aprendizagem_significativa_português versÃo 2010
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A teoria de Ausubel (6) A teoria de Novak (34) O modelo de Gowin (46) A visão crítica (60) Da visão clássica à visão crítica (143) M. A. Moreira Instituto de Física da UFRGS Porto Alegre, Brasil [email protected] http://moreira.if.ufrgs.br 2010TRANSCRIPT
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
A teoria de Ausubel (6)
A teoria de Novak (34)
O modelo de Gowin (46)
A visão crítica (60)
Da visão clássica à visão crítica (143)
2010
M. A. Moreira Instituto de Física da UFRGS Porto Alegre, Brasil [email protected] http://moreira.if.ufrgs.br
Principais correntes psicológicas que
influenciaram o ensino nas últimas
décadas.
Comportamentalismo: (Skinner, Gagné,
Instrução Programada, Objetivos
Operacionais, Tecnologia Educacional…)
Humanismo: (Rogers, escolas abertas,
ensino centrado no aluno, Freire, …)
ORGANIZADOR PRÉVIO
Cognitivismo: (Piaget, Bruner, Vygotsky,
Ausubel & Novak, Vergnaud,
construtivismo, …)
Ciência Cognitiva (Psicologia Cognitiva,
Neurociência, Lingüística, Ciência da
Computação, Filosofia): Johnson-Laird,
modelos mentais, representações
mentais, modelagem computacional,
simulação computacional, ...
Organizador prévio
Moreira (2010).
David Paul
Ausubel
(1918-2008)
David Paul Ausubel nasceu em 1918 em Nova Iorque. Frequentou as Universidades de Pensylvania e Middlesex graduando-se em Psicologia e Medicina. Fez três residências em diferentes centros de psiquiatria, doutorou-se em Psicologia do Desenvolvimento na Universidade de Columbia, onde foi professor por muitos anos. Foi professor também no Teachers College das Universidades de Illinois, Toronto, Berna, Munique e Salesiana de Roma. Ao aposentar-se voltou à Psiquiatria. Nos últimos anos de vida dedicou-se a escrever uma nova versão de sua obra básica Psicologia Educacional: uma visão cognitiva. Faleceu em 2008.
Idéia central:
“Se tivesse que reduzir toda a psicologia
educacional a um só princípio, diria o
seguinte: o fator isolado mais importante
que influencia a aprendizagem é aquilo
que o aprendiz já sabe. Descubra isso e
ensine-o de acordo.” (Ausubel, 1978, p. iv)
A TEORIA DE APRENDIZAGEM DE DAVID AUSUBEL
O que o aprendiz já sabe
“Aquilo que o aprendiz já sabe”:
sua estrutura cognitiva.
“Descobrir isso”:
averiguar a estrutura
cognitiva preexistente;
“mapear” a estrutura
cognitiva.
Ensinar de acordo
“Ensinar de acordo”:
basear o ensino naquilo que o
aprendiz já sabe; identificar os
conceitos organizadores básicos
do que vai ser ensinado e
utilizar recursos e princípios que
facilitem a aprendizagem
significativa.
CONCEITO CENTRAL
APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA
Interação entre conhecimentos novos e
prévios é a característica chave da
aprendizagem significativa.
Nesta interação, o novo conhecimento
deve relacionar-se de maneira não
arbitrária e substantiva (não ao pé da
letra) com aquilo que o aprendiz já sabe e
este deve apresentar uma predisposição
para aprender.
INTERAÇÃO COGNITIVA
APRENDIZAGEM
MECÂNICA APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA
Ensino Potencialmente
Significativo
Armazenamento
literal, arbitrário,
sem significado;
não requer
compreensão,
resulta em
aplicação
mecânica a
situações
conhecidas
Incorporação
substantiva,
não arbitrária, com
significado; implica
compreensão,
transferência,
capacidade de
explicar, descrever,
enfrentar, situações
novas.
CONDIÇÕES PARA A OCORRÊNCIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA:
- O material deve ter significado lógico
1. Material potencialmente significativo
- Conceitos subsunçores devem estar
disponíveis na estrutura cognitiva
(significado lógico dos materiais x significado psicológico atribuído pelo sujeito)
2. Disposição para aprender
O aprendiz deve manifestar uma
disposição para relacionar de
maneira substantiva e não arbitrária
o novo material, potencialmente
signfiicativo, à sua estrutura
cognitiva; deve ter uma
intencionalidade
Formação de conceitos
Assimilação de conceitos
Aprendizagem mecânica?
Organizadores prévios (Ausubel)
DE ONDE VÊM OS SUBSUNÇORES?
O QUE FAZER QUANDO NÃO EXISTEM SUBSUNÇORES?
ORGANIZADOR PRÉVIO
Para Ausubel, “a principal função do
organizador prévio é a de servir de ponte
entre o que o aprendiz já sabe e o que ele
precisa saber para que possa aprender
significativamente a tarefa com que se
depara."
Organizador prévio
Provavelmente, no entanto, os
organizadores prévios são mais eficazes
como recurso didático para explicitar a
relacionabilidade do novo material com os
conceitos subsunçores existentes na
estrutura cognitiva do aluno.
EVIDÊNCIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA?
"A melhor maneira de evitar a simulação
da aprendizagem significativa é formular
questões e problemas de uma maneira
nova e não familiar que requeira máxima
transformação do conhecimento
adquirido." (Ausubel)
Evidência da aprendizagem significativa?
"Testes de compreensão devem, no
mínimo, ser escritos de maneira diferente
e apresentados em um contexto, de certa
forma, diferente daquele originalmente
encontrado no material instrucional."
Evidência da aprendizagem significativa?
"Outra alternativa para verificar a
ocorrência da aprendizagem significativa é
a de propor ao aprendiz uma tarefa de
aprendizagem, sequencialmente
dependente da outra, a qual não possa
ser executada sem uma genuína
compreensão da precedente."
Busca de evidências (a aprendizagem
significativa é progressiva, não linear),
trabalhar na zona cinza, ...
Recursividade (refazer as atividades)
Situações novas (propostas
progressivamente)
(Não há receitas!)
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Representacional (de representações)
Conceitual (de conceitos)
Proposicional (de proposições)
TIPOS DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
(aprendizagem significativa subordinada)
DIFERENCIAÇÃO PROGRESSIVA
E RECONCILIAÇÃO INTEGRATIVA
Significado
Lógico
Significado
Psicológico
Material
potencialmente
significativo
Estrutura Cognitiva
preexistente (subsunçores
relevantes)
Disposição para
aprender
APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA
Representacional
Conceitual Proposicional
Subordinada
(subsunção;
assimilação)
Superordenada Combinatória
Diferenciação
Progressiva
Reconciliação
Integrativa Organizador
Prévio
Derivativa Correlativa Obliteradora
Esquecimento Dissociabilidade Retenção
Um mapa conceitual para
a teoria de Ausubel (M.A.
Moreira)
Determinação da
estrutura conceitual
da matéria de ensino
Identificação
dos
subsunçores
relevantes
Diagnóstico
da estrutura
cognitiva do aluno
Instrução-
remédio,
se for o caso
Organização do
conteúdo, levando em
conta sua estrutura
conceitual, o uso de
organizadores prévios,
a diferenciação
progressiva, a
reconciliação integrativa
e as relações naturais de
dependência entre os
tópicos.
Aprendizagem
significativa;
crescimento
cognitivo (e afetivo)
do aluno
Ensino, levando em
conta a estrutura
cognitiva do aluno, a
consolidação e o uso de
estratégias e métodos
instrucionais que
facilitem a
aprendizagem
significativa da
estrutura conceitual da
matéria de ensino.
Avaliação da
aprendizagem e da
instrução
realimentação
Um modelo para organizar a instrução
consistentemente com a teoria de Ausubel.
(M.A. Moreira)
Organizador Prévio
Idéias, conceitos,
princípios mais
gerais, inclusivos
Organizador
Conceitos e
princípios
intermediários
Organizador
Conceitos e
princípios
intermediários
Organizador
Conceitos
específicos,
exemplos
Organizador
Conceitos
específicos,
exemplos
Organizador
Conceitos
específicos,
exemplos
Organizador
Conceitos
específicos,
exemplos
Organização seqüencial e consolidação
DIFERENCIAÇÃO
PROGRESSIVA
RECONCILIAÇÃO
INTEGRATIVA
Visão esquemática da organização do ensino, propriamente dito (etapa IV).
C O N T E Ú D O D A A U L A
I - Determinar a
estrutura
conceitual e
proposicional
II - Identificar
os subsunçores
especificamente
relevantes
III -
Diagnosticar
aquilo que os
alunos já sabem
IV - Ensinar de
acordo, usando
organizadores
prévios e
princípios
programáticos
Aprendizagem
significativa
Visão esquemática da implementação de uma aula expositiva em uma perspectiva ausubeliana.
A TEORIA DE EDUCAÇÃO DE NOVAK (visão humanista da aprendizagem significativa)
A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
subjaz
a integração construtiva de
pensamentos, sentimentos e ações
conduzindo ao
ENGRANDECIMENTO HUMANO
Joseph D. Novak, 1992 Cornell University
Joseph D. Novak
(1930)
Norte-americano nascido em 1930, com formação inicial em Biologia, fez seu doutorado em resolução de problemas nesta área. Na busca de um referencial teórico para fundamentar suas pesquisas chegou à teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel e logo passou a ser um grande divulgador desta teoria, inclusive dando-lhe uma visão humanista. Foi professor na Cornell University durante muitos anos. É considerado o criador da técnica dos mapas conceituais e hoje dedica-se a ela no Institute of Human and Machine Cognition na University of West Florida.
Figura 2 – Um mapa conceitual com os cinco elementos de Novak (Moreira, 1993).
Figura 3
Joseph D. Novak
Cornell University
1992
A aprendizagem significativa subjaz à
integração construtiva entre pensamento,
sentimento e ação que conduz ao
engrandecimento (“empowerment”)
humano.
A TEORIA DE EDUCAÇÃO DE NOVAK
1. Todo evento educativo envolve cinco
elementos: aprendiz, professor,
conhecimento, contexto e avaliação.
2. Pensamentos, sentimentos e ações
estão interligados, positiva ou
negativamente.
3. A aprendizagem significativa
requer: a) disposição para aprender, b)
materiais potencialmente significativos e
c) algum conhecimento relevante.
PRINCÍPIOS DA TEORIA DE NOVAK
4. Atitudes e sentimentos positivos em
relação à experiência educativa têm
suas raízes na aprendizagem
significativa e, por sua vez, a facilitam.
5. O conhecimento humano é construído;
a aprendizagem significativa subjaz
essa construção.
6. O conhecimento prévio do aprendiz tem
grande influência sobre a aprendizagem
significativa de novos conhecimentos.
Princípios da teoria de Novak
7. Significados são contextuais;
aprendizagem significativa não implica
aquisição de significados “corretos”.
8. Conhecimentos adquiridos por
aprendizagem significativa são muito
resistentes à mudança.
9. O ensino deve ser planejado de modo a
facilitar a aprendizagem significativa e a
ensejar experiências afetivas positivas.
Princípios da teoria de Novak
10.A avaliação da aprendizagem deve
procurar evidências de aprendizagem
significativa.
11.O ensino, o currículo e o contexto
também devem ser avaliados.
12.Mapas conceituais podem ser
representações válidas da estrutura
conceitual/proposicional de
conhecimento de um indivíduo; podem
ser intrumentos de meta-aprendizagem.
Princípios da teoria de Novak
13.O Vê epistemológico pode ser útil para
compreender a estrutura do
conhecimento e da produção do
conhecimento; pode ser instrumento de
meta conhecimento.
14.Mapas conceituais e diagramas Vê
podem ser instrumentos efetivos de
avaliação da aprendizagem.
Princípios da teoria de Novak
O MODELO DE GOWIN (Visão interacionista da aprendizagem
significativa)
A captação de significados
O compartilhar significados
D. Bob Gowin
(1926)
Foi professor na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, durante 30 anos. Fez seu doutorado na Universidade de Yale e pós-doutorado nessa mesma universidade na área de Filosofia, em 1958. É autor de vários livros, dentre os quais destaca-se Educating (1981). É muito conhecido também por um instrumento heurístico que desenvolveu para ajudar seus alunos de pós-graduação a captar a estrutura do processo de produção do conhecimento, o chamado Vê epistemológico, Vê heurístico, Vê de Gowin ou simplesmente, diagrama V. Juntamente com Joseph Novak escreveu, em 1984, a obra Aprendendo a aprender, já traduzida para muitas línguas.
Aluno
ProfessorMateriais
Educativos
Significados
compartilhadoslinguagem
linguagem
Contexto
Contexto
Figura 1 – O modelo triádico de Gowin. (Moreira, 1993): Gowin vê uma relação triádica entre Professor,
Materiais Educativos e Alumo. Para ele, uma situação de ensino-aprendizagem se caracteriza por
compartilhar significados entre aluno e professor, sobre conhecimentos veiculados pelos materiais
educativos do currículo.
Nesta relação triádica cabem algumas
relações diádicas:
Professor – Materiais Educativos
Professor – Aluno
Aluno – Aluno (Professor – Professor)
Aluno – Materiais Educativos
A relação triádica
Cada uma destas relações pode ser
educativa ou degenerativa. As primeiras
são as que são estabelecidas de modo
a ter um lugar na relação triádica. As
relações degenerativas são aquelas que
se tornam tão auto-contidas que
interferem com a concretização da
relação triádica.
A relação triádica
O produto da relação triádica entre
professor, materiais educativos e aluno
é o compartilhar significados:
“O ensino se consuma quando o
significado do material que o aluno
capta é o significado que o professor
pretende que esse material tenha para o
aluno.” (Gowin, 1981, p. 81).
A captação de significados
Um episódio de ensino ocorre quando é
alcançado o compartilhar significados
entre professor e aluno.
Usando materiais educativos do
currículo, professor e aluno buscam
congruência de significados.
O MODELO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GOWIN
O modelo triádico de Gowin pode ser
descrito da seguinte maneira:
Em uma situação de ensino, o professor
atua de maneira intencional para mudar
significados da experiência do aluno,
utilizando materiais educativos do
currículo.
Se o aluno manifesta uma disposição
para a aprendizagem significativa, ele
atua intencionalmente para captar o
significado dos materiais educativos.
O modelo de ensino-aprendizagem de Gowin
O objetivo é compartilhar significados.
O professor apresenta ao aluno os
significados já compartilhados pela
comunidade a respeito dos materiais
educativos do currículo.
O aluno, por sua vez, deve devolver ao
professor os significados que captou.
O modelo de ensino-aprendizagem de Gowin
Se o compartilhar significados não é
alcançado, o professor deve, outra vez,
apresentar, de outro modo, os
significados aceitos no contexto da
matéria de ensino.
O aluno, de alguma maneira, deve
externalizar, novamente, os significados
que captou.
O modelo de ensino-aprendizagem de Gowin
O processo pode ser mais ou menos
longo, mas o objetivo é sempre o de
compartilhar significados.
Professor e aluno têm
responsabilidades distintas neste
processo.
O modelo de ensino-aprendizagem de Gowin
O professor é responsável por verificar
se os significados que o aluno capta são
aqueles compartilhados pela
comunidade de usuários.
O aluno é responsável por verificar se
os significados que captou são aqueles
que o professor pretendia que ele
captasse, i.e., os significados
compartilhados no contexto da matéria
de ensino.
O modelo de ensino-aprendizagem de Gowin
Se é alcançado o compartilhar
significados, o aluno está pronto para
decidir se quer aprender
significativamente ou não.
O ensino requer reciprocidade de
responsabilidades, porém aprender
significativamente é uma
responsabilidade do aluno que não
pode ser compartilhada pelo professor.
O modelo de ensino-aprendizagem de Gowin
Para aprender significativamente, o
aluno tem que manifestar uma
disposição de relacionar, de maneira
não-arbitrária e não-literal, à sua
estrutura cognitiva, os significados que
capta dos materiais educativos,
potencialmente significativos, do
currículo.
O modelo de ensino-aprendizagem de Gowin
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA CRÍTICA* (A visão crítica da aprendizagem
significativa)
Marco Antonio Moreira
Instituto de Física da UFRGS
Caixa Postal 15051, Campus
91501-970 Porto Alegre, RS, Brasil
www.if.ufrgs.br/~moreira
www.marcoantoniomoreira.com.br
* Versão revisada e estendida de conferência proferida no III Encontro
Internacional sobre Aprendizagem Significativa, Lisboa (Peniche), 11 a 15 de
setembro de 2000. Publicada nas Atas deste Encontro, p.p. 33-45, com o título
original de Aprendizagem significativa subversiva.
CONCEITOS FORA DE FOCO
No último capítulo de seu livro Teaching
as a subversive activity, Postman e
Weingartner, diziam, em 1969, que
embora devesse preparar o aluno para
viver em uma sociedade caracterizada
pela mudança, cada vez mais rápida, de
conceitos, valores, tecnologias, a escola
ainda se ocupava de ensinar conceitos
fora de foco, dos quais os mais óbvios
eram (op. cit. p. 217):
Conceitos fora de foco
O conceito de "verdade" absoluta, fixa,
imutável, em particular desde uma
perspectiva polarizadora do tipo boa ou
má.
O conceito de certeza. Existe sempre uma
e somente uma resposta "certa", e é
absolutamente "certa".
O conceito de entidade isolada, ou seja,
"A" é simplesmente "A", e ponto final, de
uma vez por todas.
Conceitos fora de foco
O conceito de causalidade simples, única,
mecânica; a idéia de que cada efeito é o
resultado de uma só, facilmente
identificável, causa.
O conceito de que diferenças existem
somente em formas paralelas e opostas:
bom-ruim, certo-errado, sim-não, curto-
comprido, para cima-para baixo, etc.
Conceitos fora de foco
O conceito de que o conhecimento é
"transmitido", que emana de uma
autoridade superior, e deve ser aceito
sem questionamento.
Conceitos fora de foco
Ao contrário, as estratégias intelectuais de
sobrevivência nessa época de energia
nuclear e de viagens espaciais
dependeriam de conceitos como
relatividade, probabilidade, incerteza,
função, causalidade múltipla (ou não-
causalidade), relações não-simétricas,
graus de diferença e incongruência.
HÁ MAIS DE 40 ANOS
Isso foi há mais de 40 anos quando a chegada do homem à lua e a chamada era nuclear simbolizavam grandes mudanças. Hoje, tais mudanças parecem até pequenas frente as que nos atropelam diariamente. A educação, no entanto, continua a promover vários dos conceitos que Postman e Weingartner criticavam e classificavam como fora de foco. Ainda se ensinam "verdades", respostas "certas", ...
Há mais de 40 anos
...entidades isoladas, causas simples e identificáveis, estados e "coisas" fixos, diferenças somente dicotômicas. E ainda se "transmite" o conhecimento, desestimulando o questionamento. O discurso educacional pode ser outro, mas a prática educativa continua a não fomentar o "aprender a aprender" que permitirá à pessoa lidar frutiferamente com a mudança, e sobreviver.
NOVOS CONCEITOS FORA DE FOCO
Ao invés de ajudar os alunos a construir
significados para conceitos como
relatividade, probabilidade, incerteza,
sistema, função, assimetria, causalidade
múltipla, graus de diferença,
representações, modelos, a educação, a
meu ver, agregou novos conceitos fora de
foco à lista de Postman e Weingartner.
Novos conceitos fora de foco
Por exemplo:
O conceito de informação como algo
necessário e bom; quanto mais
informação, melhor, estamos em plena
era da informação.
O conceito de idolatria tecnológica; a
tecnologia é boa para o homem e está
necessariamente associada ao progresso
e à qualidade de vida.
Novos conceitos fora de foco
O conceito de consumidor cônscio de
seus direitos; quanto mais consumir
melhor, quanto mais objetos
desnecessários comprar melhor, mas
deve fazer valer seus direitos de
consumidor.
O conceito de globalização da economia
como algo necessário e inevitável; o livre
comércio sem restrições é bom para
todos.
Novos conceitos fora de foco
O conceito de que o "mercado dá conta";
por exemplo, a educação é uma
mercadoria que pode ser vendida por
qualquer instituição, "o mercado se
encarrega" da oferta, da procura, da
qualidade.
Novos conceitos fora de foco
A escola ainda transmite a ilusão da
certeza, mas procura atualizar-se
tecnologicamente, competir com outros
mecanismos de difusão da informação e,
talvez não abertamente, ou
inadvertidamente, preparar o aluno para a
sociedade do consumo, para o mercado,
para a globalização. Tudo fora de foco.
MAS QUAL SERIA O FOCO? QUAL SERIA A SAÍDA?
Parafraseando Postman e Weingartner,
talvez a "Aprendizagem significativa como
atividade subersiva". Mas a subversão a
qual me refiro é, sobretudo, uma postura
crítica, como estratégia de sobrevivência
na sociedade contemporânea. Logo, a
saída poderia ser a aprendizagem
significativa crítica (subversiva).
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Sabemos que a aprendizagem significativa caracteriza-se pela interação entre o novo conhecimento e o conhecimento prévio. Nesse processo, que é não-literal e não-arbitrário, o novo conhecimento adquire significados para o aprendiz e o conhecimento prévio fica mais rico, mais diferenciado, mais elaborado em termos de significados, e adquire mais estabilidade. (Moreira e Masini, 1982, 2006; Moreira, 1999, 2000, 2006; Masini e Moreira, 2009).
Aprendizagem significativa
Na aprendizagem significativa, o aprendiz não é um receptor passivo. Longe disso. Ele deve fazer uso dos significados que já internalizou, de maneira substantiva e não arbitrária, para poder captar os significados dos materiais educativos. Nesse processo, ao mesmo tempo que está progressivamente diferenciando sua estrutura cognitiva, está também fazendo a reconciliação integradora de modo a identificar semelhanças e diferenças e reorganizar seu conhecimento. Quer dizer, o aprendiz constrói seu conhecimento, produz seu conhecimento.
Aprendizagem significativa
Além de saber o que é aprendizagem significativa, conhecemos princípios programáticos facilitadores -- como a diferenciação progressiva, a reconciliação integradora, a organização sequencial e a consolidação (Ausubel et al. 1978, 1980, 1983) -- e algumas estratégias facilitadoras -- como os organizadores prévios, os mapas conceituais e os diagramas V (Novak e Gowin, 1984, 1988, 1996; Moreira e Buchweitz, 1987, 1993; Moreira, 2006).
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA CRÍTICA
Aprendizagem significativa crítica: é aquela perspectiva que permite ao sujeito fazer parte de sua cultura e, ao mesmo tempo, estar fora dela. Trata-se de uma perspectiva antropológica em relação às atividades de seu grupo social que permite ao indivíduo participar de tais atividades mas, ao mesmo tempo, reconhecer quando a realidade está se afastando tanto que não está mais sendo captada pelo grupo. ...
Aprendizagem significativa crítica
...É esse o significado de subversivo para
Postman e Weingartner (op. cit. p. 4), mas
enquanto eles se ocupam do ensino
subversivo, prefiro pensar mais em
aprendizagem subversiva e creio que a
aprendizagem significativa crítica pode
subjazer a esse tipo de subversão.
A FACILITAÇÃO DA APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA CRÍTICA: PRINCÍPIOS
1. Princípio do conhecimento prévio. Aprendemos a partir do que já sabemos. A aprendizagem significativa, no sentido de captar e internalizar significados socialmente construídos e contextualmente aceitos, é o primeiro passo, ou condição prévia, para uma aprendizagem significativa crítica.
Quer dizer, para ser crítico de algum conhecimento, de algum conceito, de algum enunciado, é preciso primeiramente aprendê-lo significativamente e, para isso, o conhecimento prévio é, isoladamente, a variável mais importante.
A facilitação da aprendizagem
significativa crítica: princípios
O conhecimento prévio, seja qual for ele (subsunçores, esquemas, construtos, representações, modelos mentais...) é a principal variável a influenciar a aquisição significativa de novos conhecimentos.
Uma consequência disso é que o ensino, como propõem Ausubel, Freire e Postman, parta daquilo que os alunos já sabem.
Na prática, no entanto, predomina a metáfora freireana da educação bancária, na qual o conhecimento é “depositado”, acriticamente, na cabeça do aluno.
A facilitação da aprendizagem
significativa crítica: princípios
2. Princípio da interação social e do
questionamento. Ensinar/aprender
perguntas ao invés de respostas. A
interação social é indispensável para a
concretização de um episódio de ensino.
Tal episódio ocorre quando professor e
aluno compartilham significados em
relação aos materiais educativos
do currículo. (Gowin, 1981). ...
A facilitação da aprendizagem
significativa crítica: princípios
...O compartilhar significados resulta da negociação de significados entre aluno e professor. Mas essa negociação deve envolver uma permanente troca de perguntas ao invés de respostas. Como dizem Postman e Weingartner "o conhecimento não está nos livros à espera de que alguém venha a aprendê-lo; o conhecimento é produzido em reposta a perguntas; todo novo conhecimento resulta de novas perguntas, muitas vezes novas perguntas sobre velhas perguntas" (op. cit. p. 23).
A facilitação da aprendizagem
significativa crítica: princípios
Um ensino baseado em respostas
transmitidas primeiro do professor para o
aluno nas aulas e, depois, do aluno para o
professor nas provas, não é crítico e tende
a gerar aprendizagem não crítica, em
geral mecânica. Ao contrário, um ensino
centrado na interação entre professor e
aluno enfatizando o intercâmbio de
perguntas tende a ser crítico e suscitar a
uma aprendizagem significativa crítica.
A facilitação da aprendizagem
significativa crítica: princípios
Contudo, deve ficar claro que este princípio não implica negar a validade de momentos explicativos em que o professor expõe um assunto, explica algo. Com dizia Freire (2003), o fundamental é que professor e alunos tenham uma postura dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto falam ou ouvem. O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos (p. 86).
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
3. Princípio da não centralidade do livro
de texto. Do uso de documentos,
artigos e outros materiais educativos.
Da diversidade de materiais
instrucionais. O livro de texto simboliza
aquela autoridade de onde "emana" o
conhecimento. Professores e alunos se
apóiam em demasia no livro de texto.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
A utilização de materiais diversificados, e
cuidadosamente selecionados, ao invés
da "centralização" em livros de texto é
também um princípio facilitador da
aprendizagem significativa crítica.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
Aqui estou defendendo a diversidade de
materiais instrucionais em substituição ao
livro de texto, tão estimulador da
aprendizagem mecânica, tão transmissor
de verdades, certezas, entidades isoladas
(em capítulos!), tão "seguro" para
professores e alunos. Não se trata,
propriamente, de banir da escola o livro
didático, mas de considerá-lo apenas um
dentre vários materiais educativos. ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...Seguramente, há bons livros didáticos
em qualquer disciplina, mas adotar um
único como livro de texto, vai contra a
facilitação da aprendizagem significativa
crítica. É uma prática docente
deformadora, ao invés de formadora,
tanto para alunos como para professores.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
4. Princípio do aprendiz como
perceptor/representador. Muitas
práticas escolares têm sido criticadas por
considerarem os alunos como receptores
da matéria de ensino.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
Mas a questão não é essa, pelo menos no
momento atual. A questão é que
o aprendiz é um perceptor/representador,
i.e., ele percebe o mundo e o representa.
Quer dizer, tudo que o aluno recebe
ele percebe. Portanto, a discussão
sobre a recepção é inócua, o
importante é a percepção. E o que
se percebe é, em grande parte,
função de percepções prévias. ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...Parafraseando Ausubel, poder-se-ia dizer que, se fosse possível isolar um único fator como o que mais influencia a percepção, dir-se-ia que seria a percepção prévia. Em outra palavras, o perceptor decide como representar em sua mente um objeto ou um estado de coisas do mundo e toma essa decisão baseado naquilo que sua experiência passada (i.e., percepções anteriores) sugere que irá "funcionar" para ele.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
A idéia de percepção/representação nos
traz a noção de que o que "vemos" é
produto do que acreditamos "estar lá" no
mundo. Vemos as coisas não como elas
são, mas como nós somos. Sempre que
dissermos que uma coisa "é", ela não é.
Em termos de ensino, isso significa
que o professor estará sempre
lidando com as percepções dos
alunos em um dado momento. ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...Mais ainda, como as percepções dos
alunos vêm de suas percepções prévias,
as quais são únicas, cada um deles
perceberá de maneira única o que lhe for
ensinado. Acrescente-se a isso o fato que
o professor é também um perceptor e o
que ensina é fruto de suas percepções.
Quer dizer, a comunicação só será
possível na medida em que dois...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...perceptores, professor e aluno no caso,
buscarem perceber de maneira
semelhante os materiais educativos do
currículo. Isso nos corrobora a importância
da interação pessoal e do questionamento
na facilitação da aprendizagem
significativa.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
5. Princípio do conhecimento como linguagem. A linguagem está longe de ser neutra no processo de perceber, bem como no processo de avaliar nossas percepções. Estamos acostumados a pensar que a linguagem "expressa" nosso pensamento e que ela "reflete" o que vemos. Contudo, esta crença é ingênua e simplista, a linguagem está totalmente implicada em qualquer e em todas nossas tentativas de perceber a realidade (Postman e Weingartner, 1969, p. 99).
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
Uma "disciplina" é uma maneira de ver o mundo, um modo de conhecer, e tudo o que é conhecido nessa "disciplina" é inseparável dos símbolos (tipicamente palavras) em que é codificado o conhecimento nela produzido. Ensinar Biologia, Matemática, História, Física, Literatura ou qualquer outra "matéria" é, em última análise, ensinar uma linguagem, um jeito de falar e, consequentemente, um modo de ver o mundo. (op. cit. p. 102).
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
Aprender um conteúdo de maneira
significativa é aprender sua linguagem,
não só palavras -- outros signos,
instrumentos e procedimentos também --
mas principalmente palavras, de maneira
substantiva e não-arbitrária. Aprendê-la
de maneira crítica é perceber essa
nova linguagem como uma nova
maneira de perceber o mundo. ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...O ensino deve buscar a facilitação
dessa aprendizagem e, aí, entra a cena o
princípio da interação social e do
questionamento: a aprendizagem da nova
linguagem é mediada pelo intercâmbio de
significados, pela clarificação de
significados, enfim, pela negociação de
significados que é feita através da
linguagem humana.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
6. Princípio da consciência semântica. O
significado está nas pessoas, não nas
palavras. Sejam quais forem os
significados que tenham as palavras,
eles foram atribuídos a elas pelas
pessoas. Contudo, as pessoas não
podem dar às palavras significados
que estejam além de sua experiência. ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...Observa-se aí, outra vez, a importância
do conhecimento prévio, i.e., dos
significados prévios na aquisição de novos
significados. Quando o aprendiz não têm
condições, ou não quer, atribuir
significados às palavras, a aprendizagem
é mecânica, não significativa.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
A segunda conscientização necessária, e
muito relacionada à primeira, é a de que
as palavras não são aquilo ao qual elas
ostensivamente se referem. Quer dizer, a
palavra não é coisa (Postman e
Weingartner, 1969, p. 106). Sempre que
dissermos que uma coisa é, ela não é. A
palavra significa a coisa, representa a
coisa.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
Outro tipo de consciência semântica
necessária à aprendizagem significativa
crítica é o de que, ao usarmos palavras
para nomear as coisas, é preciso não
deixar de perceber que os significados
das palavras mudam. O mundo está
permanentemente mudando, mas a
utilização de nomes para as coisas, tende
a "fixar" o que é nomeado.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
O princípio da consciência semântica,
embora abstrato, é muito importante para
o ensino e aprendizagem. Talvez seja
mais fácil falar em significados. Como diz
Gowin (1981), um episódio de ensino se
consuma quando aluno e professor
compartilham significados sobre os
materiais educativos do currículo. ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...Para aprender de maneira significativa, o aluno deve relacionar, de maneira não-arbitrária e não-literal, à sua estrutura prévia de significados aqueles que captou dos materiais potencialmente significativos do currículo. Mas nesse processo, professor e aluno devem ter consciência semântica (i.e., o significado está nas pessoas, as palavras significam as coisas em distintos níveis de abstração, o significado tem direção, há significados conotativos e denotativos, os significados mudam).
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
Na medida em que o aprendiz
desenvolver aquilo que chamamos de
consciência semântica, a aprendizagem
poderá ser significativa e crítica, pois, por
exemplo, não cairá na armadilha da
causalidade simples, não acreditará
que as respostas tem que
ser necessariamente certas ou
erradas, ou que as decisões
são sempre do tipo sim ou não. ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...Ao contrário, o indivíduo que aprendeu
significativamente dessa maneira, pensará
em escolhas ao invés de decisões
dicotômicas, em complexidade de causas
ao invés de supersimplificações, em graus
de certeza ao invés de certo ou errado.
7. Princípio da aprendizagem pelo erro. É preciso não confundir aprendizagem pelo erro com o conceito de aprendizagem por ensaio-e-erro, cujo significado é geralmente pejorativo. Na medida em que o conhecimento prévio é o fator determinante da aprendizagem significativa, ela, automaticamente, deixa de ser o processo errático e ateórico que caracteriza a aprendizagem por ensaio-e-erro. ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...A idéia aqui é a de que o ser humano
erra o tempo todo. É da natureza humana
errar. O homem aprende corrigindo seus
erros. Não há nada errado em errar.
Errado é pensar que a certeza existe, que
a verdade é absoluta, que o conhecimento
é permanente.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
A escola, no entanto, pune o erro e busca
promover a aprendizagem de fatos, leis,
conceitos, teorias, como verdades
duradouras. (Professores e livros de texto
ajudam muito nessa tarefa.) Parece
nonsense, mas a escola simplesmente
ignora o erro como mecanismo humano,
por excelência, para construir o
conhecimento.
Nessa escola, os professores
são contadores de verdades e os
livros estão cheios de verdades.
Postman (1996, p. 120), no entanto,
sugeriria outra metáfora: professores
como detectores de erros que tentassem
ajudar seus alunos a reduzir erros em
seus conhecimentos e habilidades. ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...Quer dizer, tais professores buscariam
ajudar seus alunos a serem também
detectores de erros. Isso nos remete,
outra vez, à idéia de aprendizagem
significativa crítica: buscar
sistematicamente o erro é pensar
criticamente, é aprender a aprender, é
aprender criticamente rejeitando certezas,
encarando o erro como natural e
aprendendo através de sua superação.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
8. Princípio da desaprendizagem.
Desaprender está sendo usado aqui com o
significado de não usar o conhecimento
prévio (subsunçor) que impede que o
sujeito capte os significados compartilhados
a respeito do novo conhecimento. Não se
trata de “apagar” algum conhecimento já
existente na estrutura cognitiva o que, aliás,
é impossível se a aprendizagem foi
significativa, mas sim de não usá-lo como
subsunçor.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
Aprender a desaprender, é aprender a
distinguir entre o relevante e o irrelevante
no conhecimento prévio e libertar-se do
irrelevante, i.e., desaprendê-lo.
Aprendizagem desse tipo é aprendizagem
significativa crítica. Sua facilitação deveria
ser missão da escola na sociedade
tecnológica contemporânea.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
9. Princípio da incerteza do
conhecimento. Este princípio é, de
certa forma, síntese de princípios
anteriores, em particular daqueles que
têm a ver com a linguagem. Definições,
perguntas e metáforas são três dos mais
potentes elementos com os quais a
linguagem humana constrói uma visão
de mundo (Postman, 1996, p. 175). ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...A aprendizagem significativa destes três
elementos só será da maneira que estou
chamando de crítica quando o aprendiz
perceber que as definições são invenções,
ou criações, humanas, que tudo o que
sabemos tem origem em perguntas e que
todo nosso conhecimento é metafórico.
PERGUNTAS
Perguntas são instrumentos de percepção. A natureza de uma pergunta (sua forma e suas suposições) determinam a natureza da resposta. Poder-se-ia dizer que as perguntas constituem o principal instrumento intelectual disponível para os seres humanos (op. cit. p. 173). Nosso conhecimento é, portanto, incerto pois depende das perguntas que fazemos sobre o mundo. ...
Perguntas
...Mais ainda, para responder, muitas vezes observamos o mundo, mas a observação é função do sistema de símbolos disponível ao observador. Quanto mais limitado esse sistema de símbolos (i.e., essa linguagem) menos ele é capaz de “ver”. (Postman e Weingartner, 1969, p. 121). (Já no segundo princípio desta série foi destacada a extrema importância do questionamento crítico para a aprendizagem significativa crítica.)
DEFINIÇÕES
Definições são instrumentos para pensar
e não têm nenhuma autoridade fora do
contexto para o qual foram inventadas.
No entanto, os alunos não são ensinados
de modo a perceber isso. Desde o início
da escolarização até a pós-graduação,
os alunos, simplesmente, “recebem”
definições como se fossem parte
do mundo natural, como as nuvens,
as árvores e as estrelas. ...
Definições
...Aprender alguma definição de maneira significativa crítica não é apenas dar-lhe significado através da interação com algum subsunçor adequado, é também percebê-la como uma definição que foi inventada para alguma finalidade e que talvez definições alternativas também servissem para tal finalidade. (Postman, 1996, p. 172). O conhecimento expresso através de definições é, então, incerto. Quer dizer, poderia ser diferente se as definições fossem outras.
METÁFORAS
As metáforas são igualmente instrumentos
que usamos para pensar. Metáfora é
muito mais do que uma figura poética.
Não só os poetas usam metáforas.
Biólogos, físicos, historiadores, lingüistas,
enfim, todos que tentam dizer algo sobre o
mundo usam metáforas. A metáfora não é
um ornamento. É um órgão de percepção.
A luz, por exemplo, é onda ou partícula?
...
Metáforas
...As moléculas são como bolas de bilhar
ou campos de força? (op. cit., pp. 173-
174). A Psicologia Cognitiva
contemporânea tem como um de seus
pressupostos fundamentais a metáfora do
computador, i.e., a mente como um
sistema de cômputo. A Física deve
ter também algumas metáforas em
seus fundamentos; a energia
talvez seja a principal delas. ...
Metáforas
...Os modelos físicos são metafóricos. Há modelos que supõem que as entidades físicas se comportam como se fossem partículas perfeitamente elásticas ou que tenham partículas de massa nula. Campos elétricos que se comportam como se fossem constituídos por linhas de força imaginárias. Na verdade, todas as áreas de conhecimento têm metáforas em suas bases. Entender um campo de conhecimento implica compreender as metáforas que o fundamentam.
INCERTEZA & INDIFERENÇA
O princípio da incerteza do conhecimento
nos chama atenção que nossa visão de
mundo é construída primordialmente com
as definições que criamos, com as
perguntas que formulamos e com as
metáforas que utilizamos. Naturalmente,
estes três elementos estão inter-
relacionados na linguagem humana.
Incerteza & indiferença
É preciso não confundir este princípio da
incerteza do conhecimento com
indiferença do conhecimento, ou seja, que
qualquer conhecimento vale. O que ele
está chamando atenção é para o fato é
que nosso conhecimento é construção
nossa e, portanto, por um lado, pode estar
errado, e, por outro, depende de como o
construímos.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
10.Princípio da não utilização do quadro-
de-giz. Da participação ativa do aluno.
Da diversidade de estratégias de
ensino. Assim como o livro de texto
simboliza a autoridade de onde "emana"
o conhecimento, o quadro de giz
simboliza o ensino transmissivo, no qual
outra autoridade, o professor, parafrasea,
ou simplesmente repete, o que está no
livro, ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...ou resolve exercícios, para que os alunos copiem, "estudem" na véspera da prova e nela repitam o que conseguem lembrar. É difícil imaginar ensino mais anti-aprendizagem significativa, e muito menos crítica, do que esse: o professor escreve no quadro, os alunos copiam, decoram e reproduzem. É a apologia da aprendizagem mecânica, mas, ainda assim, predomina na escola.
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
Naturalmente, eliminar o quadro-de-giz
não resolve o problema porque outras
técnicas poderão manter vivo esse tipo de
ensino; até mesmo o moderno canhão
eletrônico (datashow), com coloridas
apresentações em power point, poderá
servir para isso. ...
A facilitação da aprendizagem significativa crítica: princípios
...Mas o quadro-de-giz simboliza e
estimula um ensino no qual o aluno
espera que nele o professor escreva
respostas certas e este acredita que deve
fazê-lo porque assim estará ensinando.
Por isso, o uso do quadro-de-giz deve ser
minimizado, ou abandonado de vez.
DIVERSIDADE DE ESTRATÉGIAS
Assim como a idéia que está por trás do princípio da não centralidade do livro de texto é a da diversidade de materiais educativos a que subjaz ao princípio da não utilização do quadro-de-giz é a da diversidade de estratégias instrucionais. O uso de distintas estratégias instrucionais que impliquem participação ativa do estudante e, de fato, promovam um ensino centralizado no aluno é fundamental para facilitar a aprendizagem significativa crítica.
Diversidade de estratégias
Não é preciso buscar estratégias sofisticadas. A não utilização do quadro-de-giz leva naturalmente ao uso de atividades colaborativas, seminários, projetos, pesquisas, discussões, painéis, enfim, a diversas estratégias, as quais devem ter subjacentes os demais princípios. Na verdade, o uso dessas estratégias de ensino facilita tanto a implementação dos demais princípios em sala de aula como a atividade mediadora do professor.
A facilitação da aprendizagem
significativa crítica: princípios
11. Princípio do abandono da narrativa. De deixar o aluno falar. Este princípio é complementar ao da não utilização do quadro-de-giz que, por sua vez, é complementar ao da não centralidade do livro de texto.
Ambos são subjacentes à narrativa do professor. Ou seja, o professor narra, os alunos ouvem, anotam e memorizam para as provas.
O modelo da narrativa
O ato principal de dar aula é narrar clara e cuidadosamente aos estudantes algo que eles desconhecem previamente. O conhecimento se transmite, imaginamos, por meio deste ato narrativo (Finkel, 2008, p. 34).
O modelo da narrativa parece natural aos alunos, aos pais, à sociedade, a todos, e, por isso mesmo, não é questionado.
Mas deveria sê-lo porque transmitir o conhecimento desde a cabeça do professor até o caderno do aluno, para que este transfira o conhecimento do caderno à sua cabeça para passar em exames é um objetivo inadequado para a educação, e ainda mais para uma aprendizagem significativa crítica.
O modelo da narrativa
Este modelo está voltado para a aprendizagem de informações específicas a curto prazo. Pouco resta dessa aprendizagem depois de algum tempo.
Muitos professores não se limitam a repetir no quadro-de-giz o que está nos livros, fazem esquemas, sínteses, trazem exemplos, explicam, enfim, “dão boas aulas” segundo o modelo clássico. Ainda assim os alunos copiam tudo o que podem (ou pedem os arquivos eletrônicos ao professor) para estudarem depois.
O modelo da narrativa
Alguns professores, geralmente considerados ótimos professores, até mesmo grandes professores, fazem excelentes exposições orais, encantam seus alunos explicando clara e cuidadosamente certos assuntos. Esses alunos anotam o que podem e saem da aula com a boa sensação de que entenderam o assunto. Se esse assunto for pedido em provas da mesma maneira como o professor explicou, provavelmente, sair-se-ão bastante bem.
Mas se as questões implicarem aplicação desse mesmo assunto a situações novas, o resultado, provavelmente, será pobre. É comum nesse caso dizerem que o assunto não foi dado em aula.
Abandono da narrativa.
Dar aula de boca fechada.
O princípio do abandono da narrativa implica a busca de outras maneiras de ensinar, nas quais, metaforicamente, o professor fale menos, narre menos e o aluno fale mais, participe criticamente de sua aprendizagem.
Nessa linha, Don Finkel (2008) propõe a metáfora Dar aula de boca fechada.
Ensino centrado no aluno
Ensino centrado no aluno tendo o professor como mediador é ensino em que o aluno fala muito e o professor fala pouco.
Deixar o aluno falar implica usar estratégias nas quais os alunos possam discutir, negociar significados entre si, apresentar oralmente ao grande grupo, produto de suas atividades colaborativas, receber e fazer críticas.
Aprender a aprender
O aluno tem que ser ativo, não passivo. Ela ou ele tem que aprender a interpretar, a negociar significados, tem que aprender a ser crítico e aceitar a crítica.
Aceitar acriticamente a narrativa do “bom professor” não leva a uma aprendizagem significativa crítica, a uma aprendizagem relevante, de longa duração; não leva ao aprender a aprender.
CONCLUSÃO
1. Aprender que aprendemos a partir do que já sabemos. (Princípio do conhecimento prévio).
2. Aprender/ensinar perguntas ao invés de respostas. (Princípio da interação social e do questionamento).
3. Aprender a partir de distintos materiais educativos. (Princípio da não centralidade do livro de texto).
Para uma aprendizagem significativa crítica
(subversiva) é preciso:
Conclusão
4. Aprender que somos perceptores e
representadores do mundo. (Princípio do
aprendiz como perceptor/representador).
5. Aprender que a linguagem está
totalmente implicada em qualquer e em
todas as tentativas humanas de perceber
a realidade. (Princípio do conhecimento
como linguagem).
Conclusão
6. Aprender que o significado está nas pessoas, não nas palavras. (Princípio da consciência semântica).
7. Aprender que o homem aprende corrigindo seus erros. (Princípio da aprendizagem pelo erro).
8. Aprender a desaprender, a não usar conceitos e estratégias irrelevantes para a sobrevivência. (Princípio da desaprendizagem).
Conclusão
9. Aprender que as perguntas são instrumentos de percepção e que definições e metáforas são instrumentos para pensar. (Princípio da incerteza do conhecimento).
10. Aprender a partir de distintas estratégias de ensino. (Princípio da não utilização do quadro-de-giz).
11. Aprender que simplesmente repetir a narrativa de outra pessoa não estimula a compreensão. (Princípio do abandono da narrativa.)
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APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: da Visão Clássica à Visão Crítica*
Marco Antonio Moreira [email protected]
http://moreira.if.ufrgs.br www.marcoantoniomoreira.com.br
* Conferência de encerramento do V Encontro Internacional sobre
Aprendizagem Significativa, Madrid, Espanha, setembro de 2006. Uma versão
preliminar e reduzida desta conferência foi apresentada no I Encontro Nacional
de Aprendizagem Significativa, Campo Grande, MS, Brasil, abril de 2005. Em
ambos os casos, o texto correspondente está publicado nas respectivas Atas.
David Paul
Ausubel
(1918-2008)
David Paul Ausubel nasceu em 1918 em Nova Iorque. Frequentou as Universidades de Pensylvania e Middlesex graduando-se em Psicologia e Medicina. Fez três residências em diferentes centros de psiquiatria, doutorou-se em Psicologia do Desenvolvimento na Universidade de Columbia, onde foi professor por muitos anos. Foi professor também no Teachers College das Universidades de Illinois, Toronto, Berna, Munique e Salesiana de Roma. Ao aposentar-se voltou à Psiquiatria. Nos últimos anos de vida dedicou-se a escrever uma nova versão de sua obra básica Psicologia Educacional: uma visão cognitiva. Faleceu em 2008.
APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA
Visão clássica/Interacionista cognitiva.
(Ausubel, 1968, 2000)
a A a’A’ a’ + A’ A’
A interação entre a e A é não arbitrária e
não literal.
Ausubel, D.P. (1968). Educational psychology: a cognitive view. New York:
Hot, Rinehart and Winston.
Ausubel, D.P. (2000). The acquisition and retention of knowledge: A cognitive
view. Dondrecht: Kluwer Academis Publishers.
interação
APRENDIZAGEM
MECÂNICA APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA
Ensino Potencialmente
Significativo
Armazenamento
literal, arbitrário,
sem significado;
não requer
compreensão,
resulta em
aplicação
mecânica a
situações
conhecidas.
Incorporação
substantiva,
não arbitrária, com
significado; implica
compreensão,
transferência,
capacidade de
explicar, descrever,
enfrentar, situações
novas.
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
aprendizagem subordinada
Tipos aprendizagem superordenada
aprendizagem combinatória
Condições material potencialmente significativo
disposição para aprender
Princípios diferenciação progressiva
Facilitadores reconciliação integradora
(programação consolidação
do conteúdo) organização sequencial
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Busca de evidências (a aprendizagem significativa é progressiva, não linear), trabalhar na zona cinza, ...
Recursividade (refazer as atividades)
Situações novas (propostas progressivamente)
(Não há receitas!)
Joseph D. Novak
(1930)
Norte-americano nascido em 1930, com formação inicial em Biologia, fez seu doutorado em resolução de problemas nesta área. Na busca de um referencial teórico para fundamentar suas pesquisas chegou à teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel e logo passou a ser um grande divulgador desta teoria, inclusive dando-lhe uma visão humanista. Foi professor na Cornell University durante muitos anos. É considerado o criador da técnica dos mapas conceituais e hoje dedica-se a ela no Institute of Human and Machine Cognition na University of West Florida.
VISÃO HUMANISTA (NOVAK, 1977)*
Pensamentos, sentimentos e ações estão
integrados, para bem ou para mal.
A aprendizagem significativa subjaz à
integração construtiva (positiva) de
pensamentos, sentimentos e ações.
* Novak, J.D. (1977). A theory of education. Ithaca, N.Y.: Cornell University
Press. Traduzido por M.A. Moreira e publicado pela Editora Pioneira, SP, 1981.
COROLÁRIO (Moreira)
Quando as situações-problema não fazem
sentido para o aluno, a aprendizagem tende a
ser mecânica (puramente memorística) e
suscitar uma integração de pensamentos,
sentimentos e ações negativas em relação à
matéria de ensino.
Visão humanista (Novak, 1977)*
* Novak, J.D. (1977). A theory of education. Ithaca, N.Y.: Cornell University
Press. Traduzido por M.A. Moreira e publicado pela Editora Pioneira, SP, 1981.
APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA
PENSAMENTOS
SENTIMENTOS
AÇÕES
i
n
t
e
g
r
a
d
o
s
Engrandecimento
humano
Aluno
(aprendizagem)
Professor
(ensino)
Conhecimento
(currículo)
Contexto
(meio social)
Avaliação
Mapas
Conceituais Diagramas V
(possíveis estratégias
facilitadoras)
i
n
t
e
r
d
e
p
e
n
d
e
n
t
e
s
D. Bob Gowin
(1926)
Foi professor na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, durante 30 anos. Fez seu doutorado na Universidade de Yale e pós-doutorado nessa mesma universidade na área de Filosofia, em 1958. É autor de vários livros, dentre os quais destaca-se Educating (1981). É muito conhecido também por um instrumento heurístico que desenvolveu para ajudar seus alunos de pós-graduação a captar a estrutura do processo de produção do conhecimento, o chamado Vê epistemológico, Vê heurístico, Vê de Gowin ou simplesmente, diagrama V. Juntamente com Joseph Novak escreveu, em 1984, a obra Aprendendo a aprender, já traduzida para muitas línguas.
VISÃO INTERACIONISTA SOCIAL (GOWIN, 1981)*
* Gowin, D.B. (1981). Educating. Ithaca, N.Y.: Cornell University Press.
Aluno
ProfessorMateriais
Educativos
Significados
compartilhadoslinguagem
linguagem
Contexto
Contexto
Visão interacionista social (Gowin, 1981)*
A relação é triádica e objetiva o
compartilhar significados a respeito dos
materiais educativos do currículo.
As relações diádicas quando auto-
contidas são degeneradas.
* Gowin, D.B. (1981). Educating. Ithaca, N.Y.: Cornell University Press.
Visão interacionista social (Gowin, 1981)*
Um episódio de ensino ocorre quando o
professor e aluno compartilham
significados.
Para aprender de maneira significativa o
aluno tem que captar os significados
aceitos no contexto da matéria de ensino.
A “negociação” vai até a captação de
significados.
* Gowin, D.B. (1981). Educating. Ithaca, N.Y.: Cornell University Press.
Philip
Johnson-Laird
(1936)
É professor de psicologia na Universidade de Princeton. E muito conhecido por seu trabalho com modelos mentais, raciocínio dedutivo e criatividade. Em particular, Johnson-Laird mostrou como o conceito de modelos mentais pode ser usado para compreender uma variedade de processos psicológicos.
VISÃO COGNITIVA CONTEMPORÂNEA (MODELOS MENTAIS; JOHNSON-LAIRD,
1983)*
*Johnson-Laird, P. (1983). Mental models. Cambridge, MA: Harvard University
Press.
A METÁFORA DA MENTE
REPRESENTACIONAL
COMPUTACIONAL
As pessoas não captam o mundo externo
diretamente; elas constróem
representações mentais (i.e., internas)
dele.
VISÃO COGNITIVA CONTEMPORÂNEA (MODELOS MENTAIS; JOHNSON-LAIRD,
1983)
A predisposição para aprender passa a
significar predisposição para representar
mentalmente, para construir
representações mentais. Por exemplo,
modelos mentais.
Na construção dessas representações, a
variável mais importante são as
representações prévias.
VISÃO COGNITIVA CONTEMPORÂNEA (MODELOS MENTAIS; JOHNSON-LAIRD,
1983)
Modelos mentais são análogos estruturais da
situação-problema.
A construção de modelos mentais é o
primeiro passo da interação cognitiva que
caracteriza a aprendizagem significativa.
Dar significados a conhecimentos novos
implica a construção de modelos mentais.
VISÃO COGNITIVA CONTEMPORÂNEA (MODELOS MENTAIS; JOHNSON-LAIRD,
1983)
Modelos mentais são recursivos e,
sobretudo, funcionais para o aprendiz.
Mas podem se estabilizar e evoluir para
esquemas de assimilação.
VISÃO COGNITIVA CONTEMPORÂNEA (MODELOS MENTAIS; JOHNSON-LAIRD,
1983)
Conhecimentos
prévios
Construção de
modelos mentais
funcionais e
recursivos
Percepção
Novo
conhecimento
potencialmente
significativo
implica
Aprendizagem
Significativa
implica
pode levar a
atribuição de significados
interação cognitiva
Gérard Vergnaud
(1932)
Gérard Vergnaud, professor doutor, diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), coordenador da rede francesa de pesquisadores em didática dos conhecimentos científicos, doutor honoris causa da Universidade de Genebra e membro da Academia de Ciências Psicológicas da Rússia.
VISÃO DA COMPLEXIDADE E DA PROGRESSIVIDADE (VERGNAUD)*
A aquisição, ou domínio, de um corpo de
conhecimentos (i.e, um campo conceitual) é
um processo lento, não linear, com rupturas
e continuidades.
A aprendizagem significativa é, então,
progressiva.
Há um contínuo entre aprendizagem
mecânica e significativa. Vergnaud, G. (1990). La théorie des champs conceptuals. Récherches en Didactique des Mathématiques, 10(23): 133-170. Moreira, M.A. (Org.). (2004). A teoria dos campos conceituais de Vergnaud, o ensino de ciências e a pesquisa nessa área. Porto Alegre, RS: Instituto de Física da UFRGS.
VISÃO DA COMPLEXIDADE E DA PROGRESSIVIDADE (VERGNAUD)
A conceitualização é o núcleo do
desenvolvimento cognitivo.
São as situações que dão sentido aos
conceitos.
Para serem aprendidos significativamente os
novos conhecimentos devem fazer sentido
para o aprendiz.
Sentido é a soma dos eventos psicológicos
que a palavra evoca na consciência.
Significado é a parte mais estável do sentido.
de requerem
de de
de implica
interação
construção domínio
COMPLEXIDADE
CAMPOS CONCEITUAIS
CONCEITOS
SIGNIFICANTE
SIGNIFICADO
REFERENTE
SITUAÇÕES
PROBLEMA
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
SUBSUNÇORES NOVOS
CONHECIMENTOS
PROGRESSIVIDADE
Um mapa conceitual para a aprendizagem significativa na visão da complexidade e de progressividade
(Moreira, 2006)
conceitualização constituem
envolvem ou
Humberto Maturana
(1928)
Biólogo. Chileno, nasceu em 1928, em
Santiago. 1947 começa o estudo de
Medicina – Universidade do Chile (4 anos), mas termina formando-se em Biologia na mesma Universidade.
1958 obteve Ph.D em Biologia, em Harvard trabalhou em neurofisiologia no M.I.T.
Desde 1960 é Professor do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Chile.
Principal Obra: Cognição, Ciência e Vida Cotidiana.
Conceitos-chave: autopoiese, objetividade entre parênteses, objetividade sem parênteses; o explicar.
VISÃO AUTOPOIÉTICA (MATURANA, 2001)*
Os seres vivos são sistemas autopoiéticos
autônomos. Subordinam suas mudanças
à conservação de sua própria
organização.
Podem ser perturbados por fatores
externos, mas experimentam mudanças
internas que compensam ditas
perturbações.
* Maturana, H. (2001). Cognição, ciência e vida cotidiana. Belo Horizonte:
Editora UFMG.
Visão autopoiética
Nessa visão, o aluno é um sistema
autopoiético, o professor e os materiais
educativos são agentes perturbadores.
É esse aluno em sua estrutura que
determina suas mudanças frente a tais
perturbações.
Visão autopoiética
A aprendizagem significativa ocorre no
domínio de interações perturbadoras que
geram mudanças de estado, ou seja,
mudanças estruturais sem mudar a
organização, mantendo a identidade de
classe. A organização autopoiética é
invariante.
Visão autopoiética
Novos conhecimentos são perturbações
que, na aprendizagem significativa,
recebem significados e, ao mesmo tempo,
em uma interação perturbadora
modificam, em alguma medida, a estrutura
dos conhecimentos prévios sem alterar
sua organização.
autonomia é
determinismo estrutural
mantém identidade de classe
não altera
mudança estrutural
agentes perturbadores,
interações perturbadoras
manutenção
tem
mudança estrutural
gera
variável mais importante
assimilação
mediador
veículos
é constituído de
Ser vivo
Máquina autopoiética Aluno
Organização
Estrutura
Novo conhecimento Professor
Materiais educativos
Conhecimento prévio
Mudanças de estado
Aprendizagem
significativa
Explicações,
reformulações
da experiência
Um mapa conceitual para a aprendizagem significativa na visão autopoiética (Moreira, 2006).
pode mudar
contêm
VISÃO COMPUTACIONAL (ARAUJO,
VEIT E MOREIRA, 2006)*
O USO DO COMPUTADOR COMO RECURSO
INSTRUCIONAL
Já não tem sentido pensar na relação triádica
aluno-professor-materiais educativos sem a
presença do computador.
A interação que caracteriza a aprendizagem
significativa passa a ser mediada não só pelo
professor e pela palavra mas também pelo
computador.
* Araújo, Veit e Moreira (2006) Um estudo exploratório sobre as potencialidades
do diagrama AVM na aprendizagem significativa de tópicos de Física. Madrid, V
EIAS.
Exemplos: o CmapTools como uma
poderosa ferramenta para construir mapas
conceituais e o diagrama AVM como
instrumento facilitador da aprendizagem
significativa de atividades de modelagem
computacional.
VISÃO COMPUTACIONAL (ARAUJO,
VEIT E MOREIRA, 2006)
Exemplo de mapa conceitual construído com o aplicativo CmapTools
http://cmap.ihmc.us/Download/
DOMÍNIO METODOLÓGICO DOMÍNIO CONCEITUAL
Interação
Situação-problema
Possíveis generalizações e expansões do modelo
Asserções do modelo
Validação do modelo
Categorização da modelagem
Representações
Elementos interativos
Registros
Filosofia(s)
Teoria(s), princípio(s), teorema(s) e lei(s)
Idealizações/aproximações
(contexto de validade)
Entidades/Signos
Conceitos: Variáveis Parâmetros
Relações
Resultados conhecidos
Predições
Fenômeno de Interesse
Questão(ões)-foco
Diagrama AVM (Adaptação do diagrama V
para a Modelagem Computacional)
Concepção do modelo computacional
Implementação e exploração do modelo
computacional
O computador passa a ser um mediador entre atividades de ensino e atividades cognitivas.
O computador pode ser usado como uma ferramenta cognitiva na medida em que ajuda os alunos a gerar e testar hipóteses, representar externamente mapas mentais, modelar situações-problema.
Pode participar da organização e reorganização cognitiva.
...
VISÃO COMPUTACIONAL (ARAUJO,
VEIT E MOREIRA, 2006)
VISÃO CRÍTICA [SUBVERSIVA, ANTROPOLÓGICA] (MOREIRA, 2000)*
* Moreira, M.A. (2000). Aprendizagem significativa crítica subversiva). Atas do III
Encontro Internacional sobre Aprendizagem Significativa, Lisboa (Peniche), 11 a
15 de setembro.
PRINCÍPIOS
1. Aprendemos do que já sabemos (Conhecimento prévio.)
2. Perguntas ao invés de respostas (Interação social & questionamento.)
3. Diversidade de materiais (Abandono do manual único.)
4. Aluno como perceptor representador do mundo
5. Conhecimento como linguagem (Totalmente envolvida em todas as tentativas humanas de perceber a realidade.)
Visão crítica [subversiva, antropológica] (Moreira, 2000)
6. Consciência semântica (O significado está nas
pessoas, não nas palavras.)
7. Aprendizagem pelo erro (O homem aprende
corrigindo seus erros.)
8. Desaprendizagem (Não usar conceitos e estratégias
bloqueadoras de novas aprendizagens.)
9. Incerteza do conhecimento (perguntas são
instrumentos de percepção; definições e metáforas
são instrumentos para pensar.)
10. Diversidade de estratégias (abandono do quadro-
de-giz.)
11. Abandono da narrativa (Ensino centrado no aluno;
dar aula de boca fechada.)
Interação social
e do questionamento
Conhecimento
como
linguagem
Princípios
Programáticos
TASC
Incerteza do
conhecimento
Aprendizagem
pelo erro
Diversidade
de materiais
Consciência
semântica Desaprendizagem
O aprendiz como
perceptor/
representador
Um mapa conceitual para os princípios programáticos TASC (Moreira, 2006).
Conhecimento
prévio
Diversidade de
estratégias
Abandono da
narrativa