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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS DBQ – Departamento de Biologia e Química FISIOLOGIA HUMANA CADERNO DE RESUMOS DE AULAS TEÓRICAS Prof.ª Mirna Stela Ludwig Aluno:_____________________________ Curso:______________________ 2º Semestre de 2009

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  • UNIJU - Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS

    DBQ Departamento de Biologia e Qumica

    FISIOLOGIA HUMANA

    CADERNO DE RESUMOS DE AULAS TERICAS

    Prof. Mirna Stela Ludwig

    Aluno:_____________________________

    Curso:______________________

    2 Semestre de 2009

  • Os textos apresentados foram elaborados baseados em diversas bibliografias, que esto

    apresentadas no final deste caderno, na lista de referncias bibliogrficas e, a partir das aulas de

    Fisiologia Humana, ministradas nos cursos de Enfermagem, Nutrio, Fisioterapia, Farmcia,

    Educao Fsica e Cincias Biolgicas.

    Os resumos apresentados tm como objetivo proporcionar melhor acompanhamento das

    aulas expositivas e a realizao de exerccios relativos aos contedos desenvolvidos, devendo o

    aluno complementar seu estudo com leituras em livros recomendados no plano de ensino.

    Alm disto esto contemplados os protocolos das aulas prticas do respectivo componente

    curricular

    Bom estudo!

    Prof. Mirna Stela Ludwig

  • AULA: INTRODUO A FISIOLOGIA/ Bases gerais de fisiologia humana

    1- ORGANIZAO FUNCIONAL DO CORPO HUMANO

    Fisiologia: do grego, physic- = natureza + logos = estudo, estudo da natureza. a parte da

    cincia que estuda o funcionamento dos seres vivos. Assim, a fisiologia humana se dedica ao estudo

    do funcionamento dos diferentes sistemas que compem o corpo humano.

    A Fisiologia Humana teve origem na Grcia por volta do ano 420 A.C. com Hipcrates (460-

    370 A.C.; o pai da medicina). Durante o renascimento (XIV-XVII) ocorreu o aumento do interesse no

    estudo da Anatomia e da Fisiologia do corpo humano. Neste perodo, Andreas Vesalius (1514-

    1564) iniciou o que conhecemos hoje como a Anatomia Humana Moderna, com uma das obras

    mais influente da poca: de humani corporis fabrica (1543).

    No Sculo XVIII, o conhecimento em Fisiologia comeou a se acumular rapidamente,

    principalmente aps 1838 com a teoria celular de Matthias Jakob Schleiden (1804-1881) e Theodor

    Schwann (1809-1882). Foi neste perodo que Claude Bernard (1813-1878; foto) introduziu os conceitos

    da Fisiologia Experimental Contempornea.

    Para Claude Bernard a fisiologia no era a anatomia animada, assim "...em vez de proceder

    do rgo para a funo, o fisiologista deveria comear a partir do fenmeno fisiolgico e procurar

    sua explicao no organismo". Com isto, o fisiologista no deveria simplesmente observar a

    natureza, mas produzir e reproduzir fenmenos em condies artificiais, em que alguns aspectos ou

    variveis so selecionados, e outros so eliminados ou controlados.

    A Fisiologia Humana estuda os processos da vida, as funes dos diferentes rgos e

    sistemas do organismo humano; o objetivo da fisiologia humana elucidar os processos

    responsveis pela origem, desenvolvimento e continuao da vida do ser humano.

    Todos os seres vivos so formados de clulas, que so compartimentos envolvidos por

    membrana, preenchidos com uma soluo aquosa concentrada de substncias qumicas, e banhadas

    por lquido nutritivo. Assim, a unidade funcional dos seres vivos a clula. As clulas constituem os

    tecidos, os quais formam os rgos do nosso corpo. Os sistemas que vamos estudar so, por sua vez,

    constitudos desses rgos e, em seu conjunto, formam o organismo. Torna-se evidente a

    importncia de um perfeito funcionamento de todos os rgos e sistemas do corpo para o que o

    organismo mantenha-se com sade. Qualquer problema / limitao na atividade de um dos rgos

    pode produzir alterao na sua respectiva funo, comprometendo a desempenho do respectivo

    sistema e o estado de sade do indivduo.

    2-HOMEOSTASIA:

    No humano sadio, muitas variveis so ativamente mantidas dentro de estreitos limites

    fisiolgicos. A lista das variveis controladas longa, incluindo a temperatura corporal, a presso

  • sangunea, a composio inica do plasma sanguneo, a concentrao sangunea de glicose, o teor

    sanguneo de oxignio e de dixido de carbono, etc. A tendncia manuteno da constncia

    relativa de determinadas variveis, mesmo em presena de alteraes ambientais significativas,

    conhecida como homeostasia. Assim, podemos dizer que o termo homeostasia usado para designar

    a manuteno das condies constantes do meio interno. Em essncia, todos os rgos e tecidos do

    corpo desempenham funes que ajudam a manter a homeostasia.

    O corpo dotado de sistemas de controle que produzem o balanceamento necessrio, sem

    os quais no conseguiramos viver. A maior parte dos mecanismos fisiolgicos de regulao do corpo

    atua por meio de feedback negativo ou retroalimentao negativa. Por exemplo: a elevao da

    presso de dixido de carbono no sangue causa aumento da ventilao pulmonar. Isso, por sua vez,

    provoca maior eliminao deste gs pelo organismo, reduzindo sua presso no sangue. Observa-se

    que a resposta (diminuio da presso de CO2) contrria ao estmulo (aumento da pressso de

    CO2).

  • AULA: SANGUE

    1- VOLEMIA E HEMATCRITO

    um tecido especial formado de clulas suspensas em meio lquido, o plasma.

    As funes do sangue podem ser consideradas nas seguintes classes: balano inico e

    osmtico, nutrio e excreo; transporte de gases respiratrios; tamponamento (equilbrio cido-

    bsico); defesa/proteo; transporte de calor; turgor.

    O volume total do sangue a soma do volume celular mais o volume plasmtico. A poro

    celular representada, em quase sua totalidade (99%) pelo volume das hemcias, sendo o restante

    ocupado por leuccitos e plaquetas. Dependendo do nmero de clulas em suspenso e da

    composio do plasma, o sangue ser mais ou menos viscoso. Diz-se que a viscosidade sangunea

    depende na maior parte do valor do hematcrito, ou seja, do percentual de hemcias, basicamente.

    O hematcrito varia em torno de 40-50% no homem adulto, 35-45% na mulher adulta,

    aproximadamente 35% na criana at 10 anos e 60% no recm-nascido. Observa-se que a variao no

    valor do hematcrito ocorre em funo da idade e sexo bem como, devemos considerar o peso

    corporal e a altitude do local onde o indivduo reside (ou se encontra h algum tempo).

    O volume sanguneo circulante de cerca de 7-8% do peso corporal.

    Volemia: volume total de sangue.

    Normovolemia: volume sanguneo normal.

    Hipervolemia: volume sanguneo acima do normal.

    Hipovolemia: volume sanguneo abaixo do normal.

    2-COMPOSIO DO PLASMA

    Muitas substncias esto dissolvidas no plasma, incluindo eletrlitos, protenas, lipdios,

    glicose, aminocidos, vitaminas, hormnios, produtos nitrogenados finais do metabolismo (tais

    como uria e cido rico), oxignio, dixido de carbnico, etc. As concentraes desses

    constituintes so influenciadas pela dieta, pelas demandas metablicas e pelos nveis de hormnios e

    vitaminas.

    Protenas: As protenas constituem componentes importantes do plasma. No adulto

    atingem uma concentrao plasmtica de 6,5 a 7%. Quimicamente podem ser diferenciadas em trs

    grandes tipos: albumina, globulinas e fibrinognio.

    - Albumina: protena de menor peso molecular e de maior concentrao no plasma;

    sintetizada no fgado.

    - Globulina: segundo tipo mais abundante no plasma, sintetizadas no fgado e no sistema

    macrofgico; enquadram-se nesse tipo, as imunoglobulinas.

    - Fibrinognio: protena de alto peso molecular, sintetizada no fgado; fundamental para a

    coagulao sangunea;

  • Entre as funes desempenhadas pelas protenas plasmticas, citamos a presso onctica

    do sangue, a viscosidade do sangue, o transporte de substncias no sangue, a defesa do organismo

    (imunoglobulinas), a coagulao sangunea (fibrinognio), etc.

    3-CLULAS SANGUNEAS

    3.1 Origem

    A poro celular do sangue composta de eritrcitos (hemcias ou glbulos vermelhos),

    leuccitos (glbulos brancos) e plaquetas (trombcitos). Constituem trs linhagens ou sries

    diferentes de clulas que se originam, entretanto, de uma clula-me nica, denominada clula

    pluripotente ou totipotente ou stem cell, tambm denominada clula-tronco.

    A hemopoiese (formao de clulas sanguneas) comea na medula ssea em torno da 20

    semana de vida embrionria. A se localizam as clulas pluripotentes que esto constantemente

    produzindo clulas sanguneas para serem lanadas no sangue, exceto no incio da vida embrionria

    (at a 20 semana de gestao), quando as clulas sanguneas so produzidas principalmente pelo

    fgado e, em menor grau, pelo bao.

    No perodo pr-natal e ao nascer, h medula ssea formadora de clulas sanguneas em

    quase todos os ossos. No adulto, a medula ssea formadora de clulas sanguneas se locaWiWaWnos

    ossos esponjosos como esterno, ossos ilacos e costelas; no adulto jovem, pode ser encontrada

    tambm nas epfises proximais do fmur e do mero.

    A medula ssea funcionante, produtora de clulas, muito vascularizada e por isso tem a

    cor vermelho-escura ("medula vermelha"); medida que deixa de ser ativa, vai se tornando amarela,

    rica em clulas gordurosas ("medula amarela").

    A produo de clulas sanguneas (leuccitos, hemcias e plaquetas) regulada com grande

    preciso nos indivduos saudveis, por fatores de crescimento glicoproticos ou hormnios que

    causam a proliferao e amadurecimento de uma ou mais das linhagens celulares comprometidas.

    Os fatores de crescimento estimuladores de colnias so produzidos por macrfagos, clulas T

    ativadas, fibroblastos e clulas endoteliais; o hormnio eritropoetina formado principalmente por

    clulas renais (clulas justaglomerulares) e, em menor parte, por clulas do fgado.

    3.2 Hemcias/ Eritrcitos/Glbulos Vermelhos:

    Essas clulas apresentam colorao vermelha devido presena, em seu citoplasma, de

    grande quantidade de hemoglobina, que responsvel pelo transporte de oxignio no sangue. As

    hemcias so clulas anucleadas, em forma de discos bicncavos, bastante maleveis (devido s

    grandes dimenses da membrana celular com relao ao pequeno volume citoplasmtico), podendo,

    com isso, passar atravs de capilares sanguneos bastante delgados sem que ocorra o rompimento

    da prpria membrana celular.

    Enquanto a hemcia vai sendo formada, na medula ssea, em seu citoplasma uma

    importante molcula protica vai sendo continuamente sintetizada e se acumulando no interior da

  • clula: a hemoglobina. Para que ocorra uma produo normal de hemoglobina, necessrio o on

    ferro no estado ferroso (Fe++). Na falta deste on, a produo de hemoglobina ser comprometida

    afetando o transporte de oxignio no sangue. A quantidade total de ferro no organismo , em

    mdia, de 4 a 5g, dos quais 65% aproximadamente esto sob a forma de hemoglobina.

    Devido a grande importncia do on ferro na produo de hemoglobina e devido

    importncia da hemoglobina no transporte de oxignio no sangue, existe um sistema importante,

    para transporte e armazenamento do ferro em nosso organismo: o ferro, logo aps ser absorvido na

    parede intestino delgado, se liga a uma protena presente no plasma, denominada transferrina, a

    qual o transporta na corrente sangunea.

    O ferro tambm permanece durante semanas a meses, armazenado em nossos tecidos, na

    forma de ferritina. Para se transformar em ferritina o ferro se liga a molculas presentes,

    principalmente no fgado, chamadas de apoferritina. Esse ferro armazenado como ferritina

    chamado ferro de depsito.

    O nmero mdio de hemcias no sangue de 4,7 e 5,2 milhes/mm3 na mulher e no homem,

    respectivamente.

    Funes

    A principal funo das hemcias consiste em transportar a hemoglobina, que por sua vez,

    conduz o oxignio dos pulmes para os tecidos e gs carbnico dos tecidos aos pulmes;

    A hemoglobina tambm um excelente tampo cido-bsico, e desse modo, as hemcias so

    responsveis pela maior parte, do poder tampo de todo o sangue;

    As hemcias tambm contm uma grande quantidade da enzima anidrase carbnica, que

    catalisa a reao entre o dixido de carbono e a gua (H20 + CO2 H2CO3H+ e HCO3

    -),

    aumentando a velocidade desta reao reversvel, possibilitando que a gua no sangue reaja

    com grandes quantidades de dixido de carbono, transportando-o assim at os pulmes, na

    forma de ons bicarbonato HCO3-..

    Controle da produo de hemcias

    A massa total de hemcias no sistema circulatrio mantida dentro de limites estreitos, de

    tal modo que uma quantidade adequada de hemcias sempre est disponvel para proporcionar

    oxigenao tecidual suficiente.

    A produo de hemcias pela medula estimulada pelo hormnio chamado eritropoietina,

    secretado principalmente pelos rins e, em menor parte, pelo fgado. A produo deste hormnio

    estimulada sempre que a oxigenao tecidual diminui. Assim, qualquer condio que cause a

    diminuio da quantidade de oxignio transportada para os tecidos (hipoxia), produzir aumento na

    quantidade de eritropoetina, a qual causar o aumento na produo e quantidade de hemcias

    circulantes, para restabelecer o transporte e oferecimento de oxignio aos tecidos.

    Devido s necessidades contnuas de reposio de hemcias, as clulas da medula ssea

    esto entre aquelas que mais rapidamente crescem e proliferam. Conseqentemente, sua maturao

  • e velocidade de produo so afetadas pelo estado nutricional do indivduo. H duas vitaminas

    especialmente importantes para a produo normal de hemcias, a vitamina B12 e o cido flico.

    Destruio das hemcias

    Aps os eritrcitos serem liberados pela medula ssea no sangue circulante, eles vivem

    cerca de 120 dias antes de serem destrudos. So removidos da corrente sangnea pelos macrfagos

    do bao, medula ssea e fgado.

    3.3 Leuccitos/ Glbulos brancos:

    O termo leuccito significa "clula branca". Os leuccitos so unidades mveis do sistema de

    proteo do organismo. So formados em parte na medula ssea (os neutrfilos, eosinfilos,

    basfilos - granulcitos- e moncitos) e, em parte, no tecido linfide (linfcitos).

    Cada milmetro cbico de sangue contm aproximadamente 4.000 a 10.000 (mdia 6.000 a

    8.000) leuccitos/mm3 de sangue.

    Funo: Estas clulas conferem imunidade e resistncia ao organismo humano contra infeces.

    Os linfcitos constituem parte do nosso sistema imunolgico.

    Os granulcitos e moncitos protegem o organismo contra os organismos invasores,

    principalmente por fagocitose.

    Os eosinfilos so fagcitos fracos, apresentam quimiotaxia, mas, em comparao com os

    neutrfilos, duvidoso que os eosinfilos sejam de importncia significativa na proteo contra os

    tipos comuns de infeco. Por outro lado, os eosinfilos so freqentemente produzidos em

    grandes quantidades nas pessoas com infeces parasitrias, migrando para os tecidos infectados

    por parasitas. Os eosinfilos aderem parasitas e liberam substncias que matam muitos deles. Os

    eosinfilos tambm tm tendncia de acumular-se nos tecidos onde ocorreram reaes alrgicas, e

    provavelmente evitam, desse modo, a disseminao de processo local inflamatrio.

    Os basfilos se assemelham aos mastcitos; contm histamina (vasodilatador) e heparina

    (anticoagulante).

    Os moncitos e os macrfagos formam um importante sistema de defesa de nossos tecidos

    contra agentes estranhos. Este sistema de defesa formado por moncitos e macrfagos

    denominado sistema moncito-macrfago. um sistema difuso de fagcitos localizado em todos

    os tecidos, mas especialmente naquelas reas onde grandes quantidades de partculas, toxinas e

    outras substncias indesejveis que devem ser destrudas. Exemplos de macrfagos: clulas de

    Kpffer fgado; macrfagos alveolares pulmes; histicitos teciduais subcutneo; micrglia

    crebro; clulas reticulares - gnglios linfticos, bao e medula ssea.

    Os neutrfilos so clulas maduras que podem atacar e destruir bactrias e vrus. A meia-vida

    mdia de um neutrfilo, na circulao de 6 horas. Os macrfagos comeam a vida como moncitos

    no sangue, que so clulas imaturas; enquanto esto no sangue tm pouca habilidade para combater

    agentes infecciosos. Os moncitos entram no sangue, provenientes da medula ssea e circulam

    durante cerca de 72 horas. Ento, entram nos tecidos e se tornam macrfagos teciduais; seu tempo

  • de vida nos tecidos de cerca de trs meses. Aps entrarem nos tecidos, comeam a aumentar de

    tamanho e desenvolvem um grande nmero de lisossomos no citoplasma, tornando-se

    extremamente capazes de combater agentes infecciosos.

    Propriedades dos leuccitos:

    Quimiotaxia: diversas substncias qumicas, nos tecidos, induzem a movimentao dos

    neutrfilos e macrfagos na direo da origem da substncia. Os produtos bacterianos interagem

    com os fatores plasmticos e com as clulas para produzir agentes que atraem os neutrfilos para a

    rea infectada. Entre os produtos que podem induzir a quimiotaxia podemos citar um componente

    do sistema complemento (C5a), leucotrienos e polipeptdios dos linfcitos, mastcitos e basfilos.

    Diapedese: neutrfilos e moncitos podem passar atravs dos poros dos vasos sanguneos

    por diapedese. Isto , os leuccitos espremem-se atravs dos poros dos capilares sanguneos

    alcanando os tecidos;

    Movimento amebide: neutrfilos e macrfagos movem-se pelos tecidos por movimento

    amebide;

    Fagocitose: a funo mais importante dos neutrfilos e macrfagos; significa a ingesto

    celular do agente agressor. Alguns fatores plasmticos (opsoninas: imunoglobulinas-IgG e protenas

    do complemento) atuam sobre as bactrias para torna-las palatveis aos fagcitos(opsonizao)

    Digesto enzimtica: logo que a partcula estranha tenha sido fagocitada, os lisossomos

    imediatamente entram em contato com a vescula fagoctica, suas membranas se fundem com as

    da vescula e desse modo esvaziam muitas enzimas digestivas e agentes bactericidas no interior da

    mesma. Assim, a vescula fagoctica se torna uma vescula digestiva, e a digesto da partcula

    fagocitada comea imediatamente.

    3.4 Plaquetas

    So fragmentos celulares originados de uma clula denominada megacaricito. No sangue, as

    plaquetas so encontradas na concentrao de 200.000-400.000/mm3 de sangue; normalmente tm

    meia-vida de cerca de 4 dias. Entre 60 e 75% das plaquetas liberadas da medula ssea, passam para o

    sangue circulante e o restante fica, sobretudo, no bao.

    As funes das plaquetas esto relacionadas com a hemostasia, ou seja, as plaquetas ou

    trombcitos so componentes fundamentais na preveno da perda de sangue:

    -liberam substncias vasoconstritoras que provocaro o espasmo vascular reduzindo o fluxo

    sanguneo local e conseqentemente a perda;

    -formam um tampo plaquetrio a partir da agregao plaquetria: as plaquetas em contato com as

    fibras colgenas do vaso lesado, ou com o ADP e trombina, so ativadas de forma que tendem a se

    agregar at constiturem um tampo de plaquetas;

    -participam ativamente da cascata de ativao de fatores de coagulao que culmina na formao de

    um cogulo de sangue.

  • Podemos concluir assim que, um baixo nmero de plaquetas pode colocar a vida do indivduo

    em risco, pois neste caso, os mecanismos hemostticos ficam comprometidos.

  • QUESTES PARA ESTUDO

    1- O clcio importante no mecanismo de coagulao sangunea?

    2- Esquematize o processo qumico da coagulao sangunea a partir do trauma tecidual (via

    extrnseca).

    3- Esquematize o processo qumico da coagulao sangunea a partir do trauma do prprio sangue

    (via intrnseca).

    4- O que , como produzido e qual a importncia do espasmo vascular?

    5- Explique resumidamente como se forma o tampo plaquetrio?

    6- A dipirona e o cido acetilsaliclico influenciam a ao plaquetria? Por qu?

    7- Por que o sangue a hemostasia um processo comprometido nos hemoflicos?

    8- Nosso organismo produz substncias anticoagulantes? Quais?

    9- Problemas hepticos que comprometem a sntese protica podem produzir sangramento? Por

    qu?

    10- A deficincia de vitamina K pode produzir sangramento? Por qu?

    11- O fluxo sanguneo lento e a alterao na superfcie dos vasos sanguneos podem provocar a

    formao de cogulos sanguneos? Qual a via desencadeada?

    12- Quais so os valores referenciais das seguintes variveis, em um indivduo adulto jovem de 70 kg?

    a) volemia:

    b) hematcrito:

    c) concentrao de hemcias no sangue:

    d) concentrao de leuccitos no sangue:

    e) concentrao de plaquetas no sangue:

    f) concentrao de hemoglobina:

    13-Justifique a diferenca de hematcrito entre indivduos do sexo masculino e feminino e, entre RN

    e bebs de 3 meses.

    14- Escreva como acontece a regulao da produo de eritrcitos.

    15- Cite as propriedades dos leuccitos.

    16- Se o indivduo apresentar desidratao poder apresentar alterao de hematcrito?

    17- Suponhamos que tenha acontecido uma leso na pele e a contaminao, na rea, por bactrias.

    Descreva a resposta dos macrfagos teciduais e dos neutrfilos nete caso.

    18- Apresente a participao das plaquetas em cada mecanismo hemosttico.

    19- Escreva sobre as funes das protenas plasmticas.

    20- A concentrao de substncias no plasma igual entre os indivduos? Os hbitos alimentares e os

    nveis de hormnios no sangue podem interferir? Cite exemplos.

    21- Quais so os efeitos da tromboxana A2, ADP, adrenalina e colgeno sobre a funo plaquetria?

    22- A deficincia de ferro e a insuficincia renal crnica podem causar anemia? Explique.

  • AULA: SISTEMA RESPIRATRIO

    1. FUNES: captao de O2 da atmosfera e fornecimento deste gs ao sangue, remoo do

    CO2 do sangue e eliminao deste gs na atmosfera, participao na manuteno do pH, funes

    bioqumicas (exemplo: converso de angiotensina I em angiotensina II), fonao, etc.

    2. SEGMENTOS DO APARELHO RESPIRATRIO

    Durante a inspirao e expirao, o ar passa por diversos e diferentes segmentos que fazem

    parte do aparelho respiratrio:

    Nariz: o primeiro segmento por onde, de preferncia, passa o ar durante a inspirao. Ao

    passar pelo nariz, o ar filtrado, umidificado e aquecido. Na impossibilidade eventual da passagem

    do ar pelo nariz, tal passagem pode acontecer pela boca.

    Faringe: aps a passagem pelo nariz, antes de atingir a laringe, o ar deve passar pela faringe,

    segmento que tambm serve de passagem para os alimentos.

    Laringe: normalmente permite apenas a passagem de ar. Durante a deglutio de algum

    alimento, uma pequena membrana (epigloge) obstrui a abertura da laringe, o que dificulta a

    passagem fragmentos, que no sejam ar, para as vias respiratrias inferiores. Na laringe localizam-se

    tambm as cordas vocais, responsveis para produo de nossa voz.

    Traquia: pequeno tubo cartilaginoso que liga as vias respiratrias superiores s inferiores.

    Brnquios e bronquolos: so numerosos e ramificam-se tambm numerosamente, como galhos

    de rvore. Permitem a passagem do ar em direo aos alvolos. Os bronquolos so mais delgados,

    esto entre os brnquios e os sacos alveolares, de onde saem os alvolos. Por toda a mucosa

    respiratria, desde o nariz at os bronquolos, existem numerosas clulas ciliadas, com clios mveis,

    e grande produo de muco. Tudo isso ajuda bastante na constante limpeza do ar que flui atravs

    das vias respiratrias. A adrenalina causa broncodilatao.

    Alvolos: os alvolos apresentam certa tendncia ao colabamento. Tal colabamento somente

    no ocorre normalmente devido presso mais negativa presente no espao pleural, o que fora os

    pulmes a se manterem expandidos e, pela presena do surfactante, que diminui a tenso superficial

    nos alvolos. O grande fator responsvel pela tendncia de colabamento dos alvolos um

    fenmeno chamado tenso superficial, a qual minimizada pela presena de uma substncia

    chamada surfactante pulmonar. O surfactante pulmonar formado basicamente de fosfolipdeos

    (dipalmitoil lecitina), sintetizado nas clulas pneumcitos II do epitlio alveolar. O cortisol

    (glicocorticide) tem efeito estimulador sobre a produo de surfactante. A grande importncia do

    surfactante pulmonar sua capacidade de reduzir significativamente a tenso superficial dos

    lquidos que revestem o interior dos alvolos e demais vias respiratrias, facilitando a respirao.

  • 3. VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES

    A cada ciclo respiratrio que executamos, certo volume de ar movimentado para dentro e

    para fora do aparelho respiratrio durante uma inspirao e uma expirao, respectivamente. Na

    condio de repouso, em um adulto, aproximadamente 500 ml de ar entram e saem

    espontaneamente, a cada ciclo respiratrio. Este volume de ar, que inspiramos e expiramos

    espontaneamente a cada ciclo, corresponde ao que chamamos de Volume Corrente.

    Alm do volume corrente, podemos inalar um volume adicional de ar durante uma

    inspirao forada e profunda. Tal volume chamado de Volume de Reserva Inspiratrio e

    corresponde a, aproximadamente, 3.000 ml de ar.

    Da mesma forma, podemos expirar um volume maior de ar do que o valor expirado

    espontaneamente, o qual denominamos de Volume de Reserva Expiratrio e corresponde a

    aproximadamente 1.100 ml.

    Mesmo aps uma expirao profunda, um considervel volume de ar ainda permanece no

    interior de nossas vias areas e de nossos alvolos. Trata-se do Volume Residual, de

    aproximadamente 1.200 ml.

    O Volume de Reserva Inspiratrio somado ao Volume Corrente corresponde ao que

    chamamos de Capacidade Inspiratria (cerca de 3.500 ml).

    O Volume de Reserva Expiratrio somado ao Volume Residual corresponde ao que

    chamamos de Capacidade Residual Funcional (cerca de 2.300 ml).

    O Volume de Reserva Inspiratrio somado ao Volume Corrente mais o Volume de Reserva

    Expiratrio corresponde Capacidade Vital (cerca de 4.600 ml).

    Finalmente, a soma dos Volumes Corrente, de Reserva Inspiratrio, de Reserva Expiratrio

    mais o Volume Residual, corresponde nossa Capacidade Pulmonar Total (cerca de 5.800 ml).

    4. VENTILAO PULMONAR

    Nossas clulas necessitam de um suprimento contnuo de oxignio para que, no processo

    qumico de respirao celular, possam gerar a energia necessria para seu perfeito funcionamento e

    produo de trabalho.

    O oxignio existe em abundncia em nossa atmosfera e para capt-lo necessitamos de

    nosso aparelho respiratrio, atravs do qual este gs atinge a corrente sangunea, pela qual

    transportado at as clulas. As clulas liberam gs carbnico que, aps ser transportado pela mesma

    corrente sangunea, eliminado na atmosfera tambm pelo mesmo aparelho respiratrio.

    Para que seja possvel uma adequada difuso de gases atravs da membrana respiratria

    necessrio um processo constante de ventilao pulmonar. A ventilao pulmonar consiste numa

    renovao contnua do ar presente no interior dos alvolos, produzida pelos movimentos

  • respiratrios (inspiratrios e expiratrios) que proporcionam insuflao e desinsuflao de todos ou

    quase todos os alvolos.

    Durante a inspirao, ocorre a expanso pulmonar e da caixa torcica, com diminuio da

    presso alveolar e intra-pleural (em relao a presso atmosfrica) e assim, um determinado volume

    de ar atmosfrico inalado pelo aparelho respiratrio. A expanso dos pulmes e a caixa torcica

    produzida pelo levantamento das costelas com projeo do osso esterno para frente, e pelo

    movimento descendente do diafragma em direo a cavidade abdominal; isto tudo em funo da

    contrao de msculos intercostais externos e diafragma.

    Durante a expirao, ocorre a retrao pulmonar e da caixa torcica, com aumento da

    presso alveolar e intra-pleural (em relao a presso atmosfrica) e assim, um determinado volume

    de ar eliminada dos pulmes. Para retrairmos os pulmes e a caixa torcica preciso que ocorra o

    rebaixamento das costelas e relaxamento do diafragma; isto acontece graas ao relaxamento

    natural dos msculos inspiratrios. Em algumas situaes, como durante atividade fsica,

    necessitamos de uma expirao mais intensa e, para que isso ocorra, podemos necessitar tambm

    de msculos expiratrios que, ao se contrair promovem maior retrao da caixa torcica e presso

    das vsceras abdominais contra o diafragma, causando a sada adicional de ar do sistema respiratrio

    para o ar atmosfrico.

    Assim, em condies de repouso, a contrao dos msculos inspiratrios produz a

    inspirao e o relaxamento dos mesmos msculos produz a expirao.

    Na INSPIRAO: entrada do ar no sistema respiratrio; movimento ativo produzido pela

    contrao de msculos respiratrios inspiratrios, entre os quais destacam-se o diafragma e os

    intercostais externos. Tem durao de 2 segundos.

    Na EXPIRAO: sada do ar do sistema respiratrio; tem durao de 3 segundos.

    - em repouso: ocorre movimento passivo, produzido pelo relaxamento dos msculos respiratrios

    inspiratrios;

    - quando forada ou em exerccio: alm do relaxamento dos msculos inspiratrios, ocorre a

    contrao de msculos respiratrios expiratrios, destacando-se os msculos da parede abdominal e

    os intercostais internos.

    Se considerarmos que cada ciclo respiratrio (inspirao e expirao) tem durao

    aproximada de 5 segundos, podemos concluir que durante um minuto realizamos 12 ciclos

    respiratrios, ou seja, apresentamos uma freqncia respiratria de 12 cpm. O indivduo adulto, em

    condies de repouso, apresenta normalmente uma freqncia respiratria de 12 a 18 cpm.

    4.1 VENTILAO GLOBAL, ALVEOLAR E DO ESPAO MORTO

    A ventilao global depende do volume corrente e da freqncia respiratria (nmeros de

    ciclos respiratrios/min.)

    Volume corrente = 500ml

    Freqncia Respiratria=12cpm

  • Volume do espao morto = 150ml

    Ventilao global = VC x FR

    VG = 500ml x 12cpm

    VG= 6000ml/min

    Ventilao alveolar = (VC VEM) x FR

    VA=( 500ml-150ml) x 12 cpm

    VA= 350ml x 12cpm

    VA= 4.200ml/min.

    Ventilao do espao morto = VEM x FR

    Ventilao do espaomorto=150ml X 12 cpm

    Ventilao do espao morto = 1.800 ml/min

    OBS.: A ventilao do espao morto pode aumentar quando houver comprometimento da zona

    respiratria (exemplo: enfisema pulmonar).

    5. TROCAS GASOSAS

    O ar atmosfrico, que respiramos, composto basicamente dos seguintes elementos:

    Nitrognio, Oxignio, Gs Carbnico e gua.

    O ar inalado vai passando atravs de nossas vias respiratrias, durante a inspirao, sofre

    algumas modificaes quanto s propores de seus elementos bsicos, pois ocorre uma

    significativa umidificao do ar e este se mistura com um outro ar muito mais rico em dixido de

    carbono (ar alveolar), o que resulta em um ar alveolar com valores diferentes das presso parciais

    dos gases.

    Quadro 1: Presses Parciais de cada elemento que compe o ar atmosfrico e alveolar.

    Elemento Ar atmosfrico

    (mmHg)

    Ar alveolar

    (mmHg)

    Sangue venoso

    (mmHg)

    Sangue arterial

    (mmHg)

    Oxignio 159,0 104,0 40,0 95,0

    Gs carbnico 0,3 40,0 45,0 40,0

    Nitrognio 597,0 569,0

    gua 3,7 47,0

    TOTAL 760,0 760,0

    O oxignio e o gs carbnico encontram-se, no ar alveolar, com presses parciais de 104

    mmHg e 40 mmHg, respectivamente.

  • O sangue venoso, bombeado pelo ventrculo direito, chega aos pulmes e flui pelos

    capilares pulmonares com presses parciais de oxignio e gs carbnico, respectivamente, de 40

    mmHg e 45 mmHg . Na medida em que o sangue venoso flui pelos capilares pulmonares, o gs

    carbnico, em maior presso no sangue venoso (45 mmHg) do que no ar alveolar (40 mmHg), se

    difunde do sangue para os alvolos pulmonares e o oxignio, em maior presso no interior dos

    alvolos (104 mmHg) do que no sangue (40 mmHg) se difunde do ar alveolar para o sangue. Desta

    forma o sangue, aps circular pelos capilares pulmonares, retorna ao corao (trio esquerdo)

    atravs das veias pulmonares, com presses parciais de oxignio e gs carbnico de,

    respectivamente, 95 mmHg e 40 mmHg.

    O corao ento, atravs do ventrculo esquerdo, ejeta este sangue para a circulao

    sistmica, atravs da qual o sangue fluir por uma riqussima rede de capilares teciduais. Ao passar

    por tecidos que se encontram com baixa concentrao de oxignio, este gs se difunde do sangue

    para os tecidos e depois para as clulas, que o consomem continuamente. Em troca, estas mesmas

    clulas fornecem o gs carbnico que, em maior concentrao no interior destas clulas, se difunde

    em sentido contrrio, isto , das clulas para o interstcio e deste para o sangue. O sangue retorna,

    ento, novamente para o corao (trio direito), com menor teor de oxignio e maior teor de gs

    carbnico. O corao novamente o ejeta circulao pulmonar e tudo se repete.

    Troca gasosas entre os alvolos e o sangue

    Para que acontea a troca gasosa, a hematose preciso que o gs carbnico e o oxignio

    atravessem a barreira alvolo capilar; ela formada pelo lquido que banha os alvolos, pelo

    epitlio alveolar, pela membrana basal do endotlio e pelo endotlio capilar.

    A passagem dos gases atravs da barreira alvolo-capilar (membrana respiratria), acontece

    por difuso simples:

    O2: difunde-se do alvolo para sangue

    CO2:difunde-se do sangue para alvolo

    Fatores que afetam a difuso dos gases e, portanto, as trocas gasosas:

    rea do tecido (rea de troca pulmonar) 70 a 100m2

    Espessura 0,5m

    Gradiente de presso (diferena de presso de O2 e CO2 entre os alvolos e o sangue)

    Se houver reduo na rea de trocas, aumento na espessura da membrana respiratria e

    diminuio do gradiente de presso, teremos uma reduo no processo de trocas, comprometendo

    a oxigenao do sangue e a eliminao do gs carbnico.

    6. TRANSPORTE DE GASES NO SANGUE

    Quanto ao transporte de Oxignio (O2) podemos dizer que

    95% ou mais transportado associado hemoglobina, formando oxiemoglobina (HbO2)

    - 5% ou menos transportado na forma dissolvida no plasma

  • HEMOGLOBINA: formada por quatro cadeias de aminocidos, cada qual com seu

    grupamento heme (onde encontrado o on ferro (Fe++). A seqncia de aminocidos em cada

    cadeia determina a propriedade da hemoglobina e na capacidade desta em transportar o oxignio.

    Fatores que modificam que alteram a interao do O2 com hemoglobina: PCO2, pH,

    temperatura corporal, nvel de 2,3 difosfoglicerato ( 2,3- DPG) na hemcia: quanto menor o pH,

    quanto maior a PCO2, a temperatura e o nvel de 2,3 DPG, menor ser a afinidade entre a

    hemoglobina e o oxignio.

    Quanto ao transporte de gs carbnico (CO2) podemos dizer que:

    63% transportado na forma de ons bicarbonato(HCO3): CO2 + H2O H2CO3HCO3- + H+.

    A reao entre o gs carbnico e a gua catalizada pela enzima anidrase carbnica, presente nas

    hemcias;

    21% transportado associado hemoglobina, na forma de HbCO2 (carbamino

    hemoglobina);

    5% transportado dissolvido no LIC das hemcias;

    10% transportado no plasma;

    EFEITO BOHR Quanto maior a PCO2, menor a afinidade do O2 com a hemoglobina

    EFEITO HALDANE A dessaturao do sangue arterial facilita a captao de CO2W

    7.REGULAO DO pH

    A participao do sistema respiratrio na manuteno do pH sangunea se d em funo da

    eliminao do CO2, pois,

    o aumento da ventilao produz maior eliminao CO2, o que produz PCO2 no sangue e, consequentemente pH;

    a diminuio da ventilao produz menor eliminao CO2 , o que produz PCO2 no sangue e, consequentemente pH.

    8. REGULAO DA RESPIRAO

    Controle neural da respirao:

    Voluntrio: localiza-se no crtex cerebral: impulsos nervosos transmitidos por neurnios

    motores (feixe corticoespinhal) para os msculos respiratrios

    Automtico: localiza-se no tronco enceflico (ponte e bulbo).

    Centro respiratrio: zonas inspiratria e expiratria e, centro pneumotxico.

    No tronco cerebral, na base do crebro, possumos um conjunto de neurnios encarregados

    de controlar a cada instante a nossa respirao. Trata-se do CENTRO RESPIRATRIO. O Centro

    Respiratrio dividido em vrias reas ou zonas com funes especficas cada uma:

  • Zona inspiratria: a zona responsvel por nossa inspirao. Apresenta clulas auto-

    excitveis que, a cada 5 segundos aproximadamente, se excitam e fazem com que, durante

    aproximadamente 2 segundos, ns inspiremos Desta zona parte um conjunto de fibras nervosas (via

    inspiratria) que descem atravs da medula espinhal e, se dirigem aos diversos neurnios motores

    responsveis pelo controle e excitao dos msculos inspiratrios, excitando-os e assim provocando

    sua contrao.

    Zona expiratria: quando ativada, emite impulsos que descem atravs de uma via

    expiratria e que se dirige aos diversos neurnios motores responsveis pelo controle e excitao

    dos nossos msculos da expirao. Durante uma respirao em repouso a zona expiratria

    permanece constantemente em repouso, mesmo durante a expirao. Como dito anteriormente, em

    repouso no necessitamos utilizar nossos msculos expiratrios, apenas relaxamos os msculos da

    inspirao e a expirao acontece passivamente.

    Centro pneumotxico: constantemente em atividade, tem como funo principal inibir (ou

    limitar) a inspirao. Emite impulsos inibitrios zona inspiratria e, dessa forma, limita a durao da

    inspirao. Portanto, quando em atividade aumentada, a inspirao torna-se mais curta e a FR

    aumenta.

    Influencia da PCO2, PO2 e pH sobre o centro respiratrio e a respirao:

    Situada entre as zonas inspiratria e expiratria, existe uma zona quimiossensvel, a qual

    controla a atividade de ambas. Quanto maior for a atividade da zona quimiossensvel, maior ser a

    ventilao pulmonar. Essa zona aumenta sua atividade especialmente quando certas alteraes

    gasomtricas ocorrem: aumento do gs carbnico, aumento dos ons hidrognio livres (reduz o pH)

    e, em menor grau, reduo de oxignio.

    O fator que provoca maior excitao na zona quimiossensvel, na verdade, o aumento na

    concentrao de ons hidrognio livre no meio, isto , uma situao de reduo do pH (acidez). Mas

    acontece que, na prtica, verificamos que o aumento de gs carbnico no sangue (hipercapnia)

    mais eficiente em aumentar a atividade da zona quimiossensvel do que o aumento da concentrao

    de ons hidrognio livre, em igual proporo, no sangue. Isso ocorre porque o gs carbnico

    apresenta solubilidade muitas vezes maior do que a do on hidrognio e, com isso, atravessa a

    barreira hematoenceflica com muito mais facilidade. No interior das clulas da zona

    quimiossensvel, o gs carbnico reage com a gua e, graas ao catalizadora da enzima anidrase

    carbnica, rapidamente forma-se cido carbnico. Este, ento se dissocia em ons bicarbonato e

    hidrognio, sendo o ltimo exatamente o que mais excita os neurnios da zona quimiossensvel.

    Repetindo, a excitao da zona quimiossensvel produz excitao do centro respiratrio e, assim,

    aumento da ventilao pulmonar.

    A hipoxia (baixa presso de oxignio no sangue) tambm excita o centro respiratrio, mas

    de uma outra maneira: na croa da aorta e nos seios carotdeos existem receptores muito sensveis a

    uma queda na presso de oxignio e gs carbnico no sangue, os quimioceptores. Quando a presso

  • de oxignio no sangue se torna mais baixa do que a desejvel, ou seja, a presso de gs carbnico no

    sangue aumenta, estes receptores so mais intensamente excitados e enviam sinas ao centro

    respiratrio, aumentando a ventilao pulmonar.

    Assim, normalmente, as alteraes ocorridas na presso dos gases e no pH podero ser

    corrigidas e seus valores no sangue sero mantidos normais e dentro de limites fisiolgicos.

    QUESTES PARA ESTUDO

    1- Para voc, por que importante mantermos um bom funcionamento do sistema respiratrio?

    2- Um indivduo que apresenta 9 ciclos respiratrios por minuto e um volume corrente de 300 ml est

    garantindo uma boa ventilao pulmonal total e alveolar?

    3- Quais so os volumes e capacidades pulmonares?

    4- Onde ocorre o processo das trocas gasosas? Explique-

    5- Quais so os fatores que afetam as trocas gasosas ao nvel dos pulmes? Comente.

    6- O gs carbnico removido dos tecidos pelo sangue. Como transportado at os pulmes?

    7- O oxignio fornecido ao sangue pelos pulmes. Como o sangue transporta o oxignio at os

    demais tecidos?

    8- Escreva quais so as presses de oxignio e gs carbnico nos alvolos, no sangue venoso e

    arterial.

    9- A ansiedade produz hiperventilao. Isso pode causar alterao no pH? Explique.

    10- Explique como o sistema respiratrio pode contribuir para manter o pH do sangue.

    11- A presso de oxignio no sangue influencia a ventilao pulmonar?

    12- A presso de gs carbnico no sangue influencia a ventilao pulmonar?

    13- O controle neural da respirao realizado por quem? Como/

    14- Como produzida a entrada de ar no sistema respiratrio? Como denomina essa fase do ciclo

    respiratrio?

    15- Como produzida a sada de ar do sistema respiratrio? Como denominada essa fase do ciclo

    respiratrio?

    16- Faa um desenho esquematizando o processo de trocas, destacando a presso dos gases nos

    diferentes ambientes (alvolo e sangue) e a direo da difuso dos gases.

  • Aula: SISTEMA CARDIOVASCULAR

    1- O CORAO

    O corao composto de quatro cavidades, os trios direito e esquerdo e os ventrculos

    direito e esquerdo. Este rgo tem como funo a ejeo de sangue na circulao pulmonar e

    sistmica e responsvel por gerar a fora que produz o movimento do sangue atravs do sistema

    circulatrio.

    As paredes atriais e ventriculares so constitudas de fibras musculares estriadas, as quais se

    contraem de forma semelhante as fibras musculares esquelticas, ou seja, encurtamento dos

    sarcmeros (unidades contrteis), causado pelo mecanismo de deslizamento dos filamentos de

    actina e miosina.

    O potencial de ao, que causa a excitao das fibras musculares cardacas, produzido pela

    abertura de dois tipos de canais, os canais de sdio e de clcio (mais lentos); nestas fibras, portanto,

    a despolarizao produzida pelo influxo de sdio e de clcio. Assim, na ausncia de sdio o corao

    no excitvel e no bate, porque o potencial de ao (despolarizao) das fibras miocrdicas

    depende do sdio extracelular. A retirada do clcio do lquido extracelular diminui a fora contrtil e

    acaba por causar parada cardaca (em distole), enquanto que, o aumento da concentrao

    extracelular de clcio aumenta a fora contrtil mas, concentrao muito elevada de clcio provoca

    parada cardaca (em sstole).

    O excesso de potssio no lquido extracelular faz o corao ficar extremamente dilatado e

    flcido e lentifica a frequncia cardaca, pois uma concentrao elevada de potssio no lquido

    extracelular causa uma diminuio do potencial de membrana em repouso nas fibras musculares

    cardacas, o que diminui a intensidade do potencial de ao

    Alm das fibras musculares atriais e ventriculares, o corao apresenta as fibras excitatrias

    e condutoras, que so capazes de gerar espontaneamente os potencias de ao ou denominados

    impulsos cardacos, que so responsveis pela estimulao das fibras musculares dos trios e

    ventrculos. Portanto, o corao auto-excitvel, ou seja, apresenta a propriedade de automatismo.

    As clulas musculares cardacas encontram-se ligadas em srie umas s outras formando um

    sinccio de maneira que, quando uma delas estimulada o potencial de ao espalha-se/dissemina-se

    por todas as outras, estimulando-as. O corao constitudo por dois sinccios: o atrial, que forma as

    paredes dos trios e, o ventricular, que forma as paredes dos ventrculos. Os potenciais de ao do

    msculo cardaco s podem ser conduzidos do sinccio atrial para o ventricular atravs do sistema

    especializado do corao.

    1.1 Excitao rtmica do corao:

  • O corao provido de um sistema especializado para a gerao de impulsos rtmicos e para

    a conduo rpida desses impulsos por todo o corao, o que lhe confere as propriedade de

    automatismo e ritmicidade.

    O sistema especializado de excitao do corao constitudo por:

    -Nodo sinoatrial ou sinusal (SA): local onde gerado o impulso cardaco. o marcapasso

    cardaco, porque sua freqncia de descarga rtmica maior do que de qualquer outra parte do

    corao. Sua freqncia de descarga de 70 a 80 impulsos cardacos por minuto, determinando uma

    freqncia de 70 a 80 contraes cardacas por minuto, ou seja, 70-80 batimentos por minuto (bpm).

    Cada impulso gerado no nodo SA espalha-se por todo o msculo cardaco e produz sua contrao

    (batimento). Assim, o nodo SA quem determina a freqncia de batimentos cardacos, ou seja,

    determina uma freqncia cardaca de 70 a 80 bpm (no indivduo adulto jovem, na condio de

    repouso).

    -Vias internodais: as terminaes das fibras do nodo sinusal se fundem com as fibras

    musculares atriais circundantes e os potenciais de ao originados no nodo sinusal passam para

    essas fibras. Dessa forma, o potencial de ao se propaga por toda a massa muscular atrial e, por fim,

    at o nodo AV.

    -Nodo AV: antes de passar para os ventrculos, o impulso cardaco chega ao nodo AV, no qual

    sofre um retardo, de modo que a passagem do impulso cardaco dos trios para os ventrculos seja

    lenta; esse retardo propicia o tempo suficiente para que os trios sejam excitados antes dos

    ventrculos.

    -Feixe AV ou de His (fibras de Purkinje): esse feixe de fibras (ramos direito e esquerdo)

    conduz o impulso cardaco ao msculo ventricular, atingindo toda a massa muscular ventricular

    excitando-

    1.2 Ciclo cardaco:

    Os eventos cardacos que ocorrem do incio de cada batimento at o comeo do seguinte

    compem o chamado ciclo cardaco. Cada ciclo desencadeado pela gerao espontnea de um

    potencial de ao. Todo o ciclo cardaco apresenta duas fases: uma fase de sstole, perodo de

    contrao muscular no qual ocorre bombeamento de sangue e uma fase de distole, perodo de

    relaxamento muscular durante o qual as cmaras cardacas se enchem de sangue.

    Durante a sstole ventricular, grande quantidade de sangue acumula-se nos trios, pois as

    vlvulas atrioventriculares (AV), tricspide e mitral, esto fechadas. Quando termina a sstole

    ventricular, as vlvulas AV se abrem permitindo que o sangue flua dos trios para os ventrculos,

    enchendo-os de sangue. Antes do final da distole ventricular ocorre a sstole atrial, bombeando

    uma quantidade adicional de sangue para os ventrculos, aumentado a presso no interior destes,

    fazendo com que as vlvulas AV se fechem novamente impedindo o refluxo de sangue dos

    ventrculos para os trios; tem incio novamente a sstole ventricular (momento de distole atrial).

    Quando a presso no interior dos ventrculos for suficientemente intensa para forar as vlvulas

  • artica e pulmonar abrindo-as, ocorre o bombeamento de sangue, ou seja, a ejeo de sangue dos

    ventrculos para as artrias. importante ressaltar que o enchimento ventricular acontece

    principalmente quando os ventrculos relaxam e o sangue, acumulado nos trios, passa ento, para

    as cmaras ventriculares.

    O eletrocardiograma e o ciclo cardaco:

    O eletrocardiograma (registro da atividade eltrica do msculo cardaco) apresenta as ondas

    P, Q, R, S e T. Elas so voltagens eltricas geradas no msculo cardaco e registradas, por

    eletrocardigrafo, na superfcie do corpo. A onda P produzida durante a disperso de

    despolarizao pelos trios, o que seguido pela contrao atrial. Cerca de 0,16 s depois do incio da

    onda P, surge o complexo QRS, como resultado da despolarizao dos ventrculos, o que d incio

    contrao ventricular. Finalmente, nota-se a onda T ventricular no eletrocardiograma. Ela representa

    a etapa de repolarizao dos ventrculos, quando estes comeam a se relaxar. A repolarizao atrial

    no aparece no eletrocardiograma pois, ela acontece durante o perodo de despolarizao

    ventricular (complexo QRS).

    Dbito ou volume sistlico: quantidade de sangue bombeada pelo corao a cada sstole

    ventricular. O aumento da fora de contrao cardaca provoca elevao do volume sistlico.

    Dbito cardaco: quantidade de sangue bombeada pelo corao, por minuto. determinado

    pela freqncia cardaca e pelo volume sistlico;

    DC= FC x VS Ex.: DC= 70bpmx70ml DC= 4.900ml/min

    Quando uma pessoa est em repouso o corao bombeia de 4 a 6 litros de sangue por

    minuto; porm, em algumas ocasies, o corao pode bombear muito mais do que este volume de

    repouso.

    Retorno venoso: quantidade de sangue que retorna ao corao (AD) pelas veias.

    1.3 Regulao do bombeamento cardaco

    1.3.1- Regulao intrnseca do bombeamento cardaco em reposta ao volume de sangue que chega

    ao corao: a quantidade de sangue bombeada pelo corao a cada minuto determinada pela

    intensidade do fluxo sanguneo das veias para o corao. A soma de todos os fluxos sangneos

    locais, por todos os tecidos perifricos, retorna ao trio direito por meio das veias. O corao, por

    sua vez, bombeia automaticamente para as artrias sistmicas todo o sangue que chega, de modo

    que ele possa fluir novamente pelo circuito. A capacidade intrnseca de adaptao do corao

    alterao no volume de sangue que chega at ele denominada mecanismo ou lei de Frank-Starling,

    que expressa o seguinte : Dentro de limites fisiolgicos, o corao bombeia todo o sangue que chega

    at ele, sem permitir acmulo excessivo de sangue nas veias". Podemos dizer que, em condies

    fisiolgicas, o dbito cardaco aumentado ou diminudo conforme o volume de sangue que retorna

    ao corao.

    Um aumento do volume de sangue que retorna ao corao causa maior estiramento das paredes

    cardacas, produzindo uma resposta contrtil mais vigorosa, ou seja, maior volume de sangue nas

  • cmaras cardacas provoca maior fora de contrao. Devemos lembrar que o aumento da fora de

    contrao causa aumento do volume sistlico.

    fora de contrao volume sistlico dbito cardaco

    1.3.2- Controle da atividade cardaca pelo sistema nervoso autnomo:

    Efeito da estimulao simptica: a descarga simptica sobre o corao produz a liberao

    dos neurotransmissores noradrenalina e adrenalina. Estes neurotransmissores causam elevao da

    freqncia cardaca e da fora de contrao cardaca (efeito cronotrpico e inotrpico positivos),

    produzindo aumento da atividade cardaca e maior dbito cardaco;

    Efeito da estimulao parassimptica: as fibras nervosas parassimpticas liberam o

    neurotransmissor acetilcolina, o qual causa principalmente, a diminuio da freqncia cardaca e a

    lentificao da transmisso do impulso cardaco, diminuindo a atividade cardaca e a quantidade de

    sangue bombeada pelo corao.

    1.3.3- Efeito da adrenalina secretada pelas glndulas supra-renais: a descarga simptica sobre as

    glndulas supra-renais produz a liberao de adrenalina por estas glndulas, no sangue. Esse

    hormnio atinge o corao pela corrente sangunea e provoca aumento da atividade cardaca, ou

    seja, causa aumento da freqncia e da fora de contrao cardacas, elevando o dbito cardaco.

    Alm das substncias citadas acima, devemos lembrar que outros fatores podem alterar a

    atividade cardaca, como por exemplo, a temperatura do corpo, a quantidade de hormnio tiroxina,

    atividade fsica intensa, etc.

    QUESTES PARA ESTUDO

    1-O que voc entende por impulso cardaco?

    2-Como produzido o potencial de ao no msculo cardaco?

    3-Qual a importncia do sistema especializado de conduo e excitao cardaca?

    4-Quais so as fases do ciclo cardaco? O que ocorre em cada uma?

    5-Qual a frequncia cardaca em um indivduo adulto jovem em repouso?

    6-Quem o marcapasso cardaco? Justifique.

    7-Explique como acontece a transmisso do impulso cardaco atravs do msculo cardaco.

    8-Qual a importncia do retardo na transmisso do impulso cardaco atravs do corao?

    9-O que representam as ondas P, Q, R, S e T do eletrocardiograma?

    10-Explique o bombeamento cardaco.

    11-Explique o mecanismo intrnseco de regulao da atividade cardaca.

    12-Descreva a regulao do bombeamento cardaco, promovida pelo sistema nervoso autnomo.

    13-O que dbito cardaco? O retorno venoso afeta o dbito cardaco? Explique.

  • 14-Qual o DC de um indivduo que apresenta uma FC de 110bpm e um VS de 70ml?

    15-Quais so os fatores que podem causar alterao na FC? Explique.

    16-Como determinado o volume sistlico?

    17-Quais so os fatores que causam alterao do volume sistlico? Explique.

    18- Comente a importncia da fase de distole para a nutrio e oxigenao msculo cardaco.

    19- Explique como acontece o enchimento ventricular.

  • AULA: CIRCULAO SISTMICA

    A funo da circulao atender s necessidades dos tecidos transportar nutrientes e

    oxignio para os tecidos, transportar os produtos finais do metabolismo celular, conduzir hormnios

    de uma parte do corpo para outra e, em geral, manter um ambiente adequado nos lquidos teciduais,

    para a sobrevida e funcionamento das clulas.

    A circulao sangunea subdivide-se em circulao pulmonar, onde acontece a hematose e,

    em circulao sistmica, onde acontece a devida irrigao, nutrio e oxigenao dos tecidos/rgos

    que constituem nosso organismo.

    Componentes (partes) da circulao:

    1- ARTRIAS: transportam o sangue sob alta presso (mdia de 100mmHg) para os tecidos e,

    convertem o fluxo intermitente da bomba cardaca em fluxo contnuo. As paredes arteriais so

    dilatadas pela forte presso do sangue lanado pelos ventrculos, durante a sstole ventricular; em

    seguida (durante a distole ventricular), as paredes dilatadas das artrias voltam a se retrair,

    sustentando a presso do sangue expulsando-o em uma nica direo, os vasos menores da

    circulao (microcirculao/periferia), assegurando o fluxo atravs da rede circulatria durante todo

    o ciclo cardaco.

    2- ARTEROLAS: so os ltimos e menores ramos do sistema arterial, atuando como vlvulas

    controladoras e reguladoras do fluxo sanguneo aos capilares. As arterolas apresentam espessa

    parede vascular, com fibras musculares lisas que, quando contradas, produzem a vasoconstrio

    (diminuio no raio da arterola) e, quando relaxadas, produzem a vasodilatao (aumento do raio

    da arterola). O aumento e a diminuio do raio das arterolas produzem diminuio e o aumento da

    resistncia vascular perifrica, respectivamente, o que influencia no fluxo de sangue pelas arterolas,

    e consequentemente a circulao do sangue pelos territrios vasculares.

    2.1 Mecanismos de regulao do fluxo sanguneio

    Um dos princpios mais fundamentais da funo circulatria consiste na capacidade de cada

    tecido controlar seu prprio fluxo sanguneo local de acordo como as suas necessidades

    metablicas.

    A LEI DE POISEUILLE afirma que para um fluxo constante e laminar de um lquido por um

    tubo cilndrico, o fluxo varia diretamente com a diferena de presso entre as extremidades inicial e

    final e com a quarta potncia do raio do tubo e, varia inversamente com o comprimento do tubo e a

    viscosidade do lquido.

    O tnus vascular arteriolar pode ser aumentado ou diminuido, causando alterao na

    resistncia ao fluxo e consequentemente, no fluxo sanguneo:

    Aumento do tnus/contrao muscular vasoconstrio aumento da resistncia ao fluxo

    diminuio do fluxo sanguneo pelas arterolas atingidas

  • Diminuio do tnus/relaxamento muscular vasodilatao diminuio da resistncia ao

    fluxo aumento do fluxo sanguneo pelas arterolas atingidas

    2.2 Controle neural: a maioria das arterolas recebe abundante inervao de origem

    simptica adrenrgica. A inervao simptica para a maioria das arterolas do tipo vasoconstritora,

    j que o principal neurotransmissor liberado a noradrenalina.

    2.3 Controle humoral/hormonal: vrias substncias produzidas no organismo afetam o tnus

    vascular; os estmulos humorais podem ser do tipo vasoconstritor ou vasodilatador:

    Substncias com efeito vasoconstritor:

    -adrenalina: secretada pela medula adrenal (glndulas supra-renais) e por fibras ps-

    ganglionares simpticas; pode produzir vasoconstrio quando age sobre receptores alfa-

    adrenrgicos;

    -noradrenalina: secretada principalmente por fibras ps-ganglionares simpticas e tambm

    secretada tambm pela medula adrenal, produz vasoconstrio pois, age preferencialmente sobre

    receptores alfa-adrenrgicos;

    -angiotensina II: efetor final do sistema renina-angiotensina, essa substncia o mais

    potente vasoconstritor conhecido;

    -vasopressina ou ADH: hormnio produzido no hipotlamo e secretado pela neuro-hipfise

    tem diversas aes entre elas a vasoconstrio seletiva em determinados territrios vasculares;

    -endotelina: vasoconstritor encontrado nas clulas endoteliais dos vasos sanguneos,

    liberado quando h leso do endotlio.

    Substncias com efeito vasodilatador:

    -adrenalina: quando essa catecolamina age sobre receptores beta-adrenrgicos, como nas

    arterolas do msculo, produz vasodilatao.

    -acetilcolina: mediador qumico das fibras simpticas pr-ganglionares e das fibras

    parassimpticas vasodilatadoras;

    -bradicinina: vrias substncias denominadas cininas, que podem causar vasodilatao

    intensa, so formadas no sangue e nos lquidos teciduais de alguns rgos; uma dessas substncias

    a bradicinina;

    -histamina: vasodilatador cuja principal ao fisiolgica a secreo de cido clordrico, pela

    mucosa gstrica. liberada em praticamente todos os tecidos do corpo, em casos de leso,

    inflamao e reao alrgica;

    -prostaglandinas: apesar de algumas prostaglandinas produzirem vasoconstrio, a maioria

    delas parecem atuar como vasodilatadores.

    2.4 Controle local: ocorre em resposta ao metabolismo tecidual; o aumento do metabolismo

    produz um aumento do fluxo sanguneo sempre que houver aumento da presso de gs carbnico,

  • queda da presso de oxignio, queda do pH, aumento da osmolaridade e aumento da concentrao

    de adenosina, AMP e ADP.

    3. -CAPILARES: constituem o principal ponto de trocas entre o sangue e os demais tecidos;

    ali acontecem as trocas de lquidos, nutrientes, eletrlitos, hormnios e outras substncias. O fluxo

    de sangue que percorre os capilares faz trocas com o meio intersticial sendo conhecido como fluxo

    nutricional.

    As trocas entre o sangue e o meio intersticial efetuam-se por trs processos diferentes:

    difuso, filtrao/reabsoro e pinocitose. Se a substncia for lipossolvel ela pode se difundir

    diretamente, atravs das membranas celulares do capilar, sem ter que passar pelos poros ou fendas

    intercelulares. Por outro lado, muitas substnciasnecessrias aos tecidos, so solveis em gua e no

    podem passar atravs das membranas lipdicas das clulas endoteliais. Desta forma so

    transportadas do sangue para o meio intersticial atravs das fendas intercelulares, de acordo com os

    princpios da difuso.

    Outro mecanismo importante de trocas a filtrao/ reabsoro atravs dos poros

    endoteliais. Neste tipo de movimento, a gua flui atravs das fendas ao longo de um gradiente de

    presso. As substncias dissolvidas na gua movimentam-se juntamente com a gua, guardando

    suas respectivas concentraes.

    A presso do capilar (hidrosttica) tende a forar lquido e suas substncias em soluo a

    passar pela parede fenestrada do capilar sanguneo atingindo o espao intersticial. Ao contrrio, a

    presso onctica exercida pelas protenas plasmticas tende a promover o movimento de lquido do

    espao intersticial de volta para o sangue, evitando o acmulo de lquido no interstcio ou a queda do

    volume sanguneo.

    Alm disso, o sistema linftico contribui tambm, recolhendo e devolvendo circulao as

    pequenas quantidades de lquido no reabsorvido e protenas que vazaram dos capilares.

    Uma pequena quantidade de substncias transferida atravs das clulas endoteliais na

    forma de pequenas vesculas, ditas pinocticas. As vesculas podem atravessar o citoplasma da clula

    endotelial nas duas direes e, serem liberadas no lado oposto em que se formaram. A pinocitose

    pode ser o nico meio de transporte disponvel para grandes molculas insolveis em lipdios.

    4-VNULAS: coletam o sangue vindo dos capilares; elas gradualmente coalescem em veias

    progressivamente mais calibrosas.

    5-VEIAS: funcionam como condutos para o transporte de sangue dos tecidos de volta ao

    corao, mas so importantes tambm por atuarem como principal reservatrio de sangue,

    considerando que aproximadamente 65% do volume sanguneo total encontram-se normalmente nas

    veias. A presso no sistema venoso muito baixa, as paredes venosas so finas, mas so musculares,

  • o que lhes permite contrair e expandir e, por conseguinte, atuam como um reservatrio controlvel

    de sangue adicional, aumentando e diminuindo, respectivamente, o retorno venoso ao corao.

    QUESTES PARA ESTUDO

    1- Explique/caracterize os mecanismos, neural, hormonal/humoral e local para regulao do fluxo

    sanguneo.

    2-Como e onde produzida a substncia angiotensina II?

    3-Escreva o efeito das seguintes substncias sobre o tnus arteriolar e sobre o fluxo sanguneo,

    conseqentemente:

    -angiotensina II, vasopressina ou ADH, adrenalina, noradrenalina, acetilcolina, bradicinina,

    prostaglandina e histamina.

    4-Explique como acontecem as trocas por filtrao/reabsoro, ao nvel dos capilares.

    5- A passagem de substncias hidrossolveis atravs da parede dos capilares sanguneos enceflicos

    fcil, isto , sem nenhum impedimento? E para as substncias lipossolveis? Explique por que.

    6-Comente a importncia das veias como reservatrio sanguneo.

    7-Descreva/explique a funo do sistema linftico na manuteno do interstcio seco.

    8- Explique a regulao simptica sobre as veias e como isto afeta o dbito cardaco.

    9- O clcio importante para a contrao do msculo liso? Explique.

    10- Explique os efeitos da acetilcolina e da noradrenalina sobre as fibras musculares cardacas e lisas

    (dos vasos sanguneos).

    11-Comente o efeito do peso molecular das substncias sobre a sua passagem atravs das

    fenestras/fendas/poros capilares.

    12- Explique a formao do edema intersticial.

    13- O que voc entende por fluxo nutricional.

    14- O fluxo de sangue pelos vasos perifricos da circulao cutnea, importante para a

    regulao/manuteno da temperatura corporal. Explique por que.

  • AULA: PRESSO ARTERIAL SISTMICA

    A presso arterial sistmica a presso exercida pelo sangue no interior das artrias

    sistmicas. A presso arterial sistmica(PA) oscila, durante o ciclo cardaco, entre um valor mximo e

    um valor mnimo. O valor mximo corresponde presso arterial sistlica (PAS) e, o valor mnimo

    corresponde a presso arterial diastlica (PAD). Normalmente, a presso do sangue nas artrias

    atinge um valor mximo de cerca de 120 mmHg e um valor mnimo de cerca de 80 mmHg. A oscilao

    do valor da presso arterial durante o ciclo cardaco deve-se a variao no volume de sangue nas

    artrias (volume arterial), produzido pela ejeo de sangue no sistema arterial e pelo escoamento

    sanguneo perifrico. Quando o corao ejeta o sangue no sistema arterial, durante a sstole

    ventricular, ocorre um incremento do volume arterial e com isso o aumento da presso arterial,

    passando de um valor diastlico de 80 mmHg para um valor sistlico de 120 mmHg. Durante a

    distole no h bombeamento de sangue pelo corao e, devido ao escoamento do sangue arterial

    em direo as arterolas e aos capilares sanguneos, ocorre a reduo do volume arterial e,

    conseqentemente, a diminuio da presso arterial, passando de um valor sistlico para um valor

    diastlico.

    A presso diferencial ou de pulso determinada pela diferena entre a presso arterial

    sistlica e a presso arterial diastlica

    Presso diferencial= PAS PAD

    A presso arterial mdia o valor mdio da presso do sangue nas artrias ao longo do

    tempo (ciclo cardaco).

    Uma regra prtica para determinar a PAM : PAM = PAD+ [(PAS-PAD) / 3]

    A presso arterial sistmica gerada e mantida pela interao entre a fora propulsora

    cardaca, a capacidade de dilatao elstica das artrias e a resistncia ao fluxo exercida,

    predominantemente, pelas arterolas sistmicas.

    Presso arterial = Dbito cardaco X Resistncia perifrica total:

    A presso arterial sistlica (PAS) depende principalmente de fatores que determinam a

    desempenho sistlico cardaco, dentre eles a contratilidade cardaca intrnseca, o retorno venoso

    (que influencia o grau de estiramento das fibras miocrdicas e o volume de sangue presente no

    ventrculo esquerdo, previamente contrao), a resistncia contra a qual o corao ejeta o sangue

    e a freqncia cardaca. Assim, o nvel da PAS reflete a frequncia e a fora de contrao cardaca, a

    elasticidade e o volume arterial.

    A presso arterial diastlica (PAD) reflete basicamente a resistncia ao fluxo. A resistncia

    perifrica total afetada por fatores locais, neurais e hormonais que regulam principalmente o tnus

    arteriolar, produzindo vasoconstrio ou vasodilatao.

    Regulao da presso arterial

  • Mediante o controle da PA, o organismo assegura o fluxo sanguneo adequado para o

    metabolismo dos tecidos (clulas).

    Mecanismos de regulao da PA a curto e mdio prazos:

    - Mecanismos neurais reflexos: pressoceptores/barorreceptores e quimioceptores.

    - Mecanismos humorais/hormonais: noradrenalina, vasopressina (ADH), sistema renina-

    angiotensina-aldosterona.

    Mecanismos de regulao da PA a longo prazo:

    - Mecanismo renal: controle do volume de LEC.

    QUESTES PARA ESTUDO

    1- O que voc entendeu por presso arterial sistmica? Qual a sua importncia/funo?

    2- A regulao do fluxo sanguneo pode afetar a presso arterial sistmica? Explique.

    3- A presso arterial oscila em sincronia com o batimento cardaco. Explique.

    4- Suponhamos que um indivduo apresente PAS de 110 mmHg e PAD de 70mmHg.

    a) qual ser o valor da PAM?

    b) esses valores esto dentro da normalidade para o indivduo adulto jovem?

    5- O exerccio aerbico pode interferir na presso arterial? Qual ser seu provvel efeito?

    6- O frio ou o calor pode produzir alterao de presso?

    7- A manuteno da postura em p por perodo de tempo prolongado pode afetar a manuteno da

    presso arterial? Por que?

    8- A perda de sangue (hemorragia) pode causar alterao de presso arterial? Explique.

    9- Teoricamente o valor da presso arterial semelhante em todas as artrias quando estamos

    deitados?

    10- A atividade cardaca influencia o valor da presso arterial?

    11- O endurecimento das paredes arteriais pode causar alterao no valor da presso arterial?

    Explique.

    12-Considerando os mecanismos renais no controle da PA, explique o efeito dos diurticos em geral,

    sobre a PA.

    13-Sabemos que o mecanismo renina-angiontensina-aldosterona um dos mais importantes para o

    controle da PA.Explique-o

    14- Quando se faz a administrao de frmacos inibidores da ECA esperamos aumento ou diminuio

    da PA? Explique.

    15- A descarga simptica e parassimptica sobre o corao podem produzir alterao na presso

    arterial? Explique.

    16- A descarga simptica intensa produz vasoconstrio na maioria dos territrios vasculares. Isso

    causa alterao na presso arterial? Por que.

  • AULA: SISTEMA GASTRINTESTINAL/DIGESTRIO

    1- INTRODUO

    O sistema gastrintestinal responsvel pelo recebimento, armazenamento e digesto dos

    alimentos (alm dos frmacos) ingeridos por via oral (boca), que sero, posteriormente, absorvidos

    pelo sangue. O contedo alimentar movimentado ao longo do tubo gastrintestinal e misturado

    com as secrees digestivas graas aos movimentos gastrintestinais, propulsivos e de mistura.

    O sistema gastrintestinal constitudo do tubo gastrintestinal (boca-esfago-estmago-

    intestino delgado e grosso) e de rgos que secretam seus produtos no interior do tubo

    gastrintestinal (fgado/vescula biliar-pncreas).

    A circulao sangunea que atinge o sistema gastrintestinal constitui a circulao

    esplncnica, que compreende a circulao sangunea para o fgado, tubo gastrintestinal, bao, e

    pncreas. Em condies de repouso, o fluxo sanguneo pela circulao esplncnica cerca de 25% do

    dbito cardaco.

    A drenagem venosa do estmago, bao, pncreas e intestino realizada em srie pela veia

    porta que conduz esse sangue diretamente para o fgado (70% do fluxo sanguneo heptico). A

    principal funo desse sistema porta consiste no aporte direto de nutrientes para o fgado, que

    capaz de armazen-los ou ressintetiz-los.

    Apesar do alto fluxo sanguneo durante o repouso, em condies de queda de volume

    sanguneo ou de exerccio, pode ocorrer uma reduo significativa pela circulao esplncnica. Por

    outro lado, durante o perodo de ingesto e digesto dos alimentos, ocorre um aumento do fluxo

    sanguneo pelo trato gastrintestinal.

    2- CONTROLE DA ATIVIDADE DO TRATO GASTRINTESTINAL

    O trato gastrintestinal inervado pelo sistema nervoso autonmico e tambm possui um

    sistema nervoso prprio, denominado de sistema nervoso entrico.

    O sistema nervoso entrico constitudo de dois plexos neuronais, o plexo submucoso (de

    Meinssner) e, o plexo mientrico (Auerbach). Esse sistema situa-se na parede do tubo

    gastrintestinal, comeando no esfago estendendo-se at o final. O plexo mientrico localiza-se

    entre as camadas de msculo liso (circular e longitudinal) da parede do tubo gastrintestinal e,

    controla principalmente a atividade motora, ou seja, os movimentos gastrintestinais (motilidade). O

    plexo submucoso localiza-se na regio da submucosa e controla principalmente a atividade secretora

    no tubo gastrintestinal.

    As condies no interior/lmen do tubo gastrintestinal so monitoradas por receptores

    sensoriais, especialmente sensveis a estmulos qumicos e mecnicos, localizados no prprio tubo

  • gastrintestinal. As informaes produzidas pelos respectivos estmulos so transmitidas aos

    neurnios locais (do sistema nervoso entrico) e ao SNC. Os sinais eferentes causam, ento,

    alterao devida na atividade gastrintestinal.

    Os neurnios do sistema nervoso entrico recebem informaes a partir dos receptores

    sensoriais do trato gastrintestinal e tambm, recebem sinais do SNC, por meio de fibras nervosas

    simpticas e parassimpticas. Produzem um controle local da atividade gastrintestinal.

    A descarga simptica e parassimptica afeta de forma importante a atividade do sistema

    digestrio, regulando o fluxo sanguneo ao trato gastrintestinal e a atividade secretora e motora do

    sistema digestrio. Os neurotransmissores das fibras nervosas simpticas que inervam os rgos do

    sistema digestrio, so as catecolaminas adrenalina e noradrenalina. Em geral, elas causam

    diminuio da atividade motora e secretora no sistema digestrio. O neurotransmissor das fibras

    nervosas parassimpticas que inervam os rgos do sistema digestrio, a acetilcolina. Em geral, ela

    causa aumento da atividade motora e secretora no sistema digestrio.

    A atividade gastrintestinal (motilidade e secreo) e o fluxo sanguneo local tambm so

    regulados por hormnios e outros mediadores qumicos, produzidos no prprio sistema digestrio.

    Entre eles podemos citar a colecistocinina (CCK), a secretina, o peptdio inibidor gstrico, produzidos

    no intestino delgado, a gastrina e a histamina, produzidas no estmago. Os efeitos desses e outros

    mensageiros qumicos sero abordados posteriormente.

    3- MOVIMENTOS GASTRINTESTINAIS E SUA REGULAO

    O tubo gastrintestinal possui uma camada interna, a mucosa, composta por epitlio e tecido

    conjuntivo, rodeado por camadas musculares. Em sua totalidade, a parede est coberta por uma

    camada de tecido conjuntivo, denominada serosa. Na regio da mucosa existe uma camada

    denominada muscular da mucosa; abaixo da mucosa, temos o tecido conjuntivo que forma a

    submucosa.

    A camada muscular do primeiro tero do esfago formada por msculo estriado e os dois

    teros inferiores por msculo liso; o estmago e intestinos apresentam msculo liso com camadas

    dispostas de forma longitudinal e outra circular. Os movimentos gastrintestinais so produzidos

    quando essas fibras musculares contraem.

    Existem dois tipos de movimentos gastrintestinais bsicos: os movimentos de mistura e os

    movimentos propulsivos. Os movimentos de mistura mantm o contedo

    (alimento/resduos/secrees) luminal sempre misturado e, os movimentos propulsivos, promovem

    a progresso ou o trnsito do contedo luminal ao longo do trato gastrintestinal.

    O movimento propulsivo bsico denomina-se peristaltismo, que se caracteriza por um anel

    contrtil que se desenvolve na vscera, na regio ceflica do contedo alimentar e, a seguir, move-se

    para adiante no sentido caudal.

  • Entre os fatores que desencadeiam/intensificam o peristaltismo podemos citar como

    principal a distenso da vscera, que acontece na presena do alimento.

    Mastigao e Deglutio:

    A mastigao promove a quebra mecnica do alimento em pedaos que so mais facilmente

    deglutidos.

    A deglutio o processo de engolir o alimento:

    -controle voluntrio: a lngua propele o bolo alimentar na direo da faringe

    controle pelo centro da deglutio (tronco enceflico): fechamento da nasofaringe/vias

    areas e envio do bolo alimentar ao esfago;

    -progresso do alimento ao longo do esfago por ondas peristlticas, produzidas por sinais

    nervosos gerados no centro da deglutio.

    - relaxamento do esfncter esofgico inferior: passagem do alimento para o estmago.

    Motilidade no estmago:

    So funes motoras do estmago: armazenamento do alimento, mistura do alimento com

    as secrees gstricas para a formao do quimo.

    O esvaziamento do estmago regulado por fatores neurais e endcrinos. De forma geral

    podemos dizer que o esvaziamento gstrico mais rpido quanto mais fluido estiver o quimo,

    quanto menor a quantidade de quimo no intestino delgado, e quanto menor for a acidez e o teor de

    gordura do quimo no intestino delgado. Assim, podemos concluir que o esvaziamento gstrico

    controlado, de modo que a liberao do quimo no intestino delgado acontea com uma velocidade

    apropriada para que seja adequadamente processado (digesto/absoro).

    Motilidade no intestino delgado:

    A agitao suave e a propulso so produzidas por contraes de segmentao. A

    velocidade com que essas contraes acontecem ao longo do intestino varia, sendo maior no

    duodeno e menor no leo terminal. No intestino delgado o quimo tende a se mover lentamente e

    gradualmente em direo caudal. Devemos lembrar que o intestino delgado o principal local de

    digesto dos alimentos e absoro de nutrientes e reabsoro das secrees digestivas.

    O peristaltismo no intestino delgado programado pelo sistema nervoso entrico e

    iniciado por estmulos detectados por mecanorreceptores e por quimiorreceptores.

    Motilidade no intestino grosso:

    Cerca de 1,5 litro de quimo/dia chegam no intestino grosso, progredindo ao longo desse

    rgo. O contedo do clon ascendente e a maior parte do clon transverso lquido mas, no clon

    descendente o contedo torna-se mais slido, medida que transformado em fezes. Nos

    momentos apropriados, as fezes devem ser eliminadas pela defecao.

    Os movimentos de mistura favorecem a formao, no lmen do clon, das fezes ou matrias

    fecais.

  • REFLEXO DA DEFECAO: Propulso das fezes ao reto distenso do reto ativao de

    sinais sensoriais do plexo mioentrico atividade peristltica e relaxamento do esfncter interno do

    nus. O msculo estriado do esfncter anal externo permanece contrado at que, em circunstncias

    adequadas, seja relaxado sob controle voluntrio. Para favorecer a eliminao das fezes ocorre

    contrao de msculos abdominais que assim, causam aumento da presso intraabdominal. Esse

    reflexo reforado pela atividade reflexa na medula espinhal e fibras parassimpticas. Se a

    defecao voluntria no acontecer, a urgncia em defecar desaparece, o esfncter interno se

    contrai e o peristaltismo reverso esvazia o contedo do reto de volta ao clon.

  • REFLEXO DA DEFECAO:

    Propulso das fezes ao reto

    Distenso do reto

    Ativao de sinais sensoriais do plexo mioentrico

    Atividade peristltica e relaxamento do esfncter interno do nus

    Reflexo reforado pela atividade reflexa na medula espinhal e fibras parassimpticas

    Relaxamento do esfncter anal externo

    (controle voluntrio)

    DEFECAO

    4- SECREES GASTRINTESTINAIS:

    As secrees digestivas apresentam as funes de preparar o alimento para a digesto, de

    digerir os alimentos e, tambm de promover adequadamente a absoro. Os sucos digestivos so

    secretados em todo o sistema gastrintestinal, incluindo rgos como fgado,vescula biliar e

    pncreas excrino. A seguir sero apresentadas as secrees de cada parte do sistema digestrio e

    suas principais caractersticas.

    4.1 Boca Secreo salivar As glndulas salivares submandibulares, sublinguais e partidas produzem em torno de 1,5

    litros de saliva/dia.

    G.submandibulares: produz 70% da secreo; saliva mista; tem todos os constituintes.

    G partidas: produz 25%; saliva serosa; contm eletrlitos e enzimas; pouco muco.

    G.sublinguais: produz 5%; saliva rica em muco; contm antgenos e anticorpos.

    Composio bsica: ons (eletrlitos), protenas, muco,gua e a enzima amilase (ptialina).

    Funes:

    - manuteno dos tecidos orais saudveis (sade da boca): mantm a mucosa oral mida e lubrificada, evitando ulceraes e infeces; limita/regula o crescimento bacteriano, evitando as cries.

    -facilita a deglutio: umedece o alimento facilitando a mastigao e a deglutio;

  • -digesto de amidos: a digesto de amidos comea na boca por ao da enzima amilase

    salivar (ptialina).

    Regulao da secreo:

    -Reflexos originados a partir da presena do alimento na boca, o odor ou viso dos

    alimentos;

    -Regulao parassimptica: aumenta o fluxo sanguneo local; estimula a contrao das

    clulas mioepiteliaissecreo saliva rica em enzimas.

    -Regulao simptica: estimula a contrao das clulas mioepiteliaissecreo saliva rica

    em enzimas; vasoconstrio (que pode ser superada por fatores vasodilatadores locais- calicrena);

    responsvel pela boca seca associada ao medo.

    4.2 Estmago- Secreo gstrica No estmago o alimento deglutido transformado em quimo por ao da secreo gstrica

    Composio bsica: cido clordrico (150mmol/L), enzimas proteolticas

    (pepsinogniopepsina); muco e bicarbonato; fator intrnseco.

    Funes dos componentes da secreo gstrica:

    -cido clordrico: mantm o pH do estmago extremamente cido, normalmente entre 1 e 2.

    O meio cido importante para degradao do alimento (formao do quimo semilquido), para

    desinfetar o alimento, hidrolisar as gorduras e o amido.

    -enzimas proteolticas: juntamente com o cido elas provocam a digesto das protenas dos

    alimentos; essas enzimas so secretadas na forma inativa (pepsinognio) e so transformadas na

    forma ativa (pepsina) pela ao do cido e das enzimas proteolcas ativas.

    -Muco e bicarbonato: protegem a mucosa gstrica da digesto pelas secrees gstricas,

    pois formam uma camada de lquido viscoso sobre a mucosa com pH alto.

    -Fator intrnseco: essencial para a absoro da vitamina B12 nos intestinos.

    Regulao da secreo:

    Secreo de cido clordrico pelas clulas parietais:

    AC

    CO2 + H2O H2CO3 H+ , HCO3

    -

    H++ Cl- HCl (cido clordrico)

    A secreo de cido deflagrada pela presena de mensageiros qumicos como gastrina,

    acetilcolina e histamina:

    -Hormnio gastrina: secretada pelas clulas G; chega at as clulas parietais atravs do

    sangue; sua secreo estimulada por protenas, lcool, cidos orgnicos (cido actico ou

    butrico); a diminuio do pH inibe a secreo de gastrina e o aumento do pH estimula a secreo de

    gastrina.

  • -Neurotransmissor acetilcolina: secretada pelas fibras nervosas parassimpticas, atua em

    receptores muscarnicos (bloqueados por atropina) provoca aumento da secreo gstrica cida

    estimulando diretamente as clulas parietais e indiretamente por estimular a secreo do hormnio

    gastrina, que por sua vez estimula a secreo cida (como vimos no item anterior).

    -Mediador qumico histamina: secretada pelas clulas ECL (semelhantes a enterocromafins),

    sob estmulo da gastrina e da acetilcolina. A histamina exerce funo parcrina sobre as clulas

    parietais estimulando a secreo cida e, tambm age como vasodilatador local, aumentando o

    fluxo sanguneo para as clulas secretoras.

    A secreo gstrica evocada por mecanismos neurais mesmo antes do alimento chegar ao

    estmago, ou seja, j inicia quando o alimento detectado pela primeira vez, pela viso, olfato ou

    outros sinais associados a ele.

    Depois que ocorreu o esvaziamento gstrico, os hormnios como secretina, CCK e o

    peptdio inibidor gstrico (GIP), suprimem a liberao de gastrina e conseqentemente provocam

    diminuio da secreo cida.

    A secreo de pepsinognio controlada por mecanismos semelhantes aos da regulao da

    secreo cida, principalmente por fibras parassimpticas. A secretina e a CCK estimulam a liberao

    de pepsinognio.

    4.3 Intestino delgado

    Composio bsica e funes:

    -Lquido viscoso, rico em muco e alcalino, importante para a proteo da mucosa duodenal

    contra o cido do quimo esvaziado pelo estmago, at que este cido seja neutralizado pelas

    secrees pancreticas e hepticas.

    -gua e eletrlitos, especialmente ons cloreto, sdio e bicarbonato- importantes para a

    absoro de nutrientes(sdio/glicose; sdio/aminocidos)e neutralizao do cido do quimo.

    -Enzimas digestivas como as peptidases e dissacaridases- digesto de peptdios e

    dissacardeos (sacarose/lactose).

    Regulao da secreo: os reflexos produzidos pelo sistema nervoso entrico, a inervao

    colinrgica (mediada por acetilcolina), a bracidinina e outros mediadores qumicos

    (neuroimunolgicos), provocam a liberao de muco, eletrlitos, gua e enzimas pelas clulas do

    intestino delgado.

    Uma caracterstica do intestino delgado que ele recebe importantes secrees

    pancreticas e heptica/biliar, para que o contedo intestinal seja corrigido quanto acidez e

    osmolaridade, j que o quimo que vem do estmago hipertnico e cido.

    4.4 Pncreas- secreo pancretica:

  • O pncreas um glndula mista que apresenta um componente endcrino (secreta insulina e

    glucagon, no sangue) e um componente excrino, que produz e libera secrees importantes em

    direo ao intestino delgado.

    Composio bsica:

    -Soluo isotnica, rica em bicarbonato;

    -Soluo rica em enzimas: tripsina, quimiotripsina, carboxipeptidase, amilase, lpases e outras.

    Funes:

    - Secreo alcalina (c/HCO3- e outros eletrlitos): neutralizao do cido do quimo:

    HCl + NaHCO3- H2O + CO2 + NaCl

    - Secreo de enzimas;

    -tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidase: enzimas proteolticas;

    -amilase pancretica: continua a digesto de amidos (iniciada na boca);

    -lipases: digerem as gorduras.

    Regulao da secreo:

    -Regulao da secreo de enzimas: a descarga parassimptica (mediada por acetilcolina) e

    o hormnio intestinal colecistocinina estimulam a secreo de enzimas pelo pncreas.

    -Regulao da secreo de suco alcalino: o hormnio intestinal secretina o principal

    estimulador da secreo de suco alcalino pelo pncreas.

    Veja o esquema:

    Quimo hipertnico, com gordura e aminocidos quimo cido (+) (+)

    secreo de CCK secreo de secretina (+) (+)

    liberao de enzimas pancreticas liberao de suco pancretico alcalino

    4.5 Fgado/Vescula Biliar- secreo biliar:

    Funes do fgado:

    - funes metablicas: armazenamento, transformao e fornecimento de substratos

    energticos; sntese protica;

    - funo de destoxificao

    - suprimento de vitaminas e minerais

    - defesa

    - produo da secreo biliar

    Alm de muitas outras funes (metablicas, destoxificao, suprimento de vitaminas, etc)

    o fgado responsvel por produzir uma importante secreo digestiva, a bile; Por dia so

    produzidos cerca de 700-1.200ml de bile.

    A bile produzida pelo fgado, armazenada e concentrada na vescula biliar e liberada no

    intestino delgado.

    Composio e funo da secreo biliar:

  • -cidos biliares- derivados hidrossolveis do colesterol, que so reabsorvidos em grande

    parte pelo intestino delgado e retornam ao fgado pela veia porta heptica (circulao ntero-

    heptica); pigmentos biliares como a bilirrubina- formada pela degradao do heme da hemoglobina;

    gua e eletrlitos,principalmente bicarbonato; outros como colesterol, fosfolipdeos,protenas.

    Funes da secreo biliar:

    -Emulsificao da gordura: os cidos biliares so responsveis pela emulsificao das

    gorduras no intestino delgado, favorecendo a ao enzimtica/digestiva das lpases.

    -Absoro de cidos graxos: os cidos biliares formam micelas que solubilizam os produtos

    finais da digesto das gorduras no meio aquoso do lmen intestinal, transportando-os at as clulas

    epiteliais, para que sejam absorvidos.

    -A bile um veculo para excreo de produtos do metabolismo, produzidos no fgado e em

    outros locais.

    Regulao da secreo biliar:

    A produo de secreo biliar isotnica e alcalina estimulada pelo hormmio secretina.

    A liberao da bile pela vescula biliar regulada principalmente pelo hormnio

    colecistocinina. A CCK provoca contrao do msculo da vescula biliar e relaxa o esfncter no ducto

    biliar, favorecendo a liberao da bile da vescula, no intestino delgado.

    4.6 Intestino grosso:

    Ocorre secreo de muco, gua e eletrlitos.

    FEZES

    -30% de resduos slidos, que incluem bactrias, sais inorgnicos e resduos orgnicos

    constitudos por celulose, lipdeos e protenas; 70% gua.

    ODOR DAS FEZES: produzidos por produtos bacterianos como indol, escatol e o cido

    sulfdrico.

    COR DAS FEZES: atribuda sistematicamente presena de um pigmento biliar, a

    estercobilina.

    5- DIGESTO

    Resumo da digesto dos alimentos

    CARBOIDRATOS (amido, sacarose, lactose)