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 APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR GUSTAVO CISNEIROS [email protected] A P O S T I L A D I R E I T O PROCESSUAL D O T R A B A L H O (ATUALIZADA EM SETEMBRO DE 2011) O direito processual estuda e regulamenta a atuação, pelo Estado, da função jurisdicional. Já foi conhecido como “direito jurisdicional”. A jurisdição é a atividade típica do Poder Judiciário, consistindo na “aplicação do direito” a um caso concreto, com o escopo de solucionar conflitos (juris dictio = dizer o direito). O poder jurisdicional vai além do simples “dizer o direito”, satisfazendo-o, mediante a execução forçada. Processo de conhecimento = dizer o direito! Processo de execução = satisfazer o direito! A jurisdição se encontra marcada pela inércia, amparando-se, também, na imparcialidade. São traços que a distinguem, por exemplo, do Poder Executivo. Surgindo um conflito de interesses, qualifi cado pela pretensão resistida, o sujeito não pode, salvo raríssimas exceções (legítima defesa, desforço imediato, greve), utilizar-se da autotutela, devendo  buscar a sat isf ão de sua pretensão no Poder Judiciário, no Estado-Juiz, provo cand o-o, mediante a propositura de uma ação. O Estado, uma vez provocado, usará de um instrumento para aplicar o direito. Este instrumento chama-se processo. 1. Princípios Devido processo lega l apo nta do como o pri ncí pi o dos pri ncí pios, ve m con sag rad o na 1

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APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHOPROFESSOR GUSTAVO [email protected] 

A P O S T I L A

D I R E I T O PROCESSUAL D O T R A B A L H O(ATUALIZADA EM SETEMBRO DE 2011)

O direito processual estuda e regulamenta a atuação, pelo Estado, da função jurisdicional. Já foi

conhecido como “direito jurisdicional”.

A jurisdição é a atividade típica do Poder Judiciário, consistindo na “aplicação do direito” a um

caso concreto, com o escopo de solucionar conflitos (juris dictio = dizer o direito).

O poder jurisdicional vai além do simples “dizer o direito”, satisfazendo-o, mediante a execução

forçada.

Processo de conhecimento = dizer o direito!

Processo de execução = satisfazer o direito!

A jurisdição se encontra marcada pela inércia, amparando-se, também, na imparcialidade. São

traços que a distinguem, por exemplo, do Poder Executivo.

Surgindo um conflito de interesses, qualificado pela pretensão resistida, o sujeito não pode, salvo

raríssimas exceções (legítima defesa, desforço imediato, greve), utilizar-se da autotutela, devendo

  buscar a satisfação de sua pretensão no Poder Judiciário, no Estado-Juiz, provocando-o,mediante a propositura de uma ação.

O Estado, uma vez provocado, usará de um instrumento para aplicar o direito. Este instrumento

chama-se processo.

1. Princípios

Devido processo legal – apontado como o princípio dos princípios, vem consagrado na

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Constituição Federal (artigos 5º e 93), impondo a observância do conjunto das normas

processuais, alcançando a garantia do juiz natural, do acesso à justiça, da ampla defesa e do

contraditório e da fundamentação de todas as decisões judiciais;

Contraditório e ampla defesa   – são princípios que decorrem do devido processo legal,

garantindo a isonomia às partes processuais, e conferindo, ao demandado judicial (réu), a

oportunidade de resistir à pretensão; o contraditório abrange o direito de o litigante (autor e réu)

 produzir prova contrária ao que foi aduzido pela parte adversa; a ampla defesa deve também ser 

entendida em seu sentido lato, ou seja, não fica restrita ao reclamado, pois ao reclamante também

será garantido o direito de repelir as alegações da parte contrária;

Juiz natural – abrange a competência e a imparcialidade do órgão jurisdicional;

 

Inafastabilidade – o exercício da jurisdição é indeclinável, devendo o juiz, em caso de lacuna

legislativa, utilizar-se de outros meios integrativos do direito – artigo 8º da CLT e artigo 126 do

CPC;

Motivações das decisões judiciais – é uma garantia ao jurisdicionado, impondo ao magistrado odever de fundamentar as suas decisões, mostrando as razões do seu entendimento – artigo 93, IX,

da CF;

Inércia – princípio consagrado no artigo 2º do CPC; no processo do trabalho há duas exceções (o

  processo de execução – art. 878 da CLT e o processo para o reconhecimento de vínculo

empregatício decorrente do requerimento para assinatura da carteira de trabalho – art. 39 da

CLT); o dissídio coletivo não pode ser instaurado de ofício pelo presidente do tribunal (a previsão contida no artigo 856 da CLT não foi recepcionada pela CF – art. 114, § 2º);

Oralidade – princípio que marca o processo do trabalho, simples por natureza; a oralidade se

encontra presente na apresentação de defesa (20 minutos), assim como nas razões finais (10

minutos para cada parte); a reclamação trabalhista também pode ser feita oralmente (artigo 840

CLT);

Da conciliação – o processo do trabalho é marcado pela obrigatoriedade da tentativa de

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conciliação; o juiz do trabalho deve buscar sempre a conciliação – artigo 764 da CLT; durante a

audiência há duas tentativas obrigatórias – a primeira, antes da apresentação da defesa; a

segunda, após as razões finais – artigos 846 e 850 da CLT (como no rito sumaríssimo não há

razões finais, a conciliação deve ser tentada antes da defesa e ao longo de toda a audiência – 

artigo 852-E CLT); nos dissídios coletivos a conciliação também deve ser tentada – artigo 860 da

CLT; também é possível a conciliação após o trânsito em julgado da sentença e até mesmo na

fase de execução (artigos 764, § 3º e 831, § 6º, CLT), ou seja, a conciliação pode ser efetuada a

qualquer tempo;

Da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias – trata-se de um princípio que

garante maior celeridade ao processo, encontrando-se previsto no art. 893, § 1º, da CLT; no processo do trabalho, portanto, não usamos o agravo retido e o agravo de instrumento, recursos

 previstos no CPC; o nosso agravo de instrumento, à luz do art. 897 CLT, serve apenas para atacar 

um tipo de decisão interlocutória, aquela que denega seguimento a recurso (decisão que “não

conhece” de um recurso); a jurisprudência uniforme, entretanto, faz três ressalvas, as quais

 podem ser encontradas nas alíneas da Súmula 214 TST (a principal diz respeito ao acolhimento

de exceção de incompetência em razão do lugar que gera a remessa dos autos a uma vara de TRT

distinto); outra exceção pode ser vislumbrada na Lei 12.016/2009 (Lei do Mandado deSegurança) – agravo contra decisão interlocutória em mandado de segurança; falando em

mandado de segurança, o princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias

termina, em algumas situações, atraindo o uso do mandamus, exatamente pelo fato de não existir 

recurso específico para atacar aquelas decisões (vide Súmulas 414 e 417 do TST e OJ’S 98 e 153

da SDI-2).

Da normatização coletiva – peculiaridade da Justiça do Trabalho, a qual possui o chamado“poder normativo” nos dissídios coletivos de natureza econômica – art. 114, §2º, da CF; significa

dizer que a Justiça do Trabalho, em caso de negociação coletiva frustrada, pode ser acionada para

“solucionar o conflito”, elaborando normas para a categoria (a ação chama-se “dissídio coletivo

de natureza econômica”, e deve ser proposta pelas partes, “de comum acordo”);

“Ius Postulandi” – também chamado de “jus postulandi”, garante o direito de a parte atuar sem

a assistência de advogado; a parte, no processo do trabalho, possui “capacidade postulatória” – 

artigo 791 da CLT, mas o TST vem, aos poucos, mitigando o princípio, proibindo o jus

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 postulandi, por exemplo, dentro do próprio TST, e, ainda, para a ação rescisória, mandado de

segurança e ação cautelar, em qualquer instância (vide Súmula 425 do TST); importante destacar 

a IN 27/2005 do TST, que reconhece o jus postulandi apenas para as ações decorrentes da relação

de emprego, ou seja, se a lide diz respeito a outro tipo de relação de trabalho, a presença do

advogado é imprescindível.

SÚMULA 425 TST. JUS POSTULANDI  NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. O jus postulandi das

  partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do

Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de

competência do Tribunal Superior do Trabalho.

2. Justiça do Trabalho

A Justiça do Trabalho passou a integrar o Poder Judiciário em 1946. Vem regulada nos artigos

111 a 116 da Constituição Federal. São órgãos da Justiça do Trabalho:

a) o Tribunal Superior do Trabalho (TST) – Composto de 27 Ministros, escolhidos dentre

 brasileiros com mais 35 e menos de 65 anos de idade, nomeados pelo Presidente da República

após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. No TST aplica-se, por disposição

expressa (inciso I do art. 111-A) o chamado “quinto constitucional”, ou seja, 20% (1/5) das vagas

serão destinadas a advogados e membros do Ministério Público (no caso, Ministério Público do

Trabalho). Se calcularmos um quinto de 27, teremos 5,4 vagas, número que deve ser arredondado

 para mais, resultando em 6 vagas. Assim, o TST possui 3 Ministros oriundos direto da advocacia

e 3 Ministros procedentes do MPT. O advogado, para integrar o quinto, deve possuir “mais de

dez anos de efetiva atividade profissional”, além de notório saber jurídico e reputação ilibada. O

 procurador do trabalho, para integrar o quinto, deve ter “mais de dez anos como membro doMPT”. O quinto constitucional vem regulado no artigo 94 da própria Constituição, lembrando

que a sua incidência, no caso do TST, se dá por “expressa determinação do artigo 111-A da CF”.

O TST recebe a lista sêxtupla, (da OAB ou do MPT), reduzindo-a a tríplice, encaminhando três

nomes ao Presidente da República, o qual escolherá um deles, devendo submetê-lo ao crivo do

Senado Federal (maioria absoluta = metade mais um de todos os membros da Casa). Funcionam

 junto ao TST a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho e o

Conselho Superior da Justiça do Trabalho.

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 b) Tribunais Regionais do Trabalho – Cada TRT deve ser composto de, no mínimo, 7 juízes,

nomeados pelo Presidente da República (não precisa da aprovação do Senado Federal), dentre

 brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos. Os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho

são aqueles oriundos da carreira da magistratura trabalhista, promovidos por antigüidade e

merecimento, alternadamente. Ocorre que para os Tribunais Regionais do Trabalho se aplica a

regra do quinto constitucional (artigo 94 da CF). Logo, 20% (1/5) das vagas ficam reservadas a

membros da advocacia e do MPT, observando-se os critérios insculpidos no artigo 94 da

Constituição. A Constituição já não fala na necessidade de “ pelo menos um TRT em cada Estado

da Federação” (a EC 45/2004 não manteve a exigência). As inovações são as seguintes: 1 – Os

TRT’S instalarão a “justiça itinerante”; 2 – Os TRT’S poderão funcionar descentralizadamente,

constituindo “Câmaras Regionais”, visando facilitar o acesso do jurisdicionado à justiça.

c) Juízes do Trabalho – O cargo inicial é o de “Juiz do Trabalho Substituto”, ocorrendo, com o

tempo, a promoção para “Juiz do Trabalho Titular”, observando-se os critérios de antiguidade e

merecimento, alternadamente. A jurisdição nas Varas do Trabalho será exercida por um juiz

singular, ou seja, monocrático, não mais existindo, na Justiça do Trabalho, a representação

classista (antigos juízes classistas).

Garantias e vedações dos juízes (artigo 93 CF)

O ingresso na carreira se dá por concurso público de provas e títulos (salvo no caso do “quinto

constitucional”), com a participação da OAB em todas as fases, exigindo-se, do bacharel em

direito, no mínimo, 3 anos de atividade jurídica.

 Não há “entrâncias” na Justiça do Trabalho.

A Constituição Federal confere aos juízes as seguintes garantias:

a) vitaliciedade – no primeiro grau é adquirida após dois anos de exercício; no segundo grau,

 para aqueles juízes do “quinto constitucional”, é adquirida no ato da posse, ou seja, não há, para

estes, estágio probatório; vitaliciedade é mais do que “estabilidade”, pois o vitalício só perde o

cargo mediante sentença judicial transitada em julgado;

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 b) inamovibilidade – o juiz tem a garantia de permanecer na Vara do Trabalho que titulariza, sem

a possibilidade de ser transferido contra a sua vontade, salvo em caso de interesse público (art.

93, VIII, da CF), por decisão da maioria absoluta do Tribunal ou do Conselho Nacional de

Justiça, ou se a remoção for a pedido (observem que a inamovibilidade não é garantida ao juiz do

trabalho substituto);

c) irredutibilidade de subsídios (segundo o STF, a garantia não contempla do direito à reposição

automática da inflação – o chamado “gatilho”).

O juiz titular deve residir na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal – art. 93, VII, da

CF.

Aos juízes é vedado: a) exercer outro cargo ou função, salvo uma de magistério; b) receber custas

e participações em processo; c) dedicar-se à atividade político-partidária; d) receber auxílios ou

contribuições, salvo as previstas em lei; e) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se

afastou, antes de decorridos três anos do afastamento.

É obrigatória a promoção do juiz que figure por 3 vezes consecutivas ou 5 alternadas em lista demerecimento, pressupondo, a promoção por merecimento, o exercício por 2 anos na entrância

(não há entrância na Justiça do Trabalho), além de integrar, o juiz, a primeira quinta parte da lista

de antigüidade, salvo se não houver, com tais requisitos, quem aceite o lugar vago. Para fins de

merecimento, será avaliado o desempenho do magistrado, com critérios objetivos de

 produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos

oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento.

O tribunal poderá recusar o juiz mais antigo, quando da promoção por antiguidade, pelo voto

fundamentado de dois terços de seus membros, assegurando ampla defesa.

O juiz que retiver injustificadamente os autos processuais além do prazo legal não poderá ser 

 promovido.

É vedado, ainda, o exercício da advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de

decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

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3. Competência da Justiça do Trabalho

A jurisdição é limitada pela competência atribuída a cada órgão jurisdicional.

Diz-se que todo órgão jurisdicional competente possui jurisdição, mas nem todo órgão

 jurisdicional tem competência.

A competência seria exatamente a medida da jurisdição atribuída a um determinado órgão

do Judiciário.

A competência pode ser absoluta ou relativa.

A competência absoluta é matéria de ordem pública, a qual deve ser objeto de análise ex officio

 pelo órgão judicial. Para se declarar incompetente, portanto, o órgão não precisa ser provocado. É

 bom ressaltar, contudo, que a parte a quem cabia suscitar a incompetência absoluta arcará com as

despesas resultantes de sua omissão – artigo 267, § 3º c/c artigo 301, II, do CPC. Cabe ação

rescisória contra sentença prolatada por juiz absolutamente incompetente – artigo 485 CPC

A competência relativa é passível de preclusão, pois não é matéria de ordem pública. A

competência relativa, no processo trabalhista, restringe-se à competência em razão do lugar.

Caso não arguida a incompetência relativa no momento oportuno (na audiência, especificamente

no prazo da defesa), ocorrerá a “prorrogação da competência”. Logo, prorroga-se a competência

relativa quando a parte interessada não arguir, tempestivamente, a incompetência, mediante a

chamada “exceção de incompetência em razão do lugar” – artigo 799 da CLT. A prorrogação étida como um dos tipos de deslocamento da competência. Além da prorrogação, a conexão e a

continência também modificam a competência. Para tanto, necessário detectar o Juízo Prevento

(no processo do trabalho a prevenção terá como base a data do ajuizamento da reclamação

trabalhista).

São absolutas as competências em razão da matéria, em razão da pessoa e a funcional.

São relativas as competências em razão do lugar e em razão do valor da causa, sendo que esta

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última não se aplica ao processo do trabalho.

A competência em razão da matéria (ratione materiae) é delimitada em virtude da natureza da

relação jurídica material deduzida em juízo.

A EC 45/2004 produziu sensíveis modificações na competência material da Justiça do Trabalho,

modificando o artigo 114 da Constituição. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as

ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da

administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios.

Logo, não há que se falar em restrição da competência apenas à relação de emprego.

Antes mesmo da EC 45, a Justiça do Trabalho já era competente para processar e julgar as lides

envolvendo o trabalhador avulso e o OGMO e aquelas abrangendo o chamado “pequeno

empreiteiro operário ou artífice”, por força do art. 652 da CLT. São típicos casos de

“competência em razão da pessoa” (trabalhador avulso e pequeno empreiteiro).

Com a nova competência, é importante destacar a diferença entre “relação de emprego” e

“relação de trabalho”.

Prevalece o entendimento de que a relação de emprego é uma das espécies de relação de

trabalho. Relação de emprego seria a “relação de trabalho subordinado”, onde o trabalhador 

estaria marcado pela subordinação jurídica ao tomador de serviços, liame caracterizado, ainda,

  pela pessoalidade do obreiro, além da onerosidade, da não-eventualidade, sendo, aquele,obrigatoriamente, pessoa física – artigos 2º e 3º da CLT.

Os litígios oriundos das demais relações de trabalho passaram a ser de competência da Justiça do

Trabalho. Já tínhamos o avulso e o pequeno empreiteiro. O estagiário e o cooperado, por 

exemplo, utilizarão a Justiça do Trabalho para acionar a empresa fornecedora do estágio e a

cooperativa, respectivamente. O mesmo se diga do profissional liberal, típico trabalhador 

autônomo (médico, engenheiro, contador, advogado etc.).

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Observações importantes:

a) servidor público estatutário – o STF concedeu liminar em ADIN proposta pela AJUFE

(Associação dos Juízes Federais) – Processo 3.395, mantendo a competência da Justiça Comum

 para conhecer dos litígios envolvendo os servidores públicos estatutários e a Administração

Pública Direta, Autárquica e Fundacional (incluindo as ações que versem sobre o direito de greve

do servidor estatutário); o Ministro Nelson Jobim adotou a chamada “interpretação conforme”;

 b) relação de consumo – importante destacar que as controvérsias oriundas de típica relação de

consumo devem ser processadas e julgadas pela Justiça Comum, não sendo de competência da

Justiça Obreira; é o que acontece com a ação de cobrança de honorários por profissional liberal,dirigida contra o cliente (Súmula 363 STJ), onde “o cliente” é o destinatário final da prestação de

serviços, ou seja, o “consumidor”;

c) as ações de indenização por dano moral, material e/ou estético, decorrentes da relação de

trabalho, são de competência da Justiça do Trabalho, inclusive quando o dano tiver sido

provocado por acidente de trabalho – vide Súmula Vinculante nº 22, Súmula 392 do TST,

artigo 114, VI, CF e Súmula 387 do STJ.

Também se inserem na competência da Justiça do Trabalho as ações decorrentes: do exercício do

direito de greve (inclusive a ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito

de greve – Súmula Vinculante nº 23); dos conflitos de competência entre os órgãos com

  jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no artigo 102, I, o, da CF; de mandados de

segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua

 jurisdição; das penalidades administrativas impostas ao empregador pelos órgãos de fiscalizaçãodas relações de trabalho.

Quanto a esta última competência, digamos que o empregador deseja recorrer 

administrativamente de uma multa aplicada pela fiscalização trabalhista, mas se depare com a

exigência de “depósito prévio” da multa, como condição de admissibilidade do referido recurso.

A exigência de depósito prévio da multa administrativa é considerada ilegal pelas cortes

superiores (vide Súmula 424 do TST e Súmula Vinculante 21), desafiando mandado de

segurança. De quem seria a competência para processar e julgar o mandado de segurança? Do

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 juiz do trabalho!

SÚMULA 424 TST. RECURSO ADMINISTRATIVO. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE.

DEPÓSITO PRÉVIO DA MULTA ADMINISTRATIVA. NÃO RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃOFEDERAL DO § 1º DO ART. 636 DA CLT. O §1º do art. 636 da CLT, que estabelece a exigência de prova

do depósito prévio do valor da multa cominada em razão de autuação administrativa como pressuposto de

admissibilidade de recurso administrativo, não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, ante a sua

incompatibilidade com o inciso LV do art. 5º.

Além das controvérsias citadas, cabe à Justiça do Trabalho “executar, de ofício, as contribuições

 previdenciárias previstas no artigo 195, I, a e II, da CF.

As ações pertinentes ao “meio ambiente do trabalho” também são de competência da Justiça do

Trabalho – Súmula 736 do STF.

A Justiça do Trabalho não tem competência para matéria criminal.

Quanto à competência em razão da pessoa, destacamos as ações sobre “representação sindical,

entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores”. A doutrinavem reconhecendo típica competência em razão da pessoa do sindicato, abrangendo as

discussões sobre as contribuições sindicais. Outro exemplo ficaria a cargo do “pequeno

empreiteiro operário ou artífice”.

A questão do “acidente de trabalho” merece atenção especial.

Se a controvérsia decorrer da relação previdenciária (segurado x INSS), como, por exemplo,quando o empregado não concorda com o resultado da perícia realizada pelo INSS, fato que o

levará a acionar o próprio INSS, a competência é da justiça comum estadual – vide Súmula 501

do STF e Súmula 15 do STJ. A ação é conhecida como “ação acidentária”.

Caso a controvérsia se baseie na pretensão de indenização por dano moral/patrimonial/estético,

decorrente de acidente de trabalho, ou seja, o empregado pretende acionar o empregador, à luz do

artigo 7º, XXVIII, da CF, a competência será da Justiça do Trabalho, porquanto o litígio decorre

de típica relação de trabalho – Súmula Vinculante nº 22; Súmula 392 do TST; artigo 114, VI, da

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CF e Súmula 387 do STJ.

Dano moral por ricochete - O STF manteve a competência da Justiça do Trabalho, o que

terminou levando o STJ a cancelar, em setembro de 2009, a Súmula 366. Dano moral por 

ricochete? O que é isso? Estamos falando da ação de indenização por dano moral e/ou material

  proposta contra o empregador, pelos sucessores do empregado falecido em decorrência de

acidente do trabalho. A ação, segundo o TST, pode ser proposta pelo espólio, à luz do art. 943

do Código Civil.

Cadastramento no PIS e seguro-desemprego - O TST já entendia de competência da Justiça do

Trabalho as lides envolvendo o cadastramento no PIS (Súmula 300 do TST), assim como a açãode indenização pela não entrega das guias do seguro desemprego (Súmula 389 TST).

Saúde, segurança e higiene no trabalho – O STF também já entendia ser de competência da

Justiça do Trabalho as ações envolvendo o “meio ambiente do trabalho”, pertinente a questões de

medicina, segurança e saúde do trabalho (Súmula 736 do STF).

Servidores públicos “celetistas” – Mantendo, o servidor público, um vínculo contratual (não-estatutário), a competência será da Justiça do Trabalho. Os chamados “empregados públicos”,

aqueles ligados às empresas públicas e sociedades de economia mista, já tinham as suas

controvérsias como de competência da Justiça do Trabalho.

Quanto ao direito de greve, vale destacar que a greve envolvendo servidor público estatutário

ensejará a competência da Justiça Comum.

Competência para executar empresa em fase de recuperação judicial – A exemplo da massa

falida, a competência da Justiça do Trabalho, quando a lide envolver empresa em recuperação

 judicial, se restringe à fase de conhecimento, ou seja, segundo o STF (RE/583955 - RECURSO

EXTRAORDINÁRIO – 27/08/2009), a Justiça do Trabalho não tem competência para executar 

a massa falida e a empresa em recuperação judicial (na fase de execução, o crédito deve ser 

habilitado no juízo universal da falência – justiça comum).

Contratação temporária de servidores públicos – A competência é da justiça comum, inclusive

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quando a contratação for feita em “regime especial”. Para o STF, “diante de uma controvérsia

acerca do regime de contratação, presume-se o vínculo estatutário”, ou seja, a competência

continua sendo da justiça comum. A competência da justiça do trabalho, para as contratações

temporárias lastreadas no artigo 37, IX, CF, fica restrita aos casos de “expressa previsão de

incidência do regime celetista”. A informação é importante, resumindo o atual posicionamento

do STF e do TST, ratificado pelo recente cancelamento da OJ 205 da SDI-1. Existe, inclusive,

uma proposta de súmula vinculante sobre o assunto – PSV 23/DF, verbis:

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM E CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA: “Compete à

 Justiça Comum processar e julgar causas instauradas entre a Administração Pública e seus

 servidores submetidos a regime especial disciplinado por lei local editada com fundamento noart. 106 da Constituição de 1967, na redação que lhe deu a Emenda Constitucional nº 1/69.” ou

“Compete à Justiça Federal ou Estadual, conforme o caso, processar e julgar causas

instauradas entre a Administração Pública e seus servidores submetidos a regime especial 

disciplinado por lei editada com fundamento no art. 106 da Constituição de 1967, na redação

que lhe deu a Emenda Constitucional nº 1/69, ou no art. 37, IX, da Constituição de 1988.” ou

“Compete à Justiça Estadual julgar causas entre a Administração Pública e (seus) servidores,

qualquer que seja a norma aplicável.”

Dissídios coletivos – Além dos dissídios individuais, a Justiça do Trabalho também conhece dos

dissídios coletivos - § 2º do art. 114 da CF. O Ministério Público do Trabalho, excepcionalmente,

 pode ajuizar dissídio coletivo, em caso de “greve em atividade essencial, com possibilidade de

lesão do interesse público” - § 3º do art. 114 da CF.

A competência funcional é aquela que se dá em razão da função concernente à distribuição dasatribuições cometidas aos diferentes órgãos da Justiça do Trabalho, de acordo com o que

dispõem a Constituição, as leis de processo e os regimentos internos dos tribunais trabalhistas.

A competência funcional da Justiça do Trabalho, portanto, é definida em razão dos seus órgãos – 

TST, TRT’S e Juízes do Trabalho.

A competência funcional do Juiz do Trabalho vem definida nos artigos 652 e 653 da CLT, os

quais devem ser interpretados em conjunto com o artigo 114 da CF. A competência funcional dos

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TRT’S vem definida nos artigos 678 e 679 da CLT. A competência funcional do TST vem

definida na Lei 7.701/88, assim como pelo seu Regimento Interno (RITST – Resolução

Administrativa 908/2002).

01. Juízes do Trabalho – processar e julgar as ações:

a) Oriundas das relações de trabalho (salvo os casos já comentados);

 b) Que envolvam o exercício do direito de greve, ressalvando-se a competência funcional

dos Tribunais nos dissídios coletivos;

c) Envolvendo sindicatos (sindicatos x sindicatos; sindicatos x empregados; sindicatos x

empregadores), ressalvando-se a competência funcional dos Tribunais nos dissídios coletivos;d) De mandado de segurança, habeas corpus e habeas data (quando o ato impugnado for de

autoridade administrativa – artigos 114 IV e VII da CF);

e) Relativas ao cumprimento de suas próprias decisões;

f) Oriundas de outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho – artigo 114, IX, CF.

02. Tribunais Regionais do Trabalho – compete:

a) Originariamente: processar e julgar dissídios coletivos (inclusive as revisões e extensões

das decisões); processar e julgar mandados de segurança, habeas corpus e habeas data (salvo os

casos de competência funcional dos juízes do trabalho).

 b) Em última instância: processar e julgar os recursos das multas impostas pelas Turmas;

 processar e julgar as ações rescisórias das sentenças proferidas pelos juízes do trabalho e juízes

de direito investidos na jurisdição trabalhista, assim como as ações rescisórias das decisões de

suas Turmas e de seus próprios acórdãos; processar e julgar os conflitos de competência entre assuas Turmas, os juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista, os juízes do trabalho, e entre

aqueles e estes, caso exerçam jurisdição no território abrangido pelo TRT;

02.1. Compete às Turmas dos TRT’S (caso o tribunal seja divido em turmas):

a) Julgar os recursos ordinários previstos no artigo 895, a, da CLT; julgar os agravos de

 petição e de instrumento (estes de decisões denegatórias de recursos de sua alçada); impor multas

e demais penalidades relativas a atos de sua competência jurisdicional, e julgar os recursos

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interpostos das decisões dos juízes do trabalho;

03. TST (Lei 7.701/88). Compete ao TST:

a) Julgar os recursos de revista (artigo 896 da CLT), os recursos ordinários e agravos de

instrumento contra decisões de TRT’S e dissídios coletivos de categorias organizadas em nível

nacional, além de mandados de segurança, embargos opostos a suas decisões (embargos

infringentes, embargos de divergência e embargos de nulidade) e ações rescisórias.

Os dissídios coletivos são de competência originária dos TRT’S e, quando a área abrangida for 

maior que a do Estado-Membro onde se situa o TRT, do TST. Logo, a primeira instânciatrabalhista não tem competência funcional para processar e julgar dissídios coletivos.

Os mandados de segurança decorrentes dos atos administrativos praticados pelos órgãos de

fiscalização das relações de trabalho passam a ser de competência da primeira instância

trabalhista (Juízes do Trabalho), por força do artigo 114, IV e VII, da CF.

Os Tribunais são competentes para processar e julgar ações rescisórias e conflitos decompetência.

Falando em conflito de competência, atenção!

Conflito de competência é matéria de ordem pública, podendo ser suscitado pelo interessado ou,

de ofício, pelo próprio órgão jurisdicional. Pode ser positivo, quando dois ou mais órgãos se

dizem competentes, ou negativo, quando dois ou mais órgãos se dizem incompetentes.

Competência para apreciar o conflito:

a) TRT – conflito envolvendo juízes do trabalho (ou juízes de direito investidos em

 jurisdição trabalhista) a ele vinculados;

  b) TST – conflito envolvendo juízes do trabalho (ou juízes de direito investidos em

 jurisdição trabalhista) de Tribunais Regionais distintos;

c) TST – conflito envolvendo TRT x TRT;

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d) STJ – conflito envolvendo juízes do trabalho (ou juízes de direito investidos em jurisdição

trabalhista) x juízes de direito ou juízes federais;

e) STJ – conflito envolvendo TRT x TJ ou TRF;

f) STF – qualquer conflito envolvendo o TST.

Considera-se juridicamente impossível o conflito de competência envolvendo TRT e juiz a ele

vinculado – Súmula 420 TST.

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR 

Uma vez fixada a competência absoluta, resta elucidar o juízo competente em razão do território.É o que se chama de “competência territorial” ou “competência em razão do lugar” (ratione loci).

A competência em razão do lugar vem definida no art. 651 da CLT.

A regra é que a ação deve ser proposta no “local em que o empregado (trabalhador) prestou

serviços ao empregador, mesmo que contratado em outra localidade”. Assim, a competência em

razão do lugar é definida, regra geral, “pela localidade onde o empregado, reclamante oureclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no

estrangeiro.

Exceções:

- Quando se tratar, contudo, de “agente ou viajante comercial”, a competência será da Vara do

Trabalho da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado estejasubordinado e, na falta de agência ou filial, será competente a Vara da localidade em que o

empregado tenha domicílio ou aquela mais próxima;

- O empregado brasileiro que trabalha em agência ou filial no exterior poderá impetrar ação

trabalhista no Brasil (no local onde estiver situada a sede ou filial da empresa), desde que não

haja convenção internacional dispondo em contrário;

- A terceira e última exceção à regra geral é aquela pertinente a empregador que promove a

realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho (exemplos: empresa construtora de

  pontes e estradas; circos; empresa teatral; empresa de ônibus de linha intermunicipal ou

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interestadual etc.). Neste caso o empregado poderá ajuizar a reclamação trabalhista no lugar da

celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.

 No caso do trabalhador que labora no estrangeiro, é preciso que ele seja brasileiro; além disso,

necessário que a empresa possua sua sede ou, pelo menos, uma filial no Brasil (Carlos Henrique

Bezerra Leite entende que não há necessidade); havendo tratado internacional ratificado pelo

Brasil, prevalecerá o disposto na norma internacional.

Vale ressaltar que o princípio da norma mais favorável não se aplica quando o empregado tiver 

sido contratado por empresa estrangeira para laborar no exterior. Expliquemos. A Lei 7.064/82

dispõe sobre a situação de trabalhadores contratados ou transferidos para prestar serviços noexterior. Nos artigos 12 a 20, a referida Lei regula a contratação de trabalhador, por empresa

estrangeira, para trabalhar no exterior, impondo, especificamente no art. 14, a incidência da

legislação trabalhista do país da prestação dos serviços, aplicação consagrada também na

  jurisprudência (vide Súmula 207 TST). Apesar de reconhecer a aplicabilidade da legislação

trabalhista alienígena, a Lei 7.064/82 repassa diversos direitos ao empregado, fixando cláusulas

obrigatórias contratuais, tais como a assunção, pela empresa estrangeira, das despesas de viagem

de ida e volta do trabalhador e dos seus dependentes, além de fixar a permanência máxima emtrês anos, salvo se for assegurado ao obreiro o gozo de férias anuais no Brasil, com “todas as

despesas por conta do empregador”. Diferente é o caso do empregado transferido para o

exterior. Empregado transferido é aquele que passa a laborar em outro país ou aquele que foi

contratado por empresa sediada no Brasil para trabalhar a seu serviço no exterior, ou seja, a

“transferência” pode ocorrer mesmo que o empregado não tenha trabalhado no Brasil, basta que

seja “contratado por empresa sediada no Brasil para laborar em outro país”. A legislação

trabalhista do país da prestação de serviços, a priori, deve ser observada, porém, a Lei 7.064/82,no seu art. 3º, II, prevê que a aplicação da legislação trabalhista brasileira é possível, “desde que

mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada

matéria”. A previsão nada mais é do que a consagração, para o caso, da teoria do

conglobamento mitigado, prestigiando a norma mais benéfica, observando-se o tratamento de

cada matéria (“direitos trabalhistas”, tais como férias, 13º salário, aviso prévio etc.). Para os

empregados transferidos, além da norma mais benéfica, devem ser aplicadas as regras pertinentes

à previdência social, ao PIS e ao FGTS. Após dois anos de permanência, o empregado transferido

terá direito a gozar, anualmente, férias no Brasil, cujas despesas de viagem correrão por conta do

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empregador.

 Não se admite o “foro de eleição” no contrato de trabalho (relação de emprego).

Modificações da competência em razão do lugar – A competência absoluta é imutável, salvo o

disposto no artigo 87 do CPC. Já a competência relativa pode sofrer modificações. Já vimos, por 

exemplo, que pode ocorrer a “prorrogação” da competência em razão do lugar, basta, para tanto,

que a parte não oferte a exceção de incompetência no prazo legal (prazo para a resposta do réu).

A prorrogação, portanto, é um típico exemplo de modificação da competência relativa. A

competência em razão do lugar também pode ser modificada por força da conexão e da

continência.

Conexão – reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes forem comum o objeto (pedido)

ou a causa de pedir; neste caso o legislador visa prestigiar os princípios da economia e da

segurança processuais, evitando, inclusive, decisões contraditórias em lides resultantes da mesma

controvérsia, o que poderia comprometer a credibilidade do Poder Judiciário; o juiz, de ofício, o

a requerimento da parte, deve reunir as ações conexas que estejam tramitando em juízos diversos

(artigo 105 do CPC); a conexão é vista como matéria de ordem pública;

Continência – ocorre a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às

 partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras (artigo

104 do CPC); idêntica providência àquela da conexão deve ser adotada.

Como detectar, então, qual o juízo competente, em caso de conexão ou continência?

Pela prevenção!

Considera-se prevento aquele que “despachou em primeiro lugar”, quando os órgãos possuem a

mesma competência territorial. Em caso de órgãos que possuem competência territorial diferente,

a prevenção se dará pela “citação válida”. No processo do trabalho não há o “despacho

saneador”, aquele em que o juiz determina a citação. Esta é automática, ou seja, enviada quando

da propositura da demanda, pela secretaria ou pelo setor de distribuição. Assim sendo, a

 prevenção no processo do trabalho se dará pela ordem da propositura da demanda. O juízo

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 prevento, portanto, deve ser aquele em que a ação trabalhista foi protocolada em primeiro lugar.

Conflito de competência (chamado pela CLT de “conflito de jurisdição”) é um incidente

 processual que ocorre quando dois órgãos proclamam-se competentes (conflito positivo) ou

incompetentes (conflito negativo) para processar e julgar determinado processo. Têm

legitimidade para suscitar conflito de competência, nos termos do artigo 805 da CLT, os próprios

 juízos (órgãos envolvidos), o Ministério Público do Trabalho ou as partes interessadas. Caso a

 parte já tenha proposto exceção de incompetência, não poderá suscitar o conflito (preclusão

lógica).

4. Reclamação Trabalhista

Ação é o direito público, autônomo e abstrato, constitucionalmente assegurado, de invocar a

 prestação jurisdicional do Estado.

Elementos da ação – a) as partes; b) o pedido; e c) a causa de pedir.

As partes são os elementos subjetivos da ação. Quando há pluralidade de pessoas em um pólo, ounos dois, tem-se o chamado litisconsórcio (ativo, passivo ou misto). No processo trabalhista o

autor é denominado “reclamante”, enquanto que o réu é denominado “reclamado”.

O pedido é o elemento objetivo da ação, seu objeto. Objeto da ação é exatamente o pedido, o

qual é delimitado na petição inicial. O pedido tem de ser certo e determinado (no procedimento

sumaríssimo deve ser também líquido).

A causa de pedir revela os motivos (as razões) do pedido. Na causa de pedir o autor (reclamante)

demonstra os “motivos fáticos e jurídicos” que justificam a invocação da tutela jurisdicional. No

 processo trabalhista se exige tão-somente “uma breve exposição dos fatos” (artigo 840, § 1º, da

CLT). Lembrem que o juiz conhece o direito (iura novit curia). Não basta que o autor realize uma

mera afirmação da relação jurídica material, sendo imprescindível, portanto, que “descreva os

fatos” (teoria da substanciação).

Dissídios individuais e dissídios coletivos – Importante a distinção dos dissídios individuais e

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coletivos. Nos dissídios individuais, o objeto é a aplicação dos direitos individuais previstos no

ordenamento jurídico (CF, Leis, CCT ou ACT, Sentença Normativa etc.). A ação de

cumprimento, por exemplo, é um típico exemplo de dissídio individual, mesmo estando o

sindicato no pólo ativo da demanda (pleiteando exatamente a aplicação das determinações

 previstas em uma norma coletiva). O objeto principal dos dissídios coletivos, por outro lado, é a

criação de novas condições de trabalho (dissídio coletivo de natureza econômica) ou a

interpretação de determinada norma jurídica (dissídio coletivo de natureza jurídica). Uma

característica básica dos dissídios coletivos é a “indeterminação dos sujeitos que são alcançados

  pela norma coletiva”, ou seja, a sentença normativa é aplicável erga omnes (perante todos

aqueles que pertençam ou venham a pertencer à categoria profissional ou econômica). Observem:

Dissídio coletivo de natureza econômica – o Tribunal do Trabalho (TRT ou TST) vai criar um

direito novo, resolvendo a controvérsia coletiva dos grupos nela envolvidos – Poder Normativo

da Justiça do Trabalho – artigo 114, § 2º, da CF; a ação tem natureza constitutiva; o dissídio

coletivo de natureza econômica pode ser originário, revisional ou de extensão;

Dissídio coletivo de natureza jurídica – o Tribunal do Trabalho vai apenas interpretar uma norma

 jurídica, declarando o sentido da norma já existente (norma preexistente que vigora no âmbito deuma determinada categoria), ou seja, não vai “criar direito”; a ação é meramente declaratória;

incabível para interpretar norma legal de caráter geral para toda a classe trabalhadora;

5. Processo e procedimento

Processo é o instrumento para a composição dos litígios. Em sentido estrito, é o conjunto de atos

 processuais que se coordenam e se desenvolvem desde o ajuizamento da ação até o trânsito em julgado da sentença (processo de conhecimento).

Os sujeitos do processo são o reclamante (autor) e o reclamado (réu). Não se deve confundir 

“sujeitos do processo” com “sujeitos da lide”, pois, em algumas situações, não serão os mesmos.

É o caso da legitimação extraordinária (substituição processual). Na ação de cumprimento

interposta por sindicato, por exemplo, os sujeitos da lide são os empregados e o empregador (ou

empregadores), enquanto que os sujeitos do processo serão o sindicato da categoria profissional e

o empregador ou empregadores.

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Outras pessoas atuam no processo. São os auxiliares do Juízo – diretor de secretaria, distribuidor,

oficial de justiça, perito, tradutor etc. São tidos como “auxiliares permanentes”. As testemunhas,

os licitantes etc. são tidos como “auxiliares eventuais”.

Processo e procedimento – distinção = Processo nada mais é do que o instrumento para a

composição dos litígios. Em sentido estrito, é o  conjunto de atos processuais que se

coordenam e se desenvolvem desde o ajuizamento da ação até o trânsito em julgado da

sentença (processo de conhecimento). Em razão de vários fatores (valor da causa, por exemplo),

a forma com que o processo se desenvolve assume feições diferentes. Este “desenho”, este

“contorno”, esta “forma” com que o processo se desenvolve, de acordo com determinadosfatores, chamamos de procedimento. Logo, o procedimento é a exteriorização do processo (ou da

relação processual). Também é chamado de “rito” do processo, ou seja, o seu cerimonial, ou seu

“ritual”.

 No processo do trabalho temos basicamente dois tipos de procedimento: ordinário e sumaríssimo.

Procedimento Ordinário – é o mais usual no processo do trabalho, regulado nos artigos 837 a852 da CLT; a lei prevê uma única audiência, mas na prática o rito vem se realizando em duas ou

mais sessões, daí a Súmula 74 do TST.

A reclamação pode ser apresentada pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou por seus

representantes, assim como pelos sindicatos de classe. A reclamação pode ser escrita ou verbal.

Sendo escrita, deverá conter a designação do órgão jurisdicional a quem for dirigida, a

qualificação das partes, uma breve exposição dos fatos, o pedido e a data e a assinatura doreclamante ou de seu representante. Se verbal, será reduzida a termo, em duas vias datadas e

assinadas pelo chefe de secretaria. Recebida e protocolada a reclamação, o chefe de secretaria (ou

o distribuidor), dentro de 48 horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo (neste caso o

chefe de secretaria, exclusivamente) ao reclamado, notificando-o (citando-o) para comparecer à

audiência de julgamento (audiência única), que será a primeira desimpedida, depois de 5 dias.

Logo, o prazo mínimo para a preparação da defesa é de 5 dias (a defesa deve ser apresentada na

audiência). A notificação (citação) será feita em registro postal. Se o reclamado criar embaraços

ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação (citação) por edital. Observem

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que a CLT não prevê a “citação por oficial de justiça”. Vide a Súmula 16 do TST (a prova do não

recebimento da notificação, ou do recebimento fora do prazo, incumbe ao destinatário, pois

“presume-se recebida a notificação 48 horas depois de sua postagem”). O reclamante será

notificado no ato da apresentação da reclamação ou na mesma forma do reclamado. O não

comparecimento do reclamante à audiência gera o “arquivamento da reclamação”. O não

comparecimento do reclamado gera a revelia e a confissão quanto à matéria de fato. Vide a

Súmula 74 do TST (prevendo o não comparecimento das partes à continuidade da audiência,

quando a audiência não pôde ser única). O reclamado pode se fazer substituir por um preposto (o

 preposto deve ter conhecimento dos fatos; o TST entende que o preposto tem de ser empregado

da empresa). O empregado pode se fazer representar por um colega ou pelo sindicato (também

 pelo advogado, se tiver), em caso de doença ou qualquer outro motivo poderoso, quando aaudiência será adiada. O juiz poderá também adiar a audiência caso ocorra algum motivo

relevante. As testemunhas comparecerão independentemente de intimação – observem, contudo,

o artigo 825 da CLT. O primeiro ato do juiz, uma vez aberta a audiência, será a propositura da

conciliação (primeira tentativa de conciliação). São duas tentativas obrigatórias (uma antes da

apresentação da defesa, outra após as razões finais). Havendo acordo, será lavrado o termo de

conciliação judicial, o qual será assinado pelas partes e pelo juiz. Não havendo acordo, o

reclamado terá vinte minutos para apresentar sua defesa (resposta do réu). Terminada a defesa,seguir-se-á a instrução do feito (interrogatório das partes, depoimento das testemunhas e

 produção de outras provas). Terminada a instrução, as partes poderão aduzir razões finais (10

minutos para cada). Após as razões finais, como já dito, o juiz renovará a proposta de

conciliação. A ata de audiência deve ser assinada pelo juiz e autuada em 48 horas. Vide o § 1º do

artigo 851 – procedimento sumário (ou de alçada). A decisão (em tese) será prolatada na própria

audiência, na qual os litigantes, ou seus representantes, serão notificados.

Procedimento sumaríssimo (artigos 852-A a 852-I da CLT) – assim podemos resumir o

  procedimento sumaríssimo: a) aplicável apenas para dissídios individuais até 40 salários

mínimos, que não envolvam a Fazenda Pública; b) a citação por edital não é admitida, restando

apenas a citação postal (na prática os juízes vêm fazendo uso da citação por oficial de justiça); c)

o pedido, além de certo e determinado, tem de ser líquido; d) a apreciação da reclamação deve se

dar em 15 dias, no máximo, podendo constar de pauta especial; e) será realizada uma única

audiência, salvo justo motivo, como, por exemplo, a realização de perícia; f) realizando-se a

 perícia, as partes disporão de prazo comum de cinco dias para falar sobre o laudo, devendo ser 

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observado o lapso máximo de 30 dias entre a interrupção da audiência e o seu prosseguimento,

no caso de perícia; g) cada parte só poderá apresentar duas testemunhas, as quais comparecerão

independentemente de intimação (só será deferida intimação de testemunha que,

comprovadamente convidada, deixar de comparecer); h) serão decididos de plano os incidentes e

as exceções; i) na ata de audiência serão resumidos os atos essenciais; j) o juiz tem ampla

liberdade na condução do processo, devendo, uma vez aberta a audiência, propor a conciliação, a

qual deve ser renovada ao longo da assentada; l) não há previsão para razões finais; m) todas as

 provas serão produzidas em audiência; n) fica dispensado o relatório sentencial.

Serviços Auxiliares da Justiça do Trabalho.

Cada Vara do Trabalho terá um “diretor”.

O Código de Processo Civil chama de “escrivão”. Na Justiça do Trabalho se costuma chamar de

“diretor de secretaria” ou “chefe de secretaria”.

Cabe à Secretaria da Vara receber, autuar, dar andamento, guardar e conservar os autos

  processuais e outros papéis protocolados ou encaminhados, além de manter o protocolo deentrada e saída de processos e outros papéis. Compete à Secretaria, ainda, o registro das decisões,

a prestação de informações às partes interessadas e aos advogados, o fornecimento de certidões e

outras diligências processuais.

A superintendência dos trabalhos da Secretaria cabe ao “diretor de secretaria”, cumprindo as

ordens do juiz do trabalho. A competência da secretaria e do chefe de secretaria se encontra

insculpida nos artigos 711 e 712 da CLT.

 Nas localidades em que existir mais de uma Vara do Trabalho haverá um distribuidor. A

distribuição serve exatamente para evitar a escolha de um juiz pela parte, preservando a

imparcialidade. A distribuição deve seguir a ordem de entrada (1ª Vara, 2ª Vara etc.). A

competência do distribuidor se encontra no artigo 714 da CLT.

A distribuição vem ordenada nos artigos 783 a 788 da CLT. O distribuidor deve fornecer ao

interessado um recibo, do qual constarão, essencialmente, o nome do reclamante e do reclamado,

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a data da distribuição, o objeto da reclamação e a Vara do Trabalho a que coube a distribuição.

Lembrem que a reclamação verbal será distribuída antes de sua redução a termo, e, uma vez

distribuída, o reclamante deverá, salvo motivo de força maior, apresentar-se no prazo de cinco

dias, ao cartório o à secretaria da Vara, para reduzi-la a termo, sob pena de perder, pelo prazo de

seis meses, o direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho – artigos 786 e 731 da CLT.

Aos oficiais de justiça incumbe a realização de atos decorrentes da execução dos julgados. Os

oficiais de justiça, na Justiça do Trabalho, também são “avaliadores”, ou seja, têm competência

  para avaliar os bens objeto da penhora. O oficial de justiça não realiza apenas “atos de

execução”, atuando nas notificações e intimações (na prática).

A CLT dispõe que o oficial de justiça tem, em regra, o prazo de nove dias para o cumprimento do

ato (§ 2º do art. 721), salvo em se tratando de avaliação, quando o prazo será de dez dias (§3º do

art. 721 c/c art. 888 da CLT).

Atos. Termos e Prazos processuais

 No processo trabalhista as partes são chamadas geralmente de “reclamante” e “reclamado”.

Em algumas ações especiais, como, por exemplo, na ação de consignação em pagamento, são

chamados de “consignante” e “consignado”; reconvenção (reconvinte e reconvindo); embargos

de terceiro (embargante e embargados) etc.

A CLT trata dos atos, termos e prazos processuais nos artigos 770 a 782.

Todos os atos processuais trabalhistas devem ser públicos (princípio da publicidade – art. 93, IX,

da CF). Somente em casos excepcionais se admite que o processo corra em segredo de justiça,

assim mesmo quando o “interesse público ou social” o determinar. São exemplos: lides que

envolvam assédio moral, danos morais em virtude de discriminação etc. Cabe ao magistrado

verificar se o processo deve ou não seguir em “segredo de justiça”.

Os atos processuais trabalhistas devem ser realizados nos dias úteis, das 6 às 20 horas – artigo

770 da CLT. As audiências, contudo, devem ser realizadas das 8 às 18 horas, não podendo

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ultrapassar 5 horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente – artigo 813 da CLT.

Os termos e atos processuais poderão ser escritos a tinta, datilografados ou a carimbo. A Lei

9.800/99 permite a transmissão de dados e imagens por fac-símile ou afim nos atos processuais

que dependem de petição escrita (os originais devem ser protocolados até cinco dias do prazo

 para a prática do respectivo ato) – vide Súmula 387 do TST.

Súmula 387 do TST – Recurso. Fac-símile. Lei nº 9.800/1999.

 I – A Lei nº 9.800/1999 é aplicável somente a recursos interpostos após o início de sua vigência.

  II – A contagem do qüinqüídio para apresentação dos originais de recurso interposto por 

intermédio de fac-símile começa a fluir do dia subseqüente ao término do prazo recursal, nostermos do art. 2º da Lei 9.800/1999, e não do dia seguinte à interposição do recurso, se esta se

deu antes do termo final do prazo.

 III – Não se tratando a juntada dos originais de ato que dependa de notificação, pois a parte, ao

interpor o recurso, já tem ciência de seu ônus processual, não se aplica a regra do art. 184 do

CPC quanto ao dies a quo, podendo coincidir com sábado, domingo ou feriado.

Atualmente os atos processuais também são praticados via internet, onde o advogado utiliza umasenha pessoal e intransferível.

 No processo trabalhista a comunicação dos atos processuais é feita pela “notificação”. É o termo

mais usado, abrangendo, muitas vezes, a intimação e a citação. A citação, no processo civil, é o

ato de “chamamento do réu” para apresentar sua resposta. No processo trabalhista não há esse

rigor terminológico.

A notificação pode ser feita por postagem (via Correios), pessoalmente (por intermédio do oficial

de justiça) – (não há previsão expressa na CLT, salvo para o processo de execução, onde o

mandado de citação deve ser cumprido por oficial de justiça), por publicação do edital no Diário

Oficial ou por afixação do edital na sede da Vara do Trabalho ou TRT.

Quando a parte estiver representada por advogado, a notificação é remetida ao endereço do

 profissional, o qual deve mantê-lo atualizado nos autos.

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Os prazos processuais podem ser:

a) legais – fixados pela própria lei (exemplos: prazo para interposição de recursos; prazo para

oferecer defesa oral etc.);

 b) judiciais – fixados pelo juiz do trabalho (prazo para o perito apresentar o laudo técnico; prazo

 para a parte se pronunciar sobre um determinado documento juntado pela parte adversa etc.);

c) convencionais – os que podem ser objeto de acordo entre as partes (suspensão do processo

 para tentativa de acordo, observando-se o máximo de seis meses etc.).

 Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de cinco dias o prazo para a prática de

ato processual a cargo da parte.

As pessoas jurídicas de direito público (Fazenda Pública) têm prazo em quádruplo para contestar 

e em dobro para recorrer. O Ministério Público também tem prazo em dobro para recorrer – art.

188 do CPC.

O TST entende inaplicável ao processo do trabalho a regra do artigo 191 do CPC

(litisconsortes com diferentes procuradores – prazo em dobro) – vide OJ 310 SDI-1.

Os prazos previstos aos juízes e servidores do Poder Judiciário são tidos como “impróprios”, pois

não atraem a preclusão (perda da oportunidade de praticar um ato processual). Sendo assim,

mesmo praticados intempestivamente, são válidos. O descumprimento reiterado e sem

 justificativa de prazos processuais destinados a juízes e servidores pode implicar sanções de

ordem disciplinar.

A contagem dos prazos é feita com base nos artigos 774 e 775 da CLT. O prazo é contado com a

exclusão do dia do começo e a inclusão do dia do vencimento. Não se deve confundir o “início

do prazo” com o “início da contagem”. O início do prazo é que se costuma chamar de “dies a

quo”, sendo aquele em que o interessado toma ciência do ato processual a ser praticado (“dies a

quo non computatur in termino” – “o dia do começo não se computa no prazo”). O início da

contagem do prazo ocorre no dia seguinte ao do início do prazo, ou seja, a contagem do prazo

 processual inicia-se no dia seguinte ao da ciência do ato processual pelo interessado. Se o início

do prazo se deu em uma sexta-feira, o início da contagem se dará na segunda-feira. Caso o início

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do prazo tenha ocorrido no sábado, o início da contagem ocorrerá na terça-feira, pois o sábado e

o domingo, neste caso, serão desprezados. O término do prazo chama-se “dies ad quem” (“dies

ad quem computatur in termino” – “o dia do vencimento inclui-se no prazo”).

Os prazos são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo

estritamente necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente

comprovada. A regra geral é a de que o prazo legal ou judicial é contínuo, não se interrompendo

nos feriados. Pode ocorrer, contudo, a suspensão ou a interrupção do prazo.

Dá-se a suspensão quando se paralisa a contagem do prazo processual, recomeçando a contagem,

ou seja, do estado em que parou, a partir da cessação da causa suspensiva. Para algunsdoutrinadores o recesso forense suspende o prazo processual. Assim também entende o TST,

mediante a Súmula 262.

SÚMULA Nº 262 DO TST – PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO EM 

SÁBADO. RECESSO FORENSE.

 I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil 

imediato e a contagem, no subseqüente. II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art.

177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos recursais.

 Na interrupção o prazo é devolvido integralmente à parte interessada, como se ele nunca tivesse

iniciado. Um bom exemplo de interrupção é a interposição do recurso de embargos declaratórios,

interrompendo o prazo do recurso ordinário.

O vencimento dos prazos processuais deve ser certificado nos autos pelos diretores de secretaria

 – artigo 776 da CLT.

Defesa do reclamado

A CLT fala em “defesa”, não especificando os meios. É certo, porém, que nos artigos 799 a 802,

a CLT trata das exceções de incompetência em razão do lugar e de suspeição. Vimos que o prazo

 para a preparação da defesa é de no mínimo 5 dias (no mínimo 20 dias para a Fazenda Pública e

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o Ministério Público – artigo 188 do CPC). A defesa, no processo do trabalho, é apresentada em

audiência, dispondo o reclamado de 20 minutos (na prática o reclamado geralmente apresenta

defesa escrita).

O CPC (artigo 297) diz que o réu, após a citação, poderá oferecer exceção, contestação e

reconvenção. Logo, a resposta do reclamado pode abranger as três possibilidades.

Entendemos que no processo do trabalho os 20 minutos abrangem o tempo total de defesa, ou

seja, se o reclamado quiser ofertar as três respostas (exceção, contestação e reconvenção), deverá

fazê-lo naquele prazo, sob pena de preclusão – artigo 847 da CLT.

Somente a exceção e a contestação podem ser consideradas como defesa, pois a reconvenção é

um verdadeiro contra-ataque do reclamado em face do reclamante. A reconvenção, portanto, é

uma verdadeira ação do réu contra o autor.

Exceção – Trata-se de defesa indireta, ora visando demonstrar a incompetência relativa do juízo,

ora levantando a suspeição ou o impedimento do juiz. Lembrem que a incompetência relativa, no

 processo do trabalho, se encontra restrita à incompetência em razão do lugar. É bom lembrar quea incompetência absoluta (em razão da matéria, em razão da pessoa e funcional) deve ser 

suscitada na contestação (como preliminar de mérito). Pois bem. A CLT prevê duas exceções: a)

exceção de incompetência em razão do lugar (artigos 799 e 800); b) exceção de suspeição

(artigos 801 e 802). Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao

exceto, por 24 horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou

sessão que se seguir. Quanto à exceção de suspeição, o juiz designará audiência dentro de

quarenta e oito horas, para instrução e julgamento. Importante salientar que qualquer exceção, no procedimento sumaríssimo, deve ser decidida de plano, na própria audiência. O rol do artigo 801

da CLT é tímido, merecendo ser complementado pelas regras do processo comum – artigo 769 da

CLT. Na época em que a CLT foi editada estava em vigor o CPC de 1939, o qual não distinguia

suspeição e impedimento. O CPC de 1973 consagrou a distinção, realçando a melhor técnica

 processual. A matéria vem regulada nos artigos 134 a 138 do CPC. Apenas o impedimento é que

desafia ação rescisória – artigo 485, II, do CPC. O próprio juiz apreciará as exceções (na exceção

de suspeição não há contraditório, pois o exceto é o juiz).

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Contestação – Contestar significa negação, resistência. A lide é o conflito de interesses

qualificado pela pretensão resistida. A pretensão vem corporificada na petição inicial, enquanto

que a resistência direta à pretensão vem insculpida na contestação. Não significa que o reclamado

não possa levantar matérias preliminares. Deve, à luz da norma do artigo 301 do CPC. O artigo

300 do CPC diz que compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as

razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que

 pretende produzir. Entende-se que não se aplica no processo do trabalho a parte final do artigo

300, pois o artigo 845 da CLT dispõe que as partes deverão comparecer à audiência

acompanhadas de suas testemunhas, apresentando, na ocasião, as demais provas. O reclamado

também deverá argüir na contestação, se for o caso, a retenção ou a compensação – artigo 767 da

CLT.

Reconvenção – Trata-se de uma ação do reclamado (reconvinte) contra o reclamante

(reconvindo). Apresentada a reconvenção, ocorrerá uma verdadeira cumulação objetiva de ações

(ação principal e ação reconvencional) no mesmo processo. A CLT não prevê a reconvenção.

Aplica-se o artigo 315 do CPC, que dispõe que o réu pode reconvir ao autor no mesmo processo

toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. O

reclamante/reconvindo deverá ofertar contestação à reconvenção na audiência que se seguir (ooferecimento de reconvenção força o adiamento da audiência). O juiz apreciará na mesma

sentença a ação principal e a ação reconvencional. A desistência da ação principal não afeta o

 prosseguimento da reconvencional.

Das provas

Apenas os fatos é que devem ser provados. O Código de Processo Civil, porém, faz uma ressalva.Em se tratando de direito consuetudinário (costumeiro), estrangeiro, estadual ou municipal, a

 parte que alegar “provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar”. Logo, em alguns

casos será necessária a prova do direito – vide o artigo 337 do CPC.

Chama-se “instrução” a fase do processo de conhecimento em que são colhidas as provas. A

instrução está regulada basicamente nos artigos 818 a 830 da CLT. Em face da simplicidade do

texto consolidado, em algumas situações será imprescindível o auxílio do processo comum – 

artigos 332 a 443 do CPC.

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Prova – meio lícito (artigo 5º, LVI, da CF) para demonstrar a verdade ou não de determinado fato

(ou, em casos excepcionais, para demonstrar o teor e a vigência de direito consuetudinário,

estrangeiro, estadual ou municipal).

Alguns princípios são citados pela doutrina.

Princípio do contraditório e da ampla defesa – as partes têm o direito de se manifestar 

reciprocamente sobre as provas apresentadas.

Princípio da unidade da prova – a prova deve ser examinada em seu conjunto, formando um todounitário; também é conhecido como “princípio da indivisibilidade da prova”, ou seja, a parte não

 pode aproveitar apenas a fatia da prova que lhe interessar, desprezando o restante.

Princípio da comunhão das provas – a prova não serve apenas para a parte que a produziu,

alcançando a outra, em face da comunhão que a marca; não deixa de ser um reflexo do princípio

da indivisibilidade.

Princípio da proibição da prova obtida ilicitamente – são inadmissíveis, no processo, as provas

obtidas por meios ilícitos; em algumas situações, contudo, prevalece o princípio da

 proporcionalidade, segundo o qual não se deve chegar ao extremo de negar validade a toda e

qualquer prova obtida por meios ilícitos, principalmente se a prova é única e envolve direitos

indisponíveis.

Princípio do livre convencimento motivado ou persuasão racional – consagrado peloordenamento jurídico brasileiro, no qual o juiz forma a sua convicção apreciando livremente o

valor das provas, devendo, contudo, motivar a sua decisão – artigo 93, IX, da CF – vide também

os artigos 131 do CPC e 765 e 832 da CLT; vale lembrar: “o que não está nos autos, não está no

mundo”.

Princípio da oralidade – no processo do trabalho, as provas são produzidas na audiência, na

 presença do juiz – vide artigo 845 da CLT.

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Princípio da imediação – o juiz tem ampla liberdade na condução do processo (artigo 765 da

CLT), sendo a ele dirigida a prova – vide artigos 130 do CPC e 848 e 852-D da CLT.

Dissemos que apenas os fatos devem ser provados, salvo as exceções do artigo 337 do CPC. Pois

 bem. Há de se destacar que nem todos os fatos precisam de prova. O artigo 334 do CPC diz que

não dependem de prova os fatos notórios. Também não precisam ser provados os fatos afirmados

 por uma parte e confessados pela outra, além daqueles admitidos como incontroversos, e, por 

fim, sobre os quais milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Fatos notórios – inseridos no conhecimento mediano da sociedade, como, por exemplo, o fato de

o dia 25 de dezembro ser feriado nacional, ou que determinada empresa da região é uma indústriade alimentos, ou, ainda, que no final do ano as vendas no comércio aumentam etc.

Fatos confessados e incontroversos – a confissão, como se diz, é a rainha das provas;

incontroverso é o fato admitido no processo, independentemente de alegação ou confirmação das

 partes (o reclamado não nega a alegação do reclamante de que foi dispensado sem justa causa,

fazendo com que o fato reste incontroverso – vide artigo 302 do CPC).

Fatos cuja existência é legalmente presumida – o reclamante não precisa provar, por exemplo, o

vício de vontade quanto à renúncia ao direito de férias, pois se trata de direito irrenunciável

(impera a presunção de que a renúncia é viciada).

Ônus da prova – O artigo 818 da CLT define que o ônus de provar as alegações incumbe à parte

que as fizer. O artigo 333 do CPC é mais completo, fixando que cabe ao autor a prova dos fatos

constitutivos do seu direito e ao réu a prova dos fatos impeditivos, extintivos ou modificativos dodireito do autor. Logo, a mera negativa do reclamado não precisa ser provada (Manoel Antonio

Teixeira Filho entende que o fato negativo também merece ser provado). Porém, se o reclamado

levanta um fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante, sobre ele incidirá

o fardo probante.

Sobre cartões de ponto vide a Súmula 338 do TST.

- É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de

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trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação in-justificada dos controles de

  freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser 

elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 

21.11.2003)

 II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento

normativo, pode ser elidida por prova em contrário . (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em

20.06.2001) Súmulas A-100

 III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos

como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do

empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir.

Importante, ainda, destacar a Súmula 212 TST:

“O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e

o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego

constitui presunção favorável ao empregado”.

Meios de prova – depoimento pessoal; confissão real e ficta; testemunha; documento; perícia einspeção judicial.

Depoimento pessoal – No processo do trabalho, terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do

 processo, podendo o juiz interrogar os litigantes – artigo 848 da CLT. Entendemos que não cabe

a aplicação do artigo 343 do CPC, ou seja, no processo do trabalho a parte poderá até requerer a

oitiva da outra, porém, caberá tão-somente ao juiz decidir sobre a necessidade ou não da

realização do ato. Mesmo diante do artigo 820 da CLT, não nos parece que a parte tenha o direitode ouvir a parte adversa. Nos termos da jurisprudência, no processo do trabalho a realização ou

não do interrogatório dos litigantes é apenas uma faculdade do julgador, não configurando

cerceamento de defesa o indeferimento motivado do pedido, pois o juiz tem ampla liberdade na

condução do processo – artigo 765 da CLT.

Confissão – Do depoimento pessoal pode nascer a confissão, real ou ficta. A confissão é

chamada de “rainha das provas”. A confissão real goza de presunção absoluta – artigo 354 do

CPC. A ficta confissão, por outro lado, goza de presunção juris tantum (relativa), prevalecendo

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apenas se não houver outros meios probatórios capazes de elidi-la. O não-comparecimento da

 parte à audiência em que deveria prestar seu depoimento pessoal, desde que devidamente

intimada para tal fim, gera a ficta confissão quanto à matéria de fato, nos termos da Súmula 74 do

TST. A confissão ficta também se revela quando a parte se recusa a responder às perguntas ou

quando afirma desconhecer ou ignorar os fatos.

Prova testemunhal – Em razão do princípio da primazia da realidade sobre a forma, o qual

norteia o direito do trabalho, a prova testemunhal possui grande relevância no processo do

trabalho. Inaplicável, pois, no processo laboral, a regra do artigo 401 do CPC. Não podem ser 

testemunhas as pessoas incapazes, impedidas ou suspeitas. Sendo estritamente necessário, o juiz

ouvirá testemunhas impedidas ou suspeitas, cujos depoimentos serão prestados semcompromisso, atribuindo o valor que possam merecer – vide também o artigo 829 da CLT. São

incapazes o interdito por demência, aquele acometido por enfermidade ou debilidade mental (na

época dos fatos ou ao tempo do depoimento), o menor de 16 anos, e, por fim, o cego e o surdo,

quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam. As testemunhas impedidas e

suspeitas se encontram no rol dos §§ 2º e 3 º do artigo 405 do CPC. Não há rol de testemunhas no

 processo do trabalho, pois a parte comparecerá à audiência acompanhada de suas testemunhas

(caso a testemunha não compareça, o juiz determinará a sua intimação) – artigo 825 da CLT.

Prova documental – Os documentos do reclamante devem acompanhar a petição inicial,

enquanto que os documentos do reclamado devem acompanhar a defesa. Na prática, o juiz

costuma conceder prazo para a produção de prova documental. Em sede recursal, a juntada de

documentos só é admitida excepcionalmente – Súmula 8 do TST. Alguns documentos não podem

ser supridos, salvo pela confissão, tais como aviso e recibo de férias, recibos de salário, acordo de

 prorrogação de jornada, termo de rescisão do contrato de trabalho etc. As anotações da carteirade trabalho geram presunção juris tantum – Súmula 12 do TST. As cópias podem ser

autenticadas pelo próprio advogado – vide atual redação do artigo 830 CLT.

 

Prova pericial – Quando a prova de determinado fato depender de conhecimentos técnicos ou

científicos, o juiz poderá designar um perito (auxiliar da justiça) – vide artigo 145 do CPC. O

 perito poderá escusar-se, por justo motivo, do encargo. O CPC regula a produção da prova

 pericial nos artigos 420 a 439. Os peritos estão sujeitos aos mesmos impedimentos e suspeições

dos magistrados – artigo 138, III, do CPC. A prova pericial no processo do trabalho poderá ser 

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requerida pela parte ou determinada, de ofício, pelo magistrado, sendo, a perícia, realizada por 

  perito único, designado pelo juiz (Lei 5.584/70 – artigo 3º). Quando se tratar de pedido de

adicional de insalubridade ou periculosidade, o juiz estará obrigado a determinar a realização da

 perícia, mesmo diante da revelia – artigo 195, § 2º, da CLT. No procedimento sumaríssimo, entre

a suspensão da audiência e a sua retomada, para fins de produção de prova pericial, deve o juiz

observar o prazo máximo de trinta dias – artigo 852-H da CLT. Os honorários periciais serão

devidos por aquele que sucumbir em razão do objeto da perícia, ressaltando que os benefícios da

 justiça gratuita alcançam também os honorários periciais – artigo 790-B da CLT. O assistente

indicado pela parte será pago pela própria parte, independentemente do resultado da perícia – 

vide Súmula 341 TST.

Das custas no Processo do Trabalho

A CLT, quanto a custas e emolumentos, sofreu diversas alterações, decorrentes da Lei 10.537 de

27.08.2002, inclusive no que pertine à denominação da Seção III, constituída pelos artigos 789 a

790-B.

Custas no processo de conhecimento (artigo 789 da CLT) – Serão pagas pelo vencido, após otrânsito em julgado da decisão, salvo no caso de recurso, quando deverão ser pagas e

comprovadas dentro do prazo recursal. Para o empregador ser considerado vencido basta que

 perca um só objeto da ação, ou seja, o empregado só será sucumbente se perder tudo. Nos

dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelo pagamento das custas,

calculadas sobre o valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal. As custas no

 processo de conhecimento correspondem a 2% sobre o valor da condenação, observado o mínimo

de R$ 10,64 (em caso de sentença ilíquida, o juiz deve arbitrar o valor da condenação). Quandohouver acordo, as custas incidirão sobre o respectivo valor, devendo constar do termo a quem

incumbirá o recolhimento, sob pena de serem pagas em partes iguais pelos litigantes. Em caso de

extinção do processo sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido,

assim como na procedência do pedido formulado em ação declaratória ou constitutiva, as custas

serão calculadas sobre o valor da causa.

Custas no processo de execução (artigo 789-A da CLT) – As custas serão sempre de

responsabilidade do executado, e pagas ao final. O referido artigo é constituído de uma tabela de

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custas. Destacamos: agravo de petição, agravo de instrumento, embargos à execução, embargos

de terceiro e embargos à arrematação = R$ 44,26. Recurso de revista e impugnação à sentença de

liquidação = R$ 55,35.

Emolumentos – São outras despesas previstas pela lei – artigo 789-B da CLT. Exemplos:

fotocópia de peças – por folha = R$ 0,28; certidões – por folha = R$ 5,53 etc.

Honorários periciais – A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte

sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária da justiça gratuita – artigo 790-B

da CLT. Os honorários do assistente indicado por uma das partes são de responsabilidade da

 parte que o indicou – Súmula 341 TST.

Justiça gratuita – Benefício previsto no § 3º do artigo 790 da CLT. Cabe ao juiz a faculdade de

conceder, a requerimento ou de ofício, o dito benefício, alcançando traslados e instrumentos.

Para tanto, o juiz observará se o litigante percebe salário igual ou inferior ao dobro do mínimo

legal ou se a parte declarou, sob as penas da lei, não ter condições de arcar com as despesas

 processuais, sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família (a declaração pode ser feita pelo

 próprio advogado, na petição inicial). O empregador também pode ser beneficiário da justiçagratuita, mas o TST vem entendendo que o benefício não pode favorecer “pessoa jurídica”. O

inciso VII do artigo 3º da Lei 1.060/50 estendeu o benefício da justiça gratuita ao “depósito

recursal”. Podemos dizer, portanto, que o beneficiário da justiça gratuita fica isento de: a) custas;

  b) emolumentos; c) honorários periciais; d) depósito recursal; e) depósito prévio de ação

rescisória (artigo 836 CLT).

Honorários advocatícios – Prevalece o entendimento que a condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, nunca superiores a 15%, não decorre pura e simplesmente da

sucumbência, devendo a parte estar  assistida por sindicato da categoria profissional,

comprovando a percepção de salário inferior ao dobro do salário-mínimo ou declarando

não ter condições de demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da sua família (ou seja,

ser beneficiária da justiça gratuita) – Súmula 219 do TST, confirmada pela Súmula 329, também

do TST. Importante observar que o fato de o empregado ser beneficiário da justiça gratuita não

atrai, por si só, o direito a honorários advocatícios (é o caso de ser beneficiário e estar assistido

 por advogado particular, não havendo que se pensar em honorários advocatícios). Apenas o

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sindicato da categoria profissional, quando estiver prestando assistência judiciária, é que fará jus

a honorários advocatícios sucumbenciais, nunca superiores a 15%, desde que, naturalmente, o

obreiro não perca toda a ação (sucumbência total). Observem os artigos 14 e seguintes da Lei

5.584/70. Em caso de empregado assistido por sindicato, que não tenha obtido os benefícios da

 justiça gratuita, uma vez sucumbente, o sindicato responderá solidariamente pelo pagamento das

custas devidas.

A IN 27/2005 do TST terminou consagrando os honorários advocatícios sucumbenciais,

independentemente dos requisitos supra referidos, quando a lide decorrer de outra relação de

trabalho.

Segue, na íntegra, a IN 27/2005 do TST:

Instrução Normativa 27/2005 do TST

Art. 1º As ações ajuizadas na Justiça do Trabalho tramitarão pelo rito ordinário ou sumaríssimo,

conforme previsto na Consolidação das Leis do Trabalho, excepcionando-se, apenas, as que, por disciplina legal expressa, estejam sujeitas a rito especial, tais como o Mandado de Segurança,

Habeas Corpus, Habeas Data, Ação Rescisória, Ação Cautelar e Ação de Consignação em

Pagamento.

Art. 2º A sistemática recursal a ser observada é a prevista na Consolidação das Leis do Trabalho,

inclusive no tocante à nomenclatura, à alçada, aos prazos e às competências.

Parágrafo único. O depósito recursal a que se refere o art. 899 da CLT é sempre exigível como

requisito extrínseco do recurso, quando houver condenação em pecúnia.Art.3º Aplicam-se quanto às custas as disposições da Consolidação das Leis do Trabalho.

§ 1º As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão.

§ 2º Na hipótese de interposição de recurso, as custas deverão ser pagas e comprovado seu

recolhimento no prazo recursal (artigos 789, 789-A, 790 e 790-A da CLT).

§ 3º Salvo nas lides decorrentes da relação de emprego, é aplicável o princípio da

sucumbência recíproca, relativamente às custas.

Art. 4º Aos emolumentos aplicam-se as regras previstas na Consolidação das Leis do Trabalho,

conforme previsão dos artigos 789-B e 790 da CLT.

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Parágrafo único. Os entes públicos mencionados no art. 790-A da CLT são isentos do pagamento

de emolumentos. (acrescentado pela Resolução n° 133/2005)

Art. 5º Exceto nas lides decorrentes da relação de emprego, os honorários advocatícios são

devidos pela mera sucumbência.

Art. 6º Os honorários periciais serão suportados pela parte sucumbente na pretensão objeto da

 perícia, salvo se beneficiária da justiça gratuita.

Parágrafo único. Faculta-se ao juiz, em relação à perícia, exigir depósito prévio dos

honorários, ressalvadas as lides decorrentes da relação de emprego.

Isenção de custas (artigo 790-A) – Não se confunde justiça gratuita, que é um benefício a ser 

concedido pelo juiz, com “isenção de custas”, que é um direito daqueles contemplados pela lei.São isentos de custas no processo do trabalho: a União, os Estados, os Municípios, o Distrito

Federal, suas autarquias e fundações públicas que não explorem atividade econômica, além do

Ministério Público do Trabalho. A isenção não alcança as entidades fiscalizadoras do exercício

 profissional, nem tampouco exime a Fazenda Pública da obrigação de reembolsar as despesas

realizadas pela parte vencedora (tal reembolso não afeta a isenção, pois não haverá recolhimento

de custas, apenas indenização para com a outra parte). A massa falida também é isenta de custas

 – Súmula 86 do TST.

Da decisão

O artigo 162 do CPC diz que os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e

despachos.

Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa.

Quando decide o mérito da causa, prolata uma sentença de mérito, também chamada de sentença

definitiva. Apenas a sentença definitiva é que pode desaguar na coisa julgada material.

Quando não decide o mérito da causa, o juiz extingue o processo sem julgamento do mérito

(artigo 267 do CPC), proferindo uma sentença terminativa do feito, a qual não transita em

 julgado (diz-se que faz “coisa julgada formal”).

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Decidindo o mérito da causa, o juiz resolverá o processo meritoriamente – artigo 269 do CPC.

O termo de conciliação judicial, apesar de não ter natureza de sentença, tem força de decisão

 judicial, uma vez homologado pelo juiz.

O juiz não é obrigado a homologar um termo de conciliação, pois pode não concordar com o

ajuste – Súmula 418 TST.

Observem que a transação judicial extingue o processo com julgamento do mérito – artigo 269,

III, do CPC. Por essa razão o TST vem entendendo que o único meio para atacar o termo de

conciliação judicial homologado pelo juiz é a ação rescisória – vide Súmula 259 do TST.

A própria CLT consagra o termo de conciliação judicial como “decisão irrecorrível” para as

 partes.

A União Federal, contudo, pode recorrer de um termo de conciliação judicial, quanto às

contribuições previdenciárias decorrentes do acordo – parágrafo único do artigo 831 e artigo 832

da CLT.

A sentença deve mencionar as custas e a responsabilidade por seu recolhimento. Além disso,

deve indicar a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação, inclusive o limite de

responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária. A indicação da

natureza e o limite de responsabilidade das partes devem constar também do termo de

conciliação judicial.

As partes serão notificadas das decisões na própria audiência em que forem proferidas – Súmula

197 do TST.

A União Federal será intimada, mediante oficial de justiça (intimação pessoal), dos termos de

conciliação que contenham parcela indenizatória, sendo-lhe facultada interpor recurso relativo às

contribuições que lhe forem devidas.

Caso o juiz não discrimine as verbas em um acordo, as contribuições previdenciárias serão

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calculadas sobre o montante do acordo – OJ 368 SDI-1.

Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente,

não pondo fim ao processo.

As decisões interlocutórias, no processo do trabalho, são irrecorríveis de imediato – artigo 893, §

1º, da CLT. O TST, mediante a Súmula 214, prevê algumas exceções, admitindo, por exemplo,

recurso ordinário de imediato quando o acolhimento da exceção de incompetência em razão do

lugar resultar na remessa dos autos a TRT distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado.

Segue o inteiro teor da referida Súmula:

 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE - Nova redação - Res. 127/2005, DJ 

16.03.2005. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões

interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal 

 Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior 

do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que

acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional 

distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, daCLT.

Despachos são todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento

da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.

Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho,

devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários.

6. Recursos no Processo do Trabalho

A matéria é tratada nos artigos 893 a 901 da CLT.

Impera, quanto aos recursos, o princípio da taxatividade, ou seja, os recursos admitidos são

aqueles previstos no ordenamento jurídico. Isso não significa, porém, que todos os recursos do

 processo do trabalho estejam taxativamente relacionados no rol do artigo 893 da CLT.

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Com efeito, o mencionado artigo diz que “Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: I – 

embargos; II – recurso ordinário; III – recurso de revista e IV – agravo”.

A Lei 5.584/70 prevê o chamado “pedido de revisão do valor da causa”, a ser ofertado em 48

horas, quando o juiz do trabalho mantiver o quantum, rejeitando a impugnação ofertada em

razões finais.

Cabível, por outro lado, no processo do trabalho, o recurso extraordinário ao STF, no prazo de 15

dias.

O recurso adesivo, previsto no artigo 500 do CPC, é também aplicável em sede de processo do

trabalho.

Súmula 283 do TST – O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho, e cabe, no

 prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição,

de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada

com a do recurso interposto pela parte contrária.

O Regimento Interno do TST prevê, ainda, o “agravo regimental”, a ser interposto em oito dias,

quando denegado seguimento aos “embargos no TST”.

Sigamos no nosso estudo.

A palavra “recurso” indica “a tentativa de dar ao processo um novo curso”.

É um remédio processual que a lei coloca à disposição das partes, do Ministério Público ou de

um terceiro, a fim de que a decisão judicial possa ser submetida a novo julgamento, por órgão de

 jurisdição hierarquicamente superior, em regra, àquele que a proferiu (Nelson Nery Júnior).

 Não há que se confundir recurso com as chamadas “ações impugnativas autônomas”. São

exemplos de ações autônomas de impugnação: ação rescisória, mandado de segurança, embargos

de terceiro, embargos à execução, embargos à arrematação etc.

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Prevalece, portanto, o entendimento de que o recurso nada mais é do que a própria continuação

do procedimento, atuando como prolongamento do exercício do direito de ação dentro do mesmo

 processo.

Efeito meramente devolutivo – Os recursos trabalhistas terão efeito meramente devolutivo.

Destarte, não há necessidade de o juiz declarar o efeito em que recebe o recurso. A regra,

contudo, apresenta uma exceção. As normas previstas no § 6º, do artigo 7º, e no artigo 9º, da Lei

7.701/88, admitem efeito suspensivo (de até 120 dias) a recurso ordinário interposto em face de

sentença normativa.

Superadas as observações preliminares, estudaremos os pressupostos de admissibilidade dos

recursos, dividindo-os em subjetivos e objetivos.

São pressupostos subjetivos (intrínsecos):

a) Legitimidade – Além dos litigantes, são partes legítimas para interpor recurso, na qualidade de

terceiro prejudicado ou interessado: o sucessor ou herdeiro; os litisconsortes e assistentes(simples ou litisconsorcial); o substituto processual; o Ministério Público do Trabalho (como

 parte ou fiscal da lei).

 b) Capacidade;

c) Interesse = utilidade + necessidade;

São pressupostos objetivos (extrínsecos):

a) Recorribilidade do ato;

 b) Adequação;

c) Tempestividade;

d) Regularidade de representação;

e) Preparo.

Tempestividade – Todos os recursos no processo do trabalho obedecem ao prazo de 8 (oito) dias,

à luz do artigo 6º da Lei 5.584/70, salvo: a) pedido de revisão do valor da causa = prazo de 48

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horas (artigo 2º, § 1º, da Lei 5.584/70); b) embargos declaratórios = prazo de 5 (cinco) dias

(artigo 897-A da CLT); c) recurso extraordinário ao STF = prazo de 15 (quinze) dias; d) agravo

de instrumento em sede de recurso extraordinário = 10 dias.

Preparo – O preparo recursal pode se dar com o recolhimento das custas, ou, em caso de

empregador recorrente, condenado em pecúnia (Súmula 161 TST), com o recolhimento das

custas e do depósito recursal. Logo, o depósito recursal é devido apenas pelo empregador que for 

condenado em pecúnia (o depósito recursal é feito na conta vinculada do FGTS do trabalhador,

ou, se não existir, em conta judicial à disposição do juízo, só podendo ser liberado após o trânsito

em julgado do decisum). A parte deve comprovar o preparo dentro do prazo do recurso, sob pena

de deserção (artigo 789, § 1º, da CLT c/c artigo 7º da Lei 5.584/70) – vide Súmula 245 TST. Não precisam de preparo: a) agravo de petição; b) embargos declaratórios; c) pedido de revisão do

valor da causa. Sobre o depósito recursal, importante destacar a Súmula 128 do TST:

SUM-128 TST. DEPÓSITO RECURSAL.

 I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo

recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito

mais é exigido para qualquer recurso. (ex-Súmula nº 128 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.03, que incorporou a OJ nº 139 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998)

 II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer 

decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do

débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. (ex-OJ nº 189 da SBDI-1 - inserida em

08.11.2000).

 III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por 

uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia suaexclusão da lide. (ex-OJ nº 190 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000).

O empregador, uma vez beneficiário da justiça gratuita, fica também desonerado do

depósito recursal – Lei 1.060/50, artigo 3º, VII.

Atenção! O artigo 899 da CLT sofreu recente alteração, especificamente a inclusão do § 7º,

  prevendo, também para o agravo de instrumento, a necessidade do depósito recursal. Vale

salientar, entretanto, que nem todo agravo de instrumento precisará do depósito recursal, mas

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apenas aqueles que visem “destrancar” recurso que possua depósito recursal. Eis a redação

do citado § 7º do artigo 899 da CLT:

 No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal corresponderá a 50%

(cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar. (Incluído

 pela Lei nº 12.275, de 2010)

A massa falida é isenta de depósito recursal – Súmula 86 do TST.

Em caso de preparo efetuado a menor, não há que se falar em “intimação para complementação”.

Vide OJ 140 da SDI-1:

OJ-SDI-140. DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS. DIFERENÇA ÍNFIMA. DESERÇÃO.

OCORRÊNCIA. Ocorre deserção do recurso pelo recolhimento insuficiente das custas e do

depósito recursal, ainda que a diferença em relação ao “quantum” devido seja ínfima, referente

a centavos.

Remessa obrigatória – Aplica-se a regra do artigo 475 do CPC. Assim vem entendendo o TST,mediante a Súmula 303, in verbis:

  FAZENDA PÚBLICA. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. (incorporadas as Orientações

 Jurisprudenciais nos 9, 71, 72 e 73 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005.

  I - Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição, mesmo na vigência da

CF/1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo:

a) quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) saláriosmínimos; (ex-OJ nº 09 incorporada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003).

b) quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária do Supremo Tribunal Federal 

ou com súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho. (ex-Súmula nº 

303 - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003).

 II - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau está sujeita ao duplo

 grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas hipóteses das

alíneas “a” e “b” do inciso anterior. (ex-OJ nº 71 - Inserida em 03.06.1996). III - Em mandado de segurança, somente cabe remessa “ex officio” se, na relação processual,

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 figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal 

 situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado

 pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa. (ex-OJs nº 72 -

 Inserida em 25.11.1996 e nº 73 - Inserida em 03.06.1996).

 

Recursos em espécie – Recurso ordinário; Embargos declaratórios; Agravo de instrumento;

Agravo de petição; Recurso de revista; Embargos no TST; Recurso extraordinário.

Antes de tudo, observem a regra do artigo 900 da CLT: “Interposto o recurso, será notificado o

recorrido para oferecer as suas razões, em prazo igual ao que tiver o recorrente”.

RECURSO ORDINÁRIO (artigo 895 da CLT).

Serve para atacar decisões definitivas e terminativas dos juízes do trabalho e dos juízes de direito

investidos em jurisdição trabalhista. Nas reclamações sujeitas ao rito sumaríssimo: 1 – o recurso

ordinário será imediatamente distribuído, uma vez recebido no TRT, devendo o relator liberá-lo

no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do TRT ou Turma colocá-lo imediatamente em

 pauta para julgamento; 2 – não haverá revisor; 3 – o parecer do MPT, se este entender necessário,será oral, com registro na certidão; 4 – o acórdão será simples, constando o dispositivo e as

razões de decidir do voto prevalente (se a sentença recorrida for mantida pelos próprios

fundamentos, a certidão de julgamento registrará tal circunstância, servindo de acórdão).

Também serve para atacar decisões definitivas e também terminativas de TRT, em processos de

sua competência originária, quer em dissídios individuais (exemplos: ação rescisória, mandado

de segurança etc.), quer em dissídios coletivos.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (artigo 897-A da CLT).

Servem para suprir omissão e contradição de sentença ou acórdão, ou em caso de manifesto

equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. Não precisam de preparo. Prazo de

cinco dias. O julgamento dos embargos declaratórios deve se dar na primeira audiência ou sessão

subseqüente a sua apresentação. Podem modificar a decisão atacada (efeitos infringentes).

Lembrem que os erros materiais e de cálculo podem ser corrigidos de ofício ou a requerimento de

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qualquer das partes. Não há previsão para contra-razões, porém, se o juiz verificar a possibilidade

de efeito modificativo, deverá intimar a outra parte para contra-arrazoar os embargos – vide OJ

142 SDI-1. Os embargos declaratórios interrompem o prazo para a interposição de outros

recursos, por qualquer das partes – artigo 538 do CPC.

AGRAVO DE INSTRUMENTO (artigo 897, alínea b, da CLT).

Serve para atacar despachos que denegarem a interposição de recursos. Apenas para isso! Não

 precisa de preparo. O instrumento deve ser formado conforme preceitua o § 5º do artigo 897 da

CLT, sob pena de não conhecimento (a finalidade do instrumento é possibilitar, caso provido o

agravo, o imediato julgamento do recurso denegado). O agravado será intimado para oferecer resposta (contra-razões) ao agravo e ao recurso principal, instruindo-a com as peças que

considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos (§ 6º). Provido o agravo, a Turma

deliberará sobre o julgamento do recurso principal (aquele que estava trancado). O agravo será

  julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi

denegada (§ 4º). Quando interposto contra despacho que não receber agravo de petição não

suspende a execução da sentença - § 2º do artigo 897 da CLT (é a regra do efeito meramente

devolutivo).

AGRAVO DE PETIÇÃO (artigo 897, alínea a, da CLT).

Serve para atacar as decisões do juiz ou presidente do TRT, nas execuções. Não há uniformidade

quanto ao termo “decisões”. Prevalece, ao que parece, o entendimento de que apenas as decisões

definitivas ou terminativas desafiam o recurso, ou seja, não cabe agravo de petição de decisão

interlocutória. Só será recebido quando o agravante delimitar as matérias e os valoresimpugnados, permitida a execução definitiva da parte remanescente, nos próprios autos ou por 

carta de sentença (quando serão remetidos os autos principais para julgamento do agravo de

  petição). Quando o agravo versar apenas sobre contribuições sociais, o juiz da execução

determinará a extração de cópias das peças necessárias, que serão autuadas em apartado e

remetidas à instância superior para apreciação, após contra-razões.

RECURSO DE REVISTA (artigo 896 da CLT).

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Cabe recurso de revista para Turma do TST

Das decisões em grau de Recurso Ordinário (*)

Proferidas por TRT

Em Dissídio Individual

Quando

1) Derem interpretação diversa (***) daquela dada por 

Outro TRT (**),

Pela SDI,

Ou à Súmula do TST:

a) De Lei Federal;

 b) De Lei Estadual, de CCT ou ACT, de sentença normativa ou de Regulamento

Empresarial (de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do TRT

 prolator da decisão recorrida);

2) Proferidas com violação literal de Lei Federal ou afronta direta e literal àConstituição Federal.

Nas causas sujeitas ao rito sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por

contrariedade a súmula do TST ou violação direta da Constituição – OJ 352 SDI-1.

(*) Cabe recurso de revista de acórdão que apreciou agravo de petição, conforme § 2º do

artigo 896 da CLT, desde que a decisão tenha ofendido direta e literalmente a ConstituiçãoFederal – Súmula 266 do TST.

(**) Outro TRT, pois os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à

uniformização de sua jurisprudência, não servindo suas súmulas, quando contrariarem

súmula do TST, para ensejar a admissibilidade do recurso de revista - § 3º do artigo 896 da

CLT c/c artigo 14 da Lei 7.701/88.

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(***) A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se considerando

como tal a ultrapassada por súmula, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do

TST.

Questão da “transcendência” – artigo 896-A da CLT – Com o escopo de dificultar a interposição

do recurso de revista foi inserido, por medida provisória, o artigo 896-A, dispondo que o TST, no

recurso de revista, examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos

reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. Trata-se de um pressuposto

específico de admissibilidade. Porém, o que vem a ser “transcendência”? Há um Projeto de Lei

(nº. 3.257/2000) em tramitação no Congresso Nacional, no qual a transcendência é definida.

Enquanto isso...

EMBARGOS NO TST (ARTIGO 894 DA CLT e LEI 7.701/88).

a) Embargos infringentes – servem para atacar decisão não unânime em sede de dissídio coletivo

de competência originária do TST (mediante a SDC), salvo se a decisão estiver em consonância

com precedente ou súmula do TST (a competência será da SDC, em última instância);

 b) Embargos de divergência – servem para atacar decisões divergentes das Turmas do TST oudas Turmas com a SDI, sendo competente, em última instância, a SDI;

7. Da execução

A execução forçada no processo do trabalho é conceituada pelo mestre Manoel Antonio Teixeira

Filho como:

a) A atividade jurisdicional do Estado, b) de índole essencialmente coercitiva, c) desenvolvida

 por órgão competente, d) de ofício ou mediante iniciativa do interessado, e) com o objetivo de

compelir o devedor f) ao cumprimento da obrigação g) contida em sentença condenatória

transitada em julgado, em acordo judicial inadimplido, ou, ainda, em título extrajudicial previsto

em lei.

Desaparecido o período em que era permitida a autotutela, em que cada litigante podia atuar como árbitro de seus próprios interesses, hoje não se tem dúvida de que a execução forçada é

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monopólio do Estado, o qual atua mediante a sua função jurisdicional. Há de se destacar que o

Código Penal considera crime contra a Administração da Justiça o exercício arbitrário das

 próprias razões, ainda que destinado a satisfazer pretensão legítima (artigo 345). Ora, a satisfação

da pretensão legítima, ou seja, a coação para que o devedor cumpra a sua obrigação, se encontra

inserta no Poder Estatal. Mais do que um Poder do Estado, a jurisdição se revela um dever, na

medida em que ente estatal proíbe o exercício arbitrário das próprias razões. Não se pode

desprezar, contudo, a possibilidade da chamada autocomposição dos litígios: desistência

(renúncia à pretensão); submissão (renúncia da resistência à pretensão); transação (concessões

recíprocas). Em resumo, cabe à parte pedir ao Estado-juiz que conduza o devedor ao

adimplemento da obrigação, valendo-se de todo o aparato jurídico coercitivo de que dispõe.

Uma sentença condenatória impõe ao reclamado o cumprimento de uma obrigação. Se o devedor 

(reclamado na fase executória) cumprir espontaneamente o comando sentencial, o processo será

extinto. Caso não cumpra, incumbirá ao credor solicitar ao juiz que torne concreta e efetiva a

sanção de que se faz dotado o título executivo. No processo do trabalho, especificamente, o

credor não precisa solicitar o provimento jurisdicional, pois a execução pode ser iniciada de

ofício pelo magistrado – artigo 878 da CLT. Em caso de título executivo extrajudicial, contudo,

não há como imaginar a execução ex officio, restando imprescindível a iniciativa do interessado.

 No processo do trabalho, a regra de competência executória está inscrita no artigo 877 da CLT.

Compete, pois, ao juízo que houver solucionado originariamente o conflito, a execução do título,

ou seja, aquele que proferiu a decisão exeqüenda. Assim, os acórdãos prolatados pelos tribunais,

no exercício de sua competência recursal (derivada), serão executados pelo órgão de primeiro

grau, prevalecendo o critério do julgamento originário estampado no artigo 877 da CLT.

Tratando-se de matéria integrante da competência originária dos tribunais (mandado desegurança, ação rescisória etc.), a própria corte emissora do acórdão será competente para

executá-lo, por intermédio de seu presidente (artigo 682, VI, da CLT). Em se tratando de título

extrajudicial, a competência será do órgão que seria competente para apreciar a pretensão

cognitiva. Em determinadas situações, a competência se desloca para o juízo deprecado – 

  julgamento dos embargos do devedor oferecidos à execução, sempre que a matéria que os

fundamentar se referir a vícios ou irregularidades de atos praticados pelo próprio juízo deprecado

(artigo 747 do CPC). Na hipótese do TRT, no julgamento de ação rescisória, acolher os pedidos

que haviam sido rejeitados pela sentença rescindenda, a competência para praticar os atos de

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execução será do próprio TRT, por seu presidente – artigo 707, d, da CLT (exercitando o juízo

rescindendo, o TRT fez desaparecer do mundo jurídico a sentença, fulminando a res judicata,

como qualidade daquela, tornando-se o órgão que proferiu a decisão originária).

Como vimos, a execução de ofício é uma das mais expressivas singularidades do processo do

trabalho. A faculdade atribuída ao juiz, na literalidade do artigo 878 da CLT, não revela uma

opção, uma escolha, uma mera “faculdade”, mas um permissivo, ou seja, a lei atribui ao juiz do

trabalho o poder de executar, de ofício, o título, objeto da decisão por ele proferida. É permitido

ao magistrado executar ex officio a sua própria decisão. Não precisa ser provocado. Muito mais

que um que um mero poder, parece-nos, na verdade, que é um poder-dever. Parte da doutrina não

vislumbra qualquer afronta ao princípio da inércia (artigo 2º do CPC), pois não enxerga naexecução um “processo autônomo”, mas uma fase, um capítulo ou fase seqüente do processo de

conhecimento. Segundo Manoel Antonio Teixeira Filho, o juiz dá início, ex officio, à fase

executiva do processo de cognição e não à ação de execução, como se esta fosse uma entidade

autônoma. A CLT também permite que a execução seja promovida por qualquer interessado.

Trata-se da legitimação ativa para a execução. Neste caso, aplica-se subsidiariamente o CPC.

Logo, a execução no processo do trabalho pode ser promovida 1) pelo juiz, de ofício; 2) pelo

credor; 3) pelo devedor; 4) pelo espólio, herdeiro ou sucessor do credor; 5) pelo cessionário ousub-rogado; 6) pelo Ministério Público do Trabalho; 7) sindicato (tanto quando estiver atuando

como substituto processual, quanto no caso de honorários advocatícios, por seu advogado); 8)

 peritos e advogados, para a cobrança dos honorários.

O processo de conhecimento é marcado pela incerteza quanto ao direito disputado pelas partes.

Diz-se que o processo cognitivo vai dos fatos ao direito, enquanto que o processo de execução

vai do direito aos fatos. A execução forçada visa compelir o devedor a cumprir a obrigação.Baseia-se em título executivo, judicial ou extrajudicial, líquido, certo e exigível. A certeza, pois,

é uma das marcas do processo de execução, não existindo mais a dúvida quanto ao direito

disputado. Embora a lei advirta que a execução se realiza no interesse do credor (artigo 612 do

CPC), a sua supremacia não pode constituir razão para autorizar a prática de atos executivos que

atentem contra a dignidade humana do devedor. De qualquer sorte, o devedor é “citado” não para

se defender, mas para cumprir a obrigação contida no título. É o caráter coercitivo e sancionador 

da execução.

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 No processo do trabalho não há lugar para a execução contra devedor insolvente (a execução

contra o empregador falido, por exemplo, deve se processar no juízo comum). Observa-se com

mais freqüência a execução por quantia certa contra devedor solvente, porém, são admissíveis no

 processo do trabalho as execuções para a entrega de coisa certa e de coisa incerta, além daquelas

decorrentes de obrigações de fazer e não fazer.

São títulos executivos judiciais no processo do trabalho: sentença judicial e termo de conciliação

 judicial.

São títulos executivos extrajudiciais no processo do trabalho: termo de conciliação firmado

 perante comissão de conciliação prévia; termo de ajustamento de conduta firmado perante oMinistério Público do Trabalho; certidão de dívida ativa, pertinente às multas aplicadas pela

DRT.

A sentença pode dar ensejo a uma execução definitiva ou provisória, considerando que os

recursos no processo do trabalho são dotados de efeito meramente devolutivo – artigo 899 da

CLT. Sendo provisória a execução, ela só pode seguir até a penhora, não podendo ser 

concretizada a expropriação dos bens do devedor (apenas a constrição – penhora).

A execução trabalhista se encontra prevista nos artigos 876 a 892 da CLT, assim como na Lei

5.584/70.

Por força do artigo 889 da CLT, aplica-se, subsidiariamente, a Lei 6.830/80 (lei que regula a

cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública). Logo, diferentemente do processo de

conhecimento, onde são aplicadas, em caso de lacuna, as normas do processo civil (vide artigo769 da CLT), no processo de execução as lacunas são supridas, inicialmente, pela Lei de

Execuções Fiscais, para, persistindo o vácuo, aplicar-se, aí sim, o Código de Processo Civil.

O inigualável Manoel Antonio Teixeira Filho criou a chamada “estrutura orgânica da execução

trabalhista”, dizendo que a execução divide em três fases: a) quantificação; b) constrição; e c)

expropriação.

A liquidação se insere exatamente na primeira fase apresentada pelo mestre paranaense – a

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quantificação.

 Na maioria dos casos a obrigação materializada no título mostra-se ilíquida, impossibilitando que

sejam praticados os atos executórios propriamente ditos (como o juiz irá expedir o mandado de

citação e penhora sem ter idéia do quantum debeatur?). A fase de quantificação do título chama-

se liquidação – artigo 879 da CLT e 603 a 611 do CPC.

A CLT diz que sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação,

que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos. A liquidação, contudo, não

  poderá modificar ou inovar a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa

 principal. A liquidação abrangerá as contribuições previdenciárias.

A liquidação é uma fase preparatória da execução, já que serve para tornar possível a execução

da obrigação insculpida no título executivo judicial – para ser executado, o título deve ser 

líquido, certo e exigível – artigo 586 do CPC.

A liquidação atinge apenas as sentenças (e os acórdãos), ou seja, não são passíveis de liquidação

os títulos executivos extrajudiciais e os laudos arbitrais.

 No processo trabalhista, as partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do

cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária – artigo 879, § 1º-B, da CLT.

Elaborada a conta e tornada líquida, o juiz do trabalho poderá (é uma faculdade do juiz) abrir às

 partes prazo sucessivo de dez dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e

valores objeto da discordância, sob pena de preclusão. Caso o juiz decida não conceder o prazo,

as partes só poderão impugnar os cálculos quando dos embargos do devedor – artigo 884, § 3º, daCLT. Quanto à União Federal, o juiz deve intimá-la pessoalmente, uma vez concluída a

liquidação, para manifestação no prazo de dez dias, sobre o cálculo das contribuições

 previdenciárias, sob pena de preclusão – artigo 879, § 3º, da CLT.

A CLT chama a homologação dos cálculos de “sentença de liquidação” – artigo 884, § 3º, da

CLT. Não se trata, contudo, de verdadeira “sentença”, mas de mera decisão interlocutória, não

desafiando recurso de imediato.

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Espécies de liquidação de sentença:

a) Liquidação por cálculo – É a forma mais usual de liquidação no processo do trabalho.

Lembrem que os juros e a correção monetária devem ser incluídos, independentemente de pedido

expresso ou comando sentencial – Súmula 211 do TST. Os juros de mora são devidos desde a

data do aforamento da ação – artigo 883 da CLT. Os juros incidem sobre a importância da

condenação já corrigida monetariamente – Súmula 200 do TST. Far-se-á a liquidação por 

cálculos toda vez que o quantum não necessitar de um expert ou de prova de fato novo, ou seja,

quando for necessário “simples cálculo aritmético”. As partes devem ser intimadas para

apresentarem os cálculos (o juiz também pode determinar que a própria contadoria do juízo

efetue os cálculos).

 b) Liquidação por arbitramento – É aquela feita por perito, nomeado pelo juiz da execução, o

qual fixará o prazo para a entrega do laudo – artigo 606 e 607 do CPC. Como no processo do

trabalho a execução é ex officio, a liquidação por arbitramento independe do requerimento das

 partes. O que marca a necessidade do arbitramento é a ausência de elementos para a imediata

fixação do quantum debeatur, sendo impossível suprir o vácuo com fatos complementares

(hipótese da liquidação por artigos). O arbitramento, segundo a boa doutrina, é a última opção para a liquidação da obrigação. A arbitragem, é bom advertir, não se confunde com a perícia,

 pois naquela as partes não têm a faculdade de nomear assistentes técnicos, nem podem formular 

quesitos. A perícia, lembrem, é meio de prova.

c) Liquidação por artigos – Ocorre quando houver a necessidade de alegar e provar fato novo – 

artigo 608 do CPC. É a forma mais complexa de liquidação, pois forma-se um processo de

conhecimento dentro da fase preparatória da execução. Na verdade, não há fato novo, mas “fatoincompletamente investigado”. A investigação que se faz na liquidação por artigos é apenas

complementar, buscando a quantificação do crédito exeqüendo. Se a sentença reconhece, por 

exemplo, o direito a horas extras, porém, não quantifica a condenação, a liquidação por artigos se

mostra inafastável.

Execução provisória e execução definitiva – O artigo 899 da CLT consagra a marca única do

efeito devolutivo sobre os recursos utilizados no processo do trabalho, permitindo, assim, “a

execução provisória até a penhora”. É bom destacar que, como regra geral, não cabe execução

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  provisória sobre título executivo extrajudicial (diz-se que é juridicamente impossível). Em

resumo, é provisória a execução quando o título judicial exeqüendo estiver sendo objeto de

recurso recebido apenas no efeito devolutivo, ou seja, quando se tratar de sentença condenatória

que ainda não transitou em julgado. É definitiva a execução quando fundada em sentença

transitada em julgado ou em título executivo extrajudicial – artigo 587 do CPC. Na execução

  provisória, corre por conta do exeqüente a reparação dos prejuízos que venha a sofrer o

executado, caso a sentença venha a ser reformada.

Do mandado e da penhora – Uma vez tornada líquida a obrigação, o juiz ou Presidente do

Tribunal mandará expedir mandado de citação ao executado, a fim de que cumpra a decisão ou o

acordo, ou garanta a execução, sob pena de penhora. O devedor, portanto, terá três opções: a) pagar a dívida; b) garantir a dívida, observando a gradação do artigo 655 do CPC – artigo 882 da

CLT; c) permanecer inerte, quando, então, sofrerá o revés da penhora – artigo 883 da CLT.

O mandado de citação deverá conter a decisão exeqüenda ou o termo de acordo não cumprido.

Será cumprido por oficial de justiça. Não se trata, naturalmente, de citação propriamente dita,

mas de verdadeira intimação, ato estatal de coação contra o devedor. Se este, contudo, não for 

encontrado, apesar de procurado por duas vezes no espaço de 48 horas, far-se-á a citação por edital.

Caso o devedor deseje pagar a dívida, o pagamento deverá ser efetuado perante o chefe de

secretaria (ou funcionário designado por ele), quando será lavrado termo de quitação, em duas

vias, as quais serão assinadas pelo exeqüente, pelo executado e pelo chefe de secretaria (ou

funcionário por este designado), sendo uma via entregue ao executado, e a outra acostada aos

autos do processo. Se o exeqüente não estiver presente, o valor será depositado em conta judicial.

Para a nomeação de bens à penhora, o executado, como já dito alhures, deverá observar a ordem

de preferência fixada no artigo 655 do CPC, por força do artigo 882 da CLT. A ordem é a

seguinte: dinheiro; pedras e metais preciosos; títulos da dívida pública da União ou dos Estados;

títulos de crédito, que tenham cotação em bolsa; móveis; veículos; semoventes; imóveis; navios e

aeronaves; direitos e ações.

O exeqüente deverá ser intimado para dizer se aceita ou não o bem nomeado à penhora. A não-

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aceitação pelo exeqüente deverá ser fundamentada, ou seja, não se admite a rejeição por mero

capricho, devendo indicar a existência de outros bens penhoráveis sobre os quais deve incidir a

constrição.

Caso o executado não pague nem nomeie bens à penhora, ser-lhe-ão penhorados tantos bens

quanto bastem ao pagamento da importância da condenação, com acréscimo de custas e juros de

mora, calculados de acordo com a Súmula 200 do TST.

Se o valor dos bens penhorados for totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução,

torna-se inócua a penhora – artigo 659, § 2º, do CPC. Se tratando de bens imóveis, o termo de

  penhora deverá ser inscrito no registro de imóveis – artigo 659, § 4º, do CPC. Havendoresistência do devedor, o juiz expedirá mandado autorizando arrombamento de portas, devendo a

diligência ser cumprida por dois oficiais de justiça, acompanhados de duas testemunhas,

lavrando-se termo circunstanciado.

O artigo 648 do CPC prescreve que não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera

impenhoráveis ou inalienáveis. O artigo 649 do CPC dispõe sobre os bens absolutamente

impenhoráveis. A Lei 8.009/90, por outro lado, tornou impenhoráveis os bens de família(excluindo os veículos de transporte, as obras de arte e os adornos suntuosos).

A penhora é um ato complexo que somente se aperfeiçoa com a apreensão e o depósito do bem

 penhorado – artigo 664 do CPC. A Justiça do Trabalho, contudo, não dispõe, na maioria dos

casos, de lugares próprios para o depósito. Assim sendo, o executado, em regra, acaba assumindo

o encargo de depositário dos bens penhorados, tornando-se “fiel depositário”. Se a penhora recair 

sobre dinheiro, metais ou pedras preciosas, o depósito deve ser feito em estabelecimento bancário – artigo 666, I, do CPC. O depositário é um auxiliar da justiça – artigo 139 do CPC. Incumbe ao

depositário guardar e conservar os bens que lhe foram confiados pela justiça, sob pena de

responder civilmente pelos prejuízos resultantes de dolo ou culpa. O depositário também tem a

obrigação de entregar os bens que lhe foram confiados a quem o juiz determinar. O

descumprimento da ordem judicial ou inadimplemento do encargo de guardar e conservar o bem

 penhorado podem caracterizar a figura do depositário infiel, sendo inválida, entretanto, a

decretação de sua prisão (vide Súmula Vinculante 25). O TST firmou entendimento no sentido de

que não é válida a nomeação compulsória do depositário, pois ninguém está obrigado a fazer ou a

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deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei – artigo 5º, II, CF.

 No processo do trabalho encontramos alguns casos de execução de obrigação de fazer ou não

fazer. São exemplos: anotação da CTPS; reintegração de empregado estável; reenquadramento

funcional; proibição de transferência ilegal ou abusiva de empregado para localidade diversa da

que resultar do contrato de trabalho; proibição de outras alterações do contrato de trabalho etc.

Em se tratando de prestações sucessivas, a execução far-se-á com observância das normas

 previstas nos artigos 891 a 892 da CLT. Há duas espécies de prestações sucessivas. Naquelas por 

tempo determinado, a execução pelo não-pagamento de uma prestação compreenderá as que lhe

sucederem. É o caso, por exemplo, de um termo de conciliação judicial não cumprido, onde ficou pactuado o pagamento de uma determinada quantia em cinco prestações fixas. Vencida a

 primeira prestação, e não havendo o pagamento, o artigo 891 da CLT considera vencidas

automaticamente todas as demais prestações. Já nas prestações sucessivas por tempo

indeterminado, a execução compreenderá inicialmente as prestações devidas até a data do

ingresso na execução – artigo 892 da CLT. Ocorre quando o contrato de trabalho ainda se

encontra em plena vigência, como, por exemplo, na condenação em diferenças salariais, sendo

tais diferenças devidas até o momento em que a execução se inicia. O que acontece, neste caso,com as prestações que se vencerem depois de iniciada a execução? Sérgio Pinto Martins entende

que a execução fica restrita às verbas vencidas, ou seja, para aquelas que se vencerem após

iniciada a execução, deve ser feita nova execução. Manoel Antonio Teixeira Filho assim não

entende, defendendo a incidência do princípio de que as prestações periódicas (sucessivas,

vincendas) são devidas enquanto perdurar a obrigação de que decorrem, ou seja, a execução

abarcará todas as prestações, enquanto subsistente o contrato de trabalho.

A execução contra devedor falido deve se processar no juízo universal da falência (justiça

comum). Há entendimentos contrários, porém, minoritários. O mesmo raciocínio não se aplica às

empresas em liquidação extrajudicial, cuja execução deve seguir na Justiça do Trabalho.

OJ 143 DA SDI-1 DO TST – EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. EXECUÇÃO.

CRÉDITOS TRABALHISTAS. LEI Nº 6.024/74. A execução trabalhista deve prosseguir 

diretamente na Justiça do Trabalho mesmo após a decretação da liquidação extrajudicial. Lei nº 

6.830/80, arts. 5º e 29, aplicados supletivamente (CLT, art. 889 e CF/1988, art. 114).

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Embargos do devedor – Também chamado de embargos à execução ou embargos à penhora. Não

têm natureza recursal, tampouco podem ser encarados como meio de defesa do executado (no

 processo de execução o devedor é citado para cumprir a obrigação, não para se defender). A CLT

impropriamente intitula os embargos do devedor como “defesa do executado”. Os embargos do

devedor constituem verdadeira ação de cognição, incidental ao processo de execução. O objetivo

 primordial dos embargos do devedor consiste em extinguir a execução, total ou parcialmente. O

devedor, autor dos embargos, ataca o conteúdo do título executivo judicial ou extrajudicial. O

devedor pode, ainda, levantar questões processuais, como a ilegitimidade ad causam ou a

incompetência absoluta, e outras questões prejudiciais de mérito, como a prescrição intercorrente,

o pagamento da dívida etc. O artigo 884, § 1º, da CLT diz que a matéria de “defesa” nosembargos do devedor será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo,

quitação ou prescrição da dívida. A doutrina vem alargando o rol das matérias argüíveis nos

embargos do devedor, defendendo a aplicação subsidiária do artigo 741 do CPC, ou seja, poderia

o devedor alegar, por exemplo, a falta ou nulidade de citação no processo de conhecimento, se a

ação lhe correu à revelia; a inexigibilidade do título; a cumulação indevida de execuções; a

suspeição ou impedimento do juiz etc. A compensação ou a retenção não podem ser objeto da

ação de embargos do devedor – artigo 767 da CLT.

Os embargos do devedor devem ser opostos no prazo de cinco dias. O embargado disporá do

mesmo prazo para oferecer a sua resposta. No caso de penhora, o prazo tem início no momento

em que o executado toma ciência da mesma, não havendo que se falar em “juntada do termo aos

autos”.

A ação de embargos do devedor, portanto, não tem natureza de defesa ou de recurso, nãohavendo que se pensar em prazo em quádruplo ou em dobro para a Fazenda Pública. O prazo

 para propô-la é de 5 dias, a contar da garantia da execução (intimação da penhora pelo oficial de

 justiça ou da data em que foi efetuado o depósito para a garantia da execução). Logo, a garantia

da execução é condição sine qua non para a admissibilidade dos embargos, salvo para a Fazenda

Pública, que é intimada para apresentar embargos.

Falando em Fazenda Pública, a Medida Provisória 2.180-35 de 24.8.2001 passou a garantir o

 prazo de 30 dias à Fazenda Pública para a propositura da ação de embargos do devedor na Justiça

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do Trabalho.

Tratando-se de execução por carta precatória, os embargos deverão ser oferecidos no juízo

deprecado e não no deprecante – artigo 20 da Lei 6.830/80 . A competência para processar e 

 julgar os embargos de devedor é do juízo deprecante, salvo se os embargos versarem sobre vícios

ou irregularidades de atos do próprio juízo deprecado – parágrafo único do artigo 20 da Lei

6.830/80.

Prescrição intercorrente – É aquela que ocorre no curso da ação. Durante muito tempo se

discutiu, na doutrina e na jurisprudência, sobre a admissibilidade dessa espécie de prescrição no

 processo do trabalho. Como a execução no processo laboral é de ofício, não seria possível se pensar em prescrição intercorrente. O STF, contudo, mediante a Súmula 327, decretou: “O

Direito Trabalhista admite a prescrição intercorrente”. Ocorre, contudo, que o TST trilhou

caminho inverso, estatuindo, conforme a Súmula 114, a inaplicabilidade na Justiça do Trabalho

da prescrição intercorrente. O assunto merece reflexão. No processo de execução propriamente

dito, não há dúvidas quanto à inaplicabilidade da prescrição intercorrente, considerando que o

magistrado tem o dever de dar impulso, ex officio, à execução forçada. A conclusão encontra

alicerce no artigo 40 da Lei 6.830/80. Merece, por outro lado, ser citada a preciosa lição domestre Manoel Antonio Teixeira Filho, para o qual “em determinadas situações o juiz do trabalho

fica tolhido de realizar ex officio certo ato do procedimento, pois este somente pode ser praticado

 pela parte, razão por que a incúria desta reclama a sua sujeição aos efeitos da prescrição

(intercorrente), sob pena de os autos permanecerem em um infindável trânsito entre a secretaria e

o gabinete do juiz, numa sucessão irritante e infrutífera de certificações e despachos”. O exemplo

trazido à baila pelo ilustre doutrinador refere-se à fase de liquidação (fase preparatória da

execução). Na liquidação por artigos, negligenciando o credor no atendimento ao despacho judicial que lhe ordenou a apresentação desses artigos, não há que se pensar que caberia ao

 próprio juiz deduzir os artigos, substituindo um ato que caberia tão-somente à parte. A solução,

in casu, seria aguardar o decurso do prazo de dois anos (há quem entenda ser de cinco anos o

 prazo – em decisão recente, o TST manteve uma decisão do TRT da 5ª Região que aplicou a

 prescrição intercorrente de dois anos, exatamente em um caso de liquidação por artigos). O

devedor, a partir da fluência do lapso, poderia, em sede de embargos do devedor, suscitar a

 prescrição intercorrente, como questão prejudicial de mérito.

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Atos de encerramento da execução – O artigo 886, § 2º, da CLT, dispõe que, após o julgamento

dos embargos, deveria o juiz determinar a realização da avaliação dos bens penhorados. Na

 prática, contudo, como os oficiais de justiça, na Justiça do Trabalho, também são avaliadores, no

ato da penhora, o meirinho já promove de imediato a avaliação do bem constrito. Pois bem.

Sabemos que o objetivo da execução repousa na expropriação dos bens do devedor de modo que

satisfaça o direito do credor. Os bens são levados a Hasta Pública (praça e leilão).

 Não há diferença substancial entre praça e leilão, repousando, a única distinção, no fato de que a

 praça é realizada no edifício do fórum, enquanto o leilão ocorre no lugar onde estiverem os bens,

ou em outro lugar designado pelo juiz (a distinção é meramente formal). A praça e o leilão

devem observar o princípio da publicidade, sendo necessária a publicação do edital específico,além da afixação na sede do juízo, com antecedência mínima de vinte dias – artigo 888 da CLT.

Há quem entenda ser necessária a intimação pessoal do devedor – artigo 687, § 5º, do CPC.

 Na hasta pública o bem pode ser arrematado. Arrematação é o ato processual que implica

transferência coercitiva dos bens penhorados a um terceiro. Estamos diante da chamada

expropriação. Segundo o artigo 888 da CLT, após concluída a avaliação, seguir-se-á a

arrematação, que será anunciada por edital afixado na sede do juízo ou tribunal e publicado coma antecedência mínima de vinte dias. Os bens serão vendidos pelo maior lance, tendo, o

exeqüente, preferência para a adjudicação. O arrematante deverá garantir o lance com o sinal

correspondente a 20% do seu valor. Se o arrematante não pagar dentro de vinte e quatro horas o

 preço da arrematação, perderá, em benefício da execução, o sinal de que trata o § 2º do citado

artigo, voltando à praça os bens executados. Não havendo licitante, e não requerendo, o

exeqüente, a adjudicação, os bens poderão ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo juiz ou

 presidente.

A CLT dispõe, portanto, que a arrematação deverá ser feita pelo maior lance. Não se admite,

contudo, a arrematação por preço vil. A jurisprudência trabalhista não é unânime quanto à

aplicabilidade do conceito de preço vil ao processo laboral. Não há, na verdade, previsão legal do

que vem a ser “preço vil”.

A arrematação formaliza-se com um auto que será lavrado no prazo de vinte e quatro horas, a

contar da realização da hasta pública, sendo facultado, dentro desse prazo, ao devedor, remir a

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sua dívida, e, ao credor, adjudicar os bens penhorados. A arrematação torna-se perfeita e acabada

com a assinatura do auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo servidor encarregado da praça – artigo

694 do CPC.

Adjudicação é o ato pelo qual o próprio credor incorpora ao seu patrimônio o bem constrito que

seria submetido a hasta pública. A adjudicação prefere a arrematação. O credor, portanto, tem

direito à adjudicação, mesmo se o bem já tiver sido arrematado, desde que formule requerimento

ao juiz antes da assinatura do auto de arrematação – artigo 694 do CPC. O credor pode adjudicar 

o bem pelo valor do maior lance oferecido, mas, se não houver licitante, a adjudicação far-se-á

 pelo preço da avaliação do bem penhorado.

Remição é o ato processual consistente no pagamento efetuado diretamente pelo devedor com

vistas à liberação do bem constrito. Seu sustentáculo é o princípio da execução menos gravosa ao

devedor. A remição prefere a adjudicação. Deve ser requerida antes da hasta pública. O artigo 13

da Lei 5.584/70 decreta que a remição só será deferida se o executado oferecer preço igual ao

valor da condenação, abrangendo todas as verbas decorrentes da sucumbência.

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