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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO Professor Silvério Marinho 1 PARTE I O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO O PAPEL DE FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA FINANÇAS, O QUE É ? É a arte e a ciência de administrar fundos (recursos). Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Ocupa-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos. É a aplicação de uma série de princípios econômicos e financeiros objetivando a maximização da riqueza da empresa e do valor das suas ações. PRINCIPAIS ÁREAS E OPORTUNIDADES EM FINANÇAS. Serviços financeiros: é a área de finanças voltada para a concepção e à prestação de assessoria, tanto quanto à entrega de produtos financeiros a indivíduos, empresas e governos. Áreas de atuação: - bancos (analista de crédito e consultores financeiros a indivíduos); - investimentos (corretores de títulos e investimentos); - bens imóveis (corretores de investimentos em imóveis); - seguradoras (corretores de seguros). Administração Financeira: diz respeito às finalidades do administrador financeiro na empresa. Áreas de atuação: orçamentos, administração de caixa, administração do crédito, análise de investimentos, captação de fundos. Cargos: analista financeiro, analista ou gerente de investimentos de capital, gerente de projetos financeiros envolvendo financiamentos, gerente de caixa ou tesouraria, analista ou gerente de crédito, administração de fundos de pensão. OBJETIVOS DE UMA EMPRESA Uma empresa para ser bem sucedida deve definir quais os objetivos que pretende alcançar. Tais objetivos contribuirão para orientar seus executivos no processo de tomada de decisões e para a definição dos objetivos das unidades ou setores sob seu comando. Assim sendo, antes de discutir os objetivos da Administração Financeira em particular é necessário conhecer os objetivos da empresa como um todo. Porém, reconhecendo que eles devem abranger aspectos relativos à continuidade, mercados, produtos responsabilidade social, sem entrar na polêmica relativa aos objetivos da empresa, vamos nos restringir à análise de dois objetivos globais de natureza financeira, definidos na prática pela maioria das empresas. São eles a maximização dos lucros e o acréscimo na riqueza dos proprietários. Maximização dos lucros ? (Objetivo Secundário) Este talvez seja o objetivo empresarial mais freqüentemente citado, mas não é um objetivo muito preciso. Muitos acreditam que enquanto a empresa vender o máximo possível a custos mínimos, tal objetivo estará sendo alcançado. No entanto, carrega algumas restrições, por ser considerado um enfoque de curto prazo, pois, para maximizar o lucro, uma empresa poderia utilizar insumos mais baratos (reduzir programas de formação de pessoal ou gastos com manutenção), obter maior lucro naquele momento, mas a médio prazo poderia perder clientes, tendo, portanto, o risco de queda da rentabilidade futura e do valor das suas ações.

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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO

Professor Silvério Marinho

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PARTE I

O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

O PAPEL DE FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA FINANÇAS, O QUE É ?

É a arte e a ciência de administrar fundos (recursos). Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Ocupa-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos. É a aplicação de uma série de princípios econômicos e financeiros objetivando a maximização da riqueza da empresa e do valor das suas ações. PRINCIPAIS ÁREAS E OPORTUNIDADES EM FINANÇAS.

Serviços financeiros: é a área de finanças voltada para a concepção e à prestação de assessoria, tanto quanto à entrega de produtos financeiros a indivíduos, empresas e governos.

Áreas de atuação: - bancos (analista de crédito e consultores financeiros a indivíduos); - investimentos (corretores de títulos e investimentos); - bens imóveis (corretores de investimentos em imóveis); - seguradoras (corretores de seguros).

Administração Financeira: diz respeito às finalidades do administrador financeiro na empresa.

Áreas de atuação: orçamentos, administração de caixa, administração do crédito, análise de investimentos, captação de fundos. Cargos: analista financeiro, analista ou gerente de investimentos de capital, gerente de projetos financeiros envolvendo financiamentos, gerente de caixa ou tesouraria, analista ou gerente de crédito, administração de fundos de pensão.

OBJETIVOS DE UMA EMPRESA

Uma empresa para ser bem sucedida deve definir quais os objetivos que pretende alcançar. Tais objetivos contribuirão para orientar seus executivos no processo de tomada de decisões e para a definição dos objetivos das unidades ou setores sob seu comando. Assim sendo, antes de discutir os objetivos da Administração Financeira em particular é necessário conhecer os objetivos da empresa como um todo. Porém, reconhecendo que eles devem abranger aspectos relativos à continuidade, mercados, produtos responsabilidade social, sem entrar na polêmica relativa aos objetivos da empresa, vamos nos restringir à análise de dois objetivos globais de natureza financeira, definidos na prática pela maioria das empresas. São eles a maximização dos lucros e o acréscimo na riqueza dos proprietários.

Maximização dos lucros ? (Objetivo Secundário) Este talvez seja o objetivo empresarial mais freqüentemente citado, mas não é um objetivo muito preciso. Muitos acreditam que enquanto a empresa vender o máximo possível a custos mínimos, tal objetivo estará sendo alcançado. No entanto, carrega algumas restrições, por ser considerado um enfoque de curto prazo, pois, para maximizar o lucro, uma empresa poderia utilizar insumos mais baratos (reduzir programas de formação de pessoal ou gastos com manutenção), obter maior lucro naquele momento, mas a médio prazo poderia perder clientes, tendo, portanto, o risco de queda da rentabilidade futura e do valor das suas ações.

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Maximização da Riqueza dos Proprietários/Acionistas. (principal objetivo) Além de constituir algo mais amplo e profundo do que a maximização dos lucros, é a principal meta da administração financeira. Envolve os seguintes aspectos: perspectiva de longo prazo: a empresa dever ser perpetuada e, para tanto, tem de realizar

investimentos em tecnologia, novos produtos etc. que poderão sacrificar a rentabilidade atual em troca de maiores benefícios no futuro;

valor do dinheiro no tempo: os projetos de investimento envolvem fluxos de desembolsos e de

entradas de caixa. Existem diversas técnicas para avaliar tais projetos e algumas delas transformam os fluxos futuros de caixa em valores atuais, através da aplicação de determinada taxa de desconto. Essa taxa de desconto deve refletir um custo de oportunidade dos recursos a serem investidos. Tal custo de oportunidade corresponde a uma taxa mínima de retorno exigida do projeto para que o valor de mercado da empresa não se altere. Considerando o valor do dinheiro no tempo, a seleção dos projetos a serem implementados visará aumentar ou, pelo menos, manter o valor de mercado da empresa;

Retorno do capital próprio: os acionistas esperam ser remunerados através de dividendos e,

principalmente, pela valorização de suas ações. A Adm. Financ. deverá atender a essas expectativas;

Risco: o retorno dever ser compatível com o risco assumido. Maior risco implica a expectativa de

maior retorno. A decisão de investir em um projeto de baixo risco (A) renderá um baixo retorno (A’) e um projeto de alto risco (B) deve produzir um maior retorno (B’) para justificar sua implementação. O único meio para avaliar a contribuição de vários investimentos para a riqueza da empresa é ajustar os retornos futuros de cada investimento ao risco. Por exemplo, suponha que você tem dois projetos, A e B. Ambos geram a mesma série de retornos futuros, porém o projeto A é menos arriscado do que o projeto B. Qual é o melhor projeto e qual aumentará mais a riqueza? Obviamente é o projeto A . Entretanto, a meta de um administrador financeiro é maximizar o valor da empresa ou suas ações. Isso é alcançado através do investimento naqueles projetos que têm a melhor compensação entre risco e retorno. Dividendos: deve ser adotada uma política de distribuição regular de dividendos, independentemente

das flutuações dos lucros, minimizando os efeitos negativos que possam afetar as cotações das ações. A empresa não deve desapontar aqueles acionistas que apreciam receber dividendos periódicos.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Estuda a circulação do dinheiro. O dinheiro circula em uma empresa da mesma maneira que o sangue no organismo humano. A exemplo do que ocorre com o sangue, ele sofre transformações e volta ao seu estado puro. Isto se chama giro ou circulação e essa circulação tem estágios, fases e um tempo para percorrer o seu trajeto. A finalidade da Adm. Financeira é dotar a empresa de meios para que nunca falte dinheiro na hora em

que ele se faz necessário.

Retornos

esperados

Risco

Linha de

risco/retorno

A B

B’

A’

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Esta colocação tão simples demanda uma série de medidas que se tornam tanto mais complexas quanto maior e mais intrincada (obscura, confusa, complicada) for a empresa em sua atividade. A Adm. Financ. movimenta um conjunto de atividades para cuidar desta matéria, recorrendo, inclusive, a outras disciplinas, como é o caso da Contabilidade Gerencial, para a tomada de decisão. O objetivo básico da Adm. Financeira é a maior rentabilidade possível sobre o investimento dos

proprietários da empresa. Mas, há uma ressalva: a rentabilidade máxima, desde que não seja comprometida a liquidez da empresa. Uma vez definido o aumento da riqueza dos acionistas como o objetivo básico da empresa quais seriam os objetivos de sua administração financeira ? O enfoque retorno-risco para os objetivos financeiros. O executivo financeiro dever buscar lucros máximos a graus de riscos mínimos. Assim ele deve estabelecer controles sobre o fluxo de fundos na empresa de forma a dispor da flexibilidade necessária para adaptá-la a modificações ao ambiente. O enfoque liquidez-rentabilidade para os objetivos financeiros. Analisada a questão deste prisma existem dois objetivos a alcançar: 1 – liquidez: a empresa dever ser capaz de saldar todos os seus compromissos de natureza financeira; 2 – rentabilidade: a ênfase é em propiciar retorno a longo prazo aos acionistas da empresa.

DEFINIÇÃO E OBJETIVOS DA FUNÇÃO FINANCEIRA EVOLUÇÃO DA FUNÇÃO FINANCEIRA (HISTÓRICO)

Na década de 50, no Brasil, tinhamos micro, pequenas e muito poucas médias empresas e, a função financeira nessa época era chamada “tesouraria”, exercida pelo tesoureiro como executivo e cuja função era ter recursos disponíveis para saldar compromissos financeiros no vencimento. Com a aceleração na taxa de crescimento do país, a intensificação das pressões inflacionárias, a sofisticação do mercado de capitais e o crescimento no porte e na complexidade das empresas, essa função passou a se chamar nas empresas de Administração Financeira e tem como executivo o Administrador Financeiro, responsável não só pela obtenção de fundos, mas também pelo envolvimento nas decisões relativas à alocação de fundos na empresa, a mensuração e o controle dos resultados associados à alocação de fundos e à participação efetiva no processo de planejamento dos gastos de capital. No passado => o Administrador Financeiro (Tesoureiro) se preocupava exclusivamente com a obtenção de recursos. Hoje => tem a atuação voltada para a obtenção e o emprego de capital na empresa. A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS

Todas as atividades empresariais envolvem recursos financeiros e orientam-se para a obtenção de lucros. Os recursos supridos pelos proprietários e pelos credores encontram-se aplicados em ativos utilizados na produção e comercialização de bens ou na prestação de serviços. As receitas obtidas com as operações devem ser suficientes para cobrir todos os custos e despesas incorridos e ainda gerar lucros. Paralelamente a esse fluxo econômico de resultados ocorre uma movimentação de numerário que deve permitir a liquidação dos compromissos assumidos, o pagamento de dividendos e a reinversão da parcela remanescente dos lucros. Desse modo, cada empresa pode ser visualizada como um sistema que multiplica os recursos financeiros nela investidos. A função financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a gestão dos fundos movimentados por todas as áreas da empresa: contabilidade, produção, marketing, recursos humanos, pesquisas e outras.

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Essa função é responsável pela obtenção dos recursos necessários e pela formulação de uma estratégia voltada para a otimização do uso desses fundos. Encontrada em qualquer tipo de empresa, a função financeira tem um papel muito importante no desenvolvimento de todas as atividades operacionais, contribuindo significativamente para o sucesso do empreendimento. À função financeira cabem duas tarefas básicas: a) obtenção dos recursos nas condições mais favoráveis possíveis; e b) alocação eficiente desses recursos na empresa. a 1) Levantamento de recursos: envolve o suprimento dos fundos demandados pelas operações normais da empresa e a captação de vultosas somas para investimentos em projetos com longos períodos de maturação. Próprias (capital, reservas, lucros) Fontes de recursos Naturais (fornecedores, impostos, salários) Terceiros Onerosas (bancos, sócios, coligadas) b 1) Alocação de recursos: envolve a constante busca da otimização no uso dos fundos para que seja alcançada a rentabilidade desejada e preservada a capacidade da empresa pagar seus compromissos nos vencimentos. Ativos fixos Ativos operacionais Ativos circulantes Usos de recursos Ativos não operacionais (participação em outras empresas, Imóveis alugados, etc.) ORGANIZAÇÃO DA FUNÇÃO FINANCEIRA

A extensão e a importância da função financeira dependem, em grande parte, do tamanho da empresa. Em empresas pequenas, a função financeira é geralmente realizada pelo departamento de Contabilidade. À medida que a empresa cresce, a importância da função financeira leva à criação de um Departamento Financeiro separado – uma unidade organizacional autônoma, ligada diretamente ao Presidente da companhia, através de um Vice-Presidente de Finanças. Nas grandes organizações, a função financeira situa-se entre as mais relevantes e costuma ser desempenhada por três executivos de alto nível: o Vice-Presidente de Finanças ou Diretor Financeiro, o Tesoureiro ou Diretor Tesoureiro e o Controller ou Diretor de Controle. A figura abaixo mostra um organograma, destacando a estrutura da atividade financeira dentro da empresa. Reportando ao Vice-Presidente de Finanças estão o Tesoureiro e o Controller. O Tesoureiro geralmente é responsável por conduzir atividades financeiras, tais como a administração de atividades de crédito e a administração da carteira de investimentos. O Controller geralmente conduz as atividades contábeis relacionadas com impostos, processamento de dados, contabilidade de custos e contabilidade financeira.

PRESIDENTE

VICE-PRESIDENTE DE

FINANÇAS

TESOUREIRO CONTROLLER

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Vice-Presidente de Finanças (ou Diretor Financeiro): é o principal executivo da área financeira, reportando-se diretamente à Presidência, formula a política financeira global da empresa e das suas subsidiárias, coordena as atividades do Tesoureiro e do Controller, representa a empresa perante os órgãos públicos, instituições ligadas ao mercado de capitais e na assinatura de grandes contratos de compra, de venda e de financiamento.

Tesoureiro: desenvolve funções executivas (é um homem de linha), mantém relações externas com banqueiros e outros credores, administra os fluxos de recursos financeiros, é responsável pela liquidez da empresa.

Controller: desenvolve funções de assessoria (é um homem de staff), mantém relações internas, envolvendo-se com todas as áreas, é o inspetor dos financeiros, está constantemente preocupado com a rentabilidade.

ATRIBUIÇÕES E FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO O Administrador Financeiro dever ser responsável pelo gerenciamento das finanças de todo tipo de organização, financeiras ou não financeiras, pública ou privada, de pequeno ou grande porte, com ou sem fins lucrativos. Atuando, muitas vezes, como líder de departamentos econômico-financeiros, deve adotar um postura ética e crítica. A atuação do Administrador Financeiro envolve, fundamentalmente, a administração de bens e valores. É um trabalho que deve ser feito de modo cuidadoso e comprometido e requer contínuo aperfeiçoamento profissional. ATIVIDADES-CHAVES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

Que tipo de decisão toma o Administrador Financeiro no exercício de suas funções ? De forma bastante abrangente, podemos identificar quatro áreas de decisões financeiras: a) Decisão de Investimento (alocação de fundos) – consiste em escolher algumas dentre as inúmeras

alternativas de uso dos recursos financeiros disponíveis. É necessário decidir o volume de recursos a ser apropriado ao capital de giro e o montante a ser investido em ativos permanentes. No que tange aos investimentos em ativos permanentes a decisão é complexa pois benefícios derivados desta escolha só serão auferidos no futuro. Considerando a impossibilidade de estimar com certeza os lucros futuros associados aos diversos projetos de investimento verifica-se que esta decisão envolve risco.

Refere-se tanto à administração da estrutura do ativo quanto à implementação de novos projetos.

b) Decisão de Financiamento (captação de fundos) – dadas as necessidades de recursos da empresa

qual a melhor maneira de obtê-los ? Este tipo de decisão é complexo pois envolve a compatibilidade entre a maturidade dos fundos e a capacidade de geração de retornos dos ativos a serem financiados, o grau de liquidez da empresa e o risco associado a cada alternativa de financiamento. Um dos aspectos mais complexos consiste na determinação da melhor proporção de fundos próprios e fundos de terceiros, ou seja, a escolha da estrutura de capital da empresa. Neste caso o administrador deve buscar a combinação de fundos próprios e de terceiros que tenha associado a si o menor custo de capital, pois desta forma estará contribuindo para aumentar o valor da riqueza dos acionistas.

Visa montar a estrutura financeira mais adequada às operações normais e aos novos projetos a serem implantados na empresa. Questões envolvidas na decisão de financiamento referem-se à composição das fontes de recursos, como segue:

Qual deveria ser a proporção entre recursos próprios e de terceiros ?

Quanto de recursos próprios e quanto de financiamentos a longo prazo ?

O reinvestimento de lucros seria suficiente para atender às necessidades de recursos próprios ?

O mercado reagiria bem ao lançamento de novas ações ?

Qual seria o impacto dos custos financeiros provocados pelos financiamentos a longo prazo e pelos empréstimos a curto prazo ?

Em vez de comprar ativos fixos, não deveríamos arrendá-los ?

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c) Decisão relativa à destinação do lucro (ou distribuição de lucros) – o lucro obtido em cada exercício

social representa a remuneração do investimento dos proprietários da empresa. Quanto desse lucro deveria ser distribuído aos acionistas e quanto seria retido para financiar a expansão dos negócios ? Essa indagação revela que a política de distribuição de dividendos está diretamente relacionada com as decisões de financiamento.

Distribuindo apenas um pequena parcela dos lucros, a empresa ficará menos dependente das fontes onerosas de recursos e ampliará a participação do capital próprio na estrutura financeira. Quando a empresa pertence a reduzido número de pessoas, essas decisões são tomadas por consenso ou por imposição do sócio majoritário. A dificuldade surge quando existe grande número de acionistas e as ações são negociadas nas bolsas de valores. Neste caso, a política de dividendos estará orientada para a maximização das cotações, devendo basear-se na avaliação das expectativas do mercado acionário que são influenciadas por diversos fatores conjunturais. Se a rentabilidade da empresa for satisfatória, pode-se supor que a maioria dos proprietários prefira abrir mão dos dividendos. Porém, não deve ser ignorado que sempre existirão acionistas desejosos de realizar, pelo menos, parte dos lucros. Uma política de dividendos adequada favorece a manutenção dos preços das ações em níveis elevados, e isto poderá garantir o sucesso de futuros lançamentos de novas ações no mercado.

d) Decisões Operacionais – um conjunto muito importante de decisões é o relativo à utilização eficaz

dos ativos da empresa. Dados os montantes investimentos em caixa, duplicatas a receber, estoques e ativos imobilizados da empresa, é necessário utilizá-los o mais eficazmente possível. Neste caso busca-se tornar a diferença entre receitas e despesas, isto é, o resultado operacional da empresa, o maior possível. Dentre as decisões de natureza operacional destacam-se a fixação de preços, a escolha da escala de produção e o controle de custos.

As quatro decisões são representadas esquematicamente bem como caracterizado o seu interrelacionamento. As decisões operacionais ocupam a posição central porque dizem respeito à utilização dos ativos existentes. É portanto o fulcro (sustentáculo, apoio, amparo) em torno do qual se desenvolve o processo de tomada de decisões de natureza financeira. FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

Análise e Planejamento Financeiro Esta função envolve a transformação dos dados financeiros em um forma que possa ser usada para orientar a posição financeira da empresa, avaliar a necessidade de aumento da capacidade produtiva e determinar que tipo de financiamento adicional deve ser feito. Administração da Estrutura de Ativo da Empresa Determina a composição (valor dos ativos circulantes e fixos) e os tipos de ativos encontrados no balanço da empresa. Depois que a composição estiver fixada, o Administrador Financeiro precisa determinar certos níveis “ótimos” de cada tipo de ativo circulante e tentar mantê-los. Deve também detectar quais são os melhores ativos fixos a serem adquiridos e saber quando os ativos fixos existentes se tornarão obsoletos e precisarão ser modificados ou substituídos. A determinação da melhor estrutura de ativo para a empresa não é um processo simples; requer o conhecimento das operações passadas e futuras da empresa, e a compreensão dos objetivos que deverão ser alcançados a longo prazo. Administração da Estrutura Financeira da Empresa

Decisão de Investimento

Decisão Destinação

dos Lucros

Decisão de

Financiamento

Decisões Operacionais

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Está relacionada com o lado direito do balanço. Em primeiro lugar, a composição mais adequada de financiamento a curto e longo prazo precisa ser determinada. Esta é uma decisão importante, pois afeta tanto a lucratividade da empresa como sua liquidez global. Um segundo problema igualmente importante é saber quais as melhores fontes de financiamento a curto ou longo prazo para a empresa, num dado momento. Muitas destas decisões são impostas por necessidade, mas algumas exigem uma análise profunda das alternativas disponíveis, de seus custos e de suas implicações a longo prazo. As três funções do Administrador Financeiro descritas acima são claramente refletidas no balanço, que mostra a posição financeira da empresa num dado instante. A avaliação dos dados do balanço pelo Administrador Financeiro reflete a posição financeira global da empresa. Ao fazer tal avaliação, ele precisa inspecionar as operações da empresa, procurando áreas que mostrem problemas e áreas que podem ser melhoradas. Ao administrar a estrutura de ativo da empresa, na realidade está determinando a formação do lado esquerdo de seu balanço. Ao administrar sua estrutura financeira, está elaborando o lado direito do balanço da empresa.

BALANÇO PATRIMONIAL

Ativos Circulantes

Passivos Circulantes

Ativos Permanentes

Passivos Permanentes

META DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

O Administrador Financeiro deve visar atingir os objetivos da empresa, procurando maximizar a riqueza dos proprietários/acionistas.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA, ECONOMIA E CONTABILIDADE A Administração Financeira está diretamente ligada à Economia e Contabilidade. Pode ser vista como uma forma de economia aplicada que se baseia amplamente em conceitos econômicos, aproveitando também certos dados da Contabilidade. Embora estas disciplinas estejam relacionadas, há diferenças marcantes entre elas. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ECONOMIA

O Administrador Financeiro deve compreender o arcabouço econômico e estar atento às conseqüências dos vários níveis de atividade econômica e das mudanças na política econômica. A importância da Economia para o desenvolvimento do ambiente financeiro pode ser melhor descrita em função de suas duas áreas – Macroeconomia e Microeconomia. Macroeconomia: estuda o ambiente global, a estrutura institucional do sistema bancário, intermediários

financeiros, o Tesouro Nacional, as políticas econômicas de que o Governo Federal dispõe para controlar o nível de atividade econômica dentro economia e o ambiente internacional. Um vez que a empresa deve operar no âmbito macroeconômico, é importante que o Administrador Financeiro esteja ciente de sua estrutura institucional, Precisa também estar alerta para as conseqüências de diferentes níveis de atividade econômica e mudanças na política econômica que afetam sua próprio ambiente de decisão. Sem compreender o funcionamento do amplo ambiente econômico, o Administrador Financeiro não pode esperar obter sucesso financeiro para a empresa. Deve perceber as conseqüências de uma política monetária mais restritiva sobre a capacidade da empresa obter recursos e gerar receitas. Precisa ainda conhecer as várias instituições financeiras e saber como estas operam para poder avaliar os canais potenciais de investimento e financiamento.

Decisões de

Investimento

Decisões de

Financiamento

- montante de recursos a aplicar em AC e PC;

- para os ativos existentes quais modificar, substituir ou liquidar.

- Combinação mais apropriada entre financiamento de curto e longo prazo e determinação das fontes de financiamento.

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Microeconomia: trata da determinação de estratégias operacionais ótimas para empresas e indivíduos.

As teorias microeconômicas fornecem a base para a operação eficiente da empresa. Visam definir as ações que permitirão à empresa obter sucesso. Os conceitos envolvidos nas relações de oferta e demanda e as estratégias de maximização do lucro são extraídos da teoria Microeconômica. Questões relativas a composição de fatores produtivos, níveis ótimos de vendas e estratégias e determinação de preço do produto são todas afetadas por teorias do nível microeconômico. O princípio econômico básico usado em Administração Financeira é a análise marginal, princípio segundo o qual devem ser tomadas decisões financeiras e realizadas ações, somente quando os benefícios adicionais superarem os custos adicionais. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E CONTABILIDADE

Muitos consideram a função financeira e a contábil dentro da empresa como sendo virtualmente a mesma. Embora haja uma relação íntima entre essas funções, exatamente como há um vínculo estreito entre a Administração Financeira e a Economia, a função contábil é melhor visualizada como um insumo necessário à função financeira, isto é, como uma subfunção da Administração Financeira. Esta visão está de acordo com a organização tradicional das atividades de uma empresa em três áreas básicas – produção, finanças e mercadologia. Em geral considera-se que a função contábil deve ser controlada pelo Vice-Presidente Financeiro. Contudo, há duas diferenças básicas de perspectiva entre a Administração Financeira e a Contabilidade – uma se refere ao tratamento de fundos e a outra à tomada de decisões. Tratamento de fundos: o Contador, cuja função básica é desenvolver e fornecer dados para avaliar o

desempenho da empresa, apurar sua situação financeira e pagar impostos, difere do Administrador Financeiro da maneira como vê os fundos da empresa. O Contador usando certos princípios padronizados e geralmente aceitos, prepara as demonstrações financeiras com base na premissa de que as receitas devem ser reconhecidas por ocasião das vendas e as despesas quando incorridas (método chamado Regime de Competência). O Administrador Financeiro está mais preocupado em manter a solvência da empresa, proporcionando os fluxos de caixa necessários para honrar as suas obrigações e adquirir e financiar os ativos circulantes e fixos, fundamentais para atingir as metas da empresa. Ao invés de reconhecer receitas no momento das vendas e despesas quando incorridas, reconhece receitas e despesas somente com respeito às entradas e saídas de caixa. Usa o Regime de Caixa, isto é, reconhece as receitas e despesas quando efetivamente ocorrem. Exemplo: A Mais e Menos Ltda., atuante no comércio varejista de máquinas e implementos agrícolas, vendeu um trator no final do último exercício fiscal por R$ 200 mil; este foi adquirido durante o ano pelo custo de R$ 100 mil. Embora a empresa já tivesse arcado com o custo total do trator ao longo do ano, no encerramento do exercício ainda não havia recebido os R$ 200 mil do cliente para quem a venda fora realizada. As visões do Contador e do Administrador Financeiro sobre o desempenho da empresa durante o ano são dadas pela demonstração do resultado do exercício e pelo fluxo de caixa seguintes.

Visão do Contador Visão do Administrador Financeiro

DRE para o ano findo em 31/12 (R$ mil) Fluxo de Caixa para o ano findo 31/12 (R$ mil)

Vendas ............................................... 200 Custos ................................................ (100) Lucro .................................................. 100

Entrada de Caixa ................................ 0 Saída de Caixa.................................... (100) Fluxo de Caixa Líquido....................... (100)

Comparando as duas demonstrações financeira, pode-se perceber que, enquanto sob o ponto de vista contábil a empresa é bastante lucrativa, de acordo com a ótica financeira é um fracasso. Sem entradas adequadas de caixa para saldar suas obrigações, a empresa sobreviverá a dispeita do seu nível de lucros. A lição do exemplo acima é que os dados contábeis não descrevem inteiramente as circunstâncias financeiras de uma empresa. O Administrador Financeiro precisa olhar além das demonstrações financeiras da sua companhia para perceber problemas que estão surgindo ou existem. A falta de fluxo de caixa para a Mais e Menos Ltda. originou-se da conta a receber não cobrada. O Administrador Financeiro,

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centrando a atenção no fluxo de caixa, deveria ser capaz de evitar a insolvência e alcançar os objetivos financeiros da empresa. Tomada de decisão: os deveres do executivo financeiro diferem dos do Contador, pois este dedica-se

basicamente a coleta e apresentação de dados financeiros. O executivo financeiro avalia as demonstrações contábeis, desenvolve dados adicionais e toma decisões com base em análises subsequentes. O papel do Contador é prover dados que sejam desenvolvidos e interpretados com facilidade, sobre operações passadas, presentes e futuras da empresa. O Administrador Financeiro usa estes dados, seja em sua forma bruta, seja depois de fazer certos ajustes e análises, como um importante insumo ao processo de tomada de decisão financeira. Obviamente isto não quer dizer que os contadores jamais tomem decisões e que os administradores financeiros jamais coletem dados.

EXERCÍCIOS 1) Descreva sobre os principais conceitos :

a) Finanças; b) Serviços Financeiros; c) Administradores Financeiros. 2) Qual a relação existente entre a Administração Financeira e a Economia. Explique como o

administrador financeiro se baseia nos princípios de Macro e Microeconomia. 3) Como a função financeira evolui dentro da empresa. 4) Quais são as maiores diferenças entre Contabilidade e Administração Financeira com respeito:

a) ao reconhecimento de receitas e despesas ? b) à tomada de decisão ? 5) Como o administrador financeiro depende do contador ? De que forma o resultado da Contabilidade

age como insumo para a Administração Financeira ? 6) Quais são as funções do Administrador Financeiro com respeito às demonstrações financeiras da

empresa ? 7) O que distingue o objetivo de maximização dos lucros da empresa do objetivo de maximização da

riqueza dos proprietários ?

8) À FUNÇÃO FINANCEIRA CABEM DUAS TAREFAS BÁSICAS. QUAIS SÃO ? COMENTE-AS.

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9) QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DECISÕES FINANCEIRAS A SEREM TOMADAS PELO ADMINISTRADOR FINANCEIRO ? EXPLIQUE CADA UMA.

10) QUAL A IMPORTÂNCIA DAS DUAS ÁREAS DA ECONOMIA PARA O ADMINISTRADOR FINANCEIRO ?

PARTE II

ANÁLISE DA LIQUIDEZ, EDIVIDAMENTO E ESTRUTURA ÍNDICES DE LIQUIDEZ A liquidez é uma medida de avaliação da capacidade financeira da empresa para satisfazer os compromissos com terceiros, ou seja, de pagar suas dívidas, a partir da comparação entre os bens e direitos realizáveis e as exigibilidades. Mede sua capacidade de pagamento a curto e a longo prazo. Os principais índices que medem a liquidez da empresa são descritos a seguir. LIQUIDEZ CORRENTE (LC)

Indica quanto a empresa possui em dinheiro, em bens e em direitos realizáveis no decorrer do exercício seguinte ao do encerramento do balanço (Ativo Circulante), para pagar suas dívidas vencíveis no mesmo período de tempo (Passivo Circulante).

LC = AC PC

sendo: AC = ativo circulante PC = passivo circulante Ex.: LC = 2.660/2.455 LC = 1,08

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O resultado revela que a empresa pode dispor de $ 1,08 para pagar cada $ 1,00 de dívidas a curto prazo. A interpretação do índice de liquidez corrente é no sentido de que quanto maior, melhor, mantidos

constantes os demais fatores. Ressalte-se que o índice de LC é certamente o mais conhecido e de maior aplicação em análise de balanço, sendo utilizado como medidor da saúde financeira das empresas. Alguns autores mencionam que o índice tem de ser maior que 1, outros consideram que acima de 1,5 já é muito bom. No entanto, o índice de LC tem sua validade como instrumento comparativo entre empresas do mesmo porte, da mesma atividade e da mesma região geográfica, porém como medida isolada, não pode afirmar que a LC é boa ou ruim, acima ou abaixo de 1 ou 1,5; tudo dependerá do tipo de atividade da empresa. LIQUIDEZ SECA (LS)

É a “prova de fogo” da aferição da capacidade financeira a curto prazo. Revela quanto a empresa possui em disponibilidades (caixa, bancos e aplicações financeiras) e clientes (duplicatas a receber), para pagar suas dívidas também de curto prazo (Passivo Circulante).

LS = DISP + DRL PC

sendo: DISP = caixa, bancos, aplicações financeiras DRL = duplicatas a receber líquidas de provisão para devedores duvidosos PC = passivo circulante Ex.: LS = 0,73 O resultado revela que a empresa poderá dispor de $ 0,73 para cada $ 1,00 de dívidas a curto prazo, sem vender seus estoques. A interpretação do índice de LS segue o mesmo raciocínio do índice de liquidez corrente, isto é, quanto maior, melhor. Resultado abaixo da unidade pode evidenciar dependência da venda dos estoques para pagamento das dívidas. Deve-se estar atento ao fato de que a excessiva estocagem pode comprometer a liquidez da empresa, na hipótese de lenta rotação desses estoques. LIQUIDEZ GERAL (LG)

Indica quanto a empresa possui em bens e direitos realizáveis a curto e longo prazo (AC e RLP), para fazer face a suas dívidas totais (PC e ELP). Exprime a capacidade de pagamento de todas as dívidas da empresa.

LG = AC + RLP PC + ELP

sendo: AC = ativo circulante PC = passivo circulante RLP = realizável a longo prazo ELP = exigível a longo prazo Ex.: LG = 1,05 Este resultado revela que a empresa poderá dispor de $ 1,05 para cada $ 1,00 de dívidas totais, isto é, a curto e a longo prazo. A interpretação do índice de LG é no sentido de quanto maior, melhor, mantidos constantes os demais

fatores. Se o quociente for superior à unidade, a situação da empresa, em princípio, é favorável. Inferior à unidade, desfavorável, evidenciando que a empresa vem recorrendo demais a capitais de terceiros. COMPOSIÇÃO DAS EXIGIBILIDADES OU DO ENDIVIDAMENTO (CE)

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Indica quanto da dívida total da empresa deverá ser pago a curto prazo, isto é, as obrigações a curto prazo comparadas com as obrigações totais. Evidencia a “qualidade do PASSIVO” da empresa, quanto de exigibilidades totais está concentrado no curto prazo (PC).

CE = PC X 100 PC + ELP

Ex.: CE = 96,5% Este resultado demonstra que 96,5% das dívidas totais da empresa estão no curto prazo (PC). Desse modo, para cada $ 1,00 de dívidas totais que a empresa tem, $ 0,96 vence a curto prazo. A interpretação do índice de CE é no sentido de que quanto maior, pior, mantidos constantes os demais fatores. A razão é que quanto mais dívidas para pagar a curto prazo, maior será a pressão para a empresa gerar recursos para honrar seus compromissos. IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (IPL)

Indica quanto do patrimônio líquido da empresa está aplicado no ativo permanente.

IPL = AP X 100 PL

Ex.: IPL = 93% O resultado indica que 93% dos capitais próprios estão aplicados no ATIVO PERMANENTE, ou seja, para cada $ 1,00 de capital próprio a empresa tem aplicado no ativo permanente $ 0,93. Em princípio, o ideal seria que as empresas imobilizassem apenas parte de seus recursos próprios para não ficarem na dependência de capitais alheios para a movimentação normal de seus negócios. PASSIVO ONEROSO SOBRE ATIVO (POSA)

Revela a participação das fontes onerosas de capital no financiamento dos investimentos totais da empresa (ATIVO TOTAL).

POSA = EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS DE CURTO E LONGO PRAZO X 100

AT

considerando: empréstimos bancários de curto prazo = $ 982 financiamentos bancários de longo prazo = $ 89 ativo total = $ 4.603

POSA = 982 + 89 X 100 = 23% 4.603 O resultado revela que as fontes onerosas estão financiando 23% do ATIVO TOTAL da empresa. ÍNDICES DE ATIVIDADE, ROTAÇÃO OU PRAZOS MÉDIOS

Os índices de atividade constituem-se em categoria de elevada importância para o analista financeiro. Visam à mensuração das diversas durações do “ciclo operacional”, o qual envolve todas as fases operacionais típicas de uma empresa, que vão desde a aquisição de insumos básicos ou mercadorias até o recebimento das vendas realizadas. A empresa, em suas operações; compra, fabrica, estoca, vende e recebe num processo dinâmico e contínuo.

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A análise dos prazos médios constitui importante instrumento para conhecer a política de compra e venda adotada pela empresa, sendo possível, a partir dela constatar a eficiência com que os recursos estão sendo administrados (duplicatas a receber, estoques e fornecedores). Os prazos médios indicam a dinâmica de algumas verbas do patrimônio, isto é, quantos dias elas levam para girar durante o exercício (rotação). Nunca devem ser analisados individualmente, mas sempre em conjunto. PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO OU DE COMPRAS (PMP OU PMC)

Indica quantos dias, em média, a empresa vem obtendo de seus fornecedores para pagamento de suas compras de matérias-primas e/ou mercadorias.

PMP = FORNm X 360 C

Sendo: FORNm = saldo médio de fornecedores FORNm = Fat + Fan 2 Fat = fornecedores, saldo atual Fan = fornecedores, saldo anterior C = montante de compras Cálculo das compras (C): CMV = EI + C - EF Sendo: CMV = custo da mercadoria vendida EI = estoque inicial EF = estoque final C = compras Caso Fan inexistente:

PMP = Fat X 360 C

Utilizando os seguintes valores, temos: Fat = 80 Fan = 30 C = 472 PMP = 42 dias O resultado revela que a empresa vem obtendo, em média, 42 dias de prazo para pagar suas compras. O PMP revela, também, a parcela do ATIVO CIRCULANTE (em dias) financiada pelos fornecedores. O PMP é um índice do tipo quanto maior, melhor, desde que o volume de fornecedores não se mantenha alto por atraso nos pagamentos. PRAZO MÉDIO DE PERMANÊNCIA DOS ESTOQUES (PME)

Indica quantos dias, em média, os produtos ficam armazenados (estocados) na empresa antes de serem vendidos. O volume de estoques mantido por uma empresa decorre fundamentalmente de seu nível de vendas e de sua política de estocagem.

PME = ESTm X 360 CMV

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Sendo: ESTm = saldo médio de estoques ESTm = Eat + Ean 2 Eat = estoques, saldo atual Ean = estoques, saldo anterior CMV = custo das mercadorias/produtos/serviços vendidos Caso Ean inexistente:

PME = Eat X 360 CMV

Utilizando os seguintes valores, temos: Eat = 72 Ean = 50 CMV = 450 PME = 49 dias O resultado revela que a empresa leva, em média, 49 dias para renovar seus estoques. Para saber quantas vezes os estoques giraram durante o ano basta dividir 360 pelos dias encontrado: 360/49 = 7,3 vezes Considera-se ideal que os estoques girem o mais rápido possível. Do ponto de vista de análise de risco, PME é um índice do tipo quanto maior, pior. Por outro lado, convém analisá-lo juntamente com os prazos de recebimento e pagamento. PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTOS OU DE COBRANÇA (PMR)

Indica quantos dias, em média, a empresa leva para receber suas vendas totais. O volume de duplicatas a receber é decorrente do montante de vendas a prazo e do prazo concedido aos clientes para pagamento.

PMR = DRm X 360

MV

Sendo: DRm = saldo médio de duplicatas a receber ou clientes DRm = Clat + Clan 2 Clat = clientes, saldo atual Clan = clientes, saldo anterior MV = Vendas líquidas (Receita Operacional Líquida) + Impostos sobre Vendas Caso Clan inexistente:

PMR = Clat X 360 MV

Utilizando os seguintes valores, temos: Clat = 460 Clan = 220 MV = 1.130 PMR = 108 dias O resultado revela que a empresa leva, em média, 108 dias para receber o produto de suas vendas.

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Do ponto de vista de análise de risco, PMR é um índice do tipo quanto maior, pior. Convém analisá-lo juntamente com os prazos de permanência dos estoques e de pagamento das compras. CICLO OPERACIONAL (CO)

Corresponde à soma dos prazos de recebimento de vendas e da renovação dos estoques, ou seja, o tempo decorrido entre a compra e o recebimento da venda da mercadoria.

CO = PME + PMR

Ex.: CO = 49 + 108 = 157 dias O nosso exemplo mostra que a empresa vende seus estoques em 49 dias e recebe o produto de suas vendas em 108 dias, também em média. Portanto, seu ciclo operacional é de 157 dias. Graficamente: O Ciclo Operacional evidencia, portanto, o prazo de investimento em ativos circulantes. CICLO FINANCEIRO (CF)

É o tempo decorrido entre o momento em que a empresa paga seus fornecedores e o momento em que recebe as vendas. É o período em que a empresa necessita de financiamento complementar do seu ciclo operacional.

CF = PME + PMR - PMP

Ex.: CF = 49 + 108 – 42 = 115 dias Graficamente:

A diferença entre o CO (PME + PMR) e o PMP é o Ciclo Financeiro.

CF = CO - PMP Normalmente, o “Ciclo Financeiro” é financiado: a) pelo capital próprio; b) por recurso de terceiros onerosos. A boa gestão empresarial se revela pela competência na administração dos prazos médios, expressos finalmente através do Ciclo Financeiro. O ideal seria que a empresa atingisse uma posição em que a soma do PMR com o PME fosse igual ao PMP, ou seja, que o índice de Posicionamento de Atividade (PA) se aproximasse de 1.

PA = PMR + PME PMP

compra vende recebe

PME PMR

108 dias 49 dias

compra vende recebe

CICLO OPERACIONAL

PMR = 108 dias PME = 49 dias

PMP = 42 dias CICLO FINANCEIRO = 115 dias

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Ex.: PMR = 30 dias PME = 54 dias PMC = 90 dias PA = 30 + 54 = 0,93 (favorável) PMR + PME < 1 90 PMP ÍNDICES DE RENTABILIDADE OU RETORNO OU LUCRATIVIDADE Têm por objetivo avaliar o desempenho final da empresa. Certamente, o lucro é o principal estímulo do empresário e uma das formas de avaliação do êxito de um empreendimento. A rentabilidade é o reflexo das políticas e das decisões adotadas pelos administradores, expressando objetivamente o nível de eficiência e o grau do êxito econômico-financeiro atingido. MARGEM OPERACIONAL DE LUCRO SOBRE AS VENDAS (MO)

Expressa percentualmente aquilo que restou da receita operacional líquida após deduzir as despesas operacionais. È importante ressaltar que esta margem corresponde ao ganho puro das operações, pois nela não são computadas as despesas e receitas financeiras e tampouco o imposto de renda.

MO = L O X 100 ROL

Onde: LO = lucro operacional (antes das receitas/despesas financeiras) ROL = Receita Operacional Líquida (vendas líquidas) Ex.: MO = 8,8% Este resultado demonstra que a empresa conseguiu Margem Operacional de 8,8% no exercício. MARGEM LÍQUIDA DE LUCRO SOBRE AS VENDAS (ML)

Revela o percentual da receita operacional líquida que sobrou após serem deduzidas todas as despesas e computados os resultados não operacionais, a provisão para imposto de renda e as participações estatutárias.

ML = LL X 100 ROL

Onde: LL = lucro líquido do exercício ROL = receita operacional líquida Ex.: ML = 5,7% Este resultado revela que a empresa conseguiu margem líquida sobre as vendas de 5,7% no exercício. Obs.: estes dois primeiros índices medem as proporções dos valores que constituem apurações parciais e final do resultado econômico em relação à receita operacional líquida. Essas margens são também encontradas na análise vertical da demonstração do resultado do exercício. ROTAÇÃO DO ATIVO OU GIRO DO ATIVO (RA)

Este índice mede o volume de vendas da empresa em relação ao capital total investido.

RA = ROL ATm

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Onde: ATm = ATat + ATan 2 ATm = saldo médio do ativo total ATat = ativo total, saldo atual ATan = ativo total, saldo anterior ROL = receita operacional líquida O número obtido revela a quantidade de vezes que o “Ativo Total” ou “Investimento Total” da empresa se renovou durante o exercício, ou quantas vezes a empresa conseguiu “vender” seu Ativo Total no exercício. Ex.: RA = 1,76 Este resultado evidencia que a empresa conseguiu girar ou “vender” seu Ativo Total 1,76 vezes no exercício. RETORNO OU RENTABILIDADE SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO (RPL)

O papel deste índice é mostrar qual a taxa de rendimento do Capital Próprio. Corresponde à rentabilidade que a empresa propiciou aos recursos investidos pelos seus sócios/acionistas.

RPL = LL X 100 PLm Onde: PLm = PLan + PLat – LL* 2 PLm = saldo médio do patrimônio líquido PLat = patrimônio líquido, saldo atual PLan = patrimônio líquido, saldo anterior LL = lucro líquido * quando incluído no PLat (se a empresa apresentou PREJUÍZO, seu valor será adicionado ao PLat). Ex.: RPL = 18% Este resultado revela que os empresários/acionistas estão obtendo 18% de lucro sobre seus capitais médios investidos na empresa durante todo o exercício. RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO TOTAL OU RENTABILIDADE DO ATIVO OU RENTABILIDADE DOS INVESTIMENTOS (RI)

Mede a rentabilidade final obtida sobre todos os recursos investidos na empresa. Este índice mostra quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro da parte da empresa. Também conhecida como Taxa de Retorno dos Investimentos e/ou Poder de Ganho da Empresa.

RI = LL X 100 ATm Onde:

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ATm = ATat + ATan 2

ATm = saldo médio do ativo total ATat = ativo total, saldo atual ATan = ativo total, saldo anterior

Ex.: RI = 10%

Este resultado revela que cada $ 100 aplicado na empresa gerou, no exercício, $ 10 de lucro, ou seja, 10% de lucro no ano.

A RI é formado pela conjugação de dois fatores básicos que podem causar, isoladamente ou em conjunto, variações na referida rentabilidade:

a) margem líquida de lucro sobre as vendas (ML) b) rotação do ativo (RA)

Conjugando os dois índices temos: ML X RA = RI 5,7% X 1,76 = 10%

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ANÁLISE DINÂMICA

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

________________________________________

PROCURA EVIDENCIAR A CAPACIDADE DA

EMPRESA EM LIQUIDAR SEUS

COMPROMISSOS, OPERANDO

NORMALMENTE. DESSA FORMA, PROCURA

DETERMINAR O MONTANTE DA

NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO, SUA

VARIAÇÃO E SUA FORMA DE

FINANCIAMENTO.

CONCEITO

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

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CONCEITOS PRELIMINARES

CAPITAL DE GIRO = AC

É o montante ou conjunto de recursos que não

está imobilizado, estão em constante

movimentação no dia-a-dia da empresa.

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

_________________________________________________

CCL (Capital Circulante Líquido) = AC - PC

É a diferença entre os ativos e passivos circulantes.

Demonstra a folga financeira de curto prazo da

empresa.

CCL POSITIVO = AC > PC

CCL NEGATIVO = AC < PC

CCL = (PL + REF + ELP) - (AP + RLP)

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

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CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO (CGP)

CGP = PL - (AP + RLP)

É a parcela do Ativo Circulante financiada com

recursos próprios, isto é, o que sobra do Patrimônio

Líquido após o comprometimento dos recursos

próprios com o Ativo Permanente mais o Realizável a

Longo Prazo.

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

________________________________________________

BALANÇO PATRIMONIAL AJUSTADO PARA

ANÁLISE DINÂMICA

ACF

ACC

ANC

PCF

PCC

PNC

AC

RLP

+

AP

PC

ELP

+

REF

+

PL

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CONCEITOS BÁSICOS DA ANÁLISE DINÂMICA

NCG/IOG = ACC - PCC

CDG = PNC - ANC

ST = ACF - PCF

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______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

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NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO - NCG

“É uma metodologia de análise de relativa simplicidade

e de grande utilidade no auxílio da determinação da

saúde financeira de uma empresa, fornecendo uma

visão sistêmica do impacto das diversas áreas de

decisão na empresa e de suas interações.”

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

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23

“É a chave para a administração financeira de uma

empresa. É não só um conceito fundamental para a

análise da empresa do ponto de vista financeiro, ou

seja, análise de caixa, mas também de estratégias de

financiamento, crescimento e lucratividade.”

NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO - NCG

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

_________________________________________________

NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO - NCG

NCG = ACC - PCC

É a diferença entre as aplicações cíclicas (ACC) e as

fontes cíclicas (PCC), que se renovam

automaticamente no dia-a-dia e estão intimamente

ligadas às atividades da empresa e que ocorrem de

forma espontânea e natural.

INVESTIMENTO OPERACIONAL EM GIRO - IOG

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NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO - NCG

APLICAÇÕES CÍCLICAS - ACC

• Duplicatas a receber/Clientes (menos PDD);

• Estoques;

• Adiantamento a Fornecedores;

• Outros Valores Circulantes;

• Despesas Antecipadas.

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NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO - NCG

FONTES CÍCLICAS - PCC

• Fornecedores;

• Salários e Encargos Sociais a pagar;

• Impostos a pagar;

• Adiantamento de Clientes;

• Outras Obrigações a pagar

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SITUAÇÕES BÁSICAS

ACCPCC- = NCG

POSITIVA

ACC > PCC

PCCACC - NCG

NEGATIVA

ACC < PCC

=

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______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

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FONTES DE FINANCIAMENTO DA NCG

• Capital de Giro Próprio (lucros gerados pela

atividade);

• Empréstimos Bancários de Curto Prazo e

Duplicatas/Cheques Descontados;

• Empréstimos e Financiamentos Bancários de Longo

Prazo.

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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO

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CARACTERÍSTICAS DA NCG

• indica a necessidade de capital de giro para

financiamento da atividade operacional da empresa;

• não inclui financiamentos bancários, provisão para

IR, dividendos a pagar e outras contas não ligadas

diretamente ao ciclo operacional da empresa;

• relaciona-se com o Capital Circulante Líquido -

CCL ou Capital de Giro - CDG e com o Ciclo

Financeiro - CF.

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EXEMPLO DA NCG

ESTOQUES

DUPLICATAS A

RECEBER

OUTRAS

CONTAS A

RECEBER

FORNECE-

DORES

A

C

C

P

C

C

N

C

G

Financiamento que a

empresa precisa

obter para financiar

a correspondente

área do ACC

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CAPITAL DE GIRO - CDG

CDG = PNC - ANC

É a diferença entre o Passivo Não Circulante (PNC) e

o Ativo Não Circulante (ANC), contemplando as

contas de longo prazo que parecem estacionárias se

comparadas com as cíclicas (operacionais).

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_________________________________________________

CAPITAL DE GIRO - CDG

CONTAS DO ATIVO NÃO CIRCULANTE

• Ativo Realizável a Longo Prazo;

• Investimentos;

• Imobilizado;

• Diferido.

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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO

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CAPITAL DE GIRO - CDG

CONTAS DO PASSIVO NÃO CIRCULANTE

• Passivo Exigível a Longo Prazo;

• Resultados de Exercícios Futuros;

• Capital Social;

• Reservas;

• Lucros/Prejuízos Acumulados.

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CAPITAL DE GIRO - CDG

PNC > ANC Significa que o CDG é fonte de

recursos para a NCG

PNC < ANC Significa que a empresa pode estar

imobilizando recursos

operacionais (NCG negativa) ou

recursos onerosos (ST)

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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO

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SALDO DE TESOURARIA - ST

ST = ACF - PCF

É a diferença entre as contas de curto e curtíssimo

prazo do Ativo e do Passivo, que não guardam

relação com o processo produtivo da empresa.

ST = CDG - NCG

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SALDO DE TESOURARIA - ST

CONTAS DO ATIVO CIRC. FINANCEIRO

• Caixa;

• Bancos;

• Aplicações Financeiras.

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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO

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SALDO DE TESOURARIA - ST

CONTAS DO PASSIVO CIRC. FINANCEIRO

• Duplicatas/Cheques Descontados;

• Empréstimos/Financiamentos de Curto Prazo;

• Provisão para Imposto de Renda/Contr. Social;

• Dividendos;

• Empréstimos de Sócios/Empresas Ligadas.

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SALDO DE TESOURARIA - ST

A variação do ST depende do CDG e da NCG:

CDG > NCG

ST Positivo, revelando que a empresa tem

disponibilidade de recursos, que poderão ser utilizados

no financiamento do Ativo Permanente ou aplicados no

mercado financeiro.

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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO

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SALDO DE TESOURARIA - ST

CDG < NCG

ST Negativo, demonstrando dependência de fontes

onerosas de curto prazo.

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ALERTA - CUIDADO !!!

Caso o ST, período após período, se revelar

crescentemente negativo é forte sinal de que a

empresa caminha para a insolvência, “overtrade”. É

importante observar que o fato isolado do ST ser

negativo não é preocupante.

Grave é a tendência.

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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO

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ACC

50

PCC

40

ACF

20

ANC

30

PNC

50

NCG = 10

CDG = 20

ST = 10PCF

10

ESTRUTURAS DA ANÁLISE DINÂMICA

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________

_________________________________________________

ACC

40 PCC

50

PCF

20

PNC

30

NCG = -10

CDG = -20

ST = -10ACF

10

ESTRUTURAS DA ANÁLISE DINÂMICA

ANC

50

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______________________________________________________________________________________________

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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO

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33

EFEITO TESOURA

É um indicador que evidencia o descontrole no

crescimento das fontes onerosas de curto prazo.

O aumento da defasagem entre a variável NCG e a

variável CDG, ou seja, a necessidade de recursos para

o giro crescendo mais do que os recursos próprios

disponíveis, obriga a empresa a recorrer ao

endividamento bancário.

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TERMÔMETRO DO EFEITO TESOURA

ST T

NCG G

Ocorre quando o ST revela-se cada vez mais negativo

a cada exercício, variando em níveis superiores ao

crescimento da NCG.

A tendência é dada pela relação acima, sendo que a

NCG deverá ser considerada sem o seu sinal (+/-).

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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO

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34

CONCLUSÕES SOBRE O INDICADOR ST/NCG

ST -

NCG -

- NECESSIDADE DE RECORRER A CAPITAIS ONEROSOS.

- AS FONTES SUPERAM AS APLICAÇÕES CÍCLICAS, NÃO

HAVENDO NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO.

ST -

NCG +

- NECESSIDADE DE RECORRER A CAPITAIS ONEROSOS.

- TEM NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (VERIFICAR

A COMPOSIÇÃO DAS CONTAS DA NCG).

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______________________________________________________________________________________________

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_________________________________________________

CONCLUSÕES SOBRE O INDICADOR ST/NCG

ST +

NCG -

- NÃO PRECISA RECORRER A CAPITAIS ONEROSOS E

POSSUI LIQUIDEZ.

- NÃO TEM NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO.

ST +

NCG +

- NÃO PRECISA RECORRER A CAPITAIS ONEROSOS E

POSSUI LIQUIDEZ.

- PRECISA DE CAPITAL DE GIRO.

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EXEMPLO 1

EMPRESA A

ANO I ANO 2 ANO 3

NCG 250 600 1.200

CDG 200 300 400

ST (50) (300) (800)ST/NCG (0,20) (0,50) (0,66)

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GRAFICAMENTE

-1000

-500

0

500

1000

1500

ANO 1 ANO 2 ANO 3

NCG

CDG

ST

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EXEMPLO 2

EMPRESA B

ANO I ANO 2 ANO 3

NCG 250 600 1.200

CDG 200 480 960

ST (50) (120) (240)ST/NCG (0,20) (0,20) (0,20)

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GRAFICAMENTE

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

ANO 1 ANO 2 ANO 3

NCG

CDG

ST

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CAUSAS QUE PODEM DETERMINAR O EFEITO

TESOURA• crescimento real das vendas a prazo, em percentuaismuito elevados, sem correspondente obtenção de prazodos fornecedores;

• imobilizações com recursos onerosos de curto prazo;

• prejuízos;

• distribuição excessiva de lucros;

• dependência sistemática de empréstimos de curtoprazo, com pagamento de altas taxas de juros;

• ciclo financeiro crescente.

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DIRETRIZES BÁSICAS PARA SALVAR UMA

EMPRESA DO EFEITO TESOURA

• aumento do patrimônio líquido (+ CDG);

• diminuição do imobilizado (+ CDG);

• aumentar o prazo de pagamento aos fornecedores(- NCG);

• aumentar o giro dos estoques e das duplicatas areceber (- NCG);

• aumento das margens de lucro e diminuição dos custose das despesas (+ CDG).

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PERFIS FINANCEIROS DAS EMPRESAS

NCG

ST

CDG

NCG > 0

CDG > 0

ST < 0

NCG

ST

CDG

NCG > 0

CDG > 0

ST > 0

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PERFIS FINANCEIROS DAS EMPRESAS

NCG > 0

CDG < 0

ST < 0

NCG < 0

CDG > 0

ST > 0

NCG

CDG

ST ST

NCG

CDG

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CONCLUSÃO

A NCG Positiva é financiada por duas fontes: Capital

de Giro (CDG) e Saldo de Tesouraria (ST).

A NCG é função da atividade empresa. Varia com as

vendas, quer pela inflação (crescimento nominal),

quer pelo aumento da atividade (crescimento real).

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CONCLUSÃO

O aumento da NCG demandará um crescimento do

CDG ou decréscimo do ST.

O CDG cresce com o lucro que, se não for suficiente

para financiamento da NCG, causará diminuição do

ST. A partir daí, será observado uma diminuição do

ST, em proporção superior ao aumento da NCG.

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CONCLUSÃO

O crescimento do ST negativo não proporcionará o

necessário crescimento do CDG, pois aumenta as

despesas financeiras que diminuirão ainda mais o

lucro, gerando o ciclo vicioso denominado “Efeito

Tesoura”, que pode levá-la à insolvência.

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______________________________________________________________________________________________

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CONCLUSÃO

NCG

VENDAS

- CMV

LB

- DG

- DF

LL

ST

CDG

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EXERCÍCIOS 1) Calcular o capital de giro (AC), o CCL e o CGP.

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ATIVO PASSIVO

Caixa e Bancos Clientes Estoques Outros Circulantes Ativo Circulante

2.600 21.800

............ 1.100

33.900

Fornecedores Empréstimos C.P. Salários e Encargos Passivo Circulante

........... 15.000 8.600

33.600

Realizável a LP ............ Exigível a LP 1.300

Ativo Permanente 24.000 Patrimônio Líquido ...........

ATIVO TOTAL 58.000 PASSIVO TOTAL 58.000

2) Proceda a correlação de acordo com os conceitos da análise dinâmica: ACF – ATIVO CIRCULANTE FINANCEIRO PCF – PASSIVO CIRCULANTE FINANCEIRO ACC – ATIVO CIRCULANTE CÍCLICO PCC – PASSIVO CIRCULANTE CÍCLICO ( ) Caixa ( ) Bancos ( ) Empréstimos Bancários ( ) Salários a pagar ( ) Fornecedores ( ) Despesas Antecipadas ( ) Aplicações Financeiras ( ) Tributos a pagar ( ) Clientes ( ) Adiantamento de Clientes ( ) Estoques ( ) Duplicatas a pagar ( ) Duplicatas Descontadas ( ) Provisão p/ IR ( ) Dividendos a pagar ( ) Aplicações em CDB ( ) Ordenados a pagar ( ) Duplicatas a receber ( ) Outros créditos a receber ( ) Diversos a pagar

3) Com base no balanço patrimonial abaixo calcular o que se pede:

ATIVO $ mil PASSIVO $ mil

Caixa 1.950 Duplicatas Descontadas

Estoques 15.150 Fornecedores 12.150

Clientes Salários a pagar 4.050

Despesas Antecipadas 1.200 Impostos a pagar 2.550

Aplicação Poupança 2.550 Provisão p/ Imposto de Renda 1.050

Imóveis e Veículos 17.400 Capital Social 24.450

Equipamentos 6.450 Lucros Acumulados 7.050

TOTAL 57.150 TOTAL 57.150

a) Fontes cíclicas de recursos; b) Aplicações cíclicas de recursos; c) NCG d) CDG e) ST 4) Assinale C (Certo) ou E (Errado): ( ) NCG negativa ocorre quando as fontes cíclicas são maiores que as aplicações cíclicas; ( ) as duplicatas descontadas são fontes onerosas de recursos; ( ) os salários e encargos sociais dos empregados devem ser classificados no passivo circulante financeiro; ( ) a ausência de Capital de Giro (CDG) ocorre quanto o passivo não circulante é menor do que o ativo não circulante;

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( ) CDG e CCL possuem o mesmo significado. 5) Considerando o Balanço Patrimonial da Fome Zero Ltda. elabore a análise dinâmica (NCG, CDG e ST), implementando todas as decisões que estarão sendo pretendidas simultaneamente.

$

Ativo Circulante Financeiro Ativo Circulante Cíclico Ativo Permanente

5.000

7.000

9.000

Passivo Circulante Financeiro Passivo Circulante Cíclico Exigível a Longo Prazo Patrimônio Líquido

6.000

4.000

6.000

5.000

ATIVO TOTAL 21.000 PASSIVO TOTAL 21.000

a) reduzir o volume de aplicações financeiras no montante de $ 2.000, investindo os recursos na

aquisição de máquinas para o parque fabril; b) alongar o perfil da dívida onerosa contratando financiamentos de longo prazo no valor de $ 2.500,

liquidando parte do endividamento bancário de curto prazo; c) investir na aquisição de novos equipamentos, no montante de $ 3.000, sendo 70% por meio de

aporte de capital e o restante através de financiamento de longo prazo; d) reduzir o volume dos estoques em $ 1.500 através de vendas à vista. 6) Estruturar o Balanço Patrimonial conforme a padronização da Análise Dinâmica. Caixa e Bancos = 15.000 Salários a Pagar = 42.000 Emprest. CP = 12.000 Aplicações Financ = 17.000 Patrimônio Líquido = 421.200 Financ. LP = 18.000 Duplicatas Desc. = 50.000 Prov. P/ Dev. Duvidosos = 13.800 Impostos a pagar = 32.000 Clientes = 460.000 Prov. P/ IR = 28.000 Desp. Antecipadas = 8.000 Permanente = 120.000 Estoques = 72.000 Realizável a LP = 5.000 Fornecedores = 80.000

PARTE III

ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Na maior parte das empresas uma das coisas mal administradas são suas finanças. Em geral o empresário acredita que suas idéias/empreendimentos são tão bons que podem perfeitamente dispensar uma boa administração financeira. “Isso é um engano terrível que leva a uma altíssima mortalidade das empresas.” A administração do capital de giro abrange a administração das contas circulantes da empresa, incluindo os ativos e passivos circulantes. É um dos aspectos mais importantes da Administração Financeira, já que os ativos circulantes representam cerca de 50% do ativo total e perto de 30% do financiamento total é representado por passivos circulantes nas empresas industriais.

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Uma empresa necessita manter nível satisfatório de capital de giro. Os ativos circulantes da empresa devem ser suficientemente consideráveis de modo a cobrir seus passivos circulantes, garantindo-se com isso margem razoável de segurança. O objetivo da administração do capital de giro é administrar cada um dos ativos circulantes da empresa, de tal forma que um nível aceitável de capital circulante líquido seja mantido. Os ativos circulantes mais importantes são: Caixa, Bancos, Aplicações Financeiras, Duplicatas a Receber e Estoques. Cada um desses ativos deve ser administrado eficientemente, a fim de se manter a liquidez da empresa, ao mesmo tempo em que se evita um nível alto demais de qualquer um deles. Os passivos circulantes básicos são: Fornecedores, Salários e Encargos Sociais a Pagar, Impostos a Pagar e Provisões. Cada uma dessas fontes de financiamento a curto prazo deve ser cuidadosamente administrada, para se ter a garantia de que os financiamentos são obtidos e usados da melhor forma possível.

CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO Qualquer empresa, seja indústria, comércio ou serviços, executa as funções de compras, estocagem, produção e vendas. Compra matéria-prima, contrata mão-de-obra, consome energia elétrica e outros insumos para a fabricação e/ou vendas de produtos e/ou serviços.

Estas transações são financiadas por alguém.

De onde vem o dinheiro para pagar estas contas ?

Tudo é comprado ou vendido à vista ?

Como se definem as políticas de compras e vendas ?

Tais questões são relevantes para a gestão financeira de uma empresa.

Para entender esta situação é muito importante definir e conhecer o ciclo operacional e financeiro da empresa, através dos prazos médios de estocagem (PME), de recebimento ou cobrança das vendas (PMR ou PMC) e de pagamento das compras (PMP).

COMPRA VENDE RECEBE

PME PMR/PMC

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Estes prazos são calculados considerando-se os períodos entre compra e venda (PME), venda e recebimento (PMR/PMC) e compra e pagamento (PMP). Entre um prazo e outro, a empresa precisa de recursos financeiros para bancar sua operação, ou seja, pagar as contas. É nesse momento que entra a figura do chamado Capital de Giro.

Se o cliente não paga no prazo previsto, aumenta-se o PMR e, conseqüentemente, altera-se o ciclo financeiro, comprometendo o capital de giro da empresa. Se a empresa não possui uma política de materiais, ou seja, compra o que não precisa ou adquire produtos de baixa rotatividade, aumenta-se o PME e, fatalmente, altera-se o ciclo operacional e financeiro, comprometendo também o capital de giro. Se a empresa compra à vista ou, para aproveitar um desconto, faz a opção por um prazo pequeno para pagamento, há uma redução no PMP.

Qual a melhor alternativa ?

É aquela onde o (PME + PMR) é menor do que o PMP, ou seja, a empresa recebe antes de pagar. Administrar estes prazos é o cerne da questão. É neste momento que entra a figura do fluxo de caixa como instrumento para gerenciar as finanças da empresa. É preciso buscar prazos de vendas e estocagem menores e “batalhar” para conseguir prazos de pagamentos maiores. Alguns questionamentos são importantes para o administrador financeiro avaliar a situação do caixa da empresa: I) A cobrança tem sido eficaz? A empresa oferece benefícios para vendas à vista ? II) Como andam os estoques? Existem mercadorias encalhadas ou de baixo giro?

III) Quais são os prazos de pagamentos negociados com os fornecedores?

Como anda a gestão de caixa da empresa?

Se a resposta for não sei, talvez, ou eu acho, cuidado !!! É nestes momentos que se busca recursos externos em instituições financeiras a qualquer taxa de juros. Antes de ir ao banco, procure gerenciar o seu contas a receber e transforme em dinheiro as faturas vencidas e não pagas. Tente conseguir recursos com a desova de estoques. Negocie com seus fornecedores.

PAGA

PMP

CICLO OPERACIONAL

CICLO FINANCEIRO

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ADMINISTRAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES A administração de caixa é uma das áreas-chave da administração do capital de giro. Sua importância pode ser sintetizada por expressões como:

“O caixa é o sangue de todas as empresas”

“Caixa é como o oxigênio, sem ele a empresa não sobrevive o suficiente para realizar lucros” As disponibilidades compreendem o numerário mantido em caixa, os saldos bancários de livre movimentação e as aplicações financeiras de liquidação imediata. Se as disponibilidades forem mantidas em níveis muito baixos, haverá o comprometimento da capacidade de solvência da empresa. Por outro lado, o excesso de disponibilidades prejudica a rentabilidade. A administração das disponibilidades buscará um equilíbrio entre tais extremos, mas esta não é uma tarefa fácil devido à dinâmica e aos descompassos dos fluxos de pagamentos e recebimentos. Os princípios de administração financeira pressupõem que a maximização da rentabilidade deva ser alcançada através das atividades operacionais e não com aplicações financeiras de alto risco. Desse modo, devem ser evitadas as tentações de aplicar recursos excedentes em estoques especulativos, na compra de ouro etc., pois a empresa poderá sofrer enormes perdas com essas operações em função das flutuações dos preços de mercado. Os indivíduos podem jogar com seu dinheiro em operações altamente especulativas. Às empresas cabe exclusivamente administrar seus recursos com eficácia. MOTIVOS DA MANUTENÇÃO DAS DISPONIBILIDADES

As projeções de fluxos de entradas e de saídas de numerário constituem um instrumento imprescindível na administração das disponibilidades. É fundamental conhecer antecipadamente qual será o montante de recursos que irá sobrar ou faltar amanhã, nos próximos dias e assim por diante. Quanto deverá ser desembolsado nas próximas semanas ou meses pode ser determinado com certa precisão que só não é absoluta devido à possibilidade de ocorrerem eventos aleatórios. A grande incerteza reside no comportamento das entradas de numerários resultantes das vendas à vista, da cobrança de duplicatas etc. Devemos considerar que os recursos contidos nas contas de disponibilidades permitem à empresa efetuar pagamentos imediatos. De um lado, “CAIXA” representa dinheiro vivo, enquanto que o item “BANCOS” refere-se aos saldos mantidos

em contas bancárias movimentáveis à vista contra emissão de cheques.

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Deste modo, são deliberadamente mantidas disponibilidades por três motivos: 1. transação = atender os pagamentos programados para o curso normal das atividades. Aqui, o papel de uma previsão

do fluxo de caixa é primordial. Ele contém, para um período curto, subdividido conforme as conveniências da empresa, os valores de entradas e saídas de caixa decorrentes dos planos operacionais. É nada mais do que um quadro de recebimentos e desembolsos por natureza. 2. precaução = formar uma reserva de segurança para enfrentar eventos imprevistos. Os saldos mantidos em

disponibilidades, conforme visto, destinam-se a fazer face às operações normais e outra parcela para a possibilidade de haver diferença entre os fluxos previstos e os fluxos reais. A empresa deve evitar insuficiência de caixa, que pode provocar déficit superior ao esperado. Por isso, esta segunda parcela do saldo, cuja finalidade é proporcionar uma margem de segurança contra essas variações incertas e desfavoráveis.

3. especulação = outra razão para manter voluntariamente disponibilidades estaria associada à intenção de

aproveitamento de oportunidades lucrativas que poderiam referir-se à compra de bens, a aplicações no mercado financeiro e de capitais etc.

ORÇAMENTO E PROJEÇÕES DE CAIXA

O objetivo básico da função financeira é prover a empresa de recursos de caixa suficientes de modo a respeitar os vários compromissos assumidos e promover a maximização de seus lucros. É neste contexto que se destaca o Fluxo de Caixa como um instrumento que possibilita o planejamento e o controle dos recursos financeiros de uma empresa. O fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e desembolsos de recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo. A partir da elaboração do fluxo de caixa é possível prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-se medidas saneadoras a serem tomadas. Orçamento de Caixa é o planejamento financeiro a curto prazo, que cobre, normalmente, o lapso de 12 meses. Evidencia, mês a mês, os recebimentos e os pagamentos detalhados por natureza e os déficits e superávites decorrentes. Com o prévio conhecimento das faltas e sobras de recursos e mais a definição de saldos de caixa desejados, será possível conhecer antecipadamente os períodos em que serão levantados fundos adicionais e também quando haverá dinheiro em excesso. A visão abrangente propiciada pelo orçamento anual de caixa permite que, em tempo hábil, sejam tomadas as decisões necessárias para acertar os descompassos previstos para o fluxo de numerário. Por outro lado, a gestão de curtíssimo prazo das disponibilidades demanda a elaboração de projeções diárias e semanais que são continuamente revisadas. Por exemplo, projeções diárias para as próximas duas semanas e projeções semanais para os próximos 30 dias. As projeções de caixa a curtíssimo prazo são necessárias porque muitos fatores contribuem para que os valores reais não coincidam com aqueles orçados para todo o ano, tais como: divergências nas taxas mensais de inflação, atraso ou antecipações nos cronogramas dos investimentos. Análise do fluxo de caixa

Uma vez lançados os valores estimados e reais, pode-se estabelecer os saldos previstos diários de caixa na empresa. Os valores acumulados negativos sugerem a necessidade de obtenção de recursos externos ou postergação do pagamento de alguns compromissos, o que justifica o desmembramento dos desembolsos de caixa, de acordo com suas finalidades. Uma vez detectados valores negativos de caixa, deve-se identificar os fatores que o geraram e procurar negociar com fornecedores, antecipadamente, de modo a mostrar interesse em liquidar o débito, sem ocasionar maiores transtornos. Alguns procedimentos devem ser evitados: postergação de salários de empregados, comissão de funcionários, atraso no pagamento de contas com incidência elevada de encargos ou conseqüências, como o de desligamento do fornecimento de energia elétrica, água ou outro. Deve ser atentado para a ocorrência constante de saldo negativo de caixa, provocando busca de empréstimos bancários, factoring, descontos de duplicatas. Isso poderá ser resultado de uma política comercial inadequada, envolvendo preços e prazos praticados na compra e venda de produtos, como também de superdimensionamento de estoques.

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Uma empresa não poderá sobreviver por muito tempo em situação de desequilíbrio do fluxo de caixa. Ela pode até ter margens unitárias de comercialização elevadas, mas se não tiver um fluxo de caixa equilibrado, pode inviabilizar o seu projeto ou negócio. Por outro lado, a existência contínua de altos saldos de caixa, sem as competentes aplicações, pode atrapalhar os rendimentos da empresa, pois são ativos sem rendimentos.

PROJEÇÃO DE CAIXA – FLUXO DE CAIXA

2ª feira ..... 4ª feira ..... 6ª feira

I) ITENS OPERACIONAIS

A - entradas (ingressos de recursos)

- vendas a vista

- recebimento de duplicatas

- desconto de duplicatas

B - total entradas operacionais

C – saídas (desembolsos de recursos)

- compras a vista

- pagamentos de duplicatas

- pgtos contratos serviços

- pagamento de pessoal

- recolhimento de impostos

- recolhimento de encargos sociais

- outros (aluguéis, mat. Diversos)

D - total de saídas operacionais

E - fluxo líquido operacional (B-D)

II) ITENS NÃO OPERACIONAIS

F – entradas

- empréstimos obtidos

- venda de ativos fixos

- outros (venda de títulos)

G - total das entradas não operac.

H – saídas

- amortização de empréstimos

- compra de ativos fixos

- outros (juros)

I - total das saídas não operacionais

J - fluxo líquido não operac. (G-I)

III) FLUXO LÍQUIDO GERAL (E + J)

IV) SALDO INICIAL DE CAIXA

V) SALDO FINAL (III + IV)

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ESTRATÉGIAS PARA GERIR O CAIXA

As estratégias básicas que devem ser empregadas pela empresa na administração de caixa são: 1. Retardar, tanto quanto possível, os pagamentos aos fornecedores, sem prejudicar o conceito de crédito da empresa junto aos mesmos, aproveitando, porém, quaisquer descontos financeiros favoráveis. 2. Elevar o giro dos estoques com a maior rapidez possível, evitando falta de estoques que podem resultar interrupção na linha de produção ou perdas de vendas. 3. Acelerar o recebimento das duplicatas a receber, sem perder vendas futuras, devido a técnicas rígidas demais de cobrança. Os descontos financeiros, se economicamente justificáveis, podem ser utilizados para realizar este objetivo.

Quanto à primeira estratégia, considerar que:

a empresa não deve realizar pagamentos antes dos vencimentos, a menos que desfrute de descontos financeiros compensadores;

a empresa não deve atrasar seus pagamentos a fornecedores que detém uma posição oligopolista (pequeno número de vendedores detém a totalidade de oferta do mercado e oferece determinada mercadoria ou serviço a um grande número de compradores) no mercado, pois pode haver corte do crédito e suspensão das entregas previamente programadas;

administrar atrasos é um comportamento pouco ético, porém constitui prática difundida que permite esticar as disponibilidades.

Para avaliar os efeitos da aplicação das três estratégias mencionadas acima, necessita-se introduzir os conceitos de “desembolsos operacionais”, “caixa mínimo operacional”, “giro de caixa” e “ciclo de caixa”. a) Desembolsos Operacionais (DO)

Referem-se ao total dos pagamentos relacionados com as atividades operacionais efetuados durante determinado período, que normalmente corresponde ao exercício social. Exemplos: fornecedores, salários, encargos sociais, impostos e contas a pagar diversas.

Obs.: não incluem amortizações de dívidas, pagamentos de despesas financeiras e compras de ativos fixos.

b) Caixa Mínimo Operacional (CMO) e Giro de Caixa (GC)

O Caixa Mínimo Operacional corresponde à média mensal dos recursos mínimos necessários para atender aos desembolsos operacionais; não representa necessariamente disponibilidades, podendo também apresentar-se sob a forma de duplicatas a receber ou de estoques.

Dividindo o total anual dos desembolsos operacionais pelo “caixa operacional”, encontramos o giro de caixa que representa quantas vezes o “caixa mínimo operacional” foi renovado durante o período. c) Ciclo de Caixa (CC ou CF)

Corresponde ao ciclo financeiro da empresa, que define, em termos médios, o prazo que se inicia a partir dos pagamentos aos fornecedores e termina com o recebimento das vendas.

A B

PME 30 30

+ + +

PMR 90 90

= = =

Ciclo Operacional (CO) 120 120

- - -

PMP 30 150

= = =

Ciclo Financeiro (CF) 90 -30

Situação “A”: apresenta necessidade de financiamento para capital de giro (busca recursos de terceiros) Situação “B”: sobra de caixa (aplica na atividade operacional ou no mercado financeiro) Conhecendo-se o Ciclo de Caixa, pode-se determinar conseqüentemente o giro da empresa, ou seja, a velocidade de rotação com base num determinado período de tempo.

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Assim temos:

Giro de Caixa = Desembolsos Operacionais ou GC = DO Caixa Mínimo Operacional CO

Caixa Mínimo Operacional = Desembolsos Operacionais ou CO = DO Giro de Caixa GC

Para determinar o valor correspondente ao “caixa mínimo operacional” necessitamos dispor do giro de caixa, e este pode ser calculado mediante a utilização do ciclo financeiro, como segue:

Giro de Caixa = 360 ou GC = 360 Ciclo Financeiro CF

Essas fórmulas revelam que:

quanto menor for o ciclo financeiro, maior será o giro de caixa; e

quanto maior for o giro de caixa, menor será o “caixa mínimo operacional”. Para um dado nível de operações, quanto menor for o “caixa mínimo operacional”, mais eficientemente estarão sendo administrados os recursos da empresa.

Aplicando o Modelo do Caixa Mínimo Operacional (CMO)

Considerando o ciclo financeiro da Comercial Fome Zero Ltda. de 110 dias e os seus desembolsos operacionais de $ 30.000, temos: Situação Base:

Ciclo de Caixa = PME + PMR – PMP = 90 + 60 – 40 = 110 dias Giro de Caixa = 360 / 110 dias = 3,27 vezes por ano Caixa Mínimo Operacional = 30.000 / 3,27 = $ 9.167 a) retardar pagamentos aos fornecedores (aumento do PMP para 50 dias)

CC = PME + PMR – PMP = 90 + 60 – 50 = 100 dias G C = 360 / 100 dias = 3,6 vezes por ano CMO = 30.000 / 3,6 = $ 8.333 Economia = $ 9.167 - $ 8.333 = $ 834 b) elevar o giro dos estoques (diminuição do PME para 70 dias)

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CC = PME + PMR – PMP = 70 + 60 – 40 = 90 dias G C = 360 / 90 dias = 4,0 vezes por ano CMO = 30.000 / 4,0 = $ 7.500 Economia = $ 9.167 - $ 7.500 = $ 1.667 c) acelerar o recebimento das duplicatas (diminuir o PMR para 30 dias)

CC = PME + PMR – PMP = 90 + 30 – 40 = 80 dias G C = 360 / 80 dias = 4,5 vezes por ano CMO = 30.000 / 4,5 = $ 6.667 Economia = $ 9.167 - $ 6.667 = $ 2.500

RELAÇÕES COM OS BANCOS

Boa parte da administração do disponível passa por uma instituição financeira, seja no recebimento e no pagamento, através da troca de cheques, da aplicação das folgas financeiras ou na obtenção de recursos para suas necessidades financeiras. A manutenção de um bom relacionamento bancário e o entendimento da forma de como funciona o sistema financeiro constitui aspecto primordial na administração das disponibilidades. Os grandes bancos comerciais possuem centenas de agências espalhadas pelo país. Operando com um banco comercial, a empresa conta também com o suporte das demais instituições integrantes do conglomerado financeiro, tais como: bancos de investimentos, financeiras, seguradora etc. Alguns serviços que o conglomerado financeiro oferece:

movimentação de numerários através de cheques e ordens de pagamento;

débitos gerais em conta corrente;

cobrança de duplicatas;

seguros;

subscrição de ações

aplicações financeiras (curto, médio e longo prazo)

cadernetas de poupança

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aplicações em ouro e ações de outras empresas

empréstimos/financiamentos para capital de giro 1. desconto de duplicatas e promissórias 2. financiamentos de importações e exportações 3. financiamentos a micro, pequenas e médias empresas.

operações com BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Reciprocidade Bancária A exigência de manutenção de recursos paralisados na conta é proibido; entretanto, existem muitas formas de os bancos pressionarem os clientes nesse sentido. FLOAT O float refere-se à diferença existente entre o saldo da conta de uma empresa no banco e o valor registrado pela empresa em seus controles bancários. O float é sempre favorável ao banco e deve ser usado pela empresa na discussão da reciprocidade bancária, quando for necessária a captação de recursos de curto prazo, ou quando precisar de uma taxa de aplicação melhor. O float ocorre quando o banco não avisa com antecedência sobre a existência de valores creditados. No caso de uma cobrança feita pela instituição financeira, o float diz respeito à diferença entre a data do pagamento feito pelo cliente e a data que o dinheiro está realmente disponível para a empresa. Se o pagamento é realizado num dia e somente no dia seguinte é creditado, o recurso ficou no banco por um dia. A instituição financeira aplicou este recurso neste prazo, praticando o que no jargão bancário é chamado de D-1. Caso a diferença fosse de dois dias, seria D-2; se fosse de 3 dias, D-3 e assim por diante. Assim, o float pode também ser definido como o montante de recursos transitórios que permanece no banco. Sua existência é comum no mercado financeiro, cabendo ao administrador financeiro negociar condições mais favoráveis para a empresa.

EXERCÍCIOS 1) Elaborar a previsão do fluxo de caixa para a empresa Comercial Fome Zero Ltda. conforme dados abaixo:

Segunda-feira

a) saldo inicial de caixa $ 3.000 b) vendas à vista $ 7.500 c) pgto duplicatas $ 9.000 d) retira pró-labore $ 1.200 e) recebimento duplicatas $ 1.650 f) pgto salários $ 3.000

Terça-feira

g) recebimento de duplicatas $ 450 h) vendas à vista $ 3.000 i) pgto empréstimos bancários $ 3.000

Quarta-feira

j) vendas à vista $ 4.500 k) recebimento duplicatas $ 1.500 l) pgto encargos sociais $ 300 m) pgto de serviços $ 2.250 n) pgto água, luz $ 1.500 o) pgto aluguel $ 1.500

Quinta-feira

p) vendas à vista $ 2.400 q) compras à vista $ 2.700

Sexta-feira

r) vendas à vista $ 2.700 s) compras à vista $ 1.500

Sábado

t) vendas à vista $ 1.800 u) compras à vista $ 1.200 v) recebimento duplicatas $ 2.700 w) pgto de serviços $ 450

PREVISÃO DE FLUXO DE CAIXA

Atividades operacionais segunda-feira

terça-feira quarta-feira

quinta-feira

sexta-feira sábado

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Entradas de Recursos 1. saldo inicial de caixa 2. vendas à vista 3. receb de contas 4. empréstimos obtidos 5. outros 6. subtotal

(soma de 1 a 5)

Saídas de Recursos 7. compras à vista 8. pagto. de duplicatas 9. pgto emprest. bancário 10. pagto. serviços 11. Salários 12. Encargos sociais 13. Luz, Água e Telefone 14. Aluguel 15. Retira Pró-Labore 16. subtotal

(soma de 7 a 15)

Saldo de caixa do dia

( 6 - 16)

2) O administrador financeiro da Fome Zero Ltda. está analisando melhorar seu Ciclo de Caixa. As duplicatas a pagar são liquidadas em média de 30 dias. As vendas a prazo são recebidas em média em 70 dias e os estoques permanecem na empresa em média de 50 dias.

Calcule: a) o Ciclo Operacional (CO) b) o Ciclo de Caixa da empresa c) o Giro de Caixa 3) A Wash Ltda. está buscando administrar seu caixa da maneira mais eficiente possível. No levantamento efetuado pelo administrador financeiro foram gerados os seguintes dados:

Prazo médio de pagamento = 40 dias Prazo médio de recebimento = 35 dias Prazo médio de estocagem = 15 dias Desembolsos Operacionais no ano = $ 100.000

Supondo um ano de 360 dias, calcule:

a) o Ciclo Operacional b) o Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro c) o Giro de Caixa d) o Caixa Mínimo Operacional (CMO)

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ADMINISTRAÇÃO DE VALORES A RECEBER Crédito diz respeito à troca de bens e serviços presentes por bens e direitos futuros. De um lado, uma empresa que concede crédito troca produtos por uma promessa de pagamento futuro. Já uma empresa que obtém crédito recebe produtos e assume o compromisso de efetuar o pagamento no futuro. O resultado de uma operação de crédito refere-se ao compromisso assumido pelo comprador em quitar sua dívida. Este compromisso pode estar expresso num instrumento como a duplicata a receber, a nota promissória, o cheque pré-datado, o comprovante de venda de cartão de crédito, etc. Dentro da Administração do Capital de Giro, as Duplicatas a receber ou Clientes, têm sua participação muito atraente. A empresa, ao conceder crédito, tem como objetivo principal expandir vendas, atrair novos clientes e aumentar o volume e a regularidade das compras realizadas pelos clientes existentes. Por outro lado, as empresas concedem crédito para obter ganhos, absorver melhor os custos fixos, e, assim, maximizar a rentabilidade. A concessão de prazo para pagamentos favorece o escoamento da produção, aumenta o giro dos estoques e permite às empresas ampliarem o nível de operações. Além dos riscos de atrasos e de perdas por falta de pagamento, as vendas a prazo provocam despesas adicionais, como análise de crédito e cobrança. Apesar desses riscos e custos, verifica-se que parcela significativa das transações comerciais é realizada a crédito. Os saldos das duplicatas a receber geralmente têm participação elevada no ativo circulante, representando a parcela ainda não liquidada dos créditos concedidos. Constituem ativo de elevada liquidez porque podem ser descontadas nos bancos ou servirem de garantia no levantamento de novos empréstimos. As possíveis razões da venda a prazo não respondem isoladamente pela existência de crédito. Na prática, observa-se que em cada situação pode prevalecer uma possível razão para que uma empresa admita conceder crédito. Em alguns setores é praxe vender a prazo; em outros não. Financeiramente, a venda a prazo deve ser enfocada como um investimento a ser realizado pelo vendedor, com determinado nível de liquidez, risco e rentabilidade e para dado volume de investimento. A concessão de crédito envolve algumas decisões importantes, que podem variar de cliente para cliente, que são: A quem conceder créditos ? Por qual período de tempo ? A que taxa de juros ? Qual a forma de concedê-los ? Qual o percentual dos recursos serão concedidos ?

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Haverá conquista de novos clientes ? CUSTOS E RISCOS

Conceder crédito aos clientes representa assumir custos e riscos que não existem nas vendas à vista, tais como:

despesas com análise do potencial de crédito dos clientes;

despesas com as cobranças das duplicatas;

riscos de perdas com clientes incobráveis;

custos dos recursos aplicados em Duplicatas a Receber. Os departamentos de crédito e cobrança têm despesas com seu pessoal, com instalações, com visitas a seus clientes, com serviços de agências cadastrais, com escritórios especializados em cobranças judiciais, etc. Deste modo, os custos envolvidos nas transações a prazo são superiores àqueles das operações à vista – e os respectivos preços de venda deveriam traduzir essa diferença. Devido ao fato de concederem crédito aos seus clientes e contarem com recursos limitados, as empresas exigem prazos de seus fornecedores, mesmo que por isso tenham que pagar mais. Assim o crédito comercial irradia-se por todo o sistema econômico. POLÍTICA DE CRÉDITO

Toda empresa que concede crédito deve estabelecer uma política de concessão de crédito, a qual inclui o processo de seleção e condições de crédito, e uma política de cobrança. Quanto maior a flexibilidade da política de crédito, maior a possibilidade da empresa fechar negócios – no entanto, a inadimplência é proporcional à flexibilidade !!! A política de crédito de uma empresa fornece os parâmetros que determinam se deve ser ou não concedido crédito a um cliente e, em caso afirmativo, qual o valor do limite de crédito a ser atribuído. Na política de crédito estarão os elementos fundamentais para a concessão, a monitoria e a cobrança do crédito. Os elementos que compõem uma política de crédito são os seguintes: I) Padrões de Crédito: referem-se aos requisitos mínimos para que seja concedido crédito a um cliente. Uma empresa que deseje incentivar vendas a prazo fixará padrões fáceis de serem atingidos. Caso contrário, os padrões serão mais restritos, diminuindo as vendas a prazo, assim como a probabilidade de devedores duvidosos. II) Cobrança: abrange toda estratégia da empresa para o recebimento de crédito. Este recebimento pode ser feito por carta, telefone, judicialmente, entre outras. Uma política de cobrança rígida pode inibir as vendas de uma empresa. III) Desconto: o desconto financeiro corresponde à redução no preço de venda quando o pagamento é efetuado à vista ou num prazo menor. A adoção de desconto pode ocorrer por quatro possível razões:

1. desejo de adiantar o fluxo de caixa, reduzindo, por conseqüência, uma necessidade de financiamento, ou aumentando o volume de recursos que podem ser alocados para outro investimento;

2. desejo de aumentar o volume de vendas, se o cliente vir o desconto como uma redução de preços; 3. desejo de reduzir o risco de insolvência dos clientes, promovendo incentivos para pagamentos mais rápidos; e 4. desejo de reduzir a sazonalidade das vendas.

Apesar de a decisão de conceder desconto estar inserida dentro da política geral de giro de uma empresa, uma primeira forma de decidir se o desconto concedido será vantajoso ou não é por meio da comparação entre os fluxos de caixa. Se o fluxo de caixa a valor presente – situação com desconto – for superior ao fluxo de caixa, também em termos de valor presente, da situação original, a proposta deverá ser aceita.

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Ex.: Vendas de $ 2.500/mês Prazo de recebimento das vendas: 30 dias Proposta de concessão de desconto: 10%

Efeitos: aumento das vendas para $ 3.000/mês, sendo 75% à vista. Outros dados: Provisão para Devedores Duvidosos = 1% Taxa de Juros = 5% a. m. Resultado a Valor Presente = [0,75 x 0,9 x 3.000 + (0,25 x 0,99 x 3.000/1,05)] – (0,99 x 2.500/1,05) Resultado = $ 375 Obs.: a política de conceder desconto é atraente, sendo interessante sua aceitação. IV) Prazo de Crédito: sua fixação dependerá de diversos fatores, como oligopolização dos setores, taxa de juros praticada pelo mercado, restrições legais, probabilidade de pagamento (qualidade do cliente) e quantidade de vezes que um cliente compra a prazo.

Relação entre medidas de crédito e elementos de uma política de crédito.

Padrões Prazo Descontos Cobrança

Frouxo Restrito Amplo Curto Grande Pequeno Liberal Rígida

Volume de Vendas

Despesas de Crédito

Investimentos em Valores a Receber

+

+

+

- - -

+

+

+

- - -

+ - -

-

+

+

+

+

+

- - -

CONCESSÃO DE CRÉDITO

Esta etapa tem como base os termos acertados na fixação da política de crédito, mas difere desta por ser individual a cada cliente, embora abranja a todos os clientes potenciais. A concessão de crédito é uma resposta individual da empresa a cada cliente. Se o cliente satisfizer as condições mínimas preestabelecidas pela empresa, poderá existir financiamento por parte da empresa para sua compra. Portanto, na concessão de crédito a empresa terá de responder “sim” ou “não” ao cliente e, caso a resposta seja positiva, deverá responder “quanto” e “até quando”. Tradicionalmente, uma forma de decidir pela concessão ou não crédito é através do chamado 5 C’s do crédito: 1) Caráter – refere-se à intenção do devedor em pagar suas dívidas, independentemente de haver ou não condições de fazê-lo. Esta característica pode ser obtida através de entrevista ou de informações sobre o passado do cliente em potencial. As informações cadastrais obtidas junto a bancos, fornecedores e agências especializadas permitem conhecer os hábitos de pagamento (“é pontual”, “costuma pagar com .... dias de atraso”, “só tem pago os títulos apontados em cartório”, “tem títulos protestados”, etc). 2) Capacidade – relacionada com a competência dos administradores e com o potencial de produção e de vendas da empresa. Decorre do desempenho econômico e da geração de recursos financeiros no futuro para efetuar o pagamento. 3) Capital – refere-se à situação econômico-financeira da empresa, ou seja, a posição financeira do cliente, da posse de bens para lastrear o cumprimento da obrigação.

Venda à vista (75%) com desconto de 10%

Venda a prazo com provisão de 1% para PDD

Valor presente da situação original

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4) Condições – levam em consideração os eventos externos, macroeconômicos e suas conseqüências para o cliente.

5) Colateral – compreende as garantias reais ou pessoais oferecidas.

Desse modo, a concessão de crédito demandará:

análise dos demonstrativos financeiros do cliente, inclusive das demais empresas do grupo, atentando-se para a fidedignidade dos dados apresentados;

consulta às fontes de referência cadastral (fornecedores, bancos, agências especializadas, etc);

visita às instalações da empresa e entrevistas com seus principais executivos para aferir o nível de organização, a capacidade gerencial, etc.

Obs.: não se pode aplicar muito tempo no levantamento e análise dessas informações, sob pena do cliente desistir da compra ou do custo das investigações tornar-se muito elevado em face do valor do crédito. A análise da concessão de crédito utilizando os 5 C’s do crédito não deve ser usada isoladamente, por depender do julgamento individual do funcionário responsável pela decisão de concessão de crédito. É interessante, como complemento da análise do cliente, utilizar critérios mais científicos, como o sistema de pontuação. A análise de crédito por pontuação tenta incorporar uma série de variáveis na concessão de crédito, que podem abranger aspectos como localização, situação patrimonial, garantia, etc. Exemplo de análise de crédito por pontuação para pessoa física.

1. Dados Essenciais

Comprovou os dados Comprovou a renda Trabalho mais de seis meses Residência mais de seis meses Profissão definida Casado Prestação no limite Desconhecido no SPC Total (x 2)

2. Dados Complementares

Imóvel comprovado Referência comercial Outras rendas comprovadas Cônjuge com renda comprovada Total (x 2)

3. Dados de localização

Endereço dos pais Endereço para referência Conhece funcionário da loja Telefone Total Total Geral

Pontuação Geral

30 19 a 29 13 a 18 9 a 12 6 a 8 até 5

Indicação

Indicado para cartão de crédito Aprovação normal Aprovação só com entrada Aprovação só com avalista Aprovação só com aval e entrada Negar o crédito

Para pessoas jurídicas a análise de balanços é uma importante ferramenta na determinação do crédito. Através da análise podem-se determinar tendências – também denominado análise horizontal – ou participações – análise vertical. Os principais índices de interesse na análise de balanços são os de liquidez, endividamento, de rentabilidade e retorno e prazos médios, além da análise dinâmica da Necessidade de Capital de Giro - NCG, Capital de Giro - CDG e Saldo de Tesouraria - ST. Como visto anteriormente, a primeira etapa do processo de concessão de crédito é determinar se o cliente estaria apto a obter algum tipo de crédito. A segunda etapa é determinar o montante de crédito que poderá ser concedido (limite de crédito). O sistema de pontuação, comentado anteriormente, pode ser adaptado para contemplar a determinação deste limite de crédito. A seguir apresenta-se um exemplo da adequação do sistema de pontuação à determinação do limite para concessão de crédito para uma pessoa jurídica. A principal base para determinação do limite de crédito do exemplo apresentado são as informações extraídas das demonstrações contábeis do cliente – patrimônio líquido, capital integralizado, vendas, estoques, compras e liquidez.

Fator Peso Valor Peso X Valor

Patrimônio Líquido Capital Integralizado Vendas do Cliente

10% 20% 10%

1.200.000 700.000 850.000

120.000 140.000 85.000

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Estoque do Cliente

Total

Média

Ajustes

Liquidez (1,55) Tradição do cliente (+10%) = Limite de Crédito Total

5%

+30% +20% +10% +5% -30% -50% -80%

3.000.000

Acima de 2 De 1,51 a 2

De 1,21 a 1,5 De 1,01 a 1,2 De 0,91 a 1,0 De 0,81 a 0,9 Abaixo de 0,8

150.000

495.000

123.750

24.750

12.375

160.875

POLÍTICA DE COBRANÇA

Uma política de crédito rigorosa envolverá menores despesas com os departamentos de crédito e de cobrança, menor índice de atrasos e perdas com duplicatas incobráveis, mas também menor volume de vendas. Alguns clientes que costumam liquidar suas duplicatas com atraso seriam rejeitados e provavelmente iriam comprar dos concorrentes. Uma política de crédito liberal provocaria efeitos contrários. A eficiência e o volume de trabalho do departamento de cobrança dependerão:

da política de crédito ser rigorosa ou liberal;

da qualidade das análises e avaliações realizadas pelo departamento de crédito;

da presteza com que forem tomadas as providências contra clientes em atraso; e

do poder de pressão da empresa sobre tais clientes. Os dispêndios com as cobranças reduzirão o nível de inadimplentes até certo ponto, a partir do qual as perdas deverão ser atribuídas à política de crédito adotada e à eficiência do departamento de crédito. GESTÃO DOS RECURSOS

Ao mesmo tempo em que se preocupa em alcançar um nível adequado de receitas de vendas, a administração financeira tenta minimizar os recursos aplicados em duplicatas a receber, objetivando maximizar a taxa de retorno global. Pode-se avaliar a eficiência na gestão dos recursos aplicados nas duplicatas a receber através do cálculo do seu giro ou rotação, como segue:

Giro das duplicatas = Receitas brutas das vendas a prazo = nº de vezes a receber Saldo médio das duplicatas a receber por período

O numerador e o denominador devem expressar valores da mesma espécie e que estejam associados ao mesmo intervalo de tempo, geralmente um ano. Se desejássemos imprimir maior rigor no cálculo desta fórmula deveríamos subtrair das receitas brutas das vendas a prazo os valores das devoluções e abatimentos correspondentes, pois o resultado dessa diferença é que gera as duplicatas a receber. Um giro elevado representa maior eficiência na gestão dos fundos aplicados no financiamento das vendas a prazo (e vice-versa). O prazo médio de cobrança pode ser calculado utilizando o giro das duplicatas a receber ou apurando diretamente, como segue:

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Prazo médio de cobrança = nº de dias do período = nº médio de dias Giro das duplicatas a receber

Exemplo:

Admitindo que todas as vendas foram realizadas a prazo e que essas vendas ocorreram de maneira uniforme ao longo de cada exercício, podemos utilizar diretamente os valores das receitas operacionais brutas e determinar o saldo médio das duplicatas a receber em cada ano a partir da média aritmética dos saldos inicial e final de clientes. Giro das duplicatas a receber; Em 2001 = 21.960 . = 21.960 = 6,0 vezes (3.120 + 4.200) / 2 3.660 Em 2002 = 24.120 . = 24.120 = 4,8 vezes (4.200 + 5.850) / 2 5.025 Prazo médio de cobrança: Em 2001 = 360 dias = 60 dias 6,0 vezes Em 2002 = 360 dias = 75 dias 4,8 vezes Constata-se eu houve uma queda no giro das duplicatas a receber e um aumento de 15 dias no prazo médio de cobrança, significando que os recursos investidos nas duplicatas a receber foram geridos menos eficientemente no ano de 2002. Créditos Duvidosos: Uma medida representativa da participação de créditos com problemas na carteira de valores a receber é o índice de inadimplência, calculado para um período qualquer através da seguinte expressão:

Índice de Inadimplência = Devedores Duvidosos / Vendas Totais O controle dos créditos com problemas processa-se pela avaliação do comportamento apresentado pelo índice ao longo do tempo. Se o indicador ultrapassar determinado nível estabelecido como limite de segurança, deve ser processada uma análise mais pormenorizada destes devedores. Obs.: o ideal é que o índice de inadimplência seja apurado relacionando-se os devedores duvidosos com as vendas de competência do período que lhe deram origem, e não com as vendas do mês em que foram levantados os problemas nos créditos.

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ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES

Os estoques representam parcela significativa do Ativo Circulante, provocando custos financeiros e despesas operacionais. São necessários para o correto funcionamento do processo de produção (caso exista !) e venda de uma empresa, devendo ser muito bem administrados. Assim, o administrador financeiro deve exercer um controle rígido sobre os níveis de estoques, visando preservar a capacidade de solvência da empresa e maximizar o retorno dos recursos investidos. Investimento em estoques é um dos fatores mais importantes para a adequada gestão financeira de uma empresa Por outro lado, não pode ignorar as condições necessárias ao pleno desenvolvimento das atividades operacionais. É necessário manter certo nível de estoques para alcançar ganhos de escala e reduzir os custos de produção e também para contornar os problemas advindos de atrasos dos fornecedores, quebra de equipamentos, greves etc. Também temos de considerar que, em determinadas circunstâncias, a disponibilidade de produtos para pronta entrega constitui poderoso argumento de vendas. Os estoques podem ser vistos sobre diferentes pontos de vista pelos departamentos de uma empresa: 1) financeiro: é importante manter os estoques em níveis baixos, assegurando que o dinheiro da empresa não esteja

“imobilizado”; 2) vendas: é interessante haver grandes estoques de cada um dos produtos, a fim de que todos os pedidos sejam

atendidos rapidamente, eliminando a possibilidade de perder pedidos por falta de estoques;

3) produção: o importante é cumprir o plano de produção – em geral isso acaba resultando em manter grandes

estoques de matérias-primas para evitar o atraso na produção e em grande quantidade de produtos prontos, elaborados em grandes lotes, a fim de reduzir o custo unitário de produção;

4) compras: a preocupação é atender as necessidades da empresa na quantidade certa, prazo e a preços favoráveis,

sendo vantajoso adquirir grandes quantidades a fim de obter descontos ou para evitar a falta de determinados itens durante parte do período.

A correta administração dos estoques visa encontrar um equilíbrio entre esses diferentes pontos de vista, sempre tendo em mente que estoque é um investimento, exigindo o comprometimento de recursos que a empresa poderia aplicar em outras alternativas. CUSTOS E RISCOS

A manutenção dos estoques implica assumir custos e riscos que, em sua maior parte, variam proporcionalmente aos volume e ao valor dos itens estocados como segue:

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Custos de capital – são os recursos investidos nos materiais e produtos estocados e nas máquinas e equipamentos utilizados na movimentação física e armazenagem. Custos das instalações – envolvem o valor de locação de galpões, prédios e instalações utilizadas, imposto predial e taxas de serviços públicos, despesas de manutenção, limpeza, iluminação, seguro e depreciação das instalações e equipamentos. Custos dos serviços – são os dispêndios com a mão-de-obra utilizada na recepção, armazenagem, deslocamentos internos e expedição e custos dos registros e controles administrativos. Riscos da estocagem – relativos a furtos, deterioração, obsolescência, queda nos preços de mercado etc. TÉCNICAS DE ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES

As vantagens de possuir estoques devem ser comparadas com seus custos, para decidir quanto manter de estoques e quando solicitar a reposição dos produtos que estão sendo vendidos ou consumidos no processo de produção. A decisão de quando e quanto comprar é uma das mais importantes a serem tomadas na gestão dos estoques. Algumas técnicas podem auxiliar o administrador nesta importante função: Sistema ABC È o método que classifica os estoques de uma empresa em três grupos:

itens A – pequeno número de itens responsáveis por alta participação no valor total dos estoques;

itens C – grande número de itens com reduzida expressão no valor total dos estoques;

itens B – aqueles situados entre as duas categorias anteriores, sendo os itens que representam o maior investimento depois do A.

A B C

Os dados da figura revelam que:

os itens “A” representam apenas 15% dos diferentes tipos de bens que compõem os estoques totais da empresa, porém seu valor corresponde a 60% dos recursos aplicados;

os itens “B” correspondem a 35% dos diversos tipos de bens e também a 35% do total dos recursos investidos nos estoques;

os itens “C” são formados por 50% dos itens do estoque e seu valor representa apenas 5% do total.

50 100 15

60

95

100

%

%

Porcentagem de Itens no Estoque

Po

rcen

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A divisão dos estoques em itens A, B e C permite que a empresa determine o nível e os tipos de procedimentos necessários ao controle dos estoques. Os itens “A” são constituídos por bens de elevado valor unitário, devendo ser administrados mais intensivamente, sendo aconselhável uma verificação diária do nível de estoque. Os itens “B”, compostos de bens de valor unitário médio, devem ser controlados por meio de verificações periódicas de seus níveis (semanal, quinzenal, mensal etc). Já os itens “C”, formados por bens de pequeno valor unitário e geralmente de fácil obtenção, podem ser tratados com menor rigor e controlados de forma mecânica, como linhas de aviso nos recipientes onde estejam armazenados. Caso seja necessário a empresa pode dividir seus estoques em mais do que três grupos – isso varia de negócio para negócio. Lote Econômico de Compra (LCE)

O Lote Econômico de Compra (LEC) é hoje um dos modelos mais utilizados na gestão financeira de estoques. É empregado pelas empresas para se determinar a quantidade ideal de compra de um item do estoque, levando em conta os vários custos operacionais e financeiros envolvidos, com o fim de determinar a quantidade a ser comprada que minimiza os custos totais de estocagem. Sem contar o custo efetivo do produto, os custos relacionados com o estoque podem ser divididos em três grupos gerais:

custos de manutenção dos estoques: são os custos variáveis unitários da manutenção de um item do

estoque durante determinado período de tempo. São geralmente definidos em termos de valor por unidade, por período e incluem custos de armazenagem, custo do seguro, custo de deterioração e obsolescência e, sobretudo, o custo do dinheiro parado.

custos de emissão dos pedidos de compra: incluem os custos fixos administrativos de se efetuar e receber

um pedido – o custo de preencher um pedido de compras, de processar os papéis necessários, de receber o pedido e verificá-lo. São normalmente definidos em valor por pedido. Algumas empresas desconhecem o real custo de emissão de pedidos de compra, contribuindo para que mantenham uma estrutura administrativa ineficiente.

custo total: é definido como a soma dos custo de pedir e de manter estoques. É fundamental no lote

econômico de compra, pois o objetivo é determinar a quantidade de pedido que o minimiza. Just in Time

O just in time é uma filosofia de gestão empresarial criada no Japão, baseada em dois fundamentos: eliminação total dos estoques e produção puxada pela demanda. Esta técnica supõe que a empresa somente deve produzir aquilo que tiver demanda, dando início a uma produção somente quando existir um produto demandado pelo cliente. Para o uso do just in time é fundamental uma forte coordenação entre a empresa, seus fornecedores, e transportadores,

visando assegurar que os materiais cheguem no prazo certo, podendo ocorrer, caso isso não aconteça, paradas na linha de produção. O objetivo da técnica é a eficiência na produção. Os estoques servem como meio para sua consecução, na medida em que a ênfase na qualidade é colocada tanto sobre as matérias-primas utilizadas quanto na pontualidade das entregas. Operando satisfatoriamente, o just in time faz com que as ineficiências do processo se revelem e sejam resolvidas. Material Requirement Planning (MRP)

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As empresas se utilizam dessa técnica para determinar o que e quando encomendar e quais as prioridades na emissão de pedidos de materiais. O MRP utiliza-se dos conceitos do lote econômico de compras para determinar quais quantidades devem ser pedidas. Normalmente com uso de um sistema computacional são feitas simulações acerca da lista de materiais que compõem um produto, levando-se em conta as quantidades disponíveis em estoque e o processo de fabricação. Para um específico plano de produção, o computador simula as necessidades requeridas de materiais, comparando as necessidades de produção com os saldos disponíveis em estoque. Com base no tempo de fabricação de um produto que passa por várias etapas, acrescido do tempo de espera para o recebimento de matérias-primas, a técnica MRP determina quando as ordens de compra deverão ser emitidas para cada item. A grande vantagem do MRP é que ele força a empresa a pensar de forma global acerca de suas necessidades de estoque para assim poder efetuar adequadamente seu plano de produção. Seu objetivo é reduzir os investimentos em estoque sem causar problemas a produção. Obs.: é necessário manter na empresa um estoque de segurança que permita um fluxo regular de produção e comercialização no caso de ocorrer atraso na entrega de um novo pedido de compra, devolução de itens que não satisfaçam às especificações do pedido, aumento do consumo face a um maior ritmo de produção e constante oscilação do nível de vendas.

GESTÃO DOS RECURSOS

O cálculo do giro ou rotação dos recursos investidos nos estoques fornece uma medida adequada para a avaliação da eficiência na sua gestão, indicando o número de vezes em que tais recursos foram renovados em certo intervalo de tempo. Em face dos padrões observados em cada ramo de negócios, estoques com baixa rotação representam fundos ociosos, enquanto um giro alto significa otimização dos recursos investidos. Pode-se avaliar a eficiência na gestão dos recursos aplicados em estoques através do cálculo do seu giro ou rotação, como segue:

Giro dos estoques = Custo das Mercadorias Vendidas = nº de vezes Saldo médio dos estoques por período

O numerador e o denominador devem expressar valores da mesma espécie e que estejam associados ao mesmo intervalo de tempo, geralmente um ano. Deve ser ressaltado que o giro encontrado corresponde a uma média global dos valores dos estoques e que determinados itens certamente apresentam rotações muito diferentes do giro global. Se os referidos itens não apresentarem grande expressão no valor total dos estoques, o giro global não estará distorcido e fornecerá uma medida adequada para fins de gestão financeira. Dispondo do giro dos estoques, fica fácil calcular o prazo médio de estocagem, também conhecido por prazo médio de renovação dos estoques:

Prazo médio de estocagem = nº de dias do período = nº médio de dias Giro dos estoques

Exemplo:

Giro dos estoques;

Em 2001 = 12.000 . = 12.000 = 4,0 vezes (2.400 + 3.600) / 2 3.000 Em 2002 = 13.200 . = 13.200 = 3,0 vezes (3.600 + 5.200) / 2 4.400

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FINANÇAS CORPORATIVAS DE CURTO PRAZO

Professor Silvério Marinho

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Prazo médio de estocagem: Em 2001 = 360 dias = 90 dias 4,0 vezes Em 2002 = 360 dias = 120 dias 3,0 vezes Obs.: verifica-se que a queda do giro dos estoques correspondeu um aumento no prazo médio de estocagem.