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GEOGRAFIA GERAL 2008 Organização: Ricardo Vicente Ferreira

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GEOGRAFIA GERAL

2008 Organização: Ricardo Vicente Ferreira

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GEOGRAFIA GERAL: Elementos de Geografia Física

Organização: Ricardo V. Ferreira 1

ÍNDICE

1. MOVIMENTOS DA TERRA ..............................................................................................................2 2. ESTRUTURA INTERNA DA TERRA ..............................................................................................12 3 DINÂMICA GEOLÓGICA DA TERRA..............................................................................................15 4. GEOMORFOLOGIA........................................................................................................................23 5. CLIMATOLOGIA.............................................................................................................................34 6. BIOMAS E ECOSSISTEMAS .........................................................................................................50 7. OCEANOGRAFIA...........................................................................................................................55 8. ÁGUAS CONTINENTAIS................................................................................................................63

EXERCÍCIOS

ANEXO 1 - MOVIMENTOS DA TERRA..............................................................................................73 ANEXO 2 - ESTRUTURA INTERNA DA TERRA................................................................................76 ANEXO 3 - DINÂMICA GEOLÓGICA DA TERRA ..............................................................................76 ANEXO 4 - GEOMORFOLOGIA.........................................................................................................79 ANEXO 5 - CLIMATOLOGIA ..............................................................................................................85 ANEXO 6 - BIOMAS E ECOSSISTEMAS..........................................................................................91 ANEXO 7 - OCEANOGRAFIA ............................................................................................................96 ANEXO 8 - ÁGUAS CONTINENTAIS .................................................................................................98

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GEOGRAFIA GERAL: Elementos de Geografia Física

Organização: Ricardo V. Ferreira 2

1. MOVIMENTOS DA TERRA 1.1 Introdução Sabe-se que a Terra tem dois movimentos principais: rotação e translação (ou revolução). A rotação diz respeito ao movimento que realiza em torno de seu eixo, sendo responsável pelo ciclo dia-noite. A translação se refere ao movimento da Terra em sua órbita elíptica em torno do Sol.

Em geral, ignoram-se outros movimentos que a Terra realiza pelo fato de exercer pouca, ou nenhuma, influência no cotidiano das pessoas. Tais movimentos são objeto de atenção da astronomia, isso justifica ausência destas questões no campo da Geografia. A título de curiosidade convém observar o quadro abaixo:

OS MOVIMENTOS DA TERRA Rotação: movimento em torno de seu próprio eixo. Oeste para

Leste. Duração de 23 h 56 min 4 s. Variações: Desaceleração por causa das marés = 0,00164 s por século; Variações irregulares devido à ação das massas de ar, do núcleo e do manto = 0,60 s a 0,37 s por ano. Conseqüências: Dias e noites, Pontos cardeais, Achatamento da Terra, Movimento aparente do céu, Direção dos ventos e das correntes marinhas.

Revolução (comumente chamado de translação): Em torno do Sol = 365 dias 5 h 48 min 50 s. Eixo inclinado 23°27'. Periélio em 2 de janeiro = 147 milhões de km. Afélio em 5 de julho = 152 milhões de km. Conseqüências: Distribuição desigual de calor e luz nos hemisférios, Estações do ano, Movimento aparente do Sol entre os 2 trópicos, Diferente duração dos dias e noites, Deslocamento anual do Sol na linha do horizonte, Sol da Meia-Noite a partir de 66° de latitude.

Precessão dos equinócios: giro retrógrado (Leste para Oeste) do eixo da Terra. Dura 25.750 anos ( 1 grau em 71,5 anos ou 50 segundos em 1 ano). Conseqüências: A única coisa que muda é a visão do conjunto de estrelas do céu durante a noite em diferentes épocas do ano. Exemplo: atualmente Órion é uma constelação característica do céu do nosso verão, enquanto que Escorpião é característica do inverno. Mas daqui a 13 mil anos será o inverso. Variação da Ascensão Reta e da Declinação das estrelas.

Nutação: parecido com a precessão dos equinócios, só que em escala bem menor, fazendo o eixo da Terra descrever uma pequena elipse em cerca de 18 anos e 7 meses.

Deslocamento do Periélio: é o deslocamento do eixo que marca a posição de mínima distância entre a Terra e o Sol.

Obliqüidade da ecliptica: variação do ângulo formado entre o Plano da órbita da Terra (Plano da Ecliptica) e o Plano do Equador. Esta variação vai de 22 graus até 24 graus e 30 minutos e leva mais ou menos 42 mil anos. Atualmente, a inclinação diminui 47" por século. Há 7.660 anos atrás a inclinação era de 24° 30'. Daqui a 11.490 anos a inclinação será de 22°. Esta variação é causada pela ação perturbadora do Sol e da Lua.

Variação da Excentricidade da órbita: trata-se da variação da forma da órbita da Terra em volta do Sol, ora mais circular e ora mais eliptica. Duração = 92 mil anos. Variação do Afélio: 150 milhões km a 157 milhões km. Variação do Periélio: 143 milhões km a 149 milhões km. Há evidências de que a excentricidade está diminuindo. Pode ser o movimento responsável pelas grandes glaciações.

Perturbações planetárias: movimentos irregulares e pouco previsíveis que podem ser provocados pela força gravitacional de outros planetas, principalmente Vênus e Júpiter.

Movimento do Centro de Massa Terra-Lua: trata-se do giro que faz o centro de massa do sistema Terra-Lua em torno do Sol.

Movimento em torno do Centro de Massa do sistema solar: movimento de revolução ou translação que a Terra faz em torno do centro de massa do sistema solar (centro de massa que existe entre o Sol e todos os seus planetas).

Movimento de marés: trata-se da contração e descontração do globo terrestre em razão da força gravitacional da Lua e do Sol.

Rotação junto com a galáxia: a Via-Láctea gira em torno de seu centro, fazendo uma volta completa em torno de 250 milhões de anos. Assim, o Sol e todos os planetas (inclusive a Terra) giram também em volta do centro da galáxia.

Revolução junto com a galáxia: como todo o universo está em expansão, nossa galáxia também viaja no espaço. Assim, a Terra e todos os demais planetas, inclusive Lua e Sol, estão se deslocando junto com a Via-Láctea.

Organizado por: Paulo A. Duarte, professor de Astronomia do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina

1.2 PERCEPÇÃO E CONTAGEM DO TEMPO CALENDÁRIO VIGENTE A observação sistemática do deslocamento do Sol no céu permitiu ao homem perceber dois fatos notáveis: (i) tanto o nascer do Sol como o pôr do Sol não ocorrem diariamente nos mesmos pontos do círculo do horizonte, (ii) a duração desse deslocamento é diferente dia após dia. O mais incrível foi notar que esses fatos ocorrem de forma cíclica, cujo período é denominado de ano solar ou trópico. O ano solar tem 365,2422 dias (365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46,08 segundos).

A observação persistente da mudança do aspecto da Lua fez notar que o intervalo de tempo entre duas fases iguais e consecutivas corresponde a 29,53059 dias. Esse período lunar é denominado de lunação (ou período sinódico da Lua). O conceito de mês surgiu desse fato astronômico. Muitas sociedades antigas utilizaram e algumas ainda adotam o ano lunar, que possui 12 meses lunares, ou seja, 354,36708 dias (354 dias, 8 h, 48 min e 35,71 s). Os povos árabes do oriente médio usam um calendário baseado no mês lunar. Já os judeus utilizam um calendário lunissolar. O mundo ocidental contemporâneo usa um calendário solar que sofreu influência do calendário lunar, isto é, adotamos um ano com 12 meses, originários das 12 lunações.

Um modo de entender o calendário ocidental atual é expressar a duração do ano solar por uma soma de dias inteiros e fracionários.

365,2422 dias ≅ 365 + 1/4 – 1/100 + 1/400 – 1/3.300 dias

O termo à esquerda da quase-igualdade representa a duração do ano solar. O lado direito é composto por cinco termos:

(a) o primeiro é a duração do ano padrão;

(b) a adição da fração 1/4 corresponde à soma de um dia a cada quatro anos (os anos bissextos, que ocorrem em anos divisíveis por 4);

(c) a subtração de 1/100 mostra a necessidade de não incluir um dia a cada 100 anos;

(d) a adição de 1/400 indica a necessidade da ocorrência de um ano bissexto a cada 400 anos;

(e) a última fração à direita diz que se deve suprimir a inclusão de um dia a cada 3.300 anos, aproximadamente.

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De acordo com os itens (c) e (d), o ano 2000 foi bissexto, mas os anos 2100, 2200 e 2300 não o serão.

1.3 DIA SOLAR E DIA SIDERAL No transcorrer de um dia, atualmente dividido em 24 horas, nossos ancestrais faziam poucas divisões: manhã, meio do dia, tarde, início da noite, meio da noite e fim da noite. A observação do deslocamento do Sol era adotada na parte clara do dia. O deslocamento das estrelas mais brilhantes era aplicado para a subdivisão da noite. A primeira definição de dia veio da observação do Sol, que corresponde ao dia solar.

Além do mais, por questões práticas, o homem sentiu a necessidade de criar uma ordenação matemática para o dia/noite, visto que nós possuímos um relógio biológico interno, completamente adaptado ao ciclo diário do Sol. O dia solar corresponde ao intervalo de tempo entre duas passagens consecutivas do Sol pelo meridiano celeste do lugar, uma linha imaginária no céu que une os pontos cardeais norte e sul passando pelo zênite (ponto imaginário no céu diametralmente oposto ao centro da Terra). O dia solar é dividido por definição em 24 horas solares.

Uma outra referência astronômica para definir o dia é representada pelas estrelas. É o dia sideral. Corresponde ao intervalo de tempo entre duas passagens sucessivas de uma determinada estrela pelo meridiano celeste local. Por convenção, o dia sideral é dividido em 24 horas siderais.

O dia solar e o dia sideral são diferentes pela simples razão de que a Terra não é imóvel e sim translada ao redor do Sol. Qual é o mais curto? Pensemos juntos: enquanto a Terra gira em torno do seu eixo ela continua o seu deslocamento ao redor do Sol no mesmo sentido e para que o Sol volte a assumir a mesma posição no céu depois de uma rotação completa da Terra, serão gastos alguns minutos a mais. Portanto, o dia solar é mais longo do que o sideral, mas apenas em cerca de 3 min e 56 s.

1 dia solar = 24 horas (solares)

1 dia sideral ≅ 23 horas, 56 minutos e 4 segundos (solares)

Outra pergunta: Qual é, então, o tempo gasto pela Terra para dar um giro completo em torno de si mesma? O referencial mais adequado para se medir a rotação da Terra é dado pelas estrelas

distantes e não pelo Sol. Devido às próprias distâncias das estrelas, que estão muito mais longe do que o Sol, suas posições no céu são praticamente constantes. Portanto, emprega-se o período sideral.

A noite é a parte do dia, de 24 h, quando o Sol está abaixo do plano do horizonte. Há várias definições de noite. A noite civil começa (e termina) quando o centro do disco solar situa-se a 6 graus abaixo do horizonte e a noite astronômica, quando o Sol está a 18 graus. Os dias civil e astronômico são os complementos respectivos dessas definições de noite. Durante a noite astronômica, o céu não sofre alteração em brilho enquanto que no início e fim da noite civil há ainda claridade crepuscular. Entretanto, por todo este capítulo, definimos “dia claro” como sendo a parte do dia em que o Sol está acima do horizonte e noite como seu complemento.

1.4 ESFERA CELESTE E ROTAÇÃO DA TERRA Qualquer pessoa ao observar o céu de um local descampado percebe que está no centro de um grande hemisfério celeste. Esse tipo de visualização do céu contribuiu para a concepção do geocentrismo. O céu na Astronomia é idealizado como uma grande esfera, a esfera ou abóbada celeste, que está centrada na Terra (visão geocêntrica: Figura 1.1).

O movimento dos astros no céu, ao longo de um dia ou uma noite, ocorre de leste para oeste. Dizemos que é um movimento aparente, porque não são os astros que se movem, mas sim a Terra que gira de oeste para leste. A Figura 1.1 mostra que a esfera celeste parece girar no sentido contrário ao da rotação da Terra. A trajetória de um determinado astro durante seu movimento diário aparente ocorre paralelamente ao equador celeste. Esse círculo imaginário, que divide o céu em duas metades, nada mais é que uma projeção do equador terrestre na abóbada celeste.

A rotação da Terra define um eixo cujas interseções com a superfície terrestre são os pólos geográficos norte e sul (pontos imaginários). As linhas imaginárias sobre a superfície da Terra que unem os pólos são denominadas meridianos terrestres. Um plano perpendicular ao eixo de rotação, e eqüidistante de ambos os pólos, divide o globo em dois hemisférios, norte e sul. A interseção deste plano com a superfície da Terra define o equador terrestre. Os paralelos terrestres são os círculos imaginários paralelos ao equador.

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Figura 1.1 - A esfera celeste: uma visão geocêntrica do universo.

Não “sentimos” a rotação da Terra porque a força centrífuga associada a ela é somente 3% da força de gravidade. Se a Terra passasse a girar cada vez mais rápido, chegaríamos ao ponto de ter gravidade zero, ou mesmo de sermos jogados para fora da superfície (de modo análogo a um carrossel). Contudo, a velocidade de rotação não é desprezível. No equador terrestre, a velocidade linear de rotação fica por volta de 1.670km/h. Sobre o Trópico de Capricórnio (latitude aproximada de São José dos Campos), a velocidade de rotação é cerca de 1.500 km/h. Da mesma forma que na Terra, existem na esfera celeste os pólos norte e sul, definidos como sendo as interseções imaginárias do eixo de rotação terrestre com o céu (veja a Figura).

1.5 HORA SOLAR O Sol culmina no céu sempre ao meio-dia solar. Porém, isto ocorre em tempos diferentes para cada meridiano terrestre, conforme a Terra vai girando em torno de si mesma. Enquanto em um determinado lugar o Sol está culminando, em outros o Sol já culminou ou ainda vai culminar. Do mesmo modo, enquanto em alguns lugares o Sol está surgindo no horizonte, em outros o Sol está se pondo. Portanto, a hora solar é local e é fornecida diretamente por um relógio solar.

Além disso, o Sol não se desloca com a mesma velocidade ao longo de sua trajetória anual aparente (ao redor da Terra). Para corrigir esse efeito, criou-se a hora solar média, a partir do movimento uniforme de um Sol fictício. A diferença entre a hora solar média e a hora solar verdadeira é definida como sendo a Equação do Tempo, e pode resultar em até 15 (quinze) minutos a mais ou

a menos. A equação do tempo decorre do fato de que a velocidade da Terra em torno do Sol não é constante (translação numa órbita elíptica).

1.6 ESTAÇÕES DO ANO 1.6.1 Movimento Anual Do Sol E Eclíptica Os primeiros astrônomos começaram a perceber que o Sol se movia lentamente contra o fundo do céu, definido pelas estrelas e constelações. Faziam isso observando as constelações que são vistas, na direção do poente, logo após o pôr do Sol (antes de se “porem”) e aquelas que são ofuscadas pelo brilho solar um pouco antes do nascer do Sol na direção do nascente. Notaram que, gradualmente, as constelações situadas a leste do Sol deixam de ser vistas devido ao ofuscamento pela claridade solar e que as constelações a oeste do Sol passam a ser visualizadas. Como as estrelas eram consideradas fixas na esfera celeste (o que só é válido em primeira aproximação), eles concluíram que era o Sol que se movimentava. Esse movimento, denominado movimento anual aparente do Sol, faz com que este se desloque cerca de 1 grau por dia (de oeste para leste). Daí a origem do círculo geométrico de 360° (provavelmente no Egito Antigo).

O movimento anual do Sol define no céu uma trajetória circular, a qual foi denominada eclíptica, porque é onde a Lua se situa na ocasião de um eclipse. O plano dessa trajetória circular anual do Sol é inclinado em relação ao plano do equador celeste, em cerca de 23º27’ (veja a Figura). O plano da eclíptica define o plano da órbita da Terra em torno do Sol. O círculo da eclíptica é, simplesmente, a projeção de seu respectivo plano na esfera celeste. Ao longo da direção da eclíptica no céu foram concebidas, pelos povos antigos da Mesopotâmia, as constelações do Zodíaco, associadas a lendas e mitos desses povos.

1.6.2 Solstícios E Equinócios O movimento anual aparente do Sol na esfera celeste pode ser entendido através da translação da Terra em torno do Sol (visão heliocêntrica em conjunto com a visão geocêntrica), ou da observação do pôr do Sol (visão topocêntrica).

A próxima Figura (1.2 e 1.3) mostra a Terra em quatro ocasiões especiais de sua órbita ao redor do Sol. São os dias em que ocorrem os solstícios e equinócios. Tomemos como referência o hemisfério sul da Terra. Na posição 1, fixando nossa visão a partir da Terra, o Sol está na distância angular máxima ao norte do plano do

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equador celeste, parecendo parar na esfera celeste para depois retroceder, para o sul, em seu movimento anual aparente. Os raios solares, nessa época do ano, incidem mais obliquamente sobre a superfície do hemisfério sul da Terra, de forma que a incidência de calor é menor. Esse dia é denominado solstício do inverno austral (solstício significa Sol parado; em latim: solstitium), o qual ocorre por volta de 22 de junho. A noite do solstício do inverno austral é a mais longa do ano. A partir do solstício de inverno, tanto os “dias claros” como os dias civis e astronômicos voltam a aumentar de duração, lentamente.

De modo análogo, na posição 3 da Figura 1.2, quando ocorre o “dia claro” mais longo do ano para o hemisfério sul, o Sol atinge a posição angular mais ao sul do equador celeste. É o dia do solstício do verão austral, que ocorre por volta de 21 de dezembro. No verão, a incidência dos raios solares acontece de forma menos oblíqua à superfície. Em lugares próximos ao Trópico de Capricórnio, a incidência é quase perpendicular. Portanto, a insolação é maior. Após o solstício de verão, os “dias claros” se tornam cada vez mais curtos novamente.

Em duas ocasiões especiais intermediárias (posições 2 e 4 da Figura ), o “dia claro” e a noite têm a mesma duração (isso ocorre para todo o

globo terrestre). São os dias dos equinócios de primavera e outono, que ocorrem, respectivamente, em torno de 22 de setembro e 21 de março no hemisfério sul. A palavra equinócio, de origem latina, significa noites de igual duração. Os equinócios ocorrem quando o Sol está sobre o círculo do equador celeste, deslocando-se do hemisfério celeste norte para o sul, no caso do equinócio da primavera austral, e fazendo o caminho inverso, no equinócio do outono austral. Nesses dias, ambos os hemisférios terrestres recebem a mesma quantidade de insolação. Entre o início do outono austral e o fim do inverno, os “dias claros” são mais curtos do que as noites (a noite mais longa ocorre no início do inverno), e entre o início da primavera e o fim do verão, a situação se inverte (o dia mais longo ocorre no início do verão).

Seqüencialmente, para o hemisfério sul da Terra, tem-se (Figura 1.3): o equinócio de outono em 20 ou 21 de março, o solstício de inverno entre 21 e 23 de junho, o equinócio de primavera em 22 ou 23 de setembro e o solstício de verão entre 21 e 23 de dezembro. As estações do ano acontecem de forma inversa em cada um dos hemisférios terrestres. Enquanto é verão no hemisfério sul, é inverno no hemisfério norte.

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;\1 Figura 1.2 e 1.3 - os inícios das estações do ano através das perspectivas heliocêntrica e geocêntrica (a ilustração está fora de escala).

A fim de complementar o entendimento, vamos pensar na observação do nascer e pôr do Sol nos dias dos equinócios e solstícios, como está representado na figura abaixo, para um local na região tropical do hemisfério sul (entre o equador e o Trópico de Capricórnio). Somente nos equinócios o Sol surge no horizonte exatamente a partir do ponto cardeal leste, deslocando-se ao longo do dia sobre o equador do céu e escondendo-se, exatamente também, no ponto cardeal oeste (isso ocorre para quase toda a Terra; as exceções são os pólos geográficos). Os solstícios são os dias quando o Sol mais se distancia dos pontos cardeais leste e oeste, no nascer e ocaso, respectivamente. No solstício do verão austral, o Sol surge mais ao sul do ponto leste e esconde-se, com o mesmo distanciamento, ao sul do ponto oeste. No solstício do inverno austral, o Sol nasce com o maior afastamento angular ao norte do ponto leste e põe-se, com o mesmo distanciamento, ao norte do ponto oeste (Figura 1.4). O distanciamento angular máximo que a direção do Sol pode assumir em relação ao equador celeste é exatamente igual à inclinação entre o plano da eclíptica e o plano do equador (≅ 23º27’). O ângulo entre a direção do Sol e a do ponto cardeal leste, medido sobre o círculo do horizonte no momento do nascer do Sol em qualquer dia do ano depende da latitude do lugar e da declinação do Sol, exceto nos equinócios quando esse ângulo é nulo.

Figura 1.4 - visão topocêntrica para o nascer do sol nos solstícios e equinócios para um lugar tropical do hemisfério sul da terra.

1.7 INCLINAÇÃO DO EIXO DE ROTAÇÃO DA TERRA O ângulo formado entre o eixo de rotação da Terra e a perpendicular da eclíptica é, exatamente, igual à separação angular entre o plano do equador da Terra e o plano da órbita terrestre (eclíptica). A penúltima figura ilustra essa inclinação do eixo de rotação da Terra.

Na época atual, a inclinação entre o plano do equador e o da eclíptica é de aproximadamente 23º27’ (exatamente 23° 27’ 08’’). Se, por acaso, a inclinação fosse 0°, ou seja, a Terra girasse com o seu eixo perpendicularmente ao plano da eclíptica, todos os “dias claros” e noites teriam sempre a mesma duração (12 h); seria um eterno equinócio (os planos da eclíptica e do equador coincidiriam) e não existiriam as estações do ano.

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A inclinação do eixo da Terra muda com o tempo, porque esta se movimenta semelhante a um pião que gira obliquamente ao chão. Um dos movimentos, denominado precessão dos equinócios, faz o eixo da Terra girar em torno da perpendicular da eclíptica com um período de cerca de 25.800 anos. Outro movimento, chamado nutação, faz o ângulo dessa inclinação oscilar em torno de um valor médio. Ambos os movimentos são determinados pela interação gravitacional da Lua, Sol e planetas sobre a Terra, em função desta não ser uma esfera perfeita. O movimento de precessão produziria uma modificação lenta e gradual nas datas dos solstícios e equinócios, antecipando-as, caso a correção correspondente não fosse aplicada ao sistema de coordenadas celestes equatoriais. Com relação às observações astronômicas, esses movimentos alteram lentamente as coordenadas equatoriais dos astros, em virtude de modificarem a direção dos pólos celestes. Hiparco, antigo astrônomo grego (200 a.C.), já havia notado os efeitos da precessão dos equinócios, ao comparar as suas medidas de posição de estrelas com outras feitas tempos atrás. Para a Astrologia, esses movimentos não são levados em conta, provocando inclusive uma separação gradual entre a posição dos signos e suas respectivas constelações originais. Por exemplo, o autor deste capítulo, que nasceu num certo dia do mês de maio, é do signo de Gêmeos segundo a Astrologia, mas o Sol nessa data está na direção da constelação de Touro.

1.8 TRANSLAÇÃO O movimento de translação da Terra acontece num plano, aquele da eclíptica (figura 1.5). A órbita da Terra não é um círculo perfeito, mas sim uma elipse pouco excêntrica (quase circular). Em primeira aproximação, o Sol ocupa um dos focos da elipse, como representado na próxima figura. Na verdade, a Terra translada em torno do centro de massa1 do Sistema Solar. A translação da Terra pode ser chamada de movimento orbital. A velocidade média de translação é de cerca de

1

O QUE É CENTRO DE MASSA? Centro de massa de um corpo corresponde ao centro geométrico de sua distribuição de massa. É o ponto onde toda a massa do corpo pode ser concentrada para efeito cinemático. O centro de massa pode se situar dentro ou fora do corpo. Por exemplo, no caso de uma bola de futebol, o centro de massa localiza-se no centro dela; no caso de uma aliança de casamento o centro de massa situa-se no seu centro geométrico, externo ao meio material da aliança.

107.000 km/h (ou 30 km/s). Definitivamente, nós não estamos imóveis no Universo.

O movimento de translação da Terra ocorre no mesmo sentido da sua rotação (de oeste para leste). Aplica-se a regra da mão direita a fim de visualizá-lo. Nunca é demais lembrar que a perpendicular da eclíptica e o eixo da Terra não coincidem.

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Fig. 1.5 As estações são causadas pela inclinação do eixo de rotação da Terra em relação à perpendicular ao plano definido pela órbita da Terra (plano da eclíptica Imagem obtida em: http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/cap2-1.html

A velocidade de translação da Terra foi obtida por medição direta astronômica em 1729 através dos trabalhos do físico inglês James Bradley, o qual visava medir distâncias de estrelas. Bradley observou algo inesperado: a luz das estrelas sofria um desvio sistemático de direção. A explicação é dada pela combinação da velocidade da Terra ao redor do Sol (30 km/s em média) com a velocidade da luz (≈300.000 km/s). Esse efeito é denominado de aberração da luz. Alguém poderia afirmar que as estações do ano decorrem da variação da distância Terra-Sol, contudo esta pessoa deve lembrar que as estações ocorrem alternadamente em ambos os hemisférios terrestres. Mesmo que a variação na distância acarrete pequenas alterações no fluxo de luz solar recebido pela Terra, 6,5% no máximo, não há conseqüências maiores para as estações do ano. Quando é verão no hemisfério sul, a Terra encontra-se mais próxima do Sol do que quando é verão no hemisfério norte (Figura), mas nem por isso o verão é mais intenso no hemisfério sul.

1.9 INTERAÇOES TERRA - LUA 1.9.1 Fases Da Lua

Fig 1.6 - A lua em fases distintas (fotos de André Milone, no observatório do valongo/ufrj, rio de janeiro, 1988).

A Lua é o único satélite natural da Terra. Foi denominada, na antigüidade, de Luna, antiga cidade de Tucana (Itália) pelos romanos e Selene, irmã de Hélio e filha de Hipérion e Téia pelos gregos. É o astro mais brilhante do céu noturno.

As fases da Lua correspondem aos diferentes aspectos com que esta se apresenta no céu ao longo das noites e dos “dias claros” de um mês (figura 1.6). Isso não é devido à projeção da

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sombra da Terra na Lua, como alguns podem pensar. Mas sim, devido à visualização que temos da Lua conforme ela órbita em torno da Terra (posição relativa entre a Lua, Terra e Sol). A fase da Lua é um fenômeno astronômico de observação simultânea para todo o globo terrestre (quando a Lua cheia é vista do Brasil, ela é também vista como tal em Portugal).

Com certa regularidade, a Lua ora atravessa a sombra da Terra (eclipse da Lua), ora projeta sua sombra na superfície terrestre (eclipse do Sol).

1.9.2 Translação Da Lua O intervalo de tempo que a Lua gasta para completar uma volta completa em torno do centro de massa do sistema Terra-Lua, em relação ao referencial das estrelas, é chamado de período sideral; é igual a 27 dias, 7 horas, 43 minutos e 12 segundos (solares). Já o intervalo de tempo entre duas fases iguais sucessivas (ex. duas fases cheias) é denominado período sinódico ou, simplesmente, lunação; relativo ao referencial terrestre. Uma lunação dura 29 dias, 12 h, 44 min e

3 s (solares), maior que o período sideral; é a base dos calendários lunares.

O movimento orbital da Lua (ao redor da Terra, em primeira aproximação) é realizado no mesmo sentido dos movimentos orbital e rotacional da Terra, ou seja, ocorre de oeste para leste. É fácil perceber isso: a Lua sempre “nasce” cerca de 50 minutos mais tarde, dia após dia, em conseqüência de seu movimento de oeste para leste. Aplicando-se novamente a regra da mão direita com o polegar para cima apontando para o norte, tem-se que a Lua translada ao redor da Terra no mesmo sentido que a Terra translada ao redor do Sol. A Figura ilustra o movimento de translação da Lua (figura 1.7).

A órbita da Lua não é circular, mas sim elíptica, de modo que num dos focos da elipse se localiza o centro de massa do sistema Terra-Lua e não o centro da Terra como se poderia pensar. A distância entre os centros da Lua e Terra varia de 357.300 km a 407.100 km. A velocidade média de translação da Lua fica em torno de 3.700 km/h.

Figura 1.7 - A translação da lua: suas fases principais como são vistas do hemisfério sul da terra (ilustração fora de escala).

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1.9.3 ECLIPSES

Um eclipse acontece sempre que um corpo entra na sombra de outro. Assim, quando a Lua entra na sombra da Terra, acontece um eclipse lunar. Quando a Terra é atingida pela sombra da Lua, acontece um eclipse solar.

Quando um corpo extenso (não pontual) é iluminado por outro corpo extenso definem-se duas regiões de sombra (figura 1.8):

• umbra: região da sombra que não recebe luz de nenhum ponto da fonte.

• penumbra: região da sombra que recebe luz de alguns pontos da fonte.

Fig. 1.8 – Representação de eclipse solar

1.9.3.1 Duração E Periodicidade Dos Eclipses Alguém poderia questionar: - Por que não há eclipses da Lua e do Sol em todos os meses, já que os eclipses lunares ocorrem na fase cheia da Lua e os solares na fase nova? A resposta é que os planos das órbitas da Terra (em torno do Sol) e da Lua (em volta da Terra) não são os mesmos. Se as trajetórias da Lua e da Terra ficassem num mesmo plano, todo mês haveria eclipses do Sol e da Lua. O eixo do cone da sombra terrestre situa-se no plano orbital da Terra. A inclinação entre o plano da órbita lunar e o plano da eclíptica é de aproximadamente 5°,2 (veja a Figura 1.7). Esse ângulo é pequeno, mas não pode ser desprezado. Na distância em que a Lua se encontra, ela freqüentemente está fora do plano da órbita da Terra. Os eclipses só acontecem quando a trajetória da Lua atravessa a eclíptica quando da ocasião das fases nova ou cheia.

Ocorrem no mínimo 2 eclipses por ano (que são solares) e, no máximo, 7 eclipses por ano: 2 lunares e 5 solares, ou 3 lunares e 4 solares. A cada 18 anos aproximadamente, todos os eclipses acontecem com a mesma regularidade. Esse intervalo de tempo é denominado de Período de

Saros, quando ocorrem 41 eclipses do Sol e 29 eclipses da Lua.

Embora os eclipses lunares sejam menos freqüentes em número, a visualização desse tipo de eclipse a partir de qualquer ponto da Terra é facilitada em função de que basta ter a Lua acima do horizonte para podermos observá-lo (além de um céu sem nuvens obviamente). A observação dos eclipses solares é apresentada na subseção anterior.

1.9.4 MARÉS DOS OCEANOS: INTERAÇÕES SOL-TERRA-LUA A Terra sofre influência gravitacional da Lua. Se a Terra hipoteticamente parasse de se movimentar ao redor do Sol, ela seria atraída pela gravidade do mesmo, indo ao seu encontro.

Os movimentos de translação da Terra e da Lua podem ser tratados como movimentos de massas pontuais. Contudo, a Terra e a Lua são corpos de dimensões não desprezíveis. A força gravitacional do Sol ao ponto mais próximo da Terra é maior do que a força do lado diametralmente oposto da superfície; a diferença na distância desses dois pontos é igual, no máximo, ao diâmetro equatorial do planeta. Ocorre, então, o fenômeno denominado de efeito de maré. O mesmo pode-se ser dito para interação entre a Lua e a Terra. Tanto a crosta terrestre como a lunar sofrem o efeito de maré respectivamente devido à ação da Lua e da Terra, o efeito deste fenômeno é mais sensível sobre a massa líquida superficial da Terra. Em função do efeito de maré sobre os oceanos, cujo predomínio é da Lua, o nível do mar eleva-se principalmente na direção do vetor resultante da composição do efeito de maré Lua-Terra (peso 2) e do efeito de maré Sol-Terra (peso 1). Na Figura 1.9, visualiza-se a ocorrência das marés altas na direção Sol-Terra-Lua, em pontos diametralmente opostos quando da ocasião da Lua cheia. As marés baixas ocorrem em pontos da superfície oceânica situados na direção perpendicular àquela direção. Na fase nova da Lua, a situação repete-se.

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Figura 1.9 - ilustração do efeito de maré total sobre os oceanos da terra na ocasião da lua cheia (visão do norte da eclíptica, fora de escala).

1.9.5 PERIODICIDADE DAS CHEIAS E VAZANTES Sem a presença da Lua, os oceanos da Terra sentiriam o efeito de maré apenas devido ao Sol. As cheias, também chamadas de preamar, ocorreriam sempre próximo ao meio-dia (solar) e à meia-noite. As vazantes, ou baixa-mar, seriam às 6h (manhã) e 18h, aproximadamente. Ambas não seriam tão pronunciadas. Portanto, fixando-se um local na Terra a periodicidade das marés seria determinada apenas pela rotação terrestre. Com a presença da Lua, a situação já é outra. Pelo fato de a Lua estar cerca de 400 vezes mais próxima do

que o Sol, seu efeito de maré sobre a Terra é aproximadamente o dobro do efeito de maré devido ao Sol, mesmo que esse tenha 27 milhões de vezes mais massa do que a Lua. O diâmetro terrestre é cerca de 3% da distância Terra-Lua e, aproximadamente, 0,01% da distância Terra-Sol (figura 1.10).

Figura 1.10 - Escala da distância Terra - Lua

FONTES CONSULTADAS: MILONE, André de Castro. A astronomia no dia-a-dia. São José dos Campos, INPE. 2003.

HETEM, G.regório; JATENCO-PEREIRA, V. Fundamentos de Astronomia. São Paulo: IAG/USP- Observatórios Virtuais –Cap. 2.

STRAHLER, A. N. Geografia Física. Barcelona: Omega. 1978.

<http://astro.if.ufrgs.br/eclipses/eclipse.htm> (homepage do Instituto de Física da UFRGS)

<http://www.cfh.ufsc.br/~pduarte/moviterra.html> (site da disciplina Fundamentos de Astronomia e Geodésia do Prof. Paulo A. Duarte da UFRGS)

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2. ESTRUTURA INTERNA DA TERRA 2.1 A TERRA A densidade média da Terra é 5.520kg/m3. Como sabemos que a densidade das rochas superficiais é 3.000 kg/ m3, conclui-se que o interior da Terra deve ser muito denso.

De fato, a Terra é estratificada, sendo que os primeiros 35 km são compostos de rochas (3.300 kg/m3). Na faixa até ~2.900 km encontra-se o Manto (silicatos em forma compacta com densidade (3.300- 6.000 kg/m3). Em seguida

apresenta-se o Núcleo Exterior Líquido com espessura de ~2.200 km e densidade entre 9.000-1.1000kg/m3. O centro é ocupado Núcleo Interior Sólido com raio 1300 km e aproximadamente 12000 kg/m3 de densidade.

Na figura abaixo (figura 2.1) estão esquematizadas (fora de escala) as principais regiões da Terra. É apresentado o núcleo interno rodeado pelo núcleo líquido externo. A maior parte da Terra é dominada pelo manto, que é circundado por uma fina crosta, com apenas algumas dezenas de quilômetros. Acima da hidrosfera encontra-se a atmosfera e a região mais externa da Terra é a magnetosfera.

Figura 2.1 - representação esquemática das estruturas da Terra (fora de escala)

O conhecimento que temos hoje em dia a respeito do interior da Terra foi obtido graças ao do estudo da propagação das ondas sísmicas. Os tremores de terra irradiam ondas longitudinais de compressão e ondas transversais, cujas trajetórias no interior da Terra dependem das propriedades elásticas do material em cada ponto.

Essas ondas sofrem refração e reflexão. Algumas ondas não são detectadas nas zonas de "sombra" criadas pelo núcleo externo, o que indica que esse

núcleo é líquido. A composição química precisa do núcleo não é ainda bem conhecida, mas aponta para o ferro e outros elementos como: enxofre, silício, potássio.

Terremotos geram ondas sísmicas que podem ser detectadas em estações sismográficas ao redor do mundo. As ondas se propagam no interior da Terra e são desviadas de acordo com a variação da densidade e temperatura no interior do planeta.

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2.2 CARACTERÍSTICAS SUPERFICIAIS

Figura 2.2: O desvio das ondas sísmicas causado pelo núcleo externo da Terra, indicando sua composição líquida.

A crosta terrestre é composta por uma Litosfera sólida (blocos continentais de granito) e uma Hidrosfera líquida (70% da superfície total). As placas continentais e oceânicas da crosta são separadas e flutuam sobre o manto. O movimento das placas é causado pelo padrão convectivo no manto superior que arrasta as placas através da superfície da Terra. Um exemplo desse fenômeno é a falha de San Andreas na Califórnia, o resultado do deslizamento na parede das placas da América do Norte e do Pacífico. A figura 2.2 apresenta um modelo de como são coletadas informações sobre a estrutura interna da Terra a partir de um ponto de tremor.

Atmosfera A atmosfera da Terra atual é o resultado de vulcanismo; de emanações gasosas diversas; e do fato de que a atração gravitacional é suficiente para reter a atmosfera. A composição química da atmosfera terrestre na superfície é dada na seguinte tabela:

Gás %

Nitrogênio (N2) 78,08 Oxigênio (O2) 20,95 Argônio (Ar) 0,934

Dióxido de Carbono (CO2)

0,033

Neônio (Ne) 0,0018

A atmosfera terrestre é estratificada em várias camadas. A inferior, chamada troposfera é densa, homogênea, sede principal dos processos meteorológicos. A tropopausa vai até cerca de 15 km de altitude; a estratosfera é tênue e estável, com uma espessura de 40 a 50 km; a mesosfera está entre 50 e 80 km de altitude.

Na figura abaixo (2.3), indica-se a variação média da temperatura em função da altitude. Até a mesosfera a temperatura chega a um mínimo de 190K, enquanto que subindo até a termosfera, a uma altitude de 250 km, a temperatura sofre um aumento. Na exosfera (acima de 600 km) a temperatura é aproximadamente estável, sendo esta a região onde a atmosfera pode perder-se para o espaço interplanetário (exosfera).

Figura 2.3 – As cinco camadas da atmosfera: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera; em relação à altitude e variação de temperatura. Fonte: IAG - USP

O comportamento da alta atmosfera (50 a 300 km) é parte do resultado de um processo de fotoionização, que produz a ionosfera. Os raios ultravioleta e raios-X do Sol são capazes de dissociar o nitrogênio e o oxigênio e de ionizar muitos outros átomos, até atingir um estado de equilíbrio. A ionosfera atua como uma camada protetora, que absorve a maior parte da radiação solar de alta energia.

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Campo Magnético

Figura 2.4 - Campo magnético terrestre. Partículas carregadas que chegam na atmosfera terrestre a partir do vento solar, por exemplo, ficam aprisionadas nas linhas de campo, deslocando-se em espirais.

O campo magnético intrínseco à Terra é bipolar, da ordem de 0,4 10-4 T, e pode ser expresso por (B µ 1/r3) (figura 2.4). Sua inclinação com relação ao eixo de rotação é de 12º. A provável origem é explicada pelas correntes fluidas no núcleo exterior, que é metálico (cargas elétricas em movimento geram um campo magnético).

Na presença de fortes campos magnéticos, partículas carregadas ficam aprisionadas, deslocam-se por caminhos espirais, ao redor das linhas de campo. O fenômeno das auroras é resultado da emissão da radiação após partículas magnetosféricas colidirem com moléculas atmosféricas.

2.3 BREVÍSSIMA HISTÓRIA DA TERRA Podemos classificar a evolução da Terra em seis estágios provocados pelo calor interno:

(1) há 4,6 bilhões de anos ocorreu sua formação pela aglomeração de blocos de matéria proveniente do disco proto-planetário.

(2) há 4,5 bilhões de anos ocorreu formação de um núcleo denso;

(3) a atividade vulcânica propiciou a formação de uma atmosfera;

(4) a queda de meteoritos causou fraturas na crosta;

(5) há 3,7 bilhões de anos ocorreu o surgimento dos primeiros continentes. Havia também muita ação de chuva e vento, causando erosões na superfície;

(6) desde 600 milhões de anos atrás os processos do estágio anterior diminuíram progressivamente e a Terra tornou-se muito semelhante ao que observamos hoje em dia.

FONTES CONSULTADAS GORSHKOV, G. YAKUSHOVA, A. Physical Geology. Moscou: Mir Publishers, 1967.

MENDONÇA, F; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo, Oficina de Textos. 2007.

TEIXEIRA, W., TOLEDO, M.C.M., FAIRCHILD, T.R., TAIOLI, F., 2000. Decifrando a Terra. Editora Oficina de Textos, São Paulo, 568 pp.

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3 DINÂMICA GEOLÓGICA DA TERRA

3.1 ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO Assume-se para a Terra uma idade de mais de 4,5 bilhões de anos. Com base em estudos estratigráficos e geotectônicos de correlação mundial apoiados, em grande parte, nos registros fossilíferos, paleomagnéticos e em datações geocronológicas, este tempo geológico foi dividido em: Eons subdivididos em Eras; estas divididas em Períodos que, por sua vez, são divididos em Épocas as quais são divididas em Idades (tabela 3.1).

Os limites destas divisões são estabelecidos por comitées internacionais de correlação estratigráfica

mundial e a base desta divisão temporal são os registros geológicos de várias partes do mundo, determinando-se áreas-tipos, as idades absolutas de seus limites, a correlação e o empilhamento estratigráfico entre elas de forma a se ter uma coluna cronoestratigráfica mundial subdividida em unidades cronogeológicas designadas Eontemas, Eratemas, Sistemas, Séries e Andares correspondentes, respectivamente, às divisões cronológicas acima. A variação da rotação da Terra, desacelerando cerca de 41" de arco por século (Allaby & Allaby,1999), indica que nosso ano sazonal atual é bem mais longo em dias do que o dos primórdios da Terra; por exemplo, há 400Ma o ano tinha 400 dias.

Tabela 3.1 – Escala geológica do Tempo Fonte: Valter Casseti (Funape)

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3.2 NOSSO PLANETA (Prof. Dra. Maria Cristina Motta de Toledo - IGC/USP)

O planeta Terra é constituído por diversos setores ou ambientes, alguns dos quais permitem acesso direto, como a atmosfera, a hidrosfera (incluindo rios, lagos, águas subterrâneas e geleiras), a biosfera (conjunto dos seres vivos) e a superfície da parte rochosa. Desta superfície para baixo, o acesso é muito limitado. As escavações e sondagens mais profundas já chegaram a cerca de 13km de profundidade, enquanto o raio da terra é de quase 6.400km. Por isso, para se obter informações deste interior inacessível, existem métodos indiretos de investigação: a sismologia e a comparação com meteoritos.

A sismologia é o estudo do comportamento das ondas sísmicas ao atravessar as diversas partes internas do planeta. Estas ondas elásticas propagam-se gerando deformações, sendo geradas por explosões artificiais e, sobretudo pelos terremotos; as ondas sísmicas mudam de velocidade e de direção de propagação com a variação das características do meio atravessado. A integração das observações das numerosas estações sismográficas espalhadas pelo mundo todo fornece informações sobre como é o interior do planeta, atravessado em todas as direções por ondas sísmicas geradas a cada terremoto e a cada explosão. As Informações sobre a velocidade das ondas sísmicas no interior da Terra permitiram reconhecer três camadas principais (crosta, manto e núcleo), que têm suas próprias características de densidade, estado físico, temperatura, pressão e espessura (ver figura 2.2).

Na diferenciação dos materiais terrestres, ao longo da história do planeta, a água, formando a hidrosfera, bem como a atmosfera, constituída por gases como nitrogênio, oxigênio e outros, por serem menos densos, ficaram principalmente sobre a parte sólida, formada pelos materiais sólidos e mais densos. Dentre os materiais sólidos, os mais pesados se concentraram no núcleo, os menos pesados na periferia, formando a crosta, e os intermediários no manto. Pode-se comparar os diferentes tipos de meteoritos com as camadas internas da Terra, pressupondo-se que eles (os meteoritos) tiveram a mesma origem e evolução dos outros corpos do Sistema Solar, formados como corpos homogêneos, a frio, por acresção planitesimal. Aqueles que tinham massa suficientemente grande desenvolveram um forte calor interno, por causa da energia gravitacional, da energia cinética dos planetesimais quando da

acresção e da radioatividade natural. Isto ocasionou uma fusão parcial, seguida de segregação interna, a partir da mobilidade que as altas temperaturas permitiam ao material.

Os meteoritos provenientes da fragmentação de corpos pequenos, que não sofreram esta diferenciação, são os condritos, que representam a composição química média do corpo fragmentado e por inferência, do Sistema Solar como um todo, menos os elementos voláteis. Não existem materiais geológicos, ou seja, terrestres, semelhantes aos condritos. Os meteoritos provenientes da fragmentação de corpos maiores, como a Terra, que sofreram a diferenciação interna, representam a composição química e densidade de cada uma das partes internas diferenciadas do corpo que os originou. São os sideritos, os acondritos e ainda outros tipos. Pela sua densidade, faz-se a correlação com as camadas da Terra determinadas pela sismologia, e supõe-se que sua composição química represente a composição química da camada terrestre de mesma densidade. Assim, com estas duas ferramentas indiretas, a sismologia e a comparação com os meteoritos, foi estabelecido um modelo para a constituição interna do globo terrestre (figura 3.1).

Figura 3.1 – Estrutura interna da Terra; Obs: raio – 6378 km Fonte: Oficina de textos

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É importante ressaltar que todo o material no interior da Terra é sólido, com exceção apenas do núcleo externo, onde o material líquido metálico se movimenta, gerando correntes elétricas e o campo magnético da Terra. A uma dada temperatura, o estado físico dos materiais depende da pressão. 'As temperaturas que ocorrem no manto, os silicatos seriam líquidos, não fossem as pressões tão altas que lá ocorrem (milhares de atmosferas).

Assim, o material do manto, ao contrário do que muitos crêem, é sólido, e só se torna líquido se uma ruptura na crosta alivia a pressão a que está submetido. Somente nesta situação é que o material silicático do manto se liqüefaz, e pode, então, ser chamado de magma. Se o magma fica retido em bolsões dentro da crosta, forma uma câmara magmática, e vai pouco a pouco solidificando-se, formando um corpo de rocha ígnea plutônica ou intrusiva, Se o magma consegue extravasar até a superfície, no contato com a atmosfera e hidrosfera, pode ser chamado lava, enquanto estiver líquido, e seu resfriamento e solidificação vai formar um corpo de rocha ígnea vulcânica ou extrusiva.

As rochas ígneas, juntamente com as rochas metamórficas e sedimentares, formadas por outros processos geológicos, constituem a crosta, que é a mais fina e a mais importante camada para nós, pois é sobre ela que se desenvolve a vida. A crosta oceânica e a crosta continental apresentam diferenças entre si. A primeira ocorre sob os oceanos, é menos espessa e é formada por extravasamentos vulcânicos ao longo de imensas faixas no meio dos oceanos (as cadeias meso-oceânicas), que geram rochas basálticas. A segunda é mais espessa, pode emergir até alguns milhares de metros acima do nível do mar, e é formada por vários processos geológicos, tendo uma composição química média mais rica em Si e em Al que as rochas basálticas, que pode ser chamada de composição granítica.

Figura 3.2 – Interação crosta e manto superior

A crosta oceânica e continental, junto com uma parte superior do manto, forma uma camada rígida com 100 a 350km de espessura (figura 3.2). Esta camada chama-se LITOSFERA e constitui as placas tectônicas, que formam, na superfície do globo, um mosaico de placas encaixadas entre si como um gigantesco quebra-cabeças; são as placas tectônicas ou placas litosféricas. Abaixo da litosfera, ocorre a ASTENOSFERA, que é parte do manto superior; suas condições de temperatura e pressão permitem certa mobilidade, muito lenta, mas sensível numa escala de tempo muito grande, como é a escala do tempo geológico.

3.3 A DINÂMICA INTERNA Os vulcões e terremotos representam as formas mais enérgicas e rápidas de manifestação dinâmica do planeta. Ocorrem tanto em áreas oceânicas como continentais, e são válvulas de escape que permitem o extravasamento repentino de energias acumuladas ao longo de anos, milhares ou milhões de anos. Esses eventos são sinais de que, no interior da Terra, longe dos nossos olhos e instrumentos de pesquisa, ocorrem fenômenos dinâmicos que liberam energia e se refletem na superfície, modificando-a. Por outro lado, também existem formas lentas de manifestação da dinâmica interna terrestre. As placas tectônicas, conforme a teoria da Tectônica de Placas, resumida a seguir, incluem continentes e partes de oceanos, que movem-se em mútua aproximação ou distanciamento, a velocidades medidas de alguns centímetros por ano, assim contribuindo para a incessante evolução do relevo e da distribuição dos continentes e oceanos na superfície terrestre.

Figura 3.3 – Principais placas tectônicas do Globo

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A Tectônica de Placas e a formação das grandes cadeias de montanhas e dos oceanos Existem várias evidências mostrando que as placas tectônicas flutuam sobre o material da astenosfera e movem-se umas em relação às outras; assim, continentes que hoje se encontram separados já estiveram unidos. Tal é o caso da América do Sul e da África, que se apresentam como duas peças contíguas de um quebra-cabeça, o que é interpretado não apenas pela forma de seus litorais, mas também pelas características geológicas e paleontológicas que mostram continuidade nos dois continentes. América do Sul e África já estiveram unidos e submetidos a uma

mesma evolução durante um longo período de sua história, no passado (figura 3.4). Os movimentos das placas litosféricas são devidos às correntes de convecção que ocorrem na astenosfera. As correntes de convecção levam os materiais mais quentes para cima, perto da base da litosfera, onde se movimentam lateralmente pela resistência da litosfera ao seu movimento e perdem calor; tendem então a descer, dando lugar ao material mais quente que está subindo. À medida que o material se desloca lateralmente para depois descer, ele entra em atrito com as placas da litosfera rígida, em sua parte inferior, levando-as ao movimento.

Figura 3.4 – Cadeia Meso-oceânica: Correntes de convecção na astenosfera e movimentos das placas litosféricas. O exemplo da abertura do Oceano Atlântico com a separação entre África e América do Sul, e a transformação da Cordilheira dos Andes pela colisão da Placa Pacífica com a Placa Sulamericana (Fonte Wyllie, 1976)

No meio dos Oceanos Atlântico, Pacífico e Índico existem cordilheiras submarinas, que se elevam a atécerca de 4.000m acima do assoalho oceânico. Estas cordilheiras, denominadas meso-oceânicas, são interrompidas transversalmente pelas falhas transformantes e sublinham imensas rupturas na crosta, ao longo das quais há extravasamentos periódicos de lava basáltica vinda das partes mais internas (astenosfera). O mesmo mecanismo que força a cordilheira a se abrir periodicamente (correntes de convecção divergentes) para que materiais mais novos possam se colocar ao longo das aberturas, formando e expandindo o domínio oceânico, em outros locais promove colisões de placas (correntes de convecção convergentes). Nestas colisões, a placa que contém crosta oceânica, mais pesada, entra sob a placa

continental, que se enruga e deforma (processos incluídos no metamorfismo), gerando as grandes cadeias continentais (Andes, Montanhas Rochosas). A placa que afundou acaba por se fundir parcialmente ao atingir as grandes temperaturas internas (zona de subducção), gerando magma passível de subir na crosta formando rochas ígneas intrusivas ou extrusivas; se a colisão for entre duas placas continentais, ambas se enrugam (Alpes, Pirineus, Himalaias). Desta forma, a crosta oceânica é renovada, sendo gerada nas cadeias meso-oceânicas e reabsorvida nas zonas de colisões entre as placas, onde ocorre subducção. Assim, oceanos são formados pela divisão de continentes. Por exemplo, há 180 milhões de anos, um grande continente chamado

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GONDWANA dividiu-se, formando a África, a América do Sul e o oceano Atlântico.

Outros oceanos podem ser fechados por movimentos convergentes das placas (por exemplo, o Mar Mediterrâneo está sendo fechado pela aproximação entre a África e a Europa).

Os limites entre as placas podem ser divergentes, onde elas separam-se, criando fundo oceânico, ou convergentes, onde elas colidem, formando cadeias montanhosas continentais ou fechando oceanos (figura 3.5). Podem ainda ser limites transfomantes, onde uma placa passa ao lado da outra, com atrito, mas sem criar nem consumir material. Todos estes tipos de limites são zonas de instabilidade tectônica, ou seja, sujeitas a terremotos e vulcões.

Figura 3.5 – Processos tectônicos. Limites de placas tectônicas convergentes (oceano/continente). Exemplo da Placa de Nazca e América do Sul.

Assim, as posições dos continentes no globo terrestre são modificadas em relação ao Equador e aos pólos, explicando em parte as mudanças das condições climáticas de cada continente ao longo do tempo geológico.

3.3.1 Vulcões

Figura 3.6 - No dia 8 de maio de 1902 a erupção do Monte Pelée na Ilha de Martinica matou todos os seus moradores, apenas um homem sobreviveu: o único preso da cidade.foto retirada do livro: Earth Shock, Andrew Robinson)

O material rochoso em profundidade está submetido a pressões e temperaturas altíssimas (astenosfera) e, quando a placa litosférica rígida sofre uma ruptura, aquele material tende a escapar por ela, extravasando na superfície (vulcanismo) ou ficando retido em câmaras magmáticas dentro da crosta, quando não consegue chegar à superfície (plutonismo). O material que extravasa é constituído por gases, lavas e cinzas. A atividade vulcânica pode formar ilhas em meio aos oceanos (Havaí, Açores e etc.) que podem ser destruídas em instantes.

Pode ocorrer nos continentes, formando montanhas (Estromboli e Vesúvio na Itália, Osorno e Vila Rica no Chile, Santa Helena nos EUA). O mais espetacular aspecto construtivo do vulcanismo é o que corre nas cadeias meso-oceânicas, que representam limites divergentes de placas, gerando verdadeiras cordilheiras submarinas, formando assoalho oceânico novo a cada extravasamento e causando, assim, a expansão oceânica. A lslândia representa parte da cadeia meso-oceânica emersa acima do nível das águas, permitindo a observação direta deste tipo de vulcanismo fissural.

3.3.2 Terremotos Os terremotos são tremores ou abalos causados pela liberação repentina da energia acumulada durante longos intervalos de tempo em que as placas tectônicas sofreram esforços para se movimentar. Quando o atrito entre elas é vencido (subducção ou falha transformante) ou quando partes se rompem (separação de placas), ocorrem os abalos. Estes abalos têm intensidade, duração e freqüência variáveis, podendo resultar em grandes modificações na superfície, não só pela destruição que causam, mas por estarem associados aos movimentos das placas tectônicas. Os hipocentros (pontos de origem dos terremotos) e epicentros (projeções verticais dos hipocentros na superfície) estão localizados preferencialmente em zonas limitrofes de placas tectônicas, onde elas se chocam e sofrem subducção e enrugamento, formando, respectivamente, fossas oceânicas e cordilheiras continentais, ou onde elas se separam, nas cadeias dorsais meso-oceânicas. Ocorrem terremotos também no limites neutros, onde as placas se movem lateralmente em sentidos opostos (falhas transformantes). No mapa mundi, pode-se observar que a distribuição dos terremotos forma faixas contínuas ao longo das fossas oceânicas e cadeias continentais e meso-oceânicas. É famoso o "cinturão de fogo

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circumpacífico", sujeito a freqüentes e intensos terremotos (exemplo da Falha de San Andreas, EUA), formando uma faixa muito ativa em volta do Oceano Pacífico. Também existem terremotos que não são devidos aos movimentos das placas, mas a esforços chamados intra-placas. São menos freqüentes, menos intensos, e relacionados à reativação de falhas (rupturas) muito antigas na crosta (exemplos recentes: João Câmara - RN, e Rio de Janeiro).

Figura 3.7 - Em outubro de 1989 um terremoto na área de São Francisco (EUA) chegou à 7.2 na escala Richter e provocou enormes danos materiais. (Foto reirada do livro: Earth Shock, Andrew Robinson)

3.4 O CICLO DAS ROCHAS Texto: Prof. Dr. Fábio Ramos Dias de Andrade (IGC/USP)

3.4.1 Introdução A Terra é um planeta vivo e seus continentes estão em constante movimento, devido à dissipação de calor do interior do planeta. A tectônica global analisa o comportamento dinâmico do planeta, enfocando em conjunto os processos a ela ligados, tais como o magmatismo, a sedimentação, o metamorfismo e as atividades sísmicas (terremotos).

A geologia é a ciência que estuda a origem e a evolução do nosso planeta, através da análise das rochas e seus minerais. As rochas que formam os continentes e fundos dos oceanos registram os fenômenos de transformação da superfície e do interior da crosta terrestre.

3.4.2 Os Tipos De Rochas Rochas ígneas As rochas ígneas (do latim ignis, fogo) são também conhecidas como rochas magmáticas. Elas são formadas pela solidificação (cristalização) do magma, que é um líquido com alta temperatura,

em torno de 700 a 1200oC, proveniente do interior da Terra. As rochas ígneas podem conter jazidas de vários metais (ouro, platina, cobre, estanho, etc.) e trazem à superfície do planeta importantes informações sobre as regiões profundas da crosta e do manto terrestre. O tamanho dos cristais das rochas ígneas é, em geral, proporcional ao tempo de resfriamento do magma, isto é, quanto mais lenta for a cristalização de um magma, maiores são os cristais formados e vice-versa.

Magmas cristalizados a grandes profundidades no interior da crosta esfriam lentamente, possibilitando que seus cristais se desenvolvam até atingir tamanhos visíveis a olho nu (>> 1 mm). Rochas ígneas deste tipo são denominadas rochas plutônicas, como por exemplo o granito.

Nos vulcões, o magma (lava) atinge a superfície da crosta e entra em contato com a temperatura ambiente, resfriando-se muito rapidamente. Como a solificação é praticamente instantânea, os cristais não têm tempo para se desenvolver, sendo portanto muito pequenos, invisíveis a olho nu (<<1mm). Rochas deste tipo são denominadas rochas vulcânicas, como o basalto.

Quando o magma se cristaliza muito próximo à superfície, mas ainda no interior da crosta, o resfriamento é um pouco mais lento que o das rochas vulcânicas, permitindo que os cristais sejam visíveis a olho nu, embora ainda de tamanho pequeno (~1mm). Rochas deste tipo são denominadas rochas subvulcânicas, a exemplo do diabásio.

Rochas sedimentares As rochas sedimentares são o produto de uma cadeia de processos que ocorrem na superfície do planeta e se iniciam pelo intemperismo das rochas expostas à atmosfera.

As rochas intemperizadas perdem sua coesão e passam a ser erodidas e transportadas por diferentes agentes (água, gelo, vento, gravidade), até sua sedimentação em depressões da crosta terrestre, denominadas bacias sedimentares. A transformação dos sedimentos inconsolidados (p. ex. areia) em rochas sedimentares (p. ex. arenito) é denominada diagênese, sendo causada por compactação e cristalização de materiais que cimentam os grãos dos sedimentos.

As rochas sedimentares fornecem importantes informações sobre as variações ambientais ao longo do tempo geológico. Os fósseis, que são vestígios de seres vivos antigos preservados

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nestas rochas, são a chave para a compreensão da origem e evolução da vida.

A importância econômica das rochas sedimentares está em conterem, em determinadas situações, petróleo, gás natural e carvão mineral, que são as principais fontes de energia do mundo moderno. As rochas sedimentares formadas pela acumulação de fragmentos de minerais ou de rochas intemperizadas são denominadas rochas clásticas ou detríticas, como o arenito. Existem também rochas sedimentares formadas pela precipitação de sais a partir de soluções aquosas saturadas (p. ex. evaporito) ou pela atividade de organismos em ambientes marinhos (p. ex. calcário), sendo denominadas rochas não-clásticas ou químicas.

Rochas metamórficas As rochas metamórficas são o produto da transformação de qualquer tipo de rocha, quando esta é levada a um ambiente onde as condições físicas (pressão, temperatura) são muito distintas daquelas onde se formou. Nestes ambientes, os minerais podem se tornar instáveis e reagir

formando outros minerais, estáveis nas condições vigentes.

Como os minerais são estáveis em campos definidos de pressão e temperatura, a identificação de minerais das rochas metamórficas permite reconhecer as condições físicas em que ocorreu o metamorfismo.

O estudo das rochas metamórficas permite identificar grandes eventos geotectônicos ocorridos no passado, fundamentais para o entendimento da atual configuração dos continentes.

As cadeias de montanhas (por exemplo, Andes, Alpes, Himalaias) são grandes deformações da crosta terrestre, causados pelas colisões de placas tectônicas. As elevadas pressões e temperaturas existentes no interior das cadeias de montanhas durante sua edificação são o principal mecanismo formador de rochas metamórficas.

O metamorfismo pode ocorrer também em outras situações, ao longo de planos de deslocamentos de grandes blocos de rocha (alta pressão) ou nas imediações de grandes volumes de magmas, devido à dissipação de calor (alta temperatura).

Figura 3.8 – Mapa conceitual do Ciclo das Rochas

O ciclo das rochas representa as diversas possibilidades de transformação de um tipo de rocha em outro (figura 3.8).

Os continentes se originaram ao longo do tempo geológico pela transferência de materiais menos densos do manto para a superfície terrestre. Este processo ocorreu principalmente através de atividade magmática.

As rochas, uma vez expostas à atmosfera e à biosfera passam a sofrer a ação do intemperismo, através de reações de oxidação, hidratação, solubilização, ataques por substâncias orgânicas, variações diárias e sazonais de temperatura, entre outras. O intemperismo faz com que as rochas percam sua coesão, sendo erodidas, transportadas e depositadas em depressões onde, após a

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diagênese, passam a constituir as rochas sedimentares.

A cadeia de processos de formação de rochas sedimentares pode atuar sobre qualquer rocha (ígnea, metamórfica, sedimentar) exposta à superfície da Terra.

Devido à migração dos continentes durante o tempo geológico, as rochas podem ser levadas a ambientes muito diferentes daqueles onde se formaram. Qualquer tipo de rocha (ígnea, sedimentar, metamórfica) que sofra a ação de, por exemplo, altas pressões e temperaturas, sofre transformações mineralógicas e texturais, tornando-se uma rocha metamórfica.

Se as condições de metamorfismo forem muito intensas, as rochas podem se fundir, gerando magmas que, ao se solidificar, darão origem a novas rochas ígneas.

O ciclo das rochas existe desde os primórdios da história geológica da Terra e, através dele, a crosta de nosso planeta está em constante transformação e evolução.

FONTES CONSULTADAS

GUERRA, A. T; GUERRA, A. J. T. Dicionário Geológico-Geomorfológico.Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil. 2001

TEIXEIRA, W., TOLEDO, M.C.M., FAIRCHILD, T.R., TAIOLI, F., 2000. Decifrando a Terra. Editora Oficina de Textos, São Paulo, 568 pp.

<http://www.igc.usp.br/geologia/>; <http://www.igc.usp.br/replicas/coluna.htm> (Site do IG-USP)

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4. GEOMORFOLOGIA 4.1 A NATUREZA DA GEOMORFOLOGIA A geomorfologia é um conhecimento específico, sistematizado, que tem por objetivo analisar as formas do relevo, buscando compreender os processos pretéritos e atuais. Como componente disciplinar da temática geográfica, a geomorfologia constitui importante subsídio para a apropriação racional do relevo, como recurso ou suporte, considerando a conversão das propriedades geoecológicas em sócio-reprodutoras (Kügler, 1976, caracteriza as funções sócio-reprodutoras em suporte e recurso do homem). Seu objeto de estudo é a superfície da crosta terrestre, apresentando uma forma específica de análise que se refere ao relevo. A análise incorpora o necessário conhecimento do jogo de forças antagônicas, sistematizadas pelas atividades tectogenéticas (endógenas) e mecanismos morfoclimáticos (exógenos), responsáveis pelas formas resultantes.

Partindo do princípio de que tanto os fatores endógenos, como os exógenos, são “forças vivas'', cujas evidências demonstram grandes transformações ao longo do tempo geológico, necessário se faz entender que o relevo terrestre não foi sempre o mesmo e que continuará evoluindo. Portanto, a análise geomorfológica de uma determinada área implica obrigatoriamente o conhecimento da evolução que o relevo apresenta, o que é possível se obter através do estudo das formas e das sucessivas deposições de materiais preservadas, resultantes dos diferentes processos morfogenéticos a que foi submetido.

O relevo assume importância fundamental no processo de ocupação do espaço, fator que inclui as propriedades de suporte ou recurso, cujas formas ou modalidades de apropriação respondem pelo comportamento da paisagem e suas conseqüências.

Ao se apresentar um estudo integral do relevo, deve-se levar em consideração os três níveis de abordagem sistematizados por Ab'Saber (1969), e que individualizam o campo de estudo da geomorfologia: a compartimentação morfológica, o levantamento da estrutura superficial e o estudo da fisiologia da paisagem.

A compartimentação morfológica inclui observações relativas aos diferentes níveis topográficos e características do relevo, que

apresentam uma importância direta no processo de ocupação. Nesse aspecto a geomorfologia assume importância ao definir os diferentes graus de risco que uma área possui, oferecendo subsídios ou recomendações quanto à forma de ocupação e uso.

A estrutura superficial, ou depósitos correlativos se constitui importante elemento na definição do grau de fragilidade do terreno, sendo responsável pelo entendimento histórico da sua evolução, como se pode comprovar através dos paleopavimentos. Sabendo das características específicas dos diferentes tipos de depósitos que ocorrem em diferentes condições climáticas, torna-se possível compreender a dinâmica evolutiva comandada pelos elementos do clima considerando sua posição em relação aos níveis de base atuais, vinculados ou não a ajustamentos tectônicos.

A fisiologia da paisagem, terceiro nível de abordagem, tem por objetivo compreender a ação dos processos morfodinâmicos atuais, inserindo-se na análise o homem como sujeito modificador. A presença humana normalmente tem respondido pela aceleração dos processos morfogenéticos, como as formações denominadas de tectogênicas, abreviando a atividade evolutiva do modelado. Mesmo a ação indireta do homem, ao eliminar a interface representada pela cobertura vegetal, altera de forma substancial as relações entre as forças de ação (processos morfogenéticos ou morfodinâmicos) e de reação da formação superficial, gerando desequilíbrios morfológicos ou impactos geoambientais como os movimentos de massa, boçorocamento, assoreamento, dentre outros, chegando a resultados catastróficos, a exemplo dos deslizamentos em áreas topograficamente movimentadas.

No estudo desses níveis, do primeiro em relação ao terceiro, os processos evoluem de uma escala de tempo geológica para uma escala de tempo histórica ou humana, incorporando gradativamente novas variáveis analíticas, como relacionadas a derivações antropogênicas, e exigindo maior controle de campo, o que implica emprego de técnicas, como o uso de miras graduadas para controle de processos erosivos, podendo chegar a níveis elevados de sofisticação das análises específicas.

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4.2 O RELEVO TERRESTRE As formas do relevo terrestre são definidas pela estrutura geológica em combinação com as ações da dinâmica interna e externa da Terra. A estrutura geológica diz respeito ao tipo de rocha — magmática, sedimentar ou metamórfica –, bem como a idade que elas apresentam — mais antigas ou mais recentes. As características tais rochas condicionam a ação dos fatores modificadores do relevo os chamados agentes de erosão. A disciplina científica que estuda as formas de relevo, sua origem, a estrutura e os processos responsáveis por sua evolução é a Geomorfologia (figura 4.1).

O relevo de todas as partes do mundo apresenta saliências e depressões oriundas das eras geológicas passadas. Estas saliências e depressões conhecidas como acidentes de primeira ordem configuram as montanhas, planaltos, planícies e depressões; além desses acidentes existem outros menores: as chapadas, as cuestas e as depressões periféricas, etc. Estes acidentes resultaram da ação de dois tipos de agentes ou fatores do relevo: sendo um de origem interna ou endógeno (vulcanismo, tectonismo e outros); e outro de origem externa ou exógeno (água corrente, temperatura, chuva, vento, geleiras, seres vivos).

Quadro 4.1 – Dinâmica processual em Geomorfologia (adaptado de King, 1966 por Casseti))

4.3 O OS AGENTES MODIFICADORES DO RELEVO. São os elementos capazes de modificar e alterar permanentemente a estrutura de morfológica do relevo. Traduzindo: são as forças capazes de modelar o relevo que conhecemos, criando ou destruindo uma montanha, causando soerguimentos ou rebaixamentos (figura 4.1).

São duas as forças que podem modificar o relevo: As forças internas ou endógenas da Terra, e as forças externas ou exógenas da Terra.

Figura 4.1 I - Cadeia orogênica do Terciário, com formação ligada à tectônica de placas. II - Área de sedimentação do Cenozóico, com depósitos fluviais.

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4.3.1 Forças Endógenas: as pressões do magma Como vimos anteriormente, os fatores internos do relevo têm sua origem nas pressões que o magma exerce sobre a crosta terrestre. Essas pressões podem provocar vulcanismo e outros fenômenos chamados tectônicos, como a formação de dobras e fraturas e a criação montanhas.

O movimento do magma ocorre no manto, à parte do interior da Terra que fica entre a crosta e o núcleo, com aproximadamente 2 800 km de espessura. O magma age no manto superior, que vai até 670 km de profundidade.

A diferença entre a temperatura do magma, uma substância quentíssima e por isso fluida, a temperatura da crosta, que é mais baixa, pode resultar em dois fenômenos: em algumas regiões o magma extravasa para a superfície, pelos vulcões, sob a forma de lavas; em outras, é a crosta que se transforma novamente em magma. "sugada" para o interior do manto. Essa troca de calor é denominada movimento de convecção.

Tais fenômenos ocorrem com maior intensidade nas zonas de contato das placas tectônicas, que formam a crosta terrestre. Essas placas, que compõem a litosfera, são encontradas tanto nos continentes quanto sobre o mar. E a partir de rachaduras abertas na crosta terrestre pela força sua pressão que o magma se movimenta realiza seu trabalho de construção e destruição, ou seja, pratica a sua ação dinâmica.

As áreas de construção são representadas principalmente pelas chamadas dorsais meso-oceânicas, grandes cadeias de montanhas submersas formadas por vazamento de depósitos de magma. Ao atravessar a crosta e entrar em contato com a água, o magma se consolida, formando aquelas que constituem as mais recentes rochas magmáticas da crosta. O maior exemplo é a zona da dorsal atlântica, através da qual continuam surgindo novas rochas no solo oceânico.

A expansão que ocorre no fundo do mar tenciona a crosta em cadeia, de tal forma que em outras áreas ela é pressionada e destruída. É o que ocorre na região do Pacífico Sul, em que a fina crosta oceânica está sendo lentamente empurrada contra o continente, retomando ao manto e voltando a fundir-se, constituindo uma área de destruição (ver páginas 19). Em contrapartida, o continente, pressionado, sofre uma grande elevação. Esse lento soerguimento é responsável pela contínua elevação da cordilheira dos Andes(figura 4.2).

Figura 4.2 – Convergência de placas responsável pelos dobramentos modernos (Terciários); As grandes cordilheiras (ex. Andes), correspondentes aos dobramentos terciários (tectônica moderna), são entendidas como resultantes da deriva e choque de placas responsáveis pelo soerguimento de depósitos marinhos, iniciados no Eopaleozóico (seqüência de 5.000 a 10.000 metros de sedimentos). Com o subduccionamento da placa marinha, aconteceram dobramentos e soerguimentos do material depositado, associados a fenômenos paralelos

Em geral, as chamadas montanhas recentes apresentam intensa atividade sísmica e vulcanismos, justamente porque estão no limite de destruição das placas tectônicas.

A cordilheira do Himalaia é uma formação moderna, ainda em processo de soerguimento (figura anterior). No entanto, podemos observar, pelo esquema, que sua origem está associada à colisão de duas placas continentais, e não ao choque entre uma placa continental e outra oceânica, como ao caso da cordilheira dos Andes.

Tanto nas zonas de construção como nas zonas de destruição, além da ocorrência de terremotos e vulcanismos é comum o aparecimento de dobras ou fraturas.

As dobras ocorrem em rochas frágeis e mais ou menos plásticas, enquanto as fraturas se formam em rochas mais resistentes ou rijas. Se os blocos fraturados não se deslocarem uns em relação aos outros, dizemos que se formam juntas. Quando, ao contrário, os blocos se afastam uns dos outros, terão ocorrido falhas (figura 4.3a.b.).

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Figura 4.3a – Elementos geométricos das falhas Quando as forças de compressão, associadas às atividades tectônicas, rompem o limite de resistência de determinada rocha, sobretudo aquelas incompetentes, que não resistem a esforços de dobramento, tem-se a origem de rupturas, como as caracterizadas pelas fraturas ou falhamentos. A origem da falha está no deslocamento relativo dos blocos contíguos ao longo de uma fratura, favorecido por efeitos de tensão. O plano sobre o qual se dá o deslocamento é denominado plano de falha, cuja fratura pode ser preenchida por material fragmentado, resultante do trituramento da própria rocha com o atrito, conhecido por brecha de falha ou milonito. A parte exposta, resultante do deslocamento, é denominada espelho tectônico, que submetido à erosão converte-se em escarpa de falha. O deslocamento dos blocos, muitas vezes identificados por camadas-guias, como as seqüências litoestratigráficas que se deslocaram em função do falhamento, é conhecido como rejeito.

Figura 4.3b – Estágios evolutivos de um relevo falhado Os cursos conseqüentes, em decorrência do forte gradiente produzido pela falha, tendem a entalhar a escarpa, atacando inicialmente o material friável subjacente à cornija. Com a redução gradativa da seqüência friável pode-se ultrapassar o limite de sustentação proporcionado pelo centro de gravidade da rocha, resultando na aluição da camada resistente sobrejacente ( Fig. 2.49a ). Assim, progressivamente, a escarpa vai sendo erodida, transformando-se em “escarpa herdada de falha'' (Fig. 2.49b ), enquanto o bloco deprimido permanece inalterado e protegido pela seqüência resistente, que corresponde à camada sobrejacente da própria escarpa. A erosão mais ativa nos terrenos tenros que compõem a escarpa pode evoluir até fazer com que o bloco originalmente elevado fique rebaixado em relação ao terreno resistente, correspondente ao bloco oposto, outrora deprimido. A partir de então, tem-se o desenvolvimento de ”escarpa de linha de falha'', com inversão do relevo e, conseqüentemente, do sistema hidrográfico

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A grande ocorrência de dobras e falhas também explica a formação de várias cadeias de montanhas sobre a crosta — antigas e recentes. Dizemos que as dobras e falhas são movimentos orogenéticos, ou seja, criadores de montanhas.

O movimento das placas tectônicas traz, em sua dinâmica, resultados que podem ser observados na superfície (observe a próxima figura). Os terremotos, o vulcanismo, as rochas dobradas e falhadas são exemplos claros de que toda a crosta esteve submetida a tais esforços e que eles continuam atuando até os dias de hoje. Esses movimentos são denominados tectônicos e são classificados em dois tipos: Orogênese e Epirogênese.

4.3.2 Orogênese: Definição: [Grego: oros=montanha; genus=geração/origem]

Conjunto de processos geológicos que resultam na formação de uma cadeia de montanhas (orógeno) e relacionado com a tectônica compressional de placas tectônicas.

O movimento orogenético é relativamente rápido e, quando se manifesta, geralmente deforma, dobrando e falhando as camadas rochosas. Os terremotos são os movimentos orogenéticos mais rápidos de que se tem conta. Associados ao vulcanismo, correspondem a sinais anteriores ou posteriores de um tectonismo orogenético mais amplo (figura 4.4). A orogênese propriamente dita é a elevação de uma vasta área dando origem a grandes cadeias de montanhas.

Figura 4.4 - A análise dos dois blocos-diagramas mostra que, na evolução da paisagem durante o intervalo de tempo T1 para T2, ocorreu o soerguimento significativo da área continental em conseqüência de movimentos de ordem tectônica.

4.3.3 Epirogênese: Termo introduzido por Gilbert, em 1890, para designar os grandes deslocamentos que originam continentes, "plataux" (platôs) e bacias, em oposição à orogenia, de ação mais localizada responsável pela formação das cadeias de montanhas. Deste modo, a epirogenia compreende os levantamentos (positivo) e afundamentos (negativo) de vastas regiões continentais, cratónicas ou não, sem ações de deformação importantes (figura 4.5).

Os movimentos epirogenéticos caracterizam-se por serem lentos, abrangerem áreas continentais. É de ocorrência mais comum em áreas relativamente estáveis da crosta terrestre. A epirogênese atinge áreas de dimensões continentais formando arqueamentos, intumescências ou abaciamentos de grandes conjuntos montanhosos. Os arqueamentos podem ser maiores num ponto e menores noutros, como podem ser levantamentos num lugar e abaixamentos em outros. A lentidão desses movimentos dificulta o seu conhecimento, carecendo-se também de um ponto de referência fixo que possibilite a mensuração da extensão da epirogênese.

Figura 4.5 – Processo de pediplanação (aplainamento) responsável pela exumação do core intrusivo, seguido de um umedecimento climático e efeito epirogenético positivo

4.3.4 Fatores Exógenos: a erosão da superfície. Os fatores externos são as chuvas, a água corrente, o vento, o gelo, o calor, além da própria gravidade, que desgastam e modificam o relevo terrestre, tendendo a uniformizá-lo. Isso só não ocorre por causa da endodinâmica (figura 4.6), isto é, a atuação dos fatores internos. Além disso, o desgaste das formas de relevo está associado à maior ou menor resistência da rocha à erosão. As rochas sedimentares, por exemplo, formadas por sedimentos originários de outras rochas, geralmente dispostos em camadas, são menos resistentes à erosão que as rochas magmáticas,

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originárias da solidificação do magma, e as metamórficas, que são rochas transformadas por variações de pressão e temperatura.

Figura 4.6 – Modelo representativo das diferentes forças que atuam na transformação do relevo

- Agentes externos dizem respeito aos processos exógenos. O relevo terrestre encontra-se em permanente evolução, pois os agentes externos trabalham contínua e incessantemente esculpindo ou modelando a paisagem terrestre.

4.3.5 O intemperismo. Os trabalhos que tratam da intemperização (ou meteorização) das rochas relatam a existência de três tipos de intemperismo: químico, mecânico ou físico, e o biológico. O intemperismo químico, também conhecido como decomposição, representa a quebra da estrutura química dos minerais originais que compõem as rochas. O intemperismo físico ou mecânico, responsável pela desintegração da rocha, envolve processos que conduzem à desagregação, sem que haja necessariamente alteração química maior dos minerais constituintes. O intemperismo biológico por sua vez refere-se a ações comandadas por espécies animais e vegetais, que se manifestam de forma mecânica e química sobre a rocha, tendo participação expressiva no processo de pedogenização (formação de solo). O aplainamento da superfície terrestre principia com os processos intempéricos, sendo os principais os físicos e químicos. Entre os agentes físicos destaca-se o calor, ou melhor, as variações de calor, que provocam desagregação da rocha por sucessiva dilatação e contração. Essa forma de intemperismo é típica das regiões áridas e semi-

áridas, em que há grandes variações de temperatura entre o dia e a noite. Entre os agentes químicos, o principal é a água, que, dependendo da rocha, pode dissolver alguns de seus minerais. Sua ação pode ser mais sentida nos climas úmidos.

Figura 4.7 - O estudo da gênese e evolução do relevo terrestre é um dos principais assuntos estudados pela Geografia Física, particularmente a Geomorfologia.

1) Na paisagem representada há nítidos indicadores de uma interferência tectônica pretérita, com repercussões morfológicas observadas sobretudo no desenho 1.

2) Na área E, desenho 1, verifica-se um relevo assimétrico desenvolvido numa estrutura falhada.

3) No desenho 4, a área indicada pela letra P deve possuir, provavelmente, mais recursos hídricos de subsuperfície, pois se trata de uma área de acumulação de sedimentos oriundos das áreas adjacentes.

4) As feições de relevo indicadas pela letra T, no desenho 4, podem ser consideradas como "relevos residuais", pois revelam uma antiga superfície, que vem sendo reduzida, gradativamente, pelos processos erosivos continentais.

4.3.5.1 Os agentes do intemperismo. - O agente água: Atua como um desagregador e transportador de rochas através da precipitação de chuva, rios e torrentes pluviais. Em seu curso, os rios escavam leitos, formam vales, destroem e transportam rochas e sedimentos, depositando-os e formando novas feições de relevo, como, por exemplo, as planícies e os deltas (Figura 4.8). Causa intemperismo químico em rochas condicionando-as ao seu dissolvimento. O transporte de rochas desagregadas pelos rios recebe também o nome de carreamento fluvial. Ele acaba por ajudar a desagregar mais ainda a rocha ao atritá-la com o leito dos rios formando os seixos.

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Figura 4.8 – a: ação da água esculpindo o leito do rio e aprofundando o vale; b: ação das ondas regredindo a linha de costa

O agente geleira Chama-se erosão glacial ao trabalho das geleiras. Grandes blocos de gelo movem-se lentamente, por ação da gravidade, causando profundos desgastes nas rochas. Provocam a abertura de vales em forma de “U” ou de “V”, estes últimos conhecidos como fiordes. Os terrações deposicionais são consttituídos pelo material da morainas, que são fragmentos das rochas desgastadas como: blocos, argilas seixos etc. Este intemperismo foi mais comum durante a última glaciação há 50.000 anos tendo deixado vestígios até os dias de hoje de sua ação intempérica.

Figura 4.8 – Exemplo da atividade glacial em um vale alpino

O agente Sol. O sol causa a desagregação das rochas através de intemperismo físico provocado pelas dilatações e contrações das rochas devido às variadas

temperaturas a que estas estão expostas. Esta atividade é típica das regiões desérticas onde a acentuada amplitude térmica provoca fendas e trincas nos afloramentos rochosos, resultando na fragmentação dos blocos.

O agente eólico. (ação dos ventos): Conhecida como erosão eólica, pode tanto construir (acumulação eólica) como destruir uma forma de relevo. A atividade geológica do vento também é preponderante, particularmente nas regiões áridas, como os desertos, onde a evaporação é superior às precipitações ou onde a vegetação não se dá por qualquer outro motivo.

Figura 4.9 – Dinâmica do intemperismo mecânico dos elementos argila – silte – areia em regiões áridas (superior); aspecto de uma paisagem desértica resultante do intemperismo eólico (inferior).

O intemperismo é seguido pela erosão, transporte e sedimentação, ou seja, deposição dos sedimentos nas áreas mais baixas do terreno (Figura 4.9). Isso é feito pelos agentes externos, que podem ser a água das chuvas, dos mares ou dos rios, o gelo, o vento, além da própria gravidade, por meio de desmoronamentos. As regiões que há muito tempo não sofrem a influência dos fatores internos apresentam relevos considerados antigos, geralmente suaves, pois já foram muito desgastadas pela erosão.

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4.4 O TEMPO GEOLÓGICO E FORMAS DE RELEVO A história do planeta divide-se em eras geológicas, períodos, épocas e idades, não sendo proporcional a duração entre elas (ver página 15).

No Brasil, as eras geológicas ocorreram na seguinte escala, da mais recente à mais antiga: Cenozóica, Mesozóica, Paleozóica e Proterozóica.

Sendo a crosta terrestre a base da estrutura geológica da Terra, várias rochas passam a compor esta estrutura e distinguem-se conforme a origem (Figura 4.10):

• Rochas Magmáticas (Rochas ígneas ou cristalinas): Formadas pela solidificação do magma, material encontrado no interior do globo terrestre. Podem ser plutônicas (ou intrusivas, ou abissais), solidificadas no interior da crosta, e vulcânicas (ou extrusivas, ou efusivas), consolidadas na superfície.

• Rochas Sedimentares: Formadas pela deposição de detritos de outras rochas, pelo acúmulo de detritos orgânicos, ou pelo acúmulo de precipitados químicos.

• Rochas Metamórficas: Formadas em decorrência de transformações sofridas por outras rochas, devido às novas condições de temperatura e pressão.

Figura 4.10 – Estruturas geológicas e período de formação

A disposição destas rochas determina três diferentes tipos de formações (figura 4.11):

Figura 4.11 – • Escudos Antigos ou Maciços Cristalinos

São blocos imensos de rochas antigas. Estes escudos são constituídos por rochas cristalinas (magmáticoplutônicas), formadas em eras pré-cambrianas, ou por rochas metamórficas (material sedimentar) do Paleozóico, são resistentes, estáveis, porém bastante desgastadas.

No Brasil estas estruturas correspondem a 36% da área territorial e dividem-se em duas grandes porções: o Escudo das Guianas (norte da Planície Amazônica) e o Escudo Brasileiro (porção centro oriental brasileira). Sendo que o Escudo Brasileiro divide-se em Planalto Nordestino, Planalto Central, Serras e Montanhas de Leste e Sudeste e Planalto do Maranhão-Tocantins, segundo a classificação do Geógrafo Aziz Nacib Ab'Saber.

• Bacias Sedimentares São depressões relativas, preenchidas por detritos ou sedimentos de áreas próximas. Este processo se deu nas eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica, contudo ainda ocorrem nos dias atuais. Associam-se à presença de petróleo, carvão, xisto e gás natural. O Brasil possui 6.430.000 km2 de bacias sedimentares, dos quais 4.880.000 km2 em terra e 1.550.000 km2 território, constituindo grandes bacias como a Amazônica, a do Parnaíba, a do Paraná, a São franciscana e a do Pantanal Mato-grossense e outras pequenas bacias.

• Dobramentos Modernos

São aquelas regiões em que ainda hoje os processos internos superam os externos, ou seja, o soerguimento é mais forte que a erosão. Os Andes, as Rochosas, os Alpes, o Himalaia ainda apresentam falhamentos, terremotos e vulcanismos, demonstrando a forte atuação dos agentes internos.

São estruturas formadas por rochas magmáticas e sedimentares pouco resistentes; foram afetadas

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por forças tectônicas durante o Terciário provocando o enrugamento e originando as cadeias montanhosas ou cordilheiras.

Nestas regiões são freqüentes os terremotos e as atividades vulcânicas. Apresentam também as maiores elevações da superfície terrestre. Os dobramentos resultam de forças laterais ou horizontais ocorridas em uma estrutura sedimentar que forma as cordilheiras. As falhas resultam de forças, pressões verticais ou inclinadas, provocando o desnivelamento das rochas resistentes.

4.5 GEOMORFOLOGIA BRASILEIRA As estruturas geológicas do Brasil são antigas. Somente as bacias de sedimentação são recentes (Pantanal; parte da Amazônia; Litoral), que datam do Cenozóico (ver Escala geológica do Tempo, pág. 15), isso se deve ao acúmulo de material resultante do contínuo trabalho de desgaste e transporte e sedimentação de materiais. A maior parte da estrutura geológica do território brasileiro data do Paleozóico e Mesozóico com as grandes bacias sedimentares; e Pré-Cambriano dos terrenos cristalinos que compõem as plataformas e escudos (figura 4.12)

Figura 4.12 – Mapa geológico do Brasil

Dependendo da atuação de agentes internos e externos, o relevo pode apresentar diversas formas. As principais são: montanhas, planaltos, planícies e depressões (veja a próxima figura).

Os Planaltos Planaltos são superfícies elevadas, com ondulações suaves, delimitadas por escarpas que

constituem declives e nos quais os processos de destruição superam os de construção. Entre os fatores externos, predominam os agentes de desgaste, e não os de sedimentação. Os planaltos típicos são de estrutura sedimentar, mas podem ser formados pelo soerguimento de blocos cristalinos, em geral composto por rochas metamórficas.

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As áreas representadas por compartimentos de planaltos foram identificadas em quatro grandes categorias (Figura 4.13):

1. Planaltos em bacias sedimentares

2. Planaltos em intrusões e coberturas residuais de plataforma

3. Planaltos em núcleos cristalinos arqueados

4. Planaltos em cinturões orogênicos.

Independente da formas que os caracterizam, estes planaltos possuem características residuais, pois são circundados por extensas áreas de depressões, por conseguinte, expõem os relevos mais altos que oferecem maior resistência ao desgaste erosivo

As Depressões As depressões no território brasileiro caracterizam por terem sido formadas por processos erosivos com grande atuação nas bordas das bacias sedimentares, com exceção da depressão que compõe a porção ocidental da Amazônia. As atividades erosivas com alternância de climas secos e úmidos que perfizeram todo o período Terciário e Quaternário fora os eventos responsáveis nos modelado destas formações. Mesmo atingindo os planaltos, estes eventos paleoclimáticos deixaram marcas mais evidentes sobre as depressões.

Nas depressões a altitude da superfície é mais baixa que as formas de relevo que as circundam. Classificam-se em depressões absolutas, quando estão abaixo do nível do mar, e relativas, quando estão acima. Em geral, as depressões relativas decorrem de intensos processos erosivos ocorridos nas bordas de planaltos. A região em que se encontra o mar Morto é um exemplo de depressão absoluta, entretanto, no Brasil este tipo de formação não ocorre. Um vale em um planalto ou entre montanhas constitui uma depressão relativa de forma alongada.

As planícies Os relevos que se enquadram nas planícies correspondem às áreas que geraram superfícies planas resultantes dos processos deposicionais de sedimentos recentes de origem marinha, lacustre ou fluvial. Nessa categoria encontram-se grandes unidades, como as planícies do rio Amazonas, Guaporé, Araguaia e Paraguai, as planícies das lagoas de Patos e Mirim e inúmeras outras pequenas planícies e tabuleiros ao longo do litoral brasileiro, bem como no interior do território. As

planícies estão associadas aos depósitos de Quaternário, principalmente no Holoceno.

Planícies são superfícies que apresentaram pequenos movimentos na crosta, sendo quase completamente aplainadas. São delimitadas por aclives, e os processos de deposição superam os de desgaste. Podem ser classificadas em planícies costeiras, quando o agente de sedimentação é o mar; fluviais, quando um rio é responsável por sua formação: e planícies de origem lacustre, ou seja, formadas pela ação de um lago.

Cada uma das formas de relevo pode receber denominações diferentes, conforme suas dimensões e particularidades morfológicas. Assim, por exemplo, uma pequena montanha é chamada, em geral, de morro; um alinhamento de montanhas de serra. Do mesmo modo, a depressão alongada, denominada vale, em geraI contém um leito de um curso de água (provavelmente responsável pela erosão do terreno).

Figura 4.13– Divisão do relevo brasileiro, sistematizado a partir de levantamentos realizados pelo Projeto RADAMBRASIL

4.5.1 Características do Relevo Brasileiro É possível afirmar que o relevo brasileiro:

• Apresenta grande variedade de formas, como planícies, planaltos, depressões relativas, cuestas e montanhas muito antigas (Figura 4.14).

• Não se caracteriza pela existência de áreas de dobramentos modernos, formações originadas por vulcanismo recente ou outras que dependam da glaciação de altitude, e nem mesmo por depressões absolutas.

• Apresenta modestas altitudes, já que a quase totalidade das terras possui menos de 1.000 metros de altitude e somente meio por cento do território encontra-se acima desse limite.

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• É predominantemente constituído por planaltos (58,5%), seguidos das planícies ou terras baixas conhecidas como platôs (41%).

Figura – 4.14

As unidades geomorfológicas do estado de São Paulo são:

I. Planície Litorânea ou Costeira: a Planície Litorânea ou Costeira teve seu processo de formação fundamentado na deposição de materiais (detritos e sedimentos).

II. Planalto Atlântico: o Planalto Atlântico apareceu devido ao soerguimento dos escudos cristalinos, no período Pré-Cambriano.

III. Depressão Periférica: a Depressão Periférica foi esculpida, por erosão regressiva, principalmente sobre sedimentos da borda da Bacia Sedimentar do Paraná (Planalto Ocidental Paulista), mas também em contato com o relevo de terrenos cristalinos (Planalto Atlântico).

IV. Planalto Ocidental Paulista: formou-se pela sobreposição de camadas de arenito e basalto, inclinadas de forma decrescente na direção ocidental.

Tradicionalmente, o relevo divide-se tomando como base duas classificações: de Aroldo de Azevedo e de Aziz Ab'Saber, porém recentemente uma nova classificação foi proposta por Jurandir L. S. Ross, onde a classificação das unidades de relevo partiram de levantamentos de imagens de radar realizados pelo Projeto RADAMBRASIL (1990), o que possibilitou maior detalhamentos das unidades já conhecidas (figura 4.15).

Figura – 4.15 Como se pode observar, a extensão da planície amazônica é diferente para os dois geógrafos. Essas interpretações estão associadas a critérios diferentes. Por exemplo: Aroldo de Azevedo – partiu de patamares de altitude entre 0 a 200m; Jurandyr Ross considerou o processo de formação sedimentar.

FONTES CONSULTADAS GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994.

GUERRA, J. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. Bertrand Brasil, 2001.

ROSS, L. S. R. Ecogeografia do Brasil: subsídios para o planejamento ambiental. São Paulo: Oficina de textos, 2006.

STRAHLER, A. N. Geografia Física. Barcelona: Omega. 1978.

_________. Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1994.

TEIXEIRA, W. et alli. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.

Sites http://members.tripod.com/~netopedia/relevo.htm;

http://www.funape.org.br/geomorfologia

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5. CLIMATOLOGIA É comum confundir climatologia com meteorologia, muito embora ambos os ramos se preocupem com questões relativas à atmosfera, convém distingui-las.

O estudo da atmosfera pela meteorologia ficou pertencendo ao campo das ciências naturais (ao ramo da Física), sendo de sua competência o estudo dos fenômenos isolados da atmosfera e do tempo atmosférico.

O tempo atmosférico é o estado momentâneo da atmosfera em um dado instante e lugar. Entende-se por estado da atmosfera o conjunto de atributos que a caracterizam naquele momento, ou seja, características como radiação, temperatura, umidade, e pressão. A Meteorologia trata dos aspectos físicos da atmosfera.

A Climatologia, como campo do conhecimento, se formou posteriormente à sistematização da Meteorologia. Seu diferencial está no estudo da espacialização dos elementos e fenômenos atmosféricos e de sua evolução. Assim a Climatologia é um ramo da ciência que é estudado tanto pela Geografia, quanto pela Meteorologia. Como a Geografia insere-se no campo das ciências humanas, tem como propósito o estudo do espaço geográfico a partir da interação sociedade-natureza. (Mendonça; Danni-Oliveira, 2007)

Ao geógrafo interessa os três quilômetros inferiores da atmosfera, que sofre influência mais direta da litosfera, dos oceanos, da radiação solar, e é de grande interesse para as populações humanas. Cabe a ele também isolar os elementos a fim de entender melhor o conjunto deles.

Tempo e clima são popularmente considerados a mesma coisa, mas como vimos, possuem diferenças importantes para a Climatologia. O tempo pode ser meteorológico e cronológico, podendo o primeiro ser observado a partir do espaço geográfico e o segundo, momentâneo, dependendo da atmosfera de determinado local.

Clima é uma noção criada pelo homem, formada por informações coletadas a partir das noções de clima. Pode ser compreendido a partir de noções matemáticas e numéricas, ou a partir de informações qualitativas, de natureza mais descritiva. Os dois focos de estudo pressupõem uma sucessão de tipos de tempo.

É importante o estudo dos diferentes fluxos de energia: horizontal e vertical. O vertical reflete diretamente os resultados da radiação solar, tendo essa, influência direta sobre os fluxos de energia horizontal: massas de ar, frentes quentes e frias, centros de ação.

A radiação solar determina todo o sistema, podendo ser analisado pelos seus elementos: temperatura, pressão e umidade, tendo grande influência sobre as características biogeográficas, fenômenos geomorfológicos, hidrológicos etc.

Os estudos climáticos estão atraindo muito mais a atenção da população em geral, sendo divulgados largamente pelos meios de comunicação de massa. Também têm tido atenção em estudos dirigidos e gestões de políticas ambientais. Devem estar atentos ao problema da água, contaminação, desmatamento, etc.

A contaminação atmosférica tem relação íntima com a ação destrutiva do homem, sendo de suma importância estudos como, por exemplo, o da chuva ácida; O desmatamento não é causado por fatores climáticos, mas acaba tendo influência direta sobre a população, no que se refere a inundações causadas por ele, e a diminuição da evapotranspiração, que é feita pelas plantas, o que conseqüentemente diminui a quantidade de água na atmosfera.

5.1 TEMPO e CLIMA Na meteorologia existe uma diferença entre o tempo e o clima. O tempo é o estado físico das condições atmosféricas em um determinado momento e local. Isto é, a influência do estado físico da atmosfera sobre a vida e as atividades do homem. O clima é o estudo médio do tempo para o determinado período ou mês em uma certa localidade. Também, se refere às características da atmosfera inseridas das observações contínuas durante certo período. O clima abrange maior número de dados e eventos possíveis das condições de tempo para uma determinada localidade ou região. Inclui considerações sobre os desvios em relação às médias, variabilidade climática, condições extremas e freqüências de eventos que ocorrem em determinada condição do tempo.

5.1.1 Clima O clima compreende os diversos fenômenos climáticos que ocorrem na atmosfera de um

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planeta. Na Terra, eventos comuns são vento, tempestade, chuva e neve, os quais ocorrem particularmente na troposfera, a parte mais baixa da atmosfera. O clima é guiado pela energia do sol, sendo que os fatores chave são temperatura, umidade, pressão atmosférica, nuvem, velocidade do vento e nível das marés. A definição pelo glossário IPCC é:

Clima, num sentido restrito é geralmente difinido como “tempo metereológico médio”, ou mais precisamente, como a descrição estatística de quantidades relevantes e mudanças do tempo metereológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O período clássico é de 30 anos, definido pela Organização Mundial de Metereologia (OMM). Essas quantidades são geralmente variações de superfície como temperatura, precipitação e vento. O clima num sentido mais amplo é o estado, incluindo as descrições estatísticas, do sistema metereológico.

(Glossary Intergovernmental Panel on Climate Change)

Os limites exatos do que é o clima e o que é tempo não são bem definidos e dependem da aplicação dos termos. Por exemplo, em alguns sentidos um evento como El Niño poderia ser considerado clima; em outros, como o tempo metereológico.

Quando a concepção original do clima como uma média estatística em longo prazo veio ser considerada, talvez no fim do século 19, a idéia da mudança climática não era muito usada, e a média de 30 anos pareceu razoável para os metereologistas da época. Hoje em dia, sabendo que há tendências em longo prazo no registro da temperatura, ele é mais difícil dar uma definição precisa do clima: sobre períodos de 30 anos, as médias podem mudar; sobre um período mais curto, as estatísticas são menos estáveis.

Em determinada região, o clima geralmente não varia muito se for usado como parâmetro o tempo de vida humano. Mas, levando em consideração o

tempo geológico, o clima pode variar muito numa determinada região da Terra. Por exemplo, a Escandinávia passou por diversas Eras glaciais por centenas de milhares de anos (a última terminou há 10.000 anos). Paleoclimatologia é o estudo do clima no passado.

No sentido original, clima é um conceito usado para dividir o mundo em regiões que dividem parâmetros climáticos parecidos. As regiões climáticas podem ser classificadas com base na temperatura e precipitações. Os tipos de classificação para as regiões climáticas são: Classificação do clima de Köppen ou Classificação do clima de Thornthwaite.

5.2 ATMOSFERA A atmosfera é a camada mais externa da geosfera terrestre. Composta por diferentes gases que se distribuem de forma desigual ao longo de sua espessura, favorecendo assim a formação e compartimentação de diferentes camadas (extratos) atmosféricas, caracterizadas por particularidades químicas e físicas.

Composição Segundo Barry e Chorley, 1976 , a composição da atmosfera e sua estrutura vertical possibilitaram o desenvolvimento da vida no planeta. Esta é sua composição, quando seca e abaixo de 25 km é: Nitrogênio (N) 78,08 %, Oxigênio (O2) 20,94 %, sua estrutura molecular varia conforme a altitude em relação ao solo; Argônio 0,93 %; Dióxido de carbono (CO2) (variável) 0,035 %; Hélio (He) 0,0018 %; Ozônio(BR) ou Ozono(PT) (O3) 0,00006 %; Hidrogênio (H) 0,00005 %; Criptônio(BR) ou Kripton(PT) (Kr) indícios; Metano (Me) indícios; Xenônio(BR) ou Xénon(PT)(Xe) Indícios; Radônio(BR) ou Radão(PT) (Rn) indícios.

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Gráfico 5.1 Modelo Atmosférico

Limite entre Atmosfera e Espaço exterior Não existe um limite definido entre o espaço exterior e a atmosfera, presume-se que esta tenha cerca de mil quilômetros de espessura, 99% da densidade está concentrada nas camadas mais inferiores, cerca 75% está numa faixa de 11 km da superfície, à medida que se vai subindo, o ar vai se tornando cada vez mais rarefeito perdendo sua homogeneidade e composição. Na exosfera, zona limítrofe entre a atmosfera e o espaço interplanetário, algumas moléculas de gás acabam escapando à ação do campo gravitacional.

O estudo da evolução térmica segundo a altitude revelou a existência de diversas camadas superpostas, caracterizadas por comportamentos distintos como sua densidade vai diminuindo gradualmente com o aumento da altitude, os efeitos que a pressão atmosférica exerce também diminuem na mesma proporção.

A atmosfera do planeta terra é fundamental para toda uma série de fenômenos que se processam em sua superfície, como os deslocamentos de massas de ar e os ventos, as precipitações meteorológicas e as mudanças do clima.

Temperatura e as camadas atmosféricas A temperatura da atmosfera da Terra varia entre camadas em altitudes diferentes, portanto, a relação matemática entre temperatura e altitude também varia, sendo uma das bases da classificação das diferentes camadas da atmosfera (gráfico 5.1).

A atmosfera está estruturada em três camadas relativamente quentes, separadas por duas camadas relativamente frias. Os contatos entre essas camadas são áreas de descontinuidade, e recebem o sufixo "pausa", após o nome da camada subjacente.

Camadas e áreas de descontinuidade As camadas atmosféricas são distintas e separadas entre si por áreas fronteiriças de descontinuidade (figura 5.1 e gráfico 5.2)

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Gráfico 5.2 - Este gráfico ilustra a distribuição das camadas da atmosfera segundo a Pressão, Temperatura Altitude e Densidade

Troposfera (0 - 7/17 km) A Troposfera é a camada atmosférica que se estende da superfície da Terra até a base da estratosfera. (0 - 7/17 km), a temperatura diminui com a altitude, esta camada responde por oitenta por cento do peso atmosférico, sua espessura média é de aproximadamente 12km, atingindo até 17km nos trópicos e reduzindo-se para em torno de sete quilômetros nos pólos.

Tropopausa A tropopausa é o nome dado à camada intermediária entre a troposfera e a estratosfera, situada a uma altura média em torno de 17km no equador. A distância da Tropopausa em relação ao solo varia conforme as condições climáticas da troposfera, da temperatura do ar, a latitude entre outros fatores. Se existe na troposfera uma agitação climática com muitas correntes de convecção, a tropopausa tende a subir. Isto se deve por causa do aumento do volume do ar na troposfera, este aumentando, aquela aumentará, por conseqüência, empurrará a tropopausa para cima. Ao subir a tropopausa esfria, pois o ar acima dela está mais frio.

Figura 5.1 -Camadas da atmosfera, [simplificada].

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Estratosfera (7/17 - 50 km) Na estratosfera a temperatura aumenta com a altitude e se caracteriza pelos movimentos de ar em sentido horizontal, fica situada entre 7 e 17 até 50 km de altitude aproximadamente, sendo a segunda camada da atmosfera , compreendida entre a troposfera e a mesosfera, a temperatura aumenta à medida que aumenta a altura. Apresenta pequena concentração de vapor d'água e temperatura constante até a região limítrofe, denominada estratopausa.

Estratopausa É próximo à estratopausa que a maior parte do ozônio da atmosfera situa-se. Isto é em torno de 22 quilômetros acima da superfície, na parte superior da estratosfera.

Mesosfera (50 - 80/85 km) Na mesosfera a temperatura diminui com a altitude, esta é a camada atmosférica onde há uma substancial queda de temperatura chegando até a -90º C em seu topo está situada entre a estratopausa em sua parte inferior e mesopausa em sua parte superior, entre 50 a 85 km de altitude. É na mesosfera que ocorre o fenómeno da aeroluminescência das emissões da hidroxila.

Mesopausa A mesopausa é a região da atmosfera que determina o limite entre uma atmosfera com massa molecular constante de outra onde predomina a difusão molecular.

Termosfera (80/85 - 640+ km) Na termosfera a temperatura aumenta com a altitude e está localizada acima da mesopausa, sua temperatura aumenta com a altitude rápida e monotonicamente até onde a densidade das moléculas é tão pequena e se movem em trajetórias aleatórias tal, que raramente se chocam.

Regiões atmosféricas segundo a distribuição iônica Além das camadas, e em conjunto com estas, existem as regiões atmosféricas, nestas ocorrem diversos fenômenos físicos e químicos.

Ionosfera Ionosfera é a região que contém íons: compreendendo da mesosfera até termosfera que vai até aproximadamente 550 km de altitude.

Exosfera A Exosfera fica acima da ionosfera onde a atmosfera na divisa com o espaço exterior.

Ozonosfera A Ozonosfera é onde fica a camada de ozônio, de aproximadamente 10 a 50 km de altitude onde ozônio da estratosfera é abundante. Note que até mesmo dentro desta região, ozônio é um componente raro.

Magnetosfera A Magnetosfera de um astro é a região definida pela interação do plasma estelar magnetizado com a atmosfera magnetizada desse astro em que os processos eletrodinâmicos são basicamente comandados pelo campo magnético intrínseco do astro. Sua morfologia, em uma visão simples, pode ser vista como uma bolha comprimida na parte frontal ao fluxo estelar incidente no astro e distendida no sentido do afastamento desse fluxo. Mesmo um astro sem campo magnético pode apresentar uma magnetosfera induzida, que é conseqüência das correntes elétricas sustentadas pela ionosfera existente (ver Figura 2.4 - Campo magnético terrestre pág 14).

5.3 ELEMENTOS CLIMÁTICOS 5.3.1 Fatores Físicos - O vapor d'água O vapor d'água em suspensão no ar encontra-se principalmente nas camadas baixas da atmosfera (75% abaixo de quatro mil metros de altura) e exerce o importante papel de regulador da ação do Sol sobre a superfície terrestre, sua quantidade de vapor varia muito em função das condições climáticas das diferentes regiões do planeta, os níveis de evaporação e precipitação são compensados até chegar a um equilíbrio, pois, as camadas inferiores estão muito próximas ao ponto crítico em que a água passa do estado líquido ao gasoso.

O ar, em algumas áreas pode estar praticamente isento de vapor, enquanto em outras pode chegar a conter uma saturação de até 4%, tornando-se compreensível que quase toda a água existente no planeta está nos oceanos, pois as temperaturas da alta atmosfera são baixas demais para que o vapor possa manter-se no estado gasoso.

Além de vapor de água, as proporções relativas dos gases se mantêm constantes até uma altitude aproximada de 60 km.

No caso das precipitações globais, diversos elementos devem se considerados, dentre eles as massa oceânicas e atmosféricas, todavia é

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possível encontrar um padrão latitudinal geral, como pode ser observado no gráfico 5.3.

Gráfico 5.3 – As áreas mais chuvosas situam-se em torno do Equador e nas faixas entre 50º e 60º de latitude. (ROSS, 1996)

- Umidade do ar Corresponde à quantidade de vapor de água presente na atmosfera. Outros termos também podem ser utilizados para indicar a presença de vapor: pressão de vapor, umidade absoluta, umidade específica, razão de mistura e umidade relativa.

• A umidade é relativa ao ponto de saturação de vapor de água na atmosfera, este ponto limítrofe que é de 4%.

• Quando a atmosfera atinge essa porcentagem, ou se satura de vapor de água, ocorrem chuvas.

Assim, quando se diz que a umidade relativa do ar em um determinado dia é de 60%, isso significa que a atmosfera local está a 40% de sua capacidade máxima de retenção de vapor de água, ou seja, de “provocar chuva”.

Quando está chovendo, a umidade relativa do ar está em 100%, nestas condições a atmosfera local apresenta 4% de vapor de água em sua composição. Portanto, quando a umidade relativa do ar está por volta de 60%, está em 2,4% de vapor em termos absolutos.

- Pressão atmosférica • Pressão atmosférica é a força causada pelo ar sobre a superfície terrestre.

• Ela depende da latitude, altitude e temperatura.

• Quanto maior a altitude, menor a pressão e vice-versa.

• Quanto menor a latitude, menor a pressão.

Nas regiões mais quentes, região equatorial, o ar se dilata ficando leve, por isso tem uma baixa

pressão. Próximo aos pólos, o frio contrai o ar, deixando mais denso, tendo uma maior pressão.

Diferenças de temperatura causam diferenças de pressão atmosférica. A taxa de variação da pressão atmosférica entre duas áreas é denominada de gradiente de pressão atmosférica e causa o movimento horizontal do ar, ou seja, o vento. A direção dos ventos sempre se dá de regiões de alta pressão (também chamados de anticiclones) para as de baixa pressão (ciclones) e sua velocidade está relacionada com a magnitude do gradiente de pressão. Centros de baixa pressão ocorrem quando o ar se aquece, torna-se mais leve e sobe, enquanto os de alta pressão, ao contrário, ocorrem quando o ar se resfria, torna-se mais denso e desce.

Esse fenômeno explica, por exemplo, a alteração diária da brisa em regiões litorâneas. Durante o dia o solo se aquece mais e mais rapidamente que a água do mar, ocasionando uma área de baixa pressão sobre o continente; a brisa sopra então do mar para ele. À noite, o solo se resfria rapidamente enquanto a água do mar o faz de forma mais lenta. A temperatura, na água, fica maior que a do solo, ocasionando um centro de baixa pressão do mar, que origina uma brisa do continente em sua direção (figura 5.1).

Figura 5.1 - Em todo o globo, as brisas terrestres e marítimas são causadas principalmente pelas diferenças térmicas entre a superfície terrestre e a aquática. Do mesmo modo, particularmente nos trópicos, ocorre a variação diária dos ventos em locais com grandes desníveis topográficos.

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Força de Coriolis Os ventos não caminham em linha reta ao longo de um gradiente de pressão, mas são defletidos ou desviados em forma de curva (Fig. 5.2) devido a rotação da Terra.

Figura 5.2 - Devido ao fenômeno de Coriolis, no hemisfério sul os ventos são defletidos para a esquerda quando deixam os centros de alta pressão (a), assim como quando chegam aos centros de baixa pressão (b). No hemisfério norte a deflexão ocorre para a direita.

O desvio de algo que se mova na superfície do planeta é causado pela força de Coriolis, descrito inicialmente em 1835, pelo físico francês Gaspar de Coriolis. Assim, no caso dos ventos, o ar é forçado a se desviar para a esquerda no hemisfério sul e para a direita no hemifério norte.

Para entender esse fenômeno pode-se utilizar uma analogia entre o planeta e um carrossel, conforme demonstra a figura abaixo. A curvatura aparente da bola atirada de dentro do carrossel, vista pelas pessoas que nele se encontram, é chamada de efeito de Coriolis (as pessoas que estão fora do carrossel não percebem a curvatura).

Essa força é muito mais comum do que se possa imaginar, já que todas as coisas que se movem sobre a superfície do planeta desviam-se lateralmente de suas trajetórias previstas. O valor da deflexão depende da velocidade do objeto (quanto mais rápido, menor a deflexão) e de sua latitude (zero no equador e máxima nos pólos) (figura 5.3).

Figura 5.3 - Carrossel demonstrando a Força de Coriolis. Olhando-se por cima, o carrossel gira em sentido contrário aos ponteiros do relógio (como se estivesse olhando a Terra de cima do pólo norte). Na figura superior um homem em P tenta lançar uma bola a outro situado em Q. O movimento rotacional do homem em P (flecha pequena) faz com que a bola saia na direçào PE.

Cinturões De Vento Existem na atmosfera feições relativamente permanentes: centros de alta pressão ocorrem sobre os pólos e em latitudes tropicais, já em regiões equatoriais e subpolares ocorrem centros de baixa pressão.

Esses gradientes de pressão geram 3 sistemas gerais de ventos na atmosfera (figura 5.4): ventos alísios, que ocorrem entre 0º e 30º de latitude, soprando do leste para o oeste; ventos do oeste, entre 30º e 60º de latitude e que sopram do oeste para o leste; e, por último, vento do leste nas regiões polares, do leste para o oeste (na meteorologia, os pontos cardeais definem a localização da origem do vento, e não o destino, como geralmente se costuma a usar). Tais sistemas de ventos são os principais responsáveis pelo equilíbrio de calor no planeta.

Figura 5.4 - Sistema de ventos mostrando os maiores cinturões de ventos e regiões de elevação e descida de ar. Fonte: página web da Universidad de Michigan-Ann Arbor, Depto de Ciências Geológicas

Como explicação para a gênese destas três células de ventos, tem-se que no hemisfério sul, o ar quente, ao deixar o equador em direção ao sul, vai

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se resfriando e desce aos cerca de 30º de latitude. Parte desse ar completa o giro e retorna ao norte, em direção ao equador (ventos alísios); a outra porção contínua em direção à Antártida (ventos do oeste). Estes ventos formam novamente outra célula ao elevar-se aos cerca de 60º de latitude. Parte desse ar que sai se elevou, retorna em direção ao equador e parte caminha em direção aos pólos onde novamente forma outra célula. Na região polar, o ar desce, retornando em direção ao equador (ventos do leste). A mesma explicação vale para o hemisfério norte. Todos os movimentos descritos não ocorrem em linha reta no sentido norte e sul ou vice-versa, mas são defletidos pelo fenômeno de Coriolis (Figura do carrossel).

Na verdade, o padrão de circulação de 3 células é bem mais complexo, principalmente no que se refere à célula do meio (dos 30º aos 60 º de latitude). Nesta célula, o ar se eleva onde já é frio e desce onde é ainda quente. Esse fenômeno sugere que a célula se origina devido às outras duas, pois sua movimentação ocorre em direção oposta à esperada se resultasse unicamente de seu aquecimento ou resfriamento.

Nas regiões de encontro das células geralmente não há ventos ou, se ocorrem, são muito fracos e irregulares (figura 5.4). São as regiões mais temidas pelos velejadores! Próxima ao equador, essa região é chamada de doldrum ou calma equatorial. Além da ausência de ventos é comum a ocorrência de chuvas causadas pela grande evaporação. O vapor da água ao elevar-se, resfria-se e se condensa, havendo então a precipitação pluvial, muito típica dos finais de tarde nessas regiões. As regiões próximas aos 30º de latitude, em ambos os hemisférios são conhecidas como latitudes do cavalo. Este nome originou-se do fato de que à época em que só haviam embarcações à vela, algumas vezes estas ficavam presas nessas latitudes por meses, devido à ausência de ventos. Assim, devido ao fim das rações, os cavalos que eram transportados nas embarcações morriam, muitos esqueletos desses ruminantes devem realmente descansar no fundo dos oceanos nessas latitudes!

- Massas de Ar Massa de ar é uma parcela extensa e espessa da atmosfera, com milhares de quilômetros quadrados de extensão, que apresenta características próprias de pressão, temperatura e umidade, determinadas pela região na qual se originam, as quais podem ser: EQUATORIAL, TROPICAIS ou POLARES . Devido às diferenças de pressão, as

massas de ar que compõem a atmosfera, estão em constante movimento.

Os deslocamentos dessas massas ocorrem de uma área de alta pressão (Baixa temperatura e alta densidade) para uma área de baixa pressão (Temperatura alta e densidade baixa), por causa da diferença de temperatura atmosférica, que produz uma diferença de densidade resultando em uma diferença de pressão (figura 5.5).

Figura 5.5 – Ilustração do contato entre duas massas com características diferentes: massa de baixa pressão (ar tropical); massa de alta pressão formando uma frente fria; e a formação de chuvas frontais resultante do contato das duas massas descritas.

5.3.2 FATORES GEOGRÁFICOS - Relação: Latitude X Clima A latitude implica num efeito sobre a temperatura do ar, a qual diminui a partir do Equador à medida que aumenta a latitude em direção aos Pólos. Os paralelos mais conhecidos são o Trópico de Capricórnio, Trópico de Câncer, Círculo Polar Ártico, Círculo Polar Antártico, e a própria Linha do Equador. Estes paralelos são determinados pela relação existente entre o eixo de inclinação da Terra e a incidência dos raios solares sobre a superfície desta ao longo do ano.

Assim. o que determinada o local da Terra por onde passam essas linhas é a medida do ângulo de incidência dos raios de sol na superfície.

O nome do trópico será o da constelação que estiver atrás do Sol naquela época (Câncer ou Capricórnio).

O raio de sol é energia em forma luminosa. Assim, um raio que incida em ângulo reto (90 graus) terá uma área de incidência pequena, ou seja, a dispersão dessa energia no solo será mais

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concentrada. Já o raio de sol que incide na superfície da Terra em um ângulo menor (aproximadamente 23 graus, que é a mesma medida dos Trópicos), ou seja, incide meio que deitado terá uma área de incidência muito maior para distribuir sua energia, e por este motivo transfere menos calor por centímetro quadrado de solo (figura 5.6).

Figura 5.6 – Variação da incidência dos raios solares em dois momentos do ciclo de revolução da Terra.

- Altitude Fator importante na determinação de tipos climáticos a altitude define o efeito térmico, já que 100 metros de elevação (acima do nível do mar) representam diminuição em torno de 0,6°C na temperatura média do ar. Este decréscimo da temperatura em relação a altitude é explicado pela diminuição da radiação terrestre (fator responsável pelo aquecimento) e à rarefação do ar, isso se deve especialmente à diminuição da concentração de vapor de água, a qual tem como função absorver a radiação terrestre.

Tabela 5.1 - INFLUÊNCIA DA ALTITUDE NA TEMPERATURA

CIDADE ALTITUDE MÉDIA TÉRMICA ANUAL

VITÓRIA (ES) nível do mar 32,2ºC

B. HORIZINTE (MG) 900m 20,7 ºC

SANTOS (SP) nível do mar 22,0 ºC

SÃO PAULO (SP) 700m 18,0 ºC

FLORIANÓPOLIS (SC)

nível do mar 20,5 ºC

PALMAS (PR) 1.080m 15,2 ºC

Fonte: IBGE

- Continentalidade / Maritimidade A proximidade de grandes quantidades de água exerce influencia na temperatura. A água demora a se aquecer, enquanto os continentes se aquecem rapidamente. Por outro lado, ao contrário dos continentes, a água demora irradiar a energia absorvida. Por isso, o hemisfério Norte tem invernos mais rigorosos e verões mais quentes, devido a quantidade de terras emersas ser maior, ou seja, sofre influência da continentalidade, boa parte deste hemisfério.

A maritimidade é um elemento importante na dinâmica climática, pois interfere na umidade atmosférica e na amplitude térmica diária e sazonal das áreas sob sua influência (figura 5.7).

Figura 5.7 – O mapa da China e os gráficos de temperatura e pluviosidade permitem encontrar correspondência com o efeito da maritimidade/continentalidade: 1- Urumchi com maior amplitude térmica e menor umidade e; 2- Cantão com menor amplitude térmica e maior pluviosidade.

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- Correntes Marítimas

São massas de água que circulam pelo oceano (figura 5.8). Tem suas próprias condições de temperatura e pressão. Tem grande influencia no clima. As correntes quentes do Brasil determina muita umidade, pois a ela está associada massas de ar quente e úmida que provocam grande quantidade de chuva.

Figura 5.8 – Mapa simplificado das correntes marítimas

As correntes marítimas influenciam de forma diferenciada os litorais do globo. Alguns eventos climáticos comuns estão associados a influência de corrente marítimas, por exemplo: as temperaturas amenas da região costeira do sul e do leste dos Estados Unidos (corrente quente do Golfo do México); o congelamento do porto de Nova Iorque no inverno, que é explicado pela corrente marítima fria do Labrador; a formação do deserto de Atacama se deve à corrente fria de Humboldt ou do Peru; a corrente quente do Japão atinge a costa oeste do Canadá e no Sul do Alasca suavizando as baixas temperaturas destas latitudes.

O movimento das correntes marítimas se efetua na superfície, porque, em profundidade, as baixas temperaturas e a elevada salinidade impedem a formação das correntes, veremos isso mais adiante no capítulo que trata de alguns elementos de oceanografia. Ao longo do Equador, tanto no Hemisfério Norte quanto no Hemisfério Sul, movimentam-se correntes quentes que conduzem água no sentido inverso ao da rotação da Terra. O deslocamento das correntes marítimas ocorre no sentido horário, no Hemisfério Norte, e, no anti-horário, no Hemisfério Sul.

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5.4 CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA 5.4.1 Grandes Domínios

Figura 5.9 – Distribuição geográfica de 14 tipos climáticos. (Mapa simplificado extraído de MENDONÇA, 2007)

1. Equatorial úmido: Localização: predominantemente entre 10º Sul e 10º Norte do Equador; na Ásia alcança 20º Norte

Características: Resulta da Zona de Convergência Intertrpical (ZCIT) sob influência das massas de ar equatoriais e das massas marítimas quentes e úmidas; com intensa insolação ao longo do ano com temperaturas médias próximas de 27ºC com pouca variação mensal; as amplitudes térmicas

diárias em geral superam 8ºC. O tipo de vegetação é de árvores de grande porte e floresta densa com imensa variedade de espécies. Há que se considerar ainda a intensa ação do intemperismo químico sobre os solos e as rochas, bem como os processos de lixiviação que atuam sobre o primeiro.

Exemplos: Este clima é típico da região Amazônia, Congo africano e Indonésia. Na Ásia, por volta do paralelo 25º Norte, este clima pode ser também

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considerado como um tipo especial de clima monçânico com pequeno período seco.

2. Litorâneo determinado pelos ventos alíseos Localização: entre 10º e 25º de latitude sul

Características: Quente e úmido das costas orientais dos continentes; é influenciado pelos ventos de leste (alíseos); a pluviosidade anual é em torno de 2.000mm com breve estação seca baixa amplitude térmica e temperaturas sempre altas.

Exemplos: América do Sul e central, Indochina Filipinas e nordeste da Austrália.

3. Clima de estepes e desertos tropicais Localização: Entre 15º e 35º de latitude N e S

Características: influenciado pelas massas de ar tropicais continentais de alta pressão; é caracterizada por pela deficiência de chuvas e temperaturas elevadas, dando origem a climas áridos e semi-áridos; a variação térmica anual é pequena porém a amplitude térmica diária é significativa, típica de desertos (noite fria – dia quente); nas zonas semi-áridas as precipitações podem chegar a 200mm/ano, mas nos desertos as chuvas são extremamente reduzidas, podendo se ausentar por vários anos.

Exemplos: Arábia, Irã, Paquistão, norte da África e México, Sudeste dos EUA, Patagônia, Austrália.

4. Clima desértico da costa ocidental Localização: As costas ocidentais entre 15º e 30º.

Características: Estas áreas são secas (por volta de 250mm/ano) e frescas; isso se deve as correntes marítimas frias; são influenciadas por células subtropicais oceânicas de alta pressão, gerando massas marítimas secas e estáveis, porém com temperaturas amenas;

Exemplos: Península da Califórnia, Saara atlântico, litoral do Equador e Peru, Chile setentrional, sudoeste africano e australiano.

5. Clima tropical úmido e seco (ou de savana): Este clima encontra-se nas regiões localizadas entre 5º e 25º de latitude N e S, em geral na franja intermediária ao longo dos trópicos. Este clima é a transição entre o equatorial e o desértico. Tem uma estação úmida no verão, gerada por massas de ar tropicais e equatoriais, e uma estação seca no inverno, determinadas por massas de ar tropicais e continentais estáveis. Os locais onde ocorrem são: Sul do México.

Costa do Marfim, Sul do Sudão, Índia, Tailândia, Laos, Colômbia, Brasil central, Venezuela, norte da Austrália.

Gráfico 5.4 – Climograma referente ao tipo climático tropical úmido seco no hemisfério Sul

6. Subtropical Úmido Localização: entre as latitude 25º e 35º de latitude N e S.

Características: clima que recebe influência de massas de ar tropicais marítimas, úmidas e instáveis; atinge as costas orientais e dos continentes e movems-se para o interior; carregam características do ar tropical em contato com o ar polar; com precipitação abunante aolongo de todo ano, sendo mais intensas no verão; no inverno observa-se freqüentes avanços das massas polares.

Exemplos: Sudoeste dos EUA e China, sul da Coréia de Japão e Brasil, região Platina, Sudeste da África e Austrália.

7. Marítimo da costa ocidental Localização: entre 40º e 60º de latitude N e S

Características: clima resultante das perturbações ciclônicas que migram de oeste para leste ao longo das frentes polares, gerando nebulosidade elevada e abundantes precipitações bem distribuídas ao longo de todo ano; o frio e a seca extrema são fenômenos raros.

Exemplos: Litoral pacífico da América do Norte, Norte da Europa, Chile meridional, sul da Austrália e Nova Zelândia.

8. Clima Mediterrâneo (subtropical com verão seco) Localização: entre as latitudes 30º e 45º norte e sul

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Características: As regiões deste clima combinam verões quentes e secos com invernos frios e pouco chuvosos. Isso se deve a faixa de transição entre o clima seco dos desertos dos litorais tropicais e os climas oceânicos úmidos das costas ocidentais. Os Invernos são caracterizados por temperaturas amenas, devido às correntes marítimas quentes. O clima mediterrânico é o único onde a estação fria está associada à estação das chuvas.

Exemplos: Bacia do mediterrâneo, Chile central. Califórnia Sudeste da África e da Austrália

9. Desértico e de Estepes de latitudes médias Localização: entre as latitudes 35º e 50º dos hemisférios N e S do interior dos continentes.

Características: Nestas latitudes o movimento do ar se faz, em geral, de Oeste para Leste. As massas de ar marítimas encontram dificuldades em penetrar devido aos acidentes geográficos como o Himalaia que barra os ventos do Indico e Cordilheira dos Andes no caso do Pacífico Sul. A dinâmica das massas de ar é típica: no verão as grandes extensões continentais sofrem aquecimento, convertendo-se em centros de baixa pressão; no inverno a situação se inverte devido à influência das massas polares continentais (frias e secas). Assim as amplitudes térmicas anuais são expressivas.

Exemplos: Interior dos EUA, faixa entre Mar Negro e Mongólia, Patagônia.

10. Continental úmido Localização: Latitudes 40ºn e 50ºn

Características: Zona frontal polar onde a interação das massas de ar polares e tropicais é máxima ao longo das frentes frias e quentes associadas aos ciclones que se deslocam para leste. A dinâmica se faz da seguinte forma: no inverno dominam as massas polares continentais; no verão dominam as massas tropicais. Essa grande alternância frontal (fria/quente) garante a variabilidade climática destes locais, com abundante precipitação, contraste térmico sazonal. O efeito da continentalidade aparece na grande amplitude térmica anual.

Exemplos: Nordeste dos EUA, Sudeste do Canadá, Norte da Europa e China, Centro e leste da Rússia, Coréias e Norte do Japão.

Zonas Climáticas De Latitudes Altas São controladas pelas massas polares árticas e antárticas; localizam-se entre os paralelos 50º e 70º N e S. O encontro da massa de ar ártica com o

ar polar continental cria uma série de ciclones que se direcional para leste, resultando em baixas temperaturas, evaporação e precipitação.

11. Clima subártico continental – fonte de massa de ar polar continental Características: é onde as variações sazonais de temperatura alcançam as condições mais extremas da Terra, em torno de 61ºC na Sibéria; o inverno é a estação predominante no subártico, com temperaturas abaixo de 0ºC por cerca de 6 a 7 meses.

Exemplos: Faixa do Alasca ao Labrador e da Escandinávia a Sibéria

12. Clima marítimo subártico Características: A massa de ar polar marítima favorece mais precipitações e menor amplitude térmica anual (efeito da maritimidade), fato não comum para estas latitudes.; destaca-se ainda os fortes ventos e elevada nebulosidade.

Exemplos: No hemisfério Norte: Mar de Behring, Sul da Groenlândia, norte da Islândia e estremo norte da Noruega. No hemisfério sul: Malvinas e Ilha Geórgia do Sul.

13. Domínio climático de Tundra Localização: Bordas setentrionais da América do Norte e Eurásia (até o paralelo 75ºn)

Características: Controlada pelas massa de ar árticas apresentando frequente mau tempo; com amplitude térmica razoável; temperatura média do mês mais quente em torno de 4ºC e do mês mais frio inferior a -18ºC; baixa precipitação anual (no verão)

Exemplos: Groenlândia; Norte do Canadá e Rússia, Alasca.

14. Domínio climático das calotas glaciais (banquizas de gelo) Localização:

Características: temperaturas nunca acima de 0ºC e média em torno de -35ºC na Groenlândia e -23º no Glacial Ártico (devido a influência da água); freqüentes tempestades ciclônicas. Em Vostok foi identificada a mais baixa temperatura já registrada -87ºC (25/08/1958).

Exemplos: Antártica e Norte Groenlândia.

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5.4.2 Outros Domínios climáticos Tropical de monções:

Esse clima é mais comum no sul da Ásia e oeste da África, resulta dos ventos de monções que mudam de direção de acordo com as estações. Apresenta uma dinâmica atmosférica típica: no verão, os deslocamentos dos ventos se dão dos Oceanos para o Continente, ocasionando, devido à elevada umidade do ar, a estação chuvosa; no inverno, os ventos dirigem-se do Continente Asiático para os oceanos, gerando a estação seca (figura 5.10).

Figura 5.10 - O mecanismo das monções se explica pela alternância dos centros de alta pressão e de baixa pressão, o que ocorre sazonalmente entre o Oceano Índico e o sul e sudeste do continente asiático.

El Nino É um fenômeno oceânico caracterizado pelo aquecimento atípico das águas superficiais nas porções central e leste do Oceano Pacífico, nas proximidades da América do Sul (Peru).

A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de Corriente de El Niño em referência ao Menino Jesus.

Na atualidade, as anomalias do sistema climático que são mundialmente conhecidas como El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem conseqüências no tempo e no clima em todo o planeta. Nesta definição, considera-se não somente a presença das águas quentes da

Corriente El Niño mas também as mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano, com o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) na região equatorial. Com esse aquecimento do oceano e com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças da circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando mudanças nos padrões de transporte de umidade, e, portanto variações na distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. Em algumas regiões do globo também são observados aumento ou queda de temperatura.

Evento de El Niño e La Niña tem uma tendência a se alternar cada 3-7 anos. Porém, de um evento ao seguinte o intervalo pode mudar de 1 a 10 anos;

As intensidades dos eventos variam bastante de caso a caso. O El Niño mais intenso desde a existência de "observações" de TSM ocorreu em 1982-83 e 1997-98. Algumas vezes, os eventos El Niño e La Niña tendem a ser intercalado por condições normais. O funcionamento da atmosfera durante uma situação normal e durante uma situação de El Niño resulta de uma interação entre a superfície do mar e a baixa atmosfera sobre o Oceano Pacifico tropical. O inicio e fim do El Niño é determinado pela dinâmica do sistema oceano-atmosfera, e uma explicação física do processo é deveras complicada. Para que possamos entender um pouco sobre isso, propõe-se uma ilustração simples, extraída do livro El Niño e Você, de Gilvan Sampaio de Oliveira. (figura 5.11)

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Figura 5.11 1) Imagine uma piscina (obviamente com água dentro), num dia ensolarado; 2) Coloque numa das bordas da piscina um grande ventilador, de modo que este seja da largura da piscina; 3) Ligue o ventilador; 4) O vento irá gerar turbulência na água da piscina;5) Com o passar do tempo, você observará um represamento da água no lado da piscina oposto ao ventilador e até um desnível, ou seja, o nível da água próximo ao ventilador será menor que do lado oposto a ele, e isto ocorre pois o vento está "empurrando" as águas quentes superficiais para o outro lado, expondo águas mais frias das partes mais profundas da piscina.

Quatro possíveis origens do fenômeno 1) A tese dos oceanógrafos: para estes o fenômeno seria resultante do acúmulo de águas quentes na porção oeste desse oceano devido a uma intensificação prolongada de ventos de leste nos meses que antecedem o El Niño.

2) A tese dos meteorologistas: para eles a explicação seria externa ao oceano, sendo resultado de uma dinâmica atmosférica de baixa pressão em altitude que influenciaria o clima Asiático, gerando baixas temperaturas que reduziriam a Monção de verão na Índia, resultando na condição de baixas pressões Sobre o Oceano Índico, enfraquecendo os alíseos do Leste do Índico e oeste do Pacífico e gerando condições para o El Niño.

3) A tese dos geólogos: reportam-se as erupções vulcânicas submarinas do Pacífico e continentais, sendo o efeito desta segunda manifesto nas cinzas vulcânicas que se acumulariam na Troposfera, alterando assim o balanço de radiação na superfície e perturbando a circulação atmosférica.

4) A tese dos Astrônomos: o El Niño estaria associado aos ciclos solares de 11 anos.

5.5 BRASIL – CLIMA O Brasil, pelas suas dimensões continentais, possui uma diversificação climática bem ampla, influenciada pela sua configuração geográfica, sua significativa extensão costeira, seu relevo e a dinâmica das massas de ar sobre seu território. Esse último fator assume grande importância, pois atua diretamente sobre as temperaturas e os índices pluviométricos nas diferentes regiões do país.

Em especial, as massas de ar que interferem mais diretamente no Brasil, segundo o Anuário Estatístico do Brasil, do IBGE, são a Equatorial, tanto Continental como Atlântica; a Tropical, também Continental e Atlântica; e a Polar Atlântica, proporcionando as diferenciações climáticas (figura 5.12a).

Nessa direção, são verificados no país desde climas superúmidos quentes, provenientes das massas Equatoriais, como é o caso de grande parte da região Amazônica, até climas semi-áridos muito fortes, próprios do sertão nordestino.O clima de uma dada região é condicionado por diversos fatores, dentre eles pode-se citar temperatura (figura 5.12b), chuvas, umidade do ar, ventos e pressão atmosférica, os quais, por sua vez, são condicionados por fatores como altitude, latitude, condições de relevo, vegetação e continentalidade.

De acordo com a classificação climática de Arthur Strahler, predominam no Brasil cinco grandes climas, a saber (figura 5.12c):

- clima equatorial úmido da convergência dos alísios, que engloba a Amazônia;

- clima tropical alternadamente úmido e seco, englobando grande parte da área central do país e litoral do meio-norte;

- clima tropical tendendo a ser seco pela irregularidade da ação das massas de ar, englobando o sertão nordestino e vale médio do rio São Francisco; e - clima litorâneo úmido exposto às massas tropicais marítimas, englobando estreita faixa do litoral leste e nordeste;

- clima subtropical úmido das costas orientais e subtropicais, dominado largamente por massa tropical marítima, englobando a Região Sul do Brasil.

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Figura 5.12 – a. Principais massas de ar atuantes do Brasil; b. Temperaturas médias no território brasileiro; c. Classificações climáticas segundo dois autores

FONTES CONSULTADAS: MENDONÇA, F; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo, Oficina de Textos. 2007.

ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP. 1996.

STRAHLER, A. N. Geografia Física. Barcelona: Omega. 1978.

http://www.cptec.inpe.br/enos/Oque_el-nino.shtml (Site do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)

http://www.inmet.gov.br (Site do Instituto Nacional de Meteorologia)

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6. BIOMAS E ECOSSISTEMAS 6.1 BIOSFERA • Conjunto de todas as áreas da Terra onde existe vida (incluindo zonas profundas dos oceanos e parte da atmosfera)

• O "ecossistema" inteiro da Terra Imagem da Biosfera

No mapa abaixo, os grandes biomas do mundo indicam a produtividade dos diferentes ambientes terrestres (veja as variações de produtividade nos diferentes biomas no gráfico 6.1).

As regiões desérticas apresentam pouca ou nenhuma vegetação (ou seja, pouca ou nenhuma produtividade). Como exemplos, podemos citar o grande deserto central da Austrália, na Oceania, o deserto de Atacama no sudoeste da América do Sul e o deserto do Saara no norte da África.

No outro extremo, estão as partes cobertas por vegetação densa (altamente produtivas). Bons exemplos são as florestas tropicais do norte da América do Sul, do centro da África e do sudeste asiático, bem como as florestas temperadas altamente produtivas do sudeste da América do Norte.

Figura 6.1 – Os grandes biomas do mundo

Já no século passado, muito antes do uso de satélites artificiais, os exploradores começaram a notar que grandes regiões da terra possuíam vegetação semelhante, mesmo em continentes diferentes.

Começam então a aparecer classificações das grandes formações vegetais ou biomas da Terra.

Também desde o século passado, começaram a notar que as formações vegetais eram determinadas principalmente pelo clima, em

especial, temperatura e a pluviosidade (quantidade de chuvas). Veja a figura abaixo (gráficos 6.1):

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Gráfico 6.1 - Relação de biomas com avaliação à temperatura e precipitação

Esta figura mostra que é possível prever, em termos bem gerais, o tipo de bioma que ocorre em uma determinada região simplesmente sabendo quais as médias de temperatura e pluviosidade da mesma. Por exemplo, uma região que combine temperaturas altas com pluviosidade também alta muito provavelmente será coberta por florestas tropicais, ao passo que uma região com temperaturas altas, mas como pluviosidade muito baixa será recoberta por desertos. Portanto, embora outros fatores possam também ser importantes (como os solos, por exemplo), as médias anuais de temperatura e pluviosidade são ótimos indicadores do tipo de bioma que ocorre em uma determinada região.

Tomando o território brasileiro como exemplo, ao compararmos os mapas abaixo, fica ainda mais clara a associação entre os mesmos. A figura da esquerda é uma classificação de climas e a da direita, de vegetação. Note que as coincidências são enormes.

Figura 6.1 – Tipos climáticos e morfoclimáticos do Brasil

De fato, a coincidência entre clima e vegetação brasileiros, numa escala de pouco detalhe, é tão evidente que chegou-se a propor um mapa de climas baseado nas formações vegetais. As coincidências resultantes eram muito grandes.

Porém, ao se observar com maior detalhe, verifica-se que, numa mesma região climática outros tipos de vegetação também podem ocorrer, em áreas restritas. Verificou-se então que as pequenas diferenças entre os tipos de clima e vegetação eram conseqüência de tipos diferentes de solo sob um mesmo clima, mostrando que os solos também tinham um papel relativamente importante na determinação das formações vegetais.

Além dos solos, em uma escala mais localizada outros fatores como o relevo, a distância do mar, e

a história do local, considerando-se a ocorrência de interferências humanas e catástrofes naturais, podem ter influência na disponibilidade hídrica, gerando variações a nível local ou regional.

6.2 BIOMAS Biomas são as grandes formações vegetais encontradas nos diferentes continentes e devidas principalmente aos fatores climáticos (temperatura e umidade) relacionados à latitude. Veja a seguir (tabela 5.1) as características gerais dos principais biomas da Terra. As variações da vegetação encontradas dentro do mesmo bioma, devidas principalmente ao solo, topografia, disponibilidade de água e ação humana recebem o nome de biótopos.

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Tabela 5.1 – Características climáticas, produção primária e biomassa dos principais biomas

Resumo das características dos principais biomas (tabela 5.2) Tundra • Entre linha de árvores (taiga) e linha de neve eterna, acima do círculo polar; temperaturas muito baixas quase o ano todo; estação de crescimento curta (verão)

• Altas latitudes (especialmente hemisfério norte) e altitudes; solo congelado o ano todo ou a maior parte do ano

• Sem árvores - só ervas, líquens e musgos • Maioria dos animais (aves insetívoras, lebres, caribus, lobos, raposas) hiberna ou migra

Taiga (ou floresta boreal ou floresta de coníferas) • Latitudes altas (especialmente hemisfério norte), abaixo da tundra.

• Maioria das árvores perenes com folhas em forma de agulha, poucas com folhas largas (caducifólias)

• Inverno muito frio, verão curto, porém mais longo que na tundra.

• Muitos insetos, aproveitados por aves migratórias para alimentar filhotes.

• Aves insetívoras ou predadoras, cervos, ursos, lobo, raposas, gatos.

Floresta Temperada • Zonas temperadas com invernos frios e verões mais longos

• Maioria das árvores caducifólias (tons vermelhos e amarelos no outono)

• Fauna semelhante à da taiga, mas com porcos, esquilos e outros, além de algumas aves granívoras e frugívoras

Campo de gramíneas (pradaria e estepe) • Climas temperados secos e/ou sazonais

• Fogo é freqüente

• Predominam gramíneas; alguns arbustos e nenhuma árvore.

• Fauna de ungulados pastadores, carnívoros grandes, lebres e aves terrestres.

Floresta Tropical • Climas úmidos e quentes, com estações chuvosas longas.

• Vegetação perenifólia, complexa, com grande estratificação (emergentes, dossel, sub-bosque)

• Fauna muito diversificada em espécies e hábitos; grandes mamíferos são raros

Savana Tropical • Climas quentes, mas com estação seca longa (chuvas muito concentradas no tempo)

• Muitas gramíneas, muitos arbustos e poucas árvores (baixas e com troncos retorcidos no cerrado)

• Fogo é freqüente

• Na África, muitos mamíferos grandes pastadores, vários carnívoros; na América do Sul, são raros mamíferos pastadores, ao passo que formigas e cupins têm grande importância.

Desertos • Climas quentes e secos, chuvas extremamente raras; grandes variações diárias de temperatura.

• Arbustos caducifólios, cactos e suculentas.

• Fauna com muitos répteis e poucos mamíferos e aves (maioria escavadora)

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Tabela 5.2 – Características físicas e biológicas dos principais biomas

6.3 MAPA DE BIOMAS E MAPA DE VEGETAÇÃO DO BRASIL IBGE O Mapa de Biomas do Brasil (figura 6.1), resultado de uma parceria entre o IBGE e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), mostra que o Bioma Amazônia e o Bioma Pantanal ocupam juntos mais de metade do território brasileiro. O Mapa de Vegetação do Brasil reconstitui com mais detalhes a provável situação da vegetação na época do descobrimento. Em tamanho mural e escala de um para cinco milhões, os dois mapas são lançados em comemoração ao Dia Mundial da Biodiversidade (22 de maio).

O bioma continental brasileiro de maior extensão, a Amazônia, e o de menor extensão, o Pantanal, ocupam juntos mais de metade do Brasil: o Bioma Amazônia, com 49,29%, e o Bioma Pantanal, com 1,76% do território brasileiro. Mapeados pela primeira vez, os seis biomas continentais brasileiros - Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa - são apresentados no Mapa de Biomas do Brasil (1: 5.000.000), resultado da parceria entre o IBGE e o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Assim como o Mapa de Vegetação do Brasil (1: 5.000.000) 2004, que lhe serviu de referência, o Mapa de Biomas do Brasil se junta à série "Mapas Murais" do IBGE, que inclui outros temas como relevo, solos, geologia, unidades de conservação federais, fauna e flora.

Figura 6.1 – distribuição geográfica das principais formações vegetais originais do território brasileiro 1 - Floresta Amazônica, 2 - Cerrados, 3 – Caatinga 4 – Mata Atlântica 5 - Mata de Araucária 6 - Campos, 7 - Vegetação do Litoral 8 - Complexo do Pantanal

Além de representar cartograficamente a abrangência dos seis biomas continentais brasileiros, o Mapa de Biomas do Brasil 1: 5.000.000 (primeira aproximação) traz a área aproximada que ocupa cada um desses conjuntos, sua descrição e a proporção de sua presença nas 27 unidades da federação. Também estão indicadas no mapa as áreas alteradas pela presença humana (antropismo).

Complementares, o Mapa de Biomas do Brasil e o Mapa de Vegetação do Brasil têm grande utilidade para a análise de cenários e tendências dos diferentes biomas. Servem como referência para o estabelecimento de políticas públicas diferenciadas e para o acompanhamento, pela sociedade, das

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ações implementadas. Bioma é conceituado no mapa como um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.

BIOMAS

CONTINENTAIS BRASILEIROS

ÁREA APROXIMADA

(KM2)

ÁREA TOTAL (BRASIL)

(%) Bioma AMAZÔNIA 4.196.943 49,29 Bioma CERRADO 2.036.448 23,92 Bioma MATA ATLÂNTICA

1.110.182 13,04

Bioma CAATINGA 844.453 9,92 Bioma CAMPOS (Pampa)

176.496 2,07

Bioma PANTANAL 150.355 1,76 Total 8.514.887 100 Tabela 6.1 – Biomas brasileiros

Vegetação brasileira tem formações florestais e Campestres O Mapa de Vegetação do Brasil reconstitui a situação da vegetação no território brasileiro na época do descobrimento pelos portugueses e mostra que no país ocorrem dois grandes conjuntos vegetacionais (tabela 6.1): um florestal, que ocupa mais de 60% do território nacional, e outro campestre. As formações florestais são constituídas pelas florestas ombrófilas (em que não falta umidade durante o ano) e estacionais (em que falta umidade num período do ano) situadas tanto na região amazônica quanto nas áreas extraamazônicas, mais precisamente na Mata Atlântica. Na Amazônia, predominam as florestas ombrófilas densas e abertas, com árvores de médio e grande porte, com ocorrência de cipós, bromélias e orquídeas. As florestas extra-amazônicas coincidem com as formações florestais que compõem a Mata Atlântica, onde predominam as florestas estacionais semideciduais (em que 20 a 50 % das árvores perdem as folhas no período seco do ano), e as florestas ombrófilas densas e mistas (com araucária). Em ambos os conjuntos florestais ocorrem, em menor proporção, as florestas estacionais deciduais (em que mais de 50% das árvores perdem folhas no período seco).

As formações campestres são constituídas pelas tipologias de vegetação abertas, mapeadas como: savana, correspondente ao Cerrado que predomina no Brasil central, ocorrendo também em pequenas áreas em outras regiões do país,

inclusive na Amazônia; savana estépica que inclui a caatinga nordestina, os campos de Roraima, o Pantanal mato-grossense e uma pequena ocorrência no extremo oeste do Rio Grande do Sul; estepe que corresponde aos campos, do planalto e da campanha, do extremo sul do Brasil; e a campinarana, um tipo de vegetação decorrente da falta de nutrientes minerais no solo e que ocorre na Amazônia, na bacia do rio Negro. O mapa traz ainda a indicação das áreas das formações pioneiras, que abrigam a vegetação das restingas, dos manguezais e dos alagados, além das áreas de tensão ecológica, onde ocorrem os contatos entre tipos de vegetação, e os chamados refúgios vegetacionais onde a vegetação em geral é constituída por comunidades relíquias.

Estão assinaladas no mapa as formações remanescentes, que correspondem à vegetação que permanece preservada ou pouco alterada, e os antropismos, ou seja, as áreas afetadas pelas atividades humanas. Estas, mapeadas como vegetação secundária e atividades agrárias, estão representadas no mapa por um pontilhado que recobre as cores que representam os tipos de vegetação original. Em sua terceira versão (as anteriores foram editadas em 1988 e 1993), o Mapa de Vegetação do Brasil traz aprimoramentos permitidos pelo avanço da tecnologia de mapeamento e geoprocessamento, bem como da pesquisa científica. As inovações contribuem também para a qualidade do Mapa de Biomas do Brasil, que tem ao fundo as linhas e letras do Mapa de Vegetação do Brasil, que lhe serviu como referência técnica operacional.

FONTES CONSULTADAS ODUM, E. P. Ecologia. São Paulo: Edusp. 1968

ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP. 1996.

<http://www.ib.usp.br/gra/ffa/ffa-biosfera.htm> (Site relacioado ao Institudo de Biologia da USP)

<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/21052004biomashtml.shtm> (Dados sobre Biomas brasileiros obtido no site do IBGE)

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7. OCEANOGRAFIA 7.1 OS OCEANOS DA TERRA Segundo a definição de Argeo Maglioca (vide Bibliografia Publicada), a Oceanografia é o "estudo dos oceanos, abrangendo e integrando todo o conhecimento pertinente aos limites físicos do oceano, a química e a física da água do mar, a biologia marinha e a geologia das margens e do fundo dos oceanos". Pode-se dizer também que a Oceanografia é a aplicação de todas as ciências para entender o fenômeno dos oceanos, é considerada uma ciência multidisciplinar.

O conhecimento sobre o ambiente marinho se ampliou muito nas últimas décadas. A Oceanografia procura hoje responder questões de ordem planetária como o papel dos oceanos na absorção de gás carbônico da atmosfera, o papel do transporte de calor pelo oceano no balanço térmico terrestre, a influência dos processos biológicos oceânicos nos processos de escala global e o fenômeno do El Niño.

As explicações da ciência para a origem dos oceanos são tão complexas como interessantes. Pensa-se que até certo tempo na história da Terra — muito antes da formação dos atuais continentes — existiria uma grossa, pesada e quentíssima massa de nuvens envolvendo toda a Terra. Dessa forma, todos os materiais que um dia viriam a constituir a hidrosfera de nosso planeta estariam sob a forma gasosa, nessa primeira atmosfera terrestre. Quando o resfriamento da crosta atingiu uma temperatura critica — ainda que muito elevada — tornou-se impossível a manutenção de todos os materiais líquidos sob estado gasoso. Então, grossas chuvas quentes, de grande poder de erosão, iniciaram o primeiro ciclo hidrológico da Terra. Uma parte da água dessas precipitações voltava à atmosfera pôr intensa evaporação. O restante preencheu as depressões primárias da superfície do globo, vindo a formar o primeiro grande oceano de nosso planeta.

Existem razões para se pensar que, por muito tempo, houve um oceano principal (o Paleopacífico) e um gigantesco bloco de terras emersas (o continente de Gondwana), que reunia América, África, Europa, Ásia e Austrália, e que se manteve uno por dezenas de milhões de anos. Sua fragmentação, porém, iniciou-se em meados da Era Mesozóica, há cerca de 180 milhões de anos, originando a divisão do mar único em um mosaico de oceanos e continentes.

As idéias básicas sobre a fragmentação do continente de Gondwana foram estabelecidas pelo cientista alemão AIfred Wegener (1880-1930).

Figura 7.1 – Oceanos da Terra

As grandes depressões oceânicas (figura 7.1) O Atlântico tem a forma aproximada de um "S", que se estende no sentido dos meridianos, e separa a Europa e a África das Américas; ao norte comunica-se com o oceano Glacial Ártico, por meio do mar da Noruega e de vários estreitos; ao sul, confunde-se com o oceano Glacial Antártico; a sudeste liga-se ao Indico, e a sudoeste ao Pacifico, através do estreito de Magalhães. Por sua localização, o Atlântico é o mais importante dos oceanos, por ele transitam navios de todo tipo, interligando os mais importantes centros comerciais, industriais e culturais do mundo, situados na Europa e na América do Norte.

O oceano Pacífico cobre mais de um terço da superfície do globo terrestre. Suas águas se estendem entre as Américas, a Ásia, a Austrália e o continente Antártico. Ao sul, comunica-se com o oceano Glacial Antártico. Une-se ao Índico pelo estreito de Malaca e das ilhas de Sonda. O primeiro europeu a visitá-lo parece ter sido o espanhol Vasco Núñez de Balboa, que, em 1513, atravessou o istmo do Panamá e deparou com as águas do Pacifico.

O oceano Índico, situado na região intertropical ou tórrida, durante muito tempo foi chamado mar das Índias. É o menor dos oceanos. Fechado inteiramente ao norte pela Ásia, a oeste limita-se com a África e a leste com a Austrália e o arquipélago de Sonda. Ao sul, confunde-se com o oceano Glacial Antártico.

Nas regiões polares, há dois oceanos que são, na verdade, prolongamentos do Atlântico, do Pacífico e do Índico. No pólo norte, fica o oceano Glacial Ártico, explorado no século XIX; no sul, está o Glacial Antártica. Ambos permanecem congelados

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a maior parte do tempo e pouco se sabe de seu relevo submarino.

Oceano Atlântico OCEANO ATLÂNTICO Profundidade média: 3 926m Profundidade máxima (fossa de Porto Rico): 8.742m Temperatura máxima: 27ºC Salinidade média: 35 % MARES SECUNDÁRIOS: Oceano Glacial Ártico, Mar Mediterrâneo, Golfo do México, Mar das Antilhas, Mar de Baffin, Mar do Norte, Mar Báltlco, Mar da Mencha, Mar da Irlanda, Baia de Hudson, Mar Negro, Mar da Noruega.

O oceano Atlântico, basicamente, é uma bacia imensa que se estende de norte a sul desde o oceano Glacial Ártico, ao norte, até o oceano Glacial Antártico, ao sul. Ocupa mais de 106 milhões de km2 de superfície total.

O limite entre o Atlântico norte e o oceano Glacial Ártico foi estabelecido de forma arbitrária, com base em cordilheiras submarinas que se estendem entre as massas de terra da ilha de Baffin, Groenlândia e Escócia. Contudo, ficou mais fácil marcar o limite com o mar Mediterrâneo na altura do estreito de Gibraltar, e com o mar do Caribe, ao longo do arco formado pelas ilhas do Caribe. O Atlântico sul está separado de forma arbitrária do oceano Índico pelo meridiano de 20° longitude E, e do Pacífico, a oeste, pela linha de maior profundidade que se estende entre o cabo de Hornos e a península Antártica.

O oceano Atlântico começou a formar-se há 150 milhões de anos, quando se afastou do grande continente de Gondwana como resultado da separação da América do Sul e da África, que ainda continua com uma progressão de vários centímetros por ano ao longo da dorsal submarina Meso-atlântica, cadeia montanhosa que se estende de norte a sul, com aproximadamente 1.500 km de largura, na qual ocorrem freqüentes erupções vulcânicas e terremotos. O sistema de circulação superficial das águas do Atlântico pode ser representado como dois grandes vórtices ou remoinhos, ou sistemas de corrente circular: uma no Atlântico norte e outro no Atlântico Sul. Estas correntes são provocadas pela ação dos ventos alísios e também pela rotação da Terra. As do Atlântico norte, entre as quais se encontram as correntes Norte-equatoriais, a das Canárias e a corrente do Golfo, movem-se no sentido horário. As do Atlântico sul, entre as quais se destacam a

do Brasil, a de Benguela e a corrente Sul-equatorial, se orientam no sentido anti-horário.

Oceano Pacifico OCEANO PACÍFICO Profundidade média: 4 282 m Profundidade máxima (fossa das Marianas): 11 033 m Temperatura máxima: 32ºC Salinidade média: 32,5 % MARES SECUNDÁRIOS Oceano Glacial Antártico, Mar de Bering, Mar de Okhotsk, Mar do Japão, Mar da china Oriental, Mar da China Meridional, Mar de Java, Mar de Arafura, Mar de Corais, Mar da Taemfinia, Mar de Sonda, Golfo da Califórnia.

É o mais extenso e profundo dos oceanos do mundo. Abarca mais de um terço da superfície da Terra e contém mais da metade do seu volume de água. Costuma-se fazer, de forma artificial, uma divisão a partir do equador: o Pacífico norte e o Pacífico sul. Foi descoberto em 1513 pelo espanhol Vasco Nunes de Balboa, que o chamou de mar do Sul.

O oceano Pacífico confina em sua parte oriental com os continentes da América do Norte e do Sul, ao norte com o estreito de Bering, a oeste com a Ásia, o arquipélago da Indonésia e a Austrália, e ao sul com a Antártida. Ao sudeste, é dividido do oceano Atlântico de forma arbitrária pela passagem de Drake, aos 68° longitude O. Ao sudoeste, a linha divisória que o separa do oceano Índico ainda não foi estabelecida de forma oficial. Além dos mares limítrofes que se prolongam por sua irregular orla ocidental, o Pacífico conta com uma área de cerca de 165 milhões de km2 e tem uma profundidade média de 4.282 m, embora o ponto máximo conhecido se encontre na Fossa das Marianas a 11.033 m de profundidade.

O modelo de correntes do Pacífico norte consiste em um movimento, o sistema circular de dois vórtices. O Pacífico norte está dominado pela célula central norte, que circula no sentido horário e compreende a corrente do Pacífico norte, a corrente da Califórnia e a corrente de Kuroshio. A corrente da Califórnia é fria, extensa e lenta, enquanto a de Kuroshio é quente, estreita, rápida e parecida com a do Golfo. Perto do equador, a 5° latitude N, o fluxo para o leste da contracorrente Equatorial separa os sistemas de correntes do Pacífico norte e sul. O Pacífico sul encontra-se dominado pelo movimento no sentido anti-horário da célula central sul, que compreende a corrente Sul-equatorial, a corrente do Pacífico sul e a corrente de Humboldt. No extremo sul está

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localizada a corrente Antártica Circumpolar; é a fonte mais importante de circulação oceânica em profundidade. Ali nasce a extensa e fria corrente do Peru, ou de Humboldt

Oceano Índico OCEANO INDICO Profundidade média: 4 210 m Profundidade máxima (fossa de Amirantes): 9 074m Temperatura máxima: 30ºC Salinidade média: 34,5 % MARES SECUNDÁRIOS Mar Vermelho, Golfo de Aden, Mar da Arábia, Golfo de Bengala, Mar de Andaman, Golfo Pérsico, Golfo de Oman.

Menor dos três grandes oceanos da Terra, limitado a oeste pela África, ao norte pela Ásia, a leste pela Austrália e pelas ilhas australianas, e ao sul pela Antártida. Não existem limites naturais entre o oceano Índico e o oceano Atlântico. Uma linha de 4.020 km ao longo do meridiano 20 °E, que liga o cabo Agulhas, no extremo sul da África, à Antártida, costuma ser considerado o limite.

Seu relevo é menos conhecido que o do Atlântico, embora se saiba que 60% correspondem a profundidades entre 4000 e 6 000 m. Em média, é mais profundo que o Atlântico e menos que o Pacifico. A plataforma continental é estreita, exceto no litoral norte. Das regiões mais profundas, na parte mediana, ergue-se uma lombada, a Dorsal Central ou Indiana, que se estende desde a Índia até o sul da ilha Rodrigues (arquipélago de Mascarene). Passa pelas ilhas Laquedivas, Maldivas e Chagos, no mar da Arábia. Essas ilhas, bem como numerosos atóis são pontos emersos da Dorsal. Mais ao sul, ela se alarga, formando extenso planalto submarino, que serve de base às ilhas Kerguelen.

Oceano Glacial Ártico Massa de água que constitui o menor dos quatro oceanos do mundo, ou braço, rodeado de terra, do oceano Atlântico. O oceano Ártico se estende ao sul do pólo norte até as costas da Europa, Ásia e América do Norte.

As águas superficiais do oceano Ártico se misturam com as do oceano Pacífico através do

estreito de Bering, mediante um canal apertado e pouco profundo, e também com as do oceano Atlântico através de um sistema de sills submarinos (elevações suaves) que se estendem desde a Escócia até a Groenlândia e, dali, até a Terra de Baffin. No oceano Ártico desembocam os rios Obi, Ienissei, Lena, Mackenzie, Coppermine e Back. A superfície total do oceano Ártico é de 14 milhões de km2, incluindo suas principais subdivisões, o mar do Pólo Norte, o mar da Noruega, o mar do Norte e o mar de Barents.

Aproximadamente um terço do fundo do oceano Ártico está coberto pela plataforma continental, que inclui uma extensa plataforma ao norte da Eurásia e outras mais estreitas da América do Norte e da Groenlândia. Em frente às plataformas continentais está a bacia do Ártico propriamente dito, subdividida em uma série de três elevações paralelas e quatro bacias (também chamadas de fossas oceânicas). A profundidade média do oceano Ártico é de 1.500 m e o ponto mais profundo está a 5.450 m de profundidade.

No oceano Ártico aparecem três tipos de gelo: gelo de terra, gelo de rio e gelo de mar. O gelo de terra entra no oceano sob a forma de icebergs, criados quando se rompem pedaços de geleiras. O congelamento da água doce e sua posterior condução até o oceano pelos rios produz o gelo de rio em pequenas áreas das plataformas da Sibéria e da América do Norte. O gelo de mar se forma pelo congelamento da água marinha.

7.2 ONDAS As ondas são causadas pelos ventos, que no contato, transferem energia para a superfície da água. Ao passar uma onda, objetos flutuantes na superfície do mar deslocam-se para cima e para baixo em movimento circular. Isso ocorre pelo fato de as partículas de água moverem-se também em órbitas circulares, que diminuem de diâmetro com a profundidade.

As ondas movem-se apenas em sua forma, não impulsionam massas de água; transportam energia, mas não a água adjacente. Veja figura 7.2 com os nomes dos principais parâmetros que caracterizam uma onda.

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Figura 7.2 CRISTA DE ONDA - Porção mais superior da onda. VALE DE ONDA - Depressão entre duas cristas. Também chamada de calha ou cava. ALTURA DA ONDA - Distância vertical entre a crista de uma onda e a basa do vale da onda adjacente. COMPRIMENTO DE ONDA - Distância horizontal entre qualquer ponto de uma onda e o ponto correspondente da próxima onda. AMPLITUDE DE ONDA - Distância vertical máxima da superfície do mar à partir do nível da água em repouso. Equivale a metade da altura da onda. AGUDEZ DA ONDA - Relação entre a altura e o comprimento da onda. PERÍODO DE ONDA - O tempo que leva para uma onda completar um comprimento de onda para passar por um ponto estacionário. VELOCIDADE DA ONDA - Velocidade na qual uma onda individual avança sobre a superfície da água.

DESENVOLVIMENTO DAS ONDAS NO MAR O desenvolvimento de ondas em águas profundas é complexo, sendo causado principalmente por 3 fatores: a velocidade, a duração do vento e a área na qual este sopra, denominada área de geração (figura 7.3).

Figura 7.3 - Área de geração do vento. Ao sair desta área, as ondas com pequenos comprimentos, dão origem à ondas com grandes comprimentos de onda.

Quando a velocidade do vento persiste o bastante e tem suficiente área de geração para produzir a máxima altura de onda que possa ser mantida por esse vento, origina-se a condição denominada desenvolvimento total do mar. É bastante raro para ventos de alta velocidade, pois para que as ondas atinjam sua altura máxima, necessitam de área muitíssimo grande, com o vento soprando durante muito tempo (tabela 7.1).

Velocidade (nós*) Área Mínima

(milhas náuticas)

Duração (horas)

10 10 2 20 75 10 30 280 23 40 710 42 50 1420 69

Tabela 7.1 Área mínima e duração necessárias para ventos com velocidades selecionadas para que ocorra o desenvolvimento total do mar (o tempo de duração foi arredondado para a hora mais próxima). *1 nó = uma milha náutica por hora (1.852m/h) Fonte: Pinpkin et al., Laboratory exercises in Oceanography. New York, W.H. Freeman and Company, 1987. 257p.

COMO AS ONDAS SE ROMPEM Quando as ondas formadas em oceano aberto aproximam-se de águas rasas, progressivamente se reorientam para permanecerem paralelas à linha de costa. Tal fenômeno é chamado de refração e é função da diminuição da profundidade (figura 7.4).

Figura 7.4 - Fenômeno da refração das ondas ao se aproximarem da linha de costa. Esse fenômeno faz com que as ondas tendam a se alinharem paralelas à costa.

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Com a redução na profundidade, começa a ocorrer atrito das partículas da água com o fundo, reduzindo a velocidade das ondas nas porções que primeiro se aproximam da costa e deixando mais livres as regiões das ondas que ainda se deslocam em águas mais profundas. Esta refração que precede a quebra das ondas é acompanhada da diminuição da velocidade e do comprimento de onda e aumento da altura.

TSUNAMI Tsunami é uma palavra japonesa, usada para definir um tipo especial de onda oceânica, gerada por distúrbios sísmicos (figura 7.5b). São ondas grandes e destrutivas em linhas de costa, causadas por terremoto, deslizamento de terras (figura 7.5a) ou vulcão submarino em atividade; a explosão de uma bomba atômica na superfície do mar também pode provocar ondas desse tipo.

Possuem comprimento de onda que varia de 130 a 160 quilômetros podendo atingir até 1000 quilômetros, período de 15 minutos até 2 horas e se deslocam em velocidades maiores que 360 nós (650 km/h), alcançando até 480 nós (890 km/h).

Figura 7.5 – Duas possíveis situações que originam um tsunami: deslizamento submarino (a) e movimentação de placas tectônicas (b)

Em águas profundas, sua altura não atinge mais que um metro, não sendo portanto percebidas devido ao seu grande comprimento. Como qualquer onda, quando entram em água rasas têm sua velocidade e comprimento reduzidos e altura aumentada, podendo alcançar então 30 metros!

Os tsunamis ocorrem principalmente em certas costas próximas às áreas de atividades tectônicas, como a região perimétrica do Oceano Pacífico. Ocorrem em média uma vez por ano em escala mundial, não havendo menção de ocorrência no Brasil.

Exemplo bem documentado de tsunami ocorreu em 1883, otiginado devido a grandes erupções vulcânicas na ilha de Krakatau (antes chamada de Krakatoa), entre Java e Sumatra nas Índias Orientais. Este tsunami destruiu a cidade de Merak a 50 quilômetros de distância, levando um navio de

guerra 2,5 quilômetros terra adentro e deixando-o a 10 metros do nível do mar. Mais de 36 mil pessoas morreram. O período desse tsunami foi de 2 horas e suas ondas (cerca de uma dezena), viajaram em velocidade variando de 650 à 850 km/h, tendo atingido 30 metros de altura na linha da costa.

Recentemente o mundo assistiu a ação de um tsunami. Em 26 de dezembro de 2004, na Província de Aceh no norte da ilha de Sumatra, um terremoto de magnitude 9,3 graus na escala Richter provocou um tsunami gigantesco que matou mais de 165 mil pessoas somente nesta parte da Indonésia.

7.3 CORRENTES OCEÂNICAS Os oceanos e a atmosfera são ambos fluídos e estão em mútuo contato físico. Assim, além de terem comportamentos semelhantes, ocorre grande interação entre eles.

Os raios solares aquecem a atmosfera, o solo e os oceanos uma e meia a duas vezes mais por unidade de área nas regiões equatoriais do que nas polares. Embora isso ocorra, o equador não se aquece cada vez mais e nem os pólos se resfriem. Há um balanço energético que transfere o calor (ou a energia) recebido pelo equador para os pólos, através da atmosfera e dos oceanos. Este equilíbrio térmico é fator muito importante na geração dos principais cinturões de vento e das grandes correntes oceânicas no planeta.

A atmosfera é a principal via para o transporte de energia das zonas equatoriais para as polares. Nas regiões de baixas latitudes, a evaporação da água dos oceanos é o mecanismo principal para a remoção do calor na superfície terrestre. Esse transporte de calor tão eficiente ocorre graças à propriedade denominada calor latente de vaporização que é muito alto no caso da água. Esta, ao evaporar-se, retira do ambiente grande quantidade de energia, que acaba sendo transportada junto com o vapor de água para regiões mais frias do planeta. Nestas regiões mais frias, a água se resfria, desce e se condensa, liberando a energia que liberou de regiões mais quentes.

Através das correntes marinhas, os oceanos também levam energia do equador para os pólos, contribuindo com 10% a 20% da distribuição de calor no planeta como um todo.

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7.3.1 Correntes Superficiais Como a atmosfera e o oceano estão em contato, os três sistemas de vento descritos geram, por atrito na superfície do mar, as principais correntes superficiais marinhas (próxima figura). Esses movimentos de larga escala no ambiente marinho estão entre os primeiros fenômenos oceanográficos estudados, devido a sua importância para a navegação comercial. Hoje em dia, praticamente todas as maiores correntes superficiais são bem conhecidas.

Figura 7.6 - Principais correntes superficiais oceânicas

Os ventos alísios formam as correntes equatoriais, comuns a todos os oceanos (Figura 7.6). Nos oceanos Atlântico e Pacífico, tais correntes são interceptadas pelos continentes e desviadas para o norte e para o sul, deslocando-se daí ao longo das partes oeste dos oceanos, são maiores e mais fortes correntes oceânicas superficiais.

Ao soprar em direção ao oeste, os ventos alísios empurram as águas superficiais em direção ao lado oeste dos oceanos, fazendo com que haja acúmulo de água nessas regiões, com um valor médio de 4 centímetros acima do nível normal para cada 1000 quilômetros. Esse acúmulo de água, devido a força da gravidade quando retorna, fluindo "montanha abaixo", gera as contra-correntes equatoriais, comuns a todos os oceanos (Fig. 6).

Os ventos do oeste formam as correntes que retornam para a região equatorial, completando o giro subtropical. Estes giros ocorrem no Pacífico e Atlântico norte e sul e Oceano Índico. Nas regiões subpolares, o mesmo não ocorrendo no hemisfério sul, pois não há barreiras de terra para obstruir o fluxo de água e criá-los. Assim, a corrente Circumpolar Antártica flui completamente em volta do planeta.

Os maiores volumes de água transportados pelas correntes oceânicas superficiais ocorrem na

corrente do Golfo e na Circumpolar Antártica que transportam cada uma cerca de 100 milhões de metros cúbicos por segundo! A maior parte das outras correntes são bem menores, como a do Brasil, que transporta no máximo 14 milhões de metros cúbicos por segundo. Mesmo assim, são volumes bastante significativos se comparados ao volume transportado pelo rio Amazonas, que atinge apenas 225 mil metros cúbicos por segundo.

7.3.2 Correntes Brasileiras A corrente Sul-Equatorial do oceano Atlântico, que se movimenta no sentido leste-oeste na altura do equador, bifurca-se ao alcançar a costa nordestina brasileira. A corrente que se desvia para o norte, é denominada corrente das Guianas (ou também corrente Norte do Brasil), e a que se volta para o sul, corrente do Brasil (Figura 7.7).

Figura 7.7 - Principais correntes superficiais que banham as costas brasileiras.

A do Brasil, principalmente corrente superficial brasileira, que caminha sobre a plataforma ou próxima sobre a região da borda, é também conhecida como Água Tropical (AT). Esta corrente flui para o sul ao longo da costa leste do continente sulamericano, alcançando em média dos 38º de latitude sul, onde encontra a corrente das Malvinas, conhecida como Água Subantártica (ASA); nessa região que varia conforme a época do ano, as duas correntes afastam-se da costa, fluindo em direção leste.

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O encontro da corrente do Brasil, que traz água tropical pouco densa, com a corrente das Malvinas, mais densa, origina a região denominada Convergência Subtropical do Atlântico Sul. A corrente das Malvinas, que flui sentido norte, é originária de uma ramificação da corrente Circumpolar Antártica, que flui em torno da Antártica.

Na região sudeste, a velocidade da corrente do Brasil na primavera e verão é cerca de 1,4 nós (2,5 quilômetros por hora), ou seja, desloca-se cerca de 1/2 grau de latitude por dia; no outono e inverno, sua velocidade se reduz a metade. Esta corrente desempenha, no hemisfério sul, o mesmo papel da corrente do Golfo no hemisfério norte, assemelhando se muito no aspecto de sua variabilidade tempo espacial, especialmente na geração de meandros.

7.3.3 Correntes Profundas (Circulação Termoalina) Além das superficiais, existem correntes marinhas profundas causadas por diferenças de densidade da água do mar. Estas correntes, chamadas de termoalinas, referem-se aos movimentos de água produzidos quando a densidade se altera por variações de temperatura ou salinidade em alguma região oceânica superficial. O aumento da densidade pode ocorrer pelo resfriamento da água, excesso de evaporação sobre a precipitação pluvial ou ainda pela formação de gelo e conseqüente aumento de salinidade das águas circunvizinhas.

O aumento da densidade na superfície faz com que estas águas afundem e desloquem águas profundas; assim, a origem da circulação termoalina é um fluxo vertical de água superficial, mergulhando a uma profundidade intermediária ou próxima ao fundo, dependendo da densidade dessa água. O prosseguimento é um fluxo horizontal, com as águas recém-afundadas deslocando as antigas residentes no local. Como o processo de formação de águas densas está principalmente ligado à redução de temperatura ou aumento de salinidade devido à formação de gelo, geralmente as correntes termoalinas originam-se em altas latitudes. Estas águas frias e densas afundam e lentamente fluem em direção ao equador.

A circulação termoalina é desse modo, importantíssima no estabelecimento das características dos oceanos profundos. O conteúdo relativamente alto de oxigênio das águas profundas

com relação às águas mais rasas reflete sua origem polar. Sem a fonte superficial desse gás, as águas profundas dos oceanos poderiam se esgotar do oxigênio pela oxidação do material orgânico que contêm.

A velocidade das correntes termoalinas é muito pequena, de cerca de 1 centímetro por segundo. Usando-se o conceito de tempo de residência, que é o tempo médio que dada uma substância (água profunda, no caso) permanece no oceano antes de ser reciclada, cerca de 500 a 1000 anos podem ser necessários para repor toda a água profunda do Oceano Atlântico.

7.3.4 Massas De Água Massa de água é definida como uma grande porção de água que tem associada uma faixa particular de valores de salinidade e temperatura. Adquire suas características de temperatura e salinidade na superfície e, uma vez que afunde, tais características só podem ser alternadas por misturas com massas de águas adjacentes. Essas misturas, porém, ocorrem de forma muito lenta, fazendo com que as massas de água tendam a manter suas faixas de temperaturas e salinidades originais.

São batizadas de acordo com a profundidade na qual são encontradas (onde atingem seu equilíbrio vertical) e com a região geográfica de procedência. A identificação é importante por que fornece informação de seu local de origem e circulação profunda, além da taxa na qual águas de diferentes densidades se misturam.

De maneira geral, as águas de grandes profundidades são formadas em altas latitudes e, as mais próximas às superfícies, originárias de latitudes menores (Fig. 7.8). As águas de superfície não se enquadram na categoria de verdadeiras massas de água devido às grandes variações nos parâmetros temperatura e salinidade.

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Figura 7.8 - Sistema de circulação profunda do Oceano Atlântico

A identificação de grandes massas de água nos oceanos torna-se possível através de uma coleção de dados oceanográficos, principalmente temperatura e salinidade (o oxigênio, em alguns casos, também pode ser usado). A densidade, considerada sozinha, não é suficiente, pois várias combinações de temperatura e salinidade podem produzir um mesmo valor deste parâmetro.

FONTES CONSULTADAS TUREKIAN, K. K. Oceanos. São Paulo: Edgard Blücher. 1968.

<http://cursos.unisanta.br/oceanografia/index.htm> (site pessoal do Prof. João Marcos Miragaia Schmiegelow);

http://members.tripod.com/~netopedia/relevo.htm;

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8. ÁGUAS CONTINENTAIS 8.1 INTRODUÇÃO A hidrografia está focada na medição de características físicas das águas e da terra que a cerca, classificando e estudando as águas do planeta. É uma das principais divisões da Geografia Física, sendo a oceanografia e a limnologia (ciência que estuda as águas continentais) sub-áreas da hidrografia, podendo-se incluir ainda a geomorfologia fluvial.

Razões do estudo da Hidrografia A água é fundamental para a sobrevivência do planeta, a evolução dos seres vivos sempre foi dependente da água. Foi nela que surgiram as primeiras formas de vida, e, num processo de evolução crescente, a partir dela originaram-se as formas terrestres, as quais somente conseguiram sobreviver depois que puderam desenvolver mecanismos fisiológicos que lhes permitiram coletar a água do meio ambiente e retê-la em seus próprios organismos.

O objeto de estudo da hidrografia é água da Terra, abrange portanto oceanos, mares, geleiras, água do subsolo, lagos, água da atmosfera e rios. A maior parte da água está concentrada em oceanos e mares – 1.380.000.000 km³ –, correspondendo a 97,3% da reserva hídrica do mundo. As águas continentais possuem um volume total de 38.000.000 km³, valor que representa 2,7% da água do planeta.

Visto de fora, o planeta deveria chamar-se Água, com algumas "ilhas" de terra firme, pois cerca de 60% de sua superfície são representadas pelos vastos oceanos. Os pólos e suas vizinhanças estão cobertos pelas águas sólidas das gigantescas geleiras. Estimam-se em cerca de 1,4 bilhão de

quilômetros cúbicos o volume total de água na Terra.

8.2 CICLO DA ÁGUA Na natureza, observa-se, diariamente, um grande volume de evaporação da água dos oceanos, lagos, rios, seres vivos etc.

O vapor d'água eleva-se na atmosfera e, em contato com os ventos frios das grandes alturas, condensa-se em diminutas gotas, formando as nuvens e neblinas. Quando a temperatura baixa, ou quando as nuvens se tomam muito espessas, ocorre a chuva. Se o frio for intenso, as nuvens caem em forma de flocos de minúsculas gotas geladas, constituindo a neve. Por ocasião de tempestades, as gotas podem transformar-se em blocos arredondados de gelo, formando o granizo ou chuva de pedra.

A água que cai sobre a crosta terrestre escorre sobre o solo impermeável ou, se este for permeável, infiltra-se no solo, fenômeno denominado percolação. Essa água pode, eventualmente, formar o lençol freático (lençol subterrâneo).

O desmatamento e a retirada da cobertura vegetal deixam o solo nu, facilitando a erosão e o assoreamento dos rios, lagos e lagoas. A erosão do solo deixa-o impróprio para a agricultura e atividades pastoris e o assoreamento dos rios pode provocar enchentes catastróficas.

Finalmente, é importante considerar a formação do orvalho. Ele é derivado principalmente da água evaporada do solo durante o início do período noturno e posteriormente condensada sobre superfícies frias que perderam calor por radiação. A próxima figura ilustra de maneira sucinta o ciclo hidrológico da água.

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Figura 8.1 – Ciclo da água

Devido às diferentes e particulares condições climáticas, em nosso planeta a água pode ser encontrada, em seus vários estados: sólido, líquido e gasoso.

Chamamos de ciclo hidrológico, ou ciclo da água (figura 8.1), à constante mudança de estado da água na natureza. O grande motor deste ciclo é o calor irradiado pelo sol. A permanente mudança de estado físico da água, isto é, o ciclo hidrológico, é a base da existência da erosão da superfície terrestre. Não fossem as forças tectônicas, que agem no sentido de criar montanhas, hoje a Terra seria um planeta uniformemente recoberto por uma camada de 3km de água salgada. Em seu incessante movimento na atmosfera e nas camadas mais superficiais da crosta, a água pode percorrer desde o mais simples até o mais complexo dos caminhos.

Quando uma chuva cai, uma parte da água se infiltra através dos espaços que encontra no solo e nas rochas. Pela ação da força da gravidade esta água vai se infiltrando até não encontrar mais espaços, começando então a se movimentar horizontalmente em direção às áreas de baixa pressão.

A única força que se opõe a este movimento é a força de adesão das moléculas d’água às superfícies dos grãos ou das rochas por onde penetra.

A água da chuva que não se infiltra, escorre sobre a superfície em direção às áreas mais baixas, indo alimentar diretamente os riachos, rios, mares, oceanos e lagos.

Em regiões suficientemente frias, como nas grandes altitudes e baixas latitudes (calotas polares), esta água pode se acumular na forma de gelo, onde poderá ficar imobilizada por milhões de anos.

O caminho subterrâneo das águas é o mais lento de todos. A água de uma chuva que não se infiltrou levará poucos dias para percorrer muitos e muitos quilômetros. Já a água subterrânea poderá levar dias para percorrer poucos metros. Havendo oportunidade esta água poderá voltar à superfície, através das fontes, indo se somar às águas superficiais, ou então, voltar a se infiltrar novamente.

A vegetação tem um papel importante neste ciclo, pois uma parte da água que cai é absorvida pelas raízes e acaba voltando à atmosfera pela transpiração ou pela simples e direta evaporação (evapotranspiração).

Toda a água existente no planeta Terra, somente cerca de 2,7% é doce. Pode-se também verificar que de toda a água doce disponível para uso da humanidade, cerca de 98% está na forma de água subterrânea (figura 8.2).

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Figura 8.2 – Distribuição da água na Terra

Da água que se precipita sobre as áreas continentais, calcula-se que a maior parte (60 a 70% ) se infiltra. Vê-se, portanto, que a parcela que escoa diretamente para os riachos e rios é pequena (30 a 40%). É esta água que se infiltra é que mantém os rios fluindo o ano todo, mesmo quando fica muito tempo sem chover. Quando diminui a infiltração, necessariamente aumenta o escoamento superficial das águas das chuvas.

A infiltração é importante, portanto, para regularizar a vazão dos rios, distribuindo-a ao longo de todo o ano, evitando, assim, os fluxos repentinos, que provocam inundações.

Esta relação, entre a quantidade de água que se precipita na forma de chuva, a quantidade que se infiltra, a que tem escoamento superficial imediato, e a que volta para a atmosfera, na forma de vapor, constitui uma verdade da qual não podemos escapar. Nas cidades, grande parte do solo é impermeabilizado, e a conseqüência lógica disto é o aumento de água que escoa, provocando inundações das áreas baixas.

8.3 ÁGUA SUBTERRÂNEA Dados divulgados recentemente pela ONU dão conta de que 2 bilhões de pessoas sofrem com a escassez de água. Em 2025, o número deve saltar para 4 bilhões, o equivalente a 50% da população mundial. Esses números mostram o tamanho do desafio que aguarda a humanidade num futuro próximo.

Esse líquido essencial na constituição da vida existente na terra, embora abundante na superfície do planeta, sua divisão é desequilibrada. Como colocado anteriormente, de toda água presente na crosta terrestre, 97,6% é salgada e somente 2,4% é água doce, da qual 79% se encontra na forma de geleira, 20,96% são águas subterrâneas restando apenas 0,04% sob a forma de rios e lagos.

Essa distribuição ressalta claramente a importância das águas subterrâneas como a maior e melhor fonte de água aproveitável para consumo humano, principalmente se considerarmos que aquelas disponíveis nos rios e lagos estão cada vez mais ameaçadas pelas diversas formas de poluição.

A Ocorrência A água subterrânea é uma parte integrante do ciclo da água, que consiste na evaporação principalmente nos oceanos, a condensação na atmosfera e a precipitação sob forma de chuvas. Esse ciclo se completa com as águas novamente se evaporando.

Para a água que atinge a superfície da terra na forma de chuvas, existem três opções: escorrer pelo terreno, infiltrar no solo ou evaporar. A água que escorre vai diretamente aos rios, riachos e lagos e se encaminha para o oceano. A que se infiltra é levada através do solo até a zona saturada, onde a água preenche todos os espaços entre as partículas do solo e das rochas formando o manancial de água subterrânea. A superfície dessa zona saturada é conhecida como nível ou lençol freático.

Observa-se aqui o papel preponderante da cobertura vegetal que atua como uma camada que retém água e permite uma infiltração lenta e eficiente enquanto em áreas desmatadas a evaporação e a correnteza rápida pouco contribuem para o manancial subterrâneo.

A água subterrânea se move lentamente por gravidade dentro da zona saturada, nas partes mais elevadas do terreno quando a superfície topográfica corta o nível freático tem-se uma fonte ou nascente. Nas partes baixas a zona saturada pode aflorar como água superficial e formar lagos ou rios que ao se evaporar completa o ciclo da água.

Águas continentais de superfície As águas correntes que brotam nas fontes, mais as águas de chuva que se escoam imediatamente, vão formando pequenos córregos (figura 8.3) (A), que se ajuntam, se avolumam, dando finalmente origem a um rio (B). Desta forma, a nascente de um rio é uma extensa região cujas fontes todas alimentam um pequeno córrego que se ajuntará a outros mais adiante, formando assim um rio. Este,

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por sua vez, vai-se avolumando à medida que recebe novos afluentes (C), e também a água subterrânea, que migra lentamente para baixo, seguindo a declividade do nível hidrostático.

Figura 8.3 – Modelo de bacia de drenagem

Rios são uma corrente natural de água que flui com continuidade. Possuem um caudal considerável e desembocam no mar, em um lago ou em outros rios, sendo denominados nesse caso de afluentes. O curso dos rios pode ser dividido em três partes (Figura 8.4):

Figura – 8.4 I- Curso superior: próximo à nascente, onde predomina a erosão; II- Curso médio: predomina o trabalho de transportes e de modelado das vertentes; III- Curso inferior: nos quais predominam os processos de sedimentação.

Mata Ciliar É a vegetação que cresce junto às margens de um rio e ao longo delas. A vegetação pode ser de porte médio, em forma de árvores ou em forma de arbustos. Geralmente, os rios de cava profunda dão árvores de maior porte, e os de cava rasa dão árvores de menor porte e vegetações baixas, constituindo as chamadas várzeas.

As matas ciliares são muito importantes, pois as raízes das árvores ajudam a fixar o solo junto às margens, dificultando o desmoronamento das margens para dentro do rio, e funciona também como uma espécie de barreira, segurando materiais terrosos que chegam com as chuvas (enxurradas), e com isso impede ou dificulta o assoreamento do curso d'água. Essa barragem pode estar segurando também toda espécie de materiais estranhos que irão afetar a qualidade das águas do rio, como sejam excessos de adubo e agrotóxicos utilizados na lavoura e outros lixos.

8.4 O TRABALHO DOS RIOS A configuração de um rio e sua velocidade depende de diversos fatores, tais como a topografia, que intervém na declividade do terreno, o regime pluvial da área de drenagem, a constituição litológica das rochas erodidas pelo rio e o estádio erosivo do rio. O gradiente dos grandes rios é geralmente pequeno, variando de 30 a 40 cm por km. O Amazonas, em território brasileiro, cai apenas 2 cm por km.

Conforme a região percorrida, um rio pode possuir um gradiente variado durante o seu percurso, isto é, a velocidade pode variar com a maior ou menor inclinação do leito do rio. Se elevado este gradiente, o aumento da velocidade das águas faz com que o rio se torne mais raso, e a sua superfície obedecerá às irregularidades do fundo, formando-se assim as chamadas corredeiras (figura 8.5).

Figura 8.5 - Gráfico de um rio com variações em seu gradiente. Na zona AB, onde a profundidade é maior a velocidade diminui devido a declividade; na zona BC da corredeira a profundidade diminui pelo aumento da velocidade; e após C ocorre grande turbulência, fazendo aumentar o depósito de seixos antes e depois da corredeira (Gilluly et al.)

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As causas desta mudança de gradiente podem ser várias, as mais comuns dizem respeito aos falhamentos na rocha base de forma escalonar. Podem também originar-se da diferença litológica (de rochas), que determina uma erosão mais intensa e conseqüente abaixamento do leito do rio nas rochas menos resistentes. As flexuras podem também determinar a formação de corredeiras. Onde termina a corredeira e se inicia o percurso de águas mais tranqüilas com desnível menor, ocorre uma subida do nível das águas como conseqüência do acúmulo motivado pela diminuição da velocidade. Verifica-se forte turbulência no local onde muda repentinamente o regime de veloz para um movimento mais lento. Nesta região o rio as águas possuem um movimento irregular, serpenteando e turbilhonando no decorrer do seu percurso.

DELTAS Quando o rio desemboca no mar ou num lago, dá-se a deposição de grande parte da massa de detritos trazidos em suspensão. Não havendo correntes marinhas que transportem os detritos trazidos pelo rio, forma-se um cone de sedimentação, que avança lentamente mar adentro. Pela semelhança com a forma do D grego, este tipo de depósito recebe a denominação de delta.

Graças às freqüentes oscilações do nível dos oceanos durante a época pleistocênica (+/- 1Ma), os deltas puderam atingir grande área. Sendo a área coberta pelas águas muito maior que a área coberta área emersa, é provável que a área total dos deltas atuais atinja cerca de 5 milhões de km2. Os sedimentos depositados em ambiente deltaico possuem grande número de características, que podem servir para identificá-los como tal. Entre elas, a mais importante é a associação de três tipos de camadas que se formam em diferentes profundidades, como mostra a figura 8.6.

Figura 8.6 - Perfil de um delta onde os ângulos estão aumentados devido ao exagero da escala vertical. Os termos que designam os três tipos de camadas podem ser traduzidos como camadas superiores, camadas frontais e camadas de fundo.

A superior é conhecida como "topset". Poder-se-ia denominá-la camadas de topo. É horizontal e

possui características litológicas semelhantes às dos depósitos fluviais. Trata-se de ambientes heterogêneos, pelo fato de poderem ser formados em ambiente subaéreo e subaquático, apresentando ambos características diferentes. Nas camadas subaéreas ocorrem com freqüência muitos restos orgânicos, sobretudo de origem vegetal, dispondo-se as camadas de maneira lenticular. Entre os fósseis, podem ocorrer tanto os marinhos como os continentais. Já "topset" subaquático não ocorrem restos vegetais e os sedimentos de granulação mais fina, como silte e argila, são mais abundantes. Em regiões mais profundas as camadas se dispõem de maneira oblíqua, inclinadas no mesmo sentido da correnteza responsável pela deposição recebendo a denominação de "forest". Os sedimentos desta região do delta possuem características de sedimentos marinhos, principalmente pela natureza dos fósseis. Finalmente, a camada mais profunda e mais distante da desembocadura do rio é chamada "bottomset”, ou camada de fundo, de características exclusivamente marinhas, quer litológicas, estruturais, quer paleontológicas, no caso de o delta ser marinho. Com o desenvolvimento do delta, que pode atingir espessuras consideráveis no caso de haver um movimento transgressivo do mar, estas três diferentes camadas entrosam-se de modo complexo, confundindo-se também entre elas as camadas tipicamente fluviais, formadas pelo eventual avanço dos sedimentos fluviais. Com o crescimento irregular dos deltas e com a formação de barras, formam-se freqüentemente lagos, do que resulta a formação de depósito lacustre também entrosada junto às demais camadas do delta.

SISTEMA FLUVIAL Os depósitos fluviais são constituídos por sedimentos que se acumulam a partir da atividade erosiva dos rios e dos processos de deslizamento associados. Embora estes depósitos estejam ocorrendo atualmente sob uma diversidade de condições climáticas, desde desérticas até glaciares, reconhecem-se três tipos de canais fluviais bem definidos: padrão meandrante, padrão retilíneo, padrão anastomosado (Figura 8.8).

Os rios desempenham importante papel como receptores de informações geológicas, os depósitos fluviais também são importantes no aspecto econômico, já que são, desde provedores de material para a construção, até recipiente de depósitos minerais e de água subterrânea.

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VALE E ESTRUTURA FLUVIAL

Figura 8.7 – a. Perfil transversal de um vale fluvial; b. 1-Interflúvios; 2-Vertentes; 3-Várzeas e Margens; 4-Calha do Rio; Leito; 6-Vale fluvial; 7-Talvegue

Figura 8.8 – Diferentes tipos de canais dentro dos sistemas fluviais

Os interflúvios ou divisores de águas são as partes mais elevadas do relevo que separam os rios da rede hidrográfica, delimitando suas respectivas bacias (figura 8.7). Da nascente até a foz, todo rio realiza o trabalho de esculturação do relevo e de seu vale. O trabalho de um rio consiste em:

a) Erosão: retirada de fragmentos do terreno.

b) Transporte: depende do volume de água, da declividade e da natureza dos sedimentos.

c) Sedimentação: pode ocorrer ao longo do curso, na foz ou no fundo do mar onde ele deságua.

Essas fases podem ser classificadas como:

a) Fase da juventude - O rio realizaria o trabalho de erosão. Os rios escavam seus leitos e modelam as vertentes (lados) do vale fluvial. Os vales podem apresentar-se sob a forma de garganta (cânions), vale em calha, vale normal e vale assimétrico.

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b) Fase da maturidade - O rio transporta os sedimentos e inicia o processo de sedimentação.

c) Fase da velhice (senilidade) - Nessa fase, predominaria o trabalho de sedimentação, quando os rios se apresentam formando muitos meandros.

Algumas terminologias importantes:

Curso - O caminho realizado pelo rio entre a nascente e a foz é chamado curso do rio. Ocorre desde a nascente, que é o local mais elevado, até a foz, ponto final e mais baixo do rio. Pode ser dividido em alto, médio e baixo curso (perfil longitudinal).

Foz ou desembocadura - O ponto final de um rio é sua foz. Tipos de terrenos, profundidade do leito, volume de água são características que possibilitam a diferenciação entre vários tipos de foz ou desembocadura. Assim, temos:

a) Estuário - É a parte final do rio que apresenta grande profundidade e onde ele lança suas águas sem nenhuma obstrução.

b) Barras - Por elas, os rios transportam grande quantidade de sedimentos, depositando-os em mares rasos. Com o tempo, essa sedimentação forma obstáculos para a saída das águas desse rio.

c) Delta - Os rios que apresentam esse tipo de foz carregam grande quantidade de sedimentos e chegam a seus percursos finais muito lentos. A resistência das águas do mar e a diminuição da velocidade de escoamento reduzem a capacidade de transporte de sedimento pelas águas desse rio. Ao serem depositados na foz, esses sedimentos acumulam-se e obstruem-na, colaborando para o surgimento de ilhas. Essa carga de material obriga a foz do rio a se abrir feito um leque.

O tipo de clima da região onde o rio está exerce uma importância muito grande na sua caracterização. Assim, conforme o escoamento das águas desse rio, podemos distinguir os tipos:

a) Efêmeros - São as torrentes que se formam em regiões de montanha, por ocasião das fortes chuvas. São constituídos por uma bacia de recepção, onde a água se acumula, e um canal, por onde ela escorre. Na desembocadura, acumulam-se sedimentos arrastados pelas águas em seu caminho, formando depósitos denominados de cones de dejeção.

b) Temporários ou intermitentes - São rios encontrados em regiões áridas e semi-áridas. Somente existem por ocasião das chuvas, que são sempre curtas.

c) Perenes - São rios que, ao longo do ano, nunca ficam sem água no seu leito. O volume oscila com o regime, mas não secam completamente. Conforme a região que atravessam, esses rios podem ser ainda de planalto ou de planície. Os rios de planície apresentam pouca declividade e, em geral, são utilizados para a navegação. Os de planalto, por sua vez, são rios que apresentam maior declividade ao longo do sue curso, com presença de cachoeiras que podem ser barradas para o aproveitamento de seu potencial hidrelétrico.

A morfologia do terreno é um fator importante na caracterização fluvial, pois a partir deste é possível inferir sobre os processos que atuaram e podem, ou não, estar em atividade ao longo do curso de um rio.

O estudo das formas do vale permite a dedução, comparação e mesmo a coleta de materiais que participaram de sua evolução atuam no modelado do canal de drenagem. Na figura abaixo tem-se um modelo de um vale fluvial. É nas vertentes e divisores de água que encontram-se as rochas mais resistentes, também é possível observar uma correspondência entre os pontos numerados e seu significado:

Figura – 8.9 1- Divisor de água. 2- Vertente. 3- Leito maior. 4- Leito menor.

Os vales fluviais, representados pelas ilustrações 1, 2, 3 e 4 (figura 8.9), resultam do trabalho combinado da erosão e da acumulação de águas correntes.

Em largo trecho do seu curso, o rio Colorado (Estados Unidos) construiu os famosos vales em garganta (figura 8.10 - 1), resultado da associação Clima árido e escoamento fluvial, com o trabalho de erosão predominando sobre o de acumulação.

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O vale normal (figura 8.10 - 2) indica uma relação equilibrada entre o entalhamento e o alargamento, sendo esculpido em material homogêneo e apresentando vertentes assimétricas.

Os vales em calha (figura 8.10 - 3) originam-se quando o trabalho de acumulação predomina sobre o de erosão.

Os vales assimétricos (figura 8.10 - 4) caracterizam-se pela desigualdade entre os declives de suas vertentes.

Figura 8.10 – perfis esquemáticos dos tipos de entalhamento de vales fluviais

SISTEMA DE DRENAGEM O sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus tributários, o estudo das ramificações e do desenvolvimento do sistema é importante, pois indica a maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica.

- Ordem dos cursos de água: Reflete o grau de ramificação ou bifurcação dentro de uma bacia. Diz-se de primeira ordem as correntes formadoras, ou seja, os pequenos canais que não tenham tributários; quando dois canais de Primeira ordem se unem formam um segmento de Segunda ordem. A junção de dois rios de Segunda ordem dá lugar à formação de um rio de Terceira ordem, e assim, sucessivamente (figura 8.11).

Figura 8.11 – Ordem dos cursos de água

8.5 BACIAS HIDROGRÁFICAS DO BRASIL O Brasil é dotado de uma vasta e densa rede hidrográfica (figura 8.12), sendo que muitos de seus rios destacam-se pela extensão, largura e profundidade. Em decorrência da natureza do relevo, predominam os rios de planalto que apresentam em seu leito rupturas de declive, vales encaixados, entre outras características, que lhes conferem um alto potencial para a geração de energia elétrica. Quanto à navegabilidade, esses rios, dado o seu perfil não regularizado, ficam um tanto prejudicados. Dentre os grandes rios nacionais, apenas o Amazonas e o Paraguai são predominantemente de planície e largamente utilizados para a navegação. Os rios São Francisco e Paraná são os principais rios de planalto.

De maneira geral, os rios têm origem em regiões não muito elevadas, exceto o rio Amazonas e alguns de seus afluentes que nascem na cordilheira andina.

Figura 8.12 – Principais bacias hidrográficas do Brasil

Em termos gerais, como mostra o mapa acima, pode-se dividir a rede hidrográfica brasileira em sete principais bacias, a saber: a bacia do rio Amazonas (1); a bacia Platina, composta pelas sub-bacias dos rios Paraná e Uruguai (2); a do Tocantins – Araguaia (3); a do rio São Francisco (4); a bacia do Atlântico Sul - trechos norte e nordeste (5); a do Atlântico Sul - trecho leste (6); e a do Atlântico Sul - trechos sudeste e sul (7).

1- Bacia do rio Amazonas Em 1541, o explorador espanhol Francisco de Orellana percorreu, desde as suas nascentes nos Andes peruanos, distante cerca de 160 km do Oceano Pacífico, até atingir o Oceano Atlântico, o

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rio que batizou de Amazonas, em função da visão, ou imaginação da existência, de mulheres guerreiras, as Amazonas da mitologia grega.

Este rio possui uma extensão de aproximadamente 6.500 km, sua área de drenagem total, é superior a 5,8 milhões de km2, dos quais 3,9 milhões no Brasil, representa a maior bacia hidrográfica mundial. O restante de sua área dividi-se entre o Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana e Venezuela. Tal área poderia abranger integralmente o continente europeu, a exceção da antiga União Soviética.

O volume de água do rio Amazonas é extremamente elevado, descarregando no Oceano Atlântico aproximadamente 20% do total que chega aos oceanos em todo o planeta. Sua vazão é superior à soma das vazões dos seis próximos maiores rios, sendo mais de quatro vezes maior que o rio Congo, o segundo maior em volume, e dez vezes o rio Mississipi.

Na Amazônia os canais mais difusos e de maior penetrabilidade são utilizados tradicionalmente como hidrovias. Navios oceânicos de grande porte podem navegar até Manaus, capital do estado do Amazonas, enquanto embarcações menores, de até 6 metros de calado, podem alcançar a cidade de Iquitos, no Peru, distante 3.700 km da sua foz.

O rio Amazonas se apresenta como um rio de planície, possuindo baixa declividade. Sua largura média é de 4 a 5 km, chegando em alguns trechos a mais de 50 km. Por ser atravessado pela linha do Equador, esse rio apresenta afluentes nos dois hemisférios do planeta. Entre seus principais afluentes, destacam-se os rios Iça, Japurá, Negro e Trombetas, na margem esquerda, e os rios Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu, na margem direita.

2- Bacia Platina, ou dos rios Paraná e Uruguai A bacia platina, ou do rio da Prata, é constituída pelas sub-bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, drenando áreas do Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai.

O rio Paraná possui cerca de 4.900 km de extensão, sendo o segundo em comprimento da América do Sul. É formado pela junção dos rios Grande e Paranaíba. Possui como principais tributários os rios Paraguai, Tietê, Paranapanema e Iguaçu. Representa trecho da fronteira entre Brasil e Paraguai, onde foi implantado o aproveitamento hidrelétrico binacional de Itaipu, com 12.700 MW, maior usina hidrelétrica em operação do mundo. Posteriormente, faz fronteira entre o Paraguai e a

Argentina. Em função das suas diversas quedas, o rio Paraná somente possui navegação de porte até a cidade argentina de Rosário.

O rio Paraguai, por sua vez, possui um comprimento total de 2.550 km, ao longo dos territórios brasileiro e paraguaio e tem como principais afluentes os rios Miranda, Taquari, Apa e São Lourenço. Nasce próximo à cidade de Diamantino, no estado de Mato Grosso, e drena áreas de importância como o Pantanal mato-grossense. No seu trecho de jusante banha a cidade de Assunción, capital do Paraguai, e forma a fronteira entre este país e a Argentina, até desembocar no rio Paraná, ao norte da cidade de Corrientes.

O rio Uruguai, por fim, possui uma extensão da ordem de 1.600 km, drenando uma área em torno de 307.000 km2. Possui dois principais formadores, os rios Pelotas e Canoas, nascendo a cerca de 65 km a oeste da costa do Atlântico. Fazem parte da sua bacia os rios Peixe, Chapecó, Peperiguaçu, Ibicuí, Turvo, Ijuí e Piratini.

O rio Uruguai forma a fronteira entre a Argentina e Brasil e, mais ao sul, a fronteira entre Argentina e Uruguai, sendo navegável desde sua foz até a cidade de Salto, cerca de 305 km a montante.

3- Bacia do rio Tocantins – Araguaia A bacia do rio Tocantins - Araguaia com uma área superior a 800.000 km2, se constitui na maior bacia hidrográfica inteiramente situada em território brasileiro. Seu principal rio formador é o Tocantins, cuja nascente localiza-se no estado de Goiás, ao norte da cidade de Brasília. Dentre os principais afluentes da bacia Tocantins - Araguaia, destacam-se os rios do Sono, Palma e Melo Alves, todos localizados na margem direita do rio Araguaia.

O rio Tocantins desemboca no delta amazônico e embora possua, ao longo do seu curso, vários rápidos e cascatas, também permite alguma navegação fluvial no seu trecho desde a cidade de Belém, capital do estado do Pará, até a localidade de Peine, em Goiás, por cerca de 1.900 km, em épocas de vazões altas. Todavia, considerando-se os perigosos obstáculos oriundos das corredeiras e bancos de areia durante as secas, só pode ser considerado utilizável, por todo o ano, de Miracema do Norte (Tocantins) para jusante.

O rio Araguaia nasce na serra das Araras, no estado de Mato Grosso, possui cerca de 2.600 km, e desemboca no rio Tocantins na localidade de São João do Araguaia, logo antes de Marabá. No extremo nordeste do estado de Mato Grosso, o rio

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dividi-se em dois braços, rio Araguaia, pela margem esquerda, e rio Javaés, pela margem direita, por aproximadamente 320 km, formando assim a ilha de Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. O rio Araguaia, é navegável cerca de 1.160 km, entre São João do Araguaia e Beleza, porém não possui neste trecho qualquer centro urbano de grande destaque.

4- Bacia do rio São Francisco A bacia do rio São Francisco, nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, e atravessa os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O rio São Francisco possui uma área de drenagem superior a 630.000 km2 e uma extensão de 3.160 km, tendo como principais afluentes os rios Paracatu, Carinhanha e Grande, pela margem esquerda, e os rios Salitre, das Velhas e Verde Grande, pela margem direita.

De grande importância política, econômica e social, principalmente para a região nordeste do país, é navegável por cerca de 1.800 km, desde Pirapora, em Minas Gerais, até a cachoeira de Paulo Afonso, em função da construção de hidrelétricas com grandes lagos e eclusas, como é o caso de Sobradinho e Itaparica.

5- Bacia do Atlântico Sul - trechos norte e nordeste Vários rios de grande porte e significado regional podem ser citados como componentes dessa bacia, a saber: rio Acaraú, Jaguaribe, Piranhas, Potengi, Capibaribe, Una, Pajeú, Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru, Mearim e Parnaíba.

Em especial, o rio Parnaíba é o formador da fronteira dos estados do Piauí e Maranhão, por seus 970 km de extensão, desde suas nascentes na serra da Tabatinga até o oceano Atlântico, além de representar uma importante hidrovia para o transporte dos produtos agrícolas da região.

6- Bacia do Atlântico Sul - trecho leste Da mesma forma que no seu trecho norte e nordeste, a bacia do Atlântico Sul no seu trecho leste possui diversos cursos d'água de grande porte e importância regional. Podem ser citados, entre outros, os rios Pardo, Jequitinhonha, Paraíba do Sul, Vaza-Barris, Itapicuru, das Contas e Paraguaçu.

Por exemplo, o rio Paraíba do Sul está localizado entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os de maior significado econômico no país, possui ao longo do seu curso diversos aproveitamentos hidrelétricos, cidades ribeirinhas

de porte, como Campos, Volta Redonda e São José dos Campos, bem com industrias importantes como a Companhia Siderúrgica Nacional.

7- Bacia do Atlântico Sul - trechos sudeste e sul A bacia do Atlântico Sul, nos seus trechos sudeste e sul, é composta por rios da importância do Jacuí, Itajaí e Ribeira do Iguape, entre outros. Os mesmos possuem importância regional, pela participação em atividades como transporte hidroviário, abastecimento d'água e geração de energia elétrica.

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STRAHLER, A.N. Geografia Física. Barcelona: Omega, 1975

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ANEXO 1 - MOVIMENTOS DA TERRA 1. Anos bissextos são os múltiplos de 4 que não são múltiplos de 100 e, além desses, os múltiplos de 400. Quantos anos bissextos há no conjunto {2015, 2018, 2020, 2100, 2400}? (A) 1 (B) 2 (C) 3 (D) 4 (E) 5 2. Em relação aos movimentos da Terra, é correto afirmar que (F/V): ( ) A Terra realiza em torno de si mesma o movimento de rotação, que dura 23 horas, 56 minutos e 4 segundos. Sua velocidade é de 1666 km/h na altura do Equador e nula nos pólos. ( ) Os solstícios correspondem às épocas do ano em que os hemisférios norte e sul da Terra são desigualmente iluminados, ( ) No dia 21 de junho o Sol encontra-se sobre o Trópico de Capricórnio. ( ) Os equinócios correspondem às épocas do ano em que os hemisférios norte e sul são igualmente iluminados. ( ) No dia 23 de setembro o Sol encontra-se sobre o Trópico de Câncer. ( ) O dia 21 de dezembro marca o solstício de verão no hemisfério sul. 3. Utilize a regra da mão direita para responder a prróxima questão. A posição indicada na figura a seguir marca, em nosso planeta, o início de uma estação em cada hemisfério.

Este estação é a) A primavera no Hemisfério Norte, estando a Terra no equinócio. b) O outono no Hemisfério Sul, estando a Terra nas proximidades do solstício. c) O verão meridional, estando a Terra no solstício. d) O outono setentrional, estando a Terra no equinócio. e) O verão setentrional, estando a Terra no solstício.

4. "Durante a minha vida inteira me fiz essas perguntas: Existe vida além da Terra? Se existe, como se parece? De que é feita? Os seres de outros mundos se parecem com os daqui? Essas questões ressaltam a nossa sorte de viver num planeta perfeitamente apropriado à vida: temperatura moderada, água sob a forma líquida, oxigênio na atmosfera...". (Adaptado de SAGAN, C. em CORREIO DA UNESCO, 1984) Com relação às características dos movimentos da Terra no espaço que contribuem para a existência da vida, é correto afirmar (F/V): ( ) A sucessão dos dias e das noites, influenciando a organização da vida das pessoas, resulta do movimento que a Terra realiza em torno de si mesma ou de um eixo imaginário que passa pelos seus pólos. ( ) O movimento da Terra que tem como conseqüência a sucessão das estações resulta numa igual distribuição da luz nos hemisférios norte e sul, durante todo o ano. ( ) A distância entre a Terra e o Sol, aliada aos movimentos determinantes de transferência de energia que chega à superfície terrestre, permite a existência de vida no Planeta. ( ) O dia 21 de dezembro marca o equinócio no hemisfério sul e é o dia mais longo do ano no hemisfério norte. ( ) A transferência de calor na superfície terrestre deve-se ao movimento de nutação. ( ) O movimento de rotação não interfere na circulação atmosférica. 5. Sobre o movimento de translação da Terra, é FALSO afirmar: a) As estações do ano ocorrem em função do movimento de translação e da inclinação de 23° 27' do eixo da Terra em relação ao Sol. b) O eixo de inclinação da Terra estabelece linhas imaginárias, denominadas Trópico de Câncer, no hemisfério sul, e Trópico de Capricórnio, no hemisfério norte. c) Equinócio significa dias e noites iguais e ocorre em março e setembro, determinando, respectivamente, a primavera e o outono no hemisfério norte. d) Solstício significa dias e noites extremamente desiguais e ocorre em junho e dezembro, determinando, respectivamente, o inverno e o verão no hemisfério sul. e) A zona situada próximo ao Equador quase não apresenta diferenças na inclinação dos raios solares.

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6. Todas as alternativas apresentam mecanismos responsáveis pelas mudanças das estações ao longo do ano, EXCETO a) A inclinação do eixo de rotação da Terra determina que, a cada seis meses, um hemisfério esteja mais exposto ao sol que o outro. b) As estações são determinadas pela maior ou menor proximidade da Terra ao Sol, distância que, ao variar ao longo do ano, altera a quantidade de energia solar incidida sobre o planeta. c) O Sol, ao atingir seu ponto de maior deslocamento ao Norte - a máxima declinação boreal - determina, no Hemisfério Sul, dias mais curtos e noites mais longas. d) Os equinócios ocorrem, respectivamente, quando os hemisférios Norte e Sul são igualmente iluminados, marcando o início astronômico da primavera e do outono. e) Os solstícios ocorrem, respectivamente, quando a iluminação é máxima em um hemisfério e mínima no outro, marcando o início astronômico do verão e do inverno. 7. Analise este bloco-diagrama, em que estão representados o relevo de uma região, que se caracteriza pela presença de um vale estreito e profundo, e o movimento aparente do Sol, ao longo do dia:

A partir da análise e interpretação desse bloco-diagrama, é INCORRETO afirmar que a) o grande vale central, que se estende no sentido dos meridianos, recebe o menor número de horas de insolação da região. b) as diferenças de intensidade da insolação, nas várias partes da região representada, se acentuam ao meio-dia local, quando o Sol está na altura máxima. c) as formas e a orientação do relevo, mais do que a latitude, criam importantes variações de insolação na região. d) as vertentes orientais recebem os raios solares mais diretamente durante a manhã, enquanto, nas

ocidentais, essa incidência ocorre durante a tarde. 8. Leia o texto a seguir. O jardim de caminhos que se bifurcam (...) Uma lâmpada aclarava a plataforma, mas os rostos dos meninos ficavam na sombra. Um me perguntou: O senhor vai à casa do Dr. Stephen Albert? Sem aguardar resposta, outro disse: A casa fica longe daqui, mas o senhor não se perderá se tomar esse caminho à esquerda e se em cada encruzilhada do caminho dobrar à esquerda. (Adaptado. Borges, J. "Ficções". Rio de Janeiro: Globo, 1997. p.96.) Quanto à cena descrita, considere que I. o sol nasce à direita dos meninos; II. o senhor seguiu o conselho dos meninos, tendo encontrado duas encruzilhadas até a casa. Concluiu-se que o senhor caminhou, respectivamente, nos sentidos: a) oeste, sul e leste. b) leste, sul e oeste. c) oeste, norte e leste. d) leste, norte e oeste. e) leste, norte e sul. 9. O fenômeno do sol da meia-noite no hemisfério norte ocorre durante a estação a) do outono no mesmo hemisfério. b) do inverno no hemisfério sul. c) do inverno no mesmo hemisfério. d) do verão no hemisfério sul. e) da primavera no mesmo hemisfério. 10. Responder à questão com base no desenho e nas afirmativas.

I. Os raios solares estão perpendiculares ao solo, pois o desenho representa um lugar situado na linha do Trópico de Capricórnio, no momento em que inicia o inverno. II. A situação evidenciada no desenho é, provavelmente, de solstício de verão no Hemisfério Norte. III. Esta data corresponde, provavelmente, ao

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início de verão no Hemisfério Norte, e o local representado está situado em qualquer ponto sobre o Trópico de Câncer. IV. Simultaneamente à situação mostrada no desenho, no Hemisfério Sul, o Sol também está incidindo perpendicularmente, ao meio-dia, em qualquer ponto do Trópico de Capricórnio. V. O desenho não se refere a Porto Alegre, pois nesta latitude não ocorre a incidência perpendicular dos raios solares. A análise do desenho e das afirmativas permite concluir que estão corretas apenas os itens: ____________________________________ 11. A Lua, satélite natural da Terra, é o elemento cósmico mais próximo que influencia diretamente o cotidiano das pessoas. É correto afirmar, sobre essa influencia, que a) os eclipses, fenômenos que auxiliam o estudo da Lua e do Sol, ocorrem nas fases crescente e minguante. b) a Lua, na sua fase crescente, aparece no céu do Hemisfério Sul em forma de "C", devido à sombra que a Terra nela provoca, o que diminui o seu poder gravitacional sobre esta. c) o movimento de translação da Lua proporciona as diferentes fases, as quais, pela posição em relação ao Sol e à Terra, modificam o poder gravitacional do nosso planeta. d) o eclipse anelar, ou anular, ocorre na fase da Lua cheia, quando um "anel dourado" reflete os limites do Sol. 12. A figura a seguir mostra um eclipse solar no instante em que é fotografado em cinco diferentes pontos do planeta. Três dessas fotografias estão reproduzidas abaixo.

As fotos poderiam corresponder, respectivamente, aos pontos: a) III, V e II. b) II, III e V.

c) II, IV e III. d) I, II e III. e) I, II e V. 13. "O dia 11 de agosto de 1999 foi inesquecível para quem estava em uma estreita faixa imaginária que cruza a Europa e a Ásia. Aconteceu o eclipse solar total, o último do milênio e o primeiro a ocorrer na Europa Central desde 1961." (A Nova Globo Ciência. "Galileu", 1999/ano 8/ n. 96.)

("Zero Hora" - Geral - 11.08.1999) Desta vez, a trajetória da sombra da Lua se iniciou ao amanhecer, em um ponto do Atlântico Norte, cruzando alguns países. Com base no texto e na imagem, assinale a alternativa que corresponde aos países que assistiram a esse fenômeno. a) Canadá, Irlanda, França, Egito, Argentina b) Alemanha, França, Romênia, Irã, Paquistão c) França, Inglaterra, Bangladesh, Japão, Peru d) Paquistão, Índia, Romênia, Nova Zelândia, Iraque e) Itália, África do Sul, Suíça, Áustria, Alemanha

14. Com o auxílio da figura anterior, julgue os itens que se seguem, relativos ao fenômeno das marés. ( ) As marés de um determinado lugar variam sua extensão de acordo com a posição orbital da Lua. ( ) Há ecossistemas cuja dinâmica está relacionada ao movimento das marés. ( ) Tecnicamente, é possível o aproveitamento das marés para a obtenção de energia.

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ANEXO 2 - ESTRUTURA INTERNA DA TERRA ANEXO 3 - DINÂMICA GEOLÓGICA DA TERRA 1. Sobre a estrutura da Terra e a sua composição, assinale o que for correto. ( ) A camada sólida e externa da Terra é chamada de litosfera ou crosta terrestre. Subdivide-se em Sial e Sima. ( ) O Sial corresponde à camada externa da crosta. Nessa camada, o silício e o alumínio são os principais minerais presentes. ( ) O Sima corresponde à camada interna da crosta. Nessa camada, predominam as lavas vulcânicas, sendo o silício e a magnetita os principais minerais presentes. ( ) O Nife corresponde ao núcleo da Terra, formado por minerais pesados, com destaque para o níquel, o chumbo e o mercúrio. ( ) Os principais recursos minerais inorgânicos encontram-se no subsolo, isto é, na camada imediatamente inferior à crosta externa. ( ) Os recursos minerais de origem orgânica, como os combustíveis fósseis, encontram-se no manto, que corresponde a uma camada intermediária entre a crosta e o núcleo, mais próxima da superfície do planeta, no fundo oceânico. 2. A análise da ilustração a seguir, associada aos conhecimentos sobre as camadas da Terra, permite concluir:

( ) A crosta terrestre representa 50% da massa total do planeta e é constituída predominantemente por rochas cristalinas. ( ) A Terra é formada por camadas sucessivas, de densidades diferentes, que aumentam da superfície para o centro. ( ) A separação das camadas da Terra é feita através da energia liberada pelo nife.

( ) As diferentes temperaturas das camadas da Terra decorrem do processo de resfriamento iniciado na crosta terrestre. ( ) O núcleo é a camada da Terra que exerce maior influência sobre a litosfera, através de fenômenos geológicos.

3. Com base na figura acima indique LETRA correspondente: 1) Interfere no magnetismo terrestre: ( ) 2) Localiza-se as Placas Tectônicas: ( ) 3) Composto de Ni e Fe: ( ) 4) Subdivide-se em Superior e Inferior: ( ) 5) Menores temperaturas e Pressões: ( ) 6) Astenosfera: ( ) 4. O estudo das ondas sísmicas e dos campos magnéticos permitiu o descobrimento e a caracterização de três importantes camadas internas da Terra: a Litosfera, o Manto e o Núcleo. Com relação a esse tema, estão corretas as afirmações abaixo: ( ) O Manto envolve o Núcleo terrestre, ocupa a maior parte do volume do planeta e se comporta como um fluido que se move lentamente. ( ) A Crosta Oceânica, uma porção da Litosfera, é composta fundamentalmente por rochas graníticas e não apresenta, em suas camadas inferiores, rochas basálticas. ( ) Sob a Litosfera existe uma camada de rocha menos rígida, conhecida como Astenosfera; trata-se de uma zona de baixa velocidade sobre a qual "flutuam" as placas litosféricas. ( ) O Núcleo é formado basicamente por níquel e alumínio; essa camada, que produz o campo magnético do planeta, apresenta elevadas temperaturas. ( ) A Litosfera acha-se dividida em blocos mais ou menos rígidos designados como "placas"; essas placas são deslocadas por correntes de convecção que se formam no Manto. 5. Na última década, várias pesquisas na África e na América do Sul confirmaram a hipótese de que elas formavam um continente no passado. Assinale a alternativa que identifica corretamente a era

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geológica em que a separação ocorreu e o nome do novo continente que ela gerou. a) Cenozóica; Pangea. b) Mesozóica; Gondwana. c) Pré-Cambriano; Gondwana. d) Paleozóica; Pangea. e) Quaternário; Gondwana. 6. Em relação às camadas internas da Terra podemos afirmar: Na(s) questão(ões) a seguir assinale os itens corretos e os itens errados. ( ) O seu estudo das camadas internas da Terra não pode ser realizado por processos de investigações diretas, tendo-se que recorrer a métodos indiretos de observação, o que dificulta o seu conhecimento. ( ) Os especialistas dispõem de aparelhos muito sensíveis, chamados sismógrafos, capazes de registrar com grande precisão as vibrações da Terra, medindo a intensidade e localizando a origem destas vibrações. ( ) O estudo detalhado de sismogramas, iniciado desde os primeiros anos do século XX, demonstra que o globo se divide, da superfície para o interior, nas seguintes unidades principais: crosta, manto e núcleo. ( ) A crosta terrestre é a camada mais externa da Terra e encontra-se consolidada. Nela os elementos químicos distribuem-se de forma homogênea, havendo pequenas variações em peso e volume. ( ) A Terra não apresenta a mesma densidade em todas as camadas, isto é, a densidade diminui de acordo com a profundidade. 7. Leia o texto. "Embora a evidência de deslocamentos laterais dos continentes fosse mais ou menos forte, a maioria dos geólogos resistiu, durante muito tempo, à idéia desses deslocamentos. Essa resistência era, em grande parte, ideológica, a julgar pela extraordinária ira da controvérsia contra o principal proponente da deriva continental, Alfred Wegener. De qualquer modo, o argumento de que esses deslocamentos não eram verdadeiros porque não se conhecia nenhum mecanismo geofísico para causar tais movimentos - não era mais convincente a priori, em vista da evidência acima referida. Contudo, desde a década de 1960, o antes impensável tornou-se a ortodoxia da geologia do dia-a-dia: um globo de placas gigantescas mudando de lugar, às vezes, rapidamente (placas tectônicas)." Adaptado de: HOBSBAWN, E. ERA DOS EXTREMOS. O BREVE SÉCULO XX : 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.530.

Todas as alternativas contêm afirmações que podem ser comprovadas pelo texto, EXCETO a) A teoria da deriva continental foi, por muito tempo, considerada inaceitável por se desconhecer o mecanismo geofísico que pudesse explicá-la. b) A teoria das placas tectônicas é considerada, atualmente, a explicação mais aceitável e defensável sobre a posição das massas continentais e a configuração da litosfera. c) As evidências de que as terras emersas se deslocavam lateralmente sugeriram a teoria segundo a qual a litosfera era formada por várias placas, em vez de uma única, imóvel sobre o manto. d) O relato sobre a aceitação de uma nova teoria sugere que observações, embora inexplicáveis pelo conhecimento científico de uma época, são prontamente, aceitas pelos cientistas. 8. Analise a figura.

"Physical Geography" - a landscape appreciation. New Jersey: Prentice Hall, 1996. p. 10. FONTE: Adaptado de McKNIGHT, T.L. Em X e Y, indicados nessa figura, estão representadas duas feições de relevo. Com relação a essas feições, é CORRETO afirmar que a) X foi formada em conseqüência da separação de placas tectônicas e Y, em conseqüência da colisão delas. b) X e Y foram formadas em conseqüência da separação de placas tectônicas. c) X foi formada em conseqüência da colisão de placas tectônicas e Y, em conseqüência da separação delas. d) X e Y foram formadas em conseqüência da colisão de placas tectônicas.

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9. Considere as informações a seguir sobre a tectônica de placas: I - A crosta terrestre é formada por várias placas litosféricas, que se movem umas em relação às outras, sendo carreadas por lentas correntes de convecção existentes na astenosfera. II - O Japão, localizado na Placa Eurasiana, desenvolve avançadas tecnologias em construção civil, já que sua borda oriental é uma das regiões de maior incidência de terremotos, tsunamis e vulcões. III - Os limites de contato entre as placas tectônicas são de três tipos: convergentes, divergentes e transformantes. IV - A fossa mesoceânica constitui uma fratura que se estende paralelamente às cristas mesoceânicas, enquanto a fossa submarina é um depressão longa e estreita que ocorre junto à margem ativa dos continentes. Assinale a opção que contém as afirmativas corretas. a) Apenas I, II e III. b) Apenas I, II e IV. c) Apenas I, III e IV. d) Apenas II, III e IV. e) I, II, III e IV. 10. Analise o mapa a seguir:

A distribuição espacial dos terremotos apresentada no mapa coincide com a) áreas de expansão do assoalho oceânico. b) dorsais oceânicas. c) limites divergentes de placas tectônicas. d) margens continentais passivas. e) zonas de colisão de placas tectônicas. 11. Sobre as rochas existentes na natureza, podemos afirmar: a) As rochas ígneas ou magmáticas são resultantes da solidificação do magma no interior da Terra ou da solidificação do magma em forma de lava expelido pelos vulcões

b) O carvão mineral é um exemplo de rocha magmática intrusiva c) As rochas metamórficas são resultantes da erosão de rochas magmáticas d) As mudanças de pressão são responsáveis pela transformação de rochas metamórficas em rochas sedimentares e) As rochas sedimentares se apresentam em camadas, onde as mais baixas são as mais recentes e as de cima são as mais antigas 12. Diferencie o processo de formação das rochas magmáticas intrusivas e extrusivas. Faça uma ilustração. 13. Veja a tira a seguir.

Fonte: MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. "Geografia para o ensino médio": Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002. p. 467. Sobre as rochas pode-se afirmar que ( ) as rochas ígneas ou magmáticas formam-se pelo resfriamento e solidificação do magma. ( ) o arenito, utilizado na correção de acidez do solo, é uma rocha dita sedimentar, pois sua formação está ligada à ação da temperatura e da pressão em rochas preexistentes. ( ) as rochas sedimentares são formadas pelo acúmulo de sedimentos de outras rochas. ( ) o basalto, utilizado na construção civil, é um exemplo de rocha ígnea extrusiva, formada com o magma das erupções vulcânicas.

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ANEXO 4 - GEOMORFOLOGIA 1. A Geomorfologia é uma disciplina de apoio à Geografia na interpretação das condições do espaço geográfico. Neste sentido, está correto afirmar que a Geomorfologia: a) analisa as condições de oscilações de temperatura e distribuição das chuvas. b) avalia a qualidade e quantidade de minerais disponíveis nas rochas. c) estuda as formas do relevo terrestre e os diferentes processos erosivos e deposicionais. d) pesquisa as diferentes formações vegetais e sua distribuição espacial. e) contribui para a identificação e quantificação dos mananciais de águas subterrâneas. 2. "O relevo, como um dos componentes do meio natural, apresenta uma diversidade enorme de tipos de formas. Essas formas, por mais que possam parecer estáticas e iguais, na realidade são dinâmicas e se manifestam ao longo do tempo e do espaço de modo diferenciado, em função das combinações e interferência múltiplas dos demais componentes do estrato geográfico." (ROSS. Jurandyr L. S. "GEOMORFOLOGIA - ambiente e planejamento". São Paulo: Contexto, 1991). Considerando o enunciado acima sobre relevo, é correto afirmar: ( ) Existe uma relação estreita entre tipos de formas do relevo com os solos e estes com a litologia e o tipo climático atuante. ( ) A interpretação do relevo atual ocorre pela identificação e correlação das formas com os processos recentes e pretéritos, responsáveis por tais modelados. ( ) É resultado da atuação de duas forças opostas - a endógena e a exógena - sendo que as primeiras são geradoras das grandes formas estruturais do relevo e as segundas são as responsáveis pelas formas esculturais. ( ) As bacias sedimentares são formadas por espessos pacotes de magma solidificado, resultantes de sucessivos processos vulcânicos que ocorreram em diversas partes da Terra ao longo de milhões de anos. ( ) No que se refere à esculturação do relevo nas áreas tropicais quentes e úmidas, a ação química da água e do calor tem importância decisiva nos processos de desgaste. ( ) As formas do relevo brasileiro têm como mecanismo genético, de um lado, as formações

litológicas antigas, e de outro, os processos mais recentes associados à movimentação das placas tectônicas e ao desgaste erosivo de climas anteriores. 3. A dinâmica do relevo é o resultado da combinação dos processos que ocorrem no interior da Terra (endógenos), com os que ocorrem no ambiente de contato da litosfera com a atmosfera e a hidrosfera (exógenos). Em relação a esta afirmação, assinale a alternativa correta. a) As teorias da Deriva Continental e da Tectônica de Placas são fundamentais na explicação das avalanches e dos escorregamentos nas montanhas. b) A orogênese explica os diversos aspectos da ação das forças externas, resultantes das intervenções ambientais realizadas pelas sociedades humanas. c) Os escudos cristalinos de origem endógena são os terrenos mais antigos da crosta terrestre, sendo que no Brasil abrangem cerca de 3,5% do território nacional. d) Nas áreas de relevo inclinado, o processo de erosão é acelerado pela presença da cobertura vegetal de grande porte. e) Os processos exógenos geram, através do intemperismo das rochas, o sedimento que, quando formado junto à rocha matriz, é denominado depósito eluvial (produto da decomposição de rochas, que permanecem no mesmo lugar). 4. A rigidez que a superfície da Terra apresenta é apenas aparente. Na realidade, a estrutura sólida, sustentáculo das ações humanas, tem uma dinâmica que faz com que ela se modifique permanentemente. (...) O dinamismo da superfície da Terra é fruto da atuação antagônica de duas forças ou duas fontes energéticas - as forças endógenas ou internas e as forças exógenas ou externas. (J.L.S. Ross (Org.), "Geografia do Brasil".) Dentre as forças externas, temos as categorias pluvial e eólica, que correspondem, respectivamente, à ação de a) rios e ventos. b) rios e sol. c) geleiras e rios. d) chuvas e ventos. e) chuvas e sol. 5. O relevo das terras emersas é extremamente diversificado. Nesse relevo, o que se denomina de

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DOBRAMENTOS MODERNOS OU RECENTES corresponde a: a) depressões absolutas. b) depressões relativas. c) bacias sedimentares. d) cadeias montanhosas. e) dorsais submarinas. 6. Observe no mapa as margens do Mar Vermelho, a costa nordeste da África e a costa arábica. Essa observação nos permite deduzir que as terras continentais racharam, se abriram e se afastaram, deslocando-se em direções opostas e possibilitando a formação e a expansão do mar.

(Adaptado de COELHO, Marcos de Amorim. "Geografia geral". São Paulo: Moderna, 1997.) A respeito da movimentação das placas da litosfera, assinale a alternativa correta: a) As cordilheiras meso-oceânicas ou dorsais se formam sobre os locais de colisão entre placas tectônicas de diferentes densidades. b) A movimentação das placas que se afastam nas margens opostas de um mar, como no caso do Mar Vermelho, está relacionada com a dinâmica das correntes marinhas na região. c) A área mais estável de uma placa tectônica é o seu centro, como no caso da localização do Brasil, distante das duas bordas das placas, por isso mesmo, livre de grandes terremotos e de atividade vulcânica na atualidade. d) As fossas oceânicas e seu mundo abissal, desprovido de luz e com raras formas de vida, marcam os locais onde a nova crosta é gerada a partir da emissão do magma e da expansão do assoalho marinho e o conseqüente afastamento dos continentes.

7. Com base no esquema: a. explique o que é uma zona de subducção b. formação da cordilheira c. localize em que posição se encontra o território brasileiro e qual sua condição tectônica. 8. Analise o gráfico.

O gráfico representa a evolução de uma área continental adjacente a um limite de placas tectônicas em colisão. A área continental é soerguida ao longo do tempo geológico. Com base na análise do gráfico, pode-se afirmar que todas as alternativas estão corretas, EXCETO a) A curva A representa uma taxa de soerguimento maior que a taxa de erosão. b) A curva B representa uma taxa de soerguimento igual à taxa de erosão. c) A curva C representa uma taxa de soerguimento menor que a taxa de erosão. d) A evolução do relevo durante o intervalo de tempo T1 correlaciona-se a um fenômeno orogenético. e) A evolução do relevo durante o intervalo de tempo T2‚ correlaciona-se ao aumento da velocidade de colisão das placas tectônicas.

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9. No esquema a seguir, aparecem lacunas a serem preenchidas em 1, 2, 3 e 4.

Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE essas lacunas: a) 1-Externos, 2-Internos, 3-Vulcanismo, 4-Intemperismo. b) 1-Internos, 2-Intemperismo, 3-Externos, 4-Vulcanismo. c) 1-Terremotos, 2-Erosão, 3-Vulcanismo, 4-Tectonismo. d) 1-Internos, 2-Externos, 3-Vulcanismo, 4-Intemperismo. e) 1-Externos, 2-Internos, 3-Intemperismo, 4-Vulcanismo. 10. O relevo terrestre, conjunto de formas apresentadas pela litosfera, "[...] é fruto da atuação de duas forças opostas - a endógena (interna) e a exógena (externa)". ROSS, J. L. S. (org). "Geografia do Brasil". São Paulo: Edusp, 1995, p.33. Sobre os processos endógenos ativos de estruturação do relevo, pode-se afirmar que I - os movimentos epirogenéticos são responsáveis por falhamentos na crosta terrestre. II - os abalos sísmicos são provocados por processos de lixiviação e laterização do solo. III - os dobramentos são resultantes de pressões horizontais em estruturas rochosas. IV - os vulcanismos são mais comuns em áreas de contato entre as placas tectônicas. Quanto às afirmações acima, são verdadeiras apenas a) I, II e IV. b) I, II e III. c) II, III e IV. d) I, III e IV.

11. A foto e a figura representam um mesmo fenômeno.

Trata-se de: a) intrusão magmática. b) dobra tectônica. c) sinclinal ascendente. d) falha geológica. e) anticlinal descendente. 12. O solo pode ser formado pela decomposição e/ou desagregação de rochas a partir do intemperismo. Assinale F/V nos itens abaixo: I. Nas regiões de clima semi-árido, onde as chuvas são escassas, predomina o intemperismo físico na formação dos solos; nesse caso, os solos são rasos. ( ) II. Os solos pedregosos se formam devido à intensa decomposição das rochas, gerada pelos altos índices pluviométricos. ( ) III. Nas regiões de climas tropicais, as chuvas exercem papel decisivo na formação dos solos, o intemperismo químico atua com maior intensidade na decomposição das rochas. ( ) IV. As fortes chuvas, existentes nas regiões de clima equatorial, favorecem o desenvolvimento de solos argilosos e rasos, como o da floresta amazônica. ( ) 13. Os processos exógenos são responsáveis pelo modelado do relevo terrestre e sua atuação varia de acordo com o clima. Portanto, é correto afirmar que: a) é muito comum, em áreas de clima tropical, a presença de solos profundos, em virtude da intensa ação de intemperismo químico.

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b) em áreas desérticas, a grande amplitude térmica entre o dia e a noite dificulta a meteorização física. c) em área de clima equatorial, o processo de intemperismo químico é mais lento, por não existirem grandes oscilações térmicas diárias. d) a má infiltração e má drenagem da água em áreas de clima de altas montanhas favorecem tanto o intemperismo químico como a erosão. e) em áreas de clima polar, a ação do intemperismo químico se faz mais presente em virtude do congelamento da água que se expande em seu volume. 14. Intemperismo é o nome que se dá ao conjunto de processos que modificam as rochas, fragmentando-as (intemperismo físico) ou alterando-as (intemperismo químico). O predomínio de um tipo em relação a outro, nas diversas regiões da Terra, vai depender das temperaturas, combinadas ao volume das precipitações e do estado físico da água. Observando o mapa (fig. 1), é correto afirmar que nas regiões A, B e C, há predomínio, respectivamente, do intemperismo:

15. Com base no gráfico, explique o processo de meteorização das rochas nas diferentes

latitudes e tipos climáticos observados.

16. No mapa a seguir estão assinaladas regiões que apresentam uma forma de relevo constituída por:

a) dobramentos antigos com rochas do arqueano e do alonquiano. b) desdobramentos terciários, surgidos inclusive pelo deslocamento dos continentes. c) consolidação do magma, após intensas erupções ocorridas no quaternário. d) rochas sedimentares que, pela erosão, transformaram-se em planaltos. e) levantamentos pré-cambrianos, intensamente trabalhados por glaciais. 17. Em relação às rochas e aos minerais da crosta terrestre, é correto afirmar (V/F): ( ) De acordo com a origem, as rochas são classificadas em ígneas, sedimentares e metamórficas, ( ) Os depósitos de carvão e petróleo estão relacionados às rochas sedimentares. ( ) As rochas metamórficas resultam da deposição de detritos no fundo do mar. ( ) A crosta terrestre é composta, predominantemente, por montanhas cenozóicas. ( ) As rochas sedimentares são resultantes da ação de temperaturas e pressões elevadas no interior da crosta terrestre. ( ) O basalto é um exemplo de rocha ígnea.

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18. Observe o mapa.

I. Juntando-se as três legendas que representam as mais baixas altitudes do relevo brasileiro, é possível afirmar que a maioria dessas terras apresenta a) altitudes sempre superiores a 800 metros. b) altitudes inferiores a 800 metros. c) planaltos com altitudes maiores que 800 metros. d) planícies com altitudes em torno de 800 metros. e) altitudes médias superiores a 800 metros. II. As mais baixas altitudes posem ser associadas a quais tipos de relevo? Caracterize-o. 19. Um estudante de Geografia, durante a elaboração de trabalho escolar que tratava do relevo brasileiro, encontrou, em um livro didático, esta definição: Planalto: Relevo plano e alto, situado acima dos 1.000 m de altitude, cuja formação ocorreu no Pré-Cambriano. Nesse relevo, os processos de erosão superam os de acumulação de sedimentos. Considerando-se esse tipo de relevo, conclui-se que essa definição está a) CORRETA, uma vez que os planaltos, no Brasil, se situam acima dos 1.000 m de altitude. b) CORRETA, uma vez que os planaltos foram esculpidos por processos bastante antigos, que, na escala do tempo geológico, ocorreram no Pré-Cambriano.

c) INCORRETA, uma vez que atuam, nos planaltos, processos de acumulação de sedimentos, que superam os de erosão. d) INCORRETA, uma vez que o modelado dos planaltos - ou seja, sua forma - nem sempre é plano. 20. Em setembro de 2004, os jornais brasileiros divulgaram a notícia referente a uma nova medição realizada em algumas das mais altas montanhas do Brasil. Houve alterações nos valores das altitudes registradas, em relação às que se realizaram em 1960. Assim, o Pico da Neblina e o Pico 31 de Março são cerca de vinte metros mais baixos do que se acreditava, contudo, continuam sendo as duas mais altas montanhas do país. As diferenças verificadas se devem aos métodos: antes se usava o barômetro, que permitia, pela verificação das diferenças de pressão atmosférica, estimar as altitudes. Agora, as medições se realizaram mediante o uso de GPS, um sistema de posicionamento global, que, com a ajuda de satélites, indica as coordenadas geográficas de um determinado ponto, bem como a sua altitude. As montanhas mais altas do Brasil estão localizadas: a) No litoral paulista, entre São Paulo e Santos, na Serra do Mar. b) Na Amazônia, na divisa do Amazonas com a Venezuela. c) No extremo oeste do país, no Acre, na divisa com o Peru. d) Na região do Planalto Central, na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia. e) Em Minas Gerais, na Serra da Mantiqueira. 21. Observe a figura a seguir, que representa uma paisagem com modificações nas suas formas de relevo.

Fonte: SUERTEGARAY, D. (org.). "Terra: feições ilustradas". Porto Alegre: UFRGS, 2003. Com base na figura e no comportamento dos processos geomorfológicos, são feitas as

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seguintes afirmações. I - Os degraus de cortes, realizados para a criação de superfícies planas necessárias à construção de moradias e arruamento, modificam a geometria e a declividade das vertentes, expondo o solo aos efeitos da ação direta dos agentes climáticos. II - As modificações ocasionadas pela ocupação humana proporcionam uma diminuição do escoamento superficial decorrente da impermeabilização da superfície pela compactação do solo. III - As alterações realizadas nas formas de relevo não alteram a estabilidade das vertentes que possuem cobertura vegetal de gramíneas e matas naturais. Quais itens estão corretos? 22. Analise os perfis 1, 2 e 3. Observe o mapa.

a) Relacione cada perfil aos traçados identificados, no mapa, com as letras a, b e c. b) Considerando a altitude, destaque a principal diferença entre eles.

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ANEXO 5 - CLIMATOLOGIA 1. Diferencie o conceito de tempo e clima. 2. "Na atmosfera primitiva faltava oxigênio livre. A vida vegetal adicionou oxigênio à atmosfera e transferiu dióxido de carbono às rochas e às águas oceânicas e continentais. A composição atual do ar atmosférico permanece estável pelo mesmo mecanismo". ("Atlas Geográfico Mundial" - Publ. "Folha de São Paulo" - Copyright Times Books and Bartholomew, 1993.) Sobre a nossa atmosfera, a afirmativa INCORRETA é: a) O oxigênio praticamente desaparece aproximadamente a 80 km de altitude. b) A maior parte dos fenômenos climáticos ocorre no nível mais alto da Troposfera. c) Compõe-se de 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de vapor d'água, gás carbônico, poluição e gases raros. d) Na atmosfera, ocorrem fenômenos meteorológicos. e) A lonosfera é uma zona de cinturões ionizados que refletem ondas de rádio de volta para a Terra. 3. A atmosfera vem a ser a camada gasosa que envolve a Terra, acompanhando-a em todos os seus movimentos. Em relação à atmosfera, podemos afirmar: ( ) em face de sua imensa espessura costuma-se dividir a atmosfera em camadas superpostas, entre as quais, as que mais interessam ao estudo do clima é a TROPOSFERA; ( ) é na MESOSFERA que encontramos o gás ozônio (O3), responsável pela filtragem da radiação ultra-violeta proveniente do sol; ( ) o gás mais encontrado na atmosfera é o oxigênio (78,07%), seguido do nitrogênio (20,95%) e do argônio (0,03%); ( ) a camada atmosférica mais baixa, em contato direto com a superfície terrestre é a TROPOSFERA, onde a quase totalidade dos fenômenos meteorológicos se originam e evoluem; ( ) o ar atmosférico tem “elasticidade”, ou seja aumenta e diminui de volume e peso devido às diferenças de temperatura, dando origem às diferenças de pressão. 4. I. Analise o quadro e as proposições a seguir:

1. A altitude não modifica o valor da pressão atmosférica. 2. A pressão atmosférica varia na razão direta da altitude. 3. O valor da pressão atmosférica média ao nível do mar é de 1013 mb. 4. A pressão atmosférica média a 35.400 metros de altitude é de 9 mb. 5. A pressão atmosférica varia na razão inversa da altitude. Estão corretos apenas os itens: _______________ II. Explique por que a pressão atmosférica aumenta, quando estamos mais perto do nível do mar. 5. Numere (influências) de acordo com os fatores do clima. 1. Latitude 2. Altitude 3. Maritimidade 4. Corrente marinha quente e fria 5. Relevo ( ) facilita ou dificulta a penetração das massas de ar para o interior dos continentes. ( ) origina clima quente e úmido ou mais frio e seco ao longo dos litorais, em diferentes latitudes. ( ) condiciona o comportamento das temperaturas médias, fazendo-as decrescerem à medida que aumenta a distância do Equador. ( ) determina redução da temperatura devido à diminuição da densidade e umidade do ar, o que prejudica a absorção do calor irradiado pela superfície. 6. Observe a figura e analise as proposições:

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( ) As brisas terrestres e marítimas são sistemas de ventos constantes causados pelas diferenças de umidade entre a superfície terrestre e a aquática. ( ) Durante o dia, a terra se aquece mais rapidamente do que a superfície aquática, provocando uma baixa pressão local em superfície, sobre o continente, com ventos soprando do mar para a Terra. ( ) A brisa marítima começa poucas horas depois do nascer do sol e é mais intensa durante o início da tarde. ( ) À noite, a terra se esfria lentamente, enquanto o mar permanece menos aquecido; o gradiente de pressão é, assim, invertido, e o vento sopra do mar para a terra. 7. Na figura abaixo, estão representadas as localizações dos grandes cinturões de ventos que sopram em tomo da Terra.

De acordo com a figura, marque a alternativa correta. a) Os ventos dominantes do oeste estão em áreas de baixas latitudes. b) Os ventos polares estão em áreas de baixas latitudes. c) O cinturão quente-calmarias está em áreas de baixas latitudes. d) Os ventos alísios estão em áreas de altas latitudes.

e) Os ventos polares e o cinturão quente-calmarias estão em áreas de mesmas latitudes. 8. As massas de ar são um dos elementos fundamentais na dinâmica da atmosfera, influindo determinantemente no tempo. Quanto às áreas de origem, elas podem ser: a) temperadas, desérticas e polares. b) marítimas, continentais e de montanhas. c) orográficas, marítimas e de planícies. d) polares, tropicais e equatoriais. e) tropicais, polares e orográfica 9. A). Na figura abaixo, indicados pelos algarismos romanos I, II e III, estão representados os três tipos de precipitações pluviais.

Aponte a alternativa que expressa corretamente a denominação das chuvas. a) I - orográfica, II - frontal e III - convectiva b) I - orográfica, II - convectiva e III - frontal c) I - convectiva, II - frontal e III - orográfica d) I - frontal, II - convectiva e III - orográfica e) I - convectiva, II - orográfica e III - frontal B) Relacione os esquemas II e III com ocorrências semelhantes no território brasileiro. 10. A distribuição da chuva pelo planeta ocorre de forma irregular. Essa distribuição depende de um conjunto de fatores como a latitude, a pressão atmosférica, a continentalidade, a maritimidade, o relevo, as correntes marítimas e as massas de ar. O gráfico a seguir mostra a distribuição média anual da precipitação e da evaporação, segundo a latitude, no globo terrestre.

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I. A análise do gráfico permite afirmar que a) Na zona equatorial e nas latitudes superiores a 40°, a precipitação supera a evaporação. b) Na zona equatorial e nas latitudes superiores a 40°, a evaporação supera a precipitação. c) Na zona polar e nas latitudes inferiores a 30°, a evaporação supera a precipitação. d) Na zona polar e nas latitudes inferiores a 30°, a precipitação supera a evaporação. e) Nas zonas tropicais, a precipitação supera a evaporação. II. Com base no gráfico anterior e nos conhecimentos sobre o assunto, pode-se afirmar que (F/V) ( ) as regiões polares, em função da alta pressão atmosférica, apresentam baixos índices de precipitação. ( ) o Hemisfério Norte tem áreas com precipitações superiores ao Hemisfério Sul, nas latitudes médias entre 40° e 60°. ( ) as áreas mais chuvosas situam-se na faixa equatorial, nas baixas latitudes sul e norte. 11. Comente a figura a seguir, explicando-a com base na distribuição das atividades econômicas e condições do quadro físico. Cite pelo menos dois exemplos que justifiquem sua argumentação.

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DO MUNDO

POR ALTITUDES

12. Analise a tabela a seguir:

Fonte: IBGE, "Brasil em Números", 1994. a) Identifique os conjuntos de cidades considerando as amplitudes térmicas e os valores de umidade relativa do ar. b) Explique o fator responsável pela distribuição e características dos dados apresentados. 13. A maritimidade é um elemento importante na dinâmica climática, pois: a) interfere na umidade atmosférica e na amplitude térmica diária e sazonal das áreas sob sua influência. b) faz com que os ventos sempre se desloquem da terra para o mar, tornando as áreas litorâneas mais secas. c) afeta as temperaturas das áreas litorâneas, tornando-se mais frias, tanto no verão como no inverno, devido à influência das correntes marítimas. d) aumenta as amplitudes térmicas devido à diferença de calor específico entre a água e a terra. e) promove uma homogeneidade climática entre o litoral e as áreas mais continentalizadas. 14. A existência de extensas áreas secas localizadas nas costas ocidentais dos continentes em: latitudes vizinhas a ambos os trópicos é determinada, essencialmente, pela a) dinâmica atmosférica controlada pela zona de convergência intertropical. b) presença de áreas de baixa pressão atmosférica. c) alternância entre massas polares e equatoriais em tais latitudes. d) presença de correntes marítimas quentes ao longo dos litorais.

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e) presença de correntes marítimas frias ao longo dos litorais. 15. De um modo geral, podemos dizer que a distribuição das chuvas é bastante irregular. São causas dessa irregular distribuição: I - diferenças de latitude. II - temperatura e pressão atmosférica das diferentes porções da Terra. III - influência do relevo. IV - influência das correntes marítimas, dos oceanos e das massas continentais. V - atuação das massas de ar. Está correta ou estão corretas: a) todas. b) apenas I. c) apenas II. d) apenas I, III e IV. e) apenas I, II e IV. 16. Em relação aos tipos de clima encontrados no continente asiático é correto afirmar que a) a disposição do relevo no sentido norte-sul facilita a penetração das massas de ar polares até as proximidades do litoral índico. b) a presença de correntes marítimas quentes e frias no litoral da Índia tornam a região muito chuvosa. c) o fato de a Ásia estender-se desde a região polar até a região equatorial permite o aparecimento de climas muito diversificados. d) a localização da China em baixas latitudes é um dos motivos da ocorrência de clima tropical no País. e) as maiores áreas de clima desértico da Ásia encontram-se situadas a leste. 17. Os climas que ocupam as porções norte e sul da África: a) mediterrâneo. b) tropical. c) árido. d) equatorial. e) semi-árido. 18. Com base em uma análise da figura a seguir, é correto afirmar que:

a) há nítida equivalência de distribuição dos continentes e oceanos nos dois hemisférios b) o hemisfério boreal, ao sul do equador, apresenta preponderância das águas oceânicas em relação aos continentes c) a maior proporção de terras ao norte do equador do que no hemisfério sul implica em diferenças climáticas entre os dois hemisférios d) a faixa de climas equatoriais abrange a América do Sul, África, Europa e Austrália 19. Observe o cartograma abaixo:

As áreas 1, 2, 3 e 4 correspondem aos seguintes conjuntos climáticos: a) 1 temperado ou subtropical, 2 tropical, 3 desértico ou semidesértico, 4 polar ou semi-polar. b) 1 temperado ou subtropical, 2 tropical, 3 polar ou semi-polar, 4 desértico ou semidesértico. c) 1 tropical, 2 polar ou semi-polar, 3 temperado ou subtropical, 4 desértico ou semidesértico. d) 1 polar ou semi-polar, 2 temperado ou subtropical, 3 desértico ou semidesértico, 4 tropical. e) 1 tropical, 2 desértico ou semidesértico, 3 polar ou semi-polar, 4 temperado ou subtropical. 20. A designação do termo "tropical" abrange grande diversidade de tipos climáticos, conforme se observa no mapa abaixo.

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a) Identifique as áreas A e B quanto à sua localização geográfica e seus respectivos tipos climáticos, utilizando a legenda parcial do mapa. b) Compare A e B quanto à amplitude térmica diária e o regime de chuvas. 21. As figuras a seguir representam a variação anual de temperatura e a quantidade de chuvas mensais em dado lugar, sendo chamadas de climogramas. Neste tipo de gráfico, as temperaturas são representadas pelas linhas, e as chuvas pelas colunas.

I. Leia e analise. A distribuição das chuvas no decorrer do ano, conforme mostrado nos gráficos, é um parâmetro importante na caracterização de um clima. A esse respeito podemos dizer que a afirmativa: a) está errada, pois o que importa é o total pluviométrico anual. b) está certa, pois, juntamente com o total pluviométrico anual, são importantes variáveis na definição das condições de umidade. c) está errada, pois a distribuição das chuvas não tem nenhuma relação com a temperatura. d) está certa, pois é o que vai definir as estações climáticas. II. Determine: (a) aproximadamente a Amplitude térmica anual em A e B (b) determine as estações do ano em A e B (em que hemisférico estão?) (c) a pluviosidade em março, abril e maio em A

(d) e pluviosidade média mensal em B 22. Observe atentamente a tabela a seguir:

Agora, relacione os dados da tabela com os tipos de clima das diferentes regiões brasileiras, assinalando a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S). ( ) Área 1 - clima equatorial - Região Norte. ( ) Área 2 - clima tropical - Região Centro-Oeste. ( ) Área 3 - clima semi-árido - Região Nordeste. ( ) Área 4 - clima subtropical - Região Sul. 23. Observando o mapa de massas de ar que atuam na América do Sul, podemos afirmar:

( ) a massa equatorial atlântica (mEa), quente e úmida, domina a parte litorânea da Amazônia e do Nordeste durante alguns momentos do ano e tem seu centro de origem no Oceano Atlântico; ( ) no verão, a massa de ar mais atuante no Brasil é a mTa, que provoca grande instabilidade no tempo e é responsável por chuvas de verão em grande parte do país; ( ) a massa polar atlântica (mPa) influencia mais os climas do Sul do Brasil, principalmente nas áreas localizadas a seguir do Trópico de Capricórnio; ( ) no verão, a mTc, que se forma no centro da América do Sul, apenas atinge uma pequena área da fronteira centro-sul do Brasil, causando elevações de temperatura;

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( ) a massa equatorial continental (mEc), quente e seca, com centro de origem na Amazônia ocidental, domina a porção noroeste da Amazônia durante praticamente todo o ano.

24. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacuna a seguir.

"Anomalias intermitentes da temperatura superficial da água do mar, ao longo da costa, podem ocorrer a cada dois anos. No entanto, a cada quatro ou cinco anos esta anomalia pode ser mais acentuada, aumentando a temperatura da água em alguns graus. A zona de água quente expande-se nestes anos, impedindo a ressurgência de águas frias ricas em nutrientes, causando a morte maciça de peixes e, por consequência, a população de pássaros é dizimada. Este fenômeno é acompanhado por chuvas intensas na região continental vizinha, resultando em enchentes e perda de colheitas. Finalmente, anomalias climáticas são registradas em regiões a milhares de quilômetros de distância."

O parágrafo anterior se refere ao fenômeno conhecido como ...................., e a região mais afetada é .................... .

a) Monções - O sudeste asiático

b) Efeito Estufa - A costa leste dos EUA.

c) El Niño - A costa do Peru e Equador

d) Monções - A África Ocidental

e) Corrente fria de Bengala – Chile

25. O El Niño tem provocado grandes transformações na dinâmica dos elementos do clima da Terra. A sua origem está relacionada à (ao)

a) estabilidade no regime dos ventos em grandes extensões oceânicas.

b) resfriamento das águas do Oceano Atlântico Sul.

c) aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial.

d) instabilidade nas correntes marítimas do Oceano Índico.

26. As teorias que explicam o fenômeno El Niño são muitas e os seus mecanismos bastante inter-relacionados. Sabe-se que é um evento periódico que ocorre geralmente em dezembro, daí a associação de seu nome ao nascimento de Cristo.

Julgue os itens a seguir, referentes aos distúrbios provocados por esse fenômeno. (F/V)

( ) Esse fenômeno refere-se a uma anomalia oceanográfica, caracterizada por súbito aumento na velocidade das correntes marítimas do Oceano Pacífico.

( ) Entre alguns dos efeitos associados ao El Niño, estão mudanças climáticas - secas e cheias - e queda na produção pesqueira.

( ) Esse fenômeno confirma a existência de complexas interações das circulações oceânica e atmosférica.

27. O tempo monção, derivado de uma palavra árabe que significa estação do ano, designa a mudança de direção e de sentido dos ventos do inverno e do verão no sul e no sudeste da Ásia.

Com o auxílio do mapa, explique a distribuição anual das chuvas, associada ao mecanismo das monções, no subcontinente indiano.

28. Sobre os ventos denominados "monções", julgue os itens a seguir.

( ) São ventos permanentes que abrangem o nordeste da Austrália e o subcontinente da Malásia.

( ) Durante o verão, no hemisfério norte (de junho a setembro), eles sopram do oceano Índico, onde há zonas de alta pressão, para o continente. Durante o inverno, os ventos partem do continente rumo ao oceano Índico.

( ) Uma das principais conseqüências das monções é a intensificação repentina da pluviosidade, favorecendo a rizicultura.

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ANEXO 6 - BIOMAS E ECOSSISTEMAS 1. A questão está relacionada às paisagens vegetais e ao mapa apresentados.

A) As paisagens I e II podem, ainda, ser encontradas nas áreas do mapa indicadas, respectivamente, pelos números

a) 1 e 2. b) 1 e 3. c) 2 e 4. d) 5 e 3. e) 5 e 4. B) Caracterize a fisiograficamente a paisagem I e II. 2. Após a observação do mapa a seguir, faça o que se pede.

Ross, J. L. S. (org.) "Geografia do Brasil". 4ª ed. São Paulo: Edusp, 2003, p. 133.

a) Identifique os biomas assinalados com os números I, II, III, IV e V. b) Cite uma característica da vegetação de cada um dos biomas identificados.

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3. O Presidente da República Russa de Yakutia, às margens do oceano Ártico, na Sibéria, comprometeu-se a proteger até o ano 2000 uma área de 70 milhões de hectares de ____I____ e ____II____, superfície equivalente a um quarto do território da república. A gigantesca área a ser protegida é rica em vida selvagem, mas está ameaçada por poluição decorrente de exploração mineral e pela indústria madeireira. Diversas das espécies existentes na futura reserva são consideradas localmente ameaçada, entre elas o urso-pardo ('Ursus arctos'). Fonte: Adaptado de http://www.snagricultura.org.br/meioamb02.htm Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto.

4. As áreas com maior porcentagem de fitomassa original, em relação ao total do planeta, correspondem a: a) florestas tropicais de folhas perenes/florestas temperadas/floresta boreal. b) tundras/florestas temperadas/savanas e pastos tropicais. c) florestas tropicais de folhas perenes/florestas tropicais de folhas caducas/vegetação mediterrânea. d) tundras/florestas tropicais de folhas caducas/floresta boreal. e) savanas e pastos tropicais/florestas e arbustos tropicais/vegetação mediterrânea. 5. Ao transformar uma paisagem natural, a ação antrópica normalmente modifica, em primeiro lugar, o(a) a) solo. b) relevo. c) rocha. d) vegetação. 6. Analise os perfis florestais apresentados a seguir.

A) Diferencie a estratificação dos perfis I e II B) Assinale a alternativa que identifica os perfis florestais I e II. a) Perfil I: Floresta - tropical úmida; Perfil II: Floresta - conífera; b) Perfil I: Floresta - tropical úmida; Perfil II: Floresta - tropical de folhas caducas; c) Perfil I: Floresta - boreal; Perfil II: Floresta - subtropical; d) Perfil I: Floresta - boreal; Perfil II: Floresta - tropical de folhas caducas; e) Perfil I: Floresta - mediterrânea; Perfil II: Floresta - taiga. 7. Observe o esquema para responder à questão.

Assinale a alternativa que identifica o elemento (X) retratado no esquema a) Maritimidade. b) Latitude. c) Continentalidade. d) Longitude. e) Intemperismo. 8. Os biomas compreendem grandes unidades da superfície terrestre onde vivem agrupamentos de seres vivos. A figura abaixo destaca, em negro, um dos grandes biomas da superfície terrestre, localizado nas Américas Central e do Sul.

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Assinale a alternativa que descreve corretamente as principais características desse bioma terrestre. a) Representa florestas equatoriais e tropicais, com temperaturas e umidade elevadas por todo o ano e grande biodiversidade. b) Compreende os desertos de altas latitudes, com temperaturas e umidade elevadas por todo o ano, ocupados por vegetação de arbustos. c) Refere-se às savanas localizadas em altas latitudes, com temperaturas e umidade baixas, onde se adaptam plantas xerófitas e caducifólias. d) Representa florestas temperadas localizadas nas baixas latitudes, com clima de estações pouco definidas e grande biodiversidade. e) Refere-se às tundras em baixas latitudes, com baixas temperaturas e elevada umidade, vegetação de campo e grande biodiversidade. 9. Leia com atenção o texto a seguir. "É formação vegetal característica das áreas em torno do paralelo 40°, ocorrendo em áreas de clima com quatro estações bem definidas. As espécies apresentam alto porte e são de folhas decíduas". O texto se refere a: a) coníferas. b) florestas temperadas. c) tundra. d) florestas pluviais. e) taiga.

10. I. identifique as linhas correspondentes a Temperatura e Precipitação no gráfico

II. Analisando, de forma esquemática, a relação entre temperatura e precipitação anual, em um corte do Pólo Norte ao Equador, os domínios vegetais predominante nas regiões 1, 2, 3 e 4 são: a) tundra 1, floresta temperada 2, cerrado 3, deserto 4. b) taiga 1, tundra 2, savana 3, deserto 4. c) tundra 1, taiga 2, deserto 3, savana 4. d) taiga 1, floresta temperada 2, deserto 3, savana 4. e) taiga 1, tundra 2, savana 3, cerrado 4. 11. O gráfico representa, para uma região coberta por vegetação natural, o comportamento do escoamento superficial da água a partir de um período de precipitação pluvial. A alternativa que caracteriza, corretamente, o comportamento do escoamento superficial da água pluvial após o desmatamento da vegetação natural e após a urbanização da região, é

12. Observe a figura:

MAGNOLI, D; ARAÚJO, R. "Geografia geral e Brasil paisagem e território". São Paulo: Moderna, 2001. p. 64. Pela análise da figura, numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª .

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COLUNA 1 1 - Deserto 2 - Floresta de coníferas 3 - Floresta tropical 4 - Floresta decídua 5 - Tundra ártica e alpina 6 - Campo (pradaria) COLUNA 2 ( ) Desenvolve(m)-se em clima em que ocorrem chuvas entre 750 e mais de 2.000mm e temperaturas médias anuais entre 10°C e 28°C, com estações do ano definidas. ( ) Aparece(m) em clima que apresenta temperaturas médias anuais que variam entre 4°C e 30°C, mas com totais anuais de chuva inferiores a 1.000mm. ( ) Dependente(s) da latitude, desenvolve(m)-se em clima que tem precipitações anuais entre 400mm e 2.000mm, mas sob temperaturas médias anuais entre 2°C e 18°C. ( ) Depende(m) de climas em que as temperaturas médias anuais são superiores a 24°C e as chuvas totalizam entre 1.600mm a 5.000mm por ano. ( ) Ocorre(m) em climas com precipitações inferiores a 1.200mm/ano e temperaturas médias anuais entre -10°C e 4°C. 13. Esta questão deverá ser respondida tomando-se por base a sucessão de desenhos esquemáticos a seguir, relativos ao tema COBERTURA VEGETAL DO BRASIL. Examine-os e compare-os.

( ) As três paisagens fitogeográficas (A, B e C) refletem condições ambientais similares, porém as ações de natureza antrópica sobre o ecossistema B foram bem mais intensas do que as ocorridas na paisagem A. ( ) A paisagem fitogeográfica A, pelos aspectos fisionômicos apresentados, deve corresponder a um ambiente climático do tipo tropical úmido.

( ) A paisagem fitogeográfica C, também conhecida como Mata dos Pinhais, era bastante ampla no chamado Planalto Meridional Brasileiro, ocorrendo, contudo, sob a forma de disjunções ou áreas isoladas nas porções mais elevadas das serras do Mar e da Mantiqueira. ( ) A paisagem fitogeográfica B, típica de climas subtropicais secos, surge em áreas de solos rasos e pedregosos e constitui um espaço onde se pratica intensivamente o extrativismo vegetal. ( ) As paisagens fitogeográficas A e C estão submetidas, anualmente, ao mesmo regime térmico; porém, em C as precipitações pluviométricas são superiores às que se verificam em A. 14. No trajeto destacado no mapa, predominavam, até fins do século XIX, diferentes tipos de vegetação original. Assinale a alternativa que indica a seqüência correta, segundo a direção NO-SE.

15. Identifique, entre as fotos a seguir, aquela que melhor corresponde a aspectos relativos à VEGETAÇÃO, na paisagem descrita por Guimarães Rosa em "Grande sertão: veredas". "Entre os currais e o céu, tinha só um gramado limpo e uma restinga de cerrado, de onde descem borboletas brancas...".

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16. A região do cerrado brasileiro ganhará um EcoMuseu, o primeiro a céu aberto do país, que ocupará uma área de 400 mil hectares (...) o projeto surgiu em 1977 e é baseado em similares existentes na Europa, Canadá e Estados Unidos. ("O Estado de São Paulo" - 22/08/2000) Assinale a alternativa correta sobre as características naturais do domínio do cerrado, conforme Aziz Ab'Saber:

17. Observe o quadro a seguir.

As letras A, B, C e D do quadro correspondem, respectivamente, a: a) Mata de Araucária; tropical; floresta latifoliada; planaltos com coxilhas. b) Amazônia; tropical de altitude; floresta caducifólia; planaltos tabuliformes. c) Mata de Araucária; semi-árido; florestas tropicais; planícies onduladas e planícies deprimidas alagáveis. d) Pradarias; tropical e semi-árido; manguezais; serras. e) Pradarias; equatorial úmido; floresta caducifólia; planícies.

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ANEXO 7 - OCEANOGRAFIA 1. A figura a seguir representa a distribuição das correntes oceânicas na Terra.

Adaptado de Paulo Roberto Moraes, "Geografia Geral e do Brasil". São Paulo: Harbra, 2003, p. 97. a) Por que existem correntes frias e correntes quentes nos oceanos? b) Explique a associação existente entre as correntes marítimas frias e o aparecimento de desertos em algumas costas continentais, como nos casos dos desertos do Atacama e do Calaari. c) O fenômeno da ressurgência está associado à existência das correntes marítimas. Explique por que as áreas de ressurgência são as mais piscosas dos oceanos. 2. No mapa abaixo, os números 1 e 2 indicam duas importantes correntes marítimas.

Fonte: Adaptado de FERREIRA, G.M.L. "Atlas Geográfico: espaço mundial". São Paulo: Moderna, 1988, p. 79 Assinale a alternativa que identifica e caracteriza corretamente estas correntes.

a) A corrente Sul Equatorial, indicada pelo número 1, ameniza o clima do Nordeste do Brasil e é responsável pela formação do fenômeno do "El Nino". b) A corrente quente de Falklands, representada pelo número 2, banha a costa oeste da América do Sul e contribui para a formação do clima quente e seco naquela região. c) O número 1 indica a corrente do Golfo, ou "Gulf Stream", que ameniza o clima do litoral europeu e impede o congelamento das águas do Atlântico Norte. d) O número 2 representa a corrente do Labrador, que banha a costa leste da América do Sul, resultando em um clima tropical. 3. Considere as seguintes afirmações: I - As regiões litorâneas apresentam amplitudes térmicas tão elevadas como aquelas de regiões situadas no interior dos continentes. II - Lugares situados próximos ao mar apresentam verões mais quentes e invernos mais frios que lugares de grande continentalidade. III - As águas do mar, dos oceanos e dos rios demoram mais para se aquecer e para se resfriar do que as terras continentais. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e II e) Apenas II e III 4. Para as questões a seguir use o código: a) desde que apenas estejam corretas 1 e 2 b) desde que apenas estejam corretas 2 e 3 c) desde que apenas estejam corretas 1 e 3 d) desde que todas estejam corretas e) desde que todas estejam erradas 1. Ondas e marés são movimentos oscilatórios das águas do mar 2. As marés são ocasionadas pela força de atração dos astros 3. As correntes marítimas devem-se exclusivamente ao movimento de rotação da Terra e não aos ventos e à temperatura. 5. Sobre o "tsunami", fenômeno que vitimou milhares de pessoas em dezembro de 2004, mobilizando os olhares do mundo para os limites do Oceano Índico, é correto afirmar que

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a) tem origem nos movimentos das marés, atribuídos a limites divergentes de placas, onde células convectivas do magma provocam ondas gigantes. b) é causado pelos ventos, que aumentam o poder das ondas, as quais, por sua vez, ao quebrarem na costa, avançam sobre os continentes. c) teve como causa principal o desmoronamento das encostas marítimas da Indonésia, antes cobertas pela Floresta Equatorial. d) é uma manifestação das placas tectônicas que, por estarem no fundo do oceano, ao convergirem provocam a subducção de uma das placas, causando maremotos. e) está relacionado ao deslocamento do eixo de rotação da Terra provocado pelo aquecimento global do planeta. 6. O mapa a seguir representa as correntes marítimas.

( ) As correntes marítimas são conseqüência direta do movimento de rotação da Terra. ( ) A corrente fria de Humboldt é responsável pela aridez do litoral peruano. ( ) A origem das correntes marítimas deve-se à ação do atrito dos ventos alísios, do calor do sol e do movimento de translação da Terra. ( ) O movimento das correntes marítimas se efetua na superfície, porque, em profundidade, as baixas temperaturas e a elevada salinidade impedem a formação das correntes, ficando as águas em estado inerte. ( ) Ao longo do Equador, tanto no Hemisfério Norte quanto no Hemisfério Sul, movimentam-se correntes quentes que conduzem água no sentido inverso ao da rotação da Terra. ( ) O deslocamento das correntes marítimas ocorre no sentido horário, no Hemisfério Norte, e, no anti-horário, no Hemisfério Sul. 7. O bloco diagrama representa o processo de formação de um fenômeno natural de grande

magnitude, decorrente da movimentação de placas tectônicas.

Assinale a alternativa sobre o local e as condições de movimentação das placas tectônicas e o conseqüente fenômeno natural. a) No fundo do oceano, com terremoto em profundidade, sem deslocamento do solo e propagação de ondas gigantes; tsunami. b) Em superfície, sem deslocamento do solo oceânico e propagação de ondas gigantes; maremoto. c) No fundo do oceano, com deslocamento do solo sem propagação de ondas; terremoto. d) No fundo do oceano, com terremoto em profundidade, deslocamento do solo e propagação de ondas gigantes; tsunami. e) Em superfície, com terremoto em profundidade, deslocamento do solo oceânico e propagação de ondas; maremoto. 8. Observe as figuras a seguir:

Em dezembro de 2004, após o tsunami, a população mundial passou a questionar os motivos que influenciam a ocorrência dos fenômenos naturais. Mediante a interpretação das figuras 1 e 2,

- apresente duas medidas preventivas que podem minimizar as conseqüências desse fenômeno para as populações envolvidas.

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ANEXO 8 - ÁGUAS CONTINENTAIS 1. O volume total de água existente no Sistema Terra é relativamente constante. O desenho a seguir mostra, de forma esquemática, o ciclo da água.

Analise as afirmativas a seguir: I - A precipitação (3) representa a condensação das gotículas d'água, a partir do vapor d'água existente na atmosfera, dando origem às chuvas. II - A evapotranspiração (1) é a soma da evaporação direta, causada pela radiação solar e pelo vento com a transpiração realizada pela vegetação. III - A interceptação (2) representa a condensação do vapor d'água existente na atmosfera originando as nuvens. IV - A água precipitada (4) pode se infiltrar ou escoar superficialmente, impulsionada pela gravidade. Estão corretas as afirmativas:________________ 2. O CICLO HIDROLÓGICO

MAGNOLI, D. & ARAUJO, R. "Geografia Geral e Brasil. Paisagem e Território". São Paulo: Moderna, 1997. p. 231.

A figura esquematiza o ciclo hidrológico. Os números 1, 2 e 3 representam, respectivamente, os processos de a) fluxo fluvial - escoamento - retenção. b) escoamento - fluxo fluvial - infiltração. c) evaporação - infiltração - fluxo fluvial. d) transpiração - percolação - absorção. e) absorção - retenção - interceptação. 3. Assinale a alternativa correspondente à formação do lençol freático: a) água que escoa sobre a superfície terrestre. b) água doce ou salgada acumulada nas depressões do terreno. c) água que se infiltra, indo alimentar as reservas subterrâneas. d) água que se evapora, retornando à atmosfera. e) cursos de água formados pelo derretimento de geleiras. 4. As figuras a seguir representam o ciclo hidrológico de uma bacia hidrográfica da Grã-Bretanha. A armazenagem, em cada etapa do ciclo, corresponde à área pontilhada conforme a porcentagem do total de água que processa. A espessura dos fluxos é proporcional à importância de cada etapa do fluxo da água.

FLUXO PARA OS OCEANOS (David Drew, "PROCESSOS INTERATIVOS HOMEM-MEIO AMBIENTE", São Paulo, Difel, 1986.) 1 - Armazenagem da superfície 2 - Armazenagem do solo 3 - Armazenagem subterrânea 4 - Armazenagem lacustre SITUAÇÃO 1 - Área sob utilização agrícola SITUAÇÃO 2 - Alteração no ciclo hidrológico após uma intensiva urbanização na área da bacia.

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a) Compare o armazenamento subterrâneo e o escoamento superficial nas situações 1 e 2. b) Quais as conseqüências ambientais decorrentes das mudanças observadas? 5. Observe a tabela, que contém dados de contaminação da água subterrânea em diferentes níveis de profundidade.

a) Correlacione os dados apresentados. b) Por que o percentual de contaminação é menor na água encontrada entre 21 e 30 metros de profundidade? 6.. A figura a seguir representa uma bacia hidrográfica qualquer.

Com base na figura são feitas as seguintes afirmações. I - A área hachurada da bacia hidrográfica corresponde ao interflúvio da mesma.

II - Os cursos fluviais onde estão localizados os pontos A e D são tributários do curso principal da bacia hidrográfica. III - O curso fluvial onde está situado o ponto B corresponde ao curso principal da bacia hidrográfica. IV- Os pontos C e E correspondem, respectivamente, ao baixo curso e a uma das nascentes do curso principal da bacia hidrográfica. Quais itens estão corretos? __________________ 7. Estabeleça a relação entre as colunas. 1) parte mais próxima da nascente de um rio. 2) drenagem em que as águas deslocam-se para lagos interiores. 3) drenagem em que as águas desaparecem por infiltração ou evaporação. 4) drenagem em que as águas deslocam-se para os oceanos. 5) parte de um rio mais próxima da foz. ( ) arreica ( ) alto curso ( ) endorréica ( ) baixo curso ( ) exorréica 8. Em relação às torrentes, analise a figura e as proposições a seguir:

Na(s) questão(ões) a seguir assinale os itens corretos e os itens errados. ( ) Torrentes são cursos de água permanentes produzidos por enxurradas selvagens, algumas vezes de grande violência. ( ) O n° 1 corresponde à bacia de recepção, isto é, a pequena depressão onde se concentram as águas de escoamento superficial. ( ) As águas da bacia de recepção, por efeito da gravidade, começam a descer por uma calha de seção transversal pequena e profunda, que

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corresponde ao n° 2 na figura, constituindo o canal de escoamento. ( ) O regime hidrográfico desses rios é temporário, sendo seu nível de água dependente das chuvas. ( ) O n° 3 corresponde ao cone de dejeção, onde fica acumulada grande quantidade de detritos oriundos do canal de escoamento. 9. A direção dos rios representados na figura a seguir é:

a) Noroeste / Sudeste b) Norte / Sudeste c) Nordeste / Sudoeste d) Noroeste / Sudoeste e) Norte / Sudoeste 10. Analisando a representação das diferentes altitudes e da hidrografia da área mapeada, podemos inferir que, no local assinalado pela letra A, temos:

a) um lago. b) altitudes acima de 800m. c) altitudes abaixo de 500m. d) rebaixamento do relevo e desaguadouro de rios. e) maiores altitudes e nascentes dos rios.

11. Observe o bloco-diagrama a seguir.

Adaptado de: AB' SABER, A.N. "Formas de relevo". São Paulo: Edart, 1975.

Assinale a afirmação INCORRETA com relação aos pontos numerados de 1 a 5.

a) O ponto 1 localiza-se no interflúvio, que constitui uma faixa de relevo que separa duas vertentes, as quais drenam as águas para bacias hidrográficas diferentes.

b) O ponto 2 localiza-se no talvegue, que constitui uma linha que une os pontos de maior profundidade do fundo do vale.

c) O ponto 3 localiza-se no meandro de um canal fluvial que exibe, ao longo do seu percurso, curvas sinuosas.

d) O ponto 4 localiza-se na planície fluvial, que constitui uma forma plana limitada, a montante, pelo interflúvio e, a jusante, pelo talvegue.

e) O ponto 5 localiza-se na ravina, que corresponde a uma feição de relevo que ocorre nas vertentes devido ao trabalho erosivo das águas de escoamento superficial concentrado. 12. Leia o trecho a seguir: Cerca de 97,5% de toda as águas na Terra são salgadas. Menos de 2,5% são doces e estão distribuídas entre as calotas polares (68,9%), os aqüíferos (29,9%), rios e lagos (0,3%) e outros reservatórios (0,9%). HIRATA, Ricardo. Recursos hídricos. In: TEIXEIRA, Wilson et al. (Org.). "Decifrando a Terra". São Paulo: Oficina de Textos, 2001. p. 422. Embora a água esteja presente em toda parte, como substância em diversos estados, há problemas relativos à escassez de água potável. Este fato deve-se à a) desigualdade entre a disponibilidade de água doce e o contingente populacional.

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b) grande quantidade de água doce nas calotas polares e à sua indisponibilidade ao consumo humano. c) contaminação dos mananciais e ao mau uso dos recursos hídricos. d) desigual distribuição dos aqüíferos no subsolo e às formas de captação. e) utilização dos rios de água doce para geração de energia elétrica e para a irrigação. 13. Observe o esquema e responda.

a) Considerando o início e o final do escoamento das águas, qual a denominação dada, respectivamente, às áreas localizadas próximas das letras A e B? Em qual margem do rio principal a densidade de drenagem é maior? b) Pelas características gerais deste esquema, onde seria mais viável a implantação de um núcleo urbano, na situação 1 ou 2? Justifique sua resposta. 14. Considerando as fases do ciclo da água, analise os esquemas 1 e 2.

a) Compare os processos de infiltração e escoamento nos dois esquemas. b) Aponte duas principais conseqüências da ação humana representada no esquema 2, para a qualidade do ar e para a qualidade da água. 15. A figura a seguir representa uma bacia hidrográfica qualquer. Considere que a nascente do rio principal se localiza ao norte.

Com base na figura, são feitas as afirmações que seguem. I - No ponto A, situa-se uma indústria que despeja diretamente seus efluentes no curso d'água, sendo que esta poluição afeta diretamente a propriedade rural situada no ponto C. II - Para se verificar a poluição hídrica originada nos pontos B e C, pode-se instalar uma estação de controle de qualidade d'água em E. III - Os cursos fluviais onde se localizam os pontos A e D estão situados a montante do ponto B. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 16. O mapa abaixo representa as áreas de abrangência das principais bacias hidrográficas brasileiras, numeradas de I a VII.

Assinale a alternativa que indica corretamente duas dessas principais bacias hidrográficas, conforme os espaços numerados no mapa. a) I - Bacia do São Francisco; III - Bacia do Sudeste-Sul. b) IV - Bacia Platina; VII - Bacia do Leste. c) I - Bacia Amazônica; V - Bacia do Tocantins-Araguaia.

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d) II - Bacia Platina; VI - Bacia do Leste, e) IV - Bacia do São Francisco; VII - Bacia do Sul-Sudeste. 17. Conforme observa-se no mapa a seguir, o Planalto Central está estrategicamente situado no que diz respeito à distribuição das águas fluviais brasileiras. Afinal, ele é o principal divisor de águas do país, contribuindo para a formação das principais bacias hidrográficas brasileiras.

Os rios que partem das chapadas do Planalto Central e que seguem a direção das setas indicadas e enumeradas contribuem na formação e no abastecimento das seguintes bacias respectivamente: a) 1 - Amazônica; 2 - do Nordeste; 3 - do São Francisco; 4 - do Sudeste-Sul b) 1 - Amazônica ; 2 - do Tocantins-Araguaia; 3 - do São Francisco; 4 - Platina c) 1 - do Nordeste; 2 - do Tocantins-Araguaia; 3 -do Leste; 4 - do Sudeste-Sul d) 1 - Amazônica; 2 - do Nordeste; 3 - do Leste; 4 -do Sudeste-Sul e) 1 - Amazônica; 2 - do Jaguaribe; 3 - do Tocantins-Araguaia; 4 - Platina