, entre outros. Utilizar a água do rio sem tratamento provoca

problemas de saúde como a diarreia em doença crônica, provocando “inchaço” nos postos de

saúde. A coleta de lixo, apesar de existir, é semanal, obrigando a população a abrigar em casa

o lixo doméstico, sem separação.

A falta de conhecimento das leis municipais, principalmente, gera uma alienação que alimenta

a atual situação do território, porque, como desconhecem seus direitos, não conseguem cobrar

daqueles que administram o município. É necessário ter acesso à informação de maneira

geral, somente assim, com conhecimento, será possível colocar o Território Ribeirinho no

caminho do desenvolvimento sustentável.

126

Tabela 14 – Matriz do DLS no Território Central (Continua)

Dimensão Variável Indicador Território

Central

Valor

Social

Saúde

N.º de hospitais ou

policlínicas

6

N.º de postos de saúde 27

Relação entre população

total e quantidade de postos

de saúde

1.650

N.º de centros atenção

psicossocial

3

N.º de academia da cidade 1

Educação

% de crianças, na idade

escolar, analfabetas (7 a 14

anos)

--

Taxa (%) de analfabetismo

dos 15 a 24 anos

2,4

Taxa (%) de analfabetismo

(>25 anos)

8,1

N.º de escolas municipais 41

N.º de escolas particulares 112

% Chefes de domicílios com

menos de 4 anos de estudo

23,3

Disciplinas relativas ao DLS

nas escolas públicas

0

Biblioteca no território 11

Cultura

Grupos folclóricos --

Festas populares 2

População

População Total

(aproximadamente)

45.570

População (25 anos ou

mais)

22.713

População infantil (0 a 6

anos)

4.766

População 7 a 14 anos 5.961

População 15 a 24 anos 9.130

*Violência

Estimativa de furtos/roubos

(ano)

Flagrantes entorpecentes

(ano)

Assassinatos

Lesão corporal

127

(Continuação)

Dimensão Variável Indicador Território

Central

Valor

Comunicação

% população com

televisão

100

Relação entre população e

quantidade de telefones

fixos

Relação entre população e

quantidade de telefones

públicos

Necessidades

Básicas

% população com coleta

de lixo

% população com água

tratada

99,9

Mobilidade

Linhas de ônibus 16

Metrô 0

Ciclovia 3

Acessibilidade 0

Relação entre lixo gerado

e população total (kg/mês)

--

Coleta seletiva 1

Ar

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) combustível por

fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

SO2 (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

NOx (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

Cox (kg/mês) combustível

por fonte fixa (GN)

--

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) processo

industrial – vidro

--

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) processo

industrial - cerâmica

--

128

(Conclusão)

Dimensão Variável Indicador Território

Central

Valor

Estimativa de emissão de

Material Particulado

(kg/mês) por fonte móvel

--

Estimativa de emissão de

CO (kg/mês) por fonte

móvel

--

Estimativa de emissão de

HC (kg/mês) por fonte

móvel

--

Estimativa de emissão de

NOx (kg/mês) por fonte

móvel

--

Estimativa de emissão de

SOx (kg/mês) por fonte

móvel

--

Água

Qualidade do corpo d‟água --

Volume de água

consumida m3/mês

--

Volume de água faturada

m3/mês

--

Energia

Consumo de energia

doméstica

--

Consumo de energia

indústria

--

Biodiversidade

Unidades de conservação 0

Total de área de

conservação (km2)

Espacial

Áreas especiais

% de imóveis em Zonas

Especiais de Interesses

Sociais

--

Preservação dos Sítios

Históricos

--

Políticas

Públicas

Específicas do DLS 1

Cumprimento das políticas

públicas

--

Investimentos

Preservação ambiental

Qualidade social

Construção dos espaços

* As informações pertinentes a esse quesito não foram fornecidas em relação a cada território. Por essa

razão, as informações foram analisadas considerando a relação do município na sua totalidade

Fonte: adaptado de Silva (2008).

129

4.3.4 Análise da Matriz do DLS no Território Central

(Tabela 14)

O Território Central do município de Petrolina apresenta números relativos à saúde bem mais

generosos do que aqueles apresentados nos territórios já analisados neste estudo. São 4

hospitais: dois privados e dois públicos, um número insuficiente para atender à demanda de

todo o município; dez policlínicas: duas públicas, uma filantrópica e sete privadas. O território

conta com os três únicos Centros de Atenção Psicossocial do município. Ressalta-se que,

apesar de estarem localizados no Território Central, os hospitais, as policlínicas e os CAPS

atendem à demanda total do município, causando demora no atendimento, no agendamento e

no tratamento como um todo, porque, como se localizam na área central da cidade, exige

custos para o deslocamento dos moradores de outros territórios. É no Território Central que se

localiza a única academia da cidade, contemplando apenas aqueles que moram nas suas

vizinhanças.

Na educação, o Território Central, em relação aos outros, é, de certa forma, bem-servido.

Nesse território estão os menores índices de analfabetismo entre jovens dos 15 aos 24 anos

(2,4%). Entre os maiores de 25 anos, esse índice chega a 8,1%, o menor índice na mesma

faixa etária dentre todos os territórios analisados. Da mesma forma, ocorre com os chefes de

família com menos de quatro anos de estudo (23,3%).

O número de escolas localizadas no território é significativo, são 41 escolas públicas

municipais e 112 escolas particulares. Contudo, nenhuma das escolas públicas do município

contempla em sua matriz curricular uma disciplina referente ao desenvolvimento sustentável.

O território conta com 11 bibliotecas, mas infelizmente a maioria tem problemas no acervo ou

mesmo na infraestrutura. Estão instaladas no Território Central três Instituições de Ensino

Superior (IES): a Autarquia Educacional do Vale do São Francisco, órgão mantenedor da

Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina, a Universidade de Pernambuco

Campus Petrolina e a Universidade Federal do Vale do São Francisco. A chegada dessa

última instituição provocou mudanças culturais e econômicas no território, por exemplo, o

mercado imobiliário.

130

A população do Território Central é bastante diversificada. Formada por filhos da terra, mas

também por aqueles que vieram de outros estados e de outras cidades atraídos pela

fruticultura. Um perfil populacional que vem crescendo ao longo dos anos. Apesar do

aumento da longevidade dos idosos, o território tem uma população predominantemente

jovem, os maiores de 25 anos totalizam 22.713 pessoas.

Todos os entrevistados no Território Central possuem televisão e têm acesso à internet. A

quantidade exata de telefones públicos e a relação entre população e a quantidade de telefones

públicos não foi informada pela Anatel. Contudo, o território tem telefones públicos

distribuídos em toda a área espacial, mas poucos são aqueles que o utilizam, porque 90% da

população dispõem de telefones celulares.

Os itens referentes às necessidades básicas do território são parcialmente atendidos. A coleta

de lixo existe em todo o território, três vezes na semana. Entretanto, a coleta seletiva está em

fase inicial de implantação. A água tratada chega a 90% das torneiras localizadas no território,

contudo, o saneamento ocorre em 70% do território. Muitos esgotos desse território são

lançados no rio São Francisco, sem que o poder público tome nenhuma atitude.

No aspecto mobilidade, esse território é o mais bem-servido dentre todos os analisados. São

16 linhas de ônibus, que, infelizmente, não atendem à demanda local. São veículos velhos,

com alta quilometragem e extremamente poluentes. Há também os mototaxistas, atividade

devidamente regulamentada, que circulam por todo o território. O território também conta

com três ciclovias e três pontos de aluguel de bicicletas, devidamente regulamentados pelo

poder público. As questões referentes à acessibilidade não foram informadas pela Secretaria

de Acessibilidade do município.

Tanto a Compesa quanto a Celpe não forneceram informações sobre o volume de água

consumida e faturada e o consumo de energia elétrica respectivamente.

A dimensão ecológica do território mostra-se confusa, pois é nele que está instalada a

AMMA, órgão municipal responsável pelas ações voltadas ao meio ambiente, que de fato,

tem regulamentado a emissão de licenças ambientais dos mais variados tipos de

empreendimentos que queiram estabelecer. No entanto, a referida agência não consegue

abranger em suas ações outras questões também ligadas à dimensão ecológica, como

131

promover ações de educação ambiental para diminuir a poluição no rio que atravessa o

Território Central e que se encontra atualmente em pleno desequilíbrio ambiental. A orla

fluvial localizada no território tem sido palco de shows, funciona como porto das barquinhas

que fazem o trajeto Petrolina-Juazeiro-Petrolina, além de comportar prédios residenciais e

estabelecimentos do setor de alimentos e bebidas, que, juntos, despejam seus esgotos no rio.

O Território Central e os outros analisados não dispõem de unidades de conservação. Apesar

de haver um sítio histórico no território, conhecido como Petrolina Antiga, não existe por

parte do poder público nenhuma política pública voltada para a preservação desse espaço. A

AMMA não forneceu informações referentes ao solo e à qualidade do ar do Território Central,

diante disso, este estudo não traz dados referentes à poluição atmosférica desse território.

A preservação ambiental, apesar de algumas ações exercidas pela AMMA, não é evidenciada

no território, que, por sua vez, tem uma qualidade social baixa.

4.3.4.1 Dados secundários do Território Central

Os dados secundários foram obtidos por meio da aplicação de dez questionários respondidos

moradores do Território Central. O questionário contava com 30 perguntas sobre os aspectos

sociais, espaciais, institucionais e ecológicos do território.

O Território Central apresenta os melhores níveis de escolaridade, cerca de 10% têm o 2.º

grau completo, o mesmo percentual tem o ensino superior incompleto e 80% têm nível

superior completo. A renda média familiar dos entrevistados é de R$ 2.500,00. Todos os

entrevistados possuem televisão, telefone celular, computador, no entanto, somente 70% dos

entrevistados têm acesso à internet. A coleta de lixo se faz presente na residência de 100% dos

entrevistados, entretanto, apenas 20% fazem coleta seletiva. Para os entrevistados do

Território Central, são muitos os problemas que afligem a população que ali reside. Os mais

citados estão dispostos no Gráfico 19.

132

Gráfico 19 – Problemas no Território Central

Dentre os problemas citados pelos entrevistados, destacam-se a poluição sonora e atmosférica,

mas curiosa e principalmente, não há nenhuma preocupação do poder púbico com a qualidade

do ar na área central da cidade, pois não existe medição e, consequentemente, nenhuma

informação sobre o ar respirado no centro da cidade. É exatamente esse território que tem um

fluxo maior de veículos e, em razão disso, os problemas respiratórios atingem com frequência

os moradores. A poluição sonora parece ter despertado mais interesse, visto que, há poucos

meses, adquiriram um decibelímetro, no entanto não informaram a frequência das medições e

sua finalidade.

Segundo os entrevistados, os problemas são conhecidos pelo poder público municipal, mas,

infelizmente ainda não houve empenho para solucioná-los.

Outro problema relevante para os entrevistados é o saneamento, que até existe, mas é antigo e

vulnerável; os alagamentos que ocorrem no período de chuva contribuem para que ele estoure

e entupa. No território, existem ainda edifícios que despejam seu esgoto diretamente no rio,

assim como o fazem bares e restaurantes localizados na orla central, agravando a poluição do

rio. Este, por sua vez, recebe banhistas nos fins de semana, os quais se contaminam e lotam

os postos de saúde.

Cerca de 50% dos entrevistados já precisaram dos serviços do posto de saúde, mas somente

20% deles foram bem atendidos. Os entrevistados responderam ainda se resolveram seus

133

problemas e se os medicamentos eram disponíveis pela Prefeitura. As respostas estão

apresentadas nos Gráficos 20, 21 e 22.

Gráfico 20 – Atendimento no posto de saúde do Território Central

Gráfico 21 – Solução do problema de saúde no Território Central

134

Gráfico 22 – Medicamentos disponíveis pela Prefeitura

Todos os entrevistados no Território Central reconhecem a importância do rio São Francisco e

acreditam que ele está poluído. Os resultados também demonstraram a preocupação com a

mata ciliar e a ausência de vegetação no território. Eles foram questionados sobre as possíveis

causas dessa poluição (Gráfico 23).

Gráfico 23 – Possíveis causas da poluição do rio São Francisco segundo moradores

do Território Central

135

Por terem um nível maior de conhecimento e mais acesso às informações, o conceito de

Desenvolvimento Sustentável é conhecido por 100% dos entrevistados no Território Central,

e há unanimidade também na crença de que o território não encontrou o caminho da

sustentabilidade. Cerca de 90% dos entrevistados conhecem ou têm acesso às leis municipais,

estaduais ou federais. Os entrevistados também responderam quais as ações que gostariam de

ver realizadas pelo poder público com o objetivo de promover melhorias na qualidade de vida

do Território Central (Gráfico 24).

Gráfico 24 – Ações que a Prefeitura deveria programar para o Território Central

A análise da matriz do desenvolvimento sustentável de cada território mostrou as semelhanças

e divergências entre eles. Algumas variáveis não foram comentadas como foi o caso da

segurança nesses territórios, fato que se explica, porque na esfera municipal não existe

nenhuma fonte de dados capaz de agrupar e fornecer informações a esse respeito. As

informações recebidas vieram da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), que

utiliza uma metodologia que condensa as informações de todo o estado, impossibilitando a

emissão de dados específicos sobre cada um dos territórios contemplados neste estudo.

Por definição da SDS, a princípio, é possível agrupar os crimes violentos em função das

motivações que os geraram, como os crimes violentos contra o patrimônio, crimes violentos

contra a integridade física, crimes de ofensa á integridade sexual, homicídio doloso, latrocínio

e lesão corporal seguido de morte. Para a SDS, todos são crimes contra a vida, mas para a

Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (Senasp-MJ), sãs as

136

principais formas de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI). Os números a seguir

correspondem ao período de janeiro a setembro de 2011, segundo a SDS. Foram 66 vítimas de

CVLI e a taxa de criminalidade de VLI foi de 21,95% no município de Petrolina-PE.

4.3.5 Árvore da Realidade Atual do município de Petrolina

A Árvore da Realidade Atual foi elaborada com base no olhar dos cidadãos que residem nos

territórios analisados com o intuito de relacionar as variáveis existentes e os indicadores. Com

a construção da árvore, será possível demonstrar que, com ações isoladas, não é possível

alcançar o desenvolvimento sustentável.

Os problemas apontados pelos entrevistados nos territórios serão inter-relacionados e, a partir

daí, ficará claro que um efeito pode gerar uma causa e esta poderá gerar outro efeito. Diante

da visibilidade proporcionada pela árvore, será mais fácil encontrar a solução desses

problemas e então propor estratégias que eliminem a causa-raiz deles. A Árvore da Realidade

Atual explicitará quanto são dependentes as questões referentes à saúde, educação, políticas

públicas, etc., e isso contribuirá para que a população e os gestores possam elaborar

estratégias consistentes para alcançar o desenvolvimento sustentável (Figura 30).

4.3.6 Árvore da Realidade Futura do município de Petrolina

Na Árvore da Realidade Futura, estão contidas as estratégias que devem ser planejadas e

praticadas com o objetivo de encaminhar o município para o desenvolvimento sustentável

(Figura 31).

São ações interligadas que obedecem a uma lógica entre elas, isto é, uma ação, ao ser

desenvolvida corretamente, elimina efeitos que, se fossem tratados de forma isolada, não seriam

eliminados.

137

Figura 30 – Árvore da Realidade Atual do município de Petrolina

Fonte: Autoria própria

Aspectos Ecológicos

Comprometidos

Baixo Investimento Social

Dimensão Espacial em

Desordem

Ausência de Ciclovias

Transporte por vans

Falta de Lazer para os

Jovens

Informação pela

da TV

Falta Biblioteca

Falta Estimulo à Leitura

Ausência de Ônibus

Quantidade de Telefones

Públicos Insuficiente

Pouco Acesso à internet

Baixo Investimento

Institucional

Dimensão Ecológica

Comprometida

Falta Coleta

Seletiva

Quantidade de Professores

Insuficiente N.° de Escolas

Insuficientes

Baixo Investimento

Ambiental

Falta Coleta de Lixo

Abrangente

Rio Poluído

Falta de

Água

Tratada

Saúde dos Cidadãos

Comprometida

Postos de Saúde

Insuficientes

Problemas com

Alagamento

Dimensão Social

Comprometida

Programas de Saúde

reativos

Território

Populoso

Falta

Tratamento de

Esgoto

Uso de

Agrotóxico

Poluição do

Solo

Medicamentos

Insuficientes

Quantidade de Médicos

insuficiente

138

Figura 31– Árvore da Realidade Futura do município de Petrolina

Fonte: Autoria própria

Redução dos custos sociais e ambientais

Redução das doenças

Procedimentos de saúde preventiva

Fornecimento de água tratada Redução da violência

Educação Ambiental

Aumento da oferta

de transporte seguro

e de qualidade Incentivo ao

cooperativismo

Redução do

analfabetismo

Incentivo ao

transporte

fluvial

Redução da poluição atmosférica

Revitalização do

rio São Francisco

Construção de

escolas

Incentivo à energia solar

Participação das

empresas na gestão do

DLS

Preservação da história

do município

Geração de renda

Tratamento de esgoto

Coleta seletiva

Investimentos nas

dimensões

Maior participação popular com

ênfase nos problemas locais Políticas públicas interligando

as dimensões

Gestão do DLS

139

4.3.7 Índice da Gestão do Desenvolvimento Sustentável do município de Petrolina

O Índice da Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável será projetado com a elaboração de

indicadores e as respectivas ponderações (Tabela 15). Os problemas que contribuem para a

insustentabilidade do município foram detectados, e as soluções apresentadas para eliminar ou

corrigir tais problemas são consideradas para a construção dos indicadores da gestão do

desenvolvimento local sustentável, e estes, por sua vez, serão ponderados para constituir o

índice do desenvolvimento local sustentável.

Tabela 15 – Indicadores da gestão do desenvolvimento local sustentável

Indicadores Ponderação

Formação da população com informações acerca de direitos e deveres, ética

e cidadania

X %/100

Orientação da comunidade para o cooperativismo, capital social X %/100

Participação popular no reconhecimento dos efeitos, no reconhecimento da

sua inter-relação e a elaboração de ações para eliminá-los

X %/100

Participação da empresas localizadas nos territórios X %/100

Elaboração de políticas públicas com base nas necessidades identificadas

nos territórios

X %/100

Investimentos para as ações prioritárias X %/100

Construção de biblioteca X %/100

Contratação de professores X %/100

Saneamento básico X %/100

Incentivo a programas de geração de renda X %/100

Construção de ciclovias X %/100

Transporte por ônibus X %/100

Coleta seletiva – geração de renda X %/100

Fornecimento de água tratada X %/100

Incentivo à energia solar X %/100

Fonte: Autoria própria

140

Ao aplicar os indicadores no município, percebe-se que não há nenhum planejamento das ações

propostas. Sendo assim, o índice da gestão do desenvolvimento local sustentável é de valor zero,

o que significa dizer que o município de Petrolina-PE é insustentável, cuja representação é feita

pela árvore de nuance vermelha, conforme a Figura 32.

Figura 32 – Nuance da Árvore da gestão do desenvolvimento local sustentável de Petrolina Fonte: Adaptada de Silva (2008, p. 133)

4.4 Espaços opacos e luminosos: o abismo sócio-técnico-científico-informacional e cultural

Atualmente vive-se um tempo em que a velocidade dos fatos e das transformações é algo cada

vez maior. As informações, as pessoas, as mercadorias e o capital circulam numa velocidade

nunca vista antes na história da humanidade. Em decorrência, são muitas as inovações na

interpretação dessa nova realidade.

A união entre a ciência, a técnica e os recursos de informação é a principal característica do

meio-técnico-científico-informacional. Este, por sua vez, proporciona o surgimento de novas

técnicas que ajudam a analisar e interpretar o território.

Entende-se que uma forma interessante de interpretação do território é analisar os instrumentos

técnicos, científicos e informacionais nele dispostos. Segundo Santos (1999), ainda que a

densidade de informação e conhecimento do território acarrete uma seletividade espacial por

141

parte da empresas e do capital, os territórios que mais dispõem de informações são mais

vantajosos e atraentes do que aqueles que não as têm.

Santos (1999) também afirma que uma categoria pertinente de análise do território é: os

territórios que acumulam densidades técnicas e informacionais tornam-se mais aptos a atrair

atividades de organização, tecnológicas, de economia, capitais; estes são chamados de espaços

luminosos. Aqueles onde não se encontram tais características são chamados de espaços opacos.

Conhecer o território é fundamental para uma performance de êxito das propostas voltadas a

desenvolvimento local sustentável, uma vez que é indispensável a identificação das necessidades

e potencialidades dele, e voltá-las à eficácia na sua gestão.

A geotecnologia, que consiste no conjunto de tecnologias para coleta, processamento, análise e

disponibilização de informação com referência geográfica, associada à composição quantitativa

e qualitativa dos territórios, é capaz de gerar informações mais precisas sobre os territórios, e

assim proporcionar melhores condições de organização desses espaços.

Este trabalho se propôs a identificar os territórios opacos e luminosos do município de Petrolina,

à luz da contribuição de Santos (1988), que afirma que serão chamados espaços luminosos

aqueles que mais acumulam densidades técnicas e informacionais, ficando mais aptos a atrair

atividades com maior conteúdo em capital, tecnologias e organização. Por oposição, os

subespaços onde tais características estão ausentes seriam os espaços luminosos.

Nessa perspectiva, os espaços luminosos de PetrolinaE são os Territórios Irrigado e Central. O

Território Irrigado tem características como uma rede de estradas para escoar a produção de

frutas, uma rede de comunicações estabelecidas nacional e internacionalmente, já que as frutas

são exportadas. A estrutura conta, ainda, com os canais de irrigação, importantes para a

atividade agrícola. Trata-se de um território capaz de gerar outras atividades econômicas a partir

da fruticultura irrigada, como a criação de cooperativas.

O Território Irrigado por já ter essas características tem sido alvo da especulação imobiliária; é

cada vez mais comum encontrar terrenos desse território fazendo parte de condomínios

fechados. Há ainda seu potencial turístico, pois lá também estão localizadas as vinícolas do Vale

do São Francisco, e em função disso as redes técnico-informacionais têm-se fortalecido.

142

Pode-se considerar o Território Central como luminoso, porque ele se caracteriza como tal. No

entanto, tem uma série de outras características como a grande população, grande oferta de

prestação de serviços, uma rede densa de transporte e comunicações, e todas as especificidades

de um centro urbano, ainda que não pertença a uma capital.

A realização de um planejamento para um território como esse é algo bastante complexo, algo

que vai além das análises qualitativa e quantitativa, sendo necessários recursos vindos da

geotecnologia, como imagens, por exemplo, que dariam suporte para promover melhorias no

trânsito ou na redução de impactos ambientais urbanos, proporcionando, assim, qualidade de

vida àqueles que passam parte do dia ali trabalhando ou simplesmente transitam no território.

No município de Petrolina, os Territórios Irrigado e Central representam os territórios

luminosos, ou seja, são aqueles que mais acumulam densidades técnicas e informacionais, e por

essa razão atraem mais atividades de maior conteúdo de capital, tecnologia e organizacional.

São espaços obedientes aos interesses das empresas. Por ter tais características, esses espaços

estão sob a vigilância externa, o que promove a ingovernabilidade desses espaços.

Os Territórios Ribeirinho e de Sequeiro não têm as características dos Territórios Irrigado e

Central, porém, as características são semelhantes entre si. No entanto, eles diferem quanto às

dificuldades proporcionadas pela natureza. Trata-se de espaços rarefeitos, opacos, menos densos

em população, tecnologia, organização e capital. São espaços formados por indivíduos pobres e

lentos. Ainda assim, o planejamento para promover melhorias na qualidade de vida nesses

espaços pode ser feita a partir do conceito que trata da opacidade do território, pois é possível

organizar um espaço sem atribuir qualificação valorativa a características que interessam apenas

a um grupo limitado de atores sociais e econômicos.

4.5 Gestão local sustentável do território de Petrolina

Neste trabalho analisaram-se os dados primários e secundários referentes aos territórios que

constituem o município de Petrolina, estabeleceram-se as relações existentes entre todas as

variáveis e as causas-raiz observadas na pesquisa. Considerar um município sustentável ou

insustentável depende das estratégias adotadas pelos gestores municipais com o objetivo de

inverter sua situação atual. O encontro com insustentabilidade, nesses casos, é muito comum.

Diante dessa realidade, o que seria uma sociedade sustentável?

143

Esta, por sua vez, deverá manter a postura do trabalho positivo e consistente, deixando para trás

negatividades e posturas reativas, que abraçam e amenizam os efeitos, as consequências

causadas pelos problemas, e não os trata pela raiz. Faz-se necessário que a gestão pública

reavalie seus objetivos e, a partir de então, redefina seus critérios.

Na busca dessa sociedade sustentável, gestão pública e cidadãos devem identificar e tratar os

problemas antes das decisões equivocadas ou inconsistentes serem tomadas. É preciso a adoção

de metodologias que tratem os problemas interligando-os de forma sistêmica. A partir daí,

obtêm-se os dados que vão formatar os indicadores de diagnóstico, e esses dados devem

apresentar consistência para que a realidade seja bem retratada.

Como os dados obtidos não se interligavam, as informações na matriz podem não descrever

fielmente o cenário real, mas a busca dos dados secundários no campo mostrou que a situação

real é ainda pior.

Após a montagem e análise dos dados da matriz, é fundamental o estímulo e a conscientização

da participação popular, porque em uma gestão não voltada para o desenvolvimento local

sustentável, a participação popular não é levada em consideração. A participação dos atores

sociais envolve-os no processo decisório com base no sentimento da maioria, nos resultados

financeiros disponíveis para o município.

A metodologia adotada, destacando as Árvores da Realidade Atual (ARA) e Futura (ARF)

demonstrou as relações existentes entre os fatores problemáticos e as estratégias para eliminá-los

respectivamente. A ARA mostrou somente a relação existente entre os problemas. A ARF

mostra as decisões que serão tomadas, assim como de que forma as estratégias alcançarão a

eficácia. As árvores deixaram claro que o caminho que segue o município é diferente do

caminho da sustentabilidade. O caminho da sustentabilidade se inicia pela educação popular,

preparando a sociedade para as mudanças a serem realizadas, também nas atitudes.

A relação efeito-causa-efeito demonstrada pelas árvores é de grande relevância nesse processo,

porque tanto a comunidade quanto o poder público não identificaram a situação real, por isso as

ações eram ineficazes, inconsistentes e isoladas, gerando os dados presentes na matriz de

indicadores. Diante disso, o município de Petrolina, formado pelos Territórios Irrigado,

144

Sequeiro, Ribeirinho e Central, foi considerado insustentável, mesmo dispondo de uma Agência

Municipal de Meio Ambiente, mas que passa longe dos princípios do desenvolvimento local

sustentável, uma vez que o município tem um conjunto de ações que não se relacionam e não

atingem suas causas-raiz. O município tem uma realidade ambígua, esquecendo daqueles que

não se beneficiam das ações cujo objetivo é favorecer a poucos.

145

CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

O objetivo geral deste trabalho foi realizar uma análise investigativa para mensurar os

obstáculos existentes para alcançar a gestão do desenvolvimento local sustentável, construindo

um índice de variáveis referentes aos problemas do território, considerando dimensões

ecológicas, econômicas, sociais, institucionais e espaciais do município de Petrolina,

Pernambuco.

Para alcançar esse objetivo, realizaram-se, inicialmente, visitas aos territórios com o intuito de

aprofundar os conhecimentos acerca de sua história, cultura e sua importância econômica. As

visitas proporcionaram maior aprofundamento da realidade dos territórios.

Em um segundo momento, construiu-se a Matriz de Indicadores do Desenvolvimento

Sustentável delimitada pelas variáveis e dimensões estabelecidas pela pesquisa.

A análise da matriz proporcionou o estabelecimento da relação efeito-causa-efeito, a interligação

das dimensões, além de propor estratégias que podem levar à melhoria da qualidade de vida dos

atores sociais dos territórios e, consequentemente, levar o município ao encontro do

desenvolvimento local sustentável.

Ressalta-se que foram muitas as dificuldades para obtenção dos dados necessários à construção

da matriz, pois a busca das informações encontra no caminho uma burocracia desnecessária,

uma desconfiança infundada, característica do poder público, além do despreparo de alguns

órgãos no fornecimento de informações e também a omissão de outros órgãos na obtenção de

dados.

Apesar das dificuldades, a realização do trabalho mostrou ser possível a mensuração da gestão

do desenvolvimento local sustentável de uma localidade, seja ela um bairro, um município, seja

mesmo um estado.

Com base nos resultados obtidos no estudo, é possível realizar algumas recomendações ao poder

público e à sociedade em geral:

146

- colocar sob a responsabilidade da Agência Municipal de Meio Ambiente os princípios do

desenvolvimento sustentável de modo que ela consolide e inter-relacione as informações

das demais secretarias municipais;

- incentivar e motivar a população, orientando os atores sociais e facilitando a compreensão

deles;

- deixar a comunidade informada de todos os problemas e apresentar as relações existentes

entre as pessoas;

- adotar uma metodologia que possibilite o alcance do objetivo;

- introduzir na educação e nos programas sociais tecnologias que coloquem o município no

caminho da sustentabilidade;

- realizar campanhas na comunidade que esclareçam os princípios da sustentabilidade,

evitando a banalização do tema.

Conhecer os princípios do desenvolvimento local sustentável promove uma verdadeira

mudança, seja nas comunidades, seja nas pessoas, assim como provocou uma mudança em nossa

visão do que é uma boa gestão. São transformações consistentes que todos nós, toda a

comunidade precisa ser preparada para entender e aceitar tais mudanças. O poder público tem

uma grande parte de responsabilidade nesse processo. Como? Pondo em prática as proposições

apresentadas nesta dissertação em comum acordo com a comunidade. Só então começará uma

nova era: a da sustentabilidade.

147

REFERÊNCIAS

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ZAPATA, T. Desenvolvimento territorial endógeno: conceitos, dimensões e estratégias.

Florianópolis, SC: SEaD/UFSC, 2007.

151

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos entrevistados do Território Central

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (FCAP)

Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável (GDLS)

DISSERTAÇÃO: ESTUDO DAS DINÂMICAS TERRITORIAIS DO MUNICÍPIO DE

PETROLINA-PE

Território Central

Nome: ….................................................................................................................................

RG:.......................................

Endereço:................................................................................................................................

Comunidade/Núcleo…............................................................................................................

Grau de Instrução: ( )

1 – 1.º grau completo 4 – 1.º grau incompleto

2 – 2.º grau completo 5 – 2.º grau incompleto

3 – 3.º grau completo 6 – 3.º grau incompleto

7 – Analfabeto

Curso:........................................................

1- Número de moradores na residência:........... É nativo ou migrante?................................ Se

migrante, de onde é?.......................................................................................................

2 – Chefe da casa: ( ) Sim ( ) Não

3 – Quantos membros da família trabalham na roça?

….......................................................................

4 – Sua residência é própria ou alugada? …...........................................

152

5 – Quais suas despesas mensais?

QUADRO DE DESPESAS

Item

Conta de água

Conta de

energia

alimentação

transporte

Lazer

Vestuário

Saúde

Educação

6 – Qual sua profissão?...................................................................................................

7 – Tem carteira assinada? …..........................................................................................

8 – Possui:

( ) telefone

( ) tratamento de esgoto

( ) televisão

( ) computador (acesso à internet? ( ) s ( ) n)

( ) há coleta de lixo

( ) há coleta seletiva

9 – Estrutura da casa: ( ) alvenaria ( ) madeira ( ) sapê

10 – Mora próximo a:

153

( ) Rio

( ) Praça

( ) Posto de saúde

( ) Escola

( ) Canal de esgoto

11 – Conhece os problemas da sua comunidade?Se sim, cite alguns:

□Tratamento de esgoto □Falta de água □Alagamento □Assistência médica □Escolas

□Bibliotecas □Praças □Poluição sonora □Poluição do ar □Geração de renda

□Assaltados □Assassinatos □Drogas □

Descreva os problemas dos itens citados:

12 - Os problemas foram levados as Secretarias responsáveis? Se sim, porque eles não

foram resolvidos em sua opinião?

13 - Nos últimos seis meses alguém de sua família ficou doente? Se sim, cite a doença.

154

14 - Você ou alguém de sua família já teve problemas relacionados a água ou ao ar?

Exemplifique algumas doenças e a cite abaixo.

15 - Você ou alguém de sua família já precisou dos serviços do posto de saúde da

prefeitura? Se Sim, responda:

Havia médico? □Sim □ Não; Foi bem atendido? □Sim □ Não; Resolveu o problema? □Sim □

Não; Precisou comprar remédio □Sim □ Não; A Prefeitura disponibilizou o remédio □Sim □

Não.

16 - Fora o posto de saúde, você ou alguém de sua família já precisou de outro órgão da

Prefeitura ou do Estado? Se sim, quais? Resolveu o problema?

Órgãos Resolveu o problema

17 -Você ou alguém de sua casa estuda em escola pública ou privada?

18 - Têm aulas todos os dias?

□Sim □ Não

155

19 - Em sua opinião os professores ensinam bem?

□Sim □ Não

20 - Você ou alguém de sua família conhece a história do bairro?

□Sim □ Não

21 - Você acha importante o rio São Francisco?

□Sim □ Não

22 - Você acredita que o rio está poluído? Se sim, no seu entender, o que causou essa

situação?

23 - Você acha importante a vegetação presente no seu bairro ou na área central da

cidade?

□Sim □ Não

24 - Para você o que a caatinga lhe proporciona?

25 - Você sabe ou já ouviu falar em desenvolvimento sustentável?

□Sim □ Não

26 - Explicar o que é desenvolvimento sustentável.

156

1. Você acha que o bairro está no caminho para o desenvolvimento sustentável? □Sim □ Não

27 - O que você gostaria que a Prefeitura ou o Governo do Estado fizesse pela

comunidade?

28 - Você conhece ou tem acesso às leis municipais ou Estaduais? Se sim, quais?

29 - Em sua localidade há alguma ONG? Se sim, você já teve acesso a ela? Ela ajuda o

bairro em alguma coisa?

30 – Você tem alguma relação com a área irrigada, área de sequeiro ou ribeirinha? Se sim,

quantas vezes durante a semana você vai até lá?

157

31 – Quais os principais problemas que você identifica nessa relação?

Verificar durante a visita se existem outras questões como: encosta (porque você escolheu

esse lugar para morar?) Aspectos históricos Vacinação (está em dia? Vacina-se aonde?)

Saúde bucal (boa ou não tem acesso a dentista?)Aspectos culturais.

158

APÊNDICE B – Questionário aplicado aos entrevistados do Território Irrigado

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (FCAP)

Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável (GDLS)

DISSERTAÇÃO: ESTUDO DAS DINÂMICAS TERRITORIAIS DO MUNICÍPIO DE

PETROLINA-PE

Território Irrigado

Nome: ….................................................................................................................................

RG:.......................................

Endereço:................................................................................................................................

Comunidade/Núcleo ..............................................................................................................

Local de

Origem:...................................................................................................................................

Grau de Instrução: ( )

1 – 1.º grau completo 4 – 1.º grau incompleto

2 – 2.º grau completo 5 – 2.º grau incompleto

3 – 3.º grau completo 6 – 3.º grau incompleto

7 – Analfabeto

Curso:........................................................

1- Número de moradores na

residência:................................................................................................

2 – Chefe da casa: ( ) Sim ( ) Não

3 – Quantos membros da família trabalham na roça?............... Qual a renda familiar?

….......................................................................

4 – Tem mais de 1 lote no perímetro? ( ) 1 – Sim 2 – Não

Se sim, quantos? …............ Qual a área total? …......................

159

5 – Em que ano adquiriu o lote? …..................

6 – Quando adquiriu o lote havia instalações e equipamentos? ( ) 1 – Sim 2 – Não

7 – Uso da terra e da produção em 2009.

Item Área em

Produção

Ha

Área

Implantada

ha

Tipo de

Irrigação

Valor bruto da

produção

agrícola (R$)

Despesas

(R$)

Receita

Líquida

(R$)

Lavoura

Permanente

1 – Uva

2 – Manga

3 – Banana

4 – Goiaba

5 – Coco

6 - Acerola

Lavoura Temporária

1 – Milho

2 – Feijão

3 – Mandioca

4 – Melão

5 – Melancia

6 – Tomate

7 - Outras

Olerículas

QUADRO DE DESPESAS

Item Uva Manga Banana Goiaba Coco Acerola

Conta de água

160

Adubos-

defensivos

mão-de-obra

Aluguel

trator/pulverizador

8 – Há quanto tempo está ocupado como lote? ( ) 1 – Menos de 5 anos

2 – Entre 5 e 10 anos

3 – Entre 10 e 15 anos

4 – Mais de 15 anos

9 – Como utiliza o lote? ( ) 1 – negócio/trabalho

2 – lazer/casa de campo

3 – lar permanente

10 – Possui:

( ) telefone

( ) tratamento de esgoto

( ) televisão

( ) computador (acesso à internet? ( ) s ( ) n)

( ) há coleta de lixo

( ) há coleta seletiva

11 – Estrutura da casa: ( ) alvenaria ( ) madeira ( ) sapê

12 – Mora próximo a:

( ) Rio

( ) Praça

( ) Posto de saúde

( ) Escola

161

( ) Canal de esgoto

13 – Conhece os problemas da sua comunidade?Se sim, cite alguns:

□Tratamento de esgoto □Falta de água □Alagamento □Assistência médica □Escolas

□Bibliotecas □Praças □Poluição sonora □Poluição do ar □Geração de renda

□Assaltados □Assassinatos □Drogas □

Descreva os problemas dos itens citados:

14 - Os problemas foram levados às Secretarias responsáveis? Se sim, por que eles não

foram resolvidos em sua opinião?

15 - Nos últimos seis meses alguém de sua família ficou doente? Se sim, cite a doença.

16 - Você ou alguém de sua família já teve problemas relacionados a água ou ao ar?

Exemplifique algumas doenças e a cite abaixo.

162

17 - Você ou alguém de sua família já precisou dos serviços do posto de saúde da

prefeitura? Se Sim, responda:

Havia médico? □Sim □ Não; Foi bem atendido? □Sim □ Não; Resolveu o problema? □Sim □

Não; Precisou comprar remédio □Sim □ Não; A Prefeitura disponibilizou o remédio □Sim □

Não.

18 - Fora o posto de saúde, você ou alguém de sua família já precisou de outro órgão da

Prefeitura ou do Estado? Se sim, quais? Resolveu o problema?

Órgãos Resolveu o problema

19 -Você ou alguém de sua casa estuda em escola pública ou privada?

20 - Têm aulas todos os dias?

□Sim □ Não

21 - Em sua opinião os professores ensinam bem?

□Sim □ Não

22 - Você ou alguém de sua família conhece a história do bairro?

□Sim □ Não

163

23 - Você acha importante o rio São Francisco?

□Sim □ Não

24 - Você acredita que o rio está poluído? Se sim, no seu entender, o que causou essa

situação?

25 - Você acha importante a caatinga presente no seu lote ou na área central da cidade?

□Sim □ Não

26 - Para você o que a caatinga lhe proporciona?

27 - Você sabe ou já ouviu falar em desenvolvimento sustentável?

□Sim □ Não

28 - Explicar o que é desenvolvimento sustentável.

2. Você acha que o bairro está no caminho para o desenvolvimento sustentável? □Sim □ Não

29 - O que você gostaria que a Prefeitura ou o Governo do Estado fizesse pela

comunidade?

164

30 - Você conhece ou tem acesso às leis municipais ou Estaduais? Se sim, quais?

31 - Em sua localidade há alguma ONG? Se sim, você já teve acesso a ela? Ela ajuda o

bairro em alguma coisa?

32 - Você tem alguma relação com a área irrigada, área central ou ribeirinha? Se sim,

quantas vezes durante a semana você vai até lá?

33 - Quais os principais problemas que você identifica nessa relação?

165

Verificar durante a visita se existem outras questões como: encosta (porque você escolheu

esse lugar para morar?) Aspectos históricos Vacinação (está em dia? Vacina-se aonde?)

Saúde bucal (boa ou não tem acesso a dentista?)Aspectos culturais.

166

APÊNDICE C – Questionário aplicado aos entrevistados do Território Sequeiro

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE)

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (FCAP) Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável (GDLS)

DISSERTAÇÃO: ESTUDO DAS DINÂMICAS TERRITORIAIS DO MUNICÍPIO DE PETROLINA-PE

Território Sequeiro

Nome: …..................................................................................................

RG:.......................................

Endereço:................................................................................................................................

Comunidade/Núcleo:..............................................................................................................Gr

au de Instrução: ( )

1 – 1.º grau completo 4 – 1.º grau incompleto

2 – 2.º grau completo 5 – 2.º grau incompleto

3 – 3.º grau completo 6 – 3.º grau incompleto

7 – Analfabeto

Curso:........................................................

1- Número de moradores na residência:................. Qual a renda

familiar?..........................................................................................

2 – Chefe da casa: ( ) Sim ( ) Não

3 – Quantos membros da família trabalham na roça?

….......................................................................

4 – Tem mais de 1 lote? ( ) 1 – Sim 2 – Não

Se sim, quantos? …............ Qual a área total? …......................

167

5 – Em que ano adquiriu o lote? …..................

6 – Quando adquiriu o lote havia instalações e equipamentos? ( ) 1 – Sim 2 – Não

7 – Uso da terra e da produção em 2009.*

Item Área em

Produção

Ha

Área

Implantada

ha

Tipo de

Irrigação

Valor bruto

da produção

agrícola

(R$)

Despesas

(R$)

Receita

Líquida

(R$)

Lavoura

Permanente

1 – Uva

2 – Manga

3 – Banana

4 – Goiaba

5 – Coco

6 - Acerola

Lavoura Temporária

1 – Milho

2 – Feijão

3 – Mandioca

4 – Melão

5 – Melancia

6 – Tomate

7 - Outras

Olerículas

QUADRO DE DESPESAS

Item Uva Manga Banana Goiaba Coco Acerola

Conta de água

Adubos-

168

defensivos

mão-de-obra

Aluguel

trator/pulverizador

8 – Existe Cooperativa? …........... Se sim, qual a área de

escoamento?..........................................................................................................................

9 – Há quanto tempo está ocupado como lote? ( ) 1 – Menos de 5 anos

2 – Entre 5 e 10 anos

3 – Entre 10 e 15 anos

4 – Mais de 15 anos

10 – Como utiliza o lote? ( ) 1 – negócio/trabalho

2 – lazer/casa de campo

3 – lar permanente

11 – Possui:

( ) telefone

( ) tratamento de esgoto

( ) televisão

( ) computador (acesso à internet? ( ) s ( ) n)

( ) há coleta de lixo

( ) há coleta seletiva

12 – Estrutura da casa: ( ) alvenaria ( ) madeira ( ) sapê

13 – Mora próximo a:

( ) Rio

( ) Praça

169

( ) Posto de saúde

( ) Escola

( ) Canal de esgoto

14 – Conhece os problemas da sua comunidade?Se sim, cite alguns:

□Tratamento de esgoto □Falta de água □Alagamento □Assistência médica □Escolas

□Bibliotecas □Praças □Poluição sonora □Poluição do ar □Geração de renda

□Assaltados □Assassinatos □Drogas □

Descreva os problemas dos itens citados:

15 - Os problemas foram levados às Secretarias responsáveis? Se sim, por que eles não

foram resolvidos em sua opinião?

16 - Nos últimos seis meses alguém de sua família ficou doente? Se sim, cite a doença.

170

17 - Você ou alguém de sua família já teve problemas relacionados a água ou ao ar?

Exemplifique algumas doenças e a cite abaixo.

18 - Você ou alguém de sua família já precisou dos serviços do posto de saúde da

prefeitura? Se Sim, responda:

Havia médico? □Sim □ Não; Foi bem atendido? □Sim □ Não; Resolveu o problema? □Sim □

Não; Precisou comprar remédio □Sim □ Não; A Prefeitura disponibilizou o remédio □Sim □

Não.

19 - Fora o posto de saúde, você ou alguém de sua família já precisou de outro órgão da

Prefeitura ou do Estado? Se sim, quais? Resolveu o problema?

Órgãos Resolveu o problema

20 -Você ou alguém de sua casa estuda em escola pública ou privada?

21 - Têm aulas todos os dias?

□Sim □ Não

22 - Em sua opinião os professores ensinam bem?

□Sim □ Não

171

23 - Você ou alguém de sua família conhece a história do bairro?

□Sim □ Não

24 - Você acha importante o rio São Francisco?

□Sim □ Não

25 - Você acredita que o rio está poluído? Se sim, no seu entender, o que causou essa

situação?

26 - Você acha importante a vegetação presente no seu bairro ou na área central da

cidade?

□Sim □ Não

27 - Para você o que a caatinga lhe proporciona?

28 - Você sabe ou já ouviu falar em desenvolvimento sustentável?

□Sim □ Não

29 - Explicar o que é desenvolvimento sustentável.

3. Você acha que o bairro está no caminho para o desenvolvimento sustentável? □Sim □ Não

30 - O que você gostaria que a Prefeitura ou o Governo do Estado fizesse pela

comunidade?

172

31 - Você conhece ou tem acesso às leis municipais ou Estaduais? Se sim, quais?

32 - Em sua localidade há alguma ONG? Se sim, você já teve acesso a ela? Ela ajuda o

bairro em alguma coisa?

33 - Você tem alguma relação com a área irrigada, área central ou ribeirinha? Se sim,

quantas vezes durante a semana você vai até lá?

34 - Quais os principais problemas que você identifica nessa relação?

173

Verificar durante a visita se existem outras questões como: encosta (porque você escolheu

esse lugar para morar?) Aspectos históricos Vacinação (está em dia? Vacina-se aonde?)

Saúde bucal (boa ou não tem acesso a dentista?)Aspectos culturais.

174

APÊNDICE D – Questionário aplicado aos entrevistados do Território Ribeirinho

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (FCAP)

Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável (GDLS)

DISSERTAÇÃO: ESTUDO DAS DINÂMICAS TERRITORIAIS DO MUNICÍPIO DE PETROLINA-PE

Território Ribeirinho

Nome: ….................................................................................................................................

RG:.......................................

Endereço:................................................................................................................................

Comunidade/Núcleo: .............................................................................................................

Grau de Instrução: ( )

1 – 1.º grau completo 4 – 1.º grau incompleto

2 – 2.º grau completo 5 – 2.º grau incompleto

3 – 3.º grau completo 6 – 3.º grau incompleto

7 – Analfabeto curso:........................................................

1- Número de moradores na residência: ......................................................................

2 – Chefe da casa: ( ) Sim ( ) Não

3 – Quantos membros da família trabalham na roça/pesca? ...............................................

4 – Qual a renda familiar? .............................................

5 – Tem mais de 1 lote ? ( ) 1 – Sim 2 – Não

Se sim, quantos? …............ Qual a área total? …......................

175

6 – Há quanto tempo está ocupado com o lote/pesca? ( )

1 – Menos de 5 anos 2 – Entre 5 e 10 anos 3 – Entre 10 e 15 anos 4 – Mais de 15 anos

7 – Possui:

( ) telefone

( ) tratamento de esgoto

( ) televisão

( ) computador (acesso à internet? ( ) s ( ) n)

( ) há coleta de lixo

( ) há coleta seletiva

8 – Estrutura da casa: ( ) alvenaria ( ) madeira ( ) sapê

9 – Mora próximo a:

( ) Rio

( ) Praça

( ) Posto de saúde

( ) Escola

( ) Canal de esgoto

10 – Conhece os problemas da sua comunidade?Se sim, cite alguns:

□Tratamento de esgoto □Falta de água □Alagamento □Assistência médica □Escolas □Bibliotecas

□Praças □Poluição sonora □Poluição do ar □Geração de renda □Assaltados □Assassinatos □Drogas

Descreva os problemas dos itens citados:

176

11 - Os problemas foram levados as Secretarias responsáveis? Se sim, porque eles não foram resolvidos em

sua opinião?

12 - Nos últimos seis meses alguém de sua família ficou doente? Se sim, cite a doença.

13 - Você ou alguém de sua família já teve problemas relacionados a água ou ao ar? Exemplifique algumas

doenças e a cite abaixo.

14 - Você ou alguém de sua família já precisou dos serviços do posto de saúde da prefeitura? Se Sim, responda:

Havia médico? □Sim □ Não; Foi bem atendido? □Sim □ Não; Resolveu o problema? □Sim □ Não; Precisou

comprar remédio □Sim □ Não; A Prefeitura disponibilizou o remédio □Sim □ Não.

15 - Fora o posto de saúde, você ou alguém de sua família já precisou de outro órgão da Prefeitura ou do

Estado? Se sim, quais? Resolveu o problema?

177

Órgãos Resolveu o problema

16 -Você ou alguém de sua casa estuda em escola pública ou privada?

17 - Têm aulas todos os dias? □Sim □ Não

18 - Em sua opinião os professores ensinam bem? □Sim □ Não

19 - Você ou alguém de sua família conhece a história local? □Sim □ Não

20 - Você acha importante o Rio São Francisco? □Sim □ Não

21 - Você acredita que o rio está poluído? Se sim, no seu entender, o que causou essa situação?

22 - Você acha importante a mata ciliar? □Sim □ Não

23 - Para você o que a caatinga lhe proporciona? E o Rio?

178

24 - Você sabe ou já ouviu falar em desenvolvimento sustentável? □Sim □ Não

25 - Explicar o que é desenvolvimento sustentável. Você acha que o bairro está no caminho para o

desenvolvimento sustentável? □Sim □ Não

26 - O que você gostaria que a Prefeitura ou o Governo do Estado fizesse pela comunidade?

27 - Você conhece ou tem acesso às leis municipais ou Estaduais? Se sim, quais?

28 - Em sua localidade há alguma ONG? Se sim, você já teve acesso a ela? Ela ajuda o bairro em alguma

coisa?

29 - Você tem alguma relação com a área irrigada, área de sequeiro ou central? Se sim, quantas vezes durante

a semana você vai até lá?

179

30 - Quais os principais problemas que você identifica nessa relação?

Verificar durante a visita se existem outras questões como: encosta (porque você escolheu esse lugar para

morar?) Aspectos históricos Vacinação (está em dia? Vacina-se aonde?) Saúde bucal (boa ou não tem acesso

a dentista?)Aspectos culturais.

180

181

ANEXO A – Aprovação