aprendizagem o que de fato funciona

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  • capa

    H mais de um scu lo, psiclogos, pes-qu isadores cognitivos e educadores desen-volvem e aval iam as ma is variadas tcnicas

    usadas para estudar, como releitu ra, gri fos

    no texto e resumos. Algumas estratgias triviais de fato aj udam a melhorar o desem-penho de estudantes, enquanto outras so ineficazes ou at surtem efeito, mas tomam

    tanto tempo que terminam sendo pouco

    adequadas . No entanto, essas informaes nem sempre chegam a educadores, estu-

    dantes ou a qua lquer pessoa interessada em ampliar seus conheci mentos. I nmeros professores no tm acesso a tcnicas de aprendizagem testadas cientificamente, que poderiam auxi li-los . E, consequentemente, muitos alunos deixam de usufruir do pr-

    prio potencial. Alis, no difcil encontrar

    estudantes recorrendo a prticas que, alm de ineficazes, podem comprometer o ren d i-mento escolar.

    provvel que a extensa - e, no raro, di-vergente- produo bibliogrfica sobre esse tema mais confunda que ajude as pessoas a identificar mtodos prticos e vantajosos.

    Para enfrentar esse desafio analisamos as dez tcnicas mais util izadas, em pelo menos 700

    artigos centfflcos. Focamos nas estratgias mais simples e eficazes e entrevistamos os

    prprios estudantes a respeito dos mto-

    dos usados com maior frequncia por eles. Recomendamos somente tcnicas que

    atendam a alguns critrios fundamentais: ser til em diversas condies de aprendiza-

    gem (permitindo, por exemplo, que o estudo ocorra tanto isoladamente quanto em grupo) ; auxiliar pessoas em diversas idades e com variados n(veis de conhecimento e habil ida-

    des; ter sido testada em sa la de aula ou em

    outras situaes reais. Alm disso, os al unos p recisam ser capazes de usar o recurso para dominar vrios assuntos e dar provas de

    desempenho independentemente do teste

    usado para med i-lo. As melhores abordagens resultam em conhecimento mais duradouro e consistente.

    Por meio dessa seleo identificamos

    claramente as duas melhores tcnicas. Elas

    tm a seu favor o fato de que demonstram resultados concretos, contfnuos e relevantes em diversas situaes. Outros trs mtodos

    so recomendados, mas com algumas ressal-vas. Desaconselhamos cinco, incluindo duas

    estratgias bastante populares de aprend i-, . .

    zagem, por serem ute1s apenas em c1 rcuns-

    tncias limitadas ou por no apresentarem vantagens evidentes. Encorajamos tambm pesquisadores a explorar algumas tcnicas

    no testadas; porm, advertimos alunos e professores a serem cautelosos.

    --- - - - --- -

    PASSAR DE OUiOS

    Pesquisadores analisaram as dez tcnicas de aprendizagem mais uti lizadas em pelo menos 700 artigos cientrficos para identificar as formas mais vantajosas de estudar.

    Alguns mtodos de estudo funcionam para diversos assuntos e em diferentes s ituaes, o que ajuda a melhorar o desempenho das pessoas em testes e a reter contedos por longos perrodos. Aprender como assimilar conhecimento traz beneficios por toda a vida.

    Testar a si prprio e alternar perodos de concentrao e distrao so formas simples e produtivas de melhorar a aprendizagem.

    Sublinhar e reler: embora sejam dois mtodos frequentemente utilizados por estudantes, so ineficazes e tomam muito tempo.

    Vrias tcnicas ainda no foram s uficientemente avaliadas pelos cientistas. Enquanto isso, estudantes e professores podem coloc-las prova, usando-as em sala de aula ou mesmo em casa.

    24 I ment.ecrebro I novembro 2013

  • e o :r & ... v

    ~ - li: o .. z X o -

    VENCEDORES DA ESTRELA DE OURO

    1 Autoteste - Avaliar a si mesmo ajuda a melhorar o desempenho

    Como funciona: Diferentemente de exa-mes tericos, provas prticas podem ser feitas pelos prprios estudantes fora da sala de aula. Geralmente esses mtodos incluem responder a perguntas de exemplo no final do captulo de um livro didtico ou treinar a capacidade de recordar por meio de exerccios. Embora a maioria dos alunos evite se colocar prova, diversos experimentos comprovam que avaliar a si mesmo ajuda a melhorar o aprendizado e a reter informaes por mais tempo.

    Em um estudo recente, um grupo de estudantes foi convidado a decorar pares de palavras. Em seguida, metade foi submetida a um teste no qual deveria se lembrar dos vocbulos apresentados. Depois de uma semana, os pesqu isadores solicitaram que todos os participantes relatassem o que recordavam. Aqueles que haviam passado pelo segundo teste se lembravam de 35% das

    palavras, enquanto o restante apenas de 4%. Em outro experimento similar, dessa vez com pares de termos em i ngls-sual i, os cientis-tas observaram que voluntrios que haviam passado por contnuos exames prticos se lembraram de 80% do contedo; o restante, somente de 36%. Acreditamos que os testes prticos desencadeiam reaes que ajudam a acessar memrias de longo prazo por meio de mltiplas vias neurais, o que torna o aces-so informao mais simples: evocados com maior frequncia, os dados inserem-se nas redes associativas que evocam aspectos da memria, fazendo com que o aprendizado seja fortalecido.

    Para quem? Pessoas de qualquer idade. Os testes - especialmente se forem rpidos e frequentes - trazem benefcios tanto para pr-escolares quanto para estudantes de me-dicina do quarto ano ou ainda para adultos de meia-idade. Podem ser teis, por exemplo, para aprender idiomas, soletrar palavras ou memorizar o nome dos nervos cranianos. H indcios de que o recurso da "checagem das informaes" tambm pode aj udar pacientes com Alzheimer a preservar informaes por mais tempo. Os benefcios da tcnica costu-mam durar meses ou anos.

    prtico? Sim. A "checagem" do que sa-bemos requer pouco tempo e quase nenhum treinamento.

    Como fazer? Durante as anotaes na sala de aula, a pessoa deve fazer uma coluna em uma das bordas da pgina e escrever ter-mos, palavras ou questes-chave. Mais tarde, basta recorrer a uma autoavaliao: cubra os comentrios mais extensos e retome o que aprendeu com base nos principais pontos registrados. Depois releia as anotaes para ver se deixou de fora algo importante.

    25

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    Classificao: Grande utilidade. Testes prticos funcionam em diversos formatos, para uma grande variedade de contedos e para pessoas com diferentes idades. Alm disso, o recurso permite reter informaes a curto, mdio e longo prazo. Aquilo que desejamos reter por mais tempo deve ser revisto mais vezes.

    2 Tempo para assimilar -Aprender primeiro, estudar depois

    Como funciona: prtica comum entre estudantes acumular tarefas e emendar uma na outra. No entanto, estudar com intervalos muito mais eficaz. Em um experimento clssico, diversos voluntrios de lngua inglesa aprenderam algumas palavras em espanhol. Os voluntrios foram divididos em trs grupos e tiveram alguns perodos para reviso de con-tedo: o primeiro deveria cumprir a tarefa no mesmo dia; o segundo grupo aps 24 horas; e o terceiro, depois de um ms da aula. Em comparao aos colegas, os integrantes do ltimo grupo se recordaram de muito mais termos aprendidos. Em outro experimento, foram analisados 254 estudos com 14 mil par-ticipantes. Os pesquisadores descobriram que aqueles que estudaram em perfodos espaa-dos intercalados com tarefas se lembraram, em mdia, de 47% do contedo, enquanto os que se dedicaram continuamente, de apenas 3 7%.

    Para quem? Crianas a partir dos 3 anos, jovens e adultos em qua lquer idade. Estudar com intervalos ajuda a aprender outro idioma, memo-rizar palavras e conceitos, alm de favorecer o aprendizado de matemtica e msica.

    prtico? Sim. Planeje revises peridicas com ante-cedncia e procure no adiar essa tarefa.

    Como fazer? Estudar com intervalos pode trazer excelen-

    tes resultados. Fazer pausa de 30 dias entre o momento de aprender algo e recuperar o contedo da memria mais proveitoso do que "descansar a cabea" por apenas um dia, por exemplo. Em outro estudo similar, dessa vez on-line, os participantes demonstraram melhor desempenho depois de espaar as au-las. Para se lembrar de algo aps uma semana preciso estudar com intervalos de 12 a 24 horas. J para guardar na memria contedos por cinco anos o espao de tempo para reto-mar o contedo varia entre seis e 12 meses. Apesar de parecer improvvel, comprovado que retemos informaes mesmo durante longos perodos sem acess-las. Caso o contedo seja esquecido, a tcnica tambm ajuda a recuper-lo. O mtodo idea l para reter conceitos fundamentais que formam as bases para conhecimentos avanados.

    Classificao: Grande utilidade. Prtico e simples, o estudo com interva los eficaz para pessoas de qualquer idade e funciona para os mais diversos assuntos. Talvez a tc-nica parea estranha por no ser comumente adotada, mas especialistas garantem que vale a pena experimentar.

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  • Apesar de muito usadas, ainda no h evidncias satisfatrias da eficcia das tcnicas de "interroga-

    trio elaborado" e "autoexplicao" , pois no foram suficientemente avaliadas usadas em contextos educativos reais. J o estudo intercalado comeou a ser investigado de forma sistemtica h pouco tempo. Ainda assim, esses mtodos demonstram bom potencial.

    ?

    3 Interrogatrio elaborado -Movidos pela curiosidade

    Como funciona Queremos saber, pro-curamos explicaes para o mundo ao nosso

    redor e esse desejo nos move em busca de A novas expenenctas que nos ennquecem.

    Valorizar essa qualidade to presente nos seres humanos pode ser muito ti l. Evidn-

    cias sugerem que incitar alunos a investigar detalhes do quer que seja facilita a aprendiza-

    gem. "Qual o sentido disso?" ou "Voc tem

    certeza?" so perguntas usadas na tcnica de interrogatrio elaborado com objetivo

    de encontrar explicao para fatos. Em um -s recente experimento que acompanhamos, foi w

    pedido a voluntrios que lessem vrias frases. ~

    ~ Uma dela era: "O homem faminto entrou no :r a carro''. Em seguida, eles foram divididos em o ~ trs grupos: o primeiro deveria inventar o ~ motivo da ao (interrogatrio elaborado); o X

    ~ segundo foi previamente orientado com uma ... ~ explicao, como "o homem faminto entrou 2 . " . ~ no carro para 1r a um restaurante ; e o terce1ro ..... simplesmente leu as frases. Depois, os pesqui-, ~ sadores fizeram perguntas referentes a cada

    frase (por exemplo: quem entrou no carro?) . O grupo que participou do interrogatrio ela-borado respondeu corretamente a 72% das

    questes em comparao com o restante,

    que no acertou mais que 37% das respostas. Quando usar? N a hora de aprender

    informaes factuais - principalmente se j souber algo sobre o assunto, o que aumenta

    as chances de assimilao. Por exemplo, para

    uma pessoa que faz um curso de histria da arte, tem informaes superficiais sobre o tema mas quer aprofundar-se, o mtodo

    bastante indicado. H registros de que es-tudantes alemes demonstraram aprender

    melhor sobre estados de seu prprio pas do que a respeito de provncias canadenses.

    Acred itamos que o conhecimento prvio per-m ite elaborar explicaes mais adequadas.

    Os benefcios so ainda maiores para crianas da quarta srie em diante at alunos

    de graduao. Do ponto de vista cientrfico, o problema que embora no parea haver dvidas de que a tcnica do interrogatrio

    elaborado ajude a aprimorar a memria, no

    se sabe ao certo at que ponto colabora com a compreenso sobre fatos ou mesmo quanto tempo ajuda a manter o contedo aprendido.

    prtico? Sim. No entanto, o mtodo re-quer um pequeno treinamento para se acostu-

    mar a elaborar as perguntas e demanda algum tempo. Voluntrios que participavam de um grupo de interroga-trio elaborado leva-

    ram 32 minutos para

    estudar um texto; j os colegas que ape-nas leram o materia l

    levaram 28 minutos .

    No h, porm, da-dos suficientes sobre quem assimi lou me-

    lhor o contedo.

    uito deixam de usufruir do prprio potencial por no saber como

    estudar; outros tantos recorrem a prticas que,

    alm de ineficazes, podem prejudicar o

    rendimento cognitivo 27

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    Avaliao: Utilidade moderada. A tc-nica vlida para diversos assuntos, mas no tanto para temas mais complexos. Sem

    Em muitos casos, as melhores estratgias no chegam aos alunos simplesmente porque os professores no as conhec m, e raramente o material oferece orientao sobre formas de estudar

    conhecimento prvio sobre determinado contedo, o aluno ter beneficios limita-dos. Ainda preciso acumular mais pes-quisas para validar a eficcia do interroga-trio elaborado para diferentes situaes e informaes.

    4 Autoexplicao -Partindo do que j se sabe

    Como funciona: Os estudantes devem produzir explicaes sobre o que aprendem por meio da reviso de processos mentais com perguntas do tipo: "O que essa infor-mao me acrescenta?" ou "Como isso se relaciona com o que j sei?". Da mesma forma que o interrogatrio elaborado, a auto-explicao ajuda a somar o novo contedo ao conhecimento prvio, privilegiando associa-es que facilitem o encadeamento de ideias

    Para quem? O mtodo traz benefcios tanto para pr-escolares como para estudan-

    111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

    28 I mentecrcbro I novembro 2013

    Isso no funciona~ As tcnicas a seguir foram classificadas como de baixa utilidade porque so ineficazes ou apresentam benefcios apenas para alguns tipos de aprendizagem e durante curtos perodos. Na hora de estudar, a maioria das pessoas opta por reler e sublinhar determi-nado assunto- o que alm de no trazer resultados toma o lugar de estratgias mais teis. Outros mtodos mencionados abaixo demandam muito tempo. Confira:

    Sublinhar Destacar, circular ou marcar o material prtica comum entre estudantes. Embora seja rpida e simples, a tcnica no provoca mudanas positivas no desempenho. Estudos controlados demonstraram que esse mtodo no foi eficaz nem para estagirios da Fora Area dos Estados Unidos (USAF, na sigla em ingls) nem para crianas e alunos de gradu-ao em diversas reas como aerodinmica, histria da Grcia antiga ou geografia da Tan-znia, por exemplo.

    De fato, a estratgia pode prejudicar no desempenho de tarefas complexas. Um recente estudo demonstrou que sublinhar reduz a capacidade de fazer inferncias (por meio de associaes) em livros de hist-ria. Acreditamos que esse recurso chame a ateno para partes isoladas em vez de favorecer conexes entre temas. Alm disso,

    uma vez que o texto est grifado, em novas leituras tendemos a nos apegar ao que j foi destacado, deixando de lado pontos que poderiam ser bastante importantes.

    O que fuzer: Sublinhar o material de estudo pode at ser til no incio, desde que o conte-do destacado seja transformado em cartes de memria e conceitos-chave que facilitem a elaborao de autotestes. Alm do mais, a maioria dos estudantes exagera na hora de marcar informaes, confundindo as informa-es destacadas. Esperamos que futuras pes-quisas apontem maneiras de aprimorar essa prtica to corrente e ajudem a desenvolver critrios mais eficazes para selecionar os tre-chos essenciais.

  • tes universitrios. Ajuda a resolver problemas matemticos e jogos de raciocrnio lgico, como quebra-cabeas, alm de auxiliar na compreenso de textos narrativos e favorecer o uso de estratgias complexas para o xadrez, por exemplo. A autoexplicao tambm ajuda crianas pequenas a entender ideias bsicas e a aprender padres e lgica numrica . Resumindo: a tcnica aprimora a memria, resoluo de problemas e compreenso de maneira geral - uma lista impressionan-te de resu ltados. A maioria dos estudos, porm, aponta efeitos de curto prazo: no se sabe se a durao se relaciona com o

    111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

    Reviso Embora reler as informaes seja um dos m-todos mais utilizados, no h comprovao de sua eficcia para a maioria das pessoas. Em uma pesquisa recente na Universidade Har-vard, 84% dos alunos de graduao afirmaram ter o hbito de revisar livros ou anotaes na hora de estudar. A estratgia no requer treina-mento, demanda pouco tempo e demonstra beneficios em testes de memria e de comple-tar espaos em branco. No entanto, ainda no se sabe at que ponto seus efeitos dependem do nrvel de conhecimento ou da habilidade individual de cada estudante. Alm disso, as evidncias de que o recurso fortalece a compre-enso ainda precisam ser mais bem explora-

    das. E provvel que o estudante experimente os beneficios da tcnica a partir da segunda leitura apenas pelo efeito da repetio, mas no certo que as informaes sejam de fato retidas.

    O que fazer: No desperdice seu tempo: em comparao com outras estratgias mais ativas, como interrogatrio elaborado, autoexplicao e testes prticos, a reviso de contedo por meio da leitura fica muito aqum das expectativas.

    Outras trs tcnicas de estudo (menos utilizadas) no demonstraram resultados po-sitivos em nossa avaliao: sobre o mtodo "textos e imagens", ainda no h evidncias suficientes de que ajuda no aprendizado. "Palavras-chaves" que ajudem a memorizar e produo de resumos tambm no demons-

    traram eficcia, alm de demandarem muito tempo. Concordamos que o hbito de conden-sar textos ajuda a identificar os pontos princi-pais de determinado assunto mas, por outro lado, tende a excluir temas considerados sem muita importncia. No entanto, ainda no possvel medir a utilidade da tcnica, j que cada estudante desenvolve um modo particu-lar de aplic-la: quantidade de informaes, legibilidade e organizao do material no tm padro definido.

    O mtodo de palavras-chaves utiliza ima-gens para aprimorar a capacidade mnmica. Por exemplo, um estudante que est apren-dendo a palavra francesa dent (dente) pode aproveitar o som similar em portugus para construir uma imagem mental do prprio objeto que se relacione com o termo. De fato, o recurso demonstra alguns resultados positivos no aprendizado de idiomas, em terminologias mdicas e na definio de pa-lavras, embora no haja evidncias de que os ganhos permaneam por muito tempo; no final das contas, o esforo de criar palavras-chaves parece no superar os ganhos.

    J a tcnica de textos e imagens orienta a criar figuras mentais a cada pargrafo lido. Es-tudos revelam resultados pouco consistentes em relao ao mtodo, mas isso no impede que professores lancem mo desse recurso

    ~ z o .. z :r o -"' com seus alunos em sala de aula. Acreditamos, ~

    porm, serem necessrias novas pesquisas para confirmar sua eficcia.

    -S. " ~ 3 -

    29

  • capa

    grau de conhecimento prvio da pessoa . E prtico? H controvrsias. Para muitos

    parece surtir efeito, mas realizamos um expe-rimento com alunos da 93 srie e percebemos que estudantes inexperientes tendem repetir o que j sabem em vez de produzir explica-es. Alm disso, outras pesquisas apontam que a tcnica aumenta de 30% a 100% a demanda de tempo na hora de estudar.

    Avaliao: Utilidade moderada. A auto-explicao funciona para diferentes assuntos e pessoas, de diversas idades. Acreditamos que futuras pesquisas podero estabelecer a durao dos efeitos e ind icar se as pesadas demandas de tempo so compensadoras.

    5 Estudo intercalado -Misturando mas com laranjas

    Como funciona: Estudantes tendem a estudar em blocos: terminam um tema ou uma questo para ento passar para a prxima. Pes-quisas recentes, porm, apontam os beneficios da prtica intercalada, um mtodo que alterna diversas informaes ou problemas. Em um recente estudo, universitrios aprenderam a cal-cu lar o volume de quatro formas geomtricas. Em seguida, foram divididos em dois grupos: o primeiro deveria calcular cada forma antes de passar para a tarefa seguinte (estudo em blocos) , e o segundo fazer todas as operaes ao mesmo tempo (estudo intercalado) . Depois de uma semana, todos os voluntrios passaram por uma avaliao. Aqueles que intercalaram as figuras foram 43% mais precisos em suas respostas. Acreditamos que o mtodo permite

    30 I mentecrebro I novembro 2013

    que as pessoas comparem diferentes tipos de problemas e encontrem a melhor maneira de resolv-los. Esse processo tambm pode ser facilitado pelo fato de que quando desfocamos a ateno e nos voltamos para outra atividade, ao retornarmos anterior acessamos uma nova forma de ver a questo, o que favorece a elaborao de solues criativas.

    Quando usar? Na hora de resolver pro-blemas semelhantes. Colocar questes lado a lado ajuda a perceber diferenas entre elas. J estudar em blocos (agrupar itens de acordo com a categoria) pode ser mais eficaz quando os exemplos so pouco parecidos, o que deixa as semelhanas mais acentuadas.

    O estudo intercalado parece favorecer mais aqueles com maior conhecimento sobre de-terminado assunto. Os benefcios, entretanto, variam de acordo com o contedo: aprendizes de lgebra, por exemplo, demonstram melhor desempenho com o uso do mtodo. Segundo re-cente pesquisa, estudantes de medicina tambm se mostraram mais habilidosos para diagnosticar doenas cardacas depois de aprenderem a in-terpretar eletroencefalogramas. No entanto, outros dois estudos com alunos de cursos de idioma estrangeiro no apontaram ganhos com a metodologia. Ainda assim, a estratgia pode ser uma safda interessante para pessoas com grandes dificuldades em matemtica.

    prtico? Acreditamos que sim. Uma pessoa motivada pode faci lmente estudar de forma intercalada sem qualquer instruo. A tcnica tambm pode ser usada por pro-fessores em sala de aula. Os alunos devem se concentrar em um problema (ou tema} a ser resolvido. Em seguida, novas questes devem ser colocadas e relacionadas com o assunto anterior. Embora leve mais tempo do que estudar em blocos, a tcnica traz resultados valiosos.

    Avaliao: Utilidade moderada. O estu-do intercalado ajuda a aprimorar o aprendiza-do, a reteno do conhecimento matemtico e estimular habi lidades cognitivas de maneira

    g geral. No entanto, ainda h poucas pesquisas z s cientficas sobre esse mtodo. Ainda no se - ~ sabe ao certo em que medida a tcnica 2 mal empregada ou se de fato no apresenta % : resultados consistentes. Futuras pesquisas .. 3 podero explorar essa questo.

  • Ornais importante querer saber Por que estudantes no usufruem dos mtodos mais eficazes de estudo? provvel que no tenham contato com os melhores recursos e, em muitos casos, os prprios professores no os conhecem. Raramente o material oferece orientao suficiente sobre o uso, a eficcia ou as limitaes das diferentes formas de estudar desde os primeiros anos escolares.

    Mesmo as instituies e os educadores que enfatizam contedo e pensamento crtico tendem a deixar de lado mtodos que ajudam a absorv--los. Acreditamos que essa atitude pode at favorecer os alunos durante os primeiros anos, enquanto so supervisionados de perto. Mais tarde, porm, quando no contarem mais com esse apoio, podem surgir diversas dificuldades.

    Alguns pontos ainda precisam ser mais bem investigados, como a idade mais adequada para comear a usar determinada tcnica ou a quanti-dade de treino necessrio para que cada exerccio se tome eficaz. Por enquanto, as abordagens mais bem-sucedidas podem ser incorporadas s aulas para que estudantes tenham a chance de usufruir ...

    v

    desses recursos. Por exemplo, ao mudar de tarefa, s o professor pode solicitar aos alunos um teste ~ prtico associado ao assunto anterior e logo em seguida lhes dar um retorno de desempenho. Intercalar problemas relacionados e reintroduzir conceitos-chave, distribuindo os assuntos duran-te vrias aulas, tambm so tcnicas bem-vindas. fundamental ainda que o professor favorea entre os alunos o questionamento a respeito de novas informaes.

    Obviamente essas tcnicas no so a soluo para tudo. Somente pessoas interessadas em aprender conseguem usufruir de seus benefcios. No entanto, esperamos que esses mtodos aju-dem a potencalizar o desempenho na sala de aula, na hora de fazer um teste e at mesmo na vida. m ~

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  • ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

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