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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ÁREA DE MATERIAIS E PROCESSOS DE FABRICAÇÃO APOSTILA INTRODUÇÃO A ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO TRABALHO PROFESSOR: Dr. Wyser José Yamakami ILHA SOLTEIRA AGOSTO / 2013

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECNICA REA DE MATERIAIS E PROCESSOS DE FABRICAO

    APOSTILA

    INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA

    NO TRABALHO PROFESSOR: Dr. Wyser Jos Yamakami

    ILHA SOLTEIRA AGOSTO / 2013

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    1

    SUMRIO CAPITULO 1 - ASPECTOS HUMANOS, SOCIAIS E ECONMICOS DA ENGENHARIA ...6

    1.1 INTRODUO ............................................................................................................................6

    1.2 - PREVENO DE DOENAS PROFISSIONAIS ..................................................................7

    1.3 - PREVENO DE ACIDENTES DE TRABALHO................................................................8

    1.4 - SIGNIFICADO ECONMICO SOCIAL DAS DOENAS OCUPACIONAIS E ACIDENTES NO TRABALHO ..........................................................................................................9

    1.5 - HISTRICO ................................................................................................................................10

    CAPTULO 2 ACIDENTES DE TRABALHO................................................................................15

    2.1 EVOLUO DO ACIDENTE DE TRABALHO .................................................................15

    2.2 - ACIDENTE ..................................................................................................................................27

    2.3 TIPOS DE ACIDENTES DE TRABALHO ...........................................................................28

    2.4 CAUSAS DOS ACIDENTES...................................................................................................29

    A) FALTA DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANA:............................................................30

    B) RECUSA DO TRABALHADOR EM USAR O EPI: ...........................................................30

    C) IMPRUDNCIA, IMPERCIA OU NEGLIGNCIA DO TRABALHADOR: ................30

    D) DEFEITO NOS EQUIPAMENTOS E MQUINAS COM OS QUAIS SE TRABALHA:30

    E) FALTA DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO: ............................................................................................................................31

    ANEXO 1 - NR-04 - Servio Especializado em Engenharia de Segurana e Medicina do Trabalho (SESMT). ..........................................................................................................................31

    ANEXO 2 - NR-05 - Comisso Interna de Preveno de Acidentes - CIPA ...........................35

    ANEXO 3 - NR - 05 - MAPA DE RISCOS ................................................................................58

    F) ACIDENTES DE TRNSITO: .................................................................................................71

    G) FORA MAIOR, CASO FORTUITO: ...................................................................................72

    H) LCOOL, TABAGISMO E TXICOS: ................................................................................72

    2.5 - EFEITOS DO ACIDENTE SOBRE O HOMEM ...................................................................74

    2.6 - A SITUAO PREVIDENCIRIA E LEGAL DO ACIDENTADO ................................74

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    2

    2.7 - RESPONSABILIDADE CIVIL PELO ACIDENTE .............................................................76

    2.8 - LEGISLAO BSICA PREVENTIVA DE SEGURANA DO TRABALHO ............77

    CAPTULO 3 LEGISLAO ............................................................................................................85

    3.1- HIERARQUIA DAS NORMAS JURDICAS:........................................................................85

    3.1.1 - PRIMEIRAS LEIS TRABALHISTAS: ............................................................................86

    3.2 - ETAPAS DO INQURITO POLICIAL DE ACIDENTE DE TRABALHO COM MORTE: ................................................................................................................................................87

    CAPTULO 4 - NORMALIZAO .....................................................................................................89

    4.1- ORGANISMOS NORMATIVOS:.............................................................................................89

    4.1.1 - ISO - International Standart Organization ........................................................................89

    4.1.2 - COPANT - Comisso Pan-americana de Normas Tcnicas...........................................89

    4.1.3 - ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas.......................................................90

    4.2 - PREPARO DO PROJETO DE NORMA TCNICA:...........................................................94

    4.3 - TIPOS DE NORMAS TCNICAS: .........................................................................................96

    4.3.1- Procedimento (N) (NB): .......................................................................................................96

    4.3.2 - Especificaes (E) (EB) ......................................................................................................96

    4.3.3 - Metodologia (M) (MB)........................................................................................................96

    4.3.4 - Padronizao (P) (PB) .........................................................................................................96

    4.3.5 - Outros tipos de Normas:......................................................................................................96

    4.4 ESTRUTURAS DAS NORMAS .............................................................................................98

    CAPITULO 5 - ANLISE E COMUNICAO DO ACIDENTE DE TRABALHO .................99

    5.1 - COMUNICAO DE ACIDENTES: .....................................................................................99

    5.2 - FICHA DE ANLISE:.............................................................................................................100

    5.3 - RELATRIO DO ACIDENTE DE TRABALHO: ..............................................................100

    5.4 - FICHA ANALTICA E QUADRO ESTATSTICO:...........................................................100

    CAPITULO 6 - CADASTROS DE ACIDENTES ............................................................................102

    6.1 - AVALIAO DOS RESULTADOS: ...................................................................................102

    6.2 - COEFICIENTES DE FREQNCIA (CF): .........................................................................102

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    3

    6.3 - COEFICIENTE DE GRAVIDADE (CG):.............................................................................103

    6.4 - TABELA DE DIAS DEBITADOS: .......................................................................................104

    6.5 - NDICE DE AVALIAO DA GRAVIDADE (IAG): ......................................................105

    6.6 - AVALIAO DO SISTEMA CONVENCIONAL DE ANLISE DE ACIDENTES: .105

    CAPTULO 7 - CUSTO TOTAL DOS ACIDENTES......................................................................108

    CAPTULO 8 - PREVNO DE INCNDIOS .............................................................................133

    8.1 - INTRODUO:........................................................................................................................133

    8.2 - INCNDIO: ............................................................................................................................... 133

    8.2.1 - Causas dos Incndios .........................................................................................................133

    8.2.2 - Como Apagar um Incndio ...............................................................................................134

    8.3 - CLASSES DE FOGO: ..............................................................................................................134

    8.4 - DISPOSITIVOS DE COMBATE A INCNDIOS: ............................................................134

    8.4.1 - Sistema de alarme: .............................................................................................................134

    8.4.2 - Rede de hidrantes: ..............................................................................................................134

    8.4.3 - Sistemas de Sprinklers:......................................................................................................134

    8.4.4 - Extintores (dispositivos portteis): ..................................................................................135

    CAPTULO 9 - VENTILAO INDUSTRIAL ...............................................................................137

    9.1 - DEFINIO ..............................................................................................................................137

    9.2 - TIPOS DE VENTILAO......................................................................................................137

    9.2.1 - Insuflao e Exausto Naturais ........................................................................................137

    9.2.2 - Insuflao Mecnica e Exausto Natural ........................................................................137

    9.2.3 - Insuflao Natural e Exausto Mecnica ........................................................................137

    9.2.4 - Insuflao E Exausto Mecnica......................................................................................138

    9.3 - PROPRIEDADES DO AR.......................................................................................................138

    9.4- ALGUNS CONCEITOS DE FENMENOS DE TRANSPORTE .....................................139

    9.4.1- Presso Esttica: ..................................................................................................................139

    9.4.2 - Presso de Velocidade:......................................................................................................139

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    4

    9.4.3 - Equao da Conservao de Energia ...............................................................................140

    9.4.4 - Duto Circular Versus Duto Retangular ...........................................................................141

    9.5 - VENTILAO GERAL DILUIDORA .................................................................................146

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    5

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Organograma do Acidente de Trabalho........................................................................28

    Figura 2 Embriaguez ..................................................................................................................73

    Figura 3 Efeitos do acidente sobre o homem .............................................................................74

    Figura 4 - Elaborao de uma norma.............................................................................................95

    Figura 5 - Estrutura de uma norma................................................................................................98

    Figura 6 - Grupo de leses.............................................................................................................99

    Figura 7 - Comunicao de um acidente .....................................................................................101

    Figura 10 - insuflao e exausto mecnica ................................................................................138

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    6

    CAPITULO 1 - ASPECTOS HUMANOS, SOCIAIS E ECONMICOS DA ENGENHARIA

    1.1 INTRODUO

    Na Amrica Latina observa-se que os governos utilizam como principal recurso para sair

    da etapa de subdesenvolvimento um acelerado processo de industrializao em curto prazo.

    Embora este processo de industrializao traga inegveis benefcios econmicos, traduzidos em

    progressivos aumentos da renda per capita e da, melhores nveis de vida para a populao desses

    pases, necessrio se considerar conjuntamente com esses positivos benefcios econmicos, a

    agresso constante a que est exposto o homem em seus meios de trabalho e sua comunidade. De

    outra forma, deve entender-se que antieconmico buscar o desenvolvimento industrial de um

    pas, sem resolver as conseqncias sanitrias e sociais que este traz consigo. Obtm-se um

    resultado final negativo, quando se verifica que o custo das enfermidades e acidentes, superam

    os novos bens produzidos.

    A engenharia de Segurana deve ter como responsabilidade primria a preveno de

    doenas ocupacionais (ou profissionais) e acidentes no trabalho. O pessoal mdico complementa

    a ao preventiva e de controle, nessas reas especficas.

    matria fundamental estudar o binmio homem-ambiente de trabalho, reconhecendo,

    avaliando e controlando os riscos que possam afetar a sade dos trabalhadores. Nesse sentido, ao

    considerar-se a preveno e reduo de riscos para a sade dos trabalhadores deve praticar-se o

    princpio estabelecido pela OIT ao declarar que: Segurana e Higiene no trabalho so conceitos

    individuais e devero ser tratados como dois aspectos de um mesmo problema, isto , o da

    proteo dos trabalhadores.

    Indubitavelmente, os programas de proteo para a sade dos trabalhadores devem

    condicionar-se a serem planejados levando em conta no s a preveno de acidentes e doenas

    profissionais, mas tambm a proteo, fomento e conservao da sade no sentido mais amplo

    como definido pela OMS: A sade um estado de completo bem estar fsico, mental e social, e

    no somente a ausncia de afeces ou enfermidades. Logo, a responsabilidade pela vida e

    sade dos trabalhadores est ligada ao trinmio Estado-Empresa-Trabalhador, j que os efeitos

    sobre a sade se manifestam nesses trs componentes.

    ASPECTO SOCIAL: Para ilustrar o efeito dos acidentes de trabalho sobre a sociedade,

    um exemplo dado a seguir. Supondo que um homem viva at os 60 anos, trabalhando dos 15

    aos 50 anos (35 anos de trabalho). Quando criana ou aposentado sua produtividade negativa,

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    7

    enquanto sua produo de 10 unidades produtivas / ano no perodo em que trabalha. O

    consumo durante toda sua vida de 5 unidades produtivas / ano. Verificando-se o saldo de sua

    produo em toda sua vida tem-se:

    S = 35 x 10 - 60 x 5 = + 50 unidades produtivas / ano

    Supondo que este indivduo sofresse um acidente de trabalho aos 30 anos diminuindo sua

    produo para 5 unidades produtivas / ano, o saldo final seria:

    S = (30 - 15) x 10 + (50 - 30) x 5 - 60 x 5 = - 50 unidades produtivas / ano

    Destacam-se ainda outros problemas sociais decorrentes dos acidentes de trabalho, tais

    como: desemprego, a delinqncia, a mendicncia, etc.

    ASPECTO HUMANO: Para avaliar os danos causados ao ser humano devido aos

    acidentes de trabalho faz-se a seguinte pergunta: - Quanto vale a vida de um homem?. So

    muitos os acidentes que levam a morte ou deixam seqelas que impossibilitam ou dificultam o

    retorno do homem ao trabalho, tendo como conseqncia a desestruturao do ambiente familiar,

    onde tais infortnios repercutem por tempo indeterminado. Lembra-se aqui que o "homem a

    maior riqueza de uma nao".

    ASPECTO ECONMICO: O acidente de trabalho reduz significativamente a produo

    de uma empresa, alm de representar uma fonte de gastos como: remdios, transporte, mdico,

    etc. O prejuzo econmico decorre da paralisao do trabalho por tempo indeterminado, devido a

    impossibilidade de substituio do acidentado por um elemento treinado para aquele tipo de

    trabalho e, ainda, a influncia psicolgica negativa que atinge os demais trabalhadores e que

    interfere no ritmo normal do trabalho, levando sempre a uma grande queda da produo. O

    trabalhador tambm sofre com este prejuzo, apesar da assistncia e indenizaes recebidas

    atravs da Previdncia Social, pois isto no lhe garante necessariamente o mesmo padro de vida

    mantido at a ento. Aqui se encontra um bom motivo para se investir na preveno de acidentes

    de trabalho.

    1.2 - PREVENO DE DOENAS PROFISSIONAIS

    fundamental prestar ateno apropriada limpeza, higiene e demais fatores que

    acondicionam os lugares de trabalho, para evitar as doenas profissionais. O estudo das doenas

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    8

    ocupacionais, suas causas e efeitos, levam a desenvolver tcnicas de preveno que junto podem

    produzir um maior bem-estar do trabalhador, e da, um aumento da produo.

    O controle das doenas ocupacionais compete primariamente ao pessoal de engenharia

    que, ao determinar a magnitude dos riscos, conhecer a toxicologia das substncias qumicas e os

    efeitos sobre a sade dos demais fatores que acondicionam o ambiente de trabalho, esto em

    posio adequada para aplicar os diversos mtodos e equipamentos de controle. O pessoal

    mdico ajuda, para um melhor xito, o controle das ditas doenas por meio de exames mdicos

    pr-admissionais, peridicos e de diagnstico precoce, pela seleo e colocao dos operrios de

    acordo com suas habilidades e adequao pessoal, pela educao e ensino de hbitos de higiene

    pessoal. Alm disso, necessrio contar com a cooperao das gerncias e dos trabalhadores

    para assegurar um contnuo interesse, superviso, inspeo e manuteno das prticas de

    controle.

    Em geral, o controle dos riscos para a sade dos trabalhadores obedece a uma srie de

    princpios bsicos. Na maioria dos casos um eficiente controle se pode obter ao aplicar uma

    combinao de medidas e em sua aplicao o denominador comum vem a ser a educao

    sanitria; fica implcito considerar tambm a boa operao e melhor manuteno dos

    componentes mecnicos selecionados.

    Entre os princpios bsicos utilizados na reduo dos riscos industriais, tem-se: ventilao

    geral, ventilao local exaustora, substituio de materiais, mudana de operaes e/ou

    processos, trmino de operaes, diviso de operaes, equipe de pessoal, manuteno, ordem e

    limpeza

    1.3 - PREVENO DE ACIDENTES DE TRABALHO

    A preveno de acidentes o propsito primrio de um programa de segurana,

    permitindo a continuidade das operaes e a reduo dos custos de produo. Dessa forma, a

    preveno de acidentes industriais, no s um imperativo social e humano, como tambm um

    bom negcio. Como prevenir, significa impedir um evento, tomando medidas antecipadas, a

    anlise causal dos acidentes o mais importante passo na preveno dos mesmos.

    Est amplamente demonstrado, que os acidentes na indstria tm uma causa e podem ser

    prevenidos. As causas gerais dos acidentes so:

    As condies inseguras

    Equipamento defeituoso, falta de protetores,

    iluminao e ventilao inadequada, desordem e sujeira,

    falta de espao, falta de equipamento de proteo individual

    e/ou coletiva adequado, etc.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    9

    Os atos inseguros

    Negligncia, excesso de confiana, ignorncia,

    preocupaes alheias ao trabalho, imprudncia, impercia,

    falta de superviso, ordens mal entendidas ou mal

    executadas, temor, falta de cooperao, etc.

    As atitudes inseguras Indiferena segurana, falta de interesse, etc.

    As formas universais de sua preveno, uma vez conhecidas as causas mediante a anlise

    e investigao dos acidentes so:

    Engenharia

    Esta supe uma inspeo e reviso cuidadosa das

    condies inseguras. Alm disso, implica numa reviso

    dos processos e operaes que contribuem ao

    melhoramento da produo. Nesse aspecto interessante

    notar a importncia que tem as sugestes do pessoal

    mais experimentado.

    Treinamento e educao

    Isto implica o conhecimento das regras de

    segurana, anlise de funo, o treinamento e

    desempenho da funo, instrues sobre primeiros

    socorros e preveno de incndios, conferncias aos

    supervisores, a educao profissional, a propaganda por

    meio de cartazes, sinais, avisos e quadros de segurana,

    concursos e campanhas organizadas, publicaes, etc.

    Medidas disciplinares

    Constituem um ltimo recurso e no so bem

    aceitos. O problema no consiste em achar um culpado,

    mas modificar os atos inseguros e atitudes inseguras do

    pessoal, por meio de treinamento e propaganda para

    evitar acidentes. Em outras palavras, fundamental criar

    a mentalidade de segurana entre o pessoal.

    Verifica-se que segurana no somente um problema pessoal (humano), mas que

    implica em engenharia, planejamento, produo, estatsticas, conhecimento das leis de

    compensaes e a habilidade de vender o programa gerncia e aos trabalhadores.

    1.4 - SIGNIFICADO ECONMICO SOCIAL DAS DOENAS OCUPACIONAIS E ACIDENTES NO TRABALHO

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    10

    Os danos e custos que produzem os acidentes e doenas ocupacionais na indstria

    brasileira so de tal magnitude que as prprias indstrias devem compreender a necessidade de

    preveni-los. Antes dessa necessidade o governo estabelece a obrigatoriedade para que as

    empresas disponham de servios especializados em segurana, higiene e medicina do trabalho,

    com o propsito de evitar os acidentes e doenas ocupacionais e em conseqncia as perdas que

    ocasionam.

    Sem dvida alguma, as doenas gerais oferecem um srio obstculo ao desenvolvimento

    scio-econmico de um pas, porque debilitam o trabalhador e restringem sua capacidade

    produtiva. Hoje, j sabe-se que um bom nmero de trabalhadores, por no disporem de

    adequadas condies de saneamento, precrias habitaes, com alimentao deficiente de

    protenas e vitaminas, com baixssima renda, com pouqussima ou nenhuma instruo em

    matria de higiene e expostos doenas contagiosas, participam indubitavelmente do clssico

    crculo de Winslow, ou seja: a pobreza gera a doena e essa produz a pobreza.

    Outro aspecto fundamental que incide negativamente na economia do pas o fato de que

    os acidentes e doenas ocupacionais reduzem a capacidade de produo da fora mais valiosa de

    uma nao que a populao economicamente ativa, reduzindo-se a gerao de riqueza por

    incapacidade e/ou morte de um jovem trabalhador.

    Alguns pases criam leis dando aos trabalhadores compensaes monetrias pelo trabalho

    com txicos ou tarefas insalubres, ou lhes concedem jornadas reduzidas de trabalho, aumento de

    dias de frias, ou diminuio dos anos necessrios para a aposentadoria. Todas essas medidas

    no contribuem para a soluo dos problemas, afetam profundamente os custos e a produtividade

    ao subtrair uma quantidade enorme de jornadas de trabalho de pessoal experimentado. Prevenir

    ainda o melhor remdio.

    Segurana no Trabalho: a funo que tem por objetivo o estudo e a implementao de

    medidas que visam eliminar ou controlar os riscos existentes na execuo do trabalho, sejam eles

    relativos ao ambiente ou decorrentes de atitudes humanas, propiciando, dessa forma a eliminao

    dos acidentes ou, pelo menos, a reduo de sua freqncia e gravidade e conseqentemente a

    manuteno e o aumento da condio produtiva.

    1.5 - HISTRICO

    No Mundo

    9 Sculo XVI - George Bauer - levantamento sobre doenas e acidentes em trabalhadores de minas de ouro e prata (1556).

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    11

    9 1700 - Mdico Bernardino Ramazzini - livro De Morbis Artificum Diatriba - relaciona cerca de 50 atividades profissionais com doenas - considerado o Pai da Medicina do

    Trabalho.

    9 1760 - Incio da Revoluo Industrial (Inglaterra): - Mulheres e crianas trabalhando em ambiente sem condies sanitrias (higiene

    em geral).

    - Mquinas inseguras, ruidosas, iluminao e ventilao deficientes, etc.

    - Inexistncia de limites por horas de trabalho acidentes. Estas condies no incio da revoluo industrial causavam doenas at contagiosas.

    Diante desse quadro dramtico, cria-se no Parlamento Britnico uma comisso de inqurito - Sir.

    Robert Peel.

    9 1802 - Lei de Sade e Moral dos Aprendizes: - 12 horas/dia,

    - Proibia trabalho noturno,

    - Lavar as paredes 2 vezes / ano,

    - Obrigava uso de ventilao.

    9 1819 - Leis Complementares, poucos avanos devido forte oposio dos empregadores. 9 1830 - Mdico Robert Bauer - aconselha industrial amigo contratar 1 mdico para

    diariamente visitar a fbrica.

    9 1833 - Factory Act - 1a lei efetiva no campo de proteo ao trabalhador. - Aplicava-se a todas as empresas txteis movidas vapor ou energia hidrulica.

    - Proibia trabalho noturno aos menores de 18 anos.

    - 12 horas / dia.

    - 69 horas / semana.

    - Fabricas precisam ter escolas freqentadas por todos os trabalhadores menores que 13 anos.

    - Idade mnima para o trabalho: 9 anos.

    - Um mdico devia atestar se o desenvolvimento fsico da criana correspondia a

    sua idade cronolgica.

    9 1834 - Robert Bauer - nomeado Inspetor Mdico da fabricas. 9 1842 - Industrial James Smith (Esccia) - contrata 1 mdico para examinar os menores

    trabalhadores antes de sua admisso ao servio, examin-los periodicamente, orient-los

    em relao a problemas de sade prevenindo as doenas ocupacionais ou no. Surgia a

    funo especfica do Mdico de Fbrica.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    12

    No Brasil

    9 Sculo XIX - engenhos de acar e caf. 9 1889 - 630 fbricas e 54000 empregados. 9 1907 - 3200 fbricas - 150000 empregados. (1o Rio de Janeiro, 2 o So Paulo). 9 1907, 1912, 1917, 1920 - greves por melhores condies de trabalho. 9 1918 - 1 a lei sobre acidentes no trabalho. DL No 3724 de 15/01/1918. 9 1919 - Marca a presena dos 1as indstrias Americanas. As greves culminam no cdigo

    sanitrio de So Paulo. Lei 13.493 de 05/03/1919 - alteraes no DL 3724

    9 1923 - Inspetoria de higiene industrial e profissional - Ministrio do Interior e Justia (DL. 16300).

    9 1934 - Inspetoria de higiene e segurana do trabalho - MTIC (Ministrio do trabalho, indstria e comrcio) - 2a lei de acidentes do trabalho. Lei 24.637 de 10/07/1934 -

    alteraes no DL 3724.

    9 1941 - Surge a ABPA - Associao Brasileira para Preveno de Acidentes 9 1942 - Diviso de higiene e segurana do trabalho. 9 1943 - CLT - DL. 5452 de 01/05/43 - captulo V - higiene e segurana do trabalho.

    - Guerra Mundial influencia na Industrializao (CSN, Petrobrs)

    9 1944 - DL. 7036/ M.T. de 10/11/44 - lei de acidentes - SESI. Revoga a lei 3724 9 1949 -Standart Oil (fbrica) - cria 1o Servio de Previdncia de Acidentes.

    9 Dcada de 50: - II Congresso Pan-americano de Medicina do Trabalho.

    - I Congresso Nacional de CIPAS.

    - 1953 - Portaria 155 - regulamenta CIPAS - Comisso Interna de Preveno de

    Acidentes.

    9 Dcada de 60: - CONPAT - Congresso Nacional de Preveno de Acidentes.

    - 1963 - criada a Fundacentro - subordinada a secretaria de segurana e medicina do

    trabalho do M.T.

    - 1967 - nova lei de acidentes do trabalho. Lei 293 de 28/02/67 revoga o DL 7036

    (1944). Lei 5316 de 14/09/67 - Seguro de acidentes no permanecer s no campo

    privado.

    - 1968 - Portaria 32 - CIPAs.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    13

    9 Dcada de 70: - 1972 - Portaria 3237 - Segurana, higiene e medicina do trabalho.

    - 1975 - Portaria 3460 - Segurana e medicina do trabalho.

    - 1976 - Lei de Acidentes No 6367 de 19/10/76 (DL. 79037 de 24/12/76). Revoga a

    lei 5316. O seguro feito obrigatoriamente pelo INPS.

    - 1977 - Lei 6514 - reviso do captulo V, ttulo II da CLT. (DL 5452)

    - 1978 - Lei No 83080 - Substitui e cancela 79037 (24/12/76)

    - 1978 - Regulamentada a Lei 6514 - Portaria 3214 / MTb /78

    9 Dcada de 80: - 1983 - Portaria No 6 de 09/03/83 SSMT - MT - Alteraes da 3214. Alteraes da

    Nrs 1, 2, 3 e 6.

    - 1988 - Portaria No 3067 de 12/04/88 - MT - Aprovao das normas

    regulamentadoras rurais - Segurana e Higiene do trabalho rural (art. 13 da lei

    5889 de 08/06/73).

    9 Dcada de 90:

    - 1991 - Lei 8213 - determina que o INSS cobre de empresas culpadas por acidentes de trabalho os benefcios pagos aos acidentados.

    - 1992 Criao da FENATEST Federao Nacional dos Tcnicos de Segurana do Trabalho.

    9 Anos 2000:

    Criao de normas relativas ao uso das empresas do Perfil Profissiogrfico Previdencirio

    (PPP).

    Obs: A empresa dever elaborar e manter atualizado perfil profissiogrfico previdencirio,

    abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da resciso do

    contrato de trabalho ou do desligamento do cooperado, cpia autntica deste documento, sob

    pena da multa prevista no art. 283. Para fins de concesso de benefcios por incapacidade, a

    partir de 01/11/2003, a Percia Mdica do INSS poder solicitar empresa o PPP, com vista

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    14

    fundamentao do reconhecimento tcnico do nexo causal e para avaliao de potencial

    laborativo objetivando processo de reabilitao profissional.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    15

    CAPTULO 2 ACIDENTES DE TRABALHO

    2.1 EVOLUO DO ACIDENTE DE TRABALHO

    No h notcias sobre a ocorrncia de acidentes do trabalho na poca em que o trabalho

    era meramente artesanal. De maneira anloga, as informaes so mnimas sobre os acidentes

    ocorridos atualmente nas indstrias de artesanato. Isso se verifica pelo fato do arteso pouco

    manusear mquinas, trabalhando basicamente com ferramentas e equipamentos de pequeno

    porte.

    O mesmo no acontece no sistema industrial, onde predomina a mquina e ferramentas

    de maior porte, onde os acidentes avolumam-se de maneira a preocupar trabalhadores, sindicatos

    e autoridades ligados ao setor trabalhista e previdencirio, e vrios segmentos da sociedade.

    Com o crescimento industrial, a proliferao de estabelecimentos empregatcios trouxe o

    conseqente aumento dos acidentes. Nos EUA, em 1953, a previso de acidentes de trabalho por

    dia (mdia de 18 dias), assim se apresentava:

    Operrios mortos 62

    Incapacitados permanentemente 350

    Incapacitados temporariamente 7600

    Total 8012

    Na Itlia, s na indstria, ocorria anualmente, em 1976:

    Acidentes (inclusive doenas profissionais) 930000

    Incapacidade permanente 40000

    Total 970000

    No Brasil, em 1972, a situao no foi melhor:

    Acidentes tpicos 1479318

    Doenas do trabalho 2389

    Acidentes de trajeto 23016

    Total 1504723

    Em 1976, somente no municpio de Osasco, na grande So Paulo, a situao era a

    seguinte:

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    16

    Empregados 150000

    Acidentes 19732

    Mortes 55

    DISTRIBUIO DOS ACIDENTES DO TRABALHO PERFIL NAICONAL EM 1985

    Dados da Revista CIPA numero 106 em 1998

    BRASIL

    Acidentes Tpicos 1007864

    Doena Profissional 3981

    Acidentes no Trajeto 63320

    EM SO PAULO

    Acidentes Tpicos 476902

    Doena Profissional 1822

    Acidentes no Trajeto 24925

    DISTRIBUIO DAS CONSEQUNCIAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO PERFIL

    NACIONAL EM 1985

    BRASIL

    Simples Assistncia Mdica 152534

    Incapacidade Temporria 904804

    Incapacidade Permanente 27283

    Mortes 4360

    SO PAULO

    Simples Assistncia Mdica 86798

    Incapacidade Temporria 405384

    Incapacidade Permanente 9429

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    17

    Mortes 1234

    No Brasil, em 1980, a situao foi (dados obtidos do Boletim Estatstico de Acidentes do

    Trabalho - BEAT):

    BRASIL

    Acidentes Tpicos 1404531 (95,9%)

    Doena Profissional 3713 (0,3%)

    Acidentes no Trajeto 55967 (3,8%)

    SO PAULO

    Acidentes Tpicos 629182

    Doena Profissional 1899

    Acidentes no Trajeto 23334

    Acidentes Segundo a conseqncia para SO PAULO

    Simples Assistncia Mdica 126143

    Incapacidade Temporria 5380143

    Incapacidade Permanente 9146

    Mortes 1231

    Evoluo dos acidentes do trabalho no Brasil - Acidentes liquidados segundo a conseqncia.

    Tipos 1981 1982 1983 1984 1985

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    18

    Assist. Mdica 166.613 140.123 124.134 131.179 152.534

    Incapacid. Temp. 1.108.193 1.042.487 891.963 845.206 904.804

    Incapacid. Perm. 29.921 31.816 30.166 28.628 27.283

    Mortes 4.808 4.496 4.214 4.508 4.360

    Total 1.309.535 1.218.922 1.050.477 1.009.516 1.088.981

    Acidentes registrados segundo a classificao:

    Tipos 1981 1982 1983 1984 1985

    Acidente tpico 1.215.539 1.117.832 943.110 901.238 1.007.864

    Doena profissional 3.204 2.766 3.016 3.283 3.981

    Acidente de trajeto 51.722 57.874 56.989 57.074 63.320

    Total 1.270.465 1.178.472 1.003.115 961.575 1.075.165

    Massa segurada, percentagem de acidentes e custos por acidente:

    Ano Massa segurada *

    Acidentes do trabalho

    % Custo por acidente (CZ$)

    1981 19.761.054 1.270.465 6,43 27,25

    1982 20.057.468 1.178.472 5,88 64,49

    1983 20.258.045 1.003.115 4,95 174,40

    1984 20.260.438 961.575 4,74 694,13

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    19

    1985 20.452.109 1.075.165 5,25 1.763,70

    * Somente segurados cobertos pela Legislao acidentaria urbana.

    ESTATSTICAS DE ACIDENTES DE TRABALHO (1970-1999)

    Ano Trabalhadores Tpico Trajeto Doenas bitos Total

    1970 7.284.022 1.199.672 14.502 5.937 2.232 1.220.111

    1971 7.553.472 1.308.335 18.138 4.050 2.587 1.330.523

    1972 8.148.987 1.479.318 23.389 2.016 2.854 1.504.723

    1973 10.956.956 1.602.517 28.395 1.784 3.173 1.632.696

    1974 11.537.024 1.756.649 38.273 1.839 3.833 1.796.761

    1975 12.996.796 1.869.689 44.307 2.191 4.001 1.916.187

    1976 14.945.489 1.692.833 48.394 2.598 3.900 1.743.825

    1977 16.589.605 1.562.957 48.780 3.013 4.445 1.614.750

    1978 16.638.799 1.497.934 48.511 5.016 4.342 1.551.461

    1979 17.637.127 1.388.525 52.279 3.823 4.673 1.444.627

    1980 18.686.355 1.404.531 55.967 3.713 4.824 1.464.211

    1981 19.188.536 1.215.539 51.722 3.204 4.808 1.270.465

    1982 19.476.362 1.117.832 57.874 2.766 4.496 1.178.472

    1983 19.671.128 943.110 56.989 3.016 4.214 1.003.115

    1984 19.673.915 901.238 57.054 3.233 4.508 961.525

    1985 21.151.994 1.010.340 63.515 4.006 4.384 1.077.861

    1986 22.163.827 1.129.152 72.693 6.014 4.578 1.207.859

    1987 22.617.787 1.065.912 64.830 6.382 5.738 1.137.124

    1988 23.661.579 926.356 60.202 5.025 4.616 991.583

    1989 24.486.553 825.081 58.524 4.838 4.554 888.443

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    20

    1990 23.198.656 632.012 56.343 5.217 5.355 693.572

    1991 23.004.264 579.362 46.679 6.281 4.527 632.322

    1992 22.272.843 490.916 33.299 8.299 3.516 532.514

    1993 23.165.027 374.167 22.709 15.417 3.110 412.293

    1994 23.667.241 350.210 22.824 15.270 3.129 388.304

    1995 23.755.736 374.700 28.791 20.646 3.967 424.137

    1996 23.838.312 325.870 34.696 34.889 4.488 395.455

    1997 24.140.428 347.482 37.213 36.648 3.469 421.343

    1998 24.491.635 347.738 36.114 30.489 3.793 414.341

    1999 - 319.617 36.716 22.032 3.605 378.365

    Total 546.600.455 30.039.594 1.319.722 269.652 121.719 31.628.968

    Fonte: INSS/RIAS/SUB/CAT/DATAPREV.

    GRFICOS DOS ACIDENTES DE TRABALHO (1970-1999)

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    21

    Obs: Enquanto o nmero de acidentes diminui, o nmero de mortes se mantm constante. Possivelmente, esse fato seja devido possibilidade de no haver registro sobre a ocorrncia de todos os acidentes, enquanto que a totalidade de mortes, obrigatoriamente, deve ser registrada.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    22

    DADOS DE ACIDENTES DE TRABALHO NO ANO DE 2000 E 2001

    Quantidade de Acidentes Registrados no Brasil

    Ano Tpico Trajeto Doena bitos Total

    2000 304.963 39.300 19.605 3.094 363.868

    2001 283.193 38.982 17.470 2.557 339.645

    Fonte: INSS/RIAS/SUB/CAT/DATAPREV.

    ACIDENTES DE TRABALHO POR REGIO NO BRASIL

    Ano 2000

    Local Tpico Trajeto Doena Total

    Norte 8.147 1.215 531 9.893

    Nordeste 22.017 3.617 2.417 28.051

    Sudeste 183.100 23.148 11.927 218.175

    Sul 76.541 8.496 3.992 89.029

    Centro-oeste 15.158 2.824 738 18.720

    Fonte: INSS/RIAS/SUB/CAT/DATAPREV.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    23

    Ano 2001

    Local Tpico Trajeto Doena Total

    NORTE 8.984 1.322 592 10.898

    NORDESTE 20.751 3.612 2.491 26.854

    SUDESTE 163.843 23.286 10.495 197.624

    SUL 73.298 8.052 3.161 84.511

    CENTRO-OESTE

    16.317 2.710 731 19.758

    Fonte: INSS/RIAS/SUB/CAT/DATAPREV.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    24

    TAXA DE ACIDENTES FATAIS POR 100 MIL TRABALHADORES

    a) NACIONAL:

    Fonte: OIT/MPAS

    b) INTERNACIONAL:

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    25

    Fonte: OIT/MPAS

    COMPARAO DE TAXAS DE ACIDENTES FATAIS ENTRE PAISES

    Os dados sobre a classificao de pases pela taxa acidentes de trabalho fatais no so

    muito confiveis, pois os dados no so completos. No se dispe de dados de pases potenciais

    como, por exemplo, a China. Outros tantos, como ndia e Paquisto, possuem dados parciais e ou

    referentes a apenas um tipo de atividade. Comparando-se as tabelas do MPAS com as da ILO,

    nota-se que alguns dados no tem o mesmo valor (Observao retirada do site:

    www.areaseg.com.br).

    ILO - International Labour Organization (OIT, em Ingls)

    MPAS Ministrio da Previdncia e Assistncia Social

    Pas Taxa Ano

    Paquisto 86,00 1996

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    26

    ndia 34,00 1997

    El Salvador 33,00 1998

    Turquia 29,00 1997

    Peru 18,60 1996

    Brasil 17,20 2000

    Equador 16,80 1994

    Tailndia 15,40 1998

    Malsia 15,00 1998

    Singapura 14,20 1998

    Mxico 12,00 1997

    Fonte: OIT/MPAS

    Pontos a considerar:

    * India - dados relativos minerao e explorao de pedreiras.

    * Paquisto - dados relativos minerao e explorao de pedreiras.

    * El Salvador - segundo o site da ILO a taxa de 36,6 em 1998.

    * Singapura - o site da ILO, no mostra dados de 1998. Mostra 15,6 para 1997.

    * Malasia - o site da ILO, mostra 15,1 para a Malsia em 1998.

    Obs: Para dados mais completos veja http://laborsta.ilo.org, site de estatsticas

    da International Labor Organization (Organizao Internacional do Trabalho),

    DADOS DE ACIDENTES DE TRABALHO NA UNESP - CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA

    Alguns dados de acidentes de trabalho ocorridos na faculdade de engenharia, Unesp -

    Campus de Ilha Solteira so tambm apresentados, os quais foram obtidos nos ltimos 16 anos,

    no perodo entre 1987 a 2003:

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    27

    Total de Leses que Requereram Assistncia Mdica ou 1 Socorros

    62,93%

    27,58%

    9,49% 1 SocorrosAssistncia MdicaSem Informaes

    0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%

    100,00%

    19871988198919901991199219931994199519961997199819992000

    Perodo

    Acidentes Anuais

    Ac. TpicoAc. Trajeto

    2.2 - ACIDENTE

    Acidente um acontecimento infeliz, casual ou no, fortuito, imprevisto, que resulta em

    ferimento, dano, runa.

    Acidente do Trabalho: toda leso corporal ou perturbao funcional que, no exerccio

    ou por motivo de trabalho, resultar de causa externa, sbita, imprevista ou fortuita, determinando

    a morte do empregado ou a sua incapacidade para o trabalho, total ou parcial, permanente ou

    temporria.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    28

    2.3 TIPOS DE ACIDENTES DE TRABALHO

    Trs so as formas de acidentes:

    1) Acidente tpico,

    2) Acidente "in itinere" ou de trajeto,

    3) Doenas profissionais.

    Figura 1 - Organograma do Acidente de Trabalho

    1) Acidente Tpico: aquele que decorre diretamente do exerccio do trabalho, a servio da

    empresa, provocando leso corporal, perturbao funcional ou doena que cause a morte,

    a perda ou reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho.

    2) Acidente "in itinere ou de trajeto: aquele que ocorre no trajeto do empregado; o que

    decorre no de sua prestao laborial, no enquanto trabalha, mas no trajeto de e para o

    trabalho. o acidente de trabalho indireto. Podem ser:

    a) A viagem do empregado;

    b) No perodo das refeies ou descanso;

    c) A ao de terceiros, em certos casos.

    a) A viagem pode ser:

    - Em viagem a servio da empresa, seja qual for ao meio de locomoo

    utilizado, inclusive veiculo de propriedade do empregado.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    29

    - No percurso da residncia para o trabalho ou deste para aquele.

    b) No intervalo para refeies podem ocorrer acidentes como intoxicao pela

    alimentao fornecida pelo restaurante do local de trabalho, gua contaminada no

    refeitrio, queda no refeitrio, nas ocasies de satisfao das necessidades

    fisiolgicas no local de trabalho, etc. Alm de desabamento, inundao ou incndio.

    c) Nesta categoria incluem-se:

    - Sabotagem e terrorismo praticado por terceiros, inclusive companheiros de trabalho,

    - Ofensa fsica intencional, inclusive de terceiros, por motivo de disputa relacionada com o trabalho.

    - Ato de imprudncia ou negligncia de terceiros, inclusive companheiro de trabalho

    - Ato de pessoa privada da razo.

    3) Doenas Profissionais: so as decorrentes das condies ou excepcionais em que o

    trabalho seja executado, desde que , diretamente relacionada com a atividade exercida,

    cause reduo da capacidade para o trabalho

    2.4 CAUSAS DOS ACIDENTES

    A) FALTA DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANA,

    B) RECUSA DO TRABALHADOR EM USAR O EQUIPAMENTO,

    C) IMPRUDNCIA, IMPERCIA OU NEGLIGNCIA DO TRABALHADOR,

    D) DEFEITO NOS EQUIPAMENTOS E MQUINAS COM OS QUAIS SE TRABALHA,

    E) FALTA DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM SEGURANA E MEDICINA

    DO TRABALHO,

    F) ACIDENTES DE TRNSITO,

    G) FORA MAIOR, CASO FORTUITO,

    H) LCOOL, TABAGISMO E TXICOS

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    30

    A) FALTA DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANA: De alto custo aquisitivo, nem todos os empregadores sondados mostram simpatia pelos

    equipamentos de proteo (preo e conceituao). Na filosofia destes, somente os empregados

    sob maior risco eventualmente utilizar-se-iam de reduzido nmero de equipamentos.

    Nos trabalhadores que labutam a curta distncia de uma fonte qualquer de risco, no

    observada a disponibilidade de equipamentos de segurana, apesar de receberem fagulhas, forte

    calor, odores causadores de mal estar, poeiras, etc. O argumento mais freqente para no usarem

    os equipamentos, de que estes trabalhadores no esto expostos a perigo.

    B) RECUSA DO TRABALHADOR EM USAR O EPI: culos pesados, mscaras, capacetes, roupas mais espessas que os de uso habitual,

    calados com reforos, luvas, etc, constituem o equipamento de segurana do trabalhador. No

    corpo seu peso bem superior ao da indumentria habitual. Alegando desconforto e at mesmo

    perda da agilidade para a execuo das tarefas, os trabalhadores mostram-se pouco interessados

    no uso de EPI (conscientizao).

    C) IMPRUDNCIA, IMPERCIA OU NEGLIGNCIA DO TRABALHADOR: O simples uso de equipamentos de segurana no resolve o problema, se no forem

    tomados certos cuidados no ambiente de trabalho. O comportamento do trabalhador fator

    determinante de grande nmero de acidentes.

    A imprudncia, a negligncia e a impercia, expem o prestador de servios a mais de um

    risco de acidente dirio.

    Imprudncia a prtica de um ato perigoso, realiza-se uma conduta que a cautela indica

    que no deve ser realizada. A imprudncia positiva, ou seja, o sujeito pratica uma ao.

    Negligncia a ausncia de precauo ou indiferena em relao ao ato realizado. A

    negligncia negativa, ou seja: o sujeito deixa de fazer algo, opondo-se imprudncia. A

    imprudncia e a negligncia so atitudes antnimas entre si.

    Impercia a falta de aptido para o exerccio de arte ou profisso. possvel que, em

    face da ausncia de conhecimento tcnico ou prtico, causem-se acidentes.

    D) DEFEITO NOS EQUIPAMENTOS E MQUINAS COM OS QUAIS SE TRABALHA: As instalaes da empregadora, e os equipamentos (mquinas manuais e fixas,

    ferramentas, etc) de limitada durao, podem apresentar defeitos no momento do uso,

    simplesmente deixar de funcionar, como tambm apresentar rupturas em seu corpo. Problemas

    que podem at mesmo, causar danos letais aos que estiverem trabalhando com eles no momento.

    A pouca percia, a falta de correta manuteno, o desgaste e a m qualidade podem ser

    fatores determinantes deste problema.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    31

    E) FALTA DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO:

    Empregados e empregadores, em seu maior nmero, so constitudos de pessoas leigas

    em matria de segurana e medicina do trabalho. Sensvel ao problema estabeleceu o legislativo

    no artigo 200 da CLT (Consolidao das Leis do Trabalho) - DL. 5452 de 01/03/1943:

    Art. 200: Cabe ao Ministrio do Trabalho estabelecer disposies complementares s

    normas de que trata este captulo, tendo em vista as peculiaridades de cada setor de trabalho.

    Atendendo ao disposto na citada norma legal, foi baixada a portaria 3214, de 08 de junho

    de 1978, que estabelece as NRs - Normas Regulamentadoras de segurana e medicina do

    trabalho. So ao todo 28 NRs e atualmente acrescidas das NRRs (Normas Regulamentadoras

    Rurais). A NR-4 alterada pela portaria No 33/83, estabelece:

    ANEXO 1 - NR-4 - Servio Especializado em Engenharia de Segurana e Medicina do Trabalho (SESMT).

    4.1) As empresas privadas e pblicas, os rgos pblicos de administrao direta e

    indireta e dos poderes legislativo e judicirio, que possuam empregados regidos pela CLT,

    mantero obrigatoriamente, servios especializados em Engenharia de Segurana de em

    Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a sade e proteger a integridade do

    trabalhador no local de trabalho.

    4.2) O dimensionamento dos servios especializados em engenharia de segurana e em

    medicina do trabalho vincula-se gradao do risco da atividade principal e ao nmero total de

    empregados do estabelecimento constantes dos quadros I e II anexos, observados as excees

    previstas nesta NR.

    4.2.1 - Para fins de dimensionamento, os canteiros de obras e as frentes de

    trabalho com menos de 1000 empregados e situados no mesmo estado, territrio ou Distrito

    Federal no so considerados como estabelecimentos, mas como integrantes da empresa de

    engenharia principal responsvel, a quem caber organizar os servios especializados em

    engenharia de segurana e em medicina do trabalho.

    4.2.1.1 - Neste caso, os Engenheiros de Segurana do Trabalho, os Mdicos do

    Trabalho e os enfermeiros do trabalho podero ficar centralizados.

    4.2.2 - As empresas que possuam mais de 50% de seus empregados em

    estabelecimento ou setor com atividade cuja gradao de risco seja de grau superior ao da

    atividade principal devero dimensionar os SESMT em funo do maior grau de risco,

    obedecido o disposto no quadro II desta NR.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    32

    4.2.3 - A empresa poder constituir SESMT centralizado para atender a um

    conjunto de estabelecimentos pertencente a ela, desde que a distncia a ser percorrida entre

    aquele em que se situa o servio e cada um dos demais estabelecimentos no ultrapasse a 5000

    m, dimensionando-o em funo do total de empregados e do risco, de acordo com o quadro II

    anexo e o sub-item 4.2.2.

    4.3.3) O servio nico de engenharia e medicina dever possuir os profissionais

    especializados previstos no quadro II anexo, sendo permitido aos demais engenheiros e mdicos

    exercerem engenharia de segurana e medicina do trabalho, desde que habilitados e registrados

    conforme estabelece a NR-27.

    4.4) Os Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho

    devero ser integrados por engenheiro de segurana do trabalho, mdico do trabalho, enfermeiro

    do trabalho, tcnico de segurana do trabalho e auxiliar do trabalho, obedecido o quadro II.

    4.4.1 - Para fins desta norma regulamentadora, as empresas obrigadas a constituir

    SESMT, devero exigir dos profissionais que as integram, comprovao de que satisfazem os

    seguintes requisitos:

    a) Engenheiro de Segurana do Trabalho: engenheiro ou arquiteto portador de

    certificado de concluso de curso de especializao em engenharia de segurana do trabalho, em

    nvel de ps-graduao.

    b) Mdico do Trabalho: mdico portador de certificado de concluso de curso de

    especializao em medicina do trabalho, em nvel de ps-graduao, ou portador de certificado

    de residncia mdica em rea de concentrao em sade do trabalhador ou denominao

    equivalente, reconhecida pela comisso nacional de residncia mdica, do MEC, ambos

    ministrados por Universidade ou Faculdade que mantenha curso de graduao em Medicina.

    c) Enfermeiro do Trabalho: enfermeiro portador de certificado de concluso de

    curso de especializao em enfermagem do trabalho, em nvel de ps-graduao, ministrado por

    Universidade ou Faculdade que mantenha curso de graduao em enfermagem.

    d) Auxiliar de Enfermagem do Trabalho: auxiliar de enfermagem ou tcnico de

    enfermagem portador de certificado de concluso de curso de qualificao de auxiliar de

    enfermagem do trabalho, ministrado por instituio especializada reconhecida e autorizada pelo

    MEC.

    e) Tcnico de Segurana do Trabalho: tcnico portador de comprovao de

    registro profissional expedido pelo MEC.

    4.4.2 - Os profissionais integrantes dos SESMT devero ser empregados da

    empresa, salvo os casos previstos nos itens 4.14 e 4.15 (referente ao engenheiro e tcnico de

    segurana).

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    33

    4.9) O engenheiro de segurana do trabalho, o mdico do trabalho e o enfermeiro do

    trabalho devero dedicar, no mnimo, 3 horas (tempo parcial) ou 6 horas (tempo integral) por dia

    para as atividades dos SESMT, de acordo com o estabelecido no quadro II anexo, respeitada a

    Legislao pertinente em vigor.

    QUADRO I - GRAU DE RISCO PARA AS ATIVIDADES

    CDIGO ATIVIDADES GRAU DE RISCO

    01.11-2 Cultivo de cereais 3

    01.31-7 Cultivo de frutas ctricas 3

    01.41-4 Criao de bovinos 3

    05.11-8 Pesca 3

    10.0 Extrao de carvo mineral 4

    11.1 Extrao de petrleo e gs natural 4

    13.10-2 Extrao de minrio de ferro 4

    15.11-3 Abate de reses, preparao de produtos de carne 3

    15.23-7 Produo de sucos de frutas e de legumes 3

    15.32-6 Refino de leos vegetais 3

    15.41-5 Preparao de leite 3

    15.51-2 Beneficiamento de arroz e fabricao de produtos do arroz 3

    17.21-6 Fiao de algodo 3

    19.31-3 Fabricao de calados de couro 3

    19.10-0 Curtimento e outras preparaes de couro 4

    20.21-4 Fabricao de madeira laminada e de chapas de madeira compensada, prensada ou aglomerada 4

    22.11-0 Edio e impresso de jornais 3

    23.30-2 Elaborao de combustveis nucleares 4

    24.61-9 Fabricao de inseticidas 3

    26.30-1 Fabricao de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e estuque 4

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    34

    27.11-1 Produo de laminados planos de ao 4

    28.11-8 Fabricao de estruturas metlicas para edifcios, pontes, torres de transmisso, andaimes e outros fins 4

    29.40-8 Fabricao de mquinas-ferramentas 3

    29.71-8 Fabricao de armas de fogo e munies 4

    30.21-0 Fabricao de computadores 3

    31.15-5 Fabricao de motores eltricos 3

    32.10-7 Fabricao de material eletrnico bsico 3

    34.20-7 Fabricao de caminhes e nibus 3

    35.31-9 Construo e montagem de aeronaves 4

    40.10-0 Produo e distribuio de energia eltrica 3

    45.21-7 Edificaes (residenciais, industriais, comerciais e de servios - inclusive ampliao e reformas completas 4

    45.25-0 Montagens industriais 4

    45.41-0 Instalaes eltricas 3

    64.20-3 Telecomunicaes 2

    80.30-0 Educao superior 2

    Em seus itens, a NR-4 regulamenta o servio destes profissionais, suas relaes com o

    empregador e empregados. O objetivo desse profissional levar ao trabalhador os

    conhecimentos necessrios a preveno de acidentes.

    Nem sempre, porm estas empresas mantm estes servios especializados na preveno

    de acidentes, o que acaba redundando em total ignorncia das normas de segurana. A falta

    desses profissionais no mercado de trabalho, segundo alegam, acarreta a inobservncia destas

    normas e os benefcios.

    difcil o contato direto do engenheiro com todos os trabalhadores. Ciente disto, o

    legislativo que editou a CLT e a portaria 3214/78, determina o seguinte:

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    35

    ANEXO 2 - NR-5 - Comisso Interna de Preveno de Acidentes - CIPA 5.1) As empresas privadas e pblicas e os rgos governamentais que possuam

    empregados regidos pela CLT ficam obrigados a organizar e manter em funcionamento, por

    estabelecimento, uma Comisso Interna de Preveno de Acidentes - CIPA.

    5.2) A CIPA tem como objetivo observar e relatar condies de risco nos ambientes de

    trabalho e solicitar medidas para reduzir at eliminar os riscos existentes e/ou neutralizar os

    mesmos, discutir os acidentes ocorridos, encaminhando aos SESMT e empregador o resultado da

    discusso, solicitando medidas que previnam acidentes semelhantes e, ainda, orientar os demais

    trabalhadores quanto a preveno de acidentes.

    5.3) A CIPA ser composta de representantes do empregador e dos empregados de

    acordo com as propores mnimas estabelecidas no quadro I desta NR ou com aqueles

    estipulados em outras NRs.

    5.3.1 - A composio da CIPA dever obedecer a critrios que permitam estar

    representada a maior parte dos setores do estabelecimento, no devendo faltar em qualquer

    hiptese, a representao dos setores que ofeream maior risco ou que apresentem maior nmero

    de acidentes.

    5.3.4 - Os membros titulares da CIPA, designados pelo empregador, no podero

    ser reconduzidos para mais de dois mandatos consecutivos.

    5.4) Organizada a CIPA, a mesma dever ser registrada no rgo regional do Ministrio

    do Trabalho - MTb, at 10 (dez) dias aps a eleio.

    QUADRO II DIMENSIONAMENTO DOS SESMT

    Numero de Empregados no Estabelecimento

    Grau de

    Risco Tcnicos

    50 a

    100

    101 a

    250

    251 a

    500

    501 a 1000

    1001 a

    2000

    2001 a

    3500

    3501 a

    5000

    >5000 p/ cada grupo de 4000 ou frao acima de

    2000 **

    Tec. Seg. Trab.

    1 1 1 2 1

    Eng. Seg. Trab.

    1* 1 1*

    Aux. Enf. Trab.

    1 1 1

    Enf. Trab. 1*

    1

    Mdico Trab 1* 1* 1 1*

    2 Tec. Seg. Trab.

    1 1 2 5 1

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    36

    Eng. Seg. Trab.

    1* 1 1 1*

    Aux. Enf. Trab.

    1 1 1 1

    Enf. Trab. 1

    Mdico Trab 1* 1* 1 1

    Tec. Seg. Trab.

    1 2 3 4 6 8 3

    Eng. Seg. Trab.

    1* 1 1 2 1

    Aux. Enf. Trab.

    1 2 1 1

    Enf. Trab. 1

    3

    Mdico Trab 1* 1 1 3 1

    Tec. Seg. Trab.

    1 2 3 4 5 8 10 3

    Eng. Seg. Trab.

    1* 1* 1 1 2 3 1

    Aux. Enf. Trab.

    1 1 2 1 1

    Enf. Trab. 1

    4

    Mdico Trab 1* 1* 1 1 2 3 1

    * Tempo parcial (mnimo de 3 horas).

    ** O dimensionamento total dever ser feito levando-se em considerao o dimensionamento da

    faixa de 3501 a 5000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 4000 ou frao de 2000.

    OBS.: Hospitais, ambulatrios, maternidades, casas de sade e repouso, clnicas e

    estabelecimentos similares com mais de 500 empregados devero contratar um enfermeiro do

    trabalho em tempo integral.

    5.4.1 - O registro da CIPA ser feito mediante requerimento ao Delegado

    Regional do Trabalho ou Delegado do Trabalho Martimo, acompanhado de cpia dos

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    37

    atos da eleio e da instalao e posse, contendo o calendrio anual das reunies

    ordinrias da CIPA, constando dia, ms, hora e local de realizao dos mesmos.

    5.5) Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, sero eleitos em escrutneo

    secreto.

    5.5.6 - O mandato dos membros eleitos da CIPA ter a durao de 1 (um) ano,

    permitida uma reeleio

    A CIPA ter as seguintes atribuies:

    e) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, a SIPAT - Semana Interna

    de Preveno de Acidentes do Trabalho,

    o) elaborar, ouvidos os trabalhadores de todos os setores do estabelecimento, o

    mapa de riscos, o qual dever ser refeito a cada gesto da CIPA.

    5.27) Os membros titulares da CIPA representantes dos empregados no podero sofrer

    despedida arbitrria, entendendo-se como tal a que no se fundar em motivo disciplinar, tcnico

    econmico ou financeiro.

    5.27.1 - Ocorrendo a despedida, caber ao empregador, em casos de reclamao Justia

    do Trabalho, comprovar a existncia de qualquer dos motivos mencionados no item 5.27, sob

    pena de ser condenado a reintegrar o empregado.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    38

    DIMENSIONAMENTO DA CIPA QUADRO I

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    39

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    40

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    41

    OBS.: Os membros efetivos e suplentes tero representantes dos Empregadores e Empregados.

    * As atividades econmicas integrantes dos grupos esto especificadas por CNAE nos QUADROS II e III.

    * Nos grupos C-18 e C-18a constituir CIPA por estabelecimento a partir de 70 trabalhadores e quando o estabelecimento possuir menos de 70 trabalhadores observar o dimensionamento descrito na NR 18 - subitem 18.33.1.

    QUADRO II

    Agrupamento de setores econmicos pela Classificao Nacional de Atividades Econmicas - CNAE, para dimensionamento de CIPA

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    42

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    43

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    44

    QUADRO III

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    45

    Relao da Classificao Nacional de Atividades Econmicas - CNAE, com correspondente agrupamento para dimensionamento de CIPA

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    46

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    47

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    50

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    56

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    57

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    58

    ANEXO 3 - NR - 05 - MAPA DE RISCOS Mapa de Risco: uma representao grfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de

    trabalho, capazes de acarretar prejuzos sade dos trabalhadores: acidentes e doenas

    ocupacionais. Tais fatores tm origem nos diversos elementos do processo de trabalho

    (materiais, mquinas, ferramentas, instalaes, suprimentos, e espaos de trabalho) e a forma de

    organizao do trabalho (arranjo fsico, ritmo de trabalho, gesto e planejamento de trabalho,

    postura de trabalho, jornada de trabalho, turnos de trabalho, treinamento, etc.)

    O mapa de risco estabelecido na Portaria 3214 de 08 de Julho de 1978, atravs do ANEXO IV

    da NR 5 - MAPA DE RISCOS.

    1) O mapa de riscos tem como objetivos:

    a) Reunir as informaes necessrias para estabelecer o diagnstico da situao de segurana e

    sade no trabalho da empresa.

    b) Possibilitar, durante a sua elaborao a troca e divulgao de informaes entre os

    trabalhadores, bem como estimular sua participao nas atividades de preveno.

    2) Etapas de elaborao do mapa de risco:

    a) Conhecer o processo de trabalho no local analisado:

    Os trabalhadores: nmero, sexo, idade, treinamento profissionais e de segurana

    e sade, jornada;

    Os instrumentos e materiais de trabalho;

    As atividades exercidas;

    O ambiente.

    b) Identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a classificao da tabela I;

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    59

    c) Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficcia:

    Medidas de proteo coletiva;

    Medidas de organizao do trabalho;

    Medidas de proteo individual;

    Medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatrios, vestirios, armrios,

    bebedouro, refeitrio, rea de lazer.

    d) Identificar os indicadores de sade:

    Queixas mais freqentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos

    riscos;

    Acidentes de trabalho ocorridos;

    Doenas profissionais diagnosticadas;

    Causas mais freqentes de ausncia ao trabalho.

    e) Conhecer os levantamentos ambientais j realizados no local;

    f) Elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da empresa, indicando atravs de crculo:

    O grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada na tabela I;

    O nmero de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro do

    crculo;

    A especificao do agente (por exemplo: qumico - slica, hexano, cido

    clordrico; ou ergonmico - repetitividade, ritmo excessivo) que deve ser anotada tambm dento

    do crculo;

    A intensidade do risco, de acordo com a percepo dos trabalhadores, que deve

    ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de crculos.

    3) Depois de discutido e aprovado pela CIPA, o Mapa de Riscos, completo ou setorial, dever

    ser afixado em cada local analisado, de forma claramente visvel e de fcil acesso para os

    trabalhadores.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    60

    4) No caso das empresas da indstria da construo, o Mapa de Risco do estabelecimento dever

    ser realizado por etapa de execuo dos servios, devendo ser revisto sempre que um fato novo e

    superveniente, modificar a situao de riscos estabelecida.

    CLASSIFICAO DOS PRINCIPAIS RISCOS OCUPACIONAIS.

    Grupo 1

    Verde

    Grupo 2

    Vermelho

    Grupo 3

    Marrom

    Grupo 4

    Amarelo

    Grupo 5

    Azul

    Riscos Fsicos Riscos Qumicos Riscos

    Biolgicos

    Riscos Ergonmicos Riscos de

    acidentes

    Rudos

    Vibraes

    Radiaes

    ionizantes

    Radiaes no

    ionizantes

    Frio

    Calor

    Presses

    anormais

    Umidade

    Poeiras

    Fumos

    Nvoas

    Neblinas

    Gases

    Vapores

    Substncias,

    compostos ou

    produtos

    qumicos em

    geral

    Vrus

    Bactrias

    Protozorios

    Fungos

    Parasitas

    Bacilos

    Esforo fsico intenso

    Levantamento e

    transporte manual de

    peso

    Exigncia de postura

    inadequada

    Controle rgido de

    produtividade

    Imposio de ritmos

    excessivos

    Trabalho em turno e

    noturno

    Jornadas de trabalho

    prolongadas

    Monotonia e

    repetitividade

    Outras situaes

    causadoras de

    "Stress" fsico e/ou

    psquico

    Arranjo fsico

    inadequado

    Mquinas e

    equipamentos

    sem proteo

    Ferramentas

    inadequadas ou

    defeituosas

    Iluminao

    inadequada

    Eletricidade

    Probabilidade de

    incndio ou

    exploso

    Armazenamento

    inadequado

    Animais

    peonhentos

    Outras situaes

    de risco que

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    61

    podero

    contribuir para a

    ocorrncia de

    acidentes

    MAPAS DE RISCO IDEALIZADOS AO LONGO DO CURSO DE FUNDAMENTOS DE

    ENGENHARIA DE SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO

    Na seqncia so apresentados alguns exemplos de mapas de risco, confeccionados pelos

    alunos do curso de engenharia de segurana e medicina do trabalho, ao longo do curso

    ministrado na Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, disciplina obrigatria do curso de

    engenharia mecnica. Em particular, apresentado o mapa de risco da Oficina Mecnica,

    englobando tambm a rea de Soldagem, o Almoxarifado e a sala dos tcnicos, todos estes

    setores instalados no bloco M-1, do Departamento de Engenharia Mecnica da Faculdade de

    Engenharia de Ilha Solteira FEIS.

    MAPA DE RISCO DA OFICINA MECNICA

    Objetivos

    O presente trabalho tem por objetivo o levantamento de um mapa de riscos da Oficina

    Mecnica, englobando tambm a rea de Soldagem, o Almoxarifado e a sala dos tcnicos, todos

    estes instalados no bloco M-1 do Departamento de Engenharia Mecnica da Faculdade de

    Engenharia de Ilha Solteira FEIS.

    Descrio das atividades

    No local citado acima so desenvolvidas atividades de ensino, bem como servios de

    usinagem, montagem de equipamentos, soldagem, entre outras.

    rea da Oficina

    Descrio dos riscos

    Riscos Fsicos

    Rudos: Lixadeiras, Tornos, Retificadora manual, Guilhotina, Furadeiras, Plainas, Fresadoras.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    62

    Calor: Devido ao ambiente possuir pouca ventilao natural.

    Radiaes no ionizantes: Solda eltrica, fornos, soldas de oxiacetileno.

    Riscos Qumicos

    Em solventes: Hidrocarbonetos alifticos e destilados de petrleo;

    Em Thinner: steres, cetona, hidrocarbonetos, glicoteres;

    Em graxas: leos minerais, sabo de ltio;

    Em aditivos: Antiferrugem, anticorrosivo, antioxidante;

    Gasolina, lcool, Diesel, leo lubrificante.

    Riscos Ergonmicos

    Levantamento de peso (eventualmente);

    Servios com postura inadequada (eventualmente).

    Riscos de acidentes

    Arranjo fsico inadequado (na rea de Soldagem);

    Iluminao inadequada;

    Manuseio de produtos qumicos e trabalhos com soldagem.

    Profissionais que atuam na seo

    Darci Alves Ribeiro

    Edvaldo Silva de Arajo

    Ronaldo Mascoli

    Equipamentos de proteo utilizados

    A seguir so listados os equipamentos de proteo (individual e coletiva) que devem ser

    utilizados por questo de segurana:

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    63

    culos;

    Aventais de amianto;

    Luvas de amianto;

    Perneiras;

    Mangotes;

    Protetor auricular;

    Mscara respiratria;

    Ventiladores.

    Caractersticas do ambiente

    9 Janelas com pouca ventilao natural;

    9 Ventiladores suficientes;

    9 Iluminao Insuficiente;

    9 Mobilirio e equipamentos em bom estado de conservao.

    rea de Soldagem

    Instrumentos e materiais utilizados

    Mquinas de solda convencional, Tig e Oxiacetileno;

    Equipamento poli-corte e esmeril;

    Armrio para guardar os EPIs;

    Equipamentos de proteo coletiva (ventiladores e exaustores).

    Atividades exercidas

    Soldagem;

    Pinturas.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    64

    Caractersticas do ambiente

    Exaustores;

    Ventiladores;

    Iluminao insuficiente;

    Janelas;

    Arranjo fsico inadequado.

    Riscos Fsicos

    Radiaes no-ionizantes (solda eltrica, solda de oxiacetileno).

    Riscos Qumicos

    Solventes;

    Thinner;

    Graxas;

    Aditivos.

    Riscos Ergonmicos

    Levantamento e transporte de peso.

    Equipamentos de proteo individual fornecidos

    Mscaras para soldagem;

    culos;

    Protetor auricular;

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    65

    Luvas:

    Aventais;

    Mscaras respiratrias.

    Almoxarifado

    Atividades exercidas

    Armazenagem de materiais (metlicos e no metlicos), caixas de eletrodos, varetas de

    solda, latas de graxa, compressores, entre outros.

    Caractersticas do Ambiente

    Iluminao inadequada;

    Ventilao precria;

    Arranjo fsico inadequado;

    Entrada inadequada para a matria-prima;

    Limpeza precria;

    Mobilirio precrio.

    Riscos Fsicos

    Calor;

    Rudo proveniente da sala ao lado (oficina).

    Riscos Qumicos

    Tintas;

    Solventes;

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    66

    Gasolina;

    leos;

    Poeira;

    Graxa.

    Riscos Ergonmicos

    Manuseio de materiais pesados (barras, chapas e trilhos de ao, entre outros).

    Riscos de Acidentes

    Materiais cortantes;

    Iluminao inadequada.

    Equipamentos de proteo individual fornecidos

    Luvas;

    Aventais;

    Mscara respiratria.

    Sala dos Tcnicos

    Instrumentos e materiais utilizados

    Rgua;

    Esquadro;

    Paqumetro.

    Atividades exercidas

    Preparo das aulas;

    Projetos;

    Controle da sada e entrada de materiais.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    67

    Uso de computador

    Caractersticas do Ambiente

    Janelas com pouca ventilao;

    Iluminao insuficiente;

    Ar condicionado.

    Riscos Ergonmicos

    Iluminao insuficiente.

    Sugestes de melhora do prdio M-1 (oficina mecnica)

    Melhorar a iluminao em geral, tanto do setor de trabalho, bem como iluminao

    localizada;

    Melhoria da ventilao: ventiladores, exaustores e natural;

    Construir um banheiro para os funcionrios no local de trabalho, pois o que utilizado

    fica localizado fora do setor;

    Colocar em local visvel uma caixa de primeiros socorros.

    Descrio dos riscos

    rea da Oficina

    Riscos Fsicos

    Rudos: Lixadeiras, Tornos, Retificadora manual, Guilhotina, Furadeiras, Plainas,

    Fresadoras.

    Calor: Devido ao ambiente possuir pouca ventilao natural.

    Radiaes no ionizantes: Solda eltrica, fornos, soldas de oxiacetileno.

    Riscos Qumicos

    Em solventes: Hidrocarbonetos alifticos e destilados de petrleo;

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    68

    Em Thinner: steres, cetona, hidrocarbonetos, glicoteres;

    Em graxas: leos minerais, sabo de ltio;

    Em aditivos: Antiferrugem, anticorrosivo, antioxidante;

    Gasolina, lcool, Diesel, leo lubrificante.

    Riscos Ergonmicos

    Levantamento de peso (eventualmente);

    Servios com postura inadequada (eventualmente).

    Riscos de acidentes

    Arranjo fsico inadequado (na rea de Soldagem);

    Iluminao inadequada;

    Manuseio de produtos qumicos e trabalhos com soldagem.

    rea de Soldagem

    Riscos Fsicos

    Radiaes no-ionizantes (solda eltrica, solda de oxiacetileno).

    Riscos Qumicos

    Solventes;

    Thinner;

    Graxas;

    Aditivos.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    69

    Riscos Ergonmicos

    Levantamento e transporte de peso

    Almoxarifado

    Riscos Fsicos

    Calor;

    Rudo proveniente da sala ao lado (oficina).

    Riscos Qumicos

    Tintas;

    Solventes;

    Gasolina;

    leos;

    Poeira;

    Graxa.

    Riscos Ergonmicos

    Manuseio de materiais pesados (barras, chapas e trilhos de ao, entre outros).

    Riscos de Acidentes

    Materiais cortantes;

    Iluminao inadequada

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    70

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    71

    F) ACIDENTES DE TRNSITO: Os acidentes ocorridos com veculos automotivos podem ser colocados entre os de maior nmero de acidentes de trajeto. TABELA I - CLASSIFICAO DOS PRINCIPAIS RISCOS OCUPACIONAIS.

    Grupo 1 Verde

    Grupo 2 Vermelho

    Grupo 3 Marrom

    Grupo 4 Amarelo

    Grupo 5 Azul

    Riscos Fsicos Riscos Qumicos

    Riscos Biolgicos

    Riscos Ergonmicos Riscos de acidentes

    Rudos Vibraes Radiaes

    ionizantes

    Radiaes no ionizantes

    Frio Calor Presses

    anormais

    Umidade

    Poeiras Fumos Nvoas Neblinas Gases Vapores Substncias,

    compostos ou

    produtos

    qumicos em

    geral

    Vrus Bactrias Protozorios Fungos Parasitas Bacilos

    Esforo fsico intenso

    Levantamento e transporte manual de

    peso

    Exigncia de postura inadequada

    Controle rgido de produtividade

    Imposio de ritmos excessivos

    Trabalho em turno e noturno

    Jornadas de trabalho prolongadas

    Monotonia e repetitividade

    Outras situaes causadoras de

    "Stress" fsico e/ou

    psquico

    Arranjo fsico inadequado

    Mquinas e equipamentos sem

    proteo

    Ferramentas inadequadas ou

    defeituosas

    Iluminao inadequada

    Eletricidade Probabilidade de

    incndio ou exploso

    Armazenamento inadequado

    Animais peonhentos Outras situaes de

    risco que podero

    contribuir para a

    ocorrncia de

    acidentes

    Curso de direo defensiva:

    - Foi desenvolvido nos EUA pela National Safety Council

    - Foi trazido para o Brasil em 1971 pelo SENAI.

    - Objetiva o aperfeioamento profissional do motorista

    Direo Defensiva: dirigir de modo que se evitem acidentes, apesar das aes incorretas de

    terceiros e condies adversas.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    72

    G) FORA MAIOR, CASO FORTUITO: Fora maior: o fato que no provm da essncia da explorao, mas se forma fora dela;

    um agente material ou humano irrompendo de fora para provocar o acidente.

    Caso fortuito: fator proveniente das prprias condies da explorao, ao que

    acrescentaremos o fator humano, no intelectual, quer por parte do patro, quer dos operrios.

    So fatores externos ao trabalhador com os quais ele no contribui, mas acaba vtima no

    acidente.

    H) LCOOL, TABAGISMO E TXICOS: Embriaguez: a intoxicao aguda e transitria causada pelo lcool, cujos efeitos podem

    progredir de uma ligeira excitao inicial, at ao estado de paralisia e coma.

    Fases da embriaguez:

    a) Excitao (euforia, loquacidade, diminuio da capacidade de autocrtica),

    b) Depresso (confuso mental, falta de coordenao motora, irritabilidade, disartria -

    dificuldade de articulao das palavras devido a perturbao do sistema nervoso central (centro

    nervoso)),

    c) Sono (o brio cai e dorme, havendo anestesia e relaxamento dos esfncteres,

    culminando com o estado de coma).

    A embriaguez pode ser:

    Completa: correspondente a segunda e terceira fase, Incompleta: correspondente a 1a fase. Tendo em vista o elemento subjetivo do agente em relao embriaguez, esta pode ser:

    - Caso fortuito,

    - Fora maior.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    73

    Figura 2 Embriaguez

    Despojado da plenitude de sua capacidade de raciocnio, o embriagado expe-se aos

    riscos com menos responsabilidade que o habitual. De reflexos mais acelerados, porm menos

    sensvel, o etilizado nem sempre reage com as devidas cautelas.

    No s a embriaguez no servio prejudicial, a habitual pode levar o brio a gradativa

    perturbao de seu equilbrio fsico e mental, de forma a exp-lo aos perigos de seu ambiente de

    trabalho, mesmo que jamais tenha se apresentado embriagado em servio.

    Sensvel aos problemas do lcool no organismo humano, a legislao trabalhista cuidou

    do brio atravs da CLT:

    Art. 482 - Constituem justa causa para resciso do contrato de trabalho pelo empregador:

    Embriaguez habitual ou em servio. Alm dos problemas no trabalho, o lcool afeta o fgado e o crebro.

    Tabagismo(fumo): o tabagismo, pouco atacado, proibido em coletivos interurbanos no Estado de So Paulo (lei Estadual 110), porm pouco praticada, merece mais ateno.

    O tabaco no pulmo do trabalhador contribui para acentuar os problemas oriundos de

    poeiras e outros agentes que atacam os pulmes, contribuindo para a evoluo da doena,

    antecipando os seus efeitos malficos sobre o trabalhador.

    Txicos: os entorpecentes, de comrcio e consumo proibidos por lei, atuando de forma nociva sobre o organismo e mente do homem, podem lev-lo a expor-se a acidentes, de

    forma ainda mais perigosa que o lcool.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    74

    2.5 - EFEITOS DO ACIDENTE SOBRE O HOMEM

    Morte: o fim da vida animal ou vegetal. Logo, a morte do empregado constitui a

    inutilizao mais completa que pode sofrer a mquina humana de trabalho. Morte, assim, o

    momento em que cessam todos as funes vitais do corpo, e este deixa de existir, entrando em

    processo de decomposio. Extinto o homem, extingue-se o seu trabalho e o seu emprego.

    Incapacidade: a impossibilidade para se realizar determinadas tarefas. Ela pode ser:

    a) Incapacidade temporria total: a impossibilidade de o trabalhador realizar,

    por certo espao de tempo, quaisquer trabalhos.

    b) Incapacidade temporria parcial: a reduo, por certo espao de tempo, da

    capacidade de trabalho.

    Figura 3 Efeitos do acidente sobre o homem

    c) Incapacidade permanente total: a incapacitao, por toda a vida, para o trabalho.

    d) Incapacidade permanente parcial: a reduo, por toda a vida, da capacidade de

    trabalho.

    Acidente Fatal: quando provoca a morte do trabalhador.

    Acidente grave: quando provoca leses incapacitantes no trabalhador.

    OBS.: No se deve esquecer que, por menos leso que sofra o trabalhador, nada paga as dores, o

    sofrimento e angstia, at o diagnstico da leso. Ansiedades e incertezas acompanham o

    trabalhador at a sua volta ao servio, pois a aposentadoria por incapacidade nunca se busca.

    2.6 - A SITUAO PREVIDENCIRIA E LEGAL DO ACIDENTADO

    Inicialmente, no cabia ao trabalhador acidentado, qualquer assistncia e/ou indenizao,

    o que o deixava ao completo desamparo, caso no tivesse formado patrimnio antes do acidente,

    salvo se provasse culpa ou dolo do empregador, o que alm de oneroso, era praticamente

    impossvel, pois acidentes ocorridos no ambiente de trabalho tinham por testemunhas os

    empregados deste mesmo empregador, os quais tinham os seus empregos a zelar.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    75

    No Mundo:

    Leis mais humanas que davam solues mais prticas ao problema foram aparecendo. Em

    1884, na Alemanha, instituiu-se a assistncia mdica s vtimas de acidentes de trabalho. Aps a

    guerra de 1914, surgiu a idia da readaptao. Mais tarde, apareceram as instituies

    previdencirias.

    No Brasil:

    A primeira lei sobre o assunto foi a de 1919, e cuidava apenas da assistncia mdica e da

    indenizao. O DL. 7036 de 1944, foi a primeira norma legal a atender o acidentado em seus trs

    aspectos: assistncia, indenizao e reabilitao.

    O DL. 293/67 cuidou apenas da assistncia mdica, deixando para a CLT, a reabilitao e

    preveno do acidente de trabalho, com as alteraes previstas no DL. 229/67.

    A lei 5316/67 restabeleceu em parte as conquistas, atendendo inclusive a preveno de

    acidentes e a reabilitao profissional dos acidentados.

    Situao previdenciria atual:

    A atual Consolidao das Leis da Previdncia Social, instituda pelo Decreto 89312 de 23

    de janeiro de 1984, que a reeditou, a partir do artigo 160 estabelece os benefcios ao acidentado.

    Ao assumir integral responsabilidade pelos benefcios ao acidentado, esta legislao

    exclui o empregador de quaisquer responsabilidades pelo acidente de trabalho, tornando-o imune

    a encargos de qualquer natureza, salvo em manter o emprego e as contribuies previdncia, e

    depsito do FGTS.

    Aqui comeam os problemas. Isento de nus quanto ao acidentado, o empregador no se

    preocupa com a integridade fsica e/ou psquica de seus empregados.

    Ocorrido o acidente, basta comunic-lo previdncia social, que a partir de ento,

    responsvel pela vtima.

    A estabilidade provisria cessa com a reabilitao do empregado e seu retorno ao servio,

    o qual poder ter seu contrato de trabalho unilateralmente rescindido, ainda que sem justa causa,

    uma vez que atualmente, com o advento do FGTS, institudo pela lei 5107, substitui a

    estabilidade do artigo 492 da CLT (Decreto Lei 5452, de 01/05/1943), pagando-lhe o pouco a

    que tem direito.

    OBS.: Cobrana prevista na lei 8213 de 1991. Ela determina que o INSS cobre de empresas

    culpadas por acidentes de trabalho os benefcios pagos a acidentados.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    76

    2.7 - RESPONSABILIDADE CIVIL PELO ACIDENTE

    A) PESSOAS FSICAS E JURDICAS DE DIREITO PRIVADO:

    O cdigo civil estabelece alguns casos em que o responsvel por acidentes civilmente

    responsvel por indenizao. Tais casos no se aplicam ao acidente do trabalho que esta coberto

    pela Previdncia Social.

    A legislao civil prev - Cod. Civil art. 1518: "Os bens do responsvel pela ofensa ou

    violao dos direitos de outrem, ficam sujeitos reparao do dano causado".

    No artigo 1521 so tambm responsveis pela reparao civil:

    I)

    II)

    III) O patro...... por empregados..... no exerccio do trabalho que lhes competir, ou por

    ocasio dele (art. 1522).

    Art. 1522 A - A responsabilidade estabelecida no artigo antecedente, No III, abrange as

    pessoas jurdicas que exeram explorao industrial.

    No difcil perceber que as indenizaes acima estabelecidas referem-se somente a

    terceiros, e no ao empregado, concluso que se pode tirar do artigo 1521, III, pois o patro

    responsabilizado pelo ato de seus empregados.

    O direito de terceiros poder ser violado no caso de acidentes de trabalho. Neste caso, o

    empregador responsvel pelos danos que os seus empregados causarem a terceiros; quanto ao

    empregado, este encaminhado aos cuidados do rgo previdencirio a que pertence.

    B) PESSOA JURDICA DE DIREITO PBLICO:

    O Poder Pblico no est isento de responsabilidades, em caso de acidentes de trabalho,

    quanto indenizao a terceiros.

    Cod. Civil art. 15: As pessoas jurdicas de direito pblico so civilmente responsveis por

    atos de seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros....

    Desta forma, se o acidente ocorrer com empregado do servio pblico, no exerccio de

    suas atividades, aquele tambm responsvel em relao a terceiros. No importa o regime

    jurdico do servidor, nem to pouco a forma de sua investidura, basta que seja agente do servio

    pblico. Os empregados so encaminhados ao rgo previdencirio prprio.

  • INTRODUO A ENGENHARIA DE SEGURANA NO TRABALHO

    77

    Logo, os danos decorrentes de acidentes de trabalho que atingir terceiros, obriga os

    empregadores indenizao, na forma prescrita pelo Cdigo Civil, seja o empregador: pessoa

    fsica, pessoa jurdica de direito privado ou de direito pblico.

    Quanto aos empregados, estes devem ser encaminhados previdncia social.

    2.8 - LEGISLAO BSICA PREVENTIVA DE SEGURANA DO TRABALHO

    A) CLT - CONSOLIDAO DAS LEIS DO TRABALHO:

    A legislao bsica preventiva em matria de Segurana e Medicina do Trabalho a

    prpria CLT, que em seu captulo V, com redao que lhe deu a lei 6514/77, regula o assunto da

    seguinte forma:

    a) Os cdigos de obras ou regulamentos sanitrios dos Estados e Municpios, e as

    convenes coletivas de trabalho, podem complementar a legislao existente, uma vez que a

    aplicao dessa no desobriga aqueles (art. 154);

    b) Competncia dos rgos de mbito nacional e dos DRT (art. 155/156);

    c) Incumbncia dos empregadores e empregados (art. 17/158);

    d) Delegao de competncia no tocante fiscalizao e orientao das disposies

    relativas a este assunto (art. 159);

    e) Obrigatoriedade de inspeo prvia dos estabelecimentos empregadores, com

    faculdade de o delegado Regional do Trabalho interditar ou embargar obras desses

    estabelecimentos (art. 160/161);

    f) Obrigatoriedade de manuteno de Comisso Interna de Preveno de Acidentes -

    CIPA (art. 162/165);

    g) Obrigatoriedade de fornecimento, por parte do empregador, gratuito ao empregado, de

    equipamento aprovado pelo Ministrio do Trabalho (art. 166/167);

    h) Obrigatoriedade de exame mdico gratuito por ocasio da admisso do empregado,

    bem como notificao compulsria das doenas profissionais (art. 168/169);

    i) As condies de segurana e higiene dos edifcios (art. 170/174);

    j) As condies de iluminao e conforto trmico destes (art. 175/178);

    k) As condies eltricas e proibio de manuseio desta por quem no for qualificado

    (art. 179/181);

    l) A instalao de dispositivos de segurana em mquinas e equipamentos, bem como a

    proibio de manuteno de mquinas em movimento (art. 184/185);

    m) Segurana em caldeiras, com obrigatoriedade de inspeo peridica (art. 187/188);

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