apostila refazenda

122
1

Upload: agencia-ambiental-pick-upau

Post on 08-Mar-2016

213 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

O Projeto Refazenda é uma iniciativa do Pick-upau, uma organização não-governamental sem fins lucrativos de caráter ambientalista, 100% brasileira, que conta com vários parceiros, entre eles o Fundo Nacional do Meio Ambiente e a aldeia guarani Tenonde Porã. O programa tem entre seus principais objetivos a produção de mudas nativas da mata atlântica, como forma de fomento da economia da comunidade indígena beneficiada e o aumento da oferta de produtos florestais destinados a recuperação e ampliação da cobertura vegetal de um dos biomas mais ameaçados do país, a mata atlântica. Através de uma ação pioneira, a implantação do viveiro de mudas nativas com capacidade para produzir até 100.000 mudas por ano dentro de uma Terra Indígena e com mão-de-obra 100% guarani, o Projeto Refazenda apresenta uma nova maneira de reflorestar.

TRANSCRIPT

Page 1: Apostila Refazenda

1

Page 2: Apostila Refazenda

2

Page 3: Apostila Refazenda

3

PROJETO REFAZENDA Apostila de Capacitação Técnica e Operacional para Viveiros

de Mudas de Espécies Nativas da Mata Atlântica e PRADs

Page 4: Apostila Refazenda

4

Realização Agência Ambiental Pick-upau Financiamento Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA Ministério do Meio Ambiente – MMA Apoio Terra Indígena Guarani Mbya Tenonde Porã Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade de São Paulo CIENTEC/USP

Page 5: Apostila Refazenda

5

Page 6: Apostila Refazenda

6

SUMÁRIO

Parte 1: Conteúdo Genérico

- Introdução à Mata Atlântica 09

- Noções básicas de solos 11

- Climatologia: noções básicas do clima 14

- Hidrografia do Brasil 16

- Mananciais 20

- Coleta Seletiva 22

- Empreendedorismo em negócios sustentáveis 23

Parte 2: Conteúdo Técnico

- Escolha das embalagens 29

- Escolha do substrato 31

- Compostagem para utilização em substrato 33

- Colheita ou aquisição de sementes (matrizes) 40

- Beneficiamento, armazenagem e teste de germinação 44

- Dormência de sementes (quebra) 48

- Preparo das embalagens 49

- Semeadura, repicagem e desbaste 51

- Adubação e irrigação 53

- Controle fitossanitário, rustificação e expedição 56

- Poda da copa 57

- Poda das raízes 57

- Monda 58

- Moveção ou dança 59

- Raleio (sacos plásticos) e alternagem (tubetes) 60

- Seleção 60

- Biodiversidade e manejo e pragas 62

- Indicadores de qualidade da muda 65

Parte 3: Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD

- Área degradada e degradação ambiental 70

- Recuperação, reabilitação e restauração ambiental 72

- Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD 73

- Como fazer um reflorestamento 74

Page 7: Apostila Refazenda

7

Parte 4: Anexos

- Resolução SMA nº 068 de 19 de setembro de 2008 86

- Resolução SMA nº 021 de 21 de novembro de 2001 86

- Espécies nativas da Mata Atlântica do Estado de São Paulo 89

- Glossário 106

- Bibliografia 110

- Créditos 113

Page 8: Apostila Refazenda

8

Page 9: Apostila Refazenda

9

A Mata Atlântica

é uma das florestas mais ameaçadas do

planeta.

Introdução à Mata Atlântica

Originalmente a Mata Atlântica ocupava 15% território brasileiro, se estendendo

de forma contínua por cerca de 1.400.000 km², era considerada a segunda

maior floresta do Brasil. Percorria toda a Costa Atlântica com largura variável,

desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, se desenvolvendo na

Região Sudeste em direção ao interior e atravessando as fronteiras com o

Paraguai e a Argentina.

Porém, atualmente apenas 7% do seu tamanho original ainda estão

intactos, e isso se deve a ocupação e a exploração desordenada dos seus

recursos naturais, que vem desde a época da colonização com a retirada do

pau-brasil. Essa espécie que é endêmica da região sofre até hoje com a sua

exploração e corre grande risco de extinção assim como o bioma Mata

Atlântica.

Page 10: Apostila Refazenda

10

A História do país se iniciou nesse bioma e hoje nele vivem cerca de

120 milhões de pessoas. Além disso, a maior parte do pólo industrial, químico,

petroleiro, portuário e turístico do Brasil estão em seus domínios. Por causa da

sua exuberância, os primeiros europeus e naturalistas que chegaram aqui

ficaram fascinados, mas ao mesmo tempo temiam o que poderiam encontrar

pela frente ao adentrar a mata.

A definição da Mata Atlântica, de acordo com o Art. 3º do Decreto Lei

750/93 é: “Considera-se Mata Atlântica as formações florestais e ecossistemas

associados inseridos no domínio Mata Atlântica, com as respectivas

delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil, IBGE 1988:

Floresta Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófila Mista, Floresta

Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional

Decidual, manguezais, restingas, campos de altitude, brejos interioranos e

encraves Florestais do Nordeste.”

Antes da sua exploração, todos esses ecossistemas se interligavam

formando um contínuo, que hoje se apresentam em pequenos fragmentos

florestais espalhados pelo território brasileiro. É na Serra do Mar entre o sul do

Rio de Janeiro e norte do Paraná que se encontram os maiores fragmentos e

no nordeste os menores (OLIVEIRA et al, 2009).

As temperaturas nesse bioma são sempre elevadas, sendo

classificadas como equatorial ao norte e temperado sempre úmido ao sul. As

regiões de serra possuem alto índice pluviométrico, por causa das barreiras de

contenção para os ventos que vem do mar. Possui alta biodiversidade (uma

das maiores do planeta), com altos índices de endemismo e diversas espécies

em extinção. Seu solo é pobre e seu relevo é bastante acidentado. (OLIVEIRA

et al, 2009)

Um dos maiores destaque desse bioma são as árvores que podem

chegar a 40 metros de altura e 4 metros de diâmetro, como o Jequitibá-rosa.

Algumas outras espécies também se destacam como o Pinheiro-do-paraná, o

Cedro, as Figueiras, os Ipês e o Pau-brasil. Além disso, a Mata Atlântica ainda

possui as chamadas matas de altitude como a Serra do Mar com 1.100 metros

e a Itatiaia com 1.600 metros, geralmente a neblina nesses locais é constante.

Page 11: Apostila Refazenda

11

O que também impressiona é a riqueza faunística que ela possui,

porém a maior parte dos animais endêmicos da Mata Atlântica corre sério risco

de extinção. Como é o caso da Onça-pintada, dos Micos-leões, da Lontra, da

Arara-azul-pequena, do Tatu-canastra, entre outros.

A atual situação da Mata Atlântica é grave, estudos mostram que por

causa do seu alto grau de fragmentação ela pode desaparecer de vez, fato que

traria prejuízos imensuráveis tanto para fauna e flora como para a população

que sobrevive em seus domínios, pois é ela que regula o clima, a temperatura,

o regime das chuvas, protege nascentes de rios e encostas de morros e gera

fertilidade do solo. Devido a tudo isso é necessário uma mobilização tanto do

poder público quanto da população em prol da sua recuperação e conservação.

No intuito de regulamentar sua proteção e seu uso sustentável, foi

criada a Lei nº 11.428 de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a

utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica.

Noções básicas de solo

O solo é um meio complexo e heterogêneo, produto de alteração do

remanejamento e da organização do material original (rocha, sedimento ou

outro solo), sob a ação da vida, da atmosfera e das trocas de energia que aí se

manifestam, e constituído por quantidades variáveis de minerais, matéria

orgânica, água da zona não saturada e saturada, ar e organismos vivos,

incluindo plantas, bactérias, fungos, protozoários, invertebrados e outros

animais.

Page 12: Apostila Refazenda

12

Na produção de

mudas e nos PRADs é muito

importante conhecer o solo.

Funções do solo

• sustentação da vida e do "habitat" para pessoas, animais, plantas e outros

organismos;

• manutenção do ciclo da água e dos nutrientes;

• proteção da água subterrânea;

• manutenção do patrimônio histórico, natural e cultural;

• conservação das reservas minerais e de matérias primas;

• produção de alimentos; e

• meio para manutenção da atividade sócio-econômica.

Propriedades

O solo é constituído por três fases: sólida, líquida e gasosa. A fase sólida

é constituída pelo material parental (rocha) local ou transportado e material

orgânico, originário da decomposição vegetal e animal. A fase líquida, a água

ou a solução do solo (elementos orgânicos e inorgânicos em solução), e a fase

gasosa, de composição variável, de acordo com os gases produzidos e

consumidos pelas raízes das plantas e dos animais (CO² e O²).

Page 13: Apostila Refazenda

13

As propriedades físicas, químicas e biológicas do solo são determinadas

pelo processo geológico de sua formação, origem dos minerais, e sua evolução

de acordo com o clima e o relevo do local, além dos organismos vivos que o

habitam.

Dependendo da espécie mineralógica que deu origem e dos

mecanismos de intemperismo e transporte, o solo apresenta diferentes

conteúdos das frações: areias, siltes ou argilas. O tamanho relativo dos grãos

do solo é chamado de textura e sua medida de granulometria (escala

granulométrica), serve para a classificação da textura dos solos.

Os horizontes dos solos, ou seja, camadas que se diferenciam entre si

são formados a partir da modificação do material original, por meio dos

processos de intemperismo, apresentando diferentes colorações de acordo

com o grau de hidratação do ferro, dos teores de cálcio e óxido de silício, além

do teor de matéria orgânica nas camadas superficiais. O perfil do solo é então,

o conjunto dos horizontes e/ou camadas que abrangem, verticalmente, desde a

superfície até o material originário. Os solos apresentam grande variedade ao

longo de uma mesma região e entre diferentes regiões.

Os solos tropicais são mais profundos e mais quentes que os solos de

clima temperado. Possuem mais alumínio que sílica e apresentam uma

Capacidade de Troca Catiônica – CTC menor que os solos formados em clima

temperado. A decomposição da matéria orgânica é mais rápida e as plantas

absorvem mais água em comparação aos solos de clima temperado. Como há

maior lixiviação de cátions em solos ácidos, arenosos, com baixo teor de

matéria orgânica e baixa CTC, há maior possibilidade de uma substância

atingir a água subterrânea.

A vegetação que cresce nesses solos tem capacidade de absorver

poluentes e muitas vezes produzir safras aparentemente normais, mas que

podem apresentar riscos ao consumo humano e de outros animais.

O tipo de material constituinte e sua granulometria influem nas

propriedades do solo e nos mecanismos de atenuação e transporte de

poluentes.

Page 14: Apostila Refazenda

14

As propriedades físicas do solo (textura, estrutura, densidade,

porosidade, permeabilidade, fluxo de água, ar e calor) são responsáveis pelos

mecanismos de atenuação física de poluentes, como filtração e lixiviação,

possibilitando ainda condições para que os processos de atenuação química e

biológica possam ocorrer.

O movimento da água nos solos se dá em um meio poroso heterogêneo,

onde o tamanho, a forma e as conexões entre os vazios do solo e a

viscosidade do fluído determinam a velocidade de passagem. Assim, o

transporte e mobilidade de poluentes no solo dependem também da forma e

tamanho das partículas que compõem um dado solo, assim como do seu grau

de compactação.

Climatologia: noções básicas do clima

O Brasil é um país de dimensões continentais, sendo atravessado na

região norte pela Linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio,

situado quase que totalmente na zona de latitudes baixas, chamada de Zona

Intertropical, local onde prevalece clima quente e úmido com temperaturas

médias de 20°C e alta luminosidade – insolação (MENDONÇA, 2007).

A diversidade nas formas do relevo, a altitude, a dinâmica das

correntes e massas de ar possibilitam a formação de uma considerável

variedade de tipos de clima, fato que influencia diretamente na formação de um

rico e diversificado mosaico de paisagens naturais (MENDONÇA, 2007).

Page 15: Apostila Refazenda

15

Muita neblina:

Um dia típico na região de Mata

Atlântica.

Os tipos de clima do Brasil

Podemos verificar no Brasil desde climas superúmidos quentes,

como ocorre na região Amazônica, até climas semi-áridos muito fortes, como é

o caso do sertão nordestino. Arthur Strahler, estudioso do assunto criou uma

classificação climática baseando-se na origem, natureza e movimentação das

correntes marítimas.

Sendo assim a classificação dos tipos de clima do Brasil se apresentam da

seguinte forma:

Clima Subtropical: possui como característica principal verões quentes

e úmidos e invernos frios e secos. A temperatura gira em torno de 14°C

a 25°C e a chuva é intensa nos meses de novembro a março com índice

pluviométrico anual de cerca de 2000 mm. Esse clima é típico da região

Sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa

Catarina e Rio Grande do Sul.

Page 16: Apostila Refazenda

16

Clima Semi-árido: as temperaturas são altas o ano todo, média de

26°C, possui baixa umidade já que a chuva é escassa e irregular. Clima

típico do sertão nordestino.

Clima Equatorial: a principal característica é a grande quantidade de

chuva, o índice pluviométrico é de 1700 a 3000 mm anuais. A

temperatura é alta praticamente o ano todo, em torno de 24°C a 26°C.

Típico da região Norte.

Clima Tropical: alto índice pluviométrico e de umidade, cerca de

1.500mm por ano. A temperatura média é de 25°C, abrange toda a

porção central do país. Possui estações bem definidas, com verões

chuvosos e inverno seco.

Clima Tropical de altitude: possui verão chuvoso e no inverno sofre

influência de massas de ar frias vindas pelo Oceano Atlântico, podendo

até gear em alguns locais. A temperatura gira em torno de 30°C a 36°C

no verão e 6°C a 20°C no inverno, ocorrendo no Espírito Santo, Rio de

Janeiro, São Paulo, norte do Paraná e extremo sul do Mato Grosso do

Sul.

Hidrografia do Brasil

A rede hidrográfica brasileira é constituída por rios navegados em

corrente livre e por hidrovias geradas pela canalização de trechos de rios, além

de extensos lagos isolados, criados pela construção de barragens para fins

exclusivos de geração hidrelétrica.

Page 17: Apostila Refazenda

17

Rio Taquari,

Mato Grosso do Sul, região

Centro-Oeste do Brasil.

Alguns dos rios da Amazônia e do Centro-Oeste foram melhorados pela

dragagem de seus baixios, mas a maioria dos rios navegáveis destas regiões é

natural. Nas regiões Sudeste e Sul, vários rios foram canalizados, o que

permitiu o aumento da capacidade de tráfego dessas hidrovias e da

confiabilidade do transporte fluvial.

A rede hidrográfica brasileira tem elevadas condições de umidade na

maior parte do território nacional, sendo considerada como a mais densa do

planeta.

Algumas características da hidrografia do Brasil

Rica em rios, mas pobre em lagos.

O regime de alimentação dos rios brasileiros é pluvial, não se

registrando a ocorrência de regimes nival ou glacial, sendo apenas o Rio

Amazonas um dependente do derretimento da neve da Cordilheira dos

Andes, mas a sua alimentação provém basicamente de chuvas. O

período das cheias dos rios brasileiros é no verão, com algumas

exceções no litoral do nordeste.

Grande parte desses rios é perene; apenas alguns que nascem no

sertão nordestino são intermitentes.

Page 18: Apostila Refazenda

18

O destino dos rios brasileiros é exorréico, ou seja, deságua no mar.

Devido ás elevadas altitudes na porção ocidental da América do Sul, os

rios brasileiros vão todos desaguar no Oceano Atlântico. Mesmo os que

correm para oeste fazem a curva ou deságuam em outro rio que irá em

direção ao oceano.

Na produção de energia elétrica, o uso dos rios é muito intenso.

Aproximadamente cerca de 90% da eletricidade brasileira provém dos

rios. Seu potencial hidráulico vem de quedas d’água e corredeiras,

dificultando a navegabilidade desses mesmos rios. Na construção da

maioria das usinas hidrelétricas, não foi levado em conta a possibilidade

futura de navegação, dificultando o transporte hidroviário.

Bacias Hidrográficas

É a área ocupada por um rio principal e todos os seus tributários, cujos

limites constituem as vertentes, que por sua vez limitam outras bacias. No

Brasil, a predominância do clima úmido propicia uma rede hidrográfica

numerosa e formada por rios com grande volume de água.

As bacias hidrográficas brasileiras são formadas a partir de três grandes

divisores:

Planalto Brasileiro

Planalto das Guianas

Cordilheira dos Andes

Ressaltam-se oito grandes bacias hidrográficas existentes no território

brasileiro; a do Rio Amazonas, do Rio Tocantins, do Atlântico Sul, trechos

Norte e Nordeste, do Rio São Francisco, as do Atlântico Sul, trecho leste, a do

Rio Paraná, a do Rio Paraguai e as do Atlântico Sul, trecho Sudeste.

Page 19: Apostila Refazenda

19

Bacias Hidrográficas Brasileiras

Bacia

Hidrográfica

Área

(103Km

2)

%

População Vazão

(m3/s)

Disponibilidade Hídrica

(Km3/ano) Em 1996 %

Amazonas 3900 45,8 6.687.893 4,3 133.380 4.206,27

Tocantins 757 8,9 3.503.365 2,2 11.800 372,12

Atlântico Norte 76 0,9 406.324 0,3 3.660 115,42

Atlântico

Nordeste 953 11,2 30.846.744 19,6 5.390 169,98

São Francisco 634 7,4 11.734.966 7,5 2.850 89,98

Atlântico Leste 1 242 2,8 11.681.868 7,4 680 21,44

Atlântico Leste 2 303 3,6 24.198.545 15,4 3.670 115,74

Paraguai 368 4,3 1.820.569 1,2 1.290 40,68

Paraná 877 10,3 49.294.540 31,8 11.000 346,90

Uruguai 178 2,1 3.837.972 2,4 4.150 130,87

Atlântico Sudeste 224 2,6 12.427.377 7,9 4.300 135,60

Brasil 8512 100 157.070.163 100 182.170 5.744,91

Fonte: Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas – ANEEL;

População – IBGE, 1998

Page 20: Apostila Refazenda

20

Represa Billings:

Área de manancial na cidade São

Paulo.

Mananciais: O que é um manancial

Os mananciais representam as águas subterrâneas, fluentes,

emergentes ou em depósito, efetiva ou potencialmente utilizáveis para o

abastecimento público (BARROS, 1995). Desse modo, rios, córregos,

reservatórios etc. que sejam responsáveis pelo abastecimento de água da

população fazem parte dos mananciais. Os mesmos são protegidos por lei e

seu uso para o abastecimento público é tido como prioritário, acima de

qualquer outro interesse.

As Áreas de Proteção aos Mananciais podem ser definidas como toda a

extensão territorial que se encontra ao redor dos mananciais, normalmente a

bacia hidrográfica, potencialmente disponível para o abastecimento de água da

população (BARROS, 1995).

Page 21: Apostila Refazenda

21

Os mananciais têm a fundamental função de abastecer as populações

com água potável, de forma sustentável (BARROS, 1995). A parcela de água

existente no planeta mais facilmente utilizável para consumo é muito pequena.

Por esse motivo, a preservação dos recursos hídricos é essencial para a

garantia da qualidade da água consumida pelas populações.

Os mananciais disponíveis podem ser divididos em três grandes grupos:

a) Manancial superficial: constituído pelos cursos d’água (córregos, rios,

lagos, represas etc.) e, como o nome indica, tem o espelho na superfície do

terreno.

b) Manancial subterrâneo: é aquele cuja água vem do subsolo, podendo

aflorar à superfície (nascentes, minas etc.), ou ser elevado à superfície através

de obras de captação (poços rasos, poços profundos, galerias de infiltração).

As reservas de água subterrânea provêm de dois tipos de lençol d’água ou

aqüífero:

- Lençol Freático: é aquele em que a água se encontra livre, com sua

superfície sob a ação da pressão atmosférica. Em um poço perfurado nesse

tipo de aqüífero, a água no seu interior terá o nível coincidente com o nível do

lençol. A alimentação do lençol freático ocorre geralmente ao longo do próprio

lençol.

- Lençol confinado: é aquele em que a água se encontra confinado por

camadas impermeáveis e sujeita a uma pressão maior que a pressão

atmosférica. Em um poço profundo, que atinge esse lençol, a água subirá

acima do nível do lençol.

c) Água de chuvas: a água de chuva pode ser utilizada como manancial

abastecedor, sendo armazenada em cacimbas. As cacimbas são reservatórios,

que acumulam a água da chuva captada na superfície dos telhados dos

prédios e casas, ou a que escoa pelo terreno.

Page 22: Apostila Refazenda

22

A coleta seletiva presente durante

evento do Pick-upau em

São Paulo.

Coleta Seletiva

Coleta Seletiva é o processo de separação e recolhimento do lixo

descartado tanto por empresas como por pessoas, conforme sua constituição:

orgânico, reciclável e rejeito. Sendo assim, o lixo que poderá ser reciclado é

separado do lixo orgânico, que será descartado em aterros sanitários ou

utilizado como adubo.

Para que a coleta seletiva seja eficiente, é necessário que o material

seja separado e acondicionado corretamente, para que não apareça algum

cheiro desagradável, animais ou qualquer contaminação. Portanto, vasilhas de

vidro, lata ou plástico devem ser enxaguadas após o uso, os papeis devem

estar secos e as latas de lixo devem sempre estar bem fechadas. Pilhas e

baterias são descartadas separadamente, em locais especiais para esse tipo

de lixo, pois se descartadas de qualquer maneira e em qualquer lugar podem

poluir o meio ambiente.

Page 23: Apostila Refazenda

23

Outro tipo de lixo que também pode causar problemas à saúde pública

e ao ambiente é o lixo hospitalar, pois geralmente estão infectados com vírus e

bactérias. Este recebe tratamento específico, diferente do tratamento de todos

os outros tipos de lixo, sendo incinerados em locais específicos para esta

finalidade.

Por fim, pode-se dizer que a coleta seletiva contribui diretamente para

a redução da poluição causada pelo descarte inadequado de lixo no ambiente,

gera economia de recursos naturais, como a água e proporciona a obtenção de

lucros por conta da comercialização dos produtos reciclados.

Empreendedorismo em Negócios Sustentáveis

Sustentabilidade: o que é isso?

Já existe um razoável consenso de que o desenvolvimento sustentável

é essencial à sobrevivência dos negócios e do próprio planeta (ROCHA, 2005).

Mas, afinal, o que é sustentabilidade? Aí, justamente, começam as

divergências.

Oficialmente, a acepção mais aceita é dada pela Comissão Mundial

para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, formada pelas Nações Unidas nos

anos 80 e da qual faz parte também o brasileiro Paulo Nogueira Neto. Mais

conhecida como Comissão Brundtland (numa referência à sua coordenadora, a

ex-primeira ministra Gro Harlem Brundtland), ela define desenvolvimento

sustentável como “aquele que atende às necessidades das presentes gerações

sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas

próprias necessidades”.

Page 24: Apostila Refazenda

24

Em outras palavras, a sustentabilidade envolve um esforço para manter

constante a riqueza global – sendo que o conceito de riqueza inclui tanto os

ativos financeiros quanto os recursos naturais e a qualidade de vida da

população.

Numa outra definição bastante recorrente, a sustentabilidade está

apoiada sobre um tripé formado pelos fatores sociais, ambientais e

econômicos. O respeito pelo meio ambiente, a eficiência econômica e a

equidade social são os três critérios que tem de ser tratados simultaneamente

em qualquer projeto de desenvolvimento.

Em termos práticos, pode-se descrever como sustentável uma

empresa ou negócio com perspectivas concretas de prosseguir sua atividade

por muito tempo, cujos riscos sejam minimizados e cuja relação com a

sociedade seja amistosa. Para tanto, é possível identificar uma série de

indicadores:

Mantém uma perspectiva de rentabilidade econômica no médio-longo

prazo.

Opera dentro da lei, sem passivos que possam gerar prejuízos

inesperados.

Minimiza sua dependência de recursos esgotáveis ou sujeitos a

escassez.

Desenvolve produtos ou serviços que contribuem para o que é percebido

pela sociedade como um benefício social ou ambiental.

Estabelece uma relação de respeito e minimiza o conflito com seus

funcionários, fornecedores, clientes, acionistas e outros stakeholders –

ou seja, os diversos atores que tem interesses diretos ou indiretos no

empreendimento.

Cultiva a eficiência no uso dos recursos renováveis e não-renováveis –

com investimentos em tecnologia avançada e soluções de longo prazo –

assim como se preocupa com os impactos de seus bens e serviços ao

longo de todo o seu ciclo de vida.

Reduz os resíduos e recicla os materiais que descarta.

Tem transparência na gestão independentemente de possuir capital

aberto, promovendo assim a confiança de acionistas, investidores,

fornecedores, clientes etc.

Page 25: Apostila Refazenda

25

Comercialização institucional de mudas nativas

da Mata Atlântica do Projeto Refazenda.

Evita o uso de formas de propaganda maliciosa que induzam o público a

confundir a verdadeira atuação da empresa com ações beneficentes que

não influenciam sua atuação.

Relaciona-se com demandas de ordem global (o aquecimento do

planeta ou o surgimento de consumidores engajados em outros

continentes) e local (a comunidade que sua atuação afeta),

simultaneamente.

Planejamento

O plano de negócio

O plano de negócio é uma ferramenta gerencial de análise da

viabilidade de um negócio. O bom plano de negócio levanta alternativas e

obstáculos ao empreendimento, aumentando consideravelmente as chances

de seu sucesso. Trata-se de um instrumento de autoconhecimento do

empreendedor e um cartão de visita a ser apresentado para potenciais

investidores ou parceiros comerciais, o que permite ao seu negócio ganhar

credibilidade.

Page 26: Apostila Refazenda

26

Plano de custo de produção

Nas últimas décadas, as relações entre produção e consumo têm se

alterado substancialmente. O avanço tecnológico em várias áreas

(comunicações, informática etc.) tem propiciado às empresas enorme agilidade

para responder cada vez mais rápido as exigências do mercado. O consumidor

está mais informado, dispõe de inúmeras alternativas para comparar preços,

verificar qualidade, observar as variações existentes para um produto e decidir

sobre o que deve comprar. Diante dessa mudança radical no ambiente de

negócios, as empresas que quiserem sobreviver no mercado deverão filtrar

quais as informações sobre custos são necessárias para poder tomar decisões

rápidas e corretas.

Hoje em dia, a decisão de produzir algo, simplesmente porque se

deseja e sabe como fazer, tem grande probabilidade de não dar certo – basta

observar as estatísticas oficiais sobre a proporção de empresas que fecham

logo no primeiro ano de funcionamento.

Em função disso, a elaboração minuciosa de um custo de produção

poderá num primeiro momento evitar perdas futuras e, posteriormente, ser

peça fundamental para a boa gestão dos negócios da empresa.

De forma simples, são ilustradas três situações hipotéticas para se ter

idéia clara da importância do custo de produção:

Situação 1:

Uma pessoa deseja montar um viveiro. Antes de fazê-lo ela resolve

levantar os custos de produção e descobre que o total de seus custos variáveis

estimados (ou despesas diretas), representado pelos dispêndios em dinheiro,

em mão-de-obra, sementes, fertilizantes, defensivos, combustível, reparos e

outros é superior ao preço da muda existente no mercado. Conclusão: a

produção de mudas não é sustentável economicamente nem no curto prazo,

não sendo recomendável a sua entrada no mercado.

Page 27: Apostila Refazenda

27

Situação 2:

Realiza-se uma análise preliminar de custos e constata-se que é viável

montar o viveiro, até mesmo considerando o longo prazo, ou seja, incluindo os

custos fixos. A empresa é montada e no decorrer do tempo, por exemplo, nota-

se que o preço das mudas diminuiu e, consequentemente, a receita total do

viveiro. Nesse momento é importante acompanhar o que está acontecendo

com o custo de produção, pois a empresa pode estar fadada a fechar as portas

se não quiser operar com prejuízo.

Situação 3:

Imagine um viveiro com vários tipos de mudas sendo produzidas. Como

na situação anterior, o preço das mudas diminui. No entanto, esta empresa tem

um sistema de informação sobre custos muito eficiente e percebendo a

situação de perigo iminente, o viveirista resolve analisar melhor os seus custos

e descobre o seguinte: muitos de seus custos eram rateados

indiscriminadamente permitindo que alguns tipos de mudas fossem fortemente

subsidiadas por outros tipos, conduzindo a ineficiência na determinação do

preço de mercado para suas mudas. Nesse momento, o viveirista resolve fazer

um rateio diferenciado, o que conduz a preços muito diferentes entre as mudas.

Isto altera sua posição no mercado, parando de produzir aquelas mudas que

lhe davam prejuízo e intensificando as que lhe davam maior retorno. Nesse

caso, a análise dos custos de produção, ou melhor, a gestão estratégica de

custos pode lhe garantir as condições para continuar atuando no mercado com

lucro. Portanto, a elaboração de custos de produção é importante tanto antes

de se iniciar um negócio como no decorrer deste.

Page 28: Apostila Refazenda

28

Page 29: Apostila Refazenda

29

Escolha das embalagens

Desde o início da produção de mudas florestais em larga escala, vários

tipo de embalagens foram adotados. “Torrão paulista” é considerado a

embalagem mais antiga usada na produção de mudas para reflorestamento no

Brasil. Esse tipo de recipiente feito com solo argiloso prensado dificultava as

operações, tanto no processo de produção das mudas quanto na implantação

no campo. Após o torrão paulista surgiram embalagens como taquara ou

bambu, laminados e papel jornal entre outros. A partir de 1996, a Lei 5.106, de

02 de setembro, de Incentivos Fiscais para reflorestamentos, possibilitou a

expansão da área florestal. Houve grande aumento na demanda por mudas e

foi necessário desenvolver recipientes mais práticos. Surgiram então, as

embalagens do tipo “saco plástico”, que representam um avanço para época.

São do inicio dos anos 1980 as embalagens do tipo tubetes (tubos de

polietileno, em geral de cor preta) atualmente disponível em grande variedade

de tamanhos e formatos.

Hoje, sacos plásticos e tubetes são as embalagens adotadas nos

viveiros de espécies nativas. Os sacos plásticos mais utilizados são os de 450

ml e 1000 ml e os tubetes são os de 50 ml (somente para espécies pioneiras),

120 ml (para as espécies pioneiras e não pioneiras) e de 280 ml (para espécies

pioneiras, não pioneiras e climáticas).

Na escolha da embalagem (tipo e tamanho) é importante considerar o

custo de aquisição, a altura da muda a ser comercializada, o tamanho da

semente, a área do viveiro e o manejo a ser adotado.

Nos casos em que o investimento inicial é limitante, deve-se optar por

embalagens de menor custo (saco plástico). Porém o correto é contabilizar os

custos resultantes das embalagens, ou seja, analisar os rendimentos das

operações com as diferentes embalagens à necessidade de mão de obra, a

ergonomia (conforto físico) dos trabalhadores, o espaço adicional para produzir

Page 30: Apostila Refazenda

30

Indígenas utilizam

embalagens plásticas na

primeira fase do Refazenda.

a mesma quantidade de mudas e tubetes, o maior uso da terra e do substrato e

a impossibilidade de reuso da embalagem.

O tamanho final da muda também condiciona o tamanho da

embalagem. Quando se trata de muda para a recuperação florestal, a altura

adequada gira em torno de 30 cm. Se forem necessárias mudas de maior

porte, a embalagem deve apresentar dimensões maiores.

Para garantir a qualidade da muda deve haver equilíbrio entre a altura

da parte aérea e o comprimento do sistema radicular (raiz), de modo a evitar

futuros tombamentos da parte aérea ou enovelamento das raízes.

Quando as mudas se destinarem ao plantio em solos mais secos, é

importante utilizar embalagem que permita o maior desenvolvimento do

sistema radicular. Da mesma forma quando se destinarem à recuperação de

áreas onde predominam ventos fortes, também é importante produzi-las com

uma raiz mais profunda para maior estabilidade.

A embalagem deverá ser tanto maior e mais resistente quanto maior a

permanência da muda no viveiro. Isso depende de fatores como características

Page 31: Apostila Refazenda

31

genéticas da espécie, que determinam menor velocidade de crescimento da

espécie de manejo adotado (principalmente da adubação), tamanho desejado

da muda e outros como o atraso na retirada de mudas. Convém ressaltar que o

bom planejamento e a definição prévia do destino das mudas contribuem para

evitar que permaneçam no viveiro além do tempo necessário. Caso contrario,

as mudas poderão apresentar desenvolvimento muito lento quando plantadas,

acarretando problemas e aumento nos custos do projeto de recuperação

florestal.

Escolha do substrato

A principal função do substrato é sustentar a muda e fornecer-lhe água

e nutriente para seu adequado desenvolvimento. A escolha do substrato esta

diretamente relacionada à embalagem e ambos determinam o manejo de

irrigação e adubação a ser adotado no viveiro.

Como o substrato pode ser preparado a partir de diferentes

combinações de diferentes substâncias, é essencial o conhecimento de suas

características físicas e químicas para determinar o regime de irrigação de

adubação.

O mais comum é misturar terra de subsolo com matéria orgânica

(esterco, casca de arroz, composto) e minerais (vermiculita, fertilizantes). Mas

é importante salientar que cada situação requer uma avaliação e não a simples

adoção de receitas.

Cabe ao técnico conhecer os fatores que estão envolvidos e saber

manejá-los nas condições especificas de cada viveiro, até porque o mesmo

Page 32: Apostila Refazenda

32

Calcário e NPK 4-14-8 são

misturados à terra utilizada na

produção florestal.

substrato pode apresentar resultados diferentes em mudas da mesma espécie

produzidas em embalagens diferentes.

Característica do substrato ideal:

Favorece a sustentação da planta, o bom desenvolvimento radicular e

garante resistência mecânica ao torrão formado (rigidez e agregação).

Tem porosidade adequada (macro e microporos).

Apresenta uniformidade entre e dentro dos lotes.

Favorece a retenção de água e a aeração.

É sadio livre de sementes de plantas indesejáveis, patógenos e

substancias tóxica.

Permite estocagem, mantendo as características físico-químicas do

material.

É ou está disponível ao longo do ano.

É leve e visualmente agradável.

Não tem odor ruim, nem causa rejeição ao tato.

É economicamente viável.

Dependendo da região onde se encontra o viveiro, há predominância

de materiais como: bagacilho de cana, torta de filtro, cama de frango, entre

outros. A utilização de esterco de curral requer cuidado especial porque pode

conter semente de ervas daninhas e patógenos.

Page 33: Apostila Refazenda

33

A desinfecção com brometo de metila, cuja utilização é tecnicamente

desestimulada, elimina patógenos e organismos benéficos, deixando o

substrato estéril e mais vulnerável à infestação desenfreada por organismos

indesejados. Deve ser adotada a desinfestacão por calor, que pode ser feita

com água fervente (10 litros por m2 de canteiro), por vapor d’água, com ou sem

pressão, e por solarização, que é mais utilizada em regiões quentes e de maior

insolação (GRIGOLETTI et al, 2001). Os componentes orgânicos do substrato

também podem ser utilizados pelo processo de compostagem.

Compostagem

Cada material apresenta características que os tornam diferentes

quanto à fertilidade, retenção de água e fertilizantes. Por esse motivo é

necessário misturar componentes diferentes para resultar um substrato

adequado. Recomenda-se que os componentes do substrato tenham

densidade e tamanho de partículas parecidas para não haver segregação.

O substrato usado em tubetes deve ter porosidade acima de 70%.

Como esse tipo de embalagem possui tamanho reduzido, é preciso garantir

espaço para o desenvolvimento da raiz. Atualmente, a maioria dos substratos

comerciais é feita de cascas de árvores decompostas (50% a 70%) e

vermiculita expandida (50% a 30%). Essa combinação lhes confere ótima

porosidade, pois a vermiculita melhora a drenagem e aumenta a

macroporosidade do substrato.

Como a vermiculita é relativamente cara e muitas vezes difícil obtenção

para pequenos viveiristas, pode substituí-las por material com características

físicas semelhantes, por exemplo, casca de arroz.

Page 34: Apostila Refazenda

34

Já os sacos plásticos têm maior volume e permitem o uso de substrato

com menor porosidade como o solo. O uso de solo é muito comum para esse

tipo de embalagem. Contudo, o emprego contínuo do solo como forma única de

substrato causa degradação ambiental.

Deve-se conhecer o local da extração para minimizar a contaminação

por organismos indesejáveis (nematóides, ervas daninhas, doenças

bacterianas, fungos e outros) que podem contaminar o viveiro e as áreas de

plantio.

O solo adequado para uso na produção não deve ser demasiadamente

argiloso, o que o tornaria muito compactado na embalagem, nem muito

arenoso, o que dificultaria a formação do torrão.

O solo não deve ainda ser da superfície, devido ao elevado número de

sementes e plantas indesejáveis que contém. Mas para tornar o conjunto mais

leve e com maior porosidade, pode-se também usar uma mistura de solo e

matéria orgânica.

Areia grossa, o substrato mais recomendado e usado para alfobre

(sementeira), facilita o arranquio da planta sem danos ao sistema radicular,

apresenta ótima drenagem e é quimicamente inerte. Porém, podem ser usados

outros materiais como solo arenoso, substratos comerciais ou formulados no

próprio viveiro.

Composto Orgânico

O que é composto orgânico? O composto orgânico é um produto

homogêneo, obtido por meio de processo biológico, pelo qual, resíduos

formados por matéria orgânica são convertidos em outro material, mais estável,

em razão da atuação de microrganismos já presentes no próprio resíduo ou

introduzidos por meio de agentes inoculadores. Após o processamento, essa

matéria orgânica transforma-se em composto orgânico, um tipo de adubo muito

apreciado.

Embora a maior parte da compostagem seja feita com restos de

animais ou vegetais, o lixo constitui outra possibilidade. Nesse caso, o

processo de compostagem trabalhará, pois com a chamada fração molhada do

Page 35: Apostila Refazenda

35

Ativista do Pick-upau

verifica qualidade de

material orgânico.

lixo, ou seja, com os seus componentes orgânicos. Estes incluem restos de

comida, talos, cascas, pó de café, folhas, poda de jardim etc., materiais

provenientes das residências.

A compostagem constitui uma forma bastante eficiente de devolver

matéria orgânica para o mundo natural. Há séculos ou mesmo milênios, a

adubação orgânica é praticada em todo o mundo, baseando-se na restituição

de restos das culturas de esterco animal ou humano ao solo.

Nos grandes centros urbanos, esse trabalho é executado por usinas de

compostagem que, no entanto reciclam muito pouco e, alem disso, não

produzem composto de boa qualidade.

Isso decorre da própria irracionalidade com a qual o sistema atualmente

existe e opera.

Vejamos como o sistema trabalha:

- Lixo doméstico: de cada residência resulta uma profusa mistura de lixo

de vários recintos: cozinha, banheiro, escritório e quintal, materiais muito

diversificados quanto à sua natureza e composição.

Page 36: Apostila Refazenda

36

- Essa mistura de resíduos é ensacada pelos cidadãos e posteriormente,

depositada em determinados pontos da calçada.

- Em seguida um caminhão, que nas médias e grandes cidades possui

um compactador, amassa e mistura todos os ingredientes de milhares

de sacos de lixo, transportando a massa de resíduos para uma usina de

compostagem.

- Na usina, esses ingredientes são novamente separados.

- Como a mistura de resíduos diferentes foi intensa, muito material se

perde e, numa grande usina, em média, de cada cem toneladas de lixo

que entram, saem 50 toneladas de rejeito.

- Alem disso, substâncias perigosas provenientes de pilhas, tubos de

lâmpadas fluorescentes, frascos de remédios, latas de veneno, sprays

de todos os tipos, recipientes com resíduos de produtos de limpeza etc.

(previamente esmagados pelos compactadores) podem estar no

composto orgânico, comprometendo sua qualidade.

A solução óbvia para o problema é uma só: coletar separadamente os

materiais, reaproveitando uma fração muito maior de rejeitos e minimizando o

trabalho nas usinas, inclusive as que operam com o sistema atual.

Resumidamente, se houvesse coleta seletiva de matéria orgânica, o

aproveitamento do material seria muito maior.

Fazendo o composto orgânico

A matéria orgânica há muitos milênios foi descoberta como fator

primordial para manter a fertilidade do solo. Vários povos indígenas da

América, quando plantavam milho, colocavam um peixe no fundo da cova,

como oferenda aos deuses.

Desse modo, faziam uma adubação orgânica com matéria-prima de

fácil decomposição.

Materiais de uma residência que podem se transformar em adubo

Para iniciar um processo de compostagem, precisamos de alguns

“ingredientes básicos”, tais como: casca de ovos, de frutas e vegetais, pó de

café, restos de comida e resíduos provenientes de jardinagem.

Page 37: Apostila Refazenda

37

Devemos excluir os óleos, carnes e os resíduos de queijo, pois podem

atrair animais (ratos, baratas, vermes etc.).

Pensando no material a ser compostado a partir de algumas categorias

comuns a muitas residências, pode-se ressalvar:

- Lixo doméstico: quase todo lixo orgânico de cozinha, com exceção

dos óleos e da gordura animal, é um excelente material de

compostagem.

- Cinzas: cinzas de madeira, provenientes de lareira ou de fogão a

lenha, são um ingrediente de grande valor para compostagem, pois são

uma importante fonte de potássio.

- Aparas de grama: a reutilização de aparas de grama pode ser feita

simplesmente deixando-as no gramado ou adicionando à pilha do

composto.

- Podas de arbustos: embora normalmente volumosos esses tecidos

podem ser picados ou retalhados, para obter-se um volume de

fragmentos de granulação e clivagens diferenciados. Agregue-o ao

composto em formação. Ressalve-se que a presença de material

volumoso de origem orgânica contribui para aeração do composto,

atuando como ingrediente necessário para uma evolução mais veloz e

eficiente da compostagem.

- Folhas: são um pouco lentas na decomposição. Picadas, porém, se

decompõem numa velocidade quatro vezes mais rápida.

- Ervas daninha: uma vez expostas a altas temperaturas comumente

atingidas nas pilhas de composto, a maioria das sementes de ervas

daninhas não consegue sobreviver e, assim aproveita-se de matéria

orgânica desse material.

Técnicas de compostagem

Existem diversos métodos de compostagem que podem ser usados

para a preparação do composto orgânico, diferenciados basicamente pela

Page 38: Apostila Refazenda

38

utilização ou não do ar, ou seja, temos os processos aeróbios (nos quais

oxigênio está disponível) e os anaeróbios (nos quais o oxigênio esta ausente).

Produzindo o composto

Normalmente é aberta uma vala no solo, proporcional ao espaço

disponível, por exemplo: 3 m de comprimento X 1,5 m de largura X 1 m de

profundidade. Tal vala pode ter suas laterais revestidas com tijolos ou não.

O importante é que o fundo fique em contato direto com o solo, para

atrair minhocas e microrganismos como fungos e bactérias, fundamentais ao

desenvolvimento do composto.

Após a definição da vala, inicia-se seu preenchimento com o material a

ser compostado: restos vegetais (carga principal) e restos animais. Não

havendo restos animais (esterco de galinha, vaca etc.), pode-se adquirir um

saquinho de composto para vaso de plantas, terra escura de jardim ou sobras

de frango, peixes e suas vísceras, batidas em liquidificador com um pouco de

água.

Esse material é importante, pois constitui o inoculo, isto é, o material

que contém os microrganismos que darão início à fermentação de matéria

orgânica.

Na falta de inoculo, podemos separar uma parte do material do qual a

compostagem está em fase avançada de fermentação numa caixa e ir

acrescentando aos poucos, na medida em que vai preenchendo a caixa

principal.

O monte de composto deve ser revirado a cada trinta dias. Caso o

material seja seco, acrescente água.

Controle de compostagem

Durante a compostagem, ocorre redução do volume de até um terço e

a cor passa a acinzentada e sem brilho para escura e brilhante, quando úmida.

O controle do processo é uma peça fundamental para obter-se um bom

composto orgânico.

Page 39: Apostila Refazenda

39

Para avaliar o material, podem-se fazer alguns testes, dentre eles o teste

da vara de madeira e o teste da mão.

O teste da vara de madeira:

O teste é realizado com a introdução de uma vara de madeira no

material compostado profundamente. Ao retirarmos a vara poderemos

constatar as opções abaixo descritas:

A vara apresenta-se fria e molhada: não esta ocorrendo fermentação,

talvez por excesso de água.

Apresenta-se levemente morna e seca: a pilha precisa de mais água.

Apresenta-se quente, úmida e parda: condições adequadas.

Quando o composto apresentar-se livre de barro preto, com cheiro de

mofo, estará pronto para se usado.

O teste da mão:

Adote os seguintes procedimentos:

Toma-se pequena amostra bem umedecida.

Molda-se com as pontas dos dedos.

Esfrega-se contra as palmas das mãos.

O composto curado apresenta-se com aspecto de graxa preta.

Aplicando o composto orgânico:

O composto poderá ser usado em vasos e hortas, nas seguintes

proporções:

Vasos ornamentais: 50% de terra mais 50% de composto orgânico.

Hortas: vinte litros de composto por metro quadrado, incorporados à

terra.

Page 40: Apostila Refazenda

40

Colheita ou aquisição de semente

A semente talvez seja hoje o insumo que impõe maior restrição à

formação de mudas de espécies florestais nativas. Ainda são poucos os

fornecedores idôneos e, pequena a variedade de espécies disponíveis, se

comparada à diversidade das florestas paulistas. Além disso, as sementes de

muitas espécies apresentam baixa longevidade, mesmo quando armazenadas

em ambientes adequados, o que contribui para a limitada disponibilidade de

sementes no mercado.

A qualidade da semente é determinada por fatores genéticos,

fisiológicos e físicos. Para a recuperação florestal com espécies nativas, uma

semente de qualidade é aquela que apresenta grande variabilidade genética.

Sob o aspecto fisiológico, uma semente de qualidade tem máxima maturidade

fisiológica. Quanto ao aspecto físico, sementes de qualidade são aquelas com

alto grau de pureza.

Quando se trata da produção de mudas de espécies florestais nativas

deve-se considerar que a variabilidade entre indivíduos da mesma espécie é

muito grande, bem maior se comparada às espécies comerciais que já foram

selecionadas buscando ressaltar determinadas características desejáveis.

Como a finalidade usual do plantio de essências nativas não é a produção de

madeira, as características relacionadas ao ritmo de crescimento, porte, forma,

do tronco, forma da copa, ramificação, vigor, densidade da madeira etc. não

são critérios de seleção. Em contrapartida, árvores que produzem mais flores,

frutos e sementes do que outras da mesma espécie devem ser selecionadas

para a produção de sementes destinadas à recuperação florestal.

A coleta de uma determinada espécie nunca deverá ser feita

exclusivamente numa árvore matriz, de um único local. A coleta das sementes

deve respeitar a distância entre as árvores da mesma espécie pelo menos (300

m), a fim de se reduzirem os riscos de endogamia entre as matrizes e garantir

maior variabilidade genética da espécie (KAGEYAMA, 1981).

Page 41: Apostila Refazenda

41

Sementes de Capixingui pouco

antes da semeadura no

viveiro do Refazenda.

O número de matrizes depende do grupo ecológico ao qual a espécie

pertence. De pioneiras que normalmente ocorre em clareiras, recomenda-se

colher semente em 3-4 clareiras (populações) com a escolha ao acaso de 3-4

matrizes por clareira. De espécies secundárias sugere-se selecionar 1-2

populações e escolher de 10-20 árvores ao acaso em cada população.

As espécies arbóreas nativas frequentemente apresentam maior

variabilidade dentro de um fragmento do que entre eles, portanto é melhor

coletar mais indivíduos em um menor numero de fragmentos. A exceção é para

espécies que ocorrem naturalmente agrupadas, a exemplo do Guarantã.

Qualquer que seja o número de matrizes, em nenhuma hipótese a

coleta deve exceder 50% das sementes e frutos produzidos por uma árvore a

fim de garantir a reprodução daquele indivíduo e recursos para a fauna

silvestre.

Vale salientar ainda que a coleta de uma espécie determinada deve ser

realizada na mesma bacia hidrográfica onde serão implantadas as mudas, para

evitar impedimentos morfológicos na produção de sementes pelas árvores de

futuras florestas, devido à deriva genética pelo isolamento das espécies.

Page 42: Apostila Refazenda

42

As equipes responsáveis pela coleta de sementes devem estar

capacitadas em fenologia (estudo do ciclo vegetativo, das épocas em

florescimento e frutificação) e conhecer a forma como cada espécie é

polinizada e como dispersa suas sementes após a maturação dos frutos (por

gravidade, água, vento, insetos aves, morcegos ou outros animais).

A amplitude do fluxo gênico depende do polinizador e dispersor.

Enquanto pequenos insetos transportam pólen de 10 a 3000 metros, morcegos

transportam pólen de 300 a 18000 metros, inclusive de um fragmento para

outro.

Além disso, devem ser tomados todos os cuidados relacionados à

colheita. Tanto os que dizem respeito ao equipamento de proteção individual,

como os que se relacionam à proteção do ambiente, já que a maioria das

colheitas é feita em ambiente natural (fragmentos de florestas nativas).

Com exceção de pesquisa científica, também não se deve realizar

colheitas em Unidades de Conservação Integral (Estações Ecológicas

Silvestres) por restrição legal criada pela Lei Federal 9.985, de 18 de julho de

2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

Devem ser realizados acompanhamentos periódicos das árvores

marcadas como fornecedoras de sementes para definir a data da colheita, a

qual coincidirá com o período em que a maior parte dos frutos estará madura.

A sazonalidade na obtenção das sementes advém da época de

frutificação de cada espécie, do fato de a produção de sementes de cada

árvore (matriz) ser diferente de ano para ano e da longevidade natural das

espécies florestais nativas que varia significativamente entre elas.

Os métodos de colheita de sementes variam segundo as

características de cada espécie, com equipes e equipamentos específicos para

a operação.

Coleta no chão: é a apanha de frutos que caem naturalmente, próximos às

plantas que os originou. Recomenda-se para frutos e sementes grandes,

pesados, indeiscentes (que não se abrem quando maduros) e que não se

Page 43: Apostila Refazenda

43

Sementes coletadas na TI Tenonde Porã

são preparadas para

beneficiamento.

dispersam pelo vento. No uso dessa técnica é importante coletar os frutos logo

após terem caído.

Para facilitar o trabalho, a queda dos frutos pode ser mais rápida

agitando-se o tronco ou os galhos sobre a lona, plástico ou outro material, o

que garante maior pureza às sementes coletadas.

Colheita em árvores tombadas: deve ser usada apenas no aproveitamento

dos frutos e sementes de arvores caídas ou cujo corte tenha sido autorizado

pelo órgão ambiental. Sob nenhuma hipótese é permitido o abate de árvores de

espécies nativas para colheita de sementes. Todo corte de árvores está sujeito

a normas federais, estaduais e municipais.

Colheita em árvores em pé: consiste em colher frutos ou sementes

diretamente da copa das árvores. Em árvores de pequeno porte podem ser

usados podador com cabo comprido, tesouras ou ganchos presos em hastes

(de metal, madeira ou bambu). Outra forma de colheita de sementes,

especialmente em árvores mais altas, é a escalada com técnicas de alpinismo,

blocante ao tronco (cintos amarrados ao corpo do coletor e ao tronco da

árvore), também conhecida por “bicicleta”, com escadas (de madeira ou

alumínio) ou esporas (não indicadas para palmeiras ou árvores com casca

Page 44: Apostila Refazenda

44

fina). Esse método exige maior habilidade do coletor, equipamentos de

proteção individual, e cuidados para não danificar a árvore. Por segurança

recomenda se aos coletores:

o Uso de capacete, botas e luvas.

o Não transportar ferramentas durante a escalada da árvore.

o Revisar sempre os equipamentos antes do uso.

o Não escalar árvores em dia de chuva ou vento forte.

o Levar equipamentos de primeiro socorros.

o Ter cuidado com galhos quebradiços, e não escalar árvores com

rachaduras e apodrecimento.

o Nunca coletar sementes sem ter pelo menos um ajudante.

Em qualquer método de coleta das sementes adotado é necessário

identificar embalagens (mesmo provisórias), anotando a espécie, numero de

matrizes, data, nome do coletor e local de coleta. Na impossibilidade de coletar

sementes em quantidades e variedades suficientes, pode-se comprá-las ou

permutá-las com outros viveiros. Na aquisição das sementes devem ser

procurados fornecedores idôneos, que garantam a qualidade do produto. Para

tanto, testes de germinação podem ser balizadores do negócio. A rede de

sementes Rio-São Paulo divulga no site www.sementesriosaopaulo.sp.gov.br a

disponibilidade de sementes comercializadas pelos seus parceiros.

Beneficiamento, armazenagem e testes de germinação

Após a colheita as sementes são beneficiadas para limpeza e soltura

dos frutos e eliminação das impurezas. Os frutos secos deiscentes (que abrem

quando maduros) são secados à sombra ou sol, o que depende da espécie. Se

houver duvida, é preferível secagem à sombra.

Frutos carnosos são colocados em água cerca de 12 horas, para

amolecer a polpa. Depois de marcados em peneiras sob água corrente são

colocados em tanque d’água onde as sementes se separam por flutuação.

Geralmente as sementes boas afundam e as vazias flutuam com os restos de

polpa. As sementes separadas são então secadas ao sol e ao vento ou em

estufas com temperaturas entre 30ºC e 40ºC. O ideal é a realização imediata

do teste de germinação e semeadura, o que, no entanto, nem sempre é

Page 45: Apostila Refazenda

45

Bióloga do

Pick-upau na câmara fria do

Instituto Florestal de SP.

possível. Nesses casos as sementes devem ser armazenadas em locais que

conservem sua viabilidade.

O objetivo do armazenamento é conservar a viabilidade das sementes

pelo maior período possível. São condições e técnicas destinadas a reduzir os

processos naturais de deterioração das sementes mediante o uso de

embalagens e controles que regulam as trocas de umidade e temperatura. As

embalagens podem ser impermeáveis (alumínio ou vidro), semipermeáveis

(sacos plásticos de 100 a 250 micra que restringem a passagem de água, mas

permitem a troca de vapor) ou permeáveis (sacos de papel ou pano). Quando

forem usadas embalagens impermeáveis, que impedem a troca de umidade

com o ar, as sementes devem estar bem secas (umidade menor que 8%) antes

do seu acondicionamento. Já as embalagens permeáveis não são

recomendadas para acondicionar as sementes armazenadas por longo

período.

Os ambientes mais usados para a conservação das sementes são as

câmaras frias e as câmaras secas. Tanto a redução da temperatura quanto da

umidade tem finalidade de reduzir a taxa de respiração das sementes para

retardar a deterioração. Em geral, as câmaras são mantidas nas seguintes

condições:

Page 46: Apostila Refazenda

46

Câmara fria: temperatura de 5ºC + ou – 2ºC e umidade relativa de 85%.

Câmara seca: temperatura de 21ºC e umidade relativa de 40% a 50%.

Câmara fria e seca: de 5ºC a 10ºC e umidade relativa de 40% a 50%.

O controle da umidade da semente é essencial: acima de 45% a 60%

inicia-se o processo de germinação, até 12% e 14% ocorre do desenvolvimento

de fungos, abaixo de 5% a 7% a atividade dos insetos é limitada.

Em função de tolerância à desidratação, as sementes são classificadas

em três grupos: ortodoxas (tolerantes a desidratação), recalcitrantes (não

toleram desidratação) e intermediarias. As tolerantes, cujas sementes são

normalmente pequenas, podem ser desidratadas a valores muito baixos de

umidade (entre 5% e 7%), sem perder a viabilidade.

Em algumas espécies a longevidade das sementes é aumentada com

a redução de umidade e o armazenamento em baixas temperaturas. Uma

alternativa simples é colocá-las em geladeira domestica, dentro de embalagem

impermeável. Nessas condições podem ficar armazenadas por anos sem

significativa perda de viabilidade.

As sementes recalcitrantes morrem quando seu grau de umidade é

reduzido abaixo do nível critico (15% a 50%). Sementes desse grupo,

normalmente grandes, não suportam armazenamentos em temperaturas

negativas e podem perder viabilidade já entre 10% e 15ºC. Assim sendo, a

longevidade de sementes recalcitrantes, mesmo em condições favoráveis é

curta.

Espécies de comportamentos intermediários toleram desidratação até

cerca de 12% de umidade. Compromete a viabilidade das sementes o

armazenamento em condições de menor umidade ou em temperaturas abaixo

de 15ºC. Em situação contrária podem ser armazenadas por longos períodos.

O próprio viveirista pode fazer alguns testes básicos para verificar a

qualidade dos seus lotes de sementes com relação à pureza, germinação,

número de sementes por quilograma e sanidade (principalmente no que diz

respeito a insetos).

Page 47: Apostila Refazenda

47

Quando um viveirista se deparar com uma situação de falha na

germinação, deve pesquisar as seguintes possibilidades:

Falha na semeadura: para não deixar nenhuma embalagem sem

semear, é preciso maior atenção com sementes muito pequenas e a cor

do substrato.

Perda de viabilidade: sementes de baixa longevidade precisam ser

semeadas logo após a coleta. Muitas vezes a falha se dá pelo uso de

sementes não viáveis. Se as sementes forem armazenadas, recomenda-

se um teste de germinação antes de usá-las. De forma geral sementes

com muito amido e óleos perdem rapidamente a viabilidade. Por

exemplo, araucária (pinheiro-do-paraná), seringueira, castanha-do-pará,

palmeiras.

Falta de água ou distribuição irregular: é preciso verificar se a

irrigação é regular e bem distribuída em todas as embalagens. A fase de

germinação é muito delicada, quanto à necessidade de água. E, apesar

de não requerer grandes quantidades de água, a freqüência da irrigação

deve ser mantida com rigor. Durante esse período mantém-se a

umidade do substrato, para que a semente não sofra estresse hídrico. A

partir do momento que se inicia o processo de germinação qualquer

seca pode causar a morte do embrião.

Excesso d’água: pode provocar o apodrecimento da semente.

Manuseio da semente: o beneficiamento e o armazenamento devem

estar de acordo com as necessidades fisiológicas da semente, quanto à

umidade e temperatura, para não haver perda do poder germinativo.

Doenças causadas por fungos: o meio adequado de germinação

(umidade e temperatura altas) também é apropriado para o

desenvolvimento de fungo, devendo-se tomar cuidado para evitar a sua

proliferação. Não irrigar em excesso, ter boa ventilação e insolação são

algumas das medidas preventivas para evitar doenças fúngicas.

Page 48: Apostila Refazenda

48

Bióloga do

Pick-upau faz quebra de

dormência de sementes.

Dormência: antes de semear é necessário verificar se há necessidade

de tratamento (escarificação, imersão em água fria ou quente etc.) para

a quebra da dormência.

Dormência de sementes

A dormência é um estágio que impede a germinação. Pode ser um

impedimento fisiológico (embrião imaturo), físico (tegumento mais duro ou

impermeável à água ou oxigênio). A superação ou quebra da dormência é uma

estratégia reprodutiva associada a plantas que regeneram naturalmente a partir

do banco de sementes do solo, ou aquelas que só germinam sob condições

propícias.

Para cada tipo de dormência existe uma forma de tratamento. A

dormência mais frequente é atribuída à impermeabilidade do tegumento, como

aparece, por exemplo, nas sementes de Jatobá, Olho-de-cabra, Guapuruvu.

Essas são sementes muito duras, que impedem a penetração de água.

Page 49: Apostila Refazenda

49

Para quebrar a dormência, pode se fazer a escarificação da semente

(lixar, ou quando em grande quantidade, misturar as sementes com areia numa

betoneira) ou deixá-las de molho em água quente (70ºC a 100ºC), durante uma

e até 24 horas ou mesmo em soluções ácidas, o que é menos recomendável,

devido à dificuldade de se obter ácido e também pelo perigo que o trabalho

representa.

Na presença de inibidores, como grevílea, as sementes devem

permanecer em água corrente. Em embriões imaturos (por exemplo, erva mate,

capororoca) procede-se a estratificação, que consiste em colocar uma camada

fina de sementes entre duas camadas (aproximadamente 0,10m cada) de areia

ou vermiculita úmida.

Preparo da embalagem

O uso de sacos plásticos não requer preparo anterior porque são

descartados no plantio das mudas. Os tubetes podem ser reutilizados após a

desinfecção. Para tanto, inicialmente devem ser levados para a retirada dos

restos de substrato, mergulhados após em solução cloro cal a 1% (10

kg/1000L) e secados ao ar livre por cerca de 1 hora. As embalagens

desinfetadas podem ser usadas no mesmo dia, e se necessário, a solução de

desinfecção poderá ser usada por dois dias.

O enchimento dos sacos plásticos com substrato é feito manualmente.

Depois são transportados na posição vertical para o canteiro onde receberão

as sementes ou plantas. O enchimento dos tubetes é feito manual ou

mecanicamente nas seguintes etapas:

Page 50: Apostila Refazenda

50

Embalagens plásticas no

beneficiamento do Refazenda.

Distribuição dos tubetes em todas as células da bandeja de forma a

preenchê-la totalmente.

Distribuição do substrato sobre a bandeja preenchendo totalmente os

tubetes.

Movimentação das bandejas para assentamento do substrato. O

preenchimento manual se faz por leves batidas das bandejas no

suporte. A movimentação mecânica é feita com o uso de mesas

vibratórias onde são colocadas as bandejas quando recebem o

substrato.

Page 51: Apostila Refazenda

51

Indígena do

Projeto Refazenda faz semeadura no

viveiro.

Semeadura, repicagem e desbaste

Em nenhuma espécie o percentual de germinação é total; portanto para

o planejamento é importante conhecê-lo (é também chamado de valor cultural),

assim como o tempo de surgimento das plantas. Essas informações vão definir

primeiramente a forma de produção, por semeadura direta ou repicagem, e o

número de sementes por embalagens, caso a opção seja a de semeadura

direta.

O processo de semeadura pelo método indireto caracteriza-se pela

semeadura em um canteiro (alfobre) em caixas sob a proteção de tela de

sombreamento, com repicagem posterior (transplante) das plantas para

embalagem individual. Esse método é aplicado nas seguintes condições:

Page 52: Apostila Refazenda

52

Guaranis

aprendem novas técnicas de

repicagem no Refazenda.

Quando a semente apresenta baixa germinação. Ex.: Fruta-de-tucano

(Vochysia tucanorun).

Quando a germinação é muito lenta e/ou irregular. Ex: Louro-pardo

(Cordia trichotoma).

Quando as sementes são de custo elevado ou de difícil obtenção. Ex.:

Pau-brasil (Caesalpinia echinata).

Quando as sementes são muito pequenas e tornam o manuseio difícil.

Ex.: Embaúba (Cecropia pachystachya).

Mesmo que a espécie apresente uma dessas características, é

necessário que tolere o transplante que causa trauma na raiz. Nem todas as

espécies toleram esse tipo de estresse.

A repicagem deve ser feita na sombra ou em dia nublados, quando as

mudinhas tiverem 2 a 3 pares de folha. A operação pode ser repetida diversas

vezes, para que as plantas selecionadas tenham porte homogêneo e todas

sejam transplantadas no mesmo dia em que são retiradas do alfobre.

Page 53: Apostila Refazenda

53

No transplante das plantas utiliza-se um “chuchu” (agulha de tricô, por

exemplo) para abrir um orifício dentro da embalagem e conduzir a raiz da

planta, evitando seu enovelamento. Se as raízes estiverem muito compridas

(maiores que as embalagens definitivas) é necessário podá-las antes do

transplante. O enraizamento da planta varia de 7 a 10 dias.

Outro processo de formação de mudas é a semeadura direta na

embalagem definitiva. A quantidade de sementes a ser colocada em cada

recipiente depende do percentual de germinação da espécie. Cabe ressaltar

que, na prática, trabalha-se com um percentual de erro. Supondo uma espécie

com 50% de germinação, teoricamente bastaria colocar duas sementes por

embalagem.

O objetivo é reduzir o numero de embalagens sem plantas, o que

acarreta custos com insumos e mão-de-obra nas operações de enchimento de

embalagens, semeadura, irrigações.

Quando mais de uma semente germina na mesma embalagem, deve-

se fazer o desbaste ou raleio que consiste em deixar uma muda por recipiente

(a mais desenvolvida é a que está ao centro).

Qualquer que seja o método de semeadura adotado, a profundidade

não deve ultrapassar quatro vezes o menor diâmetro da semente.

Adubação e irrigação

A adubação garante o fornecimento dos nutrientes necessários para o

desenvolvimento das plantas. Essa prática varia de acordo com o fertilizante

utilizado, a forma de aplicação, a época do ano em que se realiza a adubação,

Page 54: Apostila Refazenda

54

Preparação de terra para produção

florestal no Projeto

Refazenda.

a espécie e o seu estágio de desenvolvimento, o tamanho da embalagem e o

ambiente em que as mudas se encontram (estufa ou pleno sol).

As embalagens tipo saco plástico, comportam um volume maior de

substrato, de armazenamento de água e de nutrientes. A adubação dessas

mudas pode ser menos frequente e mais concentrada. Nos tubetes a

quantidade de substrato é menor, as adubações mais frequentes e em baixas

concentrações.

Dependendo do tipo de irrigação, a freqüência da adubação pode ser

diária, utilizando-se a técnica da fertiirrigação, que consiste em misturar o

adubo na água para irrigar as mudas (fracionada em todas as irrigações ou em

uma só), sem causar aumento de custo. Se a adubação for manual, convém

aumentar o intervalo entre as aplicações de 7 a 10 dias, para reduzir as

despesas com mão-de-obra.

A permeabilidade da cobertura do viveiro também influencia a

adubação, devido à possibilidade de controle de precipitação. Locais

protegidos, como estufas, permitem o controle da umidade do substrato e da

lixiviação dos fertilizantes pelas chuvas.

Page 55: Apostila Refazenda

55

Da mesma forma, na produção a céu aberto é preciso considerar a

época do ano. No Estado de São Paulo, a precipitação é baixa no inverno. No

verão, entretanto, as precipitações intensas podem lavar o substrato reduzindo

significativamente a eficiência da adubação.

Por essas razões, a adubação fracionada aumenta a eficiência do

fertilizante e minimiza a perda de nutrientes por lixiviação.

Outro fator a ser considerado com relação à época do ano é o ritmo de

crescimento das mudas. No inverno devido à menor insolação, o metabolismo

das plantas é diminuído, a taxa de crescimento é pequena e menor

necessidade de água e nutrientes. Nessa época, com a evapotranspiração

baixa e a irrigação menos freqüente e intensa, pode-se aumentar a

concentração dos nutrientes na adubação. No verão, ao contrário, com a

insolação maior, a taxa de crescimento e a demanda por água e nutrientes são

grandes.

Sendo assim, a concentração de nutrientes na solução pode ser

menor, visto que a freqüência e o volume de irrigação são elevados.

A adubação também deve ser diferenciada em função da fase de

desenvolvimento da muda. A fase de germinação é um período no qual não há

necessidade de adubação, pois a planta retira da semente a energia que

precisa para germinar e iniciar seu crescimento.

A fase de crescimento da muda em viveiro é o período em que há

maior demanda por nutrientes sendo o nitrogênio (N) o elemento principal. Na

fase de rustificação a muda já cresceu o que sua embalagem comporta e a

adubação a ser efetuada deve assegurar a manutenção de suas atividades e

amadurecimento. Nesta fase elimina-se ou reduz drasticamente a adubação

nitrogenada e aumenta-se a adubação com potássio (K).

Além de tudo, cada espécie tem demanda diferenciada por água e

nutrientes, que depende do ritmo de crescimento, de sua eficiência no

consumo dos compostos etc. Porém, os estudos das espécies florestais nativas

são insuficientes para a definição do manejo de cada espécie. O que pode ser

feito é agrupá-las pelo ritmo de crescimento, adotando-se um manejo único

para cada grupo, o que corresponde a setorizar o viveiro.

Page 56: Apostila Refazenda

56

Ativista do

Pick-upau faz limpeza em mudas de

palmeira juçara.

As adubações devem ser feitas preferencialmente no final de tarde de

dias secos. Após o termino, uma irrigação leve de 1-2 mm de água (exceto

para o sistema de fertiirrigação) retira o excesso de sais na folha, evitando

queimaduras.

Controle fitossanitário, rustificação e expedição

Algumas operações ajudam o desenvolvimento sadio e regular das

mudas. Na fase de crescimento é necessário espaçá-las (alternagem) para

facilitar a ventilação, a insolação e até melhorar a captação de água de

irrigação.

Page 57: Apostila Refazenda

57

Poda de

copa.

A poda da copa evita tombamento das mudas muito grandes, a poda

de raízes reduz os riscos de perda das mudas por atraso de plantio e, para que

isto não aconteça, sugere-se reduzir a irrigação e suprimir a adubação. O

agrupamento das mudas de acordo com o seu crescimento natural também é

recomendado para evitar a competição entre elas, o crescimento excessivo, o

tombamento e a criação de microclima favorável ao desenvolvimento de

doenças. Essas operações são as seguintes:

Poda da copa: usa-se para corrigir diferenças na copa, reduzir o

tamanho da muda ou eliminar brotos laterais que se formam

eventualmente na proximidade do colo da muda. A redução do tamanho

da copa pode ser necessária se houver atraso na operação de plantio,

ou desequilíbrio entre a copa e a raiz, por excesso de nitrogênio, por

exemplo.

Poda das raízes: na repicagem utiliza-se a poda de raízes muito

grandes para evitar que se enovelem ou ultrapassem o tamanho da

embalagem. Na produção de mudas em sacos plásticos não se deve

permitir que as raízes das mudas ultrapassem o recipiente e penetrem

no solo. Nesse caso, a poda das raízes que excedem a embalagem é

indispensável.

Page 58: Apostila Refazenda

58

Poda de

raiz.

Muda

antes da monda.

Monda: é a remoção de competidores (ervas daninhas e musgos) que

se estabelecem no recipiente de desenvolvimento de mudas.

Page 59: Apostila Refazenda

59

Muda após a monda.

Moveção ou dança.

Moveção ou dança: mudança de muda de um local a outro, dentro do

próprio canteiro (das bordas para o centro e vice-versa) ou entre

canteiros. O objetivo é agrupar mudas do mesmo tamanho para facilitar

a expedição e evitar desequilíbrios decorrentes de competição,

sobretudo por luz. A moveção também é feita para evitar a fixação no

solo de raízes que transpuserem o recipiente. Em viveiros bem

conduzidos e com bom planejamento entre produção e expedição, esse

procedimento não é necessário.

Page 60: Apostila Refazenda

60

Raleio ou

alternagem.

Raleio (sacos plásticos) e alternagem (tubetes): consiste em reduzir o

número de mudas por área de canteiro, à medida que a muda cresce,

oferecendo menor competição de copa. O raleio ou alternagem podem

ser efetuados em diferentes graus, o que depende do estágio de

desenvolvimento das mudas.

Seleção: mesmo que todas as medidas necessárias para obter uma

muda de boa qualidade tenham sido adotadas, é imprescindível fazer a

seleção daquelas que apresentam danos, sintomas de deficiência ou

incidência de pragas e doenças, além das plantas raquíticas, a fim de

evitar falhas no plantio.

Page 61: Apostila Refazenda

61

Seleção de

mudas afetadas.

Seleção de

mudas afetadas.

Page 62: Apostila Refazenda

62

Biodiversidade e manejo de pragas

O melhor controle de pragas e doenças ainda é o preventivo. Devem

ser adotadas práticas para a redução do inóculo inicial, como escolha do local,

desinfestação da área, do substrato, de embalagens e ferramentas, e de

insolação, ventilação e irrigação adequadas.

Todas as mudas que apresentam problemas de crescimento, mesmo

não definidos, devem ser isoladas das demais para evitar transmissão de

pragas e doenças. O viveirista permanecerá atento aos sintomas exteriorizados

pelas mudas. Muitas vezes, problema de transplantes, falta ou excesso de

água, queima de folhas por insolação ou agrotóxicos, excesso ou falta de

adubação e danos mecânicos podem ser confundidos com doenças causadas

por agentes bióticos.

As pragas mais comuns são lagarta-rosca, formiga cortadeira, grilos,

besouros, paquinhas, cochonilhas e pulgões. Contudo, com o manejo

adequado do viveiro, normalmente não se verificam danos significativos. Mas

se o nível de infestação for elevado, torna-se necessário o combate por

catação manual, aplicação de inseticidas ou isca formicida.

As doenças mais frequentes são tombamento (ou dumping-off),

podridão de raízes, ferrugem e amarelecimento das folhas (clorose). O

tombamento é a doença mais comum em viveiros. Acontece na fase de

emergência ou nas primeiras semanas e é motivada por fungos que atacam o

colo das plantas. Ocorre em qualquer época do ano e em poucos dias pode

causar a morte de todas as mudas do canteiro.

Page 63: Apostila Refazenda

63

Combate e controle de pragas são

essenciais na qualidade das

mudas.

A infestação e a proliferação são favorecidas pela grande densidade de

mudas nos canteiros, pela utilização de esterco não curtido, pelo excesso de

umidade e pela compactação do substrato. O tombamento também pode

disseminar-se de um canteiro para outro, por ferramentas e pela repicagem de

plantas.

Deficiência nutricional e excesso de determinado elemento químico

podem prejudicar a qualidade das mudas. Para a muda não sofrer tanto o

estresse de plantio, é necessário que ela seja submetida à rustificação. Essa

operação se realiza antes da expedição de mudas e consiste em submetê-las a

um processo de adaptação gradual das condições ambientais controladas

existentes no viveiro as condições de campo onde serão

plantadas.

Durante a rustificação as mudas são colocadas em ambiente menos

controlado com relação à temperatura, incidência de raios solares, umidade e

fertilização. À medida que as mudas são expostas a situações de campo,

possibilita-se a produção de mudas mais aclimatadas e ao mesmo tempo

promove-se a seleção das mais vigorosas, antes da expedição do viveiro, o

que reduz os riscos de perda devido à incompatibilidade das mudas com o

ambiente definitivo.

Page 64: Apostila Refazenda

64

Com esse objetivo deve-se aumentar o intervalo entre as irrigações,

para provocar estresse hídrico e expor as mudas a pleno sol. A adubação

nitrogenada pode ser suprimida. A adubação com potássio é fundamental para

as folhas e hastes se tornarem mais resistentes.

Só após a rustificação e a seleção final, as mudas estarão prontas para

a expedição. Para ao envio ao campo, em projetos de restauração, as mudas

devem ter altura de 0.2m a 0.4m, dependendo do tamanho da embalagem. A

expedição das mudas produzidas em tubetes geralmente é feita de uma das

seguintes maneiras:

Expedição com embalagem e devolução dos tubetes. Esse

procedimento protege a muda a ser expedida, mantendo sua

embalagem original até o momento do plantio. No entanto, tem

como desvantagem apresentar baixa taxa de devolução,

aumentando o custo de produção e possivelmente o inadequado

descarte das embalagens na propriedade rural, com danos ao

meio ambiente.

Expedição em rocamboles plásticos. Desenvolvida pela

Federação das Associações de Reposição Florestal do Estado de

São Paulo (FARESP), essa técnica possibilita a expedição da

muda sem a embalagem. Retiradas cuidadosamente dos tubetes,

as mudas são dispostas uma ao lado da outra sobre uma tira

plástica que é enrolada como um rocambole. Suas principais

vantagens são assegurar a manutenção dos tubetes no viveiro,

redução do volume a ser transportado e a organização das

mudas no viveiro, na sequência em que serão dispostas na linha

do plantio. Vale ressaltar a necessidade do plantio programado.

As mudas sem os tubetes devem ser plantadas de imediato.

Qualquer que seja a embalagem ou forma de expedição, o viveirista

deve combinar com o comprador o arranjo e a disposição das mudas para

facilitar o plantio.

A organização poderá ser feita com a identificação das espécies de

acordo com os grupos ecológicos aos quais pertençam, distribuindo-se em

Page 65: Apostila Refazenda

65

mudas nas bandejas ou rocamboles de acordo com o desenho do futuro

plantio. Esse procedimento contribui para o sucesso da implantação florestal.

Recomenda-se também identificar no mínimo 1% das mudas de cada

espécie com etiquetas contendo as seguintes informações: nome vulgar e

científico, grupo sucessional, nome, endereço e telefone do viveiro. Como

último cuidado da expedição, é preciso atentar para que não haja remonta

(empilhamento) das mudas no transporte.

Indicadores de qualidade da muda

Dependendo da cultura de cada região, a qualidade das mudas é vista

sob diferentes aspectos. Alguns acreditam que se relacione diretamente ao

tamanho da parte aérea ou ao seu vigor. No entanto, as mudas mais bonitas e

vigorosas (muito verdes, folhas tenras, sem nenhum sintoma de deficiência

nutricional) não apresentam necessariamente qualidade sob ponto de vista da

recuperação florestal. São visões equivocadas já que outros fatores como

genético, estrutural, sanitário, fisiológico e presença de associações também

devem ser considerados.

Sob a perspectiva das características genéticas, a qualidade desejável

de uma muda florestal para a recuperação de aéreas degradadas reside na sua

alta variabilidade. Quanto mais acentuada essa característica, melhor será a

muda e a qualidade da floresta que se pretende implantar. Disso decorre

extrema necessidade de se obterem mudas a partir de sementes coletadas de

matrizes sadias e em concordância com os requisitos específicos dessa

atividade.

Page 66: Apostila Refazenda

66

A importância da pesquisa: bióloga do Pick-upau

analisa amostra de muda.

Quanto aos aspectos estruturais, as mudas devem apresentar pelo

menos 0.05m de diâmetro de colo, parte aérea bem formada com no mínimo

dois pares de folhas, sem bifurcações e tortuosidades que não sejam

características da espécie. O Monjoleiro, por exemplo, é uma espécie que

apresenta tortuosidade natural.

Não há um padrão geral para a altura da parte aérea, mas é importante

observar se existe equilíbrio entre seu tamanho e o comprimento da raiz. Muda

com a parte aérea muito grande em comparação com a raiz pode sofrer

tombamento no campo, sobretudo se houver predominância de vento na área

do plantio.

Apesar das variações existentes, recomenda-se que uma muda

florestal pronta para expedição tenha de 20 cm a 40 cm de altura.

Ainda com relação à estrutura, a haste deve ser firme, resistente e

difícil de quebrar. Quanto maior o diâmetro do colo, maior a rigidez da haste. A

raiz deve formar com o substrato um torrão firme e consistente, com raízes

pivotantes, grande quantidade de raízes secundárias e em desenvolvimento

(raízes brancas).

Page 67: Apostila Refazenda

67

A presença de raízes brancas indica que o sistema radicular continua

em formação e proporcionará no campo melhores condições para absorção de

água e nutrientes.

Do ponto de vista sanitário, as mudas precisam estar livres de

patógenos (nematóides, vírus e doenças) na parte aérea e nas raízes.

Quanto ao fator fisiológico, as mudas devem estar adaptadas as

condições que serão submetidas no campo, o que demanda mudas rustificadas

com eficiência no uso de água para poder suportar o déficit hídrico, alto grau de

competitividade e capacidade de suportar insolação e altas temperaturas. Por

esse motivo, durante a produção é necessário executar a rustificação das

mudas (última fase no viveiro).

Outro fator importante é a presença de associações como micorrizas,

que ocorrem em quase todas as espécies de plantas superiores. É uma

associação mutualista entre fungos específicos do solo e as raízes das plantas,

formando uma perfeita interação do ponto de vista morfológico e fisiológico. A

presença de micorriza é indicada pela dicotomia das raízes (as pontas das

raízes duplicam-se formando um Y). Esta simbiose aumenta a área de

absorção das raízes, favorece a absorção de água e de nutrientes,

principalmente aqueles pouco móveis no solo como o fósforo (P).

Na absorção do nitrogênio (N), os benefícios das micorrizas envolvem

também maior assimilação desse nutriente por meio de estímulo indireto de

fixação biológica do nitrogênio (N) atmosférico pelas leguminosas formadoras

de nódulo.

Os efeitos não nutricionais incluem favorecimento na relação água-

planta, produção de substâncias reguladoras do crescimento, redução dos

danos causados por patógenos, maior tolerância a estresses ambientais e a

fatores fitotóxicos no solo já infectados por micorrizas para a produção de

mudas.

Para obter micorrizas para inoculação do substrato devem ser

procuradas instituições de pesquisa agrícola e florestal como EMBRAPA –

Microbiologia do Solo (Seropédica – RJ), e o Centro de Energia Nuclear na

Agricultura (CENA) /ESALQ/USP (Piracicaba – SP), entre outras.

Page 68: Apostila Refazenda

68

Na mesma forma a existência de nodulações indica bactérias

nitrificantes significativas no desenvolvimento das mudas. Na raiz de algumas

espécies de leguminosas existe uma associação simbiótica com bactérias (por

exemplo, Rhizobium sp.) e a raiz. Essa associação é benéfica principalmente

por aumentar a absorção de nitrogênio (N) atmosférico pela planta.

Algumas espécies como Sibipiruna, Acácia-negra, Bracatinga, entre

outras, apresentam desenvolvimento reduzido por falta de bactérias. Nesses

casos recomenda-se a inoculação no substrato (comercial ou solo) com essas

bactérias.

Page 69: Apostila Refazenda

69

Page 70: Apostila Refazenda

70

Área degrada por incêndio

florestal no PE das Fontes do

Ipiranga.

Área degrada e degradação ambiental

A definição de área degradada e degradação ambiental variam muito

de acordo com o referencial. Basicamente degradação é qualquer alteração

causada pelo homem no ambiente que altere suas características físicas,

químicas e biológicas, comprometendo a qualidade de vida no local.

Como exemplo de degradação ambiental, podemos citar as áreas

urbanas. Tais áreas sofrem um grave problema ambiental devido a maior parte

serem desflorestadas, acumulando inúmeros problemas ambientais. Um dos

principais problemas nas áreas urbanas é o uso de combustíveis fósseis nos

veículos, que lançam no ar partículas poluentes e formam ácidos que

resultarão na chuva ácida e em problemas respiratórios para o ser humano.

Além de prejudicar os ecossistemas aquáticos, agricultura e as florestas.

Page 71: Apostila Refazenda

71

Outro grave problema dos centros urbanos pode ser utilizado como

exemplo de degradação ambiental, o lançamento inadequado de esgotos

domésticos e industriais. Essa é a principal forma de poluição das águas e

pode ser observado com clareza no Rio Tietê.

Porém, a degradação ambiental não é observada apenas em centros

urbanos, na zona rural onde se utiliza fogo como forma de preparação do solo

e incêndios criminosos em áreas de florestais. Ao contrário do que se pensa,

as queimadas empobrecem o solo, pois destroem rapidamente os nutrientes

antes que possam ser absorvidos e além disso o solo fica exposto gerando um

aumento na lixiviação e na erosão, altera o microclima da região e em escala

global intensificam o efeito estufa.

Para amenizar todo esse problema é necessário que em áreas

desmatadas seja feito um plano de recuperação, com o intuito de se plantar

novamente árvores para se restabelecer o equilíbrio do ecossistema, além de

gerar uma melhor qualidade de vida a todos que estão ao seu entorno.

As árvores têm não só a função paisagística, mas também protegem as

lavouras contra ventos, diminuem a poluição sonora nos centros urbanos,

absorvem parte dos raios solares, fornecem sombra, servem de moradia à

alguns animais, fornecem alimento, ajudam na conservação do solo contra a

erosão, absorvem poluentes atmosféricos e produzem oxigênio, essencial a

nossa sobrevivência. Em vista de tudo que foi dito, é importantíssimo

mantermos as florestas nativas e quando possível reflorestar áreas

degradadas.

Page 72: Apostila Refazenda

72

Projeto de

Recuperação de Área Degradada do Pick-upau em

UC de SP.

Recuperação, Reabilitação e Restauração Ambiental

A recuperação ambiental tem o objetivo de devolver ao ambiente as

qualidades próximas do que se tinha antes da alteração, equilibrando os

processos ambientais. Nesse caso costuma-se utilizar sistemas agroflorestais

regenerativos, que consiste em sistemas produtivos com estrutura semelhante

à vegetação original.

A reabilitação ambiental é utilizada quando a única solução for o

desenvolvimento de uma atividade alternativa adequada ao uso humano, aqui

não tem como reconstituir a vegetação original. Nesse caso utilizam-se

sistemas agroecológicos.

Já a restauração ambiental visa reproduzir as condições originais

exatas do local antes da degradação. Um exemplo do que é feito com sucesso

Page 73: Apostila Refazenda

73

Guaranis participam de

PRAD em Unidade de

Conservação de SP.

para esse caso é o plantio misto de espécies nativas para a regeneração da

vegetação original.

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD

A crescente preocupação em se restabelecer o equilíbrio nos

ecossistemas e um aumento na demanda por projetos que visem à

reconstituição ambiental, tanto no ambiente urbano, quanto no rural, fez com

que se criasse o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD.

Tal Plano tem como principal objetivo devolver ao ambiente seu estado

natural de acordo com um plano pré-estabelecido que vise o seu equilíbrio. A

recuperação deve levar em conta os aspectos ambientais, estéticos e sociais e

qual será a destinação da área recuperada permitindo um novo equilíbrio

ecológico.

Porém, nem sempre é possível a recuperação total de um ecossistema,

devido ao estado de degradação que ele foi submetido. Amplamente um PRAD

visa garantir segurança da saúde pública por meio da reabilitação das áreas

perturbadas pelas ações antrópicas, tornando-as com condições desejáveis e

necessárias à implantação de usos aceitáveis pós- degradação.

Page 74: Apostila Refazenda

74

Na prática, o PRAD é muito mais voltado para aspectos do solo e da

vegetação, muito embora possam contemplar também, direta e indiretamente,

a reabilitação ambiental da água, do ar, da fauna e do ser humano.

Para as etapas de recuperação é necessário um pré-planejamento,

onde se definem os objetivos a curto e longo prazo, as obras de engenharia

necessárias, manejo dos solos, preparação do local para o plantio, seleção das

espécies que serão plantadas, plantio propriamente dito e por fim

monitoramento e manejo regular da área após a recuperação.

Como fazer um reflorestamento

Primeiramente escolhem-se as espécies adequadas (Fig. 1) para as

condições do local, levando em consideração o clima, tipo de solo, regime de

ventos e de chuvas. Além disso, é necessário observar as preferências da

espécie em relação ao sol e sombra, produção de frutas, ornamentação,

quebra-ventos, entre outras coisas, sob o risco de, no futuro, termos de cortar

uma árvore plantada em local inadequado ou não obter o efeito desejado dela.

A época ideal para o plantio, no Brasil, é a época das chuvas, pois nessa

época a planta sofre menos efeitos negativos do ambiente e terá mais chances

de crescer. É necessário que as espécies sejam originais do próprio local,

pois, além de reconstituir com mais fidelidade o ambiente original, as plantas

nativas têm muito mais chances de se adaptarem ao ambiente. Deve-se

também prestar atenção na relação da vegetação com a fauna, pois esta

atuará como dispersora de sementes auxiliando na regeneração do local. É

indicada a utilização de um grande número de espécies, com o intuito de gerar

alta diversidade florística, tornando o local semelhante à floresta nativa. Além

de que florestas com alta biodiversidade apresentam maior capacidade de

Page 75: Apostila Refazenda

75

Fig. 1 A escolha das mudas certas.

Ativista faz seleção de espécies.

Fig. 2

O estudo do solo para a realização

de um PRAD.

recuperação, melhor ciclagem de nutrientes, maior atratividade à fauna, maior

proteção do solo e maior resistência às pragas e doenças.

Depois é necessário que se estude o perfil do solo determinando-se a

tensão de água até a profundidade de 1 metro. Determina-se a profundidade

em que o tempo de sedimentação fique em dois dias ou menos.

Page 76: Apostila Refazenda

76

Fig. 3

Presença de formigas

cortadeiras em área de PRAD.

Normalmente em terras virgens (desmatada recentemente), o tempo de

sedimentação aumenta de 0 a 30 cm depois diminui de 30 cm a 60 cm. (Fig. 2)

Uma coisa muito importante que deve ser feita é certifica-se da

inexistência de formigas cortadeiras (Fig. 3), pois elas adoram as folhas

suculentas das mudas, comprometendo seriamente o resultado do plantio.

Após a análise das formigas é necessário que se escolha mudas sadias e de

boa procedência, eliminando com uma tesoura de poda bem afiada, galhos e

raízes secas evitando-se assim moléstias nas mudas.

O próximo passo é abrir a cova, que deverá ter diâmetro e

profundidade igual a 60 cm. Inicia-se com a remoção para um dos lados da

cova, dos primeiros 20 cm de solo (superfície), onde se encontra a terra mais

fértil (Fig. 4). Os 40 cm seguintes, cuja fertilidade é menor, deve ser posto

separado (Fig. 5).

Page 77: Apostila Refazenda

77

Fig. 4 Abertura manual

de berço.

Fig. 4

Abertura mecanizada de

berço.

Page 78: Apostila Refazenda

78

Fig. 5

Separação da terra proveniente da abertura do

berço.

Fig. 6

Retirando a embalagem e preservando o

torrão.

Após a abertura das covas, nos tamanhos estipulados, preparam-se as

mudas retirando-as do recipiente a acondiciona, para que a raiz possa se

desenvolver (Fig. 6). O torrão de terra que envolve a muda deve permanecer

intacto (preferencialmente). O recipiente onde a muda estava acondiciona,

deve ser jogado no lixo, ou quando possível reaproveitado.

Page 79: Apostila Refazenda

79

Fig. 7

Medindo o berço para adequação

da muda.

É necessário checar se a profundidade está de acordo com a altura do

torrão. No fundo da cova coloca-se o adubo que pode ser esterco e cinza de

lenha ou farinha de osso misturado com terra fértil retirada dos primeiros 20 cm

(Fig. 7).

Page 80: Apostila Refazenda

80

Fig. 8

A colocação da muda no berço.

Fig. 9

Concluindo o plantio com a

terra proveniente do berço.

Após esse procedimento, coloca-se a muda, de forma centralizada ao

diâmetro da cova. A muda deve ficar reta e o torrão e parte das raízes devem

ser colocados sobre o material adubado (Fig. 8).

Page 81: Apostila Refazenda

81

Fig. 10

Colocando tutores nas

mudas plantadas.

A terra que foi retirada do fundo da cova será utilizada para fixar a

muda e é ideal que se pressione um pouco o chão para que a muda fique firme

(Fig. 9). Deve-se tomar cuidado para colocar a parte onde ocorre contato entre

raiz e caule no nível do solo da cova, pois se ela ficar fora a planta pode

morrer. Para facilitar a retenção de água o terreno da cova pode ficar a uns

dois centímetros do nível do solo.

Por fim é necessário proteger as mudas. Contra ventos, por exemplo,

são utilizados tutores, que consiste numa estaca reta onde o tronco da muda

deve ser amarrado, tomando cuidado para não estrangular a muda (Fig. 10).

Outro cuidado necessário é a colocação de uma camada de folhas secas ou

palha seca ao redor da muda para favorecer a retenção de umidade.

As mudas devem ser distribuídas após um criterioso estudo dos locais

disponíveis, seguindo a “Metodologia de Revegetação de Matas Ciliares e de

Proteção Ambiental”, descrita em publicação do Governo do Estado de São

Paulo / Secretaria do Estado do Meio Ambiente / Fundação Florestal (Macedo,

1993), modificada. E então se escolhe a melhor forma para cada região e

visando qual o objetivo final do projeto. Neste modelo, espécies pioneiras e

não-pioneiras são alternadas em uma mesma linha (Fig. 11).

Page 82: Apostila Refazenda

82

Figura 11. Extraída de Macedo, A. C. REVEGETAÇÃO: Matas ciliares e de proteção

ambiental. São Paulo: Fundação Florestal, 1993.

Fig. 12 Extraída de Macedo, A. C. REVEGETAÇÃO: Matas ciliares e de proteção

ambiental. São Paulo: Fundação Florestal, 1993.

Page 83: Apostila Refazenda

83

Nesse modelo, as linhas de plantio alternam primárias e não primárias.

A distribuição do sombreamento tende a ser mais regular, melhorando o

desenvolvimento das não-pioneiras (Fig. 12).

Nesse modelo é necessária a separação das pioneiras em dois

subgrupos, as de copa mais densa e as de copa mais rala. É preciso

diferenciar as secundárias mais e menos exigentes de luz. O plantio é

pensado para que seja criado um microclima propício para todos os tipos de

plantas. Se bem implementado, tende a ser melhor que os demais, porém,

requer um planejamento e conhecimento das espécies bem mais elaborado

(Fig. 13).

Fig. 13 - Extraída de Macedo, A. C. REVEGETAÇÃO: Matas ciliares e de proteção

ambiental. São Paulo: Fundação Florestal, 1993.

Para que as mudas se desenvolvam de maneira adequada é

necessário atividades de manutenção com supervisão periódica da irrigação,

adubação de cobertura e controle de formigas capina entre ruas e entre

plantas, o coroamento, e a eventual substituição de plantas mortas.

A revegetação é parte essencial do processo de recuperação de áreas

degradadas, e não se restringe apenas ao plantio de árvores, mas também ao

planejamento e seleção das espécies. A reabilitação de áreas degradadas

Page 84: Apostila Refazenda

84

deve observar uma série de fatores ambientais, de maneira que sejam criadas

condições sejam as mais próximas possíveis das originais.

Ao dar início à atividade de revegetação em áreas degradadas é

importante considerar que o plantio é apenas uma das etapas necessárias ao

processo de restauração. Somente com a observação periódica, manutenção e

proteção da área plantada, se garantirá a continuidade do processo.

Page 85: Apostila Refazenda

85

Page 86: Apostila Refazenda

86

ANEXOS

Legislação

Resolução SMA 21, de 21 de novembro de 2001.

Fixa orientação para o reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas e dá

providências correlatas.

O Secretário de Estado do Meio Ambiente, em cumprimento ao disposto nos

artigos 23, VII, e 225, § 1º, I, da Constituição Federal, nos artigos 191 e 193 da

Constituição do Estado, nos artigos 2º e 4º da Lei federal nº 6.938, de 31 de

agosto de 1981, e nos 2º, 4º e 7º da Lei estadual nº9. 509, de 20 de março de

1997, e Considerando o “Projeto de Produção de Mudas de Plantas Nativas –

Espécies Arbóreas para Recomposição Vegetal, de interesse para economia

estadual”, aprovado pelo Decreto nº 46.113, de 21 de setembro de 2001;

Considerando a constatação feita pela Coordenadoria de Informações

Técnicas, Documentação e Pesquisa Ambiental – CINP, da Pasta, quanto à

baixa diversidade vegetal das áreas reflorestadas com espécies nativas, nas

quais tem sido utilizadas menos de 33 espécies arbóreas, o que se agrava,

ainda mais, quando se verifica que são plantadas praticamente as mesmas

espécies em todo o Estado, independentemente da região, sendo 2/3 (dois

terços) delas iniciais da sucessão, de ciclo de vida curto (15-20 anos), o que irá

levar os reflorestamentos ao declínio em certo espaço de tempo, como vem

sendo observado na prática;Considerando que a perda da diversidade

biológica significa a redução de recursos genéticos úteis e disponíveis ao

desenvolvimento sustentável, na forma de madeira, frutos, forragem, plantas

ornamentais e produtos de interesse alimentar, industrial e farmacológico;

Considerando que o Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais

– DEPRN, da Pasta, tem constatado que os plantios realizados podem

apresentar resultados mais satisfatórios quando estabelecidos critérios técnicos

para a escolha e combinação das espécies, Resolve:

Page 87: Apostila Refazenda

87

Artigo 1º - Com a finalidade de ser promovido o reflorestamento heterogêneo

de áreas degradadas, especialmente nas matas ciliares, o Departamento

Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DEPRN, da Pasta, observado o

rigoroso cumprimento do disposto no Decreto nº46. 113, de 21 de setembro de

2001, verificará a possibilidade, consideradas as peculiaridades locais e

regionais e tanto quanto possível, do uso de espécies nativas, constantes do

Anexo a esta resolução:

I – nas seguintes proporções:

a) 30 espécies distintas para projetos de até um hectare;

b) 50 espécies distintas para projetos de até 20 hectares;

c) 60 espécies distintas para projetos de até 50 hectares;

d) 80 espécies distintas para projetos acima de 50 hectares;

II – sendo priorizada a utilização de espécies ameaçadas de extinção,

respeitando-se as regiões ou formações de ocorrência, na seguinte proporção:

a) 5% (cinco por cento) das mudas, com pelo menos 5 espécies distintas, para

projetos de até 1 hectare;

b) 10% (dez por cento) das mudas, com pelo menos 10 espécies distintas, para

projetos de até 20 hectares;

c) 10% (dez por cento) das mudas, com pelo menos 12 espécies distintas, para

projetos de até 50 hectares;

d) 10% (dez por cento) das mudas, com pelo menos 15 espécies distintas, para

projetos de até 50 hectares.

§ 1º - No caso de áreas degradadas localizadas em restingas, manguezais e

florestas paludosas (mata de brejo):

I – as espécies selecionadas para o plantio serão escolhidas entre espécies

arbóreas de áreas naturais da vizinhança, atentando para as variações

edáficas e topográficas locais;

II – proporção de 50% (cinqüenta por cento), sempre que possível, das

espécies naturais existentes na vizinhança.

Page 88: Apostila Refazenda

88

§ 2º - As mudas a ser utilizadas deverão, preferencialmente, ser produzidas

com sementes procedentes da mesma região da área objeto da recuperação e

nativas do bioma ou formação florestal correspondente, bem como ter pelo

menos 20 cm (vinte centímetros) de altura e apresentar sistema radicular e

rustificação que possibilitem a sua sobrevivência pós-plantio.

§ 3º - Para a implantação das medidas de recuperação deverá ser utilizado o

processo sucessional como estratégia básica.

Artigo 2º - Na execução dos trabalhos de recuperação deverão ser

considerados o preparo do solo, as estratégias e técnicas de plantio e,

especialmente, a distribuição das mudas das diferentes espécies no campo,

além da possibilidade de auto-recuperação dessas áreas no que se refere à

possibilidade da presença ou chegada de propágulos (sementes ou indivíduos

remanescentes) oriundos do banco de sementes e da “chuva” de sementes,

dependendo do local da área objeto de recuperação e da vizinhança, devendo,

ainda, levar em conta a presença de remanescentes florestais próximos e

considerar o histórico e uso atual da área, no que se refere às práticas

culturais, com alteração da drenagem do solo, retirada ou revolvimento

periódico do solo, usa de herbicidas e outros.

§ 1º - As áreas reflorestadas deverão ser conservadas mediante o controle de

formigas, realização de, no mínimo, 3 (três) capinas e/ou coroamento anuais,

mantendo as entrelinhas vegetadas e baixas e, se possível, efetuar, pelo

menos, duas adubações anuais com formulação normalmente utilizadas na

região, ou de acordo com os resultados da análise do solo.

§ 2º - Nas restingas, manguezais e florestas paludosas (mata de brejo), deverá

ser promovida a restauração da hidrodinâmica do solo e, no caso de áreas com

retirada ou revolvimento anterior do solo, da sua estrutura.

Artigo 3º - A Secretaria do Meio Ambiente, mediante programas específicos,

estimulará o desenvolvimento de pesquisas para o aprimoramento do

conhecimento científico das medidas estabelecidas nesta resolução, visando

ampliar os conhecimentos sobre ecologia das espécies e formações e sobre

tecnologia de produção de sementes e mudas, bem como estabelecer modelos

alternativos para a recuperação de áreas degradadas, em conjunto com outras

Page 89: Apostila Refazenda

89

Secretarias de Estado, Universidades, instituições científicas, Poderes Públicos

das demais esferas de governo e organizações não governamentais.

Artigo 4º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. Publicado

novamente por ter saído com incorreções no D.O. de 22/11/2001.

Espécies Nativas

Listagem das espécies arbóreas, com a indicação do bioma/ecossistema de

ocorrência natural no Estado de São Paulo e a classe sucessional a que

pertencem.

Espécies nativas da mata atlântica do Estado de São Paulo;

LISTAGEM OFICIAL DE ESPÉCIES NATIVAS PRODUZIDAS EM VIVEIROS

FLORESTAIS, NOS DIVERSOS BIOMAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Listagem das espécies arbóreas, com a indicação do bioma / ecossistema de

ocorrência natural no Estado de São Paulo e a classe sucessional a que

pertencem. Biomas / ecossistemas:

R = Vegetação de Restinga,

MA = Floresta Ombrófila Densa,

MM = Floresta Estacional Semidecidual,

MC = Mata Ciliar,

MB = Mata de brejo,

C = Cerrado,

FOM = Floresta Ombrófila Mista.

Page 90: Apostila Refazenda

90

Espécies nativas da Mata Atlântica

no Estado de São Paulo.

Em negrito indica a ampla ocorrência da espécie no bioma / ecossistema

correspondente. Classe sucessional:

P = espécie pioneira ou secundária inicial,

NP = Espécie secundária tardia ou clímax.

Page 91: Apostila Refazenda

91

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

ANACARDIACEAE

Astronium graveolens guaritá MM / MC NP

Lithraea molleoides aroeira-brava MM / MC / C P

Myracrodruon urundeuva (Astronium urundeuva) aroeira-preta MM NP

Schinus terebinthifolius aroeira-mansa R / MA / MM / MC / MB / C P

Tapirira guianensis peito-de-pomba R / MA / MM / MC / MB / C P

Annonaceae

Annona cacans araticum MM / MC / MB P

Annona glabra araticum-do-brejo R / MA / MM P

Duguetia lanceolata pindaíva MA / MM / MC / MB NP

Rollinia mucosa biribá MA NP

Rollinia sylvatica cortiça-amarela MM / MC / MB NP

Xylopia brasiliensis pau-de-mastro R / MA / MM / MC NP

Apocynaceae

Aspidosperma cylindrocarpon peroba-poca MM / MC / MB NP

Aspidosperma parvifolium (Aspidosperma olivaceum) guatambu R / MA / MM NP

Aspidosperma polyneuron peroba-rosa MM / MC / MB NP

Aspidosperma ramiflorum guatambu MM / MC NP

Aspidosperma tomentosum (Aspidosperma

subincanum)

guatambu-vermelho MM NP

Peschiera fuchsiaefolia leiteiro MA / MC / C P

Page 92: Apostila Refazenda

92

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Rauwolfia sellowii casca-d’anta MM P

Aquifoliaceae

Ilex paraguariensis erva-mate MA / MM / MC / C / FOM NP

Araliaceae

Dendropanax cuneatum maria-mole MA / MM / MC / MB / C NP

Didymopanax morototonii mandioqueiro MM / MC NP

Sciadodendron excelsum carobão MM NP

Araucauriaceae

Araucaria angustifólia pinheiro-do-paraná FOM NP

Arecaceae

Acrocomia aculeata (Acrocomia sclerocarpa) macaúba MM / MC NP

Euterpe edulis palmito-juçara R / MA / MM / MC / MB NP

Syagrus oleracea gueroba MM / MC NP

Syagrus romanzoffiana jerivá R / MA / MM / MC / MB / C P

Asteraceae

Gochnatia polymorpha cambará MM / MC / MB / C / FOM P

Vernonia polyanthes cambará-guaçu MM / MC P

Bignoniaceae

Cybistax antisyphilitica ipê-verde R / C P

Jacaranda macrantha caroba R / MA / MM P

Jacaranda micrantha caroba-miúda MM / MC P

Page 93: Apostila Refazenda

93

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Jacaranda puberula (Jacaranda semisserrata) carobinha R / MA / FOM P

Tabebuia Alba ipê-amarelo-da-serra MA / MM NP

Tabebuia caraíba ipê-amarelo-do-serrado C NP

Tabebuia chrysotricha ipê-amarelo-cascudo MA / MM / MB NP

Tabebuia heptaphylla ipê-roxo-sete-folhas MA NP

Tabebuia impetiginosa ipê-roxo-de-bola MA / MM / C / FOM NP

Tabebuia ochracea ipê-amarelo-do-campo MM / C NP

Tabebuia roseo-alba ipê-branco MM NP

Tabebuia serratifolia ipê-amarelo MA / MM NP

Tabebuia umbellata ipê-amarelo-do-brejo R / MA / MM / MB NP

Tabebuia vellosoi ipê-amarelo-de-casca-lisa MA / MM NP

Zeyheria tuberculosa ipê-felpudo MM / MC P

Bombacaceae

Chorisia speciosa paineira MM / MC / MB P

Eriotheca candolleana embiruçu-do-litoral MA / MM / MC P

Eriotheca gracilipes paineira-do-campo C P

Eriotheca pentaphylla sapopemba R / MA P

Pseudobombax grandiflorum embiruçu-da-mata R / MA / MM / MC / MB P

Pseudobombax longiflorum embiruçu-do-serrado C P

Boraginaceae

Cordia ecalyculata café-de-bugre MA / MM / MC / C / FOM P

Page 94: Apostila Refazenda

94

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Cordia sellowiana chá-de-bugre R / MA / MM / MC / C P

Cordia superba babosa-branca MA / MM / MC P

Cordia trichotoma louro-pardo MA / MM / MC NP

Patagonula americana guaiuvira MM / MC P

Burseraceae

Protium heptaphyllum almecega MA / MM / MC / MB / C NP

Protium spruceanum almecega MM NP

Caricaceae

Jacaratia spinosa Jjacaratia dodecaphylla) jacaratiá MM / MC P

Caryocaraceae

Caryocar brasiliense pequi C P

Cecropiaceae

Cecropia hololeuca embaúba-vermelha MM P

Cecropia pachystachya embaúba-branca R / MA / MM / MC / MB P

Celastraceae

Maytenus ilicifolia espinheira-santa MA / MM NP

Clusiaceae

Calophyllum brasiliense guanandi R / MA / MM / MC / C NP

Garcinia gardneriana (Rheedia gardneriana) bacupari R / MA / MM NP

Kielmeyera variabilis pau-santo C NP

Combretaceae

Page 95: Apostila Refazenda

95

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Terminalia argêntea capitão-do-cerrado MM / MC / C NP

Terminalia brasiliensis cerne-amarelo MA / MM / MC / MB NP

Terminalia triflora capitãozinho MA / MM / MC / MB NP

Cunoniaceae

Lamanonia ternata guaperê R / MA / MM / C NP

Ebenaceae

Diospyros inconstans marmelinho MM NP

Erythroxylaceae

Erythroxylum tortuosum mercurinho C NP

Euphorbiaceae

Alchornea glandulosa (Alchornea iricurana) tanheiro R / MA / MM / MC / MB P

Croton floribundus capixingui MA / MM / MC / MB / C P

Croton urucurana sangra-d’água MA / MM / MC P

Hyeronima alchorneoides aracurana-da-serra R / MA / MM / MB P

Mabea brasiliensis canudo-de-pito R / MA P

Mabea fistulifera canudeiro MM / C P

Pera glabrata tamanqueira R / MA / MM / MC / MB / C P

Sapium glandulatum pau-de-leite R / MA / MM / MC / MB / FOM P

Savia dictyocarpa (Securinega guaraiuva) guaraiúva MA / MM / MC NP

Flacourtiaceae

Casearia gossypiosperma espeteiro MA / MM / MC NP

Page 96: Apostila Refazenda

96

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Casearia sylvestris guaçatonga R / MA / MM / MC / MB / C P

Lauraceae

Cryptocarya aschersoniana canela-batalha MA / MM / MC / FOM NP

Nectandra megapotamica canelinha MA / MM / MC NP

Ocotea corymbosa canela-do-cerrado MA / MM / MC / MB / C NP

Ocotea odorifera (Ocotea pretiosa) canela-sassafrás R / MA / MM / MC NP

Ocotea puberula canela-guaicá R / MA / MM / MC / MB NP

Ocotea pulchella canela-preta R / MA / MM / MC / C / FOM NP

Persea pyrifolia abacateiro-do-mato R / MA / MM / MC / C / FOM NP

Lecythidaceae

Cariniana estrellensis jequitibá-branco R / MA / MM / MC / MB NP

Cariniana legalis jequitibá-vermelho MM / MC NP

Leg. – Caesalpinioideae

Apuleia leiocarpa grápia MM / MC NP

Bauhinia forficata unha-de-vaca MM / MC P

Bauhinia holophylla pata-de-vaca-do-cerrado C P

Cassia ferruginea cássia-fístula MA / MM / MC P

Copaifera langsdorffii òleo-de-copaíba MA / MM / MC / MB / C NP

Dimorphandra mollis faveiro-doce C P

Diptychandra aurantiaca balsaminho C NP

Hymenaea courbaril jatobá MM / MC NP

Page 97: Apostila Refazenda

97

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Peltophorum dubium (Peltophorum vogelianum) canafístola MM / MC P

Pterogyne nitens amendoim-do-campo MM P

Schizolobium parahyba guapuruvu R / MA / MM / MC P

Sclerolobium denudatum passuaré R / MA NP

Senna macranthera fedegoso MA / MM P

Senna multijuga pau-cigarra R / MA / MM / MC P

Leg. – Mimosoideae

Abarema langsdorffii (Pithecellobium langsdorffii) raposeira-branca MA / MM NP

Acacia polyphylla espinho-de-maricá R / MA / MM / MC P

Albizia edwallii (Pithecellobium edwallii) MA / MC P

Albizia hasslerii farinha-seca MM / MC P

Albizia polycephala albizia MM / MC P

Anadenanthera colubrina angico-branco MA / MM / MC P

Anadenanthera falcata angico-do-cerrado MM / C P

Anadenanthera macrocarpa angico-vermelho MM / MC P

Enterolobium contortisiliquum orelha-de-negro MM / MC P

Inga edulis ingá-de-metro R / MA / MM P

Inga laurina (Inga fagifolia) ingá-mirim R / MA / MM / MC / MB NP

Inga marginata ingá-feijão R / MA / MM / MC / MB P

Inga sessilis ingá-ferradura R / MA / MM / C / FOM NP

Inga uruguensis ingá-quatro-quinas MM / MC P

Page 98: Apostila Refazenda

98

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Mimosa bimucronata (Mimosa sepiaria) maricá R / MA / MM / MC P

Mimosa scabrella bracatinga MA / FOM P

Parapiptadenia rigida (Anadenanthera rigida) angico-da-mata MM / MC P

Piptadenia gonoacantha pau-jacaré R / MA / MM / MC / MB P

Pithecellobium incuriale chico-pires MM / MC P

Stryphnodendron adstringens barbatimão MM / C NP

Leg. – Papilionoideae

Andira anthelmia garacuí R / MA / MM / MC / C NP

Bowdichia virgilioides sucupira-preta C P

Centrolobium tomentosum araribá R / MA / MM / MC P

Cyclolobium vecchi louveira MM / MC NP

Dalbergia miscolobium caviúna-do-cerrado C NP

Dalbergia variabilis assapuva MC NP

Erythrina crista-galli corticeira-do-banhado MM / MC P

Erythrina falcata corticeira-da-serra MA / MM / MC / MB / FOM P

Erythrina speciosa mulungu-do-litoral R / MA P

Erythrina verna suinã MM P

Holocalyx balansae alecrim-de-campinas MM / MC NP

Lonchocarpus campestris embirinha MM P

Page 99: Apostila Refazenda

99

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Lonchocarpus guilleminianus embira-de-sapo R / MA / MM / MC P

Lonchocarpus muehlbergianus embira-de-sapo MA / MM / MC P

Luetzelburgia auriculata guaiçara MM NP

Machaerium aculeatum pau-de-angú MM / MC / MB P

Machaerium acutifolium bico-de-pato MC / C NP

Machaerium nictitans jacarandá-bico-de-pato R / MA / MM / MC / MB P

Machaerium paraguariense cateretê MM / MC NP

Machaerium scleroxylon caviúna MA / MM / MC NP

Machaerium stipitatum sapuva MA / MM / MC P

Machaerium villosum ( Machaerium lanatum) jacarandá-paulista MM / MC / C P

Myrocarpus frondosus óleo-pardo MA / MM / MC NP

Myroxylon peruiferum (Myroxylon balsamum) cabreúva-vermelha MA / MM / MC / MB NP

Ormosia arbórea olho-de-cabra R / MA / MM / MC / C NP

Platycyamus regnelli pau-pereira MM / MC P

Platypodium elegans jacarandá-do-campo MM / MC / C NP

Poecilanthe parviflora coração-de-negro MM NP

Pterocarpus rohrii aldrago R / MA P

Pterodon pubescens (Pterodon emarginatus) faveiro MM / C NP

Vataira macrocarpa angelim-do-cerrado C NP

Zollernia glabra mocitaíba R NP

Lythraceae

Page 100: Apostila Refazenda

100

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Lafoensia glyptocarpa mirindiba-rosa MA P

Lafoensia pacari dedaleiro MM / MC / MB / C P

Magnoliaceae

Talauma ovata pinha-do-brejo MA / MM / MC / MB NP

Malpighiaceae

Byrsonima verbascifolia murici C P

Melastomataceae

Miconia candolleana jacatirão MA / MM / MC P

Miconia ligustroides jacatirão-do-brejo MM / MC / MB / C P

Tibouchina mutabilis manacá-da-serra R / MA / MM P

Tibouchina pulchra manacá-da-serra R / MA P

Meliaceae

Cabralea canjerana canjerana R / MA / MM / MC / MB NP

Cedrela fissilis cedro-rosa MA / MM / MC / MB / FOM P

Cedrela odorata cedro-do-brejo MA / MM / MB P

Guarea guidonia marinheiro MA / MM / MC / MB P

Moraceae

Chlorophora tinctoria (Maclura tinctoria) taiúva MM / MC / MB P

Ficus guaranítica figueira-branca MM / MC / MB P

Ficus insípida figueira-do-brejo R / MA / MM / MB P

Myristicaceae

Page 101: Apostila Refazenda

101

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Virola bicuiba (Virola oleifera) bicuíba R / MA / MM NP

Myrsinaceae

Rapanea ferruginea capororoca R / MA / MM / MC / FOM P

Rapanea guianensis capororoca R / MA / MM / MC / MB / C P

Rapanea umbellata capororoca R / MA / MM / MC / MB / C /

FOM

P

Myrtaceae

Blepharocalyx salicifolius murta R / MA / MM / MC / MB / C /

FOM

NP

Calyptranthes clusiaefolia araçarana MM / MC NP

Campomanesia guazumaefolia sete-capotes MM / MC / FOM NP

Campomanesia neriiflora guabiroba-branca R / MA / MM / MC NP

Campomanesia phaea cambuçi R / MA NP

Campomanesia xanthocarpa gabiroba R / MA / MM / MC NP

Eugenia brasiliensis grumixama R / MA / MM / FOM NP

Eugenia florida pitanga-preta MA / MM / MC / MB NP

Eugenia involucrata cereja-do-rio-granda MA / MM / MC NP

Eugenia leitonii araçá-piranga MA NP

Eugenia pyriformis uvaia MA / MM NP

Eugenia speciosa laranjinha-do-mato R / MA / MM / MC / MB NP

Eugenia uniflora pitanga MM / MC / FOM NP

Page 102: Apostila Refazenda

102

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Myrcia tomentosa goiaba-brava MM / C / FOM NP

Myrcianthes pungens guabiju MM / C NP

Myrciaria tenella cambuí MM / MC NP

Plinia rivularis cambucá-peixoto MM / MM NP

Psidium cattleianum (Psidium littorale) araçá-da-praia R / MA / MM P

Nyctaginaceae

Guapira noxia guapira MM / C NP

Guapira opposita flor-de-pérola R / MA / MM / MC / MB / C /

FOM

NP

Phytolaccaceae

Gallesia integrifolia (Gallesia gorazema) pau-d’alho MM / MC P

Phytolacca dióica cebolão MM P

Seguieria langsdorffi agulheiro MM P

Rhamnaceae

Colubrina glandulosa (Colubrina rufa) saguaragi MA / MM / MC NP

Rhamnidium elaeocarpum saguaragi-amarelo MM / MC P

Rosaceae

Prunus myrtifolia (Prunus sellowii) pessegueiro-bravo R / MA / MM / MC / MB / C /

FOM

P

Rubiaceae

Amaioua guianensis marmelada R / MA / MM / MC / C NP

Page 103: Apostila Refazenda

103

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Genipa americana genipapo MM / MC NP

Posoqueria acutifólia laranja-de-macaco MA / MM NP

Rutaceae

Balfourodendron riedellianum pau-marfim MM / MC NP

Dictyoloma vandellianum tingui-preto R / MM / FOM P

Esenbeckia grandiflora guaxupita R / MA / MM / MC / MB NP

Esenbeckia leiocarpa guarantã MM NP

Galipea jasminiflora grumixara MM / MC NP

Helietta apiculata canela-de-veado MM / MC P

Zanthoxylum rhoifolium mamica-de-cadela MA / MM / MC / C / FOM P

Zanthoxylum riedelianum mamica-de-porca MA / MM / MC / MB / C P

Sapindaceae

Allophylus edulis chal-chal MA / MM / MC P

Cupania racemosa caguantã MA / MM / C / FOM NP

Cupania vernalis arco-de-peneira MA / MM / MC / C NP

Diatenopteryx sorbifolia correeiro MM / MC P

Sapotaceae

Chrysophyllum gonocarpum caxeta-amarela MA / MM / MC NP

Chrysophyllum ramiflorum guacá MA NP

Pouteria caimito abíu R / MA NP

Pouteria ramiflora leiteiro-preto C NP

Page 104: Apostila Refazenda

104

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Pouteria torta guapeva MA / MM / C NP

Solanaceae

Acnistus arborescens marianeira R / MA / MM P

Solanum granuloso-leprosum gravitinga MM / MC P

Sterculiaceae

Guazuma ulmifolia mutambo MM / MC P

Tiliaceae

Heliocarpus americanus jangada-brava MM / MC P

Luehea divaricata açoita-cavalo-miúdo MM / MC / MB / C P

Luehea grandiflora açoita-cavalo MM / MC / C P

Ulmaceae

Trema micrantha crindeúva R / MA / MM / MC P

Verbenaceae

Aegiphila sellowiana tamanqueiro R / MA / MM / MC / MB P

Aloysia virgata cambará-de-lixa MM P

Cytharexyllum myrianthum pau-viola R / MA / MM / MB / C P

Vitex montevidensis (Vitex megapotamica) tarumã MM / MC / MB / C NP

Vitex polygama tarumã MA / MM / MC NP

Vochysiaceae

Qualea dichotoma pau-terra-mirim MM / MC / C NP

Qualea grandiflora pau-terra C NP

Page 105: Apostila Refazenda

105

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME POPULAR BIOMA / ECOSSISTEMA DE

OCORRÊNCIA

CLASSE

SUCESS.

Qualea jundiahy pau-terra MM / MC NP

Vochysia bifalcata pau-de-vinho R / MA / MM NP

Page 106: Apostila Refazenda

106

GLOSSÁRIO

Adubo: produto fertilizante que fornece ao solo e às plantas elementos vitais à

sua sustentação, como nitrogênio, fósforo e potássio. Pode ser de matéria

orgânica (pó de osso, estrume) ou químico (de rochas eruptivas, sedimentares

ou salinas).

Adubo verde: vegetal incorporado ao solo com a finalidade de adicionar

matéria orgânica que vai se transformar, parcialmente, em húmus, bem como

em nutrientes para a planta. Os adubos verdes podem consistir de ervas,

gramíneas, leguminosas etc.

Aeróbio (anaeróbio): aeróbios são organismos para os quais o oxigênio livre

do ar é imprescindível à vida. Os anaeróbios, ao contrário, não requerem ar ou

oxigênio livre para manter a vida; os que vivem tanto na ausência quanto na

presença de oxigênio livre são os anaeróbios facultativos.

Água potável: é aquela cuja qualidade a torna adequada ao consumo

humano.

Alfobre: designação do local, geralmente canteiro no chão ou até mesmo

caixas, onde se realiza a semeadura para transplante das plântulas a

embalagens individuais.

Área de Proteção Ambiental (APA): categoria de unidade de conservação

cujo objetivo é conservar a diversidade de ambientes, de espécies, de

processos naturais e do patrimônio natural, visando à melhoria da qualidade de

vida, através da manutenção das atividades sócio-econômicas da região. Esta

proposta deve envolver, necessariamente, um trabalho de gestão integrada

com participação do Poder Público e dos diversos setores da comunidade.

Pública ou privada é determinada por decreto federal, estadual ou municipal,

para que nela seja discriminado o uso do solo e evitada a degradação dos

ecossistemas sob interferência humana.

Page 107: Apostila Refazenda

107

Bacia hidrográfica: conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus

afluentes. A noção de bacias hidrográfica inclui naturalmente a existência de

cabeceiras ou nascentes, divisores d'água, cursos d'água principais, afluentes,

subafluentes etc. Em todas as bacias hidrográficas deve existir uma

hierarquização na rede hídrica para que a água escoe normalmente dos pontos

mais altos para os mais baixos. O conceito de bacia hidrográfica deve incluir

também noção de dinamismo, por causa das modificações que ocorrem nas

linhas divisórias de água sob o efeito dos agentes erosivos, alargando ou

diminuindo a área da bacia.

Biodiversidade: a diversidade biológica de determinada região ou

ecossistema. Segundo estimativas cautelosas, existem no planeta entre 5 a 10

milhões de espécies de organismos, mas outras fontes indicam cerca de 30

milhões. Biodiversidade - representa o conjunto de espécies animais e vegetais

viventes.

Comunidade florística: termo empregado para designar um conjunto

populacional com unidade florística de aparência relativamente uniforme,

caracterizada como uma subdivisão de subformação, com área espacial

conhecida.

Controle biológico: Técnica que envolve o uso de inimigos naturais para

diminuir a população de um organismo considerado prejudicial às culturas

agrícolas.

Decídua: plantas, sobretudo árvores que perdem as folhas sazonalmente.

Decompositores: organismos que transformam a matéria orgânica morta em

matéria inorgânica simples, passível de ser reutilizada pelo mundo vivo.

Compreendem a maioria dos fungos e das bactérias. O mesmo que saprófitas.

Desbaste: operação de poda ou arranquio de plantas excedentes.

Dossel: parte formada pela copa das árvores que compõe o estrato superior

da floresta.

Page 108: Apostila Refazenda

108

Eco desenvolvimento: visão moderna do desenvolvimento consorciado com o

manejo dos ecossistemas, procurando utilizar os conhecimentos já existentes

na região, no âmbito cultural, biológico, ambiental, social e político, evitando-se

assim a agressão ao meio ambiente.

Ecossistema: a comunidade total de organismos, junto com o ambiente físico

e químico no qual vivem se denomina ecossistema, que é a unidade funcional

da ecologia; Conjunto de fatores físicos, químicos e bióticos que compõem

determinado ambiente, que se estende por um espaço dado de dimensões

variáveis.

Epífitas: plantas que crescem agarradas a outras plantas, tais como as

orquídeas, musgos, liquens, bromélias etc.

Espécie: compõe-se de indivíduos semelhantes em todos ou na maioria de

seus caracteres estruturais e funcionais, que se reproduzem sexuada ou

assexuadamente e constituem uma linhagem filogenética distinta.(2) A menor

população natural considerada diferente de todas as outras para merecer um

nome científico, sendo assumido ou provado que permanecerá diferente de

outras, ainda que possam ocorrer eventuais intercruzamentos com espécies

próximas.(3) Categoria da classificação biológica subordinada imediatamente

ao gênero ou subgênero sendo, a menor população natural considerada

suficientemente diferente de outras partes para merecer um nome e da qual se

assume ou se prova que permanecerá diferente apesar de eventuais

intercruzamentos com espécies aparentadas.

Estufa: estrutura plástica, sem controle de ambiente, onde são produzidos

vegetais.

Fertilizante: material aplicado no solo para enriquecê-lo de substâncias

químicas essenciais à vida das plantas. Os principais fertilizantes são os

compostos de nitrogênio, fósforo e potássio, empregados para promover o

crescimento, e a cal para ajustar a acidez e a alcalinidade do solo.

Fungos: por muito tempo foram considerados plantas, mas não possuem

clorofila e são incapazes de sintetizar seus alimentos, conseqüentemente,

dependem de outros organismos para completar a sua nutrição e produzem

esporos. Por essas características, hoje eles tem uma classificação exclusiva,

Page 109: Apostila Refazenda

109

estão no chamado Reino Fungi. Os fungos podem viver da matéria orgânica

morta, ocasionando ou auxiliando a sua decomposição ou parasitar outros

seres vivos, alimentando-se do protoplasma das células hospedeiras e também

formar associações com outras plantas, como algas ou com raízes vegetais

superiores.

Húmus: fração orgânica coloidal (de natureza gelatinosa), estável, existente no

solo, que resulta da decomposição de restos vegetais e animais.

Lençol freático: é um lençol d'água subterrâneo que se encontra em pressão

normal e que se formou em profundidade relativamente pequena.

Mata ciliar: conjunto da flora existente à beira de um rio, córrego ou espelho

d’água. Também conhecido como floresta ciliar.

Monda: retirada de plantas daninhas.

Repicagem: arranquio do alfobre e transplante para embalagens definitivas.

Rustificação: quando as mudas estão prestes a sair do viveiro para o plantio,

a adubação é suspensa, a freqüência das irrigações é diminuída e se elas

estiverem sombreadas, o sombreamento deverá ser reduzido ou removido para

adaptar as mudas ao ambiente natural.

Uso sustentável: uso de um organismo, ecossistema ou de outro recurso

renovável a uma taxa compatível com sua capacidade de renovação.

Page 110: Apostila Refazenda

110

BIBLIOGRAFIA

ALTIERI, M. A. et al.. O papel da biodiversidade no manejo de pragas. Ribeirão

Preto: Holos, 2003.

ARATO, Helga D.; MARTINS, Sebastião V.; FERRARI, Silvia H. S. Produção e

decomposição de serapilheira em um sistema agroflorestal implantado para

recuperação de área degradada em Viçosa-MG. Revista Árvore, Viçosa, v.27,

n.5, set./out. 2003.

BARROS, R. T. de V. et al. Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia

da UFMG, 1995. (Manual de saneamento e proteção ambiental para os

municípios, 2).

COLINVAUX, P. A. Ecology 2. New York: Wiley, 1993.

DASHEFSKY, H S. Dicionário de Ciência Ambiental. 3ª Ed. São Paulo: Gaia,

2003.

FILHO, A. P. Dicionário enciclopédico de Ecologia. São Paulo: Editora Manole,

2000.

KAHTOUNI, S. Cidade das águas. São Paulo: Rima, 2004.

LIMA, H. M.; FLORES, José Cruz Do Carmo; COSTA, F. L. Plano de

Recuperação de Áreas Degradadas Versus Plano de Fechamento de Mina: Um

Estudo Comparativo.

KAGEYAMA, P.Y. Endegomia em espécies florestais, IPEF série técnica, Vol.2,

nº8, p.40, 1981.

Page 111: Apostila Refazenda

111

MENDONÇA, F. et al. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São

Paulo: oficina de Textos, 2007.

NETO, G. A.; ANGELIS, Bruno Luiz Domingos de; OLIVEIRA, Daniel Simeoni

de. O uso da vegetação na recuperação de áreas urbanas degradadas. Acta

Scientiarum.

REBOUÇAS, A. Uso inteligente da água. São Paulo: Escrituras Editora, 2004.

ROCHA, M. T. et al. Empreendedorismo em negócios sustentáveis – Plano de

Negócios como ferramenta do desenvolvimento. São Paulo: Peirópolis;

Brasília, DF: IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil, 2005.

SÃO PAULO (ESTADO) Secretaria de Meio Ambiente, Fundação para a

Conservação e Produção Florestal do Estado de São Paulo; Coord. Respons.:

Hahn, C M ; Oliveira, C. et al.. São Paulo: SMA, 2006.

SCHARF, R. Manual de Negócios Sustentáveis. São Paulo: Amigos da Terra –

Amazônia Brasileira; Fundação Getúlio Vargas, Centro de Estudos em

Sustentabilidade, 2004.

PIOLLI, Alessandro et al. PLANETA ÁGUA – Associação de Defesa do Meio

Ambiente. Teoria e Prática em Recuperação de Áreas Degradadas: Plantando

a semente de um mundo melhor. Serra Negra- SP. 2004.

SOUZA, V. C. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das

famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II - Vinícius

Castro Souza, Harri Lorenzi. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2005.

YAMAZOE, G.; VILAS BOAS, O. Manual de pequenos viveiros florestais. São

Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica, 2003.

Sites

Portal Pick-upau – Central de Educação e Jornalismo Ambiental

Projeto Outono – Folhas do Conhecimento (Pick-upau)

Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

Page 112: Apostila Refazenda

112

Secretaria Estadual de Meio ambiente de São Paulo

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica

RBMA – Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

MMA – Ministério do Meio Ambiente

WWF – World Wildlife Foundation

Planalto – Governo do Brasil

Page 113: Apostila Refazenda

113

PROJETO REFAZENDA Apostila de Capacitação Técnica e Operacional para Viveiros

de Mudas de Espécies Nativas da Mata Atlântica e PRADs

Ficha Técnica

Coordenação Geral do Projeto Refazenda: Andrea Nascimento

Coordenação Técnica: Dra. Profa. Heloisa Candia Hollnagel

Assessoria Técnica: Eng. Agrônomo Nelson Matheus Oliveira Junior

Biólogas: Gabriela Picolo e Karina Spaolonzi

Coordenação Indígena: Karai Tataendy

Direção-executiva da Agência Ambiental Pick-upau: J. Andrade

Texto: Redação da Agência Ambiental Pick-upau (MTB: 35.491)

Fotos: Arquivo da Agência Ambiental Pick-upau

Revisão: Redação da Agência Ambiental Pick-upau

Criação Gráfica e Editoração: Morphina design

Realização Agência Ambiental Pick-upau Financiamento Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA Ministério do Meio Ambiente – MMA Apoio Terra Indígena Guarani Mbya Tenonde Porã Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade de São Paulo CIENTEC/USP

Page 114: Apostila Refazenda

114

Sobre o Projeto Refazenda

O Projeto Refazenda é uma iniciativa do Pick-upau, uma organização

não-governamental sem fins lucrativos de caráter ambientalista, 100%

brasileira, em parceria com o Fundo Especial do Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável e a aldeia guarani Tenonde Porã. O programa

tem entre seus principais objetivos a produção de mudas nativas da mata

atlântica, como forma de fomento da economia da comunidade indígena

beneficiada e o aumento da oferta de produtos florestais destinados a

recuperação e ampliação da cobertura vegetal de um dos biomas mais

ameaçados do país, a mata atlântica.

Saiba mais: www.refazenda.org.br

Sobre o Pick-upau

O Pick-upau é uma organização não-governamental sem fins lucrativos

de caráter ambientalista 100% brasileira dedicada à preservação e a

manutenção da biodiversidade do planeta. Fundada em 1999, por três ex-

integrantes do Greenpeace-Brasil e originalmente criada no Cerrado brasileiro,

tem sua base, próxima a uma das últimas e mais importantes reservas de mata

atlântica da cidade São Paulo, a maior metrópole da América Latina. Por tratar-

se de uma organização sobre Meio Ambiente, sem uma bandeira única, o Pick-

upau possui e desenvolve projetos em diversas áreas ambientais.

Saiba mais: www.pick-upau.org.br

Sobre o FNMA

O Fundo Nacional do Meio Ambiente criado há 20 anos, é hoje o

principal fundo público de fomento ambiental do Brasil, constituindo-se como

um importante parceiro da sociedade brasileira na busca pela melhoria da

qualidade ambiental e de vida. O FNMA é uma unidade do Ministério do Meio

Ambiente (MMA), criado pela lei nº 7.797 de 10 de julho de 1989, com a missão

de contribuir, como agente financiador, por meio da participação social, para a

implementação da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA. O FNMA é

Page 115: Apostila Refazenda

115

hoje referência pelo processo transparente e democrático na seleção de

projetos. Seu conselho deliberativo, composto de 17 representantes de

governo e da sociedade civil, garante a transparência e o controle social na

execução de recursos públicos destinados a projetos socioambientais em todo

o território nacional. Ao longo de sua história, foram 1.400 projetos

socioambientais apoiados e recursos da ordem de R$ 230 milhões voltados às

iniciativas de conservação e de uso sustentável dos recursos naturais.

Saiba mais: www.mma.gov.br

Sobre a Terra Indígena Tenonde Porã

A aldeia Tenonde Porã está situada na região sul do município de São

Paulo (cerca de 60 km do centro), Distrito de Parelheiros, com grande parte da

área indígena às margens da represa Billings. A comunidade Guarani M’bya

possui apenas 26 hectares, demarcados e homologados em 1987, onde vivem

atualmente 170 famílias com cerca de 900 pessoas. Apesar do crescimento

acelerado e desordenado da região e do contato com a sociedade do entorno,

esta população vem se assegurando como um povo. Os conhecimentos

milenares são passados por gerações através da oralidade dos mais velhos,

seus rituais, artesanato e da valorização de sua cultura.

Saiba mais: www.refazenda.org / www.darwin.org.br

Sobre o CIENTEC

O Parque CIENTEC é uma instituição que oferece entretenimento

educativo e de qualidade para crianças, jovens a adultos. Por meio de seus

diferentes passeios, demonstrações e experiências, a ciência e a tecnologia

ficam muito mais próximas do visitante, que aprende enquanto se diverte e se

diverte enquanto aprende. Programas educacionais orientados e um ambiente

privilegiado e circundado por Mata Atlântica permitem ao Parque CIENTEC

oferecer aos seus visitantes uma alternativa moderna para o aprendizado da

ciência, da tecnologia e da cultura humanística em geral. O CIENTEC-USP é

um órgão vinculado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de

São Paulo.

Saiba mais: www.parquecientec.usp.br

Page 116: Apostila Refazenda

116

Sobre o FEMA

O FEMA - Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável foi criado pela Lei Municipal nº 13.155, de 29 de junho de 2001,

que também criou o CONFEMA - Conselho do Fundo Especial do Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Foi regulamentado pelo Decreto nº

41.713, de 25 de fevereiro de 2002 e pela Resolução nº 02/CONFEMA, de 19

de dezembro de 2002, e destina-se a dar suporte financeiro a planos,

programas e projetos que visem ao uso racional e sustentável de recursos

naturais, ao controle, à fiscalização, defesa e recuperação do meio ambiente e

a ações de educação ambiental. Fonte: PMSP/SVMA

Saiba mais: www.prefeitura.sp.gov.br

Sobre os Guaranis

Os Guaranis Mbya estão em várias regiões da América do Sul, existem

aldeias na Argentina, Paraguai e Bolívia. No Brasil se localizam principalmente

na região do litoral, do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo e outras regiões

como no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. São a maior etnia

indígena no Brasil somando aproximadamente 35 mil pessoas. Sendo um povo

bastante religioso tem na execução de tarefas cotidianas a busca da harmonia

com a natureza, da força espiritual de Nhanderu e do Sol, criado por ele.

Diariamente a comunidade se encontra na Opy, a Casa de Reza, para cantar,

rezar e dançar e os mais velhos ensinam as crianças o conhecimento

ancestral. Na aldeia, além do cacique, a principal liderança é o Xeramoi, o

nome do pajé Guarani. Os Guaranis sabem da importância de todos os seres e

que cada elemento da natureza tem um espírito e buscam parceiros para

impedir a destruição do planeta.

Sobre a APA Capivari-Monos

A Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos (APA) é um tipo de

Unidade de Conservação, onde existem terras públicas e privadas, cujos

objetivos são: proteger a biodiversidade, os recursos hídricos e os

remanescentes da Mata Atlântica; resguardar o patrimônio arqueológico e

cultural; promover a melhoria da qualidade de vida das populações; manter o

caráter rural da região e evitar o avanço da ocupação urbana na área

protegida. Criada em junho de 2001, a APA possui 25 mil hectares (1/6 da área

Page 117: Apostila Refazenda

117

de São Paulo) e está inserida na Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da

Cidade de São Paulo e na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Sobre o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga

Também conhecido como Parque do Estado ou Parque da Água

Funda, o PEFI tem sua origem no século XIX, precisamente em 12 de

setembro de 1893. A partir da Lei de 17 de agosto de 1892 que autorizava o

reforço do abastecimento de água em São Paulo, resultou o Decreto Estadual

nº 204 de 12 de setembro de 1893 que declarou de utilidade pública os

terrenos da Bacia do Ribeirão Ipiranga, pertencente à época a diversos

proprietários. O parque inicialmente englobava uma área de 6.969.000 m2,

cerca de 22% maior do que é hoje.

Saiba mais: www.condepefi.sp.gov.br

Page 118: Apostila Refazenda

118

Page 119: Apostila Refazenda

119

Page 120: Apostila Refazenda

120

Page 121: Apostila Refazenda

121

Page 122: Apostila Refazenda

122

Agência Ambiental Pick-upau Copyright ©2011 - Pick-upau

Caixa Postal: 42098 - CEP: 04082-970 - São Paulo - SP - Brasil Todos os direitos reservados.

Todos os direitos reservados pela Agência Ambiental Pick-upau. Os textos contidos nesta

publicação poderão ser reproduzidos, desde que citada a fonte.