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LÍNGUA PORTUGUESA (Material de Apoio)

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LÍNGUA PORTUGUESA

(Material de Apoio)

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ORTOGRAFIA

Nas palavras de Pasquale Cipro Neto & Ulisses Infante (Gramática da Língua Portuguesa): “A competência para grafar corretamente as palavras está diretamente ligada ao contato íntimo com essas mesmas palavras. Isso significa que a frequência do uso é que acaba trazendo a memorização da grafia correta. Além disso, deve-se criar o hábito de esclarecer as dúvidas com as necessárias consultas ao dicionário. Trata-se de um processo constante, que produz resultados a longo prazo.”

As noções gramaticais apresentadas nesta seção referem-se à gramática formal, entendida como o conjunto de regras fixado a partir do padrão culto de linguagem. Optou-se, assim, pelo emprego de certos conceitos da Gramática dita tradicional (ou normativa). Sublinhemos, no entanto, que a Gramática tradicional, ou mesmo toda teoria gramatical, são sempre secundárias em relação à gramática natural, ao saber intuitivo que confere competência linguística a todo falante nativo. Não há gramática que esgote o repertório de possibilidades de uma língua, e raras são as que contemplam as regularidades do idioma.

Saliente-se, por fim, que o mero conhecimento das regras gramaticais não é suficiente para que se escreva bem. No entanto, o domínio da correção ortográfica, do vocabulário e da maneira de estruturar as frases certamente contribui para uma melhor redação. Tenha sempre presente que só se aprende ou se melhora a escrita escrevendo.

ORTOGRAFIA (do grego orthos ‘direito, correto’ e graphein ‘escrever’)

Lembre-se de que a palavra derivada costuma conservar a grafia da palavra primitiva. Por exemplo, normalmente se usa “x” após “en” (enxuto,enxovalhar), mas isso não acontece com encher, que deriva de cheio, ou com encharcado, que provém de charco(pântano), pelo fato de o dígrafo “ch” já constar da palavra primitiva. “Costuma”, porque raras vezes podemos nos deparar com alguns casos (excepcionais) que buscam na etimologia a mudança das letrinhas, por exemplo, estender e extensão (o substantivo que manteve o x da forma verbal latina extender e, segundo Aurélio) ou catequese e catequizar.

E por que “paralisar” (paralisia) se escreve com “s” e “imunizar” (imune) se escreve com “z”? Porque, quando as palavras primitivas já apresentam a letra “s”, ela é mantida nas palavras derivadas (exemplo: análise – analisar / atraso– atrasar / mesa – mesinha / país - paisinho). Caso não conste essa letra na palavra primitiva, entra em ação o “z”nas derivadas (exemplo: aval – avalizar / computador –computadorizado / comercial – comercializar / pai –paizinho).

Outra dica: na dúvida com relação à grafia de uma palavra que sofreu algum processo de transformação (substantivo derivado de verbo ou substantivo derivado de adjetivo),busque a grafia de outra palavra conhecida sua (que servirá de paradigma), tomando o cuidado de observar se esta sofreu o mesmo processo daquela. Aquilo que aconteceu com uma irá acontecer com a outra também.Veja os exemplos:

compreender -> compreensão pretender -> pretensãopermitir -> permissão emitir -> emissãoconceder -> concessão retroceder -> retrocessão

Cuidado!!! EXCEÇÃO é derivado de EXCETUAR – e não de EXCEDER. Deve ser esse o motivo de tanta gente fazer confusão.

Outros paradigmas:

SÉRIO -> SERIEDADE SOLIDÁRIO -> SOLIDARIEDADE SÓCIO -> SOCIEDADE SÓBRIO -> SOBRIEDADE

Como é bem maior a quantidade de vocábulos terminados por IO, em comparação com os de terminação EO, pode ocorrer a “contaminação” e, por conseguinte, erro na grafia de vocábulos como HOMOGÊNEO. Então, para dissipar dúvidas, vamos buscar um paradigma. O que acontece com essa palavra é o mesmo que ocorre com:

CORPÓREO -> CORPOREIDADE IDÔNEO -> IDONEIDADECONTEMPORÂNEO -> CONTEMPORANEIDADEINSTANTÂNEO -> INSTANTANEIDADE ESPONTÂNEO -> ESPONTANEIDADE

Observação: Devemos ter cuidado com algumas palavras especiais: AFICIONADO (tem apenas um “c” –formalmente, não existe “aficcionado”), ABRUPTO, OPTAR(cuidado na conjugação do verbo, em que a letra “p” é muda– eu opto, tu optas...). Outras (e suas derivadas) facultam a colocação da letra muda –

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CONTA(C)TO, INFE(C)ÇÃO,CORRU(P)ÇÃO, A(C)CESSÍVEL (com o “c” dobrado, pronuncia-se <cs>), como o “x” de táxi). Não acredita? Consulte o Aurélio.

Outra palavra perigosa é “CARÁTER”. O plural correspondente busca em sua origem latina a grafia CARACTERES (“Aquele rapaz é um mau caráter. Aqueles rapazes são uns maus caracteres”).

Uso do S1. Nas palavras derivadas de uma primitiva em que já existe s:pesquisa → pesquisado, pesquisadorcasa → casinha, casebre, casarão

camisa → camisinha, camisola, camisolãoanálise → analisar, analista, analisado, analisável

2. Nos sufixos:•-ês, -esa (na indicação de título de nobreza, origem, nacionalidade) marquês → marquesa/ burguês→burguesacamponês → camponesa/ milanês →milanesa•-ense (indicador de procedência, origem) santanense, mauaense, paranaense•-isa (indicador feminino de profissão, ocupação) diaconisa, sacerdotisa, papisa, profetisa•-oso, -osa (indicadores de adjetivos, formadores de estado pleno, abundância) manhoso, carinhoso, horrorosa, suntuosa

3. Após ditongos: Cleusa, causa, náusea, maisena

4. Na conjugação dos verbos pôr (e derivados) e querer:repus, repusera, repusesse, pus, pusera, pusesse, quis, quisera, quisesse

Uso do Z

1. Nas palavras derivadas de uma primitiva em que já existe Z:raiz→ enraizarbaliza→ abalizado, balizador, balizadorapaz→ rapazola, rapazinho, rapazote, rapaziada

2. Nas terminações –ez, -eza, formadoras de substantivos abstratos derivados de adjetivosreal→ realezagrande→ grandeza

cru→ cruezacerto→ certeza

3. Nas terminações –izar (formador de verbos) e –ização (formador de substantivo)canal→ canalizar→ canalizaçãoatual→ atualizar→ atualizaçãohumano→ humanizar→ humanizaçãoglobal→ globalizar→globalização

Uso dos sufixos –inho e –zinho

Servem para formar o grau diminutivo, considerando a terminação da palavra primitiva:1. Quando a palavra primitiva terminar em s ou z, basta acrescentar o sufixo -inho (a).

burguês + inho → burguesinho chinês + inho→ chinesinho nariz + inho → narizinho

2.Quando a palavra primitiva apresentar outra terminação, acrescentar o sufixo-zinho (a).

pão + zinho→ pãozinho mãe + zinha → mãezinha

Uso do G

1. Nas palavras terminadas em –ágio, –égio, –ígio, –ógio, –úgio.Ex. adágio, colégio, litígio, relógio, refúgio

2. Nas palavras terminadas em –gem.Ex. ferrugem, selvagem, massagem, mixagem

3. Nas palavras derivadas de outras, já grafadas com g.Ex: tingir→ tingido→ tingimento fingir→fingido→fingimento

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Uso do J

1. Nas palavras de origem tupi (indígena) e africana:biju (variante de beiju), canjarana (pau-de-santo), canjica, jabuticaba, jacaré, jenipapo, jerimum, jiboia, jirau, pajé. (Exceção: Sergipe)

2. Nos verbos terminados em –jar ou –jear:arranjar, despejar, sujar, viajar, ultrajar, granjear, gorjear, lisonjear

3. Nas palavras derivadas de outras já grafadas com j: granja → granjeiro lisonja→ lisonjeiro

laje→ lajeadomajestade → majestoso

Uso do X

1. Depois de ditongo: ameixa, baixo, caixa, feixe, paixão

2. Depois da sílaba –en:Enxaqueca, enxadrista, enxame, enxuto

Fazem exceção: encher e derivados; enchova; e palavras iniciadas com ch que ganharam prefixo en-, como enchouriçar (en + chouriço + ar).

3. Depois da sílaba me-:mexerica, mexicano, mexilhão, mexer Exceção: mecha (substantivo) e derivados escrevem-se com ch.

4. Em palavras de origem africana e indígena:abacaxi, capixaba, macaxeira, morubixaba, pixaim, xará, xinxim, xique-xique

5. Palavras aportuguesadas do inglês trocam o sh original por x: xampu (de shampoo) xerife (de sheriff)

Uso do E e do I

1. Todos os verbos terminados em -uir, -air, -oer escrevem-se com a letra i na segunda e terceira pessoas do singular do presente do indicativo.

contribuir→contribuis, contribui/ roer→róis, róiinfluir→influis, influi/ cair→ cais, caisair→ sais, sai/ doer→ dóis, dói

2. Todos os verbos terminados em –ir escrevem-se com a letra e na segunda e terceira pessoas do presente do indicativo.

acudir→acodes,acode / fugir→foges,foge/ decidir→decides, decide

3. Todos os verbos terminados em –uar ou em -oar escrevem-se com a letra e na primeira, segunda e terceira pessoas do presente do subjuntivo.

perdoar→perdoe, perdoes, perdoeatuar→atue, atues, atue

caçoar→caçoe, caçoes, caçoejejuar →jejue, jejues, jejue

4. Prefixos ante- e anti-•Ante- (prefixo) significa “antes” (indica posição anterior): antecâmara, antemão, antepasto, anteontem, antebraço, antediluviano, antever

•Anti-(prefixo) significa “contra” (indica posição contrária): antiacadêmico, antialcoólico, anticoncepcional, anticlerial, antídoto, antiaéreo, anticonjugal, antifascista.

5. Prefixos em/en e im/in:

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emporcalhar engraxarempossar entorpecer

imputar incomodarimpugnar infalível

6. Prefixos des- e dis-: desgarrar, desinfetar,desmedido,discernir, dispensar,dislexia

Uso do O e do U: Às vezes se confundem usos do u e do o na grafia de algumas palavras. Compare as listas abaixo:

Uso de C, Ç, S, SS, SC, XC

1. Nos vocábulos de origem árabe, tupi e africana, usam-se c e ç:Açaí, araçá, araçoia (saiote), caçula, cacimba, canguçu (cabeça grande), criciúma (gramínea), Ceci, Iguaçu, Juçara, miçanga, moçoró (certo vento), muçum, muçurana, paçoca, Paraguaçu, Turiaçu.

2. Nos sufixos -aça, -aço, - iça, -iço, -nça, -uça, -uço é obrigatório uso do ç: barcaça, golaço, magriça, preguiça, carniça, ouriço, dança, esperança, dentuça, calabouço, ruço(pardacento).

3. Depois de ditongos, grafam-se c e ç: beiço, caução, coice, feição, louça, refeição, traição, foice.

4. Nos substantivos e adjetivos derivados de verbos terminados em –nder e –ndir usa-se s:

pretender → pretensãopender→ pensão, pênsiltender→ tensão, tensoascender → ascensão, ascensorsuspender → suspensão, suspensório

expandir→ expansão, expansivofundir →fusãodifundir→ difusãoconfundir → confusão, confuso

5. Nos substantivos derivados de verbos terminados em –der, - dir, -tir, e –mir usa-se s (depois de n ou r) ou ss:

aceder→ acessoregredir→ regressãorepercutir→ repercussãodescomprimir→ descompressãoascender→ ascensão

interceder→ intercessãoagredir→ agressãoadmitir→ admissãoreprimir→ repressãocompreender→compreensão

6. Por razões etimológicas usa-se entre vogais sc e xc:

apascentar, ascender(subir), convalescer, crescer, descente, discernir, efervescente, enrubescer, fascínio, florescer, incandescer, lascivo, nascer, víscera, piscina, exceto, exceder, excesso, néscio

Observe cuidadosamente a formação de substantivos a partir de verbos terminados em –ter:submeter→ submissão reter→ retençãodeter→ detenção converter→ conversão

O mesmo ocorre com todos os substantivos que perderem a sílaba de terminação original:

autorizar→autorização contradizer→contradiçãocomover→ comoção descrever→descriçãodevolver→ devolução

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Com O Com Uabolir acudirboteco bueiro

botequim burburinhocomprido cumprido (verbo)comprimento cumprimentocortiça cúpula

cobrir curtumeengolir embutirexplodir entupir

focinho escapulirgoela jabuti

lombriga jabuticabamágoa lóbulo

mochila mucamamoleque pirulito

névoa rebuliçonódoa suar

poleiro supetãopolenta tábua

Sortir ( abastecer) tabuleirosotaque tabuletazoeira trégua

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Analogia de forma e significado

Considerando-se que há entre as palavras relação entre forma e significação, os vocábulos podem ser:•Parônimos: são vocábulos que têm grafia e pronúncia parecidas e significados diferentes.

Arrear/arriarCavaleiro/cavalheiroComprimento/cumprimentoEmigrar/imigrarFuzil/fusívelInflação/infração

Mandado/mandatoRecrear/recriarSortir/surtirTráfego/tráficoVultoso/vultuoso

•Homônimos: são vocábulos que têm a mesma pronúncia, mas grafias e significados diferentes.

Ascender/acender- Cela/sela - Incipiente/insipiente

Existem dois tipos de homônimos: Homônimos homófonos são os vocábulos que têm som igual e significados diferentes:

acento/assento- acerto/assertoárea/ária - bucho/buxocegar/segar - cocho/coxo

hera/era - laço/lassovês/vez -tacha/taxa

Homônimos homógrafos: são vocábulos que têm significados diferentes e escrita igual, apresentando acento prosódico diferente:

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Cara/cará leste/lestesede/sede

•Sinônimos são vocábulos iguais ou semelhantes na significação, mas diferentes na forma.aguentar, aturar, sofrer, suportar, tolerar belo, lindo, bonito, formoso, pulcroafastado, distante, longe, apartado, remoto alegre, prazenteiro, jovial, folgazão, engraçado indivisível, indiviso, inseparável, insolúvel

•Antônimo são os vocabulários diferentes na forma e opostos na significação

bom/mau dia/noite alegre/triste vida/morte amigo/inimigo bem/mal extrovertido/introvertido

DIVISÃO SILÁBICA

Na modalidade escrita, indicamos a divisão silábica com o hífen. Esta separação obedece às regras de silabação.

Não se separam:1. as letras com que representamos os dígrafos ch, lh e nh:   cha-ma, ma-lha, ma-nhã, a-char, fi-lho, a-ma-nhe-cer;

2. os encontros consonantais que iniciam sílaba:   a-blu-ção, cla-va, re-gra, a-bran-dar, dra-gão, tra-ve;

3. a consoante inicial seguida de outra consoante:   gno-mo, mne-mô-ni-co, psi-có-ti-co;

4. as letras com que representamos os ditongos:   a-ni-mais, cá-rie, sá-bio, gló-ria, au-ro-ra, or-dei-ro, jo-ia, réu;

5. as letras com que representamos os tritongos:   a-guen-tar, sa-guão, Pa-ra-guai, u-ru-guai-a-na, ar-güiu, en-xá-guam.

Separam-se:

1. as letras com que representamos os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc:   car-ro, pás-sa-ro, des-ci-da, cres-ça, ex-ce-len-te;

2. as letras com que representamos os hiatos:   sa-ú-de, cru-el, gra-ú-na, re-cu-o, vo-o;

3. as consoantes seguidas que pertencem a sílabas diferentes:   ab-di-car, cis-mar, ab-dô-men, bis-ca-te, sub-lo-car, as-pec-to.

Classificação das palavras de acordo com o acento tônico:

Oxítona: Ocorre quando a última sílaba é a tônica. Paroxítona: Ocorre quando a penúltima sílaba é a tônica. Proparoxítona: Ocorre quando a antepenúltima sílaba é a tônica.

PRINCIPAIS CASOS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA

1- Todas as proparoxítonas são acentuadas:

Árvore, médico, lâmpada, câmera, paralelepípedo, gráfica, êxito etc.

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2- Recebem acento as paroxítonas terminadas em:

a) ditongo crescente, seguido, ou não, de s:

sábio, róseo, Gávea, planície, nódoa, régua, árdua, decência, ingênuo etc.

b) –i, -is, -us, -um, -uns:

táxi, júri, biquíni, lápis, bônus, vírus, Vênus, álbum, álbuns, médium, médiuns, fórum etc.

c) –l, -n, -r, -x, -ons, -ps:fácil, móvel, cônsul, hífen, pólen, cânon, elétron, elétrons, dólar, revólver, vômer, mártir, látex, fênix, Félix, bíceps, fórceps etc.

d) –ei, -eis: jóquei, jóqueis, vôlei, úteis, lêsseis, fáceis, túneis etc.

e) –ã, -ãs, -ão, -ãos,:ímã, ímãs, órgão, órgãos, bênção, bênçãos etc.

3) Recebem acento os vocábulos oxítonos terminados em:

a) –a, -e, -o, seguidos ou não de s:

Xará, xarás, gambá, será, pajé, Tietê, você, freguês, vovô etc.

b) Seguem esta mesma regra, os infinitivos seguidos de pronome:

Cortá-los, vendê-los, conhecê-la, compô-la etc.

c) –em, -ens (em palavras de duas ou mais sílabas):

Amém, ninguém, armazém, armazéns, parabéns etc.

d) ditongos abertos: éi, éu, ói, seguidos ou não de s.

papéis, anzóis, anéis, chapéu etc.

4) Os monossílabos recebem acento se terminados em:

a) –a, -e, -o, seguidos, ou não, de s:

Pá, pé, pó, pés, nó, mês, má, más, há etc.

b) ditongo aberto: éu, éi, ói

Céu, dói, véu, véus

5) Acentuação dos ditongos:

a) Os ditongos abertos (eu, oi, eu seguidos ou não de S) Serão acentuados somente em monossílabos e nas palavras oxítonas:

Ex: céu, rói, réu, Herói, pastéis, chapéu, Niterói etc.

Obs.: Os ditongos abertos não mais serão acentuados quando forem paroxítonas.

Assembleia, ideia, heroico, estreia, joia etc.

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6) Acentuação dos hiatos:

a) Acentuam-se o i e o u tônicos em hiato com vogal ou ditongo anterior, formando sílaba sozinhos ou com s.

Exemplos: sa-í-da, sa-ú-de, ca-fe-í-na, ins-tru-í-la.

OBS.: Não mais se coloca circunflexo na primeira vogal dos hiatos oo e ee e nos hiatos antecedidos de ditongo.Ex: Voo, creem, abençoo, feiura e bocaiuva

NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

ALFABETOAs letras k, y e w passam a fazer parte do alfabeto, que passa a compor-se de 26 letras, não 23.

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

Utilizam-se as letras k, y e w em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados.Ex. km, kg, Kibon/ Yara, Byron, byroniano/ watt, show, Wagner

ACENTUAÇÃO

1. Trema ( ¨ ) Não existe mais o trema em língua portuguesa. Mantém-se apenas em palavras estrangeiras, nomes próprios e seus derivados.Ex. consequência, frequência, tranquilo, aguentar,linguiça, cinquenta, pinguim, linguistaHubner, hubneriano, Muller, mulleriano

2. Ditongos abertos (éi, ói): Não são mais acentuados em palavras paroxítonas.Ex. assembleia, boleia, colmeia, Coreia, estreia, epopeia, hebreia, ideia, plateia, panaceia / apoio e apoia (verbo apoiar), boia, heroico, jiboia, paleozoico, paranoico, tramoia

Obs.: continuam acentuados os ditongos abertos éi, éu e ói, seguidos ou não de s, dos monossílabos tônicos e oxítonos.Ex. anéis, céu, herói, papéis, corrói, troféu

3. Hiatos: Os hiatos oo e ee não são mais acentuados.Ex. enjoo, voo, coroo, perdoo, magoo, abençoo, coo,moo, povoo / creem, deem, leem, veem, descreem, releem,reveem

4. Acento diferencialNão existe mais acento diferencial em palavras homógrafas.Ex. para (verbo e preposição) / pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo e verbo) / pera (substantivo) polo (substantivo)

Observaçãoa) Continua o acento diferencial em pôde (verbo poder,3a. pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo), para diferenciar de pode (verbo poder,3a. pessoa do singular do presente do indicativo);e em pôr (verbo), para diferenciar de por (preposição).

b) Permanecem os acentos que diferenciam singular e plural dos verbos ter e vir, bem como de seus derivados(manter, deter, conter, reter, advir, convir,intervir etc.).Ex. O garoto tem vários carrinhos. / Os garotos têm vários carrinhos.Aquela moça vem de Curitiba. / Aquelas moças vêm de Curitiba.O professor mantém a ordem. / Os professores mantêm a ordem.O advogado intervém em todos os processos. / Os advogados intervêm em todos os processos.

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c) É facultativo o emprego do acento diferencial em dêmos (verbo dar, 1a. pessoa do plural do presente do subjuntivo, para diferenciar de demos (verbo dar, 1a. pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo;e em fôrma (substantivo), para distinguir de forma (substantivo ou 3a. pessoa do singular do presente do indicativo ou 2a. pessoa do singular do imperativo afirmativo).

5. i e u tônicosElimina-se o acento agudo de i e u constituindo hiato tônico apenas quando eles estão precedidos de ditongo.Ex. baiuca, boiuna, Bocaiuva, cheiinho, saiinha,feiura, feiume (Não é o caso de saúde, saída, juízes, por exemplo.)Obs.: ainda levam acento o i e u tônicos de palavras oxítonas, precedidos de ditongo e em posição final, mesmo seguidos de s.Ex. Piauí, tuiuiú, tuiuiús

6. u tônicoElimina-se o acento agudo do u tônico nas formas verbais rizotônicas, quando precedido de g ou q e seguido de e ou i (gue, gui, que, qui).Ex. averigue, apazigue, enxague, argui, obliquem

Uso do hífenEmbora ainda causem polêmica em vários aspectos,as regras para uso do hífen servem para palavras formadas por prefixos ou elementos que podem funcionar como prefixos:aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto,circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper,infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super,supra, tele, ultra, vice etc.

1. Com hífena) quando o prefixo estiver diante de palavra iniciada por h.Ex. anti-herói, anti-higiênico, extra-humano,semi-herbáceo, sobre-humano, super-homem,macro-história, mini-hotel

b) quando o prefixo termina por consoante e o elemento seguinte começa pela mesma consoante.

Ex. hiper-realista, hiper-requintado,hiper-requisitado, sub-bibliotecário, inter-racial,inter-regional, inter-relação, super-racional,super-realista, super-resistente

c) depois do prefixo sub também se o elemento começar por r.

Ex.sub-região, sub-raça

d) quando o prefixo é terminado em vogal e o segundo elemento da palavra começa pela mesma vogal.

Ex.anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, arqui-inimigo, micro-ondas,contra-ataque, semi-internato, micro-orgânico,auto-observação

e) com os prefixos circum e pan antes de palavra iniciada por m, n e vogal.

Ex.circum-navegação, pan-americano,

f) sempre com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice e soto.

Ex.além-mar, além-fronteiras, ex-marido, ex-diretor, ex-prefeito, pós-graduação, pré-vestibular, pré-história, pró-desarmamento,recém-nascido, sem-terra, sem-número,vice-rei, vice-almirante, soto-mestre

g) com sufixos de origem tupi-guarani.

Ex. amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu

h) para unir palavras combinadas ocasionalmente, formando encadeamentos vocabulares.

Ex. eixo Rio-São Paulo, ponte Rio-Niterói, relações Angola-Brasil

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i) em palavras cujos elementos mantêm acento próprio.

Ex.ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente-coronel

j) em palavras que designam espécies botânicas e zoológicas.

Ex.couve-flor, bem-me-quer, erva-do-chá, cobra-d’água

k) em topônimos iniciados por adjetivos grã e grão, por forma verbal ou cujos elementos sejam ligados por artigo.

Ex. Grã-Bretanha, Grão-Pará, Passa-Quatro, Baía de Todos-os-Santos

2. Sem o hífen

a) depois dos prefixos des- e in- em que o segundo elemento perdeu o h inicial.

Ex.desumano, desumidificar, inábil, inumano

b) entre o prefixo que termina em vogal e o elemento que começa com s ou r, duplicando-se essas consoantes.

EX.antirreligioso, antissemita, autorregulamentação, contrarregra, cosseno, cossecante, extrarregular, extrarregimento,infrassom, microssistema, antessala, intrarrenal, ultrarromântico, ultrassonografia, extrasseco, suprassensível.

c) quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.Ex. autopeça, antipedagógico, anteprojeto, geopolítica, autoproteção, semideus, microcomputador, semicírculo, ultramoderno

d) quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.

Ex.antiaéreo, socioeconômico, antiamericano, autoafirmação, autoajuda, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, contraexemplo, contraindicação, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiautomático, supraocular, ultraelevado

Obs.: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o. Ex. coobrigação, coordenação, cooperação

e) quando o prefixo termina em consoante e o segundo elemento começa por vogal ou consoante diferente.

Ex. hiperacidez, hiperativo, interestadual, superamigo, superexigente, superinteressante, superotimismo, superproteção, intermunicipal, hipermercado

f) em palavras que perderam, de certa forma, a noção de composição.

Ex. mandachuva, paraquedas, pontapé, parabrisa, girassol

g) em locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais.

Ex. cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cartão de visita, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de

Exceções consagradas pelo uso: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa.

3. Repete-se o hífen

Na translineação de palavra composta ou combinada com outra, se a partição coincide com o final de um dos elementos. ............................................................... primeiro--ministro

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....................................................................... sul--africano .................................................................. possuí--las

Exercício de acentuação gráfica (De acordo com a Nova Ortografia)

1) Nenhum vocábulo deve receber acento gráfico, exceto:

a) abacaxib) ideiac) assembleia

d) heroie) voo

2) Identifique a alternativa em que há um vocábulo cuja grafia não atende ao previsto no Acordo Ortográfico:

a) aguentar – tranquilidade – delinquente – arguir – averiguemos.b) cinquenta – aguemos – linguística – equestre – eloquentemente.c) apaziguei – frequência – arguição – delinquência – sequestro.d) averiguei – inconsequente – bilíngue – linguiça – quinquênio.e) sequência – redargüimos – lingueta – frequentemente – bilíngue.

3)  Identifique a alternativa em que um dos vocábulos, segundo o Acordo Ortográfico, recebeu indevidamente acento gráfico:

a) céu – réu – véu.b) chapéu – ilhéu – incréu.c) anéis – fiéis – réis.

d) mói – herói – jóia.e) anzóis – faróis – lençóis.

4) As sequências abaixo contêm paroxítonas que, segundo determinada regra do Acordo Ortográfico, não são acentuadas. Deduza qual é essa regra e assinale a alternativa a que ela não se aplica:

a) aldeia – baleia – lampreia – sereia.b) flavonoide – heroico – reumatoide – prosopopeia.c) apoia – corticoide – jiboia – tipoia.

d) Assembleia – ideia – ateia – boleia.e) Crimeia – Eneias – Leia – Cleia.

  5) O uso do acento diferencial, consoante as novas regras, é facultativo nos seguintes casos, exceto em:

a) fôrma (significando molde) b) pôde (no pretérito perfeito do indicativo);c) cantámos (no pretérito perfeito do indicativo);d) amámos (no pretérito perfeito do indicativo);e) dêmos (no presente do subjuntivo).

06) (UFES) O acento gráfico de "três" justifica-se por ser o vocábulo:

a) Monossílabo átono terminado em ES.b) Oxítono terminado em ES.c) Monossílabo tônico terminado em S.

d) Oxítono terminado em S.e) Monossílabo tônico terminado em ES.

7) (UM-SP) Em: "Sei de uma que está fazendo serviço de escritório, proibida de voar por motivo de saúde, e me pergunto que podem significar para ela esses papéis, esses telefonemas, esses recados que circulam num plano de cimento invariável, enquanto, sobre a plataforma das nuvens, suas irmãs caminham, ao mesmo tempo singelas e majestáticas.

"I - "escritório" e "invariável" recebem acento por idêntica razão.II - "papéis" recebe acento gráfico porque é oxítona terminada em ditongo.III - "está" é acentuada graficamente porque todas as oxítonas devem ser acentuadas

Page 13: Apostila -português.doc

a) estão corretas as afirmações I e II.b) estão corretas as afirmações II e III.c) estão corretas as afirmações I e III.

d) todas as afirmativas estão corretas.e) todas as afirmativas estão incorretas.

8 ) (UFSCar-SP- adaptada) Estas revistas que eles .........., .......... artigos curtos e manchetes que todos ...........

a) leem-tem-vêem.b) lêm-têem-vêm.

c) lêem-têm-vêem.d) leem-têm-veem.

e) lêm-tem-vêem.

9) (F. VALEPARAIBANA DE ENSINO) Assinale a alternativa que não contém erro:

a) após, caráter, caju, álbum.b) caqui(cor), dólar, vírus, ritmo.c) ínterim, jóquei, urubú, também.

d) parabéns, atrás, aquí, túnel.e) taxi, enigma, ônus, montanhês.

10) Preencha a lacuna em branco de acordo com o modelo.

Eu creio : eles creem

A) Eu dou; espero que Pedro e Paulo.......................................B) Eu releio; Maria e José....................................................................................C) Eu revejo; papai e mamãe .............................................................................D) Eu provenho; os meninos...............................................................................E) Eu provejo; os alunos......................................................................................F) Eu leio; os meninos e as meninas........................................G) Eu vejo; eles e elas...........................................................................................H) Eu creio; os alunos...........................................................................................I) Eu creio; o menino...............................................................J) Eu vejo; a menina............................................................................................K) Eu tenho; os meninos......................................................................................L) Eu venho; as meninas.....................................................................................M) Eu tenho; a aluna.................................................................N) Eu venho; a menina.............................................................

Page 14: Apostila -português.doc

11) Nas palavras que se seguem, escreva C (certo) ou E (errado) ao seu lado e reescreva de forma correta:

a) ama-lob) júric) parabensd) apôio (s)e) apóio (v)f) aliásg) ascensãoh) nuvemi) chuchuj) vêemk) caíal) paióism) tensn) martiro) trairp) traíraq) urubur) armazénss) abençôat) mausoléuu) corroiv) Eles vem

Page 15: Apostila -português.doc

12) Assinale a alternativa em que ocorre erro na acentuação gráfica da forma verbal acompanhada de pronome.

a) ferí-la b) matá-lo c) compô-lad) vendê-lae) retribuí-la

13) (PUC-SP) Assinale a alternativa de vocábulo corretamente acentuado.

a.hífen b.ítem c. itens d.rítmo

14) Dadas as palavras:I - apóiam II – baínha III – abençoo

Constatamos que está (estão) corretamente grafadasa.apenas a palavra I.b.apenas a palavra II.

c.apenas a palavra III.d.todas as palavras.

15) (Fuvest) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente acentuadas.

a.Tietê – órgão – chapéuzinho – estrêla – advérbio b.fluido – geleia – Tatuí – armazém – caráter c.saúde – melância – gratuito – amendoím – fluídod.inglês – cipó – cafézinho – útil – Itú e.canôa – heroismo – crêem – Sergipe – bambu

16) (ITA) Dadas as palavras:I – puni-los II – instruí-los III – fosseConstatamos que está (estão) devidamente acentuadas

a.apenas a palavra I.b.apenas a palavra II.

c.apenas a palavra III.d.todas as palavras.

17) O item em que necessariamente o vocábulo deve receber acento gráfico:

a.historia b.ciume c.amem d.numero e.ate

18) Assinale o item em que ambas as palavras foram acentuadas seguindo a mesma regra.

a.ausência – saúde b.jóqueis – pensávamos c.pôr – pôde

d.último – baú e.má – vocês

19) (AMAM-RJ) Das palavras abaixo, uma admite duas formas de justificar o acento gráfico, por enquadrar-se em duas regras de acentuação.

a.combustível b.está c.três d.países e.veículo

20) (AMAM-RJ) Assinale o vocábulo acentuado graficamente por imposição de regra diferente das demais.

a.inúmeros b.calmíssima c.cédulas d.cálculo e.uísque

21) (UCDB-MT) Assinale a alternativa em que todos os vocábulos estão corretamente acentuados.

a. sótãos – bússola – urubúb. partí-lo – fusível – vácuo c. mártir – apoio – cortá-lad. guarani – pêlo – jóquei

22) (UFV) Observe as palavras abaixo e assinale a alternativa em que as duas palavras estão corretamente grafadas.

Page 16: Apostila -português.doc

a.Analizar – heurecab.Batizar – hindu c.Catálize - herbívoro

d.Atrasar – pedra-hume e.Framboesa – herva

23) Na ......... plenária, estudou-se a ................. de direitos territoriais a ................... .

a.sessão – cessão – estrangeiros b.seção – cessão – estrangeirosc.secção – sessão – extrangeiros

d.sessão – seção – extrangeirose.seção – sessão – estrangeiros

24) (Acafe-SC) Assinale a alternativa incorreta:

a.Esôfago, órgão e afôito são palavras acentuadas graficamente.b.Bêbado, bálsamo e binóculo são proparoxítonas.

c.Exausto, arroio e ofício são palavras trissílabas.d.Lei e lua apresentam ditongo e hiato, respectivamente.

25) Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas:Não ...............os ................ de................ desse tipo.

a.perdoo, deslizes, indivíduos b.perdôo, deslizes, indivíduos c.perdôo, deslises, individuos

d.perdoo, deslises, indivíduos e.perdoo, deslizes, individuos

26) (F.londrina – PR) O jovem falava com muita............. e grande ................. de gestos.

a.expotaneidade, exuberância b.espontaneidade, exuberanciac.espontaniedade, exuberencia

d.espontaneidade, exuberância e.espontaniedade, exuberância

37) (USF-SP) ................... do herói sem causa, era ................. de arriscar a vida por um ............... nada.

a.Protótipo, capás, quaseb.Prototipo, capaz, quazec.Protótipo, capaz, quase

d.Prototipo, capáz, quasee.Protótipo, capas, quazi

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ORTOGRAFIA : PARÔNIMOS E HOMÔNIMOS

Parônimos são palavras parecidas na grafia ou na pronúncia, mas com significados diferentes.

Eminente (elevado) Iminente (prestes a ocorrer) Ratificar (confirmar) Retificar (corrigir)

Homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia, mas significados diferentes.

Acento (símbolo gráfico) Assento (lugar onde se senta)Caçar (capturar animais) Cassar (tornar sem efeito)São (sadio, adjetivo) São (verbo ser)

Parônimos

Absolver (perdoar, inocentar) Absorver (sorver, aspirar)Arrear (pôr arreios) Arriar (descer, cair)Cavaleiro (que cavalga) Cavalheiro (homem cortês)Comprimento (extensão) Cumprimento (saudação)Descrição (ato de descrever) Discrição (reserva, prudência)Descriminar (tirar a culpa, inocentar) Discriminar (distinguir)Despensa (onde se guardam mantimentos) Dispensa (ato de dispensar)Emigrar (deixar um país) Imigrar (entrar num país)Esbaforido (ofegante, apressado) Espavorido (apavorado)Estada (permanência de pessoas) Estadia (permanência de veículos)Flagrante (evidente) Fragrante (perfumado)Fusível (o que funde) Fuzil (arma)Imergir (afundar) Emergir (vir à tona)Inflação (alta dos preços) Infração (violação)Infligir (aplicar pena) Infringir (violar, desrespeitar)Mandado (ordem judicial) Mandato (procuração)Ratificar (confirmar) Retificar (corrigir)Recrear (divertir, alegrar) Recriar (criar novamente)Sortir (abastecer) Surtir (produzir efeito)Tráfego (trânsito) Tráfico (comércio ilegal)Vadear (atravessar a vau) Vadiar (andar ociosamente)Vultoso (volumoso) Vultuoso (atacado de congestão na face)

Homônimos

Acender (pôr fogo) Ascender (subir)Apreçar (ajustar preço) Apressar (tornar rápido)Bucho (estômago) Buxo (arbusto)Cela (pequeno quarto) Sela (arreio)Censo (recenseamento, pesquisa) Senso (entendimento, juízo)Cerrar (fechar) Serrar (cortar)Chá (bebida) Xá (antigo soberano do Irã)Cheque (ordem de pagamento) Xeque (lance no jogo de xadrez)Concerto (Música) Conserto (corrigir, reparar)Coser (costurar) Cozer (preparar alimentos)Esperto (inteligente, perspicaz) Experto (experiente, perito)Espiar (observar, espionar) Expiar (reparar falta, cumprindo pena)

Estrato (camada) Extrato (o que se extrai de)Incerto (impreciso) Inserto (introduzido, inserido)Incipiente (principiante, iniciante) Insipiente (ignorante)Ruço (pardacento, grisalho) Russo (natural da Rússia)Tachar (atribuir defeito a) Taxar (fixar taxa)Remição (resgate) Remissão (perdão)

Page 18: Apostila -português.doc

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO - ORTOGRAFIA

1) Nas questões abaixo, algumas palavras ou expressões apresentam grafia incorreta. MARQUE I PARA AS INCORRETAS E C PARA AS CORRETAS. As questões marcadas como incorretas deverão ser corrigidas.

( ) Se ele realmente quisesse, seria uma boa pessoa.........................................................

( ) É preciso atenção para compreensão de textos..............................................................

( ) Ele ficou frustado com o problema...................................................................................

( ) Prestarei acessoria jurídica quando me formar................................................................

( ) O Meretíssimo Sr. Juiz de Direito da 2ª Vara é muito competente..................................

( ) Tem pretensão de mudar de profissão algum dia? .........................................................

( ) Não sei o que fazer, porisso me desespero. ...................................................................

( ) O Exelentíssimo Juiz da 3ª Vara adoeceu hoje, portanto não comparecerá às audiências.

.......................................................................................................................................................

( ) A inscrição para o evento foi gratuita. .............................................................................

( ) Eu comi dois mixtos quentes esta manhã. ......................................................................

( ) Toda regra tem excessão. ...............................................................................................

( ) Houve muita discursão sobre o assunto. ........................................................................

( ) Para quem quiser, há sempre alguma coisa a fazer pelos outros. .................................

( ) Ele entrou derrepente na sala. ........................................................................................

( ) Não houve empecílios para a realização do evento. ......................................................

( ) A atividade foi muito prazerosa. ......................................................................................

( ) O acessor encomendou muitos presentes para o fim do ano. ........................................

( ) Mesmo nos momentos de indisciplina, é importante manter a calma. ............................

( ) Ele é muito pretencioso. ..................................................................................................

( ) Por traz de um grande homem, há sempre uma grande mulher. ...................................

( ) Ficou prostado com a situação. ......................................................................................

( ) Se ele realmente quisesse, seria uma boa pessoa. ........................................................

( ) Falta consciência coletiva para melhorar o mundo. .......................................................

2) A grafia da palavra sublinha está incorreta em:

a) O deputado defendeu a descriminação da maconha.b) Sua ascensão à presidência da firma surpreendeu a todos.c) Todos o julgavam, com razão, demasiadamente pretencioso. d) Os deputados não queriam acabar com os próprios privilégios.e) A disputa entre os cônjuges só poderia ser resolvida nos tribunais.

3 ) Complete com as palavras em parênteses:

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a) Ele é muito ignorante naquela matéria, logo é um ....................................... (incipiente-insipiente)

b) Quero ....................................... sempre minha roupa. (coser-cozer)

c) O juiz ....................................... o réu. (absolveu-absorveu)

d) O ....................................... de prisão era claro, por isso ele fugiu do oficial. (mandado-mandato)

e) As campanhas.......................................tentam minimizar os problemas. (beneficente-beneficiente)

f) Quero me ....................................... para não perder o horário. (apressar-apreçar)

g) A ....................................... do perfume era deliciosa. (fragrância-flagrância)

h) Durante os intervalos, é preciso....................................... para distrair. (recrear – recriar)

i) Quero....................................... as cortinas para não ver a rua. (cerrar-serrar)

j) Ele....................................... sempre quando faz ginástica. (sua-soa-assoa)

4) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas: “Por ___________ as normas de trânsito, as autoridades houveram por bem ___________-lhe um pesado castigo: ________ sua Carteira de Habilitação”.

a) infrigir/ infligir/cassar b) infringir/inflingir/cassar c) infringir/infligir/caçar

d) infringir/infligir/cassar e) infrigir/inflingir/cassar

5) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas:

“Era____________________a descoberta de novos campos produtivos quando o____________________

engenheiro deu um ___________________desfalque no sistema financeiro da empresa”.

a) iminente/eminente/voltuoso. b) eminente/eminente/voltuoso c) iminente/iminente/vultoso.

d) iminente/eminente/vultoso. e) eminente/iminente/vultuoso.

6) Nos pares de palavras abaixo, identifique qual a grafia correta:

a) mendingo ou mendigob) beneficente ou beneficientec) estuprada ou estrupada d) companhia ou companiae) dignitário ou dignatáriof) cabelereiro ou cabeleireiro g) adivinhar ou advinhar h) lagartixa ou largartixa i) ritmo ou ritimo

7) (PUC-CAMPINAS/SP) Barbarismos ortográficos acontecem quando as palavras são grafadas em desobediência à lei ortográfica vigente. Indique a única alternativa que está de acordo com essa lei e, por isso, correta:

a) discernir/herbívoro/fixáriob) desenteria/pretensão/secenta c) ascensão/intercessão/esplêndido d) rejeição/berinjela/xuxu e) jeito/mecher/consenso

8) (ITA/SP) Dadas as palavras:

Page 20: Apostila -português.doc

I) disenteria II) deferimento III) esplendor

Verificamos que está (estão) corretamente grafada(s):

a) Apenas nº I b) Apenas nº II c) Apenas nº III d) nº I e II e)todas alternativas

9) (U.E./B.A.) Mesmo que .............. não conseguiríamos ............... na equipe de trabalho o nosso ............. colega.

a) quiséssemos / encaichar / pretencioso b) quiséssemos / encaixar / pretensiosoc) quiséssemos / encachar / pretensioso d) quiséssemos / encaxar / pretensioso

10) (ITA/SP) Dadas as palavras:

I) atravez II) cortês III) atráz

Constatamos que está (estão) devidamente grafada(s):

a) Apenas nº I b) Apenas nº II c)Apenas nº III d) todas alternativas e) n.d.a

11) (U.F. PELOTAS/RS) .......... de nosso esforço, o trabalho ficou ...........

a) a pesar / paralisado b) a pezar / paralizado c) apesar - paralisadod) apesar / paralizado e) apezar - paralizado

12) Complete a seguinte frase:

“As palavras RATIFICAR E RETIFICAR são ......................... e têm por sinônimo, respectivamente, ................... e ........................”

a) homônimas / corrigir / refazer b) homônimas / repor / concertarc) parônimas / confirmar / corrigir d) parônimas / corrigir / afirmare) antônimas / confirmar / compor

13)Dê o significado de docente, discente, infringir e emergir, respectivamente:

a) relativo a professor, a aluno, violar, subir b) relativo a professor, a aluno, transgredir, descer

c) relativo a aluno, professor, violar, subir d) relativo a aluno, professor, violar, afundar

ATIVIDADES

1) Copie as frases abaixo fazendo a opção pelo homônimo ou pelo parônimo adequado a cada caso:

a) Não sei o que é mais útil (coser, cozer) as próprias roupas ou (coser, cozer) a própria comida.

b) É provável que poucas pessoas (viagem, viajem) nestas férias. O preço de uma (viagem, viajem) está proibitivo.

c) O deputado foi (tachado, taxado) de fisiológico. Seu único desejo era ter (tachado, taxado) ainda mais os produtores e trabalhadores.

d) Resolveu tomar uma xícara de (chá, xá) após ter-se encontrado com um lunático que dizia ser o (chá, xá) da Pérsia.

e) Fui colocado em (cheque, xeque) quando o gerente da loja recusou-se e aceitar meu (cheque, xeque).

f) A (cessão, seção, sessão) de terras aos posseiros foi decidida pela Assembleia Legislativa em (cessão, seção, sessão) extraordinária. A legalização das doações deverá ser feita pela (cessão, seção, sessão) competente do Ministério Público.

Page 21: Apostila -português.doc

g) Não teve tempo de (espiar, expiar) as culpas antes de (espiar, expirar).

h) A (tenção, tensão) de fazer um (censo, senso) em 1990.

i) A (incipiente, insipiente) tecnologia brasileira não encontra estímulos ao seu desenvolvimento.

j) A (cessão, seção, sessão) da Câmara decretou que o deputado suspeito tivesse seu (mandato, mandado) (caçado, cassado).

k) A vontade de (acender, ascender) socialmente o fazia um hipócrita inescrupuloso. Rendia (pleitos, preitos) a diversos figurões, sem nenhuma exceção.

l) Agiu com (descrição, discrição) ao ser convocado para fazer a (descrição, discrição) dos envolvidos no caso.

m) Inutilmente, várias entidades protestaram contra a (descriminação, discriminação) pela qual os jurados haviam decidido. Afinal, tratava-se de um crime de (descriminação, discriminação) racial.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO – SEPARAÇÃO DE SÍLABAS

1) Dadas as palavras

a) tung – stê - nio b) bis – a – vô c) du – e – lo

Constatamos que a separação de silabas está correta em:

a) em duas palavras. b) apenas na palavra da letra b.c) apenas na palavra da letra c. d) em todas as palavras.

2)Está correta a separação silábica de todas as palavras da opção:

a) cai–xi–nha ba–lai–o pro–fes-sor. b) res– pon–di–a si–len–ci–o a–bo–toan-do.c) i-gno-ra po-é-ti-ca his-tó-ria. d) me-lan-co-lia obs-cu-ro p-neu.

3)Separe em sílabas as palavras:

Gratuito Tradições

Possui Ideia

Bisavô Plurissignificativa

Subterrâneo Orações

Papagaio Suboficial

Rubrica Processo

Passarinho Saída

Transatlântico Linguagem

Subestimar Ameixa

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Biologia Ritmo

ORTOGRAFIA – EXPRESSÕES QUE CAUSAM DÚVIDAS

1.   BEM-VINDO/ BENVINDO

A saudação é BEM-VINDO (=bem recebido):

“Seja bem-vindo.”

“Ele será bem-vindo a esta cidade.”

BENVINDO é nome próprio de pessoa:

“Ele se chama Benvindo.”

2.   EM VEZ DE/ AO INVÉS DE

AO INVÉS DE = ao contrário de:

“Ele entrou à direita ao invés da esquerda.’

“Subiu ao invés de descer.”

EM VEZ DE = em lugar de:

“Foi ao clube em vez de ir à praia.”

“Apertou o botão vermelho em vez do azul.”

3.   MAIS/ MAS / MÁS

MAIS = opõe-se a MENOS:

“Hoje estou mais satisfeito.” (=poderia estar menos satisfeito)

“Compareceram mais pessoas que o esperado.” (=poderiam ser menos pessoas)

MAS = porém, contudo, todavia, entretanto:

“Estudou mas foi reprovado.” (=porém)

“Não foram convidados, mas vieram à festa.” (=entretanto)

MÁS = plural do adjetivo MÁ; opõe-se a BOAS:

“Não eram más ideias.” (=eram boas ideias)

“Estavam com más intenções.” (=não tinham boas intenções)

4.  POR ISSO/ POR ISSO

“PORISSO” não existe.

Use sempre POR ISSO:

“Ele trabalha muito, por isso merece uns dias de folga.”

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5.  SENÃO/ SE NÃO

SE NÃO = se (conjunção condicional = caso) + não (advérbio de negação):

“Se não chover, haverá jogo.” (=Caso não chova)

“O presidente nada assinará, se não houver consenso.” (=caso não haja consenso)

Usaremos SENÃO em quatro situações:

SENÃO = de outro modo, do contrário:

“Resolva agora, senão estamos perdidos.” (=do contrário estamos perdidos);

SENÃO = mas sim, porém:

“Não era caso de expulsão, senão de repreensão.” (=mas sim de repreensão);

SENÃO = apenas, somente:

“Não se viam senão os pássaros.” (=somente os pássaros eram vistos);

SENÃO = defeito, falha:

“Não houve um senão em sua apresentação.” (=não houve nenhuma falha, nenhum defeito).

6.  SOB/ SOBRE

SOB = embaixo:

“Estamos sob uma velha marquise.”

“Ficou tudo sob controle.”

SOBRE = em cima de:

“A lágrima corria sobre a face.”

“Deixou os livros sobre a mesa.” (=em cima da mesa)

7.   TAMPOUCO/ TÃO POUCO

TAMPOUCO = nem:

“Não trabalha tampouco estuda. (=nem estuda)

OBSERVAÇÃO:

“Não trabalha nem tampouco estuda.” (=nem tampouco é redundante)

Basta: “Não trabalha nem (ou tampouco) estuda.”

TÃO POUCO = muito pouco:

“Estudou tão pouco que foi reprovado.”

8.  TODO / TODO O

TODO = qualquer:

“Ele realiza todo trabalho que se solicita.” (=qualquer trabalho)

“Toda mulher merece carinho.” (=todas as mulheres)

“Todo país tem seus problemas.” (=qualquer país, todos os países)

TODO O = inteiro:

Page 24: Apostila -português.doc

“Ele realizou todo o trabalho.” (=o trabalho inteiro)

“Acariciava toda a mulher.” (=a mulher inteira)

“Haverá vacinação em todo o país.” (=no país inteiro)

Um forte abraço. Nosso minicurso continua na próxima semana.

9.   A/ HÁ

“Espero que não haja obstáculos à realização das provas, daqui A ou HÁ uma semana”?

O correto é “…daqui A uma semana”.

a) HÁ (=de verbo HAVER) só poderia ser usado caso se referisse a um

tempo já transcorrido:

“Não nos vemos há dez dias.” (=FAZ dez dias que não nos vemos)

“Há muito tempo, ocorreu aqui uma grande tragédia.” (=FAZ muito tempo)

b) A = quando a ideia for de “tempo futuro”, devemos usar a preposição “a”:

“Espero que não haja obstáculos à realização das provas, daqui a uma semana.”

“Só nos veremos daqui a um mês.”

Decore a “dica”:

Tempo passado = HÁ (=FAZ);

Tempo futuro     =  A

OBSERVAÇÃO: 

Quando a ideia for de “distância”, também devemos usar a preposição “a”:

“Estamos a dez quilômetros do estádio.”

“O estacionamento fica a poucos metros do aeroporto.”

10.   A CERCA DE/ HÁ CERCA DE / ACERCA DE?

a) A CERCA DE = A (preposição) + CERCA DE (perto de,

aproximadamente):

“Estamos a cerca de dez quilômetros do estádio.” (=Estamos aproximadamente a dez quilômetros do

estádio – ideia de distância);

ou       A CERCA DE = A (artigo) + CERCA (substantivo) + DE (preposição):

“A cerca de arame farpado foi cortada.”

b) HÁ CERCA DE = HÁ (verbo) + CERCA DE (perto de,

aproximadamente):

“Não nos vemos há cerca de dez anos.” (=FAZ aproximadamente dez anos que não nos vemos);

ou       “Há cerca de dez pessoas na sala de espera.” (=EXISTEM perto de dez pessoas na sala de

espera);

Page 25: Apostila -português.doc

c) ACERCA DE = a respeito de, sobre:

“Falávamos acerca do jogo de ontem.”

11.   ABAIXO/ A BAIXO

a) ABAIXO = embaixo, sob:

“Sua classificação foi abaixo da minha.”

b) A BAIXO = para baixo, até embaixo:

“Ela me olhava de alto a baixo.”

12. ABAIXO-ASSINADO / ABAIXO ASSINADO

a) O documento que se assina é um ABAIXO-ASSINADO:

“Entregamos o abaixo-assinado ao diretor.”

b) Quem assina o documento é um ABAIXO ASSINADO:

“O abaixo assinado, Dr. Fulano de Tal, vem respeitosamente…”

13.   AFIM/ A FIM

a) Quem tem afinidades são pessoas AFINS:

“As duas têm pensamentos afins”.

“Ele é afim de Fernanda”. (no sentido de parente)

b) A FIM DE= para, com o propósito de:

“Estuda a fim de vencer a barreira do vestibular.”

“Veio a fim de trabalhar.”

14.   A PAR/ AO PAR

a) A PAR = estar ciente:

“Ele está a par de tudo.”

b) AO PAR = título ou moeda de valor idêntico:

“O câmbio está ao par.”

15.   AO ENCONTRO DE/ DE ENCONTRO A

a) AO ENCONTRO DE = a favor, em conformidade:

“Qualidade é ir ao encontro das necessidades e das expectativas do cliente.”

“Estamos satisfeitos porque sua decisão vai ao encontro das nossas reivindicações.”

b) DE ENCONTRO A = ir contra, idéia de oposição:

“Ficamos insatisfeitos porque a sua proposta vai de encontro aos nossos desejos.”

“Discutimos pois suas ideias vão de encontro às minhas.”

Page 26: Apostila -português.doc

16. QUE/QUÊ 

Que: pronome, conjunção, advérbio ou partícula expletiva: Ex: Convém que o assunto seja esquecido rapidamente. Quê: monossílabo tônico, substantivo, ou interjeição. Ex: Você precisa de quê? 

17. DEMAIS/DE MAIS 

Demais: advérbio de intensidade, sentido de “muito”. Ex: Você é chato demais. Demais também pode ser pronome indefinido, sentido de “os outros”. Ex: Alguns professores saíram da sala enquanto os demais permaneceram atentos às orientações. 

De mais: opõe-se a de menos. Ex: Não vejo nada de mais em seu comportamento. 

18. NA MEDIDA EM QUE/ À MEDIDA QUE

Na medida em que: equivale a porque, já que, uma vez que. 

Ex: Na medida em que os projetos foram abandonados, os estagiários ficaram desmotivados. 

À medida que: indica proporção, equivale a à proporção que. 

Ex: A emoção aumentava à medida que o momento da apresentação se aproximava.

19. MAL/MAU 

Mal: advérbio (opõe-se a bem), como substantivo indica doença, algo prejudicial: Ex: Ele se comportou muito mal. (advérbio) Ex: A prostituição infantil é um mal presente em todas as partes do Brasil. (substantivo) 

Mau: adjetivo (ruim, de má qualidade) Ex: Ele não é um mau sujeito. 

20. ONDE/ AONDE 

Onde: lugar em que se está ou que se passa algum fato: 

Ex: Onde você foi hoje? 

Aonde: indica movimento (refere-se a verbos de movimento):Ex: Aonde você vai? 

21. MEIO/ MEIA

Meio: quando for equivalente a "um pouco" ou "mais ou menos". Trata-se de um advérbio, por isso é invariável (não muda no plural nem no feminino). Exemplos: 

O vitrô ficou meio aberto. 

A janela ficou meio aberta. 

As janelas ficaram meio abertas. 

Meio/meia: quando for equivalente a "metade". É adjetivo, por isto é variável (muda no feminino e no plural). Exemplos: 

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Andaram meio quilômetro dentro do mato. 

Andaram meia légua antes de encontrarem água. 

Agora é meio-dia e meia (hora). 

22. A PRINCÍPIO/ EM PRINCÍPIO/ POR PRINCÍPIO

A princípio significa: no começo, inicialmente, antes de mais nada, antes de tudo, antes de qualquer

coisa:

A princípio, gostaria de dizer que estou bem.

 A princípio, pensava em sair, mas arrependeu-se.

Em princípio equivale a: em tese, de modo geral:

Todos, em princípio, são iguais perante a lei.

Em princípio, todos o estimavam.

Em princípio, todos concordaram com minha sugestão.

Por princípio quer dizer por convicção:

Por princípio, não tolero pessoas racistas.

USO DOS PORQUÊS

Há quatro maneiras de se escrever o porquê: porquê, porque, por que e por quê. Vejamo-las:

Porquê

É um substantivo, por isso somente poderá ser utilizado, quando for precedido de artigo (o, os),

pronome adjetivo (meu(s), este(s), esse(s), aquele(s), quantos(s)...) ou numeral (um, dois, três,

quatro)

Exemplos:

• Ninguém entende o porquê de tanta confusão.

• Este porquê é um substantivo.

• Quantos porquês existem na Língua Portuguesa?

• Existem quatro porquês.

Por quê

Sempre que a palavra que estiver em final de frase, deverá receber acento, não importando qual seja o

elemento que surja antes dela.

Exemplos:

• Ela não me ligou e nem disse por quê.

• Você está rindo de quê?

• Você veio aqui para quê?

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Por que

Usa-se por que, quando houver a junção da preposição por com o pronome interrogativo que ou com o

pronome relativo que. Para facilitar, dizemos que se pode substituí- lo por por qual razão, pelo qual, pela

qual, pelos quais, pelas quais, por qual.

Exemplos:

• Por que não me disse a verdade? = por qual razão

• Gostaria de saber por que não me disse a verdade. = por qual razão

• As causas por que discuti com ele são particulares. = pelas quais

• Ester é a mulher por que vivo. = pela qual

Porque

É uma conjunção subordinativa causal ou conjunção subordinativa final ou conjunção

coordenativa explicativa, portanto estará ligando duas orações, indicando causa, explicação ou

finalidade. Para facilitar, dizemos que se pode substituí-lo por já que, pois ou a fim de que.

Exemplos:

• Não saí de casa, porque estava doente. = já que

• É uma conjunção, porque liga duas orações. = pois

• Estudem, porque aprendam. = a fim de que

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Exercícios

Complete com MAIS, MAS ou MÁS:

01 - Pedro estuda, ______________ não aprende.

02 - Vendeu ______________ livros neste mês que no anterior.

03 - Bonitinha, ______________ ordinária.

04 - A população pede ______________ escolas.

05 - Ela não é bonita, ______________ conquista pela simpatia.

06 - Ele foi quem ______________ tentou; ainda assim, não conseguiu.

07 - Dizem as ______________ línguas que ele vai ser o nosso prefeito.

08 - Municípios exigem ______________ escolas.

09 - Amor é igual fumaça: sufoca, ______________passa.

10 - Este país está cada dia ______________ violento.

Complete com a palavra adequada:

1. Você agiu muito...................por não repreender aquele.............elemento (mau-mal)

2. Tenha a certeza absoluta de que não te quero........................(mau-mal)

3. Aquele povoado foi atacado por um........................terrível (mau-mal)

4. Trata-se de uma questão............................resolvida (mau-mal)

5. Agora é um..........................momento para se comprar dólares. (mau-mal)

6. Daqui........................pouco chegaremos..........Maceió. (a- há)

7.................muito tempo que não vejo Luciana. (a- há)

8. De São Paulo.................Campinas...............uma distância de 90 quilômetros. (a -há)

9. A aula começará daqui........................dez minutos. (a- há)

10. Estou esperando Maria Helena..........................mais de duas horas. (a -há)

11. .......................estão aqueles livros? (onde- aonde)

12. Não sei.....................te encontrar (onde -aonde)

13. ....................você vai amanhã? (onde -aonde)

14. Pense nos ideais.......................batalhamos todos os dias. (por que- porque)

15. Eles não vieram à reunião......................? (por que – por quê – porquê)

16. Ainda vou descobrir o .................dessa polêmica. (porque – por quê – por que –porquê)

17. Ele teve...............uma decepção,...................agora já está......................conformando. (mas, mais, más)

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18. Eu sabia que você........................cedo ou.....................tarde iria voltar (mas- mais)

19. O diretor tomou medidas que vêm..........................às reivindicações dos alunos,

tornando, desse modo, inevitável o movimento dos alunos (ao encontro, de encontro).

20. O diretor tomou medidas que vêm ..........................reivindicações dos alunos,

evitando, dessa forma, o movimento dos alunos. (ao encontro de – de encontro às).

21. Estamos aqui...............................resolvermos esses problemas. (a fim de, afim, afins).

22. Haviam insistido...................................(demais – de mais).

23. Os ............................. podem sair! (demais, de mais).

24. Ele estava...........da situação. O dólar realmente está...............do euro. (a par, ao par).

25................fosse meus amigos, hoje eu não estaria estudando aqui. (senão- se não).

26. Todos os dias ele não faz outra coisa....................reclamar. (se não – senão).

27. “Não há............que sempre dure nem..........que sempre perdure”. (mal-mau).

28. ..........Você faltou ontem?. Aliás, Ana também faltou...........? (porque – por

que – por quê – porquê).

29 . O Juiz...................o assassino de Maria Eduarda. (descriminou – discriminou).

30 . Já começou a......................de cinema? (seção – sessão – cessão)

31. Na semana do meio ambiente, a professora pegou alguns alunos no........................(flagra – fragra).

32. O carro precisa de alguns...................(concertos – consertos)

33. Ele não tem ...................de humor. (censo – senso).

34. Comprei.................de carne e...................dúzia de laranjas. (meia – meio)

35. Não estou....................de ir ao cinema hoje. ( a fim de – afim).

36. Papai me deixou ir ao cinema.................com uma condição...(mas – mais)

37. Estou feliz, pois suas idéias .......................com as minhas. (vêm de encontro – vão ao encontro).

38. .......................... significa separar. (discriminar – descriminar).

Complete com SENÃO ou SE NÃO:

01 - Vá de uma vez, ______________ você vai se atrasar.

02 - Nada mais havia a fazer ______________ conformar-se com a situação.

03 - O presidente nada assinará ______________ houver consenso.

04 - Luta, ______________ estás perdido.

05 - Não era ouro nem prata, ______________ ferro.

06 - Havia dois jogadores, ______________três.

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07 - Não encontrei um ______________ na apresentação da peça.

08 - ______________for possível despachar a mercadoria, telefone-me.

09 – E foi ______________ quando os presentes o puderam desmascarar.

10 - Quem poderia ser ______________ você?

TIPOLOGIA TEXTUAL

ESCREVER

Escrever bem é uma das tarefas mais importantes e frequentes do mundo atual. A boa escrita e o entendimento do idioma são fundamentos da capacidade de ser e realizar, da cidadania e da competência.

ESCREVER E LER SÃO ATOS INDISSOCIÁVEIS

O TEXTO ESCRITO

Descrever, narrar e dissertar são três habilidades que fazem parte do amplo e multifacetado processo de aprendizagem e vivência de uma língua. Elas dão origem aos chamados gêneros redacionais, que, com finalidade didática, dividem os textos em descritivos, narrativos e dissertativos.

Narração: Narrar é contar. Nas narrações, somos chamados a contar as nossas histórias: as vividas, as imaginárias, as ouvidas, as lidas etc. Ao narrar, criamos personagens, construímos enredos. A narração exige de nós muita imaginação criadora: o que acontece, como acontece, com quem, onde, como e quando. Para isso, o texto narrativo apresenta uma sequência de fatos, em que há a presença de narrador, personagens, enredo, objetos, cenário, tempo, apresentação de um conflito; uso de verbos de ação; geralmente, é mesclado de descrições; o diálogo direto e indireto são frequentes.

Descrição: Descrição é o universo estático - retrato de pessoas, objetos, ambientes, paisagens. Predomínio de atributos – uso de verbos de estado; frequente emprego de metáforas, comparações e outras figuras de linguagem; tem como resultado a imagem física ou psicológica.

Dissertação: Dissertação é o universo do cotidiano – texto de intenção persuasiva; defende-se um ponto de vista sobre determinado assunto fundamentado com argumentos consistentes; linguagem com padrão formal da língua. Tudo isso para possibilitar a defesa de um argumento. Estrutura: apresentação de um exórdio que será defendido, desenvolvimento ou argumentação e fechamento. Neste tipo de texto há o predomínio da linguagem objetiva e prevalece a denotação.

Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção.(MARCUSCHI, 2002).

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A ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO PADRÃO

Assim, os elementos estruturais de um texto dissertativo são:

Tema: o assunto sobre o qual se escreve.

Ponto de vista: a posição que se assume diante do tema.

Argumentação: a fundamentação do posicionamento, a defesa do ponto de vista.

A dissertação e a argumentação têm características próprias. O objetivo da dissertação é explicar ou interpretar ideias. A argumentação visa convencer o interlocutor.

Na argumentação, além de externamos nossa opinião sobre um determinado assunto, tentamos formar a opinião de quem nos lê ou ouve, através da apresentação de razões em face de evidência das provas.

Tradicionalmente o texto dissertativo apresenta uma estrutura constituída por três partes: a tese, o desenvolvimento e a conclusão. Essa estrutura, quando bem articulada, contribui para que as ideias sejam expostas com clareza e objetividade.

TESE

É a ideia que se deseja desenvolver ou provar na dissertação. Normalmente, encontra-se na introdução do texto, ou seja, no parágrafo de abertura, responsável pela apresentação do assunto.

A tese pode ser acompanhada de exemplos, de dados estatísticos, de situações ou casos ilustrativos; pode também consistir em uma pergunta. O importante é que ela seja formulada com clareza e se articule harmonicamente com o restante do texto.

DESENVOLVIMENTO:

Esta é a parte fundamental da dissertação, dela depende a profundidade, a coerência e a coesão do texto. Deve-se fazer uma prévia das ideias que fundamentarão a tese e dividi-las em parágrafos.

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A princípio, como critério organizador, cada ideia do desenvolvimento poderá constituir um parágrafo, claro que com a devida flexibilidade. Entre os parágrafos, deve haver uma concatenação natural das ideias; para isso auxiliam certos conectores, como “por outro lado”, “além disso”, “mesmo assim”, entre outros, garantem coesão ao texto.

CONCLUSÃO:

É a parte final do texto, para a qual convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas. Há dois tipos básicos de conclusão:

Resumo: retoma e sintetiza as ideias anteriormente desenvolvidas.

Sugestão: são feitas propostas para a resolução de problemas.

FATORES DE TEXTUALIDADE: COERÊNCIA E COESÃO

Quando escrevemos um texto, uma das maiores preocupações é como amarrar a frase seguinte à anterior. Isso só é possível se dominarmos os princípios básicos de coesão. A cada frase enunciada devemos ver se ela mantém um vínculo com a anterior ou anteriores para não perdemos o fio do pensamento. De outra forma, teremos uma sequência de frases sem sentido, sucedendo-se umas as outras sem muita lógica, sem nenhuma coerência.

A coesão, no entanto, não é só esse processo de olhar constantemente para trás. É também o de olhar para adiante. Um termo pode esclarecer-se somente na frase seguinte. Se minha frase inicial for Pedro tinha um grande desejo, estou criando um movimento para adiante. Só vamos saber de que desejo se trata na próxima frase: ele queria ser médico. O importante é cada enunciado estabelecer relações estreitas com os outros a fim de tornar sólida a estrutura do texto.

Mas não basta costurar uma frase a outra para dizer que estamos escrevendo bem. Além da coesão, é preciso pensar coerência. Você pode escrever um texto coeso sem ser coerente. Por exemplo:

Os problemas de um povo têm de ser resolvidos pelo presidente. Este deve ter ideias muito elevado. Esses ideais se concretizarão durante a vigência de seu mandato. O seu mandato deve ser respeitado por todos.

Ninguém pode dizer que falta coesão a esse parágrafo. Mas de que ele trata mesmo? Dos problemas do povo? Do presidente? Do seu mandato? Fica difícil dizer. Embora ele tenha coesão, não tem coerência. Retomar a cada frase uma palavra da anterior não significa escrever bem. A coesão não funciona sozinha. No exemplo acima, teríamos que, de imediato, decidir qual a sua palavra-chave: presidente ou problemas do povo? A palavra escolhida daria estabilidade ao parágrafo. Sem essa base estável, não haverá coerência no que se escrever; e o resultado será um amontoado de ideias. Enquanto coesão se preocupa com a parte visível do texto, sua superfície, a coerência vai mais longe, preocupa-se com o que se deduz do todo.

A coerência exige uma concatenação perfeita entre as diversas frases, sempre em busca de uma unidade de sentido. Você não pode dizer, por exemplo, numa frase, que o “desarmamento da população pode contribuir para diminuir a violência”, e, na seguinte, escrever: “Além disso, o desemprego tem aumentado substancialmente”. É flagrante a incoerência existente entre elas.

Vejamos o texto abaixo:

Ulysses era impressionante sobre vários aspectos, o primeiro e mais óbvio dos quais era a própria figura. Contemplado de perto, cara a cara, ele tinha a oferecer o contraste entre as longas pálpebras, que subiam e desciam pesadas como cortinas de ferro, e os olhos claríssimos, de um azul leve como o ar. As pálpebras anunciavam profundezas insondáveis. Quando ele as abria parecia estar chegando de regiões inacessíveis, a região dentro de si onde guardava sua força.

Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 21, out.1992.

Esse trecho de reportagem gira em torno de Ulysses Guimarães, que é sua palavra-chave. É direta ou indireta do nome de Ulysses que dá estabilidade ao texto, encaminhando-o numa só direção: fazer uma descrição precisa desse político brasileiro. Além disso, as frases estão bem amarradas porque

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seu redator soube usar com precisão alguns dos recursos de coesão textual, tanto dentro da frase, quanto ao passara de uma frase para outra. A coesão interna é tão importante quanto a externa.

Vejamos em primeiro lugar os recursos de que Roberto Pompeu se utiliza para manter a coesão dentro de cada frase:

1 – na primeira frase, vários aspectos projeta o texto para adiante. A palavra aspectos é retomada pelo segmento o primeiro e mais óbvio dos quais era a própria figura.

2 – na segunda frase, o pronome relativo que retoma as longas pálpebras: que (as quais) subiam e desciam.

3 – na última frase:

O relativo onde mantém o elo coesivo com a região dentro de si onde (na qual) guardava sua força.

E os pronomes si (dentro de si) e sua (sua força) reportam-se ao sujeito ele de quando ele as abria.

Agora é preciso ver como se realiza a coesão de frase para frase:

1 – o ele da segunda frase retoma o nome Ulysses, enunciado logo no início da primeira:

2 – as pálpebras da terceira frase retoma as longas pálpebras da frase anterior.

3 – na última frase, o sujeito ele (quando ele as abria) refere-se mais uma vez a Ulysses e o pronome as retoma pálpebras da frase anterior.

Em nenhum momento, o autor da reportagem se desvia do assunto (Ulysses Guimarães) porque se mantém atento à coesão.

A coerência é vista como uma continuidade de sentido perceptível no texto. É ela que oferece ao interlocutor o sentido do que ele está lendo. É a unidade linguística do texto. Portanto, as ideias devem estar de tal forma organizadas que não produzam contradição ou dúvidas pela má conceituação. Pode-se incorrer num tipo de incoerência advinda do choque de conceitos muito subjetivos com aqueles que representam consenso de conhecimento na realidade externa do texto, ou, ainda, num outro tipo (incoerência interna) em que há choque de uma informação com outra já registrada no mesmo texto.

A coesão é vista como a ligação entre os elementos superficiais do texto. Considera-se o modo como eles se relacionam, o modo como as frases ou parte delas se combinam. Para assegurar um desenvolvimento proposicional. Deve haver, via de regra, um vínculo gramatical de significado entre as palavras, expressões, períodos e parágrafos, ou a coesão existirá pela lógica bem composta dos enunciados. Evitar, portanto, a quebra da progressão discursiva, a imprecisão de termos, a inobservância das regras de regência, concordância, etc. Um texto deve apresentar uma unidade de significado e esses dois aspectos (coerência e coesão) são indispensáveis para esse fim, ou o texto será um amontoado aleatório de palavras e frases.

EXEMPLO: TEXTO SEM COERÊNCIA

"A limitação, vem pelo próprio meio o qual a nossa convivência, e a comunicação principalmente estão deixando-a de lado. Provém a razão disso é pelo fechamento entre as pessoas, que a tendência está cada vez mais evolutiva, ao processo de revolucionar sem tentar dar esclarecimento, nos pondo de um jeito todo limitado, num mundo de concreto, frio sem razão, de se chegar a uma conclusão o que realmente, nos devemos pensar, falar, escrever; ao certo sem que pelo menos nós próprios não tentamos procurar, respostas para todos os acontecimentos, isso provoca o fechamento total entre as palavras e o homem".

(De estudante de curso universitário, explicando a tese - "Os limites de minha linguagem significam os limites do meu mundo", previamente (UFG) analisada em aula.)

EXEMPLO DE COERÊNCIA E COESÃO

A criação tecnológica e a ética por natureza. A operação econômica e a ética por necessidade. A decisão política e a ética por conveniência.

Querer culpar a tecnologia moderna por todos os distúrbios ecológicos do planeta é o mesmo que bradar pela prisão do fabricante de talheres em cada assassinato a faca. A ciência aplicada nada tem a ver com o mau uso que o detentor do poder político, sustentado pelo poder econômico, faz das conquistas de laboratório.

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Do aço sai o punhal que mata e o bisturi que salva. Do átomo sai a radioterapia do corpo e o genocídio da bomba, a radiação que envenena e a radiação que preserva.

É uma questão política. Hoje, Dia Mundial do Meio Ambiente, deve ser entendido como o Dia Mundial do Bom Senso: o do

uso correto e prudente das ferramentas que o "homo sapiens" deposita nas mãos do "homo faber". Joelma Betine

A coesão colabora com a coerência, porque os conectivos ajudam a dar o sentido à união de duas ou mais ideias: alternância, conclusão, oposição, concessão, adição, explicação, causa, consequência, temporalidade, finalidade, comparação, conformidade, condição.

As ideias numa dissertação precisam se completar, a geral se apoia na particular, a particular sustenta a geral. Na narração, se uma personagem for negra no começo, será assim até o fim, só Michel Jackson trocou de cor. A menos que a mudança da coloração seja significativa.

Veja um exemplo de incoerência na dissertação: “O verdadeiro amigo não comenta sobre o próprio sucesso quando o outro está deprimido. Para distraí-lo, conta-lhe sobre seu prestígio profissional, conquistas amorosas e capacidade de sair-se bem das situações. Isso, com certeza, vai melhorar o estado de espírito do infeliz”.

Exemplo de incoerência em narração: “O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas de Shakespeare”.

DICAS IMPORTANTES:

• Leia atentamente o que está sendo solicitado. Atualmente, as propostas se aproximam da realidade dos candidatos, constituindo-se roteiros confiáveis para a organização de ideias.• Crie mentalmente um interlocutor. Procure convencer um ouvinte específico do seu ponto de vista.• Planeje o texto sem utilizar fórmulas prontas. O fio condutor deve ser seu pensamento.• Evite marcas de língua falada. Escrita e fala são modalidades diferentes do idioma. Evite gírias e termos excessivamente coloquiais.• Confie em seu vocabulário. Todos guardamos palavras sem uso que podem transmitir com clareza o nosso pensamento. Procure encontrá-las.• Seja natural. Evite o uso de palavras de efeito apenas para impressionar.• Acredite em seus pontos de vista e defenda-os com convicção. Eles são seu maior trunfo.

Procure desenvolver seus argumentos de uma maneira clara e coesa. Não é necessário nem recomendável que se dê mostras de erudição. Os avaliadores dos vestibulares apenas querem ver se você sabe argumentar. Suas ideias devem ser expostas de uma forma clara para que o avaliador entenda o que está escrito.

2- Faça um texto coerente

Os argumentos do seu texto devem obedecer a uma linha de raciocínio lógica. Desenvolva um determinado assunto até o fim e somente depois inicie outro. Caso contrário, o texto vai ficar confuso e difícil de ser compreendido.

3- Não fuja do tema proposto

Atenha-se ao que foi pedido no enunciado da redação. Por mais bem escrito que seu texto for, se ele fugir do tema, a nota será zero!

4- Seja uma pessoa bem informada

Procure ler jornais e revistas para aumentar sua visão de mundo. O produtor de texto bem informado produz um texto mais rico e diversificado. Não dá pra escrever sobre um assunto que você nem sabe do que se trata. Portanto leia bastante e esteja sempre por dentro das últimas notícias.

Exemplo de questão com coerência :

(AFRF — Concurso Auditor-Fiscal da Receita Federal/ 2003 — adaptada) A questão de número I tem o texto abaixo como base.

Falar em direitos humanos pressupõe localizar a realidade que os faz emergir no contexto sociopolítico e histórico-estrutural do processo contraditório de criação das sociedades. Implica, em suma, desvendar, a cada momento deste processo, o que venha a resultar como

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direitos novos até então escondidos sob a lógica perversa de regimes políticos, sociais e econômicos, injustos e comprometedores da liberdade humana.

Este ponto de vista referencial determina a dimensão do problema dos direitos humanos na América Latina. Neste contexto, a fiel abordagem acerca das condições presentes e dos caminhos futuros dos direitos humanos passa, necessariamente, pela reflexão em torno das relações econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais.

As desarticulações que desta situação resultam não chegam a modificar a base estrutural destas relações: a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos, tanto no que concerne ao agravamento das condições de trabalho e de vida (degradação dos salários e dos benefícios sociais), quanto na dependência tecnológica, cultural e ideológica.

Núcleo de estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB.In: Introdução Crítica ao Direito, com adaptações.

Assinale a opção que não estabelece uma continuidade coerente e gramaticalmente correta para o texto, justificando a sua resposta:

a) Nesta parte do mundo, imensas parcelas da população não têm minimamente garantida sua sobrevivência material. Como, pois, reivindicar direitos fundamentais se a estrutura da sociedade não permite o desenvolvimento da consciência em sua razão plena?b) Por conseguinte, a questão dos Direitos tem significado político, enquanto realização histórica de uma sociedade de plena superação das desigualdades, como organização social da liberdade.c) Assim, pois, a opressão substitui a liberdade. A percepção da complexidade da realidade latino- -americana remete diretamente a uma compreensão da questão do homem ao substituí-lo pela questão da tecnologia.d) Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humanos engloba e unifica em um mesmo momento histórico, atual, a reivindicação dos direitos pessoais.e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência._____________________________________________________________________________________

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Um texto não pode ser construído com frases soltas, desconexas. Além disso, a alteração da sequência de suas partes pode mudar profundamente seu sentido. Para um texto ter unidade de sentido, para ser um todo coerente, é necessário que apresente textualidade, isto é, que apresente conexões gramaticais e articulação de ideias. Em outras palavras, que apresente coesão e coerência textuais.

1-Coesão Textual são as conexões gramaticais existentes entre palavras, orações, frases, parágrafos e partes maiores de um texto.

2-Coerência Textual é a estruturação lógico-semântica de um texto, isto é, a articulação de ideias que faz com que numa situação discursiva palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores.

MECANISMOS COESIVOS DA ESCRITA

Um texto coeso é o que se apresenta bem concatenado em suas partes.

Mecanismos de coesão

Há vários elementos no idioma que permitem o mecanismo da coesão:• Emprego adequado de tempos e modos verbais.• Emprego adequado de pronomes, conjunções, preposições, artigos.• Emprego adequado de construções por coordenação e subordinação.• Emprego adequado dos discursos diretos, indiretos e indireto livre.• Emprego adequado de vocabulário (coesão semântica)

Quebra de coesão textualRegências incorretas, concordâncias incorretas, frases inacabadas, anacolutos, inadequação ou

ambiguidade no emprego de pronomes etc. – são vários os fatores que podem contribuir para a ruptura da coesão textual.

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Coerência textualA coerência de um texto está ligada:

• à sua organização como um todo, em que devem estar assegurados o início, o meio e o fim:• à adequação da linguagem ao tipo de texto.

Incoerência textualA incoerência textual (ou falta de coerência) acontece quando:

• falta concatenação ou argumentação;• falta verossimilhança (semelhança com a probabilidade).

1. A COERÊNCIA E O CONTEXTO DISCURSIVO

Os fatores de coerência são: a utilização adequada das regras da língua, o conhecimento de mundo compartilhado por emissor e receptor (não podemos dizer, nem escrever o que quisermos, da forma como quisermos, sem levar em consideração as pessoas a quem estamos nos dirigindo) o tipo (ou gênero) de texto, a argumentação, a escolha lexical, a variação linguística e a intertextualidade. A variação linguística diz respeito ao modo de falar de um determinado grupo (jovens, velhos, autoridades, subalternos etc.). A intertextualidade, como o nome indica refere-se ao fato de que um texto está sempre relacionado a um outro, que já foi dito ou escrito antes. Inter quer dizer entre. Intertextualidade quer dizer o que há de comum entre dois textos ou mais (formas como são ditos ou escritos, palavras e expressões que se repetem e assim por diante).

Se vamos escrever uma carta ao Departamento de pessoal de uma empresa para solicitar um emprego, todos esses fatores estarão mais ou menos presentes na nossa comunicação. Escolhemos o modelo de carta (gênero), as palavras e expressões mais adequadas à situação (escolha lexical), procuramos dar uma boa impressão de nós mesmos (argumentos) além de tentarmos substituir gírias e expressões mais populares por palavras e expressões relacionadas ao emprego pretendido e à formalidade exigida nas transações comerciais (variação linguística). Não nos esqueçamos de que ainda há o fator intertextualidade. Empregamos de modo repetitivo, expressões e forma de organização de outras cartas que conhecemos. De certa forma, a intertextualidade está ligada à escolha do gênero (carta comercial) que é forma usual nessa espécie de transação linguística.

Além da não-contradição e dos conectores, outro aspecto importante para avaliar a coerência de um texto é o contexto discursivo. Imagine, por exemplo, as seguintes falas, ditas, ao final de uma mesma partida de futebol entre a seleção brasileira e a seleção argentina, por dois brasileiros aos amigos.

- Adorei a vitória da seleção brasileira. Por isso, vamos comemorar com champanha. -Adorei o jogo da seleção brasileira. Perdemos de 2 a 1.

Inicialmente, pode-se pensar que somente o primeiro enunciado está bem formado, pelo fato de apresentar coesão – em razão da presença do conector por isso – e coerência – por estabelecer uma relação lógica entre as duas orações, ou seja, tomar champanha é uma consequência da vitória de nossa seleção.

O segundo enunciado aparentemente apresenta incoerência, pois pressupomos que nenhum brasileiro gostaria de ver a derrota de seu time. No entanto, vejamos duas situações em que esse enunciado seria coerente:1º) O locutor deseja ser irônico, ou seja, diz uma coisa querendo dizer outra. No caso, a palavra adorei está substituindo odiei. Se os interlocutores entenderem essa intenção, dizemos que o texto foi coerente, pois alcançou plenamente o sentido pretendido para aquela situação.2º) Antes do jogo, os amigos fizeram uma aposta. O locutor apostou sozinho na derrota do Brasil por 2 a 1 e, por isso, está feliz. O enunciado não é irônico e os interlocutores certamente compreenderão o sentido pretendido pelo locutor: adorou não a qualidade do futebol do time brasileiro, mas o resultado da partida que lhe deu o prêmio.

Assim, coerência e coesão são fatores da textualidade regulados pelo contexto discursivo.

Leia o texto que se segue:

João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina, cuja frente dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o horizonte, uma planície coberta de areia. Na noite em que completava 30 anos, João, sentado nos degraus da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol poente e observava como a sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo que descia para sua casa. As árvores e as folhagens não permitiam ver distintamente; entretanto observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou que o visitante era seu filho Guilherme, que há 20 anos tinha partido para alistar-se no exército, e, em todo este

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tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou imediatamente, correu até ele, lançando-se nos seus braços e começando a chorar.

(Texto cedido pela professora Mary Kato. Apud Ingedore G. Villaça Koch eLuiz C. Travaglia. Texto e coerência. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1995. p.32-3.)

1- Os principais conectivos

Conjunções, locuções conjuntivas, preposições e locuções prepositivas:

1- Adição – e, nem, também, não só... mas também.

2- Alternância – ou ... ou, quer ... quer, seja ... seja.

3- Causa – porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, por.

4- Conclusão – logo, portanto, pois.

5- Condição – se, caso, desde que, , a não ser que, a menos que.

6- Comparação – como, assim como.

7- Conformidade – conforme, segundo.

8- Consequência – tão... que, tanto... que, de modo que, de sorte que, de forma que, de maneira

que.

9- Explicação – pois, porque, porquanto.

10- Finalidade – para que, a fim de que, para.

11- Oposição – mas, porém, todavia; embora, mesmo que; apesar de.

12- Proporção – à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos.

13- Tempo – quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto.

Pronomes relativos: que – quem – cujo – onde:

Ao empregar um pronome relativo, devemos ter o seguinte cuidado:

1- Observar a palavra a que ele se refere para evitar erros de concordância verbal.Encontramos um bom número de pessoas que estavam reivindicando os mesmos direitos dos vinte funcionários vitoriosos.

Que = as quais (pessoas)

2- Observar o fragmento de frase de que ele faz parte. Pode ser que haja um verbo ou um substantivo que exija uma preposição. Nesse caso, ela deve preceder o relativo.

Ninguém conseguiu até hoje esquecer a cilada de que ele foi vítima.

de que = da qual (cilada) – a preposição de foi exigida pelo substantivo vítima (ele foi vítima de uma cilada)

O mesmo acontece com os verbos.

As dificuldades a que você se refere são normais dentro de sua carreira.

A que = às quais (dificuldades) – o verbo referir-se pede a preposição a; por isso, ela aparece antes do que.

2- As transições

Alguns dos conectivos que acabamos de estudar também aparecem com freqüência iniciando frases, como se fossem uma espécie de ponte entre um pensamento e outro. O conhecimento desses

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termos de transição ajuda a dar maior originalidade ao pensamento, o que faz o texto progredir mais facilmente. Mas é preciso uma advertência: não devemos usá-los a cada frase começada. Se fizermos assim, tornaremos o texto pesado. Também não devemos cair no oposto: ignorá-los completamente. Nosso texto correrá o risco de ficar cansativo, quando não incompreensível. Saber usar os termos de transição deve ser uma preocupação constante de quem deseja escrever bem. Eles são muito úteis ao mudarmos de parágrafo porque estabelecem pontes seguras entre dois blocos de ideias.

Eis os mais importantes e suas respectivas funções:

1- afetividade: felizmente, queira Deus, pudera, Oxalá, ainda bem (que).

2- afirmação: com certeza, indubitavelmente, por certo, certamente, de fato.

3- conclusão: em suma, em síntese, em resumo.

4- consequências: assim, consequentemente, com efeito.

5- continuidade: além de, ainda por cima, bem como, também.

6- dúvida: talvez, provavelmente, quiçá.

7- ênfase: até, até mesmo, no mínimo, no máximo, só.

8- exclusão: apenas, exceto, menos, salvo, só, somente, senão.

9- explicação: a saber, isto é, por exemplo.

10- inclusão: inclusive, também, mesmo, até.

11- oposição: pelo contrário, ao contrário de.

12- prioridade: em primeiro lugar, primeiramente, antes de tudo, acima de tudo, inicialmente.

13- restrição: apenas, só, somente, unicamente.

14- retificação: aliás, isto é, ou seja.

15- tempo: antes, depois, então, já, posteriormente.

OUTROS RECURSOS DE COESÃO :

Para escrever de forma coesa, há uma série de recursos, como:

1. Epítetos

Epíteto é a palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa.

Glauber Rocha fez filmes memoráveis. Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha morrido tão cedo.

Glauber Rocha foi substituído pelo qualificativo o cineasta mais famoso do cinema brasileiro.

2. Nominalizações

Ocorre a nominalização quando se emprega um substantivo que remete a um verbo enunciado anteriormente.Eles foram testemunhar sobre o caso. O juiz disse, porém, que tal testemunho não era válido por serem parentes do assassino.Pode também ocorrer o contrário: um verbo retomar um substantivo já enunciado.Ele não suportou a desfeita diante de seu próprio filho. Desfeitear um homem de bem não era coisa para se deixar passar em branco.

3. Palavras ou expressões sinônimas ou quase-sinônimas

Os quadros de Van Gogh não tinham nenhum valor em sua época. Houve telas que serviram até de porta de galinheiro.

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4. Repetição de uma palavra

Podemos repetir uma palavra (com ou sem determinante) quando não for possível substituí-la por outra.A propaganda, seja ela comercial ou ideológica, está sempre ligada aos objetivos e aos interesses da classe dominante. Essa ligação, no entanto, é ocultada por uma inversão: a propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de tal ou qual produto ou idéia não é o dono da empresa, nem os representantes do sistema, mas, sim, o consumidor. Assim, a propaganda é mais um veículo da ideologia dominante.

ARANHA, Maria Lúcia Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo, Moderna, 1993. p. 50.

5. Um termo-síntese

O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher um sem-número de papéis. Depois, pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitações acabam prejudicando o importador.

A palavra limitações sintetiza o que foi dito antes.

6. Pronomes

Vitaminas fazem bem a saúde. Mas não devemos tomá-las ao acaso. O colégio é um dos melhores da cidade. Seus dirigentes se preocupam muito com a educação

integral. Aquele político deve ter um discurso muito convincente. Ele já foi eleito seis vezes. Há uma grande diferença entre Paulo e Maurício. Este guarda rancor de todos, enquanto aquele

tende a perdoar.

7. Numerais

Não se pode dizer que toda a turma esteja mal preparada. Um terço pelo menos parece estar dominando o assunto.

Recebemos dois telegramas. O primeiro confirmava a sua chegada; o segundo dizia justamente o contrário.

8. Advérbios pronominais (aqui, ali, lá, aí)

Não podíamos deixar de ir ao Louvre. Lá está a obra-prima de Leonardo da Vinci: a “Mona Lisa”.

9. Elipse

O ministro foi o primeiro a chegar. (Ele) Abriu a sessão às oito e (ele) fez então seu discurso emocionado.

10. Repetição do nome próprio (ou parte dele)

Manuel da Silva Peixoto foi um dos ganhadores do maior prêmio da loto. Peixoto disse que ia gastar todo o dinheiro na compra de uma fazenda e em viagens ao exterior.

Lygia Fagundes Telles é uma das principais escritoras brasileiras da atualidade. Lygia é autora de “Antes do baile verde”, um dos melhores livros de contos de nossa literatura.

11.Metonímia

É o processo de substituição de uma palavra por outra, fundamentada numa relação de contigüidade semântica.

O governo tem-se preocupado com os índices de inflação. O Planalto diz que não aceita qualquer remarcação de preço.

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Santos Dumont chamou a atenção de toda Paris. O Sena curvou-se diante de sua invenção.

12.Associação

Na associação, uma palavra retoma outra porque mantém com ela, em determinado contexto, vínculos precisos de significação. São Paulo é sempre vítima das enchentes de verão. Os alagamentos prejudicam o trânsito, provocando engarrafamentos de até 200 quilômetros.

A palavra alagamentos surgiu por estar associada a enchentes. Mas poderia ter sido usada uma outra como transtornos, acidentes, transbordamento do Tietê etc.

EXERCÍCIOS

1. Identifique nos textos a seguir todos os termos que retomam as palavras em itálico:

A - Em outubro de 1839 Paris ainda possuía a mesma mística embriagadora que Chopin experimentara ao chegar lá em setembro de 1831. A ausência de 11 meses só servira para aumentar seu apaixonado fascínio pela magnífica metrópole espraiada ao longo das sinuosas margens do Sena. Paris havia-se tornado a amante de Chopin muito antes de ele conhecer Mme. Sand e durante vários anos subseqüentes suas afeições ficariam divididas entre as duas. Ambas o adoravam, do mesmo modo que eram, por sua vez, cultuadas por ele, e ambas eram essenciais à sua existência. Com a saúde debilitada, o jovem músico não podia sobreviver ao estimulo de uma sem o amparo da outra.

ATWOOD, William G. A Leoa e seu filhote. Tra. Bárbara Heliodora, Rio de Janeiro, Zahar, 1982. p. 139.

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B - Um antigo morador de São Cristóvão contava que, na mocidade, viajara diariamente, na barca que fazia o trajeto entre aquela praia e o Cais Pharoux, ou dos Franceses, como então se dizia, com um adolescente aparentemente 13 ou 14 anos, magrinho, modesta mas limpamente vestido.

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A barca vinha cedo para a cidade, e voltava à tarde, conduzindo sempre os mesmos passageiros, gente que tinha empregos no centro. Como era natural, a camaradagem se estabeleceu entre esses companheiros diários, todos conversavam para matar o tempo. Só o mocinho magro, sempre com um livro na mão, nunca dirigiu a palavra a ninguém. Mal se sentava, logo afundava na leitura, e assim ia e voltava, parecendo ignorar os que o cercavam, sem levantar os olhos do livro, indiferente aos espetáculos da viagem, à beleza da baía, às embarcações que encontravam. Era Machado de Assis. Afinal, a única informação segura, clara, que nos chega sobre o principio da adolescência de Joaquim Maria é essa imagem. Com certeza, só sabemos que ia todas as manhãs, bem cedo, do seu bairro para o centro urbano.

PEREIRA, Lucia Miguel. Machado de Assis. Belo Horizonte/São Paulo, Itatiaia/Edusp, 1988. pp. 45-6

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C - As imagens ficarão gravadas como um raio na memória dos brasileiros. Na sétima volta do Grande Premio de San Marino, n autódromo de Ímola, na Itália, Ayrton Senna passa direto pela curva Taburello, a 300 quilômetros por hora, e espatifa-se no muro de concreto. À 1h40 da tarde, hora do Brasil, um boletim médico do hospital Maggiore de Bolonha, para onde o piloto foi levado de helicóptero, anunciou a morte cerebral de Ayrton Senna. Não havia mais nada a fazer. Ayrton Senna da Silva, 34 anos, tricampeão de Fórmula 1, 41 vitórias de Grandes Prêmios, 65 pole-positions, um dos maiores fenômenos de todos os tempos no automobilismo, estava morto. Ninguém simboliza melhor a comoção que tomou conta do mundo que a imagem de Alain Prost, chorando num dos boxes de Ímola. Não era o choro de um torcedor, mas de um rival, o maior de todos em dez anos de brigas dentro e fora das pistas, um alterego de Ayrton

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Senna na Fórmula 1. Na manhã de domingo, minutos antes de entrar pela última vez no cockpit de sua Williams, Senna encontrou-se com o ex-adversário, deu-lhe um tapinha nas costas e comentou: “Prost, você faz falta”. Horas mais tarde, cercado pelos jornalistas, o francês não conseguiu retribuir a gentileza. “Estou consternado demais para falar”, limitou-se a dizer, com lágrimas nos olhos.

Veja, Edição extra, 3 de maio 1994, p. 7.

2. Os textos abaixo necessitam de conectores para sua coesão. Reescreva no caderno os textos abaixo, empregando as partículas que estão entre parênteses no lugar adequado.

a) Uma alimentação variada é fundamental seu organismo funcione de maneira adequada. Isso significa que é obrigatório comer alimentos ricos em proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais. Esses alimentos são essenciais. Você esteja fazendo dieta para emagrecer, não elimine carboidratos, proteínas e gorduras de seu cardápio. Apenas reduza as quantidades. Você emagrece sem perder saúde. - Saúde, n. 5, maio 1993. p.63.(assim, mesmo que, para que)

b) Toda mulher responsável pelos cuidados de uma casa já teve em algum momento de sua vida vontade de jogar tudo para o alto, quebrar os pratos sujos, mandar tudo às favas, fechar a porta de casa e sair. Já sentiu o peso desse encargo como uma rotina embrutecedora, que se desfaz vai sendo feito. Não é feito, nos enche de culpas e acusações, quando concluído ninguém nota, a mulher “não faz nada mais que sua obrigação”. – SORRENTINO, Sara. Presença da mulher.n. 16, abr./jun. 1990. p.13.(quando, pois, à medida que)

c) O Brasil pretende sediar as Olimpíadas do ano 2004. A idéia é interessante. O que não podemos esquecer antes de mais nada temos que conquistar muitas medalhas nas olimpíadas da nossa existência como uma nação digna. Alguns dos nossos velhos e temíveis adversários a serem derrotados são a fome, a miséria, a violência, o analfabetismo e a ignorância. O nosso principal desafio será ganhar a medalha de ouro da moralidade, “o povo sem moral vai mal”. – Jornal da Tarde, 17 ago. 1992.(pois, até que, afinal, é que)

d) Lembro-me, com muita saudade, do prazer que me dava receber de meu pai o exemplar da revista O cruzeiro ele trazia para casa, a cada semana, um dia antes da distribuição nas bancas. Anos 50, início dos anos 60. A televisão engatinhava. Pode-se dizer que O Cruzeiro era o Fantástico da época, lido em todos os cantos do país – tiragem de 800 mil exemplares semanais! E eu tinha acesso àquela preciosidade, antes! Era com grande ansiedade, se não me engano, às segundas-feiras à noite, aguardava a chegada da revista. Uma decepção, por qualquer motivo, ela não vinha. Comecei, embora só muito mais tarde viesse a me aperceber disto, a compreender a necessidade do respeito um veículo de comunicação precisa ter para com seu público. ATHAYDE, Antônio. Imprensa, n. 43, mar. 1991. p. 20(que, que, então, que, se)

3. Utilizando os recursos de coesão, substitua os elementos repetidos quando necessário. Faça no caderno.

A - O Brasil vive uma guerra civil diária e sem trégua. No Brasil, que se orgulha da índole pacifica e hospitaleira de seu povo, a sociedade organizada ou não para esse fim promove a matança impiedosa e fria de crianças e adolescentes. Pelo menos sete milhões de crianças e adolescentes, segundo estudos do Fundo da Nações Unidas para a Infância (Unicef), vivem nas ruas das cidades do Brasil.

Texto modificado de Isto é Senhor, 28 de ago. 1991.

B - Todos ficam sempre atentos quando se fala de mais um casamento de Elizabeth Taylor. Casadoura inveterada, Elizabeth Taylor já está em seu oitavo casamento. Agora, diferentemente das vezes anteriores, o casamento de Elizabeth Taylor foi com um homem do povo que Elizabeth Taylor encontrou numa clínica para tratamento de alcoólatras, onde ela também estava. Com toda pompa, o casamento foi realizado na casa do cantor Michael Jackson e a imprensa ficou proibida de assistir ao casamento de Elizabeth Taylor com um homem do povo. Ninguém sabe se será o último casamento de Elizabeth Taylor.

EXERCÍCIO

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1 - Numere os períodos na ordem em que formem um texto coeso e coerente, e marque o item correspondente. ( ) Essa invenção permitiu o sofisticado gosto dos reis franceses de colecionar livros, e a mesma revolução que os degolou foi responsável por abrir suas coleções ao povo. ( ) Há cerca de 2.300 anos, os homens encontraram uma maneira peculiar de guardar o conhecimento escrito juntando-o num mesmo espaço. A biblioteca foi uma entre outras das brilhantes ideias dos gregos, que permanecem até hoje. ( ) Apesar da resistência da Igreja, a informação começou a girar mais rápido com a invenção da imprensa de Gutemberg. ( ) Assim, as bibliotecas passaram a ser "serviço de todos", como está escrito nos anais da maior biblioteca do mundo, a do Congresso, em Washington, que tem 85 milhões de documentos em 400 idiomas diferentes. ( ) Depois deles, a Idade Média trancou nos mosteiros os escritos da antiguidade clássica e os monges copistas passavam o tempo produzindo obras de arte.

a) 1, 3, 5, 2, 4. b) 3, 2, 4, 5, 1. c) 2, 3, 5, 4, 1.

d) 4, 1, 3, 5, 2. e) 5, 4, 1, 3, 2.

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PARÁGRAFO-CHAVE: FORMAS PARA COMEÇAR UM TEXTO

Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade.

Listamos aqui dezoito formas de começar um texto. Elas vão das mais simplesas mais complexas.

1. Uma declaração (tema: liberação da maconha)

É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevaçãodo consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogaspsicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.

Alberto Corazza, Istoé, 20 dez. 1995

A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

2. Definição (tema: o mito)

O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação humana.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. São Paulo, Moderna, 1992. P. 62.

A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave, sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.

3. Divisão (tema: exclusão social)

Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que o combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada.

Folha de S. Paulo, 17 dez. 1996

Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que o parágrafo vai tomar O autor terá de explicitá-lo na frase seguinte.

4. Oposição (tema: a educação no Brasil)

De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.

As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado / de outro) que estabelecerá o rumo da argumentação.

Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste exemplo:

Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de envolvimento: raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto a cultura ainda é vista como artigo supérfluo em nossa terra; esperança por observar quantos movimentos culturais têm acontecido em nossa história, e quase sempre como forma de resistência e/ou transformações.(...)

FEIJÓ, Martin César. O que é política cultural. São Paulo, Brasiliense, 1985. P. 7.

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O autor estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a compõem.

5. Alusão histórica (tema: globalização)

Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.

O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.

6. Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil)

Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar.

A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor para o tema e será respondida ao longo da argumentação

7. Uma frase nominal seguida de explicação (tema: a educação no Brasil)

Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3º ano do 2º grau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4ª série e da 8ª série do 1º grau em todas as regiões do território nacional.

Folha de S. Paulo, 27 nov. 1996

A palavra tragédia é explicada logo depois, retomada por essa é a conclusão.

8. Adjetivação (tema: a educação no Brasil)

Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política educacional do governo. A adjetivação inicial será a base para desenvolver o tema. O autor dirá, nos parágrafos seguintes, por que acha a política educacional do governoequivocada e pouco racional.

Anderson Sanches, Infocus, n 5, ano 1, out. 1996. P. 2

9. Citação (tema: política demográfica)

"As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora". O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo.

DI FRANCO, Carlos Alberto. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro, Vozes, 1995. P. 73.

A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela palavra comentário da segunda frase.

10. Citação de forma indireta (tema: consumismo)

Para Marx a religião é o ópio do povo Raymond Aron deu o troco: o marxismo é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos o ópio do povo é mesmo ir às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata.

Cláudio de Moura e Castro, Veja, 13 de nov. 1996.

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Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a citação. É melhor citar de forma indireta que de forma errada.

11. Exposição de ponto de vista (tema: o provão)

O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação.

Orlando Silva Junior e Eder Roberto Silva, Folha de S. Paulo, 5 nov. 1996

Ao começar o texto com a opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual a posição dos autores. Seu objetivo será refutar os argumentos do opositor, numa espécie de contra-argumentação.

12. Comparação (tema: reforma agrária)

O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo, Ática, 1991. P. 101.

Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a sociedade de hoje com a do final do século XIX, mostrando a semelhança de comportamento entre elas.

13. Omissão de dados identificadores (tema: ética)

Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da juventude? Com certeza não é algo que se refira somente à política ou às grandes decisões do Brasil e do mundo. Segundo Tarcísio Padilha, ética é um estudo filosófico da ação e da conduta humanas cujos valores provêm da própria natureza do homem e se adaptam às mudanças da história e da sociedade.

O Globo, 13 set. 1992

As duas primeiras frases criam no leitor certa expectativa em relação ao tema que se mantém em suspenso até a terceira frase. Pode-se também construir todo o primeiro parágrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas no parágrafo seguinte.

A TÉCNICA DA DISSERTAÇÃO: ASPECTOS NEGATIVOS

Na produção de um texto dissertativo, precisamos estar atentos a certas falhas que dificultam a compreensão de nossas ideias ou enfeitam o texto. Para que haja clareza, coerência e concisão, é conveniente evitar essas falhas na redação. Vejamos:

Ambiguidade: quando fala clareza, o sentido de uma frase pode ficar ambíguo, isto é, pode dar margem a mais de uma interpretação. Veja:

Mariana foi com sua mãe à exposição de Monet, em São Paulo.

Normalmente isso ocorre quando empregamos os pronomes possessivos seu(s) e sua(s). Para evitar a ambiguidade, substituímos esse pronome por dele(s) ou dela(s) observe:

Cláudia queixou-se a Felipe de sua professora.

Corrigindo a ambiguidade teríamos:

Cláudia queixou-se a Felipe da professora dela (ou dele).

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Nem sempre esse é o único recurso. No caso dessa frase, por exemplo, podemos escrevê-la da seguinte forma:

Cláudia queixou-se de sua a Felipe.

A pontuação incorreta e a colocação dos termos na frase também podem dar margem a duplo sentido.

Veja:

Convence, enfim, o pai o filho amado.

Pode-se entender que o pai convence o filho, ou o filho convence o pai, não é mesmo?

A construção correta, para que o sentido da frese não fique ambíguo, seria:

Convence, enfim, o pai, ao filho amado. Na ordem direta ficaria: O pai convence o filho, enfim.

Clichês: Tornou-se corriqueiro o uso de frases feitas ou expressões já consagradas pelo uso popular. São os chamados clichês ou chavões. Observe:

Desde os primórdios de nossa cultura.

Não dava ponto sem nó.

Tudo ficou escondido a sete chaves

Ele deu o golpe do baú.

Também é comum o emprego de certos provérbios como estes: Há males que vêm para o bem; Dize-me com quem andas que eu te direi quem tu és; e muitos outros.

Esses chavões típicos da linguagem coloquial empobrecem qualquer tipo de redação, revelando falta de recursos para se expressar. Evite usar construções como: perde o bonde na história, abrir com chave de ouro, não poder passar em brancas nuvens, inflação galopante, instante memorável, etc.

Logicamente, quem escreve bem procura a originalidade na exposição das ideias, empregando uma linguagem simples e criando um estilo próprio, bem pessoal.

Cacofonia: Às vezes, a união de duas palavras produz um som desagradável, dando origem a uma terceira palavra, de sentindo inconveniente. Observe:

Recebi elogios por cada um de meus trabalhos (porcada)

Podemos confiar já nela certamente. (janela)

Ele sentiu a boca dela trêmula e fria. (cadela)

Como você percebeu, o cacógrafo enfeia bastante a linguagem e precisa ser substituído por outra construção mais elegante.

Eco: Esse é o defeito frequente em textos: palavras que possuem a mesma terminação são repetidas, produzindo um som desagradável. Observe:

A comissão fará a alteração da questão, antes da divulgação dos resultados.

Há originalidade e criatividade na montagem desta atividade.

Prolixidade: Tanto na escrita como na fala, a clareza e a objetividade são fundamentais. Devemos usar, portanto, apenas as palavras necessárias à comunicação de nossas ideias, buscando-se a concisão, que é o contrário da prolixidade.

Um texto extenso, devido ao emprego excessivo de palavras, torna-se monótono e cansativo. A linguagem prolixa chega a dificultar a compreensão imediata de um texto. Observe o texto a seguir.

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MULHER MODERNA

A situação da mulher modificou-se bastante na sociedade rural.Hoje ela passou a assumir um espaço antes ocupado somente pelos homens. Aquela figura

doméstica, de “rainha do lar”, adquiriu-se ares de emancipação jamais vistos. Na verdade, ela tornou-se independente, construindo uma carreira profissional e fazendo-se respeitar em sua função, no trabalho.

Na família, ela divide com o marido não só as tarefas caseiras, mas também as responsabilidades de chefe. Antes de mais nada, ela sente orgulho por ajudar nas despesas da casa. Por outro lado, o marido deveria sentir-se aliviado, ao perceber essas mudanças: todavia, daí é quem surgem, muitas vezes, novos problemas.

Essas mesmas ideias poderiam ser expressas numa linguagem mais “enxuta”, e teríamos um texto mais objetivo. A economia e escolha das palavras na elaboração de um texto é indispensável para uma boa redação.

Obscuridade: Períodos longos, pontuação incorreta, linguagem rebuscada e estruturação confusa tornam o texto obscuro, isto é, de difícil compreensão.

Observe:

A existência ostensivamente farta e promiscua de alguns privilégios macroempresários do primeiro mundo enche de inveja certos míseros mortais, que têm o céu como teto, mas ainda assim sonham com a vida paradisíaca de verdadeiros nabados.

Nada como a clareza, não é mesmo? Uma linguagem objetiva e simples é fundamental na comunicação das ideias.

Redundância: Outro grave problema na redação é a repetição ou redundância. Muitas vezes escrevemos a mesma palavra ou as mesmas ideias, repetidamente, sem perceber. É necessário que façamos sempre uma ou mais leituras do texto que escrevemos para a correção desses “defeitos” que desvalorizam na redação.

Veja no exemplo:

Atualmente, nos dias de hoje, há uma violência crescente nas zonas urbanas, nas áreas de grande concentração das cidades grandes. Por isso os cidadãos começaram a participar de grandes campanhas, visando ao desarmamento da população civil.

Muitas palavras desse texto poderiam ser eliminadas ou substituídas por um sinônimo, concorda? Evite a repetição em seus textos, para torná-los mais corretos e interessantes.

ATIVIDADES

1 – Desfaça a ambiguidade de sentido nas frases a seguir:

a) Luciana recusou o dinheiro e seu noivo também.

__________________________________________________________________________________

b) Os policiais acharam o burro do seu Joaquim na estrada.

__________________________________________________________________________________

c) Necessitamos de uma digitadora para produzir textos e um analista de sistemas.

_________________________________________________________________________________

2 – Identifique os cacófatos nas frases que seguem e reescreva-as, eliminando a cacofonia.

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a) Eu queria ser como ela; gentil e meiga.

b) Ela tinha uma boa solução para os problemas.

3 - Marque os ecos que ocorrem nas frases a seguir.

a) Sua participação aumentou a produção na área de medição da empresa.

b) A campanha beneficente foi comovente e despertou a sensibilidade dos dirigentes governamentais.

c) O organizador de campeonato mostrou-se superior diante do jogador, ao repreendê-lo.

d) O gentil guarda-civil acompanhou o grupo infantil até a entrada da escola.

e) A história conta a vitória e a glória de grandes líderes.

AMBIGUIDADE

Evite frases que admitem mais de uma interpretação, mesmo que para isso, tenha que recorrer a frases mais simples. Veja um exemplo do que chamamos de ambiguidade:

Candidato condena reunião na manchete.

O candidato estava na TV Manchete ou a reunião teria sido a manchete? Para eliminar essa ambiguidade podemos reescrever a frase de outras maneiras:

Na Manchete, candidato condena reunião.

Candidato condena reunião promovida pela Manchete.

Exercício

1 – Identifique os dois sentidos presentes em cada frase, deixando claros seus significados:

a) O rapaz admirava a garota que dançava com olhar tristonho.

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

b) Minha irmã assistiu ao incêndio do prédio.

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

REDUNDÂNCIA

É a repetição desnecessária de palavras:

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Há alguns anos atrás não se dizia tal palavra diante do país.

Ainda estou a procura do elo de ligação entre os fatos.

Haver já indica tempo passado, portanto não é necessário acrescentar à frase o advérbio atrás, e o elo por si só significa elemento de ligação.

Exercícios

1 – Analise a frase abaixo, retirada de um anúncio publicitário e responda às questões propostas:

Encare o sol de frente.

a) Qual a redundância que apresenta?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

2 – Reescreva as frases eliminando palavras desnecessárias.

a) Você poderia repetir de novo a explicação?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

b) Ganhei grátis dois ingressos para o circo.

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

c) Para terminar a construção, só falta o acabamento final.

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

d) Precisamos criar milhões de novos empregos.

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

E) Recuem para trás: vocês estão à beira do abismo.

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1 – Indique qual o aspecto negativo presente nas frases abaixo, sendo – ambiguidade, cacofonia, abreviação, redundância, solecismo, eco, prolixidade, obscuridade, gírias.

a) Encontrei-o preocupado _______________________________________________________________

b) Ela tinha muito dinheiro _______________________________________________________________

c) A reação da população foi de pura emoção ________________________________________________

d) Aconteceu, naquela manhã, muitos problemas com a eleição _________________________________

e) Veja com seus olhos. Estou bem! ______________________________________________________

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f) É preciso ter fé de mais ______________________________________________________________

g) Já não posso amá-la, já que nela não penso mais ________________________________________

h) Ganhei grátis ingressos para o circo ___________________________________________________

i) A vida é uma caixinha de surpresas ____________________________________________________

j) Característica daquela que fala “demais” sem necessidade _________________________________

l) Quando há em um texto períodos longos, pontuação incorreta, linguagem rebuscada e confusa, sabemos que o aspecto negativo presente e ______________________________________________

m) Não vou pra casa de Sandra, pq tenho que estudar _____________________________________

n) Os jovens de hoje não gostam, tipo assim, de escrever corretamente, porque acham careta e preferem usar uma linguagem mais simples _____________________________________________________

o) Convence, enfim, o pai, o filho amado ______________________________________________

2 – Indique qual aspecto negativo presente nas frases abaixo, e corrija-as eliminando aspecto.

a) Dei-lhe um real por cada figurinha e ele ainda não quis.

b) Maria pediu a Pedro para sair.

c) A brisa matinal da manhã estava deliciosa naquele ambiente natural.

d) falta cinco alunos para começarmos a prova.

e) Nunca Brito vem no horário, mas que meninos sem compromisso!

TEXTOS TÉCNICOS E ACADÊMICOS: RESUMO E RESENHA

RESUMO

Resumo é uma condensação fiel das ideias ou dos fatos contidos no texto. Resumir um texto significa reduzi-lo ao seu esqueleto essencial sem perder de vista três elementos:

a) Cada uma das partes essenciais do texto

b) A progressão em que elas se sucedem

c) A correlação que o texto estabelece entre cada uma das partes

O resumo é, pois, uma redução do texto original, procurando captar suas ideias essenciais, na progressão e no encadeamento em que aparecem no texto.

Quem resume deve exprimir, em estilo objetivo, os elementos essenciais do texto. Por isso, não cabem, num resumo, comentários ou julgamentos ao que esta sendo condensado.

Muitas pessoas julgam que resumir e reproduzir frases ou partes de frases do texto original, construindo uma espécie de “colagem”. Essa “colagem” de fragmentos do texto original não é um resumo. Resumir é apresentar, com as próprias palavras, os pontos relevantes de um texto. A reprodução de frases do texto, em geral, atesta que ele não foi compreendido.

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Para elaborar um bom resumo, é necessário compreender antes o conteúdo global do texto. Não é possível ir resumindo à medida que se vai fazendo a primeira leitura.

É evidente que o grau de dificuldade para resumir um texto depende basicamente de dois fatores:

a) da complexidade do próprio texto (seu vocabulário, sua estruturação sintático-semântica, suas relações lógicas, o tipo de assunto tratado, etc).

b) da competência do leitor ( seu grau de amadurecimento intelectual, o repertório de informações que possui, a familiaridade com os temas explorados).

O uso de um procedimento apropriado pode diminuir as dificuldades de elaboração do resumo. Aconselhamos as seguintes passadas:

1. Ler uma vez o texto ininterruptamente, do começo ao fim. Já vimos que um texto não é um aglomerado de frases: sem ter noção do conjunto, e mais difícil entender o significado preciso de cada uma das partes.

Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupação de responder genericamente à seguinte pergunta: do que trata o texto?

2. Uma segunda leitura é sempre necessária. Mas esta, com interrupções, com o lápis na mão, para compreender melhor o significado de palavras difíceis ( se preciso, recorra ao dicionário) e para captar o sentido de frases mais complexas (longas, com inversões, com elementos ocultos). Nessa leitura, deve-se ter a preocupação, sobretudo de compreender bem o sentido das palavras relacionais, responsáveis pelo estabelecimento das conexões (assim, isto, isso, aquilo, aqui, lá, daí, seu, sua, ele, ela, etc).

3. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentação do texto em blocos de ideias que tenham alguma unidade de significação.

Ao assumir um texto pequeno, pode-se adotar como primeiro critério de segmentação a divisão em parágrafos. Pode ser que se encontre com uma segmentação mais ajustada que a dos parágrafos, mas como no inicio de trabalho, o parágrafo pode ser um bom indicador.

Quando se trata de um texto maior (o capitulo de um livro, por exemplo) é conveniente adotar um critério de segmentação mais funcional, o que vai depender de cada texto (as aposições entre os personagens, as oposições de espaço e de tempo).

Em seguida, com palavras abstratas e mais abrangentes, tenta-se resumir a ideia ou as ideias centrais de cada fragmento.

4. Dar a redação final com suas palavras, procurando não só condensar os segmentos, mas encadeá-los na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer as relações entre eles.

TEXTO 1

Posição de pobre

Proprietários e mendigos: duas categorias que se opõem a qualquer mudança, a qualquer desordem renovadora. Colocados nos dois extremos da escala social, temem toda modificação para bem ou para mal: estão igualmente estabelecidos, uns na opulência, os outros na miséria. Entre eles situam-se – suor anônimo, fundamento da sociedade – os que se agitam, penam, perseveram e cultivam o absurdo de esperar. O estado nutre-se de sua anemia; a ideia de cidadão não teria nem conteúdo nem realidade sem eles, tampouco o luxo e a esmola: os ricos e os mendigos sãos os parasitas do pobre.

Há mil remédios para a miséria, mas nenhum para a pobreza. Como socorrer os que insistem em não morrer de fome? Nem Deus poderia corrigir sua sorte. Entre os favorecidos da fortuna e os esfarrapados, circulam esses esfomeados honoráveis, explorados pelo fausto e pelos andrajos, saqueados por aqueles que, tendo horror ao trabalho, instalam-se, segundo sua sorte ou vocação, no salão ou na rua. E assim avança a humanidade: com alguns ricos, com alguns mendigos e com todos os seus pobres.

CIORAN, E. M. Breviário de decomposição. Trad. José Thomaz Brum. Rio de Janeiro, Rocco, 1989, pp 113-114

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TEXTO 2

Ética e jornalismo

O jornalismo não pode ser despido de opinião publica. A posição que considera o jornalista um ser separado da humanidade é uma bobagem. A própria objetividade é mal administrada, porque se mistura com a necessidade de não se envolver, o que cria uma contradição na própria formulação política no texto jornalístico. Deve-se, sim, ter opinião, saber onde ela começa e onde acaba, saber onde ela interfere nas coisas ou não. É preciso ter consciência. O que se procura, hoje, é exatamente tirar a consciência do jornalismo. O jornalista não deve ser ingênuo, deve ser cético. Ele não pode ser impiedoso com as coisas sem um critério ético. Nós não temos licença especial, dada por um xerife sobrenatural, para fazer o que quisermos.

O jornalismo é um meio de ganhar a vida, um trabalho como outro qualquer; é uma maneira de viver, não é nenhuma cruzada. E por isso você faz um acordo consigo mesmo: o jornal não é seu, é do dono. Está subentendido que se vai trabalhar com a norma determinada pelo dono do jornal, de acordo com as ideias do dono do jornal. É como um médico que atende um paciente. Esse médico pode ser fascista e o paciente comunista, mas ele deve atender do mesmo jeito. E vice-versa. Assim, o totalitário fascista não pode propor no jornal o fim da democracia, nem entrevistar alguém e pedir: “O senhor não quer me dizer uma palavrinha contra a democracia?”; da mesma forma que o revolucionário de esquerda não pode propor o fim da propriedade privada dos meios de produção. Para trabalhar em jornal é preciso fazer um armistício consigo próprio.

ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo: o jornalista e a ética do marceneiro. São Paulo, Companhia das letras, 1993, pp 109-11

Resumo do texto 1: Posição de pobre

A sociedade está dividida em três classes: o rico, o mendigo e o pobre. O rico vive no luxo, na opulência e se satisfaz com essa posição muito cômoda. Os mendigos vivem na miséria e o pobre, explorado tanto um quanto por outro, é quem, som seu suor anônimo, sustenta o estado.

Resumo do texto 2: Ética e jornalismo

Todo jornalista deve ter opinião política. Ele deve ser consciente do seu trabalho, ter uma ética para saber até onde ir sem se chocar com as diretrizes do jornal para o qual trabalha.

TEXTO COMENTADO

Nos, antropólogos sociais, que sistematicamente estudamos sociedades diferentes, fazemos isso quando viajamos. Em contato com sistemas sociais diferentes, tomamos consciência de modalidades de ordenação espacial diversas que surgem aos nossos sentidos de modos insólito, apresentando problemas sérios de orientação (...). E foi curioso e intrigante descobrir em Tóquio que as casas têm um sistema de endereço pessoalizado e não impessoal como o nosso. Tudo muito parecido com as cidades brasileiras do interior onde, não obstante cada casa ter um número e cada rua um nome,as pessoas informam ao estrangeiro a posição das moradias de modo pessoalizado e até mesmo intimo: “a casa do seu Chico fica ali em cima... do lado da mangueira... é uma casa com cadeiras de lona na varanda... fica logo depois do armazém do seu Ribeiro...” Aqui, como vemos, o espaço se confunde com a própria ordem social de modo que, sem entender a sociedade com suas redes de relações sociais e valores, não se pode interpretar como o espaço é concebido. Aliás, nesses sistemas, pode-se dizer que o espaço não existe como uma dimensão social independente e individualizada, estando sempre misturado, interligado ou “embebido” _ como dizia Karl Polanyi _ em outros valores que servem para orientação geral. No exemplo, sublinhei a expressão “em cima” para revelar precisamente esse aspecto, dado que a sinalização tão banalizada no universo social brasileiro do “em cima” e do “embaixo” nada tem a ver com altitudes topograficamente assinaladas, mas exprimem regiões sociais convencionais e locais. Às vezes querem indicar antiguidade (a parte mais velha da cidade fica mais “em cima”), noutros casos pretendem sugerir segmentação social e econômica: quem mora ou trabalha “embaixo” e mais pobre e tem menos prestigio social e recursos econômicos.Tal era o caso da cidade de Salvador no período colonial, quando a chamada “cidade baixa”, no dizer de um historiador do período “era dominada pelo comércio e não pela religião” (dominante, junto com os serviços públicos mais importantes , na “cidade alta”). “No cais – continua ele dando razão aos nossos argumentos – marinheiros, escravos e estivadores exerciam controle e a área muito provavelmente fervilhada com a mesma bulha que lá se encontra hoje em dia” (cf. Schwartz, 1979:85). Do mesmo modo e pela mesma sorte de lógica social,

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são muitas as cidades brasileiras que possuem a sua “rua Direita” mas que jamais terão, penso eu, uma “rua Esquerda”! foi assim no caso do Rio de Janeiro, que além de ter a sua certíssima rua Direita, realmente localizada á direita do Largo do Paço, possuía também as suas ruas dos Pescadores, Alfândega, Quitanda (onde havia comercio de fazenda), Ourives – dominada por joalheiros e artífices de metais raros – e muitas outras, que denunciavam com seus nomes as atividades que nelas se desenrolavam. Daniel P. Kidder, missionário norte-americano que aqui residiu entre 1837, escreveu uma viva e sensível descrição das ruas do Rio de Janeiro e do seu “movimento”, não deixando de ressaltar no seu relato alguma surpresa pelos seus estranhos nomes e sua notável, diria eu, metonímia ou unidade de continente e de conteúdo.

Ora, tudo isso contrasta claramente com o modo de assinalar posições das cidades norte-americanas, onde as coordenadas de indicação são positivamente geométricas, decididamente topográficas e, por causa disso mesmo, pretendem-se estar classificadas por um código muito mais universal e racional. Assim, as cidades dos Estados Unidos se orientam muito mais em termos de pontos cardeais – Norte/Sul, Leste/Oeste – e de um sistema numeral para ruas e avenidas, do que por qualquer acidente geográfico, ou qualquer episódio histórico, ou – ainda - alguma característica social e/ou política. Nova Iorque, conforme todos sabemos, é o exemplo mais bem acabado disso que é, porém, comum a todos os Estados Unidos. Se lá então é mais difícil para um brasileiro navegar socialmente nas cidades e estradas, é simplesmente porque ele (ou ela) não está habituado a uma forma de denotar o espaço onde a forma de notação surge de modo muito individualizado, quantificado e impessoalizado.

Depois de ler o texto do começo ao fim, vemos que ele trata do modo distinto como cada sistema social organiza o espaço.

Depois percebemos o movimento do texto: afirmação de que existem diferentes maneiras de ordenação espacial e, em seguida, ilustração dessa idéia, comparando a maneira de ordenar e denominar o espaço nas cidades brasileiras e a de fazer a mesma operação nas cidades norte-americanas.

O texto divide-se em duas grandes partes: proposição e ilustração. A segunda parte divide-se segundo o critério de oposição espacial: Brasil x Estados unidos (Tóquio não é levada em conta, porque a observação a respeito dos endereços no Japão serve apenas para introduzir o problema da indicação dos endereços no Brasil). Para facilitar, podemos segmentar o texto em três partes:

1) “Nós, antropólogos sociais” até “problemas sérios de orientação”;2) “E foi curioso e intrigante” até “unidade de continente e de conteúdo”;3) “Ora, tudo isso contrasta” até o fim.

As partes resumem-se da seguinte maneira:

1) Existência de uma ordenação espacial peculiar a cada sistema social;2) Brasil – ordenação e denominação do espaço a partir de critérios pessoais, sociais;3) Estados Unidos – ordenação e denominação do espaço a partir de critérios impessoais.

A redação final do resumo pode ser:

Cada sistema social concebe a ordenação do espaço de uma maneira típica. No Brasil, o espaço não é concebido como um elemento independente dos valores sociais, mas está embebido neles. Expressões como “em cima” e “embaixo”, por exemplo, não exprimem propriamente a noção de altitudes mas indicam regiões sociais. As avenidas e ruas recebem nomes indicativos de episódios históricos, de acidentes geográficos ou de alguma característica social ou política. Nas cidades norte-americanas, a orientação espacial é feita pelos pontos cardeais e as ruas e avenidas recebem um número e não um nome. Concebe-se, então, o espaço como um elemento dotado de impessoalidade, sem qualquer relação com os valores sociais.

RESENHAResenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente

seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvam.

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O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade ( um jogo de futebol, uma comemoração solene, uma feira de livros) ou textos e obras culturais (um romance, uma peça de teatro, um filme).

A resenha, como qualquer modalidade de discurso descritivo, nunca pode ser completa e exaustiva, já que são infinitas as propriedades e circunstâncias que envolvem o objeto descrito. O resenhador deve proceder seletivamente, filtrando apenas os aspectos pertinentes do objeto, isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de uma intenção previamente definida.

Imaginemos duas resenhas distintas sobre um mesmo objeto, o treinamento dos atletas para uma copa mundial de futebol: uma resenha destina-se aos leitores de uma coluna esportiva de um jornal: outra, ao departamento médico que integra a comissão de treinamento. O jornalista, na sua resenha, vai relatar que um certo atleta marcou, durante o treino, um gol olímpico, fez duas coloridas jogadas de calcanhar, encanou a plateia presente e deu vários autógrafos. Esses dados, na resenha destinada ao departamento médico, são simplesmente desprezíveis.

Com efeito, a importância do que se vai relatar numa resenha depende da finalidade a que ela se presta.

Numa resenha de livros para o grande publico leitor de jornal, não tem o menor sentido escrever com pormenores os custos de cada etapa de produção do livro, o percentual de direito autoral que caberá ao escritor e coisas desse tipo.

A resenha pode ser puramente descritiva, isto é, sem nenhum julgamento ou apreciação do resenhador, ou crítica, pontuada de apreciações, notas e correlações estabelecidas pelo juízo critico de quem a elaborou.

A resenha descritiva consta de:

a) uma parte descritiva em que se dão informações sobre o texto:

nome do autor (ou dos autores)

título completo e exato da obra (ou do artigo)

nome da editora e, se for o caso, da coleção de que faz parte da obra

lugar e data de publicação

número de volumes e página

Pode-se fazer, nessa parte, uma descrição sumária da estrutura da obra (divisão em capítulos, índices e etc). Num caso de uma obra estrangeira, é útil informar também a língua da versão original e o nome do tradutor (se tratar de tradução).

c) Uma parte com o resumo do conteúdo da obra:

Indicação sucinta do assunto global da obra (assunto tratado) e do ponto de vista adota pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método, tom e etc)

Resumo que apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral.

Na resenha crítica, além dos elementos já mencionados, entram também comentários e julgamentos de resenhador sobre as ideias do autor, o valor da obra, e etc, conforme se verifica nas especificações a seguir:

ELEMENTOS DA RESENHA CRÍTICA

DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS DE UMA RESENHA CRÍTICA

Nome:____________________________________________________________________________

Curso: ________________ Data: ___/___/_______ Disciplina: _____________________________

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1 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA (SEGUIR AS NORMAS DA ABNT)

Fazer a referência bibliográfica completa da obra resenhada de acordo com o manual da faculdade; é recomendável, no caso de resenhas, colocar aqui somente a referência da obra que foi analisada.

2 APRESENTAÇÃO DO/A AUTOR/A DA OBRA

Apresenta-se um autor falando dos principais fatos relacionados à sua vida: local e ocasião de nascimento, formação acadêmica, pessoas que exerceram influência teórica sobre sua obra, fatos que teriam marcado sua vida e, conseqüentemente, sua forma de pensar.

3 PERSPECTIVA TEÓRICA DA OBRA

Toda obra escrita pertence a uma determinada perspectiva teórica; é muito importante saber a que tradição/escola teórica pertence o/a autor/a da obra que se está analisando, pois isso permite compreender a forma como está organizada, bem como a lógica da argumentação utilizada; quando se reconhece a perspectiva teórica do/a autor/a, sabe-se o que se pode esperar da obra que será analisada.

4 BREVE SÍNTESE DA OBRA

Antes de começar a análise de uma obra, é muito importante procurar ter uma visão panorâmica desta; isto pode ajudar a visualizar o começo, o meio e o fim da obra, permitindo saber de onde parte e para aonde vai o/ autor/a na sua argumentação; esta parte da resenha (somente esta!) pode ser feita na forma de um esquema.

5 PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NA OBRA

Depois de tudo preparado se pode analisar o conteúdo da obra de forma propriamente dita; o objetivo é traçar as principais teses do/a autor/a e não resumir a sua obra (resenha não é resumo!); é preciso ler com muita atenção para se apreender o que é fundamental no pensamento do/a autor/a.

6 REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE OBRA E IMPLICAÇÕES

Depois de apresentar e compreender o/a autor/a e sua obra, deve-se traçar alguns comentários pessoais sobre o assunto, ancorados em argumentos fundamentados academicamente.

ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Texto I

A volta dos blocos de Paraitinga

Cidadezinha histórica localizada a 190 quilômetros de São Paulo, São Luiz do Paraitinga prepara uma festa especial para o período de 4 a 8 de março: seu primeiro Carnaval desde que sofreu com as fortes enchentes de janeiro de 2010. "Todos os 26 blocos devem voltar às nossas ruas centenárias", diz Eduardo de Oliveira, Diretor Municipal de Turismo. Nesta tão aguardada retomada, o tradicional festival de marchinhas de rua e desfiles de bonecos será sustentável. "Para evitar superlotações danosas à cidade, a festa será restrita a 10.000 pessoas e 1.500 carros." Paraitinga já teve recuperados 30% dos prédios prejudicados e se prepara agora para a reconstrução da Igreja Matriz. (RED Report TAM nas nuvens, no 12, fevereiro/março 2011, p. 17)

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Texto II

Considere a carta de uma menina de 5 anos, moradora de São Luiz do Paraitinga, e publicada no Estadinho (encarte de O Estado de S. Paulo), de 5 de março de 2011:

Em São Luiz do Paraitinga, há muita gente na rua e muitos blocos espalhados. Já fui no bloco da Maria Gasolina, que é uma boneca gigante, de cabelo preto e trança até o joelho. Ela é muito engraçada porque eu jogo confete e ela se assusta. A música dela é assim: "Seu apelido é Maria Gasolina, lá lá lá". Este ano, eu vou desfilar no Bloco do Merendão. E vou de melancia!

01. A afirmativa correta em relação ao Texto I é:(A) Os habitantes procuram retomar as atividades tradicionais da cidade, após a catástrofe ambiental que a atingiu.(B) O carnaval nem sempre consegue despertar o interesse popular, especialmente em pequenas cidades, mesmo sendo ainda uma festa tradicional brasileira.(C) As cidades pequenas dificilmente conseguem realizar grandes festas durante o carnaval, por falta de espaço e deacomodações para os turistas.(D) As autoridades municipais de São Luiz do Paraitinga enfrentam dificuldades para divulgar a retomada das tradições locais e para atrair turistas à cidade.

02. A expressão que reforça no Texto I a caracterização de Cidadezinha histórica é:(A) uma festa especial para o período de 4 a 8 de março.(B) às nossas ruas centenárias.(C) tão aguardada retomada.(D) superlotações danosas à cidade.

03. No Texto II há(A) descrição de elementos de uma festa tradicional da cidade.(B) discussão a respeito da qualidade das músicas cantadas nos blocos.(C) comentário sobre blocos, que compromete a clareza do assunto tratado.(D) intenção clara de mostrar conhecimento sobre uma festa popular.

04. Identifica-se no Texto II(A) demonstração de insegurança, ao afirmar que há muita gente na rua e muitos blocos espalhados.(B) comprovação de desconhecimento da música, ao acrescentar o lá lá lá.(C) opinião expressa na frase Ela é muito engraçada.(D) comparação entre os blocos, com a preferência assinalada na frase eu vou desfilar no Bloco do Merendão.

05. Comparando-se o que dizem os dois textos, é correto afirmar:(A) O Texto I consegue transmitir informações de modo mais eficaz do que o Texto II, que não cumpre inteiramente sua intenção comunicativa.(B) O assunto desenvolvido no Texto I apenas informa a população sobre medidas tomadas para a melhoria de uma pequena cidade.(C) No Texto II se encontram, de forma clara e objetiva, as mesmas informações constantes do Texto I.(D) A produção de um e de outro se baseia em um mesmo acontecimento, em um mesmo lugar.

ESCOLA: do grego scholé e do latim schola, descanso ou o que se fazia à hora do descanso, que era estudar. Na Antiguidade, estudos e pesquisas eram ocupações de quem não era obrigado a trabalhar. A seguir, o vocábulo passou a designar os estabelecimentos públicos ou privados em que o ensino era ministrado de forma sistemática, como hoje. Indica também corrente de ideias e até mesmo lugares onde se aprendem os mais diversos ofícios. Entre tais estabelecimentos, os mais populares no Brasil são as escolas de samba [...] os lugares onde se aprende a dança mais querida do país.(Deonísio da Silva. A vida íntima das palavras. Siciliano S.A.: São Paulo, 2002, verbete ESCOLA, p. 175, com adaptações)

06. No texto, o autor(A) assinala a evolução no significado da palavra escola, com comentários referentes a outros sentidos possíveis dessa palavra.(B) utiliza a expressão escolas de samba para defender a ideia de que estas se tornaram, atualmente, exemplos a serem adotados em nosso país.

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(C) compara as características peculiares das escolas de samba com a atual sistematização do ensino nos estabelecimentos públicos e privados.(D) usa palavras de sentido contrário, como públicos e privados, para acentuar todas as possibilidades de aprendizagem em nossas escolas, hoje em dia.

07. Indica também corrente de ideias ...A expressão corrente de ideias significa(A) quantidade de informações que devem ser transmitidas aos alunos, em cada etapa de aprendizagem, de acordo com sua faixa etária.(B) local onde se discutem os mais variados temas sobre a evolução do pensamento do homem e de sua capacidade de aprendizado.(C) ensino sistematizado e contínuo, que somente algumas instituições, como as escolas, podem transmitir.(D) conjunto de opiniões de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos, que possam ser adotadas e seguidas por outros.

Eu nasci aqui no mato,Vivi sempre a trabaiá,Neste meu pobre recato,Eu não pude estudá.No verdô de minha idade,Só tive a felicidadeDe dá um pequeno insaioIn dois livro do iscritô,O famoso professôFilisberto de Carvaio.

No premero livro haviaBelas figuras na capa,E no começo se lia:A pá − O dedo do Papa,Papa, pia, dedo, dado,Pua, o pote de melado,Dá-me o dado, a fera é máE tantas coisa bonita,Qui o meu coração parpitaQuando eu pego a rescordá.(Patativa do Assaré. Cordel)

08. Os versos acima(A) desrespeitam inteiramente os padrões da norma culta e não poderiam ter sido publicados.(B) são representativos de um gênero literário marcado pela linguagem oral.(C) demonstram desconhecimento do idioma, o que compromete a comunicação entre autor e leitores.(D) assinalam a impossibilidade de uma pessoa mal alfabetizada transmitir com sucesso sua mensagem.

09. Nos versos da 2a estrofe, o autor do cordel(A) comenta os ensaios de um professor famoso na época, Felisberto de Carvalho.(B) recorda-se da felicidade que teve ao conseguir o primeiro emprego.(C) entristece-se por ter aprendido a ler apenas na velhice.(D) lembra-se com alegria das coisas que aprendeu em um livro de alfabetização.

A canção popular, espelho da alma do povo

A canção e a música popular exprimem, de maneira por assim dizer direta, a alegria e o sofrimento da alma humana. Cada povo possui as suas próprias melodias, representativas de seu caráter e de sua arte. O amor à pátria vive nelas. Nas longas ausências são elas os laços mais fortes para com a mãe-pátria.

As velhas melodias populares foram transmitidas de velhos para jovens durante séculos. Muitas sofreram modificações, outras se perderam. Grandes músicos tiraram da fonte clara dessa arte popular a inspiração para as suas melhores obras.

No século XIX começou-se a colecionar esse valioso patrimônio sob o nome inglês, que se universalizou, de folclore. O folclore do Brasil é riquíssimo e variado, pois contém elementos que lhe deram os índios, os portugueses e os povos africanos, para aqui transportados, no tempo da escravatura. Há músicas e canções brasileiras típicas, como o lundu, o coco, o frevo e o samba.

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(Bruno Kaiser. 10.000 anos de descobertas. Tradução de Roberto Luiz Ferreira de Almeida, São Paulo: Melhoramentos, s/d, p. 203, com pequenas adaptações)

10. A informação principal trazida pelo texto está em:(A) Muitas [velhas melodias] sofreram modificações, outras se perderam.(B) O amor à pátria vive nelas.(C) Nas longas ausências são elas os laços mais fortes para com a mãe-pátria.(D) A canção e a música popular exprimem [...] a alegria e o sofrimento da alma humana.

11. Com a expressão espelho da alma do povo no título, o autor(A) generaliza o sentido de uma expressão de uso particular, associada a cada povo.(B) restringe o assunto do texto a seu único ponto de vista.(C) comete um erro gramatical para despertar a atenção do leitor.(D) resume todo o sentido da exposição que fará a seguir.

12) Leiam a tira abaixo e identifiquem a ambiguidade presente na frase do último quadrinho. Qual é a dupla interpretação presente na construção da frase?

13) Explicite os dois sentidos da manchete:

Pais reencontram filho roubado em hospital.

O Estado de S. Paulo, 22 jan. 2004. Cidades, p. C6

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15) Faça um comentário que expresse sua compreensão/interpretação do texto abaixo.

16) Na propaganda do dicionário Aurélio, a expressão “bom pra burro” é polissêmica, e remete a uma representação do dicionário.Explique como o uso da expressão “bom pra burro” produz humor nessa propaganda.

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INSTRUÇÃO: Leia o seguinte texto para responder às questões de 01 a 03. Reporte-se a ele sempre que necessário.

No Brasil das últimas décadas, a miséria teve diversas caras.Houve um tempo em que, romântica, ela batia à nossa porta. Pedia-nos um prato de comida.

Algumas vezes, suplicava por uma roupinha velha.Conhecíamos os nossos mendigos. Cabiam nos dedos de uma das mãos. Eram parte da vizinhança.

Ao alimentá-los e vesti-los, aliviávamos nossas consciências. Dormíamos o sono dos justos.A urbanização do Brasil deu à miséria certa impessoalidade. Ela passou a apresentar-se como um

elemento da paisagem. Algo para ser visto pela janelinha do carro, ora esparramada sobre a calçada, ora refugiada sob o viaduto.

A modernidade trouxe novas formas de contato com a riqueza. Logo a miséria estava batendo, suja, esfarrapada, no vidro de nosso carro.

Os semáforos ganharam uma inesperada função social. Passamos a exercitar nossa infinita bondade pingando esmolas em mãos rotas. Continuávamos de bem com nossos travesseiros.

Com o tempo, a miséria conquistou os tubos de imagem dos aparelhos de TV. Aos poucos, foi perdendo a docilidade. A rua oferecia-nos algo além de água encanada e luz elétrica.

Os telejornais passaram a despejar violência sobre o tapete da sala, aos pés de nossos sofás. Era como se dispuséssemos de um eficiente sistema de miséria encanada. Tão simples quanto virar uma torneira ou acionar o interruptor, bastava apertar o botão da TV. Embora violenta, a miséria ainda nos excluía.

Súbito, a miséria cansou de esmolar. Ela agora não pede; exige. Ela já não suplica; toma.A miséria não bate mais à nossa porta; invade. Não estende a mão diante do vidro do carro; arranca

os relógios dos braços distraídos.Acuada, a cidade passou de opressora a vítima dos morros. No Brasil de hoje, a riqueza é refém da

miséria.A constituição do perfil da miséria no Brasil está diretamente relacionada com a crescente

modernização do país.

SOUZA, Josias de. A vingança da miséria. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 out. 1994. Caderno Opinião, p.2. (Texto adaptado).

Questão 01 – A partir da leitura desse texto, é CORRETO afirmar que ele tem por objetivo(A) criticar a ação governamental no trato com a miséria.(B) mostrar a evolução da situação de miséria no Brasil.(C) defender práticas de maior justiça social.(D) denunciar a culpa sentida pelas classes privilegiadas.(E) revelar uma política excludente e preconceituosa.

Questão 02 – “Embora violenta, a miséria ainda nos excluía”. Essa frase é uma síntese de todas as seguintes passagens do texto, EXCETO(A) A rua oferecia-nos algo além de água encanada e luz elétrica.(B) Continuávamos de bem com nossos travesseiros.(C) Dormíamos o sono dos justos.(D) Era como se dispuséssemos de um eficiente sistema de miséria encanada.(E) Não estende a mão diante do vidro do carro; arranca os relógios dos braços distraídos.

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Questão 03 – O último parágrafo do texto tem todas as seguintes funções, EXCETO(A) ampliar o desenvolvimento das ideias.(B) reafirmar as ideias da introdução. (D) reorganizar as ideias desenvolvidas no texto.(C) rearticular o parágrafo introdutório. (E) concluir as ideias expostas no texto.

Questão 04 Conquistar um diploma de curso superior não garante às mulheres a equiparação salarial com os homens, como mostra o estudo “Mulher no mercado de trabalho: perguntas e respostas”, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta segunda-feira, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher.

Segundo o trabalho, embasado na Pesquisa Mensal de Emprego de 2009, nos diversos grupamentos de atividade econômica, a escolaridade de nível superior não aproxima os rendimentos recebidos por homens e mulheres. Pelo contrário, a diferença acentua-se. No caso do comércio, por exemplo, a diferença de rendimento para profissionais com escolaridade de onze anos ou mais de estudo é de R$ 616,80 a mais para os homens. Quando a comparação é feita para o nível superior, a diferença e de R$ 1.653,70 para eles.

Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/boachance/ mat/2010/03/08>. Acesso em: 19 out. 2010 (com adaptações).

Considerando o tema abordado acima, analise as informações seguintes.

I. Quanto maior o nível de análise dos indicadores de gêneros, maior será a possibilidade de identificação da realidade vivida pelas mulheres no mundo do trabalho e da busca por uma política igualitária capaz de superar os desafios das representações de gênero.II. Conhecer direitos e deveres, no local de trabalho e na vida cotidiana, é suficiente para garantir a alteração dos padrões de inserção das mulheres no mercado de trabalho.III. No Brasil, a desigualdade social das minorias étnicas, de gênero e de idade não está apenas circunscrita pelas relações econômicas, mas abrange fatores de caráter histórico-cultural.IV. Desde a aprovação da Constituição de 1988, tem havido incremento dos movimentos gerados no âmbito da sociedade para diminuir ou minimizar a violência e o preconceito contra a mulher, a criança, o idoso e o negro.

É correto apenas o que se afirma em(A) I e II. (C) III e IV. (E) I, III e IV.(B) II e IV. (D) I, II e III.

Questão 05 – Vamos supor que você recebeu de um amigo de infância e seu colega de escola um pedido, por escrito, vazado nos seguintes termos:

“Venho mui respeitosamente solicitar-lhe o empréstimo do seu livro de Redação para Concurso, para fins de consulta escolar.”

Essa solicitação em tudo se assemelha à atitude de uma pessoa que(A) comparece a um evento solene vestindo smoking completo e cartola.(B) vai a um piquenique engravatado, vestindo terno completo, calçando sapatos de verniz.(C) vai a uma cerimônia de posse usando um terno completo e calçando botas.(D) freqüenta um estádio de futebol usando sandálias de couro e bermudas de algodão.(E) veste terno completo e usa gravata para proferir uma conferência internacional.

Questão 06 –

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O alerta que a gravura acima pretende transmitir refere-se a uma situação que(A) atinge circunstancialmente os habitantes da área rural do País.(B) atinge, por sua gravidade, principalmente as crianças da área rural.(C) preocupa no presente, com graves consequências para o futuro.(D) preocupa no presente, sem possibilidade de ter consequências no futuro.(E) preocupa, por sua gravidade, especialmente os que têm filhos.

Questão 07 – A notícia e o comentário transcritos a seguir deixam claro que nem sempre podemos nos limitar à interpretação literal (isto é, ao “pé da letra”) das palavras.

DemoraMinistério da Saúde calcula que em janeiro já poderá deflagrar o programa emergencial de saúde para os ianomâmis, em Rondônia. Até lá os mosquitos transmissores da malária estão proibidos de picar os Índios.

“Painel”, Folha de S. Paulo.

(A) Identifique e transcreva a passagem que, no texto, não deve ser interpretada literalmente._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(B) Explique por que a inclusão dessa passagem deixa clara a posição crítica e irônica do jornal com relação aos prazos propostos pelo Ministério da Saúde para começar a resolver o problema da malária entre os índios ianomâmis.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Questão 08 – Explique qual é a ambiguidade no seguinte período.

“O guarda encontrou os criminosos correndo em direção à estação.”_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A maior alegria do brasileiro é hospedar alguém, mesmo um desconhecido que lhe peça pouso, numa noite de chuva.”(Cassiano Ricardo, in O Homem Cordial)

9) Segundo as ideias contidas no texto, o brasileiro:a) põe a hospitalidade acima da prudência.b) hospeda qualquer um, mas somente em noites chuvosas.c) dá preferência a hospedar pessoas desconhecidas.d) não tem outra alegria senão a de hospedar pessoas, conhecidas ou não.e) não é prudente, por aceitar hóspedes no período da noite.

10) A palavra mesmo pode ser trocada no texto, sem alteração de sentido, por:a) certamenteb) atéc) talvezd) comoe) não

11) O trecho que poderia dar sequência lógica e coesa ao texto é:

a) Não obstante isso, ele é uma pessoa gentil.b) Dessa forma, qualquer um que o procurar será atendido.c) A solidariedade, pois, ainda precisa ser conquistada.d) E o brasileiro ganhou fama de intolerante.e) Por conseguinte, se chover, ele dará hospedagem aos desconhecidos.

Salustiano era um bom garfo. Mas o jantar que lhe haviam oferecido nada teve de abundante.- Quando voltará a jantar conosco? - perguntou-lhe a dona da casa.- Agora mesmo, se quiser.(Barão de Itararé, in Máximas e Mínimas do Barão de Itararé)

12) Deduz-se do texto que Salustiano:a) come pouco.b) é uma pessoa educada.c) não ficou satisfeito com o jantar.d) é um grande amigo da dona da casa.e) decidiu que não mais comeria naquela casa

A maior alegria do brasileiro é hospedar alguém, mesmo um desconhecido que lhe peça pouso, numa noite de chuva.”(Cassiano Ricardo, in O Homem Cordial)

13) Segundo as ideias contidas no texto, o brasileiro:a) põe a hospitalidade acima da prudência.b) hospeda qualquer um, mas somente em noites chuvosas.c) dá preferência a hospedar pessoas desconhecidas.d) não tem outra alegria senão a de hospedar pessoas, conhecidas ou não.e) não é prudente, por aceitar hóspedes no período da noite.

14) A palavra mesmo pode ser trocada no texto, sem alteração de sentido, por:a) certamente

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b) atéc) talvezd) comoe) não

15) O trecho que poderia dar sequência lógica e coesa ao texto é:

a) Não obstante isso, ele é uma pessoa gentil.b) Dessa forma, qualquer um que o procurar será atendido.c) A solidariedade, pois, ainda precisa ser conquistada.d) E o brasileiro ganhou fama de intolerante.e) Por conseguinte, se chover, ele dará hospedagem aos desconhecidos.

Não existe essa coisa de um ano sem Senna, dois anos sem Senna...Não há calendário para a saudade.(Adriane Galisteu, no Jornal do Brasil)

16) Segundo o texto, a saudade:a) aumenta a cada ano.b) é maior no primeiro ano.c) é maior na data do falecimento.d) é constante.e) incomoda muito.

17)Identifique a frase com pleonasmo vicioso:

a)Quero as paisagens comigo.b)A plateia gostou do principal protagonista.c)Sei de uma criatura antiga e formidável.d)Como são charmosas as primeiras rosas.e)Os altares eram humildes e solenes.

Referências Bibliográficas

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa.37 ed.Rev.ampl. e atual. conforme o novo acordo ortográfico. Rio de Janeiro: Nova fronteira, 2009.

BRASIL, Presidência da República. Manual de redação da Presidência da República. 2ª ed. Brasília, Presidência da República, 2002.

FIORIN, José Luiz.PLATÃO, Francisco Savioli. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática. 2002.

MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental. 21 ed. Porto Alegre: Ed., 2010.

MEDEIROS, João Bosco. Português Instrumental: para cursos de Contabilidade , Economia e Administração.São Paulo: Atlas, 2005.

MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica: A prática de fichamentos, Resumos, Resenhas. São Paulo:Atlas, 2007.

SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos. São Paulo: Moderna, 2010.

VIANA, Antonio Carlos.VALENÇA, Ana. Roteiro de Redação: Lendo e argumentando. São Paulo: Ática, 1998.

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